alienação parental e proteção à criança e ao adolescente - jus navigandi

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Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço http://jus.com.br/artigos/25477 Para ver outras publicações como esta, acesse http://jus.com.br A alienação parental enquanto elemento violador dos direitos fundamentais e dos princípios de proteção à criança e ao adolescente Gabriela Cruz Amato Publicado em 10/2013. Elaborado em 10/2012. A falta do convívio familiar, que é impedido pelo alienador, acarreta danos psicológicos ao menor, violando seu direito fundamental à saúde (psíquica). Para uma criança se desenvolver de forma saudável, ela necessita reconhecer nos pais sentimentos de amor, carinho e afeto recíprocos. Resumo: O presente trabalho visa analisar os direitos fundamentais da criança e do adolescente à convivência familiar, à saúde (psíquica) e ao respeito, bem como os princípios de proteção à infância e adolescência da paternidade responsável, da absoluta prioridade e do melhor interesse do menor. O reconhecimento dos menores enquanto sujeitos de direitos fundamentais só foi possível, em âmbito nacional, a partir da Constituição Federal de 1988, que incorporou em seu texto a Doutrina da Proteção Integral. Contudo, atentase para o fato de que a condição de titulares dos direitos fundamentais adquirida pela infância e adolescência em período tão recente, está ameaçada pelo instituto da alienação parental, uma síndrome que pode se instaurar na relação familiar e, se torna mais evidente, a partir do rompimento afetivo do casal, onde têm início as disputas pela guarda da prole. Palavraschave: Direitos fundamentais; Princípios de proteção à infância e adolescência; Alienação parental. Sumário: Introdução; 1. Direitos fundamentais: breve análise; 2. A criança e o adolescente enquanto titulares de direitos fundamentais; 3. Os princípios de proteção à criança e ao adolescente; 4. A alienação parental enquanto elemento violador dos direitos fundamentais e dos princípios de proteção à criança e ao adolescente; Conclusão; Referências bibliográficas. INTRODUÇÃO O presente trabalho abordará a alienação parental enquanto elemento violador dos direitos fundamentais e dos princípios de proteção à criança e ao adolescente. A análise se desenvolverá a partir de breves considerações acerca dos direitos fundamentais, sua conceituação e abrangência, abordandose a opção pela denominação direitos fundamentais e sua distinção com relação à terminologia direitos humanos. Estas considerações terão por objetivo afirmar que os menores são titulares de direitos fundamentais, ao passo que tal condição só foi reconhecida à infância e adolescência a partir da mudança do paradigma da Doutrina da Situação Irregular, para a Doutrina da Proteção Integral. A Doutrina da Proteção Integral está expressa no artigo 227, caput da Constituição Federal de 1988, o qual estabelece uma série de direitos fundamentais inerentes às crianças e adolescentes, dentre os quais serão destacados os direitos fundamentais à convivência familiar, à saúde (psíquica) e ao respeito. Também através da Doutrina da Proteção Integral surgiram os princípios básicos de proteção aos menores, como o princípio da paternidade responsável, que tem como núcleo o dever de cuidado dos pais para com os filhos; os princípios da absoluta prioridade e do melhor interesse do menor, os quais têm por finalidade sobrepor a defesa dos interesses dos menores em relação aos interesses dos demais, visando proteger, prioritariamente a pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. Se verificará, ainda que brevemente, que em âmbito internacional os direitos da criança e do adolescente vêm sendo pensados desde a Convenção de Genebra de 1924, perpassando a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a Declaração dos Direitos da Criança de 1959, culminando com a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, que foi de suma importância para a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente, no Brasil. Em âmbito nacional, se analisará a importância da Constituição Federal de 1988 para a consagração dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, adotando uma postura de vanguarda, pois propiciou o reconhecimento dos menores enquanto sujeitos de direitos fundamentais, antes mesmo da aprovação, pela Assembleia Geral da ONU, da inovadora Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989.

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Trabalho que trata de aspectos juridicos da alienação e síndroma da alienação parental.

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  • 30/04/2015 AlienaoparentaleproteocrianaeaoadolescenteJusNavigandi

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    EstetextofoipublicadonositeJusNavigandinoendereohttp://jus.com.br/artigos/25477Para ver outras publicaes como esta, acessehttp://jus.com.br

    Aalienaoparentalenquantoelementovioladordosdireitosfundamentaisedosprincpiosdeproteocrianaeaoadolescente

    GabrielaCruzAmato

    Publicadoem10/2013.Elaboradoem10/2012.

    A falta do convvio familiar, que impedido pelo alienador, acarreta danos psicolgicos aomenor,violandoseudireitofundamentalsade(psquica).Paraumacrianasedesenvolverde forma saudvel, ela necessita reconhecer nos pais sentimentos de amor, carinho e afetorecprocos.

    Resumo:Opresentetrabalhovisaanalisarosdireitosfundamentaisdacrianaedoadolescenteconvivnciafamiliar,sade(psquica)eaorespeito,bemcomoosprincpiosdeproteoinfnciaeadolescnciadapaternidaderesponsvel,daabsoluta prioridade e do melhor interesse do menor. O reconhecimento dos menores enquanto sujeitos de direitosfundamentaissfoipossvel,emmbitonacional,apartirdaConstituioFederalde1988,queincorporouemseutextoaDoutrina da Proteo Integral. Contudo, atentase para o fato de que a condio de titulares dos direitos fundamentaisadquiridapela infnciaeadolescnciaemperodotorecente,estameaadapelo institutodaalienaoparental,umasndromequepodeseinstaurarnarelaofamiliare,setornamaisevidente,apartirdorompimentoafetivodocasal,ondetmincioasdisputaspelaguardadaprole.

