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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UMA BUSCA POR MELHORES
RESULTADOS NAS SÉRIES INICIAIS
LUCILENE MARTINS CRISOSTOMO CANEIA
PROFESSOR ILSO FERNANDES DO CARMO
CAMPO NOVO DO PARECIS/2010.
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UMA BUSCA POR MELHORES
RESULTADOS NAS SÉRIES INICIAIS
LUCILENE MARTINS CRISOSTOMO CANEIA
PROFESSOR ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil.”
CAMPO NOVO DO PARECIS/2010.
Ao grandioso Deus que por seu amor
é capaz de nos dar força e sabedoria.
A todos educadores que de alguma forma,
colaboram para a formação integral do homem.
A minha família que compreendeu a importância dessa formação, e me apoiou nos momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao nosso Querido Deus pelo dom da vida, que por seu
imenso amor me concedeu a sabedoria, a paciência e o esforço para que eu fosse
capaz de concretizar mais uma importante etapa da minha vida.
Agradeço também a minha família e amigos pelo incentivo, compreensão, sugestões
e carinho, nos quais foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, e
de forma especial ao meu esposo e filha, que compreenderam o motivo da minha
ausência, nos poucos momentos que temos para estarmos juntos.
Aos professores os quais colaboraram no processo de construção deste trabalho,
orientando cada modulo e oferecendo subsídios para que a realização deste fosse
possível.
A todos os colegas de sala me proporcionou momentos de companheirismo e
alegria nos quais também colaboraram para a construção de conhecimentos por
meio das trocas de idéias.
RESUMO
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e
apresenta uma análise do processo de aprendizagem numa perspectiva
psicopedagógica, sob a visão de alguns autores, assim como também, leva em
consideração todos os aspectos relevantes em uma intervenção frente as
dificuldades e problemas encontradas no processo de aprendizagem. Sabemos que
a criança passa por uma série de desafios até que a aprendizagem se concretize,
um dos desafios encarados pelos educadores atuais é a grande incidência de
situaçoes que dificultam esse processo, seja de ordem neurologica, psicologica,
orgânica e até mesmo de socialização com o outro e com o meio escolar. Daí cabe
ao psicopedagogo pensar em estratégias que envolvam educador, familia e escola
para que a partir destes desafios e comprometimento das partes a aprendizagem
aconteça. O processo de aprendizagem tem sido encarado pelos educadores atuais
como um desafio de tão grande complexidade que merece atenção especial, por
isso a psicopedagogia vem somar, oferencendo subsidios para que o educador
possa recorrer a meios que orientem a sua prática frente a essas situações. Através
deste, foi possivel constatar que antigamente, poucas preocupações se tinham com
este processo, porém, nas últimas décadas este vem sendo um ponto chave para
discussão. De forma geral, a Psicopedagogia trouxe contribuições para as
discussões sobre a aprendizagem e novas concepçoes sobre os modos que essa
pode ocorrer bem como quando o aprendiz e o ensinante se deparam com
possibilidades do não aprender. Deste modo é possivel comprovar que os estudos
psicopedagogicos e a intervenção do psicopedagogo tem trazido grandes reflexões,
e proporcionado avanços principalmente no caso dos problemas que normalmente
atingem as crianças nas series iniciais.
Palavras chaves: Psicopedagogia, intervenção, dificuldade e aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................06
CAPITULO 1
Breve histórico da Psicopedagogia ..................................................................... 09
1 .1 O papel da Psicopedagogia ..............................................................................11
1. 2 Papel do Psicopedagogo ...................................................................................13
1.3 Teorias que embasam a Formação Psicopedagógica ........................................15
1.4 Campo de atuação do Psicopedagogo ..............................................................15
CAPITULO 2
Intervenção Psicopedagógica ............................................................................... 21
2.1 Intervenção Psicopedagógica na escola ............................................................ 22
2.2 O Diagnóstico na Escola .....................................................................................27
2.3 A intervenção psicopedagógica na concepção de Vygostsky ............................ 28
2.4 Relação família-escola e intervenção psicopedagógica .....................................31
CAPITULO 3
3.0 Aprendizagem: o que é e como se processa na visão psicopedagógica....35
3.1 A intervenção psicopedagógica no problema de aprendizagem ........................ 36
3.2 Resgatando o Aprendente ................................................................................. 41
CAPITULO 4
4.0 Intervenção Psicopedagógica, através de parcerias: Família e
Professores...............................................................................................................45
4.1 Utilizando a intervenção na busca de melhores resultados.............................................................48
4.2 Estratégias de intervenção psicopedagógica em sala de aula ...........................51
CONSIDERAÇOES FINAIS.......................................................................................53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................55
INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com o
conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções. Realiza este trabalho
através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do
aprendente. É uma praxe, portanto comprometida com a melhoria doas condições
de aprendizagem, nasceu da necessidade de uma melhor compreensão das
situações adversas do processo de aquisição do conhecimento humano.
Este trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica que visa abordar as
faces da Psicopedagogia, mais especificamente a da intervenção psicopedagógica,
evidenciando que não há sombra de dúvidas que a educação e o processo de
ensino aprendizagem tornou-se um desafio global do final deste século, uma
questão que preocupa a todos, visto que este está cercado de algumas
necessidades extra escolares, que cabe ao psicopedagogo avaliar, e buscar
parcerias para saná-las, uma vez que o trabalho desse profissional está associado a
ajuda de uma equipe multidisciplinar, onde poderão estar envolvidos, psicólogos,
pediatras, psiquiatras, nutricionistas, etc.
O estudo ora proposto gira em torno de uma promoção de mudanças e
visualização de novas alternativas para o educador. Frente a isso a Psicopedagogia
colabora ao refletir sobre nossas ações como ensinantes da atualidade, ocupados
com as complexas tarefas de educar neste século repleto de dilemas, tensões
desafios e perspectivas. Esse trabalho objetiva abordar discussões a partir de
diferentes estudos sobre aprendizagem e cognição, a meta maior é partilhar idéias,
teorias sugestões e estratégias para lidar com as mais diversas situações
encontrada pelo educador no processo de ensino aprendizagem e ainda as que
envolvem o não aprender, seus motivos e conseqüências, de modo especial nas
series iniciais, onde é o momento propicio para que a base seja trabalhada, as
dificuldades sejam sanadas .
No primeiro capitulo, encontraremos um breve histórico da trajetória da
Psicopedagogia, suas origens e aceitação como a ciência que estuda a forma que
sé dá a aprendizagem humana, seu papel e de seus profissionais bem como a
importância da formação destes e o campo onde atuam com a missão de
interferirem na pratica cotidiana na escola.
O segundo capitulo aborda a intervenção psicopedagógica frente as
dificuldades de aprendizagem, como acontece na escola e como se apresenta esse
diagnostico. É possível contemplar a visão de um grande pensador da educação
Levi Vygotsky a cerca da intervenção e a relação da família e da escola nesse
processo.
No terceiro capitulo aborda a aprendizagem, o que é e como se processa na
visão psicopedagógica as diversas teorias que explicam esse processo e como
acontece a intervenção psicopedagógica no problema de aprendizagem, e as
possíveis causas do não aprender. As possibilidades de resgatar o aprendente,
mostrando que na vivencia desses casos podemos socializar experiências,
possibilitar espaços de interação, e com isso comprovando a importância das
intervenções nas supostas incapacidades de aprendizagem.
Já o quarto capítulo mostra a intervenção psicopedagógica, através de
parcerias: família e professores e como é possível unir essas duas forças vitais para
que o aprendente possa construir uma aprendizagem significativa rompendo com
seus limites, e provando que existem e quais são as reais possibilidades de
aprendizagem do aluno.
O quinto capítulo aponta a intervenção Psicopedagogica como um instrumento na busca
de melhores resultados, fala de intervenção como uma alternativa de investigação dos
processos do não aprender, mostra algumas estratégias de intervenção
psicopedagógica em sala de aula, passos a serem descritos na avaliação
pedagógica diagnóstica, e ainda nos conduz a uma reflexão sobre o nosso atuar no
cenário do aprender e do ensinar, e de como é possível avançar na área da
aprendizagem humana.
Espera-se que este trabalho venha somar e contribuir com os anseios de
tantos educadores que se deparam com situações complicadas no processo de
ensino aprendizagem, para que este possam saber que poderão encontrar no
profissional da Psicopedagogia um apoio capaz de norteá-lo em sua pratica
pedagógica através de estratégias que vão promover novas possibilidades de
trabalho.
07
Portanto através dessa pesquisa torna-se possível demonstrar que os
profissionais da educação, tanto pedagogo quanto psicopedagogo são desafiados a
buscar em novos modos na aplicação de sua pratica, haja vista, que o processo de
ensinar e aprender hoje, esta diante de uma complexidade muito grande, deste
modo faz-se necessário refletir a cerca dessas situações cada vez mais
diferenciadas, rever alguns paradigmas em nossos espaços e tempos educacionais.
O modelo de relação entre o psicopedagogo e o professor tem-se tornado
cada vez mais amplo. Assim, a intervenção educativa desse profissional não é
baseada somente no tratamento especifico dos alunos com problemas, mas afeta o
processo de ensino-aprendizagem de forma global.
Sendo assim, no diagnóstico psicopedagogico estão envolvidos a escola, o
professor, o aluno, a família e o psicopedagogo. pois a realidade do processo de
escoleirizacão é o resultado de um conjunto de inter-relações complexas entre os
diferentes coletivos.
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CAPITULO 1
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA
Historicamente, segundo BOSSA (2000), os primórdios da Psicopedagogia
ocorreram na Europa, mais precisamente na França, ainda no século XIX, onde a
Medicina, Psicologia e a Psicanálise, começaram a se preocupar com uma
alternativa de intervenção nos problemas de aprendizagem e suas possíveis
correções, pois até então acreditava-se que os comprometimentos na área escolar
eram provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as
determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter
orgânico da Psicopedagogia, acreditava-se que os problemas de aprendizagem
eram causados por fatores orgânicos, essa crença perdurou por muitos anos e
determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem
recentemente.
Ainda de acordo com BOSSA (2000), nas décadas de 40 a 60, na França, a
ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o
primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo
era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento e eram
definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes,
tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores. A denominação
“Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”. Em
decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais, a
Psicopedagogia sofreu muitas influências, como as da corrente européia para a
iniciação psicopedagógica na Argentina, e a mesma influenciou a identidade da
psicopedagogia Brasileira.
De acordo com o artigo de Simaia Sampaio (2007), em nosso país a
psicopedagogia surge aproximadamente nos anos 70, a partir da necessidade de
atendimento a crianças com distúrbios na aprendizagem, consideradas inaptas
dentro do sistema educacional convencional, porém, os cursos na área só começam
a se multiplicarem na década de 90. E hoje, percebemos que a demanda pelos
cursos aumentou muito, pois a psicopedagogia contribui para uma maior reflexão
sobre o processo de aprendizagem e o desvio do mesmo.
A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem, ou seja, contribuir na busca de soluções para a difícil
questão do problema de aprendizagem.
BOSSA (2000), diz que a aprendizagem deve ser olhada como a atividade
de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o
desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na
personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental da
realidade. O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em
torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e
patológicos e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu
desenvolvimento.
E ainda que, a Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação em
Saúde e Educação, enquanto prática clínica tem-se transformado em campo de
estudos para investigadores interessados no processo de construção do
conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção.
Como prática preventiva, busca construir uma relação saudável com o
conhecimento, de modo a facilitar a sua construção.
KIGUEL (1983), ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de
organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências
pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística para
uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem humana. O foco
de atenção do psicopedagogo, é a reação da criança diante das tarefas,
considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações, repetição, sentimentos de
angustias.
Em seu artigo Simaia Sampaio (2007), baseada em BOSSA (2000), fala a
cerca da Psicopedagogia como um campo do conhecimento que se propõe a
integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências
Humanas com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados
processos inerentes ao aprender humano. Enquanto área de conhecimento
multidisciplinar interessa a Psicopedagogia compreender como ocorrem os
processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste
movimento. Para tal, faz uso da integração e síntese de vários campos do
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conhecimento, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Pedagogia, a
Neurologia, entre outros.
