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Alice Jones

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Page 1: Alice Jones

Alice Jones †

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Alice Jones

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A Convivência entre vampiros, feiticeiros e humanos não será permitida. Do contrário: sempre haverá guerra.

(Bhaskara)

Prefácio A garota se aproximou do vulcão. – Nicaraless – ela disse, lançando uma moita de gelo no buraco do vulcão. Nada aconteceu e ela se afastou. O vulcão começou a entrar em erupção.

– Droga, você está bem garota? – um sujeito de olhos azuis perguntou. Ela arregalou os olhos e não disse nada. Naomi tentou a sorte. Então não pôde fazer nada, uma gota daquela larva e ela sem dúvidas alguma, se derreteria por inteira. – Inútil – ela sussurrou consigo mesma.

– Faz alguma coisa! – a garota ruiva pediu num tom de ordem, impaciente. O vulcão entrou totalmente em ebulição, piorando toda a situação. A garota ruiva ficou na beirada segurando-se ao vento, e sabia que uma olhadinha para baixo daquela enorme montanha tornaria tudo mais impossível.

Havia duas opções: morrer queimada ou suicidar-se. – Boa sorte – ela disse ao homem de olhos azuis e saltou

de costas. O cara de olhos azuis saltou atrás e logo se tele transportou para o topo da montanha novamente.

– Não! – ele gritou bem alto para que o mundo todo ouvisse.

– Só dois de nós vai sobreviver – outro sujeito gritou, aparecendo pro cara de olhos azuis.

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Vampiros e dons-chaves:

Futurícx = Prevê o futuro. Mentalix = Controle de mentes, hipnose. Olhos-de-morte = Causa sangramento grave pelos

ouvidos, boca, nariz e olhos.Velocímetrox = Extremamente veloz. Sentimentalinx = Leitura de corações. Autocontrolex = Autocontrole. Supersound = vampiro ouve a longa distancia. Forçalittler = Força extrema. Sensíbleter = vampiro sensível, que não consegue

matar.

O que pode matar um vampiro:

Fogo lançado pelo corpo durante a meia noite. Um feitiço muito forte.Beber sangue morto, de alguém que esteja morto.Ter a cabeça arrancada enquanto estiver no período

puro. Atacar alguém que bebe bebidas alcoólicas ou usa

drogas deixam-lhes fracos. Vampiros ficam fracos quando sugam o sangue de alguém que bebe, fuma ou usa drogas. Mas não significa que morrem, eles vão ficando cada vez mais fraco. Se no mesmo dia, for a oitava vítima com esses sintomas, o vampiro poderá morrer.

Espécies inimigas que devem viver em lugares distintos:

Vampiros.

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Feiticeiros.Humanos.

Detalhes – Alice? – John sussurra, me cutucando. Estava uma manhã calorenta da América do sul. Ele

tinha uma espécie de grave e rouquidão em sua voz, bem diferente de Kate, que possuía a voz suave e bem feminina.

Fiz cara feia e revirei os olhos, depois daquele sonho esquisito que tive agora pouco. Ultimamente desde quando completei dezesseis anos, coisas estranhas vêm acontecendo comigo. Bem, na verdade quando eu nasci algo estranho também aconteceu.

É uma história que meus pais me contaram, ela é pequena. Que eu nunca me lembro perfeitamente.

E muito menos acredito. Minha mãe e meu avô são meio sinistros, pra ser franca.

Eles sempre foram bastante misteriosos e diferentes... Eu até ficava com medo. Eu achei até estranho eles me contarem isso porque eles quase nunca me contam o que eles conversam, digo, coisas do passado. Até que cresci um pouco e lá com os meus oito anos, eu lembro-me de ter entrado no quarto dos meus pais e já era de madrugada. Ouvi barulhos de alguém mordendo algo.. Ela gritava muito alto, um tipo de gemido de prazer com dor. Fui correndo, abri a porta do quarto, pude ver meu pai ferrado no sono e Kate virada para a janela e meio agachada, ela virou-se lentamente para mim e vi sangue na boca dela. Foi aí que o vovô apareceu e não me lembro de mais nada. No dia seguinte, fui até minha mãe e perguntei o que havia acontecido. Ela disse que eu era sonâmbula e estava tendo um tipo de sonho e que fui ao quarto dela, eu só não consigo é ter certeza se isso realmente aconteceu ou foi apenas um pesadelo. Disso eu consigo lembrar, mas depois que meu avô apareceu, eu não me lembro de mais nada. Desde aquele dia, meu conceito sobre ela ficou mais estranho que já era.

Ainda criança, John me pegava no colo com tal facilidade confortadora, eu me sentia menos sozinha com ele, já que Kate quase não existia pra mim. Ele era minha mãe e meu pai, apesar de ter aquele jeitão meio anti-social que ele sempre teve. Depois quando completei quatorze anos, eu

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comecei a notar que Kate tentou ficar mais próxima de nós. Ela ficava assustada com algumas atitudes minha como, por exemplo: bater em uma garota do Colégio, que por sinal, havia me provocado muito durante todo o jardim de infância. Qual é! Todo mundo vai se defender de alguém um dia, foi só isso que fiz.

Depois ela sumiu, nunca mais ouvi falar dela. Lembro-me de ter brigado com ela, e ela desmaiou, depois disso nunca mais a vi, de verdade mesmo. Meus pais ficaram atordoados comigo, até hoje eu não entendo o que houve pra tanta tensão da parte de Kate. Afinal, porque eu tenho que me preocupar com coisas que fiz quando era criança?

Completei dezesseis anos e as coisas ficaram definitivamente mudadas. Kate se separou do meu pai, mas continua vivendo conosco, só por minha causa. E que sinceramente não entendo, ela não precisava continuar morando conosco só por causa de mim. Mas isso era temporário porque ela estava procurando uma casa.

John Jones é meu pai. Pálido, alto, magro e um pouco musculoso, cabelos

pretos bem escuros. John possui muito charme, ele consegue atrair qualquer uma com sua aparência e jeito macho de ser. Não... Não sou feminista, apenas digo isso porque é o tipo de cara que interessa qualquer uma. Pelo menos em minha opinião. Seus olhos são claros pelo lado de mel escuro – que chega a ser exagerado de tão belos – tem um sorriso maravilhoso. Na verdade meu pai é lindo até demais, não me acho nem um pouco parecida com ele. Só que por dentro, é um poço de machismo.

Kate Jones é minha mãe. Mais pálida ainda, loira e bem menor que John. Há nela

algo obscuro: seus olhos são meio avermelhados e seus dentes são tão brancos que chega a doer os olhos. – Quem dera eu ser tão linda o quanto Kate. Kate sempre foi a mais estranha de todas as mães que conheci. Ela não possui jeito de mãe, é muito ativa e independente.

Desde quando eu cheguei a entender os gestos das pessoas, eu comecei a perceber coisas estranhas nela.

Kate é aquele tipo de mulher que se olha no espelho de trinta em trinta segundos sem perceber o quanto isso a torna maluca e obcecada por beleza. Não entendo porque tanta preocupação, já que ela está sempre na mesma aparência, aliás, Kate usa umas maquiagens esquisitas, parece que a maquiagem a deixa mais velha, não sei se é essa sua

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intenção, mas é exatamente isso que acontece quando ela enche a cara desse pó fedorento.

Há algo em que sempre me incomodou muito também. Pensando bem, é mais fácil dizer o que não me

incomoda nela. Meus pais sempre mudam de país. Eu nasci em Londres,

logo cinco anos depois me mudei para Buenos Aires e quatro anos depois nos mudamos para cá, em Campos Do Jordão, ainda em terras sul-americanas. Não sei falar português ainda, o português é extremamente complicado e diferente pra mim. No entanto, algo que reparei é que John e Kate sempre se mudam para lugares frios, gelados. Como, por exemplo: nasci em Londres e onde estou agora. Uma cidade normal e onde eu moro fica em uma casa reservada e alta, onde as montanhas verde-escuro cercam por toda parte, causando um frio enorme.

Estamos morando aqui em terras sul-americanas por pouco tempo, pois vamos voltar para a América do norte o mais breve possível, terras nativas e ainda mais geladas.

– Calma. Porque esse nervosismo todo, pai? – retruquei levantando-me meio desajeitada e descabelada. Logo me sentei na cama e apertei os olhos para enxergar melhor, afinal: ser acordada é uma porcaria.

John ficou impaciente a me ver daquela maneira, impaciente assim como ele.

– É a Kate. Eu não estou a fim de ficar perto dela agora, ela está toda surtada, minha paciência não é de ferro, caramba! Só porque não consegui concertar a porcaria do secador...

Paciência de ferro? A paciência de John não é nem de papel isopor. Mas eu não contive o riso, ele falou de um jeito que me causou nostalgia de quando eles ainda eram casados.

– Posso ficar no seu quarto? – perguntou sorrindo, tentando me esconder alguma coisa que eu nem perdi meu tempo de perguntar, John não tinha o costume de me agradar e me botar apelidos, ele era sério ao extremo. Ah! John era xerife e era um dos melhores, aliás. Daqueles tipos em que leva o trabalho para sua vida.

– Tudo bem. O que ela tem? – perguntei curiosa. Ele pensou um pouco pra responder e apertou as

pálpebras enquanto pensava no que me dizer. Eu geralmente não gostava nem um pouco quando ele pensava para responder, sempre que ele fazia isso parecia que ele queria

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inventar algo, ou esconder alguma coisa de mim. Apertar as pálpebras então? Perigo na certa.

– Não é nada demais, mas e como estão as coisas com você?

Fingi que acreditei e puxei outro assunto bobo pra confortá-lo.

– Eu estou bem, estou de férias, como você já sabe. Já que você mudou de assunto, me diz sobre aquela cidade que vamos nos mudar, qual é o nome mesmo? – perguntei, porque na verdade, eu havia me esquecido completamente o nome do lugar, nesse aspecto eu não estava forçando a barra, eu realmente não me lembrava.

Ele fez careta e sorriu. – Port Angeles. Uma cidade boa, pequena e ainda mais

fria que aqui. Apesar do frio insuportável eu espero que você goste de lá – afirmou, coçando o nariz logo depois.

Respirei fundo e olhei firme em seus olhos. – Vamos sair desse país e voltar para América do norte?

Quando nós vamos? Ele tinha uma mania irritante em sempre ficar mudando

de casa, como já disse. Mas isso só pode ser culpa de Kate, conheço as técnicas de manipulação dela. Eu já morei em tantas casas e cidades diferentes que até já perdi a conta. Também não sei se é bem uma mania, mas que me irrita muito, isso sim. Cada ano nós estamos em um lugar diferente, mas dessa vez eu queria mesmo era me mudar. Não gostava nem um pouco de onde nós estávamos. Ele ficou animado em responder.

– Advinha? Você vai adorar saber, aposto.Fiz um esforço grande pra tentar adivinhar, mas aí eu

chutei. – Daqui a dois meses? Em setembro, ou quem sabe em

novembro? Nada contra mudarmos rápido, pelo contrário. Eu quero é me mudar logo daqui. Eu me lembro daquela casa grande e cheia de gente, que hoje, nem sei se ainda vive ou está morto. Eu sinto falta deles.

Ele abaixou a cabeça olhando pro nada, sei lá... Eu tinha praticamente certeza que ele não iria responder a minha pergunta indiscreta.

– Errou... Mas até que passou perto.Ele logo deu uma ajeitada no seu cabelo que estava um

pouco bagunçado. – Seis de outubro – explicou.

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– Sério? No mês do meu aniversário! Seria até que um presente legal – vibrei e abri um sorriso largo, esquecendo da pergunta que eu havia feito segundos atrás.

Ele abriu um olhar novo e uma conversa nova. – Quando você completar dezessete anos, você terá uma

surpresa – John começou com a conversa que não me agradava. Daí pra piorar a caretice, se sentou na minha cama e olhou com esperança de que eu sentasse também. Olhei para John e tentei decifrá-lo quase que em vão novamente.

– Como assim? Ele pegou em minhas mãos e deu aquela olhada de pai. – Alice, só me faça uma promessa – seu tom era sério

agora, John não sabia brincar com coisa séria, quando ele estava falando sério, qualquer um podia perceber apenas olhando em seus olhos e sentindo seu nervosismo machista.

– Ok. Pai, fale. Retruquei de mau-humor, como de costume, quando eu

sentia que estavam escondendo alguma coisa de mim fazendo pausas de leve em cada palavra. Ele sorriu e forçou o olhar.

– Eu não entendo o motivo de Kate ter me pedido para te dizer isso... Mas enfim, não desobedeça nenhuma regra ou mandamento. Ainda é mais ou menos como uma metáfora, Alice. Eu não posso te dar detalhes, você mesma vai descobrir, viver isso sozinha. Você pode me prometer isso por sua mãe, Alice?

John me fitou remexendo seu nariz. Então respirei fundo novamente e tentei não brigar com meu pai.

– Do que você está falando? Fiquei encabulada com aquela metáfora inútil que ele

acabou de estabelecer. Não era mais fácil me contar logo o que estava acontecendo? Eu agradeceria se Kate ou John parasse por um instante de me poupar. E aí ele persistiu mais uma vez

– Seis de outubro, Alice – também não faço idéia dessa maluquice de sua mãe.

John continuou a tentativa de me fazer prometer algo que eu não faço a menor idéia. Quer dizer, que nem ao menos ele sabia! Por fim, não conseguimos e caímos na gargalhada. É como assinar um contrato em que você não leu nenhuma estrofe. Mas eu tinha que escolher, ele é meu pai e eu confio nele mais do que qualquer promessa estranha. Eu fui vencida e não contradisse mais nada.

– Eu confio em você. Tudo bem, eu prometo.

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Ah! Detalhe: Kate é super ausente, talvez seja esse o motivo de não chamá-la de mãe sempre... Em 1996, ela sumiu durante o ano todo, e só voltou no ano seguinte. E isso se repetiu vários e vários anos. Então, ela é minha mãe de acordo com a genética porque sendo franca, ela quase não convive comigo e aposto que não sabe o nome do meu primeiro amor, que foi o Matt... Namorico de escola, de criança. Isso foi há 9 anos atrás.

Meu celular tocou, era um número privado. O que fora hilário porque me ligou e desligou logo depois, na minha cara. Quando fui desligar, meu pai não estava mais lá.

– O que foi isso? – pensei, com um pouco de medo sobre sua conversa maluca sem pé nem cabeça. Procurei atrás de mim, na minha frente, do meu lado. Olhei desconfiada para os lados e me distraí.

Fui até o quarto de Kate e não bati na porta.– E então? Eu a chamei entrando em seu quarto, passo por passo

com uma vergonha enorme de ser tão teimosa. Ela apareceu e ficou desconfiada, Kate odiava quando eu estava planejando algo com ela. Ainda mais quando o assunto era sério e eu não temia.

Se existia algo no mundo que eu fosse profissional, era de não temer o temível.

– O que foi? – disse ela mal humorada. Fingi o meu interesse e tentei mesmo assim, na cara de

pau. – Vim te dar um abraço de boa noite mãe – disse,

mentindo horrivelmente.Kate chegou perto de mim e colocou as mãos na minha

testa fazendo cara de cúmulo. – Você me chamou de MÃE? Você está doente? –

perguntou incrédula. Entreguei-me e falei a verdade, não havia como

esconder coisas dela, ainda mais ela sabendo do quanto eu sou péssima para mentir.

– Precisamos conversar.Kate respirou bem profundamente e tentou não me

olhar. – Fala – e fez outra cara de “eu já sabia”. – Ta legal Alice. Vamos nos mudar da América do sul

para a América do norte daqui a um mês. Eu preciso que me prometa algo quando chegarmos a Port Angeles, terra nativa

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de nossa família – ela disse. Quem fez cara de cúmulo dessa vez, fui eu.

– Você de novo com essa história de juramento? – perguntei irritada, fazendo aquela expressão com o rosto de tédio que não agradava ninguém, muito menos ela. Ela brevemente se aproximou de mim e me olhou parada cruzando os braços.

– Sim.Seu tom era ainda mais sério dessa vez. Tentei dar uma

de boba, meio que em vão. Ela estava com uma blusa de frio num tom de vinho de lã colada e uma calça jeans formando as curvas de suas pernas dentre a calça.

– Sobre respeitar regras que eu nem imagino quais e mais isso e aquilo que você vive falando o tempo todo?

Ela balançou a cabeça negativamente apertando as pálpebras.

– Não, apenas me jure uma coisa...E ficou séria de novo, ela não andava com paciência

para minhas ironias. Afastei-me dela e fiquei de costas. – Fala logo. Eu me irritei. Kate, por sua vez, plantou-se igual uma doida atrás de

mim, invertendo-nos meio que brincando com meu cabelo. – Não se apaixone por ele – Kate murmurou, pegando

minhas mãos e me encarando com seus olhos lindos e convincentes que me fazia confiar em cada palavra que ela dizia sem importar mais nada, nenhum tantinho.

Franzi o cenho. – Ele quem? Eu estava completamente sem entender tudo isso. – Não se envolva por seu inimigo. Por um de nossos

opostos.Virei-me para olhar para ela enquanto conversávamos e

mostrei minha cara de não entendi porcaria nenhuma que você disse.

– Você anda tomando algum remédio? – zombei. E então, só me lembro de ter piscado e por um instante

virar-me para a janela de meu quarto, mas no exato momento em que olhei para a direção que ela estava, já não havia mais ninguém ali.

Fiquei com aquela frase em minha cabeça: “Faça a escolha certa, Não se apaixone por um de nossos inimigos” O

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que foi aquilo? Isso não existe, uma preocupação surgiu dentro de mim, ela não está em sã consciência.

Estava tão assustada que fui dormir. Abri os olhos, sentei-me na minha cama e olhei em volta,

sentindo o cheiro fresco do perfume dela ali no meu quarto. Meu quarto não era daqueles super arrumado, eu nunca gostei de quartos impecáveis e cheios de ursos rosa. Sempre preferi uma cama de solteiro e um cômodo pequeno em que só caiba a mim. Coerentemente, olhei em volta do meu quarto inteiro, de um jeito tão nostálgico. Pensei na escola que eu estudava que era sem graça e com pessoas sem graça. O ano estava quase acabando. Estávamos em primeiro de setembro, faltando apenas um mês para a mudança à Port Angeles. Eu andava com pensamentos mais profundos, sobre não me envolver em nenhum relacionamento sério, ou não fazer amizades falsas, eu queria uma vida decente e normal, já que eu não tenho uma mãe normal. De algo eu sei: estou prestes a ser uma mulher, quero ser tratada como uma adulta. Já que, aliás, tudo indica que não vou morar com eles por muito tempo. Talvez esse seja o ultimo ano em que moro com eles, por isso eu fico observando tudo e aproveitando cada maluquice de Kate. Enfim, não tenho que pensar quando vou morar sozinha também... Vamos deixar as coisas acontecerem.

Olhei-me no espelho e não reconhecia aquela cara fria e sem paciência com tudo, porque eu estou tão estranha e rebelde? Paciência era algo que definitivamente eu não tinha desde que me conheço por gente. Ficava séria a maioria do tempo, não me misturava com pessoas da minha idade com facilidade, eu não era o tipo de pessoa que é popular e muito sociável. Às vezes minha sinceridade é exagerada. Não gosto de mentir só para agradar alguém, seja lá o que for.

Respirei fundo e mantive o olhar aleatório ao redor do meu quarto.

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Um mês se passou

Com toda a sinceridade do mundo, sabe quando você sente que algo está para acontecer? Não é algum motivo concreto, ou algo que botaram na sua cabeça. É só algo que você sente do nada. Quando está tudo bem, mas algo dentro de você diz que não. Ou algo está para ser descoberto, sei lá. Falar dos outros é tão legal, mas quando você tem que falar sobre você... É horrível! Talvez seja por isso que não seja muito popular, o sujeito me pergunta “me fale sobre você?” e tudo que vem na minha cabeça é que amo chocolate e sou sincera, não grossa.

O fato é: eu odeio falar muito sobre mim.E havia outras coisas que estava me afligindo muito.

Principalmente envolvendo Kate. Eu sentia a todo o momento que alguma coisa iria acontecer comigo, eu só não imaginava o tamanho e a profundidade do que está por vir. Porque eu mereço tantos cuidados?

Se o assunto era eu, eu sou quem mais deveria saber o que estava acontecendo. Mas não, todos continuavam me poupando.

Todos não, só Kate.Eu também tinha medo da verdade, na verdade. Queria

saber o que havia de errado comigo, eu só não tinha era muita coragem para tentar descobrir de uma vez por todas. E aí, deixei o tempo passar, aquele vazio silencioso dentro de mim dia após dia foi só crescendo aos poucos. Eu acordava, me alimentava, morria de sono, dormia e não sabia quantos dias dormia, ou onde eu estava. Fiquei um tempo no meu canto, eu não vivia eu apenas existia. Meus pais Kate e John notaram minha vida tediosa e agiam como se fosse à coisa mais normal do mundo. Fácil, não eram eles que estavam sendo a última pessoa que sabia das coisas.

Ficava horas no meu quarto lendo livros grossos e de anos atrás procurando algo com que eu pudesse me divertir e nada aparecia. Eu queria mandar aquilo tudo, de verdade, a puta que pariu. Kate estava a cada dia que passava mais

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ansiosa para a mudança e minhas férias estavam sendo péssimas, não era culpa dela. Não é culpa de ninguém! É só que... Deixe, nem eu mesma sei.

Tudo bem, eu sempre detestei o colégio, mas ficar em casa não era uma coisa muito emocionante de se fazer por muito tempo, você acaba se afundando na solidão e nem percebe.

Senti algo me cutucando. – Alice, acorda. Ouvi a voz de Kate cantarolando-me com meros toques

acompanhados. Abri os olhos de má vontade e os vi na minha frente, plantados e esperando a rainha acordar.

– Que foi?Aquela pergunta idiota que eu havia feito ali naquele

momento família foi hilária. – Parabéns pra você, nesta data querida, muitas

felicidades, muitos anos de vida... Kate fez aquele coral vergonhoso, o mais engraçado foi o

John, que tentou não ficar vermelho, mas foi em vão. John não curtia essas coisas, assim como eu. Acho que deve ser culpa dele esse meu jeito fechada e tímida de ser, mas sinceramente eu gosto muito disso, eu me sinto menos fútil. Não consigo me imaginar agindo como Kate a todo o momento, não o culpo; o agradeço.

Fiz cara feia e pedi para ela parar, extremamente corada e sem saber o que dizer o que fazer. Eu até que ligava antes para essa coisa de aniversário, mas as coisas mudam. John estava com uma expressão forçada que soou um pouco de que ele também se sentiu bastante envergonhado de estar ali, vendo Kate cantar parabéns para mim daquela maneira tão animada e exagerada.

Levantei-me e tentei enxergá-los direito apertando as pálpebras.

– Seis de outubro. É hoje nossa mudança para Port Angeles, se arrume, anda logo!

Cutucou-me. Levantei-me com tal rapidez estranha, dei até um risinho

depois que percebi. Ficando mais feliz de poder voltar a me comunicar no idioma inglês, no qual eu sabia perfeitamente falar, obviamente. Fiquei aliviada, português não era o meu forte, mesmo. Depois de algumas horas, estava tudo pronto. Olhei pela ultima vez em volta daquele lugar lindo que eu não pertencia mais, que na verdade nunca pertenci. Entrei no

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carro e no caminho até o aeroporto encostei minha cabeça no vidro do carro e lembrei-me de uma música perfeita para se escutar naquele momento: Unmistakable – backstreet boys. E eu estava tão cansada que na hora de descer do carro para ir ao avião dei o maior chilique. Então, quando entrei dentro do avião, fiquei observando tudo pela janela, as pessoas do tamanho de uma formiga... Tão simples e interessante.

Na verdade, eu me encabulei com a pressa que Kate estava em se mudar para Port Angeles. Será que ela queria voltar a se comunicar em inglês? Claro que não... Deitei minha cabeça no acento do avião e pensei em nada. Minha mente fluiu no silencio delicioso e envolvente, que me confortava muito e ao mesmo tempo me deixava num clima tenso maior ainda. Digo, do mesmo modo que aquela sensação de viajar de avião era gostosa, era tensa. Confesso! Tenho medo de altura.

Como eu pude me tornar isso? Acredite, eu não era assim. Não mesmo! Já existiu uma Alice que contava piadas, sorria de tudo, se apaixonava por astros de televisão. Desde pequena gostava de assistir seriados impróprios para minha idade, ninguém sabe... Mas já vi de tudo! E, aliás, um seriado que fez parte da minha infância foi “American Horror Story”

Eu sei que isso soa muito estranho. Pelo menos para quem já assistiu... É muito diferente, um tanto assustador e sexy. Aquele Tate... Meu deus! Eu era louca por ele. Ou melhor, havia também o Kit... Eu não sei por que, eu sempre gostei mais dos vilões. Felizmente, é tudo ficção sobre coisas sobrenaturais, poderes heróicos e mais dessas bizarrices.

Quer dizer, ainda gosto.Meus olhos se abriam... Fechavam-se... Nunca sabiam o

que realmente fazer ou o quê acompanhar.

Quando acordei já tínhamos chegado, incrivelmente já tínhamos chegado. Eu mal fechei os olhos e lá estou eu: em Port Angeles!

Levantei-me ainda meio desajeitada, ouvi conversas insignificantes de John e Kate no aeroporto e perguntei que horas eram. John me disse que já haviam passado dois dias desde que saímos da antiga casa.

Eu dormi dois dias? Como assim? Ele me cutucou. – Alice, nós chegamos.

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Levantei-me do carro e saí pela porta de trás, tirando o cinto de segurança e ajeitando meu corpo ameaçadíssimo. No caminho para entrar a nova casa, Kate apareceu do nada.

– Quando começam suas aulas no colégio? – perguntou fingindo um interesse nunca tido antes.

– Depois eu ligo pra alguma escola daqui no Yellow Pages – grunhi.

– Não, deixa que eu ligue pra você – pediu com um sorriso falso. Tão hilária...

– Esperamos. John corrigiu de leve sorrindo de leve com covinhas.

Movi-me de onde eu estava e fiquei frente a frente deles, meio que corada por Kate não entender que sou muito mais matura que ela possa imaginar. Mais matura que ela.

– Eu sou americana, Kate. Eu sei disso – retruquei. Ela sorriu e soltou uma piada idiota. – Alice anda melancólica, John. Não se assuste – zombou. Revirei os olhos e preferi ignorá-la. Chegamos à nova casa. A cidade era extremamente fria.

Havia bastantes árvores, natureza e ao mesmo tempo a cidade era extremamente urbanizada. Eu me sentia em uma cidade que já morei antes. Fiquei observando de longe todo aquele pessoal, estávamos em véspera de inverno e o inverno nessa cidade parecia muito mais rigoroso que a antiga cidade. Chegando à nova casa, a porta estava aberta, passei por Kate e John e fui direto para meu novo quarto com aquele jeito de intrometida que eu tinha. Liguei a TV, deitei na minha nova cama que agora era de casal. A cama era normal, nem dura e nem mole. Fiquei ali me movimentando como uma criança por alguns segundos consecutivos.

Foi então que eu ouvi ruídos insuportáveis em minha mente, eu podia ouvir cada detalhe da voz de todos, podia sentir o cheiro de tudo, podia ver com uma imagem perfeita. Eu podia sentir tudo de um modo muito horripilante e repentino. Fiz caretas de incômodo e me sentei na cama, o cabelo bastante atrapalhado e com algumas madeixas no meu olho dificultando-me de enxergar. Tirei as madeixas irritantes dos meus olhos e me levantei para procurar o controle daquela televisão. Coloquei no volume um e ainda ouvia perfeitamente, mas sem incomodar. Até que por fim, desisti de procurar o controle e enfiei o dedo em um botão grande e desliguei a TV. Levantei-me e tentei ficar de bom-humor. Fui até a cozinha e perguntei a Kate:

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– É nessa cidade que tem aquela geleira ou montanha? Eu não me lembro direito o nome disso.. É um tipo de montanha diferente do restante do mundo até que passou no telejornal – eu perguntei meio confusa.

Kate me olhou e ficou mais confusa ainda.– Sim, você quer ir? Mas é um pouco longe daqui, Alice.

Por que você quer isso agora? Alice Jones, não me faça ler sua mente... – ela brincou.

Ler minha mente? Que brincadeira nova é essa? – Brincadeirinha... – disse, saindo de fininho ao banheiro. Fiz cara de nada. A verdade era que eu precisava de um

tempo sozinha, achava que a época mais difícil na minha vida foi à época em que eu estava entrando na adolescência, lá nos meus mais ou menos treze ou quatorze anos. Mas não, agora tudo acontecia com mais profundidade, com mais peso, com mais freqüência e eu ficava confusa a medida dos dias que se passavam.

– Não, só perguntei. Outro dia eu vou – disse despreocupada.

Ela aceitou a resposta sem controversas já indo em direção à janela para ver se era de madeira e fez cara feia, retrucando porque queria que fosse inteira de vidro. Mas poxa, só se for um vidro blindado e tudo mais, porque o que não falta é ladrão arrombando janelas de vidro. Será que ele não pensou nisso não? Vai entender.

– Tudo bem então, o que quer fazer agora? – perguntou ao se virar para mim.

Kate pegou minhas mãos e abriu um sorriso meigo que ela costumava dar com seus dentes brancos e aquelas presas totalmente aparentes quando queria disfarçar alguma coisa.

– Vou dar uma volta por aí. Daí ela apareceu na minha frente, me impedindo de

qualquer coisa. – Não – disse num tom estranho. John fez cara de nada, não entendo porque dela ter

ficado tão tensa. – Por quê? Eu estava ficando bastante impaciente com ela. – Porque acho melhor você ficar essa semana em casa,

sem ir a lugar nenhum. A cidade anda meio violenta, sabe como é – Kate me disse de última hora meio aflita entreolhar com John andando em zigue zague.

O que deu nela? Porque fingindo se importar comigo agora? Eu vou onde eu bem entender, a menos que meu pai

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não queira o que duvido muito, ele é super liberal, jovem e sexy. Kate era péssima em mentir, ainda mais para mim e John. Aquela desculpinha não estava fazendo sentido algum.

– Até parece que eu acreditei nesse seu papo ridículo. Não vou ficar trancada em casa sete dias, sinto muito senhora – afirmei, dando as costas a ela já prestes a sair.

– Você que se atreva.Ficou brava e foi atrás de mim com o seu olhar mortal de

mãe desafiada, até parece! Eu já estava com quase dezessete anos... O sangue subiu pela cabeça e a fúria cresceu dentro de mim. Ter uma mãe problemática não é nem um pouco fácil.

Revirei os olhos pela milésima vez, de costas para os dois e evitei olhar para ela.

– Pode ficar emburrada, mas não vou mudar de idéia – acrescentou ela.

– Largue de ser ridícula – John retrucou a ela. Saí de perto deles e fui até a escada para ir até meu

quarto evitando ao máximo qualquer discutição. Ela não havia se acostumado com o fato de que eu já me tornei uma quase adulta sem ela. Tanto faz, eu não me importava em ficar em casa ou sair. Tudo que eu queria de verdade naquele momento era um bom banho e dormir. Mas não, eu já havia dormido demais na viajem, então pensei em ler um pouco. Na escrivaninha, havia um livro: Alice no país das maravilhas. Mas eu não conseguia passar da décima pagina. Que livro mais chato! Talvez porque tinha haver com meu nome.

Brincadeirinha... Andei pela casa, que era bem grande e confortável. E

então, meio que quando fui dar o quinto passo até minha suíte, ouvi passos de gente andando para lá e para cá. Mas não era simplesmente ouvir passos de longe, parecia que havia gente andando em cima de mim, ou melhor, em cima dos meus tímpanos. Com toda certeza eram eles: Kate e John. Só que John tinha ido para a cozinha preparar alguma coisa e eu fui atrás, já que não ia mesmo ler aquele livro.

– Não vai me ignorar, vai? – perguntei tentando esconder o sono profundo que ridiculamente estava escancarado na minha cara de mal-humor.

Kate sorriu de longe, escorada na porta da copa. John estava pegando algo que ele havia deixado cair no

chão de um modo todo desajeitado.

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– Claro que não, Alice. Eu preciso beber... Comer alguma coisa – Kate murmurou meio nervosa, corrigindo suas frases novamente.

Ele percebeu o quanto ela estava tensa, mas não disse nada. E o mais hilário, é que minha pergunta foi somente ao John, porque foi ela quem respondeu? Oh God.

Daí de repente, de novo foi me batendo um sono tão profundo, e dessa vez eu não me referia sono de dormir, era um sono estranho. Acho que eu estava prestes a desmaiar. Fiquei zonza e tentei abrir os olhos para enxergar coisas ao meu redor, foi em vão. Eu caí ali no meio deles e nem me lembro onde foi que eu fui parar.

Tudo novo de novo

u estava em cima de uma geleira de neve, tudo ao meu redor era gelo e água. Levantei-me com os olhos ardendo devido ao frio e à luz fascinante que batia

diretamente nos meus olhos, meio sem jeito e amassada... Fui levantando aos poucos e me deparei com uma paisagem de deixar qualquer um boquiaberto. O horizonte do sol se pondo e aquele mundo de gelo em volta. O mais incrível é que não

E

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estava tão frio assim. Ali possuía árvores floridas, pedras gigantes e barrancos para se encostar normalmente. Estava realmente confortável e não confortável pelo fato de não fazer idéia de onde eu estava, mas por estar sentindo a paz que não sentia há tempos. Não sentia frio, pelo contrário, eu estava ótima.

Melhor impossível. Mas era só eu e o gelo ali naquele lugar imenso e sem

ninguém para me ajudar, ninguém para me explicar como fui parar ali, de fato. Eu não sabia para onde ir, o que fazer. Olhei para os lados e não vi nada, ajeitei meu cabelo quando deu aquele ventinho frio.

– Que lugar é esse? – retruquei a mim mesma, com a voz rouca devido ao frio que eu não estava sentindo.

Senti um vulto atrás de mim de repente, fazendo-me automaticamente virar-me junto.

– Está perdida?Uma voz tocante surgiu atrás de mim. E então quando

virei-me para ver de onde surgiu aquela voz rouca e tudo mais, fiquei meio que em trance. Eu, por alguns segundos, fiquei paralisada sentindo um pouco de medo daquele cara tão diferente e altamente bonito. Virei-me tentando ver de onde vinha aquela voz maravilhosa e assustadora novamente e lá estava o cara de novo. Quando eu me levantei tive a impressão de estar em um sonho estranho e bonito. É que eu nunca tinha visto alguém tão lindo quanto esse, mas seu olhar era arrogante e irritante. Ele era mais alto que eu, tinha olhos super azuis, seus cabelos eram castanho claro com uns flashes claros, com umas meras mechas bem claras, pele branca. Seu cabelo tinha uma forma de vida própria, com umas mechas para cima e caídas fazendo o caimento perfeito dos olhos e daquele rosto vigarista e atraente que ele possuía. Seu cabelo era incrivelmente bagunçado deixando-o com a expressão facial bem curvada e bela.

Enfim, o cara é mesmo diferente de todos os caras que eu já vi.

Soltei um riso forçado e tentei ficar normal sendo educada na primeira impressão.

– É, acho que estou – eu disse hipnotizada. Ele me olhou sério com uma expressão marcante que

era impossível de não olhar e que me intrigava ao mesmo tempo. Como se ele estivesse jogando comigo, impossibilitando-me de analisá-lo. Parecia que ele era dois

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caras ao mesmo tempo, e tudo isso eu percebi só ao olhar nos olhos azuis dele.

– Aqui não é lugar para você, melhor ir embora daqui – disse apertando as pálpebras.

Olhei bem no fundo dos olhos dele e fiz cara de cúmulo. Quem ele achava que ele era para me dar ordens? Que sujeitinho metido à besta!

– Acho que alguém esqueceu a educação em casa por aqui... – ironizei ao dar de ombros imitando-o por fim. Ele tinha uma expressão interessante de se observar, ele possuía uma mania divertida do tipo que quando falava algo que não fazia sentido ele meio que coçava a nuca de má vontade, eu pude perceber isso de imediato. Sou boa com olhares das pessoas de primeira impressão.

Ele retribuiu a feição. – Aqui não é lugar para Vamp – ele interrompeu

cauteloso, só pude ouvir o som de v no meio da palavra estranha que ele fez questão de engasgar e não terminar de falar.

Fiz gestos com as mãos de não ter entendido ainda dando de ombros.

– Vam o quê?Ele ficou sem jeito, repetindo aquela mania que eu havia

percebido de coça a nuca. – Nada, esquece. Pelo visto você ainda não deve saber,

que sacanagem – disse num sorriso zombador, que sinceramente, me irritou bastante.

Fiz outra cara feia e desviei o olhar um tanto brava. – Sei de quê? Você não é muito agradável, cara – deixei

escapar. Na maior sinceridade que eu tinha, estava usando isso

com ele porque eu estava cansada dessa história estranha de dormir o tempo todo, Kate esconder coisas de mim, acordar no meio de um mundo de gelo... Coisas normais da vida, não?

– Calma, não quero brigar com você, nervosinha – ele disse, tirando a máscara de idiota na mesma hora, fazendo com que minha birra com ele diminuísse um pouco.

Tentei mudar de assunto naturalmente para acabar com o climinha bobo.

– Como eu volto para casa? – perguntei. Ele não respondeu minha pergunta de imediato, mas

disse outra coisa estranha que eu não entendi e não quis perguntar sobre o que era.

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– Você parece assustada – ele murmurou encostando-se a árvore grande com as mãos no bolso e totalmente despreocupado de um jeito relaxado também.

E não é que ele acertou? Ele tem toda razão, parabéns cara! Um ponto pra você.

– É eu estou um pouco... – bufei de má vontade. Ele se desencostou da árvore em que estava encostado

e se aproximou de mim meio que olhando diretamente aos meus olhos, que perto dos deles, eram como a escuridão da noite. Mas sabe, ele parecia tenso também, apesar de mostrar-se relaxado e pôr as mãos nos bolso, mas eu percebendo isso perguntei a ele o que ele estava querendo dizer, mas pareceu envergonhado demais para me responder.

– Você deve estar querendo me dizer alguma coisa – eu insinuei.

Aquele sujeito então me olhou surpreso, parecendo gostar do meu jeito.

– Você é humana? – Ele perguntou, de modo que se sentiu mais aliviado respirando mais forte depois. Eu logo fiquei encabulada com aquela pergunta tão estranha e ridícula.

– Todos nós somos. Você, eu e todos – respondi o óbvio sem nem esperar o meu cérebro gerar a resposta correta e racional. Então, ainda com o vento batendo em nossos cabelos, ele pensou um pouco para responder e olhou para cima, ora depois voltou a me encarar.

– É – murmurou se sentindo estranho por ter concordado.

No entanto, fiz cara de cúmulo maior que sua pergunta anterior.

– O quê? – eu perguntei com cara de apavorada, só piorando nossa conversa.

Ele não estava brincando. Ora, desviou o olhar com aquelas sobrancelhas perfeitas

e diferentes dos meus olhos, não querendo com toda certeza entregar o jogo de que sou uma aberração pra ele.

– Eu sei que você não é uma humana – ele sussurrou zombando de mim de novo, soltando quase um sorriso largo ao perceber que não estava olhando pra ele.

Daí eu o fitei. – Escuta aqui, se você quiser ficar com as suas loucuras

você fica. Mas não me coloca no meio disso – então, perdi a paciência dessa vez. Eu não entendi porque ele falava sobre coisas tão sem sentido e agia com naturalidade, ele não

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parecia alguém normal. Deixava-me sem saber o que dizer, eu não me sentia a vontade perto dele, era como se eu tivesse alguma coisa de errado. Como se ele soubesse mais de mim do que eu mesma. Ele ficou atrás de mim e sussurrou baixo nos meus ouvidos.

– Não está com sede? – insistiu. Quando ele disse aquela palavra, eu só pensava em

alguma coisa que eu não sabia o quê. Uma mistura de fome, de sede, de desejo, de dor. Uma explosão sem sentido.

– Aqui só tem água gelada. Ficou maluco? Se eu beber qualquer coisa daqui, posso ficar doente e morrer – eu exclamei nem um pouco calma.

Ele abaixou a cabeça e não conteve o sorriso, estando atrás de mim. Ele estava realmente se divertindo a beça ao ver meu jeito estourado e careta.

– Ficar doente? Morrer? – nesse instante sua risada foi mais intensa.

– E que tal, Sangue? Provocou-me novamente, dessa vez ele dizia algo

totalmente sem sentido, mas que automaticamente era a coisa que eu mais desejava, de fato. Essa foi à palavra certa, – sangue. Nesse mesmo instante que ouvi, fiquei desesperada e velozmente tentei atacá-lo

Sim, eu tentei atacá-lo! Eu não posso acreditar no que acabei de fazer ali. Olhei para ele e logo valsei no seu pescoço sendo repuxado por sangue que me dava água na boca só de pensar em sugar aquilo. Tudo bem, eu já brinquei de chupar meu próprio sangue e fingir que era um morcego quando era pequena. Mas aquilo? Aquilo foi à coisa mais estúpida e sem explicação que já fiz na vida. Então, quando eu estava segurando-o pelo pescoço bravamente, olhei para aquela cena e soltei-o imediatamente. E o engraçado é que aquele sujeito estava rindo.

– Droga, Que desejo de sangue!Fiquei atordoada enquanto aquelas palavras saíam da

minha boca.Ele se defendeu. – Foi exatamente o que eu suspeitei – ele disse sério,

parecia que ele tinha medo em seu olhar dessa vez, era uma mistura de medo e prazer em seus olhos azuis.

– Quer perder seu pescoço? – eu sussurrei ainda sentindo o descontrole dentro de mim.

Passado alguns segundos, me dei conta que do que eu havia dito de novo.

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Aquele lugar, aquele clima... Ele estava me atordoando muito.

– Desculpe, acho que estou ficando maluca, não sei o que estou dizendo, acho que meu controle desapareceu desde que cheguei aqui. Eu vou embora – eu disse já dando de ombros e com intenção de ir embora. Mas aí pensei: como vou embora de um lugar pelo qual nunca estive antes?

Eu me afastei lentamente dele. Mas ele manteve o olhar fixo em mim sem medo.

– Tudo bem, é normal para gente como você – ele hesitou.

Aí que eu não consegui relaxar mesmo. Como alguém acharia o que eu disse, normal? Ele falava tanto que eu não era normal. Que eu não era humana. Quando na verdade o estranho dali era ele.

Virei em direção a ele e olhei profundamente em seus olhos na intenção de saber.

– O que você sabe sobre mim que eu não sei? – perguntei.

Ele não desviou o olhar azul. – Você quer mesmo saber? – ele hesitou de novo. – Sim, muito. Ele balançou a cabeça e respirou fundo dando a volta

por trás de mim. – Vamos lá então... Começou a conversa que eu queria tanto saber, era a

coisa que mais me chamava atenção naquele momento. Afinal: acordar no meio do nada não é coisa muito normal...

– Antes, eu posso te fazer uma pergunta? – ele pediu. Mexi nos meus cabelos e ajeitei minha blusa

acompanhando os olhos aonde ele ia. – Qual pergunta?– Quando você nasceu, nasceu com os olhos amarelos

ou avermelhados? – perguntou. Movimentei-me rapidamente e o encarei. – Como você sabe disso? Meu tom era alto. Nada do que eu dizia, era a forma que eu estava no meu

estado normal, a cada palavra dita por mim, era como se fosse outra pessoa, outra Alice.

Ele manteve o olhar frio. – Calma. Eu vou te explicar. Eu já ouvi muito sobre você,

você é uma espécie de raridade extrema. Talvez você seja a única assim – ele murmurou, mas engoliu em seco para não me deixar mais irritada, parecia que ele sabia como me

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acalmar, ele sabia lidar comigo de algum modo, ele sabia o que me irritava e o que não me irritava, tudo isso apenas em poucos minutos de conversa. Ele chegou perto de mim e sussurrou algo do tipo:

– Você é uma Vampira. Então, fiquei paralisada com aquela situação. Quando

essa palavra chegou aos meus ouvidos, eu não sabia o que sentir e o que dizer e então comecei a gargalhar. Até que passou alguns segundos e eu pude por fim ver que ele não estava rindo e me fitando, aí eu parei de rir. Vampira? Nossa, que engraçado! Ele era um sujeito tão estranho. Falava sobre coisas idiotas com tanta seriedade...

– Como assim? Nunca matei ninguém, nunca voei, nunca tive nenhuma característica vampiresca. Eu tenho coração e durmo! Essa coisa de Vampiros são todas meras lendas, coisas de seriados para adolescentes e filmes de ficção – eu cravei no peito o que dizia, foi uma espécie de orgulho do que eu estava dizendo ali.

Ele riu.– É uma longa história. Eu não sei sobre isso direito. Só

posso te informar que com certeza há alguma explicação. Seus pais não te contaram nada? E, aliás, quantos anos você tem?

Ele me encheu de perguntas e dúvidas, falando coisas sobre mim que nem eu mesma sabia, quer dizer, que ele achava que sabia.

– Eu fiz dezessete ontem, e sobre meus pais, eu tenho até me acostumado. Eles não costumam me contar muitas coisas, John não é um pai muito sociável e de conversa. Ele se preocupa, mas do jeito dele.

O que sentir com aquelas perguntas? E, aliás, afirmações consecutivas? Aí eu parei pra pensar: porque estou contando essas coisas pra esse sujeito metido à besta? O que está dando em mim? Vê se acordar, Alice Jones! Erga a cabeça e dê o fora daqui, saia fora desse cara! – era o que meu cérebro me dizia, mas meu coração dizia que eu devia ouvir cada gotícula de palavra vinda dele.

Ele sorriu de novo. – Parabéns atrasado – murmurou. Olhei para ele e fiz uma cara de cúmulo misturada com

diversão diminuindo um pouco daquela tensão toda que rolava entre nós. Cúmulo por fazer piada de algo tão sério na qual ele afirmou. Diversão pela sua cara extremamente séria para fazer piadas.

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Ele levantou uma sobrancelha e seu cabelo ficou espalhado por sua cabeça.

– E quanto a morrer, me machucar, respirar, piscar, comer? – perguntei, tentando ver lógica naquela conversa. Na verdade, tentando entrar na conversa dele para ver até onde ele estava querendo realmente chegar com isso.

– Nada disso. Vampiros são imortais. Enquanto à relação de se machucar, isso depende de cada dom de cada Vampiro. Eu não sei quais são seus dons, não sei nada sobre seu tipo de Vampira. Que é único e estranho – sussurrou, fazendo careta.

“Interessante... Você tem provas de tudo isso que você disse?”

Agora quem zombava era eu. – Está no livro de Bhaskara, o rei da magia que conhece

cada espécie e cada um. No livro, fala que vai existir uma Vampira única e outras coisas que não me lembro, eu costumo ler, já que não durmo muito. Então fui ligando as peças e descobri que é você. Eu não preciso te provar nada, você mesmo vai ver sanguessuga! Porque acha que veio parar aqui? – ele tomou o pódio de zombaria de novo, sendo o irritado da vez.

Acreditei e senti uma ponta de arrependimento. – Bem... Isso é estranho. Como funciona esse livro?Eu estava praticamente o subestimando, duvidando

dele. Ele pegou uma pedrinha de gelo que estava embaixo dele e a observou, logo me mostrando.

– É mais ou menos um livro guia. O livro é bastante útil para seres de outro mundo... Seres estranhos e malignos.

– Tipo você – e deu uma risada sínica. – Seres de outro mundo, você fala como se eu fosse uma

deles. E pare com esse olhar sínico que fica dando o tempo todo desde que cheguei aqui. E, afinal, quem é você? Não. Melhor dizendo, o que você é? – perguntei.

Ele mudou sua expressão, ficando sério e preocupado. Foi como se ele tivesse vergonha do que é. Como se não

gostasse, algo assim. Ele deu meia volta e se afastou, mantendo sua expressão longe e vazia observando aquele paraíso lindo e maravilhoso, que infelizmente estava sendo habitado por dois corpos sem ligação nenhuma.

Ele não respondeu. Não consegui conter e por vez, fiquei preocupada

também, mas com ele. Fui à sua direção e o fitei de perto. – Qual é o problema? – perguntei doce dessa vez.

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– Eu não sou um urso panda – sussurrou ainda longe. Liguei meus pensamentos um ao outro e cheguei à

conclusão que talvez ele também fosse um Vampiro. – Você também é um Vampiro? – inocentemente eu

perguntei. Ele fez outra careta e me olhou com aquele olhar sincero

que me fazia muito bem. Surpreendentemente, ele abriu um sorriso de lado, achando aquilo engraçado pra caramba.

Pensei em sua reação e logo tentei interpretá-lo. – Eu disse alguma piada ou coisa assim? – retruquei

ainda de frente a ele. Seu sorriso foi um sorriso automático, daqueles que não

se pode controlar facilmente. – Não, desculpa. É que sua pergunta foi tão inocente que

achei hilário para uma máquina de matar como você. Máquina de matar? Ele me chamou de quê? Fiquei obruscalmente irritada, muito na dúvida do que

responder. Daí então, aquele sujeitinho estranho veio em minha

direção, pegou em minhas mãos ainda com medo de algo, mas querendo demonstrar autoconfiança. De algum modo estúpido, ele estava sempre com um pé atrás na minha presença.

– Eu acho que você me entendeu errado. Eu quis dizer que você não tem culpa de ser assim, eu também não. Não temos culpa de sermos tão diferentes um do outro e de muitos outros.

Eu compreendi o que ele quis dizer, não precisava de mais explicações.

– Antes, só me esclarece algo: Você é um humano ou um ser de outro mundo?

Ele riu. – Sou humano.Não senti nenhuma firmeza no que ele disse, mas deixei

tudo quieto. – Tudo bem, não se preocupa. O que eu quero mesmo

saber é o que você é – bufei. Ele logo voltou com sua expressão triste e inconformada. Eu dei meia volta e desisti. –Tudo bem, não precisa falar. Ele logo se espantou com minha mudança e pegou em

minhas mãos novamente, ora me fitando, ora sorrindo ou sei lá, zombando de mim. Durou pouco tempo, pois ele se afastou com a expressão envergonhada e incomodada.

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– Tem tantas outras coisas no mundo mais legal de se saber... Porque você não vai dar uma volta? – perguntou.

Minha paciência não seria eterna, mas decidi entendê-lo, porque minha curiosidade era a vencedora até então. Somente balancei a cabeça positivamente, mostrando que eu havia o compreendido. Ainda longe de mim e tenso, ele decidiu falar de uma vez por todas. Eu só ascenti com a cabeça.

Mas ele revidou, pensando bem se deveria mesmo me contar.

Pausa de mais trinta segundos para que o silencio dos pássaros dominasse o lugar.

Minha mente se tornou uma bagunça total. Não sabia quase nada sobre ele, com certeza a maioria das coisas que são ditas sobre ele são mentiras ridículas. Não sabia nada sobre o que estava prestes a me tornar, um monstro. Voltei aquele lugar, parando de pensar.

– Isso aí que você é deve ser melhor que ser um vampiro – eu disse, quebrando o gelo.

Dessa vez ele abriu mais um grande sorriso, me fazendo sorrir levemente também.

– O quê? – perguntei. Ele só balançou a cabeça de modo negativamente ainda

sorrindo com suas duas covinhas bonitas, como se eu fosse extremamente hilária para ele.

– E o que isso que você é costuma fazer? – perguntei tentando de novo que ele falasse.

– Esqueça, eu não vou te contar.Mas que droga, eu quero saber detalhadamente! Minha raiva só ia aumentando a cada passar das horas.

Só que aí eu decidi me conformar, cruzando os braços logo de uma vez.

– Tudo bem, eu sei que você não vai me contar.Exatamente, ele não contaria mesmo. Não me sentia

absolutamente nada uma vampira, eu até duvidei dele, mas na maioria de suas afirmações fizeram muito sentido. Eu só não queria era dar o braço a torcer mesmo.

Ele fez que não com a cabeça e não se aproximou muito. Segurei toda minha raiva dentro de mim. – eu já

imaginava. – O que você está fazendo aqui? Quero dizer, nós –

perguntei voltando a ele de novo. Ele se interessou pela minha pergunta, mas ficava

atento pra não deixar alguma coisa escapulir. Será mesmo

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que eu era uma vampira? Mas e se eu for: vampiros comem humanos, e ele é um humano. Ou seja...

Não tinha jeito, eu ia perguntar e perguntar muitas e muitas vezes, já que ele começou com essa fantasia doida idiota.

– Eu costumo ficar aqui às vezes – respondeu. Confesso que não acreditei muito no que ele respondeu.

Apenas bufei e tentei arriscar de perguntar o que eu estava fazendo ali, já que eu mesma não tinha a menor noção. Pergunto ou não pergunto? Hm... Vou perguntar logo de uma vez!

– E o que eu estou fazendo aqui? Ele pensou para responder, mas inacreditavelmente

respondeu: – Vou tentar ir pela lógica do que eu sei: Você é quase

uma Vampira agora, na verdade. Então qualquer humano que você ver na sua frente, ou até mesmo longe, vai matá-lo e sugá-lo inteiro. E com isso você precisa de um dia de isolamento para se controlar e não matar ninguém. Seus pais então devem ser Vampiros legais – ele riu de leve, não olhando para mim.

– Me deixa ver se eu entendi: A qualquer momento em que eu me transformar, você vira purê de batata? – perguntei de um modo irônico.

– Exato.

Mas... Meus pais? Vampiros? Oi? Senti um pouco de culpa por ter falado aquilo sem

pensar, que podia mesmo ser sério. – O que meus pais têm haver com essa historia? Ele ficou sério. – Você não tem pai, nem mãe? – perguntou. Revirei os olhos de má vontade – claro que tenho. – Se você é uma vampira, com certeza seus pais são. A

não ser que você seja adotiva. Impossível! Eu e John somos iguais na frieza e em quase

tudo, e ainda sim que seja quase impossível, eu me pareço muito com Kate no termo de aparência e só.

– Não, meus pais não são vampiros! Pelo menos, John... – e então, eu liguei os pontos e comecei a ver lógica em tudo o que ele estava dizendo. Mudanças de países, comportamento estranho de Kate, eu ter nascido com os olhos amarelos, Kate sumir o tempo todo...

– Não é possível! – exclamei.

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– O que foi agora? – ele perguntou um tanto irritado. – Kate é uma vampira! Faz todo o sentido.Ele franziu o canto da boca, preocupado com minha

exclamação tão absoluta. – Kate é sua mãe? – perguntou. Eu só ascenti com a cabeça, sentindo dores no estomago

só de pensar, imaginar o que realmente estava acontecendo. Mas e John? Ele não é um vampiro! Eu tenho certeza... Porque senão, ele poderia ter escolhido uma profissão melhor que a de um xerife.

– E seu pai? – Ele não. Tenho certeza que não... Ele ficou confuso, mexendo em seus cabelos arrepiados

com volume perfeito, causando o reflexo claro em suas madeixas lisas lindas.

– Mas isso não é possível, para ter um filho... A não ser que... Já sei – ele sorriu.

– O quê? – É você mesmo... A vampira única e rara. Seu pai é um

humano e sua mãe é que é a vampira. Portanto, você é a vampira que falava no livro de Bhaskara. Você é metade humana, metade vampira. Uau!

Meu coração parou. – Então é isso? Existe essa coisa toda de vampiros? Ok,

próxima piada, por favor. –Isso não faz muito sentido para mim, para ser bem

sincera – admiti, tentando não falar sobre meus pais desse jeito pra um estranho.

– Como você sabe tanto sobre isso? – perguntei, me interessando pela conversa.

Ele se acomodou na grande árvore que havia perto de nós, com cara de fingimento.

– Eu sou historiador de coisas sobrenaturais – afirmou. Tentei analisá-lo para ver se realmente fazia sentido,

mas eu não conseguia analisá-lo. – Existe uma legião de vampiros que costumam usar

seus dotes para o mal-extremo. Existe também um vampiro que é metade bom e metade ruim. Uns dizem que ele é bom, outros que ele é do mau, mas todos sabem a verdade: ele é muito poderoso, de acordo com um capítulo que eu li que falava sobre isso. Nunca o conheci, nem quero. Não gosto de caras como ele – ele deu a palestra chata, mas com total sinceridade.

Por fim, eu fiquei parada e com tédio.

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– Então somos dois? Ele balançou a cabeça positivamente e não prestou

atenção em mim.– Qual é seu nome? – perguntei. Ele sorriu. – Nossa, é mesmo. Qual é seu nome, vampiralha? – ele

bufou, tomando uma breve intimidade me colocando um apelido.

– Meu nome é Nickolas – ele disse, perguntando o meu nome logo em seguida.

Abri meus olhos de forma normal e botei os dois em direção a ele.

– Alice – eu bufei o meu curto e simples nome, comum também, nada raro.

Ele riu ainda um pouco distante. Olhamo-nos por cinco segundos e ele virou o rosto. Eu

tinha a impressão de que ele me evitava, ele não mantinha o olhar profundo nos meus olhos, ele de algum modo, desviava seu olhar azul e eu fazia exatamente o mesmo, eu o evitava o máximo possível. A cada segundo mais próximo dele, meu desejo se triplicara.

Hesitei. – Você sente vontade de matar? Ele se encabulou com minha pergunta impulsiva e um

tanto ridícula. – De onde você tirou isso? Não sinto desejo de matar

ninguém – gargalhou de costas, quando percebeu que eu estava olhando, ele disfarçou e ficou sério, em vão.

– E eu? Terei vontade de matar todo mundo? – ironizei. Fiquei irritada, aumentando meu tom de voz de galeio

em galeio. – Sentirá dores no corpo, e seus instintos enfraquecerão

de vez em quando – ele explicou novamente mantendo sua invejada paciência.

– Você fala com tanta certeza! Por um acaso conhece outros vampiros?

– Infelizmente. – Porque infelizmente, se você os estuda?Ele ficou estranho e sem saber o que responder

baixando o olhar sem dizer nada.

– Você por um acaso saberia me dizer quais são meus dons? – perguntei inocente, enchendo-o de perguntas.

– Eu não faço idéia. Isso é você quem vai descobrir.

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Então, o silencio dominou aquele mundo de água e gelo, um paraíso.

– Você vai ficar por aqui também, Nickolas?De algum modo eu queria que ele ficasse, afinal, ele era

o único que tinha a solução para os meus problemas e as respostas para as minhas perguntas. Mas por outro lado... Ele é insuportavelmente irritante.

Ele ficou assustado e com a expressão confusa. Quando me dei por mim do quão ridículo e precipitado aquelas múltiplas perguntas em apenas uma frase foram, fiquei com vergonha e não sabia onde enfiar a cara.

– À noite eu vejo o que fazer.Ele ajeitou a sua blusa e coçou sua nuca. – Eu vou passar a noite aqui também, mas amanhã,

quando você se transformar eu não vou estar aqui para virar lanche – ele murmurou.

Então, fiquei com raiva de mim mesma, eu não estava nem um pouco preparada para me tornar isso.

“Mas e hoje?” perguntei. – Acho que posso sobreviver – Ele brincou, mas ficou

sério de repente. Ficamos em silêncio por alguns meros instantes. Sinceramente, eu não fui muito com a cara dele.

– O que você pretende fazer agora? – perguntei entusiasmada, tentando me dar bem com ele.

Tentando. – O que você quiser.– Não sei. Tentar falar sobre esportes, futebol ou algo do

tipo – sugeri. Ele fez cara de cúmulo e se segurou para não perder a

paciência. Eu pude perceber. – Eu acho melhor você ficar calada por algumas horas,

isso seria perfeito – disse, zombando de mim. Não consegui ter alguma reação sequer diante do que

ele disse. – mas de uma coisa eu estava certa – ele me deixava completamente sem graça e furiosa.

– Prove que sou uma vampira – ordenei impaciente. Nickolas me olhou e fez cara de raiva. Sua expressão era

de vontade de arrancar o meu pescoço, mas não. Ele só revirou os olhos e sorriu sinicamente.

– Não tenho que te provar nada.O sangue subiu até o ultimo fio de cabelo que eu tinha,

deixando-me calada sem conseguir dizer nada. Só conseguia bufar e sentir raiva o tempo todo.

– Tem sim. Não é justo! Então não acredito em você.

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– Eu não ligo. Problema seu – sussurrou. Saí de perto dele e fui procurar algo para me encostar e

dormir. Só achei uma enorme árvore e uma pedra gigante que acompanhou o lugar, pedindo para que eu me encostasse ali e dormisse logo de uma vez.

“Vampiros” Eu zombei, com um riso sínico estampado no rosto, já com os olhos preparados para dormir e só acordar no dia seguinte. A tarde acabou, e o sol nasceu naquele lugar gelado, florido e com um sol lindo ao mesmo tempo. Eu acordei não me sentindo muito bem, com o estomago revirando e minha aparência estranha, eu pude sentir. A última pessoa que eu queria ver era ele.

Então, levantei-me despreocupada e ainda zangada. Morrendo de fome. Ainda me ajeitando, levei uma pedrada na cabeça. E advinha? Era ele. Nickolas havia dormido em cima do ultimo galho da árvore que estava ao lado da grande pedra cinza em que eu dormi. E eu nem o vi, nem imaginei... Então, Nickolas lançou uma pedrinha na minha direção. Quer dizer, em direção da minha cabeça. Quando a pedra veio em minha direção, lancei-a quilômetros de distancia sem pensar. Foi tão rápido, aquilo foi sobrenatural. Olhei para ele percebendo o quanto aquilo foi estranho e ele sorriu zombando “Eu te avisei, você é uma vampira” Preferi não olhar na cara dele e decidi ignorá-lo. Mas ele quis contrariar de novo, aparecendo na minha frente do nada. Eu me assustei com aquilo, sério.

– Oi, vampiralha. Conseguiu dormir? Revirei os olhos. Como ele é sínico! – Dormi – respondi com frieza. Mas então, ele decidiu agir sério. Olhou-me como quem

estava arrependido. Então, ele me parou pelos braços e me fitou. – Desculpe por ontem, eu pensei sobre e vi que não fui

legal com você – disse. – Agora sou eu quem deve desculpas. Você não viu o

que eu acabei de fazer? Duvidei de você o tempo todo e agora essa droga acontece.

Ele ri. – Seria legal ser um vampiro... – murmurou, soltando-

me. Olhei para ele e persisti. – Sério? – me entusiasmei. – Não – e fez aquele olhar sínico de novo.

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Eu reviro os olhos, que por sinal estavam ardendo muito. Olho para ele e vejo que ele não esta rindo, que está super sério dessa vez. Então, meus olhos começam a doer pra valer.

– Ai! – Que foi? – ele pergunta realmente preocupado...

Levando meu queixo ao encontro de seus olhos com a sua mão direita e quente.

– Meus olhos... Estão doendo muito – digo, colocando a mão neles.

Ele tira meus dedos dos meus olhos e leva os dele nos meus. Chega bem perto e se assusta.

– Nossa. – Estão machucados? – Não é isso... – Então é o quê? – pergunto impaciente. Ele se afasta e prepara para me dar alguma má noticia

com toda certeza. – Você está se transformando – ele conclui. Transformando-me? Que ótimo... Estou me

transformando em uma sanguessuga maluca! Perfeito, hein? Que maravilha! Maravilha é o caramba. Não pode ser. Eu não quero. Não é! A sensação era maravilhosa! Eu sorria, ficava mal, tudo ao mesmo tempo. Eu queria sair por aí correndo, queria matá-lo, ninguém me segura mais.

– Que ótimo. É agora que eu pulo no seu pescoço e te mato? – eu ri.

– Mais ou menos – ele também ri. Então, Nickolas me surpreende. Puxou-me muito

delicadamente para encontro dele, me levando para o topo da montanha, me puxando com tal rapidez engraçada.

Então, o lance dos vampiros: era verdade... Eu não consegui decifrar aquela cena, de verdade. O que

eu vi foi apenas que estávamos no topo daquela montanha linda, apenas isso. Eu estava sem falas, não esperava muita coisa naquele dia. Quando olhei para o lado, lá estava ele, com aquele jeito inibido e original que ele tinha, sem forçar nenhuma gota.

– Eu não entendo você – eu disse um pouco emburrada. Ele se aproximou de mim e olhou para cima, o céu

estava bonito, com muitas nuvens prestes a cair uma tempestade, eu achava bonito quando o céu ficava cinza, era como o fim do mundo, com todos vivos e vivendo normalmente suas vidas. Dia após dia, semana após semana,

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meses após meses, anos após anos. Morte após morte. Era essa a vida que todos levavam.

– Não tem que me entender – ele disse, ficando com a expressão de seu rosto séria e expressiva a cada conversa que desenvolvia entre nós.

Fiz cara de cúmulo e considerei aquilo como uma revanche.

– Desculpe, eu sei que não estou sendo a melhor companhia do mundo – ele ascentiu.

“É bom que você saiba disso” Pensei com uma pitada de raiva dentro de minha mente. Eu não disse nada, apenas virei o rosto e fiquei em silêncio. Ele percebeu a minha raiva. Eu não conseguia entendê-lo, ele era como um enigma. Quanto mais eu o conhecia, menos eu sabia. Nickolas era o cara mais estranho e misterioso que já conheci em toda a minha vida. Se é que agora posso chamar de vida.

– Tenho dezenove anos – ele olhou para baixo e manteve a expressão calma.

Fiz uma cara de surpresa e decidi parar de ignorá-lo. – Quantos anos você tem agora? Você tem certeza que

você tem dezenove? – eu perguntei, educadamente. Nickolas ficou mais sério ainda.

