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— à dialetologia, à sociolingüística, à lingüística histórica, àestilística, à lingüística antropológica.
No passado, a suposição tácita de que, por trás de toda variação constitutiva de uma língua, existe uma unidade sistêmica adquiriu uma forma teórica na concepção de língua como um sistema social uniforme que se materializaria nos usos individuais (estes sim heterogêneos), resumida na famosa dicotomia langue/parole formulada por Ferdinand de Saussure.
No entanto, por mais produtiva que esta concepção possa tersido em algumas áreas dos estudos lingüísticos (em especial nacriação da fonologia), ela se mostrou insuficiente para explicitara imaginada unidade sistêmica, bem como para dar conta da varia-bilidade lingüística supra-individual.
O pressuposto forte dessa concepção era o de um sistemaúnico e uniforme, pensado como um nível de grandes relaçõesinvariantes que conteria, em potência, todas as possibilidadesexpressivas materializáveis nos atos individuais de fala.
Esse modelo não comportava a variabilidade como fenômenointra-sistêmico, nem dispunha de estratos intermediários entresistema e indivíduo. Não tinha, portanto, recursos teóricos suficientes para absorver a heterogeneidade supra-individual (social)constitutiva da língua.
Foi preciso, então, refinar o recorte teórico, nascendo daí o conceito de norma, formulado pelo lingüista Eugênio Coseriu no início dadécada de 1950. A perspectiva dicotômica (Jangue/parole, sistema/fala)deu lugar a uma perspectiva tricotômica (sistema/norma/fala).
Mantido o olhar estruturalista de inspiração saussuriana, pode-se entender norma, no plano teórico, como cada um dos diferentes modos sociais de realizar os grandes esquemas de relaçõesdo sistema. Nesse sentido, cada norma se organiza como um certoarranjo de possibilidades admitidas pelo sistema. 3ada um desses arranjos se desenha a partir do uso corrente, habitual de determinado I.Tupo de falantes socialmente definido.
AFINANDO CONCEITOS37
Coseriu, buscando dar mais precisão ao conceito, afirmavaque uma norma não corresponde ao que "se pode dizer" (tarefa dosistema), mas ao que já "se disse" e tradicionalmente "se diz" nacomunidade considerada.
E possível, então, conceituar tecnicamente norma como determinado conjunto de fenômenos lingüísticos (fonológicos, morfoló-gicos, sintáticos e lexicais) que são correntes, costumeiros, habituais numa dada comunidade de fala. Norma nesse sentido se identifica com normalidade, ou seja, com o que é corriqueiro, usual, habitual, recorrente ("normal") numa certa comunidade de fala5.
E importante deixar claro que a idéia de norma, embora nascida no interior do arcabouço teórico estruturalista de inspiraçãosaussuriana, não perde sua vitalidade quando transposta para outros quadros teóricos. E isso por força do que nos impõe a empiria:qualquer modelo teórico da linguagem verbal tem, inexoravelmente,de se posicionar frente à variabilidade supra-individual, ou seja,frente às diferentes variedades que constituem uma língua.
Assim, se adotarmos um olhargerativista, diremos que a cadanorma corresponde uma gramática. Se adotarmos um olharvariacionista (sociolingüístico ou dialetológico), será produtivoequiparar norma e variedade.
Qualquer das três abordagens deixa claro um dado fundamentalpara o estudo das línguas: toda e qualquer norma (toda e qualquervariedade constitutiva de uma língua) é dotada de organização8. Cada
5Uma norma não comporta apenas um conjunto de fenômenos fixos; ela inclui também,como é próprio das manifestações dalinguagem verbal, fenômenos em variação, comoteremos a oportunidade de ver ao longo de nossa discussão.8Olingüista norte-americano Edward Sapir, em artigo de 1924, utilizou a expressãoplenitude formal para se referir ao fato de que toda equalquer manifestação da linguagem verbal (toda equalquer norma lingüística, toda equalquer variedade lingüística)tem organização, tem gramática (cf. Sapir, 1924: 33). Osenso comum, orientado peloimaginário de que uma língua é unitária e homogênea, tem grande dificuldade paraassimilar este dado fundamental da constituição efuncionamento da linguagem verbalCostuma, então, tratar as variedades distantes de um certo modelo como erradas,desestruturndns, corrompidns. Um dos desafios mnis difíceis para quem seinicia nos
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40 NORMACULTA BRaSILBRa: DESATANDO ALGUNS NÓS • CertosAlbertoforoco
cem no interior de cada comunidade lingüística. Daí que hoje muitosestudiosos da heterogeneidade sociolingüistica estejam optando por
A entender uma comunidade lingüística como composta de várias (assimchamadas) comunidades deprática(ver, porexemplo, Eckert2000).