A Psicopedagogia desde suas origens, mostrou-se uma área de atuação
integrativa, abarcando conhecimentos de diferentes áreas de modo a desenvolver
um corpo teórico próprio sobre os problemas na aprendizagem humana. Daí que,
em nossa atuação, nos tornarmos especialistas em integração do sujeito humano,
na medida em que oportunizamos o equilíbrio de suas características. Para SOUSA
(1996), a Psicopedagogia é vista como área que investiga a relação da criança com
o conhecimento.
O Código de Ética da Psicopedagogia, no Capítulo I, Artigo 1 º, afirma que
"A Psicopedagogia é campo de atuação em saúde e educação o qual lida com o
conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, distorções, diferenças e
desenvolvimento por meio de múltiplos processos" .
A Psicopedagogia é uma área de estudos nova que pode e está atendendo
os sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem. Segundo BOSSA (1994), a
Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender a demanda – dificuldades de
aprendizagem.
Segundo MULLER (1987), a Psicopedagogia liga-se as características da
aprendizagem humana, como se aprende, como essa aprendizagem varia
evolutivamente e está condicionada por outros fatores; como e porque se produzem
as alterações da aprendizagem, como reconhecê-las e tratá-las, que fazer para
preveni-las, e para promover processos de aprendizagem que tenham sentido para
os participantes.
1 .1 O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA
De acordo com BOSSA (2000), a psicopedagogia se ocupa da
aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de
aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da
Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda
que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa
prática.
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A Psicopedagogia vem criando a sua identidade e campo de atuação
próprios, que estão sendo organizados e estruturados, especialmente pelas
produções científicas que referenciam o campo do conhecimento e pela Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). O objeto de estudo deste campo do
conhecimento é a aprendizagem humana e seus padrões evolutivos normais e
patológicos.
É necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente conhecida
como aquela que atende crianças com dificuldades de aprendizagem. É notório o
fato de que as dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer em qualquer
momento da vida e, portanto, a Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo
para o atendimento. Atualmente, a Psicopedagogia vem se firmando no mundo do
trabalho e se estabelecendo como profissão.
Quando se trata da aprendizagem humana, diferentes teorias tornam-se
complementares. Daí a psicopedagogia fazer uso, por exemplo, dos conhecimentos
da Psicologia Cognitiva e da Psicanálise. Utilizamos, portanto, diferentes pólos
teóricos, pois estes se mostram complementares quando se trata da aprendizagem
humana.
Esta ciência tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com o
conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções. Realiza este trabalho
através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do
aprendente. É uma praxe, portanto comprometida com a melhoria doas condições
de aprendizagem. Há alguns anos atrás, a falta de clareza a respeito dos problemas
de aprendizagem, fazia com que os alunos com dificuldades fossem encaminhados
para profissionais de diversas áreas de atuação, sem uma resolução eficiente dos
problemas, por BOSSA (2000).
Em primeiro momento, no período de Medicalização dos problemas de
aprendizagem, estas crianças eram encaminhadas ao médico: pediatra e depois ao
neurologista. Em segundo momento, denominado Psicologização dos problemas de
aprendizagem, onde eram encaminhadas ao psicólogo, submetendo a criança a
uma bateria de testes. Frente a estas situações, não se chegava a uma explicação
clara sobre as dificuldades da criança, foi-se criando a consciência da necessidade
de formação de um único profissional apto a integrar conhecimentos e para atuar de
maneira objetiva e eficaz, não só na resolução dos problemas escolares, mas
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também que atuasse na prevenção dos mesmos, facilitando o vínculo do aluno com
o processo de aprendizagem e o resgate do prazer de aprender, melhorando assim,
o desempenho escolar do aluno.
Assim nasceu a Psicopedagogia, cujo termo apresenta-se hoje com uma
característica especial. Devido à complexidade dos problemas de aprendizagem, a
Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar, que busca
conhecimento em diversas outra áreas de conhecimento, além da psicologia e da
pedagogia. É necessário ter noções de lingüística, para explicar como se dá o
desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da
linguagem oral e escrita. Também de conhecimentos sobre o desenvolvimento
neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; de
conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a
visão do homem, seus relacionamentos a cada momento histórico e sua
correspondente concepção de aprendizagem.
Desta forma, a Psicopedagogia se torna um campo com conhecimentos
amplos, onde se tem objeto central de estudo o processo de aprendizagem humana,
seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio
(família, escola, sociedade). As dificuldades escolares não podem ser explicadas
apenas de um fator, esteja ele na criança, no meio familiar ou escolar e sem deve
ser explicada pela interação de vários fatores. Observando seu objeto de estudo,
podemos perceber a sua extensão e o quanto o psicopedagogo em formação tem
que investir em seu conhecimento para a formação de sua identidade. (VISCA apud
BOSSA, 2000, p. 21).
1. 2 PAPEL DO PSICOPEDAGOGO
O amplo conjunto de tarefas e funções realizadas pelos profissionais que
prestam assessoramento psicopedagógico às escolas, apesar de sua diversidade,
pode ser organizado em torno de quatro eixos (COLL, 1989). O primeiro relativo à
natureza dos objetivos da intervenção, cujos pólos caracterizam respectivamente
as tarefas que se centram, prioritariamente no sujeito e aquelas que têm como
finalidade incidir no contexto educacional. Assim, as tarefas incluídas são tanto as
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que têm como objetivo prioritário o atendimento a um aluno, quanto as que aprecem
vinculadas a aspectos curriculares e organizacionais.
O segundo eixo afeta as modalidades de intervenção, que podem ser
consideradas como corretivas, ou preventivas e enriquecedoras. Qualquer
intervenção realizada na escola pode ser caracterizada, em um determinado
momento, embora, em um momento posterior, sua consideração se modifique.
Outro eixo também diferencia modelos de intervenção, embora tenha
como objetivo final o aluno, pode ter diferenças consideráveis: enquanto alguns
psicopedagogos trabalham diretamente com o aluno, orientam-no e, inclusive,
manejam tratamentos educacionais individualizados, outros combinam momentos de
intervenção direta com intervenções indiretas, ( por exemplo, no caso de uma
avaliação psicopedagógica), centradas nos agentes educacionais que interagem
com ele (no próprio processo de avaliação psicopedagógica, na tomada de decisões
sobre o plano de trabalho mais adequado para esse aluno). São freqüentes as
consultas formuladas por um professor ao psicopedagogo em relação a um aluno
que não vai manter nenhum contato direto com esse profissional.
O último eixo, conforme COLL (1989), indica o lugar preferencial de
intervenção, que entendemos como a diversidade de níveis e contextos, inclusive
quando circunscrita ao marco educacional escolar. Este eixo inclui tanto as tarefas
localizadas no nível de sala de aula, em algum subsistema dentro da escola, na
instituição em seu conjunto, ano, série, assim como aquelas que se dirigem ao
sistema familiar, à zona de influência, etc.
O fato que se deve considerar é que as tarefas que aparecem englobadas
nos eixos precedentes são objeto da intervenção psicopedagógica, não significa que
todos os psicopedagogos as executem em seu conjunto e, obviamente, não significa
que as realizem da mesma forma.
O desempenho profissional de um psicopedagogo ou de uma equipe é
influenciado também pela tradição e pela formação recebida. Com relação à
tradição, aquilo que se fez sempre, aquilo que responde à percepção social sobre o
papel profissional, possui uma influência direta inegável nas próprias crenças do
psicopedagogo, em sua autopercepção profissional e, conseqüentemente, no que
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faz; indiretamente, influi também por meio das expectativas geradas por sua tarefa e
pelas demandas que lhe são formuladas.
1.3 TEORIAS QUE EMBASAM A FORMAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Para BOSSA (2000), as teorias que embasam a formação psicopedagógica,
ou seja, a própria identidade profissional como psicopedagogo, derivam de alguns
elementos básicos e de outras áreas de conhecimento como:
1º- Ter uma formação acadêmica de nível superior voltada para a área humana,
direcionado para a educação;
2º- Ter um objeto de atuação: a escola e a criança em processo de aprendizagem;
3º- Conhecer este objeto de atuação de uma forma ampla,através das teorias de
desenvolvimento e de aprendizagem e suas dificuldades;
4º- Ter conhecimento sobre avaliação e recursos de atuação psicopedagógica, que
possibilite ao profissional que trabalha na área, melhorar o desempenho acadêmico
do aluno, como também, prevenir e remediar o fracasso escolar.
1.4 CAMPO DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Por se tratar de uma atividade relacionada às dificuldades escolares,
segundo o artigo da Profª Renata Tereza da Silva Ferreira publicado em 2001, a
primeira vista, pensam que o psicopedagogo deva trabalhar na escola, lugar onde
são produzidos a maioria dos problemas escolares, mas são vários os campos de
atuação psicopedagógica; como clínica, escola, instituição de saúde ou mesmo em
empresas. A atuação do psicopedagogo não se refere apenas ao espaço físico onde
ele vai atuar, mas também ao modo dele pensar a Psicopedagogia e ao
conhecimento que ele tem da área, ou seja da sua atitude psicopedagógica.
A Psicopedagogia Educacional, segundo pesquisas da Profª Renata, tem
como objetivo, fazer com que os professores, diretores e coordenadores
educacionais repensem o papel da escola frente às dificuldades de aprendizagem
da criança. Por outro lado, mesmo que a escola passe a se preocupar com os
problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade,
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algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de
comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento
psicopedagógico mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade
de diferentes modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o
objetivo de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a clínico-terapêutica, onde seria encaminhadas apenas as crianças
com maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola.
No caso dos problemas já instalados é tarefa do psicopedagogo escolar tentar
resolvê-los dentro da escola antes de encaminhamento para a clínica. O
encaminhamento para a clínica deve sempre ser feito com muito critério, sempre
levando em conta as necessidades específicas daquela criança. Para um
encaminhamento adequado é necessário que o profissional conheça muito bem não
só a criança como também a instituição que ela freqüenta.
A Psicopedagogia Escolar, segundo MASSINI (1994), deve trabalhar para
que a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se constitua num
verdadeiro espaço de construção do conhecimento, auxiliando para que todos que
participam da escola entendam “como” e “por que” transformá-la num lugar de
construção de conhecimento. Para que um psicopedagogo possa realizar um bom
trabalho é necessário que ele conquiste um espaço dentro da escola, o que nem
sempre é fácil, pois a maioria das escolas acham que um orientador educacional já é
suficiente para resolver todos os problemas.
Uma forma de conquistar este espaço psicopedagógico dentro da escola,
segundo MASSINI (1994), está na forma de como este profissional apresenta seu
trabalho. Este profissional tem que demonstrar amplos conhecimentos não só da
criança que aprende como também dos processos didáticos metodológicos e da
dinâmica institucional. Para uma atuação institucional, deve ser considerado como
ambiente educacional a escola como um todo, desde a criança que aprende, o
professor que ensina, o diretor que organiza, até a merendeira que é responsável
pela alimentação. Além disso, deve ser considerado a família responsável pela
criança e outros membros da comunidade que decidem sobre as necessidades e
prioridades da escola.
Segundo BOSSA (2000), o psicopedagogo pode colaborar na elaboração do
projeto pedagógico, ou seja, através de seus conhecimentos ajudar a escola a
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responder questões fundamentais como: O que ensinar? Como ensinar? Para que
ensinar? Pode realizar o diagnóstico institucional para detectar problemas
pedagógicos que estejam prejudicando a qualidade do processo ensino-
aprendizagem; pode ajudar o professor a perceber quando a sua maneira de ensinar
não é apropriada à forma do aluno aprender; pode orientar professores no
acompanhamento do aluno com dificuldades de aprendizagem; pode ainda, realizar
encaminhamentos para fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas, psiquiatrias
infantis, entre outros.
