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Aula 05 CURSO ON-LINE P/ AUDITOR FISCAL DO TRABALHO
ECONOMIA DO TRABALHO - TEORIA E EXERCÍCIOS
PROFESSOR HEBER CARVALHO
AULA 05 Os diferenciais de salário.
Teoria do capital humano.
Olá caros(as) amigos(as)!!!
Nas aulas 03 e 04, foram analisadas as decisões dos trabalhadores
sobre se devem ou não ofertar trabalho e quanto de trabalho devem
ofertar. Em outras palavras, estudamos alguns condicionantes da oferta
de mão-de-obra. Hoje, estudaremos dois interessantíssimos assuntos: os
diferenciais de salário e a teoria do capital humano.
O primeiro tema, na verdade, apesar de estar listado como um item
separado no nosso edital, é uma mera continuação do estudo da oferta de
mão-de-obra. A diferença é que nesta aula enfatizaremos a influência de
outros fatores na oferta de mão-de-obra como, por exemplo, o risco de
acidentes. Tal assunto foi cobrado no concurso de 2006. Por fim, veremos
a teoria do capital humano (educação e treinamento), assunto cobrado no
concurso de 2010.
Dentro do nosso curso, considero os assuntos de hoje e das
próximas aulas os mais interessantes e agradáveis de serem estudados,
de forma que as aulas ficarão um pouco mais "light" (com exceção de
poucas partes) e, por que não, mais prazerosas. Assim, espero que se
divirtam!
Isto posto, aos estudos!!!
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ECONOMIA DO TRABALHO - TEORIA E EXERCÍCIOS
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OS DIFERENCIAIS DE SALÁRIOS E A
DIFERENCIAÇÃO COMPENSATÓRIA
Aula passada, nós vimos que o raciocínio do trabalhador é, de certa
forma, um tanto diferente do raciocínio do empresário ou empregador.
Este sempre visa à maximização dos lucros, enquanto aquele visa à
maximização da utilidade ou satisfação.
Daí decorre a ideia de que mais satisfação ou utilidade nem sempre
significa salários mais elevados. A suposição de que os trabalhadores
estão tentando maximizar a utilidade implica que eles estão
interessados nos aspectos financeiros e não-financeiros de seus
empregos. É bastante claro que o pagamento não é tudo o que importa:
as tarefas a serem executadas e como as preferências dos trabalhadores
se interligam com essas tarefas passam a ser importantes.
Se todos os empregos fossem rigorosamente iguais (mesma
atividade, carga horária, benefícios, etc) e localizados no mesmo lugar, a
decisão de um trabalhador sobre onde ofertar sua mão-de-obra seria
relativamente simples. Ele tentaria ofertar seu trabalho onde ele
recebesse a maior remuneração. Qualquer diferença na remuneração,
coeteris paribus, faria com que os trabalhadores buscassem emprego
junto aos empregadores que pagassem mais e evitassem aqueles que
pagassem menos.
Os empregadores que oferecessem remunerações mais elevadas
teriam uma abundância de candidatos. Assim, com o passar do tempo,
paulatinamente, eles concluiriam que seus salários oferecidos estavam
acima do que deveriam para que a quantidade suficiente de vagas fosse
ocupada. Por outro lado, os empregadores que até então pagavam menos
concluiriam que seria necessário elevar os salários para atrair o número
necessário de trabalhadores. Desta forma, em última instância, se o
mercado operasse livremente, as remunerações pagas por todos os
empregadores se equiparariam à medida que o tempo fosse passando
(lembre que estamos partindo do pressuposto que os empregos são
iguais).
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Entretanto, nem todos os empregos são iguais. Alguns empregos
situam-se em belos, modernos e climatizados escritórios; outros ao ar
livre, sob sol escaldante, barulho e sujeira. Alguns empregos exigem
bastante preparo educacional e treinamento, outros exigem apenas saber
ler e escrever. Alguns empregadores oferecem mais pacotes de benefícios
(plano de saúde, estacionamento grátis, etc) que outros, e assim por
diante.
Escolha individual e seus resultados
Suponha que alguns trabalhadores estejam inseridos em um
mercado de trabalho que possui duas empresas, as empresas A e B.
Agora imagine que estes trabalhadores tenham recebido propostas de
emprego destes dois empregadores. O empregador A paga R$ 10,00 por
hora e oferece condições de trabalho limpas e seguras, ou seja, trabalho
agradável. O empregador B também paga R$ 10,00 por hora, mas
oferece condições de trabalho sujas, barulhentas, e perigosas, ou seja,
trabalho desagradável. Qual trabalho você acha que os trabalhadores irão
escolher? Sem qualquer sombra de dúvida, todos irão responder que
todos os trabalhadores, ou pelo menos aqueles que tiverem juízo na
cabeça ou forem normais1, desejarão ofertar sua mão-de-obra para o
empregador A.
Assim, fica bastante evidente que o salário de R$ 10,00 por hora
não constitui um salário de equilíbrio para este mercado de trabalho, que
contém estas duas empresas. Uma vez que a empresa A considera fácil
atrair trabalhadores a R$ 10,00, ela tenderá a impor limites sobre
quaisquer aumentos salariais futuros. No entanto, a empresa B deve
melhorar as condições de trabalho, ou deve pagar salários mais altos, ou
fazer as duas coisas se quiser preencher o seu quadro de funcionários.
1 Pode haver algumas pessoas que são indiferentes ao barulho e sujeira, de forma que para essas pessoas tanto faz trabalhar para o empregador A ou B. Presumimos que estas pessoas são tão raras que elas não influem na situação empregatícia do setor.
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Presumindo que a empresa B decida não melhorar as condições de
trabalho, ela deve, obrigatoriamente, pagar um salário acima de R$ 10,00
se quiser ser competitiva no mercado de trabalho. O salário extra que
deve pagar para atrair os trabalhadores é chamado de diferencial
de salário compensatório porque o salário mais elevado é pago
para compensar os trabalhadores pelas condições indesejáveis de
trabalho. Se tal diferenciação não existisse, a empresa B não poderia
atrair os trabalhadores que a empresa A pode conseguir.
Suponha que a empresa B elevasse seu salário para R$ 12,00
enquanto o salário oferecido por A continuasse R$ 10,00. Esse diferencial
de R$ 2,00 por hora - aproximadamente R$ 4.000,00 por ano2 - é capaz
de atrair todos os trabalhadores do grupo para a empresa B? Se atraísse
a todos, haveria um incentivo para a empresa A elevar seus salários e a
empresa B poderia querer reduzir um pouco seus salários. Nesse caso, o
diferencial de R$ 2,00 não seria um diferencial de equilíbrio.
Por outro lado, se este diferencial (R$ 2,00) fosse a diferença exata
que fizesse com que as duas empresas pudessem obter a quantidade de
trabalhadores que quisessem, o diferencial de R$ 2,00 seria um
diferencial de equilíbrio no sentido de que não haveria forças que
fizessem com o que o diferencial mudasse.
Esse diferencial de salários serve a duas necessidades: uma do
ponto de vista social e outra do ponto de vista individual.
Do ponto de vista social, o diferencial serve para incentivar os
trabalhadores a realizar voluntariamente trabalhos sujos, perigosos ou
desagradáveis. Serve também como punição financeira aos empregadores
que oferecem condições de trabalho desagradáveis.
Em nível individual, serve como recompensa aos trabalhadores que
aceitam tarefas desagradáveis, à medida que eles auferem pagamentos
mais elevados do que aqueles recebidos pelos trabalhadores que estão
em empregos mais agradáveis.
2 Considerando 8 horas diárias de trabalho, 5 dias de trabalho por semana, 4 semanas por mês e 12 meses por ano.
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Comprando e vendendo condições de trabalho
Conforme vimos acima, os diferenciais de salários compensatórios
servem para recompensar aqueles indivíduos que aceitam condições de
trabalho mais desfavoráveis ou árduas do que receberiam em outro
emprego similar.
Da mesma forma, nós podemos dizer que aqueles trabalhadores
que optam por condições de trabalho mais agradáveis, na verdade, eles
"compram" tais condições ao aceitar um pagamento mais baixo. Se o
trabalhador ao escolher entres as empresas A e B, escolhe A, por ela
oferecer condições melhores de trabalho, ele, de fato, está desistindo do
pagamento horário de R$ 12,00 trabalhando em condições piores na
empresa B. Ou seja, as melhores condições de trabalho estão sendo
compradas por R$ 2,00 a hora.
Logo, o diferencial de salários compensatório é o preço em que
melhores condições de trabalho podem ser compradas. Assim, o
trabalhador que trabalha em A está "comprando limpeza e segurança" por
R$ 2,00 a hora. Já o trabalhador que trabalha em B está "vendendo
limpeza e segurança" por R$ 2,00 (ele vende o bem-estar que conseguiria
trabalhando em um local limpo e seguro e recebe em troca R$ 2,00 por
hora). Puxando um pouco mais para o economês ficaria assim: o custo de
oportunidade de trabalhar em A3 é de R$ 2,00 a hora; o custo de
oportunidade de trabalhar em B4 é o bem-estar que se perde ao trabalhar
em um lugar sujo, barulhento e perigoso.
3 Custo de oportunidade de trabalhar em A (ou preço/custo de se trabalhar em A) é o que se deixou de ganhar caso tivesse escolhido trabalhar em B. Isto é, R$ 2,00 por hora de trabalho.