Grosso modo, pode-se entender por comunidade de práticaum agregado de pessoas que partilham experiências coletivas notrabalho, nas igrejas, nas escolas, nos sindicatos e associações, nolazer, no cotidiano da rua e do bairro etc. Uma mesma pessoa dessa coletividade, bem como cada um de seus pares, pertence simultaneamente a diferentes comunidades de prática.
íEm cada uma dessas comunidades, costuma haver modos pe
culiares de falar (ou seja, há normas específicas) e o comportamento normal do falante é variar sua fala de acordo com a comu
nidade de prática em que ele/ela se encontra. E parte do repertório lingüístico de cada falante um senso de adequação, ou seja,ele/ela acomoda seu modo de falar às práticas correntes em cadauma das comunidades de prática a que pertence. Por isso, se dizque cada falante é um camaleão lingüístico. Obviamente, ele/elapode romper as expectativas por diferentes razões, entre outras^causar riso, provocar conflito ou assinalar que seus laços com aquela comunidade estão se tornando tênues9.
Pode-se observar, diante desse panorama de diversidade, que quanto mais tem avançado o estudo da heterogeneidade lingüística, mais elase mostra complexa.Assim, embora necessárias, são já insuficientes ascategorias tradicionais com que a sociolingüistica começou a trabalhar,como idade, gênero, etnia, nível de renda e escolaridade. Tornou-se indispensável analisar também as múltiplas redes de relaçõessociomteracionais de que participam os falantes» elas são fatores diretamente correlacionados com os diferentes modos de falar (e escrever),com as diferentes normas de uma determinada comunidade10.
•Para mais detalhes sobrecomunidades de prática, consultarWenger (1998). Paraumavisão geral de seu uso na pesquisa sociolingüistica, consultar, entre outros, Milroy &Oordon(2003),cap. 5.10 Trabalho pioneiro nesse sentido foi Milroy (1980). No Brasil, as pesquisas de StellaMariaBortoni-Ricardosão referência desde seu hoje clássicoestudo sobreos migrantesno Distrito Federal (Bortoni-Ricardo, 1985).
ARNANDO CONCEITOS 41
Compreender bem esse amplo quadro empírico é essencial.Sem essa compreensão, faltará chão firme para fazer avançar odebate das questões lingüísticas. Compreendidos esses dados fundamentais de como funciona a linguagem verbal, pode-se dar umpasso à frente buscando esclarecer outro aspecto fundamental: asvalorações sociais que recobrem diferentemente cada normaconstitutiva da língua e os muitos e complexos efeitos dessas distintas valorações — discussão que faremos adiante.
j§U Alguns exemplos
Porora, para deixar sedimentado o conceito denorma, é oportuno considerarmos alguns exemplos. Comecemos pela pronúncia de palavras como tia, tinha, dia, direito. Em algumas comunidades brasileiras, a norma (o 'normal') é a pronúncia africada(representável, paranossos fins, como tchia, toninha, djia, djireito)'*em outras comunidades, a norma é a pronúncia não-africada.