    Palavraschave:DireitosfundamentaisPrincpiosdeproteoinfnciaeadolescnciaAlienaoparental.

    Sumrio:Introduo1.Direitosfundamentais:breveanlise2.Acrianaeoadolescenteenquantotitularesdedireitosfundamentais3.Osprincpiosdeproteocrianaeaoadolescente4.AalienaoparentalenquantoelementovioladordosdireitosfundamentaisedosprincpiosdeproteocrianaeaoadolescenteConclusoRefernciasbibliogrficas.

    INTRODUO

    Opresentetrabalhoabordaraalienaoparentalenquantoelementovioladordosdireitosfundamentaisedosprincpiosdeproteo criana e ao adolescente. A anlise se desenvolver a partir de breves consideraes acerca dos direitosfundamentais, sua conceituao e abrangncia, abordandose a opo pela denominao direitos fundamentais e suadistinocomrelaoterminologiadireitoshumanos.Estasconsideraesteroporobjetivoafirmarqueosmenoressotitulares de direitos fundamentais, ao passo que tal condio s foi reconhecida infncia e adolescncia a partir damudanadoparadigmadaDoutrinadaSituaoIrregular,paraaDoutrinadaProteoIntegral.

    ADoutrinadaProteoIntegralestexpressanoartigo227,caputdaConstituioFederalde1988,oqualestabeleceumasrie de direitos fundamentais inerentes s crianas e adolescentes, dentre os quais sero destacados os direitosfundamentaisconvivnciafamiliar,sade(psquica)eaorespeito.TambmatravsdaDoutrinadaProteoIntegralsurgiramosprincpiosbsicosdeproteoaosmenores,comooprincpiodapaternidaderesponsvel,quetemcomoncleoodeverdecuidadodospaisparacomosfilhososprincpiosdaabsolutaprioridadeedomelhorinteressedomenor,osquaistmporfinalidadesobreporadefesadosinteressesdosmenoresemrelaoaosinteressesdosdemais,visandoproteger,prioritariamenteapessoaemcondiopeculiardedesenvolvimento.

    Se verificar, ainda que brevemente, que em mbito internacional os direitos da criana e do adolescente vm sendopensadosdesdeaConvenodeGenebrade1924,perpassandoaDeclaraoUniversaldosDireitosHumanosde1948,aDeclaraodosDireitosdaCrianade1959,culminandocomaConvenosobreosDireitosdaCrianade1989,quefoidesumaimportnciaparaaelaboraodoEstatutodaCrianaedoAdolescente,noBrasil.Emmbitonacional,seanalisaraimportnciadaConstituioFederalde1988paraaconsagraodosdireitos fundamentaisdacrianaedoadolescente,adotando uma postura de vanguarda, pois propiciou o reconhecimento dos menores enquanto sujeitos de direitosfundamentais,antesmesmodaaprovao,pelaAssembleiaGeraldaONU,dainovadoraConvenosobreosDireitosdaCrianade1989.

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    Entretanto, os direitos fundamentais dos menores, em termos histricos, recentemente reconhecidos pela ConstituioFederalde1988,poderoestarameaadospeloinstitutodaalienaoparental,quesetratadeumasndromequepodeseinstaurarnarelao familiar, tornandosemaisevidenteapartirdorompimentoafetivoentreocasal,ondeaguardadomenorpassaaserobjetodedisputaentreeles.Aalienaoparentalenvolvetrssujeitos:oalienador,ogenitoralienadoeomenor alienado. O alienador passa a transmitir informaes falsas sobre o genitor alienado, fazendo com que omenoralienadopassearepudilo.Omaiorprejudicadonestarelaocertamenteseracrianaeoadolescente,emvirtudedesuacondiopeculiardepessoaemdesenvolvimento.Comisso,severificarqueaalienaoparentalpoderviolarosdireitosfundamentaisdacrianaedoadolescente,principalmenteosdireitosconvivnciafamiliar,suasade(psquica),bemcomo, ainda, o direito ao respeito. Poder violar tambm os princpios de proteo infncia e adolescncia, como apaternidaderesponsvel,aabsolutaprioridadeeomelhorinteressedomenor.

    1.DIREITOSFUNDAMENTAIS:BREVEANLISE

    DesdeaDeclaraodosDireitosHumanos,em1948,osdireitosfundamentaisvmadquirindoumsignificadoeimportnciacadavezmaior. IstoseverificapelaincorporaodedireitosfundamentaissConstituiescontemporneas ,taiscomoade Portugal, Espanha, Brasil, entre outras. Nas democracias ocidentais, embora as formas de garantir os direitosfundamentaispossamserdiferentes,existecertaconformidadeemrelaoaoseucontedoeinterpretao.