Além disso, a relação professor-aluno é um fato importante que deve ser
constantemente avaliado pelo psicopedagogo. Muitas vezes, esta relação pode estar
ocorrendo de modo negativo pelo fato do professor desconhecer o aluno, estar muito
distante de suas necessidades, ou não por não saber identificar a fase de
desenvolvimento cognitivo/afetivo do aluno, ou mesmo, por não saber o que está se
passando no ambiente familiar da criança.
O psicopedagogo escolar, segundo BOSSA (2000), deve participar da
reunião de pais, com o objetivo de estar esclarecendo o que se está passando com
a criança na escola, podendo assim ensinar aos pais a reconhecerem as
verdadeiras necessidades de seus filhos até ensinarem os pais a estimular seus
filhos para aprendizagens escolares em casa. Quando necessário o psicopedagogo
pode marcar hora para outros encontros com alguns pais, para melhor orientar ou
mesmo conhecer melhor o ambiente familiar da criança que está com problemas.
Faz parte do trabalho psicopedagógico educacional, segundo BOSSA
(2000), participar da avaliação dos processos didáticos metodológicos, onde poderá
oferecer conhecimentos sobre métodos a ser aplicados para determinada classe ou
para ajudar o professor na implantação de uma nova sistemática de ensino,
oferecendo desta forma um suporte instrumental aos professores.
É função deste profissional também, segundo BOSSA (2000),, oferecer um
suporte emocional para professores que estão inseguros quanto a sua capacidade
para aplicação de um método novo ou que estão com alunos com problemas de
aprendizagem. Na medida em que o psicopedagogo ouve as dificuldades dos
professores, esclarece sobre suas dúvidas, este se sentirá mais tranqüilo, ganhará
mais confiança e proporcionará melhores condições para a aprendizagem.
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O suporte instrumental oferecidos aos professores pode se dar também
oferecendo ao professor sugestões de atividades para a sala de aula; outras vezes
sua atuação será individual ou em grupo com os alunos.
Certamente cada instituição tem suas necessidades e o psicopedagogo
deverá identificá-las para que efetivamente cumpra seu papel.
Em seu livro sobre Reabilitação em Neurologia e Psiquiatria Infantil –
aspectos psicopedagógicos, KIGUEL (1983), nos diz que a atuação clínico-
terapêutica, é praticada fora das paredes escolares, em locais especiais de
atendimento, o consultório psicopedagógico; geralmente são atendidas crianças
encaminhadas por outros profissionais como médicos e psicólogos clínicos infantis.
Este trabalho apresenta uma etapa inicial onde se faz uma avaliação sobre os
aspectos afetivos, cognitivos e pedagógicos da criança, paralelo com entrevistas de
anamnese com os pais, elabora-se um estudo de caso e realiza-se sessões. Num
segundo momento a criança passa por um período de intervenção psicopedagógica
paralelo com sessões de orientação aos pais. Também a prática psicopedagógica
clínica é freqüentemente desenvolvida em instituição de saúde, que mantém
atendimento psicopedagógico à criança proveniente da comunidade e que não
teriam condições financeiras para receber este tipo de assistência em clínicas
particulares.
Quanto ao plano didático, ou seja, o currículo e o programa organizado de
acordo com uma seriação que acompanha o desenvolvimento dos alunos em seus
vários aspectos (físico, intelectual, social, etc.), algumas escolas apresentam um
excelente currículo e ótimos programas, mas pecam na divulgação do conteúdo, ou
seja, como ensinar. Desta forma, a análise do psicopedagogo, segundo BOSSA
(2000), deve estar voltada para recursos que possam amenizar as inseguranças
dos professores na transmissão do conhecimento, como também para oferecer a
esses, técnicas e estratégias mais adequadas à aprendizagem.
Os planos de trabalho representam a implantação do plano didático e os
resultados do planejamento escolar, tendo em vista as possibilidades do mecanismo
administrativo e as metas estabelecidas. Cabe ao psicólogo, segundo BOSSA
(2000),, observar se os planos de trabalhos estão adequados à faixa etária dos
alunos e se atendem às suas exigências cognitivas, podendo sugerir técnicas e
estratégias adequadas e mais modernas.
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Os Recursos Materiais compreendem a expressão física da programação
como: prédio escolar, instalações, mobiliários, equipamentos didáticos, materiais
permanentes e de consumo, verbas entre outros. Os recursos materiais são funções
da programação. Com uma análise sobre os recursos materiais, o psicopedagogo,
ainda baseado em BOSSA (2000), poderá avaliar o potencial e as possibilidades de
sua atuação, frente às necessidades da escola, como também poderá utilizar toda
sua criatividade para ampliar esses recursos, no caso de escolas com recursos
insuficientes.
O Pessoal Escolar pode ser classificado em: administração (diretor e
auxiliar de direção); corpo docente (professores); pessoal técnico (orientador
pedagógico, orientador educacional, psicólogo, psicopedagogo, bibliotecário, etc);
pessoal auxiliar (secretário, escriturário, inspetores de aluno, serventes). O pessoal
escolar, segundo o autor citado no parágrafo anterior, deve fazer parte de uma
equipe para planejamentos e execução de projetos, visando a melhoria da escola.
O Corpo Discente, ou seja, o aluno deve ser considerado como um ser
concreto que sintetizam, em si, inúmeras relações sociais e, sendo assim, deve ser
compreendido na medida em que se toma como referência a situação real em que
vive. Dentro de uma escola, o corpo discente deve ser avaliado e classificado de
acordo com o seu progresso, em séries didáticas, sendo que dentro de cada série,
os alunos são agrupados em classes ou turmas. Cabe ao psicopedagogo, segundo
MASSINI (1994), acompanhar a avaliação, o progresso alcançado e a adaptação do
aluno na série ou turma que se encontra.
Desta forma, MASSINI (1994)), pode se concluir que a atuação do
psicopedagogo dentro da instituição escolar inicia-se por uma análise sobre vários
aspectos da organização escolar. Além de ser primordial um trabalho em equipe,
junto com professores, alunos e pessoal administrativo, procurando dentro deste
contexto melhorar o relacionamento entre si e entre grupos, tendo como meta à
melhoria das condições de aprendizagem individual e grupal.
Há muitas funções dentro de uma escola, onde se fundem, nem sempre
havendo uma distinção nítida entre elas, principalmente entre o diretor, coordenador
pedagógico, orientador educacional, psicopedagogo, psicólogo educacional e
professores. Desta forma aparece, segundo MASSINI (1994), a necessidade de
articulação entre estes profissionais para a configuração de um trabalho que atenda
19
a necessidade de todos. Para que ocorra essa articulação, é necessário que sejam
bem esclarecidas as características de cada função dentro da instituição escolar. O
psicopedagogo tem a necessidade de conhecer, pelo menos teoricamente, o que
seria a função de cada profissional dentro da escola, para poder planejar seu
trabalho.
Com isso, posso dizer que a escola precisa contar com forte aliança entre a
comunidade, o corpo docente e administrativo, os quais trabalham os seus conflitos
através da colaboração e diálogo, também é necessário que haja flexibilidade entre
essas pares par lidar com os conflitos, de modo estratégico, valendo –se do
conhecimento de várias técnicas e métodos adequados.
20
CAPITULO 2
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Bárbara Torres (2009), citada por FERNANDEZ (2001), fala de intervenção
como uma interferência que um profissional, tanto o educador, quanto o
psicopedagogo realiza sobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem do
sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem. Entende-se
que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com o objetivo de
compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito,
pensar poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o
mundo das pessoas das idéias. Ocorre-se na intervenção terapêutica. Exemplifica-
se como intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma
interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças com transtorno de
déficit de atenção com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma
relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento.
Podemos considerar que um dos objetivos da psicopedagogia é a
intervenção, a fim de “colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e
seus objetos de conhecimentos. Compreende-se que as causas do não aprender
podem ser diversas. Em vista dessa necessidade se reconhece que não é tarefa
fácil para os educadores compreenderem essa pluricausalidade. Torna-se comum
constatar que as escolas rotulam e condenam esse grupo de alunos à repetência ou
multirepetência, como também os classificam com adjetivos de alunos “sem solução
e vítimas de uma desigualdade social.
A intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas
que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto no diagnóstico quanto na
terapia. Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas
escolas que freqüentam, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. A
questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem
não aprende.
Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando
uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no
processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui,
necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no
que é valorizado como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno
permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilize recursos que
façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem.
2.1 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA
Depois de um bom conhecimento sobre o funcionamento da escola onde vai
atuar, o psicopedagogo necessita refletir sobre algumas características básicas e
tarefas psicopedagógicas que podem ser realizadas no contexto escolar. Estas
sempre devem ser realizadas com apoio em aspectos teóricos/práticos e adaptadas
as condições da escola onde o trabalho vai ser desenvolvido.
De acordo com o artigo da Profª Raissa Mantovelli (2011) para a realização
deste trabalho, será necessário considerar que:
1- A intervenção psicopedagógica na escola deve ser considerada como um
recurso do sistema educacional, portanto, de todos os alunos e professores e
não somente daqueles que possuem determinadas características.
2- É uma intervenção que requer uma definição coerente com àquilo que a
própria tarefa representa como recurso para a escola e precisa de análise e
reflexão constantes, como meio para atingir objetivos.
3- É uma intervenção que, apesar de considerar aquilo que não funciona
adequadamente, investiga as características positivas da situação em que se
encontram alunos e professores, para a partir delas, poder modificar o que
aparece como inadequado.
4- Trata-se de uma intervenção mais global, não necessariamente centrada no
indivíduo; este é levado em consideração, mas ao mesmo tempo em que são
considerados os demais elementos do sistema com os quais interage.
5- É uma intervenção que não se esgota com a demanda concreta,mas que fica
ligada ao contexto específico (sala de aula, instituição) e ao contexto mais amplo
(família-comunidade) e que se apóia na rede de serviços e recursos que a
comunidade dispõe.
22
6- A maior parte das tarefas psicopedagógicas deve ser realizadas em equipe
(diretor, orientador pedagógico, professores e outros). O trabalho em equipe nem
sempre é fácil, mas as decisões devem ser tomadas em conjunto, para que todos
assumam responsabilidades. Um trabalho em equipe também impulsiona a
cooperação entre os profissionais. Desta forma, o psicopedagogo pode estimular
junto ao coordenador pedagógico a formação de equipes de professores, ou
comissão de orientação pedagógica, onde se torne possível um projeto comum
de construir uma escola democrática para a redução dos problemas de ensino
aprendizagem.
Como parte da equipe o psicopedagogo, segundo Simaia Sampaio (2007),
pode participar das seguintes tarefas:
a) colaborar junto com os professores no estabelecimento dos planos de ação de
regência mediante análise e a avaliação de modelos, técnicas e instrumentos
para o exercício da mesma, assim como de outros elementos de apoio para a
realização de atividades docentes de reforço,recuperação e adaptação escolar;
b) assessorar o corpo docente na definição de procedimentos e instrumentos de
avaliação, tanto das aprendizagens realizadas pelos alunos como dos próprios
processos de ensino;
c) assessorar o corpo docente para o tratamento flexível e diferenciado da
diversidade de aptidões, interesse e motivação dos alunos, colaborando na
adoção das medidas educacionais oportunas. Como também, trabalhar as
concepções dos professores sobre os processos de ensino aprendizagem,
assinalando a multidimensionalidade dos problemas de aprendizagem, a
importância de se considerar fatores orgânicos, cognitivos,afetivos/sociais e
pedagógicos para análise e a necessidade de se trabalhar com a diversidade, ou
seja, respeitando as características de cada aluno;
d) colaborar com professores e orientador na orientação educacional e profissional
dos alunos, favorecendo neles a capacidade de tomar decisões e promovendo a
maturidade profissional;
e) colaborar para a prevenção e para a rápida detecção de dificuldades e ou
problemas de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem que os alunos
possam apresentar, realizar avaliações psicopedagógicas cabíveis e participar,
23
em função dos resultados desta, da elaboração das adaptações curriculares e da
programação de atividades de recuperação e de reforço;
f) colaborar com os professores e equipe de apoio no acompanhamento dos alunos
com necessidades educacionais especiais e orientar sua escolaridade no início
de cada etapa educacional;
g) promover a cooperação entre a escola e a família para uma melhor educação
dos alunos, participar no planejamento de reuniões com os pais, privilegiando a
integração, a cooperação e a informação, como também, atender individualmente
alguns pais quando for necessário;
h) atuar na modificação das expectativas e atitudes dos professores diante do
insucesso escolar dos alunos, ou seja, atenuar concepções preconceituosas da
escola e dos professores, sobre as dificuldades de aprendizagem da criança;
i) participar de tarefas junto com o ensino de educação especial e
j) realizar atendimentos à alunos ou à grupos de alunos com necessidades
específicas, fora da sala de aula.
