Álgebras de clifford

Upload: clemerson-menezes

Post on 01-Jun-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    1/61

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    2/61

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM MATEMTICA

    CURSO DE MESTRADO EM MATEMTICA

    lgebras de Clifford: uma introduo Geometria Spin

    por

    Mnica Paula de Sousa

    sob orientao do

    Prof. Dr. Napolen Caro Tuesta

    Joo Pessoa-PBAgosto de 2013

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    3/61

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    4/61

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM MATEMTICA

    CURSO DE MESTRADO EM MATEMTICA

    lgebras de Clifford: uma introduo Geometria Spin

    por

    Mnica Paula de Sousa

    Dissertao apresentada ao Departamento de Matemtica da Universidade Federal da

    Paraba, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Matemtica.

    rea de Concentrao: lgebra.

    Aprovada em 23 de agosto de 2013.

    Prof. Dr. Napolen Caro Tuesta(Orientador)

    Prof. Dra. Jacqueline Fabiola Rojas Arancibia

    Prof. Dr. Ramn Orestes Mendoza Ahumada

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    5/61

    Aos meus amores

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    6/61

    Agradecimentos

    A Deus, meu pai... por todo amor.

    Minha famlia, que tanto amo... por toda compreenso e est comigo sempre, mesmo

    distante...

    Minha segunda famlia, me fazendo ainda mais abenoada... tambm compreensiva nos

    momentos de ausncia e to cuidadosa...

    Minha terceira famlia, essa ganhou sobrenome, PEDREGAL, constituda de amigos...

    que DEUS os guarde sempre. Em especial, a Mary, no preciso escrever...

    Meus amigos, no s os que ganhei nesses dois anos, mas todos que fazem parte daminha histria...

    Meus professores, os do mestrado, e tambm os que me fizeram a aluna que sou hoje,

    e a professora, que se DEUS quiser, serei amanh.

    A meu orientador, por tudo, e sempre ver em mim muito mais do que consigo ver.

    A banca, pela dedicao e cuidado.

    A CAPES, pelo auxlio financeiro, realmente importante.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    7/61

    "Se o Senhor no edificar a casa, em vo

    se tm posto ao trabalho os que a edificam;

    se o Senhor no guardar a cidade,

    inutilmente se desvela o que a guarda."

    (Salmo 126, 1)

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    8/61

    Resumo

    No presente trabalho abordamos os conceitos e definies que constroem as lge-

    bras de Clifford com foco em uma introduo a teoria de Geometria Spin. Isso devido a

    ligao desses dois assunto, permitindo conhecer tais lgebras a medida que se auxilia a

    compreenso da definio de variedade spin, conceito introdutrio desse tpico especialem Geometria Riemanniana. Iniciamos com a construo das lgebras de Clifford associ-

    adas a espaos vetoriais de dimenso infinita, sobre um corpo qualquer, passando quelas

    associadas aos de dimenso finita. Vemos os grupos spinores, Pin e Spin, os quais carac-

    terizamos e mostramos a relao com a representao adjunta torcida, homomorfismo que,

    quando restrita a esses grupos, tem papel importante na definio de uma estrutura spin.

    Como tal definio trabalha com representaes das lgebras de Clifford reais, restritas aos

    grupos spinores dessas lgebras, as apresentamos para em seguida conceituarmos tais rep-

    resentaes. Finalizamos abordando a teoria necessria para mostrarmos que esses gruposso tambm grupos de Lie (onde instigamos uma interseo com a anlise) e recobrimen-

    tos duplos, para completar os conceitos algbricos presente na definio de variedade spin.

    Palavras-chaves:lgebras de Clifford, grupos Pin e Spin, recobrimentos duplos.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    9/61

    Abstract

    In this work we discuss the concepts and definitions that construct Clifford alge-

    bras focusing on a introduction the theory Spin Geometry. Thats because the connection

    this two subject, enabling such algebras know the measure that helps to understand the

    definition of spin manifold, concept introductory the this special topic in RiemannianGeometry. We begin with the construction of Clifford algebras associated to infinite di-

    mensional vector spaces, over any field, passing to associated with finite dimensional. we

    see the spinores groups, Pin and Spin, which characterize and show the relation with the

    twisted adjoint representation, homomorphism that, when restricted to these groups, has

    an important role in defining of a spin structure. As this definition works with represen-

    tations of real Clifford algebras, restricted to spinors groups such algebras, we introduced

    them for soon afterwards consider such representations. We concluded approaching the

    necessary theory for us to show that those groups are also Lie groups (where we urged anintersection with the analysis) and double covering, to complete the concepts algebraic

    present in the definition of spin manifold.

    Keywords: Clifford Algebras, Pin and Spin groups, double coverings.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    10/61

    Sumrio

    Introduo 2

    1 lgebras de Clifford e os grupos spinores 5

    1.1 lgebras de Clifford. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71.2 Os grupos Spinores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    2 As classificaes e representaes das lgebras de Clifford 24

    2.1 As lgebras de Clifford associadas a Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    2.2 Representaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3 P inn e Spinn: grupos de Lie e recobrimentos duplos 35

    3.1 Os grupos de Lie nas lgebras de Clifford Reais . . . . . . . . . . . . . . . 35

    3.2 Os recobrimentos duplos nas lgebras de Clifford Reais . . . . . . . . . . . 38

    A Noes de Topologia Algbrica 41

    B Noo de Variedade Spin 44

    Referncias Bibliogrficas 50

    1

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    11/61

    Introduo

    As primeiras lgebras no comutativas surgiram entre 1843 e 1844, nos trabalhos

    de William Rowan Hamilton (1805-1865), com os quatrnios, e nos de Hermann Gnther

    Grassmann (1809-1865), com sua lgebra exterior ([4], pag. 149).

    Entre 1850 e 1860, foram introduzidos exemplos novos e mais explcitos, como fezo matemtico britnico Arthur Cayley (1821-1895), quando desenvolveu sua teoria das

    matrizes, mesmo que no a considerasse uma lgebra, j se podia ter um primeiro exemplo

    de representao linear de uma lgebra.

    Houveram outros exemplos, tambm notveis, antes de 1870, mas com foco nas

    lgebras de dimenso finita sobre os corpos dos reais ou complexos. E nesse caminho, foi

    Benjamin Pierce (1809-1880) que deu os primeiros passos.

    a ele que William K. Clifford (1845-1879) atribui a noo de produto tensorial que

    usou implicitamente em uma generalizao dos quatrnios de Hamilton, e explicitamentepara o estudo de suas lgebras, nosso objeto de trabalho.

    Nascido em Exeter, na Inglaterra, Clifford estudou no Kings College, em Londres,

    e depois foi para o Trinity College, em Cambridge. Em 1871, o designaram professor de

    matemtica aplicada na University College de Londres.

    Influenciado por Riemann (1826-1866) e Lobachevsky (1792-1856) estudou geome-

    tria no-Euclidiana. Publicou artigos em formas algbricas e geometria projetiva e um

    livro sobre dinmica, mas hoje lembrado por suas lgebras.

    Tais lgebras, as lgebras de Clifford, foram criadas em 1876, quando este in-troduziu uma nova multiplicao na lgebra exterior de Grassmann, tendo sua primeira

    publicao em 1878. Mas um primeiro exemplo para uma lgebra de Clifford foi dado por

    Hamilton, j em 1843 ([16], pag. 320-322).