Outro exemplo. A norma, em boa parte do Rio Grande do Sul,no tratamento familiar do interlocutor, é o uso do pronome tul emoutras partes daquele Estado e do país, a norma é o uso do pronome você;ii
Outro aspecto interessante daquela normagaúcha é o uso de tucom a forma verbal da chamada terceira pessoa gramatical. O comum (o 'normal') é dizer tu vai, tu disse, tu pode, tu correu etc Noentanto, num contexto em que há um leve grau de distanciamentoentre os interlocutores, é comum os falantes passarem a usar o pronome tu com a forma verbal da chamada segunda pessoa gramatical(ou só a forma verbal sem o pronome explícito). Vai se dizer, então,(tu) vais, (tu) disseste, (tu) podes, (tu) correste etc.12 /
11 Para umestudo dialetológico do usodetoe vocênoRio Grande do Sul, consultaroAtlasLingüístico-Etnográfico daRegião StüdoBrasil, vol.2.11 Mais interessante ainda éobservar que, seseguidas deoutras formas verbais, estaspoderão vircom ousem concordância desegunda pessoa, segundo um rico sistema deprincípios socinlingaísticos variáveis, como bem demonstra oestudodeAmaral (2003).
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44 NORMA CULTABRASLBRa: DESATANDOALGUNS NOS . Cortei Alberto Foroco
Numa sociedade complexa, não há, obviamente, um totalencapsulamento e insulamento dos grupos sociais, nem de seusmembros. Assim, é inevitável o contato entre as muitas normasno intercâmbio social, seja pelo encontro de falantes de diferentes normas, seja pelo fato corriqueiro de um mesmo falante dominar mais de uma norma — dominar no sentido ativo, isto é, de sercapaz de fazer uso efetivo de mais de uma norma; ou apenas nosentido receptivo, isto é, de ser capaz de reconhecer e compreender determinada(s) normais), mas não de usá-la(s) efetivamente.
Um dos resultados desses contatos são as múltiplas e contínuas interinfluências entre as normas. Tome-se, como exemplo, asituação de uma comunidade ainda essencialmente rural que, noentanto, tem contato contínuo com as normas urbanas por meiodo rádio, da televisão e da escola e pense-se no espraiamento decaracterísticas urbanas na fala dessa comunidade — espraiamento que será tanto maior quanto mais positiva for a orientação delaem direção à cultura urbana15.
Não existe, em suma, uma norma "pura"' as normas absorvem características umas das outras — elas são, portanto, sempre hibridizadas. Por isso, não é possível estabelecer com absoluta nitidez e precisão os limites de cada uma das normas — haverásempre sobreposições, desbordamentos, entrecruzamentos.
Isso, evidentemente, torna o trabalho científico com aheterogeneidade lingüística ainda mais complexo e não é de admirar quenãohaja ainda, nointeriordos estudos lingüísticos, um modelo teórico capaz de dar conta de toda essa complexidade. Osm̂odelos teóricos atuais enfocam apenas parcelas desse todo.
Por outro lado, a lingüística histórica tem demonstrado que ojcontato e a hibridização das normas são fatores que favorecem oidesencadeamento de mudanças lingüísticas em diferentes dire-|çpes (cf., paramais detalhes, L. Milroy, 1980 —entre outros). Por-
15 Um estudo decaBO de assimilação decaracterísticas denorma urbana standard poruma normarural não-atandard podeser lidoem Guy &Zillea (noprelo).
AFINANDO CONCEITOS 45
tanto, assim como não há norma "pura", não há também nenhumanorma estática.
Estes diversos fatores —contatos entre normas, hibridizaçõese mudanças — acrescentam ingredientes fundamentais a qualquer discussão sobre questões de língua^ nunca é possível deixarde considerar que toda realidade lingüística é organizada, heterogênea, híbrida e mutante16.
_ Tendo este panorama geral sobro as normas lingüísticas nohorizonte, podemos nos encaminhar para a discussão- da chamadanorma culta.
Norma culta
Antesde mais nada, é preciso dizerquenão é simples conceituare identificar, no Brasil, a norma a que se dá o qualificativo de culta.Para facilitar, pode ser útil tomar como ponto de partida uma breve fotografia de pelo menos parte do amplo espectro das variedades que constituem a língua portuguesa no nosso país.
