Águas de juturnaíba
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Projeto gráfico e diagramção de publicação sobre Fauna e Flora da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) / Araruama / RJTRANSCRIPT
1 Águas de Juturnaíba
O primeiro princípio do design ecológico é que “resíduo é igual
a alimento”. O maior conflito entre ecologia e economia, deriva-se
do fato de que os ecossistemas naturais são cíclicos, não geram
nenhum resíduo excedente, enquanto nossos sistemas industriais
são lineares, descartam resíduos tanto na produção, como no
consumo. (Capra F)
A iniciativa de imitar os ciclos naturais em sistemas integrados
de tratamento de esgotos domésticos é recente no Brasil e vem
sendo aplicado nos últimos 25 anos por ONGs ambientais, agências
de água e esgoto, iniciativas governamentais e principalmente por
domicílios privados e em ecovilas com relativo sucesso.
Para a remoção de nutrientes (fósforo) de águas residuais
de estações de tratamento de esgoto (ETE), é exigido tratamento
em nível terciário, onde para além da remoção de nutrientes
propriamente dita, ocorre remoção de matéria orgânica residual,
Fauna e Flora da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE),
Araruama – RJ
INT
RO
DU
ÇÃ
O
2Águas de Juturnaíba
organismos patogênicos ou outro constituinte indesejável. Com
o tratamento terciário é possível reutilizar o efluente tratado,
cuja qualidade depende do tipo de reutilização pretendida: usos
urbanos não potáveis, utilizações recreativas/ornamental, usos
industriais, construção civil, rega ou irrigação ou, mais exigente
mas também possível, para consumo humano (Azevedo R.T).
Nos vários estudos já realizados na tentativa de pós-tratar
efluente de estações de tratamento de esgotos, o sistema wetland
destaca-se pela sua capacidade de remover carga poluidora,
manter a conservação dos ecossistemas terrestres e aquáticos,
reduzir o aquecimento global da terra, fixar o carbono do meio
ambiente, mantendo o equilíbrio do CO2, além de conservar a
biodiversidade ( Denny, 1997 ).
No contexto de tratamento de águas residuárias, wetland
são ecossistemas que funcionam como receptores de águas
naturais e águas produzidas por atividades antrópicas. Os
wetland naturais são conhecidos como terras úmidas, brejos,
várzeas, pântanos, manguezais e lagos rasos.
Os wetland construídos são sistemas artificialmente
projetados para utilizar plantas aquáticas (macrófitas) em
substratos como areia, cascalhos ou outro material inerte, onde
ocorre a proliferação de biofilmes que agregam populações
variadas de microrganismos os quais, por meio de processos
biológicos, químicos e físicos, tratam águas residuárias e
promovem o aporte e sustento para variadas espécies.
Nesse intuito que apresentamos a Estação de Tratamento
de Esgoto de Araruama com o sistema complementar de Wetland,
para tratamento terciário de efluentes doméstico, o objetivo
desse trabalho é apresentar as espécies que habitam a estação.
Vale ressaltar que as espécies que ali vivem, encontraram um
ambiente propício ao seu sustento.
3 Águas de Juturnaíba
CAPACIDADE DE TRATAMENTO: 200 Litros/segundoARÉA INSTALADA: 6,8 Hectares
INAUGURAÇÃO: Agosto 2005
INAUGURAÇÃO DO SISTEMA DE WETLAND: Fevereiro 2009
FLUXOGRAMA DO PROCESSO:
Tratamento Preliminar
Esgoto Bruto
Wetland
Gradeamento Lagoas deaeração
Lagoas desedimentação
Tratamento Primário
Tratamento Terciário
Esgoto Tratado
Tratamento Secundário
Lagoa de Araruama
4Águas de Juturnaíba
Flora da Estação de Tratamento de Esgotos (Ete) Araruama - RJ
Acrostichum cf. danaeifoliumlangsd. & fisch.
Samambaia gigante do Brejo
Pteridophytas - pteridaceae
Nenhuma outra samambaia
representa melhor o grupo nos ambientes
de restinga e manguezal do que esta
espécie, que é uma herbácea robusta,
com folhagem resistente e volumosa,
presente em toda a América tropical.
Suas folhas eretas podem ter de 1 a
2,5 m de comprimento.A samambaia-
gigante-do-brejo é encontrada em estado
nativo em manguezais, restintas e locais
encharcados (daí o nome popular).
5 Águas de Juturnaíba
Blechnum sp.
Pteridophyta – Blechnaceae
Gênero que conta com umas
150-220 espécies. Tem uma
distribuição Cosmopolita. A maior
diversidade de espécies encontra-se
em Zonas Tropicais do hemisfério
sul.
A maioria das plantas são
herbáceas mas umas poucas
espécies são arborescentes de até
3m de altura
6Águas de Juturnaíba
Salvinia auriculata Aubl.
Savau, Salvinia
Pteridophyta –Salvinaceae
Planta bastante frequente
em maniciais de água parada,
bem como canais com pouca
mo.vimentação. Forma grandes
infestações que cobrem toda a
superfície da água, bloqueando
a passagem da luz solar e
interferindo no ecossistema
aquatico. Sob condições ótimas
de calor e nutrientes dispersos
na água, chegando a produzir
650g de biomassa seca por m2
por ano
7 Águas de Juturnaíba
Pistia stratiotes L.
Alface D’água
Angiosperma – Araceae
Planta aquática amplamente
distribuídas em todos os trópicos,
onde tem limitado o uso de
mananciais aquáticos. Seus
maiores danos ocorrem
em mananciais poluidos,
cobrindo geralmente toda
a superfície da água e
alterando o ecossistema
aquático. É muito empregada
como ornamental de onde
escapa para os mananciais
8Águas de Juturnaíba
Cyperus giganteus Vahl
Papiro
Angiospermae – Cyperaceae
Planta típica de terrenos
pantanosos de quase todo
o país. Ocorre também em
margens de lagos rasos,
onde lentamente dominam
o espelho d’água. Forma
geralmente infestações
densas com população
pura, depositando no local
elevada biomassa que para a
decomposição consome todo
o oxigênio disolvido na água.
9 Águas de Juturnaíba
Hydrocotyle bonariensis Lam.
Para sol, Erva Capitão
Angiosperma – Umbelliferae
Planta daninha aquática ou
de solos pantanosos mediamente
frequente em quase toso o pais.
Ocorre também em solos
secos e até na areia das restingas
e praias da Costa Atlantica, onde
é particulamente mais frequente.
Infesta gramados, jardins e áreas
desocupadas. É considerada tóxica e
medicinal.
10Águas de Juturnaíba
Eleocharis interstincta (Vahl) roem. & schult.
Junquinho
Angiosperma- Cyperaceae
Planta daninha mediamente
freqüentes em ambientes aquáticos,
como beira de lagoas, canais de
drenagem e banhados de quase todo
o pais.
Ë particularmente freqüente
em planície litorânea. Pode crescer
tanto em brejos com em lagoas
com até 20 cm de profundidade.