    Nestenorte,paraHesse,osdireitosfundamentaisdevemcriaremanterascondieselementaresparaassegurarumavidaemliberdadeeadignidadehumana.Entretanto,reforaquealiberdadedoindivduossepodedarnumacomunidadelivre,eviceversa,isto,aliberdadereferidapeloautoraquelaquepressupesereshumanoslivresparadeterminarsuasprprias escolhas.Hesseaindaafirmaqueosdireitos fundamentaispossuemumduplo carterde significao,ou seja,garantema liberdade individuale limitamopoderestatal. Nestamesma linhadepensamento,Dimoulis eMartinsafirmamqueosdireitosfundamentaissodireitospblicosubjetivosdepessoas(fsicasoujurdicas) frenteaoEstado,tendocomofinalidadelimitaroexercciodopoderestatalemfacedaliberdadeindividual.

    Aoafirmarqueasnormasdedireitosfundamentaispossuemumcontedodistinto,Nipperdeyconduzideiadequeorealsignificadodosdireitosfundamentaisspoderseridentificadoluzdocasoconcreto.ReferequedireitosfundamentaissodireitospblicosubjetivosdoparticularperanteoEstado,contudo,ressaltaqueasdeterminaesdispostasnocatlogode direitos fundamentais no contm apenas direitos do particular frente ao Estado, mas garantem, alm disso esimultaneamente, a instalao jurdica como tal, protegida legalfundamentalmente diante de intervenes estataisconcretas,comocasamentoefamlia[...].Estasgarantias,atuamcontraprejuzosdoparticularpeloEstado,entretanto,protegemnamedidaemqueosparticularesrespeitaremtaisgarantias.

    Para Alexy, as normas de direitos fundamentais de um sistema jurdico so compostas por dois fatores, a suafundamentalidadeformalesuafundamentalidadesubstancial.Embrevesntese,afundamentalidadeformaldeumanormadedireitofundamentaldecorredopicedaestruturaescalonadadoordenamentojurdico,comodireitosquevinculamdiretamente o legislador, o Poder Executivo e o Judicirio bem como a fundamentalidade substancial dos direitosfundamentaisquesesomafundamentalidadeformaldizcomasdecisessobreaestruturanormativabsicadoEstadoedasociedade.Oautorconsideraquecomauniodeambasasteses,dafundamentalidadeformaledafundamentalidadesubstancial,podeseafirmarqueasnormasdedireitosfundamentaisdesempenhamumpapelcentralnosistemajurdico.

    Osdireitos fundamentaissoconsideradoselementosdaordemjurdicaobjetiva, integrandoumsistemaaxiolgicoqueatuacomofundamentomaterialdetodooordenamentojurdico. ParaCanotilho,apositivaodedireitosfundamentaissignifica a incorporao na ordem jurdica positiva dos direitos considerados naturais e inalienveis do indivduo.Entretanto ressalta o autor queno se trata de qualquer positivao,mas especificamente de umapositivao que lhesoferea status de direitos fundamentais, portanto, s poderia ser em mbito constitucional. Refere ainda que sem estapositivaoosdireitosdohomemsoesperanas,aspiraes,ideais,impulsos,ouat,porvezes,meraretricapoltica,masnodireitosprotegidossobaformadenormas(regraseprincpios)dedireitoconstitucional(Grundrechtsnormen).

    Apositivaoconstitucionaldosdireitosfundamentaisnodissolvenemconsomequeromomentodejusnaturalizaoquerasrazesfundamentantesdosdireitosfundamentais(dignidadehumana,fraternidade,igualdade,liberdade). NoBrasil,aConstituioFederalde1988,abrangeumextensoroldedireitosfundamentais,emseuTtuloII(dosDireitoseGarantiasFundamentais),entretanto,valedizerqueesterolnotaxativo,podendoseverificaroutrasnormasdedireitosfundamentaisesparsaspelotextoconstitucional.

    Feitasestascolocaes,importanteanalisar,aindaquebrevemente,aquestodatitularidadedosdireitosfundamentais.NaesteiradeSarlet,inicialmente,devesedistinguirasexpressestitularedestinatriodedireitosfundamentais,ressaltandoquetaisexpressesnodevemserutilizadascomosinnimas.Nessesentido,refereque:

    Titulardodireito,notadamentenaperspectivadadimensosubjetivadosdireitosegarantiasfundamentais,quemfiguracomo sujeito ativoda relao jurdicosubjetiva, aopassoquedestinatrio a pessoa (fsica ou jurdica oumesmoentedespersonalizado)emfacedaqualotitularpodeexigirorespeito,proteooupromoodoseudireito.

    Vale mencionar, ainda em conformidade com Sarlet, que o direito constitucional positivo recepcionou o princpio dauniversalidade, o que se depreende semmaiores dificuldades a partir de uma interpretao sistemtica . Assim, deacordo com o princpio da universalidade, todas as pessoas, pelo fato de serem pessoas so titulares de direitos

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    fundamentais.Canotilho,discorrendosobreoprincpiodauniversalidade,asseveraqueoprocessodefundamentalizao,constitucionalizao e positivao dos direitos fundamentais colocou o indivduo, a pessoa, o homem, como centro datitularidadededireitos.