4 Custo de oportunidade de trabalhar em B (ou preço/custo de se trabalhar em B) é o que se deixou de ganhar caso tivesse escolhido trabalhar em A. Isto é, o bem-estar de trabalhar em um ambiente limpo e seguro.
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Hipóteses do modelo
Normalmente quando se estuda qualquer modelo ou teoria,
começamos pelos pressupostos básicos ou hipóteses. Aqui, seguindo a
mesma sequência didática da nossa obra de referência5, decidi apresentar
somente agora as hipóteses do modelo.
Segundo o que aprendemos até agora, temos que diferenciais
positivos (salários mais altos) acompanham as características ruins,
enquanto os diferenciais negativos (salários mais baixos) acompanham as
características boas. Entretanto, é muito importante compreender que
essa previsão somente pode ser feita desde que os outros fatores se
mantenham constantes (coeteris paribus).
Assim, o resultado previsto de nossa teoria da escolha de emprego
não é que os funcionários que trabalham sob más condições recebam
mais do que os trabalham sob boas condições. A previsão é de que,
mantendo-se as características do trabalhador constantes, os empregados
em empregos desagradáveis recebem remunerações mais elevadas do
que aqueles sob condições mais agradáveis. As características que devem
ser mantidas constantes incluem todas as outras coisas que podem
influenciar o salário: qualificação, idade, raça e sexo6, região do país em
que se trabalha, etc. Assim, nossa teoria nos leva a concluir que os
empregadores que oferecem más condições de trabalho paguem salários
mais altos do que aqueles que oferecem empregos bons a funcionários
semelhantes.
Por exemplo, imagine um trabalhador não-qualificado, por exemplo,
um trabalhador da construção civil cuja função seja carregar sacos de
cimento. Este trabalhador pode optar por trabalhar em uma obra sob sol
escaldante ou trabalhar em um armazém fechado, limpo, com ar-
5 Ehrenberg, R.; Smith R.; A MODERNA ECONOMIA DO TRABALHO.
6 Aqui já estamos supondo que pode haver discriminação. Ou seja, dependendo da raça e sexo, os salários podem variar para maior ou menor.
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condicionado, água gelada, etc. Segundo a nossa teoria, o trabalhador
que está na obra sob sol escaldante receberá diferencial positivo (salário
maior) em relação àquele que está no armazém. Mas note que, em
qualquer caso, ele receberá a taxa salarial adequada para um trabalhador
não-qualificado. Ou seja, a comparação deve ser feita entre trabalhadores
semelhantes ou comparáveis. Em outras palavras, mantendo-se as os
outros fatores constantes, inclusive as características dos trabalhadores.
Assim, não vale comparar um indivíduo que é "segurança" de uma
multinacional com o "CEO7" da mesma, e dizer que o segurança receberá
um diferencial positivo porque suas condições de trabalho são mais
desagradáveis8 que as condições do CEO. Neste caso, não se aplica a
teoria porque os dois não são funcionários comparáveis, não foi obedecida
a condição: desde que os outros fatores se mantenham constantes.
Apesar disso, devemos saber que o raciocínio da ESAF ao elaborar
suas provas é algo complexo, o que deixa muitos candidatos loucos. Ao
estatuir qualquer assunto sem colocar as condições pressupostas, tome
cuidado, pois a ESAF considera a assertiva correta! Como exemplo, avalie
como verdadeiro ou falso a assertiva abaixo:
O salário extra que se deve pagar para atrair trabalhadores para
empregos com aspectos indesejáveis é definido como diferencial de
salários compensatório. (Para a ESAF, esta afirmação é verdadeira,
mesmo não possuindo o pressuposto: desde que os outros fatores se
mantenham constantes.)
Ademais, seguem mais alguns pressupostos ou hipóteses admitidas
para que a teoria do diferencial de salários compensatório seja possível:
• Maximização da utilidade. Nossa primeira hipótese é a de que os
trabalhadores buscam a maximização da utilidade e não da renda.
Caso contrário, eles sempre escolheriam o trabalho que oferecesse
7 Chief Executive Officer. Executivo de maior hierarquia em uma empresa.
8 Tem que ficar de pé o dia inteiro, geralmente não há intervalos para "cafezinho", não pode conversar, etc
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a maior remuneração, o que já vimos que não é necessariamente
verdade.
• Informação do trabalhador. Nossa segunda hipótese é a de que
os trabalhadores estão cientes das características dos empregos
que eles têm para escolher. Assim, não é possível que uma
empresa que ofereça um emprego "ruim" consiga contratar
trabalhadores sem pagar o diferencial de salário, tendo em vista
que os trabalhadores conhecem os aspectos ruins de trabalhar
naquela empresa (em outras palavras, estamos admitindo que a
empresa não consegue esconder ou mascarar os aspectos ruins do
trabalho).
• Mobilidade do trabalhador. A hipótese final é a de que os
trabalhadores têm uma série de ofertas de emprego para escolher.
Sem uma série de ofertas disponíveis para escolher, os
trabalhadores não seriam capazes de evitar os empregos que
oferecessem más condições de trabalho. Assim, os empregadores
não ofereceriam diferencial de salários compensatório, pois ou os
trabalhadores aceitariam os empregos ruins ou ficariam
desempregados.
A partir de agora, faremos uma análise das implicações teóricas de
salários compensatórios sobre uma característica negativa do emprego,
os riscos de acidentes, fazendo um estudo levando-se em conta as
considerações do empregado e do empregador e, posteriormente, as duas
ao mesmo tempo.
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TEORIA HEDONÍSTICA 9 DOS SALÁRIOS:
O RISCO DE ACIDENTES
Como já de costume, faremos graficamente esta análise do
diferencial de salários compensatório e do risco de acidentes. Creio que a
esta altura do campeonato, ninguém mais se intimida com os gráficos,
certo?! Faremos também duas análises em separado. Primeiro, as
considerações do empregado, depois as considerações do empregador.
Considerações do empregado
Podemos presumir com certa segurança que os trabalhadores, ao
menos a grande maioria, não apreciam o risco de se acidentar no
trabalho. Assim, um trabalhador que oferte sua mão-de-obra por R$
10,00 por hora em uma empresa em que 1% da força de trabalho
acidenta-se a cada ano atingiria determinado nível de utilidade/satisfação.
Caso o risco de acidente passe para 10% da força de trabalho e ele
continue recebendo o mesmo salário, sua utilidade será reduzida. Assim,
para que ele se mantenha no mesmo nível de utilidade com o maior risco
de acidentes, o empregador deverá lhe pagar um diferencial de salário
compensatório.
Certamente existem outras combinações (cestas) de taxas salariais
e níveis de risco que geram a mesma utilidade de R$ 10,00/hora - 1% de
risco. Essas inúmeras combinações podem ser conectadas em uma curva
de indiferença, que está plotada em um diagrama com o nível de risco de
acidentes no eixo das abscissas (horizontal) e a taxa salarial no eixo das
ordenadas (vertical). Desta maneira, nós temos que todos os pontos ao
longo da mesma curva de indiferença geram a mesma utilidade U1
(veja a figura 1).
Note que, ao contrário do que vimos na aula anterior, esta curva de
indiferença possui inclinação positiva ou crescente (a curva se inclina para
cima e não para baixo). Isto acontece porque, se o risco aumenta, os
9 O hedonismo é uma filosofia ou tendência que afirma a maximização do prazer como objetivo supremo do ser humano.
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salários devem se elevar para que a utilidade seja mantida constante (em
outras palavras, o risco de acidente é uma característica ruim e é esse
detalhe que exige maiores salários para maiores riscos a fim de se manter
a utilidade ao longo de uma curva de indiferença).
Por exemplo, se estamos no ponto A da figura 1 e, de repente, o
nível de risco de acidente no trabalho aumenta, é necessário que
recebamos um diferencial de salário compensatório positivo (salário
maior), para que fiquemos com a mesma utilidade e, assim,
permaneçamos na mesma curva de indiferença.
Note que no ponto C da curva, a pessoa recebe um salário
relativamente elevado (WC) e enfrenta um alto nível de risco (RC). Ela
estará disposta a ceder bastante na área de salários a fim de atingir uma
redução dada no risco porque os níveis de risco que ela enfrenta são
bastante altos para colocar a pessoa em perigo e o nível de consumo de
produtos comprados com o salário já é, de igual maneira, bastante
elevado.
No entanto, à medida que os níveis de risco e as taxas salariais
caem (para o ponto A, por exemplo), a pessoa se torna menos disposta a
ceder salários em troca de reduções no risco. O nível de risco já é
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suficientemente baixo a ponto de não colocar mais a pessoa em perigo e,
ao mesmo tempo, o nível de salário também é baixo de forma que este
pouco salário que a pessoa recebe será bastante valorizado. Assim, será
bastante difícil para ela aceitar reduções salariais neste ponto da curva.
Há uma curva de diferença para cada nível de utilidade possível.
Temos, então, um mapa de curvas de indiferença. Da mesma forma que
estudado na aula 03, curvas de indiferença mais altas serão preferíveis às
curvas mais baixas. A diferença é que as curvas que geram maior
utilidade apontam para noroeste (para cima e esquerda). Veja a figura 2:
Curvas de
Note que para o mesmo nível de risco R, as curvas mais à noroeste
apresentam níveis salariais maiores, indicando maior utilidade ao mesmo
nível de risco.