– Na verdade, tenho vinte. Mas prefiro ser reconhecido por dezoito anos, é assim que todos acham que eu tenho, nos colégios, bares, clubes, amigos, enfim – ele disse.

– Vinte? Eu te dou dezenove, com certeza. Finalmente fiquei a vontade com ele e me soltei um

pouco. Ele me olhou com cara de brincalhão, uma expressão nova.

– Eu sou quatro anos, mais velho que você – ele zombou de mim pela milésima vez.

Pensei um pouco em alguma forma de me vingar dele na resposta.

– Eu sou imortal – eu finalmente abri um sorriso largo, aceitando os fatos.

– Vampira atrevida – ele disse e não sorriu junto comigo. Era como se ele fosse Vampiro e eu humana. Ele agia de

uma forma estranha, ele não parecia um cara normal quando se comunicava comigo. Era como se qualquer gesto que eu desse, ia o estimular um desejo que sugar o meu sangue e me matar. Era eu quem tinha que me sentir assim. Mas não, relacionado a ele, tudo ficava ainda mais confuso. Também tinha o fato que a Alice de hoje, não seria mais a de amanhã. Eu me tornaria outra Alice, com outra personalidade, outro

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estilo de vida. Isso me deixava tão tensa. Abaixei a cabeça, cheguei perto de um mini barranco que havia por lá e me sentei.

– Quantos dons você acha que eu terei? – sussurrei na pergunta.

Eu ficava o fitando para entender qual era a dele, de fato. Ele foi atrás de mim e se sentou ao meu lado, me surpreendendo pro lado bom.

– Eu não sei, eu nunca me interessei sobre você– disse. Eu fiz quase que uma careta. – Quanto você acha que eu tenho?Ele fez um movimento com os olhos pensando na

resposta. – De acordo com sua espécie, deve ser alguns bons – ele

finalmente abriu um sorriso largo, com covinhas que era muito bonito de ficar vendo, era contagioso, me dava vontade de sorrir também. Infelizmente era raro ver aquele sorriso largo e sincero. Ele mal sorria, ele não ficava a vontade com a minha presença. Eu então olhei para ele.

Ele ficou muito surpreso com a minha reação, eu pude perceber.

– Espero que isso seja algo bom – eu murmurei. Ele ficou sem jeito quando respondeu. Nickolas se

afastou e olhou para o céu. – Você costuma conviver com humanos, eles são tão

sortudos... – Eles? – Nós. Somos sortudos por não ser como você, uma

maquina de matar – ele corrigiu. Ele se levantou e não me deu tempo de responder.

Perfurou o gelo apenas com murros, que sinceramente, nem pareceu que ele estava fazendo força. Vinte segundos depois, ele estava lá de novo na minha frente, com alguns tipos de animais marinhos na mão, acho que estavam mortos.

– Tenho uma péssima notícia para te dar – eu disse, me levantando também e entortando o canto da boca.

– Eu odeio peixes e qualquer coisa que venha do mar – confessei.

– Eu sei, eu não trouxe para você – ele me cortou completamente.

– Como assim você sabe? – Nenhum vampiro gosta – completou, colocando-os no

chão, de modo bruto. Senti vontade de atacá-lo dessa vez, acabar com ele.

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– Eu não sei se isso faz parte da transformação, mas não sinto fome e você não está facilitando as coisas. Além do mais, porque eu não estou sentindo desejo por você?

Ele deu alguns passos para o lado direito, se afastando de mim normalmente e sorriu. Eu havia me esquecido desse detalhe. Ele me fitou sem graça.

– Que ótimo, então eu sentirei vontade de matar?– Por enquanto, não – ele esclareceu. – Perfeito, droga – eu disse, olhando perdidamente

naqueles olhos diferentes dele. – É tão legal você não estar me atacando. Eu acho que

tem alguma coisa errada aqui – ele disse consigo mesmo, segurando o máximo o sorriso largo.

Eu me intrometi no seu momento eu. – Enquanto você estiver bonzinho, eu vou pensar no se

caso... Ele ficou parado de repente, me observando, olhando

cada piscar de olhos que eu dava. Confesso que me senti estranha e completamente desconfortável. Tentei arrumar alguma maneira daquilo acabar o mais rápido possível.

– Você dorme? – eu perguntei quebrando qualquer espécie de clima.

– Lógico. Dã.Ele desviou o olhar, como eu esperava e desejava que

ele fizesse. – O que vai ficar fazendo enquanto eu dormir? Vai dormir

também? – Credo, como você pergunta! Eu não sei, mas quando

você acordar, eu não vou estar aqui. Eu prometo – ele dissera com tal educação e meiguice estranha.

– Tudo bem – eu disse encerrando a conversa, não estava com muita vontade de conversar com ele, meu estado nervoso estava um pouco descontrolado. E, aliás, como ele mesmo disse, eu pergunto demais.

– Eu estou indo, é melhor você dormir, amanhã será um dia e tanto.

Ele se virou com aquelas costas compridas e curvadas, de modo que mostrava sua magreza e alguns meros músculos junto. Ele não era um cara muito forte, era um cara magro, com músculo normal, nada exagerado, e alto.

– Não – eu fui até ele e o virei de frente para mim, mudando de idéia de repente.

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– Fica mais um pouco, quero saber mais, tenho tantas dúvidas – ele ficou desconfiado com a minha atitude. Ele não esperava aquela minha reação.

– Tudo bem, como você quiser – ele se sentou ao meu lado, acho que ele sentiu pena de minha expressão pidona, com cara de abandonada e sem saber de nada.

– Eu sou uma Vampira. Mas não me sinto como uma. Eu não tenho poderes nem nada, isso soa tão estranho, eu não estou sabendo lidar com isso, Nickolas – eu fui começando o assunto.

– Alice, eu vou te explicar uma coisa... Você vai descobrir cada dom aos poucos, com o tempo. Amanhã, com certeza, você vai notar alguma diferença em você. Esses sete dias serão talvez, um bom tempo – ele concluiu.

– Você sabe de tanta coisa, às vezes eu sinto como se você fosse bom demais para ter paciência comigo, isso é estranho, eu não sei explicar.

Eu me sentei, já que ele estava sentado, me aproximei e fiquei frente a frente com ele, de modo com que cada diálogo, eu me sentia mais próxima e a vontade de estar ali com ele, descobrindo coisas sobre mim e sobre todos ao meu redor. O grande problema é que eu estava nos últimos instantes de ser humana. A partir daquele dia, eu já não seria mais humana e a Alice normal. Eu me tornaria mais possessiva e cautelosa, principalmente agressiva e anti-social. Eu não pretendia matar ninguém. Mas na real, eu só acreditaria vendo.

Eu me levantei, com intenção de procurar alguma coisa para fazer. Ele se levantou logo em seguida, com medo do que eu estava prestes a fazer. Cada gesto que eu dava, era uma ameaça a ele.

– O que foi? – ele perguntou, tentando entender o que se passava comigo.

– Estou muito entediada. Aqui é tão lindo, quero fazer alguma coisa nesse paraíso. Algo diferente e bem doido – eu hesitei, fazendo praticamente um pedido estúpido.

– Alice, ficou maluca? – Nickolas me cortou de querer qualquer coisa e de principalmente conhecer a minha espécie estranha.

– Eu não quero fazer coisas doidas para sempre, é só hoje. Esses são meus últimos instantes de humana, Nickolas – eu pedi, com aquele olhar que sinceramente pareceu que funcionaria, eu, aliás, estava exuberante.

– Você tem toda razão – ele se deixou levar, pegando minhas mãos e me levando com ele com muita delicadeza –

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que eu mal podia sentir – para perto de um buraco profundo de água gelada. Fiquei completamente surpresa com aquele ato dele. Pegar minhas mãos, eu não conseguia entendê-lo de jeito nenhum, eu desistira.

– Quer mesmo entrar? Não sei se isso é uma boa idéia – ele me olhou, confirmando, não dando mais nenhuma palavra sequer.

– Eu tenho certeza. Mas espere, eu consigo respirar debaixo d’água? – perguntei.

Nickolas teve que virar o rosto para gargalhar. – Você é uma vampira, não está se transformando na

pequena sereia – disse rindo. – Preste atenção – ele me puxou para encontro a ele,

inusitadamente nossos rostos se colaram. – Não tente fazer nada de errado, eu estou confiando em

você, se for preciso eu não vou pensar nem duas vezes para tentar te matar, eu falo sério.

– Me matar não deve ser algo muito fácil – eu retribuí, olho no olho.

– Você ainda não se transformou, no entanto você ainda é humana, lembre-se disso.

Eu, por vez, fiz cara de cúmulo. – Então porque está com medo de que eu faça alguma

coisa? – o confrontei. Nickolas me ignorou e ficou estranho. – Isso não importa – murmurou ajeitando sua regata. Ele me puxou para perto dele. – segurou minhas mãos, e

me levou para o buraco com água gelada. A sensação era estranha, mas confortável ao mesmo tempo. Era tudo tão incrível, havia várias coisas exóticas, fizemos acrobacias, teve um momento bom, o melhor de todos. Foi quando eu estava embaixo dele na água, completamente confortável. Encostei meu nariz no dele e brincamos por alguns instantes. Pela primeira vez, eu senti que ele possuía algum sentimento por mim que não seja nojo, raiva ou desejo de morte. Depois de algum tempo, voltamos. Ele me colocou com toda leveza no chão de gelo. Ele me tratava como se eu fosse uma humana sensível, alguém indefeso. – mal ele sabia o que eu era de verdade, mal eu sabia.

– Pronto. Não foi tão ruim assim, foi? – perguntei, com uma expressão de ansiosa.

– Legal – ele disse e sorriu amarelo, tentando ser educado.

– Basta por hoje – e se levantou.

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Eu concordei com a cabeça, afinal: já estava completamente escuro ali.

– Eu vou dormir agora. Eu me ajeitei naquele canto e fechei os olhos. O céu

mudou de cor, se tornando noite bem negra. E com aquelas nuvens intensas brilhantes acinzentadas.

Já era manhã. Meu sono foi interrompido por uma dor enorme.

Senti todas as veias do meu corpo se repuxando, uma dor imensa, meus olhos mudavam de cor a todo o momento, os pêlos de meu corpo, eu sentia que eles estavam caindo, se soltando de mim aos poucos. Os meus ossos estavam se tornando duro como uma pedra. Meus dentes, crescendo as presas, meu cabelo também cresceu e ficou extremamente liso em cima e ondulado nas pontas, com um tom mais mesclado claro. Eu não conseguia controlar meus pensamentos, tudo ao meu redor estava mais nítido, os sons estavam duplamente mais ampliados. E o pior de tudo, eu estava com uma sede imensa, a única coisa que estava em minha mente, era – sangue – eu não consegui me controlar e comecei a ter uma crise de dor, transformação e desejos incontroláveis.

– Olha só quem decidiu acordar – Nickolas disse, sendo interrompido por uma cara de surpresa hilária. Ele estava assustado e com um olhar diferente, ele não sabia o que fazer a me ver monstruosa daquele jeito. Ele então ficou imóvel e quieto como se eu fosse uma cobra árabe e ele estava fazendo uma dança para me hipnotizar. Ah, tenha dó, qual é!

Mas que droga, ele me prometeu que não estaria aqui quando amanhecesse. Vou tentar explicar como eu estou me sentindo.

Imagine que está sem comer por dois dias. Ok, agora de repente aparece alguém caminhando perto de você na maior inocência e sorrisos com um bolo de chocolate bem farto. Sentiu? Não, você nem imaginou... Ser uma vampira:

– É muito pior que isso. – O que tem de errado comigo? – perguntei, num tom

mais alto do que o normal e desesperada. No mesmo instante, Nickolas fez um espelho de gelo para mim.

–Talvez isso ajude – ele disse de boa vontade. – Que diabos são isso? – Eu quase que gritei, rindo e

brava ao mesmo tempo.

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Meu rosto estava perfeito, sem nenhuma falha, meus dentes laterais estavam pontudos, meus olhos – vermelhos – Meu cabelo, brilhante e perfeito.

Meus lábios estavam rosa escuro. Eu estava outra. Mas ao mesmo tempo, Alice de sempre. Olhei para ele e não consegui ter reação alguma.

– Achei que era impossível você ficar mais bonita – ele sussurrou consigo mesmo, talvez com a intenção de me acalmar. – eu pude ouvir perfeitamente o que ele havia dito em segredo, consigo mesmo. Eu estava a mil, e me afastei dele. Eu estava sedenta demais, uma possível cena não saía da minha cabeça, – a morte dele.

Fiquei tensa e evitei olhar pra ele. Ele então se posicionou à minha esquerda.

– Você está estranha, o que está havendo? – perguntou inocente.

– Saia de perto de mim agora – eu respondi totalmente fria com a voz demoníaca.

Ele não se afastou e se aproximou de mim, como eu não esperava, de fato. Minha voz, meus olhos, meu rosto... Tudo era tão feio! Tão assustador.

– Você está querendo morrer ou algo do tipo? – perguntei irônica.

Ele abriu mais um daqueles sorrisos irônicos. – Não, eu só acho que deveríamos tentar caçar... – ele

disse, me chamando para fazer aquilo que eu mais queria naquele momento, exceto por sugar todo o pescoço dele e acabar com o pouco sangue que ele possui, é claro.

Fiz uma careta hilária que só não sei descrever perfeitamente por não estar me vendo e tentei disfarçar aquele sentimento estranho que estava me consumindo por inteira.

Como assim? Um vampiro indo caçar com um humano? Não...

– Como sabe que eu estou sedenta? – perguntei de má vontade.

Ele ficou indiferente, com uma expressão tranqüila. Que, aliás, parecia muito que ele estava bastante tenso, mas ele disfarçava bem. Até agora eu sabia que ele não ficou tranqüilo em nenhum momento, eu senti sua tensão em todos os momentos que estive perto dele.

– Você devia ficar calada e ir caçar.Eu me virei de costas já mostrando a língua em seguida,

para que ele não visse.

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– Eu nunca cacei antes, não sei o que fazer – eu admiti. – Você vai saber o que fazer – ele disse, me confortando. Então quando chegamos perto do mundo de paraíso

lindo e tudo mais, pulei dentro daquele mundo de água gelada que estava super gelada e eu só sentia cócegas. Podia enxergar tudo com aquela água cristalina e azul, aliás. Quando achei um urso, fisguei e o chupei inteiro sem pensar nem duas vezes. Como eu me sentia forte e melhor!

Voltei sorrindo até as orelhas, já ele ficou meio sem jeito e se aproximou de mim, colocando seus dedos no canto de minha boca esquerda retirando uma gota grande de sangue.

– Muito melhor – e franziu o cenho. Olhei com cara de cúmulo para ele e tentei não

demonstrar a minha timidez exagerada e um tanto hilária, pra falar a verdade.

Ele continuou na dele.– Pelo visto está satisfeita. Não vai querer me atacar,

certo? – perguntou. Nickolas me olhou. Eu sou uma Vampira, ele é um humano. Eu sou fria, ele

é quente. Ele é humano, eu sou metade. Quando nossos rostos se encontraram e nos aproximamos, eu fechei os olhos com intenção de sumir dali. E então senti umas cócegas no maxilar e fui abrir os olhos para entender o que foi aquele vulto que surgiu dentro dos meus olhos ainda por cima.

E num passe de mágica, Nickolas não estava mais comigo.

O que foi aquilo? Será um sonho? Pesadelo...– Eu sei que você está aí. Eu olhava ao redor, tentando achá-lo. Ouvi atrás de mim

um sussurro breve que não queria dizer nada, mas só me fazer sentir que estava ali. Quando ouvi aquela voz, meu coração parou. Foi então que eu me entreguei e retribuí a brincadeira de mau gosto, desaparecendo com minha super-agilidade vampiresca. Eu apaguei mais uma vez, perdendo completamente minhas forças. Eu já estava até me acostumando com esses apagões do nada.

– Alice, acorda.Ouvi a voz de Kate me acordando se destacando em

minha mente confusa. – Kate... – foi até mim com um olhar de plena culpa e

me deu um abraço. – Então, como foi passar a noite sozinha no meio de

todas aquelas geleiras? – ela sorriu.

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– Sozinha? – não a contei sobre Nickolas.Eu estava com pleno ódio dela, claro. Tantas coisas que

ela me escondeu minha vida toda e agora vem com esse rosto culpado pra cima de mim, qual é. Ela me escondeu por tanto tempo que eu sou uma vampira, quer dizer, metade vampira. Com toda certeza ela escondia muito mais.

– Descobriu algo sobre você? – ela queria muito saber, eu pude perceber cada movimento que ela dava, era parecido com uma respiração, mas não era. Ela queria que eu descobrisse sozinha, não queria me contar de nenhuma maneira. Talvez não fosse bem assim do jeito que eu estou pensando, mas de qualquer forma...

– Sei de tudo... Porque não me contou esse tempo todo? Você é ridícula. Sério. E o John? Com toda certeza ele não sabe, sabe? Claro que não, né. Você faz questão de esconder seus podres de todo mundo e age com a maior cara de pau possível – perguntei e afirmei plenamente séria, vendo que o “sangue” nela estava pulsando.

Os olhos dela se preencheram de vampirismo e ela meio que me atacou.

– Não fala assim comigo – e rugiu. Aquele momento era a hora da verdade, era a hora de

muitas explicações. Foi tão estranho vê-la com os olhos daquela cor vampiresca, com os dentes pra fora e ainda por cima, dando uma prensa em mim.

– Não... Desculpe-me – e me soltou arrependida. Eu me segurei para não demonstrar o medo ao vê-la

com aquele rosto demoníaco. – É uma longa historia. Eu e seu pai nos envolvemos e

então eu fiquei grávida de você, mas eu não consegui transformar John, porque na verdade não era o que eu realmente queria fazer. Então, preciso que você mantenha segredo... Se John sonhar que vampiros existem, ele vai pirar. Alice... Prometa para mim, por favor, que você nunca vai contar a ele? – Kate estava a mil com toda essa situação humilhante e completamente estranha no meu ponto de vista.

– Não prometo nada. E quando prometeu a ele que sempre seria fiel em qualquer circunstancia... E então? E você ainda quer que eu te prometa algo? Por favor, você. Tenha dó, como você pôde. E a sinceridade? Onde fica? Que ótimo que não estão mais juntos... Quero que saia de casa, quero que nos deixe em paz.

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Os olhos dela se enchem de lagrimas, mas ela não chorou.

– É tão fácil falar. Você não sabe um terço do que eu passei. John é complicado. Acha que não tentei contar toda a verdade? Acha que não tentei? Não adianta nada agora. A verdade é: você é uma vampira, eu sou uma vampira e seu pai, o John... É um humano que odeia coisas sobrenaturais. Quando eu decidi contar a ele, ele chegou a casa estranho dizendo que encontrou três corpos na beira do rio de Port Angeles com furos no pescoço e começou a ficar irritado de um modo que a coragem que estava dentro de mim desapareceu muito rapidamente. Também dizendo que iria descobrir e que iria acabar com a raça daquilo. Sabe como doeu o ver falando daquilo? Aquilo sou eu. Somos nós! E...

– Kate, pare de falar, agora não tem mais jeito – eu concluí vendo-a daquele jeito, enxergando que ela tinha uma razão no meio de todas as versões da situação, eu não podia julgá-la daquele jeito, não mais! Eu sou uma vampira agora, um monstro, nada mais importa.

– E seus dons? – Eu não sei direito, eu não descobri nenhum, só a minha

aparência que mudou. Encarei-a, estava escuro onde estávamos. Meio que na

penumbra. – O que eu sou? – perguntei, já sabendo da triste

resposta. – Não está mais que claro? – ironizou ela. Pisquei mais rápido que o normal. – Sei que sou vampira, mas quero saber mais sobre o

monstro que me tornei – e fiz expressão de tensão. – Não prefere se sentar? – perguntou. Fiz que não com a cabeça e pedi que me contasse tudo

logo de uma vez. – Ok, vamos falar logo sobre isso. A espécie dos

vampiros, quer dizer, a nossa espécie é a mais antiga entre todo o resto. – Havia um pedaço de hambúrguer em cima do móvel branco, que não terminei de comer há alguns dias, Kate o pegou.

– Está vendo isso? – mostrou-me o hambúrguer. Fiz que sim com a cabeça. Observou-o por algum tempo, eu também fiquei observando. Aproximou seus lábios lentamente até o hambúrguer e o afastou novamente, aproximando o hambúrguer do nariz, deu uma longa farejada e fez uma tremenda cara de nojo, pavor.

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– Tudo que antes, considerávamos comida do paraíso, do prazer, agora que somos vampiros, consideramos como lixo, a comida, o chocolate, a torta, o refrigerante que causavam delírio, passará a causar nojo e pavor. – E abocanhou o hambúrguer. Enquanto mastigava-o, suas mudanças de expressão eram assustadoras.

– Tem gosto de merda de elefante – e cuspiu o pedaço que estava mastigando, de forma obrusca.

Eu zombei. – Como sabe? Já comeu merda de elefante? – perguntei. Ela revirou os olhos. – É só modo de dizer.Andou de um lado para o outro e continuou. – Como

pôde ver, comida de humanos não são mais comestíveis, não são suficientes para sobrevivermos, pelo contrário, se decidir comer comida humana, seu novo corpo irá rejeitar, causando mudança de cor, vazamento de sangue por qualquer parte do corpo e até mesmo vômito. A comida agora é outra, é... – Antes que ela terminasse, completei a frase por ela. – é sangue.

– Que bom que sabe. – O que é capaz de nos matar? – perguntei. Kate

acariciou o quadro gigante. – é um erro dizer que somos imortais, porque apesar de não morrer como uma pessoa normal, que vai pro céu ou inferno e blábláblá, nós morremos sim, de varias formas. – ela parou pra pensar. – várias não, de algumas formas especificas.

– Quais? – perguntei. – Uma das coisas que um vampiro não pode fazer de

maneira alguma é beber sangue morto, ou seja, beber sangue de alguém que esteja morto. No mesmo instante que isso acontecer, o corpo estufa e passa a ficar da cor roxa acinzentado. Com apenas um arranhão, o vampiro explode, eliminando todo o sangue que sugou em um mês, e claro, morre. Ter o corpo queimado à meia noite, ter a cabeça arrancada enquanto estiver no período puro. Se alimentar em excesso de alguém que usa drogas ou é alcoólatra, e talvez haja alguma outra maneira, mas desconheço.

– Você disse algo sobre período puro, o que é isso? – perguntei.

Ela abaixou a cabeça. – período puro é o período em que se tem sangue de aluguel no corpo, quero dizer, quando um vampiro alimenta-se de alguém, fica com o sangue da pessoa durante dois dias. Portanto, esses dois dias são chamados de período puro.

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Lembrei-me da transformação. – Como se transforma um humano em vampiro?

Ela fez cara feia. – precisa mesmo saber disso? É tão cruel que pensa que transformar um humano em vampiro seja algo justo? Você deve dar escolha, ninguém merece ser condenado ao inferno, como nós somos.

– Nem passa pela minha cabeça tirar a vida de alguém pra transformá-lo num monstro, eu só quero saber – rebati.

– Há duas formas. Uma é você, que foi marcada pra transformar-se a certa idade, isso é raro. A outra é o básico, o vampiro deve ter acima de 100 anos de existência para possuir seu sangue pronto para transformar quantas e quem quiser. Isso depende do caráter do vampiro.

– Então um vampiro normal com menos de cem anos não é capaz de transformar um humano em vampiro? – perguntei.

Fez que não com a cabeça. – Ainda bem, porque até os 50 anos de existência, é o período mais imaturo e impulsivo que um vampiro enfrenta.

– E você? – perguntei. – Eu o quê? – Quantos anos você tem 26? – e fiz cara de séria. – Muitos anos. Tenho cento e vinte e seis anos – e fez

cara de decepção. – Então você pod... – Shhh. Kate olhou-me com cara de

cúmulo. – nem pense nisso, jamais transformei alguém, e nem vou – ela disse.

Ascenti. – E como se transforma alguém? – Primeiro se dá o seu próprio sangue, depois mata o

sujeito e aproxima seu sangue do nariz dele, no mesmo instante em que sentir o cheiro, irá abrir os olhos já transformados. Quer dizer, quase. Se o sujeito não se alimentar de algum sangue diferente e humano em dois dias, vira cinzas e não se transforma em vampiro, apenas morre.

Grunhi. – Vou pegar o medalhão. – De que medalhão está falando? E não muda de assunto

assim. Ela fez cara de pensativa e mexeu no bolso de sua blusa,

pegando um colar com um medalhão, com o símbolo †. Kate se alertava de segundo em segundo para garantir que John não chegaria ali.

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– Isso aqui é seu agora. É um medalhão que protege Vampiros. Eu acho melhor evitar qualquer atrito, já que vamos nos relacionar com humanos. Todo vampiro que pretende conviver com humanos usa o medalhão. A menos que seja um vampiro das antigas, que só aparece com o pôr-do-sol. Porque vampiros podem ser hipnotizados pela outra espécie. Mas com esse medalhão você pode se proteger. Isso foi enfeitiçado e foi entregue a nós para te dar quando você se tornasse Vampira. Ainda não sabemos se você consegue se controlar, se não... De qualquer modo, use isto. Vai te proteger do sol, da sede incontrolável, e da outra espécie.

– Então, filha. Não é lindo? – Kate o pegou e me mostrou. A espessura daquele medalhão era bem moldada e

interessante, aceitei preparando minhas mãos para colocá-lo no pescoço.

– Deixa que eu coloque em você... – hesitou ela. Kate se levantou e me virou de costas a ela, colocando o

medalhão em meu pescoço logo de uma vez. Ora que o medalhão se fechou, meus olhos se queimaram, mudando de cor por uns três segundos para a cor branca e logo voltando à cor normal segundos depois. Fui ao espelho e me olhei com o tal medalhão, até que não foi difícil de me acostumar. O medalhão era preto por inteiro e apenas com um detalhe branco e rosado em suas beradas brilhantes. Ela estava é querendo algo novo. Mas Kate não poderia enganar John pelo resto da vida... Um dia ele iria perceber que ela não envelhece não se machuca, não dorme muito. O mais engraçado era que ela era uma vampira e John um humano, e a dúvida surgia novamente “como foi possível meu nascimento?” Esses pensamentos rebatiam dentro de mim com toda velocidade e confusão.

Eu fiquei bastante aérea e com minha mente longe dali. Minha mente era como um trovão de sentimentos e

desejos. Eu queria matar várias pessoas, eu queria sentir o sabor de ser mau. Eu queria sentir o sabor de desejo realizado. Mas outra parte dentro de mim me dizia para ficar quieta e não fazer nada de errado.

Eu não sou uma Vampira? Então eu tenho mais é que agir como uma.

Esse pensamento martelava em minha mente o tempo todo desde que me tornei essa coisa.

– E então, agora você vai me contar toda verdade? – perguntei, mantendo distância e fingindo não estar tensa.

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– Tudo bem, eu vou te contar – Kate disse se aproximando de mim, mas dessa vez tensa também. Se havia algo que eu fazia muito mal era fingir.

Preparei-me e ela também. – Eu fui transformada com vinte e seis anos. Conheci seu

pai, que era humano e me apaixonei por ele. Mas algo extremamente estranho e impossível aconteceu. Eu fiquei grávida, e você nasceu humana. Mas eu sabia que você iria se tornar vampira com dezessete anos porque é a idade ideal. É uma lei de família, você é a única assim até hoje. Você é um enigma, uma metáfora. Então, você nasceu com os olhos amarelos e depois foram ficando com a cor normal. Agora que você se tornou uma Vampira, ainda é pouquíssima humana. Você possui um coração e dorme.

Ela olhou para fotografia de John e sorriu triste. – Isso não é incrível? Ela se empolgou e levantou uma sobrancelha. Minha

expressão ficou vazia e conformada. Agora eu sabia toda verdade, eu me senti muito aliviada com tudo aquilo. Levantei-me velozmente, de acordo com todo Vampiro.

– Kate, quais são seus dons? – eu perguntei, tentando mudar de assunto o mais rápido possível, tentando ter um momento menos sangrento com ela.

– Tenho vários, mas o meu dom-chave é que posso ver as pessoas de olhos fechados e enxergar coisas que ninguém consegue, eu vejo o coração.

Ela me fitou. Lembrei-me de tudo, das portas e mesas que se quebravam “sozinhas”, das inúmeras vezes que me silenciei sobre minha vida pessoas e achava estranho ela nunca ter interesse em me perguntar, mas agora tudo faz sentido... Ela sempre soube o tempo todo.

– Então é por isso que portas e mesas viviam se quebrando sozinhas? – revirei os olhos.

– Nossa, mas que sortuda eu.– Eu preciso descansar – eu disse mentindo. Kate fez cara de cúmulo. – Descansar? Você não precisa mais descansar, você não

é mais humana – murmurou. – Que seja – eu disse, dando as costas para ela. Chegando ao meu quarto, Kate estava “plantada” lá. – Porque não me contou sobre o Nickolas? Seu tom era sério, ela me olhava com cobrança. Levei

um tremendo susto, a forma que ela apareceu do nada, parecia como naqueles filmes de terror psicóticos. Eu não

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estava nem um pouco acostumada com aquilo, algo me dizia que eu teria que me acostumar o mais rápido.

– Como você sabe disso? – Ah, droga. Kate Sentimentalinx.Eu fiquei sem graça ao me lembrar do que ela era de

verdade, uma mãe sabe tudo. Uma dúvida engraçada veio a minha cabeça naquele exato momento: ela sempre soube quando eu mentia? Que droga de mãe é essa.

– Você está pensando nele, Alice. Quem é esse rapaz?Ela me fitou, perguntando brava. – Não vem com essa. Eu acho que o seu dom de mãe

falhou. De onde você tirou que estou pensando nele? Você devia prestar mais atenção no que fala ou vê, tanto faz. E escute aqui, você não tem direito de saber nada sobre mim, não agora. Tarde demais pra bancar a mamãe – bufei.

Sua expressão ficou horrível, eu não contive e tive que dizer a verdade que ela já sabia.

– Não pode ao menos responder?Ela continuou, ignorando a minha fúria. Virei-me de

costas e fechei os olhos fazendo uma careta de pré-alívio. – Ele é muito estranho – franzi o cenho quando eu disse. – Estranho? Como assim? – perguntou. – Na verdade, ele é um historiador de coisas

sobrenaturais – deixei escapulir.Ela fez cara feia, não gostando nada, nada dele. – Eu acho bom... Ou melhor, trate de não se envolver

com esse tal. Historiadores de coisas sobrenaturais é uma pedra no nosso sapato.

– Você está inventando coisas, eu não sinto nada por ele e não sei o porquê disso, tem alguma objetividade nessa história toda? – eu igualei meu tom ao dela.

– Porque sim. Não tenho que te dar explicações de tudo. Ela estava indo até a porta. Eu meio que fiz um movimento próximo ao de respirar

fundo. – E quanto aos poderes? – cambaleei ao dizer. Kate

rosnou, seus olhos estavam vermelhíssimos. Porque ela ficou daquele jeito quando eu disse a palavra, poderes? O que ela estava escondendo de mim? Fiquei tentando decifrar o que estava havendo ali. Eu fiquei também com tanta raiva que dei um soquinho de leve na porta, era o meu único alvo menos perigoso.

Quando eu me virei, levei um enorme susto.

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– Nossa – grunhi comigo mesma. Eu havia arrancado a porta e um pouco da parede. Então, ouvi passos de John subindo as escadas correndo com o barulho, Kate não se assustou, pois sabia que ele estava para aparecer ali, ambos de nós duas sabíamos, os passos de John são inconfundíveis, o cheiro então?

Ela se escondeu debaixo da cama com rapidez. – O que é isso na parede? – rugiu ele observando. Eu ri hilariamente. Daquele tipo de riso que você dá

quando não tem a mínima idéia do que responder, ou melhor, explicar.

– Estava brincando de arremessar coisas e arremessei o abajur na parede e aconteceu isso – menti.

Ele fingiu que acreditou e hesitou. – E por um acaso um abajur causa isso? – e apontou para

o estrago. Eu entortei o canto da boca e não disse mais nada. – Nem vi você chegando, passou a noite na casa da

Andrea? – perguntou ingênuo. Andrea? – ah sim, Andrea! Sim, foi divertido. Ele saiu do quarto rapidamente e não disse mais que

alguns grunhidos ainda encabulado com aquele estrago na porta. Entrei no quarto de Kate e contei a novidade. Eu tinha descoberto meu primeiro dom e único até então.

– E então... – me aproximei dela, disposta a saber de tudo. Ela ficou muda, nenhuma surpresa até aí. E então quando toquei em seu ombro, aconteceu àquela coisa estranha. Poder e Poder

enti uma dor profunda, pude sentir todo o sofrimento dela. Eu vi tudo, senti tudo. Eu a vi chorando, eu a vi amando, a vi apaixonada. Eu a vi de todas as formas

possíveis. – Espera – Não era John. S

Era um sujeito todo de preto, seus cabelos eram castanho claro, ele era até que bonito. Mas não sei se era um vampiro, sem falar das mínimas possibilidades de ser um humano. Arregalei meus olhos e soube de tudo num instante. Tudo ali funcionou como algo esquisito, ou quem prefere dar nomes, macumba. O grande amor de sua vida, como parecera naquele instante, era um ser de outro mundo. Soltei-me dela, no entanto, eu caí no chão juntamente dela. Eu podia ser uma

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Vampira, mas estava exausta, triste, eu estava com ódio. Agora eu sabia a verdade e o sofrimento, eu vi na guerra entre Vampiros e outra espécie. Vi o pior, Tom sendo morto pelos Vampiros. Havia uma lei, que eu já estava cansada de saber. Vampiros não podem se envolver com aqueles outros, humanos e vice-versa. Então eu entendi o motivo de Nickolas sempre me evitar o máximo. Eu era ainda mais proibida para ele. Kate estava desesperada, não sabia o que estava acontecendo. Eu estava um pouco feliz por outro lado, aliás. Eu havia descoberto outro dom. Eu entendi completamente o porquê daquilo. Naquele exato momento eu prometi a mim mesma não me envolver com nenhum ser de outra espécie. Para o bem de todos.

Mas o que eram esses seres de outra espécie? Nasceu em mim uma grande curiosidade.

– Saia daqui, e não conte nada ao seu pai – ela gritou mais tensa do que ela estava anteriormente.

– quanto sofrimento. Eu entendo tudo, mas quero que vá embora ainda essa semana, ok? Uma semana.

Ela não se moveu e sua reação foi seca. – Uma semana é muito tempo, vou embora amanhã.

Eu estava tão fraca que apaguei no chão mesmo, até que me recuperei e subi para meu quarto. Meus olhos então se fecharam aos poucos de segundo em segundo.

Quando os abri, eu estava em meu quarto completamente silencioso. Eu estava sozinha de novo. Então, pela primeira vez decidi aproveitar o que um vampiro podia fazer.

– Como vou fazer isso? – grunhi comigo mesma, pegando distancia e andando para lá e para cá velozmente. Eu sentia cócegas, só isso. Mas eu via o quão veloz eu estava indo para lá e para cá. E aí, comecei a me divertir um pouco naquele momento eu.

– O que mais posso fazer? – zombei, dando um super pulo em cima de minha cama. E aí foi à hora em que eu rolei para lá e para cá gargalhando sem parar.

Posso ouvir o que estão conversando lá fora! – Nem que a vaca tussa, eu irei comprar aquela bolsa –

disse a garota ao passar do outro lado da calçada em frente de minha casa. E aí, meu abajur caiu do nada. Eu parei de rir e fui até a janela ver o que tinha acontecido, se alguém passou por aqui.

Eu senti que alguém estava ali me observando. Eu juro...

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– Alice? O jantar está na mesa – Kate me chamou da cozinha.

– Jantar? – eu perguntei indignada comigo mesma. – Nós não precisamos comer. Digo, eu e ela.Então, fui para baixo ver do que ela estava falando logo

de uma vez. Quando cheguei, eu meio que me transformei involuntariamente. Meus olhos ficaram vermelhos, eu pude sentir perfeitamente o cheiro da carne fresca em cima da mesa olhando para mim. Aquilo foi completamente sem juízo da parte dela. Minha pele enrugada, minhas presas pontudas e perfeitas logo se espalharam por mim.

Rosnei. Ao ver que John chegou à cozinha de cara emburrada,

com sua aparência sexy e jovem, tentei de todas as formas não mostrar a ele que eu meio que me transformei. Seria uma droga cada segundo naquela casa escondendo coisas dele. Olhei para Kate sem entender nada e sentei-me entrando no jogo dela. Pra melhorar a brincadeirinha, levantei-me meio que rápido demais e peguei uma bolsa de sangue que ela escondeu nos fundos do freezer.

– Gosta de poupa de tomate, pai? – e olhei para ela com um sorriso vulgar.

– Onde você arrumou isso? Poupa de tomate? – ele retrucou.

Ela fingiu estar em perfeita condição e tentou contornar a situação. Com toda a certeza ela não iria fazer essas brincadeiras jamais depois de ver do eu também sou capaz...

– Calma. Tem para todos nós – fez a piadinha psicopata, dizendo coisas por mim, para que não precisasse estragar tudo dando com a língua nos dentes. E em seguida olhou-me com medo, logo servindo os alimentos nojentos e fedorentos de que eu tanto gostava antigamente.

Havia um banquete de comida normal, eu achei. Até experimentar. Para mim era uma carne que aparentemente estava

cozida, mas quando mordi... Era sangue fresco e a carne estava crua. E o copo de suco que achei ser vinho, era sangue puro. Kate estava mesmo tirando onda comigo. Mal sabe ela que sei pegar pesado também.

John ficou nos olhando em transe e encarando a outra, fazendo uma cara de nada hilária. Continuei a brincar, mas decidi pegar bem pesado dessa vez. Esbarrei na caneca gigante que estava perto de John e logo em seguida peguei-a no ar, fazendo John arregalar os olhos.

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– Caramba, que reflexo! – e sorriu ingenuamente. – Tenho duas notícias para te dar, qual você quer

primeiro? – ele perguntou, com aquele jeitão largado de falar.– Manda à boa – eu disse meio longe dali, vendo que

felizmente meu joguinho pesado não surtiu muito efeito. – Amanhã começam suas aulas – ele riu. Não consegui entender se aquilo foi uma piada ou uma

zombaria. “Ótimo” Eu pensei. – E qual é a boa?Eles riram, mas o riso dela foi nulo. Meus olhos arregalaram e fiquei andando de um lado

para o outro, sem parar. – perfeito – Kate completou. Os dois se entreolharam, zombando. Depois de

abocanharmos todo aquele banquete estranho e tenso, fiquei satisfeita. Mas afinal: do que eles estavam falando?

– Estou feliz com tudo isso. No entanto, acho melhor eu ir pro meu quarto – eu me despedi meio aérea ainda agindo com uma educação que até eu desconfiei. Porque ela quis fazer essa brincadeirinha idiota? Ela não sabe que está sendo um porre ter que mentir pro cara? Pro marido dela, ops, ex-marido.

Kate correspondeu o olhar medonho. Quando para meu quarto, pensei no idiota do Nickolas.

Eram tantos acontecimentos consecutivos... Eu já estava ficando pirada.

– Alice? É seu primeiro dia no Colégio e talvez o último em que eu esteja aqui – gritou Kate como sempre, colocando panos quentes por cima de seus podres irritantes.

Arrumei-me, rápido. John me levou até a garagem e no caminho até lá não trocamos palavras direito. Ele abriu a porta automática da garagem e lá estava um corsa marrom e pequeno esperando por mim.

– Porque ta me mostrando esse carro? – perguntei. Ele riu e me olhou com cara de perverterão me

contagiando logo em seguida. – É seu. Idiota – e jogou a chave pra mim rindo.Peguei a chave pelos ares e fiz cara de surpresa

misturada com alegria... Parecia que eu acabei de ganhar 654525454241 milhões de dólares. Aquele gesto foi sem dúvidas o mais legal até agora. Pelo menos algo normal por

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aqui! O carro era do modelo antigo e bem simples. Do jeito que eu gosto.

Fui até o carro e sentei-me dentro dele igual uma idiota. – Está brincando, né? – e perguntei rindo. – Claro que não, já disse que é seu – retrucou, com seu

uniforme charmoso de xerife. – Obrigada... Não tenho palavras – eu exclamei, dando

uma conferida no carro, abrindo as portas, fechando as portas, sentando dentro dele e saindo o tempo todo.

– Que bom que gostou – e entrou para dentro de casa, evitando empolgação demais.

Então eu parei de rir, mas continuei feliz por ter um carro agora. As coisas mais simples me deixavam feliz pelo resto do dia. Nunca gostei de coisas exageradas e populares. Eu prefiro as coisas inesperadas e simples. Que com certeza, causam um efeito muito mais verdadeiro. Mais um ano começa e todo o ciclo de mentira começa também. Vou fingir que tenho dezessete anos e sou uma humana idiota, isso mesmo. Quando na cruel verdade, sinto vontade de lançar uma bomba no colégio e nadar pelo sangue deles. Ok eu fui cruel... Mas é assim que me sinto às vezes. Entrei dentro do meu chevet marrom e fui para o colégio novo sem esperança de me dar bem com alguém naquele mundo de sangue ridículo. Eu iria olhar pra eles como um humano olha pra um sundae. Já tomei a decisão de não me aproximar de ninguém e não arrumar conflitos com eles, já que falta um ano ou dois para a faculdade. E John é extremamente machão e calado. Eu estava apavorada, um pouco. Imaginei-me com todas aquelas presas ao meu redor, eu ia surtar. Porque além do mais, no Colégio não tinha o que eu mais queria nesse momento: paz.

Chegando ao Colégio, ninguém me notou. Eu parecia invisível, todos vestiam roupas bonitas e com aparência cara. Não sabia aonde ia, o que fazia, fiquei observando toda aquela gente, loiros, brancos, negros, ruivos, asiáticos, gays, idiotas [...] No entanto, uma garota bonita, cabelos claros, mas, pelo tom de loiro escuro. Era uma cor muito diferente, seus olhos eram pretos e lindos, um castanho claro na verdade. Sua pele clara e lisa tinha uma pinta perto da boca, no canto do nariz. Era magra, mas tinha um corpo bonito, era um pouco mais alta que eu – quase imperceptível – e tinha duas coisas nela que eu não gostava – seu sorriso forçado e seu olhar profundo. Deixava-me meio aflita. E o mais estranho

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era que ela tinha um cheiro ruim – ruim demais. Aproximou-se de mim de repente.

– Ei! Você é a novata, certo? – Sim, sou – eu disse, tentando ser gentil com ela

abrindo outro sorriso amarelo. – Prazer, meu nome é Sarah. E o seu? Ela se apresentou amigamente, rápido demais também.

Eu pensei estupidamente no que responder. – Alice – eu disse, tentando decifrá-la. – E então, qual é sua sala, Alice? – ela perguntou. Estávamos caminhando por naquele Colégio com

impressão sombria. – Vinte e oito – eu respondi olhando em volta, pensando

em todas as formas possíveis de matar todo mundo. – Jura? É a minha sala também. Sarah se entusiasmou ao dizer. – Legal – eu murmurei. Ela logo alterou o tom de sua voz, ficou a mil. – Claro.Ela era meu oposto. Mas em algo ela era parecida

comigo. – Ela tinha um segredo – que eu não imaginava qual.Entramos na sala de aula. Estava na aula de ciências

com a dona Abigail. Enquanto a professora e Sarah falavam, eu só pensava em matar alguém. Eu estava com ódio de mim mesma, que coisa mais doentia essa! O pior é saber que não existe cura, que não existe jeito.

– E então, o que você acha? – perguntou-me, Sarah entusiasmada.

– Legal – disse, não fazendo a mínima idéia do que ela havia falado ou perguntado.

Ela abriu uma expressão de deixar para lá a minha distração e fingir que acreditou que eu entendi o que ela disse.

O clima piorou, se tornando extremamente frio. O sino tocou e nós nos levantamos, eu fazia o maior esforço para não agir como vampira naquele lugar. Não podia me levantar rapidamente, não podia matar ninguém, não podia nada. Agir como humana já estava me dando dores de cabeça. No intervalo, Sarah me apresentou seus amigos que eram em bastante quantidade, aliás. Ela se aproximou de um primeiramente que estava bebendo uma espécie de lata de refrigerante, aquilo parecia bom, mas nada melhor que o sangue dele.

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– Esse é Daniel – Sarah o apontou sorrindo, sendo gentil. – Essa é Alice – e me apontou a ele, fazendo aquele vice-

versa entediante. Daniel é um cara moreno e também muito bonito. Alto e com alguns meros músculos, era o mais diferente de todos. Tinha os cabelos lisos e um pouco espetados para cima formando uma curva bastante sexy, não tinha efeito artificial de gel, era exatamente o modelo natural de seu cabelo, pude perceber. Tinha um estilo natural também, uma calça jeans azul larga, com uma blusa regata branca. O cheiro de seu sangue era gostoso, tinha cheiro de café da manhã. Pude perceber que ele era namorado de Jade, outra garota que havia ali no grupo de amigos de Sarah.

– Prazer, Daniel – eu disse. – Igualmente, Alice – ele retribuiu educado. Depois, antes que Sarah me apresentasse, ela se

apresentou com uma intenção diferente no ar. – Eu sou Jade – ela disse apontando suas mãos direitas a

mim. Pensei em deixá-la com vergonha e não pegar nas mãos

dela, mas não quis fazer isso. – Prazer, Jade. Ela era meio nerd, usava óculos, magra e tinha cabelos

laranja. Liso em cima e enrolado nas pontas, e tinha um rosto lindo e bem desenhado. Seus olhos tinham a cor mais diferente que já vi. Era um amarelo ouro, tinha uma expressão diferente também, super envolvente. Ficamos naquele clima por alguns instantes.

Sarah se aproximou de outro sujeito, nossa, ele era muito estiloso.

– Alice, esse aqui é Thomas – mostrando-o para mim com cara engraçada.

– Oi, Thomas – eu sorri de lado sem querer fazer charme, apenas por educação.

– Prazer, gata – ele forçou a barra. Eu fiquei corada, ele era o mais estiloso e o mais

divertido apesar do jeito descarado dele. Era de um tamanho normal, e o modelo do cabelo tinha mexas no lugar da cor preta. Os olhos eram pretíssimos e como eu pude perceber, ele era solteiro. Havia outra garota ali, que eu consegui ler exatamente tudo que ela estava pensando apenas pelo olhar que ela me lançou.

– Sou Jennifer, garota-brega – ela sussurrou, olhando nos meus olhos.

– O prazer é todo meu, Jennifer – zombei.

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– Não liga não, Alice. Jennifer é mal-humorada todos os dias – Thomas disse.

Jennifer era branca, devido ao costume do país. Com um rosto quadrado e bonito. Seu cabelo era comprido, liso e preto. Ela possuía uma franja grande cobrindo sua testa. Magra com um corpo bonito. Mais alta que eu, seus olhos castanhos escuros. Algo não me agradou nem um pouco nela, o sangue. Seu sangue tinha cheiro de lixo, era ralo e meus olhos ficaram irritados somente de sentir o cheiro de longe. Não entendi o porquê do sangue dela ter um efeito tão podre sobre mim, pela primeira vez eu não senti vontade de sugar o sangue todo que suas veias escondiam, eu queria mesmo é ficar longe dela e de seu sangue fedorento. Aquilo ficou na minha cabeça. Ela se levantou e se aproximou de mim. Encarou-me e eu não funguei..

– Não me encare assim – ela ordenou. Eu não consegui conter, seu sangue era horrível. – Confesso que isso seria ótimo, olhar para você não é

uma coisa boa de se fazer – eu disse, perdendo minha pouca paciência. Todos que estavam ali presentes gargalharam por dentro e tentaram de todas as formas esconderem as gargalhadas dadas entre eles de Jennifer. Eu pude perceber que Jennifer não era muito querida por eles. Ela ficou desapontada e sem resposta pronta para dar. Mas por dentro de mim, por mais que ela tivesse me odiado e tivesse agido de forma totalmente sem educação comigo, eu gostei dela, eu vi sinceridade dentro dos olhos dela. Eu não preciso analisá-la. Sei que ela sempre fala a verdade. É por isso que ela não é tão querida.

As pessoas não gostam de pessoas sinceras, porque a verdade dói, e muito.

– E por último, esse aqui é Joe – Sarah disse. Ele não se levantou e nem falou nada. Eu pude perceber

que ele não gostou de mim, então não disse nada, só dei um oi de vista.

– Oi – Joe disse, completamente longe dali. Havia dois lugares na mesa, um para mim e outro para

Sarah. – E então Alice, de onde você é? – Jade perguntou com

sua voz baixa e extremamente feminina. – eu sou de Londres, mas já morei em Buenos Aires e Campos Do Jordão – disse.

– Ah! – Jade bufou.

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– Então, gente, já que eu a apresentei a vocês quero comunicar que Alice é a mais nova membra de nossa turma de amigos. Eu espero que tudo bem Alice, você quer se juntar a nós? – Sarah hesitou, afirmando sem a minha resposta final.

– Que seja – pensei comigo mesma. Aquela declaração oficial não foi legal, foi meio tediante, mas que seria legal ter algumas pessoas pra conversar talvez fosse.

– Tudo bem – eu disse. Joe era alto, com o cabelo laranja avermelhado claro, era

um ruivo nato. E apesar de não achar a mínima graça em ruivos, Joe era uma exceção, o cara era extremamente atraente. Seus olhos eram azuis. Seu maxilar era quadrado e bem adequado. Não possuía muitos músculos, era magro e com meras curvas ao redor de seu corpo, sua pele pálida, mas não de um jeito exagerado. Seu estilo original, vestido com uma blusa cinza sem estampas e de malha fina com mangas curtas, calça jeans escura e um enorme bracelete no braço da cor preta, não achei que estivesse o usando por estilo, pareceu-me que havia algo escondido por trás do bracelete. O sangue dele tinha um cheiro doce, mas não era dos meus favoritos.

O sino tocou, logo em seguida quando eu saí, era aula de Inglês. Depois da aula eu fui ao bebedouro que ficava quase do lado de fora do colégio. Tomar água era uma coisa que eu não precisava fazer, mas era divertido porque sempre gostei de beber água, por mais que eu não precise, eu me sinto melhor e uma pessoa mais normal fazendo isso. Virei à esquina do corredor onde todos lanchavam e se reuniam, e então e ele esbarrou em mim.

– Parece que alguém está com pressa por aqui – Joe disse segurando meus livros que estavam prestes a cair, meu auto-reflexo foi pouco veloz comparado a ele.

– É – eu murmurei corada e assustada, como ele foi mais rápido que eu? De repente, ele fez cara de nojo, sua expressão estava completamente estranha.

– Qual é o seu problema? – perguntou. – Nada. Eu preciso ir, eu estou atrasada para a aula de

história. Fiquei com uma imensa vontade de saber quem ele

realmente é, o que aconteceu com ele, do que ele gosta. Ele era tão misterioso, e isso me dava sede. Joe era um cara bastante misterioso e me trazia boas energias. Era como se eu já conhecesse ele antes, eu possuía um tipo de carinho

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familiar com ele no qual eu não conseguia explicar. – ele fez cara de nojo de novo.

– Porque você está faz essa cara estranha todo momento? – retruquei.

Ele logo preparou para responder, com resposta na ponta da língua.

– Porque tenho nojo de sangue – Joe disse, fazendo uma cara estranha. Ele possuía uma personalidade forte, um jeito diferente e sincero, ao mesmo tempo engraçado. Ele poderia ser o único amigo de verdade ali. Era como se ele estivesse-me testando.

– Sangue? – eu perguntei com cara de cúmulo. – É... Eu me machuquei algum instante atrás. Estou

procurando curativos por aqui. Você sabe onde tem? – perguntou, mantendo aquela droga de teste.

Fiquei zonza, querendo fugir dali o quanto antes possível. Mas outra parte dentro de mim pedia para ver e tocá-lo.

– Onde foi o ferimento? – perguntei ainda zonza. Ele me olhava de uma forma tentadora, como se

soubesse quem eu era. Quer dizer, o que eu era. Joe levantou a manga de sua blusa listrada de moletom fino e me mostrou seu pulso com sangue escorrendo.

– Droga.Eu fiquei a mil. – Seus olhos! – ele disse, ficando assustado de vez, se

afastando de mim. – O que tem de errado com a droga dos meus olhos?

Deixa-me ver seu pulso, você precisa limpar isso – eu peguei seu pulso novamente e o cheirei ficando extremamente louca, prestes a me transformar.

– Você é estranha, me solta.Ele disse se afastando de mim com uma expressão

calma. Como se ele estivesse feito seu serviço completo. Como se o que ele suspeitava fosse verdade.

– O que você quer de mim? – perguntei de costas a ele, tapando meu rosto e sentindo dores nas minhas veias, dores na cabeça, no corpo.

– Vire-se para mim, deixe me ver seu rosto, Alice – ele murmurara, me torturando a cada segundo.

– Eu preciso ir, limpe-se Joe.Eu disse, tentando sair dali, mas sendo interrompida por

ele. Joe fez um movimento ágil e me segurou.

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– Deixe-me ver seu rosto – ele ordenou, me segurando com uma pitada de delicadeza.

– Eu te avisei – perdi toda a minha resistência e o ataquei de surpresa, segurando o pelo pescoço.

– O que você está fazendo? – ele perguntou, me fazendo perder todo o controle.

Se ele soubesse o que ele estava perguntando... Ele não estava em seu estado normal, com certeza. Eu imaginei cada gota do sabor do sangue dele em menos de minutos. Eu imaginei várias formas que eu poderia sugá-lo. A forma como eu poderia matá-lo, ou melhor, o deixaria vivo para sofrer por algumas horas, só por diversão da minha parte. O sangue dele parecia uma forma grossa, doce e farto. Não era o meu tipo preferido, mas era o que eu mais desejava. Aproximei meu nariz do lado direito de seu pescoço e fui ao delírio. Murmurei em seu ouvido.

– Você é maluco Joe – murmurei já transformada na outra Alice que existia dentro de mim. Ele não entrou em pânico em nenhum segundo sequer, pelo contrário, ele agia como se tudo estivesse saindo de acordo do jeito que ele planejava.

– Eu sei disso, mas você parece estranha. Você está bem? – perguntou agindo normalmente. Talvez ele só estivesse normalmente ali, querendo ser educado comigo e eu pensei que ele soubera o que eu sou.

– Cuidado – eu disse, ainda o segurando e abri um sorriso largo de vitória. Ele ficou confuso, não entendendo o porquê de eu estar agindo daquela forma.

– O que você está fazendo? – ele perguntou de novo, esperando por respostas.

“Sinto muito, Joe. Não é hoje o seu dia de morrer e nem o meu de perder o meu controle. Você vai continuar vivo e esperto, já eu vou continuar sendo quem eu sou, desculpe-me se eu não agi como você queria” eu concluí meu pensamento egoísta e vampiresco. Apenas murmurei em seu ouvido conseguindo resistir, soltando-me dele, por fim. Ele ficou zangado e insatisfeito, aliviado também, aposto.

– Porque você age assim e depois me solta sem explicar nada?

Ele retrucou consigo mesmo, dando o fora dali, com aquele olhar profundo nos meus olhos, sem medo nenhum.

– Ótimo. Perdi a aula de história – resmunguei comigo mesma, com raiva de tudo.

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Dei meia volta e pensei em pedir desculpas, mas não seria útil. O sino tocou e Sarah apareceu.

– Ei, Alice. Onde você se meteu esse tempo todo? – ela perguntou fazendo gestos rápidos e afobados sem intervalos na sua respiração.

– Eu estava por aí. Eu não devia satisfações a ela. Porque eu estava me

explicando?– O que vai fazer hoje à noite? – perguntou, então em

cinco minutos estavam todos os amigos de Sarah ao meu redor. Eu tive que sair correndo, pois eu estava sedenta demais. E poderia atacar um deles.

Coisa que eu não queria fazer. – Alice! – alguns deles gritaram. Eu estava com ódio dessa vida de Vampira, e era só o

começo, eu sabia disso. Estava cansada de não ser normal, a única coisa que eu realmente queria era a minha vidinha chata e normal de volta. E para melhorar ainda mais minha situação fútil, chegando a minha casa, pude perceber algo não normal.

Então, tive uma surpresa que odiei. – O que houve com nossa casa?No andar de cima estava tudo normal. Quer dizer, quase.

Entrei no quarto de Kate e John, tendo outra surpresa das várias que tive. Quem me dera, se fossem surpresas boas.

John não estava em casa. – Bem, como somos imortais e praticamente nunca

vamos morrer, gostamos de ter essa sensação, é bem mais confortável e é fechado – Kate disse afirmando, sem me consultar antes.

– Confortáveis? E por acaso Vampiros precisam de coisas confortáveis? – eu ri de novo, com raiva.

– Somos Vampiras, não sentimos dor. Mas temos sentidos. Na verdade não é confortável, é legal – ela corrigiu aquela afirmação chata e irritante.

Vampiros para lá, Vampiros para cá. – Mas, Kate... Vampiros não dormem? Exceto por mim? –

sussurrei. – Qual é Alice... Nós não dormimos, nós hibernamos. Mas

é a mesma coisa. O que muda é a intensidade. Humanos dormem oito horas por dia. Nós dormimos quatro horas. Por isso chamamos de hibernar ao invés de dormir – ela disse.

Minha expressão sarcástica dominou o local.

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– É – ela riu por dentro, eu pude ler a expressão no rosto dela.

Então eu bufei e fiquei em silêncio. – Espero que goste da nova cama. – Kate disse, sorrindo mais ainda, não sendo

correspondida. John era o único que sabe que eu odeio surpresas, seria muito mais fácil se John fosse o vampiro.

– Nova cama? – eu retruquei. Corri para meu quarto e quando cheguei, eu vi uma

cama de casal. Antes, minha cama era de solteira. Eu, no fundo no fundo, entendi o que ela queria fazer. Agora que sou uma vampira, precisarei de camas fortes, resistentes e grandes. Era diferente, havia detalhes rosa escuro para o lado de vinho, todo preto e maior. Como eu iria dormir numa cama esquisita daquela? Sinceramente, era obscura e feia. Quando me aproximei, a cama me pareceu agradável. No entanto, eu detestei a tal. Fiquei com grande medo de ser verdade que eu teria que dormir ali naquela cama detalhada e parecendo coisa de filmes de terror antiga. Na hora do nervosismo, eu abri um sorriso não acreditando.

– Ta brincando comigo, né? – eu grunhi me afastando com meu auto-reflexo.

– Surpresa – Kate sorriu, aparecendo atrás de mim inesperadamente.

Ela adorava me surpreender, eu não sei se pelo fato de for divertido ou por eu odiar surpresas.

– Alice, você se assusta! Que estranho...Ela colocou a mão esquerda na ponta do queixo e ficou

pensativa. – Deve ser porque você tem coração – ela disse,

aparecendo de repente atrás de mim. – Isso me irrita demais – eu disse a ela, chegando por

trás dela e me afastando. Como ela conseguia fazer isso? – Porque não me contou antes? – eu rebati na tal

pergunta. Eu estava um pouco longe dela e me movia a todo

instante. – Mais uma surpresa – ela disse, com aquela cara de

sínica que irritava qualquer um. – Mas enfim, como foi seu primeiro dia de aula? – Kate

perguntou, de mal-humor.– Estranho, as pessoas daqui são muito intensas e falam

muito. Não é muito fácil conviver com presas e não poder

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sugar nem uma gota de seu sangue maravilhoso. Mas conheci Sarah e mais algumas pessoas – não a contei sobre Joe, não valia à pena.

– Que legal. E sobre os garotos? Alguém te chamou atenção por lá?

Ela deu aquela olhadinha meio sexy, me deixando da cor de um pimentão vermelho.

– Você não iria embora hoje? – quebrei o clima completamente.

– A casa que comprei vai ser mobiliada hoje e só daqui dois dias poderei definitivamente ir embora. Agora vê se me responde.

– Não, ninguém – eu afirmei me lembrando de toda aquela situação instantes atrás.

– Droga – eu retruquei dentro de mim. “Kate pode ler meu coração” conclui meu pensamento. – Porque ficou em silêncio de repente? – ela perguntou

se aproximando. Dei uma fungada de leve e respondi para recuperar o

fôlego. – Estava pensando. – No quê? – ela bancou a chata. Eu fiz cara de cúmulo e ela olhou de cara feia para mim. – Tudo bem, é normal sair do controle às vezes. Eu balancei a cabeça com intenção de acalmá-la. Sentei-

me perto da escrivana marrom do meu quarto, observei que havia uma espécie de chave que meus avôs me deram quando eu era criança. Em todo lugar que eu ia, eu carregava comigo aquela chave. Fazia um bom tempo que não a via, então a peguei e fiquei observando-a. Eu me lembro que meu avô me deu essa chave no meu aniversário e disse que era para eu cuidar muito bem dela que seria o meu amuleto da sorte. Eis agora outra dúvida em minha mente. O que aquela chave tem de especial? Não foi atoa que meus avôs me deram-na.

– De quem é essa chave? – eu perguntei, mostrando a chave a ela.

Sua expressão ficou gelada. – É um presente que seus avôs te deram quando você

era criança. É melhor deixar isso comigo – e pegou a chave de minhas mãos.

Pensei em pegar a chave das mãos dela e sair correndo. Não, isso não fazia sentido.

– Que seja – eu bufei com um olhar nada agradável.

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Então ela saiu do meu quarto, com uma expressão de tensão. Quando ela se foi, eu estava pensando no Nickolas, eu me sentia estranha, sendo a única Vampira que tinha sentimentos a flor da pele, dormia e se assustava. Não que Vampiros não possuem sentimentos, eles possuem, mas era diferente. Eu senti em meus ouvidos aquele jeito original de falar que ele possuía. Nickolas era tão estranho, eu tinha certeza que havia alguma coisa que ele não me contou de forma alguma. Ele possuía um jeito original e assustador, sério. Será que ele é um vampiro? – eu zombei de mim mesma.

Bufei.Não, impossível. No entardecer, eu tive um sonho que não consegui

entender, eu só via dois homens e eu no meio, não consegui identificar quem eles eram. Havia um de preto e outro de branco. Eu os conhecia de algum lugar, só não conseguia defini-los. O de preto estava abraçado comigo, mas eu não queria estar com ele, eu queria estar com o de branco. E algo me impedia de ir até ele e me soltar do cara todo de preto. Um flash surgiu, eu acordei, sentindo que meus olhos haviam mudado de cor com toda certeza. Olhei no relógio e fiquei com ódio, já era de manhã. A geladeira estava vazia. Eu tinha que caçar se não quisesse meu nome em todos os jornais do mundo com a manchete “Alice Jones, a nova assassina de Port Angeles ataca colegas de escola de forma vampiresca”.

Decidi ir à floresta mais próxima de mim. Lá havia tudo que há de bom para um Vampiro comer, exceto por humanos. Chegando lá, avistei um animal que me agradou bastante.

– Capivara. Meu traje estava bastante normal. Uma blusa rosa bebê

de mangas longas e de malha fina, daquelas bem confortáveis que colam no corpo. Minha calça jeans colada e meu cabelo solto. Eu não pensei nem um segundo antes de abocanhar aquela capivara. Fisguei, mordi com minhas presas e suguei-a todinha. Acabando, eu ainda não estava satisfeita e fui farejando com meu terrível faro, outro animal com sangue grosso por perto. Senti o cheiro de humano por ali. Deve ser alguém perdido ou caçadores humanos. Era alguém fazendo uns barulhos estranhos e gritando. Cheguei perto para ver quem era ou o quê era e me surpreendi novamente.

Fazendo a maior cara de cúmulo de todas. – Joe? Ele abrira uma expressão de raiva.

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– Droga. Que diabos você está fazendo aqui? – perguntou, com raiva nos seus olhos.

– O que foi? Ficou arrependida de não ter me matado e veio terminar o seu serviço maldito?

– Eu não sabia que você estava aqui Joe... Pare de me tratar assim, eu sei que tem algo que você sabe e não me contou até agora – eu resmunguei extremamente irritada.

– Sério? – ele zombara de mim no tom sínico e irritado. – Meu faro é péssimo. Quer dizer, eu não te devo

satisfações. – Tudo bem, eu vou fingir que acredito.Ele se movia de um lado para o outro impaciente. – Pense como quiser. Eu me virei na intenção de me mandar dali e ir embora

de uma vez. Minhas relações com homens não estavam indo bem ultimamente. Eu só sabia discutir e discutir o tempo todo.

– Espera – Joe pediu, chegando até mim e ficando na minha frente.

– Eu não tenho muito tempo, seja rápido. De perto, eu percebi o quanto ele realmente possuía um rosto confiável e ao mesmo tempo indecifrável, ele escondia varias coisas, várias. Virei-me de costas a ele e saí andando, com intenção de sumir dali o quanto antes possível. Ele correu atrás de mim e me pediu que eu parasse.

– Você não sabe de nada, você se cortou e deve ter ficado alucinado – eu afirmei, ainda de costas a ele.

– Você parece ser uma garota legal, eu sinto algo bom quando estou com você, mas preciso ser sincero, eu não sou um cara normal e de personalidade estável, escondo muitos segredos, dos quais nem eu gosto de pensar. De alguma forma, me sinto á vontade com você, como se tivesse encontrado alguém que pudesse realmente ter uma amizade – ele concluiu me deixando sem chão.