    Essas lgebras foram redescobertas independentemente por R. Lipschitz entre 1880

    e 1886, que reconheceu a descoberta anterior de Clifford em seu livro Untersuchungen

    ber die Summen von Quadratende 1886 ([16], pag. 322). Tambm apresentou a primeira

    aplicao das lgebras de Clifford a Geometria, em 1880.

    E como em 1989, ao longo das duas ltimas dcadas, conforme Lawson e Michelsonh([14], pag. 5), a geometria das variedades spin vinham desempenhando um papel cada

    2

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    12/61

    3

    vez mais importante, tanto em matemtica como em fsica matemtica, nossa inteno

    contribuir com a compreenso da definio de variedade spin.

    Observando essa definio, teramos uma variedade riemanniana orientada, M, com

    uma estrutura spin em seu fibrado tangente,T M. E sendo tal estrutura um Spinn-fibradoprincipal do fibrado tangente, PSpin(T M), juntamente com um recobrimento duplo desse

    fibrado principal no SOn-fibrado principal,PSO (T M),

    :PSpin(T M) PSO (T M),

    que depende do recobrimento duplo 0:Spinn SOn,

    (pg) =(p)0(g), para todop PSpin(T M)e g Spinn

    onde S On o grupo especial ortogonal, precisaramos conhecer os grupos spinores, Pin eSpin, e tal recobrimento.

    Para isso apresentamos trs captulo e um apndice, com a definio de variedade

    spin, mesmo considerando que o pblico alvo tenha conhecimentos acerca de teoria de

    variedade, j que Geometria Spin um tpico especial em Geometria Riemanniana, dando

    uma noo de tal definio.

    Dessa forma, o primeiro captulo traz os conceitos e definies para construo da

    lgebra de Clifford, e a partir da passarmos ao trabalho com os grupos spinores, que so

    subgrupos do grupo das unidades dessa lgebra.Abordamos das lgebras de Clifford associadas a espaos vetoriais de dimenso in-

    finita quelas associadas aos de dimenso finita, fazendo o mesmo com os grupos spinores,

    mostrando que h definies equivalentes destes quando a dimenso do espao infinita

    e quando finita.

    No segundo captulo, restringimos ao caso real, isto , as lgebras de Clifford

    associadas ao Rn. Apresentamos uma classificao, comentando tambm o caso complexo,

    e ento falamos nas representaes das lgebras de Clifford.

    Isso devido ao fato de que uma variedade spin tambm pode ser vista, a grossomodo, como uma variedade diferencivel de dimenso n orientvel para a qual existe

    um levantamento da estrutura de grupo do fibrado tangente desta para o grupo de

    recobrimento de tal grupo ([14], pag. 5).

    Possibilitando entender que, em termos de calculo tensorial, refinar uma estrutura

    diferencivel geral para a spin desse modo no gera nada de novo, pois o grupo de reco-

    brimento no tem representaes que no sejam induzidas das representaes do grupo

    de estrutura mencionado.

    E conclumos, com o terceiro captulo, mostrando que os grupos spinores so gruposde Lie e recobrimentos duplos. Intencionando, por meio disso, auxiliar na compreenso

    de que os ganhos surgem ao se inserir uma mtrica riemanniana na variedade.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    13/61

    4

    J que com isso, a estrutura spin corresponde a existncia de levantamento para o

    recobrimento Spinndo grupo especial ortogonal, S On, no existindo diferena topolgica

    essencial nessa abordagem e existindo representaes de dimenso finita deSpinnque no

    so levantamentos de representaes de SOn ([14], pag. 5).Portanto, como poderemos ver, o presente trabalho aborda as lgebras de Clifford

    de modo a fazer uma introduo a Geometria Spin, destacando seus enlaces com as

    diversas rea, sejam da matemtica, como geometria e anlise, ou outra, como a fsica1.

    1por exemplo, o fsico P.A.M. Dirac, antes de 1928, formulou uma teoria que predisse a existncia do

    eletron como partcula de energia negativa. Em essncia, Dirac procurava um operador diferencial de

    primeira ordem, que recebeu seu nome, cujo quadrado fosse o laplaciano. Nessa teoria, uma caracterstica

    interessante que, na presena de um campo eletromagntico, o Hamiltoniano contm um termo adi-cional com analogia formal e forte ao termo adicional obtido introduzindo um giro interno nas equaes

    mecnicas de uma partcula em orbita. Esses giros ou momentos magnticos internos foram chamados

    spinores e suas famlia de transformaes, de representaes spinores ([14], pag. ix-x).

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    14/61

    Captulo 1

    lgebras de Clifford e os grupos

    spinores

    Como o objetivo geral do presente trabalho conhecer as lgebras de Clifford para

    auxiliar quando se estuda Geometria Spin, iniciemos lembrando alguns conceitos, que so

    necessrios a compreenso da definio de tais lgebras, e para isso, no que segue, K

    denota um corpo.

    Definio 1.1. Sejam U e V K-espaos vetoriais. O produto tensorial de U e V um

    par, (UK V , ), onde UKV um K-espao vetorial e : U V UKV umaaplicao bilinear tal que a seguintepropriedade universal satisfeita: para todo K-espao

    vetorial We toda aplicao bilinear f : U V W, existe uma nica aplicao linear,

    f : UKV W com

    f(u v) =f(u, v) u U, v V,

    ou seja, o seguinte diagrama

    U V UKV

    W

    ..........................................................

    ............

    ......................

    ..................................................................................................................................................

    ............

    f

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ...

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    ......

    .

    .

    .

    ..

    .

    ......

    f

    comuta.

    Observemos que este existe e nico, no sentido de que se(UKV, )e(UKV, )so produtos tensoriais deUe V, ento existe um isomorfismo linear : UKV UKVtal que

    (u v) =uv,para u Uev V ([11], pag. 8-10).

    5

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    15/61

    6

    Alm disso, como consequncia da propriedade universal, o produto tensorial

    gerado por {u v :u U e v V}, isto , todo elemento tde UKVpode ser escrito,

    de forma no nica, como uma soma finita

    t=

    i(ui vi),

    onde i K, ui U e vi V. Tambm podemos destacar que se U e Vso espaos de

    dimenso finita, dimK U=n e dimK V =m, entodimK U V =nm ([11], pag. 18).

    Definio 1.2.Uma K-lgebra(associativa) um par(A, ), ondeAdenota um K-espao

    vetorial e :A A A uma aplicao bilinear, chamada de multiplicao, que satisfaz

    as seguintes propriedades, paraa, be c Ae k K:

    i) (ka) b= a (kb) =k(a b);

    ii) (a b) c= a (b c);

    iii) Existe um elemento 1A A tal que 1A a = a 1A = a, que chamamos elemento

    identidadedeA.

    Ento, dadas duas K-lgebras (A, ) e (B, ), um K-homomorfismo de lgebras

    uma aplicao linear, h : A B, tal que h(a a) = h(a) h(a)e h(1A) = 1B. E assim

    uma K-lgebra especial ao nosso propsito a seguinte:

    Definio 1.3. Dado qualquer K-espao vetorial V, a lgebra tensorial de V um par

    (T(V), i), onde T(V) uma K-lgebra e i : V T(V) uma aplicao linear tal que

    dada qualquer K-lgebra A e qualquer aplicao linear f : V A, existe um nico

    K-homomorfismo de lgebras, f :T(V) A, que faz o seguinte diagrama

    V T(V)

    A

    ..................................................................................................

