afinando conceitos

16
-K^pfo Norma capítulo um fií.iMHB' «WSBHlHfiH .. ... 16© . IPASTV E3S0RES conceito de norma, nos estudos lingüísticos, surgiu da necessidade de estipular um nível teórico capaz de captar, pelo menos em parte, a heterogeneidade constitutiva da língua. __ estudos científicos da linguagem verbal têm mostra do, nenhuma língua é uma realidade unitária e homogênea. o e, de fato, nas representações imaginárias de uma cultura e nas concepções políticas de uma sociedade. - No plano empírico, uma língua éconstituída por um conjun to de variedades. Em outras palavras, não existe língua para alem ou acima do conjunto das suas variedades constitutivas nem existe a língua de um lado e as variedades de outro, como muitas vezes se acredita no senso comum: empiricamente a lín gua eo próprio conjunto das variedades. Trata-se, portanto, de uma realidade intrinsecamente heterogênea. uma apresenta™ tA™iJÍ a :.__,' /UÜ2, p" 37 6l)- Seu objetivo é fazer srrsr" d°- -— - ~™ =r.=£s rao e ©

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texto de Carlos Alberto Faraco.

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Page 1: Afinando conceitos

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16

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parte,aheterogeneidade

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__

estudoscientíficos

dalinguagem

verbaltêmm

ostrado,nenhuma

línguaéuma

realidadeunitária

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fato,nasrepresentações

imaginárias

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culturae

nasconcepções

políticasde

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Antonio
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Page 2: Afinando conceitos

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34

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itério

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ístico

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0no

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gula

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uma

reali

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conj

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histó

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ltura

lmen

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ciolo

gia

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guag

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svelo

ual

guns

aspe

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taco

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estab

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ento

doqu

uma

língu

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rex

empl

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esde

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mun

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eslin

güís

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esde

uma

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mal

íngu

ames

mo

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intel

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.Ex

empl

oclá

ssico

éo

doch

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esda

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reun

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sob

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dem

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amfa

lant

esde

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nto

quan

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ntes

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ode

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teli

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Poro

utro

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varie

dade

sm

utua

men

tein

telig

íve

is(e

que

pode

riam

serc

onsid

erad

as,p

orcr

itério

spu

ram

ente

lingü

ístico

s,co

mo

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cipe

sde

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esm

oco

ntín

uodi

alet

al)

sede

clara

mfa

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esde

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fere

ntes

.Ca

soclá

ssico

éo

done

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das

varie

dade

sdo

cham

ado

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roes

teda

Ale

man

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amai

sum

cida

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que

fala

uma

varie

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alem

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zões

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iUiam

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língu

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e:só

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mostr

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edes

crev

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neca

nde

fine,

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epr

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sens

eof

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term,

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guag

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agre

atco

ncre

tein

stitu

tion,

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yofu

sage

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mun

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fala

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aem

si,a

língu

aem

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sua

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lada

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suas

cond

ições

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uma

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e—

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conc

epçã

ode

rivou

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Mod

erna

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deo

sécu

loXV

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língu

ater

seto

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sunt

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Estad

ono

spa

íses

euro

peus

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e,co

mo

part

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proc

esso

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ãoca

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ntes

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Des

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língu

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norm

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Page 3: Afinando conceitos

3o NORMA CULTA 3RASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NOS • CarlosAlbertoFaraco

— à dialetologia, à sociolingüística, à lingüística histórica, àestilística, à lingüística antropológica.

No passado, a suposição tácita de que, por trás de toda variação constitutiva de uma língua, existe uma unidade sistêmica adquiriu uma forma teórica na concepção de língua como um sistema social uniforme que se materializaria nos usos individuais (estes sim heterogêneos), resumida na famosa dicotomia langue/parole formulada por Ferdinand de Saussure.

No entanto, por mais produtiva que esta concepção possa tersido em algumas áreas dos estudos lingüísticos (em especial nacriação da fonologia), ela se mostrou insuficiente para explicitara imaginada unidade sistêmica, bem como para dar conta da varia-bilidade lingüística supra-individual.

O pressuposto forte dessa concepção era o de um sistemaúnico e uniforme, pensado como um nível de grandes relaçõesinvariantes que conteria, em potência, todas as possibilidadesexpressivas materializáveis nos atos individuais de fala.

Esse modelo não comportava a variabilidade como fenômenointra-sistêmico, nem dispunha de estratos intermediários entresistema e indivíduo. Não tinha, portanto, recursos teóricos suficientes para absorver a heterogeneidade supra-individual (social)constitutiva da língua.

Foi preciso, então, refinar o recorte teórico, nascendo daí o conceito de norma, formulado pelo lingüista Eugênio Coseriu no início dadécada de 1950. A perspectiva dicotômica (Jangue/parole, sistema/fala)deu lugar a uma perspectiva tricotômica (sistema/norma/fala).