Algumas sugestões, segundo a Profª Renata Tereza da Silva Ferreira
publicado em 2001, em que o psicopedagogo poderá fazer, atuar dentro das
escolas, como: reuniões sistemáticas com a participação de todos os profissionais
existentes na escola: falar/ouvir/propor; elaboração e organização de cursos sobre
determinados assuntos; oficinas com atividades práticas, para professores, pais,
alunos; palestras; elaboração de cronogramas para atendimento dos pais;
elaboração de cronogramas para atendimento individual e/ou grupal de alunos,
quando for possível.
A autora diz nesse artigo que, para que o psicopedagogo atinja seu objetivo,
realizando estas tarefas na intervenção psicopedagógica, deverá, adaptar sua
intervenção de acordo com as necessidades do contexto educacional, se utilizando
do seu saber e de sua criatividade, haja vista que é um processo de muita
importância para o desenvolvimento e aprendizado do aluno. Nesse processo, o
educador/psicopedagogo tem o papel de interventor no desenvolvimento do
aluno/cliente de forma a provocar desempenhos avançados que não ocorreriam sem
a sua intervenção. Portanto, a escola e o educador que desejam alcançar o sucesso
de todos os alunos terão que se imbuir na integra desta prática pedagógica.
24
PIAGET (1976), construiu uma idéia construtivista sobre as tendências de
criança em detrimento ao indivíduo adulto, sugerindo tratamentos diferenciados, ou
seja, uma análise distinta aos pensamentos e qualidades diferentes, como
conhecimento das faculdades a que são diariamente direcionadas, haja vista que a
intervenção contribui no procedimento investigatório do pensamento infantil,
pensando-se na escola como agente formador e transformador para o pleno
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Tendo a significação da palavra intervenção como “mediação”, vale
salientar, segundo Marco Aurélio Oliveira (2007), baseado em FERNANDEZ (2001),
que as famílias representadas pelos pais e adultos são os primeiros “mediadores”,
porque são os mesmos, responsáveis pelos ensinamentos, ou conjunto de hábitos,
valores, leis e regrasA escola e os professores têm papel importante também como
“mediadores”, pois estão justapostos entre a criança e o mundo social, ao
ministrarem conteúdos pragmáticos e fundamentais à formação cidadã dos
envolvidos.
A escola e os professores têm papel importante também como “mediadores”,
pois estão justapostos entre a criança e o mundo social, ao ministrarem conteúdos
pragmáticos e fundamentais à formação cidadã dos envolvidos.
Mas, a intervenção, segundo Marco Aurélio Oliveira (2007), sobrepõe-se à
simples tarefa de educar, visto que é fator sumariamente importante e tido como
interferência para um profissional (educador ou terapeuta) dentro do processo de
desenvolvimento e aprendizagem do sujeito (aluno), principalmente quando o
mesmo apresenta algum problema que o afasta do conhecimento..
Tendo como um dos objetivos, a intervenção, a psicopedagogia revela a
necessidade imperiosa de se fazer a mediação entre a criança e seus objetivos face
ao conhecimento ministrado. Diversos autores inserem como parâmetro de
aprendizagem, o campo e a natureza da intervenção psicopedagógica.
Para o PAIN (1985, p.86), em especial, a intervenção
Consiste em criar situações tais que o aluno é chamado a agir mentalmente, de forma estruturante, como sujeito imprescindível à integração das ações num sistema de coordenação e de composição operatórias.
PAIN (1985), trata o tema intervenção juntamente com o do diagnóstico, em
crianças com problemas de aprendizagem. O autor demonstra que o não-aprender
25
como sintoma que precisa ser desvendado e suas origens estão na constituição
orgânica (que estabelece os limites) e na articulação das criança e seus pais.
Acerca do tratamento psicopedagógico, FERNANDEZ (1987), os divide
como:
1. sintomático
2. situacional
3. operativo
No entanto, sugere técnicas embasadas em objetivos para uma intervenção,
garantindo o seu cumprimento como um todo.
O diagnóstico, nada mais é do que uma relação entre o aprendente (aluno) e
o ensinante (professor) ou instituição escolar, que permite o acesso à relação do
sujeito com o conhecimento, face aos aspectos corporais, intelectuais e afetivos.
FERNANDEZ (1987), por sua vez, propõe um olhar clínico para os
problemas de aprendizagem, revelado sobre a atitude que se resume em escutar e
traduzir o material trazido pelo cliente.
MACEDO (1994), apresenta o uso de jogos de regras com um propósito
psicopedagógico, pois estes apresentam uma situação-problema, um resultado e um
conjunto de regras que determinam os limites dentro dos quais a situação-problema
e os resultados serão considerados. O autor detalha que
os jogos permitem à criança produzir e compreender situações no binômio “réussir” e “comprendre”, de Piaget”, Compreender é conseguir dominar em pensamento estas mesmas situações até poder resolver os problemas por elas levantados e desvendar as ligações utilizadas na ação. (p. 130).
Nesta perspectiva, a análise do jogar permite investigar os erros das
crianças e torná-los observáveis, no sentido piagetiano, isto é, "produtos de uma
interpretação do sujeito de sua própria ação, bem como do objeto sobre o qual se
dá." (p. 135).
Ainda segundo FERNANDEZ (1987), atualmente, podem ser entendidas
como intervenções psicopedagógicas:
1. Estratégias que visam à recuperação, por parte das crianças, os conteúdos
escolares avaliados como deficitários;
26
2. procedimentos de orientação de estudos (organização, disciplina, etc.);
3. atividades como brincadeiras, jogos de regras e dramatizações realizadas na
escola e fora dela, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos e o
desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de
aprendizagem;
4. atendimentos em consultório de crianças com dificuldades de aprendizagem na
escola (encaminhamentos feitos pela própria escola); e
5. pesquisa de instrumentos que podem ser utilizados para auxiliar o processo de
aprendizagem de crianças, bem como o seu desenvolvimento, no que se refere à
inteligência e afetividade.
Nesta condição, têm-se uma idéia conjuntural sobre o papel do profissional,
partindo da premissa de afirmação, sabendo-se que a intervenção advém da
necessidade imperiosa na resolução de problemas e, principalmente, na construção
de um diagnóstico preciso.
2.2 O DIAGNÓSTICO NA ESCOLA
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994, p.74) sobre o diagnóstico:
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito.
Realizar um diagnóstico é uma tarefa que não é muito fácil, por isso esse
artigo abordará as diversas questões relacionadas ao diagnóstico, e também
abordará os Transtornos de Aprendizagem, que são de suma importância ser
detectados e tratados.
A origem da palavra diagnóstico segundo RODRIGUES (2009), vem do
grego e significa faculdade de conhecer. Sendo assim podemos ver que para que se
faça um diagnóstico dentro da escola, de um aluno com dificuldade, é necessário
analisar toda a realidade em volta desse aluno, seja na escola, em casa e na sala de
aula, para poder diagnosticar o seu problema e posteriormente tentar tratá-lo. A
família é de grande importância, e por isso é necessário que ela esteja interligada
27
com a escola, trabalhando de forma conjunta para que o processo de ensino
aprendizagem seja melhor efetuado.
Hoje, é o aluno quem elabora o seu conhecimento, o professor somente
ajuda na mediação desse processo, e sendo assim é importante avaliar ambos no
momento de diagnosticar alguma dificuldade de aprendizagem, e geralmente se
chega a uma hipótese diagnóstica, visto que não se pode chegar a uma conclusão
decisiva sem avaliar todos os processos que integram a vida desse aluno.
Segundo RODRIGUES (2009),
O eixo principal da questão do diagnóstico sobre o aprender repousa nas dimensões do aluno, do professor, e dos níveis inter-relacionados na ação educativa, ou seja, Sócio-político, Pedagógico e Psicopedagógico. (p. 57).
Para a realização de um diagnóstico psicopedagógico, é necessário avaliar
principalmente uma dificuldade de aprendizagem que esteja explícita, e analisar todo
o contexto escolar desde as questões pessoais, familiares, socioculturais,
educacionais e principalmente a aprendizagem em si. O diagnóstico deve ser
considerado uma busca por saber mais sobre o aprender, para assim melhorar e
facilitar a intervenção do psicopedagogo na escola.
Geralmente os transtornos são identificados na infância ou na adolescência
pela primeira vez, e eles podem ser Transtorno da Leitura, da Matemática, da
Expressão Escrita e da Aprendizagem sem outra especificação.
Os Transtornos de Aprendizagem podem incluir problemas em todas as três áreas que interferem no rendimento escolar, embora o desempenho nos testes que medem cada habilidade isoladamente não esteja acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade apropriada à idade do indivíduo. (APA, 1994).
O psicopedagogo procura, portanto, compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superando dificuldades que impeçam um desenvolvimento harmônico e que estejam se constituindo num bloqueio da comunicação dele com seu entorno. (FERNANDEZ,1991, p. 59)
De acordo com FERNANDEZ (1991), são vários os aspectos relacionados
com os Transtornos de Aprendizagem: podem ser, orgânicos, cognitivos, emocionais
e ambientais, ambos relacionados com o indivíduo, a família e a escola. Como
pudemos ver ao longo desse texto, para o bom desempenho do aluno, é necessário
que todos os meios a sua volta estejam interligados de maneira harmoniosa, para
que dessa forma ele possa se desenvolver plenamente em todas as áreas do
28
conhecimento. A escola, a família e a sociedade são os responsáveis pela
aprendizagem ou não do aluno.
2.3 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA CONCEPÇÃO DE VYGOSTSKY:
Para VYGOTSKY (1987, p. 31), “o único bom ensino é aquele que se
adianta ao desenvolvimento”, pois para ele a escola tem o papel de fazer a criança
avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu desenvolvimento já
consolidado e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas. Por sua
vez, “o professor tem o explícito papel de interferir na zona de desenvolvimento
proximal dos alunos provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente”
(REGO, 1999, p. 85). Afirma ainda que é na zona de desenvolvimento proximal
(ZDP) que a interferência de outros indivíduos (professor , pais , colegas ,
psicopedagogos) no ensino – aprendizagem dos alunos alcançará resultados
satisfatórios. Interferindo constantemente na ZDP da criança , os adultos e os
colegas mais experientes contribuem para movimentar os processo de
desenvolvimento dos alunos ainda imaturos . eles exercem o papel de
mediadores no processo de desenvolvimento da criança , relevando - a a acionar
os mecanismos em processo de maturação.
Para VYGOTSKY:
O aprendizado impulsiona o desenvolvimento, daí o papel da escola na construção do “ser psicológico” adulto dos indivíduos que vivem em sociedade escolarizadas. É na ZDP que o educador tem de atuar como mediador, estimulador, provocador e interventor no organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie. (1987, p. 22).
O autor ainda alerta que para o desempenho desse papel, o educador
precisa conhecer os processo já consolidados pela criança – seu nível de
desenvolvimento real – os que já iniciaram, ou não, na zona proximal , e os que
precisam aprender para o desenvolvimento de suas funções psicológicas – zona
de desenvolvimento potencial. De posse do diagnóstico ou inventário ,o educador e
a escola devem dirigir o ensino não para etapas intelectuais já consolidadas ,
mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pelos alunos ,
mas já iniciados no seu processo de desenvolvimento . Assim, o professor será o
construtor da ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele pode e deve aprender .