É evidente também que as pessoas divergem em sua aversão ao
risco de se acidentar. Há pessoas altamente avessas ao risco e que
certamente exigiriam fortunas salariais por qualquer aumento no risco,
enquanto as menos sensíveis ao risco irão requerer pequenos aumentos
salariais para manter a utilidade constante ao se aumentar o risco. Veja a
figura 3:
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Figura 3
Pessoa altamente
Pessoas mais avessas ao risco, em qualquer nível de risco, terão
curvas de indiferença mais inclinadas ou agudas do que as dos
trabalhadores menos sensíveis ao risco, conforme se vê na figura 3.
Observe que no ponto A, os dois trabalhadores possuem a mesma cesta
de utilidade, ao mesmo nível de risco (R1) e taxa salarial (W1). Ao
aumentarmos o risco para (R2), o trabalhador mais avesso ao risco exigi
um diferencial compensatório (WC-WA), enquanto aquele menos sensível
ao risco exigi um diferencial menor, (WB-WA), ratificando nossa tese de
que pessoas mais sensíveis ao risco irão requerer maiores aumentos
salariais para qualquer aumento no risco e de que curvas mais inclinadas
sugerem maior aversão ao risco.
Considerações do empregador
Ao estudarmos as considerações do empregado, o referencial foi o
nível de utilidade. Assim, para aumentar o risco e se manter no mesmo
nível de utilidade, o trabalhador deveria receber um diferencial de salário
compensatório positivo (salário maior). Do ponto de vista do empregador,
porém, o referencial serão os lucros.
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Desta maneira, devemos saber que é altamente custoso para o
empregador reduzir o risco de acidentes no ambiente de trabalho. Ele
incorre em gastos com equipamentos, treinamento dos trabalhadores10, e
assim por diante. Como consequência, se uma empresa toma a decisão
de reduzir os riscos de acidentes, ela deve reduzir os salários para manter
o mesmo nível de lucros, permanecendo, desta forma, competitiva no
mercado. Assim, a firma enfrenta um dilema: se ela fizer propostas que
façam com que seus lucros sejam muito altos, elas acabarão sendo
banidas do mercado pelas empresas concorrentes cujos custos são mais
baixos; por outro lado, se seus termos de emprego são muito baixos, elas
serão incapazes de atrair funcionários (que optarão trabalhar para outras
empresas). Essas duas forças de mercado obrigam as empresas em
mercados competitivos a operar com lucro zero11.
O raciocínio do porquê há redução de salários quando se quer
reduzir os riscos é simples: suponha que uma empresa possua receita de
R$ 1000,00, e o único custo da firma seja o pagamento de salários aos
seus empregados no valor de R$ 300,00. Terá lucro, portanto, no valor de
R$ 700,00 (lucro=1000 - 300). Se a empresa adotar um programa de
redução de riscos que tenha o custo de R$ 50,00, certamente ela tenderá
a diminuir os gastos com salários nos mesmos R$ 50,00, de tal modo que
ela permaneça com o mesmo lucro de R$ 700,00 (assim, a receita
permanecerá R$ 1000, os gastos serão R$ 50,00 com redução de riscos e
R$ 250 com salários).
Assim, do ponto de vista do empregador, riscos baixos estarão
associados a baixos salários e altos riscos estarão associados a altos
salários, mantendo-se os outros fatores constantes. Assim, se uma
10 Aqui se imagina o tempo de produção que é sacrificado ou perdido em virtude das sessões de treinamento de segurança.
11 Ao falarmos que a firma estará operando com "lucro zero", estamos, na verdade, querendo dizer que todos os custos são cobertos e a taxa de retorno sobre o investimento (ou capital) será aproximadamente igual àquela verificada para outros investimentos semelhantes. Ou seja, apesar da nomenclatura "lucro zero", o que se quer dizer é que os lucros serão iguais aos que a firma teria se tivesse feito outros investimentos semelhantes.
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empresa gastar mais em segurança, ela deve gastar menos em salários a
fim de permanecer competitiva (com os mesmos lucros).
A união dos vários pontos oriundos das diversas combinações entre
salários e níveis de risco de acidentes, que geram o mesmo nível de
lucros, dá origem à curva de isolucros (iso = igual). Assim, todos os pontos
ao longo de uma curva dada, tais como mostrados na figura 4, são
combinações de salário/risco que rendem o mesmo nível de lucros.
Figura 4
Taxa
Observe que as curvas de isolucros, ao contrário das curvas de
indiferença dos empregados, são côncavas12. Essa concavidade é uma
representação gráfica da suposição de que, à medida que se quer reduzir
mais os riscos, maior deverá ser a redução de salários para que a firma se
mantenha na mesma curva de isolucros. A explicação vem abaixo:
Se a firma estiver operando no ponto C da curva, um ponto em que
o risco de acidente é elevado, os primeiros gastos pela empresa para
reduzir o risco terão um retorno relativamente elevado porque a empresa
obviamente escolherá enfrentar o problema de segurança atacando os
12 As curvas de indiferença dos empregados são convexas, para quem as vê de baixo. Já as curvas de isolucros são côncavas, para quem também as vê de baixo.
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riscos mais evidentes e mais baratos de eliminar. Uma vez que a redução
de riscos é barata, a empresa não precisará reduzir os salários em muito
para manter os lucros constantes (transição do ponto C para o ponto B,
por exemplo). Ou seja, onde a curva de isolucros é mais plana, a redução
de riscos é mais barata e a redução de salários será menor por
consequência (se a redução de riscos é barata, a firma irá gastar pouco
com segurança e, desta forma, não precisa reduzir muito os salários para
se manter na mesma curva de isolucros).
No ponto B, entretanto, a curva é mais acentuadamente inclinada,
indicando que os salários terão de ser reduzidos bastante se a empresa
reduzir os riscos e quiser se manter no mesmo nível de lucros (transição
do ponto B para o ponto A, por exemplo, onde há uma pequena redução
de riscos e uma grande redução de salários). Essa grande redução salarial
é requerida porque, a essa altura, maiores aumentos na segurança serão
muito caros, pois todos os problemas mais evidentes e fáceis de resolver
já foram eliminados. Em outras palavras, e de modo mais técnico, nós
podemos dizer que a concavidade da curva é explicada pelo fato de os
rendimentos marginais para os gastos de segurança serem decrescentes
(à medida que se vai gastando mais com segurança a fim de diminuir os
riscos, estes gastos se tornam cada vez menos efetivos, pois exigem
maiores reduções salariais para menores reduções nos riscos).
Ao contrário do que ocorre do ponto de vista do empregado, onde
as utilidades crescem para o noroeste, no ponto de vista do empregador,
curvas a sudeste representam níveis de lucros mais altos porque, para
um mesmo nível de risco, os salários são mais baixos à medida que as
curvas caminham para sudeste. Como salários mais baixos indicam lucros
mais elevados, curvas a sudeste são melhores, pois indicam maiores
lucros, enquanto curvas a noroeste indicam lucros mais baixos. Veja a
figura 05:
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Figura 5
Também presumimos, assim como fizemos com a análise do ponto
de vista do empregado, que os empregadores diferem quanto à facilidade
que têm em reduzir os riscos. Curvas de isolucros mais inclinadas indicam
que grandes reduções salariais serão necessárias para manter os lucros
constantes (ou seja, a redução do risco é cara). Curvas de isolucros
menos inclinadas indicam que pequenas reduções salariais serão
necessárias para manter os lucros constantes (ou seja, a redução do risco
é barata). Veja a figura 06:
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Note que a firma possuidora da curva de isolucros mais plana (AB),
tem menores custos para reduzir os riscos. Ao reduzir o risco de R2 para
R1, ela deve reduzir os salários em (WB - WA). Já a firma possuidora da
curva de isolucros mais inclinada (AC) possui maiores custos para reduzir
os custos. Ao reduzir o risco de R2 para R1, ela deve reduzir os salários
em (WC - WA), portanto, mais cara esta redução de riscos.
Combinação de empregadores e empregados
Para entender como funcionará a interação entre as preferências de
empregados e empregadores levando-se em conta o aspecto do risco de
acidentes, usaremos como ponto de partida duas linhas de isolucros de
duas empresas diferentes, conforme aparece na figura 7.
A empresa X, que é a empresa que pode reduzir o nível de risco de
acidentes de forma mais barata (curva de isolucros mais plana), pode
fazer ofertas salariais mais altas do que a empresa Y em níveis baixos de
risco (à esquerda da reta RR'). Já que pode produzir de forma mais barata
quando o risco reduzido, ela pode pagar salários mais elevados em baixos
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níveis de risco. Assim, qualquer ponto ao longo do segmento XR' será
preferível a qualquer outro ponto ao longo de YR' porque, para mesmos
níveis de risco, salários mais elevados serão pagos em XR' (portanto,
pagos pela empresa X).
Por outro lado, em níveis de risco mais altos, a empresa Y pode
pagar salários mais altos do que a empresa X. Veja que quando os riscos
são altos (à direita da reta RR'), os salários pagos pela empresa Y são
maiores, de forma que qualquer ponto ao longo do segmento R'Y' será
preferível a qualquer outro ponto ao longo de R'X' porque, para mesmos
níveis de risco, salários mais elevados serão pagos em R'Y' (portanto,
pagos pela empresa Y).
Assim, a partir desta simples análise, nosso modelo hedonístico
gera duas importantes conclusões:
Trabalhadores com fortes preferências pela segurança (trabalham
com nível de risco à esquerda da reta RR') tenderão a aceitar
empregos em empresas onde a segurança custa mais barato. Assim
eles tendem a buscar e a aceitar empregos mais seguros com
salários mais baixos (segmento XR'). Trabalharão,
conseqüentemente, na empresa X, onde a redução do risco é mais
barata.