Mantido o olhar estruturalista de inspiração saussuriana, pode-se entender norma, no plano teórico, como cada um dos diferentes modos sociais de realizar os grandes esquemas de relaçõesdo sistema. Nesse sentido, cada norma se organiza como um certoarranjo de possibilidades admitidas pelo sistema. 3ada um desses arranjos se desenha a partir do uso corrente, habitual de determinado I.Tupo de falantes socialmente definido.

AFINANDO CONCEITOS37

Coseriu, buscando dar mais precisão ao conceito, afirmavaque uma norma não corresponde ao que "se pode dizer" (tarefa dosistema), mas ao que já "se disse" e tradicionalmente "se diz" nacomunidade considerada.

E possível, então, conceituar tecnicamente norma como determinado conjunto de fenômenos lingüísticos (fonológicos, morfoló-gicos, sintáticos e lexicais) que são correntes, costumeiros, habituais numa dada comunidade de fala. Norma nesse sentido se identifica com normalidade, ou seja, com o que é corriqueiro, usual, habitual, recorrente ("normal") numa certa comunidade de fala5.

E importante deixar claro que a idéia de norma, embora nascida no interior do arcabouço teórico estruturalista de inspiraçãosaussuriana, não perde sua vitalidade quando transposta para outros quadros teóricos. E isso por força do que nos impõe a empiria:qualquer modelo teórico da linguagem verbal tem, inexoravelmente,de se posicionar frente à variabilidade supra-individual, ou seja,frente às diferentes variedades que constituem uma língua.

Assim, se adotarmos um olhargerativista, diremos que a cadanorma corresponde uma gramática. Se adotarmos um olharvariacionista (sociolingüístico ou dialetológico), será produtivoequiparar norma e variedade.

Qualquer das três abordagens deixa claro um dado fundamentalpara o estudo das línguas: toda e qualquer norma (toda e qualquervariedade constitutiva de uma língua) é dotada de organização8. Cada

5Uma norma não comporta apenas um conjunto de fenômenos fixos; ela inclui também,como é próprio das manifestações dalinguagem verbal, fenômenos em variação, comoteremos a oportunidade de ver ao longo de nossa discussão.8Olingüista norte-americano Edward Sapir, em artigo de 1924, utilizou a expressãoplenitude formal para se referir ao fato de que toda equalquer manifestação da linguagem verbal (toda equalquer norma lingüística, toda equalquer variedade lingüística)tem organização, tem gramática (cf. Sapir, 1924: 33). Osenso comum, orientado peloimaginário de que uma língua é unitária e homogênea, tem grande dificuldade paraassimilar este dado fundamental da constituição efuncionamento da linguagem verbalCostuma, então, tratar as variedades distantes de um certo modelo como erradas,desestruturndns, corrompidns. Um dos desafios mnis difíceis para quem seinicia nos

®

Page 4: Afinando conceitos

38

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LTA

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rtir

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sge

rais,

umm

odelo

dife

rent

ede

ssa

orga

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ção

—nu

m,c

ada

norm

ase

ráen

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ida

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certo

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gran

des

rela

ções

sist

êmic

as;

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ro,

com

oa

mat

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lizaç

âode

uma

dete

rmin

ada

gram

átic

a(d

eum

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conj

unto

depr

incíp

ios

ere

gras

);no

ter

ceiro

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ode

term

inad

aco

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ãode

uma

certa

com

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ãode

regr

asva

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is.

No

enta

nto,

nenh

uma

teor

iade

ixa

dere

conh

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rofa

tobá

sico:

não

háno

rma

sem

orga

niza

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.

lA

plen

itud

efo

rmal

:co

nse

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cias

de

seu

reco

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ento

Ofa

tode

que

toda

norm

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mum

aor

gani

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oes

trut

ural

deix

ase

mfu

ndam

ento

empí

rico

enun

ciad

osde

sens

oco

mum

emqu

ese

afir

ma,

por

exem

plo,

que

osan

alfa

beto

sou

osfa

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esde

varie

dade

sdo

cham

ado

portu

guês

popu

larfa

lam"s

emjra

mát

i-ca

".Se

toda

norm

estru

tura

lmen

teor

gani

zada

,éim

poss

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fala

rse

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ica.