    ............

    i...............................................................................................................................................................

    ..

    ...........

    .

    ...........

    f

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    ......

    .

    .

    .

    .

    ..

    ..

    ....

    f

    comutar.

    Mostrando sua existncia vemos que esta construda como uma soma direta,

    T(V) :=n0

    Vn,

    onde V0 := K, V1 =V e Vn =V . . . V, n-vezes. Que as aplicaes in : Vn

    T(V) so injees naturais, a identidade de T(V) a imagem de 1 K

    para n = 0,i0(1) :=1, e todo v T(V)pode ser escrito da forma

    v= v1+. . .+vk, vi Vni, ni N, ni=nj , sei =j.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    16/61

    1.1. lgebras de Clifford 7

    E que, com a aplicao bilinear :Vni Vnj V(ni+nj) definida por

    (v1 . . . vni) (v1 . . . vnj) =v1 . . . vni v1 . . . vnj

    configurando a K-lgebra (V(ni+nj), ), usamos a bilinearidade para definir a multipli-

    cao na lgebra tensorial deV.

    Com essa caracterizao, podemos notar que k v, com k V0 e v Vi,

    o vetor em Vi obtido por kvn1 vn2 . . . vni. Alm disso, se a dim V = 1, a

    multiplicao em T(V) no comutativa, pois com u, v Vlinearmente independentes,

    usando a contra-positiva, obtemos queu ve v utambm o so, e ento u v=v u

    (conforme [11], pag. 61).

    1.1 lgebras de Clifford

    Definio 1.4. Sejam V um K-espao vetorial, : V V K uma forma bilinear

    simtrica e : V K a forma quadrtica associada, isto , (v) = (v, v). A lgebra

    de Clifford, Cl(V, ), associada a V e uma K-lgebra associativa com identidade,

    juntamente com uma aplicao lineari:V Cl(V, )tal que:

    i) (i(v))2 = (v) 1, v V;

    ii) (Propriedade universal) Para toda K-lgebra Ae toda aplicao linear f : V A

    com (f(v))2 = (v) 1A, v V, existe um nico K-homomorfismo de lgebras,

    f :C l(V, ) A, que faz o seguinte diagrama

    V Cl(V, )

    A

    ..............................................................................

    ............

    i............................................................................................................................................................................

    ............

    f

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .....

    .

    .

    .

    .

    .

    .......

    f

    comutar.

    natural agora nos assegurarmos que a lgebra de Clifford existe e em que sentido

    nica para cada espao vetorial e forma quadrtica a este associada:

    Proposio 1.5. Existe uma K-lgebra associativa satisfazendo a definio1.4, que

    nica a menos de isomorfismos, ou seja, se Cl(V, ) com j : V Cl(V, ) outra

    lgebra de Clifford associada ao espao V e a forma, existe um nico isomorfismo de

    K-lgebras, : C l(V, ) Cl(V, ), tal que

    i= j.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    17/61

    1.1. lgebras de Clifford 8

    Demonstrao: Dado o K-espao vetorialV, consideremos sua lgebra tensorialT(V),

    e seja I T(V)o ideal gerado por {v v (v) 1; v V}. Afirmamos que a K-lgebra

    procurada T(V)/Ijuntamente comi:= i1, ondei1 : V T(V) a injeo natural

    obtida na construo daT(V)e :T(V) T(V)/I a aplicao quociente. Com efeito,temos que

    i) i(v))2 = ((i1(v)))2 = (v+ I)2 = (v+ I) (v+ I) =v v+ I= (v) 1T(V)/I,

    para todov V, uma vez que nesse caso v v= (v) 1.

    ii) Para toda K-lgebra Ae toda aplicao linear f : V Acom (f(v))2 = (v) 1,

    v V, como pela propriedade universal da lgebra tensorial, definio1.3, existe

    um nico K-homomorfismo de lgebras,f :T(V) Atal quef i1 = f,

    obtemos, da propriedade universal do quociente, um nico K-homomorfismo de

    lgebras, f :T(V)/I Atal que

    f =f ,ou seja,

    V T(V) T(V)/I

    A

    ..................................................................................................

    ............

    i1.................................................................

    ............

    .............................................................

    ...................

    .................................

    ................................................................................................................................................................

    ............

    i

    ..

    ..........................................................................................................................................................................

    ............

    f

    .......

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    .

    ..

    .

    ......

    .

    .

    .

    ..

    .

    ..

    ....

    f..............

    ...............

    ..............

    ..............

    ..............

    ..............

    ..............

    ..............

    ..............

    ..............

    ....................

    .

    ...........

    f

    f i=f ( i1) = (f ) i1=f i1 = f.

    Portanto,Cl(V, ) := T(V)/I uma lgebra de Clifford associada ao espao vetorial V

    e a forma.

    Agora, para mostramos a unicidade, se Cl(V, )comj :V C l(V, ) outra lgebra

    de Clifford associada aV e, da definio,1.4temos

    V Cl(V, )

    Cl(V, )

    ..............................................................................

    ............

    j.....................................................................................................................................................................

    ............

    i

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    .

    .

    .

    .......

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .....

    .

    Da mesma forma para Cl(V, ), segue que

    V Cl(V, )

    Cl(V, )

    ..............................................................................

    ............

    i.....................................................

    ................................................................................................................

    ............

    j

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .............

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    .

    .

    ..

    ......

    .

    .

    .

    .

    ..

    ..

    ....

    .

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    18/61

    1.1. lgebras de Clifford 9

    Consequentemente,

    V Cl(V, )

    Cl(V, )

    ..............................................................................

    ............

    j..................................................

    ...................................................................................................................

    ............

    j

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .............

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    .

    .

    ..

    ..

    ....

    .

    .

    .

    .

    ..

    ......

    id

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .............

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    .

    .

    ..

    ......

    .

    .

    .

    .

    ..

    ......

    ( ) j= ( j) = i= j,

    e,

    V Cl(V, )

    Cl(V, )

    ..............................................................................

    ............

    i.....................................................................................................................................................................

    ............

    i

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    ..

    .

    .

    ......

    .

    .

    ..

    .

    .

    ......

    id

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    .

    ..

    .

    ..

    .

    .

    ......

    .

    .

    ..

    .

    .

    ......

    ( ) i= ( i) = j=i.

    Logo, por unicidade da aplicao identidade, temos queidCl(V,)=eidCl(V,)= ,

    donde fazendo:=temos o isomorfismo desejado, concluindo a demonstrao.

    Diferente dessa abordagem, na linha de Gallier [9]e Atiyah, Bott e Shapiro [1],

    alguns autores, como Lawson e Michelsohn[14], definem as lgebras de Clifford tomando

    o idealIgerado por {v v+ (v) 1|v V, 1 K =V0}.

    Sendo isso o mesmo que a aplicaoi, chamada deaplicao estrutural, satisfazer

    (i(v))2 = (v) 1, pois, como veremos posteriormente, esta uma incluso, observa-se

    uma equivalncia entre tais abordagens, j que podemos tomar := . Destacando,como segue, sua dependncia a forma quadrtica.

    Exemplo 1.6. Sejam V = R e (x, y) = xy para x, y R. Ento (x) = x2 e

    definindo i: R Cpor

    x ix

    temos que,

    i) (i(x))2

    = (ix)

    2

    = x

    2

    = (x) 1;ii) Sendof : R Aqualquer aplicao linear em uma R-lgebra Atal que (f(x))2 =

    (x) 1A, segue que f(x) = x f(1) e a2 = (1) 1A = 1A, fazendo f(1) = a.