Trabalhadores menos avessos ao risco (trabalham com nível de
risco à direita da reta RR') tenderão a aceitar empregos onde a
segurança custa muito caro (ou a redução de risco é cara). Assim
eles tendem a buscar e a aceitar empregos menos seguros com
salários mais elevados (segmento R'Y'). Trabalharão,
conseqüentemente, na empresa Y, onde a redução do risco é mais
cara.
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CALCULANDO O DIFERENCIAL DE SALÁRIOS
COMPENSATÓRIO
No concurso para AFT, em 2006, a ESAF elaborou uma interessante
questão sobre o diferencial de salários compensatório. Era uma questão
mais de Matemática do que de Economia verdadeiramente falando, mas,
para resolvê-la, o candidato deveria ter pelo menos a noção básica de que
o trabalhador procura manter-se no mesmo nível de utilidade
(conhecimento de Economia), mesmo que as condições dos empregos
variem. A partir desta pré-condição de se manter no mesmo nível de
utilidade, calcular os valores que levariam a condição. Então, vejamos a
questão:
AFT/2006 - ESAF - Suponha que todas as pessoas tenham a
mesma preferência quanto a trabalhar num emprego que ofereça
um ambiente poluído. Em particular, a função utilidade para todos
os trabalhadores é dada por:
onde W é a taxa de salário oferecida pelo emprego e X é a
proporção do ar da firma afetada pela poluição. Existem somente
dois tipos de empregos na economia, trabalho "limpo" (X=0) e
trabalho "sujo" (X=1). Seja W0 a taxa de salário paga por um
emprego "limpo" e W1 a taxa de salário paga por um emprego
"sujo". Se W0=16, qual é o diferencial de salários compensatório
de mercado?
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COMENTÁRIOS:
Primeiro devemos definir o que a questão quer. Ela quer o diferencial de
salários compensatório. Ou seja, é a diferença. É o salário do emprego
sujo (que será maior para compensar o aspecto indesejável da sujeira)
subtraído do salário do emprego limpo. Ou seja:
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Diferencial compensatório = W1 - W0
Diferencial compensatório = W1 - 16
^ Nota: se fosse solicitado o salário compensatório, deveríamos
calcular apenas W1 e este valor já seria a resposta. No entanto, foi
solicitado o diferencial compensatório, ou seja, a diferença entre os
salários do emprego sujo e do emprego limpo que compensa trabalhar no
sujo.
Pela teoria que estudamos na aula, sabemos que o trabalhador deve
apresentar a mesma utilidade no emprego sujo e no emprego limpo. O
que irá garantir que o trabalhador permaneça no mesmo nível de
utilidade (mesma curva de indiferença) mesmo trabalhando no emprego
sujo é justamente o diferencial compensatório positivo (salário maior).
Então, vamos aos cálculos:
Nós possuímos o W0 e X para emprego limpo (X=0 e W Ü = 1 6 ) . Assim,
podemos calcular a utilidade U0 quando o emprego é limpo:
Utilidade emprego limpo:
A utilidade para o emprego limpo é igual a 4. Ao trabalhar no emprego
sujo, o nível de utilidade deve ser o mesmo. Assim, podemos calcular o
salário W1 que será pago quando o emprego é sujo, pois sabemos a
utilidade U=4 e sabemos também que X para emprego sujo é igual 1.
Então:
Salário compensatório do emprego sujo
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A utilidade é dada por:
Utilidade emprego sujo:
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Assim, temos as seguintes conclusões:
• Salário compensatório do emprego sujo: W=25
• Diferencial de salário compensatório: W=25-16 Diferencial = 9
GABARITO: D
CAPITAL HUMANO: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
Em Economia, investimento significa a compra de bens que
possibilitarão aumentar a produção. Em outras palavras, significa
aumentar o estoque de capital13. Assim, investir significa aumentar o
capital da economia, pois quanto mais capital determinada economia
tiver, maior será a sua capacidade de produção.
O uso deste capital, por sua vez, pode gerar rendimentos ao seu
possuidor. Dizemos, então, que o capital pode ser alugado ou arrendado a
terceiros. É possível também que o dono do capital usufrua diretamente
dele e obtenha rendimentos na forma de lucros, em vez de arrendá-lo.
Enfim, ao adquirir capital, na maioria dos casos, o seu possuidor quer
retornos financeiros sobre o investimento.
Pois bem, acontece que quando os trabalhadores investem em sua
formação e treinamento, da mesma forma que ocorre quando se aumenta
o capital, a capacidade de produção da economia também aumenta. No
entanto, este aumento da produção ocorre sem que haja aumento do
estoque de capital das empresas. Apesar do capital das empresas não ter
aumentado, é dito, neste caso, que o capital humano (qualificação,
habilidades, produtividade, etc) aumentou e este aumento do capital
humano também é responsável pelo aumento da produção. Assim,
13 São os bens utilizados pela firma para efetivar e operacionalizar a sua respectiva produção.
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quando os trabalhadores incorrem em gastos visando à sua qualificação,
estes gastos também podem ser considerados investimento, pois se está
aumentando o capital, só que desta vez o capital humano.
Os trabalhadores incorrem em três tipos principais de
investimentos:
Assim, o investimento em capital humano seria uma série de
habilitações e conhecimentos que os trabalhadores "alugam" ou
"arrendam" aos empregadores. Os conhecimentos e habilitações de um
trabalhador que são oriundos da educação e da profissionalização,
incluindo-se o treinamento proporcionado pela experiência, geram um
certo estoque de capital produtivo, o capital humano. O valor desta
quantia de capital humano provém do quanto essas habilitações podem
ganhar no mercado de trabalho. A busca do emprego e a migração são
atividades que aumentam o valor do capital humano, pois aumentam o
preço por um dado estoque de qualificações14.
Assim, o valor total do patrimônio das sociedades deve ser visto
como uma combinação tanto de capital humano como capital não-
humano. O capital humano inclui os investimentos acumulados em
atividades como educação, treinamento e migração, ao passo que o
capital não-humano inclui o estoque de máquinas, instalações,
ferramentas, etc.
Pode-se entender, então, que o aumento da capacidade produtiva
da firma e da sociedade em geral passa não somente pelo aumento do
estoque de capital "físico", mas também pelo aumento do grau de
instrução de seus trabalhadores (aumento do capital humano). Ou seja,
quando os trabalhadores investem em sua formação e treinamento, a
capacidade de produção da economia também aumenta, da mesma forma
que ocorre quando se aumenta o capital físico das empresas. No entanto,
14 O preço por este estoque de qualificações é o salário.
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Educação e profissionalização,
Migração e
Busca de novos empregos.
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este aumento da produção ocorre sem que haja aumento do estoque de
capital das empresas. Apesar do capital das empresas não ter
aumentado, é dito, neste caso, que o capital humano (qualificação,
habilidades, produtividade, etc) aumentou e este aumento do capital
humano também é responsável pelo aumento da produção. Assim,
quando os trabalhadores incorrem em gastos visando à sua qualificação,
estes gastos também podem ser considerados investimento, pois se está
aumentando o capital, só que desta vez é o capital humano de quem
estamos falando. Quanto maior é o capital humano de uma
determinada sociedade, maior será o seu desenvolvimento e bem-
estar, e maior também será a produtividade das empresas.
Nos dias de hoje, o capital humano tem ganhado bastante
importância, e tem se exigido cada vez mais qualificações e habilidades
dos trabalhadores, em todos os níveis. Um(a) secretário(a) atualmente
deve saber utilizar com alguma intimidade diversos softwares de
computador. Em alguns casos, exige-se até que ele(a) saiba falar outro
idioma, mesmo que não seja necessário para o seu emprego (rs!).
Antigamente, pessoas com tais qualificações eram bem mais raras no
mercado de trabalho. Hoje, isso é o mínimo que se exige!
Neste sentido, surge outro ponto interessante acerca do capital
humano. É o fato de que ele é uma fonte de diferenciação de
salários, no sentido de que quanto mais capital humano se possui,
maior será a remuneração recebida pelas pessoas. Isto é algo
bastante intuitivo: quanto maior a qualificação das pessoas, maior será o
salário recebido. Em outras palavras, o nível salarial depende
diretamente do capital humano.
De fato, grande parte da riqueza de uma comunidade está baseada
no capital humano, isto é, no talento, conhecimento e habilidades de seus
trabalhadores. Dois exemplos recorrentes usados para comprovar esta
teoria são o ataque atômico a Hiroxima, no Japão, e os bombardeios que
devastaram Hamburgo, na Alemanha, ambos ocorridos durante a segunda
guerra mundial. Nos dois casos, o estoque de capital não-humano foi
destruído em mais de 50%. No entanto, foi verificado que poucos dias
após a bomba atômica e os bombardeios, respectivamente, os sistemas
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essenciais das duas cidades estavam funcionando (energia elétrica, gás,
serviços telefônicos, serviço ferroviário, abastecimento de água, serviço
postal, etc). A velocidade e sucesso da recuperação a partir desses
desastres levaram os economistas a fazer duas observações:
• A fração da riqueza real da comunidade representada pelo material
visível é pequena com relação à fração representada pelo
conhecimento e talentos acumulados da população;
• Há enormes reservas de energia e de esforço na população que não
são aproveitadas em tempos normais, mas que podem ser utilizados
sob circunstâncias especiais como as prevalecentes depois dos
desastres mostrados nos exemplos acima.
