adiles ana bof dissertaÇÃo
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE JOAÇABA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ADILES ANA BOF
A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste
Joaçaba
2012
ADILES ANA BOF
A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Educação, da Universidade do
Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba,
como requisito para obtenção do título de
Mestre em Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios
Joaçaba
2012
ADILES ANA BOF
A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o
caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Educação, da Universidade do
Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba,
como requisito para obtenção do título de
Mestre em Educação.
Aprovada em ____________________ de _____________________2012.
BANCA EXAMINADORA
________________________________
Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios – Orientadora
Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc
______________________________
Prof. Dra. Marilda Pasqual Schneider - Examinadora Interna
Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc
______________________________
Profa. Dra. Nuria Pons Vilardell Camas - Examinadora Externa
Universidade Federal do Paraná
DEDICATÓRIA
Aos filhos, Álvaro e Luíza
AGRADECIMENTOS
Ao escrever esta página, surgem tantos nomes, tantas pessoas que fazem e fizeram
parte desta história, existem pessoas em nossas vidas que deixam marcas e merecem nossa
gratidão!
Esta Dissertação não representa, para mim, apenas o resultado de horas de estudo,
reflexão e trabalho. É igualmente o fim de uma jornada, de um objetivo pessoal e acadêmico
atingido a que me propus e que não seria possível sem a ajuda de familiares, profissionais,
colegas e de amigos.
Estou especialmente agradecida à pesquisadora Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes
Rios, minha Orientadora nesta caminhada, o seu vasto conhecimento, rico em sugestões
transmitidas durante a elaboração da dissertação, com sua hábil direção e apoio no
desenvolvimento desta dissertação, que com sabedoria, discernimento, bom-senso e dedicação
sempre me recebeu e encaminhou com serenidade, MEU OBRIGADA!
Ao grupo de professores do programa de mestrado em Educação da Unoesc, que
deixou rastros em minha formação acadêmica e como tal, buscarei ser cada dia melhor,
seguindo o exemplo a mim transmitido.
Aos meus colegas das Unoesc – Campus de São Miguel do Oeste pelo apoio.
Aos meus colegas da Escola de Educação Básica lócus da pesquisa, os quais
participaram desta, pois sem eles, nenhuma destas páginas estaria completa, foram o motivo
inicial de minhas buscas.
À minha família, pela sua tolerância, compreensão, ausência e carinho, quando
estava a escrever em vez de atender às suas necessidades.
Aos mestres avaliadores da banca, que nos fazem crescer em nossa profissão.
Sinto ainda que estou em dívida com muitas pessoas, pela ajuda, apoio e paciência. E é
por isso que quero dedicar esta dissertação a todos aqueles que partilharam comigo o seu
conhecimento. Todos estão, aqui, no meu coração de uma maneira muito especial!
E acima de tudo, a Deus, que me concebeu esta oportunidade de estar aqui e ser uma
parte, dentre a população, que tem a oportunidade de estudar e realizar um sonho!
Apoiado pelas exigências das novas
tecnologias, o fim do século exige um
redimensionamento da função do professor. A
nova dimensão é mais nobre ainda e muito
mais complexa.
Não é o mestre distante e autoritário.
Não é o mero técnico que domina conteúdos
específicos e imutáveis.
Não é o tio ou tia que compreendem, apoiam
ou se condoem com os problemas dos jovens,
discutindo e ajudando-os a resolver suas
dificuldades psicológicas.
É o professor, um profundo conhecedor de
uma área do conhecimento e das áreas
correlatas.
Tem uma visão de conjunto do que é a
sociedade, marcando o seu trabalho com forte
dimensão política, estética e ética.
(ALMEIDA; FONSECA JUNIOR, 2000, p.
40).
RESUMO
A presente pesquisa busca investigar a formação continuada em Educação a Distância – EAD
– dos professores da Educação Básica. Em razão da complexidade dos conceitos de educação
a distância e sua importância para uma qualidade social na educação, analisa-se como essa
expressão tem potencial para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A trajetória
acadêmica despertou na autora o interesse em compreender a formação continuada em EAD,
especificamente, a oferecida aos professores em um município do Oeste do Estado de Santa
Catarina, onde atua profissionalmente. Dessa forma, define-se como problema de pesquisa:
como os programas de formação continuada em EAD, oferecidos aos professores da rede
estadual de ensino de São Miguel do Oeste, contribuem para a mudança da prática pedagógica
dos docentes? A partir deste problema, elencam-se as seguintes questões de pesquisa: Quais
são os ganhos e as dificuldades do processo de formação continuada em EAD oferecido aos
professores da Escola Estadual de Educação Básica, alvo da pesquisa? Quais são os meios
mais utilizados para a formação continuada em EAD dos professores da Escola Estadual de
Educação Básica, alvo da pesquisa? Que mudanças ocorreram na prática pedagógica dos
professores, a partir da formação continuada em EAD da Escola Estadual de Educação
Básica, alvo da pesquisa? O objetivo geral é compreender como o processo de formação
continuada em EAD, especificamente o oferecido aos professores da Escola de Educação
Básica, alvo da pesquisa, contribui para mudanças na prática pedagógica dos docentes, com
vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem. A metodologia da pesquisa
utilizada está pautada na abordagem qualitativa, para estudar a formação continuada dos
professores em EAD, considerando o convívio e a articulação entre teoria e prática que
resultou em dados que têm potencial para contribuir na compreensão da realidade estudada.
Os procedimentos para a coleta de dados foram a análise documental e a entrevista
semiestruturada, tendo como sujeitos da pesquisa seis professores, além da gestora escolar e a
gestora do Nead da Gered de São Miguel do Oeste. Com base nos resultados obtidos, foi
possível evidenciar que o processo de formação continuada em EAD tem potencial para
contribuir com a mudança nas práticas pedagógicas dos professores que atuam na Educação
Básica. Com relação aos ganhos, a maioria dos sujeitos pesquisados apontaram a organização
do tempo como elemento que favorece a procura pela EAD na formação continuada do
professor, em seguida, apareceram a atualização, a participação e a aprendizagem
colaborativa como contributos qualitativos na melhoria dos processos de ensino e
aprendizagem. No que tange às dificuldades, os sujeitos pesquisados destacaram a
insuficiência de tempo para o desenvolvimento das atividades, apontaram, ainda, a ausência
de políticas públicas, a interação professor-aluno, acesso ao computador e a insegurança e
receio das TIC. Por conseguinte, é fundamental que a formação continuada em EAD,
oferecida aos professores, advenha da definição de políticas públicas de governo. Sobre os
temas abordados e as ferramentas utilizadas na formação continuada em EAD, os elencados
pelos sujeitos participantes da pesquisa referem-se aos cursos de formação continuada
oferecidos na modalidade semipresencial, em que se utilizou a internet e material impresso,
proporcionados pelo Parfor e pela plataforma Freire, destacando-se: gestão escolar;
metodologia de ensino e aprendizagem; conteúdos específicos e educação básica. A respeito
das mudanças que ocorreram na prática pedagógica, a partir da formação continuada em
EAD, destacaram novas práticas, o interesse e a participação dos alunos, tendo havido
menção ao papel do professor articulador e facilitador. O desafio constatado reside na
necessidade de o professor buscar constantemente conhecimento à melhoria da prática
pedagógica, acompanhamento da evolução tecnológica e das mudanças ocorridas na
sociedade. Assim, há a necessidade de a formação continuada ser embasada em proposta
teórica que contemple uma educação dialógica voltada ao desenvolvimento crítico dos
sujeitos e do tratamento de questões éticas fundamentais à transformação da educação e,
consequentemente, da sociedade. Esta pesquisa destacou a importância de se propagar a
formação de políticas públicas que contemplem o acesso dos professores à formação
continuada em EAD.
Palavras-chave: Formação Continuada dos Professores. Educação a Distância. Prática
Pedagógica.
ABSTRACT
This research aims to investigate the continue formation in Distance Education – DE – for
teachers from Basic Education. Due to the complexity of the concepts of Distance Education
and its importance to a social quality at education, it is analyzed how this expression has the
potential to improve teaching and learning processes. The academic trajectory aroused in the
author's interest in understanding the Continued Education in DE, specifically offered to
teachers in a municipality of the western part of the State of Santa Catarina, where he
develops his professional activities. What are the most used means for Continued Education
in DE of Basic Education State School, the research target? What changes have occurred in
the pedagogical practice of teachers, from the continuous formation in DE of the State School
of basic education, the research target? The general objective is to understand how the
Continued Education process in DE, specifically offered to teachers Basic Education School,
the research target, contributes to changes in pedagogical practices of teachers, aiming to
improve teaching and learning processes. The research methodology used is based on a
qualitative approach in order to study the Continued Education of teachers in Distance
Education, considering the conviviality and the articulation between theory and practice
which resulted in data that have the potential to contribute to the understanding of reality. The
procedures for data collection were the documental analysis and semi-structured interview,
having as research subjects, six teachers besides the School Management and the Nead
Manager in São Miguel do Oeste. The obtained results show that the Continued Education
process in DE has potential to contribute to pedagogical practices change of teachers who
work in Basic Education. Regarding the gains, the majority of the surveyed subjects indicated
the time as a factor that favors the search for DE in Continued Education of teachers, then,
followed: update, participation and collaborative learning as qualitative contributions in
improving teaching and learning processes. Concerning the difficulties, the surveyed subjects
noted the time insufficiency, also the absence of public policies, teacher-student interaction,
computer access and insecurity and fear of ICT. Therefore, it is essential that the Continued
Education in DE, offered to teachers, comes by the definition from public policies of
Government. On the topics discussed and the tools used in Continued Education in DE, the
listed ones by the researach participants refer to the Continued
Education Courses offered part-time, in which they used the internet and printed material,
provided by the Platform and Parfor Freire, It can be highlighted: school management;
teaching and learning methodology; specific contents and basic education. Regarding the
changes that have occurred in pedagogical practice, from the Continued Education in DE, new
practices, the interest and participation of students, there was no mention of the teacher role as
an articulator and facilitator. The challenge found lies in the need for the teacher to seek
constantly to improve knowledge of pedagogical practice, monitoring of technological
developments and changes in society.Thus, there is a need for Continued Education to be
based on theoretical proposal that contemplates a dialogical education directed to the subject
development and treatment of fundamental ethical issues to the transformation of education
and, consequently, of society. This research highlighted the importance of propagating the
public policy including the teachers' access to Continued Education in DE.
Key words: Continued Education for teachers. Distance Education. Pedagogical Practice.
LISTA DE ABREVIATURAS
Acafe Associação Catarinense das Fundações Educacionais
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Caics Centros de Atenção Integral à Criança
Cieps Centros Integrados de Educação Pública
Consed Conselho Nacional dos Secretários de Educação
Conae Conferência Nacional de Educação
EAD Educação a Distância
EPI Escola de Período Integral
Gered Gerência Regional de Educação
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IF-SC Instituto Federal de Santa Catarina
IFC Instituto Federal Catarinense
Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
Ipes Instituições Públicas de Ensino Superior
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação
NTE Núcleo de Tecnologia e Educação
Nead Núcleo de Educação a Distância
NTIC Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
ProInfo Programa Nacional de Tecnologia Educacional
Saeb Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
SDR Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional
Seed Secretaria de Educação a Distância
SED Secretarias de Educação dos Estados
SED-SC Secretarias de Estado de Educação de Santa Catarina
Semed Secretaria Municipal de Educação
Parfor Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica
TIC Tecnologias da Informação e Comunicação
Udesc Universidade do Estado de Santa Catarina
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2009 46
Quadro 2 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2011 47
Quadro 3 - Equipe Administrativa e Técnico-Pedagógica 47
Quadro 4 - Infraestrutura física da escola 48
Quadro 5 - Perfil dos Sujeitos Pesquisados 52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Ganhos da formação continuada em EAD 54
Tabela 2 - Dificuldades na formação continuada em EAD 57
Tabela 3 - Temas da formação continuada em EAD 61
Tabela 4 - Meios utilizados na formação continuada em EAD 64
Tabela 5 - Mudança na prática pedagógica 66
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 19
1.1.2 O lócus e os sujeitos da pesquisa 21
2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EAD 23
2. 1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 23
2. 2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM EAD 26
2. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD 35
3 A ESCOLA, LÓCUS DA PESQUISA, E A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA EM EAD 41
3.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL 41
3.2 A ESCOLA EM TELA 44
3.2.1 Caracterização da escola à época da escola em tempo integral 47
3.2.2 O Projeto de Formação Continuada em EAD 49
4 CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E GESTORAS SOBRE A FORMAÇÃO
CONTINUADA EM EAD 51
4.1 PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS 52
4.2 A VOZ DOS PROFESSORES 53
4.3 A VOZ DAS GESTORAS 71
4.4 ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE OS OLHARES DOS PROFESSORES E
DAS GESTORAS 77
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 82
REFERÊNCIAS 85
APÊNDICES 90
ANEXO 109
14
1 INTRODUÇÃO
A educação a distância (EAD), especialmente no século XXI, vem ocupando espaço
na formação dos professores e está sendo institucionalizada como uma alternativa, com
potencial de expansão para atender à necessidade de educação continuada no Brasil.
A fim de atender à demanda nacional de formação de professores, a EAD foi estendida
à formação inicial e à formação continuada. Essa modalidade de formação continuada tem
potencial para atingir um número maior de pessoas, motivo pelo qual passa a ser uma
alternativa viável aos profissionais da educação, que podem se valer das tecnologias de
informação e comunicação (TIC), que proporcionam, em tempo real, a integração com o
mundo contemporâneo. Essa integração é favorecida pela internet, que vem sendo
incorporada à vida das pessoas, por meio de ampliação gradativa de acesso, o que implica um
novo modelo educacional. Segundo Moraes (1997, p. 18):
Um novo modelo educacional, capaz de gerar novos ambientes de aprendizagem,
que [deixe] de ver o conhecimento de uma perspectiva fragmentada, estática, e o
[reconheça] como um processo em construção a ser desenvolvido num contexto
dinâmico do vir-a-ser. Ambientes capazes não apenas de acompanhar e incorporar a
evolução que ocorre no mundo da ciência, da técnica e da tecnologia, mas também
de colaborar para estabelecer o equilíbrio necessário entre formação tecnológica do
indivíduo – para que ele possa sobreviver num mundo cada vez mais tecnológico e
digital –, a sua formação humana e a sua dimensão espiritual.
Assim, ainda que possa haver ciência do professor sobre o valor da formação
continuada, o cotidiano desse profissional, muitas vezes, obstaculiza a sua presença em um
mesmo espaço e tempo para a formação. Dessa maneira, a formação continuada oferecida em
EAD favorece a sua participação e inserção em cursos de formação de professores, à medida
que oportuniza a administração e organização do seu tempo, conforme a sua disponibilidade.
No atual cenário educacional, as novas tecnologias têm solicitado novas práticas
pedagógicas, pois há novos recursos que podem ser incorporados nos processos de ensino e
aprendizagem. Em princípio, os avanços tecnológicos têm potencial para desenvolver e
modernizar o processo educacional. O acompanhamento dessas mudanças exige dos
educadores uma reavaliação das práticas pedagógicas empregadas, implicando, assim, a
ruptura de paradigma.
A inserção das TIC nos processos de ensino e aprendizagem, com destaque ao uso
dos computadores, contribui para o professor deixar de ser um mero transmissor de
15
conhecimento e atuar na perspectiva de favorecer a construção e a reconstrução do
conhecimento, bem como possibilitar aprendizagens significativas.
Em vista da necessidade de formação continuada que possibilite ao professor
incorporar as TIC nos processos de ensino e aprendizagem, a Secretaria de Estado da
Educação de Santa Catarina (SED-SC) está capacitando professores da rede pública de ensino
desde o ano de 1997, por meio do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo 1
Integrado ao MEC/Seed. Almeida (2010, p. 5) relata o trabalho atual do ProInfo e as
expectativas de futuro:
No momento, os programas do ProInfo e TVEscola, ambos da Secretaria de
Educação a Distância do MEC, aproximam-se e realizam projetos que integram
diferentes tecnologias na formação de educadores, na prática pedagógica e na gestão
escolar, apontando uma tendência promissora de convergência entre mídias, que
deverá influir fortemente na disseminação da EAD nos próximos anos.
A perspectiva de integração de diferentes tecnologias no processo de formação dos
professores requer uma formação inicial articulada à formação continuada, que contribua para
a prática pedagógica problematizadora. Como afirma Freire (2003, p. 43):
Isto implicará, como veremos, a revisão urgente e total de nossa educação, quase
toda decorativa e seletivamente antidemocrática.
E a advertência, que se tem de fazer, está centralmente neste ponto – que a educação
de que precisamos não forma especialistas por mera consciência ingênua dos
problemas situados fora da esfera estritamente técnica e estreita de sua
especialidade. Esta seria uma educação em que o homem teria meias visões. Não
seria uma educação que dele tivesse visão integral.
Daí emerge o desafio do professor compreender que a formação continuada faz parte
do seu desenvolvimento pessoal/profissional, “[...] o desenvolvimento profissional é um
processo que, como todos os processos de crescimento, se faz de forma não linear, em que os
momentos de crise surgem como necessidade, antecedendo e preparando os momentos de
progresso.” (NÓVOA, 2000, p. 158).
Em se tratando do desenvolvimento profissional, nas atuais modalidades que se
oferece a formação continuada aos professores, convém lembrar a importância do uso da
ferramenta da internet nesse processo, que implica desafios aos professores tanto no que tange
1 O Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), criado em 1997, pelo Ministério da Educação tinha como
objetivo a instalação de laboratórios de computadores para as escolas públicas urbanas e rurais de ensino básico do Brasil. A
partir de 2007, o ProInfo passou a se chamar Programa Nacional de Tecnologia educacional, que visa à introdução das Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação na escola pública para serem utilizadas como ferramentas de apoio aos processos
de ensino e aprendizagem.
16
a sua formação quanto ao que se refere à incorporação das TIC nos processos de ensino e
aprendizagem. Segundo Moran (2002, p. 63, grifo do autor):
A educação está passando por mudanças profundas e todos nós, organizações,
professores e alunos somos desafiados a encontrar novos modelos para novas
situações. Ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho dentro da sala de aula.
Implica modificar o que fazemos dentro e fora dela, no presencial continuar
aprendendo em ambientes virtuais, acessando páginas na internet, pesquisando
textos, recebendo e enviando novas mensagens, discutindo questões em fóruns ou
em salas de aula virtuais, divulgando pesquisas e projetos.
Os processos formadores constituem-se como necessários à reconfiguração da
identidade do professor que implica papel ativo e reflexivo em seu meio. Nessa direção,
Libâneo (2001, p. 40, grifo do autor) afirma que “[...] a ideia é a de que o professor possa
‘pensar’ sua prática, ou em outros termos, que o professor desenvolva a capacidade reflexiva
sobre sua prática. Tal capacidade implicaria por parte do professor uma intencionalidade e
uma reflexão sobre o seu trabalho.”
Assim, faz-se necessário resgatar o papel do professor, destacando a importância de
pensar a sua formação em uma abordagem que contribua para o desenvolvimento pessoal e
profissional da profissão docente num constante vir a ser, a partir de uma nova visão de
mundo, escola, ensino, aprendizagem, e, até mesmo, de ser humano.
A rede estadual de ensino de Santa Catarina, em parceria com o Governo Federal,
oferece formação continuada aos professores nas modalidades semipresencial e a distância,
por meio dos Programas oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil – UAB e da
Plataforma Freire. Os profissionais da educação, a partir dessa iniciativa, demonstraram
interesse e reforçaram a necessidade da formação, na perspectiva de novas formas de
intervenção na sala de aula, o que implica o uso de um recurso a mais nos processos de ensino
e da aprendizagem, pois a formação continuada oferecida a distância contribui, também, para
minimizar possíveis resistências em relação ao uso dos computadores no cotidiano da sala de
aula.
O desejo por refletir e investigar sobre a formação docente surge da minha história
acadêmica e, principalmente, profissional, percorrida em 10 anos de atuação na educação. As
vivências despertaram o meu interesse em compreender a formação continuada em EAD
oferecida aos professores do município de São Miguel do Oeste, no extreme-oeste
catarinense, onde atuo profissionalmente.
Em 1990, cursei Pedagogia e fiz duas habilitações: disciplinas pedagógicas (1993) e
orientação educacional (1996). Em 1999, concluí a especialização, em nível de pós-
17
graduação, em Psicopedagogia. Essa busca demonstra minha preocupação com o processo de
formação continuada, por entender que a atuação na educação requer um constante repensar
das práticas pedagógicas, com vistas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
Nomeada por concurso público, em 1994, atuei no Magistério Estadual, no Ensino
Médio, como docente na disciplina de Estrutura e Funcionamento do Ensino, no Curso de
Magistério de uma Escola de Educação Básica situada no município de Itapiranga-SC (1995-
1996), curso este que foi extinto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9394/96). Atuo, desde o ano de 1995, em uma Escola de Educação Básica no apoio
pedagógico, na cidade de São Miguel do Oeste-SC, com 10 horas/aula. No exercício dessa
função, desempenho atividades com alunos, pais e professores, sempre levando em conta o
contexto histórico e social do aluno, a fim de contribuir para a construção da sua identidade,
acreditando, também, na importância dessa mediação para o desenvolvimento integral do ser
humano.
Nesse período de atuação como assistente técnico-pedagógica, em atribuição de
exercício, integro uma equipe coesa, constituída por quatro pedagogas, dispondo de espaço e
tempo significativos para observar e discutir, no coletivo, os ganhos e as dificuldades
relacionados aos processos de ensino e aprendizagem, no que tange ao trabalho dos
professores.
As reuniões pedagógicas, os encontros de estudos, ainda que sem periodicidade
definida, e os contatos com os professores, no cotidiano, compartilhando sempre as certezas,
incertezas e angústias têm me sensibilizado cada vez mais e com mais intensidade pela
necessidade de formação continuada dos professores. Formação esta que precisa estar
articulada à formação inicial, de modo que o docente se perceba em construção.
Nesse contexto, considerando a importância de formação continuada a ser oferecida
ao professor e as possibilidades de viabilização pela formação em EAD, destaco como
problema de pesquisa: Como os programas de formação continuada em EAD, oferecidos aos
professores da rede estadual de ensino em São Miguel do Oeste, contribuem para a mudança
da prática pedagógica dos docentes?
A partir desse problema, elenco as seguintes questões de pesquisa: Quais são os
ganhos e as dificuldades do processo de formação continuada em EAD, oferecido aos
professores da Escola Estadual de Educação Básica, alvo da pesquisa? Quais são os meios e
ferramentas mais utilizados para a formação continuada em EAD dos professores da escola
pesquisada? Que mudanças ocorreram na prática pedagógica dos professores da escola lócus
da pesquisa, a partir da formação continuada em EAD?
18
O objetivo geral consiste em investigar como o processo de formação continuada em
EAD, especificamente o oferecido aos professores da Escola de Educação Básica, alvo desta
pesquisa, contribui para mudanças na prática pedagógica dos docentes. Além disso,
constituem os objetivos específicos: identificar ganhos e dificuldades do processo de
formação continuada em EAD oferecido aos professores da Escola de Educação Básica da
rede estadual, alvo desta pesquisa; identificar os meios e as ferramentas utilizadas no processo
de formação continuada em EAD dos professores; analisar possíveis mudanças na prática
pedagógica dos professores, a partir da formação continuada em EAD.
O estudo da formação continuada em EAD traz à tona as políticas de formação,
tendo em vista a excelência da aprendizagem, a partir do aprimoramento e aperfeiçoamento
da prática pedagógica, em uma perspectiva multidimensional. Sobre o assunto, Tardif (2002,
p. 293) afirma:
[...] a importância de melhorar a prática profissional [...] não pode ser reduzida
somente à dimensão técnica; ela engloba também objetivos mais amplos de
compreensão, de mudança e até de emancipação. Exigir que as ciências da educação
(e as ciências sociais humanas) com o intuito de aumentar sua eficácia é exigir sua
morte e privar-se dos recursos conceituais que podem oferecer aos práticos no que se
refere às implicações sociopolíticas inerentes à educação escolar.
O lócus desta pesquisa é a escola onde atuo, essa escolha motivou-se em função do
que observo e vivencio no cotidiano, ou seja, a percepção da necessidade de formação
continuada a ser oferecida ao professor, vislumbrando, assim, o refletir, o repensar e o recriar
da sua prática pedagógica, e por ser uma escola pública de tempo integral, inserida em uma
comunidade desprovida economicamente.
Com a implantação da proposta de educação integral da escola pesquisada, no ano de
2006, a necessidade de formação continuada acentuou-se, o que justificou um aumento da
busca por parte dos professores. Havia expectativa de melhorar o aproveitamento/rendimento
escolar das crianças e de conferir tranquilidade para a família ao manter essas crianças
afastadas das ruas.
A unidade escolar em estudo é mantida pelo governo do estado de Santa Catarina,
situada na região da Secretaria do Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste.
Conforme a avaliação do MEC, essa unidade apresentou, no ano de 2005, Ideb2 inferior à
2 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2005, com o objetivo de reunir dois dados: a
frequência escolar e as médias de desempenho nas avaliações dos educandos. (Saeb e Prova Brasil).
19
meta estabelecida que, somado ao baixo Índice de Desenvolvimento Social IDH3, forçou uma
postura urgente das autoridades e comunidade escolar para melhorar a qualidade do ensino e
da aprendizagem da escola, o que implicou a efetivação de mudanças.
Para que mudanças aconteçam, não basta, todavia, implantação da escola em tempo
integral, é necessário investir na formação dos professores, com vistas à efetivação da
aprendizagem dos alunos. Dessa forma, considerando que o tempo disponível da maioria dos
professores é restrito, a oferta da modalidade em EAD constitui uma das possibilidades de
formação continuada para o docente também, embora haja outras.
A Escola de Educação Básica do município de São Miguel do Oeste, lócus da
pesquisa, também tem buscado a inserção das TIC nos processos do ensino e aprendizagem,
com vistas ao seu uso pedagógico. A partir do ano de 2005, por meio do ProInfo, foi
disponibilizado à escola o laboratório de informática, equipado com dez computadores. Há
cerca de dois anos, também foi contemplada pelo governo estadual com um aparelho de
multimídia e, em 2010, em função do PDE4 - Plano de Desenvolvimento da Educação Básica,
a escola recebeu um notebook.
Considerando a realidade da escola, que abarca 585 alunos e 36 professores, é
notório que a quantidade de recursos necessita ser ampliada para atender às necessidades
relacionadas ao uso das TIC nos processos de ensino e aprendizagem e no processo de
formação continuada em EAD.
A incorporação das tecnologias, nos cursos de formação continuada em EAD, nas
práticas docentes e na vida diária dos educandos corroboram para a inserção de novas
linguagens, as quais são fomento de inclusão social de crianças e adolescentes que frequentam
a educação básica.
1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizei a abordagem qualitativa. Segundo
Flick (2009, p. 37): “A pesquisa qualitativa dirige-se à análise de casos concretos em suas
peculiaridades locais temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus
3 Até o ano de 2009, o IDH usava três critérios para a avaliação: o cálculo do índice da alfabetização de pessoas com 15 anos
de idade, a longevidade, a expectativa de vida e a renda com base no PIB per capita (por pessoa). E a partir do relatório do
ano de 2010, para o cálculo do IDH, combina: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento, e um padrão de vida
PIB per capita. 4 O PDE foi lançado pelo Ministério da Educação, em abril de 2007, e colocou à disposição dos estados,
municípios e do Distrito Federal instrumentos de avaliação e de implementação de políticas de melhoria da
qualidade de ensino, sobretudo da educação básica pública.
20
contextos locais.” Busquei, nas ideias do autor, base para estudar a formação continuada dos
professores em EAD, considerando o convívio e a articulação entre teoria/prática que resultou
em dados que têm potencial para contribuir no processo de compreensão da realidade
estudada.