Muito rústica, forma geralmente
infestações densas de população
quase pura.
11 Águas de Juturnaíba
Typha angustifolia L.
Taboa, Paineira do Brejo
Angiosperma- Typhanaceae
Planta daninha aquática
muito freqüente em margens
de lagos, lagoas ou represas,
canais de drenagem e baixadas
pantanosas em geral. É
bastante vigorosa, chegando a
produzir 7 mil kg de rizomas
por há. Seus rizomas são
comestíveis, possuindo um teor
de proteína igual ao do milho
e de carboidrato iguais aos da
batata. A folha fornece fibra
para o fabrico de papel.
12Águas de Juturnaíba
Cajanus cajan (L) millsp
Feijão Guandú
Angiosperma- Fabaceae
O guandu é uma planta
com capacidade de fixar elevada
quantidade de nitrogênio
no solo. Devido à sua raiz
pivotante ser bastante agressiva,
penetrando em solos compactos
e adensados, é uma espécie
bastante útil na descompactação
de solos.
Utilizados na alimentação
humana; a sua forragem também
é bastante apreciada pelos
animais e apresenta, na fase de
florescimento, teores que variam
de 10 a 16% de proteína bruta.
13 Águas de Juturnaíba
Mimosa caesalpiniaefolia benth.
Sabiá, Sansão do Campo
Angiosperma- Fabaceae
É utilizada como quebra-vento
ou cerca-viva. É comum a sua
utilização para cercar sítios,
indústrias, loteamentos e áreas de
mineração. Nesta última, tem a função
de minimizar alguns
impactos gerados pela
atividade, tais como
o impacto visual e a
poeira. As cercas-vivas
oferecem proteção como
se fossem um “muro”,
que impossibilita a
visualização do
empreendimento
e a entrada de pessoas estranhas e
animais, além do aspecto paisagístico.
14Águas de Juturnaíba
Cecropia glaziovi snethlage
Embaúba Vermelha
Angiosperma- Cecropiaceae
É uma espécie pioneira da
Mata Atlântica cujas folhas servem
de alimento a bichos-preguiça e
seus frutos, a pássaros e morcegos.
Muitas embaúbas abrigam
em seus troncos formigas agressivas
do gênero Azteca, atraídas pela
planta, que lhes fornece abrigo
e alimento, através
de estruturas que
produzem secreção
doce, localizadas na
base das folhas.
Em troca, as
formigas ajudam na
proteção da árvore,
atacando insetos que
tentem se alimentar
das folhas.
15 Águas de Juturnaíba
Parthenium hysterophorus L.
Losma Branca, Fazendeiro
Angiosperma- Compositae
Planta daninha de mediana
importância na agricultura, ocorrendo
principalmente em lavouras perenes,
pomares, pastagens, terrenos baldios e
beira de estrada. Como se trata de uma
espécie de introdução mais ou menos
recente no território nacional, sua
infestação vem aumentando a cada
ano. Ocasionalmente infesta também
lavouras anuais. Ë mais freqüente nos
estados do São Paulo, Mato Grosso
do Sul e Paraná. Planta rústica, vegeta
quase o ano inteiro. Formando densas
infestações com longo florescimento.
16Águas de Juturnaíba
Emilia sonchifolia (L.) DC.
Algodão de Preá, Pincel de Estudante
Angiosperma- Compositae
Planta daninha largamente
espalhada por todas as regiões
agrícolas do país, infestando a maioria
das culturas anuais e perenes, jardins,
horta caseiras e terrenos baldios.
Ocorre com maior freqüência durante
períodos de verão- outono. Confere
às áreas infestadas uma coloração
avermelhada características. Ë
ocasionalmente cultivada como
ornamental e empregada na medicina
caseira., podendo ser consumida na
salada.
17 Águas de Juturnaíba
Cordia curassavica (Jacq.) roem.
Erva Baleeira
Angiosperma- Boraginaceae
Planta cultivada em todo
pais para fins medicinais que
ocasionalmente escapa ao cultivo
e passa a infestar terrenos baldios,
pastagens e beira de estradas. É
tolerante a terrenos arenosos e
úmidos, florescendo nos meses de
verão. Apesar de preferir áreas abertas
e ensolaradas, é capaz de tolerar um
certo grau de sombreamento.
18Águas de Juturnaíba
Polygonum persicaria L.
Erva de Bicho, Cataia
Angiosperma- Polygonaceae
Planta daninha mediamente
frequente na Região Sul do pais,
onde infesta principalmente lavouras
anuais, pomares, jardins e beira de
canais. Ocorre predominantemente
em solos úmidos porém não
encharcados, preferindo solos
arejados e bem supridos em
matéria orgânica. Ë ocasionalmente
empregada na medicina caseira.
19 Águas de Juturnaíba
Ludwigia octovalvis (Jacq.) p.h. raven
Cruz de Malta
Angiosperma- Onagraceae
Planta característica de solos
úmidos ou alagados de todo o território
brasileiro.
Pode ser encontrada geralmente
infestando quadras de arroz, canais
de drenagem, beira de lagoas, lagos e
em áreas de pastagem situadas em
várzeas úmidas. Geralmente forma altas
infestações na forma de reboleira.
20Águas de Juturnaíba
Spermacoce verticillata L.
Vassourinha de Botão, Erva
Botão, Falsa Poaia
Angiosperma- Rubiaceae
Planta bastante frequente
em quase todo o território brsileiro,
infestando principalmente áreas
destinadas a pastagens, jardins,
pomares, beira de estradas,
carreadores e terrenos baldios.
É particulamente frequente na
planície ;itorânea, onde ocorre até
na restinga. Ë uma das plantas
mais frequentes na orla marítima
do Sudeste. Ë empregada na
farmacopéia popular.
21 Águas de Juturnaíba
Cyperus alternifolius L.
Sombrinnha Chinesa, Palmeira Umbela
Angiosperma, Cyperaceae.
É apropriada para
plantio em lugares muito
úmidos e brejosos, lagos e a
beira de canais, em grupos,
renques ou isoladamente,
em canteiros providos de
matéria orgânica. Multiplica-
se facilmente por divisão de
touceiras e não raramente
por germinação de semente.
22Águas de Juturnaíba
Hedychium coronarium j. konig
Lírio do Brejo, Jasmim do Brejo
Angiosperma - Zingiberaceae
Vegeta em lugares brejosos,
a pleno Sol. Cultivada como planta
isolada e em conjuntos ou renques.
Apropriada para margens de lagos
e espelhos d´água, é uma planta
palustre que pode invadir canais,
riachos e outras coleções da água
pouco profunda, mas o hábitat ideal
é o de baixadas úmidas em regiões
de temperatura elevada durante todo
o ano. Invasora em solos agrícolas
brejosos.