    Assim definimos f : C Apor

    f(x+iy) =x 1A+y a, x, y R,

    donde obtemos,

    f(i(x)) =f(ix) = 0 1A+x a= x f(1) =f(x).

    Logo, C l(R, x2) = C.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    19/61

    1.1. lgebras de Clifford 10

    Exemplo 1.7. SejamV = Re (x, y) =xy parax, y R. Ento (x) =x2 e definindo

    i: R R Rtal que

    i(1) = (0, 1)

    temos que,

    i) (i(x))2 = (x i(1))2 = x2(1, 0) = (x) 1, observando que a multiplicao em

    R R (a, b) (c, d) = (ac+bd, ad+bc), a, b, c, d Re a unidade (1, 0);

    ii) Sendof : R Aqualquer aplicao linear em uma R-lgebra Atal que (f(x))2 =

    (x) 1A, segue que f(x) =x f(1)e a2 = (1) 1A= 1A, fazendof(1) =a. Assim

    definimos f : R R Apor

    f(x, y) =x 1A+y a, x, y R,

    donde obtemos,

    f(i(x)) =x f(i(1)) =x f(0, 1) =x a= x f(1) =f(x).

    Portanto,Cl(R, x2) = R R.

    Pode-se mostrar que Cl(R, x2)com j : R A, onde A:= R2 com multiplicao

    (a, b)(c, d) = (ac, bd), a,b,c,d R, tambm uma lgebra de Clifford associada a Re a, assim : R R Adada por

    (1, 0) (1, 1)e (0, 1) (1, 1)

    um isomorfismo de lgebras e temos que (i) =j.

    Exemplo 1.8. SejamV = R e(x, y) = 0parax, y V. Ento 0e assim o ideal I

    gerado por {x x; x R}. Logo, a lgebra de Clifford associada a R e a forma quadrtica

    nula e a lgebra exterior de R,(R)([12], pag. 524). Logo, Cl(R, 0) = (R).

    Exemplo 1.9. Generalizando os exemplos anteriores, sejam V = Ke (x, y) =dxy para

    x, y K e algumd K. Ento(x) =dx2, donde temos Igerado por {x x d 1K; x

    K}. Portanto, sabendo que T(K) K[X],Cl(K, dx2) = K[X]/ X2 d.

    Exemplo 1.10. SejamV = R2 e(x, y) = x1y1 x2y2parax = (x1, x2),y = (y1, y2)

    R2. Ento (x) = x12 x22 e definindo i : R2 H, onde H denota a lgebra dos

    quatrnios, tal que

    i(x) =x1i +x2j

    temos que,

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    20/61

    1.1. lgebras de Clifford 11

    i) (i(x))2 = (x1i + x2j)2 = x21 x22 = (x) 1, observando que em H tem-se

    i2 =j2 =k2 = 1e ij=k,ji = k;

    ii) Sendof :R2

    Aqualquer aplicao linear em umaR

    -lgebra A tal que(f(x))2

    =(x)1A, segue quef(x) =x1f(1, 0)+x2f(0, 1)ea2 =f(1, 0)2 = (1, 0)1A= 1A,

    b2 =f(0, 1)2 = (0, 1)1A = 1A, fazendof(1, 0) =aef(0, 1) =b. Assim definimos

    f : H Apor

    f(t+t1i +t2j+t3k) =t 1A+t1 a +t2 b+t3 ab, t, t1, t2, t3 R,

    donde obtemos,

    f(i(x)) =f(x1i +x2j) =x1 a +x2 b= f(x).

    Portanto,Cl(R2, x21 x22) = H.

    Agora para mostrarmos a injetividade da aplicao estrutural, que mencionamos

    anteriormente, simplificando a notao com a identificao i(V) = V, precisamos con-

    hecer um pouco mais dessas lgebras. Comecemos observando que a imagem da aplicao

    estrutural,i, geraC l(V, ).

    Para isso denotamos por A := Im i a sublgebra gerada por tal imagem e

    consideramos a aplicaoi : V A. Comoi(v)2 = (v) 1, da definio1.4, existe

    um nico homomorfismo de lgebras f :C l(V, ) Atal que

    f i=i.Por outro lado, tomando-se a incluso j :A Cl(V, )temos que

    j i=i.Consequentemente,

    (j f) i=j (f i) =j i=i,e j que id i = i, por unicidade da aplicao identidade, j f = id, donde j

    sobrejetiva. Portanto,Im i =C l(V, ).

    Dessa forma, sex Cl(V, ), ento

    x=

    t1,t2,...,tmi(v1)t1i(v2)

    t2 . . . i(vm)tm (1.1)

    onde j Ke vi V, sujeito as relaes:

    i(v)

    2

    = (v) 1

    e

    i(u) i(v) +i(v) i(u) = 2(u, v) 1,

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    21/61

    1.1. lgebras de Clifford 12

    devido aidentidade polar, parau, v V, quando a caracterstica de K diferente de 2.

    Com isso podemos mostrar a seguinte proposio, tambm importante para a

    definio dos spinores na prxima seo.

    Proposio 1.11. Seja V qualquer K-espao vetorial associado a forma quadrtica .

    Existe um nico automorfismo, : C l(V, ) Cl(V, ), tal que

    = id e (i(v)) = i(v), v V.

    Demonstrao: Considerando 0 : V Cl(V, ) dada por 0(v) = i(v), vemos

    que esta linear e (0(v))2 = (i(v))2 = i(v)2 = (v) 1. Assim, pela propriedade

    universal das lgebras de Clifford, conforme definio1.4, existe um nico homomorfismo

    de lgebras,: C l(V, ) Cl(V, ), tal que

    i= 0,

    isto ,

    (i(v)) = i(v), v V.

    E parax Cl(V, ), de (1.1), temos que

    (x) =

    t1,t2,...,tm(i(v1))t1(i(v2))

    t2 . . . (i(vm))tm,

    donde,

    (x) =

    t1,t2,...,tm(i(v1))t1(i(v2))

    t2 . . . (i(vm))tm, vi V

    obtendo = id e, consequentemente, a bijetividade desta.

    O automorfismo chamadoautomorfismo cannico. Usando-o podemos decom-

    por a lgebra de Clifford em uma soma direta de dois subespaos,

    Cl(V, ) =C l0(V, ) Cl1(V, ),

    onde Cli(V, ) = {x Cl(V, ); (x) = (1)ix, para i = 0, 1} e x dito elemento

    homogneo de grau i. Como podemos ver que Cli(V, ) Clj (V, ) Cli+j mod 2(V, ),

    mostra-se queCl(V, ) umalgebraZ2-graduadaou umasuper lgebra.