Esse

fato

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lmen

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bsu

spei

taa

próp

riano

ção

deer

roem

língu

a.Se

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evist

opo

rum

ano

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não

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deco

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orga

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ção

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das

dife

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orga

niza

ção

estru

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len

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norm

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uma

língu

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fato

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eito

deer

ro.

estud

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ntífic

osda

lingu

agem

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alép

recis

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teap

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erar

econ

hece

raple

nitu

defor

mald

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varie

dade

sling

üístic

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emiss

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gua

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lingü

ística

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umiu

num

sóen

uncia

doof

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sda

lingu

agem

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rem

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ente

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publi

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orre

ção

que

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toda

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uma

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gua

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cada

serh

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mum

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gua

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lusiv

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AfW

AN

DO

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mo

mod

o,o

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deto

dano

rma

ter

orga

niza

ção

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utu

ral(

teru

mag

ram

átic

a)de

ixa

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ndad

aa

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ação

que

apar

ece

unu

mar

tigo

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jorn

alde

gran

deci

rcul

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(equ

etr

azem

osaq

uipo

rque

resu

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todo

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scur

soso

bre

alín

gua

port

ugue

sado

Bra

sil)

dequ

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ui[n

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rasi

l]tr

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ou-s

enu

mve

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sem

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cae

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.

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obvi

amen

te,

grup

osde

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ntes

que

não

dom

inam

oudo

min

ampr

ecar

iam

ente

dete

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adas

norm

as.

Um

bom

exem

plo

diss

asi

tuaç

ãodo

sfa

lan

tes

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ltu

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trin

seca

men

teu

rba

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nyje

ral.

eles

sóco

nseg

uem

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oduz

iras

norm

asru

rais

por

mei

ode

este

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ipos

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roex

empl

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tuaç

ãode

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ntes

pouc

o(o

um

al)

esco

lariz

ados

que

não

dom

inam

(ou

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apen

aspr

eca

riam

ente

)a

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ada

escr

ita

form

al.

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Por

outr

ola

do,

apes

arde

have

rdi

fere

nças

entr

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fala

ntes

quan

toao

dom

ínio

das

mui

tas

norm

asso

ciai

s,nã

ohá

fala

ntes

'que

fale

mse

mo

dom

ínio

deal

gum

ano

rma.

Dif

eren

tes

grup

osso

ciai

s,po

rte

rem

hist

ória

se

expe

riên

cias

cult

urai

sdi

vers

as,

usam

sim

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asdi

fere

ncia

das

(eat

édi

scor

dant

es).

Mas

não

hágr

upo

soci

alqu

enã

ote

nha

sua

norm

a,qu

efa

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mo

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rte

deum

ada

daor

gani

zaçã

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trut

ural

(não

há,

port

anto

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rnác

ulos

sem

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cae

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regr

as";

oqu

epo

deh

aver

—e

—sã

ove

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ulos

com

outr

aló

gica

eco

mou

tras

riíg

ras)

.

'HÊ

^ma

com

unid

ade,

vária

sno

rmas

Asi

tuaç

ão,

poré

m,

éai

nda

mai

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Page 5: Afinando conceitos

40 NORMACULTA BRaSILBRa: DESATANDO ALGUNS NÓS • CertosAlbertoforoco

cem no interior de cada comunidade lingüística. Daí que hoje muitosestudiosos da heterogeneidade sociolingüistica estejam optando por

A entender uma comunidade lingüística como composta de várias (assimchamadas) comunidades deprática(ver, porexemplo, Eckert2000).

Grosso modo, pode-se entender por comunidade de práticaum agregado de pessoas que partilham experiências coletivas notrabalho, nas igrejas, nas escolas, nos sindicatos e associações, nolazer, no cotidiano da rua e do bairro etc. Uma mesma pessoa dessa coletividade, bem como cada um de seus pares, pertence simultaneamente a diferentes comunidades de prática.

íEm cada uma dessas comunidades, costuma haver modos pe

culiares de falar (ou seja, há normas específicas) e o comportamento normal do falante é variar sua fala de acordo com a comu

nidade de prática em que ele/ela se encontra. E parte do repertório lingüístico de cada falante um senso de adequação, ou seja,ele/ela acomoda seu modo de falar às práticas correntes em cadauma das comunidades de prática a que pertence. Por isso, se dizque cada falante é um camaleão lingüístico. Obviamente, ele/elapode romper as expectativas por diferentes razões, entre outras^causar riso, provocar conflito ou assinalar que seus laços com aquela comunidade estão se tornando tênues9.

Pode-se observar, diante desse panorama de diversidade, que quanto mais tem avançado o estudo da heterogeneidade lingüística, mais elase mostra complexa.Assim, embora necessárias, são já insuficientes ascategorias tradicionais com que a sociolingüistica começou a trabalhar,como idade, gênero, etnia, nível de renda e escolaridade. Tornou-se indispensável analisar também as múltiplas redes de relaçõessociomteracionais de que participam os falantes» elas são fatores diretamente correlacionados com os diferentes modos de falar (e escrever),com as diferentes normas de uma determinada comunidade10.

•Para mais detalhes sobrecomunidades de prática, consultarWenger (1998). Paraumavisão geral de seu uso na pesquisa sociolingüistica, consultar, entre outros, Milroy &Oordon(2003),cap. 5.10 Trabalho pioneiro nesse sentido foi Milroy (1980). No Brasil, as pesquisas de StellaMariaBortoni-Ricardosão referência desde seu hoje clássicoestudo sobreos migrantesno Distrito Federal (Bortoni-Ricardo, 1985).