23 Águas de Juturnaíba
A região Neotropical destaca-se por ser a mais biodiversa do
mundo e o Brasil por representar a maior parte da América do sul
incorpora uma significativa parcela dessa biodiversidade (Lundberg
et al., 1998). No que diz respeito ictiofauna Neotropical não é
diferente, pois nela está inserida o maior sistema fluvial do mundo
(Böhlke et al., 1978), fato este que lhe concede maior importância
também em número de espécies de peixes (Melo et al., 2005).
Segundo McAllister et al. (1997) o Brasil além de abrigar o maior
número de espécies de peixes de água doce, apresenta uma parcela
considerável de espécies endêmicas. Dentro do contexto dessa
complexa malha hídrica encontra-se a bacia do Atlântico leste,
dentro da qual se insere o Complexo Lagunar de Saquarema Jaconé
e Araruama, que merece destaque por seu tamanho e por abranger
a sub-bacia da Lagoa de Araruama que é umas das maiores lagunas
costeiras hipersalina do mundo, possuindo características únicas
e uma ambiente muito frágil a ações antrópicas. Os peixes são
organismos muito sensíveis as alterações de seu ambiente, sendo
considerados excelentes bioindicadores de qualidade ambiental.
Fauna da Estação de Tratamento de esgoto (ETE),
Araruama – RJPEIX
ES
24Águas de Juturnaíba
Astyanax bimacultus
Lambari
(Linnaeus, 1758)
Os lambaris (nome comum) pertencem a ordem dos
Characiformes e são amplamente conhecidos na América
do Sul. Estes peixes podem atingir 20 cm de comprimento.
Estes peixes apresentam como características básicas
duas manchas, sendo uma na região umeral (próxima à
nadadeira peitoral), com forma ovalada e posição horizontal,
e outra em forma de clava, seguindo do pedúnculo caudal à
porção mediana do corpo (Garutti, 1998). Os lambaris são
extremamente generalistas e adaptam-se aos mais variados
habitats aquáticos (Orsi et al., 2004). Embora possuam
grande adaptabilidade o lambari são sensíveis a alterações
ambiental. Estudos demonstram que esta espécie pode ser
dispersora secundária de sementes, fato relacionado com
a preservação das matas ciliares e recuperação de habitats
(Gomiero & Braga, 2003).
25 Águas de Juturnaíba
Hoplias malabricus
Traíra
(Bloch, 1794)
A traíra preta também é integrante da ordem
Characifomes e apresenta ampla distribuição pelo Brasil,
ocorrendo em todas as bacias hidrográficas e em todo
tipo de ambiente, inclusive em áreas poluídas (Santos et
al., 2006). É uma espécie de médio porte chegando a 40
cm, apresenta corpo cilíndrico e produz intensa quantidade
de muco, coloração cinza-escura a amarronzada às vezes
com barras angulares ao longo dos flancos, nadadeiras com
faixas formadas por pequenas manchas escuras e claras,
alternadamente (Oyakawa, 2003). A traíra é um predador de
topo de cadeia, alimenta-se principalmente de outros peixes,
apresenta comportamento sendentário e territorialista,
possui uma coloração críptica vive comumente em águas
lênticas, como lagos, margens e remansos de rios (Melo
et al., 2005). As traíras suportam situações de hipóxia
e um longo período de jejum (Barbieri, 1989; Rantin,
1994), conseqüentemente são comuns em ambientes
degradados, porém se apresentam como um significante
componente ecológico, pois representam uma fonte de
alimento importante para aves e repteis no período de
seca (Rios et al., 2004 ).
26Águas de Juturnaíba
Hypostomus auroguttatus
Cascudo (Kner 1854)
O cascudo pertence a ordem Siluriforme e apresenta-se
amplamente distribuídos pela região Neotropical. Apresentam
como características morfológicas o corpo alongado e o
pedúnculo caudal achatado na sua parte inferior. Possui o
corpo revestido com várias fileiras de placas ósseas, a sua
coloração varia entre os tons de marrom com pequenas
manchas escuras (Buckup, 2007). O comprimento padrão
médio é de aproximadamente 25 cm, ocorrem nos ambientes
de água parada e de fundo arenoso e lamacento, bem como
nas áreas de corredeiras com fundo pedregoso (Melo et al.,
2005). Alimenta-se principalmente de detritos e algas (Melo
et al., 2005). Os cascudos em geral apresentam-se bastante
tolerantes a situações de hipóxia e podendo tolerar ambientes
degradados, porém apresentam-se como um importante
componente nos ambientes aquáticos por se alimentar de
detritos e algas (Vieira & Shibatta, 2007).
27 Águas de Juturnaíba
Oreochromis niloticus
Tilápia do Nilo (Linnaeus, 1758)
A tilápia do Nilo é um peixe da ordem Perciforme e foi introduzida no Brasil na
década de 1970. Atualmente esta amplamente distribuída por praticamente todas as
bacias brasileiras principalmente as do sudeste (Carnevale et al., 2003). As tilápias assim
como os peixes da família na qual ela está inserida (Cichlidae) apresentam três ou mais
espinhos duros na porção anterior da nadadeira anal (Kullander, 2003; Melo et al., 2005).
Apresentam uma coloração intensa variando de tons azulados ao acinzentado escuro.
Apresentam comportamento territorialista e cuidado
parental (Moyle & Cech-Junior, 1988). A Tilápia do Nilo
é onívora e suportam baixos teores de oxigênio. Essas
características permitem que essa espécie colonize
ambientes degradados ou com alto nível de alteração
ambiental (Nagl et al., 2001).
Poecilia reticulata
Barrigudinho ou Guppies (Bloch & Schneider, 1801)
Os barrigudinhos ou guppies, como são conhecidos em inglês, pertencem
a ordem Ciprinodontiformes, estão distribuídos pela região Neotropical, atingindo
maior diversidade no Norte da América do Sul, são encontrados em pequenos
córregos e até em poças temporárias. Apresentam em geral, acentuado dimorfismo
sexual, sendo as fêmeas bem maiores que os machos. São considerados onívoros,
com preferência detritívora (Lucinda, 2003). Os guppies foram introduzidos em
várias regiões do Brasil e do mundo para fins de aquariofilia e combate a doenças
tropicais transmitidas por mosquitos como malária e dengue (Nelson, 1994;
Araújo et al., 2009). Poecilia reticulata é nativa da região Amazônica, apresenta
adaptabilidade e alta tolerância a variações termais, de salinidade, a situações
de hipóxia, fato este que permitiu que esses peixes invadissem os mais diversos
habitats, desde zonas temperadas a tropicais (Nelson, 1994). São mais comumente
encontrados em ambientes lênticos, principalmente
junto às suas margens (Nascimento & Gurgel, 2000).
P. reticulata tem sido amplamente utilizada em estudos
de qualidade de água e sua presença esta associado a
ambientes altamente degradados (Vieira & Shybatta,
2007).