    Agora observemos que isso nos permite falar na construo da lgebra chamada

    produto tensorial Z2-graduada ousuper produto tensorial, que de modo geral, se Ae B

    so lgebras Z2-graduadas, definimos o super produto tensorial ABda seguinte forma:como espao vetorial o produto tensorial A Be a multiplicao dada por

    (a b) (a b) = (1)grau(b)grau(a)(aa) (bb),

    coma, a Ae b, b Belementos homogneos.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    22/61

    1.1. lgebras de Clifford 13

    Alm disso, AB uma lgebra Z2-graduada. De fato AB= (AB)0 (AB)1,onde (AB)0 = (A0 B0) (A1 B1)e (AB)1 = (A1 B0) (A0 B1). Permitindoafirmar que, se V = V1 V2 uma decomposio ortogonal de um K-espao vetorial V

    associado a forma , (v1+v2) = 1(v1) + 2(v2), onde1 = |V1 , 2 = |V2, v1 V1 ev2 V2, existe um isomorfismo natural de lgebras de Clifford,

    Cl(V, ) Cl(V1, 1)Cl(V2, 2). (1.2)Fato que podemos provar considerando a aplicao f :V Cl(V1, 1)Cl(V2, 2)

    dada por

    f(v) =v1 1 + 1 v2,

    v = v1

    + v2, e usando a propriedade universal das lgebras de Clifford para obter o

    isomorfismo, cuja inversa seria dada por

    u w (u)(w),

    ondeu Cl(V1, 1),w Cl(V2, 2),eso tambm obtidas pela propriedade universal

    das lgebras de Clifford atravs da aplicao V1 V1 V2 Cl(V, ), bem como da

    aplicao V2 V1 V2 Cl(V, ), respectivamente ([14], pg. 11,[5], pg, 57).

    Com isso mostremos a injetividade da aplicao estrutural e tambm que se a

    dimenso de V finita e {e1, . . . , en} for uma base ortogonal de Vcom respeito a , oprodutoej1ej2. . . ejk com 1 j1 < j2 < . . . < jk n, juntamente com 1, uma base de

    Cl(V, ), cuja dimenso 2n.

    Proposio 1.12.A aplicao estrutural, i: V Cl(V, ), injetiva.

    Demonstrao: Se a forma bilinear associada a for nula, 0, observando que

    o exemplo1.8 vale para qualquer V, Cl(V, ) = (V), ento i injetiva, visto que

    I

    n2

    Vn, implica que a aplicao quociente, :T(V) T(V)/I:= (V), restrita a

    V1 injetiva ([12], pag. 524) e i= i1 = |V1 , ondei1:V1 T(V).Se a forma bilinear no degenerada, ou seja, sev V e(v, w) = 0para todow V,

    entov= 0, temos que sex ker i, paray V, segue que

    0 =i(x)i(y) +i(y)i(x) = 2(x, y) 1,

    donde x= 0.

    Se a forma bilinear qualquer, podemos escreverV =V0 V1, ondeV0 oespao nulo,

    V0:= {v V; (v, w) = 0, w V},

    eV1 o espao complementar de V0.

    Observemos que|V1V1associada a1:= |V1 no degenerada. Com efeito, sev1 V1e

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    23/61

    1.1. lgebras de Clifford 14

    (v1, v) = 0, para todov V1, temos que(v1, w) =(v1, w0) + (v1, w1),w = w0 + w1

    V, w0 V0, w1 V1, implicando, (v1, w) = 0para todo w V, logov1 V0, mas como

    V0 V1= {0}, tem-sev1 = 0.

    Portanto, pelo que mostramos anteriormente, a aplicao estrutural da lgebra de Cliffordassociada aV1e1, i1 :V1 Cl(V1, ), injetiva.

    Consideremos assim, a aplicao

    1: V V1 Cl(V1, 1).............................................................................................................................

    1............................................................................................................................................

    ............

    i1

    onde 1:V V1 a aplicao projeo. Ento,

    1(v)2 = 1(v1) 1 = (v) 1,

    j que(v) =(v0+v1, v0+v1) =(v1, v1) = 1(v1).

    Definamos

    : V (V)Cl(V1, 1)v 0(v) 1 + 1 1(v),

    onde 0:V V0 aplicao projeo. E notemos que

    (v)2 =0(v)2 1 +0(v) 1(v) 0(v) 1(v) + 1 1(v)

    2 = (v) 1,

    pois (0(v)) = (v0) = v0 = 0(v) e (1(v)) = i(1(v)) = 1(v), donde

    grau(1(v)) =grau(0(v)) = 1.

    Logo, pela propriedade universal das lgebras de Clifford, definio 1.4,existe um nico

    homomorfismo de lgebras f :C l(V, ) (V)Cl(V1, 1), tal quef i= .

    Como injetiva, pois(v) = 0, implica0(v) = 0e1(v) = 0, donde sendoi1injetiva,

    v= 0, segue que i injetiva como queramos mostrar.

    Assim, Cl(V, ) no nula e pode ser vista como uma lgebra gerada por V.

    Donde sex Cl(V, ), de (1.1), tem-se

    x=

    t1,t2,...,tmvt11 v

    t22 . . . v

    tmm

    onde j Ke vi V, com

    v2 = (v) 1

    eu v+v u= 2(u, v) 1

    para u, v V, quando a caracterstica de K diferente de 2.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    24/61

    1.1. lgebras de Clifford 15

    Proposio 1.13. Seja{e1, e2, . . . , en} uma base ortogonal de umK-espao vetorial V

    com respeito a, ento a lgebraC l(V, )tem base dada pelos produtosej1ej2. . . ejk, onde

    1 j1< . . . < jk n, juntamente com1, isto , dim Cl(V, ) = 2n.

    Demonstrao: Como(e1, e2, . . . , en) ortogonal, Vadmite uma decomposio orto-

    gonal, V =n

    i=1

    Kei, onde(v) =n

    i=1

    iv2i para todov =

    ni=1

    viei V, i, vi K([10], pag.

    65). Assim, sendo Vi= Keiei(v) =iv2i , por (1.2), temos que

    Cl(V, ) Cl(Ke1, 1) . . .Cl(Ken, n).Como do exemplo1.9, obtemos queC l(Kei, i) = K[X]/ X2 i, temos que cada fator

    do lado direito desse isomorfismo tem dimenso igual a 2. Portanto, j que como espao

    vetorial um produto tensorial, a dimenso de Cl(V, ) 2n

    .Dessa forma, sendo {1, ej1ej2. . . ejk} um conjunto gerador como espao vetorial com 2n

    elementos, onde 1 j1 < . . . < jk n, necessariamente uma base de Cl(V, ), como

    desejamos mostrar.

    Para finalizar a seo, vejamos que as lgebras de Clifford tem um antiautomor-

    fismo, ou seja, uma aplicao linear bijetiva em C l(V, )satisfazendot(x y) =t(y) t(x).

    Proposio 1.14.SejaV umK-espao vetorial associado a forma quadrtica. Ento

    existe um nico antiautomorfismo, t: C l(V, ) Cl(V, ), tal que

    t t= id, t(x y) =t(y) t(x) e t(v) =v

    para todo v V ex, y Cl(V, ).

    Demonstrao: Consideremos a involuoJ :T(V) T(V)dada por

    v1 . . . vk vk . . . v1

    estendendo por linearidade.

    Observemos que I ker( J), onde a aplicao quociente e I como na prova da

    proposio1.5. Com efeito,

    J(v v (v) 1) =(v v (v) 1) = 0.

    Consequentemente, pela propriedade universal do quociente, existe um nico homomor-

    fismot: C l(V, ) Cl(V, ), tal que

    T(V) T(V) Cl(V, )

    T(V)/I

    ...................................................................................

    ............

    J..........................................................................................................................................

    ............

    .....................................................................................

    .............

    .

    .

    ..

    .

    .

    .........

    .

    .

    .

    .........

    ........................................................

    ..................................................................................................................................................................................................................................................

    ............

    t t = J .