A pesquisa qualitativa valoriza mais o processo do que o produto. Conforme acentua
Chizzotti (2010, p. 83), “Todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como
sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos
problemas que identificam [...]” o que favorece descrever e interpretar o fenômeno,
atribuindo-lhe significado.
Usei como técnicas de coleta de dados a pesquisa bibliográfica, a análise documental
e a entrevista semiestruturada. A pesquisa bibliográfica contribui para a construção do quadro
teórico e corrobora na articulação entre a teoria e a prática anunciada acima, além de
possibilitar estabelecer conexão com a pesquisa de campo.
Busco demonstrar que os dados coletados estão diretamente ligados à realidade a ser
pesquisada, a partir do que rege a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96) vigente acerca da formação continuada do docente que pode ser na modalidade
EAD.
Realizei a coleta de dados por meio de análise documental e entrevista
semiestruturada, concernentes com o objetivo do estudo em questão.
A análise documental “[...] pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem dos
dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja
desvelando aspectos novos de um tema ou problema.” (MENGA, 2005, p. 38).
Os documentos utilizados no processo de análise documental foram o Projeto
Político Pedagógico da Escola (PPP) e as atas de reuniões pedagógicas realizadas no ano de
2010. Esses documentos constituem fontes estáveis que forneceram informações importantes
para a pesquisa realizada. A análise do PPP objetivou coletar dados atinentes à caracterização
da escola, bem como conhecer a organização didático-pedagógica. As atas subsidiaram o
processo de identificação de compreensão da implantação da escola de período integral, lócus
da pesquisa.
Segundo Strieder (2009, p. 48, grifo do autor):
Considera-se documento “qualquer suporte que contenha informação registrada,
formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui
impressos, manuscritos, registros [...].” A pesquisa documental prioriza a ênfase
para fontes de informações ainda não publicadas, que não receberam tratamento
analítico ou não foram organizadas, como relatórios [...]
21
A escolha pela entrevista semiestruturada deu-se pelas possibilidades de acesso à
informação e percepção dos pontos de vista dos sujeitos envolvidos nos cursos de formação
continuada em EAD.
Sobre o assunto, esclarece Gil (2008, p. 109):
Enquanto técnica de coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para a
obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem
ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas
explicações [...] Por sua flexibilidade é adotada como técnica fundamental de
investigação nos mais diversos campos e pode-se afirmar que parte importante do
desenvolvimento das ciências sociais nas últimas décadas foi obtida graças à sua
aplicação.
1.1.2 O lócus e os sujeitos da pesquisa
A escola lócus da pesquisa está situada no município de São Miguel do Oeste, no
estado de Santa Catarina, que conta com uma população de 36.306 mil habitantes, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), sendo 32.282 de pessoas
alfabetizadas. São Miguel do Oeste possui uma área territorial de 234,055 km² e destaca-se
pela produção agrícola, leiteira, e pela criação de suínos, pela piscicultura e fruticultura. O
município integra os 118 municípios da mesorregião do oeste catarinense.
No município, há 18 escolas municipais, nove estaduais, quatro particulares, um
instituto federal de educação tecnológica e um centro de ensino do Senai, que atendem aos
alunos da educação básica. Em relação à educação superior, há uma universidade comunitária
que oferece 24 cursos de graduação. O município conta, ainda, com vários polos de
faculdades a distância, entre os quais, inclui-se o Senac, que atua com cursos superiores de
tecnologia, e com um polo da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), que opera
através do programa UAB (Universidade Aberta do Brasil), com um curso de graduação em
Pedagogia.
A escola pesquisada, conforme algures citado, integra a rede pública estadual de
ensino e situa-se no bairro São Luiz, onde há três escolas de educação básica. Porém, é a
única do bairro a atender alunos da educação infantil ao ensino médio.
A população do bairro São Luiz é, na maioria, economicamente carente,
apresentando muitos problemas sociais, como desemprego, moradia e saneamento básico, o
que reflete no cotidiano escolar, constituindo, assim, um desafio para os professores e a
22
equipe de gestão, na perspectiva de atuarem em prol da transformação com vistas à conquista
de condições dignas para a comunidade.
Os sujeitos da entrevista foram professores, gestora escolar e a responsável pelo
Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Gerência Regional de Educação (Gered), do
Estado de Santa Catarina, na região da Secretaria do Desenvolvimento Regional de São
Miguel do Oeste (SDR – São Miguel do Oeste).
Foram seis os professores entrevistados. Convém esclarecer que a opção por
entrevistar seis professores de uma comunidade de 30 efetivos, além de mais de cinco
professores admitidos em caráter temporário, teve como critério atuarem há mais de cinco
anos na escola lócus de pesquisa, à exceção de uma docente, a qual foi entrevistada, apesar de
ter apenas um ano de exercício na escola, em função de trabalhar no laboratório de
informática e, por sua vez, auxiliar todos os professores em formação continuada em EAD,
em suas eventuais necessidades.
No contato inicial com os professores, respeitei a disponibilidade de tempo e
demonstração de interesse em participar da pesquisa. Ainda, o fato de um número
significativo de professores, acima de 50%, estar em fase de aposentadoria e não realizar
formação continuada restringiu o alcance da pesquisa, no que tange ao número de sujeitos
pesquisados.
Após iniciar os contatos com os participantes, todos foram informados de como seria o
procedimento da pesquisa. Esclareci que, por trabalhar com seres humanos, o que implica
subjetividade, a entrevista semiestruturada seria a técnica de coleta de dados mais adequada,
em face do problema e objetivos da pesquisa em questão.
As entrevistas foram realizadas na escola, marcadas antecipadamente com cada
professor, para, então, ajustar o meu horário, na condição de pesquisadora, ao do docente
entrevistado, em função deste atuar em mais de uma unidade escolar. Com a responsável pela
Nead, a entrevista foi realizada na Gered. Todas as entrevistas foram gravadas com o
consentimento dos sujeitos pesquisados, que receberam e assinaram o termo de livre
consentimento, e ocorreram em sala privada.
Assim, a pesquisa, por meio da entrevista e do levantamento bibliográfico,
possibilitou a análise e interpretação dos dados, com base numa fundamentação teórica
consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.
O trabalho está organizado em cinco seções. A primeira seção refere-se à introdução,
em que apresento o tema, o problema, as questões de pesquisa, a relevância do estudo e os
procedimentos metodológicos. Na seção 2, discuto a formação continuada de professores em
23
EAD. Na seção 3, apresento a escola lócus de pesquisa. E na seção 4, apresento a análise de
dados da pesquisa, à luz da teoria estudada, na busca de responder às questões de pesquisa
enunciadas. Por fim, apresento as considerações finais com o propósito de contribuir para a
reflexão sobre os limites e as possibilidades dessa modalidade de formação continuada em
EAD.
24
2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EAD
Neste capítulo e subcapítulo, abordo o conceito de educação a distância e a formação
continuada dos professores em EAD.
Para auxiliar no estudo conceitual e nas discussões a respeito da formação
continuada e desenvolvimento pessoal e profissional de professores, busquei apoio
principalmente nos trabalhos de Almeida (2000), Belloni (2001), Camas (2012), Freire
(1996), Imbernón (2010), Nóvoa (2000) e Tardif (2002) entre outros.
O conceito de educação a distância teve ancoragem teórica em Almeida e Morán
(2005), Belloni (2001), Camas (2012), Prado e Valente (2002).
2. 1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Educação a distância consiste em mais um espaço de formação com potencial para
contribuir com os processos de ensino e aprendizagem, em que professores e alunos estão
separados pelo espaço e/ou tempo.
Por educação a distância entende-se a modalidade educacional que utiliza diferentes
recursos didáticos em diversos suportes tecnológicos. Há separação física e
geográfica entre alunos, professores e instituição de ensino. A interação e a
comunicação dos sujeitos da ação formativa ocorrem por meio de tecnologias que
substituem a interação presencial. (CAMAS, 2012, p. 12).
Esse entendimento de educação a distância implica uma mudança dos processos e
meios de comunicação em nossa sociedade e da forma de ensino e de aprendizagem, em que
professores e alunos não estão juntos fisicamente, mas podem estar conectados, interligados
por tecnologias, como pela internet, que tem sido a mais utilizada. Mas, também, podem ser
utilizadas outras ferramentas como a videoconferência, o correio, o rádio, a televisão, o vídeo,
o telefone celular, tablet, o fax e outras tecnologias semelhantes na comunicação.
Porém, Almeida (2003) lembra que inserir determinada tecnologia na EAD não
constitui em si uma revolução metodológica, mas reconfigura mais um campo possível, que
poderá facilitar o trabalho do professor no sentido prático, podendo, assim, emergir um tempo
para o professor transformar a informação em conhecimento como completa Alarcão (2003,
p. 17), “As novas máquinas são hoje apenas extensão do cérebro.”
25
Na tarefa de melhorar a prática pedagógica, é necessária a atuação do professor em
múltiplas dimensões e decisões fundamentadas, seguras e criativas para favorecer os
processos de ensino e aprendizagem com o contributo da informática.
A inclusão de aportes tecnológicos, que apoiam as atividades da formação
continuada, tem potencial para efetivar mudanças na dinâmica escolar, na tarefa de preparar e
introduzir tais tecnologias no convívio escolar, estimulando a experimentação, além de
aperfeiçoar o trabalho em grupo, no desenvolvimento de atividades criativas que permeiem
uma melhor compreensão do mundo em que vivemos.
Nesse mesmo sentido, a EAD constitui mais uma forma de compreender o mundo, a
partir da necessidade de cada ser humano em continuar aprendendo, como reforça Tardif
(2002, p. 114), “[...] as pessoas se interrogam cada vez mais sobre o valor do ensino e seus
resultados [...]”, o que sinaliza consciência do ser humano, na busca de ampliação e
desenvolvimento social e intelectual.
Por conseguinte, é cada vez mais comum afirmar que não existe conhecimento maior
ou menor, bem como não há uma única forma de aprender a conhecer. Souza (2000, p. 238),
refere-se a como foi implantada a EAD no Brasil, inclusive em universidades públicas, que, em
um primeiro momento, mostraram-se resistentes:
Particularmente, no Brasil, as universidades públicas, antes resistentes à modalidade,
favorecidas pelas políticas públicas e a regulamentação que foram se instituindo a
partir dos anos 90, vêm se implicando em programas e desenvolvendo propostas de
formação a distância, articulando suas funções de ensino, pesquisa e extensão para
atender contingentes da população e de profissionais que demandam por
oportunidades de educação e formação.
A educação a distância, de fato, sofreu, inicialmente, muitas resistências e
preconceitos, apesar da urgente necessidade de modernização, porém, a conjuntura econômica
e política fez com que essa alternativa de educação se tornasse viável para a política de
governo no que se refere às exigências sociais.
Segundo Belloni (2001, p. 4), “A EAD tende doravante a se tornar cada vez mais um
elemento regular dos sistemas educativos [...] e pode dominar a vida contemporânea e o
pensamento científico.”
A EAD necessita ser compreendida em uma perspectiva crítica, como um processo
de formação humana que acontece diferentemente da educação presencial, sobretudo, no que
se refere ao espaço/tempo, conforme alhures citado. Nessa modalidade de ensino, o uso da
internet pode contribuir para a interatividade. Levy (1999) caracteriza a interatividade como
26
sendo a possibilidade de transformar os envolvidos na comunicação, no caso, o homem e os
dispositivos técnicos, simultaneamente, em emissores e receptores da mensagem. Para Lemos
(1997), a interatividade constitui um tipo de comunicação encontrada em sistemas que
proporcionem interação ou possibilidades para obtê-la. A utilização do termo interatividade
deve-se, fundamentalmente, à presença das TIC no cotidiano das pessoas.
A interatividade, porém, diferencia-se da interação que implica relação interpessoal,
esta, por sua vez, tem implicações diretas nos processos de ensino e aprendizagem. Nessa
perspectiva, nos processos formativos em EAD, o papel do professor é fundamental para que
a interação esteja a serviço das aprendizagens.
No ensino a distância, convém chamar a atenção de que a ênfase é dada ao papel do
professor como alguém que ensina a distância, na maioria das vezes, chamado de tutor. Como
diz Belloni (2001, p. 83), “Tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela
qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas aos conteúdos da disciplina
[...]” podendo ainda diversificar as aulas, superando a educação tradicional, centrada no
professor como detentor do conhecimento.
A prática pedagógica do professor/tutor, em sua tarefa de mediação, é o responsável,
em grande parte, pela orientação ao aluno, com vistas à promoção da autonomia e
desempenho nos processos de ensino e aprendizagem e “[...] tem um papel fundamental, pois
é através dele que se garante a interrelação personalizada e contínua do cursista no sistema e
se viabiliza uma articulação os elementos do processo, necessária à consecução dos objetivos
propostos.” (PRETTI, 2012, p. 4).
Nessa direção, Almeida e Morán (2005, p. 10) afirma ainda que: “Sob essa ótica, o
aluno, sujeito ativo da aprendizagem, aprende ao fazer, levantar e testar ideias, experimentar,
aplicar conhecimentos e representar o pensamento.” A cooperação e colaboração necessárias
para a construção e reconstrução do conhecimento são salientadas por Behrens (2005, p. 76),
quando afirma que “O paradigma emergente exige conexões e inter-relações dos agentes
envolvidos no processo de ensinar e de aprender. Com essa visão, ao buscar uma
aprendizagem colaborativa, o professor pode optar por diversas metodologias.”
A EAD possibilita uma nova alternativa pedagógica que não vem para substituir a
educação presencial, mas complementar uma série de determinações presentes no atual
estágio de desenvolvimento tecnológico, econômico, político e social, o que implica repensar
a escola, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A EAD constitui, ainda, possibilidade profícua para processos formativos que se
destinam à formação continuada dos professores, conforme será abordo a seguir.
27
2. 2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM EAD
A formação continuada em EAD representa mais uma possibilidade de atualização e
aprofundamento, no que diz respeito à busca do saber pelos professores aos conteúdos e
métodos relacionados aos processos de ensino e aprendizagem. Segundo Tardif (2002), o
saber do professor é um saber social, o qual poderá proporcionar aos professores a construção
e desenvolvimento do pensamento, além de despertar a compreensão de novos conceitos, e
favorecer o repensar e o recriar de novas práticas pedagógicas. Assim, o processo de
formação continuada necessita contribuir para a prática reflexiva, que implica reflexão-na-
ação e reflexão-sobre-ação. Segundo Prado ([2009], p. 16):
A reflexão-na-ação refere-se aos processos de pensamento que ocorrem durante a
ação. Nesse sentido, ela serve para reformular as ações do professor no decurso da
sua intervenção. A reflexão-sobre-ação refere-se à análise que o professor faz, a
posteriori, sobre os processos e as características da sua própria ação.
Formação Continuada é definida como sendo aquela que se realiza ao longo da vida,
continuamente, sendo inerente ao desenvolvimento da pessoa humana e relacionando-se com
a ideia de construção do ser humano. Nóvoa (2000, p. 168) salienta:
No que à formação contínua concerne, dever-se-á a mesma desenvolver ao longo da
carreira, organizando-se como resposta às necessidades reais dos professores e de
acordo com a perspectiva de educação permanente e, ainda, promovendo, apoiando
e incentivando as iniciativas pedagógicas das escolas e dos professores [...]
O conceito mais aplicado à formação continuada é de que favorece o processo de
construção permanente do conhecimento e do desenvolvimento pessoal/profissional, desde a
formação inicial, no atendimento a uma nova cultura profissional, assim como destaca Nóvoa
(1999, p. 29):
É fundamental que a nova cultura profissional se paute por critérios de grande
exigência em relação à carreira docente (condições de acesso, progressão, avaliação,
etc.). Se os próprios professores não investirem neste projeto é evidente que outras
instâncias (Estado, Universidades, etc.) ocuparão o território deixado livre,
reivindicando uma qualquer legitimidade de pilotagem da profissão docente.
Ainda que a formação continuada não seja um conceito novo, nos últimos anos, vem
ganhando especial destaque diante das recentes transformações no mundo do trabalho e no
conjunto da sociedade como um todo, sendo vista como proposta ampla e contínua. Segundo
28
Imbernón (2010, p. 45), “[...] será essa formação legítima, quando contribuir para o
desenvolvimento profissional do professor no âmbito de trabalho e de melhoria das
aprendizagens profissionais.”
A sociedade contemporânea, que tem como uma de suas características a constante
transformação, solicita do professor determinadas habilidades que lhe conferem as
competências para atuar com o aluno do século XXI. Um dos fatores que implicam as
transformações aceleradas é o desenvolvimento tecnológico. Em consequência, deparamo-nos
com novos espaços e modalidades de formação, proporcionando novas reflexões sobre a ação
docente, com vistas à mudança da prática pedagógica, em prol da melhoria dos processos de
ensino e aprendizagem. Frente às exigências oriundas de construção de uma educação que
atenda aos desafios da contemporaneidade, a formação continuada de professores constitui-se
como fundamental, pois possibilita mudança da prática pedagógica como consequência da
prática que implica ação-reflexão-ação, em uma relação de unidade teoria e prática.
O exercício da prática pedagógica convida o professor a refletir e repensar os
elementos que implicam os processos de ensino e aprendizagem, com destaque às
metodologias, relação professor-aluno, avaliação da aprendizagem e, inclusive, o uso
pedagógico das TIC. Nesse sentido, os processos formativos têm potencial para contribuir
com a melhoria da qualidade sociocultural do ensino, em uma perspectiva inclusiva. Segundo
Arroyo apud Rios (2001, p. 74-75):
A qualidade sociocultural do ensino, passa pela construção de um espaço público, de
reconhecimento de diferenças, dos direitos iguais nas diferenças e, mais
especificamente na contemporaneidade, pela renovação dos conteúdos críticos e da
consciência crítica dos profissionais, pela resistência a uma concepção
mercantilizada e burocratizada do conhecimento, pelo alargamento da função social
e cultural da escola e intervenção nas estruturas excludentes do velho e seletivo
sistema escolar.
Entretanto, ao abordar a melhoria da qualidade do ensino, é importante considerar o
contexto em que cada escola está inserida, o que remete à necessidade de se analisar as
peculiaridades locais. A educação básica de qualidade tem sido medida por meio do Ideb,
desde o ano de 2005. Ainda que esses índices não sejam os únicos indicadores de qualidade
na educação, eles poderão representar a possibilidade de repensar e aprofundar a prática
pedagógica, na direção de melhorias dos processos de ensino e aprendizagem. Há, porém, que
se atentar para que o Ideb não constitua o único indicador de qualidade da educação básica,
mas que constitua um indicador de avaliação externa que possa ser articulado a processos de
avaliação interna que desvelem as condições intra e extraescolares, pois como Silva (2009, p.
29
225) afirma “A qualidade social da educação escolar não se ajusta, portanto, aos limites,
tabelas, estatísticas e fórmulas numéricas que possam medir um resultado [...]”
Com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Brasil, e por consequência,
melhorar os índices do Ideb, faz-se necessária a formação docente, entre outros elementos
apontados por Dourado e Oliveira (2009), ao analisar as condições internas da escola.
a) as dimensões, intra e extraescolares, devem ser consideradas de maneira
articulada na efetivação de uma política educacional direcionada à garantia de escola
de qualidade para todos, em todos os níveis e modalidades.
[...]
i) associada à necessidade de uma sólida política de formação inicial e continuada,
bem como à estruturação de planos de carreira compatíveis aos profissionais da
educação, destaca-se a importância de políticas que estimulem fatores como
motivação, satisfação com o trabalho e maior identificação com a escola como local
de trabalho, como elementos fundamentais para a produção de uma escola de
qualidade. (DOURADO; OLIVEIRA, 2009, p. 209 e 211).
Assim, considerar a formação do professor como sendo o único elemento que implica
a melhoria da qualidade da educação básica revela uma postura ingênua. Porém, ainda que
não seja elemento único responsável pela qualidade da educação, é incontestável que a
formação do professor implica a construção da qualidade social da educação para todos. A
qualidade social da educação para todos encerra as dimensões de qualidade e de quantidade,
conforme destaca Cortella (1998, p. 14-15)
[...] a qualidade tem que ser tratada junto com a quantidade; não pode ser revigorado
o antigo de discricionário dilema da quantidade X qualidade e a democratização do
acesso e da permanência deve ser absorvida como um sinal de qualidade social. [...]
Em uma democracia plena, quantidade é sinal de qualidade social e, se não se tem
quantidade total atendida, não se pode falar em qualidade.
Nessa perspectiva, ressalto a importância da formação inicial do professor articulada
a um processo permanente de formação continuada. A formação continuada de docentes
ilustra o desafio do renovar-se, do vir a ser professor, tendo em vista a sua complexidade e os
desafios do contexto atual que requerem a efetivação de mudanças.
O sentimento da necessidade de mudança da educação e da melhora da prática
pedagógica podem instigar os docentes à busca do seu desenvolvimento profissional/pessoal,
impulsionados pelo desvelamento da realidade, implicando condições externas e internas da
escola. Porém, as mudanças dependem também da equipe de gestão escolar e dos alunos,
conforme a reflexão de Moran (2001, p. 16-17):
30
As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores
maduros intelectualmente e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas,
abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em
contato, porque desse contato saímos enriquecidos.
As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e
coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas
no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os
professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e
o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio
e comunicação.
As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos e
motivados facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do
professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-
educador.
Ao articular as mudanças da educação atreladas a diversos atores, destaco a
importância do amadurecimento, entusiasmo, curiosidade e disponibilidade para o diálogo,
qualidades do professor que coadunam com as ideias de Freire (1996, p. 45):
Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do
exercício da criatividade que implica a promoção da curiosidade ingênua à
curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das
emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação.
Dessa forma, a construção de uma educação de qualidade social para todos não se dá
isenta da valorização dos professores, o que corrobora para a importância da definição e
redefinição de políticas públicas que valorizem os profissionais da educação e que integrem
políticas de formação docente.
Manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas
pedagógicas em prol das aprendizagens integram o exercício da função docente. Quando o
educador busca a formação continuada, fortalece e enriquece o seu aprendizado, em
consequência, a sua intervenção junto aos estudantes mostra-se mais qualificada. Mas, é
essencial que esses processos formativos oportunizem ao professor espaços de
problematização, compartilhamento de certezas e incertezas, construção e reconstrução de
conhecimento, de modo a suscitar reflexão e postura investigativa.
Imbernón (2010, p. 52) afirma:
Essa nova epistemologia da prática educativa gera uma nova forma de ver a
formação docente, e torna mais complexa a formação do professor. Essa crescente
complexidade social formativa faz com que a profissão docente e sua formação
também se tornem, ao mesmo tempo, mais complexas, superando o interesse
estritamente técnico aplicado ao conhecimento profissional, no qual o
profissionalismo está ausente, já que o professor se converte em instrumento
mecânico e isolado de aplicação e reprodução, dotado apenas de competências de
aplicação técnica. [...] Uma formação deve propor um processo que dote o professor
31
de conhecimentos, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou
investigadores.
Em face da necessidade de se contribuir para a formação de professores reflexivos, a
formação continuada em EAD pode vir a agregar, à medida que promove interação em
ambientes que favoreçam a colaboração e a cooperação. Nesse sentido, as ferramentas
disponíveis ao ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e a atuação do tutor ou professor
fazem a diferença para que a comunicação ocorra de forma síncrona ou assíncrona,
intensificando-se em prol da aprendizagem significativa. Sobre o assunto, reforça Valente
(2001, p. 34-35) o “[...] envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa.”
A comunicação assíncrona permite a interação dos participantes sem que eles
estejam necessariamente conectados ao mesmo tempo. Já a comunicação síncrona ocorre em
tempo real e permite que a comunicação aconteça de forma mais interativa e dinâmica no
ambiente virtual de aprendizagem. Entre as ferramentas disponibilizadas no AVA e que
contribuem para a comunicação assíncrona, constam fórum, e-mail, mural entre outros; entre
as síncronas, há os chats, videoconferências, entre outros.
A formação continuada implica aprender sempre, tendo em vista que o professor está
em construção. Assim, não basta ampliar os recursos dos professores, pois o desenvolvimento
pessoal/profissional passa pela integração e aplicação dos conhecimentos em situações reais,
em que teoria e prática estejam articuladas.
Nessa direção, a formação continuada é necessária, podendo ocorrer de várias
formas, principalmente na escola, na vivência diária e com os atores envolvidos na prática.
“Além disso, é imprescindível que a busca da credibilidade do trabalho docente esteja ligada à
competência do saber fazer bem.” (RIOS, 2003, p. 46). O saber fazer bem implica a
competência multidimensional do professor que se expressa no ato de reformular seus
conceitos, seus valores e suas práticas, tendo em conta uma sociedade em permanente
processo de transformação.
Apesar de a formação continuada dos professores em EAD ter provocado discussões
acerca de sua implantação, com base nela, o professor pode recontextualizar seu processo de
aprendizagem, além de entender o seu novo papel no processo educativo, conforme refletem
Seixas e Mendes (2006, p. 4):
Os avanços tecnológicos têm sido impactantes muito mais por favorecerem a
transformação profunda dos processos ensino-aprendizagem do que pela variedade e
novidade dos equipamentos. Assim, criou-se um novo paradigma que está, pouco a
32
pouco, sendo introduzido no modelo presencial. Trata-se de uma nova fronteira de
educação, agora com a perspectiva de ensinar e aprender em rede.
Desse modo, a formação continuada contribui para repensar as novas práticas
pedagógicas, com vistas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. Além disso,
minimiza a resistência dos professores em relação ao uso das TIC na sala de aula, à medida
que a formação continuada em EAD favorece o domínio do seu manuseio e das diversas
ferramentas disponibilizadas.
As competências do uso das tecnologias digitais em sala de aula e fora dela estão em
entender e desenvolver a colaboração, a negociação, a reflexão, a crítica construtiva,
a seleção e a análise da informação contida no massacre de informações que temos
todos os dias em todas as mídias. (CAMAS, 2012, p. 52).
Tendo em vista que a formação continuada em EAD pode contribuir para o professor
fazer o uso pedagógico das TIC na sala de aula, reitero a necessidade de formação
problematizadora, em uma abordagem construcionista5. Ao vivenciar espaços de formação
caracterizados por essa abordagem, é possível que o professor transfira a experiência à sala de
aula e, dessa forma, utilize o computador nos processos de ensino e aprendizagem com vistas
à construção do conhecimento.
Almeida (2000, p. 111) destaca que:
É necessário que, no processo de formação, haja vivências e reflexões com as duas
abordagens de uso do computador no processo pedagógico (instrucionista e
construcionista). E que sejam analisados seus limites e seu potencial, de forma a dar
ao professor autonomia para decidir qual a abordagem com que vai trabalhar.
Tudo isso implica em que o professor tenha autonomia para vivenciar a dialética da
própria aprendizagem e da aprendizagem de seus alunos e reconstrua continuamente
teorias [...]
Nessa perspectiva, a formação continuada em EAD assume dupla função na melhoria
dos processos de ensino e aprendizagem. Uma das possibilidades da formação continuada do
professor em EAD explicita-se pela possibilidade de renovação da prática pedagógica,
considerando aspectos relacionados à metodologia, relação professor-aluno, avaliação da
aprendizagem, entre outros. A outra se refere ao uso pedagógico das TIC, que vai ao encontro
da realidade dos alunos do novo milênio.
A utilização do computador na escola como instrumento de aprendizagem exige
que mudanças estruturais nela ocorram, pois a informática educativa é muito mais que
5 “O Construcionismo, segundo Valente, significa a construção de conhecimento baseado na realização concreta de uma ação
que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse de quem produz.” (PRADO, 2002, p. 28).
33
conhecer e ensinar os aplicativos aos alunos, tendo em vista que propicia uma maneira
diferenciada de ensino, em função do potencial de interação promovido entre professor e
aluno, aluno e aluno. Com o avanço das TIC, surge um caminho possível ao desenvolvimento
de novas práticas pedagógicas. Porém, há de se considerar a necessidade de transpor desafios
inerentes à construção de um novo paradigma educacional.