28Águas de Juturnaíba
Os anfíbios, grupo que abrange os sapos, pererecas,
rãs, salamandras e cecílias, constituem elemento chave no
funcionamento da cadeia alimentar, pois consomem uma imensa
variedade de animais, principalmente insetos, nos quais auxiliam
no controle populacional, impedindo as pragas. Por outro lado,
servem de alimento a outras espécies como aves, peixes, serpentes
e mamíferos (Duellman & Trueb, 1994). Além disso, são sensíveis
as alterações causadas ao meio ambiente devido principalmente
às características de sua biologia como a alta permeabilidade da
pele e o seu ciclo bifásico de vida, sendo então considerados como
eficientes bioindicadores da qualidade dos habitats (Beebee, 1996;
Feio et al., 1998).
AN
FÍBIO
S
29 Águas de Juturnaíba
Leptodactylus latrans
Rã Manteiga
Espécie com ampla distribuição por toda a América
do Sul (Frost, 2008) podendo ser encontrado tanto em áreas
abertas e florestais. Possui grande
porte para o gênero e é conhecida
popularmente como rã-manteiga.
Caracteriza-se por apresentar mancha
triangular entre os olhos, com ápice
voltado para trás, e os machos são
bem mais robustos que as fêmeas e
apresentam espinhos nas mãos (Bastos
et al., 2003). Apresenta capacidade de
colonizar ambientes com elevado grau
de alteração em suas características
originais, causada por atividades antrópicas.
Hypsiboas albomarginatus
Perereca-verde de Coxas Laranja
Perereca de porte médio com
um colorido verde e coxas com área
laranja. Habita áreas de baixadas
abertas ou borda de mata. Trata-
se de uma espécie com distribuição
ampla pela Bacia da Amazônia e
Mata Atlântica, ocorrendo de Pernambuco a Santa Catarina
(Frost, 2010; Izecksohn e Carvalho-e-Silva, 2001) e se
adapta bem a ambientes antropizados.
30Águas de Juturnaíba
Dendropsophus pseudomeridiana
Pererequinha
Esta espécie de porte pequeno, possui hábitos
noturnos. Canta nas margens de brejos de baixadas abertas
ou bordas de mata. Sua distribuição abrange apenas o estado
do Rio de Janeiro (Izecksohn e Carvalho-e-Silva, 2001)
e não sabe ao certo como se está espécie adapta-se com
facilidade em ambientes
antropizados. Por ser uma
espécie de distribuição
restrita, alguns cuidados em
relação a sua conservação
devem ser analisados.
Scinax alter
Perereca de Banheiro
Perereca pequena muito comum nos brejos da baixada
aberta, onde emite um canto plangente. Seu dorso castanho-
claro exibe duas faixas laterais inteiras mais escuras, com
margens claras. A espécie
distribuir-se por uma área
litorânea extensa que
abrange os estados do
Espírito Santo ao Paraná
(Frost, 2010; Izecksohn e
Carvalho-e-Silva, 2001)
com hábitos alimentares
diversificados podendo ser
encontrada em ambientes
alterados.
31 Águas de Juturnaíba
Estima-se que na Mata Atlântica ocorram cerca de 140
espécies de répteis. Grupo este constituído pelos lagartos,
serpentes e anfisbênios (cobra de duas cabeças), tartarugas e
jacarés. No entanto, aproximadamente mais da metade dessas
são endêmicas deste bioma. Apesar da grande riqueza e da
existência de endemismos, aspectos básicos desta fauna ainda são
desconhecidos, e novas espécies ainda estão sendo descobertas.
Certamente muitas destas informações já foram perdidas com a
devastação da Mata Atlântica.
RÉPT
EIS
Liophis miliaris
Cobra D’água
Esta espécie não causa nenhum risco para os seres humanos. Sua
dentição é áglifa (não tem dentes inoculadores de veneno) podendo chegar
a 115 cm de comprimento. De hábitos diurnos e semi-aquáticos a cobra
d’água se alimenta de peixes, rãs de maior porte, entre outros. Possui uma
dieta mais generalista (Pontes e Rocha, 2008) e apresenta capacidade
de colonizar ambientes que
apresentam elevado grau
de alteração como brejos,
tanques de piscicultura,
causadas por atividades
antrópicas.
32Águas de Juturnaíba
A avifauna desempenha um importante papel no equilíbrio e
manutenção dos ecossistemas. As aves frugívoras (juntamente com
os morcegos), com seu grande potencial de deslocamento, formam
o grupo mais adequado para a dispersão de sementes (Straube,
2005). Outras têm sua dieta basicamente composta por insetos e
acompanham as chamadas correições em busca de seu alimento,
contribuindo para o controle desse grupo de invertebrados. Exitem
ainda, espécies carnívoras que são topo de cadeia alimentar, como
os falcões e gaviões e aquelas que se alimentam de matéria orgânica
em decomposição, os urubus, desempenhando importante papel
saneador (Sick, 1997). Cada uma dessas aves e outros constituintes
ambientais se unem em interações de grande importância para o
equilíbrio da natureza (Straube, 2005). Essas relações estreitas com
o ambiente, fazem das aves ótimas bioindicadoras, bem como o
fato de serem um grupo bastante diversificado, presente nos mais
diversos ambientes e de fácil estudo (a grande maioria das espécies
são diurnas). Assim sendo, o estudo da avifauna pode ser um bom
indicativo da qualidade ambiental (Stotz et al., 1996).
Das 1.825 espécies de aves atualmente documentadas para
o Brasil (CBRO, 2009), 1.020 ocorrem na Mata Atlântica (MMA,
2000). Esta enorme riqueza de aves está associada à complexidade
estrutural da Mata Atlântica e também à grande variação geográfica
e altitudinal na distribuição das espécies (Develey e Steinmetz
2004). Na ETE Ponte dos Leites foram registradas 45 espécies de
aves, o que corresponde a cerca de 2,5% das espécies brasileiras. A
grande maioria das espécies apresenta larga distribuição geográfica
e poucas exigências ambientais. Uma breve descrição de cada uma
delas encontra-se abaixo.
AV
ES
Águas de Juturnaíba
33 Águas de Juturnaíba
Tringa melanoleuca
Maçarico-grande-de-perna-amarela
Como o próprio nome já diz, este maçarico tem o porte
grande. Quanto a coloração, suas pernas e pés são amarelos
e o bico e a íris são pretos. A plumagem apresenta-se branca
na região ventral, enquanto a cabeça e o
pescoço são estriados de branco e preto.
O dorso possui manchas brancas e pretas
sem um padrão muito definido enquanto
que nas asas e caudas nota-se um padrão
barrado dessas cores. Apresenta anel
perioftálmico branco. É uma espécie
migratória. Habita as regiões praianas e
campos alagados de praticamente todo o
Brasil.
Chrysomus ruficapillus
Garibaldi
Nessa espécie há dimorfismo
sexual. Os machos são pretos e
possuem o alto da cabeça, a garganta
e o peito avermelhados. Já as fêmeas
apresentam plumagem pardo-olivácea,
com a barriga e dorso estriados de bege
e preto. Alimentam-se de sementes,
frutos e pequenos insetos. Vivem
preferencialmente em associação com
a água, podendo ser observados aos bandos em regiões
alagadas, brejos e inclusive, em arrozais, podendo se tornar
nessas regiões a ave mais numerosa. De vasta distribuição,
essa espécie ocorre da Guiana Francesa à foz do Amazonas
e Maranhão, Nordeste ao sul de Goiás, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul , sudoeste de Mato Grosso e regiões
adjacentes, também Rio de Janeiro e São Paulo.