ARNANDO CONCEITOS 41

Compreender bem esse amplo quadro empírico é essencial.Sem essa compreensão, faltará chão firme para fazer avançar odebate das questões lingüísticas. Compreendidos esses dados fundamentais de como funciona a linguagem verbal, pode-se dar umpasso à frente buscando esclarecer outro aspecto fundamental: asvalorações sociais que recobrem diferentemente cada normaconstitutiva da língua e os muitos e complexos efeitos dessas distintas valorações — discussão que faremos adiante.

j§U Alguns exemplos

Porora, para deixar sedimentado o conceito denorma, é oportuno considerarmos alguns exemplos. Comecemos pela pronúncia de palavras como tia, tinha, dia, direito. Em algumas comunidades brasileiras, a norma (o 'normal') é a pronúncia africada(representável, paranossos fins, como tchia, toninha, djia, djireito)'*em outras comunidades, a norma é a pronúncia não-africada.

Outro exemplo. A norma, em boa parte do Rio Grande do Sul,no tratamento familiar do interlocutor, é o uso do pronome tul emoutras partes daquele Estado e do país, a norma é o uso do pronome você;ii

Outro aspecto interessante daquela normagaúcha é o uso de tucom a forma verbal da chamada terceira pessoa gramatical. O comum (o 'normal') é dizer tu vai, tu disse, tu pode, tu correu etc Noentanto, num contexto em que há um leve grau de distanciamentoentre os interlocutores, é comum os falantes passarem a usar o pronome tu com a forma verbal da chamada segunda pessoa gramatical(ou só a forma verbal sem o pronome explícito). Vai se dizer, então,(tu) vais, (tu) disseste, (tu) podes, (tu) correste etc.12 /

11 Para umestudo dialetológico do usodetoe vocênoRio Grande do Sul, consultaroAtlasLingüístico-Etnográfico daRegião StüdoBrasil, vol.2.11 Mais interessante ainda éobservar que, seseguidas deoutras formas verbais, estaspoderão vircom ousem concordância desegunda pessoa, segundo um rico sistema deprincípios socinlingaísticos variáveis, como bem demonstra oestudodeAmaral (2003).

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Page 6: Afinando conceitos

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42

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Antonio
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Antonio
Texto digitado
<----TAYANNE
Page 7: Afinando conceitos

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44 NORMA CULTABRASLBRa: DESATANDOALGUNS NOS . Cortei Alberto Foroco

Numa sociedade complexa, não há, obviamente, um totalencapsulamento e insulamento dos grupos sociais, nem de seusmembros. Assim, é inevitável o contato entre as muitas normasno intercâmbio social, seja pelo encontro de falantes de diferentes normas, seja pelo fato corriqueiro de um mesmo falante dominar mais de uma norma — dominar no sentido ativo, isto é, de sercapaz de fazer uso efetivo de mais de uma norma; ou apenas nosentido receptivo, isto é, de ser capaz de reconhecer e compreender determinada(s) normais), mas não de usá-la(s) efetivamente.

Um dos resultados desses contatos são as múltiplas e contínuas interinfluências entre as normas. Tome-se, como exemplo, asituação de uma comunidade ainda essencialmente rural que, noentanto, tem contato contínuo com as normas urbanas por meiodo rádio, da televisão e da escola e pense-se no espraiamento decaracterísticas urbanas na fala dessa comunidade — espraiamento que será tanto maior quanto mais positiva for a orientação delaem direção à cultura urbana15.

Não existe, em suma, uma norma "pura"' as normas absorvem características umas das outras — elas são, portanto, sempre hibridizadas. Por isso, não é possível estabelecer com absoluta nitidez e precisão os limites de cada uma das normas — haverásempre sobreposições, desbordamentos, entrecruzamentos.

Isso, evidentemente, torna o trabalho científico com aheterogeneidade lingüística ainda mais complexo e não é de admirar quenãohaja ainda, nointeriordos estudos lingüísticos, um modelo teórico capaz de dar conta de toda essa complexidade. Osm̂odelos teóricos atuais enfocam apenas parcelas desse todo.

Por outro lado, a lingüística histórica tem demonstrado que ojcontato e a hibridização das normas são fatores que favorecem oidesencadeamento de mudanças lingüísticas em diferentes dire-|çpes (cf., paramais detalhes, L. Milroy, 1980 —entre outros). Por-

15 Um estudo decaBO de assimilação decaracterísticas denorma urbana standard poruma normarural não-atandard podeser lidoem Guy &Zillea (noprelo).

AFINANDO CONCEITOS 45

tanto, assim como não há norma "pura", não há também nenhumanorma estática.