Mas o que faz os trabalhadores investirem no capital humano? O
que faz com que eles gastem, em muitos casos, rios de dinheiro em sua
educação e profissionalização, migração e busca de novos empregos?
O que move as pessoas em direção a investimentos no capital
humano certamente são os retornos esperados, a saber:
Da mesma forma que existem os retornos esperados, há também
os gastos de investimento que podem ser divididos em três categorias:
Despesas à vista ou diretas - inclui os gastos correntes com a
educação e profissionalização, migração e busca de novos empregos
(mensalidades escolares, livros, despesas de mudança, transporte,
etc);
Os ganhos cedidos - é o custo de oportunidade. É o que se deixou
de ganhar caso a pessoa estivesse trabalhando em vez de estar se
profissionalizando de forma mais intensa;
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Um nível mais alto de ganhos,
Maior satisfação no emprego no decorrer da vida e
Maior apreciação pelas atividades e interesses fora do
mercado.
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As perdas psicológicas - a educação e profissionalização, busca de
novos empregos e migração impõem um custo psicológico ao
trabalhador, que deixa para trás lazer, convívio familiar, amigos e
ainda há o fato de que o processo de educação e busca de emprego
geralmente é desagradável, enfadonho, tedioso, irritante, entre
outras características.
A partir de agora, estudaremos os condicionantes da demanda por
educação pelos trabalhadores. Após isso, veremos a relação que existe
entre a educação e os ganhos do trabalhador.
DEMANDA POR EDUCAÇÃO PELOS TRABALHADORES
Há diversas maneiras pelas quais os trabalhadores efetivos ou em
potencial podem aumentar sua capacidade de ganho por meio da
educação ou profissionalização. Eles podem fazer um curso técnico ou
profissionalizante. Podem simplesmente concluir o segundo grau, ou
podem fazer uma faculdade. Nossa análise da demanda por educação
será voltada para o caso da demanda pela educação universitária como
ilustração e aplicação da teoria do capital humano.
Nós podemos, resumidamente, apresentar quatro previsões
concernentes à demanda pela educação universitária:
1. Pessoas voltadas para o presente têm menos possibilidades de
ir para a universidade do que as pessoas com os olhos voltados
para o futuro (mantendo-se os outros fatores constantes). A
previsão é de que pessoas orientadas para o presente (pensam mais no
momento atual) têm menos probabilidades de incorrer em sacrifícios e
custos no presente pensando no seu futuro. Assim, terão menor
probabilidade de frequentar a universidade. Esta afirmação sugere
também que pessoas que tem alta propensão a investir em educação se
envolvem em mais comportamentos voltados para o futuro.
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2. A maioria dos estudantes universitários é jovem. Frequentar uma
universidade é uma atitude voltada para o futuro, visando à recuperação
do investimento, realizado no presente, durante as fases futuras da vida.
Como os jovens têm uma vida de trabalho remanescente mais longa pela
frente, tendem a se preocupar mais em frequentar universidades.
3. A frequência à universidade declina se os custos se elevam
(mantendo-se os outros fatores constantes). Os principais custos
financeiros de se cursar uma faculdade são os ganhos cedidos ou
cessantes e os custos diretos (mensalidades, livros, transporte, etc).
Assim, se os ganhos cessantes ou custos de mensalidades se elevam,
mantendo-se os outros fatores constantes, poderíamos esperar um
declínio nas matrículas universitárias.
4. A frequência aumentará se a diferença entre os ganhos dos
formados em universidades e os dos formados em colégios
secundários aumentar (mantendo-se os outros fatores
constantes). Primeiro de tudo, é importante destacarmos que os ganhos
médios recebidos pelos recém-formados em universidades têm uma
importante influência sobre as decisões dos estudantes. Assim, se a
diferença média dos ganhos entre recém-formados na universidade e os
recém-formados no segundo grau se reduzir, é de se esperar que as
taxas de matrículas nas universidades declinem. Por outro lado, se esse
diferencial se ampliar, as taxas de matrícula devem aumentar.
Diferenças de ganhos e a demanda por educação:
O modelo de teia de aranha e as expectativas
Como vimos acima, a demanda pela educação é influenciada pelas
diferenças nos ganhos decorrentes de um investimento educacional. No
entanto, estes ganhos são dependentes das interações entre oferta e
demanda de mão-de-obra. Em outras palavras, os retornos para a
educação em si são afetados pelo número de pessoas que freqüentam a
universidade e competirão no mercado de trabalho.
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Para obtermos uma visão geral de como o número de universitários
e os retornos dos investimentos em educação são relacionados, é
necessário voltar ao nosso modelo simples de mercado de trabalho visto
na aula 00 (visão geral da demanda e oferta de mão-de-obra).
As figuras 8 e 9 mostram a demanda e oferta por bacharéis
universitários no mercado de trabalho.
O que aconteceria se a demanda por bacharéis universitários
aumentasse? A figura 8 mostra que a curva de demanda mudaria para D',
os salários dos bacharéis se elevariam de WE para WE'. Da mesma forma,
esse aumento nos salários e na demanda serviria como incentivo para
que mais pessoas frequentassem a universidade, e o número de
bacharéis se elevaria.
O que aconteceria se a oferta de bacharéis aumentasse, indicando
que mais pessoas querem fazer a universidade para se tornar um
bacharel? A figura 9 mostra que a alteração para direita (para O') na
oferta de bacharéis faz com que seus salários caiam para WE", o que
certamente desestimulará muitas pessoas a fazerem a universidade.
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Figura 9
Infelizmente, o ajustamento das matrículas universitárias a
mudanças nos retornos da educação não é instantâneo, especialmente
em áreas técnicas, como a engenharia, odontologia ou medicina. O
problema é que se os salários da área da engenharia, por exemplo,
fossem se elevar repentinamente, a oferta de engenheiros formados não
seria afetada por quatro ou cinco anos (devido ao tempo que é necessário
para aprender a profissão). Da mesma forma, se os salários de
engenharia fossem cair, os estudantes com esse diploma relutariam em
abandonar a sua área de imediato. Eles provavelmente prefeririam
segurar suas oportunidades em engenharia.
A incapacidade de responder rapidamente a novas condições de
mercado pode provocar ciclos de expansão e retração no mercado para
funcionários altamente técnicos. Se o governo desconhece esses ciclos,
ele pode procurar estimular ou reduzir as matrículas em ocasiões em que
deveria estar fazendo exatamente o oposto, conforme veremos a seguir:
Suponha que o mercado para engenheiros esteja em perfeito
equilíbrio, ao salário WO e ao número de engenheiros NO (ver figura 10).
Suponhamos agora que a curva de demanda de engenheiros passe de D0
para D1. Inicialmente, esse aumento na demanda por engenheiros não irá
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aumentar a quantidade de engenheiros no mercado além de N0, já que
leva muito tempo para se graduar em engenharia. Assim, embora a maior
demanda por engenheiros faça com que mais pessoas decidam ingressar
na área, o número disponível para emprego no momento é N0. Esses
engenheiros N0, portanto, podem obter um salário W1 (neste caso, a
curva de oferta de engenheiros por alguns poucos anos será vertical ao
nível N0, até que a oferta de formados em engenharia seja aumentada).
Figura 10
Número de empregados bacharéis (N)
Veja que o salário W1, o salário atual dos engenheiros, situa-se
acima de W*, o novo salário de equilíbrio de longo prazo causado pela
intersecção de D1 e O. O mercado, por sua vez, não está ciente de W*,
está observando somente W1. Assim, as pessoas presumem que W1 é o
novo salário de equilíbrio, portanto, N1 pessoas (figura 11) entrarão na
área de engenharia a fim de ofertar sua mão-de-obra. Quando essas N1
pessoas se formarem, haverá um excedente de engenheiros (pois W1 está
acima do salário de equilíbrio de longo prazo).
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Figura 11
Com a oferta de engenheiros temporariamente fixa em N1, o salário
cairá para W2 (intersecção de N1 com a curva de demanda D1). Essa
queda fará com que os estudantes e trabalhadores saiam da área de
engenharia, mas o efeito não será sentido por alguns anos. Neste meio-
tempo, note que W2 está abaixo do equilíbrio de longo prazo
(representado pela bola preta ao centro, onde temos W* e N*). Assim,
quando a oferta se ajustar, ela se ajustará em N2 (intersecção da curva
de oferta com W2). Isto faz com que os salários se elevem para W3
(intersecção do nível de emprego N2 com a curva de demanda D1), e o
ciclo se repete. Com o passar do tempo, as alterações se tornam menores
e, finalmente, o equilíbrio é alcançado.
Como o caminho do ajustamento na figura 11 se parece com uma
teia de aranha, o processo de ajustamento descrito é chamado de
modelo de teia de aranha.
O pressuposto crítico para que haja o modelo de teia de aranha é a
suposição de que os trabalhadores formam expectativas míopes ou
ingênuas sobre o futuro comportamento dos salários. Em nosso caso
acima, inicialmente, eles supõem que W1 prevalecerá no futuro e ignoram
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a possibilidade de que as decisões de escolha dos outros irão, ao fim de
quatro ou cinco anos mais tarde, fazer com que o salário caia para
valores abaixo de W1. A forma como os trabalhadores formam
expectativas a respeito dos níveis de salários futuros é muito importante
para compreender algumas questões-chave que afetam o mercado de
trabalho, e que é usada pelas instituições do governo na aplicação das
políticas públicas.
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A forma mais simples e ingênua de se prever os futuros níveis
salariais está em presumir que o observado hoje se repetirá no futuro.