    H que se registrar a polmica controversa que persiste no que tange diferena entre a titularidade de direitosfundamentaiseacapacidadejurdicareguladapeloCdigoCivil,sendoatitularidade,paraalgunsefeitos,seguramentemaisamplaqueacapacidadejurdica.NombitodoDireitoConstitucional,adistinoentrecapacidadedegozoecapacidadedeexercciovemsendosuperada,poisaprimeiratemsidoidentificadacomatitularidade.CitandoJorgeMiranda,Sarletafirma que a titularidade de um direito (portanto a condio de sujeito de direitos fundamentais) abrange sempre acorrespondentecapacidadedeexerccio,concluindoqueadeterminaodatitularidadedosdireitosfundamentaisdeveseranalisadaluzdocontedodecadanormadedireitofundamental,bemcomo,docasoconcreto. Canotilhoapresentaaseguintesoluoparaadiferenaentretitularidadeecapacidadededireitos,paraocasodosmenores:

    [...] possvel indicar a mensagem geral da constituio quantoaos direitos fundamentais demenores: os menores tm em regra(prima facie) os mesmos direitos dos adultos, admitindoseexcepes (sobretudo quanto ao exerccio) quando da natureza dodireito em causa se possa extrair metdicointerpretativamente alegitimidade de restries nos termos do regime especfico dosdireitos,liberdadesegarantias.

    2.ACRIANAEOADOLESCENTEENQUANTOTITULARESDOSDIREITOSFUNDAMENTAIS

    Estas consideraes preliminares tm por objetivo afirmar que a criana e o adolescente so titulares de direitosfundamentais. ParaDimoulis, a titularidadede tais direitos alcana osmenores, pois, vale a regra que o exerccio dosdireitosdeveseramplamentereconhecidoe,namedidaemqueamaturaobiolgicaopermite,ascrianasdevemserouvidas,eseusdireitos,respeitados. Oartigo3doEstatutodaCrianaedoAdolescenteemconformidadecomoquedispe o artigo 227 da Constituio Federal preceitua que a criana e o adolescente gozam de todos os direitosfundamentaisinerentespessoahumana,semprejuzodaproteointegral,conferindocrianaeoadolescentestatusdesujeitosdedireitosfundamentais.

    ParaFachinetto,reconheceracrianaeoadolescentecomosujeitosdeplenosdireitos,spossvelapartirdaconsolidaodeumnovoparadigma,substituindoaantigaDoutrinadaSituaoIrregularpelainovadoraDoutrinadaProteoIntegral,aqual parte do pressuposto [...] de que todos os direitos das crianas e dos adolescentes devem ser reconhecidos e seconstituememdireitosespeciaiseespecficospelacondioqueostentamdepessoasemdesenvolvimento. Sobreestamudanadeparadigmaemrelaoproteodomenor,refereEliasqueadoutrinaquepredominanoEstatutodaCrianaedoAdolescente adaproteo integral conformedispeoartigo 1do referidoEstatuto , ao contrriodoCdigodeMenores,quesomenteeraaplicadonoscasosemqueomenorseencontravaemsituaoirregular.Nobastavaapenasseroindivduomenor de idade, era necessrio verificar a situao em que se encontrava, em que pese no houvesse umadefinioespecficasobreoqueseriasituaoirregular. Dequalquersorte,nose tratavadeumreconhecimentodedireitosaosmenores.

    Valereferirque,emmbitointernacional,apreocupaocomaproteodosmenoresjvemdelongadata.AConvenodeGenebrade1924, jafirmavaanecessidadedeproclamarumaproteoespecialdestinada infncia. ADeclaraoUniversaldosDireitosHumanosde1948tambmteveimportantepapel,explicitandoqueamaternidadeeainfnciatmdireitoaajudaeaassistnciaespeciais,almdegarantirquetodasascrianas,nascidasdentroouforadomatrimnio,gozamdamesmaproteosocial. Em1959aAssembleiaGeraldaONUadotouaDeclaraodosDireitosdaCriana,quetratoudosdezprincpiosgeraisdeproteoinfncia. Masomarcointernacionalnodesenvolvimentodaregulamentaodosdireitosfundamentaisdacrianaedoadolescentesedeuem1989,comaConvenosobreosDireitosdaCriana,quesepreocupouemdescreverminuciosamenteasdiretrizesaseremseguidaspelosEstadosmembrosnodesenvolvimentodalegislaointernadeproteoinfncia. ConvmmencionarqueaDeclaraosobreosDireitosdaCrianade1989foiincorporadapeloordenamentojurdicobrasileiro,atravsdoDecreton99.710,de21denovembrode1990.

    Emquepeseaimportnciadestesdocumentosinternacionaisdeproteoaosmenores,nohcomodeixarderessaltaraposturadevanguardadoBrasil,aoassumir,em1988,ocompromissocomaDoutrinadaProteoIntegral,antecipandose aprovaodaConveno sobre osDireitos daCriana, que foi de suma importncia para a elaboraodoEstatutodaCriana e do Adolescente de 1990. Sendo assim, a Doutrina da Proteo Integral est descrita no artigo 227 daConstituioFederalde1988,oqualassegura,enquantodeverdafamlia,dasociedadeedoEstado,aprioridadeabsolutaaosinteressesdacrianaedoadolescente.

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    AfirmaEliasqueemsuma,podesedefiniraproteointegralcomosendoofornecimento,crianaeaoadolescente,detodaaassistncianecessriaaoplenodesenvolvimentodasuapersonalidade. AfamliaeoEstadotmessedeverdeproteointegraldomenordeformaconjunta, sendoqueaentidadefamiliarresponsabilizasepeloscuidadosprimeirosediretos,tendoemvistasuacondiodemaiorproximidade,aopassoqueoEstadodevepossibilitarqueafamliaexeraestescuidadosatravsdaimplementaodepolticaspblicas.