Estes diversos fatores —contatos entre normas, hibridizaçõese mudanças — acrescentam ingredientes fundamentais a qualquer discussão sobre questões de língua^ nunca é possível deixarde considerar que toda realidade lingüística é organizada, heterogênea, híbrida e mutante16.

_ Tendo este panorama geral sobro as normas lingüísticas nohorizonte, podemos nos encaminhar para a discussão- da chamadanorma culta.

Norma culta

Antesde mais nada, é preciso dizerquenão é simples conceituare identificar, no Brasil, a norma a que se dá o qualificativo de culta.Para facilitar, pode ser útil tomar como ponto de partida uma breve fotografia de pelo menos parte do amplo espectro das variedades que constituem a língua portuguesa no nosso país.

SÜjfi Os três continua e a linguagem urbana comum

Embora não exista ainda um levantamento exaustivo (ou suficientemente abrangente) da diversidade constitutiva do português brasileiro, dispomos já de ricos acervos de dados dialetoló-gicos e sociolingüísticos, além de um significativo registro da nossa

§ língua escrita do último meio século.

Há, desses dados, consolidações parciais, mas ainda nos faltauma consolidação geral que apresente uma descrição mais sistemática da cara lingüística do país como um todo.

'•Não édemais lembrar aqui que estes fatos característicos de toda realidade lingüísticaconflitam com asrepresentações queosenso comum temdalíngua como umarealidadehomogênea, pura e estática. Essas representações impedem, muitas vezes, umdebateprofícuo sobre questões lingüísticas.

Page 8: Afinando conceitos

4o

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Page 9: Afinando conceitos

48 NORMACULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NÓS • Co*» Atoei» Foreco

lantes que poderiam ser classificados de "cultos". Em outros termos, a norma culta brasileira falada pouco se distingue dos estilos mais monitorados dessa linguagem urbana comum, segundofica demonstrado pela análise dos dados coletados pelo projetoNURC (Norma Lingüística Urbana Culta) — (cf. Pretti, 1997).

Essa constatação empírica causou surpresa em alguns estudiosos dos dados do NURC. Imaginavam eles que os falantes cultos,nas situações de fala mais monitoradas, tinham uma variedade bemdistinta da linguagemurbana comum, ou seja, acreditavam eles que,na norma culta falada, os falantes seguiam estritamente, por exemrpio, os preceitos da tradição gramatical normativa.

A realidade, porém, desconcertou o imaginário: a norma culta brasileira falada se identifica, na maioria das vezes, com a linguagem urbana comum, ou seja, com a fala dos falantes que estãofora do grupo dos chamados (tecnicamente) de cultos (cf. Preti,1997: 18)20 e não propriamente com as prescrições da tradição gramatical mais conservadora21.

Vale lembrar, neste ponto, que o projeto NURC restringiu seucorpo de informantes a falantes que tinham escolaridade superior completa. Só estes eram considerados pertencentes ao grupodos "cultos", ou seja, dos usuários da "boa linguagem".

Encontramos aqui um primeiro critério para identificar o fenômeno lingüístico a que se dá o nome de norma culta- ela seria a

"Preti (1997: 26) conclui seu texto com a seguinte observação:"Em síntese, o que ocorpos doProjeto NURC/SP tem-nos mostrado (eissojánadécada de [19]70) é queosfalantes cultos, porinfluência das transformações sociaiscontemporâneas a que aludimosantes (fundamentalmente, o processo dedemocratização daculturaurbana), ousolingüístico comum (principalmente, a ação da norma empregada pela mídia), alémdeproblemas tipicamenteinteracionaie, utilizam praticamente omesmodiscurso dos falantes urbanos comuns, de escolaridade média, até em gravações conscientes e, portanto, demenor espontaneidade".n Isso não significaque os falantes ditos cultos nãousem estruturas preconizadas pelatradição gramatical conservadora em sua fala monitorada. Algumas destas ocorrem nanorma culta falada, mas, pelo que os dados indicam, sempre variavelmente com suascorrespondentes não"autorizadas" (eaté mesmo"condenadas") pelatradição gramaticalmais conservadora, quo, no ontnntn, mui normi.m nn linKitnRom urlmnn comum íi:f. ridiscussão em Leite, 1S97).

®

AFINANDO CONCEITOS 49

variedade de uso corrente entre falantes urbanos com escolarida

de superior completa, em situações monitoradas. Ou seja, a norma culta seria, pelos critérios do NURC, a variedade que está naintersecção dos três continua em seus pontos mais próximos dourbano, do letramento e dos estilos mais monitorados.

Nesse sentido, ela seria, no Brasil, a manifestação lingüísticade uma parcela ínfima da sociedade, considerando que aqui, noinício do século XXI, menos de 10% da população adulta tem escolaridade superior. Desse modo, a norma culta não- estaria, entre nós, desvencilhada de um certo matiz aristocrático: seria propriedade exclusiva da elite altamente letrada.