As novas tecnologias estão presentes na sociedade contemporânea associadas à
interatividade, como diz Silva (2005, p. 63, grifo do autor), “A educação on-line ganha adesão
nesse contexto e tem aí a perspectiva da flexibilidade e da interatividade próprias da internet.”
A informação é disponibilizada de um modo rápido e sem limites. Sendo assim, a
comunicação é de extrema relevância ao homem, numa sociedade que vive em rede, no
mundo contemporâneo, como afirmam Almeida e Fonseca Junior (2000, p. 17):
O acelerado desenvolvimento da competitividade econômica (e científica) no mundo
resultou na necessidade de decisões rápidas e acertadas. A agilidade nas decisões
exigiu autonomia das unidades de negócio e informação instantânea. A velocidade
de acesso à informação qualificada passou a ser um importante diferencial
competitivo. O resultado foi o avanço sistemático da demanda por conectividade, o
que fez consolidar as tecnologias de comunicação necessárias para fazer de um
computador uma ferramenta integrada ao mundo.
Na sociedade contemporânea, informação é elemento de valor e fundamental aos
processos de comunicação. Mas cabe salientar que nem sempre é capaz de estabelecer
conexões e produzir comunicação, embora cumpra papel importante no processo,
reconfigurando a sociedade contemporânea em todos os seus aspectos.
Assim, no processo educativo, desencadeamos a reflexão para dar sentido à
informação recebida, transformando-a em conhecimento. As informações são os dados
apurados em uma pesquisa e quando estudados por um quadro teórico, produzirão o
processamento desses dados em conhecimento, que vai além de informações, pois ele, além
de ter um significado, tem aplicação em benefício da evolução histórica da sociedade.
Conforme Alarcão (2003, p.14), “O mundo, marcado por tanta riqueza informativa, precisa
urgentemente do poder clarificador do pensamento.”
A formação continuada necessita, desse modo, favorecer a reflexão do professor sobre
a sua prática pedagógica acerca do desenvolvimento da aprendizagem e de seu papel como
agente transformador de si mesmo e de seus alunos. Daí a necessidade da formação
continuada em EAD problematizar o cotidiano da escola, das metodologias de ensino, da
relação professor-aluno, da avaliação da aprendizagem, enfim, dos aspectos atinentes aos
processos de ensino e aprendizagem. Valente (1993, p. 6 ) afirma que:
34
A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente
com um questionamento da função da escola e do papel do professor. A verdadeira
função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar
condições de aprendizagem. Isto significa que o professor deve deixar de ser o
repassador do conhecimento — o computador pode fazer isto e o faz muito mais
eficientemente do que o professor — e passar a ser o criador de ambientes de
aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno.
Com base no autor, fica explícita a necessidade de ruptura paradigmática. O ensino
centrado no professor, reduzido à transmissão de conhecimento, que se traduz pela educação
bancária (FREIRE, 1996), precisa ser superado, tendo em vista que o professor como detentor
do saber não tem mais lugar em uma sociedade em constante transformação.
No novo paradigma educacional, professor e aluno são partícipes dos processos de
ensino e aprendizagem, e juntos, ainda que com responsabilidades diferentes, atuam na
construção e reconstrução do conhecimento. Seixas e Mendes (2006, p. 5, grifo do autor)
apresentam uma análise das relações desencadeadas pelo desenvolvimento de uma nova
cultura com a implicação nos processos de ensino e aprendizagem:
Se, por um lado devemos focar no aluno e promover as mudanças tendo em vista
suas necessidades e expectativas, por outro precisamos atentar para as necessidades
do professor, que, mesmo reconhecendo a importância de inovar seu oficio, encontra
barreiras, dificuldades e falta de apoio.
Se o principal protagonista nesse processo é o aluno, que hoje surge na escola já
dominando a Internet, o professor deve valer-se dela para promover a inovação
requerida.
Sem dúvida, o uso qualificado dos meios disponíveis na Internet pode promover
mudança radical nas relações ensino-aprendizagem.
Assim, para que sejam efetivadas as mudanças que implicam os processos de ensino
e aprendizagem, em função do uso dos meios disponíveis na Internet, há necessidade de ser
oferecida formação continuada aos professores, seja na modalidade presencial, semipresencial
ou a distância.
A formação continuada na modalidade a distância exige, por sua vez, uma estrutura
diferente, se comparada à formação presencial, à medida que solicita uma prática pedagógica
diferenciada, criando mecanismos e esquemas de referência associados à presença do
professor e do estudante, uma vez que decompõe o ato em momentos e lugares diferenciados:
o ensino é midiatizado; a aprendizagem resulta do trabalho num ciclo da aprendizagem do
estudante integrado com o mundo virtual, como reafirmam Prado e Valente (2002, p. 28):
Na formação do professor com base no estar junto virtual o ciclo de aprendizagem é
ampliado, provocando reflexões mais profundas uma vez que a interação entre o
35
formador e os professores em formação é mediada pela escrita. Isto obriga o
professor a explicar e documentar a sua prática pedagógica e cria meios para
articulação entre diferentes tipos de reflexão e entre o conhecimento contextualizado
e descontextualizado, difíceis de serem implantados em situações de formação
presencial.
A atitude do aluno/professor em processo de formação continuada em EAD está
diretamente relacionada à interação que estabelece com os tutores, por meio das ferramentas
disponibilizadas no ambiente virtual de aprendizagem. Portanto, a construção do
conhecimento passa a um “estar junto virtual”, nas palavras de Prado e Valente (2002, p. 48):
O estar junto virtual permite múltiplas interações no sentido de acompanhar,
assessorar, intervir e orientar o professor em formação em diversas situações de
aprendizagem. Como já foi dito, a formação do professor para integrar a informática
nas atividades pedagógicas envolve o domínio de várias ferramentas
computacionais, a sua recontextualização no trabalho com os alunos.
A interação estabelecida no “estar junto virtual” confere autonomia ao
aluno/professor, possibilitando-lhe aprender a aprender, por meio do acesso à informação e ao
conhecimento em qualquer tempo e lugar, viabilizando a formação continuada. Nessa direção,
Almeida (2003, p. 331, grifo do autor) ressalta:
A EAD é uma modalidade educacional cujo desenvolvimento relaciona-se com a
administração do tempo pelo aluno, o desenvolvimento da autonomia para realizar
as atividades indicadas no momento em que considere adequado, desde que
respeitadas as limitações de tempo impostas pelo andamento das atividades do
curso, o diálogo com os pares para a troca de informações e o desenvolvimento de
produções em colaboração. A par disso, o ''estar junto virtual'' indica o papel do
professor como orientador do aluno que acompanha seu desenvolvimento no curso,
provoca-o para fazê-lo refletir, compreender os equívocos e depurar suas produções,
mas não indica plantão integral do professor no curso. O professor se faz presente
em determinados momentos para acompanhar o aluno, mas não entra no jogo de
corpo a corpo nem tem o papel de controlar seu desempenho. Caso contrário, criará
a dependência do aluno em relação às suas considerações e perpetuará a hierarquia
das relações aluno-professor do ensino instrucional, mais sofisticado nos ambientes
digitais de aprendizagem, perpetuando uma abordagem de ensino que em situações
tradicionais de sala de aula já se mostraram inadequadas e ineficientes.
Considerando as diferentes modalidades e as novas práticas, em especial, o uso do
computador na sala de aula, convém perguntar: quando e como esse professor estuda,
pesquisa, enfim se atualiza? Tais indagações são cabíveis se considerarmos os baixos salários
do professor, bem como a sua dupla jornada de trabalho que absorve o tempo que poderia ser
destinado a sua formação. Assim, a formação continuada precisa fazer parte da profissão
docente e ser encarada como direito e necessidade de reflexão da prática docente, uma vez
que se refere essencialmente à ação do professor no âmbito escolar, com vistas à
36
aprendizagem dos alunos. Dessa forma, as aprendizagens podem ser favorecidas com a
incorporação das TIC, em sala de aula, o que requer oferecer formação específica sobre seu
uso pedagógico, em uma abordagem construcionista. Segundo Prado e Valente (2002, p. 28):
A formação de professores para usar a informática na escola segundo a abordagem
construcionista é bastante complexa, porque implica repensar as concepções de
ensino e de aprendizagem com vistas à reconstrução da prática pedagógica. Com a
base da formação é a prática, temos enfatizado o fato de o professor da sala de aula
ou da disciplina curricular ter conhecimento dos potenciais educacionais da
informática e ser capaz de integrar atividades não informatizadas de ensino-
aprendizagem e atividades que usam o computador.
Nessa perspectiva, a formação continuada em EAD deve ser dialógica, com base em
comunicação atenta à necessidade do professor e à sua vida, em prol dos seus anseios, de
modo que possa realizar a sua história de agir compromissado no seu dever de emancipação
consciente do educando, “[...] por isso é que, na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (FREIRE, 1996, p. 39).
Por meio da reflexão, da crítica e da troca de ideias, os professores podem atuar como uma
espécie de alavanca para a mudança no acesso ao conhecimento, considerando o tempo de
cada aluno, seu potencial para contribuir no uso pedagógico das TIC nos processos de ensino
e aprendizagem.
A formação de professores, na contemporaneidade, parte de uma postura
emancipadora e tem se mostrado um dos pilares para a melhoria qualitativa dos saberes
docentes necessários à sua atuação nos processos de ensino e aprendizagem, opondo-se à
educação tradicional, que se baseava no instrucionismo e se fundamentava na ação de ensinar
como se fosse mera transmissão de informação ao aluno. No contexto atual, é fundamental
definir e redefinir políticas públicas de formação continuada em EAD, conforme discuto na
sequência.
2. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD
O surgimento da educação virtual, no Brasil, ocorreu em 1994, juntamente com a
expansão da internet para atender ao desenvolvimento da rede telemática para uso acadêmico,
na Rede Nacional de Pesquisa. Durante o período de 1995 e 1996, o uso se expande em torno
das novas TIC, para a educação superior, mas somente alcançou sua expansão, em 2002, em
instituições de todo o país, públicas e privadas. Em razão da informatização, o Brasil buscou
37
regulamentação, a fim de atender à necessidade de formação continuada do professor,
proporcionando uma melhora da qualidade social para a educação no Brasil. A
regulamentação da Educação a Distância foi oficializada a partir da LDB 9394/96, de 20 de
dezembro de 1996 e, posteriormente, de portarias e decretos, emanaram outras
regulamentações6:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei Nº 9.394/96), promulgada em
20 de dezembro de 1996, prevê a implantação gradativa da EAD em todo o Sistema de
Ensino. Para a formação dos professores, o Congresso Nacional decreta a Lei nº 12.056, de 13
de outubro 2009, que altera o Art. 62 da LDB – 9394/96, passando a vigorar acrescido de três
parágrafos:
Art. 62 Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício
do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de
colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos
profissionais de magistério.
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão
utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino
presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a
distância. (BRASIL, 2009a).
Anterior à LDB 9394/96, existiram iniciativas governamentais. O Ministério da
Educação (MEC) e a Fundação Pinto (TVE – RJ) lançaram, em 1991, o Programa um salto
para o Futuro, cujo objetivo era qualificar professores do Ensino Fundamental, em serviço,
através da modalidade de tele-educação. O Programa TV-Escola, lançado em 1995, por sua
vez, constituiu um avanço em relação ao programa anterior, ao incorporar e produzir novas
formas de aprendizagem aos docentes e também novos materiais audiovisuais para uso em
sala de aula, contribuindo para a qualidade da prática pedagógica à formação continuada dos
professores.
6 - A Portaria 4059, de 10 de dezembro de 2004, que autoriza a introdução de disciplinas no modo semipresencial em até 20%
da carga horária total de cursos superiores reconhecidos.
- A Portaria 4361, de 29 de dezembro de 2004, que regulamenta o credenciamento de instituições de ensino para o uso
regular da EAD em seus processos.
- O Decreto 5622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o Art. 80 da LDBEN- 9394/1996, definindo a política oficial
de educação a distância no país.
38
Entre as primeiras ações da Secretaria de Educação a Distância – Seed, em 1996,
estão a estreia do canal TV Escola e a apresentação do documento-base do Programa
Informática na Educação – (ProInfo), na III Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de
Educação (Consed).
Desenvolvido com a participação de educadores, o ProInfo foi implementado por
meio de parcerias entre o MEC, os governos estaduais e os governos municipais. O seu
principal objetivo era propiciar uma educação voltada ao desenvolvimento científico e
tecnológico, numa visão de cidadania global em uma sociedade tecnologicamente
desenvolvida para a contemporaneidade.
Esse Programa pode auxiliar na melhoria da qualidade dos processos, visto que é
mais uma possibilidade de ligação entre as escolas, pela internet, ao mundo globalizado,
sendo que as ações de formação continuada têm a possibilidade de dinamizar os processos de
ensino e aprendizagem de forma a possibilitar o acesso ao conhecimento científico. O foco
das TIC é a transformação da educação, por meio do conhecimento que possibilita
desenvolver pela tecnologia, e que auxilia no aprimoramento do trabalho nos ambientes
educacionais, refletindo na prática profissional dos professores, e nos processos de ensino e
aprendizagem.
A partir do Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007), foi
substituído o antigo ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação de 1997) pelo
Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), sendo este mais uma ação
educacional do MEC, que visa a fomentar o uso das tecnologias de informação e
comunicação. O programa tem como objetivo inserir as TIC nas escolas de educação básica
brasileiras, rurais e urbanas, com a instalação de laboratórios de informática e soluções
tecnológicas baseadas em mídias digitais e conteúdos digitais, também com capacitação dos
professores das escolas, podendo promover, com isso, não só a melhoria do processo
educacional, mas também a inclusão social e digital da escola pública.
Com o objetivo de atender à demanda de formação de professor, é criado, em 2009, o
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), que é uma ação
conjunta do MEC com as Instituições Públicas de Ensino Superior (Ipes) e as Secretarias de
Educação dos Estados e as Secretarias de Educação dos Municípios (Semeds).
De acordo com Brasil (2012), o objetivo principal do Parfor é garantir aos
professores, em exercício na rede pública, de Educação Básica uma formação acadêmica
exigida pela LDBEN- 9394/1996, bem como promover a melhoria da qualidade da Educação
Básica, por meio da elevação do padrão de qualidade da formação dos professores. O
39
PARFOR oferece cursos, nas modalidades presencial e a distância. O ambiente de
aprendizagem ofertado é virtual e foi criado pelo MEC/Capes – Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os cursos oferecidos pelo Parfor
compreendem a primeira licenciatura para docentes sem formação superior; a segunda
licenciatura para docentes que atuam em área distinta da sua formação inicial; e formação
pedagógica para docentes graduados, porém não licenciados.
As ações do Parfor têm sido fortalecidas por meio de fóruns estaduais de apoio à
formação docente que entre as suas atribuições implica programas de formação inicial e
continuada para os profissionais do magistério.
O Parfor é gerido pela Capes, em parceria com as secretarias de educação dos estados
e dos municípios e as instituições públicas e comunitárias de educação superior. Tem como
objetivo melhorar a formação dos docentes em exercício, na rede pública, o que influencia
diretamente na qualidade do ensino que as crianças e os jovens recebem nas escolas
brasileiras.
Lançado em maio de 2009, o plano tem como meta, segundo Brasil (2012), formar, no
período de 2009 a 2011, 330 mil professores que, hoje, exercem a profissão sem licenciatura.
Do total de vagas, 52% são em cursos presenciais e 48% em cursos a distância.
Esses cursos são gratuitos e ofertados nas modalidades presencial e a distância, em
municípios dos Estados da Federação, por meio de Instituições Públicas de Educação Superior
e Universidades Comunitárias. Em Santa Catarina, as instituições envolvidas nesse programa
são: Udesc, UFSC, UFFS, IF-SC, IFC e as Instituições filiadas à associação Catarinense das
Fundações Educacionais (Acafe).
O Ministério da Educação, no ano de 2009, com o objetivo de proporcionar o acesso
dos professores de educação básica pública no Brasil às instituições ensino superior, para uma
nova habilitação criou o programa da Plataforma Freire, que é uma ferramenta de fácil acesso,
para que os professores possam atualizar os seus currículos, podendo, então, ingressar em
outro ramo, além de sua área de atuação.
Inicialmente, foram oferecidas 52.894 vagas para cursos de graduação de professores
em exercício, que estivessem atuando sem habilitação específica na área que atuavam, nas
redes públicas estaduais e municipais, com o objetivo de atender à demanda do Plano
Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, entre os anos de 2009 a 2011.
Em maio do ano de 2012, o sistema passou a ser gerido pela Capes e está sendo
reestruturado para acompanhamento e novo planejamento da formação inicial e continuada
dos professores da educação básica. A Capes atualmente publica a relação dos cursos
40
superiores ofertados pelas instituições superiores aos professores da rede pública da educação
básica; as universidades realizam a matrícula dos alunos.
Desde a reestruturação do sistema e após a efetivação das matrículas, as instituições
devem informar a evasão, quando ocorre a desistência dos professores da formação
continuada. As secretarias municipais e estaduais de educação podem informar a demanda por
formação de sua rede. E os dados dos professores cadastrados são acompanhados via dados
cadastrais da plataforma, no sentido de acompanhamento do programa.
A revisita aos programas de governo voltados à formação continuada em EAD dos
professores possibilita constatar que se trata de política recente que se acentuou na primeira
década do século XXI. Ainda que nas duas últimas décadas, por meio dos programas de
governo, tenham sido criados subsídios com o propósito de aprimorar o trabalho pedagógico
das escolas públicas, e de auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem, como a
instalação de laboratórios de informática, formação dos professores, existe um longo caminho
a ser percorrido para que haja melhoria dos processos do ensino e da aprendizagem.
Não é novidade que o nosso país enfrenta um gargalo na educação, com professores
sem formação adequada e com necessidade de se atualizar, o que nos remete a Freire (2000),
pois o homem é um ser em processo de vir a ser, o que implica a educação permanente.
A educação é permanente não por que certa linha ideológica ou certa posição
política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão,
de um lado, da finitude do ser humano, de outro, da consciência que ele tem de
finitude. Mas ainda, pelo falto de, ao longo da história, ter incorporado à sua
natureza não apenas saber que vivia mas saber que sabia e, assim, saber que podia
saber mais. A educação e a formação permanente se fundam aí. (FREIRE, 2000, p.
20).
Essa constatação remete à importância do desenvolvimento de uma cultura de
formação continuada e, sobretudo, de esforço para o desenvolvimento de uma cultura
tecnológica que contribua para o professor valorizar a formação continuada em EAD.
É preciso, pois, entender que o mundo virtual não é modismo, é um elemento da
política, uma realidade que está fazendo parte do processo de evolução do sistema de ensino
atual, sendo que a escola está inserida em uma sociedade tecnológica. Portanto, não podemos
continuar trabalhando da mesma maneira, sem incorporarmos esses elementos à realidade do
ensino. É nessa direção que aponta Imbernón (2010, p. 29),
O desafio, segundo meu ponto de vista, é examinar o que funciona, o que deve ser
abandonado, desaparecido, construído de novo ou reconstruído a partir daquilo que é
velho. É possível modificar as políticas e as práticas da formação continuada de
professores? Como repercutem as mudanças atuais na formação docente?
41
Questionar e investigar as políticas e as práticas de formação continuada de
professores em EAD parece um caminho necessário a ser trilhado na busca de oferecer
formação aos docentes, algo que, de fato, implique mudanças na prática pedagógica.
Schneider e Durli (2009, p. 209) também refletem sobre as políticas de formação
atuais, as quais criticam, ao destacarem:
Na atualidade, as políticas de formação dos profissionais da educação advogam a
necessidade de uma profunda reforma, apontando um profissional ideal, que na
realidade não existe. Ainda que evoquem esse professor ideal, em sua aplicação, não
se advogam medidas capazes de realizar tal intento.
Nesse contexto, faz-se necessário repensar a política de formação continuada,
considerando a real necessidade do professor, em função do contexto em que atua no
exercício cotidiano da prática docente, em prol da aprendizagem dos alunos. Há, assim, um
diferencial qualitativo de formação continuada em EAD, visto que ao professor é possibilitada
a escolha de curso a ser realizado indo ao encontro de sua necessidade, do seu interesse, de
sua afinidade com a disciplina que ministra, enfim, tem potencial para o desenvolvimento da
motivação intrínseca, que consiste fator importante para a busca dos cursos de formação.
Almeida (2000, p. 128) ajuda a compreender esse processo ao afirmar que: “O
processo vivenciado pelo professor em formação o impulsiona a entrar em outras áreas de
conhecimento e, ao mesmo tempo, a aprofundar-se em sua própria área, tanto em aspectos
relacionados a conteúdos quanto na estrutura de conhecimentos.”
Nessa direção, a definição e redefinição de políticas públicas de formação continuada
em EAD torna-se fundante para a melhoria da prática pedagógica que contribua para a
construção de uma educação de qualidade social.
42
3 A ESCOLA, LÓCUS DA PESQUISA, E A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA EM EAD
Nesta seção e subseções, pretendo apresentar, de forma breve, o histórico da escola
pesquisada, a qual integra a rede pública estadual de Santa Catarina; a implementação da
escola em tempo integral, potencializando, por parte dos professores a busca pela formação
continuada. Abordo, ainda, os pressupostos de implantação da escola de tempo integral no
referido Estado.
3.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
A discussão de escola de tempo integral aconteceu no Brasil, no início do século XX,
tendo sido vista como uma instância transformadora da sociedade em meio a uma revolução
industrial que exigia um lugar onde as crianças pudessem estar em segurança para os pais
participarem do processo produtivo da sociedade. A este propósito primeiro da implantação
de escola em tempo integral, posteriormente, somou-se outro: reduzir os conflitos sociais
existentes entre a necessidade de uma sociedade produtiva e uma escola que atendesse à
demanda.
As primeiras iniciativas de implantação de um sistema público de escolas de tempo
integral, no Brasil, foram de Anísio Teixeira, na década de 50, porém, a experiência não foi
aplicada em todo o território nacional. Nas décadas de 80 e 90, houve iniciativas, com outras
denominações como, a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), cujo
objetivo era atender a instituições colocadas fora da rede educacional regular, que pudessem
proporcionar educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais variadas.
Além desses, no ano de 1991, foram instituídos, no Estado do Rio de Janeiro, os
Centros de Atenção Integral à Criança (Caics), cujo propósito era promover atenção à criança
e ao adolescente na educação fundamental de tempo integral, com o atendimento a programas
de assistência à saúde, ao lazer da criança e do adolescente, projeto este que foi ampliado,
sendo ofertado em nível nacional. Mas, em sua maioria, encerraram as atividades no ano de
1995, uma das descontinuidades das políticas educacionais.
Com a intenção de ampliar as possibilidades de acesso à escola de educação básica,
especificamente, o projeto de escola em tempo integral, inicialmente, buscava ampliar e
diversificar o acesso ao conhecimento, caracterizando-se como uma proposta ao mesmo
43
tempo semelhante e diferente da sonhada por Anísio Teixeira. Como apresenta Nunes (2001,
p. 12-13):
As escolas criadas por Anísio e a geração de educadores à qual pertenceu, tanto nos
anos 30 quantos nos anos 50 e 60, não foram vistas pelos alunos que frequentaram
como locais de confinamento. Pelo contrário, constituíram possibilidades crescentes
sonegadas às classes trabalhadoras pelas reformas urbanas que lhes empurravam
para a periferia da cidade. Para muitos desses alunos, essas escolas foram a única
abertura para uma vida melhor.
No Estado de Santa Catarina, teve início o Projeto Escola Pública Integral, no ano de
2003, sustentado pela LDB de 1996, em atenção aos quesitos do Título V, artigo 347, inciso
2º. Em atendimento a esta lei, é criado o Projeto Escola Público Integrada, o qual prevê a
implantação progressiva da jornada integral nos termos da lei (SANTA CATARINA, 2012).
Assim sendo, no primeiro semestre do ano de 2003, sob o comando do Secretário de
Educação, foi elaborado o Projeto Estruturante Escola Pública de Tempo Integral, no Estado
de Santa Catarina. Dois anos depois, o Governo do Estado de Santa Catarina, no dia 19 de
dezembro de 2005, assina o Decreto n 3.867, que regulamenta a implantação e a
implementação da Escola Pública Integrada no ensino fundamental em todo o estado.
Com a aprovação do decreto n. 3.867/2005, a Escola Pública Integrada é implantada
seguindo alguns critérios: baixo Índice de Desenvolvimento Social (IDS) associado aos
menores Índices de Desenvolvimento Educacional (IDE); escolas com estrutura física e
estrutura de pessoal para implantação; possibilidade de estabelecer parcerias com diferentes
setores da sociedade civil; definição de parâmetros para garantir a qualidade e consistência da
proposta educacional na rede estadual de ensino, mantendo a flexibilidade necessária diante
da diversidade das escolas e comunidades. Desse modo, a escola pesquisada opta pela
modalidade de oferta de Escola Pública de Tempo Integral.
De acordo com o documento do Projeto (SANTA CATARINA, 2003, p. 2, grifo do
autor), “A proposta de Escola Pública Integrada busca ressignificar substancialmente o
conceito de ESCOLA.” Nesse caso, ressignificar sinaliza ir além de ensinar o aluno a
reproduzir a educação tradicional, visa a trabalhar por intermédio das experiências coletivas
do processo de formação humana.
Com base na citação de Nunes (2001, p. 12), observo diferentes formas de perceber a
história da educação no Brasil, que remete a pensar em uma educação de qualidade social:
7 Apoiados pela legislação vigente, a escola resolve adotar a oferta da escola de tempo integral, assim como rege:
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo
progressivamente ampliado o período de permanência na escola.
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.
44
Uma escola pública com um ensino básico de qualidade para todos, onde a pesquisa
é assumida como componente do ensino, e em que os espaços e os tempos da
educação sejam significativos para cada sujeito dentro dela. Uma escola bonita,
moderna, integral em que o trabalho pedagógico apaixona e compromete professores
e alunos. Uma escola que construa um solidário destino humano. Histórico e social
foi o grande sonho de Anísio Teixeira, para construir andaimes.
Trata-se de uma proposta que busca três princípios norteadores do Projeto: a qualidade
de ensino-aprendizagem como garantia; a ampliação das oportunidades oferecidas pela escola
para apropriação do conhecimento historicamente produzido; e a gestão compartilhada na
construção do Projeto Político Pedagógico da Escola, cuja meta é:
Ampliar progressivamente a oferta de educação escolar para até oito horas diárias
por meio de atividades curriculares integradas, fazendo parcerias e envolvendo
diferentes entidades da sociedade civil, onde o estado e entidades tornem-se
corresponsáveis pela escola e o que acontece dentro dela. (SANTA CATARINA,
2003, p. 3).
Em função desses aspectos e de outros já discutidos, a escola de tempo integral é uma
iniciativa polêmica, considerando-se a escola que havia no país antes dela.
Voltando à escola em estudo, seus índices no Ideb, em 2009, eram de 4,2 para as séries
iniciais do ensino fundamental. Nela, havia problemas de violência escolar e professores com
sobrecarga de trabalho, bem como uma estrutura e funcionamento congelados no tempo e no
espaço do século XX. A comunidade escolar, desejosa de mudar a realidade, aprovou a oferta
da escola de regime tempo integral, amparada pela Lei 9394/96, que estabelece as diretrizes
da educação nacional, em seu artigo 34 (BRASIL, 1996):
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas
de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de
permanência na escola. § 1º ......
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a
critério dos sistemas de ensino.
Por conseguinte, a escola pesquisada, comungando dessa mesma necessidade,
integrou-se ao projeto de escola de tempo integral (EPI) em 2006. Mas, em função de
insuficiência de recursos e infraestrutura adequada, deixou de ser de tempo integral no final
de 2009. As principais metas da EPI foram ampliar as possibilidades de melhoraria dos
processos de ensino e de aprendizagem na tentativa de elevar os índices de Ideb, conforme
ilustrarei na seção que segue.