SÜjfi Os três continua e a linguagem urbana comum
Embora não exista ainda um levantamento exaustivo (ou suficientemente abrangente) da diversidade constitutiva do português brasileiro, dispomos já de ricos acervos de dados dialetoló-gicos e sociolingüísticos, além de um significativo registro da nossa
§ língua escrita do último meio século.
Há, desses dados, consolidações parciais, mas ainda nos faltauma consolidação geral que apresente uma descrição mais sistemática da cara lingüística do país como um todo.
'•Não édemais lembrar aqui que estes fatos característicos de toda realidade lingüísticaconflitam com asrepresentações queosenso comum temdalíngua como umarealidadehomogênea, pura e estática. Essas representações impedem, muitas vezes, umdebateprofícuo sobre questões lingüísticas.
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48 NORMACULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NÓS • Co*» Atoei» Foreco
lantes que poderiam ser classificados de "cultos". Em outros termos, a norma culta brasileira falada pouco se distingue dos estilos mais monitorados dessa linguagem urbana comum, segundofica demonstrado pela análise dos dados coletados pelo projetoNURC (Norma Lingüística Urbana Culta) — (cf. Pretti, 1997).
Essa constatação empírica causou surpresa em alguns estudiosos dos dados do NURC. Imaginavam eles que os falantes cultos,nas situações de fala mais monitoradas, tinham uma variedade bemdistinta da linguagemurbana comum, ou seja, acreditavam eles que,na norma culta falada, os falantes seguiam estritamente, por exemrpio, os preceitos da tradição gramatical normativa.
A realidade, porém, desconcertou o imaginário: a norma culta brasileira falada se identifica, na maioria das vezes, com a linguagem urbana comum, ou seja, com a fala dos falantes que estãofora do grupo dos chamados (tecnicamente) de cultos (cf. Preti,1997: 18)20 e não propriamente com as prescrições da tradição gramatical mais conservadora21.
Vale lembrar, neste ponto, que o projeto NURC restringiu seucorpo de informantes a falantes que tinham escolaridade superior completa. Só estes eram considerados pertencentes ao grupodos "cultos", ou seja, dos usuários da "boa linguagem".
Encontramos aqui um primeiro critério para identificar o fenômeno lingüístico a que se dá o nome de norma culta- ela seria a
"Preti (1997: 26) conclui seu texto com a seguinte observação:"Em síntese, o que ocorpos doProjeto NURC/SP tem-nos mostrado (eissojánadécada de [19]70) é queosfalantes cultos, porinfluência das transformações sociaiscontemporâneas a que aludimosantes (fundamentalmente, o processo dedemocratização daculturaurbana), ousolingüístico comum (principalmente, a ação da norma empregada pela mídia), alémdeproblemas tipicamenteinteracionaie, utilizam praticamente omesmodiscurso dos falantes urbanos comuns, de escolaridade média, até em gravações conscientes e, portanto, demenor espontaneidade".n Isso não significaque os falantes ditos cultos nãousem estruturas preconizadas pelatradição gramatical conservadora em sua fala monitorada. Algumas destas ocorrem nanorma culta falada, mas, pelo que os dados indicam, sempre variavelmente com suascorrespondentes não"autorizadas" (eaté mesmo"condenadas") pelatradição gramaticalmais conservadora, quo, no ontnntn, mui normi.m nn linKitnRom urlmnn comum íi:f. ridiscussão em Leite, 1S97).
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AFINANDO CONCEITOS 49
variedade de uso corrente entre falantes urbanos com escolarida
de superior completa, em situações monitoradas. Ou seja, a norma culta seria, pelos critérios do NURC, a variedade que está naintersecção dos três continua em seus pontos mais próximos dourbano, do letramento e dos estilos mais monitorados.
Nesse sentido, ela seria, no Brasil, a manifestação lingüísticade uma parcela ínfima da sociedade, considerando que aqui, noinício do século XXI, menos de 10% da população adulta tem escolaridade superior. Desse modo, a norma culta não- estaria, entre nós, desvencilhada de um certo matiz aristocrático: seria propriedade exclusiva da elite altamente letrada.