Joe foi a todo o momento muito tímido e quieto comigo. Principalmente misterioso... E isso me intrigava demais. Bastante tímido quando não se gostava de alguém, mas dentro dele... Era como se já o conhecesse. Via nele um cara divertido e muito confiável.

– Você age estranho na maioria das vezes, mas eu não ligo – sussurrou.

“Você não tem noção do perigo no qual você está correndo ficando nesse lugar sozinho comigo, de boba eu só tenho a cara” eu pensava.

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Joe se sentou em uma pedra que havia por lá. – Eu entendo você. Eu sei como é ter um jeito diferente e

não se encaixar com a sociedade. Você se parece muito comigo – ele concluiu.

Eu realmente gostei muito do jeitão original dele. O jeitão tímido e misterioso.

– Eu sou estranha, eu sei – eu disse. Joe sorriu de leve e se manteve longe. – Eu sei como é – ele murmurou. Eu me levantei e minha vontade de matá-lo sumiu. – O que você faz aqui? – perguntei de novo. Ele não pensou para responder. – Eu estava aqui por que... Ele fez uma pausa e franziu o cenho e levantou uma

sobrancelha. – Bem, eu vim aqui para relaxar – ele respondeu. – Mas e você? – e perguntou logo em seguida, me

intrigando. – Eu também vim relaxar – respondi rapidamente e não

convincente. Ele bufou rápido e me olhou com um sorriso divertido

formando-se em seu rosto. – Você é bem tímido – eu sussurrei sorrindo. Ele ficou sério e levantou uma sobrancelha novamente. – Não, eu só não gosto de perder tempo falando idiotices

e conviver com pessoas fúteis – e não sorriu mais. Levantei as duas sobrancelhas e franzi o lábio inferior

balançando a cabeça positivamente três vezes. – Concordo plenamente com você – eu abri um sorriso e

o clima logo melhorou. Ficamos em silêncio por alguns instantes, minha sede

por ele aumentou muito, então logo arrumei uma desculpa para sair daquele lugar o mais breve possível.

– Então, eu tenho que ir agora – e me levantei. Ele pareceu não se importar nem um pouco e apenas

murmurou um tchau seco. Saí dali rapidamente. Chegando a minha casa, eu não consegui me perdoar de

deixá-lo vivo. O que foi que deu em mim? Eu tinha tudo para matá-lo, ninguém nunca iria descobrir. Qual é o meu problema? Eu sou uma Vampira. Não tenho que agir como humana, mesmo sendo em alguma parte de mim um pouco humana também. É melhor que todos descubram de uma vez, é melhor que todos consigam se defender. Pensei em rastreá-

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lo e matá-lo de uma vez. Eu estraguei tudo, que droga. Joe era um cara legal, mas não a ponto de me fazer não atacá-lo. Eu sinto vontade de atacá-lo às vezes... É normal pra mim.

Recordações e Descobertas

ohn entrou no meu quarto e se aproximou. Foi vindo devagar até a minha direção, passo por passo bastante lento. Eu, por minha vez, estava sentada na cadeira ao lado

da escrivaninha de meu quarto. – Alice, eu me importo com você – me desculpe não ser o melhor pai do mundo. Eu não consigo mudar, eu queria que me perdoasse por nunca ter te contado... Bem, você sabe do que eu estou querendo dizer? Não sabe? – ele disse, me deixando com um sorriso idiota no rosto e sem compreender o porquê do carinho repentino, aquele arrependimento sincero. De alguma forma, eu senti que meu pai estava era querendo carinho e me dizer algo. Há muito tempo que nós não tínhamos um momento pai e filha. John tinha um jeito divertido de levantar somente uma sobrancelha, só ele fazia aquilo. Ele nada mais era – apesar de tudo isso que estava acontecendo. Então foi ali que eu me senti um lixo. Sabendo que ele estava convivendo com seres sobrenaturais e ele não fazia a mínima idéia. Como ele iria reagir ao descobrir? John era um xerife e sempre odiou tudo que fazia mal à inocentes. Meu deus... Ele tentaria nos matar!

J

Ele é meu pai. Peguei uma foto nossa e observei ficando em silêncio. – Eu sei xerife John – brinquei. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e meio que

confuso também.– Porque você é tão teimosa? – perguntou. Fiquei na duvida, não entendendo onde ele estava

realmente querendo chegar. – Como assim? Eu não sou teimosa. Ele ri. – Você não entende que aqui você pode correr muitos

perigos. Você não sabe do que os homens são capazes de fazer. Do que pode acontecer com você...

– Relaxe, eu sei me cuidar. A cada palavra dita por ele era uma estaca exata no

meu coração. Era torturante ouvir coisas tão sinceras e ingênuas sem poder fazer nada. Ou pior: Querer e não poder.

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Não é justo mentir para meu pai, eu não conseguiria. Contar a verdade, impossível. Então o melhor a se fazer quando você não quer mentir e nem magoar alguém – é omitir.

– Não, você não sabe. Revirei os olhos para que ele percebesse logo de uma

vez. Eu estava em êxtase, não conseguia sentir nada, eu

estava com medo de morrer. Nada saía bem quando eu estava mal. Eu tinha um daqueles ataques vampirescos que ninguém deseja estar por perto, já que não tenho mais TPM. De alguma forma isso me confortava. Tornava-me segura, e por outro lado me transmitia medo, insegurança. A minha maior meta era matar quem eu tanto gostava. Para a minha própria segurança, o meu lado idiota de humana, me dizia que não. Afinal, quem sou eu? Rebati em minha mente novamente.

– Como você e Kate se conheceram? – perguntei. John ficou corado e abaixou a cabeça, evitando me olhar.

E um tanto surpreso, aliás. – Você quer mesmo saber isso? Que pergunta idiota. É claro que eu quero saber. Pensei

um pouco para responder e então concluí meu pensamento, preparando para falar.

– Eu quero, mas é lógico que eu quero. Ele se sentou em uma cadeira que havia no meu quarto,

de madeira. – Porque você está se sentando? – perguntei. Ele ficou meio sem jeito quando respondeu. – Por nada, eu teria que ter um motivo para sentar? – ele

sorriu obviamente. Fiz uma cara de cúmulo, balançando a cabeça

negativamente achando graça naquilo, abrindo um rápido sorriso.

– é – disfarcei a realidade de por um instante, achar que ele era um de nós.

– Eu conheci sua mãe quando eu tinha dezessete anos. Eu vivia atrás dela, mas ela não demonstrava interesse por mim, um dia no final de uma festa, eu a beijei, mas não foi algo formal e recíproco, eu simplesmente fui até ela e beijei, sem perguntar nada antes. Logo percebi que os olhos dela estavam mudando de cor, ela disfarçou, depois desse dia começamos a namorar. Kate sempre foi muito estranha e até hoje age de um modo esquisito na maioria das vezes. Um dia ela chegou até mim e me disse “não é possível uma coisa

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dessas, eu estou grávida, John”. Ficou apavorada, e todo o momento ela dizia “isso não é possível”. Eu não entendi. Porque não era possível? Eu não sou estéril e ela me disse que também não.

Depois que você nasceu, passou alguns dias e você andava estranha, mas nada exagerado. Kate começou a agir de um modo descontrolado, e teve também uma noite em que estávamos dormindo e ela tentou me morder, eu não entendi aquilo, mas tudo bem... Ela estava sonhando. Você apareceu no quarto, e depois eu não me lembro... Ninguém consegue explicar isso, ninguém consegue explicar como foi que você nasceu. É isso que não entendo de maneira nenhuma, porque todos ficavam assustados? É normal pessoas terem filhos – contou a longa história.

Minha reação não foi imediata, não sabia como reagir diante de uma história que explicava muitas de minhas dúvidas de minha infância e adolescência. Sinceramente, acho que aquilo foi à maior coisa que ele já disse pra mim. A maior conversa. Para ver o quanto eu e John não temos contato. Ele agiu sinceramente comigo, eu não esperava que ele me dissesse a verdade tão rápida.

“Não foi um sonho” isso martelou comigo, me permitindo um sussurro de alívio.

– É uma história e tanto. Você devia ter me contado antes – concluí com minha voz áspera. Ele pareceu aliviado e mais a vontade comigo. Meu pai nunca foi de muito contato comigo, nem eu com ele.

Ele sorriu. – Mas porque você quis saber isso agora, assim do nada?

Eu e ela tivemos uma boa relação no passado, mas acabou – e abaixou à cabeça – ela será sempre a sua mãe, mas nunca mais será minha esposa.

Apenas balancei a cabeça, respondendo com um franzimento dos lábios.

– John! – era Kate o berrando lá de baixo. Ele fez cara de zombaria. – Falando na coisa...– Corre antes que ela venha até aqui e encha meus

ouvidos. Ele me olhou admirado, se levantou ajeitando sua

camisa de uniforme xerife e se foi.Kate é muito esperta... Ela ficou com medo do que podia

sair da nossa conversa agora. Kate me assusta. Sozinha, novamente voltei aos meus pensamentos sombrios e

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impacientes. “Joe sabe que sou uma Vampira” repeti comigo mesma. Encostei-me no criadinho perto de minha cama e tive a brilhante idéia de ir atrás dele e acabar com ele de uma vez por todas. Seria ele vivo, ou eu.

Coloquei minha blusa preta colada no corpo e minha calça jeans colada também. Fui farejando até onde ele estava, até que cheguei a uma quadra enorme de esportes e vazia. Estava chovendo, um dia horrível.

– Aparece logo Joe – gritei ao nada. Um trovão barulhento e aparente caiu sobre alguma

montanha próxima. Então, um sussurro surgiu atrás de mim. Eu pude perceber o calor da voz invisível. Rapidamente me virei para ver quem era. Não era ninguém que eu podia ver, não exatamente. Cada segundo o ruído era de um lado, minha cabeça e corpo se moviam de acordo com o baque da esquerda para a direita, direita, esquerda e vice versa.

– Quem está aí? – perguntei ao nada novamente. Eu sentia que era Joe pelo cheiro doce de seu sangue. Obruscalmente, um som mandando eu me calar se iniciou. Eu querendo evitar qualquer tipo de atrito, me transformei o mais rápido possível. Todo aquele processo demoníaco. Olhos pretos, presas aparentes, cabelo se tornando mechas onduladas nas pontas, unhas se enchendo de sangue de forma que parecia um esmalte da cor preto, veias estufadas e dores insuportáveis dentro de cada parte de mim.

– O que você quer? – eu perguntei novamente ao ser invisível. Aquele ser estranho não respondeu. Eu fiquei ali transformada e sedenta, com todas as presas de fora e com o olhar maligno. Aquele ser se aproximou mais de mim e eu pude sentir que aquilo possuía braços fortes que com toda certeza não eram braços humanos.

– É melhor não me atacar – uma pausa para me prender a ele.

– Você está em menor condição agora, cala a boca e me escute.

Joe então apareceu, deixando-me mais confusa ainda e com uma pitada de medo. O farejei e pude sentir o quão bom o sangue dele era. Afastada dele, passei minhas mãos em volta de meu cabelo.

– Ninguém vai saber do seu segredo. Ninguém vai saber que você é uma Vampira.

Joe fez uma pausa. – Contanto que você...

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Eu soltei um riso zombador com certeza de que ele iria querer algo em troca.

– Contanto que você não me mate, ou tente matar alguém que eu conheço... Sei que você não faria isso, mas não se pode confiar plenamente em um vampiro, então... Eu te peço que você não destrua ninguém, entende? – ordenou.

Meu sangue subiu a todas as veias possíveis de meu corpo.

“Afinal, o que você faz aqui? Como me achou?” rebati todos esses pensamentos em minha mente doida. Não me interessava o que ele era ou deixava de ser, eu só queria ter certeza que tipo de humano era ele.

– Como sabe?– Isso não importa para você – Joe disse sufocado com os

meus braços o envolvendo e prendendo seu pescoço deixando-o completamente sem ar, aliás.

– Você não podia ter descoberto isso – afirmei à para ver qual seria sua reação.

Só que ele ficou normal, sem reação alguma. – Só não demore muito – ele murmurou dando um mini

vexame. Meus dedos estavam cravados em seu cabelo. Eu logo o joguei para o lado, soltando-o.

– Não tem graça nenhuma matar você, água de salsicha – eu disse e me virei com o olhar vampiresco para ele.

Já estava tarde, olhei no telefone e havia quinze chamadas perdidas de Sarah.

“Como Sarah é Exagerada” Kate chegou dizendo. – Como você sabe que ela me ligou? Você andou

mexendo no meu telefone? – perguntei com impaciência. Ela fez uma cara óbvia e envergonhada. “Quando vai aprender a não se intrometer na minha

vida?” Pensei. – Você está com raiva de mim, eu vejo o seu coração.

Desculpe – disse meio decepcionada. Fiquei com um grande peso na consciência de ter falado

com ela daquele jeito. – Mas que droga, eu não consigo me acostumar com

você, Kate. Eu não gosto que você leia meu coração, não faça mais isso.

– Tudo bem – ela murmurou e saiu, me deixando sozinha.

No meu pequeno quarto, abri minha gaveta da escrivaninha e lá havia um livro, então tentei ler o nome do

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livro em voz alta. “Drácula e seus segredos” era o nome do livro. O livro era grosso, com bastantes páginas, não sabia se aquele livro era mito ou baseado em uma história real. “Mas quem sou eu para julgar o que é mito ou história real?”. Joguei de má vontade o livro em cima da escrivaninha e encostei-me à parede perto do banheiro.

Mais um dia começou, preparei minhas coisas e já estava com a roupa pronta, uma blusa preta uma jaqueta e calça jeans colada. Desci para atacar algo suculento pra comer, encontrei apenas John.

– Onde está Kate?John manteve a frieza de sempre. – Ela veio com um papo estranho que não se sentia bem

morando aqui e que queria se mudar logo, então hoje de manhã ela foi embora e levou tudo que é dela. Ela não se despediu de você? – perguntou.

– Como assim? Ela não se despediu e nem me avisou nada.

– Que estranho... Ela te deixou um bilhete colado na geladeira eu acho – John disse.

Corri para a geladeira com minha plena velocidade e lá estava o bilhete.

“Desculpe não ter me despedido de você. Você sabe que sou péssima pra isso. Afinal, você já tem dezessete anos e já não é mais uma adolescente. Seja forte. Ligue-me quando quiser. Beijos, Kate”

Quando terminei de ler aquele bilhete, abri um sorriso e fiquei cru. Ela não muda mesmo... Quando ela mencionou “Seja forte” ela queria dizer “Não coma a cidade inteira”

– Ela deve estar chateada com você, eu não sei o que aconteceu, mas eu conheço sua mãe de outros carnavais – John disse se aproximando de mim.

Encarei-o por alguns segundos e tentei não sair do controle.

– É... Deve ser. Bem, você vai ficar bem? – perguntei. – Que tolice, é claro que vou. Estava mais do que na

hora – e desviou o olhar. – Vamos ficar bem – eu disse e saí sem despedidas

calorosas. Chegando à escola, Sarah e Jennifer estavam juntas

conversando no canto de uma sala meio na penumbra, a sala era onde acontecia a aula de física. Sarah estava vestida com

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uma calça legue colada preta, uma blusa branca e com rendas rosa glam. O cabelo preso e um batom bem claro mais ou menos cor de boca. Sua expressão era bem animada, Sarah sempre andava empolgada e com um sorriso largo no rosto. Com aquele jeito espantado dela. Já Jennifer, com a mesma cara fechada e seu ódio profundo de mim. Vestida com uma blusa vermelha bem colada desenhando toda sua cintura e uma calça jeans branca desenhando completamente suas pernas e quadris, com o cabelo solto. No fundo, eu sabia por que Jennifer não gostava de mim, ela tinha medo de que Sarah gostasse mais de mim que dela. Eu sabia o quão importante Sarah era para ela, e eu não estava nem um pouco interessada em atrapalhar a vida de ninguém, ainda mais dela.

– Olha só quem chegou... Pude ouvir a voz escandalosa de Thomas em direção a

mim. Fiz uma cara boa e abri um sorriso curto e amarelo. Ele logo me puxou para um abraço-de-hiena. Senti-me completamente desconfortável com aquele cheiro maravilhoso que ele tinha, seu sangue era ralo e quase rosa. Um sangue delicioso também, apesar de não ser o meu preferido. Eu possuía o quádruplo de sua força, velocidade e desejo. Eu percebera segundas intenções de Thomas em relação a mim. Mas eu o entendera, ele era homem e bastante mulherengo. Daniel apareceu perto de mim abraçado com Jade, sua namorada inseparável. Em algo eu concordava plenamente com Thomas. Daniel e Jade eram muito grudados, um tanto ridículos e hilários. Mas se eles se sentiam bem, é o que vale.

– Você está muito bonita hoje, Alice – Sarah me elogiou. Fiquei completamente corada, não sabia onde enfiava

minha cara. Ouvir elogios era como uma estaca vinda diretamente em meu coração.

– Você penteou os cabelos hoje, Jennifer? – Thomas perguntou a ela, zombando, mas o cabelo dela estava impecável. Eu percebi que ele só dizia por que sabia o quanto ela fica irritada. Ela ficava muito irritada mesmo com ele e ele adorava aquilo, era a maior diversão para ele. Só ela não percebia.

– O que tem de errado com o meu cabelo, idiota? – ela retrucou, revirando os olhos.

Thomas então armou uma cara completamente pervertida, piscou e mandou um beijo sexy e muito engraçado para ela. Jennifer ficou constrangida, revirou os olhos e

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mostrou sua língua. Eu não consegui conter e sorri com todos ali presente. Por um momento, eu me senti humana de novo.

– Eu te contei do aluno novo que todos estão dizendo que é maravilhoso? – Sarah me cutucou, perguntando.

– Não, ninguém me falou nada sobre isso. Quem é ele? – perguntei desinteressada.

– Ele veio fazer sua matrícula hoje mais cedo. Mas meu amigo disse que ele é super estranho e esquisito – muito sério – corrigiu Daniel.

– Legal – bufei, não achando aquela conversa interessante.

– Porque você não marca território, Sarah? – sugeri. Ela, no entanto, ficou um pouco sem jeito, me fazendo

perceber o modo que ela levantava a sobrancelha direita em momentos tensos.

– Como assim, marcar território? – ela perguntou. – Se apresentar pra ele, muitas garotas vão tentar, já

que vocês estão dizendo que ele é “bonitão, lindo, maravilhoso, delicioso”

Pausa de vinte e seis segundos, acompanhado de muitas gargalhadas por todos.

– O quê? – perguntei corada. – Ninguém aqui falou que ele é bonitão, lindo,

maravilhoso, delicioso... – Jade zoou. Jennifer não disse uma palavra. Eu mantinha o máximo

que eu puder a distância de todos eles. Cada segundo mais perto, era mais chances de mortes. Eu me sentava sempre em cadeiras mais afastadas, não era calorosa e não me aproximava demais deles. Já Sarah, possuía um sangue nada agradável e desejável. Então, eu me sentia mais a vontade perto dela. Mesmo assim, eu não me aproximava muito, só para evitar. Joe estava encostado em um móvel encarando Daniel de uma forma tão esquisita, me deu uma sensação horrível, não era como se ele quisesse matá-lo, era como se ele quisesse Daniel, apenas.

Era aula de matemática. A pior de todas as aulas. Eu não prestava muita atenção, pois eu ainda teria muito tempo para aprender e reaprender. E me formar milhões e milhões de vezes, até inventarem algo novo que não seja Colégio. Teria que me mudar dali, com toda certeza. Será uma longa jornada de dezessete anos vários e vários séculos.

– Alice? – me cutucou de novo, Sarah. – Desculpe, mas o que você disse? – Perguntei, voltando

a estar com a cabeça ali.

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– Você é muito desligada.Apenas murmurei e não pronunciei nenhuma palavra. – Então, como eu estava dizendo... Eu gostaria muito

que você fosse dormir na minha casa hoje, poderíamos conversar e nos divertir – ela sugeriu.

Pensei bastante para responder. – Não acho que seja uma boa idéia. Eu percebi o quão sem jeito ela ficou. Então tentei

contornar a situação. – Desculpe, eu quis dizer que eu tenho que ligar para

minha mãe hoje, prometi.Sarah ficou normal, com seu jeito delicado. – Tudo bem, foi só uma sugestão. Esquece isso – e logo

mudou de assunto. – Você por acaso sabe por que Joe não apareceu hoje? –

ela perguntou. Logo fiquei mais gelada e tensa. – Não, eu não sei dele – respondi com frieza e

demonstrando minha tensão. – É que ele não costuma faltar, só achei estranho – ela

encerrou o assunto. Logo após nossa conversa sem sentido, já havia se

passando três aulas e já era intervalo. Eu, chegando à mesa onde todos estavam reunidos, fui pega de surpresa por alguém não desconhecido e aquele cheiro me parecia familiar. Virei-me velozmente e ativei meu auto-reflexo antes que ele pudesse dar qualquer movimento. Toda aquela gente a minha volta percebeu e ficaram chocados. Eu não soube o que fazer.

– Eu só estava querendo fazer uma brincadeira – Sussurrou Daniel.

– Não, está tudo bem. Fique calmo. Eu murmurei olhando a minha volta e saindo daquele

local o quão antes possível. Na saída do Colégio, pude ver Sarah encostada na parede e com uma cara nada boa. O tempo não ajudava, aquele lugar permanecia frio com clima de Alaska.

– Aconteceu alguma coisa, Sarah? – perguntei, virando a para mim.

Ela não disse nada por alguns instantes. – Você parece arrasada – rebati. Ela pensou para responder e logo me contou. – Joe foi suspenso por alguns meses. Ele foi transferido

para um Colégio em Londres – disse.

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Então, fiquei surpresa e por um lado, aliviada. No entanto, aquela história não me convenceu nem um pouco, eu sabia que Joe sumiria por alguns meses, mas ele voltará. Eu estava preocupada com ele, eu não sei... Mas algo me ligava extremamente a ele, era um laço de carinho, amizade, até mesmo familiar.

Eu sei que ele volta. – Ele vai voltar, porque você está tão arrasada assim? Foi aí que me dei conta de que Sarah sentira algo por ele

desde sempre. Pedi a ela que não me explicasse nada e que eu já havia entendido tudo. Naquele instante eu me deixei levar e a abracei. Logo depois de nosso abraço, ela abriu um sorriso meigo.

– O que foi? – perguntei sem entender nada. – Não é nada. É só que você nunca se aproxima, está

sempre longe e evitando a todos e de repente você me abraça, eu não esperava isso – e abriu um sorriso largo e bonito.

– Desculpe, é meu jeito – concluí. Ela logo abriu outro sorriso, dessa vez uma gargalhada

divertida.

Estava em frente de casa e decidi bater na porta, já que Kate não se encontrava mais.

– Pai, abre a porta – chamei por ele. – Eu preciso resolver uns assuntos de divórcio e não vou

ficar em casa, aqui a chave – John apareceu atrás de mim, com aquele jeitão seco dele.

– Ótimo, eu só vou comer e dormir. Acho que vou dormir por um pouco mais tempo, então eu te vejo amanhã – eu disse e entrei em casa.

Aquela casa era completamente silenciosa sem Kate. Kate se acostumou tanto a agir como humana que eu até considero-a uma. Quem me dera também ser assim como ela. No meu caso era diferente, nem eu mesma confiava em mim.

Entrando no meu quarto, pude ver o quão minha suíte estava suja e vazia. Eu não tomava banho, não era necessário. Aquele banheiro inútil era somente para garantir a qualquer visita que eu sou “humana”. Não era nada chato tomar banho, era até algo divertido para alguns Vampiros, não para mim. Entrando no banheiro me dei de cara com o espelho.

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– Droga, de novo isso – murmurei, vendo que meus olhos estavam mudando de cor para o preto e havia umas veias estufadas se formando em volta de minhas maçãs do rosto.

Velozmente peguei um copo de sangue e bebi-o todo. Não satisfeita, bebi mais um. E ainda por cima queria mais um.

Nossa. O que está havendo comigo? – Eu não consigo mais me controlar. Logo em seguida da minha reclamação, senti algo

estranho naquela casa, uma presença a mais. Eu logo fiz um esforço para farejar aquilo e velozmente zanzei pela casa na penumbra. “Devo estar enganada” Pensei então.

– Alice – John me chamou, no andar debaixo da casa. Desci as escadas o mais devagar possível, nada de velocidade por hoje.

– Sua mãe ligou perguntando por você, disse que está bem... Percebi que ela queria uma visita sua.

Revirei os olhos e fui em direção à porta de saída. – O canto de sua boca está sujo de sangue – ele se

assustou. Segurei-me para manter o controle novamente. – É eu me cortei com a soda – disse envergonhada e

tornei a me direcionar a porta. Fingi que não ouvi e fui embora.

Estávamos na aula de Inglês e os poucos alunos naquele lugar bastante frio e agradável estavam bem desanimados. Eu estava sentada no último lugar, afastada de tudo e de todos para a própria segurança deles. Um papel foi lançado a mim, eu o abri e li “Você não se olhou no espelho hoje?” o bilhete dizia. Pude farejar as digitais do bilhete, fora Jennifer quem escreveu.

Não respondi o bilhete, ela parecia uma criança. Pude ouvir umas gargalhadas da frente de alguns alunos e de Thomas. Jennifer era tão fácil de se irritar que chegava a ser hilário. Eu me divertia naquele Colégio com pessoas normais e humanas. E então foi o maldito momento em que dona Abigail anunciou algo completamente inesperado.

– Hoje teremos um aluno novo, ele não está acostumado com nosso jeito de ser, ele é mais tímido – dona Abigail anunciou.

– Entre aqui Nickolas – ela o chamou. Aquele cara alto, com um corpo bonito, cabelos

espalhados para cima e loiro. Aqueles olhos azuis profundos

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foram caminhando até a aula de Inglês. Por onde ele passava, todos ficaram hipnotizados com aquela presença que ele possuía. Portanto, eu engoli em seco, era Nickolas. Com uma expressão completamente desesperada e surpresa eu o fitei. Ele abriu um sorriso quando ouviu o que algumas garotas estavam sussurrando sobre ele, eu não consegui saber o quê. Mas, quando ele me olhou e notou a minha presença ali, sua expressão ficou pálida e sem rumo. Ele logo perdeu os sentidos e parou no meio do caminho, com aquele olhar vidrado em mim. Ficamos naquele encarar assustador e vidraste por alguns segundos. Os poucos ali presentes notaram o clima que estava havendo ali.

– Algum problema senhor Evans? – Dona Abigail perguntou.

– Estou querendo saber onde é o meu lugar – ele logo inventou a desculpa. Palavra alguma explicara o que eu senti naquele exato momento em vê-lo ali, eu desejava muito o seu sangue. Ele se sentou do lado de Jennifer, um lugar não muito longe de mim. Eu pude perceber o quão Jennifer gostara de Nickolas e o quão Thomas não. Eu não sabia o que sentir, eu só pensava em sumir dali, ele era como ímã e não me deixava confortável, eu não prestara nem um pouco atenção na aula. Acidentalmente nossos olhares se cruzaram de novo e desviamos na mesma velocidade. Antes de o sino tocar, eu pude farejar o movimento do ponteiro para o término daquela aula que parecia ser eterna. Saí em disparada, não usando minha velocidade anormal, mas caminhando normalmente. Entrei em outra sala de experiências químicas ficando onde meu faro não o encontrasse por perto.

– Quem é você? – o senhor perguntou. – Alice. – Alice Peters? – perguntou. – Jones – eu disse, olhando em volta com a expressão

tensa. – Você não faz parte dessa aula – O senhor disse ao

checar seu caderninho. – Eu sei, mas agora eu faço – concluí, me inscrevendo

naquela sala. O senhor concordou normalmente com a cabeça. Depois de cinqüenta minutos de aula, na qual não

prestei atenção em nenhuma palavra dita por ele, era hora do intervalo. Sarah me chamou para mostrar o tal aluno novo.

– Alice, você não vai acreditar. O aluno novo é maravilhoso, alto, cheiroso, loiro, olhos azuis e um sorriso

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daqueles. Você ainda acha que eu devo tentar? – ela perguntou toda animada.

– Faça o que achar melhor – murmurei de mau humor e me afastei daquele bando de sangue.

– Nossa. Você está sempre tão mal humorada. Suas mudanças de humor me deixa tão irritada – ela disse.

Não respondi e continuei caminhando com ela, para fora do Colégio. Onde toda aquela gente se reunia para conversar e não sei mais o quê. O tempo começou a se abrir e uns raios solares tocaram sobre minha pele.

– Eu estou com sede, eu já volto – eu disse, só para sair dali naquele dia com raios leves de sol.

– Esse sol está maravilhoso, vou ficar por aqui – ela respondeu de acordo com o esperado. Eu então me direcionei para algum lugar daquele Colégio e procurei por uma biblioteca, encontrei uma pequena sala na penumbra com uns raios brancos iluminando-a. Havia várias estantes e livros de todas as categorias. Entrei em um corredor confortável e com algumas estantes ao redor, procurando por um livro que fosse continuação do que eu havia lido “Drácula e seus segredos, parte dois”

– É esse livro aqui? – ele me mostrou, tocando em minha cintura de costas de surpresa. Meu auto-reflexo se ativou e eu segurei seu braço direito antes de qualquer ação.

– O que é que você está fazendo aqui? – perguntei irritada com ele.

Eu então me tornei mais arrogante que o normal. – Escute, eu só quero esclarecer uma coisa. Eu não

imaginava que você estava estudando aqui nesse Colégio. Essa cidade é estranha e fria. Então, essa escola foi a mais reservada e longe de pessoas afobadas, é por isso que eu estou aqui – Nickolas explicou.

Eu me afastei dele, dando as costas e procurando algum outro livro só para não ter que olhá-lo.

– Você não vai falar nada? – ele perguntou, meio sem jeito.

– Não – eu encerrei o assunto. Nickolas abriu um sorriso e me escorou a uma estante. – O que foi que você está rindo? – perguntei. Ele não respondeu de imediato, me fitou por mais alguns

segundos. – Você age como se eu fosse o Vampiro – ele disse. Olhei com cara feia para ele.

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– Não, eu ajo com a razão. Você possui sangue de humano, isso é péssimo. Eu considero você um humano idiota, e é melhor você sair de perto de mim, eu não sou confiável – disse com um tom de frieza.

– Você não me assusta. Se for essa sua intenção, vai ter que se esforçar mais – ele rebateu, me prendendo de novo.

Eu sumi velozmente até a outra coluna com meu instinto vampiresco.

– Pare de fugir de mim – ele pediu, aparecendo do meu lado com tal rapidez irritante

– você me irrita – bufei comigo mesma, ajeitando as madeixas que se arrepiavam na presença dele. Sim, minhas madeixas arrepiavam-se perto dele.

– Como está sendo tudo isso? – perguntou num tom observador.

O que ele quis dizer com aquela pergunta? – Como assim? Ele ficou normal e se manteve afastado de mim,

tornando as coisas melhores. Quer dizer, não melhores. E sim, mais fáceis.

– Essa coisa de conviver com quem você deseja matar a cada segundo... – sussurrou.

Fiquei fria e preocupada ainda olhando para aqueles olhos azuis.

“Ele tem razão” rebati aos meus pensamentos. Então, ele deu a volta por trás das estantes e juntou-se a

mim. – Não é algo muito agradável. Imagine só, você não

come há semanas e então, vê alguém devorando um chocolate bem na sua frente... – sugeri tentando explicar de um modo mais humano.

– Alice, pode falar normalmente – ele murmurou, já revirando os olhos.

– Você entendeu o que eu quis dizer.Ele riu.– O que você sente agora? – Nickolas pegou minhas

mãos e as envolveu ao seu rosto nos aproximando muito. Naquele instante eu me senti a um passe de lhe atacar com minhas presas enormes. Infelizmente, foi exatamente assim que me senti.

– Eu sinto que você não gostaria de perder seu pescoço. Ele ficou sério, acho que ele percebeu que meu tom foi

sincero e perigoso.

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– Você costumava ser mais comunicativa e educada. Tudo bem, eu vou te deixar em paz. Não pretendo conflitos com você, vampiralha.

Ficamos somente eu e os livros juntos, sozinhos sem Nickolas por perto. Já que ele fez a triste questão de desaparecer mesmo.

– Deixe-me ver qual livro eu vou querer ler – murmurei sozinha.

Nickolas de algum modo me deixava nervosa e tensa. Era como se ele conseguisse me controlar ou algo do tipo, isso que tornava nossa convivência mais complicada. Odeio pessoas que tentam controlar os outros.

– Achei você – Jade disse, brincando comigo e me dando um quase susto. Se não fosse por minha sensibilidade vampiresca de sentir as presenças humanas antes mesmo que elas chegassem. Foi mais ou menos o que fiz. Eu sabia que jade iria chegar ali, quando senti seu cheiro da porta da escada subindo até aqui. Eu não queria que ela me visse com o esquisitão, bonitão do Nickolas. Ela iria contar pra Sarah, eu sei que iria.

– Você estava me procurando? – perguntei fingindo estar surpresa.

– Mais ou menos – ela murmurou. – Acontece que Jennifer não gosta muito de você, eu

acho que você já percebeu, né? – perguntou. – Sim, eu sei que ela não gosta de mim – respondi. – E você sabe o motivo?A conversa se tornou mais séria e interessante. – Bem, eu não faço idéia, Jade. Qual é o motivo? –

perguntei fingindo de novo não saber o porquê do ódio chato de Jennifer por mim.

– Alice, Jennifer não gosta de você porque Thomas tem uma grande queda por você. E Jennifer por mais que ela mesma não perceba isso, ela gosta dele. Ele também gosta dela, mas nenhum dos dois admite – Jade concluiu sua afirmação que, aliás, estava repleta de razão.

– É, eu sei que ela gosta dele e ele dela. Mas o que eu não sabia é que Thomas tem uma queda por mim. Eu acho que ele se sente atraído por mim de alguma forma, mas isso é normal para caras como o Thomas. Eu mantenho o máximo de distância dele, eu e ele não temos nada, eu juro – confessei.

– Eu sei disso. Você está sempre longe de todo mundo, sempre longe de tudo. Mas o problema não é esse, é que

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Jennifer não anda falando muito comigo, porque eu defendi você em uma conversa que tivemos. Agora ela está bem próxima de Sarah e eu me sinto culpada. O que você acha que eu devo fazer? – Jade perguntou, caminhando de um lado para o outro, bastante pensativa.

– Desculpe, mas você não deve fazer nada, em minha opinião. Você só disse o que pensa, ora essa. Se ela discorda de você, que pelo menos respeite. Se ela for sua amiga de verdade, ela vai falar com você e vocês irão se entender. Não é assim que funciona essa coisa de amizade? Então, se é assim que todos dizem ser, é porque é – eu expliquei, agindo como uma pessoa normal e humana. Depois de dizer o que disse até dei um bufo de surpresa comigo mesma. Eu estava convivendo tanto com eles, que estava até me parecendo com eles!

Jade ascentiu com um sorriso preocupado.

Já era noite, eu estava sentada em cima de minha cama, que por sinal, estava perfeitamente confortável. A janela do meu quarto dava para enxergar tudo, era uma janela grande e de vidro, com uma cortina bege. Lembrei-me de ligar para Kate, quando liguei estava ocupado e não tentei ligar novamente.

“Toc, Toc” – Entra pai – eu disse, esquecendo-me do fato de que

quando uma pessoa bate na porta você deve perguntar “quem é?” e não chamar a pessoa pelo nome como se já soubesse.

John estava mais largado, com um traje solto. Uma blusa xadrez azul e uma calça jeans azul desbotada.

– como sabia que era eu? Vim ver se você está bem – ele murmurou sem jeito.

Eu não consegui conter e dei uma gargalhada. – O que foi? – ele perguntou ainda sem jeito. – Desculpe. É que esse seu esforço todo para conversar

comigo é muito engraçado. Prometo que não sorrio mais – eu disse.

– Eu não levo jeito mesmo para isso, né? – ele sorriu também, se entregando.

Era ótimo o ver sorrir, era a forma que ele saía daquele corpo machão que ele possuía. Ele pausou e ficou bastante sério. Ele lentamente se aproximou de mim, sua velocidade era completamente diferente da minha.

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– Nem sempre é legal ser um xerife. Eu sou completamente contra qualquer espécie que não seja humana, então eu tento não agir como um monstro quando vou procurar por eles. Pois é isso que pareço ser para você, não é? – John fez uma cara de pena quando terminou de falar.

Meus olhos se espantaram de alívio. – É ótimo saber que não sou a única que pensa assim –

admiti. Eu pude ver o quão surpreso e contente ele ficou. – Se ficar com fome, é só ir à geladeira. Comprei umas

pizzas e refrigerantes. Eu consegui umas reservas caso você tenha algum ataque guloso – John zombara de mim e saiu rapidamente do quarto.

Seria tão fácil se ele soubesse... De algum modo, ele iria aceitar. Eu sei que ia.

Senti um cheiro familiar por perto de meu quarto, fui ver na janela, passo a passo e me aparece outra surpresa ao longo daquele dia agitado. Nickolas estava encostado a uma árvore me olhando, era como se ele soubesse que eu iria aparecer ali naquele exato momento. Ele estava com um traje bonito. Uma blusa branca de malha fina e calça jeans normal. Não disse uma palavra e encostei minha cabeça no vidro da janela, fitando-o por alguns segundos. Ele ficou encostado na árvore por um tempo, me olhando como se eu fosse aquilo que ele mais desejava desde que se mudou para cá. Depois de todo aquele encarar, Nickolas caminhou para trás da árvore e sumiu.

Porque ele estava ali? O que ele queria?Porque tinha que aparecer na minha vida? Porque ele

era um sujeito tão estranho?

– Eu acho melhor você escolher o vestido azul, Jade – sugeri enquanto estávamos conversando caminhando no Colégio.

– Sabe Alice, eu tenho muito vergonha de te contar algo que preciso desabafar com alguém antes que eu exploda – Jade murmurou.

Na minha mente eu pensei algo hilário. Era mais fácil eu atacá-la e matá-la do que ela explodir – logo que concluí meu pensamento pervertido – Imaginei o quanto nervosa e aflita ela estava havia dias.

Jennifer não estava mais dando as atenções de uma amiga de verdade a ela.

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– Eu não garanto que vou saber te ajudar, mas é melhor falar que guardar tudo sozinha. Só para você saber, sou péssima com conselhos. Sempre falo algo que você não gostaria de ouvir – sussurrei.

Ela logo se animou, estávamos virando a um corredor do Colégio.

– Sabe o Daniel? – ela perguntou com aquela voz delicada e nerd que ela possuía.

– O que tem ele? Ela deu uma gaguejada rápida e tomou fôlego para

dizer. – bem, é que ele e eu namoramos há mais de um ano

e... – ela parou de falar querendo que eu adivinhasse o que ela estava querendo dizer.

– E...? – Nós ainda não transamos. Ela disse, fechando os olhos. Mantive minha expressão

normal e calma.Eu estava com vontade de deitar no chão e abrir uma

gargalhada. Mas não, eu tinha que agir normalmente e tentar entender o sofrimento dela.

– Isso é normal. Você considera isso um problema? – perguntei.

– Sabe, Daniel é muito romântico e tudo mais, mas ele não possui pegada alguma e isso faz falta até para uma nerd como eu, você entende... Não entende? – ela piscou lentamente, não me olhando diretamente nos olhos.

Abri um sorriso automático e me afastei dela. Jade fez um movimento para arrumar seu cabelo e pude sentir seu cheiro, logo minha expressão já foi alterada.

– Alice? Você está bem? – ela perguntou, tentando me virar para ver meu rosto. Fiz toda força do mundo, fechei minhas narinas para que seu cheiro não chegasse ao meu desejo profundo.

– Está tudo bem – eu disse. – Porque você não tenta, faz alguma coisa diferente. Se

ele é tímido, um de vocês tem que ter atitude e talvez esse alguém seja você.

– É isso que você realmente acha que eu devo fazer? – ela perguntou baixinho.

– Exatamente. Eu respondi ainda disfarçando todo meu desejo, jade era

insegura.

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– Alice, obrigada. Eu não imaginava o quanto você é legal – ela me deu um abraço inesperado, me deixando completamente desconfortável. Eu então não retribuí seu abraço, quero dizer, não ativei meu auto-reflexo, mas a empurrei devagarzinho.

– Precisando de mim, posso tentar – eu disse, saindo de perto dela sem me despedir.

Então, a uma sala que eu havia chegado, estava um grande cartaz na porta, com muitas coisas escritas. A sala estava vazia e na penumbra. O cartaz dizia algo grande e completo.

“Olá, você estudante do ensino médio. O Colégio estará realizando uma festa de despedida aos nossos queridos e antigos alunos. Aos novos alunos que sejam bem vindos e se sintam plenamente em casa. Todos os direitos desse baile serão reservados. O baile de despedida irá acontecer no final do mês. No dia vinte e cinco. Os demais alunos deverão vir com trajes adequados e não indecente. Não iremos aceitar alunos que estão com pendências e alunos com alguma nota baixa. A direção do Colégio informa que estão havendo alguns problemas desconhecidos em nossa cidade, peçamos desculpa pelo adiamento do baile e contamos com a presença de todos vocês”

“Tanta coisa para eu me preocupar e ainda vou ter tempo para baile?” Pensei comigo mesma em um tom mal-humorado vampiresco. Parei onde eu estava e minha audição vampiresca se ativou, ouvindo o que estavam conversando na saída do Colégio. Eles estavam falando sobre uma competição que iria acontecer entre eles. Um assunto nada importante.

O mistério – narração em terceira pessoa

Clima continuara frio, toda aquela neblina gelada e embaçada. Os olhos de Megan se mantinham vidrados ao redor do quarto de Alice. Megan estava com seu

braço direito, que possuía desvio de caráter. Ele estava entre o bem e o mal o tempo todo desde que conhecera Megan. Leon é apaixonado por ela, com todo seu jeito sedutor e extremamente arrogante ao mesmo tempo. Megan sabia manipulá-lo perfeitamente. Megan era alta, bastante magra e

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com os cabelos lisos em cima e encaracolados nas pontas da cor ruiva e olhos cor de mel, com uma boca grande e pele pálida. Já Leon era careca com um pouco de cabelo claro, seus olhos verdes e sua pele clara, seu corpo bem definido e beleza nativa.

Megan é Futurícx. Leon é Forçalittler. – Abra as gavetas dela – a voz dela ordenou. – Porque eu faria isso? Megan revirou os olhos de mau-humor e logo abriu com

brutalidade a primeira gaveta da escrivaninha de Alice. – Essa vampirinha maldita tem que sumir do mapa o

mais breve possível – bufou ela. – Não acho que seja uma boa mexer nas coisas dessa

garota. O pai dela pode aparecer por aqui a qualquer momento.

Leon murmurou. – É eu sei quem é ele – ela respondeu com sua voz no

estilo grave com uma pitada de rouquidão. – Se ele nos pega aqui, vai tentar nos matar. Aquele cara

é um xerife, dos bons. Dos bons não, o melhor – ele sussurrou, se aproximando dela, cheirando seus cabelos, se perdendo em sua pele gelada e oca. Megan continuara procurando algo ali naquele lugar, ela por sua vez, se aproximou bastante da cama.

– Isso é tão cafona.Leon logo se aproximou também. Leon não respondeu, só balançou a cabeça

positivamente. O rosto de Megan logo se encheu de desejo com o prazer de conseguir um fio de cabelo de Alice escondido dentro da cama.

– Até que enfim algo útil – ela sussurrou ao ouvido dele. – Você acha que isso é suficiente? – Leon perguntou. As nuvens se juntaram e formaram mais um dia nublado. – Era algo do tipo que eu precisava. A cada palavra dita por ela, mais Leon se tornara

conformado. Megan estava com um traje diferente e seu cabelo solto fazendo o caimento de seu belo e malvado rosto. Megan caminhou lentamente pelo quarto, dando passo por passo na maior lentidão possível.

– Você gosta dessa garota? – Leon inocentemente perguntou.

Megan bufou zombando da grande ingenuidade dele. Megan humilhava e zombava dele diversas vezes, mas Megan

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sempre sentiu algo por ele. Só que nem mesmo ela soubera realmente disso. Ele mexia com ela, sendo completamente o oposto dela. Leon era um cara talvez do bem. Dividido entre o bem e o mal sempre por um motivo – ela.

O que ninguém nunca soube é que Megan perdeu seus pais em uma guerra entre as três espécies e ela nunca soube se conformar com isso. Logo, Megan só amou de verdade seus pais e depois que os perdeu, só pensava em vingança. Principalmente vingança com os seres de outra espécie, que foram os responsáveis pela morte de seu pai, quem ela mais amava. Megan já viveu com parte da família de Alice. O que ninguém suspeita, é que ela só conviveu com eles por plena vingança, ela pretende acabar aos poucos com todos os guardiões. No entanto, ela sabe que Alice está prestes a se envolver com o filho dos seres de outra espécie que mataram seus pais. Megan nunca entendeu que aquilo foi uma guerra, na qual o lema era "Matar ou morrer" nada disso importava, nenhuma explicação traria seus pais de volta. É só isso que se passava em sua mente vingativa e rancorosa.

Megan se encostou a uma cômoda do quarto, dizendo o quão se sentia vitoriosa por estar sobre poder e acabar com todos eles o mais devagar que ela conseguir.

– Quanto mais devagar, mais sofrimento para eles, eu vou fazer eles se sentirem como eu me senti – ela murmurou. Leon balançou a cabeça negativamente, não concordando com aquela frase vingativa que ela dissera. Ele se levantou e foi em direção a ela, tocando seu cabelo e olhando diretamente em seus olhos.

– No fundo, você não é essa Megan que demonstra ser – ele hesitou.

A máscara dela por um instante caiu, deixando o olhar inseguro à mostra ali, só para ele. – Você não sabe de nada – disse ela, desviando o olhar. Leon sabia como lidar com ela, ele sabia fazer a mascara dela cair por alguns instantes.

– Você sabe do que eu estou falando, eu não preciso te provar o que você já sabe – ele então encerrou, pegando seu dedo polegar e tocando o queixo dela, aproximando seu rosto com intenção de beijá-la.

– Não toque em mim, verme – ela alterou seu tom de voz, saindo velozmente de perto dele. Leon ficou sério, mas manteve a esperança de um dia tocar os lábios dela como em uma única vez, quando eles estavam conversando sobre o passado dela, o dia em que Megan contou a verdade. Ela, por sua vez, ficou sem jeito, mas hipnotizada pelo caráter de Leon

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foi então que ela se sentiu conectada com ele, entrelaçada em cada veia de seu corpo. Ela sussurrou:

– Você é um cara legal, pena que minha meta de vingança não deve envolver você.

E, no entanto, Leon não resistiu a ver naquele estado e um beijo entre eles aconteceu. Foi um beijo rápido e imprevisível, aquele beijo proibido que não possa de forma alguma acontecer, mas quando um sentimento diferente de todos os outros, mais forte que tudo na mesma sintonia entre duas pessoas simplesmente acontece. – desculpe, eu não sei por que tentei te beijar. Eu não sinto nada por você. Na verdade a única coisa que sinto por você agora é pura pena. Pena da sua fútil vingança, pena desse sentimento que não acabou há tanto tempo. É melhor eu sumir da sua vida, Megan – Leon, pela primeira vez falou daquela maneira com ela. Megan ficou extremamente surpresa, demonstrando todo o seu medo de perdê-lo com seu jeito fatal.

– Se você sumir da minha vida eu mato você – ela murmurou. Logo em seguida, ela o deu um selinho carinhoso e venenoso.

– Você consegue me manipular, que droga – Leon confessou, voltando atrás em sua decisão impulsiva, querendo dizer que ele mesmo se deixava manipular.

– Eu gosto de você, verme – ela disse, puxando-o e lascando um super beijo nele.

Ela fez um movimento rápido e vampiresco com as mãos, envolvendo-o e suas mãos se cravaram no rosto dele de modo que as mãos dele se encaixassem na cintura de Megan. E foi aquele beijo selvagem, ela movimentara seu rosto e língua para lá e para cá, com as mãos em movimento a todo instante. Eles se moviam o tempo todo. Ele a jogou na parede com o mesmo movimento vampiresco, lascando-lhe o beijo ainda mais profundo e selvagem com todo aquele ódio, amor, maldade e movimentos vampirescos envolvidos. Leon tomou o comando, deslizando suas mãos por todo o corpo de Megan, ela sorria de um jeito demoníaco enquanto o beijava. Ela tinha aquilo que desejava por muito tempo, ela tinha Leon na palma de suas mãos. Depois de tanto movimentos selvagens e vampirescos Megan mordeu o lábio superior dele e logo sorriu, com aquele olhar maligno que ela possuía.

Megan não podia fugir de si própria, na mente dela, ela nasceu com um único motivo: vingar a morte de seus pais e ela não poderia se apaixonar. O amor não estava em jogo, mas ela não pensava nisso, ela não pensava no amor eterno,

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ou coisa do tipo. Ela então envolveu ódio, vingança e amor em uma só coisa, sem saber os riscos que estava correndo.

– E agora me conta o que você pretende fazer com Alice? – Leon perguntou ainda abraçado com ela. Megan então se soltou dele velozmente e murmurou

– Você ainda não precisa saber disso. Posso te garantir que não é boa coisa, eu vou acabar aos poucos com a família maldita desse tal Nickolas. Primeiro eu preciso garantir que Alice terá algum envolvimento com ele, eu acho que talvez eles nem sejam amigos. Mas é sempre bom ter alguém que possui qualquer tipo de contato com ele – ela explicou, ainda longe de Leon.

Leon logo sugeriu, dando sua opinião sobre o pensamento dela.

– Então a lógica não seria você ir a casa desse tal Nickolas e fazer o que você quer ao invés de envolver essa garota que não tem nada a ver?

Leon logo murmurou, com toda a razão. Ela zombara novamente do que ele disse. Megan era uma Vampira e tanto. Possuía dois grandes dons e raros em um mesmo Vampiro. No entanto, ela possuía dois dons-chave o que realmente a torna rara. Megan possui o dom-chave de manipular mentes, ou se prefere dizer, seduzir somente humanos e outro dom-chave muito desejado por qualquer Vampiro, ela prevê futuro. Não é exatamente ver o futuro completo até o final de qualquer situação. Ela vê o que está perto de acontecer e o fecho da situação ela não consegue saber. Contudo, o que ela vê nem sempre é o que realmente está acontecendo no contexto todo.

– Eu posso prever o futuro, Leon. Você se esqueceu disso? – Ela perguntou, ainda zombando.

– Bem, eu tinha me esquecido disso. Você quase nunca me conta nada.

Megan somente bufou e continuou a saborear o quarto inteiro, observando cada detalhe, cada segundo daquele lugar raro. Leon completamente preocupado, pergunta novamente

– Você viu alguma coisa?Megan não respondeu, fingiu não ter escutado. Ela abrira

outro sorriso maligno largo e se sentiu vitoriosa, mas ninguém soubera tão cedo o que Megan estava prestes a fazer.

Desejos incontroláveis

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Eu ouvi falar que a maioria já está de pares formados. Ainda não sei quem convidar, você bem que podia me ajudar, cara – Thomas sugeriu,

pedindo ajuda de Daniel para achar alguém à festa de recém formados. Thomas tinha tanto em comum comigo. Seu jeito esquisitão de andar, o modo como olha para alguém que não gosta, o modo como não sabe mentir... Pena que era tão pervertido.

–Daniel pigarreou, apertando as pálpebras lentamente.

Senti que Daniel não estava muito presente com sua mente ali, só não sei explicar o que estava havendo com ele.

– É. Eu vou te ajudar Thomas – murmurou meio frio. Thomas abriu as mãos e verificou se estavam duras e

logo lascou uma bofetada barulhenta na cara dele, abrindo um sorriso largo, caindo na gargalhada.

Daniel resmungou com uma cara extremamente furiosa, perdendo a paciência.

– Você vai com sua namoradinha, certo? – Thomas tornou a provocar.

Daniel estava vestido num traje normal, mas não tão estiloso e vaidoso como ele sempre fez questão de chegar ao colégio. Não era extravagante, apenas diferente. Eu pude perceber que Jade estava se aproximando daquele local.

E pude também, sentir o cheiro de seu sangue doce e ralo.

– Eu acho que sim – ela se intrometeu na conversa dizendo com seu tom de voz fino e bastante suave. Daniel não ficou confortável com aquela situação pela sua expressão de raiva, tédio ou até mesmo cansaço. Então, minha atenção e audição vampiresca pararam, sendo interrompida por Nickolas que estava do outro lado, conversando com uma garota. Minha superaudição focou ali, onde ele estava.

Mas aí Nickolas percebeu que eu estava o olhando e murmurou à garota que estava conversando com ele:

– Foi bom te ver, eu tenho que resolver um assunto agora – ele se despediu dela e ficou parado por alguns segundos apenas me olhando sério, com um olhar nada normal.

Talvez ele percebesse que eu estava ouvindo a conversa entre eles. Nickolas raramente agia como um cara normal, eu às vezes até me esquecia desse importante detalhe.

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Ele sumiu, aí nesse momento pensei em procurá-lo, mas não havia o que conversar, não havia por quê. Na verdade havia, mas eu não queria saber disso, eu devia era evitá-lo.

– Não é legal ouvir conversa dos outros... Nickolas sussurrou em meus ouvidos aparecendo de

repente por trás de mim, causando em mim aquele calor infernal que dominava meu corpo gelado e morto.

Mal lembrava que ele tinha mania de sumir e aparecer em situações críticas.

Apenas bufei, não havia nenhuma desculpa a dar. Então eu me calei de novo.

– Você deve estar sedenta – ele me provocou. Olhei obruscalmente séria para ele e saí de perto, dando

as costas com a mente pegando fogo, pensando em coisas que ele não podia nem imaginar.

Ele segurou meu braço, me impedindo de sair e seus olhos ficaram ainda mais claros.

– Até quando pretende fugir de mim? Até quando vai conseguir me evitar? –perguntou, extremamente perto de meu rosto.

– Até você morrer – respondi de um jeito totalmente fora do controle.

Ele logo ficou ainda mais sério. – Isso vai demorar muito – ele concluiu. Eu me deixei levar, meus olhos escureceram. – Talvez sim, talvez não... Nunca se sabe...Ele se movimentou e me trouxe para bem perto dele

agarrando minha cintura com todo jeito irritante que me dava uma louca vontade de sugá-lo por inteiro só pra ele aprender que comigo não deve fazer essas piadinhas e tomar intimidade assim.

– Veremos.Ele encerrou e me soltou, fechando meus olhos

rapidamente e desaparecendo. Então é isso. Quando não quer mais ouvir, ele some. Grande caráter

ele tem, não? Mas que idiota. Ele fala e some, não deixa oportunidade de ouvir, que babaca. Uma mão me tocou, meu auto-reflexo ativou agarrando Sarah pelo braço até me dar conta de que era ela.

– Você anda malhando ou algo do tipo, Alice? – ela sorriu, soltando-se de mim. Apenas balancei a cabeça sem jeito e me deixei levar pelo jeito divertido dela, sentindo um

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breve alivio ao lembrar de que Sarah não se assusta com nada.

– Vai ter uma festa na casa de Jade. Você quer ir? – perguntou.

Eu entortei o canto da boca, apertando as pálpebras e pensei em qual desculpa daria.

– Não é uma boa idéia... – disse pensando no motivo de não ser boa idéia.

Ela ficou extremamente irritada, de cara feia e os braços cruzados apoiando-se a parede branca do corredor em que nossos armários ficavam. Mexendo no meu armário e guardando minhas coisas, vi que o armário de Sarah estava cheio de penas.

– Eu nem sei por que ainda te convido, eu sei que você não vai mesmo – ela me desafiou. Desafios sempre foi meu ponto mais fraco, eu sempre aceito qualquer tipo de desafio e quando sinto que alguém está me subestimando ou tomando decisões precipitadas de acordo com o que talvez eu fosse dizer, eu me sinto confrontada.

– Eu vou – concluí. Sarah se sentiu vitoriosa e abriu um sorriso largo, me

abraçando de novo, logo fechando a porta do seu armário e me impedindo de ver o que tinha lá dentro. Confesso que não fiquei muito surpresa e não consegui retribuir seu abraço, não se pode confiar em mim.

No meu quarto, mantive-me assustada e preocupada, ajeitando meu cabelo, com meu novo jeito vampiresca. John bateu na porta educadamente.

– Posso entrar? – ele perguntou com um som embaçado atrás da porta.

Rapidamente fechei o livro e o coloquei dentro da terceira gaveta da cômoda.

– Entra. – sua mãe pediu pra eu ver se você está precisando de

alguma coisa. Acho que não, né? – John perguntou com seu jeitão macho e desligado.

– Pronto, eu estou viva e ainda não matei a ninguém, pode avisar a ela. E não precisa fazer mais perguntas e fingir bancar o pai super preocupado...

John se assustou. Balancei a cabeça de modo que eu estivesse o

obedecendo. Percebendo que não tinha mais o que fazer ali, ele se entregou.

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– É... Um dia eu aprendo– ele fez uma careta e eu sorri automaticamente.

Eu não soubera o porquê, mas ver John envergonhado ou sem jeito era a coisa mais hilária do mundo.

– Continua lendo seu livro, eu já vou sair – concluiu. Espantada, eu só pude ficar calada e zombar de mim

mesma por esconder coisas dele. Antes de qualquer resmungo, ele saiu e fechou a porta.

Não consegui saber quem era, porque meu faro fora horrível desde que me transformara. Ouvi barulhos perto da porta e pensei ser John novamente, mas não. Quem se aproximava de meu quarto possuía sangue muito azedo, contrário de John que possui um sangue ralo. Abri a porta e dei de cara com Sarah. Fiz uma cara de surpresa e a chamei para entrar. Só podia ser ela... Com aquele sangue horrível.

– Sarah? Como sabe que moro aqui?– Você me deu seu endereço, esqueceu?Apenas balancei a cabeça e sussurrara o quando

desligada eu fora. Ela ascentiu e fez cara de nada. – E então, são oito horas em ponto. Vamos? – ela

perguntou. Fiz cara de cúmulo. – Vamos onde?Sarah soltou um sorriso de costume. – Alice, esse seu jeito desligado já está me dando nos

nervos – ela murmurara. Eu ainda sem entender fiz um esforço. – A festa, Alice! – Era isso que eu dizer – eu disse, tentando disfarçar em

vão a minha tremenda cabeça desligada. Ela apenas sorriu revirando os olhos.

– Bem, como eu já te disse, é uma festa na casa de Jade – Ela disse, caminhando sobre meu quarto e observando-o completamente.

– Sarah, eu não sei se quero ir.Senti-me meio culpada por ser tão careta e quase

desistir do desafio que eu aceitei. – Você já deu sua palavra – ela disse, com cara feia. Ela foi me carregando até o banheiro. Que foi em vão,

porque fiquei enrolando lá dentro, pensando em nada. Não havia mais nada no que pensar, havia? – estava me olhando no espelho e gostava do que eu via.

– Já escolhi sua roupa – ela gritou.

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Saí do banheiro e fui ver a roupa que ela tinha me arrumado.

Era um vestido azul com detalhes pretos, era lindo... Mas, aquele vestido não era meu.

– Surpresa...Sarah não tinha jeito mesmo, ela disse sorrindo com sua

típica cara de pau. Ela já havia escolhido o vestido e tudo, eu fiquei abismada com a rapidez que ela tinha em resolver.

– É lindo – eu disse com expressão baixa. – Quem vai estar na festa? – perguntei. – Alguns amigos... – Sarah respondeu, mexendo no

vestido, desatenta. Meus olhos arregalaram e ficaram brilhantes. Pensei

milhões de vezes se devia mesmo ir. – Está esperando o que para me dar esse vestido, Sarah?

– eu pedi com educação, breve. Eu peguei o vestido e coloquei-o em mim, no banheiro.

– E aí? Ficou bom? – perguntei meio na dúvida, saindo de dentro do banheiro e aparecendo no meu quarto, vendo Sarah a minha espera e toda ansiosa. Sarah ficou radiantemente e até brincou dizendo que eu estava mais bonita que ela.

– Droga, agora eu não serei a mais bonita da festa. – Ficou bom então? – eu bufei não esperando um elogio

que eu estava bonita. Esperando que ela dissesse se o vestido ficou bom.

– Você está incrível – Sarah disse, arrumando meu cabelo.

– Obrigada – eu sussurrara, com uma pitada de arrependimento por começar a gostar tanto dela, a começar a ter uma amiga de verdade, que eu sentia plena vontade de matar como qualquer humano. Tudo bem, tirando o sangue que não me atraía muito vindo dela. Era o mesmo cheiro do sangue de Nickolas, aliás. Estranho...

– Você dizendo com essa meiguice? Você deve estar doente.

Ela zombou de mim. Fiz uma cara engraçada e ela retribuiu.

– Estamos atrasadas, vamos? – Sarah hesitou.Preparamo-nos para descer. Quando nós descemos, John

ficou me olhando com imensa vontade de cair na gargalhada. Eu até podia imaginar o que estava passando nos pensamentos dele. John nunca me via arrumando para ir a algum lugar, ainda mais uma festa.

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– Oi, senhor Jones. John riu, observando-nos com cara de deboche. – Baile fantasia? – perguntou. Sarah me olhou com cara de confusão, achando que

John estava dizendo que ela estava feia, gorda... Ou coisas do tipo que se passam na cabeça dela.

– Perdão? Olhei para Sarah, balançando a cabeça querendo dizer

que aquilo era o jeito dele. – Pai, sem piadas. – Não estou fazendo piada, que cisma. Pausa de quinze segundos enquanto Sarah está com

medo de John estar zoando com a cara dela. Eu olhei para ela e sorri amarelo tentando contornar a situação de insegurança dela. Olhei para John e revirei os olhos, nem dando tchau.

– Divirtam-se, noiva do chuck e mulher aranha – John continuou, enquanto nós estávamos já de saída com os pés na porta de entrada da casa.

– Só um segundo – pedi que Sarah fosse indo, enquanto eu fosse irritá-lo.

Então, dei meia volta e parei de cara feia na porta de casa, apenas encarando-o e revirando os olhos, para que ele parasse de rir com tanto cinismo. Ele não disse nada, aposto que estava esperando eu dar as costas para cair na gargalhada.

Lá fora estava um carro grande e branco. – Nossa... Que carro lindo – eu sussurrei maravilhada

com a beleza daquele tal carro branco prateado, com detalhes brilhantes.

– Talvez seu pai tenha razão, nós estamos parecendo personagens de desenho.

Empurrei-a de leve, bastante impaciente. – Sem essa, agora é hora de ir. Antes que eu desista

dessa festa. – É meu – Sarah disse, sem jeito. Balancei a cabeça três vezes e franzi o lábio inferior. – Sério? Espera. Vamos nele? – eu perguntei

entusiasmada. – Exatamente – Sarah brincou, levantando uma

sobrancelha. Quando entramos no carro, Sarah já logo ligou o som

todo colorido que o carro possuía. – Essa é minha música favorita – ela disse, apertando o

play.

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Eu pude ouvir o início em um solo bem no meu estilo favorito.

O Rock. Sarah começou a se empolgar toda, me contagiando também. Não colocando aquelas musicas retardadas de Madonna já estaria perfeito.

“Boulevard of Broken Dreams” ela cantava balançando seu corpo com a música estilo rock pesado. Mais no estilo de rock punk que, aliás, eu sempre gostei.

– Eu amo Green Day. É minha banda favorita desde pequena, e a sua? – Sarah perguntou-me, ainda dançando. Pensei pra responder, não gostando do clima fechado daquele carro. Muitas coisas se passavam em minha mente além da musica e festa. Evitei fungar, evitei olhá-la o máximo possível.

– Não costumo ouvir muitas musicas, mas desde pequena ouço Lifehouse – mordi o canto da boca, tirando uma pele sensível que estava me incomodando.

– Bom gosto, eu também gosto – disse, enquanto olhava-se no espelho do carro passando batom vermelho.

Colocando o cinto de segurança me dei conta do quão ridículo aquilo foi. Pra que cinto de segurança agora?

Eu ri. – Do quê você está rindo? – ela perguntou, também

rindo. Não respondi e ela deu a partida com o carro.

O que eu não havia dito, é que eu costumava ouvir Lifehouse quando eu era apenas humana. Abaixei a cabeça e o clima ficou estranho, vendo Sarah se mexer tanto daquele jeito, eu podia sentir seu cheiro há quilômetros de distância. Olhei para janela do carro, tentando não sentir seu cheiro. Eu pude ver a casa de Jade.

– Chegamos – Sarah disse, levantando os dois braços. Eu murmurei pouco animada, já sentindo o maldito

cheiro de todos ali presentes. Quando entramos, todos estavam me olhando. Eu fiquei corada. – Sarah! Alice! – Eles fizeram o coro. Totalmente incomodada, eu sorri amarelo a todos eles. Thomas estava encostado dando em cima de uma

garota loira e magra. Daniel estava fugindo de uma garota esquisitona do colégio. Jennifer estava bêbada e comendo todos os doces que via em sua frente. Sarah sumiu pela pista de dança e me deixou plantada no meio de tantas presas.

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Tive a maldita sensação de ter Thomas vindo a minha direção e foi verdade. Thomas veio até mim com seu jeito inibido e metido de ser. Fechei os olhos, me mantive calma e fria.

– Olha só quem decidiu aparecer, a gostosinha – ele zombou, abrindo um sorriso sínico e ridículo. Ele sorriu de novo e eu mantive a ignorá-lo.