34Águas de Juturnaíba
Amazonetta brasiliensis
Marreca-pé-vermelho, Ananaí
A marreca-do-pé-vermelho descata-se por possuir
uma faixa branca nas asas, somente visível quando em
voo e os pés vermelhos (de
onde vem o seu nome). Nos
machos o bico é da mesma
cor dos pés, enquanto
que nas fêmeas o bico é
escuro, de tom azulado.
É uma espécie comum,
encontrada em todo o
Brasil, principalmente em
banhados e açudes ricos
em vegetação.
Fregata magnificens
Tesourão, Fragata
Um único
indivíduo dessa espécie
foi observado em voo
nas proximidades da
ETE Ponte dos Leites.
O macho caracteriza-se
por possuir a coloração
preta e região gular vermelha, somente visível no período
reprodutivo em que esta é inflada pra chamar a atenção das
fêmeas. Estas, por sua vez, além do corpo preto, possuem
o peito branco, facilmente avistado quando em voo. Tem o
hábito de pegar correntes áereas ascendentes voando junto
aos urubus, podendo voar tão alto que se perdem de vista.
Distribui-se no litoral brasileiro, do Amapá ao Rio Grande
do Sul.
35 Águas de Juturnaíba
Phalacrocorax brasilianus
Biguá
Confundidos muitas vezes com patos, os biguás
possuem morfologia e hábitos diferenciados. Presentes
em toda a América do Sul e em todo o Brasil, os adultos
possuem coloração preta enquanto que os mais jovens são
acinzentados. Seu pescoço é mais comprido que o dos
patos e o bico mais estreito. Nadam com o corpo submerso,
somente com o pescoço e a cabeça para fora (ao contrário
dos patos, que nadam com o corpo para fora da água) e
com o bico levemente inclinado para cima. Possuem pés
com membranas que auxiliam o nado, sendo excelentes
mergulhadores. Quando mergulham, ficam totalmente
encharcados e ao saírem da água, pousam em pedras,
árvores ou até mesmo cabos esticando suas asas para
secarem ao sol. Os peixes são seus alimentos preferidos e,
por isso, habitam lagos e grandes rios para se alimentarem.
Também são avistados em águas salobras. A turbidez da
água influencia negativamente no sucesso de captura dos
peixes, ou seja, quanto mais turvas as águas, mais difícil
dos biguás conseguirem seus alimentos. Possuem um suco
gástrico poderoso, capaz de digerir as espinhas dos peixes.
Suas fezes são tão ácidas que chegam a destruir árvores,
embora adubem a água. Dados sobre seu comportamento e
sua dieta podem fornecer boas
indicações da qualidade
da água e do meio em que
estão (Branco et al., 2009).
Na ETE Ponte dos Leites,
bandos enormes de biguás
chegam diariamente para se
alimentarem nos tanques.
Das aves registradas no local,
esta é, sem dúvida, a mais
abundante.
36Águas de Juturnaíba
Butorides striata
Socozinho
Com o peito estriado de branco e marrom, cabeça
preta, dorso acinzentado e pernas curtas e amarelas o
socozinho é inconfundível. Solitário tal qual o savacu,
vive escondido na vegetação procurando por alimento. Ao
ser incomodado voa emitindo vocalização característica
(“kiák”). É muito comum no Brasil, estando presente em
qualquer ambiente aquático.
Laterallus melanophaius
Sanã Parda
Menores que as saracuras, a sanã-
parda possui plumagem contrastante. É
branca na região do peito e garganta e
ferrugínea no dorso. Os flancos (lateral do
corpo) são estriados de branco e ferrugem
e as pernas são esverdeadas. Preferem
lugares pantanosos bem alagados, onde
são abundantes. No Brasil, ocorrem da
região norte e leste até o Rio Grande do
Sul.
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37 Águas de Juturnaíba
Aramus guarauna
Carão
Espécie de porte grande (70 cm), marrom-escura
de garganta branca, possuem riscas na cabeça e pescoço
também brancas. Suas pernas são pretas e a base da
mandíbula é amarela. Seu alimento preferido é o caramujo
(“aruá”), o mesmo apreciado pelos gaviões-caramujeiros.
Ao contrário desses gaviões, o
carão prende sua presa na lama
martelando-a com o bico ligeiramente
curvo até conseguir retirar o molusco,
o que normalmente deixa a concha
perfurada. Vive em locais pantanosos
e alagados de todo o Brasil.
Estrilda astrild
Bico-de-lacre
Pássaro pequeno (10,7 cm), de cauda relativamente
longa e larga. Assemelham-se em tamanho aos papa-
capins. A plumagem é finamente barrada de branco e
pardo, exceto a garganta que é esbranequiçada. Possui
uma máscara ao redor dos olhos
vermelha. Bico também vermelho. Os
indivíduos voam aos bandos e vivem
nos capinzais em busca de sementes.
A espécie é nativa da África e foi
trazida ao Brasil em navios negreiros
no século XIX. Atualmente pode
ser encontrada em quase todos os
estados brasileiros, porém em menor
quantidade do que o pardal.
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38Águas de Juturnaíba
Nycticorax nycticorax
Savacu, garça-dorminhoca
Possui o alto da
cabeça e dorso pretos,
asas cinzas, testa e ventre
brancos. Possui também
penas nucais brancas
prolongadas que se estendem
junto ao dorso. Os olhos são
grandes e vermelhos. É uma
espécie de hábitos noturnos
e crepusculares, solitária
que forma bandos somente
durante o dia nos locais de
repouso. Alimenta-se de peixes ou ainda de restos de comida
de outras aves.
Egretta thula
Garça-branca-pequena
Bastante comum na ETE Ponte dos leites, esta
espécie de garça é uma das mais conhecidas do Brasil.
É totalmente branca, de bico e tarsos pretos e de íris e
dedos amarelos. Vive tanto em água doce quanto em
águas salobras, podendo ser vista também em praias
onde busca presas que o mar lança na areia.
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39 Águas de Juturnaíba
Ardea alba
Garça-branca-grande
Depois do biguá, a garça-branca-grande, é a
espécie de ave mais avistada na ETE Ponte dos Leites.
Possuem a plumagem totalmente branca, íris e bico
amarelos e pernas e dedos pretos. Normalmente são
encontradas à beira de lagos, rios e banhados onde
se abrigam e se alimentam. Além de peixes, insetos
aquáticos, sapos, rãs, pererecas e até cobras fazem
parte da sua dieta. No Brasil, a garça-branca-grande
está presente em todas as regiões.