Essa suposição ingênua é a que causa o modelo da teia de aranha.
Outra forma de se prever os futuros níveis salariais está em se
estabelecer que os salários esperados futuros sejam uma espécie de
média dos salários correntes e passados. A este tipo de formação de
expectativas chamamos de expectativas adaptativas.
É normal que maior peso seja dado aos salários correntes na
formação das expectativas adaptativas, porém as mudanças nesses níveis
antes do período atual não são ignoradas. O uso das expectativas
adaptativas ainda tem grande possibilidade de levar ao comportamento
que observamos na teia de aranha. No entanto, as flutuações devem ser
menores e as previsões provavelmente estejam mais próximas do alvo do
que as feitas ingenuamente.
Existe outro modelo de formação de expectativas mais sofisticado.
Neste modelo, é suposto que os trabalhadores são altamente racionais,
de forma que eles têm claramente em suas cabeças, ao menos
implicitamente, que um aumento nos ganhos de mercado dos
engenheiros (por exemplo) provavelmente será temporário, já que a
oferta irá expandir-se e, finalmente, fazer com que os retornos de um
investimento nas qualificações de engenharia fiquem alinhados com os de
outras ocupações. Este é o modelo de expectativas racionais, que supõe
que os trabalhadores, devido à sua racionalidade, não serão enganados
na previsão para mais ou para menos dos futuros níveis salariais.
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A forma como as pessoas formam as expectativas constitui uma
importante questão. No caso de profissões técnicas como engenharia,
medicina, advocacia, odontologia, flutuações periódicas na oferta
semelhantes ao modelo de teia de aranha têm sido verificadas na prática.
Independente de tais flutuações serem o resultado de expectativas
ingênuas ou não, a lição do modelo da teia de aranha não deve ser
esquecida pelos aplicadores das políticas governamentais.
O governo tem condições, através de suas expectativas racionais,
intervir no mercado e evitar distúrbios como os que acontecem no modelo
da teia de aranha. Por exemplo, nos estágios iniciais de uma escassez,
quando os salários estão se elevando para W1 (nosso exemplo), o
governo deveria estar destacando que W1 provavelmente ficará acima do
equilíbrio de longo prazo. Se, em vez disso, ele tentar enfrentar a atual
escassez subsidiando os estudos nessa área, estará encorajando um
excedente ainda maior alguns anos mais tarde. Assim, torna-se bastante
claro que é necessário um conhecimento bastante grande da forma e
velocidade com que os mercados se ajustam às mudanças na demanda
ou na oferta antes de se ter certeza de que a intervenção governamental
trará mais benefícios que malefícios à comunidade.
Relação entre educação e ganhos
Até agora, utilizamos a teoria do capital humano para analisar a
demanda pela educação, em particular a educação universitária. Agora,
veremos as relações entre o nível educacional e os ganhos do
trabalhador.
Seguem as quatro principais relações:
1. Os ganhos médios dos trabalhadores elevam-se com o nível de
educação. Relação bastante óbvia, afinal, quanto maior o nível de
educação ou treinamento, maiores serão os ganhos.
2. O aumento mais rápido nos ganhos ocorre no começo da vida
de trabalho, dando assim uma forma convexa aos perfis de
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idade/ganhos tanto de homens como de mulheres (figuras 12 e
13). Inicialmente, quando a idade é baixa, os ganhos são poucos pois
nesta fase da vida estão sendo feitos grande parte dos investimentos no
capital humano (em treinamento). À medida que novas qualificações são
adquiridas, os ganhos elevam-se rapidamente. No entanto, à medida que
os trabalhadores envelhecem, o ritmo dos treinamentos se reduz e o
mesmo ocorre com os ganhos médios (já que consideramos que maiores
investimentos em treinamentos estão relacionados com maiores níveis de
ganhos e vice-versa), até o ponto em que as antigas qualificações se
depreciam excessivamente como resultado da falta de continuidade de
investimentos e do processo de envelhecimento.
3. Os perfis de idade/ganhos tendem a se espalhar, de forma que
as diferenças de ganhos relativas à educação em etapa posterior
da vida dos trabalhadores são maiores do que as anteriores
(figura 12). Trabalhadores que inicialmente investem mais no capital
humano tendem a continuar com este hábito ao longo de suas vidas, de
forma que a diferença de ganhos entre eles e aqueles que não investem
em educação só tende a aumentar (as curvas vão se espalhando para
cima).
4. Os perfis idade/ganhos dos homens tendem a ser mais
convexos e a se espalhar mais do que os das mulheres (figuras 12
e 13). Geralmente a vida de trabalho esperada para as mulheres é mais
curta15 do que para os homens. Assim, as mulheres não têm apresentado
a mesma continuidade de treinamento e experiência acumulada por seus
colegas homens. Por isso, nós vemos claramente na figura 13 que as
curvas de idade/ganhos das mulheres são mais planas que a dos homens
(espalham menos), indicando que elas não mantêm o mesmo nível de
investimento no capital humano dos homens ao longo da sua vida, por
razões explicadas na nota de rodapé 15, logo abaixo. Por não manter os
investimentos no capital humano, ela tem menores crescimentos de
ganhos (curva mais plana, espalha menos).
15 Isso é causado pelo papel que as mulheres têm desempenhado historicamente na criação dos filhos e na produção doméstica. Esse papel tradicional, embora esteja passando por significantes mudanças, tem feito com que muitas mulheres saíssem do mercado de trabalho por certo tempo durante o período de criação dos filhos.
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Figura 12 Figura 13
ANHOS Pós-graduação
Superior completo
Superior incompleto
2o. Grau completo
3ANHOS
Bem pessoal, por hoje é só!
Grande abraço e até semana que vem!
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QUESTÕES COMENTADAS
01 - (AFT/ESAF - 1998) - Considere as seguintes afirmativas:
I - Entende-se por diferenciação compensatória de salários a
diferença de salários que compensa os trabalhadores por aspectos
não pecuniários indesejáveis dos trabalhos;
II - A diferenciação compensatória de salários decorre de algum
tipo de discriminação no mercado;
III - Restrições institucionais podem causar diferenciações
salariais.
Pode-se afirmar que:
a) somente a I e a II são corretas.
b) somente a I e a III são corretas.
c) somente a II é correta.
d) somente a I é correta.
e) I, II e III são corretas.
COMENTÁRIOS:
I. Correta. A diferenciação compensatória de salários existe para suprir ou
compensar (como o próprio nome diz) aspectos indesejáveis do trabalho e
que não estão relacionados à remuneração. Correta, portanto, a
assertiva.
II. Incorreta. Conforme explicado acima, a diferenciação compensatória
decorre da necessidade de compensação salarial devido a aspectos
indesejáveis do trabalho, como local/ambiente de trabalho, riscos
envolvidos, possíveis danos à saúde, etc. A discriminação geralmente
também causa diferenciações salariais, mas, neste caso, tal diferenciação
não é compensatória, é mero fruto da discriminação.
III. Correta. Imagine uma legislação sobre segurança no trabalho
aprovada pelo Governo no sentido de diminuir os riscos existentes ao
trabalhador. Quando o risco do trabalho é alto (mergulho em águas
profundas, trabalho em minas), há uma diferenciação compensatória de
salários, ocasionando altas remunerações para altos riscos. Quando, por
exemplo, uma legislação sobre segurança no trabalho é aprovada (aqui
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temos um exemplo de restrição institucional) o empregador incorrerá em
custos adicionais. Para manter o mesmo lucro (Receitas totais - Custos
totais), ele será obrigado a diminuir os salários, já que baixos riscos estão
relacionados a baixos salários. Neste caso houve uma diferenciação
compensatória de salários (para menor) em virtude de uma restrição
institucional imposta.
GABARITO: B
02 - (AFT/ESAF - 2003) - A diferenciação compensatória dos
salários existe porque:
a) os trabalhadores têm poder monopsônico.
b) existem ocupações que apresentam aspectos indesejáveis para os
trabalhadores.
c) a taxa de desemprego involuntário é elevada.
d) as empresas que contratam têm poder monopólico.
e) o custo implícito do lazer é muito baixo.
COMENTÁRIOS:
Questão de nível bastante simples! Foi para ninguém zerar a prova de
Economia do Trabalho!
GABARITO: B
03 - (AFT/2006 - ESAF) - Suponha que todas as pessoas tenham
a mesma preferência quanto a trabalhar num emprego que
ofereça um ambiente poluído. Em particular, a função utilidade
para todos os trabalhadores é dada por:
onde W é a taxa de salário oferecida pelo emprego e X é a
proporção do ar da firma afetada pela poluição. Existem somente
dois tipos de empregos na economia, trabalho "limpo" (X=0) e
trabalho "sujo" (X=1). Seja W0 a taxa de salário paga por um
emprego "limpo" e W1 a taxa de salário paga por um emprego
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"sujo". Se W0=16, qual é o diferencial de salários compensatório
de mercado?
a) 11
b) 25
c)
d) 9
e) 15
COMENTÁRIOS:
Páginas 19 e 20.
GABARITO: D
04 - (AFT/ESAF - 2010) - Sobre a teoria do Capital Humano,
assinale a opção incorreta.
a) A correlação entre capital humano e salários é mediada pela
produtividade.
b) A firma, ao não ser proprietária de seus assalariados, tenderá a dar-
lhes uma formação o mais específica possível a fim de não gerar (ou
minimizar) as externalidades.
c) O investimento nos próprios assalariados pode tornar-se inviável (em
termos de valor presente) se o tempo de permanência do mesmo na
firma é reduzido.
d) O mercado de trabalho constitui um espaço onde a interação entre a
oferta e a demanda de trabalho determina o nível dos salários reais de
equilíbrio.
e) Na teoria do Capital Humano, o fator determinante da produtividade é
o próprio posto de trabalho.