No entanto, a força centrípeta da linguagem urbana comumquebra, em parte, esse vínculo: de um lado, porque é ela que baliza, de fato, o falar culto brasileiro (a norma culta falada pouco sedistingue dela); e, do outro, porque é hegemônica nos meios decomunicação social22.

Em suma, ó esta linguagem urbana comum que baliza de fatoo falar culto (o que se poderia chamar tecnicamente de norma culta falada) e, ao mesmo tempo, tem poderoso efeito homogeneizantesobre as variedades do chamado português popular brasileiro28.

Ás principais características sintáticas da linguagem urbanacomum do Brasil podem ser facilmente catalogadas: desde o século XIX elas estão listadas pelos comentadores gramaticais maisconservadores como "erros comuns" da fala brasileira. Isto é, aspropriedades correntes (habituais, normais) na nossa linguagem

n Diante disso, fica a questão: tem sentido ainda insistirmos numa norma culta faladacomo distinta da linguagem urbana comum em seus estilos mais monitorados?° Apesar desse poder centripeto que a linguagem urbana comum exerce sobre as variedades do português popular,não podemosdeixar de notar que talvez esteja se consolidando, entre as gerações mais novas da população urbana da chamada periferia daa grandescidades,uma certa resistência a esse podercentripeto. O rap (que tem ocupadoespaçonos meios de comunicação social)e as manifestações literárias comoa de Ferraz, entreoutros, podem estar sinalizando uma crescente direção anti-homogeneizante. Só o estudo empírico híhLimomLíco o o ruLuro pmloríio oKi:liirix:or u confirmar (ou não) essa nossaimpressão.

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Page 10: Afinando conceitos

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Page 11: Afinando conceitos

52

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3

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Lispector

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eríssim

o,tenhamlhe

dadoacolhida

emseus

textos25.

Outro

exemplo

curiosoé

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dapreposição

como

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oucom

odeterm

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oudem

onstrativo)de

umsintagm

anom

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dade

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contraçãoé

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propinanão

espantouninguém

.0

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transferiro

julgamento

foiumpedido

dop

rom

oto

r.

Apesarda

chuvaespantaralguns

turistas,afesta

foiumsucesso.

Muitos,

porém,

consideraminadequada

suaocorrência

naescrita

culta.Há

atéaqueles

quechegam

aafirm

arque

acontra

çãonão

seguea

"norma

dalíngua"

—seja

láo

quequerem

dizerco

messa

exp

ressão2

8.

Não

há,porém,para

essejuízoprescritivo

nenhumfundam

ento

plausível,com

obem

argumenta

Evanildo

Bechara

emsua

Mo

dernagram

áticaportuguesa

(p.567-8).

Apesar

dacristalina

argumentação

deB

echara,sustentada

emexem

plosde

clássicosda

língua,o

textodo

Acordo

Ortográfi

coassinado

em1990

pelospaíses

quetêm

como

oficialalíngua

portuguesadeterm

ina(em

suaBase

XVIII,item2o,letra

b)que

nãose

façaa

contraçãona

escrita.Quando

talAcordocom

eçara

vigorar,teremos,seguindo

aargum

entaçãode

Bechara,empobre

cidoos

recursosestilísticos

dalíngua

porm

erapicuinha.

No

entanto,é

emtais

picuinhas,com

overem

osadiante

aodiscutiro

quecham

amos

norma

curta,quese

sustentaum

acerta

*»Sobreissoháumainteressantediscussão,comfartaexemplificaçâo,em

Bagno2001,cap.4,e

emBagno

2003,cnp.3.Nãoesqueçam

osda

brilhanteanálise

queM

attosCâm

araJúniorfezdessefenômenoemseuestudo"Elecomoum

acusativonoportuguêsdo

Brasil",publicado

originalmenteem

1957.M

EstaobscuraexpressãoconstadoM

anualderedaçãoeestilodeOEstadodeS

Paulo(p.86).

Page 12: Afinando conceitos

54

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oque

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língu

ale

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ima

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Bra

sil2

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iferen

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Viva

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Cultu

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ande

impre

nsa(

cf.Ba

gno2

001,

cap3)

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lta.

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,esse

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çase

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Page 13: Afinando conceitos

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56 NCRMA CJLTA BRASILEIRA: DESATANOO ALGUNS NCS • Cznot Albertoforoco

Esse reconhecimento da diversidade contribuiu também para

refinar a percepção a que já nos referimos antes, ou seja, a percepção de que, do ponto de vista exclusivamente lingüístico, osdiferentes modos sociais de falar e escrever a língua se eqüivalem' cada grupo de falantes realiza a língua por normas diferentes, mas nenhum deixa de ter suas normas.