– Você está linda, ainda mais gostosa – disse. Por incrivelmente que parecera, eu não me transformei

imediatamente. Abaixei a cabeça, evitando o olhar. Contando os

segundos para minha paciência durar. – O que você quer? – eu perguntei, agindo de um modo

completamente arrogante. Tocou uma música eletrônica exatamente naquele

momento tenso. Todos estavam bem animados. Então Thomas se

aproximou, todo dengoso. – Vamos esquecer o mal entendido que tivemos e vamos

tentar conhecer o outro melhor, delícia. E então? – ele sugeriu, com um jeito realmente nojento.

Eu não havia nada a perder, já ele? Sua vida. O melhor a fazer era tentar esquecer e dar uma chance a ele, ignorar suas palhaçadas infantis. Tentar sermos amigos. Amigos não, colegas. Porque eu sabia exatamente do caráter nojento dele, mas não sei... Algo nele me dava à sensação de que eu podia me sentir como uma humana novamente. Só uma humana, uma humana comum e normal.

Ele abriu cara engraçada e me puxou pela cintura. – É só dançar, qual é... – sussurrou. – Dança comigo, Alice? Thomas me puxou e me rodeou. Meu auto-reflexo se ativou e me soltei rapidamente das

mãos dele. – Não... Obrigada – Eu sorri, fazendo um sinal engraçado,

disfarçando o que todos perceberam. Eu não consegui dançar com ele, eu sentia que aquela dança iria parar em um quarto de motel, eu e ele numa cama fazendo tudo aquilo que ele já está acostumado fazer. Mas, que pra mim é algo diferente e novo. Sim, sou virgem. Não é algo de que me envergonho. Se eu sou, é porque eu quis assim. Já tive tantas oportunidades, mas não. Sexo não é só prazer, é amor.

– E então, Alice. Como anda seu coração? – Thomas perguntou, gaguejando de leve e muito próximo a mim.

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Naquele maldito e fútil momento, a música mudou de rótulo. Tocou uma música romântica e chata, tornando minha relação com Thomas ainda mais difícil.

– Batendo – respondi, sorrindo amarelo. Thomas gargalhou pela milésima vez. Jennifer apareceu

oferecendo bebida, com um aspecto quase caindo de tão bêbada.

– Um para você... – Apontou a Thomas – e esse para você... Alice – ela disse com voz engraçada de bêbada. Jennifer ficava muito melhor como bêbada do que sã.

– Obrigada, Jennifer – eu agradeci e Thomas revirou os olhos, preocupado com ela.

– Você não acha que ela ta bebendo demais não? – perguntou, preocupado pra valer.

Fiquei parada olhando para ele, vendo pela primeira vez o amor em seus olhos. Sem perceber ou contar os segundos, fiquei o observando olhar para ela com cara de cuidado e com plena vontade de ajudá-la a parar de beber, ou quem sabe dar um puxão no cabelo dela e a dizer que a ama. Mas não, o orgulho dele era maior que todos esses sentimentos.

Ele percebeu que eu estava o olhando parada com cara de boba e riu.

– O quê? Resolveu se apaixonar por mim agora?Eu ri e não disse nada e continuei ali dançando com ele,

me sentindo humana.

Estava tudo normal, tudo bem até que eu decidir estragar tudo como sempre. Então, meu ritual demoníaco começou. Dera-me uma sede incontrolável, e meu alvo mais inofensivo era Thomas.

– Você está estranha... O que é isso nos seus olhos? – perguntou assustado.

– Não é nada, eu estou com dor de cabeça e um pouco de tontura. Eu já volto – eu disse, fazendo um gesto de medo e dando o fora dali. Thomas não conformado quis ver meus olhos. Levou-me até a porta, não parava de perguntar e fazer escândalo.

– Tudo bem, avise a Sarah que amanhã nos vemos no Colégio – pedi a ele.

– Ok, é melhor você ir rápido para sua casa, você não parece muito bem... – ele mudara completamente, ficando enojado e amedrontado. Realmente parecia que ele não queria apenas minha amizade, queria minha atenção.

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Cheguei a minha casa em dois segundos. John estava na cozinha comendo.

– Chegou cedo. Não ficou nem quarenta minutos na festa... O que ta pegando? As pessoas saíram correndo ao ver suas fantasias? – zombou.

– Tive um imprevisto – e fiz uma cara suspeita. John logo sacou o que aconteceu, de pé ele deu alguns

passos para a direita. Ele sorriu de lado, perguntando e afirmando ao mesmo tempo várias coisas apenas com o olhar.

– É, sabe como é. Sou uma boa filha e voltei mais cedo – me gabei por alguns segundos, tentando ainda ser normal e legal ao invés de piorar e causar suspeitas nele.

– É eu sei – John retribuiu o sarcasmo, com uma expressão vazia e cansada.

Como se o dia não saísse como planejara. Deixei a carne sem mais nenhum sangue de lado e me sentei sem necessidade – mas apenas de costume.

– E como foi à rápida-festa? – ele perguntou forçando preocupação.

– Foi legal – eu disse emburrada, com meu péssimo jeito de mentir.

Eu me levantei, ajeitei meu cabelo velozmente e alinhei meu corpo, para que ficassem todas as peles secas, geladas e duras no lugar.

– Estou com sono, acho que é melhor eu ir dormir, precisa de mim pra algo?

Ele ficou sorrindo consigo mesmo. Foi como se eu tivesse feito algo muito engraçado.

– O que foi? Você nunca dormiu não? – retruquei, sabendo da resposta.

John balançou a cabeça três vezes positivamente e franziu o lábio inferior.

Apenas bufei e não dei atenção nenhuma a ele. Subi em um segundo até meu quarto, olhei ao redor, bufei e me deitei na cama. Eu não conseguia pensar em nada.

Eu dormi, e acordei em um lugar estranho no qual eu nunca estive antes.

“Não devia falar comigo dessa maneira, Alice” a voz dizia.

Um cara alto e com aparência não muito jovem, careca e magro. Seu traje todo de preto, parecido a um terno, mas não exatamente. Sua pele muito branca e seus olhos extremamente azuis. “Eu não estou te entendendo, eu

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sempre falei dessa forma com você” eu sussurrei, olhando para os lados.

Estávamos em uma espécie de caverna enorme, depois reparei bem e vi que aquele lugar na verdade se parecia um enorme castelo gelado. Com pedras preciosas para todo o lado. Estávamos no topo de tudo, com o clima extremamente frio e feio. Havia centenas de pessoas embaixo, em um lugar reservado parecia uma espécie de caverna. Todas pequenas devido à altura onde eu estava. Então, ninguém nos via. Era como se eu estivesse assistindo a um filme, onde tudo estava acontecendo, mas ninguém nos via. Um homem velho e com barba grande grisalha, estava sobre uma montanha mais alta, anunciando algo. Então, eu foquei minha mente e prestei atenção em tudo que acontecia ali.

“Hoje, teremos a competição real” O homem anunciou. Pude perceber que todos ali ao redor daquele imenso lugar, arregalaram os olhos. “É o seguinte, vocês formarão grupos de vinte e nove pessoas por vez. A situação de hoje, se encontra em uma montanha de gelo e haverá um vulcão no topo, algumas pessoas fictícias estarão acampando por lá, quem salvar alguma dessas pessoas, passará para o nível dois. Se conseguir também deter o vulcão; subirá para o nível três. E se conseguir ainda salvar sua própria vida, subirá ao nível cinco. Muitos de vocês vão morrer porque o jogo de hoje equivale a quatro níveis. Todos vocês, estão agora no nível um. E então, alguém tem algo a dizer?” Uma mulher velha, com o cabelo de coque, óculos e olhos verdes anunciou. Ninguém se moveu, ou se quer, respirou. Ela se aproximou de uma quadra enorme, uma quadra sombria e nada parecido a uma quadra típica. Encostou suas mãos em um buraco negro que havia como porta e fechou os olhos. “Quadradada Montanha Gelada” ela disse, no entanto, o buraco sugou seus dedos, a porta se abriu e logo todos se depararam com um mundo de mar, tempestade e um vulcão prestes a erupção. Ela transformara aquele lugar obscuro naquilo apenas com três meras palavras. Todos ficaram deslumbrados com aquela ilusão tão real que custara a vida de cada pessoa presente ali. Então, a maior surpresa naquilo. Dois deles me chamaram atenção, um deles era alguém que eu já vi antes, eu só não conseguia caracterizá-lo, ele estava com uma blusa azul e o outro amigo dele, de camisa vermelha. O cara que estava ao lado do cara de azul. “Somos nós primeiro” O cara de camisa vermelha sussurrou, tremendo e o de camisa azul sorriu. Eu

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pude perceber que havia algo com que eles se preocuparam – o vulcão.

“Seremos somente eu e você?” O de camisa azul perguntou. “Eu, você e mais vinte e sete pessoas. Serão divididos por grupos. Aqui tem muita gente” O de camisa vermelha respondera educado.

“Aconteça o que acontecer não se afaste mim, entendeu?” O de camisa azul pediu ao de camisa vermelha.

“Sem dúvidas alguma” O de camisa vermelha sussurrara, eu por minha vez, não contive e sorri percebendo o nervosismo dele. O de camisa vermelha agarrou o de camisa azul e eles entraram no mundo de gelo. Pude perceber que as vinte e nove pessoas ficaram unidas e depois de tocar o sinal, apenas trios de pessoas e duplas saíram caminhando, correndo e até mesmo voando por lá. A maioria deles correu desesperada, escalando aquela enorme montanha. Uma garota ruiva causou um buraco na neve. “Torimaé” ela dissera, fazendo o feitiço mentalmente. O som da palavra soou mais como “Tóriman”. Eu percebera a olhada que o de camisa azul dera nela, gostando do que via. “Você é boa, garota” ele dissera. Pela sua reação, ela ficou um pouco assustada, com um jeito dengoso e calmo. Logo abrira um sorriso relâmpago. O de camisa vermelha de novo estava tremendo. Ali não havia nenhuma planta sequer, e de alguma forma eu soubera que o de camisa vermelha era Feiticeiro da natureza. Mas eu possuía um bloqueio de saber que tipo de Feiticeiro era o de camisa azul. “Escute, está vendo aquela barraca ali em cima?” O de camisa azul perguntou ao de camisa vermelha. O de camisa vermelha ainda com medo, foi interrompido pelo medo maior.

“Por favor, não me diga que é o que eu estou pensando” ele bufou, com mais medo ainda. “Enquanto você salva todos aqueles inexistentes da barraca, eu vou ao topo da montanha impedir o vulcão, agora vai!” O de azul gritou ordenando, já longe e se afastando. Ele se transportou até o topo e viu aquelas pessoas caindo, sendo lançadas, sendo mortas. Eu pude ver uma garota loira com um vestido azul sendo lançada para longe, quase perto de onde eu estava de tão longe que ela fora arremessada. Eu queria fazer algo, mas existia uma linha imaginária que me impedia de qualquer passo.

– Porque eu não posso fazer nada? – Perguntei ao homem ao meu lado, muito estranho, aliás.

– Você ainda vai saber – ele murmurara e um enorme flash surgiu, me fazendo piscar com dores nos olhos.

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Abri os olhos e estava pregada no teto, com meus olhos transformados, completamente assustados e confusos. “Eu tive um pesadelo? O que eu acabara de sonhar?”

Eu já não me recordara de nada, só me lembrava da última frase daquele estranho homem ao meu lado. “Você ainda vai saber” Ainda no teto, saltei de lá e parei em pé perfeitamente bem. Olhei-me no espelho e logo saí andando tentando lembrar o que eu sonhara. Passei as mãos em minhas madeixas e parei por um instante em vão ainda tentando lembrar.

Acerto de contas

evantei-me, andei ao redor de casa e não havia ninguém. Então decidi procurar onde havia um relógio mais próximo. Achando-o, olhei e vi que eu estava alguns

minutos atrasada para o Colégio. Abri meu armário, sabendo que não iria encontrar nada de bom, ainda tentei. Troquei de roupa em meio segundo, coloquei meu vestido marrom mesmo, casaco preto e fui com meu cabelo que, aliás, preferi deixá-lo solto. Em dois segundos fui para a escola. Quando cheguei lá, ninguém me notou novamente, como de costume daquele pessoal tão estranho e com costumes diferentes.

L

– Alice. Porque você foi embora ontem sem me avisar nada? – Sarah perguntou enfurecida, aparecendo no meu caminho de surpresa. Ela deveria tomar mais cuidado, nem todo dia eu consigo me controlar em não matá-la, ela devia contribuir para continuar viva.

– Thomas não te avisou que tive um imprevisto?Eu balancei a cabeça tentando explicar. Ela se moveu

para a minha direita. – É ele avisou, mas Alice, a próxima vez que isso

acontecer, vou ficar bastante chateada com você – Sarah disse séria, eu ainda não entendera o motivo tão grave de ela ter ficado tão enfurecida.

– Me desculpe Sarah. Eu te prometo que não vai ter próxima vez.

Desculpei-me com ela, evitando qualquer tipo de discussão ridícula e sem motivos suficientes. Entramos na pequena sala de aula, com poucos alunos e um clima ainda frio e sombrio.

– Isso é hora de chegarem? – O professor Lincoln nos chamou atenção, esquecendo que ele não era ninguém pra

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mandar em mim daquele jeito. Eu só obedeço meus pais por educação e um pouco, porque não tenho onde morar. Não se é muito legal morar com seus pais tendo dezessete anos.

– Ah é, mesmo – Sarah disse num tom sarcástico e sínico, arrumando seu lugar.

Eu apenas revirei os olhos. – Da próxima vez, ficam depois da aula, – Lincoln disse,

apontando-nos o dedo. Ficar depois da aula seria algo tão importante para uma

garota que se torna Vampira aos dezessete anos e descobre que sua mãe esconde de seu pai que também é uma. Seria algo importante demais ficar depois da aula. Lincoln era o professor que eu mais gostava. Professor de inglês, ele se mantinha bem-humorado e duvidava da existência de espíritos e seres sobrenaturais. Talvez esse fora o motivo de que eu tinha gostado tanto dele, por não querer lidar com mais pessoas sobrenaturais como eu. Ele estava explicando sobre o que a mensagem da estrofe da musica transmite ao ouvinte.

“Minha mãe me disse quando eu era criança, que todos nós nascemos super estrelas. E não importa se você o ama, ou acha que ele é o cara. Eu sou bonita do meu jeito, porque Deus não faz erros. Eu estou no caminho certo, querido. Eu nasci desse jeito”

Ele logo se interessou, a saber, quem realmente entendera a mensagem daquele trecho.

– Quem entendeu, poderia me explicar exatamente o que a musica quis transmitir? – Lincoln perguntou.

Sarah levantou a mão veloz, com intenção de falar primeiro que todos, sem chance de ninguém responder por ela.

– Fala sobre sua relação com sua mãe quando você era jovem e ela te explica que todos nós já nascemos astros, que Deus fez você perfeito, ele não erra. É uma musica da rainha e Nova Yorquina Lady Gaga – Sarah afirmou corada e sabida. Esse foi um tema no qual eu não saberia mesmo o que responder. Eu não sabia o que dizer sobre Deus. Pois tantas coisas aconteceram comigo, eu não possuía o interesse de acreditar ou não na existência dele. Eu me concentrava em buscar respostas para tantas dúvidas que se passavam ao meu novo mundo, na minha nova forma de viver.

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Lincoln então, extremamente orgulhoso e empolgado, bateu palmas.

– Ótimo! Vai ganhar um A mais – ele disse, sorrindo. Sarah fez uma cara de nada, mas muito orgulhosa de si

mesma no fundo. Nós saímos da sala caminhando para nossos armários

para pegarmos o material da próxima aula. Nem sei por quê: mas era só uma caneta e um caderno pequeno... Não precisava de tanta urgência.

– O que é isso no seu armário? Sarah fechou-o e sorriu, como se eu fosse engolir sua

desculpa esfarrapada que estava por vir. – Está todo desarrumado. Por favor, não vou deixar você

ver – mentiu. Revirei os olhos e preferi não insistir, mas aí um coração

transparente de vidro... Não, acho que era feito de gelo, caiu sobre mim e eu vi que tinha algo escrito nele

“Para a vampiralha mais grossa do mundo, ASSINADO: eu”

Como assim “eu”? Como eu iria saber quem me mandou aquela coisa? E além do mais, aquilo estava derretendo! Quem será que colocou aquele coração com escrito no meu armário? Logo que reli, pude perceber que estava escrito vampiralha, só havia um cara no mundo que me chamava assim, não pode ser.

Sarah logo se aproximou tomando o coração das minhas e lendo em voz alta para zoar da minha cara.

– Hum... Alice Jones tem um admirador! Que romântico... – zombou como se fossemos crianças, esquecendo do detalhe que já somos quase adultas. Mas eu sei que ela nunca irá perder esse seu lado bobão. E isso me conforta, na verdade.

– Você estuda muito? Que música é aquela lá? – perguntei a ela num sussurro na intenção de mudar logo de assunto e parar de ser zoada.

– Eu já ouvi essa música. Born this way, Lady Gaga – contou.

Então, nós fomos para a aula de história. Sarah se amarrava muito na música pop. Ela sempre foi doida por Madonna, Lady Gaga, Beyoncé, Wanessa e muitas dessas. Já eu, com meu mundo não muito popular, eu sempre optei pelo Indie e Rock. Não que eu fosse de ouvir muitas musicas, bandas... Mas sinto falta da música boa. Lifehouse, Strokes, Queen, Foo Fighters, Muse e Green Day.

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– Hoje vamos falar sobre A Independência dos EUA, a revolução – ela disse com sua voz rouca meio assustador. Abigail é tão independente... Mas eu sei que ela é dependente de cigarro. Tudo bem, nada contra. É só que ela tenta transparecer algo que sinceramente não tem nada haver com o que ela realmente é. Eu vejo o modo como ela nada, o modo como seu sangue cheira, um fedor. Aliás, nunca me interessei por seu sangue repleto de químicas e um odor nojento. Com toda a sinceridade e análise, vejo que a ultima coisa que ela seria é uma professora. Ela tem cara de ter sido aquelas adolescentes rebeldes, que já fez de tudo e então amou alguém quando ficou adulta e achou-se fracassada na vida. Qual é... Abigail é tão descolada e divertida. Até tatuagens a mulher tem.

Ela falou um monte de coisa que eu não prestei atenção direito e fiquei viajando, tentando não farejar cheiros. O sino baixo e confortável tocou novamente e foi hora do intervalo. Levantei-me, fui até lá fora com Sarah e Thomas, quando todos se reuniram, Jade e Daniel se beijaram, como de lei.

Por um momento pensei como seriam suas vidas depois de dois anos em que iriam se formar... Que tipo de gente eles iriam se tornar? Eu não queria perdê-los. Pois sei que vou continuar aqui... Congelada no tempo e me formando por séculos e séculos. Como seria quando eles morressem? Pior: eu teria que ir embora, eles iriam perceber que não estou envelhecendo. Mas ainda tem a faculdade, tenho pelo menos dez anos com eles. Se eu pudesse fazer algo pra transformá-los... Ou quem sabe, fazê-los congelar no tempo como eu. Mas não, transformar um humano em vampiro não é coisa fácil e não é pra qualquer um. Obviamente, não é justo tirar a alma de alguém, porque está claro que um vampiro não possui alma e sente vontade de matar o tempo todo, ser humano é bem mais legal e eu não sabia.

– Hoje está ainda mais frio. No outro horário teremos aula de prática em vôlei e eu vou jogar mesmo assim, estou tão animada – Jade sussurrou a Sarah num tom alto, obrigando meu cérebro a prestar atenção neles.

Jennifer não foi à aula, como todos perceberam. – Porque Jennifer não veio hoje? – perguntei a Thomas

com segundas intenções diretas. Ele fez cara de cúmulo e revirou os olhos para

responder. – Escute, eu não sei dela. Não tenho que saber, tenho? –

ele retrucou, dando meio volta. Mantendo-me longe de todos

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eles, desconfortavelmente perto daqueles seres humanos fartos de tanto sangue.

– Você nunca come Alice – Sarah me alertou do nada, me deixando ainda mais desconfortável sem ter a mínima noção do que responder em pressão. Pensei no mais óbvio e convincente para responder.

– Eu só não gosto da comida do Colégio.Sarah abriu uma expressão de nada convencida. Ela

também abrira um sorriso divertido ao ver Jade comendo pela terceira vez. Jade possuía um corpo miúdo e magro de maldade. Tanta comida que aquela garota comia... Jade devorava um hambúrguer todas as manhãs. Vivia com seu copo de suco enlatado nas mãos, aquele suco fedorento e nojento. Aquelas coisas que ela comia não havia um resultado nunca. Afinal, para onde ia tanta comida que Jade comia?

Estávamos ainda sentados, todos juntos em uma mesa redonda e branca. Eu, como de costume, mantive-me mais distante e tentando pensar em algo que não fosse matá-los. Levantei-me, fingindo fome. Procurando uma bandeja de maçã vazia e mais perto pra provar pra todos eles que sou normal. Havia alguns alunos na fila, caminhando para lá e para cá. Peguei minha bandeja com alimentos no qual não me interessava nem um pouco, virei-me com intenção de voltar à mesa e eis vindo em minha direção o cara que no qual eu mais evitava e desprezava. Eis Nickolas caminhando em minha direção com seu jeito perfeitamente e falsificadamente humano de agir. Eu continuara andando e ele também. Foi como um caçador em caminho a sua presa. Ele se manteve extremamente sério sentindo todo o meu olhar maligno. Ele passou ao meu lado, seu cheiro fresco me levou ao delírio. Ao passar ao meu lado, ele abriu também um meio sorriso tímido e confiante, nossos olhares se encontraram então. Até que me dei conta e segui novamente meu rumo.

Sabe, não é que seja ruim ser um vampiro. É só que, querer matar as pessoas com quem conversa. Não poder abraçá-las, não poder tocá-las pelo simples fato de querer protegê-las é um tanto chato. Tem suas coisas legais sim, você pode correr rapidamente, dar saltos incríveis, não morrer facilmente, manter-se jovem por séculos, ter dom-chave... Enfim. Mas comigo não está sendo flores. Meu pai é um xerife que me mataria se descobrisse, imagine só.

– O que foi aquilo entre você e o esquisitão? – perguntou Daniel.

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Fiz cara de cúmulo e não fingi que não havia entendido do que ele estava falando.

– Do que você está falando? – Qual é Alice, todos perceberam o clima entre você e o

novato – Jade acrescentara, ainda mastigando seja lá o que for.

A ficha finalmente caiu e tentei mentir para mim mesma. – Clima nenhum, eu apenas estava caminhando até aqui

com a bandeja na mão. Todos eles me encararam, exceto por Thomas, que

estava concentrado em olhar uma garota de costas, olhando sua parte mais desenvolvida.

– Alice, o Nickolas já é meu – Sarah sussurrou aquelas palavras infantil.

Como se Nickolas fosse um prêmio pelo qual nós duas estávamos disputando.

– Não seja ridícula – bufei a ela, tentando me distrair. Sarah sorriu, conversando com Jade e Thomas enquanto

eu não conseguia pensar em nada que não fosse comê-los. Minha mente paralisou.

Nickolas passou ao nosso redor, indo com todo seu modo diferente e elegante de agir na maioria do tempo sem se esforçar um tantinho. Encostado no canto direito da parede, cercado por dois homens em que estava conversando, nossos olhares se encontraram novamente e eu completamente desconfortável, desviei o olhar mais uma vez.

Sarah de repente me encarou de cara feia e eu já sabia a droga do motivo.

– Ele não para de olhar para você – resmungou. – Eu me esqueci de pegar o Milk-shake na fila. Eu já volto

– eu disse, fingindo não ter escutando e dando um jeito de sair dali o mais breve.

Levantei-me e fui em direção ao local onde ficavam os Milk-shakes. Havia um copo de água ao lado, em cima da prateleira superior. Eu, quando ficava tensa, perdia parte de meu auto-reflexo. Então, de costas, me esbarrei no copo de água repleto até a boca, estava prestes a pegá-lo e fui interrompida por Nickolas.

– Devia prestar mais atenção, Vampira – ele murmurou me barrando de qualquer passo, mantendo seu olhar no copo e com uma palavra muito baixo que soou como:

“Waterliosa” Arregalei os olhos e me zanguei com ele, eu tinha

certeza que ele falou algo.

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– O que foi isso? Quer dizer, o que você falou aí? – perguntei irritada.

– Shhh, nós estamos cercados de gente – disse nervoso, apertando os lábios.

Olhando-o de cara feia, não consegui desviar e disfarçar minha tensão.

– Como conseguiu segurar esse copo assim do nada? E essa palavra esquisita aí...

– É só habilidade, pare com essa neura chata – murmurou e deu de ombros.

– Desde que se tornou Vampira, você anda tão tensa... – completou, com a expressão limpa.

– Você não entende – sussurrei desatenta e evitando olhá-lo nos olhos pelo obvio motivo de perder o controle.

– Ok, como se eu não soubesse... – ele zombou, olhando para baixo e com um sorriso descarado.

Perdi a paciência e decidi encará-lo. – Ta legal, o que você quer?Ele balançou a cabeça e agiu bem de acordo com o meu

desprezo a ele. – Eu quero três coisas. Primeira, quero saber por que

você está me evitando. Segunda, quero que diga a Sarah que não sou dela e não sinto absolutamente nada por ela. Terceiro

– ele fez uma pausa. – Quero que venha comigo, pois tenho que te mostrar uma coisa.

Olhei ao redor, olhando também para a mesa onde eles estavam e vi que eles estavam conversando normalmente como todos os humanos presentes ali. Igualei-me ao seu tom e mantive o sacrifício de tratá-lo com arrogância.

– Primeiro, eu não estou te tratando de modo algum. Segundo, diga você a ela. E terceiro, eu não vou com você para lugar nenhum.

Antes mesmo de terminar minhas palavras, ele mudou de expressão para algo raivoso, enfurecido e assustador até mesmo para uma Vampira como eu.

– Se você não vier comigo, não sabe o que sou capaz de fazer, é sério – disse, com sua nova expressão. Sem pensar em nada, o confrontei.

– Faz o que você quiser Nickolas. Ele posicionou sua cabeça para a direita e fez cara de

cúmulo. – Tem certeza?

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Ele olhou para o copo de água, mantendo-se bastante concentrado no que estava prestes a fazer, mas ele parou brutalmente.

Eu segurei o copo e o olhei bastante brava, como se eu quisesse enforcá-lo.

– Eu. Não. Vou. A. Lugar. Nenhum. Com. Você.

Sangue Puro – terceira pessoa

Brisa não ocorreu. O clima exageradamente gelado do Canadá de Vancouver ocorrera então em toda a região atlântica, coberta por meras neves. Havia uma legião de

Vampiros no qual Megan e Leon se encaixaram perfeitamente. Leon estava sozinho com Megan em uma sombria região da sevada de névoa rodeada de árvores e verdes de todos os tipos.

A– Eu ouvi uma respiração agora. Acho que vem do... – Shhh... Silêncio Leon, eu posso ver que o nosso

lanchinho vai passar por aqui, agora é só esperar. – Megan murmurou já transformada.

Leon não revidou, pelo contrario, gostou do que ouviu. Megan caminhou lentamente para o sul da floresta com seu salto alto preto fino, seus cabelos ruivos e com as pontas brancas por natureza. Leon, como de costume, a seguiu aflito.

– Agora – Megan ordenara como se estivesse ordenando o homem perdido pela floresta a passar por ali naquele exato momento. – Eu vou matar você exatamente agora, docinho – murmurou Megan, com seu sarcasmo original e ignorância, segurando seu pescoço e olhando bem dentro dos olhos dele. O homem, que estava extremamente nervoso começou a chorar e orar a Deus para que eles não o matassem, na verdade, para deixá-lo vivo e também deixá-lo sobreviver porque ele tinha muito dinheiro. Então o homem prometera que daria todo seu dinheiro para os dois. Leon não conseguiu conter seu grande sorriso alto, sarcástico e assustador.

– Você realmente acha que nós queremos o seu dinheiro? – Leon perguntou, sorrindo ainda. O homem era um pouco gordo, baixo e com cabelos grisalhos, na verdade com alguns meros fios escuros. Também com muita roupa devido ao extremo frio e ainda sim, com um bigode típico.

– Quem são vocês?Perguntou o homem, ainda muito nervoso. Megan

caminhou de novo, mais sexy que antes, fazendo um barulho

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assustador com suas botas. Ela pegou-o pelo pescoço, aproximou-se mais do pobre homem e beijou sua bochecha rosa, olhando para ele com um jeito estranho.

– Eu sou a Joss Stone – ela disse – e aquele ali é o Leon do jogo Resident Evil. Você conhece alguma coisa sobre nós? – ela perguntou, fazendo uma estúpida piada, se divertindo ao máximo com aquela situação. O homem se tornou mais nervoso que antes, chorando, implorando e tentando fugir de Megan e Leon também.

– Ele vai me matar? – Com certeza – ela disse, se divertindo mais ainda.

Megan tirou suas mãos do pobre homem. – Leon? – Deixa isso comigo, amor – Leon disse, velozmente

correndo em direção ao homem que estava no caído no chão com seu pescoço direcionado ao chão. Leon pulou nele, fisgou seu pescoço, sugando metade do sangue do corpo do homem, fazendo o homem gritar altíssimo e fazendo muito barulho sentindo dores extremas. Megan apreciou aquilo muito. Ela sentiu um prazer, se sentindo tão bem, assistindo aquela horrível cena. Assistindo Leon se tornar algo como ela – um monstro.

– Isso aí Leon! Desse jeito, meu garanhão. Exatamente assim! – ela gritara muito feliz. Leon, percebendo que Megan estava “em êxtase” com aquilo, ele não parou mais. Ele continuou sugando o sangue do homem ainda mais. Megan não gostou de ver que ele não conseguiu mais parar.

– Agora, você pode parar Leon – ela deu a ordem. Leon, como estava em êxtase com o desejo incontrolável de sugar aquele homem e não conseguiu para nem mesmo com a ordem de Megan. – Leon, é a minha vez! – ela ordenou novamente entrando em desespero pela primeira vez pelo fato de sempre tivera achado que Leon nunca perdia o controle, mas naquele momento ela pode perceber o quão ele perdia seu controle. Ela então, perdendo sua paciência, lançou Leon para longe apenas com um golpe certeiro. O homem já morto, com pouquíssimo sangue em seu corpo foi finalizado pelo desejo de Megan. Havia mais homens e uma mulher ainda perdidos ali perto naquela região. Megan fechou os olhos, lançou uma árvore para cima, mandando um sinal para os outros malditos Vampiros canadense amigos dela e de Leon. Eles apareceram em questão de poucos minutos por perto de onde eles estavam com humanos vitimas ali também. Como Megan havia arremessado Leon para longe

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enquanto ele estava sugando o sangue do pobre homem, ele quando voltara ali, estava com arranhões em seu corpo e com sangue escorrendo em suas costas.

– Já se machucou?Os Vampiros zoaram com a cara de Leon. Havia ali,

Megan, Leon, quatro Vampiros fortes: Jason, Ben, Ben e Bill. E ainda duas malditas Vampiras para completar: Jane e Mary.

Jason era musculoso, cabelos pretos lisos curtos meios arrepiados, alto, seus olhos eram pretos devido à sua origem chinesa. Jason era um quase chinês, mas muito bonito. Muito mesmo! E bastante ágil, não sendo totalmente chinês, pois tinha origem mexicana também.

Ben era forte, quase do mesmo tom de músculos de Jason. Seu cabelo curto também, encaracolados da cor preta e seu tom de pele igual também ao de Jason.

Ben possuía músculos também, seu cabelo era Chanel que ia ate os ombros. Lisos, da cor mesclada claro com uns meros fios loiros. Sua pele no tom pálido e seu tamanho normalmente adequado ao padrão.

E Bill era negro, magro e sem muito músculo, alto, maior que Jason, Ben e Ben. Seus olhos eram um mel claro e seu cabelo amarrado a um coque diferente e estilo ao de um negro Vampiro típico.

Jane era negra, mas mais para o tom de pele morena. Seu cabelo liso como de uma índia e preto como a noite. Seus olhos verdes e seus dentes branquíssimos. Magra, com os quadris largos e atraentes. Usava roupas decotadas, como estava vestida apenas com calça humana, tal do jeans, blusa preta colada e seu cabeço amarrado. Mary era loira e muito branca, magra e sem muito corpo. Sua altura se igualava perfeitamente à de Jane. Seus olhos pretos e modo de vestir igualado ao modo de Jane.

Mary se espelhava em Jane, queria estar igualada a ela sempre, as duas eram super competitivas em relação a exatamente tudo. Mary e Jane logo saíram pela região para procurar os humanos restantes e matá-los primeiro, como de fato, disputando para ver quem acharia sua vitima primeiro. Todos os quatro Vampiros possuíam personalidades semelhantes ou quase iguais. Eram debochados, paus-mandado, fúteis e sedentos. Leon voltara machucado e com sangue escorrendo não porque se transformara em humano – o que se é impossível – e sim, pela leia normal de todos os Vampiros.

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Cada um dos vampiros: Ben, Bill, Ben e Jason tinham uma historia de vida. E acredite: uma mais comovente que a outra. Começando com Ben...

Ben nasceu na cidade de novo México e morava com o pai, que era um mendigo contrabandista de drogas ilícitas, mas Ben não sabia que seu pai era um pai adotivo e sua mãe, que o abandonou no parto, era uma vampira nata e foi morta durante a guerra junto com o pai verdadeiro. Ben só descobriu que era um deles, quando completou vinte e dois anos. Então, decidiu largar seu pai e viver sua vida, sozinho. Mas ele começou a se tornar muito solitário e não sabia se controlar como um vampiro. Ben nunca namorou, mas já ficou com muitas mulheres, principalmente coroas. Passou a usar drogas também, matou muitos humanos e se tornou um cara de mau caráter. Certo dia, caçando no cemitério altas horas da madrugada, e esbarrou com Megan – a sua chefa de hoje. A partir daí, ele fez um pacto de sangue com ela. Mas sobre o pacto de sangue entre vampiros é um assunto que virá depois.

Bill nasceu na cidade de novo México também. Sempre morou sozinho, desde seus nove anos. Morava debaixo da ponte, com várias pessoas, no qual matou algumas. Bill sofria muito racismo, e isso o irritava muito. Principalmente quando se transformou em um vampiro, aos seus vinte e seis anos. Então, Bill decidiu trabalhar em um bar, no qual também matou muita gente. Ele nunca soube se controlar: ainda mais quando sofria racismo por algum idiota. Bill sempre foi muito independente e frio. Já se apaixonou apenas uma vez. Mas a garota por quem ele se apaixonou o abandonou logo depois em que eles se relacionaram. Bill foi aparado por Megan em um bar. Ela já estava com a intenção de formar um bando de vampiros a servindo para favores sujos. De primeiro momento, Bill não aceitou sua proposta, mas no dia seguinte em que ela refez a proposta, ele aceitou.

Jim nasceu na cidade do novo México. Morou numa casa de mulheres de programa a vida toda, pois sua avó era dona do local e o criava. Jim se tornou Gogo-boy aos seus dezesseis anos, já quando ele se transformou foi com vinte e um anos. Jim já namorou inúmeras garotas ao longo de sua vida, mas nenhuma foi pro lado do amor. Jim também não conseguiu aceitar o fato de ser um vampiro, pois começou a atrapalhar na sua profissão. Ele não conseguia ter relações com ninguém, pois já sentia vontade de sugar a pessoa toda só de sentir seu cheiro. Mas, Megan foi atrás dele na casa de

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garotas de programa procurando por ele depois de ter tido uma visão em que Jim a ajudaria a matar um vampiro que estava fazendo ameaças. Ele seria perfeito como um dos seus companheiros. Jim aceitou a proposta de cara, abandonando tudo.

Jason também nasceu em novo México. E foi então no Canadá, onde todos eles quando se uniram, passaram a viver suas imundícies. Jason morava com a mãe e um irmão mais novo, com quatro anos de idade. Jason sempre amou sua mãe e seu irmão, mas passavam fome e eram humilhados. Quando Megan teve a visão de que Jason era um dos vampiros que estariam por vir, um dos mais fortes, senão O mais forte. Ela foi procurá-lo e prometeu que durante anos iria ajudar a família dele se ele juntasse-se a ela. Jason prometeu para sua mãe e irmão que iria dar uma vida digna a eles e aceitou a proposta. Jason se transformou com dezenove anos, o mais novo de todos eles. Na verdade, foi com quase vinte. Jason já namorou três garotas e já se relacionou com muitas mulheres. De todos eles, Jason é o único que possui um grande lado bom, que o torna-se dividido entre o bem e o mal. Ele também já fez muitos planos como humano. Como por exemplo: ele sonhava em se tornar médico ou algo que envolvesse coisas que salvavam vidas. Ou talvez a profissão perfeita... Bombeiro! Sim, seria perfeito.

Todo Vampiro de normalidade, não possui sangue algum em suas veias do corpo, o que os tornam dependentes de sangues alheios para se manterem existentes. Isso é mais ou menos obvio. Quando um Vampiro acaba de adquirir sangue alheio – humano ou não – ele adquire o sangue da vitima por dois dias em seu corpo – dependendo da quantidade de sangue, na verdade – e então, se for machucado dentro desse Período Puro. (Dois dias de sangue alheio em seu corpo), se fere como um ser normal, a menos que tenha a cabeça arrancada em dias de período puro, o que causa a morte. Um Vampiro sobrevive até um mês sem sangue algum, mas cada dia que passa, ficam piores. Mudança de cor, de textura, perde cabelo, perde tudo. Fica parecendo uma assombração.

Homem vampiro e mulher humana = não há reprodução. Existe um grande problema nisso: se caso houvesse uma possível reprodução, o tal filho vampiro, dentro da mãe humana, vai matá-la dentro de sua barriga até que o filho saia da barriga de mãe humana e de pai Vampiro automaticamente morto. Matando também a mãe. Por isso,

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não é possível reprodução. A menos que ambos estejam querendo suicidar.

Já quando o homem é humano e a mulher é Vampira, o bebê normalmente nunca sobrevive, pois o bebê pode nascer Vampiro e um pouco humano. Raramente funcionou. Ou seja: homem humano e mulher vampira = não há reprodução ou muito raramente nascerá metade humana, metade vampiro.

Quando o homem é Vampiro e a mulher também, não é possível reprodução.

Ou seja: homem vampiro e mulher vampira = não há reprodução.

Sem contar, é claro, o fato do desejo de morte que um Vampiro sente por qualquer humano. E além do mais, mulheres Vampiras não costumam ter a menarca como humanas normais.

Resumindo, não há reprodução entre espécies distintas. No caso dos vampiros, não há reprodução nem mesmo entre eles.

– Cale sua boca Bill – Leon sussurrou, limpando o sangue dos lábios.

Megan agiu como se nada houvesse acontecido e manteve-se fria.

Leon encarou-a e a ignorou. Ela, percebendo a frieza maior dele, vampirescamente se aproximou dele e o cercou com seu cinismo completo.

– Desculpe meu amor, mas eu estava sedenta.Leon, como conhecia a peça perfeitamente, somente lhe

restou esquecer e também fingir que nada aconteceu, era de fato a única escolha, ou até mesmo, saída.

– Ficou sabendo que Leon quer casar com Megan, gente? – Jason zombou com seus companheiros caindo na gargalhada.

– Mas algo me diz que Megan não é de casamento – Jason acrescentou a zombaria.

Leon foi em direção a Jason e encarou-o olho no olho, já transformado e na intenção de lutar pesado com ele. Megan não moveu um fio de cabelo, então Bill e Ben separaram os dois. Megan, como esperado, gostou de ver a ira no rosto de Leon.

– Megan não liga para você, cara – Jason ainda acrescentou, com a maior ousadia do mundo. Sendo segurado

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pelos companheiros. Leon não disse nada, apenas os olhavam com a ira nos seus olhos.

– Solta ele – ela murmurou, caminhando lentamente até eles e colando seu nariz ao nariz de Jason, fitando-o com um ar de ameaça grave.

– Você sabe o quanto eu posso acabar com você agora mesmo, você depende de mim.

– Eu sei madame perigosa.Megan o segurou pelo pescoço e o lascou um beijo

cinematográfico daqueles de tirar o fôlego de qualquer ser. E além do mais, os dois eram Vampiros. E um beijo entre Vampiros é praticamente um vale tudo, eles costumam morder fortemente, lançar-lhes em áreas perigosas e se algum deles estiver no Período Puro, podem até mesmo arrancar sangue um do outro. Bill, Ben e Ben sorriram entre si, com certa pena de Leon. Leon entrou em choque sem saber o que fazer e ficando sem reação alguma. Logo, Jason mordeu-a, arrancando sangue dos lábios dela. Megan adorou, demonstrando prazer pelo sangue, lambendo seus lábios de modo arrogante e sem sentimento.

– Você devia me ouvir, cara... – Não se preocupa comigo Bill, eu tenho mais o que

fazer. Leon agarrou Megan com uma pegada não conhecida

por ela antes e a beijou ainda mais selvagem, arrancando o sangue de aluguel dela, agarrou seu corpo todo e a levou para uma região mais distante e reservada. Megan gostava de testá-lo e torná-lo ainda mais dependente dela.

– Ele te beija assim? – Ele beija muito melhor...Leon a beijou novamente, jogando-a em um muro de

madeira composto por pedras. – E agora, Megan? – Cala a boca e me morde, acaba comigo maldito –

Megan murmurou, puxando-o para mais perto dela. Leon se afastou e parou de beijá-la.

Ela revirou os olhos com um super mal-humor. – Esse é seu maior defeito, Leon. Você nunca me

satisfaz. Sempre sai quando estamos quase na melhor parte. – Dá para parar de pensar nisso e se preocupar só por

um instante em coisa mais importante? – Megan se manteve mal-humorada e insatisfeita, mas saberá que Leon estava com toda a razão. Ela se aproximou dele e deu meia volta.

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– Você tem razão, Leon. Já está na hora de sondar o que anda acontecendo em Port Angeles. Estamos perto de acabar com aquele Feiticeiro maldito. Eu preciso de você, Leon...

– Eu sei, nós dois juntos somos muito fortes. – Mas não o suficiente, eu posso te garantir isso, Leon.Megan então ficou ainda mais pálida imóvel e com o

olhar vidrado ao nada. Ela teve uma visão. “Alice estava deitada em uma cama de casal normal e

Nickolas aparece com um olhar mortal, com um modo de agir de forma que parecia que ele iria matá-la” E tudo fica preto, e ela volta a piscar ficando zonza.

– O que foi? Mais uma de suas visões? – Leon perguntou. – Exatamente... Não consegui compreender direito, mas

eu só consegui ver aquela vampirinha em uma cama e Nickolas aparecendo com um olhar mortal para ela – Megan disse, tendo uma visão não completa de algo que talvez pudesse acontecer.

– É só isso que você viu? – É... Eu não sei o que acontece, mas eu tenho um

bloqueio maldito entre ele e com pessoas que ele se relaciona. Esse maldito vai pagar pela morte de meus pais.

– Ele matou seus pais? – Leon perguntara. Megan pensou para responder e abriu um sorriso diabólico. – Foram os pais dele durante uma guerra entre espécies – Megan se moveu para a esquerda de Leon.

– Mas então, a culpa não é... – antes mesmo de Leon terminar sua fala, foi detido por um olhar maligno dela.

Megan possuía a voz rouca, no tom perfeito de uma vilã detestável. Sua historia de vida não foi fácil, como já está bem claro a todos. Só que Leon, o seu capacho... Não é tão idiota e dependente dela o quanto ela pensa que ele é. Leon é fraco, usa drogas e não consegue se relacionar com outra mulher além dela. O problema é que, nem sempre ele foi assim. Leon também sofreu muito. Nenhum vilão se torna vilão sem ter sofrido na mão de um. No fundo, no fundo: Megan tinha uma queda enorme por Nickolas, mas isso ninguém sabia, nem mesmo ela.

– Não importa, ele vai pagar!Os olhos de Megan se encheram de lagrimas de ódio e

uma ira maligna imensa. Leon ficara com medo e assustado com a vingança dentro dos olhos dela, o deixou em silêncio e indignado, e também, com uma pitada de pena dela.

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A verdade nua e crua

ntrei pela porta de entrada de casa e coloquei meu casaco em cima do sofá branco. A casa estava silenciosa. O cheiro da casa estava fresco e normal, já

pude apreciar o cheiro de um copo de sangue que havia dentro da geladeira, um do lado do outro. Todos os meus sentidos estavam ampliados devido ao fato de ainda estar em transe. A flor da pele de me transformar a qualquer momento.

E– Devia parar com essa mania de me excluir, de me

ignorar, de me banir de vocês. Naquele momento eu gelei. O que foi aquilo que eu acabei de ouvir? Tentei analisar

a situação para ter certeza do que estava acontecendo.– você me entende... Uma mãe que não participa da vida

da filha a vida toda e então de repente querer fazer parte da família é um tanto estranho... Não concorda comigo, Kate?

John estava no telefone falando com Kate, eles estavam em intenso clima, John estava se aproximando da sala e então ele percebeu minha presença, logo ficou sem jeito.

– Alice? – perguntou como quem tem culpa no cartório.Ele ficou sério e sem jeito ainda mais. Já Kate, não

parava de tagarelar ao telefone. – Alice chegou aí, John?Meus olhos então mudaram de cor do preto ao quase

branco. Tivera certeza que ele percebeu, mas não fiz questão de perguntar e olhá-lo.

– Olhe aqui... Você está bem? – perguntou, erguendo meu queixo para de modo que meu olhar se direcionasse ao dele.

– Não. Eu não estou nada bem. Eu não sou uma Vampira? Porque eu tenho que ser isso? Eu não me considero uma! Esses Vampiros malditos que se fodam! Quero que tudo isso vá à merda. Que diabos? Eu não me conformo.

Isso foi o que eu pensei.– Acho que tenho visita, Kate. Ligo para você depois... – John? Quem está aí? É a Alice? Deixe-me falar com

ela...Antes mesmo de ela terminar sua frase, John desligara o

telefone. Pude ouvir perfeitamente suas palavras abafadas pelo telefone.

– Porque não disse a ela que estou aqui? E, aliás, porque desligou na cara dela?

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John não respondeu, sem seu tom grave de falar. Já transformada novamente com meu rosto parecendo um demônio, saí do meu eu demoníaco e voltei ao fingimento de ser humana. John, como possuía um lema de não ouvir desaforo de ninguém, tentou vir em minha direção.

– Você tem que se acostumar, não é sua escolha. Kate não mora mais aqui.

Olhei no fundo dos olhos dele, ele ainda distante e sério. Eu sabia que John também odiaria fazer parte disso. Eu estava feliz por ele e muito triste por mim.

– Eu vejo o quanto você odeia isso também, pai. Eu sei o quanto você odeia ter que agir como um homem na minha presença. Você me entende, eu sei disso.

John não respondeu novamente e calou-se. Eu adquiri o termo de quem se cala consente. Ainda me aproximando dele, tentei decifrá-lo e rebati a minha opinião.

– Olha para mim e diz que é mentira, pai. Diz-me que não sente saudade dela.

– Não, não é mentira. Infelizmente é essa nossa realidade de agora. E por mais que eu não seja de conversar como um pai normal, eu faço de tudo por você, Alice.

– Pai, não tem que ficar se culpando, é apenas seu jeito. Eu respeito isso, você tem esse jeito machão e eu não ligo, é divertido. Acredite, a melhor coisa que você faz é não grudar em mim e se meter na minha vida.

John abriu um meio sorriso e levantou as duas sobrancelhas mexendo o ombro.

– Sendo assim... Quase subindo as escadas para meu quarto, parei no

caminho. – John, onde está minha antiga cama? Não quero mais

aquela cama tenebrosa e assustadora, além de cafona. Quero minha vida normal de volta. Minha vida humana de volta.

Meu rosto estava pulsando de veias desesperadas por sangue. John percebeu meu jeito novo e traiçoeiro repentino. Ele encostou suas mãos em meus ombros e tentou me acalmar, olhando-me com seu modo preocupado e sério, como um xerife típico. Mal sabia ele que eu estava em transe, no período puro.

– Toma isso.John em segundos apareceu com um copo de água em

suas mãos me oferecendo. – Você vai se sentir melhor.

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Eu peguei o copo de suas mãos e engoli por completo. Minhas veias negras repuxadas do rosto e corpo foram desaparecendo por enquanto, meus olhos voltando à cor normal e meu cabelo voltara a ficar arrumado. Senti um prazer fenomenal e incrível, sem palavras para explicar. O meu eu normal voltou a habitar meu corpo. Voltei a raciocinar normalmente. Fiquei exausta e triste por saber que eu teria que tomar um copo de sangue quando subisse as escadas ao meu quarto.

Eu repeti várias vezes que queria minha vida de volta dentro de mim mesma.

– Tudo bem, eu vou levar sua cama para seu quarto exatamente agora, senta aí um pouco, se não melhorar, vai dormir. Talvez seja sono, sei lá – e subiu um pouco rápido para cima. Ficamos somente eu, descontroladíssima e a solidão, aflita e preocupada.

Ora... Mas minha mãe não é Vampira? Meu pai é um xerife e acaba com tudo de sobrenatural que surge por Port Angeles... Minha mãe lê corações e é um ser completamente sobrenatural... Benditos pais que eu tenho, não? Será que Kate não sabia realmente o que aconteceria quando John descobrisse? Eis as questões. E, sério. John sempre foi muito bom no que fazia quando o assunto era seres sobrenaturais. Não existe algo que ele não conseguiu deter... Até mesmo, dois vampiros uma vez o atacaram na escuridão de uma fazenda em que ele estava investigando e ele conseguiu dar um jeito. Não sei qual, mas sei que deu um jeito muito bem dado. Porque, antes eu não consegui detectar o que eram aquelas mordidas no pescoço e ombro que ele tinha, mas hoje sei: Eram dois vampiros.

John apareceu na sala bem disposto e orgulhoso de sua ótima forma humana.

– Sua cama já está no seu quarto... – E quanto à antiga cama? – Está guardada no Sóton, mas vou logo avisando... A

cama continua sendo de casal. – Tudo bem, sendo assim... Eu já vou indo.Eu disse, balançando a cabeça positivamente. Ele não

moveu um dedão, ficou encostado na parede com sua roupa diferente e largado. Subi para o meu quarto e lá estava minha cama maravilhosa e antiga. Eu tinha um pouco de medo dele, um dia ele ia descobrir. Sério.

– Que cama linda – eu bufei velozmente pulando nela com um galeio forte e típico.

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– É mesmo impossível fugir de mim mesma.Em minha nova cama, com a janela fechada, havia um

livro ao meu lado, que eu tinha pegado na biblioteca, “Drácula”. Já dentro da primeira gaveta da escrivaninha, havia outro livro. Era um livro grosso e interessante, dar cor azul e com o título em amarelo ouro. O livro estava com teias de aranha e bastante velho. Peguei-o centro da escrivaninha, ao lado da cama. O nome do livro era “As espécies” que eu peguei escondido da ultima gaveta da cômoda de Kate. Sei que ela ficaria uma fera quando descobrisse, mas...

Folheei o livro e deu que ele tinha trezentos e setenta e uma páginas, além da divisão por capítulos e tópicos. Procurei no sumário o que mais me parecia interessante, já que eu não tinha nada mesmo pra fazer.

O sumário era dividido por tópicos interessantes e organizados.

O que são os feiticeiros?..................................................................................... 1

Como descobrir a espécie misteriosa................................................................ 28

Guerra entre espécies............................................................................................ 48

Características dos Feiticeiros............................................................................ 100

Como matar um Feiticeiro................................................................................... 250

Espécies diferentes não se relacionam. Eis a lei............................................... 301

Alguns feitiços conhecidos e descobertos......................................................... 329

Engraçado... Como aquele livro falava sobre feiticeiros. Decidi ler o livro todo de acordo com o tempo que eu

tivesse... Então, decidi também lê-lo por tópicos na ordem crescente, pois todos os capítulos me interessavam ao extremo. Era de o meu interesse saber tudo sobre essa espécie tão atormentadora, misteriosa e mágica. Havia

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muitas duvidas sobre a minha espécie, os Vampiros. Só que naquele momento, a última palavra que eu queria ouvir era essa – Vampiros.

Sentada na minha cama, me sentindo mais humana possível, me encostei-me ao travesseiro e abri o livro na primeira pagina, querendo saber um pouco mais sobre o que são realmente esses tais Feiticeiros. E no livro, no capitulo em que falava de guerra entre espécies, com certeza falaria sobre a raça maldita dos Vampiros.

A minha raça.

O que são os feiticeiros?

“De acordo com a antiguidade, Feiticeiros existiram já no século V. não foram somente os Feiticeiros que surgiram nesse mundo estranho e espécies malignas e subliminares. Além de humanos, surgiram os Feiticeiros e ainda sim, os temidos Vampiros...”

– Olha que ótimo... Mal começo a ler o livro e já me aparece essa palavra – bufei, de mal-humor. Retomei a ler o livro e me calei, concentrada.

“... Não se tem a explicação exata de qual foi o motivo de surgir mais essas duas espécies. Os Feiticeiros antigos possuíam um caráter duvidoso, sempre com medo de serem derrotados pelos Vampiros, passaram a se proteger enquanto dormiam, surgiu naquele período o mais poderoso e velho Feiticeiro de todos os tempos, seu nome? Bhaskara. Há rumores de que ele ainda tem mais alguns bons anos de vida, mas ainda sim, os Feiticeiros são a espécie mais próxima dos humanos, podendo conviver com eles normalmente e sem muitos aflitos. Pois existem muitas explicações para isso. Além do mais, os cientistas ainda não descobriram nada sobre uma segunda espécie, muito menos uma terceira. Não se sabe ao certo se algum humano descobriu, o que se sabe é o mito. Todos os humanos conhecem os Vampiros e Feiticeiros de um modo na ficção e de um modo agradável, existem filmes que demonstram que os Vampiros conseguem se controlar, mentira. Eis muitas mentiras sobre Feiticeiros e Vampiros. Esse livro retrata a realidade, e somente Feiticeiros e Vampiros tem acesso a esse livro...”

– Agora fiquei confusa: esse livro é de ficção ou realmente aconteceu? – eu bufei novamente, mudando várias paginas até chegar ao outro capitulo.

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Como descobrir um Feiticeiro

“É possível reconhecer um Feiticeiro apenas vendo sua cicatriz, semelhante a uma tatuagem. Que tem a forma de um símbolo exatamente assim . Essa cicatriz se encontra por todas as partes do planeta. Cada Feiticeiro possui essa cicatriz em algum lugar do corpo. Homens, geralmente costumam ter nos braços, nas pernas, no bumbum e até mesmo na parte pubiana. Já mulheres, costumam ter a mesma cicatriz na nuca, nos pés, na virilha, atrás da orelha. Na verdade, cada Feiticeiro pode ter a cicatriz em qualquer lugar. Mas é claro, em lugares escondidos para não dar na cara aos humanos...”

– Será? – pensei comigo mesma.

“... Eles na maioria das vezes, quando são tocados em sua cicatriz, sentem incômodos e dores em volta de onde se localiza a cicatriz. Eles possuem essa cicatriz, porque na antiguidade quando foram descobertos e surgindo os Feiticeiros, foi feito um acordo entre os Vampiros e Feiticeiros. Porque em um dia, Bhaskara foi queimado por um Vampiro com esse símbolo e então, automaticamente ele lançou o maior feitiço de todos os tempos que propunha que todos os Feiticeiros que nascessem a partir daquele dia, teriam aquela cicatriz para representar a legião feiticeira e homenageá-lo. Os Feiticeiros antigos foram quase todos mortos. Estima-se que todos estejam mortos nos dias atuais.”

Novamente eu folheei o livro impaciente e fui para o próximo capitulo, querendo algo que me fizesse sair dessa confusão toda. Eu já não estava mais sabendo o que era ficção ou realidade naquele livro. Talvez fosse tudo verdade.

Guerra entre espécies

“Fora no início do século V, que ocorreu o surgimento das mais duas espécies e logo em seguida a guerra entre eles. Vampiros eram mais considerados como seres demoníacos, são até hoje, mas podem milagrosamente existir alguns que conseguem se controlar. Já os Feiticeiros viviam correndo dos Vampiros e querendo paz de uma vez por todas. Então com a existência do primeiro Feiticeiro de todos e mais poderoso, aliás, foi criado por ele o castelo onde conviviam

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juntos Feiticeiros e humanos. Pois Vampiros convivendo com humanos, Feiticeiros convivendo com humanos não estava dando certo. Pois as duas espécies são superiores aos humanos. Sem falar do que os Vampiros se alimentam certo? Humanos! Já os Feiticeiros, querem se sentir livre para agirem de sua natureza e usarem todos os seus poderes mágicos. Mas, no entanto, com a sociedade humana é impossível. Alguns Feiticeiros e Vampiros preferem ainda sim, conviver com os humanos. Ridículo, não? Vampiros quererem conviver com aquilo que eles comem... Pois bem, o nome do castelo chamara – Lablowness. Lá é onde eles viviam... Onde tudo pudera acontecer... mas era organizado por vários graduados na magia e no vampirismo. Os dois graduados eram Bhaskara e Alba. Os dois eram Feiticeiros fortíssimos e graduados ao máximo, quase invencíveis. Mas aqueles que preferem um nome mais específico que – o castelo de Lablowness – pode se conformar perfeitamente ou chamá-lo como um tipo de Colégio para Vampiros ou Feiticeiros acima de 17 anos. Lablowness é um castelo mágico enorme situado na Alemanha. E então, ainda no século V, surgiu a Guerra entre Espécies. Que fora a batalha entre Feiticeiros e Vampiros para acabarem com uma das duas raças e deixar somente a espécie vitoriosa, pois Vampiros e Feiticeiros são superiores aos humanos, não uns aos outros. E o comandante dos Feiticeiros foi Bhaskara e Alba. Já os dois comandantes da legião vampiresca foi Angel e Junior, mas eles foram mortos durante a batalha, não se sabe quem os matou, mas Com Certeza foi um dos Feiticeiros. Os vencedores da guerra foram os Feiticeiros, mas muitos deles foram mortos pelos Vampiros. Estima-se que hoje eles se respeitam, mas continuam se odiando. “Alguns deles são obrigados a conviverem uns com os outros e sem guerra novamente [...]”

E então, eu mexi nas minhas madeixas, chegando a algumas conclusões.

– Será mesmo que devo lê-lo? – pensei comigo mesma sobre o próximo capítulo.

Fechei o livro, olhei para os lados tentando ter certeza se devia mesmo ir adiante.

– De qualquer modo... Eu então preguei os olhos no capitulo mais interessante

e comecei e a lê-lo logo.

Características de Feiticeiros

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“Cada Feiticeiro possui uma especialidade original por si próprio. Feiticeiros não são aqueles que utilizam varinhas mágicas, isso é lenda. Existem, por exemplo, o Feiticeiro da águas, o Feiticeiro do fogo, do ar, da terra, das árvores, do raio [...] E com isso, também é obvio que existem livros de feitiços livre para qualquer Feiticeiro. Por exemplo, quando um feitiço é livre, todos os Feiticeiros têm liberdade para usá-lo, os Feiticeiros das águas, do fogo, do ar... Enfim. Mas cada Feiticeiro já possui o seu livro próprio de feitiços e uma vez lido, jamais esquecido. O Feiticeiro do fogo nunca, jamais sabe citar um feitiço relacionado às águas, somente os Feiticeiros das águas e vice versa. Mas ainda sim, existem milhares de livros com feitiços livres. Os livros de magia e feitiço só são encontrados no castelo de Lablowness. Existe também uma raridade de Feiticeiros, que se estima serem somente um ou dois, que conseguem desbloquear um feitiço original e além do mais, criar feitiços. Além de uns extras que ninguém sabe, somente eles. Foram descobertas somente algumas características de cada categoria original de Feiticeiros (as).

O Feiticeiro do fogo: Costumam ter a cicatriz no bumbum, ter o caráter fortíssimo e assustador. Possuem sangue farto, costumam usar seus feitiços para qualquer coisa, desperdiçando seus poderes às vezes. Pode dominar qualquer coisa que se relaciona ao fogo, pode aquecer algo, levitar algo com fogo, queimar algo, fazer objetos com fogo e muitos outros. Dom-chave é que se transforma no sol.

O Feiticeiro do ar: Costumam ser impacientes e divertidos, além de muito talentosos. Não costumam usar seus poderes atoa. Sua cicatriz situa-se na nunca direcionada à orelha esquerda ou direita, isso varia bastante. Pode levitar coisas, criar tempestades, sugar coisas, voar e muito mais. Dom-chave = podem ficar invisíveis.

O Feiticeiro das águas: Costumam ser determinados e muito poderosos, além de persistentes e engraçados. Sua cicatriz costuma se encontrar nas costas, o lugar exato varia bastante também. Tudo relacionado à água eles possuem o domínio perfeito, pode levitar coisas com água, fazer ondas, maremotos, lançar bolas de água, congelar algo, descongelar e muito mais. Dom-chave = podem se tele transportar.

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O Feiticeiro da terra: Costumam ser calmos e gostam de paz, não perdem a paciência facilmente e possui um coração grande e carinhoso. Sua cicatriz costuma se encontrar no pulso, sim. Eles são desvantajados nesse detalhe, mas eles escondem-na com munhequeiras, pulseiras ou tatuagens. Qualquer coisa relacionada à natureza eles tem domínio. Possui ordem sobre árvores, plantas, folhas, terras e muitos outros. Dom-chave = podem se transformar em árvores e outros fenômenos naturais.

O Feiticeiro dos animais: Costumam ser mal-humorados e anti-sociais, são mais calados e bem menos falantes que o normal. É mais comum encontrar Feiticeiras nessa categoria que Feiticeiros. Sua cicatriz fica na axila direita ou esquerda, também varia. Conseguem dominar qualquer animal, seja marinho, terrestre ou aves. Também conseguem falar com eles e manipulá-los perfeitamente. Dom-chave = quando tocam em certo animal, se transforma nele.

O Feiticeiro do raio: Costumam ser agitados, espoletas e apressados. Além de terem um poder extremamente temido por todos os outros Feiticeiros. Eles extraem a eletricidade do raio e trovões e até mesmo materiais elétricos, podem causar trovões, matar pessoas esturricadas, tem magnetismo ampliado. Sua cicatriz se encontra no pé direito ou esquerdo, isso varia muito. Seu dom-chave = solta raio pelos olhos.

Esse foi o momento em que eu travei, olhei para o lado direito e centralizei meus olhos ali. Lembrando das vezes em que Nickolas sumia de repente, o modo como ele era sínico, sua agilidade, e seu medo em que eu me aproximei dele, e principalmente o modo como ele me olha.

Não!Não pode ser. Não.

Sem perder tempo, dei continuidade, continuando a ler aquele livro sem medo.

Como matar um Feiticeiro

– De qualquer modo eu não vou agüentar de curiosidade.

Comecei a ler e li somente um parágrafo.

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“Matar um Feiticeiro não é lá tarefa muito fácil. Existem várias formas de matar esse ser. Mas há um modo, infalível e o mais difícil, que se é destruindo sua cicatriz. Pode fincar... Arrancar, morder, atirar... Contanto que a destrua. Automaticamente quando você destrói a cicatriz de um Feiticeiro, ele morre.”

Pausa de dezessete segundos pensando, com muito medo.

– Nossa, ler dá uma sede... – sussurrei comigo mesma, correndo velozmente até a cozinha e voltando ao meu quarto na mesma posição em questão de segundos com o copo de sangue cheio até a boca, tomando-o com um gole bem dado.

– Deliciosamente perfeito! – Vamos lá Alice... Falta pouco para acabar essa tortura –

repeti comigo mesma.

Espécies diferentes não se relacionam. Eis a lei

“Feiticeiros são compostos como os humanos por seu corpo e mente. Já os Vampiros não são compostos por corpos humanos e mortais. Não há reprodução entre espécies distintas. Feiticeiros quando se relacionam com feiticeiros, são capazes de reproduzirem-se, mas dá trabalho, é difícil. Quando feiticeiros conseguem se reproduzir, o filho nascerá um feiticeiro, podendo herdar do pai ou da mãe, depende. Por exemplo: o pai é feiticeiro das águas e a mãe é feiticeira do fogo, o (a) filho (a) poderá tornar-se feiticeiro (a) do fogo ou das águas. Feiticeiros, vampiros e humanos; Não é possível reprodução entre eles. Todo Vampiro de normalidade, não possui sangue algum em suas veias do corpo, o que os tornam então, dependentes de sangues alheios para se manterem existentes. E quando um Vampiro acaba de adquirir sangue alheio – humano ou não – ele adquire o sangue da vitima por dois dias em seu corpo – dependendo da quantidade de sangue, na verdade – e então, se for machucado dentro desse Período Puro (dois dias de sangue alheio em seu corpo), se fere como um ser normal. Apenas com a diferença de não morrer se perder esse sangue. Um Vampiro sobrevive ate um mês sem sangue algum, mas os tornam fracos e abaixo do restante de Vampiros.

Fiquei maravilhada e indignada ao mesmo tempo. Estava tudo confuso dentro de mim. Pensei em chamar Kate e

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pedir que ela me esclarecesse. Mas aí eu lembrei que ela não estava em casa havia semanas.