COMENTÁRIOS:
O Capital humano pode ser definido como o estoque de habilidades e
conhecimentos que aumenta a produtividade do trabalhador. Esse
estoque de conhecimento ou capital humano, que é oriundo de todo o
treinamento, formação intelectual e acúmulo de habilidades é desejável
não só aos trabalhadores, mas também às empresas que se beneficiam
de trabalhadores com mais capital humano, portanto, mais produtivos.
Desta forma, o fator determinante da produtividade é o estoque de capital
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humano. Nesse sentido, a assertiva E está incorreta, pois o fator
determinante do Capital Humano não é o posto de trabalho, mas sim o
estoque de conhecimentos e habilidades que o trabalhador possui.
Exemplificando: não adianta um trabalhador que não tenha qualquer
conhecimento em Direito ser contratado para exercer a função de
advogado. Mesmo sendo advogado (posto de trabalho), não haverá
qualquer produtividade. Logo, o posto de trabalho não é determinante da
produtividade. Ela é determinada pelo capital humano do trabalhador e
não pelo posto que ele ocupa.
Uma assertiva que pode ter causado dúvida na hora de responder foi a
letra D. De fato, a interação entre oferta e demanda de trabalho
determina o nível dos salários NOMINAIS de equilíbrio. Acontece que o
salário real (W/P), por definição, é o salário nominal (W) dividido pelo
índice de preços (P). Assim, a interação entre a oferta e a demanda de
trabalho, ao determinar os salários nominais (W), acaba influenciando
também os salários reais de equilíbrio (W/P).
GABARITO: E
Dado o gráfico abaixo, responde à questão 04:
Taxa salarial
(W)
05 - Em relação ao ponto B, é correto afirmar:
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a) o nível de utilidade do ponto B é maior que o do ponto A, já que em B
a taxa salarial é maior.
b) o nível de utilidade do ponto B é menor que o do ponto A, já que a
curva de indiferença deste trabalhador mostra que ele é altamente avesso
ao risco. Desta forma, se estivesse em A, estaria com maior satisfação,
em um nível de risco mais baixo.
c) no ponto B, a pessoa está disposta a ceder bastante quantidade de
salários a fim de atingir uma certa quantia de redução de riscos.
d) no ponto B, a pessoa está disposta a ceder pouca quantidade de
salários a fim de atingir uma certa quantia de redução de riscos.
e) do ponto B para o ponto A, a utilidade é decrescente.
COMENTÁRIOS:
Vamos à análise das alternativas:
a) o nível de utilidade ao longo da curva de indiferença é igual para
qualquer ponto, daí o nome curva de indiferença, indicando que o
trabalhador é indiferente a qualquer combinação de risco e salários ao
longo desta curva. Incorreta.
b) Idem assertiva a.
c) Correta. No ponto B, a pessoa recebe um salário bastante alto e
enfrenta riscos também elevados. Ela estará disposta a ceder bastante
salário a fim de atingir uma redução dada no risco, porque os níveis de
risco são muito altos e podem colocar a pessoa em perigo. Ao mesmo
tempo, a redução salarial não fará tanta falta, pois o nível de consumo já
é bastante elevado devido aos altos salários auferidos em B. (página 11)
d) Incorreta. É o contrário da assertiva C.
e) Incorreta. A utilidade é constante ao longo da curva de indiferença.
GABARITO: C
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06 - Acerca da teoria do diferencial de salários compensatório e
os riscos de acidente no trabalho, assinale a alternativa correta:
a) dados dois trabalhadores com duas curvas de indiferença salários/risco
com inclinações diferentes. Aquele trabalhador que possuir a curva mais
inclinada é menos avesso ao risco.
b) dado o mesmo trabalhador com seu mapa de indiferenças, ele preferirá
curvas de indiferença mais a sudeste.
c) dados dois empregadores com duas curvas de isolucros de inclinações
diferentes. Aquele empregador com a curva de isolucros mais plana tem
mais dificuldades para reduzir os riscos, ou seja, a redução de riscos é
mais cara.
d) o fato dos gastos com segurança apresentarem rendimentos marginais
decrescentes explica a concavidade da curva de isolucros.
e) as curvas de isolucros mais altas são preferíveis.
COMENTÁRIOS:
Vamos à análise por alternativas:
a) dados dois trabalhadores com duas curvas de indiferença salários/risco
com inclinações diferentes. Aquele trabalhador que possuir a curva mais
inclinada é MAIS avesso ao risco. Incorreta.
b) dado o mesmo trabalhador com seu mapa de indiferenças, ele preferirá
curvas de indiferença mais a NOROESTE. Incorreta.
c) dados dois empregadores com duas curvas de isolucros de inclinações
diferentes. Aquele empregador com a curva de isolucros mais plana tem
mais FACILIDADES para reduzir os riscos, ou seja, a redução de riscos é
mais BARATA.
d) Correta. Comentários página 15.
e) as curvas de isolucros mais a SUDESTE (portanto mais baixas) são
preferíveis.
GABARITO: D
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07 - Suponha que todas as pessoas tenham a mesma preferência
quanto a trabalhar num emprego que ofereça um ambiente
seguro. Em particular, a função utilidade para todos os
trabalhadores é dada por:
onde W é a taxa de salário oferecida pelo emprego e X é o índice
de risco de acidentes da firma. Existem somente dois tipos de
empregos na economia, trabalho "seguro" (X=1) e trabalho
"perigoso" (X=2). Seja W0 a taxa de salário paga por um emprego
"seguro" e W1 a taxa de salário paga por um emprego "perigoso".
Se W0=25, qual é o diferencial de salários compensatório de
mercado?
Diferencial compensatório = W1 - W0
Diferencial compensatório = W1 - 25
Vamos aos cálculos:
Nós possuímos o W0 e X para emprego seguro (X=1 e W0=25). Assim,
podemos calcular a utilidade U0 quando o emprego é seguro:
Utilidade emprego seguro:
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COMENTÁRIOS:
A questão quer o diferencial de salários compensatório. Ou seja, é a
diferença. É o salário do emprego perigoso (que será maior para
compensar o aspecto indesejável do risco) subtraído do salário do
emprego seguro. Ou seja:
Aula 05 CURSO ON-LINE P/ AUDITOR FISCAL DO TRABALHO ECONOMIA DO TRABALHO - TEORIA E EXERCÍCIOS
PROFESSOR HEBER CARVALHO U= 5
A utilidade para o emprego seguro é igual a 5. Ao trabalhar no emprego
perigoso, o nível de utilidade deve ser o mesmo. Assim, podemos calcular
o salário W1 que será pago quando o emprego é perigoso, pois sabemos a
utilidade U = 5 e sabemos também que X para emprego perigoso é igual 2.
Então:
Salário compensatório do emprego perigoso
Assim, temos as seguintes conclusões:
• Salário compensatório do emprego perigoso: W=100
• Diferencial de salário compensatório: W=100-25
GABARITO: E
08 - Sobre a teoria do capital humano, assinale a alternativa
incorreta:
a) os investimentos em capital humano podem ser divididos em:
despesas diretas, ganhos cessantes ou cedidos e perdas psicológicas.
b) entre os retornos esperados sobre os investimentos do capital humano,
podemos apresentar um nível mais alto de ganhos esperado.
c) a riqueza real representada pelo capital humano pode de fato ser
bastante relevante para uma comunidade.
d) os trabalhadores incorrem em três tipos principais de investimentos no
capital humano: educação e profissionalização, busca de novos empregos
e saída de antigos empregos.
e) o capital humano consiste de uma série de habilidades e
conhecimentos que os trabalhadores alugam aos empregadores.
COMENTÁRIOS:
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Utilidade emprego perigoso:
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Questão que serve de revisão sobre os conceitos básicos sobre a teoria do
capital humano, páginas 21 a 24.
A incorreta é a assertiva d, pois os trabalhadores incorrem em três tipos
principais de investimentos no capital humano: educação e
profissionalização, busca de novos empregos e MIGRAÇÃO.
GABARITO: D
09 - Analise as assertivas a seguir com base na teoria do capital
humano:
I. Pessoas preocupadas mais com o presente têm menor
propensão a entrar para a faculdade.
II. A freqüência nas faculdades aumentará se a diferença entre os
ganhos dos formados em universidades e os dos formados em
escolas secundárias reduzir.
III. A freqüência à universidade se eleva se os custos se elevam.
a) I e II estão corretas e III está incorreta.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.
COMENTÁRIOS:
I. Correta.
II. Incorreta. A frequência nas faculdades aumentará se a diferença entre
os ganhos dos formados em universidades e os dos formados em escolas
secundárias AUMENTAR.
III. Incorreta. A frequência à universidade DECLINA se os custos se
elevam.
GABARITO: C
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10 - Sobre a teoria do modelo da teia de aranha, marque a
alternativa incorreta:
a) a incapacidade do mercado em responder a novas condições de
mercado pode provocar ciclos de expansão e retração no mercado de
trabalho de funções técnicas, que exigem um longo tempo de formação.
b) a intervenção do governo sempre é desejável para prevenir a distorção
ocorrida no modelo da teia de aranha.
c) em um modelo de expectativas racionais, não há ocorrência da teia de
aranha, pois os trabalhadores não são enganados na sua previsão dos
níveis salariais futuros.
d) em um modelo de expectativas adaptativas, há ocorrência da teia de
aranha, no entanto, as flutuações serão menores que se houvessem
expectativas ingênuas, baseadas apenas no nível salarial presente.
e) ao intervir em um mercado que tenha tendência a apresentar o
fenômeno descrito no modelo da teia de aranha, o governo deve se
pautar em expectativas racionais.