45
3.2 A ESCOLA EM TELA
No município de São Miguel do Oeste, a rede pública estadual de ensino é composta
por oito escolas que atendem à educação básica, entre as quais se inclui a unidade escolar em
estudo. O seu funcionamento está amparado na Portaria Regulamentar E/322/85 e no decreto
n. 21402 de 17, de fevereiro de 1984, especificamente de 1ª a 4ª série. As atividades iniciaram
no pavilhão da igreja católica São Luiz Gonzaga, no bairro São Luiz, com três salas adaptadas
a esse fim. No ano de 1987, a escola já tinha sede própria, onde permaneceu até 2012, ano em
que se consolida este estudo. Em 1987, por meio da Portaria 0145/86, foi autorizado o
funcionamento de 5ª a 8ª série. Em 1995, a portaria E/114/95, de 26 de abril, autorizou o
ensino médio, educação geral, que iniciou suas atividades nesse mesmo ano (ESCOLA
ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
Novas demandas sociais levaram a escola a assumir novas características e novos
papéis. E como o educandário em estudo mostra em seu projeto político pedagógico
preocupação com o desenvolvimento de São Miguel do Oeste, mais precisamente com o do
bairro São Luiz, que apresentava um alto índice de carência e baixo desenvolvimento social,
foi proposta a criação da Escola Pública Integrada. Tal projeto visava à permanência das
crianças na escola, assistindo-as integralmente em suas necessidades básicas, bem como
propunha a ampliação do aproveitamento escolar, por meio de uma proposta pedagógica que
respondesse às necessidades básicas dos alunos, na medida em que seriam trabalhadas todas
as áreas do conhecimento, com metodologias diversificadas para a implementação da matriz
curricular, (intercalada com atividades diferenciadas) garantindo, dessa forma, melhores
condições para a redução dos índices de evasão, repetência e distorção de idade e ano.
Em face da realidade da escola, considerando as necessidades da comunidade, as
condições de aprendizagem dos alunos e, sobretudo, o resultado do Ideb de 2005, de 4,2 e o
índice do IDH de 0,8 por decisão de pais, professores e gestores, no dia 1 de março de 2006,
teve início a implantação da escola de período integral na unidade escolar pesquisada, de
forma gradativa e progressiva O critério de decisão para implantação da escola em tempo
integral, conforme já salientei anteriormente, deu-se em função do baixo Índice de
Desenvolvimento Econômico e o Índice de Desenvolvimento Social (IDH) do bairro em que
se localiza. A escola lócus de pesquisa foi a primeira do município de São Miguel do Oeste a
oferecer educação em tempo integral, desde 2006, com os alunos do 1º ano. Essa implantação
46
foi gradativa para os demais anos do Ensino Fundamental até completar os quatro anos
iniciais.
Na operacionalização da proposta da EPI aos alunos, foram oferecidas aulas
referentes ao currículo de base comum e da parte diversificada, distribuídas nos dois turnos,
durante os cinco dias da semana.
Segundo o Projeto Político Pedagógico, os objetivos à implantação da escola em
tempo integral foram:
- Vincular as atividades pedagógicas às rotinas diárias de alimentação, higiene,
recreação e estudos complementares;
- Criar hábitos de estudos, aprofundando os conteúdos vivenciados diariamente;
- Suprir a falta de opções oferecidas pelos pais no campo social, cultural, esportivo e
tecnológico;
- Possibilitar aos estudantes, oriundos de famílias de baixa renda, ambiente
adequado e assistência necessária para a realização de suas atividades escolares;
- Desenvolver o potencial artístico, cultural e esportivo através de oficinas de teatro,
música, esportes, danças, culturas, artesanato, literatura infanto-juvenil e outros,
favorecendo assim, o estabelecimento de parceria;
- Incentivar a participação responsável da comunidade, buscando, através do seu
engajamento no processo educacional, diminuir as desigualdades sociais e,
consequentemente, reduzir os índices de violência.
- Aperfeiçoar projetos de incentivo à leitura e à escrita, enriquecer o universo
cultural do aluno, formar o hábito de estudo, vivenciar um ambiente alfabetizador e
oferecer espaços de convivência lúdico-educativa. (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA
GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
Com a implantação da escola em tempo integral, a escola lócus de pesquisa buscou
atender aos objetivos propostos, considerando as condições do trabalho pedagógico e as
necessidades sociais e psicológicas dos seus alunos, ampliando, desse modo, o seu papel.
Além de oferecer ampliação no atendimento, passou a proporcionar atendimento
artístico e cultural, por meio da qual a unidade utiliza atividades artísticas e culturais que
contribuem na superação de possíveis dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.
A fim de dar seguimento à tarefa de implantar a escola em período integral (EPI),
foram realizados estudos e pesquisas com a comunidade escolar, visando a atingir uma
educação mais ampla, com aumento do rendimento escolar, com vistas à formação integral do
aluno, consoante a proposta do MEC.
A Educação Integral constitui ação estratégica para garantir proteção e
desenvolvimento integral às crianças e aos adolescentes que vivem na
contemporaneidade marcada por intensas transformações: no acesso e na produção
de conhecimentos, nas relações sociais entre diferentes gerações e culturas, nas
formas de comunicação, na maior exposição aos efeitos das mudanças em nível
local, regional e internacional. (BRASIL, 2009b, p.18).
47
Assim, o Projeto de Escola em Período Integral foi resultado de uma caminhada, de
um planejamento coletivo, atendendo ao anseio da comunidade em busca de uma educação de
qualidade social. Por isso, a EPI constitui ao município melhora no ensino, por intermédio de
um contato maior com a arte, o conhecimento e a cultura, com base em um currículo
diversificado. Nesse contexto, os professores da unidade escolar sentiram-se impelidos a
buscar formação, com vistas à melhoria no processo ensino e aprendizagem.
No primeiro ano de implantação da escola em tempo integral, foram matriculados e
atendidos 50 alunos na 1ª série do Ensino Fundamental, um dos fatores que me motivou a
realizar este estudo, visto que os professores que atuavam nas turmas estavam em busca de
novas práticas a fim de auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem, algo que poderia ser
favorecido por meio da formação continuada em EAD.
A oferta da escola em tempo integral às crianças de 1ª a 4ª séries também pode ser
vista como mais uma estratégia para diminuir os índices de repetência, evasão e relação de
distorção idade/série. Nesse intuito, a unidade passou a dar atenção especial aos alunos que
apresentavam dificuldades e encaminhá-los ao apoio pedagógico, o qual trabalha com reforço
escolar, visando a promover recuperação da sua aprendizagem. Consequentemente, houve
melhora no índice do desempenho escolar, verificado no resultado do Ideb, analisando-se o
desempenho dos alunos de 4ª série e 8ª série, nas disciplinas de Língua Portuguesa e
Matemática, como mostra o quadro 1, na sequência (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA
GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
Quadro 1 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2009
Fonte: (BRASIL, 2010)
Analisando-se o quadro apresentado, especificamente, os resultados e metas da
unidade escolar de 2005 até 2009, observo que, com a implantação da escola em tempo
integral, houve elevação do Ideb. Embora esta última afirmação ainda mereça pesquisas que a
tenham como objeto de estudo, parece fazer sentido assegurar que EPI tenha sido o fator
determinante à elevação do Ideb. Por conseguinte, considerá-la como contributo para a
melhoria do rendimento escolar faz sentido, pois, no ano de 2009, ao deixar de ser escola em
48
tempo integral, em face de não ter sido contemplada com os recursos e infraestrutura
necessários à sua continuidade, houve reflexos no Ideb, e em 2011, apesar de ter mantido a
elevação, conforme o quadro 2, apresentou crescimento mínimo, se comparado à elevação do
Ideb entre os anos de 2007 e 2009, conforme ilustra quadro.
Quadro 2 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2011
Fonte: (BRASIL, 2012)
3.2.1 Caracterização da escola à época da escola em tempo integral (2006 – 2009)
A análise do PPP da escola possibilitou verificar a organização administrativa,
técnico-pedagógica e a infraestrutura física do contexto escolar. Considerando o número de
alunos do ensino fundamental e do ensino médio, que totalizavam 585, é possível identificar
que se trata de uma escola de médio porte, se comparada à outra escola do município que
apresentava um número superior a 1000 alunos. Do total de alunos, 428 pertenciam ao ensino
fundamental, sendo distribuídos entre os turnos matutino e vespertino; 157 alunos eram do
ensino médio, nos turnos matutino e noturno.
No período de implantação de escola em tempo integral, a unidade estava organizada
conforme os quadros 3 e 4 que seguem.
Quadro 3 - Equipe Administrativa e Técnico-Pedagógica
ATRIBUIÇÃO QUANTIDADES
Diretora Licenciada em Geo./Hist./Fil. Pós-Graduação
em Geografia e História.
1
Orientadora educacional Licenciada em Pedagogia, Pós-Graduação em
Educação, licenciada em Pedagogia, Pós-
Graduação em Psicopedagogia.
2
Supervisora educacional Pedagogia, Supervisão Escolar, Pós-Graduação
em Fund. Educação.
1
Assistente Técnico Pedagógico Licenciada em Geografia.
Licenciada em Pedagogia e Psicologia, Pós-
Graduação em Educação Infantil.
2
Professores 30 (25 são efetivos e 5 ACTs)
Fonte: (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
49
Em relação à equipe de gestão, era composta por seis membros, sendo uma gestora
escolar, duas orientadoras educacionais, duas responsáveis pelo apoio pedagógico e uma
supervisora educacional. Chama atenção a formação dos membros da equipe, pois do total de
seis integrantes, cinco apresentavam curso de pós-graduação, o que indica a valorização da
formação acadêmico/científica.
A constituição dessa equipe expressa possibilidade de se fazer um acompanhamento
pedagógico que, potencialmente, contribui nos processos de ensino e aprendizagem. Permite
ainda ousar afirmar que, em função da busca pela formação, esse grupo pode servir de
incentivo aos demais professores da escola a fim de que busquem formação continuada, se
considerar a corporificação da palavra pelo exemplo, conforme acentuado por Freire (1996).
A escola, conforme quadro 3, contava com trinta professores, sendo vinte cinco
efetivos e cinco admitidos em caráter temporário. O percentual de professores efetivos
(83,33%) aliado à equipe de gestão revela que, em princípio, a escola apresentava uma
estrutura pedagógica que, efetivamente, favorecia a qualidade de ensino.
Quadro 4 - Infraestrutura física da escola
INFRAESTRUTURA QUANTIDADES
Laboratório de Informática 1 (10 computadores e 1 impressora)
Número de salas de aula 15
Biblioteca 1
Número total de alunos 1º a 4º ano = 228
5º a 8º ano = 200
1º a 3º ano = 157
585 alunos
Quadra de esportes 1
Ginásio de esportes 1
Fonte: (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
Além da equipe de gestão e do corpo docente, a escola contava, em termos de
estrutura física, com quinze salas de aula, uma biblioteca, uma quadra de esportes, um ginásio
de esportes e um laboratório equipado com dez computadores e uma impressora, locais em
que eram e ainda são desenvolvidas as atividades pedagógicas relativas ao currículo escolar.
Tendo em vista que os alunos estão distribuídos em três turnos, permite afirmar que a
infraestrutura física oferecida pela escola, considerando a biblioteca, a quadra e o ginásio de
esportes supriam as necessidades dos alunos. Todavia, é preciso considerar que, sendo uma
escola em tempo integral, faltava um refeitório para os alunos, a fim de que fizessem as suas
refeições em espaço propício.
50
Em relação ao número de computadores do laboratório de informática (10) e o número
de alunos por sala de aula (30), a proporção era de três alunos para um computador, o que
implicava restrição, em função da limitação de tempo no manuseio do computador.
De acordo com o PPP da Unidade Escolar, a Escola em Período Integral viabilizou um
trabalho coletivo e interdisciplinar, fundamentado nas ações pedagógicas, promovido através
de estudos, reflexões e debates sobre seus conteúdos. Trabalhava com currículo normal,
intercalado com um currículo complementar, optando por conteúdos que transformam a
realidade existente na escola, em relação aos alunos. Assumiu uma proposta inovadora,
acompanhada de um novo olhar, um novo jeito de conceber a prática pedagógica,
redimensionando as concepções de aprendizagem (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA
GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).
Porém, no percurso desta pesquisa, por decisão da comunidade escolar, no ano de
2009, a escola deixou de ofertar o período de escola de tempo integral por escassez de ajuda
do governo do Estado no atendimento às necessidades do projeto, como já explicitei
anteriormente.
3.2.2 O Projeto de Formação Continuada em EAD
A escola de Educação Básica lócus da pesquisa oportuniza a formação continuada
por meio do chamamento da Gerência Regional da Educação (Gered) que, por sua vez, é a
responsável direta pelo processo. Não há registros na unidade escolar a respeito da formação
continuada que vem sendo oferecida aos professores, tampouco um projeto que constitua
documento a ser analisado. Mas, segundo a integradora de ensino da Gered de São Miguel do
Oeste, desde a implantação, em 2007, o Núcleo de Educação a Distância atendeu, em média, a
350 professores em cursos divididos durante esse período.
O Estado de Santa Catarina oferece formação continuada aos docentes, integrando-se
aos ofertados em ambiente virtual na plataforma do MEC e na plataforma E-ProInfo.
Realizados na modalidade semipresencial, os cursos de aperfeiçoamento têm carga horária
total de 180 horas, das quais 40 horas são presenciais. A duração média prevista, em geral, é
de cinco meses, cujo intuito é disseminar e desenvolver metodologias educacionais para a
inserção dos temas da diversidade no cotidiano das salas de aula e a melhoria da prática do
professor em diferentes áreas do conhecimento, sendo elas: Educação Ambiental; Educação
de Jovens e Adultos; Educação Étnico-Racial; Educação na Diversidade e Cidadania; Gênero
e Diversidade na Escola e Educação Integral e Integrada. Esse projeto é oferecido a todos os
51
professores da rede pública de Santa Catarina, e a escola pesquisada participa dele com alguns
professores.
É oferecido, ainda, aos docentes da unidade escolar o curso oriundo do Plano
Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), cujo objetivo principal é
melhorar a formação dos professores que atuam na rede pública com formação continuada,
destina-se àqueles com carga horária entre 30 a 220 horas.
Os cursos de formação continuada são destinados aos professores em exercício nas
escolas públicas estaduais e municipais que tenham sido registrados no Censo Escolar de
2009 ou no Censo Escolar de 2010. O processo de indicação/inscrição é realizado na
Plataforma Freire pelo próprio professor, no curso que ele escolher. Essa oportunidade de
escolha conferida ao professor amplia as possibilidades de motivação intrínseca, mantendo
seu interesse em permanecer e finalizar o curso em que se inscreveu.
No Projeto Político Pedagógico da Escola está referenciada a necessidade de planejar e
implementar propostas de formação docente, de acordo com as necessidades diagnosticadas e
acordadas no coletivo. Estas, por sua vez, só poderão ser desenvolvidas a partir do aval da
Gerência Regional de Educação, que faz uma mobilização regional para desencadear o
processo. A formação continuada só poderá ser desenvolvida com a autorização da Gered, o
que, de certa forma, compromete a autonomia da escola.
52
4 CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E GESTORAS SOBRE A FORMAÇÃO
CONTINUADA EM EAD
Nesta seção, discuto a análise dos dados coletados com base nas entrevistas
semiestruturadas com os sujeitos pesquisados. Tendo em vista o problema e os objetivos desta
pesquisa, que vertem sobre a contribuição dos programas de formação continuada em EAD
para a mudança da prática pedagógica dos docentes da escola alvo desta pesquisa, realizei
entrevista semiestruturada, (APÊNDICE A), com seis professores da educação básica, uma
gestora escolar e uma coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da Gered de São
Miguel do Oeste. Na ocasião da entrevista, certifiquei os participantes dos objetivos e das
intenções da coleta de dados, salientando que se destinavam exclusivamente para fins do
estudo em questão, conforme esclarece o termo de consentimento livre e esclarecido
(APÊNDICE B).
As questões da entrevista, totalizando cinco, verteram sobre os ganhos do processo
de formação continuada em EAD; as dificuldades; os temas trabalhados nos cursos de
formação continuada em EAD; as ferramentas utilizadas na formação continuada em EAD e
as mudanças na prática pedagógica, com base nos cursos de formação continuada em EAD.
Após a transcrição das entrevistas, prossegui com a elaboração de um quadro
(APÊNDICE C) contendo a fala dos entrevistados, a ideia central e as categorias de análise
que emergiram em cada questão. Para efeito da apresentação da análise, apresento um quadro
contendo o foco da questão e as categorias que surgiram da fala dos sujeitos pesquisados,
acompanhadas da frequência. Perspectivando preservar a identidade dos participantes da
pesquisa, os professores foram identificados pela letra “P” acompanhada de índice numérico;
a gestora escolar foi identificada pela letra “G”, e a responsável pelo Núcleo de Educação a
Distância (Nead) por “Ge”.
No início de cada entrevista, solicitei aos participantes que preenchessem dados
referentes aos seus respectivos perfis, de modo que pudesse ter uma visão geral em relação a
aspectos concernentes aos objetivos da pesquisa que implicam a prática docente.
A seguir prossigo com a apresentação e discussão do perfil dos participantes da
pesquisa.
53
4.1 PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS
Para levantamento do perfil dos participantes da pesquisa, busquei informações sobre:
sexo, idade, formação acadêmica, titulação, tempo de atuação no magistério, nível de ensino
em que atua na educação básica e tempo que realiza formação continuada em EAD, conforme
Quadro.
Conforme explicitei na introdução, o critério de seleção dos sujeitos pesquisados foi
tempo de atuação na escola pesquisada, ou seja, superior a cinco anos, à exceção de P4, que
atua no laboratório de informática, cuja participação foi considerada importante para a
pesquisa, por envolver o uso das TIC no processo formativo dos professores.
Quadro 5 - Perfil dos Sujeitos Pesquisados
Dados
Sujeitos
Sexo
Idade
Formação
inicial
(Graduação)
Titulação
Tempo de
Atuação
no
Magistério
Nível de ensino
em que atua na
Educação
Básica
Tempo que
realiza formação
continuada em
EAD
P1 F 51 Letras
MSc.
25 anos Ensino
fundamental e
médio
8 anos
P2 F 37 Geografia MSc. 15 anos Ensino
fundamental e
médio
4 anos
P3 M 43 Matemática Especialista 20 anos Ensino
fundamental e
médio
6 anos
P4 F 26 Ciências
Biológicas
Graduada 5 anos Ensino
fundamental e
médio
1 ano
P5 M 62 Filosofia e
Sociologia
Especialista
20 anos Ensino
fundamental e
médio
4 anos
P6 F 53 Pedagogia Especialista 26 anos Supervisão
escolar
6 anos
G F 48 Letras Especialista 26 anos Direção 6 anos
Ge F 40 Pedagogia Especialista 15 anos Gered 8 anos
Fonte: Documentos da secretaria da escola.
Dos sujeitos pesquisados, incluindo professores, gestora escolar e gerente do Nead da
Gered de São Miguel do Oeste, 75% pertencem ao gênero feminino, esse dado coaduna com o
atual cenário da educação brasileira, conforme o qual as mulheres são a maioria na Educação.
Em relação à faixa etária, à exceção de P2 e P4, os sujeitos pesquisados têm idade
superior a 40 anos, o que, em princípio, pode demonstrar sua maturidade ao exercício
profissional, dado esse que se confirma aliado ao tempo de atuação no magistério, que é igual
ou superior a 20 anos, com exceção da gerente do Nead da Gered de São Miguel, que tem 40
54
anos e atua há 15 anos no magistério, o que remete ao processo de mobilização de saberes dos
professores. Segundo Tardif (2002, p.70):
Os saberes dos professores são temporais, pois são utilizados e se desenvolvem no
âmbito de uma carreira, isto é, ao longo de um processo temporal de vida
profissional de longa duração no qual estão presentes dimensões identitárias e
dimensões de socialização profissional, além de fases e mudanças.
Em se tratando da formação acadêmica inicial dos sujeitos pesquisados, percebo uma
diversidade, o que pode, em tese, constituir fator que favoreça a interação e a troca entre os
docentes no processo de formação continuada em EAD.
Observando o quadro destacado, chama ainda a atenção o fato de a professora P4 ser
a mais jovem (26 anos) e atuar há menos tempo no magistério (5 anos), quando comparada às
faixas etárias e tempo de atuação no magistério dos demais sujeitos pesquisados.
Todos buscaram a continuidade da formação, sendo cinco especialistas e dois mestres.
Também, exceto a professora P4, que tem um ano de formação continuada em EAD, os
demais pesquisados realizam-na entre quatro a oito anos, demonstrando que essa modalidade
de formação tem sido buscada na escola. Sobre a importância da formação, Rios e Sopelsa
(2011, p. 2) frisam:
Sabe-se que os saberes necessários para desenvolver as atividades de ensino são
constituídos no decorrer da formação e vivências do professor. Os saberes docentes
constroem-se durante a trajetória de vida do professor. E nesta, incluem-se sua
formação acadêmica e continuada, seus desejos e realizações, ou seja, sua
identidade. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção
de maneiras de ser e estar na profissão, realçando a mescla dinâmica que caracteriza
a maneira como cada um se sente e se diz professor.
Assim, observando-se a titulação e a busca pela formação continuada em EAD por
parte dos sujeitos entrevistados, é possível afirmar que há um esforço em relação ao seu
desenvolvimento pessoal/profissional, o que, potencialmente, implica a sua atuação na
educação básica. Ressalto que, em função de os professores pesquisados atuarem no ensino
fundamental e médio, esse desenvolvimento tende a contribuir à construção de uma educação
de qualidade social.
4.2 A VOZ DOS PROFESSORES
Conforme acompanhamento realizado por mim, na condição de pesquisadora e
membro da equipe técnico-pedagógica, a formação continuada em EAD dos professores
55
sujeitos da pesquisa ocorreu por meio do ProInfo, Parfor, Plataforma Freire. Para efeito desta
pesquisa, considero todos os cursos realizados como sendo pertencentes ao processo de
formação continuada em EAD, sem distingui-los quanto à especificidade do Programa, em
face dos objetivos enunciados neste estudo. Por ocasião das entrevistas, solicitei aos
professores que se ativessem aos cursos de formação continuada realizados a partir de 2007,
tendo em vista o ano de implantação da escola de período integral.
Ao serem questionados sobre os ganhos da formação continuada em EAD, os
participantes destacaram o tempo, a atualização, a participação e a aprendizagem
colaborativa. Houve, ainda, menção no que tange ao material didático, troca de experiências,
reflexão, inovação, interação e busca do conhecimento. Vejamos, conforme tabela 1, seguinte,
esses resultados.
Tabela 1 - Ganhos da formação continuada em EAD
Categoria Frequência
Tempo 5
Atualização 4
Participação 4
Aprendizagem Colaborativa 3 Fonte: autora.
Com base na tabela, saliento que a maioria dos sujeitos pesquisados apontou tempo
como elemento que favorece a procura pela EAD na formação continuada do professor. Esse
fator, preponderante como ganho, destaca-se por permitir uma organização individual,
conforme depoimento que segue.
Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações saber o
que está acontecendo, não só de ser mais rápido, mas é mais prático, acho que
você pode usar seu tempo disponível, você faz o seu tempo, você pode fazer em
casa. (P2).
De acordo com a fala de P2, a atualização é um ganho em função da possibilidade de
articular o tempo aos diferentes espaços, a fim de administrar a sua formação continuada,
Almeida (2010, p. 2) afirma que “As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e
espaço em que cada participante se localiza [...]” Porém, é necessária a ciência de que o uso
das TIC nos processos de formação continuada não garante a superação da abordagem
tradicional do ensino. A aprendizagem com o uso das TIC necessita dar-se por meio da
construção e reconstrução do conhecimento, o que requer o desenvolvimento da curiosidade
epistemológica (FREIRE, 1996).
56
O entrevistado P4, ao referir-se à possibilidade de organizar o tempo atrelado à
formação continuada em EAD, ressalta a perspectiva do novo e da inovação.
Acredito que há muitos aspectos importantes, para mim, principalmente, é a questão
da pessoa ser autodidata e buscar o conhecimento, se organizar no seu tempo, e de
modo geral a questão que forma gente continuadamente. Ser inovador, como trazer
novos instrumentos, ferramentas e novos meios de trabalhar a formação continuada
são importantes e a formação a distância contribui para isso.
Ainda que a concepção de inovação necessite ser investigada, não é foco desta
pesquisa, é fato que processos formativos têm potencial para contribuir com a inovação,
incluindo a incorporação das TIC nos processos de ensino e aprendizagem.
Outro aspecto importante ressaltado por P4 diz respeito ao autodidatismo. “A gente
organiza o tempo, faz com que a gente seja um autodidata, inove cada vez mais, procurando
trabalhar da melhor forma possível que os alunos possam aprender com maior facilidade.” A
perspectiva do autodidatismo e de inovação atrelada à aprendizagem dos alunos, promovida
pela formação continuada em EAD, constitui diferencial qualitativo a corroborar para a
melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A ideia trazida por P4 sinaliza a autonomia
necessária à construção e reconstrução de conhecimento. Coaduna com essa ideia o que
afirma Pretti (2012, p. 10):
A EAD coloca-se, então, como um conjunto de métodos, técnicas e recursos, postos
à disposição de populações estudantis dotadas de um mínimo de maturidade e de
motivação suficiente, para que, em regime de autoaprendizagem, possam adquirir
conhecimentos ou qualificações a qualquer nível.
Os sujeitos pesquisados destacaram, também, que a formação continuada em EAD
contribui para a atualização profissional, e sobretudo, tem potencial para possibilitar ao
professor aprender a aprender, por meio do acesso à informação e ao conhecimento. A
perspectiva de atualização pode ser ilustrada com as falas que seguem.
Bem, os ganhos maiores se resumem nas oportunidades que são oferecidas aos
professores além da formação básica inicial, como, por exemplo, as coisas que
mudam com muita rapidez. É necessário que o professore esteja sempre atualizado,
pois também precisa conciliar trabalho e regência de classe e formação continuada.
O nível de educação a distância auxilia e favorece o professor neste aspecto. (P5).
Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações, saber o que
está acontecendo, não só de ser mais rápido, mas é mais prático, você também pode
fazer um grupo de estudo para debater. (P3).
Os entrevistados P5 e P3 explicitam a necessidade de atualização em face das
57
mudanças que ocorrem de forma acelerada. Por isso, P3 aponta a possibilidade de constituir
grupos de estudos com vistas à promoção de debates. A constituição de grupos de estudos
com potencial para fomentar o debate traz em si a perspectiva de desencadear reflexão e a
problematização da prática pedagógica. A atualização do professor, favorecida por meio da
formação continuada em EAD, pode ser fator relevante à construção de uma educação de
qualidade social. Corrobora com essa ideia Alarcão (2003, p. 46) ao afirmar:
Queremos que os professores sejam seres pensantes, intelectuais, capazes de gerir a
sua ação profissional. Queremos também que a escola se questione a si própria,
como motor do seu desenvolvimento institucional. Na escola, e nos professores, a
constante atitude de reflexão manterá presente a importante questão da função que
os professores e a escola desempenham na sociedade e ajudará a equacionar e
resolver dilemas e problemas.
A busca constante pela ampliação do conhecimento, em espaços e tempos exequíveis,
por meio de processos formativos em EAD, remete a pensar o conceito de aprendizagem
associado ao conceito de autonomia do professor em busca de seu desenvolvimento
pessoal/profissional. Sobre o assunto, Almeida (2010, p. 2) afirma que:
Participar de um ambiente virtual significa atuar nesse ambiente, expressar
pensamentos, tomar decisões, dialogar, trocar informações e experiências e produzir
conhecimento. Cada pessoa busca as informações que lhe são pertinentes,
internaliza-as, apropria-se delas e as transforma em uma nova representação, ao
mesmo tempo em que se transforma e volta a agir no grupo transformado e
transformando o grupo.