Cathartes burrovianus
Urubu-da-cabeça-amarela
O urubu-de-cabeça-amarela possui o corpo todo
preto com larga faixa esbranquiçada na face inferior das
asas, visivel quando em voo. Cabeça e pescoço são nus,
sem penas e de coloração amarela. No alto da cabeça
destaca-se uma coloração arroxeada. Possuem o olfato
muito desenvolvido e conseguem localizar sua presa a
grandes distâncias. Diferencia-se do urubu-de-cabeça-
preta (Coragyps atratus), não só pela cor da cabeça, mas
também pelo menor tamanho e pelo formato estreito e
angulado das asas, que em voo lembra um “V”. Prefere
geralmente beiras de rio cercadas de mata
e pântanos. No Brasil, é mais comum no
nordeste e na Amazônia, embora possa
ocorrer nas demais regiões também. Os
urubus, em geral, desempenham importante
papel saneador, consumindo matérias
orgânicas em putrefação. Seu suco gástrico é
tão ativo que consegue neutralizar as toxinas
e bactérias dos cadáveres, não havendo
perigo de infecção.
40Águas de Juturnaíba
Rostrhamus sociabilis
Gavião-caramujeiro
Gavião inconfundível pelo
bico extremamente curvo, apresenta
coloração cinza-escura quase preta,
com uma tarja branca na base da
cauda; as fêmeas e jovens possuem o
lado inferior estriado de creme. Vivem
em ambientes alagados em busca de
caramujos (chamados “aruás”), dos
quais se alimentam e são totalmente
dependentes. Ao encontrarem um
caramujo, os caramujeiros o agarram
com os pés e se dirigem para seu
poleiro predileto onde com o bico
conseguem retirar toda a lesma de
dentro da concha sem quebrá-las. É fácil identificar os poleiros
dos caramujeiros pelo acúmulo de conchas no chão. Alguns
estudos nos EUA mostraram que a aplicação de pesticidas sob
os caramujos é prejudical
aos gaviões-caramujeiros.
Ao ingerirem os caramujos
envenenados, os gaviões-
caramujeiros também
estavam ingerindo o
pesticida e o transmitiam
para ovos e filhotes.
Certamente esses gaviões
participam do controle
da população desses
caramujos, o que sugere
uma reavaliação do uso
dos pesticidas.
41 Águas de Juturnaíba
Rupornis magnirostris
Gavião-carijó
Um dos gaviões mais abundantes do Brasil,
destaca-se por apresentar área ferrugínea nas penas da
asa, facilmente vistas quando
em voo. Pode se alimentar de
grandes insetos, lagartixas,
cobras e pássaros bem como de
morcegos que são caçados em
seu locais de pouso durante o
dia. Voa aos casais descrevendo
círculos e chamando a atenção
pela gritaria que produzem.
Podem ser encontrados inclusive
em cidades onde há arborização. Não são comuns em
locais extensamente florestadas.
Caracara plancus
Carcará
Possui pescoço branco, asas e boné pretos. Sua
face é nua e alaranjada. A presença de um penacho
nucal preto dá à cabeça
forma característica. Não tem
preferências alimentares, come
tanto animais mortos quantos
vivos e de qualquer tipo.
Frequentemente é observado
próximo a queimadas e
estradas em busca de animais
mortos ou em fuga. Tem
preferência por áreas abertas
sendo raramente visto em
florestas.
42Águas de Juturnaíba
Fluvicola nengeta
Lavadeira-mascarada
Apresenta cabeça
e ventre brancos, faixa
preta através do olho,
costas cinzas e asas
cinza-escuras. Vivem
geralmente aos casais,
caminhando ativamente pelo chão. Normalmente são
encontrados próximos a riachos, lagoas, açudes, onde
correm sobre a vegetação flutuante em busca de insetos.
Ocorrem, no Brasil, em toda a porção oriental.
Columbina talpacoti
Rolinha-caldo-de-feijão
Usualmente a mais conhecida das rolinhas do Brasil.
O macho tem a cabeça cinza contrastante com o resto da
plumagem que é marrom. A fêmea é toda marrom, de onde
vem o nome rolinha caldo-de-feijão. É encontrada em áreas
semi-abertas, bordas de mata, terreiros, cafezais, parques
e jardins. É granívora e procura seu alimento no chão. Esta
espécie está presente em todo o Brasil.
43 Águas de Juturnaíba
Gallinula chloropterus
Frango-d`água-comum
Corpo com
plumagem escura,
variando do preto-
acinzentado nas
regiões ventrais e
cabeça ao castanho
encontrado nas
asas. Os flancos
possuem cor branca
contrastante com o
restante do corpo.
Brancas são também
algumas penas da cauda bipartida. Tem o bico amarelo e
escudo vermelho Além de brejos e lagoas, habita também
águas salobras e manguezais. É muito comum no Brasil,
não sendo encontrado na região amazônica.
Progne tapera
Andorinha-do-campo
Espécie de
andorinha grande,
cor de fuligem,
garganta e abdômen
brancos. Alimenta-
se essencialmente
de insetos, os quais
são caçados em voo.
Tem preferência por
ambientes abertos,
como campos e
culturas. No Brasil, em todas as regiões.
44Águas de Juturnaíba
Leptotila verreauxi
Juriti-pupu
De coloração predominante-
mente cinza. Quando em voo
destaca-se as pontas brancas das
retrizes (penas da cauda) laterais e o
acanelado da face inferior das asas.
É facilmente encontrada em locais
quentes, onde habita a capoeira,
bordas de mata e o cerrado. Está
presente em quase todo o Brasil.
Charadrius semipalmatus
Batuíra-de-bando
Essa espécie de batuíra possui um nítido colar branco na
nuca, bico bastante curto, de base amarela e pernas amarelas.
Nos imaturos as cores são pouco vistosas. É visitante norte-
americano comum e habita as praias lodosas e arenosas de toda
a costa brasileira.
45 Águas de Juturnaíba
Crotophaga ani
Anu-preto
Uma das aves mais
comuns em áreas cultivadas
onde ficam aos bandos.
Possuem coloração totalmente
preta e um bico diferenciado,
surpreendentemente alto. São
insetívoros e muitas vezes
são observados em pastos
onde ficam a espreita de insetos que o gado afugenta.
Podem, eventualmente, alimentar-se de carrapatos.
Além de áreas cultivadas, os anus-pretos também
habitam paisagens abertas com arbustos e capões em
todo o país.
Athene cunicularia
Coruja-buraqueira
Coruja terrícola, de pernas longas e hábitos diurnos.
Sua plumagem com manchas e barras cor de terra.
Alimenta-se de invertebrados artrópodes e de pequenos
vertebrados. Assim como outras
corujas, a buraqueira não digere
as carapaças dos artrópodes e
nem ossos de vertebrados, que
são regurgitados em pelotas.
Vive nos campos, pastos e
restingas e se beneficia com a
destruição de áreas florestadas.