COMENTÁRIOS:
Vamos à análise das alternativas:
a) Correta. Página 29.
b) Incorreta. Na verdade, se o governo não agir baseado em expectativas
racionais, ele poderá piorar a situação e aumentar o desequilíbrio.
Páginas 31 e 32.
c) Correta. Páginas 31 e 32 (os trabalhadores têm capacidade de prever
os desequilíbrios racionalmente).
d) Correta. Páginas 30 e 31.
e) Correta. Páginas 31 e 32.
GABARITO: B
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11 - Analise as assertivas a seguir com base na teoria do capital
humano e as relações entre educação e ganhos:
I. No início da vida, os ganhos de renda ocorrem mais
rapidamente.
II. Quanto maior a diferença de nível educacional, maiores serão
as diferenças de ganhos com o passar do tempo.
III. Ao longo dos anos, a tendência é que os ganhos dos homens
apresentem crescimento maior que os das mulheres.
a) I e II estão corretas e III está incorreta.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.
COMENTÁRIOS:
I. Correta. Quando a idade é baixa, à medida que novas qualificações são
adquiridas, há grandes saltos de renda. No entanto, à medida que o
tempo passa, os ganhos continuam a crescer, porém a taxas de
crescimento menores. Páginas 32 e 33.
II. Correta. Trabalhadores com maior nível educacional tendem a
continuar os investimentos em seu capital humano ao longo da vida.
Desta forma, a diferença entre seus ganhos e os daqueles trabalhadores
de menor nível só tende a aumentar. Páginas 32 a 34.
III. Correta. As mulheres apresentam menores investimentos em seu
capital humano ao longo da vida, devido ao seu papel exercido no seio
familiar. Como já sabemos, menores investimentos no capital humano
indicam menores ganhos.
GABARITO: B
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LISTA DE QUESTÕES
01- (AFT/ESAF - 1998) - Considere as seguintes afirmativas:
1 - Entende-se por diferenciação compensatória de salários a
diferença de salários que compensa os trabalhadores por aspectos
não pecuniários indesejáveis dos trabalhos;
II - A diferenciação compensatória de salários decorre de algum
tipo de discriminação no mercado;
III - Restrições institucionais podem causar diferenciações
salariais.
Pode-se afirmar que:
a) somente a I e a II são corretas.
b) somente a I e a III são corretas.
c) somente a II é correta.
d) somente a I é correta.
e) I, II e III são corretas.
02 - (AFT/ESAF - 2003) - A diferenciação compensatória dos
salários existe porque:
a) os trabalhadores têm poder monopsônico.
b) existem ocupações que apresentam aspectos indesejáveis para os
trabalhadores.
c) a taxa de desemprego involuntário é elevada.
d) as empresas que contratam têm poder monopólico.
e) o custo implícito do lazer é muito baixo.
03 - (AFT/2006 - ESAF) - Suponha que todas as pessoas tenham
a mesma preferência quanto a trabalhar num emprego que
ofereça um ambiente poluído. Em particular, a função utilidade
para todos os trabalhadores é dada por:
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onde W é a taxa de salário oferecida pelo emprego e X é a
proporção do ar da firma afetada pela poluição. Existem somente
dois tipos de empregos na economia, trabalho "limpo" (X=0) e
trabalho "sujo" (X=1). Seja W0 a taxa de salário paga por um
emprego "limpo" e W1 a taxa de salário paga por um emprego
04 - (AFT/ESAF - 2010) - Sobre a teoria do Capital Humano,
assinale a opção incorreta.
a) A correlação entre capital humano e salários é mediada pela
produtividade.
b) A firma, ao não ser proprietária de seus assalariados, tenderá a dar-
lhes uma formação o mais específica possível a fim de não gerar (ou
minimizar) as externalidades.
c) O investimento nos próprios assalariados pode tornar-se inviável (em
termos de valor presente) se o tempo de permanência do mesmo na
firma é reduzido.
d) O mercado de trabalho constitui um espaço onde a interação entre a
oferta e a demanda de trabalho determina o nível dos salários reais de
equilíbrio.
e) Na teoria do Capital Humano, o fator determinante da produtividade é
o próprio posto de trabalho.
05 - Em relação ao ponto B, é correto afirmar:
a) o nível de utilidade do ponto B é maior que o do ponto A, já que em Ba
taxa salarial é maior.
b) o nível de utilidade do ponto B é menor que o do ponto B, já que a
curva de indiferença deste trabalhador mostra que ele é altamente avesso
ao risco. Desta forma, se estivesse em A, estaria com maior satisfação,
em um nível de risco mais baixo.
c) no ponto B, a pessoa está disposta a ceder bastante quantidade de
salários a fim de atingir uma certa quantia de redução de riscos.
d) no ponto B, a pessoa está disposta a ceder pouca quantidade de
salários a fim de atingir uma certa quantia de redução de riscos.
e) do ponto B para o ponto A, a utilidade é decrescente.
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"sujo". Se W0=16, qual é o diferencial de salários compensatório
de mercado?
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06 - Acerca da teoria do diferencial de salários compensatório e
os riscos de acidente no trabalho, assinale a alternativa correta:
a) dados dois trabalhadores com duas curvas de indiferença salários/risco
com inclinações diferentes. Aquele trabalhador que possuir a curva mais
inclinada é menos avesso ao risco.
b) dado o mesmo trabalhador com seu mapa de indiferenças, ele preferirá
curvas de indiferença mais a sudeste.
c) dados dois empregadores com duas curvas de isolucros de inclinações
diferentes. Aquele empregador com a curva de isolucros mais plana tem
mais dificuldades para reduzir os riscos, ou seja, a redução de riscos é
mais cara.
d) o fato dos gastos com segurança apresentarem rendimentos marginais
decrescentes explica a concavidade da curva de isolucros.
e) as curvas de isolucros mais altas são preferíveis.
07 - Suponha que todas as pessoas tenham a mesma preferência
quanto a trabalhar num emprego que ofereça um ambiente
seguro. Em particular, a função utilidade para todos os
trabalhadores é dada por:
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onde W é a taxa de salário oferecida pelo emprego e X é o índice
de risco de acidentes da firma. Existem somente dois tipos de
empregos na economia, trabalho "seguro" (X=1) e trabalho
"perigoso" (X=2). Seja W0 a taxa de salário paga por um emprego
"seguro" e W1 a taxa de salário paga por um emprego "perigoso".
Se W0=25, qual é o diferencial de salários compensatório de
mercado?
08 - Sobre a teoria do capital humano, assinale a alternativa
incorreta:
a) os investimentos em capital humano podem ser divididos em:
despesas diretas, ganhos cessantes ou cedidos e perdas psicológicas.
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b) entre os retornos esperados sobre os investimentos do capital humano,
podemos apresentar um nível mais alto de ganhos esperado.
c) a riqueza real representada pelo capital humano pode de fato ser
bastante relevante para uma comunidade.
d) os trabalhadores incorrem em três tipos principais de investimentos no
capital humano: educação e profissionalização, busca de novos empregos
e saída de antigos empregos.
e) o capital humano consiste de uma série de habilidades e
conhecimentos que os trabalhadores alugam aos empregadores.
09 - Analise as assertivas a seguir com base na teoria do capital
humano:
I. Pessoas preocupadas mais com o presente têm menor
propensão a entrar para a faculdade.
II. A frequência nas faculdades aumentará se a diferença entre os
ganhos dos formados em universidades e os dos formados em
escolas secundárias reduzir.
III. A frequência à universidade se eleva se os custos se elevam.
a) I e II estão corretas e III está incorreta.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.
10 - Sobre a teoria do modelo da teia de aranha, marque a
alternativa incorreta:
a) a incapacidade do mercado em responder a novas condições de
mercado pode provocar ciclos de expansão e retração no mercado de
trabalho de funções técnicas, que exigem um longo tempo de formação.
b) a intervenção do governo sempre é desejável para prevenir a distorção
ocorrida no modelo da teia de aranha.
c) em um modelo de expectativas racionais, não há ocorrência da teia de
aranha, pois os trabalhadores não são enganados na sua previsão dos
níveis salariais futuros.
d) em um modelo de expectativas adaptativas, há ocorrência da teia de
aranha, no entanto, as flutuações serão menores que se houvessem
expectativas ingênuas, baseadas apenas no nível salarial presente.
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e) ao intervir em um mercado que tenha tendência a apresentar o
fenômeno descrito no modelo da teia de aranha, o governo deve se
pautar em expectativas racionais.
11 - Analise as assertivas a seguir com base na teoria do capital
humano e as relações entre educação e ganhos:
I. No início da vida, os ganhos de renda ocorrem mais
rapidamente.
II. Quanto maior a diferença de nível educacional, maiores serão
as diferenças de ganhos com o passar do tempo.
III. Ao longo dos anos, a tendência é que os ganhos dos homens
apresentem crescimento maior que os das mulheres.
a) I e II estão corretas e III está incorreta.
b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.
GABARITO
1B 2B 3D 4E 5C 6D 7E 8D 9C 10B 11B
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