Não podia ser o que eu estava pensando! – Período Puro? Reprodução entre espécies? Meu Deus –

murmurei aflita.– Então, como diz aqui, não é possível reprodução entre

Vampiros e Feiticeiros...Senti dentro de mim um medo, uma insegurança, todos

os sentimentos misturados. Pois se fosse mesmo que eu estava pensando, eu estava ferrada.

Já no ultimo capitulo para ler, me ajeitei direito na cama e encostei minha cabeça no acento duro.

Alguns feitiços conhecidos e descobertos

“Aqui foram descobertos e retirados somente alguns feitiços desbloqueados – livres, que qualquer Feiticeiro pode usar – dos livros de magia do Castelo de Lablowness”

– Minajmust – faz um caderno mágico aparecer para anotações urgentes.

– Carefullorn – faz qualquer ser correr de medo por 30 segundos.

– Moscalittlex – transforma o inimigo em uma mosca gigante.

– Torchello – causa dor de barriga em qualquer ser. – Homyrmos – faz aparecer um homem feio e gigante a

seu favor. – Grandayer – te transforma em uma bola invisível.

– É inútil ler isso quando se é uma criatura demoníaca, uma Vampira, por exemplo – bufei de má vontade para mim mesma e fechei o livro, não conseguiria ler mais nada. Aquilo era verdade? Será que os seres de outro mundo eram os feiticeiros?

Muito sobre Feiticeiros, muito sobre os Vampiros... Fechei os olhos, impressionada com tudo que eu acabei de saber ali, naquele exato momento. Preocupadamente eu observei tudo ao meu redor, cansada, como uma humana típica eu me rolei em minha cama como um tatu carente e abri um meio sorriso.

– Porque eu tinha que me transformar em Vampira? Por quê? – Olhei para cima e perguntei, ridiculamente esperando uma resposta.

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– Perfeito seria se todos fossem somente humanos, nada de sangue, de demônios.

Deitei-me em minha cama direito, fechei os olhos e dormi com a garganta doendo com tanta coisa entalada ali. Mas aquilo que eu li não era suficiente, mesmo que fosse mentira... Eu teria que tentar.

Eu vou tentar.A noite estava perfeita, noites lindas como raramente, as

nuvens negras cobriram Port Angeles e a lua desapareceu, com um breu na penumbra e delicado. Começara a descer água, chovendo naturalmente águas naturais e vindas do céu. Alguns trovões também surgiram junto, e mais chuva e chuva.

Acordei mal-humorada e decidida, tomei meu copo de sangue, não vi John em casa, devia estar no trabalho. Aliás, nem imaginava o que eles faziam enquanto eu dormia, quer dizer, o que todos os vampiros fazem enquanto eu durmo. Peguei o carro de John “emprestado” e fui para o Colégio. Chegando lá, o clima estava frio devido à chuva de ontem, todos com roupas bem quentes e me deixaram muito mais aliviada, pois assim eu sentia menos o cheiro do sangue deles. A primeira aula fora de historia e Sarah não paravam de tagarelar por nada. Eu procurei Nickolas por todas as partes do colégio e não vi cor dele, ele deve ter ficado assustado comigo depois daquele dia. Era isso mesmo que eu queria...

– Era isso mesmo que eu queria? Enfim, agora que eu vou pressioná-lo, não sossego

enquanto não descobrir! Thomas chegou todo molhado e ficou jogando água em

mim, depois de ter encharcado a roupa de Jennifer, é claro. Na mesa, todos reunidos e meu pensamento ainda mais longe.

– Você vai com a gente também, Alice? – Jade perguntou pela segunda vez.

– Alice...? – Desculpe, mas o que você disse? – meu pensamento

voltou ali. Todos da mesa reviraram os olhos, já acostumados com

o meu jeito desligado de sempre, não fora nenhuma surpresa para eles. Não é que eu não estava entediada com eles. Nada disso! Era só que eu estava me lembrando do parágrafo que li no livro As espécies.

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O Feiticeiro das águas: Costumam ser determinados e muito poderosos, além de persistentes e engraçados. Sua cicatriz costuma se encontrar nas costas, o lugar exato varia bastante também. Tudo relacionado à água eles possuem o domínio perfeito, pode levitar coisas com água, fazer ondas, maremotos, lançar bolas de água, congelar algo, descongelar e muito mais. Dom-chave = podem se tele transportar.

Voltei à realidade, ligando os pontos, encaixando peça por peça para ligar o que estava se passando em minha mente óbvia. Esse parágrafo me chamou realmente a atenção.

Será que é o que eu estou pensando?

No colégio, todos estavam menos afobados e quietos devido ao extremo frio em Port Angeles. A cada canto pelo qual eu passava Nickolas não estava.

– Quem vai ser o seu pai no baile? – Sarah perguntou tagarelando.

“Par? Baile? Quem?” – Bem... Eu não sabia que teria baile... – Você não deve ter visto o anúncio. E além do mais... O

baile de final do ano está sendo aguardado pelo colégio inteiro – Daniel acrescentou.

– Eu vou com você, Daniel? – Jade hesitou. Daniel abriu um sorriso e olhou carinhosamente para ela,

já respondendo sua pergunta óbvia. – Com quem você vai Jennifer? – Sarah perguntou. Jennifer então pensou para responder e olhou para o

lado, vendo um cara de cabelo loiro bagunçado e um nariz estranho. Sorriu e tirou o dedo indicador do canto do queixo direito com um sorriso pervertido.

– Vou convidar o Sid. Thomas ficou mordendo os lábios e com dores de

cotovelo. Arregalou os olhos e franziu o cenho. – Não vai não. O Sid já tem par – ele retrucou. – Ele é louco por mim, Thomas. – Se você for ao baile com ele... Eu... Jennifer aproximou seu rosto, inclinando-o para frente e

abriu a expressão debochada. – Você o quê? – Nada, faz o que você quiser. Thomas saiu da mesa completamente composto por

uma raiva estranha e sem motivos suficientes. Todos na mesa caíram na gargalhada, inclusive Jennifer.

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– De qualquer modo... Eu vou convidar o Nickolas. – Tenta a sorte, Sarah. – Ele parece ser divertido... Bonito... Misterioso. E ele não

vai ter coragem de recusar o meu convite, Jade. – O que você acha Alice? Acha que ele vai querer ir

comigo? – Porque não? Você que sabe. O rosto de Sarah se encheu de preocupação, com uma

expressão tremula e insegura.

Então, eu vi um vulto atrás dos corredores escuros do colégio por onde eu estava passando. Sem prestar atenção em ninguém eu o segui em direção a entrada do Colégio e descemos onde havia muitas árvores e pedras. Um lugar sombrio assim como ele. Ficamos longe um do outro e minha tensão aumentou só pelo fato de estar respirando o mesmo ar que o dele. Estranho demais, isso já estava ficando doentio. Ele caminha olhando ao redor daquele mundo de natureza.

– Nickolas! Ele olhou para trás, nada surpreso como eu esperava

que ele ficasse. – O que é agora? – perguntou um tanto irritado. Eu fiz cara de boazinha, prestes a fazer uma cena de

novela em que a vilã finge ser boazinha para quando o momento estiver perfeito, apunhalar o tal.

– Vim me desculpar com você, não tenho sido legal – eu disse fingindo.

Ele riu. – Desculpada. Ainda tentando fingir, aproximei-me dele e o puxei pelas

mãos. – O que te deu hoje, vampiralha? Ta achando que não sei

que você está aprontando? – Só quero um abraço. Ele fez que não com a cabeça e saiu de perto de mim,

mais esperto que eu imaginei. – Estou tentando ser legal, já que você não me quer por

perto, eu estou indo embora. Ele me segurou pelos braços e me olhou com cara de

desconfiado. Logo mais ele me puxou para um abraço apertado. Um pouco desconfortável com que eu estava prestes a fazer, pensei que seria melhor e o certo a se fazer. No momento em que o abraço estava acabando, com toda a minha agilidade, puxei a camisa preta dele para cima,

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querendo ver se ele tinha a tal cicatriz nas costas. Mas ele foi mais ágil que eu, me dando um golpe e sumindo dali.

Sumindo não, ele estava atrás de mim. – Eu sabia que você estava aprontando... – sussurrou. Meus olhos se encheram com um pouco de lagrimas e

fiquei bastante irritada. – Idiota, porque não me conta a droga da verdade logo?

– gritei. Nickolas virou-se para o lado, com a expressão triste. Eu

juro que vi um quase choro vindo dele, era como se ele tivesse muita vergonha mesmo de ser o que é. Quem tinha que ter vergonha ali era eu. Imagine só: uma espécie que ameaça acabar com a humanidade. Já ele: apenas um mágico idiota que é muito poderoso e pode subornar a humanidade quando quiser. Ele virou-se para mim disposto a fazer algo. Então, puxou a camisa preta em que estava vestindo para cima e a jogou para o lado, ficando sem camisa. Eu fiquei tão hipnotizada que nem me lembrei porque eu estava ali.

– E então? – perguntou decepcionado. – Vire-se – ditei a ele num tom frio e arrogante. Nickolas então se virou lentamente, corado de tanta

vergonha. E lá estava a grande cicatriz no tom escuro como um

desenho assim = Lá estava.Sim, ele era. Nickolas é um feiticeiro!Ficou aquele silencio horrível e tenso no meio de nós. Eu

estava com raiva por ele ter mentido, mas com mais raiva ainda por saber que somos inimigos. O que dizer? O que fazer? Do mesmo modo que eu sei que teria que manter distancia dele, ele também teria de mim. Estávamos quites. Eu não podia cobrar nada dele, nem ele de mim. Quer dizer, é o que ele tem feito desde sempre, mas que eu não entendia. Ele colocou a sua camisa, caminhou para mais adiante em silencio e eu o segui.

“Desicelion” ele disse, quando encostou suas mãos em um galho normal e automaticamente o congelou. Nesse momento, lembrei-me daquela vez em que me esbarrei no copo de água e ele segurou sussurrando alguma coisa. Então eu ouvi mesmo algo... Não foi maluquice minha.

– Você sempre faz isso? – quebrei o gelo. Deixei minha arrogância de lado por alguns instantes. Ele não respondeu, só sorriu de leve.

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– Alice, eu só queria que você soubesse logo que não tem que agir como se você fosse uma ameaça para mim. Eu sei, não foi legal eu ter te contado. Mas de que adianta? Somos inimigos. Você sabe, não sabe?

Legal, foi nesse momento que tudo ficou pior. O que ele estava querendo dizer? Digo, o que ele estava pretendendo? Confusa e não entendendo onde ele estava querendo chegar, revirei os olhos.

– O que você quer dizer com isso? – Eu quero dizer, que você pensa que eu sou a vitima.

Quando na verdade, é o contrario. Eu sei que você deseja o meu sangue, mas você não é pare pra mim, sei que soa estranho, mas é sério. Você é simplesmente e inacreditavelmente a vitima aqui.

Ainda sem entender, mas apreciando aquela situação, tentei entender o que estava havendo por ali de uma vez. Decidi entrar na brincadeira com tudo, deixando um pouco de lado nossas diferenças.

– Então você pode se defender e me atacar se quiser? – perguntei.

Ele abriu outro sorriso de leve. – Não é isso que eu quis dizer. Eu posso me defender de

você em qualquer momento, mas te atacar não. Aliás, porque motivo eu a atacaria? Eu não sou um Vampiro e não desejo o seu sangue.

Caindo em si, pude perceber o quão ridículo foi no que eu havia perguntado.

– É completamente sem sentido o que eu perguntei – confessei.

Eu, de longe, senti o frescor de seu sangue zanzando no meu nariz e fiquei desconfortável, prestes a me transformar. Nickolas percebeu o que houve comigo e se tele transportou de onde ele estava para centímetros de distancia de seu corpo do meu.

– Fique tranqüila, eu sei me defender de você. Mas sabe, tem algo em você que me intriga muito – ele fez uma pausa, encostando seus dedos em meu medalhão e o observou intrigado.

– Porque você usa isso?Agi como se não estivesse explodindo por dentro e fiz

força, lutando contra minhas veias ocas e sem sangue, se repuxando pela necessidade de preenchê-las. Antes de responder sua pergunta, lembrei-me me mais uma mentira vinda dele.

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– Então aquela baboseira de historiador de seres sobrenaturais é a mais pura mentira, né?

Ele confirmou com os olhos, abaixando-os logo em seguida com um pouco de vergonha neles estampados para quem quisesse ver.

– Esse medalhão foi enfeitiçado por antigos seres de outro mundo, ou seja, os feiticeiros. E entregue aos meus pais que o deram a mim. É uma espécie de controlador de Vampiros que pretendem se relacionar com humanos. Esse medalhão ajuda a bloquear parte de meu desejo e consegue saciar um pouco de toda a minha dependência sanguínea.

Ele ficou satisfeito e se interessou, eu vi nos olhos dele, azuis e lindos... O quanto ele realmente gostou do meu medalhão. Sei lá, parece que ele gostou mais do que eu mesma.

– Devia chamar Sarah para sair, ela é muito bonita, inteligente e além do mais... – mudei de assunto com intenção de ajudar minha amiga.

Ele me interrompeu, se afastando e desapontado. – Sarah é mesmo linda, inteligente, divertida, incrível. Eu

sei disso, não tem que ficar fazendo propaganda dela, é ridículo, Alice.

Sem graça e envergonhada, me senti mal, sabendo que ele tinha toda a razão.

– É que... Deixa-me explicar direito. Ele interrompera-me novamente. – Explicar o que? – ele se aproximou exageradamente

com cara de cúmulo e uma pitada de sorriso. Dei-me conta de que não havia o que explicar. E quem abriu cara de cúmulo da vez fora eu, cansada de sua esperteza e sabedoria.

– Devia ceder aos encantos de Thomas. Ele parece estar caidinho por você. Porque não dá uma chance a ele? – ele perguntou distante.

Ele estava de sacanagem comigo. O quê foi aquilo? Uma revanche? Hm... Que meigo.

Ele já estava me dando nos nervos. Franzi o cenho, gostando da esperteza que ele teve.

Encaramo-nos por oito segundos e ele persistiu com o olhar debochado e correto.

– Estamos quites.Sussurrei, ele só balançou a cabeça positivamente três

vezes. Meu medalhão deu sinal de falha, com minha

sinceridade a flor da pele, pisquei profundamente meus olhos

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querendo evitar torná-los negros como a mais noite escura dos últimos tempos.

– E como funciona essa coisa toda? – perguntei, sem dar detalhes do que eu estava falando. Havia uma grande árvore, na qual eu senti extrema vontade de escalá-la e sentar em seu galho superior.

Olhando-a, escalei-a com tal velocidade vampiresca e me sentei delicadamente em seu galho superior. No exato momento de gloria, olhei para baixo com um sorriso zombador estampado no rosto e vi Nickolas parado pensativo e se divertindo ao ver minha ingenuidade e ignorância em pensar que ele não poderia fazer aquilo.

– Nem tudo é ruim em ser uma Vampira.Eu praticamente gritei, olhando por um instante para

cima. No tempo em que eu olhei para cima, Nickolas se tele

transportou para o mesmo galho que eu estava. Calmo e debochado, ele não se moveu, com cara de cinismo. Logo que olhei para baixo ainda sorrindo, tive o baque da sombra dele ao meu lado e foi certeiro. Meu sorriso debochado se transformou em derrota. Quem estava zombando agora, era ele.

– Estraga prazeres.Ele não conteve e se divertiu com meu mau-humor

sincero. – Quanto ao que você me perguntou o que você quis

dizer? Lembrei-me e expliquei melhor. – Esse negócio de Feiticeiros. Existe essa coisa de “Tipo

de Feiticeiros?” – perguntei. O meu desejo por seu sangue passou naquele exato

momento. – Agora eu entendo o que você quis dizer. Bem, existe

sim. Quer dizer, mais ou menos. Existem Feiticeiros das águas, do fogo, do ar, da terra, da mente. Enfim.

– E você é qual? – perguntei, fingindo que não sabia. Ele logo materializou uma flor de gelo embaixo de onde

estávamos sentados. Eu olhei e então quando fui tocá-la, ela se derreteu. Nickolas me olhou e preparou-se para me contar sobre algo interessante.

– Ta a fim de ouvir uma história que uma amiga me contou? Talvez seja apenas lenda, mas eu acredito que seja verdade. É uma longa, longa história...

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– Eu quero ouvir sim, me conta – pedi arrumando meu cabelo e olhando para o nada.

Ele riu. – Quer mesmo? – ele perguntou. Conta logo essa porcaria de história, meu caro! – Sério, eu quero ouvir. Tenho todo tempo do mundo –

eu disse, por fim. – Ok – sussurrou arrumando seu cabelo arrepiado com

um sorriso satisfeito no rosto.

– Houve um tempo em que todos os vampiros viviam em um mundo de paz. Não exatamente paz, mas vivam em uma cidade em que só havia vampiros. Não havia nenhum ser humano na cidade. Até porque não havia tantos vampiros quanto atualmente existem. Como você já deve saber, existe na Alemanha um castelo para feiticeiros chamado Lablowness e lá viviam os feiticeiros todos juntos sem nenhum problema. E os humanos vivam sua humanidade no planeta como sempre foi. Mas então, quando começaram a surgir muitos e muitos vampiros e muitos e muitos feiticeiros, alguns deles decidiram quebrar as regras. Alguns dos feiticeiros que viviam em Lablowness se mudaram para as cidades humanas e decidiram viver como se fossem humanos. O mesmo que os vampiros decidiram fazer. Então eles foram se espalhando. Mas sabe Alice... Isso não poderia ter acontecido. Pois os feiticeiros e vampiros são superiores aos humanos.

Os vampiros e feiticeiros estavam ameaçando a humanidade. Pelo óbvio fato de que os vampiros se alimentam do sangue humano e os feiticeiros usam os humanos para qualquer coisa, podendo matar qualquer humano em um piscar de olhos. Bhaskara tentou deter isso, mas não conseguiu. É por isso que hoje em dia está essa bagunça toda. Só que algumas coisas mudaram, como por exemplo: No castelo de Lablowness não tem tantos feiticeiros como antes. A maioria dos feiticeiros só vai pra lá quando querem experiência de algo ou não tem onde viver. Lá é um castelo enorme que tem de tudo você imagina: tudo mesmo. É o lugar mais incrível que já morei. Alguns feiticeiros ficam presos por lá também dependendo de suas atitudes e tudo mais. Só que quando se mora em Lablowness, muitas coisas começam a acontecer fora de lá. Existem muitos mistérios naquele lugar envolvendo o planeta inteiro. Uma vez, eu morava lá quando era pequeno. Não me lembro exatamente à idade... Mas eu passei por coisas muito assustadoras. Tudo

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que você faz lá, não é por acaso. Sempre tem algo que vai levar a uma conseqüência trágica envolvendo a terra. Eu entrei na Biblioteca real e fui procurar por um livro que explicava como lidar com feiticeiros do fogo. Já que nunca me dei bem com nenhum... Então, no livro dizia que em uma cidade no extremo oriente do Japão, havia uma caverna em que lá dentro estavam presos três feiticeiros do fogo.

Do jeito que sempre fui maluco, decidi ir atrás dessa caverna no Japão e me mandei de lá com a ajuda dessa minha amiga. O nome dela não precisa ser citado, mas nós saímos de lá com as energias fracas e sem saber como agir diante dos japoneses humanos. Pegamos um avião, demos um jeito em tudo e passamos por muitas coisas por lá. Fomos assaltados, comemos comidas nojentas e tivemos que trabalhar em um restaurante japonês. Até que ficamos lá por um bom tempo sem termos a menor noção do que falar, do que fazer. Nós dormíamos cada noite em um lugar, não precisávamos nos preocupar com absolutamente nada! Afinal, éramos feiticeiros! Então, depois que crescemos nos tornamos mais forte e fomos procurados pelos caras de Lablowness durante muito tempo...

Encontramos alguns feiticeiros por lá também, eles vivam normalmente. Um cara tinha uma mulher humana e conseguia se envolver com ela perfeitamente! Porque você sabe... Se um feiticeiro ou uma feiticeira se envolve com um humano, as chances de reproduzirem um filho feiticeiro é 100%. E até que nos tornamos adolescentes e fomos morar na Itália. Lá encontramos diversos amigos que fugiram de Lablowness assim como nós. E então passamos por diversas coisas até certo ponto que fomos perceber que nós não estávamos mais envelhecendo. Não sei se você sabe disso, mas feiticeiros não são imortais. Eles possuem a bondade de se tornar jovens por muitos e muitos anos. Nossa... Eu e ela já passamos por tantas coisas! – ele riu e parou de falar, deixando-me um tanto irritada.

– Legal – retruquei. – Não gostou né – ele disse e ficou preocupado.Eu não estava era entendendo porque ele me contou

aquilo! E além do mais... Pouco me importa sobre essa tal amiga dele, pouco me importa!

– Claro que gostei – disse, dando um sorriso mentiroso e esquecendo-me do quanto eu queria o sangue dele.

Olhando profundamente e sobriamente em meus olhos, ele foi se aproximando muito de mim tornando as coisas

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ainda mais difíceis. A mágica ocorreu em silêncio ao nosso redor, gotas grossas de água nos cercaram. Observando aquela cena mágica e ofegante, fiquei impressionada com meus olhos vidrados em cada gotícula de água levitando. Franzi o cenho e percebi que ele fazia força para aquilo ocorrer. Ele ficava um pouco cansado, com os olhos fechados e sua respiração ofegante. Logo abriu os olhos, soltou um sussurro de respiração e relaxou. Todas as gotas caíram imediatamente de acordo com seu comando.

– Dói? Ele fez que não com a cabeça e sentou-se mais perto de

mim.– Depende da quantidade – ele respondeu se tele

transportando para baixo, me fazendo descer velozmente e segui-lo. Naquele exato momento eu não consegui mais me conter e fiquei zonza, então eu apertei meu amuleto † para dar uma amenizada na dor infernal acompanhada de desejo. Nickolas me amparou, me segurando com tal preocupação apaixonante.

– Você está bem? – ele perguntou.Eu estava de cabeça baixa, quando então, decidi erguer

minha cabeça e mostrar a ele o verdadeiro monstro que sou. Com meu cabelo espalhado, atrapalhado. Presas de fora e afiadas. Os olhos negros como a noite, o rosto manchado como sangue, com raios de veias repuxadas por tanto desejo.

– Esperei muito por esse momento – o meu outro eu murmurou, encarando Nickolas olho no olho. Ele se espantou, assustadamente ele se afastou fazendo uma expressão temida e amedrontada. Ele não disse nenhuma palavra sequer, apenas se afastou e desapareceu. Logo que tive certeza que estava sozinha, revelei meu ódio em minha expressão e descontei toda a minha raiva em um barranco de terra parado ao meu lado esquerdo, o arremessando a quilômetros de distancia, mais minha força e mais a velocidade sobrenatural que eu tinha.

Antes tarde do que nunca

– Você vai comigo escolher o vestido? – Mas hoje, Sarah? – É, Alice... Jade e Jennifer também vão.

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Sarah me olhou com cara de coitada e eu não resisti, cedendo – Vou sim – eu disse balançando a cabeça positivamente. Sarah deu seu mini ataque americano, eu só sorri e fiquei calada. Jennifer estava calma demais, eu até estranhei-a. dei uma olhada para onde Nickolas costumava ficar todos os dias, deixei minha mente vagar pó um instante, não me importando nem mesmo com minhas presas ao meu lado. Acabando o horário colegial, fui direito com Sarah, Jade e Jennifer escolher seus vestidos. Entramos em uma loja pequena e com uma senhora bem branca, com rugas e olhos quase brancos de tão azuis.

– O que vocês desejam? – Viemos escolher os vestidos para o baile do colégio,

quais vocês têm aqui? – Sarah perguntou, dando sinal de interesse e animação, coisa que me faltava. Encostei-me perto de uma grande janela que havia na pequena e escura loja. O tempo ainda frio, com gotas pequenas de chuva me agradava muito. Enquanto sentei-me, elas foram lá dentro com a senhora e eu continuei esperando. Elas voltaram já vestidas, pararam na minha frente e Sarah fez uma graça divertida e desfilou na minha frente. Eu bati palma para elas, me divertindo até então. O vestido de Sarah era rosa, com um decote grande, curto nas pernas, colado e com detalhes de coração vermelho.

– Esse não... – É mesmo, não gostei muito, vou lá trocar e já volto. Ficaram ainda restantes Jade e Jennifer para minha

aprovação. Jennifer fingiu não sentir minha presença ali, conversando o tempo todo com Jade sobre homens. Enquanto eu ficava as vendo indo para lá e para cá, pude perceber que um cara entrou na loja com a tal cicatriz de feiticeiro no braço. Então me lembrei daquele parágrafo:

“O Feiticeiro da terra: Costumam ser calmos e gostam de paz, não perdem a paciência facilmente e possui um coração grande e carinhoso. Sua cicatriz costuma se encontrar no pulso, sim. Eles são desvantajados nesse detalhe, mas eles escondem-na com munhequeiras, pulseiras ou tatuagens. Qualquer coisa relacionada à natureza eles tem domínio. Possui ordem sobre árvores, plantas, folhas, terras e muitos outros”.

– Vocês vendem terno tamanho quarenta? – perguntou ele.

– Eu não trabalho aqui – respondi.

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– Quem é o bonitão, Alice? – intrometeram-se Jade e Jennifer.

Ele ficou corado ao perceber que havia me confundido feio com uma das atendentes.

– Uau... Desculpe-me. É que você ficou me olhando como se fosse me atender.

– Eu não estava olhando para você, estava olhando para essa tattoo no seu braço.

Ele rapidamente escondeu a “tattoo” de mim. Eu abri um sorriso tentando disfarçar. Quando Jade e Jennifer finalmente saíram dali, dei um sorriso com as presas aparentes com intenção de assustá-lo.

– Que droga, aonde eu vou tem um de você – resmungou ele.

– Vá procurar outra loja, rei das terras – zombei. Ele logo se retirou, encarando-me com nojo e desprezo. Porque eu acabei de fazer aquilo? Por quê? Logo que ele se foi é que percebi o quão ridículo foi o

modo que agi. Não sei o que me deu, acho que é coisa do meu lado vampiro.

– E que tal esse? Jade apareceu do nada. Ela estava com um vestido azul

colado, com um decote normal e detalhes preto no vestido de um cumprimento normal e bonito. Sinceramente pensando, o vestido não fazia a personalidade real dela. Mas eu sabia que Jade não queria demonstrar essa personalidade.

– Esse está ótimo – eu concluí. Jade não se preocupou em procurar outro e logo foi

embrulhando com a senhora da loja e pagando. Ficamos somente eu e Jennifer perto da grande e transparente janela da loja.

– O seu vestido foi o que eu achei que ficou mais bonito. Você tem um corpo lindo, pena que não se dá tanto o valor.

Jennifer se espantou e tentou não se iludir, ainda com a máscara no rosto.

– Você acha mesmo? – ela perguntou, deixando sua mascara pesada quase cair. Balancei a cabeça positivamente e fiquei com a expressão limpa, livre de deboches e ironias.

– Você não vai escolher o seu? – Não tenho nem par ainda, talvez eu nem vá. – Seria uma pena... Fiz cara de cúmulo, na duvida se acreditava ou não em

sua fala repentina.

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– De verdade... Alice – ela sorriu, inacreditavelmente dizendo a verdade dessa vez. De modo que sua franja negra caía sobre sua pele extremamente branca, deixando o caimento e combinação perfeita em ambos. Então, ela saiu indo na fila para pagar também, até que Sarah me grita na loja com a voz desesperada e aflita. Devido ao meu faro perfeito pude localizar exatamente onde ela estava.

– O que foi? Machucou? – Não... É que o meu vestido não quer fechar – ela disse

ainda desesperada. Sarah estava apenas de sutiã e dando seu mini ataque

divertido, causando algo engraçado em minha mente. Imaginei várias formas de matá-la, somente eu sabia o que realmente estava pensando. Saindo dali, fui pegar outro vestido para ela o mais rápido possível, evitando qualquer conflito. Seria perfeito e delicioso matá-la ali agora.

“Seria” – Senhora, ela não gostou. Pode arrumar-nos outro

vestido? De preferência branco? – Claro, tome este – ela deu em minhas mãos com sua

voz rouca. A senhora ficou me encarando de um jeito estranho. Na

verdade, tudo era estranho. Difícil era algo para se chamar de normal.

– Obrigada, parece perfeito... – eu sussurrei, com o vestido branco e detalhes preto nas mãos e entreguei-o para Sarah dentro do pequeno vestiário.

– Eu sou uma baleia gorda horrível, droga. – Você é linda, pare com essa maluquice. – Você fala isso porque é minha amiga e quer me

consolar... – ela disse. Apontei o rosto dentro do vestiário e a fitei, mostrando

sinceridade. – Sabe que eu sou péssima para mentir, não sabe? – Sei, mas todo mundo mente, inclusive você. – Tudo bem, não vou discutir com você, eu acho que

você está incrível, a opinião é minha, com licença? – eu disse brincando, mas querendo dar um choque de realidade nela.

Depois de horas dentro daquela loja arrumando acessórios, elas resolvendo várias coisas de gente normal. Senti-me controlada com meu medalhão incrível e ajudante. Ainda sentada debaixo da enorme e transparente janela, as observei tão entusiasmadas e felizes apenas por causa de um baile. Ficamos a tarde gelada inteira resolvendo coisas de

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gente normal. Eu, claro, mantendo-me ainda sim mais distante que o normal. Estava cada dia que passava mais impossível me relacionar com humanos. Quando elas terminaram de resolver tudo, já estava escurecendo bastante, faltando alguns segundos para se tornar noite. No caminho de volta, todas nós estávamos juntas. Elas estavam falando sobre várias coisas que não me lembro direito. Jennifer falava na maioria do tempo sobre o ódio que sentia por Thomas. Jade, falava o tempo todo sobre quando iria se casar com Daniel, as únicas que estavam realmente conversando sobre coisas pequenas e simples era Sarah e eu. Sarah estava me contando sobre sua infância e eu, estava adorando a conversa.

– Vocês não sabem o quanto eu já fui feia – começou ela com um riso tímido.

– Eu sei, tenho cada foto nossa... – completou Jennifer. – É sério ou vocês estão exagerando? – brinquei,

olhando-as comer Mcdonalds. Jade me fitou com um olhar de certeza, que me fez rir. – Elas não estão exagerando nem nada. É muito sério.

Sarah pesava sessenta quilos apenas com onze anos. Dá pra acreditar? – disse Jade, bebericando o enorme copo de refrigerante.

– Porque você nunca come? – perguntou Jennifer de boca cheia enquanto Sarah estava tentando tirar uma cutícula do dedão das mãos com o dente e Jade nos olhava enquanto caminhávamos lentamente.

– Eu como. – Não come não – disseram Sarah e Jade em perfeita

sincronia. – É que sou meio enjoada para comer – inventei,

enquanto virávamos a esquina. – Só para comer? – Jennifer revirou os olhos, zombando. – Estava demorando pra vocês duas começarem a se

estranhar – Sarah revirou os olhos também, já Jade não parava de fuçar no celular para mandar torpedos ao Daniel.

– Mas voltando ao assunto de comer, dê uma mordida nesse sanduíche aqui... – Sarah foi logo me enfiando-o para que eu comesse.

– Não quero – empurrei-o. Só de sentir aquele cheiro, já estava me revirando às

espinhas de tanto nojo. Em pensar que alguns meses atrás, eu daria tudo para comê-lo e até me lambuzava de tanto prazer.

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– Tem alguma coisa de errado... – atiçou Jennifer, para variar.

– Me dê logo essa porcaria de sanduíche – peguei das mãos dela, um tanto irritada.

– Ui! Ela ficou nervosinha... – me irritou mais ainda Jennifer.

Então, eu dei uma imensa mordida naquele sanduíche, fazendo-as caírem na gargalhada de tanta diversão. Elas estavam rindo era da minha cara de ânsia ao comer. Parecia que eu estava comendo um vômito. Estranho demais, eu sei.

– Nossa. Ta tão ruim assim? – perguntou Sarah. – É aqui que eu vou parar gente – murmurou Jade,

parando num ponto de ônibus. Despedimos dela com um tchau breve e continuamos a

andar. Tentei participar do meu ex-mundo por aquele momento, só por elas. Por consideração de gostar tanto da amizade escandalosa e divertida de Sarah, da timidez mais engraçada ainda de Jade. E, por incrível que pareça da sinceridade extrema de Jennifer. Havia cinco motoqueiros parados na calçada sombria e o bairro pelo qual passamos.

– Nossa, uma mais linda que a outra... Imagine uma de vocês na garupa de minha moto, quem vai querer? – um cara gordo e cheio de tatuagens feias perguntou, coçando sua barbicha nojenta e fedorenta.

– A sua mãe – eu disse, puxando Sarah comigo, que puxou Jennifer, para corrermos dentro de uma vila mais sombria e escura, onde nós conseguiríamos correr sem problemas. Quando finalmente conseguimos chegar à rua da casa de Jennifer.

Despedimo-nos dela com um tchau dado às gargalhadas e voltamos somente eu e Sarah para as vilas sombrias da casa dela. Sarah estava gargalhando consecutivamente sem conseguir parar, até parecia uma drogada.

– Foi a primeira vez que vi você agir como gente normal, você é bem esquentada, hein? – ela exclamou ainda gargalhando e me dando um soquinho nos intervalos que ela conseguia dar para respirar.

– Mas espera... Você vai voltar sozinha para sua casa a essa hora?

– Tranqüilo. Eu sei me defender – eu disse, abrindo um meio sorriso.

– Depois do que vi hoje, não duvido nada disso – ela voltou a gargalhar.

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Chegamos a frente a uma casa de madeira branca, com vizinhança normal e tranqüilo, com o gramado bonito e bem cuidado do jardim da casa dela.

– É aqui que eu moro – Sarah disse, parando no meio da calçada de sua grande casa.

Olhei para cima e observei a casa por inteira, gostando do que via.

– Você é legal. Mais do que eu imaginava, só precisa parar de agir estranho e isoladamente na maioria das vezes, pensa nisso, tudo bem? – Sarah disse, tímida e me dando um abraço desajeitado, eu não consegui retribuir direito completamente incomodada com seu cheiro sangüíneo espetacular.

Saindo dali, velozmente corri pelas vilas mais escuras e cobertas por árvores grandes e geladas até chegar a minha casa em menos de segundos. Eu estava com um traje simples e humilde. Uma blusa xadrez colada e uma calça jeans também colada com os cabelos sem pentear. Cheguei a minha casa, já estava tarde como dito. John ainda não estava em casa, sem estranhar nada, pois ele é vampiro e vampiros não param em casa. Perto da porta de meu quarto, pude sentir uma presença humana ou algo do tipo que possuía sangue. Meus olhos já transformados. Entrei rapidamente em meu quarto prestes a dar o bote em seja lá que fosse e dei-me de cara com Nickolas plantado em frente à grande janela transparente de meu quarto.

– Trocou a nova cama? Sinceramente, aquela outra cama era maior, mais cafona, do jeito que eu gosto... Prefiro aquela, essa é muito normal e careta.

– Nickolas? O que você está fazendo aqui no meu quarto? – eu perguntei, apertando com força meus olhos para que voltassem ao normal na marra.

Surpresa e sem saber o que responder, eu entrei e fechei a porta com medo de John sentir a presença de Nickolas, John era esperto demais.

– Fique tranqüila, eu estou enfeitiçado agora, ele não vai sentir minha presença.

Minha cama estava arrumada, tudo impecável e nada fora do lugar, já era noite e a lua estava completamente cheira e brilhante, branca e linda. Havia uma enorme árvore em frente ao meu quarto, em frente a minha janela transparente. Aproximei-me de minha cama e não dei muita atenção a ele, ainda assustada.

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– Você anda me espionando? – perguntei com expressão nervosa.

Nickolas deu três passos para frente e se aproximou um pouco mais. Mordi os lábios, pensando se ele iria responder com sinceridade.

– Desde o primeiro dia que nos conhecemos. Franzi o cenho e abri ara de cúmulo. – Você ficou louco ou algo do tipo? Você lembra-se da

ultima vez que nos falamos o terror que foi? – Exatamente... Vim me desculpar pela forma como eu

saí sem avisar nada, não fui muito educado, não é? – Nickolas deu mais um passo me obrigando a dar meia volta.

– Eu quase matei você e você vem me pedir desculpas? Abri uma cara de cúmulo maior ainda. Ele deu meia

volta e pegou o livro “As espécies” e me mostrou-o. – Parece que alguém anda interessado por assuntos de

outra espécie. Fui velozmente ate ele e peguei o livro de suas mãos e

tranquei dentro de uma gaveta. – É só para obter conhecimentos – respondi embolada. Ele abriu a expressão e sorriu. – Sei... – Está perdoado por tentar salvar a sua vida, agora pode

ir. Ele se tele transportou de onde estava para centímetros

de seu nariz do meu. – Alice? – O quê? – Você quer realmente que eu vá embora? Ele colou seus braços na minha cintura e me envolveu

completamente sério. – Não – balancei a cabeça negativamente e murmurei

sem pensar. Velozmente me afastei e fiquei de costas a ele. Ele não reagiu com movimento. Velozmente também me sentei em minha cama e continuei apertando os olhos e repuxando minhas veias. O silêncio horrível dominou aquele lugar. Nickolas sentou-se na minha cama junto há mim muito próximo. Ele não disse nenhuma palavra e apenas foi se aproximando. A cada centímetro que ele se aproximava de mim, meus olhos escureciam, minhas veias do rosto estufavam e eu me tornava um demônio. Ele percebeu isso e quis tocar meu rosto. Eu fiquei envergonhada e olhei com dupla personalidade nos olhos dele. Nickolas se afastou alguns centímetros e tudo fora amenizando. Ele se aproximou

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novamente para ver direito e sentir, principalmente demonstrar que ele não sentia nem um fio de medo da minha transformação. Ele se aproximou muito, tocou meu rosto novamente transformado e Nickolas não revidou. Ele nem se moveu.

– Fecha os olhos – ele sussurrara. Fechei os olhos, como pedido e rosnei para ele com os

olhos abertos automaticamente com ódio e desejo em meu olhar.

– Sou eu, Nickolas. Olha para mim, me toque – ele sussurrara lentamente de novo baixo e elegante. Naquele momento, eu estava a um passe de provar o sangue que eu mais desejava. Com meu rosto e corpo borbulhando, pulsando, repulsando de tanto desejo, eu peguei as mãos dele e as coloquei no meu rosto para ele não só ver o monstro que sou, mas também para sentir.

– Sinta o que eu sou de verdade – conclui com a minha bipolaridade ativa.

Ele, sem medo e nojo algum acariciou meu rosto e meu cabelo. A Alice humana que existia dentro de mim encheu meus olhos de lagrimas e se preocupou.

– Você não faz idéia do quanto eu quero te matar, vá embora, eu vou te matar Nickolas. Eu vou te matar...

– Não, você não vai me matar.Ele me pegou com agressividade, delicadeza, desejo,

pegada, elegância e suavidade, colocou-me de pé encostada-se à parede de meu quarto, aproximou seus lábios dos meus e me manipulou com um olhar perigoso e poderoso. Nickolas envolveu minha cintura aos braços dele, me encarou profundamente, me prensou contra a parede, me segurou no cabelo e cintura de um jeito feroz e delicado ao mesmo tempo. Encostou seus lábios novamente nos meus e me beijou delicadamente me destransformando. De primeiro momento, não consegui retribuir, até quando ele soltou seus lábios dos meus e me encarou olho no olho, me confortando de que eu consigo me controlar e que sou mais forte do que imagino. Até que nem mesmo o que eu sabia estava prestes a descobrir. Velozmente o lancei para a outra parede e o beijei selvagemmente passando as minhas mãos por todo o cabelo dele beijando-o sem parar, sentindo seus lábios cada vez mais. Foi como se eu estivesse o mastigando de um modo não mortal. E então, Nickolas se envolveu totalmente. Ali havia dois corpos opostos completamente envolvidos e colados. Sendo separados apenas pelo desejo de morte.

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Comecei a me descontrolar e mordi os lábios dele já com as presas crescendo e o processo de transformação se iniciando novamente mais profundo e perigoso. O que estava em meus planos seria: eu iria sugá-lo só um pouco e depois conseguiria parar. Quando o sangue dos lábios dele escorreu, eu os suguei plenamente até que ele sumiu novamente, mas dessa vez ele se tele transportara do meu quarto para a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma caneca de sangue farto reaparecendo na minha frente me dando o tal. Sem pensar em nada, sentei-me na cama e bebi a caneca toda, sentindo-me plenamente melhor e controlada.

Nickolas inacreditavelmente sorriu. – A Alice voltou? – perguntou sorrindo. Fiquei o observando admirada por longos segundos e

franzi o cenho. – Como você consegue? – Faço umas meras bruxarias...Abri um meio sorriso encantada e fiquei em silêncio me

levantando. – Você não tem medo de mim? – Que tipo de pessoa teria medo de você? – ele revirou

os olhos. – Não sei... Talvez... Pessoas normais? – rebati. Nickolas envolveu seu rosto e olhos aos meus. – Já tenho a resposta nesse caso... Eu não sou uma

pessoa normal. Eu sorri.– Você está sedenta ainda, sanguessuga? – engrossou a

voz e me encarou seriamente querendo talvez, de alguma maneira, me assustar de um modo divertido.

– É questão de hora ou meros minutos... – Não quero arriscar mais a minha vida por hoje –

Nickolas disse e me olhou com o olhar pervertido. Aproximei-me de minha janela com raiva de mim mesma e o que me tornaria alguns minutos depois. Ele com uma palavra sussurrada aos meus ouvidos que não entendi qual, ele então magicamente sumiu. Assustei-me e virei-me rapidamente procurando pelo calor dele na minha pele, olhei em volta e percebi o quão dependente eu estava. Eu Alice Jones, estava completamente apaixonada por um feiticeiro. E ainda mais apaixonada pelo sangue dele. Ainda em choque sentei-me em minha cama, mexi meu cabelo para o lado, encolhi uma perna e olhei para o nada abrindo um sorriso em transe e ainda sim,

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não acreditando no que acabara de acontecer. À noite então me venceu por inteira.

Abri os olhos, já era de manhã, olhei em direção à porta sem motivos, mexi em minhas madeixas capilares. Devagar, com a mente vaga, fui lentamente olhando para cima e para os lados até que levei outro susto típico a partir daquele momento.

– Não deve ficar me assustando assim.– Eu não resisto, desculpe. Nickolas apareceu igual a uma assombração na direção

da grande janela de meu quarto, com um olhar ótimo e aparência perfeita.

– Alice, quem está aí? – John perguntou, batendo na porta prestes a entrar, colocou suas mãos na maçaneta e abriu. Eu olhei para onde Nickolas estava e já ia tentando-me explicar quando vi que ele não estava mais ali.

– Vai entrando no meu quarto assim? O que te deu pai? – Ué... Senti que tinha alguém exatamente aqui no seu

quarto agora... – John olhou em volta, farejando como se estivesse investigando a mim, como se seu novo objetivo de xerife fosse eu.

– Xerife? Algum problema? – pigarreei. Brinquei com ele pela rara vez, eu via que John gostava

desse meu novo humor. – O que aconteceu com a deprimida de ontem? – John

zombara de mim. – Digamos que ela foi viajar por alguns dias – concluí

ainda sarcástica ao extremo. – É bom que ela não volte tão cedo – John disse, virando

as costas e saindo do meu quarto. Ele apareceu novamente, com uma desconfiada do tipo “eu não engoli essa história, ainda acho que tinha algum rapariga aqui”.

– Senão terei que deixá-la de castigo – ele saiu sem esperar por minha reação que como ele sabia, não seria nada agradável. Pela rara vez também, abri um sorriso de ver John tão entusiasmado pelo simples fato de ver que eu estava de bom-humor, mas com cara de bravo pelo fato de suspeitar que o motivo seja um cara. Ainda bem, levantei-me e aproximei-me da janela, olhando para através dela, vendo Nickolas parado encostado a uma árvore. Olhando-me com um meio sorriso estampado no rosto. Balancei a cabeça negativamente e abri um meio sorriso retribuidor. Descendo as escadas, vi que John estava escolhendo algumas armas e equipando-as com seu cabelo preto combinando

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perfeitamente com sua camisa colada definindo seu corpo forte. Abri a geladeira e peguei meu copo de sangue e tomei aos poucos.

– Trabalho pesado hoje? – É. Três jovens foram mortos no sul da floresta de Port

Angeles e ainda não se sabe o que de fato aconteceu, então eu preciso levar essas armas e fingir que irei usá-las.

– Porque fingir? – Qual é Alice. Eu não preciso de armas para saber o que

está pegando... Fiz um sinal usado pelos soldados quando recebem

ordens de xerifes e comandantes, levei a mão direita à testa e mantive o corpo duro bem estável.

– Pois não xerife. John revirou os olhos e me olhou desconfiado, mas

gostando novamente do meu novo estado. Dei as costas a ele, e saí de casa, indo ao encontro do meu maior desejo, tanto quanto paixão, quanto morte.

– Estou um pouco atrasada para o colégio, Nickolas. – Então, é exatamente por isso que estou aqui. – Como assim? Estávamos do outro lado da rua, em cima de um

gramado e cercados por árvores e uma pequena floresta embutida ali. Nickolas abriu um sorriso largo e brilhante, me pegando rapidamente, olhando ao redor para ver se não havia ninguém nos olhando e fechou meus olhos, me envolvendo. Assustada e sem saber o que fazer, somente sorri largo também e confiei nele. Senti cócegas em meu corpo todo, e então quando ele tirou suas mãos de meus olhos, eu os abri e pude ver que estávamos atrás de uma árvore em frente ao colégio. Encantada e achando aquela situação engraçada demais para não sorrir também, fiquei calada com o pequeno sorriso estampado em meu rosto. Então, me lembrando de um grande e péssimo detalhe, minha expressão mudou.

– O quê? – É... Nickolas... Tem um grande problema que precisa

ser resolvido. Ele me fitou e igualou sua expressão à minha. – É Sarah. Ela está meio encantada por você, e acha que

você também está por ela, e eu estou me sentindo muito mal com tudo isso, eu preciso resolver isso antes de assumir para o colégio todo que...

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– Estamos juntos – ele respondeu por mim com a expressão atraente e perfeita, tapando meus lábios.

Apenas balancei a cabeça assentindo. – Tudo bem sanguessuga, mas sinto muito em te

informar que – ele me agarrou ferozmente e me prensou no tronco da árvore grande e aproximou seus lábios dos meus, não consegui resistir e me envolvi ao seu modo de agir, não me entregando por inteira para não matá-lo.

–... Seu prazo é somente hoje – Nickolas sussurrou e arregalou os olhos como um psicopata nato.

Então pela primeira vez, quem sumiu fui eu com minha super velocidade vampiresca. O deixei apenas com o meu calor, me vingando das várias vezes que ele fizera exatamente isso comigo. Na sala de aula, Sarah estava com o mesmo animo e alegria de sempre. Um pouco mais alterado do normal, tornando as coisas mais difíceis.

– Alice, é hoje que vou fazer aquilo. Estou tão nervosa, será que ele vai querer? E além do mais.

– Sarah... À hora da verdade então chegara, não podia esperar

mais nenhum milésimo senão iria com toda a certeza explodir por dentro e por fora. Minha expressão facial manteve-se fria, tensa, nervosa e muito explosiva. Como Sarah iria reagir? Bem, de qualquer modo é agora ou nunca.

– Eu percebi que ele te olhava algumas vezes, mas você sabe, ele quer ficar comigo, eu sinto isso dentro de mim de uma forma que não sei te explicar. Ele é bonito? É. Ele é charmoso? É. Ele é diferente e cheiroso? É. Eu não posso mais esperar, e além do mais, estou sentindo uma atração física e sentimental muito grande por ele.

– Sarah, me escuta – alterei o tom do normal para mais ampliado por meu estado.

– Nickolas e eu estamos juntos. Você sabe, eu não planejei nada. Eu fiz de tudo para que isso não acontecesse de jeito maneira, mas eu juro para você que foi muito mais forte que eu. Sarah, eu sei que você não vai querer mais a minha amizade, mas tudo que tenho para dizer é isso. Por favor, eu não quero que me entenda e nem me perdoe, só quero que você saiba.

Logo em seguida que eu disse, abaixei a cabeça e me mantive em silêncio, não esperando nada em troca. Quer dizer, esperando toda a ira possível dela.

– Alice, você acha que eu não sabia que isso iria acontecer?

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– Você... – Não Alice, é a minha vez de falar. Escute, eu percebi

todas às vezes a quão tensa e apavorada você ficava na presença do Nickolas. Eu só não falava nada, mas eu sempre soube. Eu gosto do Nickolas sim, mas não tanto quando você e eles se gostam. Alice, o que não falta em Port Angeles são homens bacanas e lindos esperando por mim. Porque esse drama todo? Todos sabiam que você e Nickolas estavam comendo um ao outro com os olhos, menos vocês. E além do mais, eu não vou negar. Eu estou gostando dele, mas tudo bem. Eu vou me conter. Agora, para de se sentir culpada. Você é mais importante que qualquer cara por aí.

Sarah automaticamente me olhou e não conteve o sorriso maravilhoso e lindo que só ela sabia dar, um sorriso largo e contagioso. Naquele exato momento, eu me senti um nada. Vendo o quão ela era compreensiva e diferente do que eu achava que era. Naquele momento, eu fui conhecendo um pouco mais dela e me apaixonando por cada pedaço dela. Doía demais em mim, ser pior que ela. Sarah era muito melhor que eu, eu sabia disso. E como seria depois? Eu estava realmente pior do que alguém culpado pode se sentir.

– Obrigada Sarah, agora estou me sentindo triplamente pior – bufei com um olhar culpado. Sarah logo arrumou sua expressão e ficou animada novamente. Ela subitamente me puxou para andarmos mais depressa.

– Agora me conta. Estou super curiosa, ele beija bem? Ele tem pegada?

Olhei com a cara extremamente feia e abismada para ela.

– Sarah... – Está bem, está bem, vou parar com isso. Mas como

você é careta.Nós caminhamos para a sala de aula normal e fiquei

impressionada de ver o caráter e personalidade dela, eu ficara até com uma ponta de inveja. Mas eu sabia de algo que me incomodava, Sarah estava caída por Nickolas e isso é muito perigoso quando se trata de uma humana. Eu devo proteger todos os humanos de seres malditos, devo proteger quem eu amo de mim. Parando na entrada da pequena sala de aula, Sarah confessou desanimada.

– Tenho um grande problema agora. Com quem eu vou ao baile?

Então, esse momento eu tive que rir. Ela estava preocupada com o baile.

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– Qual é Sarah. Quase todos os caras do colégio são caídos por você.

– Não exagera. No intervalo, fora o momento mais tenso de todos até

então. Eu e Sarah fomos aproximando de onde todos estavam reunidos. Thomas correu em minha direção com um sorriso estampado no rosto e uma cantada barata na ponta da língua.

– Escute, sabia que aquele esquisitão não é o mais bonito do colégio? Fizeram uma votação e eu venci, não é demais?

Antes mesmo que eu pudesse responder alguma coisa, fui retida por um calor rápido na minha frente, passando à frente de todos e me dando um beijo surpresa. Como minha natureza mandava, eu parei logo após alguns segundos sentindo um incomodo muito grande, um desejo pequeno pelo seu sangue.

– Quando for falar de mim, fale para mim, Thomas.Thomas ficou muito surpreso e sem jeito, sem saber o

que responder e com toda certeza sem saber o que sentir depois daquele beijo inesperado e caloroso que Nickolas me dera.

– Você tem algum problema? Aqui em Port Angeles temos o costume de não roubar beijos de desconhecidos. Você não tem o direito de beijá-la.

– Vai arrumar o que fazer Thomas, eu e Nickolas somos apenas... – fui interrompida.

– Somos namorados – Nickolas concluiu. – O quê? Como? Quando? Onde? Por quê? Alice... Não

acredito que fez isso. – Pois trate de acreditar porque é a verdade, Thomas –

respondi desconfortavelmente. Jennifer revirou os olhos. – E só para constar, agora sem essas cantadas baratas

para cima dela. Entendidos? – Senão o quê, esquisitão? – Experimenta para descobrir, posso te garantir que não

vai ser legal– Nickolas o ameaçou repentinamente. Thomas não fugiu, pelo contrario, o enfrentou de peito aberto.

– Vem esquisitão, pode vim. Eu vou acabar com você... Pode vir – Thomas bateu no peito e subestimou-o olho no olho. Fui em direção à Nickolas e o segurei devagar, para não esmagá-lo com minha super força vampiresca. Nickolas,

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quando puxado por mim, estampou um sorriso vitorioso e pervertido no rosto, querendo provocar ainda mais Thomas.

– Sarah, eu já volto – eu disse, ela por sua vez, ascentiu com um piscar dos dois olhos.

– Tira esse sorriso irônico do rosto. – É inevitável não gargalhar daquele sujeito, ele é

ridículo demais. – Eu não entendo você. Você age de diferentes formas o

tempo todo. Existem dois Nickolas, um caloroso e que quer me proteger de tudo, e o outro, que é irônico e gosta de provocar os demais só para se divertir.

Nickolas encostou sua cabeça na parede do corredor em que estávamos e ficou serio.

– Desculpe, é que... – É que?

– Eu sofro de bipolaridade feiticeira. Dentro de mim existe o lado bom e o lado ruim, eu não posso evitar isso. Porque é parte de mim.

Eu também abri uma expressão desanimada. – Eu sei o que é isso. Eu também tenho isso, você sabe.

Em mim existe um demônio em que toma a maioria das partes do meu ser natural.

– Tenho que te confessar uma coisa, Alice... – O quê? – perguntei preocupada pela seriedade em seu

tom de voz.– Eu tenho uma queda enorme pela Alice assassina e

demoníaca – Nickolas sussurrou em meus ouvidos e malditamente sumiu novamente.

Prometi a mim mesma que não iria conversar mais com ele, eu ficava muito zangada pelas milésimas vezes que ele me deixara apenas com seu calor e desaparece do nada. Abri cara de cúmulo e um sorriso indignado.

– Vai ter troco, senhor Evans – murmurei comigo mesma.

O Xerife – em terceira pessoa

– John? – Acho que vamos precisar de mais informações sobre esse lugar, essa historia está muito mal contada. Não acham? Câmbio.

– Xerife John, nós recebemos a notícia que dois jovens estão perdidos pela floresta de Port Angeles. Não se sabe a

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causa, mas alguns vizinhos nos informaram que agora está fazendo muito barulho na costa do sul da floresta. Reúnam o Maximo de peritos e soldados que conseguirem e vão até o local agora. Câmbio – o chefe da segurança da cidade ordenou via micro cambio ao xerife John.

John ascentiu com a cabeça, logo se levantando da cadeira do escritório, dando o sinal via viva-voz da residência e avisou:

– Um caso surgiu agora, parem tudo que estiverem fazendo e me encontrem no pátio – disse, ajeitando o colete à prova de balas, equipando todas as armas no tal e deu uma olhada no espelho ajeitando o cabelo sedoso e preto.

No pátio, estavam todos esperando pelo xerife John. – Na costa sul da floresta. Peguem os carros e cães

farejadores – ordenou. E todos começaram a se movimentar para ajudar no

caso. John pegou o carro de trabalho, uma ranger enorme e foi voando até o local. Abandonando também o carro para entrar na trilha com mais rapidez. Deu voltas em todos os lugares da costa sul, até que começou a escurecer muito e ele precisou da lanterna. Então, ligou-a e preparou o rifle que estava carregando. Equipou com dois tiros por segundo, tornando-a perfeitamente carregada. Os ajudantes apareceram por volta dele, mas se espalharam rapidamente sem que John nem ao menos percebesse. Então, uma hiena foi lançada na cabeça dele.

– Que diabos são isso? – disse, enquanto direcionava a luz da lanterna para ver.

Ele fez cara de nojo, tapando o nariz para não sentir o fedor da hiena morta. John não perguntou nada, somente ficou parado esperando qualquer barulho para rapidamente atirar no alvo. Quem estava ali era: Megan. Ela queria brincar um pouco com John, para ver do que ele era realmente capaz.

– E não é que você é mesmo bonito e sexy? – ela se espantou ao vê-lo de perto.

– Sai daqui bruxa nojenta – John gritou, enquanto agarrou nos cabelos vermelhos dela e a lançou em uma árvore. Megan se assustou com a força estranha de John para um humano.

– Você é mesmo humano? – perguntou ela, pegando-o pelo pescoço para conferir.

John estava procurando um veneno em sua poxete, algo que fazia vampiros desmaiarem na hora: Leite. Quando

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finalmente encontrou o vidrinho com um pouco de leite, jogou nos enormes olhos dela, fazendo-a berrar de dor.

– Desgraçado! – berrou ela. Leon apareceu, mas antes que ele fizesse algo, foi

interrompido pelos berros dela, ordenando que não fizesse nada com John. John não se moveu, apenas ficou sentado observando tudo e todos. E principalmente: a conversa entre eles.

Então, os companheiros e cães chegaram para ajudar John, logo após que John pediu ajuda pelo micro cambio. Não conseguiram achar os dois jovens, só encontraram um, que por sinal, estava morto.

– John? O que houve? – perguntou um deles. – Fui atacado por uma hiena, está tudo bem... Já

podemos ir, não há mais nada pra fazer aqui hoje – concluiu ele, turrão como sempre.

John chegou, subiu correndo para o banheiro para ver aquela mordida no pescoço que ele acabou de ganhar, mal sabe ele, que de uma vampira muito do mal.

– Isso não é mordida de hiena nem aqui, nem na china... – resmungou ele.

Então, a batedeira começou a bater sozinha, ele logo desceu para ver o que estava havendo e não havia batedeira nenhuma ligada, era só um barulho parecido. Então, tornou a olhar no grande espelho, tirando a camisa e mostrando a boa forma, com meros machucados. Observou bem a mordida no pescoço e ficou encabulado com o que viu.

– Será que algum morcego me mordeu? Caralho... – resmungou novamente.

Ele ficou pensativo, mas logo ligou o chuveiro e tomou um banho rápido. Depois, colocou seu uniforme novamente, com intenção de ir a algum bar beber um pouco, era a única forma de se distrair um pouco dessa tensão toda do trabalho. Foi até a geladeira e pegou a pizza de antes de ontem, abocanhando-a fria mesmo, com o maior prazer do mundo. Trancou a casa e se mandou, esquecendo até mesmo que tinha uma filha.

Chegando ao bar, viu que não estava muito movimentado e se sentou.

– O de sempre – pediu ele. O cara que estava por trás do balcão deu um meio

sorriso e foi buscar a tequila logo.

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Sentado lá, John ficou pensando no que aconteceu. Na voz de Megan, na mordida no pescoço, nos cabelos vermelhos que viu e principalmente os olhos verde-água que ela possuía. Então, uma mulher loira, de saia jeans bem curta com a blusa rosa mostrando a barriga, que lias, possuía um piercing prata no umbigo, tocou seu ombro.

– Ulálá! – grunhiu ela numa voz safada e carente. – Te conheço? – John zombou da moça. – Pode conhecer. E muito bem – disse ela, se insinuando

para ele. – Não, obrigado. – Posso me sentar? – perguntou ela, já se sentando. – Já sentou... – ele revirou os olhos. O garçom logo serviu a ele duas doses grandes de

tequila, com um sorriso estranho estampado no rosto, como se estivesse vendo algo fora do comum.

– O que um homem lindo assim faz tão sozinho aqui? – perguntou.

– Vim beber um pouco, sozinho. – Também estou sozinha, o que acha? – insistiu ela,

franzindo os lábios. – Acho que deveria conquistar um cara solteiro e ser feliz

com ele – John disse. – Ah... Você é casado? – ela perguntou um tanto triste. – Sou. Quer dizer... Na verdade sou divorciado. – Eu não ligo – ela completou, tentando um beijo. Mas John logo a empurrou delicadamente, não querendo

machucá-la. – Você é linda, caramba! Porque não vai viver uma vida

digna? Eu não quero nada com você, porque não vai procurar algo de mais interessante para fazer? Aqui, comigo: você não vai conseguir nada. Falo sério.

Os olhos dela se encheram de lagrimas, a moça era mesmo muito bonita e jovem.

– Sabe... Eu só queria alguém que me amasse. Não precisa fazer nada, é só me deixar ficar aqui com você. Só isso. Só me faça companhia, eu não tenho ninguém.

John na mesma hora abaixou a crista. – E o que você faz aqui essa hora? – John perguntou,

pagando um refrigerante para ela. A moça ficou tão feliz, que beijou a mão de John com todo o respeito e carinho. Sem nenhuma intenção a mais naquele gesto simples e gentil. John abriu um meio sorriso, deixando-se induzir pela simpatia e solidão da moça.

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– Você não tem roupas mais decentes? – ele perguntou. – Não, meu trabalho não permite. – Que trabalho? – John perguntou. Ela pensou para responder, quase chorando ao dizer sua

nojenta e suja profissão. – Sou garota de programa – murmurou ela. John fez cara de pena, levantando o queixo dela de

modo a dar um conselho. – Por quê? Logo você que é tão bonita e se daria bem em

qualquer outro ramo... – Não sei fazer outra coisa, não tenho ninguém. Não

tenho currículo, nada. É a única coisa que sei fazer, cara – ela disse, dando uma fungada no cigarro que estava prestes a acender. Mas John tomou-o dela antes mesmo que saísse alguma fumaça e começou a fumar no lugar dela.

– Cigarro é coisa pra homens, mulheres não devem fumar.

Ela sorriu, sentindo-se plenamente à vontade na presença dele.

– Qual é o nome da sua mulher? – perguntou ela, numa voz doce.

– Ex-mulher. E seu nome é Kate. – É um lindo nome... – elogiou a moça. – E você a ama de verdade? Se estivesse com ela,

trairia-a? – hesitou.– Não sei o que sinto por ela, não trairia ninguém que

estivesse comigo por nenhuma outra mulher. Ela olhou admirada a ele, vendo algo nele que nunca viu

em nenhum outro homem.

Escolhas

hegando a minha casa, estranhei a penumbra e o silêncio raro. C

– John? E ninguém apareceu, muito menos respondeu alguma coisa de acordo comigo. Em cima de uma mesinha da sala estava um filme em DVD sobre uma espécie de seriado não muito atual, The Sun Walkers. Peguei-o e dei uma olhada básica sem muito interesse. Um vulto preto passou para o lado esquerdo. Fiquei plenamente alerta aquele vulto inesperado, transformando-me incompletamente, imóvel e farejando para todos os lados. O vulto passou novamente, mas para o lado

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direito dessa vez e direcionado ao corredor dos fundos da casa. Segui o vulto farejando o sangue, pude perceber que quem estava ali não era um vampiro para a minha felicidade e alivio. Então, lentamente fui passo a passo caminhando seguindo a sombra estranha.

– Bú.Era Nickolas, ele bufou com seu outro lado irônico e

louco de ser, aparecendo por trás de mim e me agarrando aos seus braços sussurrando em meus ouvidos.

– Porque você abusa tanto da sua vida? – Porque é divertido, e eu sei que você não consegue me

matar, Alice.Revirando os olhos, com vontade de matá-lo mais ainda,

apenas pela sua subestimação excitante. – Nunca subestime um vampiro, meu caro. – Não posso, é incontrolável demais para mim, minha

cara. Só balancei a cabeça e não respondi nada, não

pensando em nada bom para deixá-lo como eu ficara. Sem palavras.

– Não vai perguntar o que eu vim fazer aqui? – perguntou.

Nickolas me soltou, com uma expressão pervertida e muito atraente, me despertando uma curiosidade ainda maior.

– O que você veio fazer aqui? – Vou te levar para um lugar onde eu sempre fico

quando... Bem, é meu lugar favorito e queria que você fosse para eu te mostrar umas coisas e tudo mais.

– Geleira? – Não... Agora chega de conversar e vamos ao que

interessa – ele sussurrou, pegando minhas mãos, envolvendo-me contra seu peito e nos tele transportando para o tal lugar que ele tanto gostava. Chegando ao lugar, olhando em volta, tudo era mágico e lindo demais, mais uma surpresa para Alice Jones, que ótimo. Minha vida estava se baseando toda nos últimos dias em surpresas e mais surpresas. A maioria delas ruins, mas ainda sim, existia por incrível que pareça, a parte boa de ter um namorado feiticeiro. Era uma espécie de floresta estreita, clara e com árvores de todas as cores em volta. Os raios solares brilhavam e davam reflexo nas árvores e clima. Dessa vez, Nickolas que subiu ao galho superior de uma árvore média florida de rosas em todos os tons, também se interligavam flores brancas para todos os lados. O clima

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estava sempre gelado. O céu branco e com meros raios solares refletiam novamente no lugar.

– Você dá algum nome para isso aqui? Ele se acomodou no galho e sentou-se. – Eu chamo aqui de paraíso... O que você acha desse

nome, vampira? – Perfeito. – E, aliás, porque você ainda não subiu aqui? – Você sabe Nickolas... Quanto mais longe, melhor. – Que pena que o demônio dentro de você é mais forte...

– ele me provocou. Agilmente, escalei a árvore e sentei-me ao seu lado. – Você sempre cai – ele gargalhou. – Que tal um duelo? – sugeri toda animada, esquecendo-

me do quanto não sei brincar e do quanto sou traiçoeira também. Nickolas estava vestido num traje normal; Uma blusa regata branca e calça jeans no tom perfeito de sua pele, combinando com o meu tom de pele. Nickolas levantou uma sobrancelha e um novo olhar risonho apareceu em sua face.

