adolphe appia

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Adolphe Appia foi um designer suíço, pioneiro de técnicas modernas da encenação e iluminação. A formação de Appia começou com uma família calvinista, onde o hábito de frequentar teatros não era cultivado, sendo assim, a suas bases artísticas iniciam-se no âmbito musical. Imagem 1- Adolphe Appia Fonte: http://goo.gl/8t1YN0 Ao assistir sua primeira ópera, de Richard Wagner, Parsifal aos dezenove anos Appia sentiu-se fascinado, mas ao mesmo tempo desapontado. As inovações no drama e na música não compensavam a cenografia que possuía novas perspectivas, em sua opinião.

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cenógrafo

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Page 1: Adolphe Appia

Adolphe Appia foi um designer suíço, pioneiro de técnicas modernas da

encenação e iluminação. A formação de Appia começou com uma família

calvinista, onde o hábito de frequentar teatros não era cultivado, sendo assim,

a suas bases artísticas iniciam-se no âmbito musical.

Imagem 1- Adolphe Appia

Fonte: http://goo.gl/8t1YN0

Ao assistir sua primeira ópera, de Richard Wagner, Parsifal aos dezenove

anos Appia sentiu-se fascinado, mas ao mesmo tempo desapontado. As

inovações no drama e na música não compensavam a cenografia que possuía

novas perspectivas, em sua opinião.

Page 2: Adolphe Appia

Imagem 2 - 'Parsifal' Primeiro ato

Fonte: http://www.monsalvat.no/appia.htm

Nesta época a Europa estava inserida em um período de efervescência

artística, com o surgimento de novas vanguardas estéticas que vinham contra o

realismo calcado. Nas artes plásticas e na literatura as imagens irreais e as

expressões mais sugestivas vinham conquistando espaço. No teatro as

reformas demoraram mais a se manifestarem. Wagner reformou a ópera,

deixando-a menos histórica e mais mítica, tornando-se assim um patrono

Simbolista. Mas a grande reforma só afetava o livreto e deixava o palco de lado

frente as mudanças. Neste momento Appia compromete sua vida e sua arte

na missão de solucionar os problemas de encenação que identificava na obra

de Wagner dando origem à teoria de encenação moderna.

Em 1891 começa realmente seu trabalho com o teatro. Appia vai morar no

campo, por fobia às cidades grandes, e lá faz o primeiro croqui para O anel de

nibelungo, de Wagner. Durante toda sua vida escreveu três livros: mise-en-

scène do drama wagneriano, em 1895; A obra de arte viva, em 1921 e teve

uma obra póstuma, publicada em 1963: A música e a mise-en-scène.

Appia dava importância em primeiro plano ao texto dramático musical e ao

ator atribuindo a este o papel de mediador dos elementos da cena, para em

seguida pensar a arquitetura e a luz.

Segundo Appia o ator é o principal e fundamental elemento e a ele se deve

a importância quanto a presença viva e tridimensional do palco. Appia

complementa dizendo que o ator deve mover-se e relacionar-se com elementos

tridimensionais, como o próprio corpo do ator e esta ação deve modelar o

espaço. Para ele, o ator deforma o espaço a cada movimento.

Page 3: Adolphe Appia

A música e o drama são as engrenagens da encenação. Para Appia, a

encenação não é resultado da junção de todas as artes e sim, resultado da

hierarquia entre diferentes meios de expressão, como a pintura, escultura,

iluminação e a atuação de atores.

Seus cenários caracterizados pela criação de volumes, que substituem a

superfície plana, e planos no espaço são mais sugestivos do que

representativos. Adolphe foi um dos primeiros a descobrir as potencialidades

da luz, tanto como criadora de atmosferas quanto como agente

dramatúrgica. A luz em cena é usada como meio dramático, de maneira móvel,

dando vida e realidade aos espaços criados para a encenação. Surgindo essa

plena consciência de que a luz pode e deve sugerir sensações.

Para conseguir dar maior valor à plasticidade do corpo humano, ele realiza

espaços que unem linhas verticais e horizontais num ritmo que confere perfeita

unidade com degraus que chegam a planos elevados e inclinados. A

iluminação confere volume, sombras e vida aos espaços criados com

pensamento monumental. O cenário de Appia parece pesado, real, mesmo

quando o espaço é construído de forma fantástica. O resultado cênico destes

cenários é a realidade da construção. O espectador vê um espaço fantasioso e

mesmo assim, este espaço parece real. “O que ele propõe, em última análise,

é um edifício teatral e uma cenografia que tenham por palco o mundo todo, e

que sirvam a qualquer espetáculo” (DEL NERO,2009 p.223).

Propagava um cenário simbolista baseando-se em um simples arranjo de

formas espaciais pautadas no movimento do ator neste espaço intencionando

uma organicidade da obra. Utilizava-se de projeções fotográficas em abstratos

Page 4: Adolphe Appia

tons rítmicos e efeitos especiais como nuvens, fogo e água como componentes

de expressividade.

Adolphe Appia propõe em seus croquis a indefinição dos contornos, às

manchas de cor, às formas abstratas, o peso visual dos cenários permitindo,

assim, uma incorporação do mundo moderno dentro da cena. Como fruto

desses novos elementos temos a intensidade do movimento e a circulação de

corpos, valorizados pela luz, que atravessa e marca a vida do homem

moderno.

Em sua parceria com Émile Jacques-Dalcroze, com a intenção de

desenvolver a ginástica rítmica, Appia criou uma estrutura cênica abstrata que

contemplasse a busca da expressão dos mais íntimos sentimentos do corpo no

espaço e no tempo.

As inovações de Appia intentavam a transcendência espiritual através da

experiência da beleza e da harmonia cênica, sendo comparado as buscas

wagnerianas. O cenógrafo declara ainda que o teatro “seria a catedral do

futuro”, ou seja, seria um desenfadamento para as massas. Tentando assim

corromper a visão de contemplação entre ator e espectador existente na

sociedade burguesa daquele momento.

Os escritos de Appia tiveram grande importância para a posteridade, mas

sua influência foi o ponto mais marcante na cena teatral.

A cenografia de Appia mostra-se ainda hoje como um trabalho novo cheio

de ideias, questionamentos e teorias novas na época, mas que se perpetuaram

no contexto teatral e em vários movimentos artísticos.

Page 5: Adolphe Appia

Imagem 3 – Modelo de cenário

Fonte: http://goo.gl/iBWchQ

Imagem 4 - Jo Mielziner: Faust 1927

Fonte: http://goo.gl/r8Onj6

Page 6: Adolphe Appia

Imagem 5- Orpheus, Hellerau 1913

Fonte: http://goo.gl/r8Onj6

Imagem 6- Rhinegold, Basel 1924

Fonte: http://goo.gl/r8Onj6

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