29
Nesse percurso é necessário observar sempre as possibilidades das
crianças e o nível de desenvolvimento potencial de cada uma.
Nessa perspectiva, o processo ensino- aprendizagem na escola será
construído a partir do nível de desenvolvimento real da criança , um determinado
momento , em relação a um dado conteúdo curricular a ser desenvolvimento
,tendo em vista os objetivos e metas estabelecidos pela escola e professor para
aquele ano escolar e para cada grupo de criança que atendem .
O professor não precisa mais trabalhar o que a criança já sabe; precisa sim
trabalhar o que ela não sabe, mas que precisa aprender, e que certamente
aprenderá com o professor e colegas na intervenção na ZDP e na interação
interpsiquica do grupo. Dessa forma, de nada adiante ensina a uma criança como
abotoar a camisa se ela já adquiriu esta habilidade.
Também não conseguiremos ensinar a um bebê, porque essa habilidade
ainda está distante do horizonte de desenvolvimento de sua função psicológica.
Entretanto, vale a pena ensinar aquela criança que ainda não conseguiu
fazê-lo bem. Com o auxilio do outro, seu processo de desenvolvimento dessa
habilidade desencadear-se-á de maneira satisfatória.
VYGOTSKY (1998), considera, ainda, a imitação como também um
processo de intervenção. Segundo ele quando um aluno procura imitar o colega, ao
copiar, o seu modelo passará por uma reconstrução individual daquilo que é
observado no outro. Essa reconstrução acontece de acordo com as possibilidades
psicológicas da criança que realiza a imitação e constitui para ela a criação de algo
novo a partir do que observa no outro. VYGOTSKY (1998), vê a imitação como uma
oportunidade de a criança realizar ações que estão alem de suas próprias
capacidades, o que contribuirá para o seu desenvolvimento.
Nessas as ações uma criança mais desenvolvida pode contribuir para o
desenvolvimento da outra, nesse tipo de interação a criança é levada a tomar
consciência e refletir tanto sobre suas próprias idéia , suas estratégias e descobertas
e assim construindo o sue saber.
VYGOTSKY (1998), acrescenta em seus estudos, a importância do
educador, nesse processo. Para ele é fundamental que o professor assuma o seu
papael de interlocutor mais experiente, intervindo nessa interação, ajudando o aluno
30
a confrontar seus modelos com o modelo do outro e , a partir desse confronto,
chegarem à compreensão das diversidades encontradas. Considera de grande
importância as interações sociais que ocorrem no espaço escolar, por eu através
delas, professor e aluno tomam consciência de que o saber e construído
socialmente, e que aquilo que a criança faz com a ajuda do docente ou dos colegas
mais experientes será uma etapa de grande valia para a interiorização do
conhecimento escolar e para o seu desenvolvimento psíquico.
2.4 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
LINHARES (1995) destaca que família e escola têm um objetivo comum:
estabelecer as melhores condições para favorecer o desenvolvimento integral das
crianças e dos jovens. Este objetivo requer atuações de qualidade em cada um dos
sistemas, dirigidos a que as crianças possam ter acesso, progressivamente, à
cultura de seu grupo social num processo que repercuta de forma favorável em seu
autoconceito, na capacidade de relacionar-se construtivamente com outros e nas
suas possibilidades de inserir-se paulatinamente em novas estruturas e sistemas.
Mas também requer a existência do conhecimento mútuo, a formação de vínculos e
o estabelecimento de acordos entre estes contextos originários como condição
necessária para que o potencial de desenvolvimento de cada um deles chegue a se
concretizar. Cada escola é em si mesma, uma comunidade que estabeleceu ao
longo de sua trajetória uma história de relação e afeto entre seus membros; entre a
equipe de docentes, com os alunos, entre a equipe e as famílias; em cada caso
estes aspectos são diferentes.
O psicopedagogo pode encontrar-se em uma instituição que tem uma boa
relação entre a família e escola, bem como poderá encontrar escolas que possuem
atritos, incompreensões e conflitos freqüentes, gerando clima de desconfiança e
mal-estar que provoca interações tensas e pouco construtivas.
De acordo com MERY (1985), apud BOSSA 2000) os psicopedagogos
podem contribuir, de maneira proveitosa para o estabelecimento de canais fluidos de
comunicação entre a família e a escola. Quando ocorre, essas relações são
conduzidas pela confiança e pelo respeito mútuos e articulam-se em torno de
algumas metas ou objetivos concernentes a ambos os sistemas. São relações nas
31
quais se buscam os aspectos positivos que possuem todos os interlocutores.
Paralelamente, os pais respeitam a tarefa educacional da escola, criando-se deste
modo um contexto de relação cômodo para todos.
HUGUET (1996), afirma que pais e professores para que se obtenha esta
boa relação entre família-escola, atribui fundamentalmente a responsabilidade na
escola. O grau em que os familiares possam elaborar expectativas positivas em
relação ao bem-estar e à educação de seus filhos na escola vai depender da colhida
que esta oferecer não somente aos alunos mas à família em seu conjunto, assim
como dos esforços destinados a manter e a cuidar dessa relação. Assim, há uma
variedade de intervenções que estão vinculadas à cultura da escola em relação às
famílias. Os conteúdos desta relação família-escola são: o caráter sistêmico,
mutante e interativo da família; a singularidade da função educacional da família e
sua complementariedade com a da escola; o benefício das relações fluidas entre o
regente e os familiares e, simultaneamente, a necessidade de estabelecer limites
entre ambos os sistemas, evitando as intromissões indesejadas. Outras
intervenções dirigidas a levar as famílias a conhecer a escola são: palestras gerais
de início de ano, comunicações escritas, personalizadas ou gerais, apresentação de
projetos nos quais a escola está envolvida, informar sobre o estilo, as formas de
relação que se estabelecem na escola; onde o psicopedagogo pode colaborar
ajudando nestas atividades. Todas estas intervenções têm como fim prioritário
melhorar a comunicação entre a família e a instituição educacional e fomentar entre
elas relações positivas.
A própria aprendizagem é uma ação integradora uma vez que acontece
segundo a adequação das diferentes características que constituem o sujeito,
somadas ao ambiente em que está inserido. Segundo FERNANDEZ (1991), o
sujeito aprendente é constituído por corpo, organismo, desejo e inteligência que
interrelacionam-se harmoniosamente. Ela nos diz que,
Assim como em todo processo de aprendizagem estão implicados os quatro níveis (organismo, corpo inteligência e desejo), e não se poderia falar de aprendizagem excluindo algum deles, também no problema de aprendizagem, necessariamente estarão em jogo os quatro níveis em diferentes graus de compromisso. (FERNANDEZ, 1991:57).
Entende-se o sintoma problema de aprendizagem como fruto do
desequilíbrio resultante de fatores internos ao sujeito, organismo e corpo, ou
externos a ele, inteligência e desejo. A inteligência e o desejo podem ser tomados
32
como fatores externos ao sujeito se considerarmos que têm sua existência inter-
relacionada entre si e com o ambiente externo, do qual sofre constante interferência.
Ainda segundo a autora cita acima, a Psicopedagogia, na tentativa de
entender os mecanismos envolvidos no surgimento do problema de aprendizagem
não se detém aos aspectos fisiológicos, obedecendo então a uma abordagem
cartesiana, pois isso restringiria sua visão.
RUBINSTEIN (2002), ressalta que a intervenção psicopedagógica no intuito
de contribuir para sanar a patologia do aprender não se opõe à utilização de
medicamentos quando estes são necessários, como no caso de TDAH. Nem por
isso sua atuação pode ser classificada como organicista.
O tratamento medicamentoso, segundo a autora, citada no parágrafo acima
apesar dos ganhos no alívio de determinados sintomas, como por exemplo, no alívio
da hipercinesia, não complementa ou possibilita o preenchimento das aquisições
instrumentais não adquiridas durante o período anterior ao tratamento. Se fixarmos a
intervenção na eliminação do sintoma, não estaremos tratando do sujeito como um
todo, e ele estará muito provavelmente, predisposto ao surgimento de outros
problemas. Uma intervenção para ser eficiente deve buscar o que leva ao
surgimento do sintoma, quais condições favorecem seu surgimento.
Da mesma forma, dar excessiva ênfase às influências externas (família) de
modo a direcionar o tratamento a ela pode levar ao erro de se esquecer que o
sujeito apresenta dificuldades por uma tendência própria a desenvolvê-las.
Deve-se também atentar para a possibilidade de a manifestação do
problema de aprendizagem trazer algum tipo de benefício ou mesmo ser uma
maneira própria de estabelecer relação com o seu mundo.
O psicopedagogo com uma postura integrativa, ainda de acordo com MERY
(1985), apud BOSSA (2000), levará em conta não só o sintoma fruto de um distúrbio
orgânico, mas também o afetivo e o emocional que o acompanham. A importância
do afetivo emocional está em que não só podem fazer parte do surgimento ou do
agravamento do sintoma como também são importantes no processo de cura.
O surgimento do sintoma pode ser considerado como uma forma de
expressar um desequilíbrio na constituição do sujeito enquanto aprendente. A
conquista do equilíbrio está não na ênfase em suprir o que falta ao paciente, mas em
33
possibilitar-lhe uma ação integradora do que ele já conquistou para que na ação
possa construir ou resgatar o que lhe falta.
34
CAPITULO 3
3.0 APRENDIZAGEM: O QUE É E COMO SE PROCESSA NA VISÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Para enveredarmos sobre o problema de aprendizagem, necessitamos
primeiramente compreender o que é aprendizagem e como ela se processa no olhar
psicopedagógico. Há na literatura vários modos de conceituar aprendizagem, muitos
autores preocupam em definir o tema na visão psicopedagógica.
Alicia Fernández (2001), relata que todo sujeito tem sua modalidade de
aprendizagem e os seus meios para construir o próprio conhecimento, e isso
significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o saber.
Já PIAGET (1976), busca subsídios na linha cognitivista para desenvolver
uma caracterização do processo de aprendizagem. Ele afirma que a aprendizagem é
um processo necessariamente equilibrante, pois faz com que o sistema cognitivo
busque novas formas de interpretar e compreender a realidade enquanto o aluno
aprende. A aprendizagem é um fruto da história de cada sujeito e das relações que
ele consegue estabelecer com o conhecimento ao longo da vida, afirma BOSSA
(2000).
Porém, quando falamos em aprendizagem, não podemos relacionar o
problema simplesmente com o aluno, pois, a aprendizagem não é um processo
individual, ou seja, não depende só do esforço de quem aprende, mas sim de um
processo coletivo. É o que ainda nos mostra FERNÁNDEZ (2001), a importância da
família, que por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da criança, já
que os pais são os primeiros ensinantes e os mesmos determinam algumas
modalidades de aprendizagem dos filhos.
Esta consideração também nos remete a relação professor-aluno, para essa
mesma autora, “quando aprendemos, aprendemos com alguém, aprendemos
daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar.” (p. 29). ALMEIDA
(1993), também considera que a aprendizagem ocorre no vínculo com outra pessoa,
a que ensina, “aprender, pois, é aprender com alguém”. É no campo das relações
que se estabelecem entre professor e o aluno que se criam às condições para o
aprendizado, seja quais forem os objetos de conhecimentos trabalhados.
Após verificarmos as considerações de alguns autores sobre o processo de
aprendizagem, na visão psicopedagógica, pretendemos agora abordar o problema
de aprendizagem, analisando as contribuições da psicopedagogia no desvio do
processo de aprendizagem, ou seja, na dificuldade de aprendizagem.
3.1 A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO PROBLEMA DE
APRENDIZAGEM
PAIN (1981), citado por RUBINSTEIN (1999), considera a dificuldade para
aprender como um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa como o
aprender, e que pode ser determinado por:
1. Fatores orgânicos: relacionados com aspectos do funcionamento anatômico,
como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central;
2. Fatores específicos: relacionados à dificuldades específicas do indivíduo, os quais
não são passíveis de constatação orgânica, mas que se manifestam na área da
linguagem ou na organização espacial e temporal, dentre outros;
3. Fatores psicógenos: é necessário que se faça a distinção entre dificuldades de
aprendizagem decorrentes de um sintoma ou de uma inibição. Quando relacionado
ao um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente; quando
relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego, ocorrendo
uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os problemas para
aprender;
4. Fatores ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que podem
favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo.