A participação, também, foi outro aspecto apontado como relevante pelos sujeitos da
pesquisa, com destaque à interação e à reflexão. O entrevistado P5 faz referência às
tecnologias como meios de interação que auxiliam o trabalho do professor e do aluno.
A tecnologia está proporcionando uma interação que antes não acontecia. E antes,
o professor vinha, colocava o conhecimento, e o aluno era só um receptor. Agora o
aluno passa a contribuir, talvez não como o professor, com o conhecimento, mas
com o conhecimento diferente. Onde o professor também está aprendendo e o aluno
está aprendendo, de uma forma lúdica, diferente.
Desse modo, a fala de P5 expressa a repercussão da formação continuada em EAD, na
sala de aula. Na sua visão, contribui para a ruptura de paradigmas. Além disso, faz-me
lembrar de Freire (2000), ao salientar que o professor também está aprendendo,
consequentemente, parece muito ciente de que o docente é um ser em construção.
Com base nos discursos dos sujeitos pesquisados, constato que a escola é um local
58
onde se trocam experiências e se reconstroem práticas. Convém ressaltar também a
contribuição da formação continuada em EAD ao coletivo, com a socialização de vivências
e/ou práticas, como ilustra P6: “São momentos especiais e que o professor ganha para
fortalecer seus conhecimentos.” Essa visão integradora, presente na fala de P6, remete a
Imbernón (2010, p. 49):
Abandona-se o conceito obsoleto de que a formação é a atualização científica,
didática e psicopedagógica do professor para adotar um conceito de formação que
consiste em descobrir, organizar, fundamentar, revisar e construir a teoria. Se
necessário, deve-se ajudar a remover o sentido pedagógico comum, recompor o
equilíbrio entre os esquemas práticos predominantes e os esquemas teóricos que o
sustentam. Esse conceito parte da base de que o profissional de educação é o
construtor de conhecimento pedagógico de forma individual e coletiva.
A participação promovida nos processos formativos em EAD contribuiu para
aprendizagem colaborativa, conforme apresentado pelos sujeitos. A troca de ideias e
experiências que se dão nos espaços concedidos para a participação favorecem a construção e
a reconstrução do conhecimento em que professor/tutor e aluno/professor são partícipes.
O entrevistado P4 reporta-se à evolução e ao reconhecimento do papel da formação a
distância:
Assim, tudo que é novo assusta, então é um pouco demorado o processo, e as
pessoas ficam com um pouco de receio, porque, há um tempo, o professor era o
dono do conhecimento, e agora, não é mais assim, e quando ele passa a usar a
ferramenta tecnológica, ele entra no mundo novo, desconhecido, para muitos, e fica
com receio, porque o aluno também está aí contribuindo com o conhecimento.
Porém eu vejo que está evoluindo, que os professores estão conseguindo se adaptar
e inclusive interagindo melhor com os alunos, e com uma nova linguagem, enquanto
eles estão transmitindo um conteúdo que eles dominam, então, estão aprendendo
juntos, [...] eles ficam curiosos e acabam usando essas ferramentas e participando.
Para o entrevistado P4, a formação continuada em EAD contribui para o uso das TIC,
à medida que o professor domina o uso dessas tecnologias, favorecendo a interação professor-
aluno e a participação do aluno nos processos de ensino e aprendizagem.
Os sujeitos pesquisados manifestaram suas angústias a respeito das dificuldades
encontradas na formação continuado em EAD. Nesse quesito, referiram-se ao tempo que
dispõem para a realização das atividades, à ausência de políticas públicas, à interação
professor-aluno, ao acesso ao computador e à insegurança no manuseio das TIC, conforme
tabela 2:
59
Tabela 2 - Dificuldades na formação continuada em EAD
Categoria Frequência
Tempo 3
Ausência de políticas públicas 3
Interação professor-aluno 3
Acesso ao computador 2
Insegurança/medo das TIC 1 Fonte: autora.
A categoria tempo, apontada como ganho, em função dos cursos de formação
continuada em EAD proporcionarem ao professor a sua administração e organização, também
aparece como dificuldade. Como dificuldade, os sujeitos pesquisados abordaram tempo sob
dois enfoques, um relativo à realização das atividades; outro relativo ao estar junto com os
pares.
Assim, os entrevistados apontaram a insuficiência de tempo para a realização das
atividades propostas nos cursos de formação continuada em EAD como principal dificuldade
encontrada por eles. Embora reconheçam que a possibilidade de organizarem seu próprio
tempo constitua ganho, consideram que há exiguidade no tempo destinado às atividades. Esse
fato não surpreende, pois o cotidiano dos professores, muitas vezes se caracteriza pelo
excesso de tarefas relacionadas aos processos de ensino e aprendizagem. Como é apresentado
por P2: “Os professores precisam estar disciplinados, organizados e aceitar o que lhes é
proposto em questão de atividades e os prazos para cada uma, também dispor de tempo para
as leituras, planejamento e revisão das tarefas em conjunto.”
P3 aponta a dificuldade dos professores em disporem de tempo para estarem juntos
em mesmo espaço, com o propósito de discutir os temas abordados nos cursos de formação
continuada em EAD.
Nesse contexto, podemos observar que, apesar de haver compromisso por parte de
muitos professores, não há valorização dos profissionais da educação. Essa desvalorização
traduz-se, principalmente, pela falta de políticas públicas que incentivem a formação
continuada e garantam ao professor condições concretas para realizá-la, conforme contempla
P3:
Eu acho que a primeira dificuldade é de reunir os professores e arrumar um tempo
para que todos possam se juntar e discutir os assuntos. A gente se reunia, quando
sentíamos dificuldades da educação a distância. E outra é a falta de motivação, não
tem motivação para fazer uma formação continuada. Há desmotivação dos
professores, e uma desvalorização do Estado, o que parece uma falta na educação.
O que se percebe é uma falta de política pública para a educação, no que se refere
à formação continuada do professor.
60
Tardif (2002, p. 244), porém, frisa que a valorização dos professores deve partir
deles próprios:
Defendo, portanto, a unidade da profissão docente do pré-escolar à universidade.
Seremos reconhecidos socialmente como sujeitos do conhecimento e verdadeiros
atores sociais quando começarmos a reconhecer-nos uns aos outros como pessoas
competentes, pares iguais que podem aprender uns com os outros. Diante de outro
professor, seja ele do pré-escolar ou da universidade, nada tenho a mostrar ou a
provar – mas posso aprender com ele como realizar melhor nosso ofício comum.
Retomando as palavras expressas por P3, reitero ser fundamental que a formação
continuada em EAD oferecida aos professores advenha da definição de políticas públicas,
para que essa formação ocorra e atinja os objetivos de melhoria da prática pedagógica. Tais
políticas incluem condições de acesso à formação continuada que, na modalidade EAD,
requerem minimamente recurso material, espaço adequado e tempo desponível para cursar e
realizar as atividades propostas.
Em princípio, podemos inferir que, à medida que a formação continuada em EAD é
dificultada, independentemente da motivação, parece natural gerar a desmotivação dos
professores. Por isso, é importante que haja investimentos na educação e projetos de formação
continuada que assegurem ao docente o desenvolvimento profissional/pessoal.
A despeito da escassez de tempo para o grupo estar junto e do reconhecimento da
falta de políticas públicas de formação continuada, conforme a fala de P3, a formação
continuada em EAD promoveu reuniões em face das dificuldades sentidas em processo, o que
é indicativo de superação de obstáculos e esforço dos professores em prol do seu
desenvolvimento pessoal/profissional.
Ainda sobre as dificuldades encontradas na formaçao continuada em EAD, P1
destaca:
O grande número de atividades que devíamos aplicar, em sala de aula, em um curto
espaço. No curso, nós tínhamos uma tutora e vários módulos. Fazíamos as
atividades e ela mandava para não sei quem... Saliento que, no decorrer do curso
(durante o ano de 2009), houve muitas reclamações, pois segundo um bom número
de cursistas, era dispensado pouco tempo para as várias leituras que se tinha que
fazer e, ainda, aplicar as atividades, recolher e apresentá-las no próximo encontro,
sempre às quartas-feiras. Além disso, era preciso sistematizar, isto é, escrever como
ocorreu a aplicação das atividades, em sala, quais os pontos positivos e/ou
negativos. Cada um dos textos produzidos pelo professor, relacionado à sua prática
pedagógica, era colocado no portfólio juntamente com os comprovantes dos alunos.
Adiles, geralmente os professores têm o hábito de reclamar da falta de tempo. Mas é
falta, muitas vezes, de organização do próprio professor. Em outros casos, é falta de
61
tempo mesmo, pois precisa trabalhar 50 ou 60 horas semanais para poder
“sobreviver.”
Com base no excerto de fala anterior, é possível afirmar que os sujeitos pesquisados
buscam a formação continuada, porém estão conscientes das limitações, em função do pouco
tempo de que dispõem. Equitativamente à jornada exaustiva de trabalho, deveria ser
oportunizado ao educador tempo e investimento para realizar a formação proposta no seu
percurso.
Quando o professor refere-se a aplicar as atividades e à falta de tempo para praticar o
que aprende, sente que a teoria não é suficiente. Mas é preciso ter disponibilidade de tempo, a
fim de aprofundar o conhecimento que já possui, bem como discutir com os colegas as
dúvidas e necessidades. Imbernón (2010, p. 34-35) apresenta alguns obstáculos que
professores em formação enfrentam:
Na formação também existem obstáculos. É contraditório atestar que muitas das
dificuldades que a formação dos professores encontra pode se transformar
facilmente em desculpas para a resistência, por parte de algum setor, e ser também
motivo de uma cultura profissional culpabilizadora dos professores – que não
apresenta resistências e lutas, para conseguir uma melhor formação e um maior
desenvolvimento profissional. Entre tais obstáculos, destacamos: [...] Os horários
inadequados, que sobrecarregam e intensificam o trabalho docente.
De fato, constitui paradoxo oferecer formação continuada em EAD que favoreça o
exercício da práxis pedagógica e, na mesma medida, submeter o professor à sobrecarga de
tarefas inibidoras do processo de reflexão.
Outro aspecto levantado pelo entrevistado P2 refere-se à motivação que leva o
professor a buscar a formação. “Talvez sejam algumas dúvidas que não podem ser sanadas no
exato momento em que aparecem, ou pessoas que usam disso para ter simplesmente
formação (canudo) e não aprendizado.” Na sua fala, fica explícito que há quem a busque para
aprender, e há quem a busque para obter um certificado, somente. Além disso, ainda chamam
a atenção, nessa fala, as dúvidas que surgem em processo, e as quais não podem ser sanadas
em tempo real. De fato, as ferramentas mais utilizadas em EAD têm sido assíncronas, tendo
pertinência, portanto, tal observação, que em princípio, é redutora do diálogo e participação
no coletivo.
A formação a distância que vem sendo oferecida ao professor, seja por meio do Parfor,
seja por meio da Plataforma Freire ou do ProInfo, está mais centrada nas ferramentas
assíncronas, como e-mail e fóruns de discussão em relação às ferramentas síncronas, que
62
incluem chat e videoconferência, conforme foi apontado na questão 4, a ser apresentada na
sequência da análise.
Considerando as falas dos professores, convém trazer as palavras de Imbernón (2010,
p. 48-49, grifo do autor), que apontam para a importância de uma formação mais dialógica,
participativa:
Enfim, as novas alternativas à formação continuada dos professores passam pela sua
transformação: uma formação mais dialógica, participativa e ligada às cidades ou às
instituições educacionais e a projetos de inovação, menos individualistas, standard e
funcionalista, mais baseada no diálogo entre indivíduos iguais e também entre todos
aqueles que têm algo a dizer e algo a contribuir com a pessoa que aprende.
Para o entrevistado P4, o professor enfrenta dificuldades em relação às inovações, seja
quanto às novas tecnologias, ou outras formas de adquirir conhecimento. Explica que o medo
impede que as pessoas avancem em busca de novas alternativas e assumam novas práticas.
A tecnologia traz um pouco de medo porque é um contexto totalmente diferente,
ferramentas novas e com uma pedagogia diferente, digamos. O ensino a distância
também é inovador. Nesse sentido, ele, às vezes, causa certo desânimo por parte das
pessoas. Acredito que estas são as dificuldades, essa maneira nova de aprender, de
interagir com as pessoas, interagir com as ferramentas, e aprender de uma forma
totalmente diferente, sendo um autodidata, buscando conhecimento, organizando o
seu horário, um novo modelo, uma nova forma de aprender. O que antes acontecia
em uma sala de aula, está acontecendo em ambientes diferente, em vários lugares,
ou inteiramente, a distância, isso causa, às vezes, um certo medo. Será que vai ser
legal? Será que vou conseguir? Será que vou conseguir conviver? Não digo que a
maioria dos professores tenha seu PC, ainda alguns professores não têm seu PC,
consequentemente, não têm internet. Mas acredito que a maioria tem acesso, se não
tiver em casa, têm na escola, pois os recursos são mais limitados, mas dá para se
adaptar. Há dez máquinas, as dez funcionam.
Conforme a fala de P4, fica evidente que a formação inicial do professor é fruto de
uma pedagogia tradicional, que se limita ao uso de lousa e do giz na sala de aula. É natural,
portanto, que diante das novas TIC, o sentimento que prevaleça, de início, seja o medo que
gera a resistência. A perspectiva inovadora relacionada à formação continuada a distância
exige que o professor se disponibilize a ousar e a enfrentar o desafio de dominar as TIC, o que
implica representar e revisitar o seu próprio processo de aprendizagem.
Ao vivenciar espaços de construção de conhecimento, por meio das ferramentas
disponibilizadas na formação continuada em EAD, é possível transferir essa experiência para
a sala de aula, no que tange o uso das TIC.
Nesse contexto, Imbernón (2010) nos convida a ressignificar os processos de ensino e
aprendizagem.
63
As novas experiências para uma nova escola deveriam buscar novas alternativas, um
ensino mais participativo, no qual o fiel protagonista histórico do monopólio do
saber, o professor, compartilhe seu conhecimento com outras instâncias
socializadoras que estejam fora do estabelecimento escolar. Buscar, sem entraves,
novas alternativas para a aprendizagem, tornando-a mais cooperativa, mais dialógica
e menos individualista e funcionalista mais baseada no diálogo entre indivíduos
iguais e entre todos aqueles que têm algo a escutar e algo a dizer a quem aprende.
(IMBERNÓN, 2010, p. 48).
Por conseguinte, entendo que cabe aos professores e gestores escolares acompanharem
o desenvolvimento tecnológico, o que não se dá isento de políticas públicas que favoreçam a
formação continuada dos profissionais da educação.
Ao serem arguidos sobre os temas que julgaram pertinentes nos cursos frequentados,
os sujeitos pesquisados referiram-se às seguintes temáticas, que puderam ser agrupadas em
três categorias, conforme tabela 3.
Tabela 3 - Temas da formação continuada em EAD
Categoria Frequência
Gestão escolar 3
Metodologia de ensino e aprendizagem 2
Conteúdos específicos 2
Educação Básica 1
Fonte: autora.
É necessário destacar que os temas elencados pelos sujeitos participantes da pesquisa
referem-se a cursos de formação continuada que foram oferecidos na modalidade
semipresencial, em que se utilizou a internet e material impresso, oferecidos pelo Parfor e
pela plataforma Freire.
Um aspecto apontado pelo entrevistado P3, que mereceu destaque, refere-se à
possibilidade de haver experiências e discussões entre os pares, com base nos cursos
realizados. Essa constatação indicou que a temática apresentada suscita o esforço de
superação de dificuldades em reunir o grupo envolvido na formação.
Fiz o Pro-Gestão em 2008, Gestar 2, que foi muito valioso até em função de nós
estarmos nos reunindo apesar da dificuldade de reunião. Às vezes, toda semana,
uma semana, às vezes, quinze dias e a gente debatia nossas angústias, ou troca de
experiências.
Reitero, aqui, o valor que o professor dá aos espaços concedidos para a troca de
experiências, certezas e incertezas com os seus pares.
Na sequência, a professora de Língua Portuguesa (P1) destacou conteúdos estudados
no curso de formação continuada Programa Gestão da Aprendizagem Escolar: Gestar II.
64
Salientou que os conteúdos estavam relacionados à formação pedagógica e à formação
específica.
Saliento que a formação continuada em EAD não prescinde de discussões
estabelecidas no grupo, que podem ocorrer de modo presencial ou virtualmente. O fato de
haver formação continuada em EAD que contemple aspectos pedagógicos, bem como as áreas
em que atuam os professores, demonstra que há potencial para promover diálogo entre os
pares, contribuindo para a atitude interdisciplinar.
Gatti explana como foram acontecendo e evoluindo os programas de incentivo à
formação continuada e a sua importância à prática pedagógica reflexiva:
É mais rico o processo educativo a distância para a formação de professores quando
se adota uma postura sobre a aquisição de conhecimento, tratada e concebida como
busca permanente, como reflexão vinculada às práticas sociais e pedagógicas,
constituindo-se pela atividade das pessoas em seus contextos. Essa postura propicia
uma articulação mais adequada das diferentes áreas de conhecimento num processo
de interdisciplinaridade e de redes disciplinares. (GATTI, 2005, p. 144).
Esse pensamento é refletido ainda na entrevista de P4, que relata a prática do
professor no laboratório de informática da escola. O entrevistado vê o uso pedagógico das
TIC como um diferencial para trabalhar com os alunos que apresentam dificuldade de
aprendizagem.
Tem uma questão muito legal que é de trabalhar com os alunos com dificuldades de
aprendizagem que são limitados de vários modos, e eles podem usar ferramentas
para aprender melhor, e eles conseguem aprender melhor porque o computador
traz áudio, vídeo, e conseguem interagir de uma maneira fantástica, o mais
engraçado, ele interage com a máquina e aprendendo, acaba passando para o
colega, a rapidez com que os alunos aprendem a mexer com a ferramenta
tecnológica, e eles passam um produto, e eles interagem de uma forma muito
autodidata, com a máquina e você ajuda, claro, mas eles vão à frente e vão além,
muitas vezes.
A familiaridade dos alunos com as TIC, em função da facilidade e domínio que
apresentam no seu manuseio, constitui diferencial que favorece a superação de dificuldades de
aprendizagem. Masseto (2001, p. 139) assinala que “Não é a tecnologia que vai resolver ou
solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada
adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes.” Por isso, não há
mais espaço para negar a incorporação das TIC nos processos de ensino e aprendizagem, com
vistas ao seu uso pedagógico.
65
Outra temática apontada pelos participantes da pesquisa foi a metodologia de ensino.
No relato de P2, é possível constatar o papel da articulação teoria/prática no curso de
formação continuada em EAD.
O último que fiz foi sobre metodologia de geografia, minha área, parte prática e
participativa e 80 horas a distância, com a Uniacel, foi bem interessante, porque
nós pegamos temas da nossa região, aplicando na prática na nossa região,
conhecemos novas realidades, falando em geografia, por exemplo, o Sul do Estado,
sobre o carvão, como se vê e não como está só nos livros, a versão deles sobre o
problema.
É notório que, ao experienciar a formação em EAD, com articulação entre teoria e
prática, o docente pode oportunizar experiências semelhantes aos seus alunos. Acerca da
valorização dos processos de formação do professor, Prado (2002, p. 35) afirma: “A formação
contextualizada, de fato, possibilita contemplar os aspectos que emergem e se desenvolvem
no cotidiano do professor, inclusive aqueles constituintes da realidade da escola.”
Ainda, nessa direção, P6 enfatizou a importância da formação continuada, em função
das possibilidades de aplicação do conhecimento, no cotidiano das aulas, destacando o
trabalho com projetos.
Atualmente estamos no processo de formação continuada com o curso “Educação
Básica”: desafios e perspectivas. Muito enriquecedor, porque nos traz, a cada
encontro, mais novidades para aplicação no nosso dia a dia. Em nossas angústias e
necessidades para trabalhos como, por exemplo, com projetos e por turmas, cada
turma vive o seu momento, a sua fase ou idade de maturação e pensamento.
Vale ressaltar a ênfase dada pelo entrevistado P6 à necessidade da formação
continuada, quando destacou a sua angústia e seu compromisso com a prática pedagógica.
Segundo os sujeitos pesquisados, a eles cabe o desafio de assumir nova metodologia
de ensino e propiciar ao aluno formação de qualidade voltada ao desenvolvimento da
capacidade crítica, autoconfiança e criatividade. À medida que se estabelece um movimento
entre a teoria e a prática, o professor constrói e/ou reconstrói uma nova teoria de acordo com
o seu contexto e com a sua prática transformada e transformadora. Alarcão (2003, p.15)
chama a atenção para o lugar do professor, do aluno e da escola.
Nesta era da informação e da comunicação, que se quer também a era do
conhecimento, a escola não detém o monopólio do saber. O professor não é o único
transmissor do saber e tem de aceitar situar-se nas suas novas circunstâncias que, por
sinal, são bem mais exigentes. O aluno também já não é mais o receptáculo a deixar-
se rechear de conteúdos. O seu papel impõe-lhe exigências acrescidas. Ele tem de
aprender a gerir e relacionar informações para as transformar no seu conhecimento e
66
no seu saber. Também a escola tem de ser uma outra escola. A escola, como
organização, tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível. Sistema aberto sobre
si mesmo, e aberto à comunidade em que se insere.
Ainda em relação às temáticas de formação em EAD, P1destaca: “O curso foi muito
bom, pois possibilitou que os professores conhecessem as teorias que embasam o processo
ensino e aprendizagem de língua materna nos anos/séries finais do Ensino Fundamental.”
Ao elencar os meios e ferramentas que têm sido utilizados para a formação continuada
dos professores, os sujeitos pesquisados destacaram a utilização da internet, conforme tabela
4, mencionando, também, materiais impressos.
Tabela 4 - Meios utilizados na formação continuada em EAD
Categoria Frequência
Internet 5
Apostilas/textos/livros 2
Fonte: autora.
Considerando as ferramentas do ambiente virtual de aprendizagem (AVA), não é
surpresa que a internet tenha sido apontada pela maioria dos sujeitos pesquisados. No entanto,
houve referência a ferramentas e meios que independem da internet, o que pode ser
evidenciado na fala do entrevistado P6 que, ao apontar as ferramentas mais utilizadas na
formação continuada em EAD, citou: webconferência, vídeos, palestras e livros. “Vou falar
dos mais recentes: Webconferência, vídeos, palestras e livros, nos quais procuro, na
biblioteca da escola, as novidades.”
Apesar de sua importância, o processo de formação continuada em EAD parece estar
em estágio inicial de consolidação, pelo menos é o que expressa o entrevistado P4, que tem
domínio das TIC e do laboratório de informática. Fica evidente, ainda, na fala desse
entrevistado que a ausência de domínio no manuseio das TIC constitui fator desmotivador
para o professor, impedindo-o, muitas vezes, de participar de cursos a distância.
Somente a distância é um pouco mais raro, mas já acontece muito, curso presencial
e a distância, ou seja, semipresenciais, isso está acontecendo e eu acho que é legal
ao mesmo tempo em que estão aprendendo a interagir a distância pela internet,
estão ali presencial para tirar suas dúvidas, já que têm dificuldades, acho que é
importante, os mais interessados começam e concluem e mostram resultado, e
outros demonstram menos interesse, já começam sem vontade e acabam sem
terminar o curso. Ele acha que não domina a ferramenta, que ele não sabe mexer
com o computador, então, ele acha que não vai conseguir fazer, aí ele fica com
receio, com medo, e fica desestimulado, não participando.
67
Nesse sentido, a presença e o domínio das TIC no processo de ensino e
aprendizagem possibilita auxiliar na tarefa de construção de saberes do professor, além de
contribuir na prática escolar, como é apresentado por Prado (2002, p. 28, grifo do autor):
Entender os potenciais dos aspectos computacionais como um recurso para
resolução de tarefas e construção de novos conhecimentos. Isto acontece quando o
professor usa diferentes softwares para resolver diversas tarefas, sendo que cada
uma destas experiências é utilizada como objeto de reflexão, permitindo a ele
entender como está aprendendo e qual o papel da informática no processo de
construir o conhecimento.
Além disso, as entrevistas também indicaram que uma pequena minoria dos
pesquisados apresentaram, entre os meios mais utilizados: apostilas, textos, conforme
entrevista de P5:
Os meios mais utilizados são apostilas, textos, para atingir individualmente ou até
os estudos dos grupos de estudos com exercícios ou atividades práticas como
projetos (os quais não apliquei), pois estava atarefado com as tarefas da direção da
escola e não sobrava muito tempo para os extras do curso, fazíamos muitas vezes o
básico solicitado. Outro meio utilizado é a internet para complementar os estudos
com os professores, hoje, temos que ter acesso à rede.
Conhecer os ganhos e as dificuldades dos professores em relação à formação
continuada em EAD, bem como as temáticas trabalhadas nos cursos e ferramentas utilizadas,
encaminha-nos à questão relacionada diretamente ao problema de pesquisa enunciado, ou
seja, a mudança da prática pedagógica dos professores.
O desafio percebido, com base nas entrevistas com os professores, em sua maioria, é
a necessidade de buscar constantemente conhecimento para a melhoria da prática pedagógica
e acompanhamento da evolução tecnológica e das mudanças ocorridas na sociedade.
Assim, na última questão, os professores enfatizaram as mudanças que ocorreram na
sua prática pedagógica, por intermédio da formação continuada em EAD, com destaque às
novas práticas, o interesse e a participação, também mencionaram o papel do professor
articulador e facilitador, como mostra a tabela 5.
Tabela 5 - Mudança na prática pedagógica
Categoria Frequência
Novas práticas com aulas mais atrativas
Interação e internet
3
Interesse e participação 2
Professor articulador, motivador e facilitador 1
Fonte: autora.
68
Como podemos constatar, com base na tabela apresentada, a grande maioria dos
professores considerou ser possível uma mudança na prática pedagógica, utilizando-se a
internet, o que resultaria em aulas mais criativas, desencadeadoras do interesse e da
participação dos alunos. Um docente ressaltou a figura do professor como articulador,
motivador e facilitador nos processos de ensino e aprendizagem. É sabido que a aprendizagem
envolve acesso a diferentes meios de informação e comunicação, tanto nas atividades
dirigidas ao aluno, quanto as que implicam o trabalho do professor.
Para atender a essa nova demanda, há a necessidade de perceber o papel e a
importância da formação continuada para as práticas pedagógicas a serviço da aprendizagem
dos alunos. A perspectiva de formação continuada, independente da modalidade em que seja
oferecida, tem como propósito oportunizar ao professor revisitar a sua prática, por meio de
reflexões desencadeadas, conforme expressaram os sujeitos entrevistados:
Mas sempre se traz algo novo das formações, como novas técnicas, novas formas de
trabalhar, novas atividades e sugestões para tornar as aulas mais atrativas. (P2).
Você volta com novas ideias, e essas ideias socializadas com o grupo fortalecem,
cada vez mais o professor. (P3).
Todo curso de aperfeiçoamento é importante, pois leva à reflexão sobre a prática
utilizada em sala de aula. (P5).
Sempre uma formação vem contribuir e acrescentar aos professores inovações em
suas práticas, basta que se queira ver diferente e querer mais de nossas aulas, de
nossos alunos. (P6).
As reflexões e as novas ideias apontadas pelos professores têm potencial à efetivação
de mudanças, com vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.
Consequentemente, as aulas poder-se-ão tornar mais atrativas, por isso, constituem objetivos
da formação continuada em EAD.