    Portanto,

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    25/61

    1.2. Os grupos Spinores 16

    i) t(v) =t(i(v)) =t (i1(v)) =J (i1(v)) =J(v) =v;

    ii) Como sobrejetiva, dadosx, y Cl(V, ), existemx, y T(V)tais que(x) =x

    e(y

    ) =y . Da t(x y) =t((x

    )(y

    )) =t (x

    y

    ) =J (x

    y

    ) =J(x y) =y x= J(y)J(x) =J((y)(x)) =t(y)t(x);

    iii) ComoJ J =id, donde t J(J ) =t , implicando t J(t ) =t , e por

    unicidade da identidade,t J=id, temos quet t(x) =t J (x) =(x) =x.

    e assimt um antiautomorfismo como queramos mostrar.

    Assim podemos, como segue, conhecer o conceito algbrico que est no cerne da

    teoria de Geometria Spin.

    1.2 Os grupos Spinores

    Como o ttulo da seo indica, precisamos relacionar as lgebras Cl(V, ) com o

    conceito de grupo. Para isso, consideremos ogrupo multiplicativo das unidadesna lgebra

    de Clifford, isto ,

    Cl(V, ) := {x Cl(V); x1 Cl(V)tal que x1x= xx1 = 1}.

    Assim, comoCl(V, )contm os vetoresv Vtal que(v) = 0, poisv2 = (v)1,

    tomemos o subgrupo deCl(V, )gerado pelos elementosv V com(v) = 0, denotando

    por P(V, ). A parti da, podemos especificar os grupos spinores:

    Definio 1.15. O grupo P in associado ao K-espao vetorial V e a , denotado por

    P in(V, ), o subgrupo

    P(V, ) := {v V; (v) = 1} .

    E o grupo Spinassociado a V e a, dado por

    Spin(V, ) :=P in(V, ) Cl0(V, ).

    Observemos que Spin(V, ) realmente um grupo, pois como x P in(V, ),

    restaria mostrar que x1 Cl0(V, ), e isso possvel j que (x1) =(x)1.

    Porm, nosso trabalho se desenvolve focando as lgebras de Clifford associadas a

    certos espaos vetoriais de dimenso finita, e assim passaremos a obter uma definio de

    tais grupos nesse contexto.Definio 1.16. Um antiautomorfismo na lgebra de Clifford, : Cl(V, ) Cl(V, ),

    dado porx:= t (x) ditoconjugao.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    26/61

    1.2. Os grupos Spinores 17

    Aproveitemos para observar que t = t, isso porque sendo a dim V < ,

    da proposio1.13, 1, ej1ej2. . . ejk , com 1 j1 < . . . < jk n, formam uma base em

    Cl(V, ), donde

    t(ej1ej2. . . ejk) =ejkejk1 . . . ej1

    e

    (ej1ej2. . . ejk) = (1)kej1ej2. . . ejk .

    De posse da conjugao, definimos uma outra aplicao que chamamos norma,

    N :C l(V, ) Cl(V, ), dada por

    N(x) =xx,

    ondeN(ej1ej2. . . ejk) = (1)k(ej1)(ej2) . . . (ejk), pelo mesmo argumento do pargrafoanterior e j que ej1ej2. . . ejk = (1)

    kejkejk1 . . . ej1.

    Definio 1.17. Seja V um K-espao vetorial de dimenso finita. O grupo Clifford

    da forma quadrtica , denotado por (V, ), o subgrupo formado pelos elementos

    x Cl(V, )para o qual

    (x)vx1 V, v V.

    Como a aplicao x : V V, dada por x(v) = (x)vx1, linear e injetiva

    para cadax (V, ), devido a dim V

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    27/61

    1.2. Os grupos Spinores 18

    Figura 1.1: w quandoV = R2

    J vimos na definio1.15,no incio da seo, a caracterizao geral dos gruposspinores, teremos agora uma definio equivalente, importante ao presente trabalho, que

    os caracteriza quando a dimenso de V finita, como j mencionado antes.

    Definio 1.19. O grupo P in associado a um K-espao vetorial de dimenso finita V

    e a uma forma quadrtica no degenerada, isto , se a forma bilinear simtrica

    associada ae (v, w) = 0para todo w V, ento v = 0, denotado por P in(V, ), o

    subgrupo

    P in(V, ) := {x (V, ); N(x) = 1}

    E o grupo Spinassociado a V e, dado por

    Spin(V, ) :=P in(V, ) Cl0(V, ).

    Para mostrarmos tal equivalncia vejamos que associado ao grupo Clifford, temos

    uma importante aplicao chamada por Atiyah, Bott e Shapiro ([1], pag. 7) derepresen-

    tao adjunta torcida,

    : (V, ) GL(V)

    x x:V V

    v x(v) =(x)vx1,

    que est bem definida, como podemos ver no pargrafo posterior a definio 1.17,cujo

    contradomnio oGrupo Linear GeraldeV,

    GL(V) := {T :V V; T um K-isomorfismo linear},

    e com a qual temos os seguinte resultados:

    Lema 1.20. SejaV umK-espao vetorial de dimenso finita euma forma quadrticano degenerada. O ncleo da aplicao o grupo multiplicativo, K 1, dos mltiplos

    no nulos da identidade deCl(V, ).

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    28/61

    1.2. Os grupos Spinores 19

    Demonstrao: Como no degenerada, escolhamos uma base {e1, . . . , en} deV tal

    que(ej ) = 0, para todo j, e (ei, ej ) = 0, para todo i =j . Sex ker , ento x =id,

    donde,

    (x)vx1 =v (x)v=vx, v V.

    Observemos que, comoCl(V, ) =C l0(V, ) Cl1(V, ), podemos escrever x= x0+x1,

    onde x0 Cl0(V, ) e x1 Cl1(V, ). Assim, de (x0 + x1)v = v(x0 +x1), temos

    x1v+x0v= vx1+vx0, e visto que v Cl1(V, ), segue-se,

    x1v= vx1 e vx0=x0v, v V (1.3)

    Alm disso, da proposio 1.13, podemos escrever x0 e x1 como combinaes lineares

    de ej1. . . ejk, 1 j1 < . . . < jk n. Dessa forma, usando sucessivamente ejei =eiej + 2(ej, ei), conseguimos expressar x1 como x1 = a1 + e1a0, onde a1 e a0 so

    combinaes lineares de ej1. . . ejk paraji= 1. O mesmo acontece para x0.

    Notemos que a1 Cl1(V, ) e a0 Cl0(V, ), pois x1 = (a1) e1(a0), e assim

    a1 e1a0=(a1) e1(a0). E parav=e1em (1.3), tem-se

    a1e1+e1a0e1= e1a1 e21a0 e1a1+e

    21a0= e1a1 e

    21a0

    e21a0= 0, como(e1) = 0,

    a0= 0.

    Logo, x1 = a1, e com isso no tem e1 em sua expresso. Podendo expressarx1 = a1 =

    b0+e2b1, e assim indutivamente, em seguida fazendo esse mesmos procedimento, chegamos

    que x1 no tem e2, . . .,en em sua expresso, ou seja, gerado apenas por 1. Com isso,

    x1 Cl0(V, ), mas vimos quex1 Cl1(V, ), portanto, x1= 0.

    Analogamente, mostramos que x0 = t1, t K. E conclumos,x= t1, e como x (V, ),

    x = 0, o que completa a demonstrao.

    Proposio 1.21. Seja V um K-espao vetorial de dimenso finita e uma forma

    quadrtica no degenerada. Sex (V, ), ento N(x) K 1.