Pode ser encontrada inclusive
em gramados. Recebe o nome de coruja-buraqueira por
construir ninhos e tocas em buracos no solo. Está presente
em quase todo o Brasil.
46Águas de Juturnaíba
Columba livia
Pombo-doméstico
Introduzido no país no século XVI, este pombo tem
a cabeça pequena e redonda, bico fraco, na base coberto
pela “cera” a qual é intumescida. Corpo pesado, plumagem
cheia e macia sendo rica em pó. Possuem colorações as
mais variadas, indo do cinza-escuro ao branco. Alguns
indivíduos apresentam coloração iridescente no pescoço. É
granívora e frugívora, descendo ao chão para comer. Com
o bico, costuma virar folhas secas em busca de alimentos.
Habitam principalmente cidades e praças, onde muitas
vezes são tidos como pragas.
São considerados um grave
problema ambiental, pois
competem por alimento
com as espécies nativas,
danificam monumentos com
suas fezes e podem transmitir
doenças ao homem.
Certhiaxis cinnamomeus
Curitié
Apresenta coloração esbranquiçada no ventre e
ferruíneas no dorso. No alto da cabeça
existe uma mancha amarela difícil de
ser vista. Asas e cauda ferrugíneos. Sua
cauda é longa e rígida. É uma espécie
característica de ambientes aquáticos,
como brejos, lagoas e rios. É bastante
comum onde há esses ambientes e
está presente em todos os estados do
Brasil.
47 Águas de Juturnaíba
Furnarius figulus
Casaca-de-couro-da-lama
Ave riberinha de coloração acanelada, possui faixa
superciliar branca. É basicamente insetívora. Habita as
margens de brejos e rios.
Parente próximo do joão-
de-barro (Furnarius rufus),
o casaca-de-couro-da-lama
não constrói ninhos em
formato de forno, mas pode
utilizar fornos de joão-de-
barro abandonados. Ocorre
do nordeste brasileiro ao Mato
Grosso, Minas Gerais, Espírito
Santo e Pará.
Troglodytes musculus
Corruíra, Cambaxirra
Pássaro bastante
comum e familiar no
Brasil. Apresenta asas e
caudas com finas faixas
transversais pretas,
corpo de plumagem
castanha, sendo o ventre
de tonalidade mais clara.
Insetívoro. Não possui
exigências quanto ao
hábitat. Vive nos mais diversos tipos de paisagens naturais
como beira de mata, cerrado, caatinga, pântanos e campos.
Nas cidades, é comumente observado nos jardins e nos
muros de casas. Pode ser observado em todo o Brasil.
48Águas de Juturnaíba
Pitangus sulphuratus
Bentevi
É provavelmente o pássaro mais popular do Brasil.
Apresenta porte maior que a
espécie anterior e possui o bico
mais longo e forte. Alimenta-
se basicamente de artrópodes
embora possam descobrir novas
fontes alimentares (por exemplo,
preda ninhos de outras aves).
Não tem exigências quanto
ao hábitat, adapta-se com
facilidade a qualquer meio. Pode
ser observado em todo o Brasil, em cidades, campos de
cultura, áreas abertas como o cerrado, bordas de mata
dentre outros.
Machetornis rixosa
Suiriri-cavaleiro
Assim como outros suiriris (veja suiriri, Tyrannus
melancholicus), possui o peito amarelo, dorso pardacento
e cabeça cinza, porém é menor e mais pálido. Alimenta-se
de insetos. Espécie pouco exigente
quanto ao hábitat, prefere regiões
cultivadas e demais paisagens
abertas, podendo estar presente
em jardins e parques de cidades. É
chamado também de suiriri-do-gado
por ter o hábito de pousar sobre o
gado e sobre cavalos em busca de
insetos que esses animais espantam.
Podem buscar insetos no solo. No
Brasil, é encontrado nas regiões oriental, central e sul.
49 Águas de Juturnaíba
Tyrannus melancholicus
Suriri
Ave também
muito conhecida no
Brasil. Possui coloração
da plumagem
semelhante ao suiriri-
cavaleiro embora seja
maior e de colorido
mais vivo. Vive em
qualquer lugar aberto
onde haja árvores, não
havendo restrições quanto ao hábitat. Pode ser observado
em todo o território brasileiro.
Jacana jacana
Jaçanã
No Brasil, uma das aves
mais comuns dos ambientes
alagados. É preta, de dorso
marrom e asas verde-amareladas.
Próximo do bico amarelo se
desenvolvem membranas
vermelhas. Machos e fêmeas
são bastante parecidos na cor
da plumagem, porém as fêmeas
são maiores. Possuem os dedos
finos e muito alongados o que
possibilita sua caminhada sobre
as plantas aquáticas a procura
de alimentos. Insetos, moluscos,
pequenos peixes e sementes são
suas comidas prediletas.
50Águas de Juturnaíba
Arundinicola leucocephala
Freirinha
O macho da freirinha é facilmente reconhecido por
ter a plumagem do corpo toda preta e a cabeça branca.
Já a fêmea é
esbranquiçada de
asas pardacentas.
Tem hábitos
r i b e i r i n h o s
pousando em
galhos à beira de
pântanos em todo
o Brasil.
Passer domesticus
Pardal
Fêmea de coloração parda uniforme e bico também
pardo. Macho se destaca pela garganta e bico pretos. É
um pássaro tipicamente de cidades, sinântropo. Originário
da Europa, consta que o pardal foi introduzido no Brasil
propositadamente no início dos anos de 1900, primeiro na
cidade do Rio de Janeiro e, daí, para todas as regiões. Vive em
associação com o ser humano, ocorrendo preferencialmente
próximo a construções.
51 Águas de Juturnaíba
Euphonia chlorotica
Fifi-verdadeiro
O macho tem o dorso e
asas pretos com brilho azulado.
Cabeça e garganta também
pretos. O píleo e o lado inferior
são amarelos. A fêmea é
verde-olivácea. Habita diversos
ambientes como a mata baixa
e rala, cerrado, caatinga, matas
serranas, onde prefere a copa
das árvores. No Brasil, está presente em todas as regiões.
Sicalis flaveola
Canário-da-terra-verdadeiro
O macho tem a plumagem de colorido amarelo vivo e
o píleo alaranjado. As fêmeas e os jovens possuem o corpo
pardo, extremamente
estriado, sendo que o
lado inferior é mais claro.
São granívoros. Habita
os campos secos e sujos,
áreas de cultivo, fazendas,
gramados onde pode ser
observada aos bandos.
Em algumas regiões
a espécie teve suas
populações reduzidas
devido ao comércio
ilegal e a captura para a
apreciação do canto. No Brasil, ocorre do Maranhão ao Rio
Grande do Sul e a oeste, até o Mato Grosso.
52Águas de Juturnaíba
Sporophila collaris
Coleiro-do-brejo
Espécie de bico rombudo e preto. O macho apresenta
padrão de colorido da plumagem preto e branco ou preto
e amarelado. O alto e os lados da cabeça são pretos com
duas pequena manchas brancas próximas aos olhos.