Ressalto, no entanto, a opinião de P2, que é um tanto diversa da dos demais: “Apesar
das formações serem indispensáveis, pois nos reanimam e nos atualizam, na maioria das
vezes, mudanças são raras, pois se depende do conjunto de fatores que formam a escola
como um todo.” A opinião do entrevistado traz à tona as condições intra e extraescolares que
implicam processos de mudança e a necessidade do envolvimento e participação de todos os
imbricados no processo educativo, a fim de que haja a propulsão de mudanças qualitativas no
trabalho pedagógico, incidindo nos processos de ensino e aprendizagem.
69
O entrevistado P2 destacou o papel que as novas tecnologias desempenham na
educação.
A principal é que você dá uma reanimada, certo, você ouve pessoas diferentes,
práticas diferentes, se atualiza, isso dá uma reanimada, esse ânimo novo, ele te faz
produzir coisas diferentes, essa produção diferente faz com agente melhore,
trazendo novas práticas, pesquisas ou novas possibilidades de ensino e
aprendizagem.
O encadeamento apresentado na fala de P2 demonstra a importância dos espaços de
troca e interação promovidos nos cursos de formação continuada em EAD. Nas suas
considerações, pondera ser animador ouvir o relato de práticas diferentes, além de incitar
novas produções e práticas, leva a pesquisas que implicam a melhoria dos processos de ensino
e aprendizagem.
Os entrevistados P3 e P5 enfocaram um diferencial da formação continuada em EAD
com implicações na metodologia de ensino e com possibilidades de ruptura paradigmática.
Antes o quadro negro era o meu principal material, tentava explicar tudo em forma
de esquemas e desenhos, mas usando praticamente somente o quadro. A partir da
educação a distância, tive a oportunidade de poder interagir com outros colegas e
ver o que dava certo em suas escolas. A partir daí percebi que, quanto mais o aluno
manuseava o material referente ao conteúdo aplicado, maior era o grau de
aprendizagem, foi onde comecei a trabalhar com recortes, maquetes, cartazes
confeccionados por eles, panfletos e classificados (para trabalhar matemática),
pesquisas de preços. Com essas atitudes, pude perceber um maior interesse e uma
maior participação por parte da turma. (P3).
A partir da formação continuada em EAD, a partir da discussão da prática
pedagógica , eu, que sempre tive a preocupação em explicar bem os conteúdos e já
dar as respostas prontas para o aluno, percebi que o aluno desta forma se acomoda
em receber tudo pronto. Diante disso, mudei a forma de atuar, envolvendo mais os
alunos, fazendo com que pesquisem e encontrem eles mesmos as respostas ou as
soluções. Desta forma, percebo que os alunos se sentem mais valorizados e
comprometidos. Supera-se, assim, gradativamente, a relação de professor detentor
do saber e aluno receptáculo passivo. Assim, o professor é um articulador,
motivador e facilitador em sala de aula. É, porém, um processo lento, pois envolve a
escola como um todo. (P5).
Essa realidade apontada por P5 e a possibilidade de superação de práticas tradicionais
centradas no professor, com o uso da lousa e giz, conforme sinalizado por P3, por meio da
formação continuada em EAD, reitera o valor da formação e a necessidade de haver políticas
públicas que favoreçam e ampliem os espaços de participação dos professores nessa
modalidade de formação. É fundamental destacar que, ao se referirem às possibilidades de
mudança da prática pedagógica, os professores ressaltaram o valor do grupo, do coletivo,
quando enfocaram a troca, a socialização, a interação.
70
Tais assertivas remetem às aprendizagens colaborativas e ao trabalho cooperativo
propiciado pelos cursos de formação continuada em EAD, em consonância às teorias do
conhecimento. Valente (2012, p. 15) afirma “O computador passou a assumir um papel
fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da
Educação, possibilitando a criação e o enriquecimento de ambientes de aprendizagem.” É
certo, porém, que os desafios são vários, com uma prática voltada à mudança no ensino, num
ensino que leve o aluno a participar em contraposição ao ensino tradicional imposto, em que
não havia espaço para a sua voz e aspirações. Enfim, uma mudança que implica novas
concepções do papel da educação e do ensino. Temos ainda que considerar a necessidade de
acompanhamento do processo e o respeito à formação de professores.
Nessa direção, P4 aponta que o curso de formação continuada em EAD possibilita
que novas práticas se efetivem com o uso das TIC, em prol da aprendizagem dos alunos.
Eu trabalho aqui no laboratório de informática e o que eu percebo é que eles vêm
com ideias novas, sugerindo coisas novas. Eu acho isso muito importante porque ele
está vendo que pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá, em sala de aula, aqui,
na informática, com as tecnologias, de uma forma diferente, que talvez o aluno
esteja gostando mais, aprendendo mais e inclusive tentando aquilo que ele
trabalhou lá na sala de aula. E as ideias surgem a partir de quando o professor
passa a ter conhecimento. Ele pode vir aqui com novas ideias, sugerindo trabalhos,
novas formas de trabalhar com os alunos, novas formas de pesquisa, criar, enfim,
são novas ideias.
O professor não é mais o único detentor do conhecimento, aquele que sabe tudo; e
seus alunos, meros receptores do conhecimento, pois há milhares de informações ao alcance
de todos na internet. O trabalho isolado do professor já não se aplica, o aluno exige mais. A
ruptura de paradigmas solicita que o professor atue como mediador, orientador, aquele que
mostra os caminhos para seus alunos e, em conjunto, busca, de forma interativa, o saber,
principalmente, novos saberes. Na concepção de Belloni (2001, p. 39-40):
Um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências
são aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso
do aprendente, considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de
aprendizagem, capaz de autodirigir e autorregular este processo.
Em função de P4 atuar no laboratório de informática, faz referência importante a ser
destacada, que se refere ao domínio do professor no uso das TIC, “O professor precisa saber
mexer com as ferramentas, mas ele não precisa ser um gênio na informática, ele precisa
conduzir o aluno, ser um mediador para o aluno, fazer com que o aluno busque, aprenda com
as tecnologias, seja inovador.” Pela sua assertiva, é possível constatarmos que a formação
71
continuada em EAD contribui nesse aspecto, ainda que os professores não tenham apontado
tal aspecto como um ganho do processo de formação. Coaduna com essa ideia a referência de
P6 às mudanças, ao ressaltar que:
A maior mudança que percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula está
muito mais dinâmica e leve, o nosso aluno fica mais curioso. Mas, do professor
exige ainda mais atenção aos trabalhos do aluno, por exemplo, onde, o que e como
ele realizou seu estudo, ou a sua pesquisa?
A fala de P6 permite-nos constatar que o uso do computador na sala de aula, com
destaque à internet, ressignifica o papel do aluno e do professor nos processos de ensino e
aprendizagem. À medida que o aluno se torna mais curioso, e o professor incita a sua
produção e a pesquisa, há contribuição à construção e reconstrução do conhecimento, tão
necessários à aprendizagem significativa.
A aprendizagem significativa verifica-se quando o estudante percebe que o material
a estudar se relaciona com os seus próprios objetivos. [...] É por meio de atos que se
adquire aprendizagem mais significativa. A aprendizagem é facilitada quando o
aluno participa responsavelmente do seu processo. A aprendizagem autoiniciada que
envolve toda a pessoa do aprendiz – seus sentimentos tanto quanto sua inteligência –
é a mais durável e impregnante. A independência, a criatividade e a autoconfiança
são facilitadas quando a autocrítica e a autoapreciação são básicas e a avaliação feita
por outros tem importância secundária. A aprendizagem socialmente mais útil, no
mundo moderno, é a do próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à
experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.
(GADOTTI, 1994 apud BARBOSA; MOURA; BARBOSA, 2004, p. 9).
É inegável que a nova vivência escolar provocada pelo uso da internet na educação
tem propiciado alternativas que auxiliam nos processos de ensino e de aprendizagem, com
vistas à aprendizagem significativa. Por meio da internet, é possível criar ambientes virtuais
de aprendizagem, a fim de que o aluno encontre o assunto de sua pesquisa e as tarefas a serem
feitas, em blogs de professores, e também em sites especializados. Assim, é importante que o
professor possa refletir sobre essa nova realidade, repensar a sua prática e construir novas
metodologias. Então, o docente será gestor da sua aula, podendo articular as atividades com
auxílio do coordenador da sala de informática, claro, se a escola contar com esse recurso
humano. Ainda acerca do papel da internet na educação, Belloni (2001, p. 69, grifo do autor)
assinala que:
O uso das NTIC em educação levanta numerosas questões dificilmente abordáveis
em toda sua extensão e complexidade no âmbito deste trabalho: de um lado, as
instituições educacionais não poderão mais fugir ao dilema da necessidade urgente
de integrá-las, sob pena de perder o “trem da história”, perder o contato com as
72
novas gerações e tornarem-se obsoletas como instituições de socialização; por outro
lado, não se pode pensar que a introdução destas inovações técnicas possa ocorrer,
como parecem acreditar muitos administradores e acadêmicos, sem profundas
mudanças nos modos de ensinar e na própria concepção e organização dos sistemas
educativos, gerando profundas modificações na cultura da escola.
Assim, há necessidade de uma formação continuada com uma proposta teórica que
contemple uma educação dialógica, voltada ao desenvolvimento crítico dos sujeitos e do
tratamento de questões éticas fundamentais à transformação da educação e consequentemente,
da sociedade. Uma prática pedagógica transformadora supõe a vivência de um processo capaz
de permitir que o professor se aproprie de novos saberes, os quais possam ser aplicados no
cotidiano da sala de aula, conforme enunciado por P3:
A gente vinha para sala de aula e tentava aplicar aquilo que tinha dado certo, que
estava funcionando, sempre dentro das dificuldades que a gente tem, sempre dentro
do processo pedagógico, mas a gente conseguiu trabalhar diferente depois de fazer
esse curso, mas, ao menos dentro do possível, eu consegui ou estou tentando
trabalhar diferente.
Esse excerto salienta o esforço do professor em tentar novas formas de trabalho na sala
de aula, o que pode ser corroborado pelas palavras de Moran (2005, p.147), “Quando olhamos
para nossa experiência em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga, que nos
surpreende, que nos faz pensar, que nos envolve ativamente, que traz contribuições
significativas e que nos põem em contato com pessoas.”
Nessa perspectiva, as novas tecnologias têm potencial para levar a educação à nova
dimensão. As TIC têm proporcionado à escola, tanto para o aluno quanto ao professor, um
novo jeito de educar-se, de ensinar e aprender, e de conhecer o novo na compreensão do
mundo contemporâneo.
4.3 A VOZ DAS GESTORAS
Apresento, nesta fase do estudo, a análise de duas entrevistas: a realizada com a
gestora escolar, que apresenta envolvimento direto no processo de formação continuada em
EAD dos professores e nos processos de ensino e aprendizagem; e a da gestora do Núcleo de
Educação a Distância da Gerência Regional de Educação de São Miguel do Oeste. Esta última
frisa a importância dada ao trabalho desenvolvido pelo núcleo.
Na primeira questão levantada com a gestora escolar, acerca dos ganhos que identifica
no processo de formação continuada em EAD oferecido aos professores, além dos aspectos já
73
mencionados pelos docentes entrevistados, ou seja, a atualização e a flexibilização do tempo e
espaço, a gestora destacou, também, a ação reflexiva e interativa atinentes à prática
pedagógica.
O ganho maior é a possibilidade de o professor ter acesso à capacitação e
atualização profissional mesmo com dupla jornada de trabalho, pois a EAD permite
a flexibilidade de tempo e espaço e respeita as limitações do professor. Há, também,
a possibilidade de uma ação reflexiva da sua prática pedagógica, pois o processo
de formação continuada em EAD possibilita uma ação interativa que permite ao
professor experimentar novas formas e elaborar novos conceitos, isto é um
crescimento constante. (Ge).
Entender as novas mídias, dominar a internet não é suficiente para a escola, ainda é
preciso buscar uma educação que possa possibilitar ao aluno maturidade, quando solicitado a
responder às tarefas determinadas pelo professor, compreender e superar seus limites. Entra,
então, o papel do professor reflexivo, o qual integra a prática à teoria em suas aulas, o que,
por vezes, implica mudança da prática pedagógica.
A ênfase na educação para a prática reflexiva busca superar o comprometimento da
competência profissional na solução de situações problemas que emergem na prática
gerando um dilema entre rigor e relevância. Esse dilema pode ser entendido entre os
problemas cujas soluções se dão por meio da aplicação de teorias e técnicas e
problemas que desafiam tais soluções. [...] Porém, na prática, a solução de um
problema não se dá necessariamente pela aplicação do conhecimento técnico e pelas
técnicas das teorias, mas sem negá-los, o conhecimento tácito está presente nas
soluções dadas pelos profissionais em ato, o que caracteriza o conhecimento-na-
ação. Nesse aspecto o conhecimento não se aplica à ação, mas está implícito nela,
está na ação. Em outras situações é comum que se pense o que se faz enquanto se
faz algo, caracterizando a reflexão-na-ação. (RIOS, 2004, p. 40-41).
A responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste comenta sobre os ganhos
adquiridos pelos professores com o processo de formação continuada em EAD, pontuando o
fator tempo e o material disponibilizado ao professor, conforme excerto de sua fala:
A vantagem é que eles não têm é que tirar aquele tempo para estar participando da
capacitação, nem tirar da hora de folga, da hora-atividade, ou à noite ou final de
semana dele. Outro ganho que eu vejo é que o material elaborado é de qualidade.
[...] isso é um ganho se ele quiser mesmo se aprofundar, ali tem tudo e se tiver uma
dúvida, volta atrás na etapa anterior, os cursos oferecidos são todos preparados
pelo MEC – Secretaria de Educação a Distância. (Ge).
Com base nesse excerto, percebo que o desenvolvimento e a materialização do
projeto de formação de professores, por parte do governo, surgem em defesa da formação
qualificada dos profissionais da educação. Porém, ressalto que é necessário considerar que o
74
tempo destinado à formação, nem sempre beneficia o professor, tendo em vista a sua
excessiva jornada de trabalho.
Na sequência, apresento estudo com destaque às tentativas de intervenção do Estado
na política de formação de professsores e suas ações:
Determinar as condições que permitem a adoção de tecnologia. Estas condições
cobrem um grande número de questões, que vão da disponibilidade de equipamentos
e conectividade, à formação docente e ao suporte técnico e pedagógico, bem como à
produção e distribuição de materiais de aprendizagem digital [...] (INSPIRADOS...,
2010, p. 13).
Trata-se de adoção de política de formação, a qual, especificamente, passou a
incentivar a EAD, em relação à formação continuada do professor no tocante aos recursos
midiáticos existentes, a fim de possibilitar mais uma ferramenta de trabalho ao docente.
Em relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada em EAD
oferecido aos professores, a gestora frisou:
Mesmo com a autonomia em administrar seu pouco tempo disponível e o próprio
ritmo de estudo, o fator tempo, talvez, seja mesmo a maior dificuldade. Há também
a questão de avaliação, pois exige do professor uma capacidade maior de
organização, de entendimento, de elaboração e apresentação de conceitos e
propostas concretas que caracterizam ou não sua evolução. (Ge).
Ao referir-se ao fator tempo, a gestora escolar converge com a dificuldade apontada
pelos professores, porém acrescenta a avaliação da aprendizagem. É fato que ensinar e
aprender a distância possibilita uma flexibilidade de espaço e tempo, mas exige um estudante
que busque conciliar as atividades do cotidiano às propostas no curso. Por conseguinte, a
modalidade de ensino a distância depende muito do aluno, que necessita ser curioso e
motivado, a tecnologia pode ajudá-lo, sobremaneira, na busca de sua evolução e na sua
realização pessoal/profissional, conforme afirma Almeida (2010, p. 2):
As interações entre pessoas e objetos de conhecimento são propiciadas pela
mediação das tecnologias e de um professor orientador. As atividades se
desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se
localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento que
constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, revistas e reelaboradas
continuamente no andamento das interações.
Ainda em relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada
em EAD, a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste destaca que:
75
Uma das dificuldades é que não se descobriu até hoje por que é que é mais fácil
fazer atividade na última hora, ou, vir aqui (Nead), fazer uma atividade a distância.
É uma dificuldade que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em
casa ou nas escolas, a gente não sabe por que é que eles deixam de fazer atividade
sozinhos. (Ge).
Com base no excerto, chama atenção a dificuldade do professor em administrar o
tempo a fim de executar as atividades a distância, com autonomia, no processo de
aprendizagem, deixando-as para a última hora. Ainda que disponha de computador em casa
ou na escola, espera orientação da equipe do curso, por vezes, por certa resistência ao novo
e/ou por insegurança de manusear as ferramentas disponibilizadas.
Na concepção de Gatti (2005), o educador, em seu processo de formação continuada,
precisa de determinação, de mudança de atitude, e principalmente, aprender a administrar as
situações novas que irá encontrar.
Educar e educar-se a distância requer condições muito diferentes da escolarização
presencial. Os alunos em processos de educação a distância não contam com a
presença cotidiana e continuada de professores, nem com o contato constante com os
colegas. Embora possam lidar com os temas de estudo disponibilizados em
diferentes suportes, no tempo e no local mais adequado para seus estudos, num ritmo
mais pessoal, isso exige determinação, perseverança, novos hábitos de estudo, novas
atitudes em face da aprendizagem novas maneiras de lidar com suas dificuldades.
(GATTI, 2005, p. 143).
Acerca dos temas dos cursos de formação continuada em EAD, a gestora da escola
expressou:
Tenho feito pouca atualização visto que estou há 12 anos em cargos de gestão, uma
vez que a escola nos exige mais a presença, a atenção da gestão em si.
Mas dos que fiz nos últimos anos, os que mais têm contribuído, em minha prática,
são:
- Gestão escolar, organização da Educação Básica.
- Avaliação do Ensino Fundamental.
Estes dois é que foram uma boa contribuição na renovação de conceitos e novas
práticas, que são úteis no dia a dia de minha função de gestão, pois possibilitam
mais interação com o professor e o aluno, ambos em constante mudança, esta
mudança provocada pela globalização. (Ge).
Por intermédio da fala da gestora, percebo que o processo de formação continuada está
diretamente ligado ao atendimento e desenvolvimento das necessidades da sua prática
pedagógica, voltadas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
Na concepção de Camas (2012, p. 37), “O professor e o aluno seriam os colaboradores
para a aprendizagem com recursos multimidiáticos, transformando o ambiente educacional
em que ambos aprendem.” E nessa perspectiva, é importante entender as mudanças ocorridas
76
na escola, e seus novos modos de ver a educação básica, a partir da incorporação desses novos
modelos no processo de ensino e aprendizagem.
Ainda sobre as temáticas, a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste
apresentou os temas dos cursos de formação continuada em EAD oferecidos no momento.
A maioria do que esses manuais pedem é a ligação com internet, porque blog
construção de blog, construção de página, consulta de página pronta de educação,
então, a internet é imprescindível, sem internet é pouca coisa oferecida numa
plataforma ou em um aplicativo em que vêm programas separados. Então, a
utilização da internet e construção de blog pedagógico, quando ele cria, e tem que
interagir na ferramenta do Google, tem que interagir em tempo real, pode ser de um
trecho, pode ser de uma música, pode ser de uma ideia que vai se desenvolvendo, a
ideia vai surgindo na hora. (Ge).
A resposta dada pela gestora permite afirmar que ela não se ateve à questão, pois não
mencionou as temáticas de cursos realizados pelos professores. Porém, em sua fala, ressalta a
importância da internet, uma vez que oferece possibilidades ao educador trabalhar num
espaço interativo com seus alunos, em um novo espaço de ensino e aprendizagem. Afinal, no
sistema educacional, vivemos um momento de intervenções e mudanças provocadas pela
globalização, trazendo as inovações tecnológicas, as quais contribuem às novas práticas da
educação, na contemporaneidade.
Na atualidade, a internet permite a possibilidade não só de buscar informações, como
também auxiliar o professor no processo de educação a distância, utilizando novas formas de
ensino e aprendizagem, como participação em chats, listas de discussão, e videoconferências.
Assim, é mediadora do processo e é mais uma ferramenta, com suas inúmeras interfaces
“Algumas das interfaces on-line mais conhecidas são chat, fórum, lista, blog, site e LMS ou
AVA. Como ambientes ou espaços de encontro, propiciam a criação de comunidades virtuais
de aprendizagem.” (SILVA, 2005, p. 65, grifo do autor).
Sobre os meios e ferramentas utilizadas para a formação continuada dos professores na
unidade escolar, a gestora expressou que:
Os meios são a Internet, o material impresso que dão suporte, e são importantes,
porque a educação é a distância, mas, eles ainda traziam o livrinho (material
impresso), ainda é importante. Internet, esse mundo é amplo e tem muito para
oferecer, da vez, aí é fascinante, intrigante é enriquecedor, porque o aluno pode
praticar de uma forma alegre divertida se o professor souber do universo que tem.
É uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à civilização ou
desaparecemos. Os computadores – para utilização dos ambientes virtuais – das
salas de tecnologias NTE (todos distribuídos pelo ProInfo), a web e o material
impresso e digitalizado. (Ge).
77
Ao pensar nesse aluno/professor, sob a perspectiva das possibilidades proporcionadas
pelo uso da internet, Almeida (2010, p. 16) destaca:
A aprendizagem é vista, por conseguinte, como um processo interativo, ao mesmo
tempo individualizador e socializador do cursista, que se realiza com a mediação,
que se realiza com a mediação de outros sujeitos, de modo que a formação deve
enfatizar a interação e o trabalho coletivo.
Em se tratando da aprendizagem via internet, é importante dizer que esta não
acontece de forma isolada. Estudar a distância não é sinônimo de estudar só, pois educação a
distância não significa educação distante. Desse modo, nos processos de formação continuada
a distância, é indispensáve1 a mediação e a interação entre os sujeitos.
Referente às mudanças que ocorreram na prática dos professores, a partir da formação
continuada em EAD, a gestora da escola destaca:
Professores bem mais seguros, em suas práticas pedagógicas, firmes e adequadas e,
consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação
direta do professor que vai determinar a qualidade do processo educativo, este que
é o responsável primeiro, não somente, pois este que precisa estar motivado, seguro
e confiante de sua prática para, assim, motivar o seu estudante a querer aprender,
esta é a maior dificuldade que vejo, pois nossos estudantes, não em sua maioria,
mas em boa parte, tendem a fazer somente o necessário. (Ge).
No que tange à mudança da prática pedagógica, Camas (2012, p.10) salienta: “Um
docente crítico, criativo, inovador e conhecedor de ferramentas que proporcionem um melhor
ensino-aprendizagem, entendendo e aproveitando as práticas presenciais e as novas práticas
com ferramentas tecnológicas digitais.”
Com base no excerto, percebo que o educador precisa estar atento às mudanças
tecnológicas. Então, cabe à escola propiciar um ambiente adequado ao aprendizado dos
alunos, pois não basta inserir computadores na escola, deve-se trabalhar de uma forma a
promover uma mudança cultural. A incorporação das TIC, nos processos de ensino e
aprendizagem pelos professores que realizam os cursos de formação continuada em EAD, é
favorecida pelo desencadeamento da reflexão da prática pedagógica, é o que destaca Almeida
(2010, p. 4), tal reflexão é favorecida pelo “estar junto virtual,” conforme ilustra a citação:
Porém, esses cursos podem tornar-se mais interativos e assumir uma abordagem
mais próxima do estar junto virtual a partir do envolvimento dos formadores em um
programa de sua própria formação continuada por meio das TIC que os levem a
refletir sobre as contribuições dessas tecnologias à prática pedagógica.
78
No questionamento à responsável pelo Nead na Gerência de Educação de São Miguel
do Oeste sobre como se dá a articulação entre o Governo do Estado e o Governo Federal
quanto à formação continuada em EAD oferecido aos professores da Educação Básica,
destaco:
O MEC oferece o material do curso, equipa as escolas com os computadores,
capacita os multiplicadores, e o Estado tem na Secretaria de Educação uma
Coordenadora Estadual do ProInfo.
E sempre quando o NTE realiza um dos cursos existe um sistema chamado ProInfo
Integrado onde os cursos são registrados, com nome e número de participantes bem
como uma avaliação.
Outra contrapartida do Estado é manter os núcleos de Tecnologia Educacional nas
36 Gerências Regionais.
O Estado possui ambiente no SC Aprendizagem (através da plataforma moodle)
onde podem ser criadas turmas de professores e alunos para realizar cursos a
distância.
Possui também, no Portal da SED, o Link para a aula virtual, onde o aluno e o
professor acessam aulas para todas as disciplinas, com seu número de matrícula. O
Estado tem parceria com o MEC.(Ge).
É fato que a formação continuada é necessária nas escolas, mas também é mister
resgatar a valorização dos educadores, e para isso, há de haver comprometimento com a
formação de sujeitos sociais, críticos, criativos e comprometidos com a sociedade, como
assinala Nóvoa (1999, p. 132):
As características ligadas ao ensino criativo incluem a imaginação, isto é, a
capacidade de tomar o lugar do outro e de ensinar potenciais interações antes do
acontecimento. Este processo é acompanhado por adaptabilidade, flexibilidade e
uma prontidão e facilidade para a improvisação e experimentação.
De acordo com a Gerência da Educação, a seleção dos cursos para os professores é
distribuída da seguinte forma:
A cada início de ano são elaborados projetos de realização de cursos, de acordo
com necessidades, nestes últimos dois anos, a prioridade ficou com os professores
ACTs que escolheram para atuar nas salas de informática das escolas. Neste ano,
serão intensificados os trabalhos com os Assistentes Técnicos Pedagógicos das
Escolas. (NTE) A via é o ambiente colaborativo de aprendizagem E-ProInfo e o
material impresso produzido pelos especialistas contratados pelo MEC para cada
curso. (Ge).
Com o objetivo de entender a demanda pela procura dos cursos oferecidos pelo Nead,
a próxima pergunta inqueria a gestora do Nead acerca da tabulação dos resultados dos cursos
promovidos, o percentual de quantos professores iniciavam o curso e quantos o terminavam, e
quais os motivos da desistência. Eis a resposta da entrevistada:
79
Nesses que a gente oferece é baixa a evasão. (NTE) mas não temos o dado exato.
Pode ser que seja a dificuldade em realizar tarefas individualmente, sempre que há
o encontro presencial, nós revisamos todas as tarefas que deveriam ter sido
realizadas a distância. (NTE) parece que fica bem mais fácil.
E o número de cursistas (professores) da Gered de São Miguel nos últimos três
anos: 537 professores. Cada NTE possui três multiplicadores, que, em SC, são três
para cada SDR 1 (um) multiplicador técnico. (Ge).
No decorrer da análise, fica claro que a Educação a Distância requer infraestrutura
tecnológica adequada, bem como profissionais, com formação pedagógica, capazes de
trabalhar com recursos e ferramentas tecnológicas. Dessa forma, o grande desafio é buscar as
contribuições dos paradigmas emergentes para repensar as práticas de EAD, considerando que
os sujeitos, nos processos de ensino e aprendizagem, estão sedentos de iniciativas que
contribuam à construção do conhecimento e otimizem o tempo. Sobre o assunto, salienta
Camas (2012, p. 9) “O uso do tempo parece colocar-se como uma das variáveis de suma
importância para garantir o sucesso ou não do uso das tecnologias.”
4.4 ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE OS OLHARES DOS PROFESSORES E DAS
GESTORAS
A análise das entrevistas dos sujeitos pesquisados possibilitou identificar
convergências entre o olhar dos professores e das gestoras, a respeito do processo de
formação continuada em EAD, o que permite entrecruzar os olhares, enfatizando essa
convergência, independente da frequência. Em vista do objetivo desta pesquisa, apresentarei
convergências referentes aos ganhos e dificuldades atinentes ao processo de formação
continuada em EAD oferecido aos professores da escola pesquisada. Também ilustrarei as
mudanças das práticas pedagógicas decorrentes dos cursos de formação continuada em EAD
realizados pelos professores pesquisados.