    Demonstrao: Notemos inicialmente que e tinduzem, respectivamente, um auto-

    morfismo e um antiautomorfismo em (V, ), j que ((x))v(x)1 = ((x)vx1) =

    (x)vx1 Ve, analogamente, (t(x))vt(x1) V, para todo x (V, )e v V.

    Assim, sex (V, ), tem-se

    t((x)vx1) =(x)vx1 t(x)1vt((x)) =(x)vx1

    v= t(x)(x)vx1t((x))1

    v= ( t(x)x)v( t(x)x)1,

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    29/61

    1.2. Os grupos Spinores 20

    donde,xx ker . Comox = (t(x)) (V, ), segue queN(x) =xx= t( t(x))

    t(x)) =x x ker , que pelo lema anterior mostra o desejado.

    Corolrio 1.22. A norma restrita ao grupo (V, ), N : (V, ) K

    1, um homo-morfismo eN((x)) =N(x)para todo x (V, ).

    Demonstrao: Vejamos que parax, y (V, ), pela proposio anterior, tem-se

    N(xy) =xyxy= xyt (xy) =xyt (y)t (x) =xN(y)x= N(x)N(y).

    Da mesma forma,

    N((x)) =(x)(x) =(x) t((x)) =(x)(x) =(N(x)) =N(x).

    Para o prximo corolrio precisamos do seguinte resultado, conhecido como teo-

    rema de Cartan-Dieudonn, cuja demonstrao omitiremos, mas pode ser vista em Bour-

    baki ([3], pag. 97, proposio 5).

    Teorema 1.23.SejaV umK-espao vetorial de dimenso finita euma forma quadrtica

    no degenerada. Todo elemento do grupo ortogonal,f O(V, ), pode ser escrito como

    o produto dek reflexes,

    f=s1 . . . sk,

    ondek dim V eO(V, ) = {T GL(V); (T v) = (v), v V}.

    Corolrio 1.24. A imagem da representao adjunta torcida o grupo das aplicaes

    ortogonais, ou seja, ((V, )) =O(V, ).

    Demonstrao: Observemos que sex (V, )e v V, com(v) = 0, pelo corolrio

    anterior,

    N(x(v)) =N((x)vx1) =N(x)N(v)N(x)1 =N(v), v V ex (V, ),

    donde, (x(v)) = (v), mostrando que x O(V, ).

    Agora, sef O(V, ), como no degenerada, pelo teorema de Cartan-Dieudonn,

    f=s1 . . . sk.

    Tambm por ser no degenerada, V := {v V; (v) = 0} no vazio, e pela

    proposio1.18, tem-seV (V, ). Assim podemos considerar o vetor no nulowj V

    ortogonal ao hiperplano sobre o qual est definido sj, obtendo

    (wj ) =sj.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    30/61

    1.2. Os grupos Spinores 21

    Consequentemente, notando que parax1, . . . , xr Cl(V, )tem-se

    x1...xr(v) =(x1 . . . xr)v(x1 . . . xr)1 =x1 . . . xr(v), v V,

    segue que

    f=w1...wk , wj (V, ),

    concluindo a demonstrao.

    Observao 1.25. Assim temos a seguinte sequncia exata:

    1 K 1 (V, ) O(V, ) 1........................................................................................................... ................................................................................................

    .......................................................

    ............

    ..................................................................................

    .

    ............

    .

    Agora podemos ver a equivalncia entre as definies 1.15e1.19. Para isso de-notemos o conjunto P in(V, )na definio1.19por

    GV,:= {x (V, ); N(x) = 1}

    e observemos que este um grupo, j que no degenerada e, do corolrio 1.22,

    a norma no grupo Clifford um homomorfismo. Assim basta vermos primeiro que o

    conjunto gerador

    V = {v V; (v) = 1}

    do grupo P in(V, ) est contido em GV,. Com efeito, sev V, tem-se v1 = v e

    (v)wv1 = w 2(w, v)v, para todo w V, donde V (V, ) e como N(v) =

    v2 = 1, segue queV GV,, e portanto, P in(V, ) GV,.

    Para a outra incluso, se x GV,, ento x (V, ), e da prova do corolrio

    anterior, existemwj (V, )com (wj) = 0tais que

    (x) =w1...wk ,

    da,

    (xw11 . . . w1k ) =id xw

    11 . . . w

    1k ker

    x= w1 . . . wk, K, = 0.

    ComoN(x) = 1segue que = 1 e (wj) = N(wj ) = 1. Portanto, obtemos que

    GV, P in(V, ).

    Assim, temos a equivalncia desejada e destaquemos que crucial a forma quadrtica

    ser no degenerada, visto a necessidade do ker ser igual a K 1. O que no acontece

    quando a forma degenerada. No exemplo1.8,onde a forma degenerada,1+e1e2 ker ,

    j que(1 +e1e2)1 = 1 e1e2, mas1 +e1e2 / K 1.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    31/61

    1.2. Os grupos Spinores 22

    Exemplo 1.26. Quando V = R e (x) = x2 temos que Cl(R, ) = C, conforme o

    exemplo1.6. Assim, como a aplicao estrutural injetiva, identificamos Rcom Ri, da

    (bi) = bi, e consequentemente,

    (R, ) = {a +bi C; (a bi)va bi

    a2 +b2 Ri, v Ri,a,b R}

    = {a +bi C; b= 0ou a = 0 a,b, R}

    =C l0(R, ) Cl0(R, )i,

    donde,

    P in(R, ) = {a +bi (R, ); a2 +b2 = 1} = {1, 1, i, i}

    e

    Spin(R, ) = {a +bi P in(R, ); (a +bi) =a +bi} = {1, 1},

    isto ,

    P in(R, ) Z4 e Spin(R, ) Z2.

    Figura 1.2: P in(R, )

    Exemplo 1.27. Quando V = Re (x) = x2 temos que Cl(R, ) = R R, conforme oexemplo1.7. Assim, identificamos R comR, onde = (0, 1). Dessa forma o automorfismo

    cannico (0, b) = (0, b), e consequentemente,

    (R, ) = {(a, b) (R R); (a, b)v( a

    b2 a2,

    b

    b2 a2) R, v R,a,b R}

    = {(a, b) (R R); b= 0ou a= 0 a,b, R}

    =C l0(R, ) Cl0(R, ),

    E, j queN(a, b) = (a, b)(a, b) = (a2 b2) 1, temos

    P in(R, ) = {(a, b) (R, ); a2 b2 = 1} = {(1, 0), (1, 0), (0, 1), (0, 1)}

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    32/61

    1.2. Os grupos Spinores 23

    onde a ordem de seus elementos dois, e

    Spin(R, ) = {(a, b) P in(R, );(a, b) = (a, b)} = {(1, 0), (1, 0)},

    isto ,

    P in(R, ) Z2 Z2 e Spin(R, ) Z2.

    Figura 1.3: P in(R, )

    Assim, finalizamos a seo obtendo que arepresentao adjunta torcidarestrita aos

    gruposP in(V, )e Spin(V, )so homomorfismos sobrejetivos, respectivamente, sobre o

    grupo ortogonal,O(V, ), e ogrupo ortogonal especial,

    SO(V, ) = {T O(V, ); det(T) = 1}.

    caracterstica fundamental para o ltimo captulo desse trabalho, que nos permite, como

    veremos, mostrar que tais grupos so recobrimentos duplos. Conceito este utilizado para

    abordar a estrutura das variedades spins de modo topologicamente equivalente a como

    so definidas, contudo mais ricamente ([14], pag. 5).