– E porque você ainda está parada aí? – Nickolas desapareceu, deixando-me furiosa.

Levantei-me velozmente, farejando seu cheiro por ao redor daquele paraíso divertido. Nickolas estava em cima de outro galho de outra árvore. Fui atrás dele num pulo, repetindo em minha mente várias vezes que era só uma brincadeira. Ele não se moveu dali, quando então eu me aproximei dele prestes a fingir um ataque certeiro, quando então eu percebi, ele sorriu e quem estava ali comigo era uma estátua de gelo dele.

– Malandro – sussurrei comigo mesma, gostando do duelo de mentira. Pude ouvir de longe ele ampliando seu tom de voz do normal.

– Carefullorn – ele disse, lançando um feitiço em mim, que eu me lembrara perfeitamente qual feitiço fora esse. Além do mais, eu li sobre esse feitiço naquele livro “As espécies.” Percebi que alguma coisa estava errada comigo, fiquei correndo dele com muito medo durante alguns segundos.

– Isso não vale, é muita sacanagem. Devia jogar mais limpo! – gritei a ele.

Avistei-o novamente longe, ele estava parado espertando o efeito engraçado do feitiço acabar, lambuzando-se de tanta diversão. Mas em pouco tempo, ele me pressionou, subindo de vagarosamente no galho onde eu

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estava. Ele subia me afastando dele, ele se aproximava. Quando fui ver, estávamos no ultimo galho da maior árvore daquele lugar novo e gelado.

– Olha para baixo – ele sussurrou, parando e com um olhar engraçado e ainda sim, por incrível que pareça amedrontado. Maravilhada e com sorrisos até as orelhas, olhei para aquela imensidão altíssima e assustadora. Eu não morreria se caísse dali, mas e Nickolas? Ele sim morreria naturalmente.

– Não tem medo de cair daqui? – Não. Se eu cair lanço um feitiço e tudo se resolve. – Mas e se você se esquecer do feitiço? Ele sorriu e respirou fundo. – Aí eu viro purê de sangue para a sua felicidade. Nickolas encostou seus dedos ao meu medalhão e sorriu.

Ele gostava do meu medalhão, era uma forma de que eu consiga reduzir um pouco toda a minha sede dele. Abri uma cara feia, não falando nada devido à minha expressão que já disse tudo. Voltamos aos olhares incrivelmente apaixonados. Ali era eu e o desejo de sangue que me tomava demais, mal sabíamos Nickolas e eu disso.

O Som Da Morte – em terceira pessoa

– Preciso de um favor seu. – O que é dessa vez Megan? – Leon perguntou mal-humorado. – Quero que você sonde os Jones.

Leon ficou encabulado com o pedido repentino e sem sentido algum que Megan fez.

– Onde eles moram? Quer dizer... Por quê? – Leon perguntou.

– Sem perguntas, ok? – Megan o intrigou. Ele ascentiu. – Onde eles estão? – No sul daqui. Do Canadá – ela explicou com boa

vontade. – Tome isto – ela o entregou um frasco com sangue

dentro que era de um dos Jones. – Com isso você vai conseguir rastreá-los. Megan e Leon estavam em um bar sentados e

combinando coisas sobre a nova missão dele. O bar estava não muito cheio, um bar típico canadense com pessoas não

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muito sortudas, aliás. Megan estava num traje mais humano, para não dar pistas ou suspeitas. Uma blusa rosa bebê colado, um decote grande e uma calça preta bem colada torneando seus quadris bonitos. Seus cabelos dessa vez, amarrados. Seus imensos cachos vermelhos presos. Leon colou seus dedos em um copo com drink e logo bebericou aos poucos.

– Você vai sondar tudo que eles fizerem e vai me contar. Não deixe que eles sintam sua presença, e preste atenção, se caçar por lá, eles vão perceber! Então trate de se segurar o máximo possível essa sua sede. E claro, nada de se envolver com nenhum deles. Alguma dúvida? – Megan deu suas ordens.

Leon soltou um sorriso zombador e relaxado. – E o que eu ganho com isso? – ele a provocou, dando

uma piscada de um olho. Megan sorriu, fingiu entrar no jogo dele se aproximando

também. – É simples, se você não fizer o que eu estou mandando

você morre – ela pegou a faca que estava por perto e cravou nos dedos dele dando um sorriso sínico logo após, cortando o clima que Leon estava planejando completamente.

Leon gemeu e arregalou os olhos, ficando amedrontado. – Ainda estou sendo boazinha, imagina se fosse de

madeira? – Megan disse irônica e tirou a faca que dos dedos dele. Leon virou o rosto com raiva e não disse mais nada sentindo dor, ele estava no período puro. Ele a olhou com ódio e ela sinicamente fez bico e o mandou um beijo no ar sorrindo.

Na porta do bar, num dia frio e agradável à espécie deles, Megan e Leon voltaram a conversar.

– Porque está me olhando como se eu fosse um humano?

– Porque estou sentindo cheiro de sangue em você. Você está no período puro, idiota.

Megan olhou para os lados e viu que não havia quase ninguém naquela rua. Ela foi em direção ao pescoço de Leon, levantando os pés devido à altura superior dele, abriu a boca, se transformando e prestes a sugar o sangue de aluguel de Leon. Ele se afastou impedindo-a de sugá-lo.

– Qual é Leon, ainda está zangado comigo? Leon virou o rosto e não respondeu, ignorando-a. – Leon? – Megan o provocou com o olhar pervertido. – Você não é a coisa mais importante para mim, Megan.

Pelo menos alguma vez em sua existência, se dê o valor.

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Ela revirou os olhos, percebendo que ele estava mesmo zangado e não haveria acordo.

E então, Leon chegara à grande reserva dos Jones apenas correndo no nível veloz de um vampiro normal. Aquele lugar parecia um rancho ou algo do tipo. A grande casa era rodeada por muitas árvores, pedras, armadilhas, túneis e bastante escuridão. Leon escondeu-se atrás de uma árvore bastante grossa e grande, suficiente para observá-los sem ser visto pelo menos por alguns instantes. Na entrada na casa preta e branca estavam dois vampiros conversando. Uma mulher e um senhor. Pareciam bastante próximos e com afinidade. A mulher era Kate, mãe de Alice. Mais pálida ainda, meio loira, menor que o senhor que estava por perto e havia nela algo mais estranho ainda. Seus olhos são meio avermelhados e seus dentes são tão brancos que chega a doer os olhos. Já o senhor, era o avô de Alice Jones. Charlie era alto, cabelos grisalhos, bigode popular, roupas elegantes, branco e parecia um vampiro do bem. Leon ampliou sua audição vampiresca e começou a prestar atenção no que estavam conversando.

– Filha, eu sei que parece loucura, mas eu tenho que te proteger.

– Não, pai. Chega disso, se tem alguém que tem que proteger algo, esse alguém sou eu. Eu preciso proteger vocês, vocês todos são a minha família. E eu não quero mais saber do senhor se envolver em brigas com os Jacksons.

Eles estão entraram para dentro da casa, dificultando a audição de Leon. Dentro da casa estavam todos reunidos. Emma, Travis e Cassie competindo um tipo de jogo que vampiros gostam de jogar. “Vira-vira” Um tipo de jogo vampiresco no qual mais de dois vampiros jogam. Todos eles seguram um copo de sangue nas mãos e dada à largada, o vampiro que virar o sangue mais devagar, vence. Pois o que torna o jogo emocionante e muito difícil. Por causa do fato de quando um vampiro está a beber sangue, ele não consegue sugar devagar ou de goladas, é de uma vez automaticamente. Travis era branco com um pouco de barba, estilo “cavanhack”, cabelo pretíssimo. Tinha um corpo sarado e suas presas apareciam mesmo sem estar transformado. Já a caçula deles, Cassie. Ela era magra demais, loira demais, cabelos espalhados, bagunçados e dentes amarelados. E por fim, a companheira amorosa de Travis, Emma. Ela era radiante. Muito bonita. Era magra, num tom de pele pelo lado mais de morena, era bastante morena por natureza. Olhos

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verdes claros e cabelo liso. Era mais ou menos magra. Leon a achava uma das mulheres mais bonitas que ele já viu na vida. Kate e Charlie estavam observando eles jogarem aquele jogo com tanta fome e diversão. Dada a largada, todos eles fizeram muito esforço. Emma foi a primeira a ser eliminada, ela devorou todo o copo de uma vez. Restara apenas Cassie e Travis, olho no olho e claro, muitas provocações. Mas Cassie era apesar de mais nova, a mais esperta deles. Fingiu fraqueza e já ia entregando o jogo, Travis ficou todo animadinho e achou ter ganhado e devorou o copo. Todos já estavam caindo em gargalhadas pelo mesmo erro novamente. Cassie o olhou com ironia e diversão.

– Não é justo, ela roubou! – Travis tentou virar o jogo, como uma criança de sete anos. Quando Travis percebeu que já não tinha mais solução, mostrou a língua para Cassie e ela retribuiu.

– Lembre-se que você só tem dezesseis anos Cassie – Travis retrucou.

Charlie aproximou-se de Travis, encostou-se aos ombros largos dele ainda sentado.

– E lembre-se que você tem vinte e oito, meu caro – Charlie zombou também.

Enquanto Cassie e Travis ficaram trocando insultos e ironias na mesa da cozinha, Emma, Kate e Charlie foram para o outro lado da casa procurar pela tal de Rosalie, a amiga da família que os ajudava em tudo. Rosalie era uma senhora bastante estranha, tinha maldade no olhar. Tinha um vazio em sua alma, que só quem é um vampiro do mal sabe reconhecer o outro. Talvez fosse por isso que os Jones não perceberam a maldade em Rosalie. Mas Leon só de vê-la do outro lado da casa sentiu algo em comum com ele.

Leon tivera passado por muitas falhas em sua vida, ele nascera humano e foi transformado por Megan, que também foi transformada por seu pai, que também foi transformado e vice-versa. Quando Leon era humano, ele era um cara bipolar, ainda é, mas antes era uma doença humana que não causava vítima. Ele sempre ficava divido entre o bem e o mal na sua vida humana, suas namoradas sempre terminavam com ele por ele ter tido a doença de bipolaridade mental e principalmente emocional. A história de vida de Leon é sofrida, ele morava em um orfanato, onde conheceu Megan que perdeu seus pais em uma guerra entre espécies, seus pais foram mortos por feiticeiros que, aliás, era pai de Nickolas. Então aos dez anos Megan fora morar no mesmo

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orfanato que Leon, eles eram muito mal tratados, Leon tinha onze anos. Eles não tinham nenhum tipo de envolvimento, Megan se afastava de todos, porque ela fora transformada em vampira por seu pai antes de morrer, no orfanato todos a odiavam, ela era tratada como lixo. E até que um dia, quando finalmente Leon completou dezessete anos e Megan quinze, eles estavam presos em uma cela de adolescentes perigosos, Megan matou três senhoras que já a torturaram-na e por isso estava naquele quarto especial. Aquele quarto grande e escuro. Já Leon, roubava coisas e agia de modo estranho a todo tempo. Os dois não deram certo de primeira impressão. Eles ficavam trancados juntos e então no quarto dia de confinamento, de noite. Leon começou a agir estranho, tentando arrombar a porta de aço, e ele chutava e dava murros com tanta força que conseguiu fazer um buraco, mas cortou todo seu braço encharcado de sangue, Megan se transformou e saiu de sua cama e o ajudou. Leon a pediu que fugisse e o deixasse ali que ele conseguiria dar um jeito. Megan ficara completamente perturbada. Vendo que pela primeira vez, alguém se importara de verdade com ela. Ela não conseguiu atacá-lo, ela se segurou muito. Ela o colocou na cama e deitou na outra cama. Logo chegaram os supervisores do lugar, sem saber o que tinha acontecido ali, eles fingiram que nada aconteceu e fingiram estar dormindo. Depois que todos se foram, de madrugada eles acordaram naquela penumbra. Somente os dois naquele lugar horrível. Os dois se entreolharam profundamente. “Você é muito estranha, você aquela hora que meu braço estava sangrando, ficou com os olhos de outra cor, seus dentes cresceram e ainda conseguiu me carregar, como você fez aquilo?” Leon ficou encabulado com ela. Megan não respondeu nada, observando Leon com todo o carinho. Megan, por incrível que seja, tinha um coração carente naquela época de tanto sofrimento. “Você gosta de mim?” A voz adolescente de Megan perguntou olhando nos olhos dele. Ela estava sentada na cama de solteiro que Leon também estava. ”Eu não gosto de ninguém, eu odeio todo mundo” Leon disse revoltado. Ali estava escuro, eles só enxergavam o rosto um do outro. Megan abrira um sorriso feliz, um sorriso raríssimo de ser visto e principalmente sentido. “Eu também odeio todo mundo e todo mundo me odeia” ela sussurrou feliz. “Nós somos do mal, não somos?” Megan perguntou. Leon também sorriu daquela vez. “Sim, nós somos muito ruins” E então, o silêncio tomou conta daquele lugar. Os dois, descobrindo pela

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primeira vez, o amor de uma maneira doentia e do mal. Megan ficou sem saber o que fazer e o que dizer, ela nunca assistiu TV, filmes e leu livros. Ela não sabia nada sobre o que era o amor, sobre o que adolescentes apaixonados faziam. Ela não sabia de nada, e claro, muito menos Leon. Eles se entreolharam amedrontados e foram se aproximando lentamente, e se beijaram de um modo loucamente diferente. Megan subiu em cima dele e logo fizeram tudo que nunca tinham feito. Passaram a noite inteira juntos, descobrindo o que era o amor de uma forma esquisita. Megan arrancou muito sangue dele, no outro dia Leon estava quase morto, ela então descobriu de algo que podia fazer, mordeu seu pulso e deu a ele seu sangue. Megan não sabia do quanto era capaz, do quanto ela era poderosa. Ela era uma de pouquíssimas vampiras que podem transformar humanos em vampiros em qualquer idade. Ela o transformou em vampiro. Logo juntos fugiram dali e foram viver como humanos sem saber nada sobre a sociedade, tiveram que aprender muitas coisas e mataram diversas pessoas ingenuamente. Com o passar dos anos, se transformaram em vampiros do mal e Megan alimentou o desejo de vingar a morte de seus pais. E depois de dois anos em que eles fugiram do orfanato, Megan começou a negar tudo a Leon, eles mal se olhavam. Não se beijavam mais, não eram mais próximos. Mas apesar de um tratar o outro com muito ódio, são a única coisa que realmente importa um para o outro. Mal sabem eles disso. A história de vida de Megan e Leon não fora nada fácil, por isso se tornaram os piores vampiros de toda a sociedade atual.

E então, quando Emma chamou por Rosalie do outro lado da casa, Rosalie apareceu rapidamente com uma bondade forçada no olhar.

– Tem mais sangue na reserva? – perguntou Emma. – Não, vou ter que arrumar mais, senhorita Emma... –

respondeu Rosalie [...]

O Passado Condena

ra noite, eu estava no meu quarto, pensando no quão a minha vida estava uma extrema bagunça ultimamente, desde que me tornei vampira e conheci Nickolas. Será

que eu estava mesmo apaixonada por ele? Isso não podia estar acontecendo, não é boa coisa se apaixonar por alguém que você queira beber. Eu sabia que não veria Nickolas hoje,

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pelo fato de termos passado um bom tempo juntos e também, Nickolas tinha mais o que fazer. Minha cama estava arrumada e nem sinal de John. Eu estava sentindo sempre muita falta de meus pais juntos. Mas não sei... Kate é tão diferente de John! Como eles conseguem se relacionar bem? Talvez eles nem se dêem tão bem assim.

Não mais.Não estava com sede e sem nada para fazer, me

interessei em saber sobre a guerra entre espécies que houve, que existem até hoje pessoas querendo justiça por seus amigos e parentes que morreram. Essa guerra devastou muitas pessoas, deixando muitas marcas em todas as espécies, vampiros e feiticeiros. Abri o livro “As espécies” e abri na página 48 lendo novamente e o capítulo inteiro.

Guerra entre espécies

“[...] Havia um lugar próprio enorme. A guerra seria livre. A Amazônia fora um lugar exagerado de grande, era perfeito. Animais de todas as espécies, (o que favorecia Drue e Drina – os feiticeiros). Havia animais suculentos de sangue (o que favorecia os Vampiros). Ficaram as duas espécies frente a frente. Nina (Kate de Megan) de frente com Sue. Ao lado de Broh. Broh (Pai de Megan) de frente com Jeff. Ao lado de Suri. Suri de frente com Jess. Ao lado de Lola. Lola de frente com Mika. Ao lado de Isac. Isac de frente com Tom. Ao lado de Drina. Drina de frente com Driss. Ao lado de Drue e Drue de frente com Vald. Havia ódio no olhar de todos, olhar de vitória, de desejo e tristeza. A guerra funcionava da seguinte forma: Seria um confronto por vez. A espécie que tivesse mais vencedores ganhava. Valia de tudo, principalmente morte. Mas como era uma guerra limpa e justa. Os líderes iniciavam a guerra. Se empatasse no final, seria um confronto livre entre todos e teria que haver mortos, é matar ou morrer. Cada vez que tocasse um sinal, iam de dupla em dupla.

O sinal toca¹

Nina se movimenta até o centro e logo atrás dela, vem Sue. As duas se encaram com um olhar de tristeza. Nina – a vampira se prepara. Sue – a feiticeira se prepara também. As duas frente a frente. Todos se afastam, observando-as. Foi montada uma espécie de ringue estilo nos duelos de gladiadores. Com direito a torcida e tudo mais.

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O sinal toca²

Sue corre e Nina vai ao ataque. Todos observam vidrados. De repente, as duas somem no meio daquela imensidão de árvores. Nina alcança Sue e pula em suas costas, agarrando seu cabelo e indo em direção a morder seu pescoço. Sue abre um olho para Nina e a manda longe com um feitiço

– Hillarionlaser – que logo foi lançado olho laser de fogo em Nina. Mas Nina conseguiu arrancar um pedaço de ser pescoço direito de Sue. As duas ficam feridas.

Nina se transforma e Sue se excita. – É o máximo que pode fazer, feiticeira? – Nina dissera

ironicamente. – Você não viu nada, morcego – Sue retribuiu a ironia. Sue soltou fogo em duas árvores com esperança de que

Nina estivesse por lá. Sue não podia correr... Voar, pular, nada, mas o ar podia levitá-la e lançá-la longe com o fogo.

– Sinto seu cheiro, sei onde você está – Nina começou a provocar Sue de um modo perigoso.

– Eu posso queimar essa floresta inteira em dois segundos, quer arriscar? – Sue disse.

– Não faria isso – Nina retribuiu. Nina ficou imóvel e olhando para todos os lados. – Você sabe qual é meu dom-chave, Sue? Eu posso ver

qualquer coisa em qualquer pessoa. Você por exemplo, não quer lutar. Você gosta de mim. Eu vejo – ela começou a manipulá-la.

Sue ficou imóvel novamente e balançou a cabeça consentida.

– Eu também gosto de você, eu te admiro. Seu coração é puro. Já chega, vamos acabar logo com isso, Nina. Feche os olhos – Sue tentou manipulá-la também, obtendo sucesso.

Nina fingiu ter acreditado, concordou e fechou os olhos. Sue deu um golpe nas vértebras da barriga de Nina e imediatamente lançando fogo com o olhar mentalizando um feitiço. Nina então, no mesmo instante morreu. Um vampiro é morto de formas diferentes: sendo furado por um objeto de madeira, tendo sua cabeça arrancada e cremada, ficando um ano sem obter sangue, sendo queimado ou com um feitiço muito forte.

Sue comemorou a morte de Nina, sorrindo até as orelhas, então ela sumiu no meio da multidão.

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O sinal toca¹

Lola X Mika. As duas se prepararam. Lola não gosta de conversar e Mika gosta de agir, são perfeitas umas nas outras.

– Eu te amo – Mika fez em gesto oral, já que estava longe de seu irmão.

– Vou arrancar todo o sangue que você tem, se é que tem algum sangue aí – Lola fitou Mika.

– Cala a sua boca e vamos lutar. Menos provocações e mais sangue – Mika retribuiu a troca de provocações.

Lola sorriu.

O sinal toca²

Mika desaparece. Lola sente seu cheiro e corre atrás dela. Mika para na frente de Lola e logo lança um raio nela, Lola não fica ferida, mas não consegue mais lutar perfeitamente.

– Levanta Vampira! Tem mais gente para lutar no templo sagrado e satisfatório – Mika disse, provocando muitíssimo a inimiga.

Mika voltou sozinha em silêncio, ela havia guardado um facão de madeira e cravara no peito de Lola, matando-a completamente sem voltar atrás.

– O que aconteceu, Mika? – Sue perguntou de longe, feliz pela vitória da colega.

– Não gosto de suspenses, prefiro matar de uma vez – ela respondeu emburrada bastante emburrada, aliás.

Os próximos são Suri X Jess. As duas se prepararam com cara de sono. Suri se despediu com um beijo em Isac e Jess com um beijo quente em Tom. As duas se cumprimentaram com um aperto de mãos. Irônico, não?

– Que vença a melhor – as duas disseram em sincronia uma a outra, olho no olho.

O sinal toca¹

Elas se preparam novamente, posicionando em seus lugares ideais.

O sinal toca²

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Suri lança um punhado de nuvens com chuva em Jess. Jess, com seu super auto-reflexo, desvia perfeitamente. Todos ficam observando-as. Jess salta em cima de Suri e a derruba. Logo, Suri manda Jess longe e a torce o pescoço.

– Ai! Pegou pesado. – Jess gemeu. – Desculpa – Suri estende as mãos, indo ajudá-la com

mais ironia ainda. Suri segura às mãos de Jess e a levita batendo para lá e para cá nas árvores.

– Não acredito que caí nessa – Jess gritou, com raiva. Jess se transformou, atacou Suri e sugou seu sangue de feiticeira.

Jess juntou-se a Sue e Mika. Próximos, Tom X Isac. Todos fizeram uma cara de

preocupados. Tom com certeza ia tentar matar Isac. E Isac era o feiticeiro da terra, estava em um ringue! Seria quase impossível não matar Tom.

O sinal toca¹

– Vou fazer de tudo para não te matar – Isac disse sincero, ele não era de muitas brigas naquela época antiga e sem muitas maldades.

– Eu não prometo nada – Tom disse, sorrindo diabolicamente.

O sinal toca²

Isac causa um terremoto e abre um buraco, soterrando Tom. Tom salta do buraco com seu instinto normal vampiresco e se transforma. Tom fica ASSUSTADOR e ninguém consegue olhar para seu rosto, fazendo com que ataque Isac facilmente. Tom salta no pescoço de Isac, arranca sua orelha e suga seu pouco sangue. No chão, Isac não consegue levantar, então forma um punhado de árvores e lança sobre Tom. O que ninguém sabia era que Tom era um Vampiro alérgico a árvores, só de se aproximar. É normal vampiros serem alérgicos a algumas árvores devido ao excesso de madeira e os corta com muita facilidade. Nem Tom sabia. Todos ficaram imóveis. Tom foi então, morto no mesmo instante.

Próximos, Drue X Vald. Eles se prepararam e Drue começou a sorrir.

O sinal toca¹

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Vald se prepara, com muito medo.

O sinal toca²

Drue assovia e Vald lança um punhal de metal no coração de Drue. Drue começou a sorrir e tira o metal de seu coração. Cobras de todos os tamanhos/espécies surgem ao lado de Drue. Ele fala uma palavra estranha.

– Shitiahad – logo em seguida uma jibóia enorme, uma cascavel grande vai em direção a Vald e o ataca. Como todos sabem, Vald é Ipermortal, mas cobra o fere muito. Se Drue o atacasse novamente, Vald não ia conseguir mais lutar e ia ficar muito ferido. Drue diz outra palavra.

– Stapemist – e todas as cobras somem, devido ao simples fato de que a jibóia enorme havia engolido um pedaço de madeira e cravou no corpo de Vald.

Próximos, Broh X Jeff. – Boa sorte Jeff – Drina disse tocando em seu ombro. – Acaba com ele Broh – Driss sussurrou consigo mesma. Jeff era o feiticeiro das águas, e ali naquela floresta

fantasiada de ringue não havia lagos e algo mais. – Não tenho condições de lutar, estou em desvantagem,

Broh – Jeff confessou. Como todos sabem, Broh é o Vampiro mais forte de toda aquela época.

– Vou acabar com essa luta em segundos, eu prometo Jeff – Broh prometeu à Jeff.

O sinal toca¹

Eles se prepararam e Jeff fechou os olhos com certa desconfiança.

O sinal toca²

Broh deu um golpe na barriga de Jeff e ele desmaiou. Na verdade, Sue e Jeff haviam combinado de Jeff fingir

estar morto quando Broh bobeasse, Sue lançaria fogo por todo seu corpo e arrancaria sua cabeça. Assim planejado e assim exatamente como foi feito. Broh então morreu cedo, Broh e Nina se foram para sempre.

Restaram apenas Drina e Driss. Todos ficaram tensos. Não podiam confiar em Driss, ela era perigosa demais,

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misteriosa demais. Driss não parava de sorrir, estava nas mãos de Drina, ela ganhava ou dificilmente empatava.

O sinal toca¹

– Prometo que não vou te machucar – Drina disse sincera.

Driss revirou os olhos e sorriu.

O sinal toca²

Driss salta em Drina, torce seu pescoço, morde-o, e dá um soco. Drina desmaia.

– Não Driss! Não vai fazer isso! – todos gritavam apavorados, menos Drue.

Drue conhecia Driss, era o único. Ele sabia que ela ia tentar matar devagar, para torturar ou até morrer se fosse preciso. Drina assoviou, um leão pulou em Driss e arrancou pedaços de seu corpo. Driss se transformou. Driss arrancou a cabeça do leão.

– Não! – todos ficaram apavorados com a capacidade de Driss.

Driss agarrou a cabeça de Drina e a deu um selinho. Drina sentiu vontade de vomitar.

– Todos vocês, fizeram uma guerra idiota e cafona. Vou mostrar como se anima isso aqui – Driss gritou para todos abertamente.

Drina estava ferida, mas queria ganhar e permanecer viva.

– Águia. Apareça. Agora – Drina gritou. Surgiu uma águia tentando atacar Driss e conseguiu.

Driss matou a águia também, com uma só mordida no coração.

– Por Alá! Estúpida, eu vou acabar com você, Afrodite está ao meu lado, nossa deusa do templo sagrado! – Drina gritou toda suada, usando palavreados que o povo antigo usava.

Driss sorriu e foi em direção a ela. As duas ficaram frente a frente. Driss começou a fazer uns gestos nojentos e cruéis. Tocando os lábios, barriga, cintura e bumbum de Drina. Drina ficou imóvel.

– No fundo, eu seu que você gosta – Driss provocou. Drina cuspiu em Driss.

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– Que Afrodite a amaldiçoe – Drina disse chorando, dessa vez.

Driss ficou de frente com Drina e tentou beijá-la, mas Drina conteve, continuando imóvel. Todos assistiram aquela horrível cena, Drue ficou calado, gostando do que via. Driss segurou Drina de costas e sussurrou em seus ouvidos.

– Delícia – Driss sussurrou, provocando a todos.Driss permaneceu segurando Drina mordeu-a, sugou

todo o seu sangue de feiticeira, torceu seu pescoço e a matou sem pena alguma.

– Pronto, vencemos – Driss disse, sorrindo. – Eu vou te matar, quero ver se é pare para mim

também – Drue a desafiou, partindo pra cima de Driss, mas Driss desapareceu, com medo de morrer ou perder feio para ele.

“Drina estava morta”

Fechei o livro, surpresa com tantas mortes e coisas horríveis que aconteceram no passado sem ninguém ter pode feito absolutamente nada, nenhum mover de dedos ou força de vontade para proteger sua existência. Eu abri a porta de meu quarto e vi pelo corredor, John sentado em uma grande cadeira de madeira no quarto dele e de Kate. Eu vi nos olhos dele o quanto ele estava se sentindo sozinho e impaciente. John era sempre muito fechado, e ainda por cima, foi escolher uma profissão tão contraditória com o que sua família era. Um vampiro xerife? Isso é muito estranho, anormal... Tentei imaginar.

Eu sabia perfeitamente o que ele estava sentindo. Mas o que me era estranho é que eu estava com intuições péssimas, intuições vampirescas que raramente falham e envolviam Kate e John. Eu só não conseguia decifrar ao certo o que eu via e sentia em alguns momentos, vendo John tão mal-humorado e inquieto no seu quarto. Fiquei ali o observando sem que ele me notasse. Se é que isso fora possível, tendo um pai tão esperto quanto ele.

Abri a garagem e “peguei emprestado” o carro de John novamente para ir ao colégio. Chegando lá, avistei Sarah e Thomas vindo ao meu encontro.

– Carro novo senhorita Jones? Eu saí do carro, me ajeitando para parecer mais

humana. – Bem... Digamos que “peguei emprestado” de meu pai,

Thomas...

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Thomas bateu no capô do carro, observando-o com cara de críticas e ironias.

– Thomas está todo feliz porque Sid se mudou de Port Angeles... – disse Daniel, se aproximando de nós juntamente com Jade caindo às gargalhadas.

– Nossa... Carro novo Alice? – perguntou também Jade.Porque estavam todos perguntando “carro novo?” e por

acaso eu tinha algum carro antes? Engoli em seco meu pensamento e balancei que não com a cabeça.

– Ela roubou do pai dela.Sarah empurrou Thomas, chamando sua atenção pela

hipocrisia no que ele disse.Eu só revirei os olhos, quase caindo na tentação de sorrir

das piadas de Thomas.Caminhando então juntamente de Sarah e Jennifer até a

quadra do colégio, pude perceber o quanto aquele lugar era sombrio, nem parecia uma quadra escolar. Havia alguns caras jogando basquete com uniforme branco e então, quando eu e Sarah paramos e ficamos observando-os jogar. Até que em alguns segundos de jogo, um cara torceu o pé e precisou de substituto. Eis assim, no meio daqueles caras normais vestidos com o mesmo uniforme da cor branca, Nickolas – com uniforme todo preto e alguns meros detalhes branco. Ele chegou de um jeito meio em câmera lenta, com um sorriso intrigante e sexy no rosto.

– Olha só quem chegou para animar esse jogo, o Evans... – Sarah sussurrou a mim.

Eu não disse nada, apenas o observei com uma cara de boba.

– Porque você tinha que ser o único com uniforme preto? – Thomas retrucou, cantando de galo para cima de Nickolas.

O jogo então recomeçou e Nickolas nem se moveu, ninguém passava a bola para ele, todos eram incomodados com a presença dele, pelo fato de que ele causava muita inveja nos outros caras do colégio – principalmente Thomas. Impaciente, Nickolas pegou a bola das mãos de um de seu time adversário e correu para a cesta. Ele estava completamente tranqüilo. Ele com toda certeza iria fazer o que eu já esperava, quando ele lançou, a bola entrou perfeitamente dentro do aro da cesta. Na hora de comemorar, Nickolas me olhou e piscou com o olho direito sorrindo pervertidamente.

– O amor não é lindo?

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Sarah me cutucou e começou a fazer piadinhas sobre minha cara ridícula de apaixonada.

– Qual é, até parece que eu estou tão boba assim.Sarah pegou um mini espelho que ela sempre carregava

dentro do bolso e mostrou-me meu rosto. E não é que ela tinha razão? Eu estava completamente com cara de boba apaixonada.

– Meu deus, eu estou um poço de caretice mesmo. – Eu te avisei... Mas é melhor assim, prefiro essa Alice

com sentimentos. – Como assim Sarah? – Você sabe.Então o jogo acabou e Nickolas se aproximou de nós

duas. Ele estava com o cabelo todo bagunçado e com o olhar que eu mais gostava: o Nickolas atrevido. Ele me cumprimentou com um beijo rápido, um selinho atrevido. Eu me afastei dele devido à grande sede que eu estava, sempre que o via minha sede surgia do nada.

– Oi Sarah. – Oi Nickolas. Os dois se cumprimentaram com uma educação e

carinho que eu até achei estranho. – Você joga bem rapaz – Sarah disse com um sorriso

meigo e deu um soquinho no ombro de Nickolas. Nickolas soltou uma gargalhada sincera gostando do jeito divertido e humano dela, coisa que eu nunca o ofereceria.

– Obrigado... – Ei, Nickolas! – gritou um cara do time dele, chamando

por ele. Nickolas olhou rapidamente e se despediu com um

“tchau” distante. – Acho que é melhor eu ir se quiser pelo menos algum

cara que goste mim nesse colégio, até mais – Nickolas se foi e ficamos somente eu e Sarah.

– É tão estranho.Sarah ficou com a expressão intrigada. – O quê? – Não sei explicar, é meio difícil de se explicar isso. Bem,

você olha para ele como se o fosse devorar a qualquer momento, é muito estranho e intrigante.

Fiquei tensa com o que ela dissera. – Impressão. Você deve estar vendo muitos filmes de

ficção, Sarah – tentei disfarçar.

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– Seu namoradinho é muito atrevido, logo vou dar um jeito nele.

– Ciúmes? Inveja? Dor de cotovelo? Qual deles? Ou todos eles juntos? – Sarah me defendeu de Thomas.

– Eu não estava falando com você, Sarah. Sem par para o baile.

– Você deveria convidar Jennifer logo, Thomas... Eu sei que tem um cara no pé dela.

– Quem? – Porque não descobre você mesmo, todo poderoso? – Seja lá quem for eu só quero saber quem é. Nada

demais. – Por falar na Jennifer, onde ela se meteu? – perguntei. Thomas se interessou pela minha pergunta, mas tentou

fingir desinteresse. – Alguém viu Jennifer? – perguntou Sarah. – Eu vi uma garota de costas hoje na entrada do colégio,

mas não sei se era Jennifer – me intrometi de boa vontade. Depois de minha pergunta, Sarah e Thomas começaram

a tagarelar um com o outro e naquele momento, minha mente começou a vagar, fluir para outros ares. Minha atenção colou por onde Nickolas estava. Ele estava conversando com um cara mais velho e muito simpático, não fazia idéia de quem era. Só fiquei em silêncio observando tudo e permanecendo minha mente longe... Longe... E cada vez mais longe.

Eu entrei pela floresta de Port Angeles procurando por algo para sugar, comer, tanto faz. O céu estava quase escurecendo, um dia frio normal e no fim de tarde com ainda claridade por todos os lados. Andei livremente e atenta ao que eu iria fisgar primeiro. Andando por todos os lados, farejei um cheiro novo e ótimo. Eu tinha certeza de que havia um humano por ali, dessa vez eu não ia conseguir me controlar. Já com um sorriso nos lábios e indo em caminho à minha presa, passei de árvore em árvore, passo por passo, nada de correr rapidamente. Então, avistei várias árvores tampando um caminho. Passei por elas e encontrei um novo lugar estreito naquele lugar incrível e sombrio, e lá estava uma mulher plantada com um sorriso baixo nos lábios me esperando. A tal era muito bonita e assustadora. Era magra, um pouco mais alta que eu, olhos verdes, cabelos vermelhos liso em cima e bastante encaracolados nas pontas. E seu tom de pele era bastante pálido. Ela não parecia uma humana, embora estivesse com mais cheiro de sangue do que nunca.

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– Esperei tanto por esse momento – ela sussurrou ainda parada.

Sem saber o que dizer e fazer, eu virei-me para ir embora. Afinal, eu nunca havia visto aquele ser na minha vida e ela me assustou bastante, não me era útil ficar ali e saber de fato o que ela queria de mim, ou fazer comigo. No mesmo segundo em que eu me virei, meu auto-reflexo se ativou devido ao fato dela ter se movido para atrás de mim rapidamente. Eu me afastei dela, já preparada.

– Hum... E não é que você é boa? – ela disse ironicamente.

– Quem é você? O que você quer? – perguntei fitando-a. Ela sorriu diabolicamente. – É muito simples. Meu nome é Megan, eu quero sua

ajuda para acabar com a vida do seu namoradinho. Você escolhe, se me ajudar você sobrevive. Mas se não fizer o que eu estou mandando...

Eu me aproximei dela igualando minha face ao seu nível diabólico.

– E então o quê? Ela se moveu velozmente para longe, sumindo

rapidamente. Ela tornou a aparecer, mas ao meu lado esquerdo dessa

vez. – Pobre John... Pobre Kate... Pobre Sarah... Pobre Alice... Sem pensar em nada, já me transformando fui

velozmente até ela para tentar matá-la. – Amanhã. Aqui. No fim da tarde. Nickolas. Fui clara? –

disse ela, aparecendo em cima de uma árvore que estava bastante perto de mim dessa vez.

Rebati fundo em minha mente. – Combinado – ascenti em voz alta. – De qualquer modo... Se você tentar armar alguma

coisa para mim, é melhor pensar bem se não quiser perder todos os seus queridos amigos e pais – disse ela, passando as mãos em meu cabelo e logo depois me dando um beijo no rosto.

E então ela se foi. Antes mesmo de qualquer coisa, eu já estava quebrando

tudo na minha frente. E limpando a saliva nojenta que ela deixou com um beijo em meu rosto.

E agora? O que eu iria fazer? Morrer? Deixar os quem eu amo morrer? Ajudá-la matar Nickolas? Então eu escolho morrer. A partir dali, minha existência estava ameaçada, e

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pior, a existência dos quem eu amo estava em risco. Portanto, a parte humana dentro de mim falou mais alto. Somente uma lágrima caiu sobre meu rosto, uma lágrima de ódio e dor.

Então, chegando a minha casa, John estava concertando a televisão.

Ele se surpreendeu. – Oi Alice. – Kate deu noticias? – perguntei. – Não, faz três dias que ela não me liga e atende ao

telefone.Só balancei a cabeça tentando disfarçar tudo que

aconteceu. E, aliás, lembrei-me de perguntar sobre o sumiço de ontem dele.

– Onde você se meteu na noite de ontem? – perguntei. – Resolvendo coisas de trabalho – ele disse um tanto

aflito. – Estranho, tem alguma coisa que anda me bloqueando

em você. Algo que eu não sei? Balancei a cabeça negativamente mal-humorada, não

falei mis nada e subi para meu quarto deixando-o sozinho. Abri a porta de meu quarto e lá estava ele encostado-se à janela, virado de costas para onde eu entrei.

– Eu nunca vou conseguir me acostumar com isso... – Você se acostuma sim, vampira.Percebi quando ele se tele transportou a mim que ele

estava me querendo muito. Eu não estava sedenta, já tinha me alimentado na maldita floresta em que estava. O problema era quando alguém aparece e desmorona toda a sua existência em um piscar de olhos. Quando Nickolas se direcionou para me beijar, eu bloqueei completamente. Ele se afastou, olhou nos meus olhos e direcionou meus olhos aos deles. Eu não tinha sequer olhado para ele, eu não conseguia mais.

– Aconteceu alguma coisa – ele afirmou. Afastei-me dele, indo em direção ao armário. Fazendo de

tudo para não ter que dizer a verdade e por em risco à vida dele.

– Não aconteceu nada, você deve estar cansado e imaginando coisas – retruquei.

De repente, ele se tornou agressivo e muito preocupado. Eu entendi o que ele fez, era o único modo de me fazer de qualquer forma dizer a verdade.

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– Vai me contar o que aconteceu ou eu vou ter que descobrir?

Nickolas me pressionou com força contra a gravidade. Abaixei então minha cabeça, rugi com ódio e não

consegui resistir. – Nickolas... Tal vampiresca me procurou hoje quando eu

estava caçando e disse que eu tenho que ajudá-la a te matar senão ela iria matar todos quem eu amo e principalmente meus pais e você. Não sei o que eu faço, eu prefiro morrer, vai ser muito mais fácil.

Nickolas olhou vidrado para o nada, com a expressão completamente perigosa.

– Qual é o nome dela? – Eu não me lembro Nickolas... – Tudo bem. Como ela era? Pensei com ódio na hora de responder. – Magra, branca, vampira, cabelos vermelhos

encaracolados e olhos verdes. Nickolas arregalou os olhos, pela primeira vez eu vi

medo em seus olhos. – Megan – ele sussurrou consigo mesmo, sentando-se

em minha cama. Preocupada, e lembrando-me de que era exatamente

esse o nome dela fiquei intrigada. – É exatamente esse o nome dela. Como você sabe? De

onde você a conhece? Nickolas estava em estado de choque. “Eu não acredito, não pode ser, não pode ser...” Ele

rebatia consigo mesmo rugindo. – Megan é muito ruim. Ela é cruel, e já tentou me matar

várias vezes. Ela quer vingar a morte dos pais dela. Eu não tenho culpa de nada, só que ela não vai sossegar enquanto não me matar e matar quem eu amo. E a única coisa que eu amo agora de verdade é você. Não vamos conseguir detê-la sozinhos. Vamos precisar de sua família, porque eu não tenho família.

– Mas Nickolas. Meus pais não sabem que estou namorando um... Bem... Um feiticeiro.

– Chegou à hora deles saberem – ele afirmou.

Novo México, lembranças – narrado em terceira pessoa

Jason, 1869

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Numa manhã normal no novo México, o dia estava nublado. Jason levantou-se da cama sem sua camisa blazer, que era a moda antigamente. E uma bermuda branca meio larga na coxa, da cor bege e com detalhes ainda mais antigos, formando com que seus músculos da perna aparecessem perfeitamente. A pequena e simples casa onde ele morava com sua Kate e seu irmão mais novo – Ian e Dora.

Jason estava indo para a garagem arrumar uma peça na moto que estava funcionando muito mal, pois o motor era muito antigo e nada potente. Logo em que ele pisou na garagem escura, sentiu algo estranho em seu corpo.

Ele Sentiu todas as veias do seu musculoso corpo se repuxando, uma dor imensa, seus olhos mudavam de cor a todo o momento, os pêlos de seu corpo, ele sentiu que eles estavam caindo, se soltando dele aos poucos. Os seus ossos estavam se tornando duro como uma pedra. Seus dentes, crescendo as presas, seu cabelo cresceu um pouco para cima, ficando arrepiado de natureza e com um brilho negro e lisura impecável. Jason não conseguia controlar seus pensamentos, tudo em seu redor estava mais nítido, os sons estavam duplamente mais ampliados. E o pior de tudo, ele estava com uma sede imensa, a única coisa que estava em sua mente, era – sangue – ele não conseguiu se controlar e começou a ter uma crise de dor, transformação e desejos incontroláveis. Gritando muito, quebrando acessórios que estavam espalhados por todo canto da garagem, gritava muito e ficou ali deitado morrendo de dor e se transformando em um vampiro.

Jason se tornou um Mentalix.

– Jason! – O que foi moleque? – Jason brincou. – Não estou conseguindo dormir. – Com oito anos e ainda com medo de dormir sozinho? Que bicha Ian – disse logo se deitando ao lado de seu irmão mais novo, puxando com o cobertor para que ele dormisse ao lado de Ian. – Só estou com medo, pare de tirar sarro – retrucou Ian, ainda suado e com seu boné carpete antigo, dar co branca desbotada. Jason ficou ali com Ian até que ele pegasse no sono, logo depois de meia hora mais ou

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Menos, Jason se levantou e com um sorriso engraçado, murmurou:

– Você ainda vai aprender muita coisa.Jason gostava muito de Ian, gostava tanto que escreveu

seu nome na canela. Porque na verdade, Ian era a única pessoa que ele realmente amava. Ele prometeu a si mesmo que quando se tornasse muito rico que daria muito dinheiro, muito carpete e tudo mais que a moda antiga oferecia. Jason ajeitou sua bermuda branca e foi no quarto de sua Kate, quando viu que ela não estava dormindo: estava gritando de dor.

– mãe? – Jason... Promete-me que vai cuida do Ian? – perguntou

ela, fazendo força. – Que papo é esse, mãe? Jason colocou as mãos em sua cabeça e viu que Dora,

sua mãe: estava morrendo. – Vem comigo, vou te levar pro hospital... – disse,

pegando-a no colo um tanto desesperado. Mas ela o conteve com as mãos, com um sorriso no rosto e tentou as ultimas palavras:

– Eu amo você, amo seu irmão. Mas escute: estou indo embora, você já é um rapaz! Promete que vai cuidar do seu irmão como se fosse seu filho? Pode continuar aqui se quiser... Mas trabalhe e dê tud... – antes mesmo de conseguir terminar sua frase, teve o ultimo baque no coração e morreu.

Assim como o dia nublado e chuvoso, choveu lagrimas nos olhos de Jason. Antes mesmo de pensar em qualquer coisa que fosse, agarrou Ian pelas mãos e o levou para um parque de diversões bastante antigo e feito de madeira, dizendo que iriam se mudar para uma quitinete no sul de novo México e que ele seria criado por uma criada já de idade.

– Cadê a mãe? – perguntou Ian enquanto balançava no balanço do parque.

Jason engoliu em seco, mas tentou disfarçar o choro entalado.

– Ela viajou para a Suécia e foi servir à rainha de lá, mas quando ela voltar... – ele pigarreou para conseguir de terminar sua frase sem nenhuma lagrima escorrendo.

– Vai te levar para passear com ela. Agora, vá comprar um doce de batata pra você, moleque...

– Eba! Estou indo! – disse Ian aos risos e sem desconfiar de absolutamente nada. Jason alugou a quitinete barata e

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estranha para os dois. No dia seguinte, deixou Ian o dia todo na creche para que ele fosse procurar trabalho.

Então, entrou em um bar e foi procurar vaga como atendente ou talvez seja lá o que fosse... Jason entrou elegante, com a melhor e única roupa de marca que tinha e tentou ser agradável dentro daquele bar mexicano e requintado.

– Pois não? – perguntou um cara gordo, dono do bar antigo.

– Vim me cadastrar para trabalhar, senhor – respondeu. O senhor olhou debaixo para cima para Jason e revirou

os olhos, arrumando seu bigode amarelado e velho, tirando seus óculos para analisar de perto.

– E porque eu te contrataria? – perguntou o dono. – Porque sou bom em tudo quando se trata de bares.

Isso que o senhor está bebendo é um Rum Gardel... Não é? – contornou Jason. E quando Jason deu-se por si, arregalou os olhos, aproximou-se do homem e seus olhos ficaram brancos. E então, na mesma hora o homem mudou de idéia, sendo controlado por Jason.

O homem franziu o cenho e gostou da rapidez e esperteza que Jason apresentou.

– Comece agora mesmo, o suéter está no banheiro dos fundos.

Jason abriu um sorriso vitorioso, adorando o que podia fazer.

– Ta esperando o quê? Eu te demitir? – o homem retrucou sorrindo.

– É pra já – respondeu Jason, indo às pressas colocar o uniforme.

Ele trabalhou o dia todo e então, no final do dia, se deparou com uma mulher de cabelos vermelhos e olhos verde-água, indo a sua direção lentamente.

Estava tudo desabando um dia após o outro na vida de Jason.

– Jason? – perguntou ela. – Isso – disse ele, balançando a cabeça e encarando-a

com olhar de suspeita. – Podemos conversar agora? – Claro. O que você quer? – perguntou. – Vamos conversar fora daqui, agora. – Não, estou trabalhando. Se quiser conversar, vai ter

que esperar eu sair...

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– Já que você prefere assim, vou direito ao ponto. Sei que você é um vampiro.

Jason se assustou e olhou em volta, torcendo para ninguém tivesse escutado.

– Ta legal, já pode ir embora. Não quero conversar com você – Jason se irritou.

– Escute Jason: sou muito rica e posso oferecer o que você quiser para o seu irmão Ian, contanto que você junte-se a mim, posso dar tudo que quiser.

– Como você sabe essas coisas sobre mim? – perguntou ele, bastante irritado.

– Simples, eu sou uma também. E posso ver o futuro. Jason, você vai ser perfeito comigo e mais alguns, pense bem! – ela insistiu.

Naquele exato momento, ele não pensou mais em nada e apertou as mãos dela de repente.

– Eu topo, mas eu e meu irmão vamos continuar morando aqui.

– Não, vocês irão se mudar comigo pro Canadá – ela concluiu.

– Mas... – Jason já ia retrucar, quando viu que não tinha nada a perder, deu um sorriso e disse:

– Quando nos mudamos? Megan olhou para ele com um sorriso largo estampado

no rosto. – Agora. – Eu vou morar com você? – ele perguntou.– Claro que não, você vai viver a sua vida. Mas todo o dia

terá que se encontrar comigo e me ajudar a fazer algumas coisas. Sempre terá que me fazer alguns favores. Já vai se acostumando, pois lá a temperatura é gelada. Não se faz sentido te dizer isso, já que você é um imortal agora – ela murmurou.

Jason se interessou. – Relaxe, não será só você. Seremos uma legião – ela

respondeu, dando um beijo no rosto dele e se mandando sem ao menos que ele dissesse algo para o dono do bar em que o concedeu o tão desejado e agora, inútil trabalho.

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Bill, 1871

Não se sabe ao certo, mas no centro-oeste da cidade do novo México, morava Bill:

Um cara que desde seus nove anos de idade mora sozinhos debaixo da ponte, pois foi abandonado pelos seus pais e acostumou-se a viver sozinho por aí no século em que tudo era proibido. Debaixo da ponte, Bill tinha amigos, a maioria deles era dependente químico e usavam trajes requintados. Mas alguns deles ainda lutavam por uma vida digna e honrada e sonhavam em acabar com reinado de Hitler contra os não arianos. Bill recebia cuidados de uma senhora, a mãe-de-todos. Era assim que a mulher já de idade e de pele negra era chamada pelos debaixo da ponte. Os negros moravam debaixo da ponte devido ao antigo e imoral nacionalismo político. Eles não eram infelizes, pelo contrario: eram super felizes e divertidos. O único problema é que enquanto muitos reclamavam de suas vidas, não sabiam o que Bill passava. Crescido e criado ali, quando completou vinte e seis anos, decidiu ir trabalhar. Bill também procurou por emprego em um bar, mas esse bar era diferente, era um bar de strippers e ainda tinham muitos racistas por lá. As dançarinas dançavam cancum para seduzir os homens, com vestidos colados já era o suficiente aos homens daquela época onde tudo era tabu.

A dona do bar contratou Bill na hora quando bateu os olhos no belo corpo que ele tinha modéstia parte... Então, numa terça feira Bill recebeu uma stripper diferente.

– O que vai querer? – perguntou Bill, atendendo a moça morena e de vestido gordo.

– Quantos vocês pagam pela noitada? Bill colocou as mãos atrás da nuca e tentou entender se

era o que ele estava pensando. – Como assim, mileide? – Qual é senhor... Eu sou uma stripper. Não está vendo

ou é burro mesmo? – retrucou, passando as mãos grossas no cabelo, e logo sem seguida levantando uma alça da blusa que acabou de cair, quer dizer, desde que se sentou ali.

– Você? – ele riu e abaixou a cabeça. – Bem... Acho que isso você tem que resolver com

aquele cara ali, – ele apontou ao senhor que escolhia as strippers por noite, um senhor moreno e um pouco coreano.

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– Você não prefere sentar aí e tomar uma bebida uma comigo? – ofereceu Bill.

Ela riu. – Se você me pagar... Bill riu. – Eu pago o dobro e ainda passo a noite inteira com

você. Aposto que não vai encontrar um cara assim tão fácil na sua vida tão cedo...

– Sendo assim, vamos para um motel – ela sugeriu. – Só um segundo, princesa.Bill foi até a dona do bar de strippers e disse que tinha

uma grande emergência e que não dava para resolver depois, conseguiu mentir perfeitamente. Tudo certo, Bill levou a garota até o motel e lá ele teve a primeira noite de paixão. Digo, a primeira noite em que ele se apaixonou por alguém realmente.

– Gostou desse motel? – Bill perguntou. – Sem duvidas, é tudo que eu queria – ela disse, pulando

na cama e tirando o sutiã rapidamente. O motel era todo feito de madeira e as pessoas de lá eram finas e usavam ternos, suéteres e vestidos longos com chapeis longos.

Bill sorriu e pulou em cima dela logo em seguida, sem frescuras nem nada. Eles se beijaram e fizeram coisas que até deus duvida. No dia seguinte, quando Bill acordou e ela já não estava mais lá. Também roubou alguns trocados que havia na carteira dele.

– Vagabunda – ele murmurou consigo mesmo. Ele ficou com raiva sim, mas jamais a esqueceria apesar de qualquer gesto, apesar de tudo que ela era.

Bill levantou-se, ligou o chuveiro e ficou vagando para lá e para cá de um modo até engraçado, pelo nervoso estranho dele. Até aí tudo certo.

Mas ele começou a sentir fraqueza e umas dores na barriga, algo repuxando dentro de seus olhos, algo queimando dentro de seu corpo. Ele pega e caminha até o espelho do banheiro e vê que seus olhos estão mudando de cor rapidamente, seu cabelo está crescendo e sua pele está ficando nítida... Tão nítida... Muito nítida.

Bill sentiu todas as veias do seu corpo se repuxando, uma dor imensa, seus olhos mudavam de cor a todo o momento, os pêlos de seu corpo, ele sentiu que eles estavam caindo, se soltando dele aos poucos. Os seus ossos estavam se tornando duro como uma pedra. Seus dentes, crescendo as presas, seu cabelo cresceu, tendo que formar um coque para

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não incomodá-lo, ficando arrepiado de natureza e com um brilho negro e espessura natural e antiga de seus cabelos. Bill tentou controlar seus pensamentos, tudo em seu redor estava mais nítido, os sons estavam duplamente mais ampliados. E o pior de tudo, ele estava com uma sede imensa, a única coisa que estava em sua mente, era – sangue – ele não conseguiu se controlar e começou a ter uma crise de dor, transformação e desejos incontroláveis. Gritando muito, fechando os dedos para que formasse uma palma da mão preparada para socar algo, e foi exatamente o que ele fez: deu um grande soco no espelho e acompanhou com o grito de dor que não saía de dentro de si, e se transformando em um vampiro.

Bill se tornou um Forçalittler. No dia seguinte, Bill voltou ao trabalho já sabendo o que

ele havia se tornado. Mas Bill não acreditava no que ele via, ele precisava ter certeza! Antes de chegar a seu trabalho, passou em um parque e decidiu ver o que ele podia fazer.

– O que eu tenho que fazer caramba? – ele retrucou consigo mesmo.

Então, Bill viu que não tinha ninguém por ali, deu um galeio para pular e ele percebeu que quando pulou, atravessou o outro lado do parque apenas com um salto para cima. Bill sorriu contente e gostando do que viu. Logo depois, olhou para suas mãos e tentou ver se o que ele estava pensando poderia funcionar. Ele fechou o punho e tentou um soco na parede, simplesmente com um soco, abriu um buraco na parede, fazendo Bill gritar de felicidade.

Contente e despreocupado, Bill foi trabalhar. Esquecendo-se do principal fato do que ele era agora: o fato de que ele se tornou um sugador de sangue. Quando Bill chegava ao bar, ele fazia um lanche antes e dessa vez não conseguiu comer, sentindo nojo e desprezo pela comida.

– Mais essa agora? A coisa que eu mais gosto de fazer é comer, carambolas – retrucou.

Chegou o primeiro cliente do dia ao bar, sorridente e muito dinheiro no bolso.

– Pois não? – e logo que Bill sentiu o cheiro do homem, seus olhos se transformaram, sentindo um pleno desejo pelo sangue daquele homem. Sem pensar em nada e ninguém, partiu para cima do homem rico e cravou suas presas na nuca dele, causando muita dor ao homem, mas muito prazer a Bill. A garotinha que estava prestes a entrar para comprar balas, quando viu Bill em êxtase e cheio de sangue no canto da boca e nas mãos, ficou paralisada.

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– Vai ficar parada aí? Te dou quatro segundos para correr ou a próxima vai ser você – Bill disse, com a maldade estacada em seu coração. A menina saiu correndo e chorando muito, sem saber explicar a ninguém o que viu ali dentro daquele bar.

E os dias foram se repetindo, Bill matou vários clientes enquanto a dona do bar não estava presente, se sofria racismo, matava lentamente para que a pessoa sentisse muita dor. Mas num domingo à noite, deparou-se com Megan caminhando lentamente ao seu lado. Bill achou estranho não sentir desejo de matá-la nem desejo pelo seu sangue.

– Bill? – Isso. – Pronto, meu querido? – perguntou ela, num tom irônico

e sadio. Megan sentou-se em frente a ele e deu um gole no copo de pinga que estava no balcão sem fazer nenhum pedido antecipadamente.

– Pronto pra quê? – Pra ir ao Canadá comigo e mais alguns vampiros para

servir a mim – ela disse.Bill fez cara de cúmulo e ficou um tanto tenso. – Como você sabe que sou um vampiro? – Bill perguntou

baixinho, olhando em volta. – Porque eu sou uma e vejo o futuro. Vejo você e seus

companheiros matando muita gente por aí para mim, uma loucura e tanto durante todo o século.

Bill sorriu. – Você vai me pagar pelos serviços? – Claro Bill. Agora vamos? – Megan levantou-se indo para

lá e para cá impaciente. – Seu nome é? – Bill perguntou, saindo do balcão de

atendimento e tirando o avental. – Megan. Agora, vamos Bill! Ande logo... – ela retrucou. Bill acompanhou-a com sorrisos até a orelha e não

pensou nem um pouco antes de recusar. Os dois saíram dali, como grandes e velhos amigos rumo ao Canadá.

Ben, 1873

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Ben não possui uma história de vida fácil. Pelo contrário: sofreu muito, foi o que mais sofreu dentre os companheiros. Seu pai nunca gostou dele, porque sabia que não era o pai verdadeiro, mas isso Ben só descobriu depois. O pai de Ben era mendigo e contrabandista de drogas ilícitas. Vendia e exportava drogas desde muito novo ao povo imperialista daquela época. A Kate de Ben, uma mileide rica, o abandonou no parto, pois era uma vampira e não queria criar um filho. Iria acabar com sua fama de boa moça aos moradores. Então, deixou-o com seu antigo amor e fugiu para muito longe. Ela nunca foi encontrada e não procurou por Ben até hoje. Ben morava num barraco à moda antiga com seu pai e nunca parava em casa.

– Ben, você tem que puxar assim – o amigo de Ben mostrou o modo como se fazia com dedo ao tragar a maconha.

– Essa jossa não funciona – a expressão jossa era muito usada pelos radicais da época. Era tipo um palavrão. Então, Ben se irritou, jogando a maconha pela janela do quarto do amigo. Naquela época, seus trajes eram engraçados e a maconha não fazia tanto mal, muito menos a cocaína.

– Você não presta nem pra tragar uma maconha! – zombou o amigo de Ben.

Ben olhou torto para ele, soltando um riso derrotado depois. Ben levantou-se da cama do quarto do amigo e foi pegar a cocaína que estava em cima da mesa.

– Que horas a sua mãe chega mesmo? – Ben perguntou de longe.

– Nem sei, deixa minha mãe se ferrar, Ben – disse o amigo enquanto tragava loucamente às gargalhas inúteis.

– Cocaína de novo, cara? – perguntou. – Não sirvo pra usar maconha – Ben respondeu, usando a

cocaína em pé.

Ben foi para casa e tentou dormir, quando na madrugada, recebe cinco homens dentro do mini quarto espancando seu pai por não ter pagado alguma conta das drogas.

– Se não nos pagarem até amanhã, vamos voltar aqui e matar você – disse um deles. Ben não se moveu e ficou ouvindo às ameaças dos homens. Então, os homens foram embora e deixaram o pai de Ben deitado no chão com sangue no nariz escorrendo.

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– Bem feito – Ben disse enojado ao ver o pai no chão. – Amanhã eles vão acabar comigo. É bom que me livro

de um bastardo como você de uma vez por todas – insultou também o pai de Ben, não se movendo para levantar do chão.

– Como assim bastardo? – perguntou. O pai de Ben sorriu ensangüentado. – Você não é meu filho de verdade, idiota. Só te criei! A

vadia da sua Kate desapareceu quando teve você e eu tive de carregar a cruz.

Ben engoliu o choro reprimido. Chorar para Ben era uma afronta nojenta.

– Amanhã vou deixar eles te matarem – Ben disse e deu de ombros saindo dali.

No dia seguinte, Ben foi até a casa do amigo viciado em maconha e recebeu a notícia que ele tinha sido preso por roubar maconha de um contrabandista. Ele e o contrabandista foram presos.

– Até ele se ferrou! Hoje meu pai vai ser morto e estará tudo mais perfeito – bufou.

Irritado e sem nenhum amor dentro de si, foi ao cemitério visitar uma ex que morreu. A mulher que pagou muitas coisas para ele, uma mulher de mais idade como a maioria das que ele se envolvia. O céu já estava avisando que o sol iria se pôr e Ben se manteve ali observando o túmulo da mulher. Então...

Aquilo aconteceu. Ben sentiu todas as veias do seu corpo se repuxando,

uma dor imensa, seus olhos mudavam de cor a todo o momento, os pêlos de seu corpo, ele sentiu que eles estavam caindo, se soltando dele aos poucos. Os seus ossos estavam se tornando duro como uma pedra. Seus dentes, crescendo as presas, seu cabelo cresceu, tendo que formar um coque para não incomodá-lo, ficando arrepiado de natureza e com um brilho negro e espessura natural e antiga de seus cabelos. Ben tentou controlar seus pensamentos, tudo em seu redor estava mais nítido, os sons estavam duplamente mais ampliados. E o pior de tudo, ele estava com uma sede imensa, a única coisa que estava em sua mente, era – sangue – ele não conseguiu se controlar e começou a ter uma crise de dor, transformação e desejos incontroláveis. Gritando muito, fechando os dedos para que formasse uma palma da mão preparada para socar algo, e foi exatamente o que ele fez: deu um grande soco no túmulo da mulher e acompanhou com

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o grito de dor que não saía de dentro de si, e se transformando em um vampiro.

Ben se tornou um Forçalittler.Então, foi a primeira vez que Megan pegou um de seus

novatos no flagra. No exato momento em que eles estavam se transformando. Ben estava num traje antigo e não muito refinado, mas bonito. Já Megan estava com um vestido à moda antiga.

– Você é o único novato que peguei! – ela disse aparecendo para ele. Megan sabia que aquilo iria acontecer e era por isso mesmo que ela estava ali na tal hora.

– Some daqui, mulher – Ben resmungou. – Tenho pena de você Ben. Você sofre tanto! Como

suporta tudo isso? Sei o quanto dói não ter alguém que te ame de verdade... – ela sussurrou.

Ben não resistiu e começou a se interessar pelo papo dela. Megan o abraçou e foi confortando-o aos poucos. E de repente, puxa os cabelos dele e o arremessa para um pouco longe com agressividade.

– Au! O que você está fazendo? – ele fez cara de cúmulo.Megan sorriu e chegou perto dele. – Pare com essa nhaca, você é um homem! Um homem

vivido e quer vingança pela péssima vida que tem, entendeu? Vou te levar comigo e você vai me servir o resto de sua vida – ela riu ao dizer a palavra vida. Se é que você tem vida agora...

– Como assim? – perguntou. Ela revirou os olhos e tornou a acariciá-lo. – Você é um vampiro, agora. Mas poupe-me de te

explicar. Venha comigo que vai ter muito tempo pra descobrir o que você é agora – ela disse, já o puxando pelo braço.

– Espere! Não dá. Eu tenho um pai e, aliás, To com uma sede do caramba – retrucou.

Sem nenhuma paciência restando dentro dela, logo mordeu seu próprio pulso e enfiou-o na boca dele, oferecendo o sangue de uma vítima que acabou de atacar. Obviamente, Megan estava no período puro. Sem entender no começo, Ben tentou revidar. Mas quando sentiu o prazer maior que já sentiu em sua vida. Muito maior do que quando usava cocaína, engoliu tudo que pôde. Então, depois do processo... Ele sorriu e não disse mais nada.

– Podemos ir agora? – perguntou ela. – Claro!

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– Mas e seu pai? – ela testou se ele realmente estava transformado.

– Não ligo pra ele. Ela riu.É que quando alguém que possui caráter duvidoso ou do

mal, quando se transforma, piora muito mais. Já quando uma pessoa boa se transforma, seu caráter passa a ser duvidoso. Por isso, a maioria dos vampiros é ruim.

Jim, 1873

No mesmo ano em que Megan pegou Ben, aconteceram coisas com Jim também. Jim nasceu em uma casa de garotas de programa e se tornou gogo-boy aos vinte e um anos.

– Qual é seu nome, docinho? – perguntou Jim. – Arlette.

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– Sua idade? – Trinta e nove – Arlette respondeu pelo telefonema. O telefone era preto e antigo. Jim revirou os olhos por ter

que passar a noite com uma não tão nova como sua preferência às clientes. Jim estava falando no telefone com uma cliente e fingiu estar adorando.

– Amo as mais experientes, mileide – mentiu. Ela sorri do outro lado da linha, sendo enganada

ridiculamente. – E quanto você cobra? – Quanto mais me pagar, mais coisas nós vamos fazer –

respondeu. – Então quando chegar, eu vejo o quanto te pago.– Ótimo. Tchauzinho querida – ao desligar o telefone, Jim

respirou fundo. – Cliente rica, Jim? – zombou uma das garotas de

programa que o conhece desde muito tempo ali da casa. – Andem, os clientes estão esperando! – gritou

altamente a Kate dele. – Ah! Você está aí queridinho. Tem cliente pra hoje? –

perguntou ela para Jim: seu próprio filho! – Tenho uma agora, aliás. Tchau – Jim se mandou dali

dando de ombros à sua Kate. Como nos tempos de 1800 as pessoas ainda tinham

muito tabus, Jim andava de fusca do modelo mais antigo de todos. As pessoas se vestiam ainda com vestidos requintados e não indecentes. Um gogo-boy naquela época andava de terno. E suas clientes eram as mais refinadas de todas. Jim pegou seu fusca e foi atrás de sua cliente mais velha da noite. Bateu na porta e a mulher saiu de lá com um sorriso estampado no rosto. A mulher era loira dos cabelos até as orelhas formando um cabelo Chanel e um chapéu longo acompanhando.