No entanto, a força centrípeta da linguagem urbana comumquebra, em parte, esse vínculo: de um lado, porque é ela que baliza, de fato, o falar culto brasileiro (a norma culta falada pouco sedistingue dela); e, do outro, porque é hegemônica nos meios decomunicação social22.
Em suma, ó esta linguagem urbana comum que baliza de fatoo falar culto (o que se poderia chamar tecnicamente de norma culta falada) e, ao mesmo tempo, tem poderoso efeito homogeneizantesobre as variedades do chamado português popular brasileiro28.
Ás principais características sintáticas da linguagem urbanacomum do Brasil podem ser facilmente catalogadas: desde o século XIX elas estão listadas pelos comentadores gramaticais maisconservadores como "erros comuns" da fala brasileira. Isto é, aspropriedades correntes (habituais, normais) na nossa linguagem
n Diante disso, fica a questão: tem sentido ainda insistirmos numa norma culta faladacomo distinta da linguagem urbana comum em seus estilos mais monitorados?° Apesar desse poder centripeto que a linguagem urbana comum exerce sobre as variedades do português popular,não podemosdeixar de notar que talvez esteja se consolidando, entre as gerações mais novas da população urbana da chamada periferia daa grandescidades,uma certa resistência a esse podercentripeto. O rap (que tem ocupadoespaçonos meios de comunicação social)e as manifestações literárias comoa de Ferraz, entreoutros, podem estar sinalizando uma crescente direção anti-homogeneizante. Só o estudo empírico híhLimomLíco o o ruLuro pmloríio oKi:liirix:or u confirmar (ou não) essa nossaimpressão.
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56 NCRMA CJLTA BRASILEIRA: DESATANOO ALGUNS NCS • Cznot Albertoforoco
Esse reconhecimento da diversidade contribuiu também para
refinar a percepção a que já nos referimos antes, ou seja, a percepção de que, do ponto de vista exclusivamente lingüístico, osdiferentes modos sociais de falar e escrever a língua se eqüivalem' cada grupo de falantes realiza a língua por normas diferentes, mas nenhum deixa de ter suas normas.
Outra percepção importante desse processo de qualificaçãodas normas foi a de que existe uma hierarquização social delas.Isto é, embora não haja critérios lingüísticos capazes de sustentar uma diferenciação qualitativa das normas, esta diferenciaçãoocorre e é feita por determinados segmentos da sociedade tomando por base valores 30cioculturais e políticos29.
Há, na designação norma culta, um emaranhado de pressupostos e atitudes nem sempre claramente discemíveis. 0 qualificativo"culta", por exemplo, tomado em sentido absoluto, pode sugerir queesta norma se opõe a normas "incultas", que seriam faladas por grupos desprovidos de cultura. Tal perspectiva está, muitas vezes, presente no universo conceituai e axiológico dos falantes da norma culta, como ãca evidenciado pelos julgamentos que costumam fazer dosfalantes de outras normas, dizendo que estes "não sabem falar", "falam mal", "falam errado", "são incultos", "são ignorantes" etc.
Contudo, não há grupo humano sem cultura, como bem demonstram os estudos antropológicos. Por isso, é preciso trabalhar criticamente o sentido do qualificativo culta, apontando seu efetivo limite- ele diz respeito especificamente a uma certa dimensão dacultura, isto é, à cultura escrita. Assim, a expressão norma cultadeve ser entendida como designando a norma lingüística praticada, em determinadas situações (aquelas que envolvem certo graumaior de monitoramento), por aqueles grupos sociais que têm estado mais diretamente relacionados com a cultura escrita.
„Por outro lado, é interessante lembrar que essa designaçãofoi criada pelos próprios falantes dessa norma, o que deixa trans-
59 Uma densa diacuBaão da complexa questão da hierarquização das normas, tendo ocontexto francês como pano de fundo, pode ser lida em Bourdieu (1996).