Outra percepção importante desse processo de qualificaçãodas normas foi a de que existe uma hierarquização social delas.Isto é, embora não haja critérios lingüísticos capazes de sustentar uma diferenciação qualitativa das normas, esta diferenciaçãoocorre e é feita por determinados segmentos da sociedade tomando por base valores 30cioculturais e políticos29.

Há, na designação norma culta, um emaranhado de pressupostos e atitudes nem sempre claramente discemíveis. 0 qualificativo"culta", por exemplo, tomado em sentido absoluto, pode sugerir queesta norma se opõe a normas "incultas", que seriam faladas por grupos desprovidos de cultura. Tal perspectiva está, muitas vezes, presente no universo conceituai e axiológico dos falantes da norma culta, como ãca evidenciado pelos julgamentos que costumam fazer dosfalantes de outras normas, dizendo que estes "não sabem falar", "falam mal", "falam errado", "são incultos", "são ignorantes" etc.

Contudo, não há grupo humano sem cultura, como bem demonstram os estudos antropológicos. Por isso, é preciso trabalhar criticamente o sentido do qualificativo culta, apontando seu efetivo limite- ele diz respeito especificamente a uma certa dimensão dacultura, isto é, à cultura escrita. Assim, a expressão norma cultadeve ser entendida como designando a norma lingüística praticada, em determinadas situações (aquelas que envolvem certo graumaior de monitoramento), por aqueles grupos sociais que têm estado mais diretamente relacionados com a cultura escrita.

„Por outro lado, é interessante lembrar que essa designaçãofoi criada pelos próprios falantes dessa norma, o que deixa trans-

59 Uma densa diacuBaão da complexa questão da hierarquização das normas, tendo ocontexto francês como pano de fundo, pode ser lida em Bourdieu (1996).

AflNANDO CCNC3TCS 57

parecer aspectos da escala axiológica com que interpretam o mun

do. Seu posicionamento privilegiado na estrutura econômica e

social os leva a se representar como "mais cultos" (talvez porque,historicamente, tenham se apropriado da cultura escrita como bemexclusivo, transformando-a em efetivo instrumento de poder) e,por conseqüência, a considerar a sua norma lingüística — mesmodifusa em sua variapilidade de pronúncia, vocabulário e sintaxe

e, na fala, pouco distinta, no caso do Brasil, da linguagem urbanacomum — como a melhor em confronto com as muitas outras nor

mas do espaço social. Isso, como sabemos, é fonte de vários prejuízos e preconceitos lingüísticos que afetam o conjunto da socie

dade, mas, em especial, os falantes de normas que são particularmente estigmatizadas pelos falantes da norma culta.

E em razão de todos esses fatores que podemos afirmar ser a

questão da norma culta certamente das mais complexas no campo

das investigações lingüísticas, particularmente quando com ela

se mescla a questão da norma-padrão.

Foi talvez este fato que levou Haugen (1966/2001*- 102) a dizerque, "na tentativa de esclarecer essas relações, a ciência lingúís'tica tem tido um sucesso avenas modesto".

De fato, quando nos embrenhamos em seu estudo, fica logo

evidente que não se trata apenas de recortar um conjunto deter

minado de expressões da língua, como se o fenômeno sociocultural

da norma culta se resumisse a um problema exclusivamente devocabulário e estruturas gramaticais.

O que encontramos nesta área é um complexo entrecruza-

mento de elementos léxico-gramaticais e outros tantos de natu

reza axiológica que, em seu conjunto, definem o fenômeno que

designamos tecnicamente de norma culta. E é esse conjunto quetem de ser considerado se queremos desenvolver um entendimento

científico abrangente da complexidade desse fenômeno — enten

dimento este que terá de ser, portanto, multidisciplinar e não

aoenas lingüístico.

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Page 14: Afinando conceitos

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Novidade, enfim: o português são três!

;nscirancc-se nesse pcema de Drummono, a lingüista Rosa Virgínia Mattos e

Siiva puclicou, em 2C0A uma imccrtanie coleção de estudos com o :ítuio "0porwgüès são dois" — novas fronteiras, /eihcs problemas... Pcderiamcsimaginar que, ramcem nessa cera, a reaiiGace lingüística crasiieira e anaiisa-

da ceme constituída ce acis pcics que se receiem, mo entanto na p. 118,5

autera afirma cue ....

. No caso brasileiro, socioiinguisias e professores de português cém adotado a

- interpretação tnparuda da realidade lingüística brasileira: norma-padrão.

.. normais) cuitaís), normais) vemacuiais) [...]

Aqui temes ncvidacei Smccra :enna :ntituiaco seu livro de "0 ocnusuès sãodois", R. V. Mattos e Siiva, em. diversos momentos ca obra, nos aierta para o

fato de zue "o português [brasüeiro] são três".

A mesma proposta de análise tricartida é feita pelo lingüista Dante lucchesiem seu ango "Norma lingüística e realicadesociai", onde e!e propõe os termos norma-pa

drão, norma culta e norma popular.