FERNÁNDEZ (1991), também considera as dificuldades de aprendizagem
como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente
estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. A
dificuldade para aprender, segundo a autora, seria o resultado da anulação das
capacidades e do bloqueamento das possibilidades de aprendizagem de um
indivíduo e, a fim de ilustrar essa condição, utiliza o termo inteligência aprisionada
(atrapada, no idioma original).
36
Para a autora, a origem das dificuldades ou problemas de aprendizagem
não se relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também à estrutura
familiar a que a criança está vinculada. As dificuldades de aprendizagem estariam
relacionadas às seguintes causas:
1. Causas externas à estrutura familiar e individual: originariam o problema de
aprendizagem reativo, o qual afeta o aprender mas não aprisiona a inteligência e,
geralmente, surge do confronto entre o aluno e a instituição;
2. Causas internas à estrutura familiar e individual: originariam o problema
considerado como sintoma e inibição, afetando a dinâmica de articulações
necessárias entre organismo, corpo, inteligência e desejo, causando o desejo
inconsciente de não conhecer e, portanto, de não aprender;
3. Modalidades de pensamento derivadas de uma estrutura psicótica, as quais
ocorrem em menor número de casos;
4. Fatores de deficiência orgânica: em casos mais raros.
A aprendizagem e seus desvios, para Fernández, compreendem não
somente a elaboração objetivante, como também a elaboração subjetivante, as
quais estão relacionadas às experiências pessoais, aos intercâmbios afetivos e
emocionais, recordações e fantasias (MIRANDA, 2003).
As causas do não aprender podem ser diversas. Em vista dessa
complexidade, segundo MIRANDA (2003), é necessário reconhecer que não é tarefa
fácil para os educadores compreenderem essa pluricausalidade. Portanto, torna-se
comum constatar que as escolas rotulam e condenam esse grupo de alunos à
repetência ou multirrepentência, como também os colocam na berlinda, com
adjetivos de alunos “sem solução” e vítimas de uma desigualdade social.
Neste contexto, analisaremos as possíveis intervenções psicopedagógicas
na dificuldade de aprendizagem. Para WEISS (2000), a prática psicopedagógica
deve considerar o sujeito como um ser global, composto pelos aspectos orgânico,
cognitivo, afetivo, social e pedagógico. Vamos entender a participação de cada
aspecto na compreensão da dificuldade de aprendizagem. O aspecto orgânico diz
respeito à construção biológica do sujeito, portanto, a dificuldade de aprender de
causa orgânica estaria relacionada ao corpo. O aspecto cognitivo está relacionado
ao funcionamento das estruturas cognitivas. Nesse caso, o problema de
37
aprendizagem residiria nas estruturas do pensamento do sujeito. Por exemplo, uma
criança estar no estágio pré-operatório e as atividades escolares exigirem que ela
esteja no estágio operatório-concreto. O aspecto afetivo diz respeito à afetividade do
sujeito e de sua relação com o aprender, com o desejo de aprender, pois o indivíduo
pode não conseguir estabelecer um vínculo positivo com a aprendizagem. O aspecto
social refere-se à relação do sujeito com a família, com a sociedade, seu contexto
social e cultural. E, portanto, um aluno pode não aprender porque apresenta
privação cultural em relação ao contexto escolar. Por último, o aspecto pedagógico,
que está relacionado à forma como a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o
método, a avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar a aula, entre outros. Para a
autora a aprendizagem é a constante interação do sujeito com o meio. Podemos
dizer também que é constante interação de todos os aspectos apresentados. Em
contrapartida, a dificuldade de aprendizagem é o não-funcionamento ou o
funcionamento insatisfatório de um dos aspectos apresentados, ou ainda, de uma
relação inadequada entre eles.
SCOZ (1998, p. 45), também agrupa os problemas de aprendizagem
segundo a concepção de Visca para quem as dificuldades de aprendizagem
referentes à escrita e à leitura, apresentam-se como nível de sintomas. Assim, esses
problemas devem ser entendidos como produtos emergentes de uma
pluricausalidade e não como decorrente de uma única causa. Ainda SCOZ (1994),
vê os problemas de aprendizagem não se restringindo em causas físicas ou
psicológicas. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional
enfocando fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos. Ou seja,
para aprender é necessário que exista uma relação de condições entre fatores
externos e internos. Há necessidade de estabelecer uma mediação entre o educador
e o educando.
Já PAIN (1992, p. 32), destaca que, na concepção de Freud, os problemas
de aprendizagem não são erros: “...são perturbações produzidas durante a aquisição
e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade...” ; é necessário procurar
compreender os problemas de aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas
sim sobre como se está fazendo. Ainda sobre o problema de aprendizagem Patto
(1990), destaca que o fracasso escolar acontece pela falta de conhecimento, pelo
menos em seus aspectos fundamentais, da realidade social na qual se enquadrou
38
uma determinada versão sobre as diferenças de rendimento escolar existentes entre
crianças de diferentes origens sociais.
Ao avaliarmos os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem,
vamos encontrar diversas categorias. Haverá aqueles que necessitam da
intervenção psicológica ou psicopedagógica, ou até mesmo, aqueles que o problema
pode ser resolvido dentro do contexto escolar, por meio de programas
individualizados de ensino e práticas pedagógicas diferenciadas. Dessa forma a
avaliação torna-se um elemento muito importante para traçarmos o caminho a
seguir. Avaliar não para classificar, para rotular, mas para promover alternativas.
Vamos refletir um pouco, sobre como agimos diante das dificuldades de
aprendizagem de nossos alunos. É comum prestarmos mais atenção às
dificuldades, pois elas saltam aos olhos com muito mais evidências que as
potencialidades. Podemos começar a pensar sobre a dificuldade de aprendizagem
pelos acertos dos alunos. Assim, experimentando alguns sucessos, podemos abrir
uma porta para a construção de um vínculo positivo com as demais áreas da
aprendizagem que nosso aluno necessita aprimorar. Vamos descobrir os talentos
dos nossos alunos e nos concentrar neles!
Veremos algumas sugestões para o trabalho com alunos portadores de
dificuldades de aprendizagem, sobre a intervenção da psicopedagogia.
Organizar as turmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que
aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades também pode ser
uma boa alternativa, pois as crianças e os adolescentes “falam a mesma língua” e
podem funcionar como professores uns dos outros.
A psicopedagogia, segundo PAIN (1992), utiliza os termos “ensinantes e
aprendentes” para denominar o par educativo que comumente conhecemos por
professor e aluno. Mas quem é ensinante e que é aprendente? A nossa primeira
tendência é imaginar que o ensinante é o professor e o aprendente é o aluno, não é
mesmo? Mas para a psicopedagogia esses papéis se alternam o tempo inteiro,
afinal, quem nunca aprendeu com um aluno? Qual o aluno que nunca ensinou nada
ao professor? No processo ensino-aprendizagem visto pela psicopedagogia também
aprendemos sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar. O outro nos serve de
espelho.
39
Como todo professor, queremos que nossos alunos acertem sempre, mas é
bom adquirir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem. O erro é um indicador de
como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi ensinado.
Analisando com mais cuidado os erros dos alunos, podemos elaborar a
reformulação e práticas docentes de modo que elas fiquem perto da necessidade
dos alunos e assim atender a dificuldade que o mesmo apresenta.
É importante que o professor, segundo PAIN (1992), reflita sobre as causas
do fracasso escolar não para se culpar, mas para se responsabilizar.
Responsabilizar-se significa abraçar a causa e procurar alternativas para solucionar
o problema. Não podemos nos satisfazer com aprendizagens parciais. Procurar
compreender como ocorre o conhecimento, os fatores que interferem na
aprendizagem, seus diferentes estágios, e as diferentes teorias que podem
transformar o trabalho do professor em processo científico e assim ele percorrerá o
caminho prática-teoria-prática. Recomenda-se, também, que o professor, em
conjunto com a equipe da escola, reflita sobre a estrutura curricular que está sendo
oferecida e a compatibilidade deste com a estrutura cognitiva, afetiva e social do
aluno, afinal para a psicopedagogia a aprendizagem se baseia no equilíbrio dessas
estruturas. O professor deve, ainda, adaptar a sua linguagem utilizada em sala de
aula, pois pode haver diferença de cultura entre professor e alunos, e isso pode
causar conflito e dificuldade de comunicação e conseqüentemente problema na
aprendizagem. Para VYGOTSKY (1993), todos os seres humanos são capazes de
aprender, mas é necessário que adaptemos a nossa forma de ensinar.
Baseado em FERNANDEZ (1991), o enfoque psicopedagógico da
dificuldade de aprendizagem compreende então, os processos de desenvolvimento
e os caminhos da aprendizagem. Compreende o aluno de maneira interdisciplinar,
buscando apoio em varias áreas do conhecimento e analisando aprendizagem no
contexto escolar, familiar; e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico.
Nesse contexto, cabe então ao professor, com uma visão psicopedagógica,
ser um investigador dos processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o
problema de aprendizagem leve a um fracasso escolar.
Acreditar, porém que o problema de aprendizagem é responsabilidade
exclusiva do aluno, ou da família, ou somente da escola é, no mínimo uma atitude
muito ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender. Procurar
40
achar um único culpado para o problema é mais ingênuo ainda. A atitude que
devemos tomar enquanto educadores desejosos de uma educação de qualidade,
com um menor número de crianças com dificuldade de aprendizagem, é intervir
psicopedagógicamente sobre o problema de aprendizagem.
Para concluir, os problemas de aprendizagem constituem uma situação real
presente nas instituições escolares. Portanto, é necessário que todos os envolvidos
com questões educacionais realizem pesquisas que possibilitem conhecer cada vez
melhor as relações entre os problemas de aprendizagem. Assim, pode-se recorrer
ao psicopedagogo para estruturar formas de ações e ou intervenções
psicopedagógicas que clareiem o caminho percorrido pelos sujeitos.
3.2 RESGATANDO O APRENDENTE
O não aprender, segundo FERNANDEZ (1991), pode ter sua origem em
uma incapacidade alicerçada em distúrbios físicos ou em uma recusa, uma evitação
que tem a função de fuga de algo ameaçador que a aprendizagem, o conhecimento
traz para o sujeito. Para esses, conhecer, aprender repercute em uma ameaça a ser
evitada. Desde muito pequena a criança está na constante busca em conhecer, há
uma gradativa exploração do mundo e uma concomitante criação de teorias que o
explique. Os supostos “problemas de aprendizagem” ou “não-aprendizagem”. Estes
alunos possuem padrões de desenvolvimento aquém do esperado, um ritmo
diferenciado dos demais existentes na sua turma, possuem um raciocínio lógico
matemático lento, dificuldade na leitura e escrita, pouco entrosamento com os
colegas, demonstrando às vezes comportamentos agressivos, falta de interesse e
concentração nas atividades propostas pelo docente, dificuldade em aceitar regras,
limites e em memorizar seqüências e fatos.
Na primeira infância, seu pensamento a levará a criar teorias imaturas e até
fantasiosas, daí ser muito fácil crianças acreditarem, por exemplo, em cegonha, para
explicar de onde vêem os bebês. Gradualmente, segundo FERNANDEZ (1991), com
o desenvolvimento do pensamento, o contato com a realidade levará a outras
explicações e ao abandono das teorias imaturas. Essa passagem do pensamento
mágico para o pensamento lógico, mesmo este tendo mais confiabilidade, exigirá
que a criança faça um ajustamento das informações de tal forma que ela se sentirá
41
ameaçada quanto mais apegada estiver neste pensamento mágico e, mais apegada
estará quanto mais a realidade lhe for desconfortável.