AflNANDO CCNC3TCS 57
parecer aspectos da escala axiológica com que interpretam o mun
do. Seu posicionamento privilegiado na estrutura econômica e
social os leva a se representar como "mais cultos" (talvez porque,historicamente, tenham se apropriado da cultura escrita como bemexclusivo, transformando-a em efetivo instrumento de poder) e,por conseqüência, a considerar a sua norma lingüística — mesmodifusa em sua variapilidade de pronúncia, vocabulário e sintaxe
e, na fala, pouco distinta, no caso do Brasil, da linguagem urbanacomum — como a melhor em confronto com as muitas outras nor
mas do espaço social. Isso, como sabemos, é fonte de vários prejuízos e preconceitos lingüísticos que afetam o conjunto da socie
dade, mas, em especial, os falantes de normas que são particularmente estigmatizadas pelos falantes da norma culta.
E em razão de todos esses fatores que podemos afirmar ser a
questão da norma culta certamente das mais complexas no campo
das investigações lingüísticas, particularmente quando com ela
se mescla a questão da norma-padrão.
Foi talvez este fato que levou Haugen (1966/2001*- 102) a dizerque, "na tentativa de esclarecer essas relações, a ciência lingúís'tica tem tido um sucesso avenas modesto".
De fato, quando nos embrenhamos em seu estudo, fica logo
evidente que não se trata apenas de recortar um conjunto deter
minado de expressões da língua, como se o fenômeno sociocultural
da norma culta se resumisse a um problema exclusivamente devocabulário e estruturas gramaticais.
O que encontramos nesta área é um complexo entrecruza-
mento de elementos léxico-gramaticais e outros tantos de natu
reza axiológica que, em seu conjunto, definem o fenômeno que
designamos tecnicamente de norma culta. E é esse conjunto quetem de ser considerado se queremos desenvolver um entendimento
científico abrangente da complexidade desse fenômeno — enten
dimento este que terá de ser, portanto, multidisciplinar e não
aoenas lingüístico.
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Novidade, enfim: o português são três!
;nscirancc-se nesse pcema de Drummono, a lingüista Rosa Virgínia Mattos e
Siiva puclicou, em 2C0A uma imccrtanie coleção de estudos com o :ítuio "0porwgüès são dois" — novas fronteiras, /eihcs problemas... Pcderiamcsimaginar que, ramcem nessa cera, a reaiiGace lingüística crasiieira e anaiisa-
da ceme constituída ce acis pcics que se receiem, mo entanto na p. 118,5
autera afirma cue ....
. No caso brasileiro, socioiinguisias e professores de português cém adotado a
- interpretação tnparuda da realidade lingüística brasileira: norma-padrão.
.. normais) cuitaís), normais) vemacuiais) [...]
Aqui temes ncvidacei Smccra :enna :ntituiaco seu livro de "0 ocnusuès sãodois", R. V. Mattos e Siiva, em. diversos momentos ca obra, nos aierta para o
fato de zue "o português [brasüeiro] são três".
A mesma proposta de análise tricartida é feita pelo lingüista Dante lucchesiem seu ango "Norma lingüística e realicadesociai", onde e!e propõe os termos norma-pa
drão, norma culta e norma popular.
Ne trabaiho cesses dois estudiosos (entre ou-
:ros) está refletido o esforço de chamar a atenção para a natureza polarizada da realidade sociolingüistica do português brasileiro. No capítulo 2, afirmamos cue, nas scciecaGes comelexas eietracas. e pcssivei esiaceiecer uma linha continua cue -em numa das e,xtre-
1 Qorrueués são três
midades a norma-patirão e, na outra, a variação lingüística. Aplicando aquelafigura à realidade do português brasüeiro, podemos dizer que a variação lingüística se subdivide em dois outros pólos, que recebem nomes diferentesconforme os autores:
"Norma-padrão" e "normaculta" nãosão sinônimos!
Uma coisa que logo deve chamar a atenção é que não se faz aqui a costumeira confusão entre norma-padrão e norma culta. Os estudiosos brasileiros da nossa realidade lingüística há algum tempo vêm alertando para anecessidade de distinguir essas cuas enticaaes.