Em relação aos ganhos, prepondera a flexibilidade de tempo e espaço para a formação
e oportunidade de atualização promovida por essa, o que coaduna com as assertivas dos
autores sobre as possibilidades da EAD, no que tange aos processos formativos. Para a
pesquisada P2, o maior ganho está na:
Atualização, receber novas informações saber o que está acontecendo, não só de ser
mais rápida, mas é mais prático, acho que você pode usar seu tempo disponível,
você faz o seu tempo, você pode fazer em casa, você também pode fazer um grupo
de estudo para debater.
80
Esse diferencial, de fato, constitui um atrativo e viabiliza ao professor participar de
processos de formação continuada.
Além disso, professores e gestoras convergiram, ainda, com referência às
possibilidades de participação e interação, propiciadas nos cursos em EAD. Por isso, cabe
reiterar a importância da interação na concretização do “Estar junto virtual.” Como frisam
Prado e Valente (2002, p. 48), “O estar junto virtual permite múltiplas interações no sentido
de acompanhar, assessorar, intervir e orientar o professor em formação em diversas situações
de aprendizagem.”
Com relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada em
EAD, ficou latente a questão do tempo. A princípio, pode parecer paradoxal o fator tempo ter
sobressaído como ganho e como dificuldade. No entanto, torna-se compreensível esse
aparente paradoxo, tendo em vista que, de um lado, a formação continuada em EAD concede
autonomia ao aluno/professor organizar o seu próprio tempo; de outro, essa organização
torna-se um desafio em função de dois aspectos que não se excluem: o cultural e a sobrecarga
do professor. As falas dos sujeitos pesquisados apontam nessa direção.
Os professores relataram que articular as atividades propostas, durante a realização dos
cursos de formação continuada em EAD, às atividades pedagógicas do cotidiano, de fato,
constitui dificuldade. Possivelmente, em decorrência desse aspecto, acabam tendo de deixar
as atividades do curso para serem realizadas na última hora, conforme relatado pela gestora do
Nead.
Uma das dificuldades é que não se descobriu, até hoje, por que é que é mais fácil
fazer atividade na última hora, ou vir aqui (NTE); fazer uma atividade a distância é
uma dificuldade que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em casa
ou nas escolas.
Convém considerar que há necessidade de o aluno/professor exercer sua autonomia
nos cursos de formação continuada em EAD e, em processo, desenvolvê-la, o que remete a
Contreras (2002, p. 208) ao afirmar que: “A autonomia é realmente um processo dinâmico em
um contexto de relações se for entendida como acompanhada de um processo interior de
compreensão e construção pessoal e profissional.” Nessa perspectiva, cabe retomar a fala de
P5: “Depende muito mais do empenho, do interesse e do esforço de cada participante [em]
ser um autodidata e querer mudar a sua história.”
Imbernón (2010, p. 34-35) destaca que:
81
Na formação de professores também existem obstáculos. É contraditório atestar que
muitas das dificuldades que a formação dos professores encontra podem se
transformar facilmente em desculpas e resistências, por parte de algum setor, e ser
também motivo de uma cultura profissional culpabilizadora dos professores.
Com relação às mudanças que ocorreram na prática pedagógica dos professores, a
partir da formação continuada em EAD, os sujeitos pesquisados apontaram, principalmente,
aspectos relacionados à metodologia do ensino que incidiram na melhoria dos processos de
ensino e aprendizagem. Esses sujeitos reconheceram que os cursos realizados oportunizaram
aos docentes a apropriação de novas práticas de ensinar, com destaque à pesquisa, o que
contribuiu para a motivação dos alunos em aprender. A gestora escolar salientou que o
professor é fundamental para a qualidade do ensino, conforme expressou:
Professores bem mais seguros em suas práticas pedagógicas, firmes e adequados e,
consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação
direta do professor que vai determinar a qualidade do processo educativo.
A reflexão desencadeada pelos cursos de formação continuada em EAD, por meio,
também, das trocas realizadas com os pares, foi fator que, na visão dos entrevistados,
favoreceu a mudança da prática pedagógica, conforme destacado por Imbernón (2010, p. 47),
A formação continuada deveria apoiar, criar e potencializar uma reflexão real dos
sujeitos sobre sua prática docente nas instituições educacionais e em outras
instituições, de modo que lhes permitisse examinar suas teorias implícitas, seus
esquemas de funcionamento, suas atitudes, etc., estabelecendo de forma firme um
processo constante de autoavaliação do que faz e por que faz.
Embora os entrevistados não tenham feito uma autoavaliação do seu desempenho, em
decorrência dos cursos realizados, é possível inferir que a reflexão desencadeada tenha
possibilitado a identificação de ganhos e dificuldades na prática pedagógica, o que suscitou as
mudanças sinalizadas.
Importante destacar a perspectiva de oxigenação apontada pelos entrevistados, ao que
se refere aos cursos de formação continuada em EAD, à medida que possibilitaram
compartilhar relatos de práticas diferentes, o que propiciou o exercício de novas práticas
pedagógicas, um entrevistado reconheceu o potencial à inovação pedagógica, inclusive.
Destacaram, ainda, como mudança propiciada pelos cursos de formação continuada
em EAD o uso da internet na sala de aula. Sobre ela, P6 mencionou “A maior mudança que
percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula está muito mais dinâmica e leve.”
82
Em se tratando da escola pesquisada, esse diferencial é qualitativo e indicativo de
oportunidades criadas aos alunos da escola. Segundo Moran (2001, p. 36):
A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens,
desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis
manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e
participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder
público pode propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação
como uma forma paliativa, mas necessária, de oferecer melhores oportunidades aos
pobres [...]
Além disso, as falas dos sujeitos pesquisados permitiram constatar que os desafios da
educação e da escola são crescentes, em função do descompasso entre as transformações da
sociedade e o modelo tradicional de educação, que ainda perdura e se expressa na prática
pedagógica dos professores.
A fim de auxiliá-los nesses desafios da educação, na contemporaneidade, frisaram a
importância de uma ferramenta no trabalho pedagógico, a internet, a qual possibilita usar as
tecnologias de informação e comunicação para qualificar o processo de aprendizagem, que
deve ser ético para todos e para cada um, na possibilidade de acesso à informação. Sabemos,
porém, que as transformações que, hoje, acontecem no mundo vão além de uma simples
mudança de tecnologia de comunicação e informação.
Assim, há a necessidade de um ensino de qualidade que contribua para a inserção dos
alunos no contexto social, os quais são, sobremaneira, cidadãos com competência e
habilidades desenvolvidas. Para tanto, é imprescindível investir na formação de educadores, a
fim de atender a essa demanda de crianças, jovens e adolescentes que têm direito à educação
de qualidade. A formação continuada em EAD constitui, portanto, uma necessidade da
sociedade contemporânea, pois representa a possibilidade de ressignificar o papel do
professor e, consequentemente, da escola. Esse novo papel da escola, que implica transformar
informação em conhecimento, necessita de um professor, que interaja mais, que aceite
desafios, que tenha visão de futuro, enfim, que tenha vontade de inovar a sua prática na sala
de aula.
E esse novo professor necessita das modalidades de formação continuada, com o
intuito de desenvolver seu potencial. Assim sendo, é inegável que a formação continuada em
EAD, em função das especificidades discutidas, seja um diferencial valorativo no processo de
vir a ser dos professores, à medida que incide na prática pedagógica, conforme expresso na
voz dos entrevistados.
83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo objetivou investigar como os programas de formação continuada em EAD,
especificamente os oferecidos aos professores da rede estadual de ensino em São Miguel do
Oeste, contribuem para a mudança da prática pedagógica dos docentes, permitindo, desse
modo, responder às questões mobilizadoras da pesquisa em pauta.
O aporte teórico articulado à análise documental e à análise das entrevistas realizadas
acerca da formação continuada em EAD de professores da educação básica possibilitou
perceber aspectos desenvolvidos e a desenvolver nessa modalidade de formação, por meio da
identificação dos ganhos e das dificuldades da formação oferecida aos docentes. Os estudos
teóricos e os resultados das análises sinalizam para uma determinada direção não como uma
solução finda, mas uma necessidade de formação continuada por parte do profissional da
educação, a fim de promover avanços que sejam significativos na sua prática pedagógica, com
vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.
Nesse intuito, verifiquei que a formação continuada de professores em EAD vem
assumindo posição relevante, na contemporaneidade, e é favorecida pelos programas de
governo. Essa modalidade de formação está pautada em avanços tecnológicos, aumento do
número de horas exigidas pelo MEC, além das particularidades de cada sistema de ensino.
O Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado e Educação, oferece a
implementação de políticas de formação continuada, também na modalidade EAD, um avanço
considerável, considerando-se a dificuldade de participação dos docentes em formações
presenciais, conforme citado na pesquisa.
De acordo com os dados analisados, o sistema oferece a modalidade EAD, embora de
forma fragilizada no que se refere à estrutura física de atendimento às demandas de formação
que, na modalidade a distância, necessita de computadores e acesso à internet. A escola
pesquisada apresenta estrutura deficitária em laboratórios, uma vez que o mesmo espaço é
utilizado à formação dos educadores e ao desenvolvimento das atividades didático-
pedagógicas realizadas nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos da escola. Em
vista de a aprendizagem envolver acesso a diferentes meios de informação e comunicação,
tanto na atividade com o aluno, quanto no trabalho do professor, incluindo os processos
formativos na modalidade a distância, é preciso haver uma redefinição de políticas públicas
que otimizem os recursos disponibilizados aos professores e alunos; além de ser necessária a
definição de políticas públicas de formação continuada em EAD que favoreçam aos
84
professores espaço e tempo à discussão, reflexão e realização das atividades de modo que
ultrapassem o mero fazer mecânico, contribuindo para a apropriação de saberes.
Observando as respostas dos sujeitos pesquisados, percebemos ganhos e dificuldades.
No entanto, chamou atenção a categoria tempo sobressair como ganho, à medida que têm
autonomia para organizá-lo, e como dificuldade, à medida que é escasso para a realização das
atividades e aos encontros coletivos e discussões entre os professores que estão em processo
de formação continuada em EAD. Ainda que sejam notórios os ganhos e as dificuldades do
processo de formação continuada em EAD, nas respostas dos sujeitos pesquisados ficou
evidente que os cursos de formação continuada em EAD contribuem para a efetivação de
mudanças na prática pedagógica, o que constituiu o cerne deste estudo. Entre as mudanças
provocadas na prática pedagógica, inclui a inserção das TIC nos processos de ensino e de
aprendizagem, com destaque ao uso dos computadores e acesso à internet. A incorporação das
TIC nos processos de ensino e aprendizagem, conforme afirmado pelos entrevistados,
contribui para o professor deixar de ser um mero transmissor de conhecimento e atuar na
perspectiva de favorecer a construção e reconstrução do conhecimento, o que favorece as
aprendizagens significativas.
Na concepção dos entrevistados, mudanças que implicaram a melhoria dos processos
de ensino e aprendizagem associam-se à formação recebida. Assim, essa formação deve
voltar-se à necessidade sentida pelo professor no cotidiano, a fim de atender a seus anseios, às
suas angústias, o que depende de políticas públicas que favoreçam ao docente realizar essa
busca e efetivar uma formação que lhe agregue valor, na perspectiva de se superar ações
mecânicas e tarefeiras, nos processos formativos, a exemplo das atividades realizadas nos
prazos finais de postagem. É preciso intensificar a reflexão, as trocas e as partilhas, durante as
formações, assim, é imperativo que se avance e sejam promovidas melhorias, principalmente,
nas condições em que são realizadas pelos docentes.
Esta pesquisa apresenta aspectos importantes já construídos, como também traz novas
possibilidades, novas necessidades. Observo que há um grupo de professores conscientes de
seu papel, que demonstram domínio teórico. As entrevistas, pela sua natureza, sendo recurso
da geração de dados, não permitem, no entanto, acompanhar a prática no cotidiano da sala de
aula. Porém, é inegável que o conhecimento teórico tem potencial para subsidiar a prática
pedagógica dos professores pesquisados. Os educadores têm papel fundamental no processo
de transformação, por meio de práticas pedagógicas que reflitam os conhecimentos
construídos e os saberes docentes mobilizados, em prol das aprendizagens dos alunos. Nessa
perspectiva, ainda que não seja o único caminho, este estudo me sensibilizou para a
85
importância de se propagar a formação continuada em EAD, tendo como amparo a definição
de políticas públicas que favoreçam o seu acesso aos educadores, com vistas à construção de
uma educação de qualidade social.
86
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91
APÊNDICE A – Roteiros semiestruturados para estudo
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE JOAÇABA
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Pesquisadoras: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios
Adiles Ana Bof
A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o
caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste
Roteiro de entrevista para o professor:
1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido
aos professores?
2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,
oferecido aos professores?
3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você participou e/ou está
participando?
4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta
escola?
5. Quais mudanças ocorreram na sua prática pedagógica a partir da formação continuada em EAD?
92
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE JOAÇABA
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Pesquisadoras: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios
Adiles Ana Bof
A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o
caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste
Roteiro de entrevista para gestora:
1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido
aos professores?
2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,
oferecido aos professores?
3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD, que têm sido oferecidos aos
professores?
4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta
escola?
5. Quais mudanças ocorreram na prática dos professores a partir da formação continuada em EAD?
93
APÊNDICE B – Carta para apresentação do consentimento livre esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: A FORMAÇÃO CONTINUADA
EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual
do município de São Miguel do Oeste A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS
PROCEDIMENTOS: O motivo que nos leva a propor este estudo é refletir acerca das políticas de formação
continuada em EAD (Educação a Distância) dos professores da Educação Básica.
A pesquisa se justifica: pela necessidade de análise da formação continuada em EAD como forma de
atualização e aperfeiçoamento do docente da Rede Estadual de Santa Catarina.
O objetivo geral desse projeto é: investigar se a formação continuada em EAD, especificamente a oferecida aos
professores da EEB Dr. Guilherme José Missen, tem contribuído para mudanças na prática pedagógica.
O(s) procedimento(s) de coleta de dados será da seguinte forma: inicialmente será aplicado um
questionário, em um segundo momento, iremos realizar uma entrevista individual com os professores.
DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A sua participação, neste estudo, não será identificado(a). O
benefício que se obterá, por exemplo, será o entendimento quanto aos ganhos e às dificuldades no processo de
formação continuada em EAD oferecido aos professores da EEB Dr. Guilherme José Missen. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você poderá
solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer etapa do estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar
seu consentimento ou interromper a participação na pesquisa a qualquer momento, seja por motivo de constrangimento
e ou outros motivos. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou
perda de benefícios. O(s) pesquisador(es) irá(ão) tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os
resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a
sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que
possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e assinado em duas vias, uma cópia será fornecida a
você e a outra ficará com o pesquisador(es) responsável(eis).
CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A participação no estudo não
acarretará custos para você e não será disponibilizada nenhuma compensação financeira.
No caso de você sofrer algum dano decorrente dessa pesquisa, chamar a estudante-pesquisadora nos endereços abaixo
relacionados.
DECLARAÇÃO DO SUJEITO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO SUJEITO
PARTICIPANTE:
Eu, _____________________________________, fui informada dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e
detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que, em qualquer momento, poderei solicitar novas informações e ou retirar
meu consentimento. Os responsáveis pela pesquisa acima certificaram-me de que todos os meus dados serão
confidenciais. Em caso de dúvidas, poderei chamar a estudante Adiles Ana Bof, residente na Rua Helio Wassun, 160
apto. 304, telefone: 49-8411-1974 e a pesquisadora responsável Mônica Piccione Gomes Rios, residente na Rua
Martin Berkmiller, 376, telefone: 49 - 35512097 ou ainda entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos da Unoesc e Hust, Rua Getúlio Vargas, nº 2125, Bairro Flor da Serra, 89600-000- Joaçaba – SC, Fone:
49-3551-2012. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre
e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Assinatura do sujeito pesquisado.................................................................... ou impressão dactiloscópica.
Nome:
Endereço:
RG.
Fone:
Data:
................................................................................
Assinatura do(a) pesquisador(a) responsável
Data: ......../........./...........
I m p r e s s ã o
d a c t i l o s c ó p i c a
94
APÊNDICE C - Respostas dos sujeitos na íntegra, incluindo ideia central e categorias
PESQUISA: A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o caso de uma escola pública
estadual do Município de São Miguel do Oeste
Questão 1 - Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido aos professores.
Sujeito Resposta Ideia central Categoria
P1
(português)
Falo especificamente desse curso. Eu, particularmente, gostei do curso e não senti
dificuldade no entendimento da parte teórica e, também, nas atividades aplicadas em
sala de aula. Saliento que conhecia a teoria que fundamentou toda a proposta em
Linguística do texto, Tipologia textual e Gênero textual ou discursivo, por isso não
acrescentou muito. Em certos momentos, diante das dificuldades dos colegas, auxiliei
no esclarecimento de certos conteúdos abordados nos módulos.
Para muitos colegas, a parte teórica era totalmente desconhecida, dificultando, assim,
em certos momentos, a compreensão.
Adiles, muitas colegas, diante das dificuldades de compreensão, questionavam a
tutora a qual, na medida do possível, tentava esclarecer.
Nas dificuldades dos colegas, auxiliei
no esclarecimento.
Aprendizagem
colaborativa.
P2
(mestre -
geografia)
Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações saber o que
está acontecendo, não só de ser mais rápida, mas é mais prático, acho que você pode
usar teu tempo disponível, você faz o seu tempo, você pode fazer em casa, você
também pode fazer um grupo de estudo para debater.
Atualização mais rápida, prática
Grupo de estudos.
Atualização.
Tempo.
P3
(matemática)
Eu acho que é a questão de estar sempre atualizado, verificando novas propostas de
trabalho, possibilidade de troca de experiência entre os professores mesmo que for a
distância a gente consegue observar o trabalho realizado por eles, até em outros
estados, a possibilidade também das escolhas de horários dependendo do curso que
você está fazendo, você pode escolher o horário de acesso, e isso facilita para o
professor e para que também nos possamos analisar a questão dos custos né, tanto
para quem está promovendo, quanto para quem está fazendo, este curso sendo esses
benefícios.
Acredito que é uma questão particular (participar com reflexão), não é a distância que
vai mostrar se o profissional é melhor ou pior, mas quanto à questão da participação
quanto o grupo, quanto debate, isso é interessante, a educação a distância, hoje, é uma
saída, mas quando se trata do magistério os professores têm uma forma didática muito
grande para atuar com o aluno é isso que eu sinto. Isso na graduação inicial.
Professor sempre atualizado em novas
propostas de trabalho.
Atualização troca de
experiência.
Tempo.
Participação.
Reflexão.
95
P4
(Sala de
informática)
Acredito que há muitos aspectos importantes, para mim, principalmente, é a questão
da pessoa ser autodidata e buscar o conhecimento, se organizar no seu tempo, e de
modo geral a questão que forma gente continuadamente ser inovador, como trazer
novos instrumentos, ferramentas, novos meios de trabalhar a formação continuada é
importante e a formação a distância contribui para isso, visa, que a gente organize o
tempo, faz com que a gente seja um autodidata, inove cada vez mais, procurando
ensinar o conhecimento da melhor forma possível que os alunos possam aprender
com maior facilidade. Assim, tudo que é novo assusta, então é um pouco demorado o
processo, e as pessoas ficam com um pouco de receio, porque, há um tempo atrás, o
professor era o dono do conhecimento, e agora não é mais assim, e quando ele passa a
usar a ferramenta tecnológica, ele entra no mundo novo, desconhecido para muitos, e
fica com receio, porque o aluno também está aí contribuindo com o conhecimento
porém eu vejo que está evoluindo, que os professores estão conseguindo se adaptar e
inclusive interagindo melhor com os alunos uma nova linguagem enquanto eles estão
transmitindo um conteúdo que eles dominam, então, estão aprendendo juntos, isso eu
vejo de uma forma muito positiva, é um vínculo diferente entre professores e alunos,
tanto um quanto outro pode aprender com o outro, e eu acredito que está andando, e
apesar da resistência, os professor vão atrás, e quando você sugere novas ideias, eles
ficam curiosos e eles acabam usando essas ferramentas, e participando. A tecnologia
está proporcionando uma interação, que antes não acontecia, e antes o professor
vinha, colocava o conhecimento e era só um receptor, agora, o aluno passa a
contribuir, talvez não como o professor, com o conhecimento, mas com o
conhecimento diferente. Onde o professor também está aprendendo e o aluno está
aprendendo, de uma forma lúdica, diferente.
Os aspectos importantes são: buscar o
conhecimento,
Organizar-se no seu tempo,
Ser inovador,
Ser autodidata.
Favorece ainda:
Interação com os alunos,
Participação.
Tempo.
Inovação.
Interação.
Participação.
Busca do conhecimento.
P5
(sociologia,
filosofia)
Bem, os ganhos maiores se resumem nas oportunidades que são oferecidas aos
professores, além da formação básica (inicial, né) como, por exemplo, as coisas que
mudam, muita rapidez, é necessário que o professor esteja sempre atualizado, pois
também precisa conciliar trabalho e regência de classe e formação continuada, o nível
de educação a distância auxilia e favorece o professor neste aspecto.
Oportunidades de conciliar regência de
classe com formação, mudança.
Tempo.
Atualização.
P6
(sup.)
São momentos especiais e que o professor ganha para fortalecer seus conhecimentos,
enriquecer as trocas de ideias e de experiências principalmente sobre o trabalho, e a
socialização das áreas do conhecimento. Penso que são poucas, deveríamos ter mais
essas possibilidades.
Fortalecer seus conhecimentos,
enriquecer as trocas de ideias e de
experiência.
Socialização
96
Questão 2 - Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido aos professores.
Sujeito Resposta Ideia central Categoria
P1 O grande número de atividades que devíamos aplicar, em sala de aula, em um curto
espaço. No curso, nós tínhamos uma tutora e vários módulos. Fazíamos as atividades
e ela mandava para não sei quem...
Saliento que, no decorrer do curso (durante o ano de 2009), houve muitas
reclamações, pois, segundo um bom número de cursistas, era dispensado pouco tempo
para as várias leituras que se tinha que fazer e, ainda, aplicar as atividades, recolher e
apresentá-las no próximo encontro, sempre às quartas-feiras. Além disso, era preciso
sistematizar, isto é, escrever como ocorreu a aplicação das atividades, em sala, quais
os pontos positivo-negativos. Cada um dos textos produzidos pelo professor,
relacionado à sua prática pedagógica, era colocado no portfólio juntamente com os
comprovantes dos alunos.
Adiles, geralmente os professores têm o hábito de reclamar da falta de tempo. Mas é
falta, muitas vezes, de organização do próprio professor. Em outros casos, é falta de
tempo mesmo, pois precisa trabalhar 50 ou 60 horas semanais para poder
“sobreviver.”
Atividades para aplicar, em sala de
aula, em um curto espaço.
Tempo para atividades.
P2
(mestre -
geografia)
Talvez sejam algumas dúvidas que não podem ser sanadas no exato momento em que
aparecem, ou pessoas que usam disso para ter simplesmente formação (canudo) e não
aprendizado, crítica o sistema, por conta de pessoas que fazem mau uso, têm que ser
autodidatas, e programar o seu tempo, querer estudar, têm que ter compromisso
consigo, e se você não tem, aí o aprendizado não acontece, e houve muita crítica, seja
formação continuada ou até mesmo na formação inicial e até mesmo na pós-
graduação, críticas de parte de gente que não leva a sério. Mas acredito ainda que a
maior dificuldade é que suas dúvidas não são sanadas na hora.
Maior dificuldade é que suas dúvidas
não são sanadas na hora.
Dúvidas não
esclarecidas.
P3
(matemática)
Eu acho que a primeira dificuldade é de reunir os professores, arrumar um tempo para
que todos possam se juntar e discutir os assuntos, a gente se reuniu, quando sentimos
dificuldade da educação a distância também e outra a falta de motivação, não tem
motivação para fazer uma educação formação continuada, desmotivação do professor,
e uma desvalorização do Estado, o que parece uma falta na educação, e tem uma
dificuldade de fazer, o que se percebe é uma falta de política pública para a educação,
no que se refere à formação continuada do professor. Também a falta do espaço, de
um ambiente, no colégio para determinada tarefa, onde o limite é a tua sala de aula,
tudo que você precisa fazer, tem que ser dentro da sala, não tem um ambiente fora,
falta de recursos é crucial, recursos na parte física da escola, tempo de planejamento
das aulas rever as já trabalhadas, talvez mais que não se recorda.
Reunir os professores, arrumar um
tempo para que todos possam se juntar
e discutir os assuntos.
Falta de motivação.
Desvalorização do estado.
Falta do espaço e recurso.
Tempo.
Falta de motivação
Desvalorização do
professor.
Ausência de políticas
públicas para a formação
Falta de infraestrutura.
P4 É na mesma linha, como eu disse, a tecnologia traz um pouco de medo porque é um Desânimo por parte das pessoas, por Medo do novo domínio
97
(sala de
informática)
contexto totalmente diferente, ferramentas novas e com uma pedagogia diferente
digamos, o ensino a distância também é inovador nesse sentido, ele às vezes causa
certo desânimo por parte das pessoas, então, eu acredito que estas são as dificuldades,
essa maneira nova de aprender, de interagir com as pessoas, interagir com as
ferramentas, e aprender de uma forma totalmente diferente, sendo um autodidata,
buscando conhecimento, organizando o seu horário, um novo modelo, uma nova
forma de aprender, o que antes acontecia em uma sala de aula está acontecendo em
ambientes diferentes em vários lugares, ou inteiramente, a distância, isso causa, às
vezes, um certo medo, será que vai ser legal, será que vou conseguir, será que vou
conseguir conviver. Não digo que a maioria dos professores tenha seu PC, ainda
alguns professores não têm seu PC, consequentemente não têm internet, mas acredito
que a maioria tem acesso, se não tiver em casa, tem na escola, pois os recursos são
mais limitados, mas dá para adaptar, há dez máquinas, as dez funcionam. Já aconteceu
de os professores pedirem para usar o computador da escola, aconteceu, mas não é
uma rotina, e são raros os casos, alguns dominam, outros são os autodidatas, e buscam
como fazer, alguns perguntam, sim, mas não é muito seguido. Às vezes não é por
questão de formação, mas questão da dúvida, aí vem, aqui, sim, isso acontece muito,
vem na informática. Maior dificuldade é manusear a tecnologia, manusear o software
algumas ferramentas, e até mesmo a questão da impressora não funciona, o pen drive
não funciona, as ferramentas em geral.
medo do novo.
Professores não têm seu próprio
computador, nem internet em casa.
Uma maneira nova de aprender, de
interagir com as pessoas, interagir com
as ferramentas, e aprender de uma
forma totalmente diferente, sendo um
autodidata, buscando conhecimento,
organizando o seu horário, um novo
modelo onde a dificuldade é manusear,
a tecnologia, manusear o software.
das TIC.
Acesso ao computador.
P5
Não podemos negar que a formação a distância apresenta dificuldades ou restrições,
pois o tempo de contato direto com o professor (monitor) é reduzido e segundo
minhas avaliações, pode acontecer que seja uma formação um tanto superficial em
alguns casos, quando de professores sem compromisso, embora a tendência atual seja
esta formação, pois depende muito mais do empenho do interesse e do esforço de
cada participante ser um autodidata, e querer mudar a sua história.
Formação a distância apresenta
dificuldades ou restrições, pois o tempo
de contato direto com o professor
(monitor) é reduzido.
Interação
professor/aluno.
P6
(sup.)
Os professores precisam estar disciplinados, organizados e aceitar o que lhe é
proposto em questão de atividades e os prazos para cada uma, também dispor de
tempo, para as leituras, planejamento e revisão das tarefas em conjunto, não fazendo
uma mudança isolada, sozinho né!
Disciplina, organização e aceitação.