    Nocaptuloquese refere famlia,criana,aoadolescente,ao jovemeao idoso,aConstituioFederal fazmenoadiversosdireitosfundamentaisdestinadoscrianaeaoadolescenteeaojovem ,especialmentenocaputdoartigo227.Dentreestesdireitosfundamentaisquetmportitularesacriana/adolescenteeagoratambmojovem ,podemserdestacados os direitos fundamentais convivncia familiar, sade (aqui analisada em sua dimenso psquica) e aorespeito, por se entender que estes so os direitos fundamentais commaior potencial de violao perante a alienaoparental.

    Aconvivnciafamiliar,portanto,umdireitofundamental,garantidopelaConstituioFederalcomabsolutaprioridadecrianaeaoadolescente,porsecompreenderquea famliaamatrizdasociedadeenelao indivduodesenvolvesuasprimeiras experincias interpessoais. Entretanto, h que se mencionar que a famlia contempornea estconsubstanciadaemnovoselementos,atualmente,osrelacionamentossomaissimplesesuaduraopodesermensuradapelo afeto. O direito de conviver em famlia, refere Fachinetto, faz parte de exclusivo rol de direitos fundamentaisalcanveissomenteaopblicoinfantojuvenil, nestecontexto,afirmaoautorqueconferiressedireitofundamentalcrianaeaoadolescentecomocoloclosemsituaodeigualdadeemrelaoaosadultos,aopassoquenesta,omenorrepresentaapartemaisfrgil.

    Odireitofundamentalsade(psquica)estdiretamenterelacionadoaodireitofundamentalconvivnciafamiliar,poisuma convivncia familiar saudvel assegura um melhor desenvolvimento psquico do menor, bem como de suascapacidadesehabilidadesfuturas .Sarletafirmaquenorestamdvidasdequeadignidadedapessoahumanaenglobanecessariamenterespeitoeproteodaintegridadefsicaeemocional(psquica)emgeraldapessoa. ParaPereira,aestruturaopsquicadossujeitossefazesedeterminaapartirdarelaoqueeletemcomseuspais.Econcluioautorqueosdireitosdacrianaedoadolescentenopodemserconsideradosapenascomoumconjuntodecompetnciasatribudasaospais,convertendoseemumconjuntodedeveresparaatenderomelhorinteressedofilho,principalmentenoquetangeconvivnciafamiliar.

    Osmenorespossuemdireitofundamentalaorespeitoemrazodesuacondiopeculiardepessoaemdesenvolvimento.TaldireitodecorrediretamentedaDoutrinadaProteoIntegral,aqualpropiciouamudanadeposicionamentoda

    crianaedoadolescentefrenteaoEstado,tendopassadodeobjetodatutelaEstatal,asujeitodedireitosfundamentais.Valedizer,passaramaterreconhecidaasuacondiodetitularesdosdireitosfundamentais,osquaisdevemsergarantidoscomabsolutaprioridade. Odireitoaorespeitoimpeapreservaodaintegridadefsica,psquicaemoraldacrianaedoadolescente.Noquetangeintegridadepsquicadosmenores,ressaltasequesuapreservaorevestesedeimportnciavitalparaodesenvolvimentoemocionaladequado,necessrioatodoindivduo.

    3.OSPRINCPIOSDEPROTEOCRIANAEAOADOLESCENTE

    AConstituioFederaltambmestabeleceprincpios, reconhecidos,porAlexy,comomandamentosdeotimizao,queso caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados, e ainda, pelo fato de que amedida devida de suasatisfaonodependesomentedaspossibilidadesfticas,mastambmdaspossibilidadesjurdicas. ParaCanotilho,osprincpiossonormasjurdicasimpositivasdeumaoptimizao,compatveiscomvriosgrausdeconcretizao,consoanteoscondicionalismosfcticosejurdicos. Dadecorreanecessidadedeseanalisarosprincpiosdadignidadedapessoahumana,dapaternidaderesponsvel,daabsolutaprioridadeedomelhorinteressedacriana/adolescente.

    Adignidadehumanainerenteaoser .luzdopensamentoKantiano,Sarletconsideraqueadignidadeirrenunciveleinalienvel,constituindoelementoquequalificaoserhumanocomotaledelenopodeserdestacado. Sarletaindaafirmaqueadignidadedapessoahumana,nasuacondiodeprincpiofundamentalenasuarelaocomosdireitosedeveresfundamentais[...]possuiumadupladimenso(jurdica)objetivaesubjetiva. Assim,esclareceoautor:

    Na sua perspectiva principiolgica, a dignidade da pessoa atua,portanto no que comunga das caractersticas das normasprincpioemgeralcomoummandadodeotimizao,ordenandoalgo (no caso aproteo epromoodadignidadedapessoa)quedeve ser realizado na maior medida possvel, considerando aspossibilidades fticase jurdicasexistentes,aopassoqueas regrascontmprescriesimperativasdeconduta[...].

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    Comaconstitucionalizaodoprincpioemanlise,ficouexpressaaescolhaEstataldeproteopessoa,comenfoquenatuteladapersonalidadedoscomponentesdafamlia, jqueaprpriaConstituioFederalconsideraqueafamliaabaseda sociedade emerece especial proteodoEstado. Desta forma, visualizase esta preocupao especial com apessoacriana/adolescente,quandoaConstituiogaranteprioridadeabsolutaaosdireitosdacrianaedoadolescentetendoporfinalidadegarantiroplenodesenvolvimentohumanocombaseemsuadignidade.