Ne trabaiho cesses dois estudiosos (entre ou-

:ros) está refletido o esforço de chamar a atenção para a natureza polarizada da realidade sociolingüistica do português brasileiro. No capítulo 2, afirmamos cue, nas scciecaGes comelexas eietracas. e pcssivei esiaceiecer uma linha continua cue -em numa das e,xtre-

1 Qorrueués são três

Page 15: Afinando conceitos

midades a norma-patirão e, na outra, a variação lingüística. Aplicando aquelafigura à realidade do português brasüeiro, podemos dizer que a variação lingüística se subdivide em dois outros pólos, que recebem nomes diferentesconforme os autores:

"Norma-padrão" e "normaculta" nãosão sinônimos!

Uma coisa que logo deve chamar a atenção é que não se faz aqui a costumeira confusão entre norma-padrão e norma culta. Os estudiosos brasileiros da nossa realidade lingüística há algum tempo vêm alertando para anecessidade de distinguir essas cuas enticaaes.

É preciso fazer uma crítica atenta dos termos que vêm senão empregadospara classificar a variação lingüística do português brasüeiro, com uma atenção especiai à expressão "norma culta", aue é extremamente ambígua eproblemática. Além co fato de se confundir o uso real da língua por parte dosfalantes privilegiados aa sociedade urbana (a norma culta dos lingüistas) como modelo idealizado de língua "certa" cristalizado nas gramáticas normativas(a norma-padrão dos lingüistas), como se faz geralmente, existe também oproblema contido no uso do adjetivo "culto".

Por que chamar de culto apenas o que vem das camadas privilegiadas dapopulação? Epor que opor "culto" a "popular", como se o povo não tivessecultura e como se os falantes "cultos" não fizessem parte do povo? Éo quenos explica Carlos Alberto Faraco:

Há: na. designação; norma: culta:-"um; emaranfiadõ-- de: pressuposto»neim sempre claramente discciriLveisc-:Q;\caialirlcaãvo "culta',. pôr^exemplo;, tomadoem- sentido,absoluto;, podesugerirqueesta. norma:seopõe-a normas "LnoiE-"

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ias", que seriam faladas porgrupos desprovidos de cultura. Tal'• perspectivai Íestá, muitas vezes, presente no universo

conceituai e axiológico dos falantes da norma

culta, como fica evidenciado pelos julgamentos

mas, dizendo que estes "não sabem falar"', "Eà-

lam mal", "falam errado", "são incultos'", "são

ignorantes" etc.

Contudo, não há grupo humano sem cultura,

como bem demonstram os estudos antropológicos. Por isso;. é>preciso^ traBa-Lhar criticamente o sentido do qualificarivo culta, apontando1 seu:efetivórlr--

mite: ele diz respeito especificamente a uma ,^awsm«BWBcena dimensão da cultura, isto é, à cultura es

crita. Assim, a expressão norma culta deve ser

entendida como designando a norma lingüística

praticada, em determinadas situações (aquelas

que envolvem certo grau de formalidade),, por

aqueles grupos sociais mais diretamenie relacionados-com a cultura escrita,.

em especial por aquela legitimada historicamente pelos grupos que controlam o poder social.

E Rosa Virgínia Mattos e Siiva, no mesmo iivro já citado (p. 31), escreve, aocomentar um documento soDre ensino de língua elaboraao por uma comissão de notáveis em 1986:

Note-se [...] que o entendimento de "cultura" [no tal documento1 éexclusi

vo, restringe-se apenas á cultura letrada das classes dominantes, posição:

teórica indefensável por qualquer antropologia contemporânea, e,.na prátr-ca. indefensável para quem entende a democratização do saber e da cultura

não apenas como difusão do "saber e da cultura socialmente privilegiadosr

;.[•••]> mas também como difusão dos saberes e das culturas, das- diversas.

i, camadas sociais e culturais que constituem a sociedade brasileira. . - ..

que costumam fazer dos falantes de outras nor- •Qh^:^^c^.:ahx^!ÉÊ^r o,'/^g\ÇgãgjaffliiHEl»SCTHm1f^CB.air-

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. Cariüs^v^'êrtac'KracD;.''^Qixna.-ijar•_• dracsBrasileirasdÉsemBarnrnnifn-al- .

gmiS'n£sH7.'iniuV£;BãOTo;((jrH:):(_Znü2),."''•Eütgçastmw. ák~ narrrm.::Sãos.Fadlo:_'.

Cavaíá..

Novos nomes para velhos conhecidos

Para tentar fugir desses problemas é que proponho substituir a expressão"norma culta" porvariedades prestigiadas e chamar a "norma popular" ou"vernácula" de variedades estigmatizadas, com base na oposição entre

0 oonuguès sáo três

Page 16: Afinando conceitos

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