Dessa forma, há a possibilidade do aprendizado acadêmico tornar-se
desinteressante, pois o sujeito não adquire o progressivo amadurecimento de seu
pensamento para considerar o conteúdo ministrado uma aprendizagem confiável e
desejável. A manutenção do pensamento mágico pode se tornar um recurso para
não incorporar conhecimentos da realidade que incomodam. O pensamento objetivo,
segundo FERNANDEZ (1991), é lógico e real, comprova a realidade de maneira às
vezes difícil, como por exemplo, o conhecimento dos ciclos da vida ou a verdade
sobre a origem de uma criança adotiva. O pensamento mágico é reconfortante, pois
leva as fantasias que fogem do peso que a realidade pode representar, confortando,
consolando o sujeito.
Assim, em casos onde o portador de problemas na aprendizagem é filho
adotivo, deve-se atentar para uma correta percepção do alcance do problema uma
vez que a situação de adoção em si não leva necessariamente ao seu surgimento,
mas sim, como a família administra as informações sobre esse fato e como se dá
sua dinâmica. Faz-se importante conhecer a maneira com a qual a criança estrutura
seu pensamento, se o que sua família lhe apresenta como real é diferente do que
sua capacidade de percepção lhe mostra, esse tipo de situação pode gerar um
conflito que inibe o sujeito em sua possibilidade de explorar, investigar, tornando-o
portador de uma modalidade de aprendizagem patogênica. Saber leva à consciência
uma realidade, muitas vezes de difícil aceitação, a aprendizagem de algo se dá
porque o relacionamos ao que já temos internalizado e a partir desse contato
fazemos relações entre os conhecimentos anteriormente adquiridos e os novos.
O não aprender se dá, segundo FERNANDEZ (1991), quando o resultado
desta assimilação repercutir em sofrimento, daí a não acomodação, o esquecimento.
A criança então não ultrapassa os limites do conhecer para chegar ao saber, pois o
saber lhe trará mudanças internas que ela não está preparada para ter, daí um
conflito e a recusa em aprender.
A aprendizagem nos possibilita uma constante mudança. A cada nova
aprendizagem deixamos para trás algo e adotamos o novo. Um novo conhecimento
repercute sempre em uma transformação e o não aprender, em algumas
circunstâncias, pode ser interpretado como uma evitação dessa mudança.
42
A família pode, sem o saber, segundo FERNANDEZ (1991), desenvolver
mecanismos que levam seus membros a desenvolverem problemas na
aprendizagem. Com uma freqüência cada vez maior, nos deparamos com pais que
buscam o prolongamento da dependência da infância em seus filhos. Vemos
crianças que, já cursando o Ensino Fundamental ainda usam chupeta e mamadeira,
ou dormem na cama com os pais, adolescentes proibidos da satisfação de fazerem
a barba pela primeira vez sob a alegação materna de que, “ainda é cedo para o filho
ter essas preocupações”
A criança vive mensagens ambivalentes que ora dizem que a querem
“adulta” ora confirmam com rigidez seu estado infantil, dificultando ou
impossibilitando um avanço no aprender e na conquista da autonomia, tão
necessários ao desenvolvimento dos sujeitos. Algumas atividades de aprendizagem
repercutem conflitivamente em conteúdos já interiorizados e a única forma de
apaziguar a angústia que trazem é por meio da evitação do aprender.
A aprendizagem, segundo FERNANDEZ (1991), mantém uma relação
constante com a família do sujeito. Isso porque é no ambiente familiar que se
processam as primeiras aprendizagens e estas acontecem sob o olhar e desejo dos
pais, neste momento visto pela criança como mais sábios, pois lhe apresentam o
mundo e a amparam em aprendizagens básicas como andar falar e se alimentar.
A criança que, até ir para a escola se coloca como depositária dos
ensinamentos parentais, com a vida escolar passa a possuir conteúdos próprios, e
ser a detentora de experiências e conhecimentos que são apenas dela e os quais os
pais só terão acesso se ela assim o quiser.
Os pais passam então, frente ao filho, a serem também depositários, e a
aceitação dessa nova condição será perceptível segundo o interesse que tiverem
sobre os conhecimentos que lhe são trazidos. A qualidade da receptividade parental
para essa nova condição fará diferença no desenvolvimento do sujeito frente ao
conhecimento e conseqüentemente em sua vida escolar.
De acordo com o artigo de GOULART (2003), escrito na apostila de
intervenção psicopedagogica, se o exercício do papel de pai e mãe, estiver
alicerçado sob a condição de “saber mais”, o casal parental pode temer perder o
status de detentores do conhecimento e o suposto “poder” que este lhe trouxe até
então sobre os filhos.
43
Essa movimentação da criança que, de aprendiz dos pais passa a também
trazer conhecimento para eles, pode repercutir em sofrimento segundo a dificuldade
do casal parental em se adaptar a essa nova condição, o que pode levar a criança a
evitar este novo papel.
A criança sente-se capaz segundo o olhar que o outro lhe dirige e, a cada
nova aprendizagem obtém material que será unido às aquisições anteriores
transformando a utilização destes e sua visão e ação sobre o mundo. O que gera
dificuldade é o desejo de não agir sobre sua realidade com este material novo, pois
esta ação será conhecida pelo outro.
A conexão de novos conceitos com experiências vividas, segundo
GOULART (2003), em seu artigo, pode trazer à tona angústias e uma maneira de
evitá-las será afastar-se da aprendizagem. O trabalho psicopedagógico, frente à
problemas de aprendizagem fruto de tais circunstâncias, buscará levar ao paciente e
sua família uma nova maneira de olhar as aquisições de conhecimento e as
mudanças que elas trazem para a vida dos sujeitos.
As aquisições de conhecimento, vistas como gratificantes e enriquecedoras,
possibilitarão ao sujeito aprendente retomar um processo de aprendizagem
saudável.
44
CAPITULO 4
4.0 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA, ATRAVÉS DE PARCERIAS: FAMÍLIA
E PROFESSORES
Alícia Fernández afirma que:
Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas para poder apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. É uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola. (2001, p. 29).
Durante a intervenção psicopedagógica, a lentidão ou ausência de
progressos é um fator que pode determinar a necessidade de envolver a família do
aluno no processo, isso porque há casos onde o trabalho individual por si só, não
consegue romper os padrões de aprendizagem patogênicos, necessitando de uma
ação mais abrangente.
Para ALMEIDA (1993), o envolvimento da família no atendimento deve ser
considerado quando são percebidos em seu âmbito, distúrbios que interferem sobre
o aluno com problemas de aprendizagem. Estes distúrbios podem ser desde
conflitos entre o casal parental, dificuldades na comunicação de idéias, rivalidade
entre irmãos, rituais, lealdades ou mesmo um mito que, herdado de gerações
anteriores, representa um peso para o sujeito que manifesta o sintoma a possíveis
patologias neurológicas. Torna-se importante considerar a possibilidade de serem
estes conflitos, participantes da dinâmica que leva ao surgimento de uma paralisia
do livre fluxo de ação e pensamento, necessários à construção de uma modalidade
de aprendizagem saudável.
Ainda analisando o artigo de GOULART (2003), é possível dizer que a
família, passa por fases de desenvolvimento e mudanças que levam à necessidade
de uma constante reorganização, de maneira a mudar seus limites internos e
externos. Nascimentos, casamentos, falecimentos e até a passagem de seus
membros da infância para a adolescência e vida adulta, fazem parte do que
conhecemos como ciclo vital e exige, da família, uma constante readaptação de
seus membros que deverão adotar os comportamentos adequados a cada fase.
Toda essa movimentação deverá ocorrer segundo as expectativas sociais sem, no
entanto, impedir a conquista do espaço de diferenciação de cada membro.
De acordo com o artigo em análise a intervenção psicopedagógica, quando
assume a necessidade de intervir junto à família nuclear, deve cuidar para que
nessas sessões estejam presentes todos os seus membros, de modo que não fique
implícita somente a um dos pais, a responsabilidade sobre o filho que manifesta o
sintoma.
Dessa maneira, é possível apreender o interjogo das ações de cada um e
seu respectivo grau de comprometimento no surgimento do sintoma. Atentando para
as idéias e sonhos trazidos em seu discurso, nos é possível compreender como se
dá à apreensão do real e em que grau há fantasia prejudicando sua percepção.
Possibilitar melhoras de percepção entre os membros da família facilita o
reconhecimento dos mitos que estão determinando expectativas, as funções e os
papéis de cada um e o que interfere em sua organização familiar sem que tenha
sido antes discutido.
A autora do artigo GOULART (2003), afirma que, toda família, se organiza
sobre normas e leis que poderão ser colocadas verbalmente ou não. A intervenção
psicopedagógica voltada também para a família poderá ajudar no real conhecimento
delas, caso não estiverem claras ou forem apenas parcialmente compreendidas,
criando a possibilidade de compreensão do outro, a adequação de papéis e de
limites. Assim, o trabalho psicopedagógico requer do especialista uma real
percepção de si, de maneira a não se deixar levar pelos próprios valores durante a
intervenção. Isso porque o reconhecimento de um problema de aprendizagem e a
intervenção mais adequada para solucioná-lo será resultado da bagagem cultural
que ele traz consigo e que interferirá na sua capacidade de observação e análise de
cada caso.
Também sua postura frente à aprendizagem terá grande influência sobre o
trabalho com a família e na possibilidade de seus membros ressignificarem e
sentirem segurança em seus papéis de ensinante e aprendente. A atuação
psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações, segundo
GOULART (2003), repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema
familiar com uma saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de
poder entre seus membros, clareza na definição de papéis e de limites.
46
Enfim, a intervenção psicopedagógica buscará não se limitar à compreensão
da dificuldade, mas à aquisição de novos comportamentos que levem à sua
superação.
De objetivo, o aluno passa a ser um meio. De problema, ele se transforma
numa oportunidade. Oportunidade de aprendizagem para o professor.
Historicamente, segundo Ana Silvia Borges Figueiral Coelho (2001), a
intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas que
apresentam dificuldades de aprendizagem, através do diagnóstico e da terapêutica.
Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas
que freqüentam, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. A questão
fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem não
aprende.
Diferente de estar com dificuldade, segundo Ana Silvia Borges Figueiral
Coelho (2001), o aluno manifesta dificuldades, revelando uma situação mais ampla,
onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da aprendizagem.
Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, o projeto
pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado como
aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno permite ao
psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilize recursos que façam frente
aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem.
No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente despendem
na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo
psicopedagógico têm servido, muitas vezes, para diferentes fins, sobretudo quando
a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas
necessidades. Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo
como fator de soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem
compreendidos como a confirmação das incapacidades do aluno de fazer frente às
exigências, acabando por referendar o processo de exclusão. Ainda segundo a
autora citada acima, as escolas conteudistas, porém menos "exigentes", , recebem
os resultados do estudo como uma necessidade de maior acolhimento afetivo do
aluno. Tornam-se mais compreensivas, mais tolerantes com o baixo rendimento,
sem, contudo, alterar seu projeto pedagógico. Mantém, assim, o distanciamento
entre o aluno e o conhecimento. Nelas também ocorre o processo de exclusão.
47
O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando,
segundo Ana Silvia Borges Figueiral Coêlho (2001), ampliando a compreensão sobre
as características e necessidades de aprendizagem daquele aluno, abre espaço
para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de
aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar
uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico.
No entanto, mudanças vêm ocorrendo, sobretudo nos últimos anos. A ótica
que privilegia a divisão acadêmica, que categoriza os alunos, que valoriza o
homogêneo, que considera o conteúdo como um fim, começa a sofrer um
esvaziamento. Realoca-se o conceito de aprender, a função do ensinar. Dar conta
da diversidade, do heterogêneo, possibilita o aprender coletivo, a riqueza da troca, o
aprender com o outro. De acordo com Ana Silvia Borges Figueiral Coêlho (2001), o
professor, deixa de ser apenas o difusor do conhecimento e vive o fazer pedagógico
como o espaço para a estimulação da aprendizagem. E, é no desdobramento desta
nova condição do professor, que o estudo psicopedagógico (eu prefiro usar a
palavra estudo no lugar de diagnóstico, dadas as implicações daí decorrentes) pode
adquirir um novo recorte, ampliando sua função, que não se finaliza mais no aluno.