– Arlette? – perguntou com um sorriso irônico. Ela não respondeu nada, só puxou Jim e começou a

beijá-lo desesperadamente. – Carente? – perguntou quando conseguiu respirar. – Muito – ela respondeu e trancou a porta do quarto. E então... Quando estavam já acabando...Aquilo aconteceu. Jim sentiu todas as veias do seu corpo se repuxando,

uma dor imensa, seus olhos mudavam de cor a todo o momento, os pêlos de seu corpo, ele sentiu que eles estavam caindo, se soltando dele aos poucos. Os seus ossos estavam

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se tornando duro como uma pedra. Seus dentes, crescendo as presas, seu cabelo cresceu, tendo que formar um coque para não incomodá-lo, ficando arrepiado de natureza e com um brilho negro e espessura natural e antiga de seus cabelos. Ben tentou controlar seus pensamentos, tudo em seu redor estava mais nítido, os sons estavam duplamente mais ampliados. E o pior de tudo, ele estava com uma sede imensa, a única coisa que estava em sua mente, era – sangue – ele não conseguiu se controlar e começou a ter uma crise de dor, transformação e desejos incontroláveis. Gritando muito, olhou para Arlette deitada e desesperada ao ver o que ele estava fazendo e pensou em mordê-la. Ele não sabia por que ele queria fazer aquilo, mas foi exatamente o que ele fez: deu uma grande e longa mordida no pescoço da mulher e acompanhou com o grito de dor que não saía de dentro de si, e se transformou em um vampiro.

Jim se tornou um Forçalittler. Assustado, Jim levantou-se e logo foi pra casa sem

contar nada a ninguém e tentou não ficar pensando no que estava acontecendo com ele.

No dia seguinte, mais uma mulher chegou ao local procurando por Jim. Mas não era uma cliente, era Megan. Querendo falar com Jim de qualquer maneira.

– Cadê o Jim? – Megan perguntou a uma garota de programa que passou por ela.

– Sumiu, não o vejo desde ontem à noite – respondeu.– Ah, obrigada – e logo partiu para outra mulher. – Conhece Jim? – perguntou. A mulher revirou os olhos. – Você é cliente? – a mulher perguntou. – Sou – respondeu Megan ao ver que a mulher não diria

onde estava Jim se não dissesse que era uma cliente, através de seu dom chave, o futuricx.

– Ele está no andar de cima, e a propósito: sou a Kate dele, mileide – grunhiu.

Megan não respondeu e ao ver que ninguém estava prestando atenção, subiu velozmente até exatamente onde ele estava.

– Jim? – Olá, mileide. Com você será um prazer o programa –

Jim flertou-a chamando-a pra entrar dentro de seu quarto bagunçado e seus suéteres e carpetes jogados para todos os móveis de madeira antigos.

Ela riu.

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– É muito feio ficar comendo clientes, Jim... – zombou ela, com o mesmo papo de sempre. Jim se assustou e puxou-a pelo braço, de modo com que ele fechasse a porta.

– É o meu trabalho, mileide. Tenho que comê-las – ele tentou contornar.

– Você entendeu. Não estou falando de comer, comer. Estou falando da parte em que você morde o pescoço dela e a mata – ela disse, soltando um riso ao ver-se no espelho com o chapéu longo e roxo da moda antiga.

– Não estou entendendo – disse Jim, um tanto irritado. – Claro que está! Vamos à parte que interessa: você vai

comigo pro Canadá e irá fazer favores a mim durante muitos séculos! Afinal, agora você é um vampiro, caro Jim. E, aliás, serão você e mais três. Ande logo e vamos dar o fora daqui.

– Só uma pergunta – Jim se interessou e estava prestes a aceitar a proposta.

– Hm? – Com certeza você é uma vampira. Mas... Porque estou

sentindo cheiro de sangue em você? – Jim perguntou, com seus olhos mudando de cor.

– Tanto pra aprender... – ela revirou os olhos. É uma longa história. Chama-se período puro. Mas vamos e no caminho te explico Jim.

– Ok.

Apenas namoradoslice, Megan é muito ruim. Ela é cruel, ela já tentou me matar várias vezes. Ela quer vingar a morte dos pais dela. Eu não tenho culpa de nada,

Megan não vai sossegar enquanto não me matar e matar quem eu amo. E a única coisa que eu amo agora de verdade é você Alice. Não vamos conseguir detê-la sozinhos. Vamos precisar de sua família.

– A– Porque da minha família? – Porque eu não tenho família. Senti-me um lixo.– Mas Nickolas... Meus pais não sabem que estou

namorando um feiticeiro. – Chegou à hora deles saberem – ele afirmou. – Eu não quero colocar eles em risco.– Não existe mais saída agora, Alice. Todos correm risco.

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– Mas John não é um vampiro e não sabe disso. Kate esconde isso há anos dele. Sinto muito, vou ter de encontrar outro jeito.

Ele colocou a mão direita no canto do queixo e analisou a situação.

– Já sei! Então, vamos precisar da família da sua Kate. Mas vamos então fingir para John que sou um namorado normal – ele riu depois do que falou.

Eu também ri, vendo que ele tinha tido uma idéia ótima e de acordo. Não estava em meus planos contar para ele, mas o desgraçado sempre me fazia falar a verdade quando olhando nos meus olhos. Eu me odiava quando estava gostando de alguém. Sério, o amor é super ridículo.

Descendo as escadas e eu já decidida a apresentar Nickolas a John com a idéia maluca que ele acabou de ter, mantive-me envergonhada. Quando estava na copa da cozinha de casa, vi John resolvendo umas papeladas de investigações.

– John... Ele se virou para mim com a expressão já desconfiada. – Que foi? Eu chamei por Nickolas nessa exata hora. Nickolas se

aproximou devagar, com sua timidez e esperteza mútua. Eu tinha certeza que Nickolas saberia o que dizer... Mas não se é muito legal na hora H. Foi aquele momento terrível de apresentar seu namorado ao seu pai. Ainda mais se você tiver um pai como John. Um pai Xerife que desconfia de tudo e ainda por cima, sendo um pouco da moda antiga. John ficou encarando Nickolas de cara feia e superior.

– Meu nome é Nickolas, é muito bom te conhecer – Nickolas ofereceu suas mãos para John apertá-las e John fingiu não ter visto nada, deixando Nickolas bastante constrangido. Nickolas deu um sorriso tímido e fez como John, fingiu não ter acontecido.

– Quem é essa rapariga? – Pai, pare com essa marra... Você está tornando tudo

mais horrível e tenso.John ascentiu ainda com marra. – Ele é meu... – Sou o namorado dela senhor – Nickolas se intrometeu. John fez uma cara absurda e não convencido. Afinal, John

estava sentindo o cheiro de encrenca nele. O que eu estava pensando em namorar um feiticeiro?

Ele parou.

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– Eu sei que você é um vampiro, eu sei que Alice é metade humana e vampira. Eu sei de tudo, eu sou um feiticeiro.

Era isso que eu queria que Nickolas dissesse. John agarrou Nickolas pelo colarinho e o fitou com raiva. – Eu estou falando com a minha filha, quer parar de se

intrometer mocinha?John se virou para continuar falando comigo, quando se

deu conta da última palavra que Nickolas havia dito, arregalou os olhos e voltou à Nickolas. O mais engraçado, era que meu pai estava sem camisa, esbanjando aquele corpo perfeito que causava inveja em muitos caras. Musculoso, alto e magro.

– Você é o quê? Nickolas sorriu discretamente balançando a cabeça. – O namorado dela. John me olhou com cara de cúmulo. – Ele? Achei que você tinha gosto melhor, filha...Aí eu me dei conta. – Sem essa, pai.– Não, eu não sei nada sobre esse rapazinho, mas eu só

sabia que não era para você se envolver com... Mas quem disse que você ia me ouvir? Eu sabia que não.

Fiquei sem saber o que dizer e me calei, encostando-me na porta.

– Fazer essa cara não adianta mais, Alice.Nickolas respirou fundo e se intrometeu novamente. – Falar assim com ela não adianta nada também – ele foi

interrompido pelo olhar mortal de John. Mas Nickolas perdeu então sua paciência e o enfrentou.

– De qualquer maneira, você vai ter que me ouvir. Querendo ou não. Estamos juntos. Não é por isso que estou aqui. Não vim pedir sua permissão para ficar com ela, senhor Jones. Entendeu?

John revirou os olhos e mordeu os lábios imaginando formas de socar Nickolas. Eu queria sorrir, mas era sério. Eu tinha que separá-los.

– O que está havendo aqui? Eu sou o ultimo, a saber, certo? – John me perguntou.

– Pai, eu só quero que você saiba. Não, você é o primeiro, eu não contei à Kate ainda.

Ficou no ar aquele clima estranho e desconfortável.

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O Som Da Morte Parte 2 – narrado em terceira pessoa

– Não é necessário com tanta urgência, Rosalie... – Emma retribuiu.[...]

Rosalie ascentiu com a cabeça, abrindo um sorriso meio forçado. Leon mudou de um galho para o outro para poder ouvir direito a conversa entre eles dentro da grande e escura casa. Rosalie vivia em uma área isolada e fora da casa, um local totalmente escuro e diferente. Dentro de sua reserva havia um quarto, cozinha e banheiro. Era um lugar bem apertado e cheio de coisas estranhas dentro. Rosalie era uma bruxa devido à sua idade. Quando um feiticeiro se transforma jovem, ele naturalmente permanecerá com a mesma idade durante vários séculos, a menos que ele seja assassinado. Já quando um feiticeiro é transformado ao nascer, ele irá envelhecer normalmente. A época de transformação vinda de família é aos dezessete anos ou até mesmo dezoito no quesito de normalidade. Já quando um feiticeiro tem mais de quarenta anos, ele é considerado um bruxo ou uma bruxa. Podendo criar poções, novos feitiços e tudo mais. Rosalie era uma bruxa tendo exatamente quarenta anos. Ela foi chamada para servir os Jones, os proteger de feiticeiros e vampiros diabólicos. Eles confiavam plenamente em Rosalie, uma pena.

Emma se virou para as matas nos fundos da casa, deixando Rosalie sozinha. Leon concentrou sua audição vampiresca nos lábios de Rosalie e a observou em silêncio. Rosalie se virou para entrar em sua “casa” sombria com cara feia retrucando insultos em outra linguagem, com certeza seria linguagem de bruxa para que ninguém pudesse ouvir seus insultos na língua normal. Cassie saiu da casa vestida no traje normal, cabelos soltos, blusa branca e calça jeans. Subiu em sua moto e saiu para algum lugar. Leon a seguiu. Cassie adorava a sensação de ser humana quando andava de moto, sem precisar correr velozmente e tudo mais. Apenas sendo guiada pelo poder de uma máquina. Ela andava em alta velocidade pela estrada a fora, sem medo nenhum, fazendo

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manobras, passando por radares sem pensar em nada. Afinal, ela era uma vampira, certo? Fodam-se as leis humanas. Cassie com toda sua velocidade na estrada e sentiu o telefone vibrando no seu bolso. Parou a moto no meio da estrada e atendeu.

– Kate? Preciso muito falar com você... – Nickolas disse. – Quem está falando? Alô?– Eu preciso falar com Kate agora... Dá pra passar pra

ela? – Nickolas perguntou. – Não vai dar não. Eu estou na estrada de moto, ainda

faltam uns minutos para eu chegar até lá, porque essa urgência toda?

– Escute... Eu preciso que você vá embora agora e passe esse telefone para Kate, entendido?

Cassie se preocupou com o tom dele. – Entendido – Cassie murmurou, desligou o telefone,

colocando o capacete novamente e voltando aos Jones na sua moto veloz e potente.

Leon estava ouvindo tudo, atrás de uma árvore que estava na estrada.

Cassie chegou aos Jones, estacionou sua moto na entrada e entrou para dentro.

– Kate? Tem ligação para você, é um cara misterioso. Kate foi até Cassie e pegou o telefone de suas mãos. – Alô? – Oi Kate. Meu nome é Nickolas e tenho algo pra te falar

que vai adorar saber... Sabe Alice? Ela está namorando comigo, e além do mais, sou um feiticeiro. E agora estamos correndo risco de sermos exterminados por causa de uma psicopata doida. É o seguinte, precisamos unir todos vocês para proteger Alice e a nós mesmos. Então, reúnam todos aí e venham para Port Angeles que Megan pode tentar qualquer coisa a qualquer momento, é isso – Nickolas desligou na cara dela.

Quando Kate foi desligar o telefone, todos estavam plantados a olhando. Ela então ficou sem saber o que dizer o que sentir com aquela bomba fulminante.

– Reúnam todos vocês nos fundos, reunião urgente agora – Kate ordenou.

Kate foi à frente para os fundos da casa, todos a seguiram logo depois. Leon também a seguiu sem ser visto, é claro. Nos fundos da casa, era verde para todo lado e uma área deserta no meio, era onde eles com toda certeza lutavam, treinavam e jogavam jogos vampirescos. Era um

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lugar diferente e o tempo estava horrorosamente frio: o que os agradavam.

– Estamos sendo ameaçados por vampiros diabólicos, temos que nos proteger e proteger Alice. A irresponsável da minha filha está namorando um feiticeiro. É uma longa história! Vamos ver se estamos em forma para qualquer luta com eles. Charlie? Cassie? Travis? Emma? – Kate palestrou.

Travis franziu o cenho enojado. – Um feiticeiro? – perguntando. Todos se entreolharam desconfortáveis e não muito a

fim de ajudar. – Gente, é a Alice! Não importa, ela é minha filha – Kate

se irritou. Charlie ascentiu e todos ascentiram logo em seguida,

sem muita vontade de ajudar um feiticeiro, que é a espécie inimiga dos vampiros.

Kate fez o sinal para Charlie e Charlie assoviou. Uma hiena gigante apareceu, era a hiena que Rosalie havia inventado com um feitiço contido em livros. Uma hiena gigante para treinos vampirescos de urgência. A hiena era enorme e marrom meio escuro pelo tom preto com dentes prontos para cravar em alguma sanguessuga. O dom-chave de Charlie era que ele podia hipnotizar qualquer ser. O dom-chave de Cassie era prever o futuro. Travis era veloz e Emma tinha olhos-de-morte, que funcionava da seguinte forma: ela conseguia matar alguém com os olhos. Mas ela não consegue matar qualquer um, é complicado. Já Kate, podia ver o coração de qualquer ser, não se era muito útil em uma luta contra uma hiena gigante, mas nem tudo é perfeito.

– Eu vou primeiro – Cassie se posicionou em frente à hiena gigante.

– Acaba com ele Cass – Travis fez torcida.Cassie se posicionou em frente à hiena, a hiena se

posicionou em frente ela. Tocado o sinal por Kate, a hiena gigante saltou em Cassie, mas ela previu o que ele iria fazer e desviou.

– Vamos lá cachorrinha...Cassie correu na velocidade normal de vampiros e pulou

em cima da hiena, mordendo o pescoço dele. O sangue que saía era enfeitiçado, um sangue azedo e falso. Agarrada ao pescoço da hiena gigante, Cassie mordeu e mordeu, deixando a hiena sem defesa. Logo que o sinal afirmou a vitória de Cassie, o feitiço da hiena se ativou, ela ficou novinha em folha esperando para o próximo confronto. Cassie voltou toda

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orgulhosa de si mostrando a língua para Travis de um modo carinhoso.

– Sua vez, meu caro – ela brincou.Todos bateram palmas para Cassie orgulhosos. Travis

com seu jeitão original e divertido meio crianção de ser, foi até o centro do lugar e deu uma piscada sexy à hiena furiosa. Ela rosnou. Dado o sinal Travis se posicionou e começou a correr velozmente por todo o lado fazendo um circulo ao redor da hiena gigante. Cassie começou a fazer uma torcida engraçada à Travis. Quando Travis percebera que a hiena estava completamente tonta e caída ao chão, lançara-se nela e a atacou sem pena alguma. Emma o recebeu com um beijo rápido e apaixonado. Toda aquela brincadeira ocorreu novamente entre eles. Era a vez de Emma.

– Tenho mesmo que brincar disso? – perguntou Emma à Kate.

Kate ascentiu com a cabeça, olhando torto e impaciente a ela.

Emma se posicionou com marra e esperou o sinal. Antes mesmo de a hiena pensar, Emma a agarrou e fora com toda violência sugando o seu sangue. Revirou os olhos e sorriu ao ver a reação de Travis. Emma se aproximou de Travis com uma cara pervertida.

– É isso que acontece se você me trair... – ela sussurrou com uma gargalha ao ver a reação novamente e mais intrigante dele. Kate não agüentou e riu também.

– Charlie? Charlie sorriu e fez todo um mistério na hora da luta. O

sinal tocou e Charlie ficou brincando com a hiena, muito simples: Charlie mandava, ela obedecia. Ela rolava; tudo às ordens dele. Então, ele pediu que ela ficasse parada apenas com os olhos. E então ela o obedeceu, ele cravou suas presas fortes nela e a “matou de mentirinha” e todos gostaram do que acontecera ali.

– Acho que estamos em forma... – Nem tanto... – Charlie respondeu.Então, Leon abrira um sorriso assustado observando-os

com medo, sabendo o que teriam que enfrentar pela frente. Foi então logo avisar sua companheira sem pensar em nada, entrou dentro de outro bar em que ela estava e também já era noite, mas sem pensar nem duas vezes, parou lá dentro e a contou tudo. Leon se posicionou em um canto e foi contando tudo a Megan.

– São cinco. São bastante fortes, Megan.

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– Não me importo porra. – Eles são muito bons mesmo. – Quem é e como é, Leon? – perguntou ela. – Travis é branco com um pouco de barba, estilo

“cavanhack”, cabelo pretíssimo. Tem um corpo sarado e suas presas aparecem mesmo sem estar transformado. Já a caçula deles, Cassie. Ela é magra demais, loira demais, cabelos espalhados, bagunçados e dentes amarelados. E por fim, a companheira amorosa de Travis, Emma. Ela é radiante! Muito bonita. Magra, num tom de pele pelo lado mais de morena, é bastante morena por natureza. Olhos verdes claros e cabelo liso. Mais ou menos magra.

Megan ficou pensativa. – E quanto ao dom-chave de cada um? – ela perguntou. – O dom-chave de Charlie é que ele pode hipnotizar

qualquer ser, inclusive vampiros. O dom-chave de Cassie é prever o futuro. Travis é veloz e Emma tem olhos-de-morte. Já Kate, pode ver o coração de qualquer ser, incluindo vampiros também, não se é muito útil, mas é até usável... Não acha? – Leon perguntou.

Megan concordou com a cabeça inquieta. – Teremos bastante trabalho até a minha vingança... –

ela sussurrou afirmando. – Quem nós iremos usar como aliados? – perguntou

Leon. – Ora essa... Jason, Ben, Jim, Bill, Jane e Mary!

Ficaram em um clima não muito empolgante e se calaram preocupados com tudo aquilo em que estava acontecendo tão rapidamente.

O Silêncio Significa Dor

om um disfarce ajeitado, fui ao bar mais próximo de Port Angeles à minha casa. Com um boné e o cabelo amarrado, uma blusa xadrez e calça jeans. Eu evitava

olhar para os lados. Eu sabia o quanto perigosa eu me tornava em situações tensas. Meu distúrbio vampiresco se alterava na medida dos segundos. O clima estava típico, mas

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com uns raiozinhos de sol. Passei por uma grande árvore florida cheia de flores amarelas, uma grande e bela árvore. Algumas delas, quando passei por elas, caíram sobre mim de um modo divertido. Fiquei assustada e estraçalhei-as rapidamente sem motivos, apenas porque eu tinha que ficar ligada todo momento. Ao dar conta de meu gesto, olhei para os lados e verifiquei se estava tudo normal. Não havia ninguém importante, só tal loira e muito branca, magra e sem muito corpo. Sua altura se igualava perfeitamente à minha. Seus olhos pretos e modo de vestir igualado ao modo de uma biscate elegante. Algo nela não me agradou, mas não me ameaçou também. Olhei-a e logo virei o rosto. Senti que ela ficou parada me encarando. Impressão? Realidade? Eu não devia levar a sério dessa forma...

Entrei dentro de um boteco para comprar cigarro e deixar em cima da geladeira pro John. Eu sei que estava incentivando John para a morte, mas o que eu poderia fazer? John é mais turrão que não sei o quê. Entrei dentro do boteco e me sentei na cadeira cumprida, quase mais alta que eu. Fiquei esperando alguém me olhar e decidir me atender.

– Posso ajudar? – perguntou um homem negro e diferente de tudo que já vi.

– Quero cigarros avulsos. Ele ficou me encarando de modo desconfortável. – Quantos? – Cinco – respondi.Ele riu. – O que foi? – perguntei com um meio sorriso no rosto,

batendo os dedos consecutivamente no balcão para que minha paciência durasse mais algum tempo.

– Você não devia fumar... – ele sussurrou, anotando o pedido num bloquinho.

– Não é pra mim, é pro meu pai. – Seu pai? Então ele fuma? – perguntou ele. – Fuma. – São cinco né? – perguntou, dando o fora dali e pegando

o meu pedido antes que eu perdesse minha paciência com tantas perguntas e nada do cigarro. Pensei em algo engraçado enquanto eu esperava: desde que me tornei esse tipo de vampira, não fumei e nem bebi bebidas alcoólicas. Tentei imaginar se teria algum efeito...

– Seu pai trabalha no quê? – perguntou o cara, aparecendo com os cigarros.

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– Você ta querendo saber coisa demais, cara – retruquei nem um pouco educada.

– Não estou não – ele se irritou também. Levantei-me e fui em direção à minha carteira para

pagar aqueles demorados cigarros. Mas o cara pegou velozmente a carteira de minhas mãos e pegou a quantia exata do custo dos cigarros. Arregalei os olhos e percebi que ele era um de nós. O cara é um vampiro! Por isso não senti o cheiro do sangue dele até agora. Quer dizer, se não senti seu cheiro... É porque ele não está no período puro. Ou seja, ele está sedento.

– Sou rápido, né? – zombou ele. – Demais para o meu gosto... – retruquei, olhando em

seus olhos que estavam mudando de cor, assim como os meus. Velozmente fui para a porta do boteco para fugir daquele cara estranho e com toda certeza, um vampiro. Mas me deparei com aquela garota loira que tinha visto mais cedo.

– Aonde vai com tanta pressa? – perguntou ela. – Não te interessa – eu disse, abaixando minha cabeça e

direcionando-a para a direita, com a intenção de tirá-la da minha frente logo.

– Interessa sim – ela sussurrou, puxando meu cabelo. Na verdade, ela puxou só alguns fios com sua força brutal e vampiresca.

– Mais cuidado com o meu cabelo – brinquei.Então virei-me para atacá-la e não havia mais ninguém

ali. Voltei dentro do bar e nada do cara negro e irônico também. Irritada, peguei o primeiro carro que vi na frente, um chevet velho que estava estacionado na frente do bar e prometi a mim mesma que iria devolvê-lo ainda hoje. Com toda a velocidade, andei com o carro sem direção alguma.

Chegando a minha casa pude sentir cheiros novos. Abri a porta com esperança de ver Kate e não falhei. Estavam na sala Kate e mais dois caras. Um mais velho e outro um pouco mais velho que eu. Estava também uma mulher ao lado deles.

– Alice...Kate me abraçou com tal insegurança que me assustou.

Naquele momento eu senti algo péssimo, como se eu estivesse prestes a perder algo, prestes a perder aquilo que eu não sabia o quão iria tornar meu destino diferente. Abracei-a com mais tonalidade ainda, eu fui intensa demais. Mal sabia eu o porquê disso. Mal sabiam todos.

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O cara hilário logo abriu um sorriso. – Como você cresceu... – Disse Travis, o brincalhão da

família. Fiz cara de cúmulo. – Desculpa, mas eu conheço você? – perguntei. Todos gargalharam. – Travis é muito brincalhão Alice, ele não conheceu você

antes, só está fazendo piadinhas – Interrompeu a mulher ao lado dele.

Eu sorri amarelo. – E você é? – Emma. Ascenti. Aproximei-me do cara mais velho dali, algo nele

me era familiar, até que ele abriu um sorriso e eu imediatamente o reconheci.

– Charlie? Não acredito... Porque você sumiu? Nossa... Não sei o que dizer.

– Então não diz nada Alicinha – Charlie me chamou por meu antigo apelido, puxando-me para um abraço de anos de ausência.

Charlie era meu avô, pai de Kate. Então fez sentido o motivo dele ter sumido, com certeza tinha haver com vampirismo e tudo mais. Algo estava me incomodando muito ali. Eles me olhavam e tratavam como há dez anos atrás. Poxa, eu já estava com dezessete anos... Já estava na hora de me tratarem como adulta. Era o que eu realmente queria, aliás, eles não sabiam a quão adulta eu posso ser...

Vindo da cozinha fazendo vexame ao chegar, foi uma garota. Ela era magra demais, loira demais, cabelos espalhados, bagunçados e dentes amarelados.

– Parece que a atração da família chegou. Certo? Todos a observaram. – Estou falando dela gente, calma... – disse ela

apontando a mim. – Eu sou Cassie, o prazer é todo seu – disse ela,

erguendo a mão para eu apertar. Não indo muito com o jeito afobado e vulgar dela,

apenas sorri e não toquei em suas mãos. Não por nojo, ou porque sou metida. Apenas porque não consegui.

– Tudo bem... – ela sussurrou consigo mesma, percebendo minha antipatia.

Na verdade, o que me incomodou muito foi seu cheiro, Cassie era a única que estava exalando cheiro fresco de

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sangue. Com toda certeza ela estava no período puro, pois ninguém ali cheirava como humano, eram todos vampiros.

– Não me irão falar sobre seus dons-chaves? – perguntei a todos.

– É verdade... Começa você Alice – John passou a bola da vez para mim.

– Possuo 2 dons-chaves. Sou a vampira mais veloz e forte da espécie. E tenho auto-reflexo.

– Sou futuricx. Eu vejo um pouco do futuro – Cassie confessou.

– Um pouco? – É. Cassie não é uma futuricx experiente e de boa

qualidade – respondeu Travis. Eu ri. Fiquei lisonjeada e gostei do que ela disse, era um dos

dons-chaves mais raros. – Você é sortuda, Cassie – sussurrei. – Sou velocimetrox, o cara mais veloz de todos – Travis

murmurou de novo sorrindo, meio que se gabando.Eu sorri de novo, sendo educada e não porque achei

graça. – E você? – Perguntei apontando à Emma. – Tenho olhos-de-morte. – Olhos-de-morte? – É, Alice. Dependendo do indivíduo eu consigo matá-lo

apenas com os olhos. Dessa vez eu fiquei boquiaberta. Afinal, eu nem sabia

que existia esse dom-chave... – Avô? Ele sorriu largo, como eu gostava quando criança. – Sou Mentalix. Eu controlo mentes de humanos, de

vampiros eu só consigo quando eles estão distraídos, é complicado controlar a mente de um vampiro – ele murmurou, dando meia volta ajeitando seus cabelos grisalhos e ainda sim bonitos.

Como se tratava de meu avô, eu gargalhei não conseguindo conter toda a surpresa.

– E eu... Sou Sentimentalinx. Leio corações – Kate sussurrou.

Novamente, me bateu aquele sentimento horrível relacionado à Kate.

À noite, estavam todos os vampiros conversando em seu mundo estranho. Alguns na sala e outros na cozinha. Eu não estava conectada com eles, saí de fininho e subi para meu

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quarto, estava doida para ver Nickolas. Entrei passo a passo com um sorriso no rosto com esperança de vê-lo. Abri a maçaneta e nada dele. Olhei em volta e nada dele novamente. Meu mau-humor logo se formou. Andei mal humorada para lá e para cá, retruquei e parei olhando ao nada. Ao virar-me sentindo o cheiro de sangue já era tarde demais. Era Nickolas parado atrás da janela se esbaldando com a minha dependência dele. Quando vi o quanto ele estava se divertindo ao ver minha cara de nada, não soube como agir e tentei sair de fininho e voltar para baixo. Nickolas me conteve, fechando a porta e me prensando contra seu peito. Eu estava envergonhada demais para ficar com ele naquele momento. Fugi pela janela, escalando árvores e correndo dele que nem uma louca. Ele se tele transportava para lá e para cá de acordo com onde eu estava. Então, quando me dei conta de onde eu fui parar, eu estava dentro de um teatro abandonado, não era bem um teatro, parecia muito mais um galpão abandonado e completamente escuro. Senti que havia alguém ali, era Nickolas com toda a certeza. Eu não podia enxergar, mas era Nickolas.

Era um grande lugar. Algo estava me seguindo, comecei a gostar da brincadeira perigosa. As luzes acenderam e apagaram. Foi um flash e nesse flash, pude ver um cara forte, meio alto e de cabelos pretos. Agora eu me assustei, não era Nickolas.

– Nickolas?Mais um flash. – Alice, Alice, Alice...Uma voz má sussurrou, devido ao grande galpão

causando eco. Fui esperta e não falei mais nada, usei minha agilidade e corri velozmente para fugir dali o mais breve.

– Não, não... Droga. Vou acabar com você, vou acab...E então tudo foi em vão. Abri os olhos e minha vista estava embaçada, eu estava

em volta de um lugar abandonado, cheio de árvores e uma casa horrível de reserva. Eu estava em pé com as mãos amarradas para trás em uma árvore. Assustada e toda abarrotada, eu usei todos os dons-chaves que eu possuía, eu tentei de tudo para me soltar dali e nada deu certo.

– Ora... Ora... Se não é Alice Jones – revelou-se Megan, com uma câmera filmadora nas mãos. Não havia entendido o porquê daquilo, mas tudo que eu queria mesmo era arrancar o pescoço dela.

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– Não adianta minha linda, está enfeitiçado – disse Megan apontando para onde eu estava presa.

– Imagina só que legal... Primeiro Nickolas, depois Kate, John, Charlie, Cassie, Travis, Emma... E por ultimo, advinha? Avisei para não contar a ninguém, idiota. E o que foi que você fez? Exatamente o contrário. As coisas não precisariam ser assim. A culpa é sua.

Não respondi. – Quero que você sofra a morte de todos primeiro e

depois você se junta a eles no céu. Imagina que lindos? Todos os vampiros Jones como anjinhos? – Megan zombou fazendo uma dança obscena maluca.

– Algo a dizer? Transformei-me diabolicamente preparando uma

ameaça de morte demoníaca. – Você. Não. Vai. Ficar. Livre. De. Mim. Nunca. Mais –

murmurei.Naquele exato momento eu havia iniciado um pacto no

qual eu não imaginava o quanto tomava meu destino. Vendo meu estado descontrolado e assustador, Megan murchou, ficou sem jeito e voltou ao seu jeito louco perturbado. Megan deu um sorrisinho sínico e tímido dando o fora dali. Ela deu meia volta rapidamente.

– Ah! E, claro... Se caso sentir frio, sede ou sono. Pode ficar tranqüila que aqui é bem frio, sem nenhum animal ou ser humano por perto e ainda sim, não vai conseguir dormir. E se por acaso dormir ou fechar os olhos, vai levar um “pequeno” choque. Hum... Acho que por enquanto é só. Tenha uma ótima noite, linda.

Ficamos somente eu e meu pleno ódio de Megan com seu amante Leon. A noite passou e o dia gelado surgiu. Não havia nada nem ninguém por perto, tentei novamente me soltar e nada. Sem falar dos vários choques que eu levei por fechar os olhos.

– Quero ver se ela é bonita como o Jason disse... – ouvi vozes masculinas chegando.

– Até que ela é gostosa, cara... – Zombou Ben. Eram quatro homens, Jason era o mais novo deles,

cabelos pretos lisos curtos, alto, olhos preto, pele mais pálida entre eles. Jason era meio japonês. Mas quase não dava para reparar, era só um ar. Ben era forte, quase do mesmo tom de músculos de Jason, só que bem mais exagerado. Seu cabelo curto também, encaracolados da cor preta e seu tom de pele igual também ao de Ben, da cor de um lobo. Jim possuía

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músculos também, seu cabelo era Chanel que ia ate os ombros. Lisos, da cor mesclada claro com uns meros fios loiros. Sua pele no tom pálido e seu tamanho normalmente adequado ao padrão ao tom de pele de um lobo na ficção. E Bill era negro, magro e sem muito músculo, alto. Seus olhos eram um mel claro e seu cabelo amarrado a um coque diferente e estilo ao de um negro Vampiro típico. O mais velho de todo era Bill. Eram todos vampiros.

Ben se aproximou de mim e tocou minha pele, apertou minha bochecha e todos eles gargalharam.

– Tem algo errado nela, Bill. Não nos contaram que ela não é totalmente vampira...

– Como assim, Ben? – Jason tirou Ben de sua frente e me tocou com cuidado.

– Ela não é vampira? Jason revirou os olhos e Ben deu um soco na cabeça de

Jim. – Ela é vampira até demais, mas ela é rara. É humana

também, Ben. Jim se afastou para trás assustado. Um detalhe: todos

estavam sem camisa, exceto por Jason. Jason não se aproximou de mim e não estava gostando nada do que estavam fazendo comigo, pelo menos é que ele estava demonstrando.

– Não vai abusar dela um pouco Jason? Jason balançou a cabeça negativamente e não quis fazer

piadinha. – Qual é Jason... Está mais do que na hora de mostrar

que é como nós, mostrar o seu lado vampiro do mal – rebateu Bill.

Jason deu volta e meia e foi embora emburrado.– Beba tudo – disse Bill, enfiando uma pequena bolsa de

sangue humano em minha boca, me fazendo sugá-la inteira. Porque estavam me alimentando? Com certeza

precisavam de mim viva para algo... Havia mais coisas, havia mais perigo. Aproveitei o momento e abusei da sorte, eu mordisquei o dedo mindinho de Bill, saindo sangue. Sim, ele estivera no período puro (como eu já imaginava dele). Ele arregalou os olhos e transpareceu o orgulho negro a flor da pele. Ele levou o seu dedo mindinho à sua boca e sugou, engolindo toda a raiva que ele estava de mim. Ele não era de se perder o controle fácil.

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– Cuidado Alice, você é muito impulsiva, pode perder sua existência muito fácil – Bill disse ainda irritado. Eles se viraram dando o fora dali, deixando-me sozinha novamente.

Mais horas se passaram e eu estava começando a perder minha paciência, eu vi Megan e Leon combinando coisas pela janela superior do casarão abandonado, vi coisas indescritíveis e ridículas. O fim da tarde estava se aproximando, eu já estava muito impaciente.

Senti uma presença se aproximando. – Relaxa garota, só vim ver se você não fugiu. Eu não disse nada. – Você nunca fala não? Eu estava suja e com pedaços de minha roupa rasgada

de mau-humor exagerado. Ele se virou para minha frente, me deixando vê-lo completamente vulnerável. Como eu havia visto antes, era Jason. Jason era o mais novo deles, cabelos pretos, liso curto bagunçado jogado para cima, ele era alto, olhos pretos, sua pele mais pálida entre eles, era mais ou menos do meu tom de pele. Jason era meio japonês, mas bastante bonito. Eu estava com tanto ódio dele que a única impressão que tive dele era nojo e indiferença. Ele estava com uma blusa preta que destacou bastante em seu corpo. Jason parou por um instante com cara preocupada.

– Porque você faz isso, Jason? Jason surpreendeu-se com minha pergunta repentina e

doida. – Faço o quê? – Isso. Ele fez cara de cúmulo. – Você parece odiar tudo isso aqui, não parece ser do

mal. Eu sou mais do mal que você... Jason velozmente se aproximou de mim, super aflito.

Jogou uma espécie de poção onde eu estava amarrada pelos pulsos e disse olhando fixamente para mim.

– Escute... Não estou fazendo isso por você, estou fazendo por mim. Eu não quero matar você, não mataria nenhuma outra mulher. Preste atenção, Megan e Leon gravaram você se escabelando para se soltar e disse que seqüestraram você. Então eles marcaram naquele galpão onde Ben pegou você e prometeram também de entregá-la em troca de vários ouros. Mas na verdade, estão armando uma cilada para acabarem com todos seus familiares. Vá para casa e tente avisá-los o quanto antes puder... Agora vai, anda – Jason me empurrou para livre dali emburrado.

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Dei volta e meia e parei em sua frente por alguns segundos. Abri os braços e dei um abraço forçado nele. Jason não retribuiu, ficou meio inseguro e desajeitado. Olhando profundamente nos olhos dele e tentando dizer algo que prestasse.

– Eu sabia que você era diferente.Velozmente saí escalando tudo até chegar rapidamente

em casa e avisar a todos. Era tarde demais.

Na Noite Anterior – em terceira pessoa

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ason saiu do casarão cuspindo marimbondos pelo que acabou de fazer. Então, ele decidiu sair para se divertir um pouco, mas desistiu quando seu telefone tocou e viu que

quem estava ligando era da creche de Ian. J

– Jason? – Isso – respondeu no tom preocupado. – É que já deu o horário de Ian e precisamos levá-lo para

casa, mas não tem ninguém lá. Sinto muito Jason, mas não podemos ficar com ele por hoje – a mulher do outro lado retrucou.

– Estou indo praí – Jason disse e desligou o telefone antes da moça terminar.

Chegando a casa, lá estava à mulher com Ian ao lado, esperado por Jason. Jason deu um sorriso educado e foi falar com Ian.

– Você vai ficar com ela por hoje, só essa noite. Entendeu moleque? – perguntou.

A mulher fez cara de cúmulo, um tanto surpresa. – Não sei se o senhor entendeu errado. Mas eu NÃO vou

ficar com o Ian essa noite – retrucou, dando passos longos para trás ao ver que Jason estava se aproximando.

Apenas com os olhos arregalados e direcionados ao da moça, Jason começou o processo de controlar a mente dela.

– Você vai dormir aqui e vai cuidar do Ian. Eu volto amanha, certo? – sussurrou.

– Claro – ela disse sorrindo, sem ter noção que sua mente acaba de ser controlada. Jason deu riso educado e se mandou dali, indo para o casarão novamente antes que suspeitas surgissem.

Estavam todos reunidos na sala de estar conversando. E a televisão estava ligada só por costume. Aqueles bandos de vampiros esquisitões. A televisão chiou e logo focou na imagem de Alice presa tentando soltar-se... E então, entra Megan e Leon na tela dando um aviso de ameaça.

– Estamos com a vampira maldita, queremos muito dinheiro em barras de ouro. Encontre-nos no galpão abandonado no sul de Port Angeles amanhã à noite.

E a televisão desligou. O primeiro a perceber o acontecido ali foi Charlie, todos

entraram em pânico, exceto por Cassie, que sempre conseguia manter-se em pleno controle até mesmo em situações criticas. Todos se levantaram já se preparando para

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o pior. Cassie sentou-se em um sofá pequeno mais afastado de todos para tentar ver algo e nada surgia. Travis correu por volta de toda a casa treinando sua velocidade potente. Charlie tentou hipnotizar plantas e derivados. John não estava em casa, e não iria chegar tão cedo. Pois iria dormir no trabalho, de acordo com a visão de Cassie.

Kate estava lendo o coração de John de dentro do serviço e pôde sentir o quão ele estava tenso, mas ela preferiu ficar calada. Certas coisas eram para serem sentidas sozinhas. Emma sumiu, com toda a certeza estava treinando também, Emma gostava muito de ajudar, mas todos estavam tensos demais, sem dizer uma palavra sequer.

A noite passou e eles aguardaram ansiosos para que o fim do dia chegasse logo, reuniram-se na sala novamente, se entreolharam e foram embora sem medo de não voltarem.

Chegando lá, o casarão estava vazio e sem ninguém. As luzes estavam mal iluminadas e com defeitos. O lugar

era bastante grande e com áreas com gramado do lado de fora e à esquerda de enormes janelas de vidro. Cassie, Kate, Travis, Emma e Charlie se mantiveram esperando alertas.

E então, chegou Bill, Ben, Jim, Mary e Jane quebrando as enormes janelas de vidro com seus superes saltos vampirescos. Charlie partiu para cima de Bill com sede de morte e ódio, sua idade não alterava em completamente nada.

Aquilo havia virado um ringue. Bill jogou Charlie na parede, arrancando uns ossos de

Charlie do lugar. Charlie levantou-se e na velocidade de um vampiro normal e atacou Bill, mas não surtiu efeito, Charlie então parou por um instante e olhou nos olhos de Bill, hipnotizando-o de uma vez por todas.

– Você vai procurar o primeiro fogo que ver e vai se jogar lá – Charlie ordenou.

Bill sumiu no meio da multidão e com toda certeza já estaria morto, mas ao mesmo tempo estavam acontecendo outros confrontos. Sem que desse tempo de Cassie pensar, Ben a agarrou por trás prendendo-a e cravando seu pescoço. Cassie previu isso, e previu que o próximo bote seria torcer seu pescoço, ela inverteu a situação, mas foi em vão. Porque Ben havia deixado-a com muitas seqüelas. A única saída de Cassie era fugir dali, porque ela não tinha chances contra Ben. Ficaram naquele chove e não molha, um atacando o outro.

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Outras inimigas foram Kate e Mary. Kate leu o coração dela e viu que ela estava pretendendo matá-la de todas as maneiras possíveis, existia um ódio profundo em seus olhos. Mary agarrou Kate pelos cabelos e a lançou longe, quebrando vários vasos abandonados que estavam no casarão. Mary viu Kate sendo lançada e tentou reagir, mas já estava em mente em matá-la. Kate voou sentando-se nas costas de Mary, virando seu pescoço para trás, mas Mary já havia pensado nisso. Lançou Kate novamente em outra parede.

Mary estava no período puro e deu seu sangue à força para Kate beber, logo depois torceu seu pescoço.

Seria esse outro modo de se matar um vampiro? Charlie chegou e se concentrou plenamente em Jane,

juntou raiva, ódio, insegurança, cansaço. Descontou nela, sem medo de matar ou ser morto. Jane abraçou Charlie por trás e o fungou acariciando suas costas, cravando as presas nas costas dele.

Sim, Charlie estava no período puro. Ele não estava conseguindo controlar-se e estava consumindo muito sangue humano. Ele virou-se, pela raríssima vez ele se transformou. Ver Charlie transformado não era algo agradável, ele encarnava o espírito maligno dentro de si, seus olhos se estufavam para valer. Jane quando se deu conta do adversário que havia atacado ou até mesmo escolhido, ficou assustada querendo desistir e fugir. Ela virou-se velozmente e correu dele. Mal sabia ela que Charlie controlava mentes, e possuía a maior força. Ele controlou a mente dela quando no momento exato em que Jane se preparou para correr, Charlie saltou sobre ela e ela atacou sem dó nem piedade, torceu o pescoço dela e tirou o isqueiro que estava em seu bolso, botando fogo nela.

Sim, Jane estava completamente morta.No mesmo instante, Travis e Ben estavam se mordendo

e atacando uns aos outros de forma grotesca e brutal. Ali entre eles era realmente uma luta de vampiros normais.

– Você cheira muito mal, meu caro. – Imagino o cheiro do seu sangue de aluguel, foi uma

garota? – Ben perguntou. – Como sabe? – Travis é o seu nome? Seria ótimo tê-lo como aliado. – Aliado? Se tiver algo que quero agora é acabar com

você, só isso. – Sério Travis?

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Travis revirou os olhos e correu velozmente em volta de Ben com sua velocidade potente, deixando Ben completamente tonto e sem ação por alguns segundos.

– Eu pensei que você fosse mais bonzinho – Zombou Ben.

– Quer ver o quanto eu sou bonzinho? – Claro.Ben arrancou um punhado de cabelo de Travis e

gargalhou ao ver que Ben sentiu dor. – Mas é só isso, caro Ben? Ben se irritou e deu um soco violento em Travis. Travis

gostara da força que Ben tivera. Uma forma repentina de socar outro vampiro. Travis já estava em mente o que iria fazer, aproveitando o êxtase que Ben estava, era a hora perfeita para agir. Travis correu novamente em volta de Ben, de acordo com o círculo de calor e velocidade, começou a sair faísca do chão formando um círculo de fogo em volta de Ben.

– Desgraçado, covarde... Não sabe lutar de verdade, não? – gritou desesperado Ben.

Travis era um vampiro, não possuía coração, nenhum vampiro possui. Travis sabia que aquilo foi covarde e tudo mais, mas era prazeroso para ele assistir aquela morte sem volta.

Então, chegara Nickolas no local no mesmo instante em que todas as lutas estavam acontecendo, vendo todos eles violentamente uns nos outros. Nickolas procurou por Megan, e não a achou. Ele procurou alguém que estivesse sozinho para lutar e tentar matar, mas Nickolas era o único feiticeiro por ali. No momento em que ele chegou, todos os vampiros presentes ali, até mesmo os Jones arregalaram os olhos com muito desejo de atacá-lo com o cheiro perfeito de seu sangue praticamente igual à de um humano. Era como se Nickolas fosse o único humano por ali. Nickolas sabia perfeitamente que o único modo de conseguir derrotar alguém e não ser morto por todos eles era ficar invisível.

– Grandayer – Nickolas murmurou, transformando-se em uma bola invisível.

Leon chegou com toda marra, não sabendo com quem iria lutar. Mal sabia ele que seria uma mulher. Mal ele sabia que seria Emma.

–Ora, ora... Se não me sobrou uma gata. Emma virou-se para trás vendo Leon parado a

centímetros dela. – Fazer o quê se me sobrou você também...

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– Não quer fazer algo mais divertido primeiro e depois lutamos?

– Pirou, cara? – Emma... Emma... Você é boa demais para ser morta

antes de ser aproveitada. – Uau, sabe até meu nome, rapaz.Leon sorriu pervertidamente tendo em mente o plano de

matá-la em quanto eles estivessem tendo relações. – O que você está querendo fazer, afinal? – perguntou

ela. – Amor – Leon sorriu aproximando-se da pele de Emma.

A cada dia que se passava, Leon estava se tornando mais parecido com Megan, à convivência e o amor a ela estavam afetando-o cada vez mais.

– Nojento. Emma preparou-se para dar o golpe nele com seus

braços extremamente fortes e fora em vão. Pois Leon já estava sorrindo até as orelhas querendo somente lutar com ela, nada mais. Leon não estava pretendendo matá-la, só se fosse necessário. Ele a mataria num piscar de olhos.

A luta entre eles foi uma espécie normal, um socava o outro, subia em cima das costas do outro, mordia o outro. Luta normalíssima. Ficaram apenas naquilo, nada fatal. Leon tivera uma queda por Emma desde que ele espiara os Jones com a ajuda de Rosalie, que se juntou a eles, fora Rosalie que enfeitiçou a corda que prendia Alice Jones.

Voltando à Nickolas, ele passou por vários vampiros. Ele vira Charlie matando Jane... Vira Bill sendo morto e Cassie correndo para evitar confrontos piores. Até que o efeito do feitiço acaba e Nickolas volta à forma normal, sendo pego de surpresa por Megan. Megan já chegara dando uma voadora em Nickolas. Nickolas caiu e se machucou, sangrando bastante. Eles estavam no andar de cima do casarão, um lugar ainda mais escuro, um corredor.

– Até que enfim... Nickolas pensou em um feitiço na mesma hora e nada

surtiu efeito. “Droga, pensa em algo...” murmurava ele consigo

mesmo em sua mente. Nickolas tele transportou-se para atrás de Megan e fingiu conduzi-la sussurrando em seu ouvido algum feitiço.

– Downalala – e Megan foi lançada para cima, ficando sobre o controle dele durante dez minutos, era uma espécie de corda de água. Nickolas jogou Megan para lá e para cá, ela

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não conteve e preferiu esperar o efeito terminar. O efeito acabou e Nickolas haveria de esperar mais dez minutos. Pois cada feitiço só pode ser realizado de dez em dez minutos. Enquanto ele não podia fazer nada, somente se tele transportava para lá e para cá, fazendo-a de idiota. Megan conseguiu alcançá-lo e bater muito nele, deixando-o fraco e quase impossibilitado de lutar.

– Pobre de você, isso não é nada – Megan agarrou-o pelo pescoço e fora sugando seu sangue... Sugando... Sugando e mais... Então quando Nickolas quase chegou ao ponto de desmaiar ou morrer, Alice Jones apareceu.

Sim, foi muita sorte de Nickolas.Megan arregalou os olhos. – Como conseguiu fugir, desgraçada? – Do mesmo modo em que vou fazer isso – Alice

sussurrou extremamente em transe e ódio. A outra Alice havia ocupado completamente o corpo dela. Alice Jones estava transformada e no período puro. Alice havia atacado vários animais para tentar compensar o sangue de humano já que não deu tempo de encontrar bolsas de sangue por algum lugar próximo. Primeiramente, Alice empurrou Nickolas para algum lugar isolado onde pudesse ficar sozinha com Megan.

– Tinha até me esquecido que é metade vampira – Megan confessou com um tanto de medo.

Alice correu velozmente nas costas de Megan e deu uma mini torcida no pescoço dela. Alice mordera as costelas de Megan com chance de tirar o sangue de aluguel do corpo de Megan com intenção de deixá-la ainda mais fraca.

Megan arregalou os olhos, percebendo a ira de Alice e o descontrole... Tentou de todas as formas reagir e se defender, mas não conseguiu de nenhuma forma. Então, a única saída seria fazer como Bill: Fugir.

Megan correu de Alice e sussurrou algo em seus ouvidos:– Vou sentir saudades... E Megan se foi com toda a esperteza de sempre. Alice voltou no local onde havia deixando o corpo de

Nickolas e sentiu sua respiração quase acabar. Nickolas estava apenas com meio copo de sangue em todo seu corpo. A única saída seria Alice dar seu sangue todo de aluguel para ele e desmaiar. Mas logo, logo ela iria acordar com a mesma disposição de sempre. Vampiros sobrevivem até um ano sem sangue algum no corpo, só nas três primeiras horas que interfere o vampiro e o deixa desacordado.

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Então, Alice se mordeu no pulso e deu na boca dele para ele sugar. De primeiro momento ele não sugou, só depois que o sangue fora pingando nos seus lábios que ele sugou. Sugou extremamente tudo, fora abrindo os olhos e sugando mais. E então, o sangue acabou e Nickolas se levantou novo em folha. E quando ele se levantou, Alice Jones caiu sobre ele desmaiada. Nickolas ficou um pouco assustado e a segurou.

– Alice? Alice? – ele cutucava-a.Ele pegou-a no colo e fora caminhando pelo casarão

procurando por todos e todos haviam sumido. Cassie, Travis, Charlie, e Emma foram embora para a reserva em que os Jones viviam para levar Kate, pois ela estava em péssimo estado. Quem avisou Nickolas foi Cassie segundos antes. Nickolas não sabia o que fazer e então levou Alice Jones ao hospital e no caminho do hospital, Nickolas os tele transportou. Chegando, Nickolas inventou que ela havia se afogado em uma piscina e perdeu muito sangue porque bateu a cabeça no fundo da piscina. Ela foi levada às pressas para dentro de uma sala reservada. Enquanto Nickolas esperava por ela ansioso, pegou o telefone do hospital e ligou para John.

– John? – Sim. Quem é? – John, Alice se feriu e acho melhor você vir para cá...

Aqui é o Nickolas.John engoliu em seco, levantando-se rapidamente e com

vontade de acabar com ele. Ele desligou o telefone na cara de Nickolas e foi direto para onde estavam. Nickolas voltou à sala de espera e se deparou com John, levando um grande susto.

– Onde ela está? O que você fez com ela, rapariga... Eu sabia que você não era boa coisa pra ela – John retrucou, já encarando Nickolas de forma brutal e ignorante.

– Eu não sei. Mas os médicos vão nos informar se está tudo bem.

– Se ela não acordar... Tenho até dó do que vai ser de você, branquelo miúdo.

Nickolas fez cara de cúmulo. – Porque tem sempre que me culpar de tudo? Quando por vez John já estava aproximando-se de

Nickolas e encarando-o de forma brutal e ridícula novamente, uma mulher se aproximou.

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– Senhores? Alice Jones está ótima... Quem vai vê-la primeiro? – a médica informou entrando na sala de espera, separando-os do clima tenso.

– Teve sorte – John retrucou mal-humorado e indo em direção à sala de Alice.

Chegando à sala, Alice estava deitada com cara de tédio. – Alice... Você está bem? – Perfeita, pai. – Não precisa exagerar... – John abriu um sorriso

confortador. – Onde está todo mundo? Kate? Nickolas? – perguntou

ela, um tanto atordoada.John revirou os olhos ao se referir à Nickolas. – Ele está na sala de espera. Quanto a Kate... John ficou tenso e Alice percebeu perfeitamente. – Ela ainda não chegou da viagem. Porque essa

pergunta?Alice ficou tensa. – Você precisa de um descanso, você bateu a cabeça

com aquele branquelo no fundo da piscina, lembra? Fica bem – John murmurou fazendo um carinho na mão direita dela e saindo da sala sem responder.

Retrospectiva

arejei o que estaria talvez acontecendo pela casa e não havia ninguém, sentei-me no sofá sem saber o que fazer, sem nenhuma idéia. Liguei a televisão em vão e me

deparei com um vídeo sinistro. Era eu presa em uma árvore, tentando me soltar. Naquele exato momento tudo fizera

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sentido. Megan estava com aquela câmera me filmando para mostrar aos meus pais e com toda certeza fazer alguma armadilha. O vídeo continuou por si só.

Ao decorrer di vídeo, Megan e Leon entram na tela dando um aviso de ameaça.

– Estamos com a vampira maldita, queremos muito dinheiro em barras de ouro. Encontre-nos no galpão abandonado no sul de Port Angeles amanhã à noite.

Estavam falando de mim e do galpão abandonado pelo qual eu estava quando corri de Nickolas... Ainda dava tempo. Sem pensar, fui velozmente até lá. Chegando ao local, todos estavam lá. Cassie, Travis, Charlie, Kate, John e Emma lutando contra os malditos capangas de Megan e Leon. Por um momento fiquei feliz por ter visto que Jason não estava ali. Procurei em todos os lugares por Nickolas, eu sabia que ele era a única presa ali.

– Nickolas? Sinto seu cheiro... E sim, era Nickolas lutando contra Megan, que estava na

liderança pelo que estava óbvio e bem claro a meu ver. De primeiro momento fiquei sem reação, mas ao ver Megan sugando todo o sangue dele, eu parti para cima dela. Megan arregalou os olhos.

– Como conseguiu fugir, vadia? – Do mesmo modo em que vou fazer isso – eu sussurrei

extremamente em transe e com ódio. A outra Alice que estava dentro de mim havia ocupado completamente o meu corpo. Eu estava transformada e no período puro. Eu havia atacado vários animais para tentar compensar o sangue de humano já que não dera tempo de encontrar bolsas de sangue por algum lugar próximo que prestasse. Primeiramente, eu empurrei Nickolas para algum lugar isolado onde pudesse ficar sozinha com Megan.

– Tinha até me esquecido que você é metade vampira – Megan confessou.

Corri velozmente nas costas de Megan e dei uma mini torcida no pescoço dela. Eu mordera as costelas de Megan com chance de tirar o sangue de aluguel do corpo dela com intenção de deixá-la ainda mais fraca.

Megan arregalou os olhos, percebendo a minha ira e descontrole. Tentou de todas as formas reagir e se defender, mas não conseguiu de nenhuma forma. No entanto, a única saída seria fugir. Megan correu de mim e sussurrara algo em meus ouvidos.

– Vou sentir saudades.

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E ela se foi com toda a esperteza de sempre. Voltei no local onde havia deixando o corpo de Nickolas

e senti sua respiração quase acabando. Nickolas estava apenas com meio copo de sangue em todo seu corpo. A única saída seria eu dar meu sangue todo de aluguel para ele e desmaiar. Mas logo, logo eu iria acordar com a mesma disposição de sempre. Vampiros sobrevivem até um ano sem sangue algum no corpo, só nas 3 primeiras horas que interfere o vampiro e o deixa desacordado.

Então, eu me mordi no pulso e dei na boca dele para sugar. De primeiro momento ele não sugou, só depois que o sangue fora pingando nos seus lábios que ele fora sugando bastante. Sugou extremamente tudo, fora abrindo os olhos e sugando mais.

E então, o sangue acabou. Ele se levantou novo em folha. E quando ele se levantou, eu comecei a enxergar tudo se embaralhando e ficando mais embaçado. Minha audição piorou e ficou abafada. Eu não vi mais nada, só senti todo meu corpo despencando no chão, lembro-me da face dele, Nickolas ficara um pouco assustado e sem reação. Então, tudo ficou escuro e eu apaguei nos braços dele.

Abri os olhos, olhei ao redor e vi uma enfermeira me encarando. Voltei a fechar os olhos e apaguei novamente, a próxima vez que eu abrira os olhos, estava em minha frente, John. Ele estava numa aparência amassada e muito desgastado.

– Alice... Você está bem?John pigarreou antes de me fazer a tal pergunta chata. – Perfeita, pai – menti, esperando profundamente que

ele acreditasse. – Não precisa exagerar... – John abriu um sorriso

confortador ao murmurar. Eu deveria saber que John lê mentes e que não se é

muito possível mentir para ele. Por um momento, olhei em volta sem pensar em nada com a mente longe.

– Onde está todo mundo? Kate? Nickolas? John revirou os olhos ao se referir à Nickolas, fazendo

sua típica cara de pai tímido. – Ele está na sala de espera. Quanto a Kate... John ficou extremamente tenso quando disse o nome

dela, aquela sensação ruim voltara novamente em meu peito, tentei não pensar no pior e ficar controlada para não piorar as coisas por ali. Eu percebi perfeitamente tudo.

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– Ela ainda não voltou da viagem. Porque a pergunta sobre ela?

Como pude me esquecer que Kate estava com a família vampira dentro de casa enquanto mantinham John no serviço? Eu tinha que dar com a língua nos dentes!

Fiquei tensa por fim. – Você precisa de um descanso, você bateu a cabeça no

fundo da piscina com o branquelo, lembra? Fica bem – John murmurou fazendo um carinho em minha mão direita, saindo da sala sem responder minha pergunta.

Pensei em todos os palavrões para John. Sim, eu queria mesmo era que ele ouvisse, ou seja, lá o que fosse. Eu ficava extremamente irritada quando não me respondiam ou escondiam coisas de mim. Olhei para o teto esquerdo tentando pensar em algo melhor para que a minha raiva passasse. Devagar, fui virando o rosto para a direita para mudar a posição e não me dar problemas vampirístico nos ossos.

Meu coração acelerou e levei um imenso susto. – Você ainda não aprendeu? Está meio atrasadinha... Nickolas sorriu largo, deixando-me satisfeita de vê-lo ali. – Uma hora você leva uma surra e não sabe por quê... Eu estava horrível, parecendo um defunto recussitado.

Nickolas estava com a mesma roupa de antes, um casaco preto e calça jeans escura. Seu cabelo mesclado com tons claros e escuros e seus olhos azuis me encantavam todos os dias. Ele inclinou-se para me beijar. Eu pensei que ele fosse me beijar na boca e não, ele me beijou na testa.

– Vai dar um de Rony Weasley? – retruquei. Nickolas sorriu alto e revirou os olhos fazendo cara de

cúmulo divertida.Tudo voltou ao normal. Quer dizer, quase tudo. Kate não voltou para casa, John

não estava conseguindo ter contato com ela e estava começando a ficar tenso. Eu sabia que ela estava em estado muito grave, eu só não queria era pensar no pior.

Eu estava no meu quarto e John bateu na porta. – O baile é hoje? – É... Como sabe? – Kate havia me contado faz um tempo. Aliás, não

consigo falar com ela faz um tempo. Torci o nariz de um modo meio despreocupado. Antes que eu perguntasse qualquer coisa, John já

respondeu.

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– Kate está bem, deve ter tido algum imprevisto... Ela tem que ficar bem.

Não senti nem um pouco de firmeza no que eu mesmo disse, mas eu não devia sofrer antes de qualquer coisa, era melhor acreditar nisso. Eu ascenti com a cabeça e não disse mais nada.

– É, deve ser.– Divirta-se hoje no baile de fim de ano.– Você não vai? – Não, me desculpe Alice... – Tudo bem – eu murmurei realmente entendendo o lado

dele. Então, John se virou e se foi ainda preocupado com o

sumiço de Kate. Anoiteceu e eu estava me arrumando. Coloquei um

vestido preto e branco, era colado no corpo e muito bonito. Confesso que quando me olhei no espelho me senti completamente desconfortável... Não era eu, não sabia explicar a mim mesma. Soltei meu cabelo e deixei normal, passei uma maquiagem básica e me senti melhor. Eu desci as escadas e estava prontíssima para o baile.

– Uau. – O que foi? – Nada, é só que você não costuma se aprontar tanto

assim.– Não vai me zoar de noiva do chuck de novo, vai? – Não! Claro que não... Pelo contrário. Eu sorri. Escutei um assovio vindo do lado de fora, era Nickolas.

John revirou os olhos e eu não contive a gargalhada ao ver John cuspindo marimbondos.

– Eu vou indo – despedi-me com os olhos de John e fui ver Nickolas fora de casa. Nickolas estava vestido num traje normal e casual. Uma blusa colada preta e calça jeans, seus cabelos estavam arrepiados. Ele ficou parado me encarando como se nunca tivesse me visto. Eu odiava essa parte.

– Perfeita. Fiquei corada, sem saber o que dizer. – Que carro é esse? – Aluguei. Fingi que acreditei e juntei-me aos braços dele.

Ultimamente eu conseguia perfeitamente me controlar perto de humanos e feiticeiros. Apesar de conhecer apenas Nickolas como feiticeiro. Dentro do carro, fomos rapidamente para o

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baile sem muita conversa boba. Chegando ao baile, estavam todos lá: Daniel, Thomas, Jennifer, Sarah, Joe e Jade. Daniel estava junto de Jade. Percebi que estavam com anéis de casamento.

– O que foi que eu perdi? – perguntei a todos. – Eu e Jade vamos nos casar e morar na Itália – Daniel

afirmou. Fiquei um tanto triste, eu sabia que no ano seguinte não

teria mais o romantismo de Daniel e o nerdismo de Jade. Eu iria sentir falta deles. Quer dizer, todos nós: Thomas, Sarah, Joe e Jennifer irão sentir ainda mais. Então, todos se reuniram no salão de festa e começaram dançar uma musica agitada e eletrônica. Enquanto eu tentava comer um doce que estava em cima da mesa.

– Porque você sumiu? – Sarah perguntou, aparecendo ao meu lado.

Eu sorri, sentindo-me feliz pelo fato de ter ela ao meu lado de novo.

– Do que você está rindo, menina? – ela retrucou, arrumando seu vestido.

– Estou feliz, só isso. – Eu também, muito. Mas pra ficar perfeito mesmo, só se

você vier dançar comigo – ela, antes mesmo que eu respondesse me puxou pelo braço e começou a me induzir naquela dança maluca. Às gargalhadas, comecei a dançar também vendo Thomas dançando com Jennifer, Daniel com Jade e Joe puxando o cabelo da professora Abigail.

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O que restou do mal – em terceira pessoa

egan ficou meio machucada, já Leon não se machucou nem um pouco comparado ao que Ben, Bill e Jane se machucaram. Só restaram Jim e Jason com Megan e

Leon. Os outros foram mortos na guerra contra os Jones. Eles estavam dentro do casarão em que prenderam Alice e estavam tensos.

M– Perdemos Bill, Ben e Jane. Mas tudo bem. Agora

seremos somente nós, o que podemos fazer se eles não são tão bons quanto nós? – discursou Megan.

Jason revirou os olhos e bufou impaciente. – Mas antes, quero falar sobre uma coisinha – ela

velozmente aproximou-se de Jason, cercando-o com ódio nos olhos.

– Foi você que soltou a vampirinha? – perguntou. – Claro que não. Jim revirou os olhos. – Bill, Jane e Mary jamais fariam isso. Não fui eu. Quem

mais poderia ser? – se intrometeu Jim. – Não ponha palavras na minha boca, Jim – Mary

retrucou, querendo ajudar Jason. – Estou falando com ele, Jim – Megan o cortou de papo

também. Leon abriu um riso engraçado. – Sei que não foi você, Jason. Você não faria isso comigo.

Faria? Não faria – ela concluiu sozinha, não querendo simplesmente enxergar a verdade que estava mais que escancarada pra todo mundo.

Jason incomodado deu meia volta e sumiu da casa não querendo causar mais polêmicas e problemas pro seu lado.

Jim o seguiu e na floresta, deu um aviso: – Sei que você não é como nós, Jason. Mas se continuar

a nos trair assim, vou ficar do lado deles, não vou mais te acobertar. Entendeu? – perguntou Jim.

– Do que você está falando? – fingiu Jason. Jim revirou os olhos. – Acha que não vi quando tirou o bloqueio na vampira?

E, aliás, o que foi que te deu cara? Porque foi ajudar aquela garota?

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– Eu também não sei. Não sei – Jason abaixou a cabeça quando respondeu.

– Você não sabe. Mas eu acho que sei. E acho que você também sabe.