    Teorema 1.28. As restries de aos grupos spinores, : P in(V, ) O(V, ) e: Spin(V, ) SO(V, ), so homomorfismos sobrejetivos de grupos.

    Demonstrao: Como do corolrio1.24temos que ((V, )) =O(V, ), na demons-

    trao deste podemos tomarwjunitrio,uj = wj|(wj)|

    , e obtemos queu1 . . . uj P in(V, ),

    pois N(uj ) = 1, e assim, para qualquer f O(V, ),

    f=u1...uk ,

    mostrando a sobrejetividade de|P in(V,).Agora, suponhamos por absurdo que (Spin(V, )) = SO(V, ). Ento existe uma f

    O(V, )\SO(V, )tal que x =fpara algum x Spin(V, ).

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    33/61

    1.2. Os grupos Spinores 24

    Notemos que escolhendo uma base {e1, . . . , en} deV comv =e1e (v, ej) = 0paraj 2,

    tem-sev(e1) = e1ev(ej) =ej,j 2. Com isso o det v = 1, e consequentemente,

    SO(V, ) = {s1 . . . sk; k par}.

    Da, fpode ser escrita como f = w1...w2k+1, e assim w1...w2k+1 = x, o que implica

    x1w1 . . . w2k+1 K 1, pelo lema1.20.

    Dessa forma, para algum K,

    x= 1

    w1 . . . w2k+1 (x) =

    1

    (w1) . . . (w2k+1)

    (x) = 1

    (1)2k+1w1 . . . w2k+1 = x,

    o que absurdo, pois x Spin(V, ). Portanto, : Spin(V, ) SO(V, ) tambm

    sobrejetiva.

    Assim, como j conhecemos os grupos spinores, podemos passar as representaes

    das lgebras de Clifford, representaes estas importantes em Geometria Spin, como fare-

    mos no prximo captulo.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    34/61

    Captulo 2

    As classificaes e representaes das

    lgebras de Clifford

    Aqui, se considerarmos que o leitor tenha conhecimentos em teoria das variedades

    ou um consulta ao apndice, como j vimos a definio dos grupos spinores, deveremos

    seguir buscando compreender as representaes.

    Dessa forma, o presente captulo se estrutura com tal finalidade. Iniciando com

    as lgebras de Clifford associadas ao espao vetorial Rn, passando, na seo seguinte, as

    representaes de modo geral, mas com foco nas representaes dessas lgebras.

    2.1 As lgebras de Clifford associadas a Rn

    Seria oportuno detalharmos melhor o motivo de foco em um caso particular das

    lgebras de Clifford. Esse est nas representaes dessas lgebras restritas aos grupos

    spinores, conceito que veremos na prxima seo, no serem induzidas de representaes

    dos grupos ortogonais ou ortogonais especiais ([14], pag. 21).

    E isso importncia, pois o modo de abordar a estrutura spin das variedades spin,

    utilizando levantamento, est relacionado com tais representaes, que por no serem

    induzidas como citado, geram novas construes, inexistentes sobre variedades gerais,

    mesmo quando se refina a estrutura das variedades diferenciais passando as variedades

    spin, sem abordar-la assim ([14], pag. 5).

    Ento, iniciemos considerando V como um R-espao vetorial n-dimensional, e

    supondo que a forma quadrticaseja no degenerada emV. Com isso, podemos escolher

    uma base{e1, . . . , en}paraV, conforme Garling ([10], pag. 64), de forma que

    (x) =x21+. . .+x

    2p x

    2p+1 . . . x

    2p+q,

    onde p+q=n e 0 p n. Denotamos por p,q a forma quadrtica correspondente ao

    par(p, q), chamado deassinaturadep,q.

    25

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    35/61

    2.1. As lgebras de Clifford associadas aRn 26

    Aslgebras de Cliffordassociadas as formas quadrticas que tm essa assinatura

    recebem, consequentemente, a notao Clp,q, seus grupos Clifford, p,q, bem como seus

    grupos spinores,pinp,qespinp,q. Tambm os grupos ortogonais e ortogonais especiais so

    convencionalmente escritos comoOp,qeSOp,q.Quando p = 0obtemos casos que so importantes para o presente trabalho, cuja

    notao Cln, isto ,

    n(x) = x21 . . . x

    2n, x R

    n eN(x) =x21+. . .+x2n, x n, (2.1)

    mostrando que a aplicao norma sempre no negativa para tais lgebras reais e per-

    mitindo definir os grupos pinn e spinn tambm da seguinte forma, como fazem Atiyah,

    Bott e Shapiro ([1], pag. 8), sendo esta exatamente a definio1.19em tais lgebras:

    Definio 2.1. P inn o ncleo de N : n R 1, para n 1, e Spinn o subgrupo

    deP innque imagem inversa de SOnsobre: P inn On, paran 1.

    Lembremos que alguns autores, por exemplo, Lawson e Michelsohn [14], definem

    as lgebras de Clifford com(i(v))2 = (v) 1, assim suas Cln so nossas Cln,0. Mas o

    trabalho similar, j que h apenas uma inverso de sinal no decorrer das demonstraes.

    Uma classificao dessas lgebras obtida a partir dos seguintes teoremas, onde o

    segundo ditoo teorema da 8-periodicidadedevidos a Elie Cartan e Raoul Bott.Teorema 2.2. OsR-isomorfismos de lgebras

    Cln,0 Cl0,2=C l0,n+2 (2.2)

    Cl0,n Cl2,0=C ln+2,0 (2.3)

    Clp,q Cl1,1=C lp+1,q+1 (2.4)

    existem para todo n,p,q 0.

    Demonstrao: Como o procedimento similar para os trs isomorfismos (ver [14],

    pag. 26), faamos o (2.4). Assim, escolhamos {e1, . . . , ep+1, 1, . . . , q+1} uma base or-

    togonal para Rp+q+2 tal que p+1,q+1(ei) = 1 e p+1,q+1(j ) = 1, i, j. Ento seja

    {e1, . . . , ep,

    1, . . . ,

    q}uma base para R

    p+q Clp,qe{e1, 1}uma base para R

    2 Cl1,1.

    Dessa forma, definamos f : Rp+q+2 Clp,q Cl1,1estendendo linearmente

    f(x) =x e11, x R

    p+q, f(ep+1) = 1 1 ef(q+1) = 1 e

    1.

  • 8/9/2019 lgebras de Clifford

    36/61

    2.1. As lgebras de Clifford associadas aRn 27

    Notando que est bem definida, visto a injetividade da aplicao estrutural, e que

    f(x+ep+1+q+1)2 = (x e1

    1+1

    1+1 e

    1)

    2

    = x2 e12

    12

    +21 e12

    + ( )x e12

    1+ ( )x e112

    + ( )1 e11+

    21 12

    = [p,q(x)1,1(e1)1,1(

    1) +

    21,1(e1) +

    21,1(1)]1 1

    = [p,q(x) +2 2]1 1

    = p+1,q+1(x+ep+1+q+1)1 1,

    obtemos, pela definio 1.4, o homomorfismof : Clp+1,q+1 Clp,q Cl1,1. Como

    f((1)k1(1)l1ei1. . . eikj1. . . jl) = e

    i1. . . e

    ik

    j1. . . jl

    e11, com 1 i1 < . . .