    Apaternidaderesponsveltratasedeumprincpioquepossuicertocarterpolticoesocial, namedidaemqueimpeaos pais um dever de responsabilidade para com a prole. Podese dizer que o princpio em anlise constitui umdesdobramento dos princpios da dignidade da pessoa humana, da responsabilidade e da afetividade. Contudo, umprincpio quemerece autonomia, pois paternidade ematernidade possuem um valor fundamental na vida da pessoa,principalmentequandoseencontraemfasededesenvolvimento,comoocasodacrianaedoadolescente.

    Barbozasustentaqueaexpressopaternidaderesponsveldeveriasersubstitudaporparentalidaderesponsvel,hajavistaqueotermopaternidadedenotaacondioouqualidadedepaiouarelaodeparentescoquevinculaopaiaseusfilhos,aopassoqueapalavraparentalidadeexpressatodooalcancedodispositivoconstitucional,quesedestinaaospais,ouseja,aohomememulherouaocasalque,noexercciodesuaautonomiareprodutiva,promoveumprojetoparental. Oprincpiodapaternidaderesponsvelouparentalidaderesponsvelpodesertraduzidocomoumdeverdecuidadodospaisparacomosfilhos.

    Ocuidadoreconhecidocomovalorimplcitodoordenamentojurdico,hajavistaquevinculaasrelaesdeafeto,desolidariedade e de responsabilidade. O cuidado possui ainda um importante papel na interpretao e aplicao dasnormasjurdicas,poisconduzacompromissosefetivoseaoenvolvimentonecessriocomooutro,comonormaticadaconvivncia. Reconhecidoenquantovalorjurdico,econsideradoemsuadimensodealteridade,reciprocidadeecomplementariedade,ocuidadoexaltaagrandezadocontedodapaternidaderesponsvelepermiteexplicitartodososdeveresdospais.

    Noquetangeaoprincpiodaabsolutaprioridade,PereiraJniorreferequesetratadeumprincpioconstitucional,queimpecoletividade entidadespblicas,privadasecidados odever inafastvel absoluto decuidarcomatenoprioritriadasnecessidadesdacrianaedoadolescente,devidosuacondiopeculiardepessoaemdesenvolvimento.ParaLiberati,porprioridadeabsoluta,deveseentenderqueacrianaeoadolescentedeveroestarsempreemprimeirolugar na escala de preocupao dos governantes devese entender que primeiro devem ser atendidas todas asnecessidadesdascrianaseadolescentes,porrepresentaremomaiorpatrimniodeumanao.

    AduzPereira,sobreoprincpiodomelhorinteressedacrianaedoadolescente,queesteassentasuasbasesnamudanahavidanaestruturafamiliarnosltimostempos,pormeiodaqualeladespojousedesuafunoeconmicaparaserumncleodecompanheirismoeafetividade. Sobreoteordesteprincpio,refereoautorqueefetivamentessepodedizeroque o melhor para o menor a partir do caso concreto, isto , naquela situao real, com determinados contornospredefinidos. ParaAzambuja,oprincpiodomelhorinteressedacriana,nosetratadeconceitofechado,definidoeacabadoeserelacionadiretamentecomadignidadedapessoahumana,poisnohcomopensaremdignidadehumanasem considerar as vulnerabilidades humanas, passando ordem constitucional a dar precedncia aos direitos e sprerrogativasdegruposqueseapresentamefetivamentemaisfrgeis,comoocasodosmenores.Aautoraaindaafirmaqueacondiodevulnerabilidadeinerenteinfnciaeadolescncia,portanto,encontramseemsituaodesfavorvelemrelaoaosadultos,porisso,justificaseumaaparentequebradoprincpiodaigualdade,demodoqueseestabeleaumsistemaespecialdeproteo,porpartedoordenamentojurdicoafimdequeprevaleaomelhorinteressedacriana,emdetrimentodointeressedosadultos.

    4.AALIENAOPARENTALENQUANTOELEMENTOVIOLADORDOSDIREITOSFUNDAMENTAISEDOSPRINCPIOSDEPROTEOCRIANAEAOADOLESCENTE

    Entretanto, os princpios constitucionais e os direitos fundamentais destinados criana e ao adolescente podem estarameaadose,atmesmo,podemservioladosnombitodaprpriafamlia.Oproblemasedestacanomomentoemqueoafetoseesvaneceeoscasaisoptampelofimdaunio.nestecontextoquesurgemosmaioresconflitos,principalmentequandosubsisteaprole,pois,almdeseparaesseremsempredolorosas,haverquesediscutiraquestodaguarda.Quando surge a necessidade de determinar quem ser o guardio dos filhos frutos da relao rompida, em certascircunstncias,poderterincioadenominadaalienaoparental.

    Aalienaoparentalconsistenoatodealienarofilhodocontatocomooutrogenitor,demaneirainjustificada,implantandoinformaes falsas sobre o genitor alienadonamente domenor, fazendo comque este acredite que sejamverdadeiras,afetando,necessariamente,aconvivnciafamiliar.ASndromedaAlienaoParentalfoiassimdenominadaporGardner,emmeadosdosanos 1980, e, apsalguns reparos, hojedefinida como um transtornopsicolgico que envolve oalienador,ogenitoralienadoeaprole,sujeitosdaalienao.