É preciso fazer uma crítica atenta dos termos que vêm senão empregadospara classificar a variação lingüística do português brasüeiro, com uma atenção especiai à expressão "norma culta", aue é extremamente ambígua eproblemática. Além co fato de se confundir o uso real da língua por parte dosfalantes privilegiados aa sociedade urbana (a norma culta dos lingüistas) como modelo idealizado de língua "certa" cristalizado nas gramáticas normativas(a norma-padrão dos lingüistas), como se faz geralmente, existe também oproblema contido no uso do adjetivo "culto".
Por que chamar de culto apenas o que vem das camadas privilegiadas dapopulação? Epor que opor "culto" a "popular", como se o povo não tivessecultura e como se os falantes "cultos" não fizessem parte do povo? Éo quenos explica Carlos Alberto Faraco:
Há: na. designação; norma: culta:-"um; emaranfiadõ-- de: pressuposto»neim sempre claramente discciriLveisc-:Q;\caialirlcaãvo "culta',. pôr^exemplo;, tomadoem- sentido,absoluto;, podesugerirqueesta. norma:seopõe-a normas "LnoiE-"
.Maria na linena é nnr acaso: nor uma oeaaeoEia da variação lingüística SORI
ias", que seriam faladas porgrupos desprovidos de cultura. Tal'• perspectivai Íestá, muitas vezes, presente no universo
conceituai e axiológico dos falantes da norma
culta, como fica evidenciado pelos julgamentos
mas, dizendo que estes "não sabem falar"', "Eà-
lam mal", "falam errado", "são incultos'", "são
ignorantes" etc.
Contudo, não há grupo humano sem cultura,
como bem demonstram os estudos antropológicos. Por isso;. é>preciso^ traBa-Lhar criticamente o sentido do qualificarivo culta, apontando1 seu:efetivórlr--
mite: ele diz respeito especificamente a uma ,^awsm«BWBcena dimensão da cultura, isto é, à cultura es
crita. Assim, a expressão norma culta deve ser
entendida como designando a norma lingüística
praticada, em determinadas situações (aquelas
que envolvem certo grau de formalidade),, por
aqueles grupos sociais mais diretamenie relacionados-com a cultura escrita,.
em especial por aquela legitimada historicamente pelos grupos que controlam o poder social.
E Rosa Virgínia Mattos e Siiva, no mesmo iivro já citado (p. 31), escreve, aocomentar um documento soDre ensino de língua elaboraao por uma comissão de notáveis em 1986:
Note-se [...] que o entendimento de "cultura" [no tal documento1 éexclusi
vo, restringe-se apenas á cultura letrada das classes dominantes, posição:
teórica indefensável por qualquer antropologia contemporânea, e,.na prátr-ca. indefensável para quem entende a democratização do saber e da cultura
não apenas como difusão do "saber e da cultura socialmente privilegiadosr
;.[•••]> mas também como difusão dos saberes e das culturas, das- diversas.
i, camadas sociais e culturais que constituem a sociedade brasileira. . - ..
que costumam fazer dos falantes de outras nor- •Qh^:^^c^.:ahx^!ÉÊ^r o,'/^g\ÇgãgjaffliiHEl»SCTHm1f^CB.air-
jQ-A-.zdíir ai yr^eaça. 'dar'leitura"'
•mimaicáamnmciadfe^SIfogaiiiqrrErfr;-l:omGIbHn^2íi02,.-D-. 191;./
. Cariüs^v^'êrtac'KracD;.''^Qixna.-ijar•_• dracsBrasileirasdÉsemBarnrnnifn-al- .
gmiS'n£sH7.'iniuV£;BãOTo;((jrH:):(_Znü2),."''•Eütgçastmw. ák~ narrrm.::Sãos.Fadlo:_'.
Cavaíá..
Novos nomes para velhos conhecidos
Para tentar fugir desses problemas é que proponho substituir a expressão"norma culta" porvariedades prestigiadas e chamar a "norma popular" ou"vernácula" de variedades estigmatizadas, com base na oposição entre
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