– Me deixe Jim. Jim encarou Jason e deu o fora dali, salvando a pele do

companheiro só uma vez. Jason parou no meio da floresta na penumbra e olhou para o nada, pensando no que fez.

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Um final quase feliz

ogo após, começou a tocar uma musica romântica e Sarah me olhou com cara de cúmulo. L

– Essa música eu e você: nada haver – ela riu. – Com certeza, nada haver – concordei. Ela ficou em silencio e percebi o óbvio. – Joe – gritei. – O que você está fazendo, sua doente? – ela se irritou,

me beliscando. – Me chamou? – Joe perguntou, aproximando-se de nós e

olhando vidrado pra Sarah. – Sarah? – ele perguntou espantado. – O que foi nunca me viu não? – ela zombou. – Não tão linda assim – ele riu.No momento em que ele se deu conta de que eu estava

ali, todos nós rimos e eu fiquei boiando, meio que sobrando. Então, comecei a andar na multidão sem rumo nem motivo. E então, alguém me puxa e me tele transporta para fora da festa.

– Que susto. Um dia eu vou acabar te machucando, Nickolas – me irritei.

Ele me olhou com cara de sínico. – Ui, que medo. Eu não resisti e abri um sorriso largo e muito feliz em

sentir ele me abraçando. – Vamos? – perguntou. – Onde? Para a festa, né. Ele me olhou com cara pervertida e eu fiquei surpresa de

novo. – Mas Nickolas... Eles vão anunciar os nomes daqui a

pouco – retruquei. – E você realmente liga? Vai ter tantos anos pra estudar

– ele riu, acariciando meu cabelo carinhosamente com suas mãos quentes na minha pele gelada.

Mas comigo as coisas eram diferentes. Ele não sabia disso, nem eu. Mas as coisas iriam nos surpreender. Não é sendo uma vampira que as coisas ficam fáceis e imortais. Pro meu tipo de vampira: coisas estranhas estavam por vir!

Nickolas me tele transportou para um lugar tão comum, mas que eu não imaginei. Ele me levou para a grande árvore de frente para minha casa e nos sentou no galho mais alto, dando para enxergar a lua perfeitamente.

– Que diabos minha casa está fazendo ali?

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Ele riu. Logo depois percebi onde estávamos de fato. – Porque aqui? – perguntei, referindo-me a árvore grande

ao lado de minha casa. Ele riu e me deu uma mini mordida na orelha direita,

ainda sorrindo. – Porque aqui é o paraíso de verdade. Aqui é o meu

paraíso. Eu sorri e dei um beijo não muito caloroso nele, sentindo

o cheiro de seu sangue fresco. Então me afastei devagar e nós rimos de novo sem nos preocupar com nada.

– E, a propósito, tenho que te contar uma coisa que escondi até agora.

Eu olhei de cara feia pra ele, preocupada com o que estava por vir.

– Lembra quando você estava se divertindo horrores em seu quarto explorando o que você podia fazer como vampira? Até que... Um abajur caiu...

Eu arregalei os olhos e fiquei completamente boquiaberta com aquilo que ouvi. Eu dei um galeio para o lado e comecei a rir de felicidade.

Eu sabia que tinha alguém lá! Eu sabia, eu SABIA! E então parei de rir e o encarei de cara feia, pensando

melhor naquela situação. – Mas espere aí.Ele riu. – O que você estava fazendo lá, Nickolas? Com que

direito ficava me observando na intimidade do meu quarto? – retruquei.

– E você acha que eu ligo? Eu e você ainda vamos ter muita intimidade – ele me olhou com cara de safado e eu não contive o riso. Ele era tão chato que toda vez em que eu queria brigar com ele, ele me fazia cair na risada.

– E, aliás, você estava tão hilária. Eu não podia perder aquela cena, fiquei rindo sem parar. Até que me distraí e encostei-me àquele maldito abajur e tive que ir embora e perder minha diversão.

Eu bufei irritada e rindo por dentro ao mesmo tempo. – Mas como eu não te vi? – perguntei, mesmo sabendo

da resposta. – Eu estava invisível – ele disse rindo. – loght – ele disse, o galho onde eu estava sentada deu

um soco, me fazendo levar outro susto e indo parar no galho debaixo devido ao meu autocontrole.

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Nickolas se inclinou para o meu lado e começou a rir pra valer.

– Irritante – xinguei mesmo. Ele se tele transportou para o meu galho novamente e

me deu um beijo na testa. – Eu te odeio às vezes – retruquei. – Mentirosa.E a lua ficou perfeita, fazendo aquele dia ser o melhor

dia de minha vida, até agora.

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Relembrando sobre Guerra entre espécies, principal fator que levou Megan ao grande ódio de Alice Jones e Nickolas Evans:

“[...] Havia um lugar próprio enorme. A guerra seria livre. A Amazônia era um lugar exagerado de grande, era perfeito. Animais de todas as espécies, (o que favorecia Drue e Drina – os feiticeiros). Havia animais suculentos de sangue (o que favorecia os Vampiros). Ficaram as duas espécies frente a frente. Nina (Kate de Megan) de frente com Sue. Ao lado de Broh. Broh (Pai de Megan) de frente com Jeff. Ao lado de Suri. Suri de frente com Jess. Ao lado de Lola. Lola de frente com Mika. Ao lado de Isac. Isac de frente com Tom. Ao lado de Drina. Drina de frente com Driss. Ao lado de Drue e Drue de frente com Vald. Havia ódio no olhar de todos, olhar de vitória, de desejo e tristeza. A guerra funcionava da seguinte forma: Seria um confronto por vez. A espécie que tivesse mais vencedores ganhava. Valia de tudo, principalmente morte.

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Mas como era uma guerra limpa e justa. Os líderes iniciavam a guerra. Se empatasse no final, seria um confronto livre entre todos e teria que haver mortos, é matar ou morrer. Cada vez que tocasse um sinal, iam de dupla em dupla.

O sinal toca¹

Nina se movimenta até o centro e logo atrás dela, vem Sue. As duas se encaram com um olhar de tristeza. Nina – a vampira se prepara. Sue – a feiticeira se prepara também. As duas frente a frente. Todos se afastam, observando-as. Foi montada uma espécie de ringue estilo nos duelos de gladiadores. Com direito a torcida e tudo mais.

O sinal toca²

Sue corre e Nina vai ao ataque. Todos observam vidrados. De repente, as duas somem no meio daquela imensidão de árvores. Nina alcança Sue e pula em suas costas, agarrando seu cabelo e indo em direção a morder seu pescoço. Sue abre um olho para Nina e a manda longe com um feitiço

– Hillarionlaser – que logo foi lançado olho laser de fogo em Nina. Mas Nina conseguiu arrancar um pedaço de ser pescoço direito de Sue. As duas ficam feridas.

Nina se transforma e Sue se excita. – É o máximo que pode fazer, feiticeira? – Nina dissera

ironicamente. – Você não viu nada, morcego – Sue retribuiu a ironia. Sue soltou fogo em duas árvores com esperança de que

Nina estivesse por lá. Sue não podia correr... Voar, pular, nada, mas o ar podia levitá-la e lançá-la longe com o fogo.

– Sinto seu cheiro, sei onde você está – Nina começou a provocar Sue de um modo perigoso.

– Eu posso queimar essa floresta inteira em dois segundos, quer arriscar? – Sue disse.

– Não faria isso – Nina retribuiu. Nina ficou imóvel e olhando para todos os lados. – Você sabe qual é meu dom-chave, Sue? Eu posso ver

qualquer coisa em qualquer pessoa. Você por exemplo, não quer lutar. Você gosta de mim. Eu vejo – ela começou a manipulá-la.

Sue ficou imóvel novamente e balançou a cabeça consentida.

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– Eu também gosto de você, eu te admiro. Seu coração é puro. Já chega, vamos acabar logo com isso, Nina. Feche os olhos – Sue tentou manipulá-la também, obtendo sucesso.

Nina fingiu ter acreditado, concordou e fechou os olhos. Sue deu um golpe nas vértebras da barriga de Nina e imediatamente lançando fogo com o olhar mentalizando um feitiço. Nina então, no mesmo instante morreu. Um vampiro é morto de formas diferentes: sendo furado por um objeto de madeira, tendo sua cabeça arrancada e cremada, ficando um ano sem obter sangue, sendo queimado ou com um feitiço muito forte.

Sue comemorou a morte de Nina, sorrindo até as orelhas, então ela sumiu no meio da multidão.

O sinal toca¹

Lola X Mika. As duas se prepararam. Lola não gosta de conversar e Mika gosta de agir, são perfeitas umas nas outras.

– Eu te amo – Mika fez em gesto oral, já que estava longe de seu irmão.

– Vou arrancar todo o sangue que você tem, se é que tem algum sangue aí – Lola fitou Mika.

– Cala a sua boca e vamos lutar. Menos provocações e mais sangue – Mika retribuiu a troca de provocações.

Lola sorriu.

O sinal toca²

Mika desaparece. Lola sente seu cheiro e corre atrás dela. Mika para na frente de Lola e logo lança um raio nela, Lola não fica ferida, mas não consegue mais lutar perfeitamente.

– Levanta Vampira! Tem mais gente para lutar no templo sagrado e satisfatório – Mika disse, provocando muitíssimo a inimiga.

Mika voltou sozinha em silêncio, ela havia guardado um facão de madeira e cravara no peito de Lola, matando-a completamente sem voltar atrás.

– O que aconteceu, Mika? – Sue perguntou de longe, feliz pela vitória da colega.

– Não gosto de suspenses, prefiro matar de uma vez – ela respondeu emburrada bastante emburrada, aliás.

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Os próximos são Suri X Jess. As duas se prepararam com cara de sono. Suri se despediu com um beijo em Isac e Jess com um beijo quente em Tom. As duas se cumprimentaram com um aperto de mãos. Irônico, não?

– Que vença a melhor – as duas disseram em sincronia uma a outra, olho no olho.

O sinal toca¹

Elas se preparam novamente, posicionando em seus lugares ideais.

O sinal toca² Suri lança um punhado de nuvens com chuva em Jess.

Jess, com seu super auto-reflexo, desvia perfeitamente. Todos ficam observando-as. Jess salta em cima de Suri e a derruba. Logo, Suri manda Jess longe e a torce o pescoço.

– Ai! Pegou pesado. – Jess gemeu. – Desculpa – Suri estende as mãos, indo ajudá-la com

mais ironia ainda. Suri segura às mãos de Jess e a levita batendo para lá e para cá nas árvores.

– Não acredito que caí nessa – Jess gritou, com raiva. Jess se transformou, atacou Suri e sugou seu sangue de feiticeira.

Jess juntou-se a Sue e Mika. Próximos, Tom X Isac. Todos fizeram uma cara de

preocupados. Tom com certeza ia tentar matar Isac. E Isac era o feiticeiro da terra, estava em um ringue! Seria quase impossível não matar Tom.

O sinal toca¹

– Vou fazer de tudo para não te matar – Isac disse sincero, ele não era de muitas brigas naquela época antiga e sem muitas maldades.

– Eu não prometo nada – Tom disse, sorrindo diabolicamente.

O sinal toca²

Isac causa um terremoto e abre um buraco, soterrando Tom. Tom salta do buraco com seu instinto normal vampiresco e se transforma. Tom fica ASSUSTADOR e

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ninguém consegue olhar para seu rosto, fazendo com que ataque Isac facilmente. Tom salta no pescoço de Isac, arranca sua orelha e suga seu pouco sangue. No chão, Isac não consegue levantar, então forma um punhado de árvores e lança sobre Tom. O que ninguém sabia era que Tom era um Vampiro alérgico a árvores, só de se aproximar. É normal vampiros serem alérgicos a algumas árvores devido ao excesso de madeira e os corta com muita facilidade. Nem Tom sabia. Todos ficaram imóveis. Tom foi então, morto no mesmo instante.

Próximos, Drue X Vald. Eles se prepararam e Drue começou a sorrir.

O sinal toca¹

Vald se prepara, com muito medo.

O sinal toca²

Drue assovia e Vald lança um punhal de metal no coração de Drue. Drue começou a sorrir e tira o metal de seu coração. Cobras de todos os tamanhos/espécies surgem ao lado de Drue. Ele fala uma palavra estranha.

– Shitiahad – logo em seguida uma jibóia enorme, uma cascavel grande vai em direção a Vald e o ataca. Como todos sabem, Vald é Ipermortal, mas cobra o fere muito. Se Drue o atacasse novamente, Vald não ia conseguir mais lutar e ia ficar muito ferido. Drue diz outra palavra.

– Stapemist – e todas as cobras somem, devido ao simples fato de que a jibóia enorme havia engolido um pedaço de madeira e cravou no corpo de Vald.

Próximos, Broh X Jeff. – Boa sorte Jeff – Drina disse tocando em seu ombro. – Acaba com ele Broh – Driss sussurrou consigo mesma. Jeff era o feiticeiro das águas, e ali naquela floresta

fantasiada de ringue não havia lagos e algo mais. – Não tenho condições de lutar, estou em desvantagem,

Broh – Jeff confessou. Como todos sabem, Broh é o Vampiro mais forte de toda aquela época.

– Vou acabar com essa luta em segundos, eu prometo Jeff – Broh prometeu à Jeff.

O sinal toca¹

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Eles se prepararam e Jeff fechou os olhos com certa desconfiança.

O sinal toca²

Broh deu um golpe na barriga de Jeff e ele desmaiou. Na verdade, Sue e Jeff havia combinado de Jeff fingir

estar morto quando Broh bobeasse, Sue lançaria fogo por todo seu corpo e arrancaria sua cabeça. Assim planejado e assim exatamente como foi feito. Broh então morreu cedo, Broh e Nina se foram para sempre.

Restaram apenas Drina e Driss. Todos ficaram tensos. Não podiam confiar em Driss, ela era perigosa demais, misteriosa demais. Driss não parava de sorrir, estava nas mãos de Drina, ela ganhava ou dificilmente empatava.

O sinal toca¹

– Prometo que não vou te machucar – Drina disse sincera.

Driss revirou os olhos e sorriu.

O sinal toca²

Driss salta em Drina, torce seu pescoço, morde-o, e dá um soco.

Drina desmaia. – Não Driss! Não vai fazer isso! – todos gritavam

apavorados, menos Drue.Drue conhecia Driss, era o único. Ele sabia que ela ia

tentar matar devagar, para torturar ou até morrer se fosse preciso. Drina assoviou, um leão pulou em Driss e arrancou pedaços de seu corpo. Driss se transformou. Driss arrancou a cabeça do leão.

– Não! – todos ficaram apavorados com a capacidade de Driss.

Driss agarrou a cabeça de Drina e a deu um selinho. Drina sentiu vontade de vomitar.

– Todos vocês, fizeram uma guerra idiota e cafona. Vou mostrar como se anima isso aqui – Driss gritou para todos abertamente.

Drina estava ferida, mas queria ganhar e permanecer viva.

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– Águia. Apareça. Agora – Drina gritou. Surgiu uma águia tentando atacar Driss e conseguiu. Driss matou a águia também, com uma só mordida no

coração. – Por Alá! Estúpida, eu vou acabar com você, Afrodite

está ao meu lado, nossa deusa do templo sagrado! – Drina gritou toda suada, usando palavreados que o povo antigo usava.

Driss sorriu e foi em direção a ela. As duas ficaram frente a frente. Driss começou a fazer uns gestos nojentos e cruéis. Tocando os lábios, barriga, cintura e bumbum de Drina. Drina ficou imóvel.

– No fundo, eu seu que você gosta – Driss provocou. Drina cuspiu em Driss. – Que Afrodite a amaldiçoe – Drina disse chorando, dessa

vez. Driss ficou de frente com Drina e tentou beijá-la, mas

Drina conteve, continuando imóvel. Todos assistiram aquela horrível cena, Drue ficou calado, gostando do que via. Driss segurou Drina de costas e sussurrou em seus ouvidos.

– Delícia – Driss sussurrou, provocando a todos.Driss permaneceu segurando Drina mordeu-a, sugou

todo o seu sangue de feiticeira, torceu seu pescoço e a matou sem pena alguma.

– Pronto, vencemos – Driss disse, sorrindo. – Eu vou te matar, quero ver se é pare para mim

também – Drue a desafiou, partindo pra cima de Driss, mas Driss desapareceu, com medo de morrer ou perder feio para ele.

“Drina estava morta”

A história sobre o medalhão de Alice Jones †

A muitos e muitos anos atrás, quando se deu a origem dos seis primeiros feiticeiros de toda a galáxia, eram todos em família e assim deu-se a origem dos primeiros cinco vampiros na galáxia também. No nascimento da quinta vampira, foi dado a ela um medalhão que tinha como símbolo = † e a cor preta com alguns detalhes em branco. Quem deu

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o medalhão a ela ninguém nunca soube; muito menos a garota. Ela apenas usou esse medalhão desde que nasceu e nunca mais tirou. Então, quando as origens foram se reproduzindo e aumentando cada dia que passava, a garota já adulta esbarrou-se naquele tempo muito antigo em uma feiticeira: não uma feiticeira qualquer. Uma feiticeira potente.

Então, quando a feiticeira bateu os olhos no amuleto da vampira ficou à mil. Queria-o de qualquer modo. Daí, a feiticeira das pedras lançou um feitiço na vampira para aquele medalhão ir parar no pescoço da feiticeira. Mas o medalhão nem se moveu, deixando a mulher muito irritada e descontrolada. Então a feiticeira das pedras lançou-a outro feitiço: que se aquele medalhão não fosse dela, seria da espécie mais rara de vampiros de qualquer tempo. Então, o feitiço foi dado. Aquele colar foi passado de geração em geração até encontrar a espécie de vampiro tão raro de que a feiticeira das pedras falou. E então, ainda nos tempos não atuais, a vampira que criava Kate deu-a para entregar quando Alice Jones nascesse. Mas Kate não aceitou devido à esperteza de John, ele não iria aceitar uma criança usar um medalhão tão sóbrio como aquele. Foi aí que ela escondeu e decidiu entregar a ela só no momento em que Alice se transformasse.

Mas o que ninguém sabe, é que esse medalhão é capaz de muitas e muitas coisas horríveis e crédulas. Alice Jones usando o tal medalhão de acordo com o tempo, poderá ficar fraca, poderá até mesmo perder um pouco de sua imortalidade vampiresca. Tornando as coisas mais complicadas, como por exemplo: envelhecer, machucar-se, perder o controle muito fácil e matar vários humanos por dia, engordar, perder cabelo. Ela não sabe do que esse amuleto é capaz se continuar a usá-lo.

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AgradecimentosÀ minha família linda demais: Amo vocês sempre. Aos meus amigos lindos: Vocês são fodas. Amo vocês demais, seus malucos.Aos meus professores de inglês e português: Nunca vou me esquecer de vocês.

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Como prometido, aos meus colegas do Tumblr Álvaro Batista, Júlie Strobel, Thayane Costa Macedo, Rafaela Mirco, Aline Alves De Souza, Juliana Dias, Mariana Oliveira, Matheus Lopes, Carinna Siqueira De Aguiar, Driss Luinda Vaz Guimarães. Chatarina Hernandez Vasconcelos, Rodrigo Viana Martins, Milena Moura De Souza, Matheus Marques, Lucas Morceli Castoldi, Driss Bonfim fuchs, Jennifer Reis, Luíza Vieira Salvatore, Isabelly Nunes Silva, João Fernando M. Michelin, Julya Castro De Amorim. Cauê Marganelli Stella, Letícia gondim Da Nórego, Beatriz Prando Brandão, Bruna Magalhães Dos Santos, Beatriz Silveira, Kau Martini, Milena Krysa, Pedro Borges Spadoni, Vitória Hahn Hendler, João Vitor Rodrigues Martins, Letícia Assis Garcia, Thaís Oliveira, Ana Driss Pramio. Gabriel Rennó, Juliette Barbosa, Tainara De Miranda Mello, Isabella Castello B. Nunes, Marta Mayara, Evelyn Melo, Natalia Martins J. Vieira, Lorena Tuxen. Sarah Hortense Müller, Maísa Pimentel, Thalita Lima Godinho, Diogo Rigo de Almeida, Victoria Lima do Amaral, Amanda Tronco Lencina. Amanda Mendes Barcellos, Suri Ingrid, Fernanda Cassettari dos Santos, Giovana Monteiro, Larissa Stanchi.. Eloá C. Videira, Isabella Knabben, Vanessa Pires da Silva, Tamara Martins, Giovanna C. V. Basile, Clarice Costa, Otávio Dorce Neto, Gabriela Valentini. Isabella Benevides, Lucas Pupile, Yane Alexandra, Raphaella carvalho, Andressa Cristini S. Costa. Beatriz Cristina S. Neves, Marina Vidal, Laura Saraiva, Giovanna Cunha, Andriéli, Ana Lídia Ain, Zarah Gomes, Nicole Alves, Natália Mendes de Souza, Tainá Baldo Sonego, Ketryenie Christianini. André Luiz Barbosa, Leticia Maia, Beatriz Santana, Tayana Larissa. Giseli Alves, Alex Sandro Santana Calegari, Victoria lima do Amaral, Júlia Caldeira, Marianna Traguetto, Thiago de Araújo, Carla Buccini, Luisa Furtado, Júlia Santos, Yamilla Andrade, Julia Andretta, Thalia Martins, Amanda Nunes Duarte Candace Osvald, Ana

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Carolina Aguiar, Vitória Calazans, Mariane Alves, Giovanna Zamboni, Isac Faria Siqueira. Andressa Oliveira, Letícia Gondim, Gabriela ribas, Nicole Murda, Driss Cardozo Gouveia, Júlia Jessanna, Matheus V. Fernandes, Vitória Polla, Vitória Valente, Camila Martinato, Ana Júlia Veneziani, Luíza Borges de Almeida, Ana Gabrielle N. de Oliveira, Eduarda Dias. Géssica Hellen frota Gomes, Giovana de Almeida Vieira, Laura Mathias, Sylvia K, Mayla Kelner Mariana Arantes, Kétlin Ohana Krüger, Ágatha, Nayara Ramos e Sofia Pereira.

Um pulo em

Alice Jones, a metamorfose

A irresistível seqüência de

Alice Jones. 237

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Mais um ano

lhando pela janela, eu estava pensando de como o ano foi tão maluco e cheio de acontecimentos. Foi o melhor e pior ano da minha vida. O

Melhor: conheci Nickolas, Sarah, Thomas e Jennifer. Pior: Eu me tornei uma vampira. Quer dizer, metade

vampira. – Alice? – perguntou John, já entrando dentro do meu

quarto ainda preocupado. – Hm? – To indo trabalhar, talvez não volte hoje – disse num

tom frio. E Kate? Onde ela se meteu? Onde ela está? Não tenho

noticias dela, muito menos John. Meu coração apertava toda vez que pensava nela, era algo que eu iria resolver, ah! Iria...

– Tudo bem. John voltou com o olhar triste e tentou a pergunta

novamente. – E sua mãe? Ela ligou ou algo assim? – mudou o tom de

voz para parecer despreocupado, mas não surtiu efeito algum comigo.

Infelizmente fiz que não com a cabeça, ele respirou fundo, apertando as pálpebras e deu o fora dali antes que tudo piorasse e até mesmo eu começasse a chorar.

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Eu fui até a garagem e peguei meu chevet indo para o colégio na feliz esperança de encontrar Sarah, Thomas e Jennifer. Já que Jade e Daniel se mandaram para Itália. Jade deixou uma carta para mim dizendo mais ou menos assim:

“Sinto muito deixar todos vocês. Nunca vou me esquecer do seu jeito esquisito e anti-social que me ajudou muito. Vou ser muito feliz com o Daniel e quem sabe um dia ainda poderemos nos esbarrar aqui pela Itália. Um dia vocês virão me visitar? Diga a todos que amo muito vocês e não se esqueçam de mim – Jade”

Eu guardei aquele bilhete dentro da escrivaninha ao lado de minha cama e senti aquele aperto estranho. Que nunca mais veria Jade e Daniel outra vez. Não sei. Talvez fosse só uma sensação.

No caminho ao colégio, fui observando todos os humanos que Port Angeles possuía. Chegando lá, não vi Nickolas no estacionamento esperando por mim e outro aperto no coração eu senti. Eu estava vestida num traje normal: calça jeans colada, blusa preta colcci e tênis desbotado marrom. Meu cabelo estava diferente, mais liso que o normal.

– Alice – exclamou Thomas a me ver. Eu ri me sentindo extremamente feliz ao vê-lo

novamente. Thomas estava diferente, num estilo mais casual. Mais decente, talvez.

– Você está diferente, Thomas – elogiei-o, ele estava com uma aparência mais homem, com um corte de cabelo novo e moderno, e mais forte.

Ele riu e não tentou me abraçar como de costume, apenas ficou ao meu lado e me acompanhou até a entrada do colégio pequeno e mais afastado da cidade.

Agora é fato: Thomas estava realmente diferente. – Você sumiu – ele disse, com um sorriso educado e seus

cabelos mais curtos. – Eu viajei – menti. Ficamos em silencio até chegarmos à sala que estava

tendo aula de literatura. Lá estavam todos: Sarah, Thomas e Jennifer. Mas Nickolas não estava lá.

Fiz cara feia e engoli aquela sensação esquisita novamente. E aí, para minha surpresa de novo, Jennifer continua a mesma, mas Sarah não. Sarah estava completamente diferente. Estava mais pálida num tom rosa,

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seus cabelos desfiados e estiloso. O rosa que ela sempre adotava em dias de aula, não estava nela. Estava vestida em apenas uma calça jeans, blusa azul colada e xadrez, acompanhado de rímel discreto. Nada de batom rosa, de nada rosa. E algo também estava diferente, seus olhos estavam mais claros. Ela estava deslumbrante, confesso. Nem parecia aquela patricinha adulta que era. Os cabelos soltos tampavam completamente suas duas orelhas. Mas tinha mais cabelo do lado da orelha direita, estranho.

– Sarah? – perguntei, aparecendo na frente dela. – Alice. Você sumiu fujona – zombou ela. E então me senti mais aliviada, vendo que seu humor

divertido não tinha ido embora com suas roupas caras de marca da cor rosa escuro.

– Não vai me dar um abraço? – perguntei estranhando ela não ter feito isso ainda.

Ela riu sem jeito, parecendo eu. Então, me deu um abraço seco e distante. Eu vi que ela estava preocupada em me dar um abraço. Ora essa... Quem tinha que se preocupar em abraçar alguém ali esse alguém é eu. Não foram sós as roupas que se foram. Uma parte dela também se foi, percebi logo de cara. E comecei a não gostar nada disso.

Jennifer veio pro meu lado e me surpreendeu com um abraço irônico.

– Será mais um ano de sacanagens que irei fazer com você – e riu.

– Com certeza. Você é a patricinha adulta e eu a jovem velha. Não nos esqueceremos disso – zombei. Então, a senhora Abigail chegou dentro da sala e todos os poucos estudantes dali se calaram e sentaram-se em dupla. Jennifer não queria sentar-se com Thomas, mas eles eram a dupla escolhida por Abigail. E eu era par com Nickolas, mas como ele não veio... Sentei-me com Sarah.

– O que aconteceu com as roupas de marca que você usava? – perguntei baixinho.

– Eu doei, não quero mais ser uma menininha. Nós vamos fazer dezoito esse ano.

Eu olhei para o lado, sentindo-me estranha por não envelhecer, talvez.

– O que você fez enquanto estive viajando? – perguntei. – Nada demais, agora vamos prestar atenção na aula.O quê? Sarah me cortando de conversar? Quem fazia

isso era eu. Oi? Como assim? Fiz cara feia e decidi ignorá-la

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pelo resto do dia. Ela levanta e vai entregar o trabalho para a professora Abigail.

E aconteceu algo muito estranho com Sarah. No momento em que ela se levantou para falar com Abigail, uma caneta colou em suas costas completamente do nada.

– Sarah, tem uma caneta pregada nas suas costas – Thomas avisou atordoado.

Sarah tirou-a e colocou em cima da mesa de Sid, em vão. Logo a caneta se lançou sozinha, colando em suas costas novamente como se um grande vento estivesse feito aquilo.

– Licença? – Sarah perguntou e se retirou da sala. Levantei-me com intenção de sair e ir atrás dela no

mesmo instante. Não pensei na possibilidade dela não querer me ver nem pintada de ouro. Mas havia me esquecido que eu estava em sala de aula e era uma humana normal de mentirinha.

– Alice Jones? – Abigail me chamou, ao ver que eu já estava na porta de saída a um passo de sair da sala sem permissão.

– Algum problema? – ela tornou a perguntar. Liguei-me da situação e me sentei. – Não, problema nenhum – respondi, sentando-me no

meu lugar normal e pensando no que foi aquilo. Agora era oficial, Sarah estava mesmo diferente e estranha.

O sino tocou.

Procurei por Sarah em todos os cantos daquele colégio, não encontrei nenhum sinal dela, onde ela se meteu? Depois daquela cena bizarra tínhamos muito que conversar. Andei mais um pouco em busca dela e encontrei apenas Joe.

– Alice? – Oi Joe – cumprimentei-o super desatenta. – O que você está procurando? Ou melhor, quem? –

perguntou. Joe estava vestido com blusa preta regata, que

valorizava os seus novos músculos e uma calça jeans normal, meio que desbotada. E o bracelete continuava ali no braço dele, esperando por mim, pra ver o que tinha debaixo do tal bracelete.

– Procuro por Sarah já faz um tempo e nada. – Sarah? Acabei de vê-la entrando no toalete feminino.Antes mesmo de dizer qualquer coisa, saí correndo até o

toalete pra ver se ela estava. Entrei, caminhei lentamente e me escondi atrás de um Box que separava os vasos

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sanitários, não me movi, Sarah estava se lamentando e tentando fazer com que a caneta de metal parasse de colar nela.

– Mas que droga, será que isso nunca vai parar? Não suporto mais isso, que droga –ela se lamentava ao mesmo tempo em que tirava a caneta e segundos depois a caneta grudava nela de novo, como um ímã.

Não pude resistir. – Tem algum ímã dentro de você? – perguntei. – Que susto, Alice. Não bate na porta, não? Credo. – Pode responder minha pergunta? – fiz cara feia. – Ok, eu vou te contar. Fui para uma fazenda do meu

avô e lá havia vários garotos estagiários de ciência. Então, decidiram fazer um experimento comigo e deu nisso, injetaram ímãs dentro das minhas costas. É isso, satisfeita?

A caneta colou no nariz de Sarah. – Injetaram no nariz também? – Sim, no nariz e em vários outros lugares no qual eu

nem me lembro. Pronto? – Você não está nada normal. – Você age de modo sobrenatural o tempo todo e eu que

sou a anormal? – e fez cara de cúmulo. – Cansei de você, quando estiver normal a gente se fala. Na verdade eu disse aquilo porque senti que ela não iria

dizer nada naquele estado afobado em que estava, achei melhor bancar a grossa e deixá-la em paz. Só que não engoli a história dos cientistas nem um pouco, pra mim, algo estava acontecendo com Sarah, algo que me pareceu que nem ela mesma sabia, mas que iria descobrir de qualquer forma. Saí do banheiro e fui direto pra casa.

Desci do meu chevet marrom, travei o carro e fui até a porta de casa. Estava aberta e entrei sem perguntar por John porque sabia que ele não estava ali, não havia cheiro dele presente. Ao entrar, esbarrei-me num porta-retratos de Kate sorrindo, minha preocupação com ela crescia cada minuto. Sem falar que eu estava tendo pesadelos horríveis com ela toda noite. Outro fato bizarro é esse, vampiros não sonham ou têm pesadelos, devido à ausência de alma. Mas sou uma exceção, por incrível que pareça, eu tenho coração e talvez tenha alma também, acho difícil, mas é a única explicação para meus sonhos e pesadelos. Fui até a geladeira e encontrei meu copo de sangue no fundo, sem pensar em nada peguei o copo e engoli cada gota, sentindo-me renovada. Depois, fui até meu chevet novamente e fui ver Kate, saber como ela

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estava. O tempo estava bonito, com o céu azul, as flores mais belas que nunca, afinal, era primavera em Port Angeles. Liguei o rádio e não quis ouvir musica alguma, apenas escutei as noticias da cidade enquanto dirigia até lá.

Foi encontrado hoje no norte de Port Angeles um homem morto, estava vestido com roupas simples. O modo como foi encontrado é terrível, está completamente sem sangue dentro de seu corpo e foi totalmente queimado, não se sabe ao certo o que houve com ele, delegados e detetives estão suspeitando de um possível assassinado, mas o xerife John afirma que houve algo mais, pela ausência de sangue no corpo do rapaz. Mais noticias você acompanha logo mais, até logo caro ouvintes.

Não pode ser, será Ben? Algum dos que morreram na briga? Droga.

Cheguei até o lugar onde minha família formada por vampiros viviam. Caminhei lentamente até a porta, estava aberta e havia um cara escorado, era o Travis.

– Travis? – Quem é vivo sempre aparece, oi Alice – e riu. – Vivo? – quem riu fui eu. Entrei lentamente pela porta de entrada onde estava

Travis e encontrei sentados no sofá Charlie e Emma. Pensei em onde estava Cassie e minha mãe.

– O que faz aqui, querida? – Charlie perguntou ajeitando-se para levantar.

– Vim ver minha mãe, cadê ela? Entreolharam-se preocupados, o clima ficara tenso.

Charlie veio até mim e me abraçou, dando-me um beijo rápido na testa. Percebi que estava tentando me acalmar. E não gostei disso, nem um pouco.

– O que você acha Charlie? – perguntou Emma. – Sinceridade sempre. Vamos até lá, ela tem o direito de

saber – afirmou.Emma levantou-se, mostrou-me o caminho até o lugar

onde Kate estava. O lugar era de dar calafrios, parecia uma funerária, havia véu por todas as partes, não havia cortinas, o véu substituiu-as. Kate estava deitada em um caixão enorme, roxo, preto e branco. Simplesmente de dar pânico vê-la daquele jeito.

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– Que cenário ridículo é esse? Quero-a numa cama normal, agora.

– Alice, você precisa ser forte – Emma disse.Alice, você precisa ser forte? Eu detestei o que acabei de

ouvir, ao ouvir isso, meus olhos encheram-se de ódio, de lagrimas e dor. Arrependimento, principalmente. Cheguei perto dela, passei minhas mãos em seu lindo rosto, ela não se movia, não fingia piscar, não fazia movimentos de que estava respirando, não levantava dali. O problema é esse, ela não levantava daquela porcaria de caixão.

– Kate? Vamos embora, acho melhor você voltar a morar comigo e John – eu disse.

Emma, Charlie e Travis observaram em silencio aquela cena horripilante em que eu estava.

– Mãe, levanta logo daí. – Você quer que eu faça cócegas? – Kate, você já está indo longe demais, levanta dessa

porcaria. – Kate, levanta daí. – Mãe? – Não, não faz isso, por favor. – Por favor, não me deixe. – Abre os olhos? Mãe... Naquele momento, senti a pior dor que já senti em toda

minha existência, Kate estava morta. Completamente morta, sem nenhuma parte dela ali comigo. Eu caí por cima dela, berrei, chorei, quebrei tudo que estava por perto dentro daquele cômodo. Charlie, Emma e Travis não fizeram nada, ficaram sem reação. Apenas me observando morrer junto com ela. Kate me deixou, não está mais aqui. O que sinto agora é culpa. Extremamente culpa. Se não fosse por mim ela ainda estaria aqui, se não fosse por mim John estaria menos infeliz. Se não fosse pelo meu envolvimento com Nickolas, nada disso teria acontecido. Nada.

Nada.Nada disso. O que seria de mim agora? Por fim, não agüentei e

acabei apagando ali do lado dela.

Abri os olhos, estava no paraíso ao lado de Nickolas. – Escute, eu sei exatamente o que você está sentindo

agora, exatamente. Sei muito mais, aliás. Perdi toda minha família. Não conheço e não tenho mais ninguém. Pare de culpar, aposto que é isso que está fazendo. É tudo minha

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culpa, não sua. Se eu não tivesse aparecido e te atormentado, nada disso teria acontecido. Feiticeiros possuem o dom de hipnose, todos. Eu posso hipnotizar seu pai da morte de Kate, e você também se quiser. Prometo que desapareço de sua vida.

Não contradisse nada, concordei com tudo que ele disse. Estava sendo horrível ter que me afastar dele, eu aceitei a proposta de hipnose com John, ele não merece tanta dor, mas comigo não. Eu queria sentir tudo, não queria ser omitida de nada. A culpa dentro de mim é maior que o que sinto por Nickolas.

– eu quero que você apague toda a dor de John, mas não quero que faça nada comigo.

Ele me olhou triste. – Vou fazer o que você quiser. Quando se hipnotiza

alguém, há uma frase que quando for dita, a memória volta completamente. Infelizmente é assim – e se afastou.

– Kate está morta, mas te amava. – Perdão? – perguntou. – Essa frase. Escolho essa – afirmei com a cabeça, sem

forças para nada. – Tem certeza? Não quer algo mais difícil de ser

escutado por ele? – perguntou. – Tenho. Ninguém diria essa frase, a menos por mim –

afirmei. Ele ascentiu. – Ele já sabe? – Que ela está morta? – perguntei. Fez que sim com a cabeça. – Não, quero que fale exatamente assim pra ele: Kate

Jones, sua ex-mulher está morta. Vai acreditar que ela foi morta por um assassinato onde ela trabalhava. Você não vai sentir falta dela, vai viver feliz e irá procurar uma nova namorada, irá continuar sua vida e não sentirá tristeza, dor e nem falta pela morte dela, vai achar que foi uma fatalidade e vai seguir em frente com felicidade, sem se importar – eu disse chorando.

Nickolas enxugou minhas lagrimas. – É exatamente isso que quer que eu diga? – é – bufei. Ficamos um do lado do outro, mas não quis encostar-se

a ele. O que eu estava sentindo era muito forte, ficamos ali sem dizer nada, apenas do lado um do outro.

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No colégio, subi as escadas da última sala do último corredor. Não queria ver ninguém, não queria ver Sarah, Joe, Thomas e nem Jennifer. Queria ficar sozinha.

– Alguém andou passando a noite em claro, hein? – Joe apareceu de repente.

– Digamos que seja exatamente isso – disse de mal-humor.

Ele riu. – Que cara é essa? Parece até que alguém morreu... Esse momento foi hilário, mas não deu a mínima

vontade de rir. – Acertou. – Como assim? – e fez cara de assustado, sentou-se do

meu lado. – Minha mãe morreu. Ele ficou em silencio. – Ela foi pra um lugar bacana, acho que talvez seja

melhor e mais divertido que aqui. Eu ri amarelo. – Obrigada, Joe.Encostei minha cabeça no ombro dele, ele não se

moveu. Sentia algo muito bom vindo de Joe, algo familiar, como se pudesse confiar nele. Ele me olhava de uma forma como se quisesse me contar algo. Algo muito sério, que me envolve.

– O nome do seu pai é John Jones? – perguntou. – É. Como você sabe? – perguntei espantada.Ele esperou um pouco pra responder. – É um nome bonito, seu pai deve ser um pai muito

legal. Já ouvi falar dele, é um xerife conhecido. Então liguei seu sobrenome, que é o mesmo que o dele e pensei que talvez fizesse sentido.

– E faz – completei. Ele olhou pro lado e pensou um bocado. – Como ele é? Ele é muito turrão? – perguntou ele, num

tom interessado maior que o normal. – O John? – eu ri – John é o cara mais turrão que conheço,

mas se esforça bastante para pra me ver bem e feliz. – Ele é divertido? – insistiu ele. Saí dos ombros dele e olhei diretamente em seus olhos

com cara de desconfiança. – Está querendo saber tanto sobre meu pai por quê? Joe desviou o olhar.

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– Curiosidade, só isso. Que coisa – exclamou ele, levantando-se logo em seguida.

– Joe? – Até mais, fica bem – ele disse e saiu caminhando um

tanto aflito. Pude perceber pela sua respiração ofegante. No intervalo, não notei a presença de Sarah e me

preocupei. Senti saudades de jade me enchendo de perguntas sobre sua insegurança e de Daniel, que por mais que não tivesse muito contato, sempre gostei de seu romantismo sincero com jade.

Thomas apareceu. – Ora se não é a esquisitona – e riu. – Não estou com paciência hoje, sai do meu caminho –

eu disse tentando passar, mas sendo barrada por Thomas. – Não vou sair não – e me peitou num tom irritante. A ausência de paciência gritou dentro de mim, se eu

perguntasse novamente e ele não saísse da minha frente, não sei do que seria capaz de fazer com ele, não sei mesmo.

– Se você gosta de viver, acho que deveria sair – sussurrei em seu ouvido.

– O quê você anda fumando? – zombou ele. – Ultima chance, vai sair ou não? – disse com fúria. Ele olhou-me, por um momento pensei que fosse recuar,

mas me enganei. – Obrigue-me. No exato momento em que ele disse aquilo, não veio

outra coisa em minha cabeça que não fosse arremessá-lo na parede. E foi isso que eu fiz. Olhei no fundo de seus olhos, segurei seu pescoço e arremessei-o nas mesas onde estavam comendo, ouvi barulho que coisas se quebrando, quando dei por mim, eu implorei que não tivesse sido quebrado algum osso de Thomas, além é claro de copos, pratos e blábláblá.

– Você viu o que aquela garota acabou de fazer? – uma garota loira sussurrou ao cara que estava do lado dela com os olhos assustados. Ele fez lentamente que sim com a cabeça.

Todos entraram em estado de choque, paralisados e me encarando. Olhei para o nada, sem expressão alguma escancarada no rosto. Paralisei junto com os demais que estavam ali me olhando com medo. Olhei em volta e todos estavam focados em mim, quando consegui dar por mim, saí rapidamente daquele lugar.

Cheguei a minha casa com vontade de me isolar de tudo por uns dois dias, mas ao subir as escadas senti cheiro de

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lagrimas, dei passo por passo e cada vez que me aproximava do quarto de John, o cheiro ficava mais forte. Não bati na porta e abri a porta com rapidez. John estava sentado no chão com uma espingarda nas mãos, com os olhos vermelhos e cheios de lagrimas. Nunca havia visto John daquele jeito. Estava sem camisa e um pouco suado.

– Pai? Ele não me olhou. – responde John, o que está

acontecendo? – e me aproximei. – Sua. Mãe. Está. Morta. Fingi que estava sabendo daquilo agora, mas segurei o

choro. Não agüentava mais chorar, meus olhos estavam da cor normal, porém com olheiras amarelas e a boca seca porque estava em greve. Nada de sangue.

– Como sabe? – deixei escapar. Ele me olhou dessa vez. – Recebi uma ligação do hospital em que ela estava e fui

ver o que aconteceu, mas não havia nada a ser feito, Kate estava completamente morta – respondeu ele com voz de choro.

Abaixei a cabeça e virei de costas indo até meu quarto, tirei meu medalhão porque estava incomodando e coloquei-o em cima de uma crista leira no corredor. Não fui consolá-lo porque a ultima coisa que eu conseguiria fazer era consolar alguém, eu também precisava de consolo. Chegando ao meu quarto, vi Nickolas sentado em minha cama de cabeça baixa, o estranho é que nunca ouvi o som da respiração dele e não estava ouvindo novamente.

– O que está fazendo aqui? – perguntei num tom grosso e frio.

– Vim fazer o que combinamos – ele disse e levantou-se. Não disse nada, apenas ascenti com a cabeça e fui atrás

dele observar o que ele fora fazer. Ele foi caminhando até o quarto de John, não tele transportou-se. Parei na porta do quarto e observei tudo.

– Você aqui rapariga? Sai daqui ou sou capaz de usar minha espingarda – John levantou-se. Nickolas não teve medo e enquanto falava, ia se aproximando cada vez mais de John. – Kate Jones, sua ex-mulher está morta. A partir desse momento, você vai acreditar que ela foi morta por um assassinato onde ela trabalhava. Você não vai sentir falta dela, vai viver feliz e irá procurar uma nova namorada, irá continuar sua vida e não sentirá tristeza, dor e nem falta pela morte dela, vai achar que foi uma fatalidade e vai seguir em

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frente com felicidade, sem se importar. Nesse exato momento vai preparar seu café e vai preparar o velório dela. Quando ouvir essa frase “Kate está morta, mas te amava.” Vai se lembrar de absolutamente tudo. Agora, quando eu piscar, já pode se levantar – Nickolas disse e piscou. Parecia um mágico hipnotizando alguém do público, foi assustador.

John levantou-se, olhou de cara feia para o Nickolas e ajeitou sua calça.

– Vou preparar um café Alice, quero esse seu namorado longe do meu quarto – encarou Nickolas, passou por mim e desceu como se nada tivesse acontecido.

Nickolas estava de costas sem se mover e eu parada na porta observando-o.

– Assustador, você me assusta. Ele virou-se na minha direção e andou lentamente até

mim. – Alice Jones, você vai anular toda a dor que está

sentindo. – no momento em que ele começou a falar, afastei-me dele com lagrimas nos olhos. – Não, você não vai fazer isso comigo, sai daqui. Nickolas, não.

Ele segurou-me com firmeza e continuou falando mesmo que eu estivesse tentando recuar. – Você vai esquecer completamente a dor que está sentindo, vai agir como seu pai, viver feliz, do jeito que achar de deve viver, irá esquecer tudo que sente por mim, serei apenas uma boa memória pra você, vou embora e você não vai sentir falta de mim, nem de Kate. Vai parar com a greve de sangue também. Agora, vai me abraçar e se despedir. Ao ouvir a frase “Eu te amo” vai lembrar-se de tudo. Quando eu piscar, já estará feito. – disse e piscou.

Ao abrir os olhos, senti algo estranho e a única coisa que veio na minha cabeça era abraçá-lo e sentir que a ausência de Nickolas não significaria nada para mim, olhava para ele e não sentia nada além de carinho. Não havia mais sentimento algum. Ao mesmo tempo em que senti ser estranho, achei normal. Na minha cabeça, tinha certeza que não estávamos mais juntos já havia algum tempo. Abracei-o.

– Você está indo hoje? – perguntei. Ele fez cara de nada e fez que sim com a cabeça. – hoje. – Pra onde mesmo? – perguntei. – Alemanha. Não sei quando volto e se volto. – Espero que se divirta muito lá, quando voltar me avisa. Estava ansiosa pra saber sobre Kate, onde iria ser

enterrada e como tudo ia ser. Kate tem que estar

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extremamente bonita e queria que Nickolas fosse embora logo, eu estava com pressa.

– Tenho que ir – e deu um riso meio forçado. – Eu te levo até a porta, vamos – descemos as escadas e

o acompanhei até a porta. Ele olhou-me de uma forma estranha, cara de ex que ainda não se sente um ex. sorri pra ele e esperei que ele fosse embora.

– Até qualquer dia – ele disse e sumiu. Fechei a porta, fui até a cozinha e olhei em volta para

me certificar de que John não estava por perto. Abri o freezer e peguei dois copos com sangue dentro. Era horrível ter de beber sangue gelado. É por isso vampiros não se controlam quando sentem o cheiro de sangue vindo da veia de um humano, o sangue é quente.

John estava preparando um café. – Sobre o velório de Kate, onde e quando vai ser? –

perguntei. John fez cara de pensativo. – hoje, seis da tarde.

Cemitério Port Angeles. – Só vou dar uma passada na biblioteca mais tarde,

estarei lá em ponto. Ele ascentiu. Subi até meu quarto e coloquei meu

medalhão.

Além do velório de Kate, eu estava completamente preocupada com Sarah. Onde ela se meteu e o que estava acontecendo com ela? Essas dúvidas martelavam dentro de mim. Pensei em ir até a casa dela, mas precisava ir até a biblioteca e depois teria o velório de Kate, achei melhor ir até a casa dela outro dia, em outro momento.

Era tarde, saindo da biblioteca vi que estava chovendo muito e estava sem guarda-chuva. Coloquei minha bolsa preta em cima da minha cabeça e fui andando até o chevet. Coloquei minha bolsa dentro de um buraco dentro do carro e liguei o som, estava tocando uma música calma, mas que não prestei a mínima atenção devido a minha pressa em chegar ao velório de Kate. Chegando ao cemitério, havia uma quantidade agradável de pessoas debaixo da chuva, alguns com guarda-chuva e outros não. Procurei por John e aviste-o ao lado do caixão em que ela estava. Aquela cena não foi nem um tanto agradável, mas me senti estranha pelo fato de não estar sentindo tão mal a ponto de chorar. Eu estava bem, feliz e sentindo que Kate também estava feliz. E ao olhar para o John, vi que ele estava extremamente igual a mim. No

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momento em que estava observando Kate deitada ali, senti cheiro de mais pessoas chegando, virei-me para ver quem era e fiquei bastante surpresa. Thomas, Joe, Sarah e Jennifer estavam ali. Abri um sorriso espontâneo de vê-los ali, mas me encabulei em saber como souberam do lugar, o horário e o que acontecera com Kate. Eles aproximaram-se de mim e John. Jennifer não sorriu, estava vestida elegantemente. Blazer vinho, saia longa da cor preta, cabelos amarrados na forma de rabo de cavalo e salto alto também da cor preto. Thomas sorriu amarelo, também estava elegante. Blusa de meia manga da cor preta, calça jeans escura, sapato social marrom. Sarah estava com olheiras, numa aparência estranha. Saia longa preta, blusa de manga longa preta e cabelos soltos combinando com uma sapatilha de salto alto branca. Joe estava belo, o modo de sorrir que ele tem é muito parecido com o meu, que é parecido com de John. Estava usando um casaco preto, calça Jeans escura e um sapato marrom acompanhado de seu bracelete, é claro.

– Viemos ficar com você – Joe disse. Eu abracei-os rapidamente e voltei a ficar ao lado de

Kate. – Fico feliz que vieram – eu disse. Sarah não disse nada além de “sinto muito por você,

Alice” e ficou calada o tempo todo, o que não é normal vindo de Sarah.

– Agora sei de onde vem sua beleza – Thomas murmurou mostrando-me Kate.

– Obrigada – eu disse admirada com a rara frase decente vinda dele.

– Sua mãe é linda mesmo – Jennifer sussurrou. Balancei a cabeça positivamente e encostei minhas

mãos no ombro de Thomas. Joe ficou do lado de John, mas eu não conseguia ouvir a respiração dele, porém senti que ele estava tenso por estar ao lado do meu pai.

– Você é o John? – escutei Joe perguntar ao meu pai. John fez que sim com a cabeça e encarou Joe. – Por quê? – perguntou. Joe ficara mais tenso ainda e hesitou. – você me lembra

alguém. John virou o rosto e não deu atenção a ele, mas Joe ficou

olhando-o por um longo tempo, com olhos de mistério, admiração e falta. – alguém que sempre quis conhecer, conviver – insistiu Joe. John não retribuiu, apenas abaixou a cabeça e calou-se.

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Não entendi o que Joe estava tentando dizer ao John, mas voltei minha atenção ao velório. No momento do enterro, todos jogaram flores separadamente. Eu fui à penúltima, John fora o último a jogar a rosa. Eu, Jennifer, John, Joe e Sarah estávamos debaixo de chuva. Ficamos em silencio por algum tempo, todos de cabeça baixa. Ao olhar para o lado, observei Thomas entrelaçando suas mãos nas mãos de Jeniffer, ela não recuou. Voltei meus olhos a Kate e esperei aquela cena acabar.

Quando terminou, todos tomaram seu rumo, Thomas, Jennifer e Joe despediram-se de mim, mas Sarah só abanou um até mais de longe. Não engoli seu jeito frio e distante, tinha que tomar alguma atitude.

Horas depois, ao sair de casa, peguei meu chevet e fui até a casa de Sarah saber de uma vez o que estava acontecendo com ela. Não estava chovendo muito como antes, mas estava chuviscando. Chegando até a casa dela, desci do carro e deparei-me com sua casa de dois andares. Algumas janelas estavam com luzes acesas, a porta de entrada também. Toquei a campainha e aguardei. Uma mulher estranha vestida de empregada doméstica atendeu com a expressão desconfiada. O cheiro de seu sangue estava exalando e já havia algumas horas que me alimentei, eu estava faminta. Sem contar que eu nem sequer experimentei sangue humano vindo da veia e quente desde que me transformei. Ela abriu a porta. – quem é você? – perguntou ela.

– Amiga de Sarah, vim falar com ela.Ela fez que não com a cabeça. – sinto muito, ela não

está. – Onde ela está? – perguntei absolutamente não

convencida. A mulher demorou pra responder. – onde ela está? –

perguntei novamente. – Não sei, volte outro dia – e quase fechou a porta. No momento em que a mulher fora fechando a porta,

senti o cheiro azedo de Sarah exalando do andar de cima. – tudo bem – eu disse.

Ela fechou a porta e segundos depois voei até a janela do quarto perto de onde Sarah estava. Esperei que ela fosse até onde eu estava. – Quem era, Kate? – perguntou Sarah à mulher que me atendeu. – era uma garota dizendo ser sua amiga, mas você disse que não queria receber ninguém hoje, disse que você não estava e ela acreditou. Acho que já foi

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embora. O nome da mulher era Kate, mesmo nome que da minha mãe. – Isso, você fez bem. Como ela era? – Sarah perguntou enquanto eu a esperava no quarto. – era mais ou menos do seu tamanho, cabelos pretos longos, rosto bonito, corpo bonito e olhos pretos. E tem peitos grandes – Kate disse e riu.

Eu também ri. – Alice? Não pode ser ela, ela é super anti-social e não

viria até aqui. Não pode ser ela – Sarah disse, caminhando até o quarto onde eu estava esperando.

Sarah abriu uma cara de surpresa que nem mesmo eu abrira minha vida toda.

– Alice? – arregalou os olhos e fechou a porta. – o que você está fazendo aqui? Quer dizer, como entrou aqui? – perguntou ela.

– Você decide bancar a anti-social e eu tento bancar a preocupada, que tal? Agora falando sério, chega de desculpas e mentiras. Você não está nada bem, você me conta de verdade o que está acontecendo ou não precisamos mais ser amigas.

Sarah fez cara de cansada. – não é nada, só estou desanimada e cansada. Que droga, não pode me deixar em paz? – queixou-se ela.

Revirei os olhos e dei de ir embora. – bem, se é só isso que tem pra dizer, estou de saída – e caminhei até a porta para ir embora.

Minutos antes que eu saísse, ela mudou de idéia. – Espera. Eu sorri e dei meia volta. – e então? Sarah sentou-se e respirou fundo, mas não sentia mais

sua respiração, assim como Joe. Antes eu podia sentir a respiração dela, não mais.

– Você vai achar que estou louca, é melhor não falar nada – e apertou as pálpebras.

– Não julgo nada e ninguém, você sabe disso. Só quero saber o que está havendo.

– Desde a formatura, quando cheguei até em casa e fui dormir, coisas estranhas vem acontecido comigo, não sei explicar perfeitamente. Cheguei até em casa com a carona de Joe, mas não aconteceu nada entre nós. Tomei banho e no momento em que fui dormir, costumo colocar meu abajur do lado da minha cama. Ao fechar os olhos, senti a luz do abajur piscando. Ligava e desligava o tempo todo, então decidi desligar a tomada. Só que segundos depois, o abajur

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continuou piscando. Olhei até a tomada e vi que estava desligada. Como é possível? Mesmo assim, fechei os olhos e dormi. No outro dia, acordei com olheiras, com o cabelo horrível e meu corpo cheio de manchas. E sem falar no mau-humor exalante que estava me dominando. De hora em hora, sentia um jato de choque no meu pé direito, um choque muito forte. Ainda sim, fui pra escola com tudo isso acontecendo. E como você viu, aconteceu aquilo com a caneta. Ela simplesmente grudou em mim, parece que eu a atraí de algum modo. Passando isso, fui pra casa e não conseguia dormir por mais que tentasse, meu corpo estava completamente elétrico. Fui tomar banho novamente e outra coisa aconteceu, observei em volta de mim enquanto a água caía sobre meu corpo e estava simplesmente exalando eletricidade. Fazia até barulho, o incrível é que eu apenas senti cócegas, uma sensação deliciosa. Comecei a sorrir, mas o chuveiro queimou minutos depois. Saindo do chuveiro o sono finalmente apareceu, e todo processo se repetiu. Hoje, quando acordei observei meu pé e havia algo nele. – ela tira seu scarpã branco e mostra-me uma cicatriz da forma . Meus olhos exalaram medo, pois a partir daquele momento eu lembrei-me exatamente de um trecho do livro que li.

“O Feiticeiro do raio: Costumam ser agitados, espoletas e apressados. Além de terem um poder extremamente temido por todos os outros Feiticeiros. Eles extraem a eletricidade do raio e trovões e até mesmo materiais elétricos, podem causar trovões, matar pessoas esturricadas, tem magnetismo ampliado. Sua cicatriz se encontra no pé direito ou esquerdo, isso varia muito. Seu dom-chave = solta raio pelos olhos.” eu sabia exatamente o que estava havendo com ela, ela simplesmente se transformou numa feiticeira, ou melhor, numa feiticeira do raio. Eu não poderia explicar nada a ela, apenas fingir estar surpresa e demonstrar que acreditei nela.

– Que coisa estranha, isso surgiu no seu pé do nada? – perguntei.

Ela fez que sim com a cabeça. – Alice, eu estou com medo. Não sei o que está acontecendo comigo – Sarah disse e chorou. Eu fui até ela e abracei-a.

– Eu acredito completamente em você, admiro sua coragem em me contar. Calma, você vai saber o que está acontecendo. Tudo vai se resolver. Tenho muita coisa ainda pra te contar sobre mim, mas você não está preparada. Um dia eu te conto tudo. E sobre você, tudo vai se resolver. – e como sabe que vai se resolver? – perguntou.

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– Não sei, eu simplesmente sei. Sarah riu amarelo. – Que bom que acredita em mim.

Desci as escadas, cumprimentei Kate e fui até a porta de entrada para ir embora.

– A gente se vê Sarah. Fica bem – eu disse e caminhei até meu chevet. Já era noite, uma noite linda a propósito. A lua cheia iluminava tudo, linda e grande. Minha cabeça estava cheia de coisas, eu precisava relaxar. Fui até o primeiro bar que achasse. Ao avistá-lo, vi que o nome estava escrito em roxo fluorescente. “Grill’s bar” era o nome. Saí do chevet e entrei. Ao entrar, vi que não estava lotado, mas estava um tanto cheio. Sentei-me perto do balcão e esperei pelo atendente. – qual vai ser? – perguntou um homem gordo, de barba e cabelos grisalhos da cor amarelado, acho que ele é fumante.

– Bloody Mary – pedi, sentindo um nó na garganta ao ouvir o nome da vodca, “Bloody” que sem o y, seria blood, que é tudo que queria pedir a ele, na verdade.

Ele riu. – você tem certeza que quer Bloody Mary? – perguntou o homem num tom gozador. – qual é o problema que eu queira essa bebida? – perguntei irritada.

– Nenhum, é só que uma menina como você... – disse e virou-se para buscar a bebida.

Tem razão, uma menina como eu pode sugar todo o seu sangue em um piscar de olhos. O homem chegou com a garrafa nas mãos e colocou a bebida dentro de um copo minúsculo e me deu. – aqui.

Virei o copo e sorri, eu nunca gostei de vodca quando era humana, mas o gosto do álcool agora era delicioso, porém eu sabia que cada gota daquela me faria mal, me deixaria fraca, o efeito de álcool, drogas e produtos químicos num vampiro é destruidor. Mas eu não dei à mínima, aquela bebida era a única coisa além de sangue que tinha um sabor gostoso. Depois do quinto gole, o homem olhou-me assustado.

– Menina, o que está havendo com você? Você está bem? Acho melhor parar de beber – e tirou a garrafa de perto de mim. Eu, que já estava um tanto alterada, fui agressiva com ele. – me dê isto agora.

Havia um armário de vidro de frente a mim, ao ver meu reflexo, vi do que o homem estava falando. Meus olhos estavam amarelos, a cor do meu rosto era esverdeada, manchas brancas por toda parte e minha boca, seca. Desde manhã que não me alimentava, estava no meu limite. Sem

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pensar, fui em direção ao homem, mas recuei ao sentir o cheiro fedorento e químico de seu sangue, olhei pro lado e vi uma garota com o sangue grosso e azedo, meu preferido. Transformei-me e fui em direção a ela prestes a acabar com sua vida, mas um braço musculoso e tatuado me impediu. – quanto deu a conta dela? – perguntou ele ao homem, ainda me segurando.

– cem dólares. – Aqui está – disse o cara, pagando minha conta sem que

eu pedisse. Eu estava zonza e faminta, um tanto alterada também. Sorria o tempo todo, queria abraçar todo mundo, eu estava sendo a simpatia e felicidade em pessoa. Olhei para o cara que estava me empurrando até a porta de saída do bar e em alguns segundos, vi que aquele cara era familiar. Ainda me empurrando até meu chevet, eu tentei sair dos braços dele, mas nem minha força vampiresca foi capaz de impedi-lo. – quem é você? – perguntei.

Ele riu. – você está mesmo chapada e está horrível. Ao ouvir sua voz e ver seu sorriso bonito, lembrei-me

perfeitamente quem ele era. Era Jason! – Jason? – perguntei e abri um sorriso. – Acho que não está tão chapada assim – e abriu um

sorriso largo.Pulei em seus braços e dei um abraço de urso em Jason.

Pulei mesmo, ele teve até que me segurar no colo. – que bom que está aqui, eu queria muito te ver de novo. Como me achou aqui? – perguntei.

– Vi seu chevet marrom ali fora.Fiz cara de cúmulo. – e como sabe que o chevet é meu? Jason desviou o olhar e ficou sério. – já está querendo

saber demais, entra aí, vamos embora – disse ele me empurrando pra dentro do carro. Dentro do carro, era Jason quem estava dirigindo. Meu coração estava batendo lentamente, acho que é por causa do álcool. Olhei para Jason dirigindo meu carro e meus olhos fecharam-se, simplesmente adormeci. Senti braços firmes voando comigo até a janela do meu quarto enquanto estava apagada. Senti Jason colocando-me na cama, depois disso meu sono tornou-se profundo demais para sentir qualquer coisa.

Abri os olhos com dores extremas dentro de mim, corri rapidamente até a geladeira e bebi todas as canecas que haviam de sangue no freezer. Depois, ao olhar-me no espelho, estava bela novamente. Ao encostar-me na janela da cozinha, lembrei-me de como agi ontem à noite, como eu

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estava ridícula. Senti algo no meu bolso, passei as mãos e peguei, era um bilhete que dizia: “Crie juízo e pare de beber, garota. E controle-se, tem sangue por todo lado, tem pra todos nós. Não precisa sair por aí querendo tudo. Se cuida, Jason.” Ao ler o bilhete, imaginei cara feia do Jason quando escreveu o bilhete. Isso me fez rir, ele era tão sério às vezes que era até engraçado. Amassei o bilhete e joguei-o no lixo. Ao me levantar, John estava plantado ao meu lado. – onde se meteu a noite toda? – perguntou.

– Fui a uma festa na casa de Sarah. Ele bufou, fez cara feia, não disse mais nada e preparou

suas torradas com café. – não devia estar no colégio? – perguntou. Arregalei os olhos. – nossa, perdi a noção do tempo. É

verdade, tenho que ir – eu disse, nem me arrumei e nem troquei de roupa, fui do jeito que estava. Olhei no relógio e vi que eu estava duas horas atrasada.

Chegando ao colégio, o inspetor encheu meus ouvidos com sermão.

– Eu nunca me atraso, é a primeira vez – expliquei. – Horário é horário, sinto muito, mas não irá entrar – e

cruzou os braços. Naquele momento, minha vontade foi hipnotizá-lo assim como os feiticeiros conseguem fazer. Mas tive uma idéia quase tão boa quanto. Fingi que aceitei e entrei pelos fundos. A porta estava trancada, mas arrombei-a com facilidade.

Chegando à aula de ciências, houve um comunicado que Nickolas havia pedido transferência. Lembrei-me de que ele fora pra Alemanha e pensei se ele estaria se divertindo lá.

– Não esqueci o que fez comigo – sussurrou Thomas atrás de mim. Quer dizer, todos estavam me encarando, cochichando coisas sobre mim. O que eu fiz, afinal?

– Como assim? – perguntei.Ele revirou os olhos. – não se faça de desentendida, você

agiu como um monstro comigo da última vez que brinquei com você. O que foi aquilo? Seus olhos mudaram de cor, seu rosto encheu-se de veias e você me jogou na parede com facilidade assustadora – ele disse.

Eu fiz isso? Isso não é possível, eu não me lembro de nada disso, de absolutamente nada. Quer dizer, não me lembro de nada antes da vez em que me despedi do Nickolas. Do que todos estavam falando?

– Thomas, eu não me lembro de nada disso.

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Ele puxou a manga de sua blusa e mostrou-me os curativos no ombro, além de estar andando de muletas. Sua perna direita estava quebrada.

– Não vou ferrar você, mas não brinco mais com você e não vou nem tentar ser seu amigo, eu quero distância de você – Thomas disse e saiu de perto não dando nem a chance de que eu respondesse alguma coisa.

Senti-me muito mal, todos não paravam de cochichar a meu respeito. Uns diziam “Olha ali aquela garota que ficou possuída e machucou Thomas” ou “Aquela não é a garota que quase matou o Thomas?” não agüentando escutar todos aqueles sussurros a meu respeito, levantei-me da sala e fui até o banheiro. Mas no corredor do banheiro, encontrei Joe.

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