    A SAP, Sndrome da Alienao Parental, foi descrita por Gardner como sendo um distrbio infantil, que surge,principalmenteemcontextosdedisputapelaposseeguardadefilhos .AlgunsautorescomoSilvaeResende,entendemqueestetranstornonotemorigemexatamentenomomentodaseparaodocasal,naverdadesocomportamentosqueremetemaumaestruturapsquicajconstituda,manifestandosedeumaformapatolgicaquandoalgosaidocontrole.

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    Verificasequeotranstornojexiste,porm,manifestaseapenasquandodesencadeadoorompimento.Nosetratadeumproblemanovo,massetornoumaisevidentenosdiasatuais,poisasdisputasdeguardavmadquirindo,aospoucos,algumequilbrio,quebrandosearegradaprimaziadaguardamaterna.

    ASAPacabase tornandoumaformademaltratoouabusoquepodeacarretarconsequnciasnegativaspara todososenvolvidospelasndrome,masnacrianaenoadolescentequerecaiasequelamaisprofunda,gerandonomenorumaconfusosobreoqueefetivamenterepresentamasfiguraspaternaematernaemsuavida, podendoaindarepetir taiscondutascomsuaprolefutura.Variadeacordocomaidadeamedidadeassimilaodaocorrnciadaalienao,porm,identificada a sndrome, o alienador e a prole, vtimas da alienao, juntamente com o genitor alienado devem sersubmetidosintervenoteraputicacomadevidacautelaparaqueosdanosnosealastrem.

    Para coibir a ameaa ou violao dos princpios constitucionais e direitos fundamentais destinados criana e aoadolescente,foicriadaaLeidaAlienaoParental(Lein12.318/2010),comoobjetivodepermitirqueomenornosofrarestriesaocontatocomsuafamlia,essencialparaodesenvolvimentodesuapersonalidadeeapreservaodesuasadepsquica. A atitude de alienar a prole da convivncia com o outro genitor, conforme refere o artigo 2 da Lei n.12.318/2010,podertercomosujeitosalienadores:opai,ame,osavsouaquelesquetenhamacrianaouadolescentesobsuaautoridade,atravsdatutelaouguarda.Nestesentido,prelecionaDiasque:

    [...]afinalidadeumas:levarofilhoaafastarsedequemoama.Talgeracontradiodesentimentose,muitasvezes,adestruiodovnculo afetivo. A criana acaba aceitando como verdadeiro tudoquelheinformado.Identificasecomogenitorpatolgicoetornaserfdogenitoralienado,quepassaaseruminvasor,umintrusoaserafastadoaqualquerpreo.Oalienador,aodestruirarelaodofilhocomooutro,assumeocontroletotal.

    PodesedizerqueaLeideAlienaoParentaltemporfinalidadeprincipal,garantiraproteointegraldestinadacrianaeaoadolescente,permitindooexercciodapaternidaderesponsveleexaltandoodireitofundamentalconvivnciafamiliar.Valereferirquearesponsabilidadeparentalsubsisteapsaseparaodocasal,detalsortequeapaternidaderesponsveldeverpermanecersoboscuidadosdeambos,sendoatribudoaoEstadoodeverdepropiciaraospaiscondiessuficientesparaocumprimentodestaobrigao. Arecentelei,aoreafirmarestasgarantiasconstitucionais,determinouemseuartigo3,queaprticadealienaoparentalferedireitofundamentaldacrianaedoadolescenteconvivnciafamiliarsaudvel,constituindotalprticaabusomoralcontraacrianaeoadolescente.

    Importante salientar que a Lei de Alienao Parental operou uma espcie de refinamento do direito fundamental convivnciafamiliar,considerandoqueestadeverserealizardeformasaudvel.Valemencionar,tomandoseporbaseoprincpiodomelhor interesseda criana, que a convivncia familiarno consiste emuma formade obrigar os filhos aconviver com os pais (ncleo familiar primrio) e demais familiares (ncleo familiar secundrio), mas sim, a leiencontrouummododepermitirqueestaconvivnciasedesenvolvadeformasaudvele,atmesmo,natural,ouento,quesejareduzidae,emltimahiptese,afastada.

    Iencarelliconsideraqueoprocessodedesenvolvimentodeumacrianasegueetapassucessivasesimultneas,onde,comumcertoequilbrio,tudo,etodososaspectos,tmsuaimportncia.Fazpartedodeverderesponsabilidadedospaisservirdefiltrodomundoparaseusfilhos.Filtrarosestmulosexternos,compatibilizandooscomascapacidadesdacriana,permite que ela se ocupe com seus estmulos internos e se desenvolva demaneira harmnica. A convivncia familiarsaudvelimplicaemumapreocupaodospaiscomodesenvolvimentosaudveldomenor,demodoquenaprecariedadeou ausncia de condies bsicas de estimulao, de filtragem, e de segurana afetiva, esse desenvolvimento no secompleta,deixandolacunas,deficincia,ouatobstruesedeformaes.