De objetivo, o aluno passa a ser um meio. De problema, ele se transforma numa
oportunidade. Oportunidade de aprendizagem para o professor. Refletindo acerca
dos resultados, numa ação conjunta com o psicopedagogo, o professor se sente
desafiado a repensar a prática pedagógica, inscrevendo a possibilidade de novos
procedimentos.
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num
processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora, sobretudo quando os professores são especialistas nas suas
disciplinas.
4.1 UTILIZANDO A INTERVENÇÃO NA BUSCA DE MELHORES RESULTADOS
Sugere-se ao professor junto com o psicopedagogo organizarem turmas
para o trabalho em grupo, juntando alunos que aprendem com facilidade e alunos
que apresentam dificuldades de aprendizagem pois as crianças que entendem suas
48
linguagens podem funcionar como professores uns dos outros. Propõe-se um guia
para uma escuta psicopedagógica: escutar, olhar, deter-se nas fraturas do discurso,
observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura, descobrir o
esquema de ação subjacente, ou seja, busca-se a repetição dos esquemas de ação,
e interpretar a operação mais do que o conteúdo.
Averigua-se que a psicopedagogia utiliza os termos " ensinantes e
aprendentes" para denominar o par educativo que comumente conhecemos por
professor e aluno. Pensa-se que para a psicopedagogia esses papéis alternam-se o
tempo inteiro, no processo ensino- aprendizagem visto pela psicopedagogia também
aprende-se sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, o outro nos serve
de espelho.
Deseja-se como todo professor querer que os alunos acertem sempre, mas
deve-se adquirir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem, estuda-se que o erro
é um indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi
ensinado. Analisa-se com mais cuidado os erros dos alunos, pode-se elaborar a
reformulação e práticas docentes de modo que elas fiquem perto da necessidade
dos alunos e atender as dificuldades que o mesmo apresenta.
Fundamenta-se a importância que o professor reflita sobre as causas do
fracasso escolar não para se culpar, mas para se responsabilizar. Responsabilizar-
se significa abraçar a causa e procurar alternativas para solucionar o problema.
Procura-se compreender como ocorre o conhecimento, os que interferem na
aprendizagem, seus diferentes estágios, e as diferentes teorias que podem
transformar o trabalho do professor em processo científico e assim ele percorrerá o
caminho prática- teoria- prática. Recomenda-se que o professor, em conjunto com a
equipe da escola e a intervenção do psicopedagogo, reflita sobre a estrutura
curricular que está sendo oferecida e a compatibilidade deste com a estrutura
cognitiva, afetiva e social do aluno com transtorno de déficit de atenção, afinal para a
psicopedagogia a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas. Para
VYGOTSKY (1993, p. 33): “Todos os seres humanos são capazes de aprender, mas
é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.”
Avalia-se o enfoque psicopedagógico da dificuldade de aprendizagem em
crianças compreende os processos de desenvolvimento e os caminhos da
aprendizagem, entende-se o aluno de maneira interdisciplinar, busca-se apoio em
49
várias áreas do conhecimento e analisa-se aprendizagem no contexto escolar,
familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico.
Observa-se o papel do professor, com uma visão psicopedagógica, ser um
investigador dos processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o
problema de aprendizagem leve a um fracasso escolar.
[...] Não pode haver construção do saber, se não se joga com o conhecimento. Ao falar de jogo, não estou fazendo referências a um ato, nem a um produto, mas a um processo. Estou me referindo a esse lugar e tempo que Winnicott chama espaço transicional, de confiança, de criatividade. Transicional entre o crer e o não crer, entre o dentro e o fora. O espaço de aprendizagem "não pode ser situado na realidade psíquica interior do indivíduo, porque não é um sonho pessoal: além disso forma parte da realidade compartilhada. Tampouco se pode pensá-la ( a área da experiência cultural), unicamente em função de relações exteriores, porque acha-se dominada pelo sonho. Nesta entram ... o jogo e o sentido do humor. Nesta área todo bom intelecto está em seu elemento de prosperar. (FERNANDEZ,1991 p.165).
A citação acima preocupa-se com o principal objeto de intervenção, que é o
próprio jogo, na qual para o psicopedagogo interessa os procedimentos , ou seja, os
meios, que o jogador utiliza e constrói. Possibilita uma aproximação ao mundo
mental da criança que sofre de desatenção facilitando-a suas ações no decorrer de
suas ações ou jogadas. O jogo possibilita que a dimensão simbólica da criança se
manifeste em fazer o que pode ser partilhado com o outro, resignificado e
transformado.
Segundo PIAGET (1976), uma ação não é necessariamente lúdica ou
adaptativa na sua origem. Qualquer ação pode ser transformada em jogo este é
movido pelo desejo de experienciar prazer e poder. Em crianças com TDA do tipo
desatento deve-se observar como a criança planeja a jogada, se ela fica no mundo
da lua, como se diz popularmente é necessário trazê-la de volta para a jogada
seguinte. Através de jogos, é possível trabalhar a afetividade e o social,
desenvolvendo assim a criatividade na criança que sofre desse distúrbio. O TDA é
considerado o distúrbio infantil mais comum e é tido como a principal causa de
fracasso escolar, utiliza-se o jogo, com a finalidade de facilitar os exercícios
escolares. Para Chateu o jogo é apenas um substituto do trabalho, é por meio deste
que a escola deve desembocar na vida, o jogo na escola deve ser visto como um
encaminhamento ao trabalho, uma ponte entre infância e a vida adulta.
Para PIAGET (1976), o jogo na escola tem importância quando revestido de
seu significado funcional, ou seja, é preciso, uma coerência entre assimilação e
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acomodação. Ambos os autores correlacionam o jogo para uma utilização em
contextos escolares como situações psicopedagógicas.
Para Alicia Fernandez (2001), não pode haver construção do saber, se não
se joga com o conhecimento. O jogo é um processo que ocorre no espaço
transicional, de confiança, de criatividade. É o único onde se pode aprender. Através
do jogo a criança expressa agressão, adquire experiência, controla ansiedade,
estabelece contatos sociais como integração da personalidade e prazer.
Denomina-se atuação psicopedagógica, de acordo com Alicia Fernandez
(2001), as estratégias que visam à recuperação, por parte das crianças, de
conteúdos escolares avaliados como deficitários procedimentos de orientação de
estudos e atividades como brincadeiras, jogos de regras e dramatizações realizadas
na escola e fora dela, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos e o
desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de
aprendizagem.
Refere-se às intervenções que têm como objetivo repassar os conteúdos
escolares e os hábitos de aprendizagem, tendo como hipótese que, sanando as
deficiências nestes aspectos, transcorrerá sem nenhum problema. Trata-se de
preencher lacunas no nível dos conteúdos escolares, o que pode ser muito útil para
a criança, se a razão de seu mau desempenho for de ordem pedagógica. A última
atividade psicopedagógica deve-se realizar com quaisquer crianças, pois seu
objetivo é auxiliar o processo de desenvolvimento do pensamento e afetividade,
trata-se de atividades de natureza psicológica, as quais poderão ser utilizadas em
sala de aula ou fora dela para ajudar o desempenho pedagógico das crianças, com
ou sem transtorno de Déficit de Atenção.
4.2 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM SALA DE AULA O professor afetivo é aquele que em premissa maior, acalanta o baú cheio de conhecimento adquirido na informalidade do seu educando e conduz a uma aprendizagem significativa em seu cotidiano escolar. (GIANCATERINO, 2005).
A identificação e o diagnóstico visam detectar as características do potencial
de aprendizagem da criança, ou seja a finalidade da identificação e do diagnóstico é
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refletir o inventário das aquisições e capacidades adaptáveis, a flexibilidade e a
plasticidade das competências de cada criança (FONSECA, 1998).
A situação de observação deve ser considerada um verdadeiro processo
dinâmico de aprendizagem e de interação, fornecendo ao observado o máximo de
motivação e suporte e adequando a situação às suas necessidades específicas,
evitando situações de insucesso ou de frustrações, o que poderia prejudicar ainda
mais o seu grau de dificuldade.
A orientação individual com crianças deve ser um processo contínuo de
interações planejadas entre o psicopedagogo, o professor e a criança que precisa de
ajuda. (JEFFREY, 2003).
O psicopedagogo, em conjunto com o professor, deverá formular o objetivo
visando satisfazer as necessidades da criança.
Assim, considera-se relevante uma atuação psicopedagógica eficiente,
articulada com outras áreas do saber, tendo em vista a reciprocidade de seus efeitos
de forma a possibilitar o melhor rendimento da aprendizagem e até a superação da
dificuldade.
É importante que o professor especialista se aproprie de todas as
possibilidades metodológicas com as adaptações de acesso ao currículo que se
fizerem necessária para a participação mesmo que parcial, porém efetiva em todas
as atividades do aluno na classe comum, e as possibilidades futuras do aluno, isto é,
temos que investir tudo para o desenvolvimento das habilidades de escrita e leitura.
Pois para VIGOTSKY (1993, p. 33): “Todos os seres humanos são capazes de
aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão do
processo de aprendizagem, comprometido com a transformação da realidade
escolar, na medida em que possibilita, mediante dinâmicas em sala de aula,
contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola. O
psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o
estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as
mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe
escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de
produção do conhecimento, ajudando o a superar os obstáculos que se interpõem
ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo.
A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e o
meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentro dos
aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de características que lhe
permitem, ou não, o desenvolvimento de conhecimentos. As características
psicológicas são conseqüentes da história individual, de interações com o ambiente
e com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por exemplo, o
conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc, fatores determinantes
essenciais ao processos de intervenção.
Porém, diante de todo o material analisado, pode-se concluir que
historicamente, a intervenção psicopedagógica vem ocorrendo basicamente na
assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto no
diagnóstico quanto na terapia. Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são
encaminhados pelas escolas que freqüentam, com o objetivo de elucidar a causa de
suas dificuldades.
O desafio da Psicopedagogia no processo de ensino-aprendizagem, tem
sido o de encarar com naturalidade os problemas enfrentados na escola com
crianças com dificuldades de desenvolvimento cognitivo, porém, do outro lado, a
escola atualmente investe em saídas mais humanas, no caso a preparação
profissional do educador para lidar com problemas psicológicos que antes era
considerado um desafio bem maior e em muitos casos, sem saída para o educador,
visto que a deficiência não só era do aluno em se desenvolver nas atividades
propostas pela escola, mas também do educador em encarar as diferenças
individuais como um fator relevante a se pensar no ensino como oportunidade de
integração social dos educandos com necessidades de atendimentos mais
qualitativos.
Nesse contexto, é pertinente concluir que:
- fundamental que a criança seja estimulada em sua criatividade e que seja
respondida às suas curiosidades por meio de descobertas concretas, desenvolvendo
a sua auto-estima, criando em si uma maior segurança, confiança, tão necessária à
vida adulta;
- preciso que os pais se impliquem nos processos educativos dos filhos no sentido
de motivá-los afetivamente ao aprendizado. O aprendizado formal ou a educação
escolar, para ser bem-sucedida não depende apenas de uma boa escola ou de bons
programas, mas, principalmente, de como a criança é tratada em casa e dos
estímulos que recebe para aprender;
- preciso entender que o aprender é um processo contínuo e não cessa quando a
criança está em casa.
Deste modo é possivel afirmar que, mesmo diante das inumeras situaçoes
de dificuldades que bloqueiam o processo de ensino aprendizagem, existem
possibilidades e meios aos quais o professor possa recorrer para que seu trabalho
se efetive com esses alunos, atraves de estrategias e recursos psicopeagogicos,
parcerias com a familia e escola, essas barreiras podem ser transpostas e o
processo de aprendigem acontecer de modo gratificante par as partes envolvidas.
Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos
profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da
criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar esse
mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com
segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o
desenvolvimento da criança, como também contribuirá com a evolução de um
mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade.
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