Asas, dorso e cauda também pretos. Possui larga faixa
peitoral preta e o lado inferior de cor branca ou acanelada
dependendo da região. Indivíduos com o ventre acanelado
podem ser observados nos
estados de São Paulo e
Mato Grosso por exemplo.
Fêmeas e jovens são
pardos, muito semelhantes
a fêmeas e jovens de outras
espécies de coleirinhos.
Habita os pântanos de
vegetação alta. Ocorre no
Brasil meridional.
Gnorimopsar chopi
Pássaro-preto, Melro
Espécie de
coloração preta, brilhante
e uniforme. Vive em áreas
arbertas onde há alguma
vegetação arbórea, como
campos, gramados
de jardins, pastos e
plantações, bem como
veredas e bordas de mata.
Ocorre em todo o Brasil não-amazônico.
53 Águas de Juturnaíba
Mimus saturninus
Sabiá-do-campo
Possui o lado
superior pardo-escuro, lado
inferior esbranquiçado,
peito cinzento, sobrancelha
branca e longa faixa
pós-ocular preta. As
asas e cauda são negro-
pardacentas. Nesta
última é visível uma
ponta branca. Ocorre em
qualquer paisagem aberta com arbustos e árvores. No Brasil,
encontra-se em quase todas as regiões, exceto nas áreas
florestadas da Amazônia.
Thraupis sayaca
Sanhaço-cinzento
Esta espécie de sanhaço apresenta plumagem cinza
ligeiramente azulada e partes inferiores mais claras. Nas asas
e cauda, as bordas das penas são de um azul-esverdeado
pouco destacas do resto do corpo. Alimenta-se de frutinhos
de árvores e cipós. Vive
na copa das árvores
e pode ser observada
em bordas de mata,
jardins, pomares, até
em cidades. É um dos
pássaros mais comums
do Brasil oriental e só
não está presente na
região amazônica.
54Águas de Juturnaíba
Todirostrum poliocephalum
Teque-teque
Espécie pequena (8,8 cm) de ventre amarelo,
partes superiores pardo-amareladas e cabeça cinzenta. É
inconfundível pela coloração amarela que se destaca na
região do loro (entre o bico e os olhos). Espécie comum
na mata, habita a copa das árvores, podendo também
estar presente em jardins e quintais de cidades. No
Brasil, ocorre do sul da Bahia a Santa Catarina.
Myiozetetes cayanensis
Bentevizinho-de-asa-ferrugínea
De coloração semelhante ao bentevi (Pitangus
sulphuratus) e demais espécies de bentevi pequeno,
é de difícil identificação.
Reconhecível pelos lados bem
anegrados da cabeça, pela faixa
amarela no alto da cabeça (que
fica escondida) e pelas bordas
ferrugíneas das asas e da cauda.
Habita preferencialmente árvores
à beira d’água.
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55 Águas de Juturnaíba
Vanellus chilensis
Quero-quero
Ave inconfundível pelo topete nucal,
possui o dorso e pescoço cinzento, face e
peito pretos e baixo ventre brancos. Seus
olhos e tarsos são vermelhos. Possui um
esporão nas asas que é utilizado para sua
defesa. É bastante conhecida podendo ser
encontrada em qualquer área descampada,
inclusive pastagens e campos de futebol.
Pygochelidon cyanoleuca
Andorinha-pequena-de-casa
Espécie pequena, sinântropa, comum no Brasil oriental.
Possui o dorso azul-escuro e o ventre branco. Vive aos bandos
nas vilas e cidades, ambientes estes em que é a mais comum
das andorinhas. Ocorre em quase todo o território brasileiro,
exceto na região amazônica, onde poucos indivíduos aparecem
em migração.
56Águas de Juturnaíba
Elaenia flavogaster
Guaracava-de-barriga-amarela
De plumagem predominantemente pardo-
esverdiada, possui barras claras nas asas, topete
cinza, o qual esconde faixas brancas,
e garganta esbranquiçada. Seus
itens alimentares são artrópodes e
frutos. Ao alimentar-se de frutos a
guaracava-de-barriga-amarela atua
como dispersora de sementes. Esta
espécie é favorecida pela perturbação
do hábitat, não possuindo grandes
exigências. Ocupa o estrato médio da
vegetação, em bordas de capoeiras,
quintais e áreas abertas com árvores
esparsas. No Brasil, pode ser avistada
em todas as regiões.
Pardirallus nigricans
Saracura-sanã
Caracterizam-se por possuir ventre e cabeça cinza-
escuros, dorso marrom, tarsos e ollhos vermelhos e o bico
verde. É muito semelhante à saracura-do-mato (Aramides
Saracura), da qual de diferencia pelo menor tamanho e pela
vocalização. São onívoras, portanto se alimentam tanto de
capins e sementes quanto de insetos,
larvas e até mesmo pequenas cobras.
Não tem preferências quanto ao hábitat,
vivendo em qualquer brejo. Às vezes ao
lado da sanã-parda. Ocorrem em quase
todo o Brasil, exceto na região norte. Nos
seus locais de ocorrência costumam ser
muito abundantes.
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57 Águas de Juturnaíba
CO
NC
LU
SÃO
A fauna e flora registrada na estação de
tratamento de esgoto (ETE) se mostraram abundantes
e significativas. Podem ser caracterizadas como sendo
compostas, em sua maioria, por espécies ecologicamente
generalistas, não sendo indicativas de qualidade ambiental
ou restritas a ambientes preservados. Contudo, como vimos
anteriormente, algumas exceções podem ser ressaltadas.
Mesmo havendo um alto grau de descaracterização
da vegetação, muitas das espécies podem utilizar estes
ambientes para sua alimentação e reprodução. Com o
passar do tempo, a tendência é aumentar o número de
espécies de hábitos especialistas, que dependem de
ambientes mais preservados para sua sobrevivência.
Assim a preservação da vegetação local juntamente com
as espécies é de extrema importância para a população
local. Além da beleza paisagística, abrigando a fauna e
protegendo os mananciais, a preservação tem como alvo
garantir uma qualidade de vida.
58Águas de Juturnaíba
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Pesquisa: Museu de Zoologia João Moojen - Universidade Federal de Viçosa
Equipe Técnica:Herpetofauna - Renata Magalhães Pirani (Bióloga - CRBio70218/04-P)
Avifauna - Larissa Lacerda Moraes (Bióloga - CRBio57309/04-D)Ictiofauna - Wagner Martins Santana Sampaio (Biólogo - CrBio73045/06-D)
Botânico - João Carlos Lopes Amado (Biólogo - CrBio 37841/04-D)
Setembro de 2010
Fotos:Renata Magalhães PiraniLarissa Lacerda Moraes
Wagner Martins Santana SampaioJoão Carlos Lopes AmadoAdriana Castro Rodrigues
Alexander ZaidanAnderson Israel G. Ferreira
Diego J. SantanaGiancarlo Zorzin
João Carlos Lopes AmadoJussara Santos Dayrell
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