Também dispor de tempo, para as
leituras, planejamento e revisão das
tarefas em conjunto.
Trabalho de equipe.
98
Questão 3 - Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você participou e/ou está participando?
Sujeito Resposta Ideia central Categoria
P1 PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: GESTAR II
Formação continuada de professores dos anos/séries finais do ensino fundamental –
LÍNGUA PORTUGUESA.
Os conteúdos relacionados:
aos gêneros e tipos textuais:
aos fatores da textualidade (coesão, coerência, intertextualidade...)
à análise linguística:
à análise literária;
à semântica;
à leitura e à produção de textos.
Formação continuada de professores
dos anos/séries finais do ensino
fundamental
LÍNGUA PORTUGUESA.
Conteúdos Gestão
escolar.
P2
(mestre -
geografia)
O último que fiz foi sobre metodologia de geografia, minha área, parte prática e
participativa e 80 horas a distância, com a Uniacel, foi bem interessante porque nos
pegamos temas da nossa região, aplicando na prática na nossa região, conhecemos novas
realidades, falando em geografia, por exemplo, o sul do estado, sobre o carvão, como se
vê e não como está só nos livros, a versão deles sobre o problema.
Metodologia de geografia, minha área,
parte prática e participativa e 80 horas
a distância.
Metodologia, visão de
mundo.
P3
(matemática)
Fiz o Pró-Gestão em 2008, Gestar 2, que foi muito valioso até em função de nós
estarmos nos reunindo, apesar da dificuldade de se reunir, às vezes toda semana uma
semana, às vezes quinze dias e a gente debatia nossas angústias, ou troca de
experiências. Esse dois cursos.
Não era 100 por cento a distância, não lembro o quanto era o percentual, mas era
semipresencial.
A gente debatia nossas angústias, ou
troca de experiências.
Gestão Escolar.
P4
(sala de
informática)
Todos os cursos são relacionados a tecnologias, e uso delas na escola, como ferramenta
pedagógica como utilizar ela no ensino, trazendo mais benefícios aos alunos, e
incrementar o ensino dele, e aprender da melhor forma possível até de forma lúdica, os
conteúdos que eles estão trabalhando, na sala de aula, têm uma questão muito legal que é
de trabalhar com os alunos com dificuldades de aprendizagem que são limitados de
vários modos, e eles podem usar ferramentas para aprender melhor, e eles conseguem
aprender melhor porque o computador traz áudio... Vídeo e conseguem interagir de uma
maneira fantástica. O mais engraçado, ele interage com a máquina e aprendendo e acaba
passando para o colega, a rapidez que os alunos aprendem a mexer com a ferramenta
tecnológica, e eles passam um produto, interagem de uma forma muito autodidata, com
a máquina e você ajuda, claro, mas eles vão à frente e vão além, muitas vezes.
Tecnologia como ferramentas para sala de aula, eu também faço licenciatura em
informática a distância (pela Unoesc), fiz uma pós sobre as tecnologias na educação e
cada vez tem mais, inclusive o MEC e juntamente com o proInfo estão cada vez mais
Ferramenta pedagógica como utilizar
ela no ensino, benefícios os alunos, e
incrementar o aprender da melhor
forma possível até de forma lúdica, os
conteúdos que eles estão trabalhando
na sala de aula, trabalhar com os alunos
com dificuldades de aprendizagem que
são limitados.
Ferramentas para aprender melhor,
porque o computador traz áudio...
Vídeo e conseguem interagir de uma
maneira fantástica.
Ferramentas de
aprendizagem.
99
oferecendo cursos a distância, que é para introduzir as tecnologia de maneira pedagogia,
porque elas não estão aqui sendo aplicadas de qualquer forma, não é isso porque pode
ser uma ferramenta muito boa, como pode prejudicar, de certo modo, quando não se tem
um embasamento pedagógico no uso da internet, quando não se tem um planejamento
por trás do uso dela, então é muito atrativa, pode desviar a atenção dos alunos com uma
coisa nada a ver e daqui a pouco com que o professor está trabalhando.
P5 Não estou participando de nenhum curso de formação continuada atualmente, estou em
fase de aposentadoria, fiz o Pró-Gestão quando da direção da escola, fui diretor por 8
anos do ano de 2003 até o ano de 2010.
Pró-Gestão, quando da direção da
escola, fui diretor por 8 anos do ano de
2003 até o ano de 2010.
Pró-Gestão.
P6 Atualmente estamos no processo de formação continuada com o curso “Educação
Básica”: desafios e perspectivas. Muito enriquecedor, porque nos traz a cada encontro
mais novidades para aplicação no nosso dia a dia, em nossas angústias e necessidades
para trabalhos como, por exemplo, com projetos e por turmas, cada turma vive o seu
momento, a sua fase ou idade de maturação e pensamentos.
Educação Básica: desafios e
perspectivas.
Educação Básica.
100
Questão 4 - Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta escola?
Sujeito Resposta Ideia central Categoria
P1 Isso eu não sei informar, pois não estou mais na escola.
Mas quando fiz, era o Gestar II em módulos e sistema de tutoria.
Os conteúdos em: gêneros e tipos textuais:
fatores da textualidade (coesão, coerência, intertextualidade...)
a análise linguística:
a análise literária;
a semântica;
a leitura e a produção de textos, basicamente.
Gestar II em módulos e sistema de tutoria.
Tutoria.
P2
(mestre -
geografia
Não tenho feito curso que me renda certificado nos últimos tempos, depois do mestrado, eu
estou fazendo leituras ligadas ao que eu estou trabalhando e busco a informação na internet,
claro que tem muita informação distorcida, mas têm muitos dados disponíveis, e é incrível
como descobrimos dados na internet, mas a minha ferramenta tem sido internet e leitura.
Ferramenta mais utilizada tem sido a internet
e a leitura.
Internet.
P3
(matemática)
O último trabalhamos no laboratório da Gered com professores de cada área especificamente. Laboratório da Gered com professores de cada
área.
Laboratório.
P4
(sala de
informática)
Somente a distância é um pouco mais raro, mas já acontece muito, curso presencial e a
distância, ou seja, semipresenciais, isso está acontecendo porque eu acho que é legal, ao
mesmo tempo, que estão aprendendo a interagir a distância pela internet, estão ali presencial
para tirar suas dúvidas, já que têm dificuldades, acho que é importante os mais interessados
começam e concluem e mostram resultado e outros, demonstram menos interesse, já
começam sem vontade e acabam sem terminar o curso. Ele acha que ele não domina a
ferramenta, que ele não sabe mexer com o computador, então, ele acha que não vai conseguir
fazer, aí ele fica com receio, com medo e fica desestimulado, não participando, outro fator
importante é o tempo do professor, às vezes o professor está 40, 60 horas em sala de aula e
por mais que você esteja em casa com o computador, a pessoa está cansada, e não produz
mais, e acaba desistindo por causa disso também, isso é algo que influencia bastante, o tempo
o cansaço.
A distância é um pouco mais raro, mas já
acontece muito, curso presencial e a distância,
ou seja, semipresenciais.
O professor está 40, 60 horas em sala de aula,
e acaba desistindo, isso é algo que influencia,
o tempo e cansaço.
Computador
Internet.
P5 Os meios mais utilizados são apostilas, textos, para atingir individualmente ou até os estudos
dos grupos de estudos com exercícios ou atividades práticas como projetos (o qual não
apliquei), pois estava atarefado com as tarefas da direção da escola e não sobrava muito
tempo para os extras do curso, fazíamos muitas vezes o básico solicitado. Outro meio
utilizado é a internet para complementar os estudos com os professores, hoje temos que ter
acesso à rede.
Apostilas, textos, para atingir individualmente
ou até os estudos dos grupos de estudos.
Outro meio utilizado é a internet para
complementar os estudos com os professores,
hoje temos que ter acesso à rede, para
complementar os estudos com os professores.
Apostilas,
textos.
Internet.
P6 Vou falar dos mais recentes: Webconferência, vídeos, palestras e livros, nos quais procuro, na
biblioteca da escola, as novidades.
Webconferência, vídeos, palestras e livros. Internet.
101
Questão 5 - Quais mudanças ocorreram na sua prática pedagógica a partir da formação continuada em EAD?
Sujeito Resposta Ideia central Categoria
P1 Eu já trabalhava com base nas teorias que embasaram o curso, mas passei
a utilizar estratégias e atividades sugeridas, as quais eram muito
interessantes. O curso foi muito bom, pois possibilitou que os
professores conhecessem, mesmo que superficialmente, as teorias que
embasam o processo ensino e aprendizagem de língua materna nos
anos/séries finais do Ensino Fundamental. Certamente, estes, após a
capacitação, passaram a priorizar em sua prática pedagógica o trabalho
com base no gênero textual (leitura, características de cada gênero
textual, produção de gêneros diversos, correção, reescritura e análise
linguística).
Conhecer as teorias que embasam o processo
ensino e da aprendizagem mesmo que
superficialmente de língua materna nos
anos/séries finais do Ensino Fundamental.
Utilizei estratégias e atividades sugeridas, as
quais eram muito interessantes.
Estratégias.
P2
(mestre -
geografia
A principal é que você dá uma reanimada, certo, você ouve pessoas diferentes,
práticas diferentes, se atualiza, isso dá uma reanimada, esse ânimo novo, elas te
fazem produzir coisas diferentes, essa produção diferente faz com agente
melhore, trazendo novas práticas, pesquisas ou novas possibilidades de ensino e
aprendizagem.
Adiles, na verdade, a prática diária não sofre muitas alterações repentinas a partir
das formações, as mudanças são um processo lento que acontece a partir do que
aprende nas formações e a partir do que as escolas têm a oferecer para que se
mude a prática diária. Apesar das formações serem indispensáveis, pois nos
reanimam e nos atualizam, na maioria das vezes, mudanças são raras, pois se
depende do conjunto de fatores que formam a escola como um todo. Mas sempre
se traz algo novo das formações, como novas técnicas, novas formas de trabalhar,
novas atividades e sugestões para tornar as aulas mais atrativas.
Novas técnicas, novas formas de trabalhar,
novas atividades e sugestões para tornar as
aulas mais atrativas.
Atualização.
Novas práticas com
aulas mais atrativas.
P3
(matemática)
Você volta com novas ideias, e essas ideias socializadas com o grupo fortalecem,
cada vez mais, o professor e a gente volta e tenta aplicar aquilo que deu certo, que
cada escola, muitas vezes, é uma realidade, e essa troca de experiência, faz com
que a gente tente se adequar a cada situação. O material que nos era fornecido era
de boa qualidade, isso também favoreceu, tínhamos suporte por quem estava nos
orientando, então o bom material e a troca de experiência a gente vinha para a
sala de aula e tentava aplicar aquilo que tinha dado certo, que estava funcionando,
sempre dentro das dificuldades que a gente tem, sempre dentro do processo, mas
a gente conseguiu trabalhar diferente depois de fazer esse curso, mas ao menos
dentro do possível, eu consegui ou estou tentando trabalhar diferente.
Quanto mais o aluno manuseava o material
referente ao conteúdo aplicado, maior era o
grau de aprendizagem, foi onde comecei a
trabalhar com recortes, maquetes, cartazes
confeccionados por eles, panfletos e
classificados.
Interesse e participação.
102
Antes o quadro negro era o meu principal material, tentava explicar tudo em
forma de esquemas e desenhos, mas usando praticamente somente o quadro. A
partir da educação a distância, tive a oportunidade de poder interagir com outros
colegas e ver o que dava certo em suas escolas. A partir daí percebi que, quanto
mais o aluno manuseava o material referente ao conteúdo aplicado, maior era o
grau de aprendizagem, foi onde comecei a trabalhar com recortes, maquetes,
cartazes confeccionados por eles, panfletos e classificados (para trabalhar
matemática), pesquisas de preços. Com essas atitudes, pude perceber um maior
interesse e uma maior participação por parte da turma.
P4
(sala de
informática)
Eu trabalho aqui no laboratório de informática e o que eu percebo assim é que
eles vêm com ideias novas, sugerindo coisas novas, e eu acho isso muito
importante porque ele está vendo que pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá
em sala de aula, aqui, na informática, com as tecnologias de uma forma diferente,
que talvez o aluno esteja gostando mais, aprendendo mais e inclusive tentando
aquilo que ele trabalhou lá na sala de aula, e as ideias surgem a partir de quando o
professor passa a ter conhecimento, existe aquilo que ele tem que trabalhar de tal
forma ou com determinado modo, ele pode vir aqui com novas ideias, sugerindo
trabalhos, novas formas de trabalhar com os alunos, novas formas de pesquisa,
criar novos, enfim, são novas ideias, e eu acho que isso é o mais importante, o
professor precisa saber mexer com as ferramentas, mas ele não precisa ser um
gênio na informática, ele precisa conduzir o aluno, ser um mediador para o aluno,
fazer com que o aluno busque, aprenda com as tecnologias, seja inovador,
também, né. Eu acho que depende muito do aluno e do professor, escola, do
sistema como um todo, o aluno aprende se ele quer aprender, e a partir do
momento que ele quer aprender, ele passa a buscar as coisas, ele passa a buscar
além daquilo que o professor passa para ele, o professor também é muito
importante, porque ele vai estar aí para mostrar o caminho para o aluno, mostrar
como ele usa as ferramentas para aprendizagem dele e para sua autonomia para
aprender a trabalhar, fazer uma pesquisa sua, eu acho que passa de vários lados
aí, passa o lado da escola professor, família incentivando, mostrando que também
as tecnologias devem ser utilizadas, de forma correta utilizada para o estudo e não
só para diversão, alguns alunos pensam que computadores são exclusivamente
para diversão, a escola como sociedade como a família precisam mostrar para ele
que não pode ser assim. Não é apenas diversão a rede social, estamos aí para
mostrar que não é assim, que é muito mais abrangente e que ele pode aprender
muito, sendo um autodidata, porque agora têm informações para todas as idades,
e inclusive poder interagir com as pessoas.
Novas ideias surgem a partir de quando o
professor passa a ter conhecimento, vendo que
pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá em
sala de aula, aqui, na informática com as
tecnologias.
Novas metodologias.
Tecnologia.
Conhecimento.
Mediação.
P5 Todo curso de aperfeiçoamento é importante, pois leva a reflexão sobre a prática
utilizada em sala de aula. É notório que, cada vez mais, os adolescentes querem
Novas formas de apresentar os conteúdos;
recursos didáticos são reduzidos a ponto de
Professor é um
articulador, motivador e
103
menos atividades em sala de aula, pois muitos valores foram se perdendo ao
longo dos tempos e porque poucas mudanças ocorreram em relação à prática ou
metodologia pedagógica dos professores. Ainda se utilizam metodologias
ultrapassadas, tradicionais onde o professor é o detentor do saber pronto e
acabado e o aluno é visto como um receptáculo vazio e passivo. A partir da
formação continuada em EAD, a partir da discussão da prática pedagógica , eu ,
que sempre tive a preocupação em explicar bem os conteúdos e já dar as
respostas prontas para o aluno, percebi que o aluno desta forma se acomoda em
receber tudo pronto. Diante disto, mudei a forma de atuar envolvendo mais os
alunos, fazendo com que pesquisem e encontrem, eles mesmos, as respostas ou as
soluções. Desta forma, percebo que os alunos se sentem mais valorizados e
comprometidos. Supera-se, assim, gradativamente, a relação de professor
detentor do saber e aluno receptáculo passivo. Assim o professor é um
articulador, motivador e facilitador em sala de aula. É, porém, um processo lento
pois envolve a escola como um todo.
ainda terem o quadro negro e o giz como
principal recurso da escola.
Supera-se, assim, gradativamente, a relação de
professor detentor do saber e aluno
receptáculo passivo.
facilitador.
P6 Sempre uma formação vem contribuir e acrescentar aos professores inovações em
suas práticas, basta que se queira ver diferente e querer mais de nossas aulas, de
nossos alunos.
A maior mudança que percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula
está muito mais dinâmica e leve, o nosso aluno fica mais curioso, mas, do
professor exige ainda mais atenção aos trabalhos do aluno, por exemplo, onde o
que e como ele realizou seu estudo, ou a sua pesquisa.
Acrescentar aos professores inovações em
suas práticas.
influência da internet
dinâmica e leve.
Fonte: a autora.
104
APÊNDICE D - Entrevista com a gestora da unidade escolar
1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD,
oferecido aos professores?
O ganho maior é a possibilidade de o professor ter acesso à capacitação e atualização
profissional mesmo com dupla jornada de trabalho, pois a EAD permite a flexibilidade de
tempo e espaço e respeita as limitações do professor. Há, também, a possibilidade de uma
ação reflexiva da sua prática pedagógica, pois o processo de formação continuada em EAD
possibilita uma ação interativa que permite ao professor experimentar novas formas e elaborar
novos conceitos, isto é, um crescimento constante.
2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,
oferecido aos professores?
Mesmo com a autonomia em administrar seu próprio ritmo, ainda o fator tempo seja a
maior dificuldade. Há também a questão de avaliação, pois exige do professor uma
capacidade maior de organização, de entendimento, de elaboração e apresentação de conceitos
e propostas concretas que caracterizam ou não sua evolução.
3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD que têm sido oferecidos aos
professores?
Tenho feito pouca atualização, visto que estou há 12 anos em cargos de gestão, uma
vez que a escola nos exige mais a presença, a atenção da gestão em si.
Mas dos que fiz nos últimos anos, os que mais têm contribuído em minha prática são:
- Gestão escolar, organização da Educação Básica.
- Avaliação do Ensino Fundamental.
Estes dois é que foram uma boa contribuição na renovação de conceitos e novas
práticas, que são úteis no dia a dia de minha função de gestão, pois possibilitam mais
interação com o professor e o aluno, ambos em constante mudança, esta mudança provocada
pela globalização.
105
4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores
nesta escola?
Encontros periódicos por área de conhecimento com professores de toda a região de
abrangência, o que fica produtivo, visto que a experiência trazida acrescenta na vida de cada
professor ações positivas futuras.
Capacitações com profissionais especializados, abordando temas de interesse comum.
Momento de estudo em grupo na escola com todos os professores interessados, não
temos uma participação maciça, mas há os que sempre buscam para uma melhora na sua
tarefa de ensinar a aprender, buscamos incentivar a todos, os que não conseguimos atrair para
esta tarefa são, em sua maioria, os que estão em fase de aposentadoria.
5. Quais mudanças ocorreram na prática dos professores a partir da formação continuada em
EAD?
Professores bem mais seguros em suas práticas pedagógicas, firmes e adequados e,
consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação direta do
professor que vai determinar a qualidade do processo educativo, este que é o responsável
primeiro, não somente, pois este que precisa estar motivado, seguro e confiante de sua prática
para, assim, motivar o seu estudante a querer aprender, esta é a maior dificuldade que vejo,
pois nossos estudantes, não em sua maioria, mas em boa parte, tendem a fazer somente o
necessário.
106
APÊNDICE E - Entrevista com a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do
Oeste
Questão 1 - Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em
EAD, oferecido aos professores?
A vantagem é que eles não têm é que tirar aquele tempo para estar participando da
capacitação, nem tirar da hora de folga da hora atividade, ou à noite ou final de semana dele,
outro ganho que eu vejo é que o material elaborado é de qualidade, de todos os cursos que eu
participei em educação a distância, o material era de excelente qualidade, e se a gente desfruta
de tudo o que está elaborado, preparado em um maior tempo, é de uma amplitude esse
material, que é preparado durante a preparação do projeto do curso, ou no ambiente virtual ou
às vezes ainda, além do ambiente virtual, vem também material impresso, às vezes
digitalizado em mídias (CD), isso é um ganho, se ele quiser mesmo se aprofundar, ali tem
tudo e se tiver uma dúvida, volta atrás na etapa anterior, os cursos oferecidos são todos
preparados pelo MEC, eles tinham uma Secretaria de Educação a Distância que agora no
começo desse governo foi extinta e eles estão remodelando tudo em relação com a educação
básica, todos os cursos que o MEC oferece era esse grupo que preparava, tanto o curso quanto
todo o material: digitalizado, impresso e ainda é oferecido em ambiente virtual na plataforma
do MEC, o nome da plataforma é E-ProInfo, o curso e todo o material disponível, inclusive
chegou em julho o último curso em material impresso, e vem um para cada cursista e eles
remodelaram os já existentes, desde 1998, que eles já preparam esse curso, aqui, basicamente
todos os professores da rede estadual já fizeram este curso. (e me apresentaram os livros do
curso, explicando o objetivo de cada um). Destacar ..... Qualidade material impresso e tempo
para participar dos cursos a distância
Questão 2 - Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação
continuada em EAD, oferecido aos professores?
Uma das dificuldades é que não se descobriu até, hoje, porque é que é mais fácil fazer
atividade na última hora, ou vir aqui (NTE), fazer uma atividade a distância é uma dificuldade
que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em casa ou nas escolas, a gente não
sabe por que é que eles deixam de fazer atividades sozinhos, então, essa é a grande
dificuldade. Então, pelo que nós temos percebido na atividade nossa de aplicação de trabalho
107
de nossos cursos semipresenciais não são totalmente, uma tem 100 horas, destas, 36h são
presenciais, outro, que tem 40h, dessas 26h são presenciais, a nossa dificuldade é: a gente tem
os mesmos professores que seriam aquelas pessoas que estão lá na escola, os que são
responsáveis pela sala de informática, eles são justamente o índice maior de dificuldade, a
distância, porque havia cobrança também, mas ainda alguns preferiam fazer, aqui, chegavam
aqui, sentiam o apoio e o medo de errar e ter alguém para socorrer
Outro problema na realização de tarefas, mesmo sozinhos ou individualmente, na
realização de tarefas individuais, no momento lá, entre eles, e daí aparece individual, aqui,
eles fazem, em quinze minutos, e a gente pensava que iam demorar meia hora ou mais para
pedir, para pesquisar as coisas, já pediu para pesquisarem vídeos e para utilização com um
aluno, pesquisaram e trouxeram oferta. Eles surpreenderem em material com sucesso cada um
era para ter um, e cada um trouxe de dois a mais, mesmo o professor tendo na escola, em casa,
ele tem, aqui o último curso que a gente deu, todos eles, diante da máquina, e os alunos, no
último curso, 100% tinham máquina (dos professores), ficam o dia inteiro dentro da máquina
e uma aula no mínimo por fazer e mesmo assim ou é cultural ou não foram acostumados
assim.
Gostaria de destacar que o índice maior de dificuldade a distância porque havia
cobrança também, mas ainda alguns preferiam fazer, aqui, sentiam o apoio e o medo de errar
e ter alguém para socorrer.
Questão 3 - Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você
participou e/ou está participando?
A maioria do que esses manuais pedem é a ligação com internet, porque blog,
construção de blog, construção de página, consulta de página pronta de educação, então, a
internet é imprescindível, sem internet, é pouca coisa oferecida numa plataforma ou em um
aplicativo que vêm programas separados, então, a utilização da internet e construção de blog
pedagógico, quando ele cria tem que interagir, como ferramenta do Google, tem que interagir
em tempo real, tem no e-mail que a gente pode conversar, apresentar um texto colaborativo no
mesmo meio, têm lugares diferentes, também podem construir, tem uma ferramenta do
Google ali que convida, e agente ia fazendo e cada um ia dando sua ideia nos pedindo
opinião. Isso aí eu acho demais, eu acho muito bom, pega opinião de qualquer, pode ser de
um trecho, pode ser de uma música, pode ser de uma ideia que vai se desenvolvendo, a ideia
vai surgindo na hora e o nome de quem escreveu tem uma outra ferramenta que tu pode pôr e-
108
mail e tu começa uma história que tem que ter continuidade daí tu explica para eles, tu não
pode mais repetir a ideia, como é a internet e como ela funciona, eu levanto o tema e falo a
parte inicial da internet, que é uma coisa pronta, que não podia mais repetir, tinha que
continuar, então, ele tinha que ler tudo e aquele texto tinha que continuar, então, não é a
atividade colaborativa, aqui, destaco a utilização da internet e construção de blog pedagógico,
quando ele cria, tem que interagir como ferramenta do Google.
Questão 4 - Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos
professores nesta escola?
Por exemplo, eu descobri muita coisa, a internet é ampla e tem muito para oferecer, o
que mais me fascina até ágora é a internet esse mundo da vez aí é fascinante e também
intrigante até, é enriquecedor, porque o aluno pode praticar de uma forma alegre divertida, se
o professor souber do universo que tem lá também, tudo que ele quiser está lá esquematizado
ou em texto ou videozinho, tudo o que agente pesquisou ou procurou está no texto, se o
professor domina a internet, o restante da informática, ele vai fazendo a ligação, ele vai estar
crescendo. É pouco, mas, em tão pouco tempo, a gente vê o quanto evoluiu, o quanto obrigou
o professor a ir atrás, havia professores que se negavam a usar o computador na faculdade,
não existe isso, é uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à civilização ou
desaparecemos, eu relacionei isso, estamos condenados agora à evolução tecnológica, ou
usamos de forma bem, não só o professor, todo mundo, nem a dona de casa vive mais sem
tecnologia, até o controle da televisão, trocar de canal, ativa o cérebro. Então os meios são a
internet, o material impresso que dá suporte, e é importante porque é educação a distância,
mas, eles ainda traziam o livrinho (material impresso), ainda é importante. Mudança, com a
minha professora, foi muito importante a interação, naquela época, foi muito importante, a
responsabilidade de estar mostrando a todos, o pensamento, tudo que postar lá tem que ter
alguma coisa, Lúcia Bassarela é o nome da professora, ela era da engenharia, e respondia às
questões de pedagogia, então, pronto, ela instigava, então, não importa, recebia daquela forma
diferente, quanto mais eu perguntava, ela mais me perguntava, isso foi uma interação. A
internet, esse mundo é ampla e tem muito para oferecer, da vez aí é fascinante, intrigante, é
enriquecedor, porque o aluno pode praticar de uma forma alegre divertida, se o professor
souber do universo que tem. É uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à
civilização ou desaparecemos.
109
ANEXO A - Ata deliberativa de funcionamento da EPI em 2008
ATA Nº 01/2007
Aos vinte e três (23) dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete (2007), reuniram-se nas
dependências da EEB Dr. Guilherme José Missen a Direção e Professores da mesma escola
para tratar sobre EPI (Escola Pública Integrada). Inicialmente o diretor Clério Dresch expôs o
objetivo da reunião: avaliação do funcionamento da EPI em 2007 e previsão de condições
para a continuação em 2008. Após ampla discussão, o grupo manifestou-se a favor da
continuidade da EPI, porém, sugere que se mantenha o Programa somente com uma série até
que seja viabilizada estrutura física necessária para desenvolvimento do Programa da forma
adequada. Considerando que a 2ª (segunda) série atual, 2007, é a turma que melhor está
adaptada ao Programa, onde menos alunos transferiram-se durante os dois anos do Programa,
a equipe acha que esta deve ser a série a continuar na EPI em 2008. Também se discutiu a
possibilidade de redução do período de oito horas diárias de aula para seis horas, que é o
mínimo exigido no Projeto. Para isso, é necessária a adaptação à matriz Curricular de seis
horas diárias. Após análise e discussão pelo grupo, as disciplinas a serem extintas,
considerando o equilíbrio das áreas são: Turismo (01 aula), Musicalização (02 aulas),
Literatura Infanto-Juvenil (02 aulas), Cultura e Movimento (01 aula), Sociologia (02 aulas),
Iniciação à Pesquisa (02 aulas).Todos os presentes sugeriram que se faça uma solicitação aos
responsáveis da Gered e Secretaria Regional para que seja viabilizada a construção em 2009,
já que em 2008 não é possível, para que se retome o Projeto com as outras séries novamente.
Também ficou combinada a realização de uma reunião com todos os pais que têm filhos no
Programa para saber a opinião de todos eles. Não havendo mais nada a tratar, deu-se por
encerrada a reunião que segue assinada pelos presentes.