    Sendoassim,paragarantiadosdireitosfundamentaisdacrianaedoadolescenteeaobservnciadosprincpios,enquantomandadosdeotimizao,destinadosproteodacrianaedoadolescente,deveseinterpretarareferidaLeidaAlienaoParental,emconformidadecomaConstituioFederalecomoEstatutodaCrianaedoAdolescente,valedizer,apartirdeuma interpretao sistemtica. O sistema jurdico deve ser visto como um todo , abrangendo as ideias de unidade,totalidadeecomplexidade. Estesistemacomposto,notadamente,porprincpiosqueregematotalidadedestecorponormativo,conferindolhevida.

    Ao seguir este entendimento, com o intuito de alcanar a melhor interpretao possvel, se verifica que o meio maisadequadoparaoperaraproteointegral,comaabsolutaprioridadeconstitucionalmentedestinadacriana/adolescente,analisarsistematicamenteoordenamentojurdico,respeitandoacondiodomenor,detitulardedireitosfundamentais,bemcomo,considerandoosprincpiosenquantomandamentosdeotimizaoquedevemregerasrelaesjurdicas.Aospaisenquantodetentoresdopoderfamiliarcumpreodeverdecuidadoparacomosfilhos,nosentidodereuniratosecomportamentos afetivos, que contribuam para o desenvolvimento fsico e psquico da criana e do adolescente.Entretanto,quandoomenorvierasofrerameaaouviolaodeseusdireitos,nombitodaprpriafamlia,oEstadopossuirlegitimidadeparaintervirnestarelao,combasenoartigo227daConstituioFederal.

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    A alienao parental se apresenta como um elemento de violao aos direitos fundamentais e princpios de proteo crianaeaoadolescente,namedidaemrompecompletamentecomodeverdecuidado,valedizer,aalienaoparentalexatamenteoelementodeoposiodiretaaodeverdecuidado,poisaprpriafamlia,incumbidadodeverconstitucionaldecuidareprotegeracrianaeoadolescenteexercecontraestesumabusomoral,gerandodanospsquicosnaformaodestes,naqualidadedepessoaemcondiopeculiardedesenvolvimento.Aalienaoparentalgeranacrianaumasensaodeperda(morte)dogenitoralienado.Amorteemvidapodeseraindapiordoqueamortereal,porqueumamorteinventada.

    CONCLUSO

    Ante a anlise exposta, concluise que a alienao parental se trata de elemento violador aos direitos fundamentais eprincpiosdeproteocrianaeaoadolescente,conquistadosatantocustoe,difundidosnoBrasil,apartirdaDoutrinadaProteoIntegral,consagradapelaConstituioFederalde1988.Foiapartirdeentoqueosmenoresdeixamdeservistoscomomeros objetos da tutela estatal e passam a ser reconhecidos como sujeitos de direitos. Desse novo paradigma daproteo integral decorrem: a titularidade dos direitos fundamentais destinados aos menores, bem como tambm osprincpiosdeproteocrianaeaoadolescente,que,conformevisto,foramconstitucionalmenteassegurados,antesmesmodaaprovaodaConvenosobreosdireitosdaCrianade 1989,queomais importantedocumento internacionaldeproteoinfncia.

    Taisconquistassofortementeameaadas,pelaprpriafamlia,atravsdaalienaoparental,queseinstauranombitofamiliaratravsdeumasndrome,naqualoalienadorimplantainformaesfalsassobreogenitoralienado,fazendocomqueomenoralienadopassearepudilo.Ocorrequeistogerarumasriedetranstornosparaacriana,poisaobrigaaseposicionarafavordeumdospais,e,porderradeiro,contraooutro,emumadisputaemqueelaprpriaoobjeto.

    Aalienaoparentalviolaodireito fundamentaldacrianaedoadolescenteconvivncia familiar,pois impedequeomenorconvivacomogenitoralienadoe,consequentemente,comafamliadeste.Afaltadesteconvvio,queimpedidopeloalienador,poderacarretardanospsicolgicosaomenor,violandotambmoseudireitofundamentalsade(psquica),jque,paraumacrianasedesenvolverdeformasaudvel,elanecessitareconhecernospaissentimentosdeamor,carinhoeafetorecprocos.Ainobservnciadestesdireitosviolafrontalmenteodireitofundamentalaorespeito,queinerenteatodooserhumano,masquedeveserespecialmenteobservadoemrelaoaosmenores,hajavistasuacondiopeculiardepessoaemdesenvolvimento.

    Aalienaoparentalfereoprincpiodapaternidaderesponsvel,namedidaemquetalinstitutoimpedequeambosospaisnoexeramseudeverdecuidadoparacomosfilhos.Quandooalienadorumdosgenitores,estenocuidaporqueestpreocupadoemfazercomomenorodeieogenitoralienado.Ogenitoralienadonoexerceseudeverdecuidadoporqueimpedidopeloalienador.Nestascircunstncias,restamvioladostambmosprincpiosdaabsolutaprioridadeedomelhorinteressedacriana,tendoemcontaque,instauradaaSndromedaAlienaoParental,osconflitosdospaispreponderaramsobreosinteressesdosfilhos,nosendomaisprioridadeoquemelhorparaestes.

    Esperase que a Lei da Alienao Parental atinja o objetivo de resguardar os direitos fundamentais e os princpios deproteo infncia e adolescncia diante de uma situaode alienaoparental, permitindo que os pais exeramosdevidos cuidados para com seus filhos, respeitando seu melhor interesse, atendendoos com absoluta prioridade,garantindoseassimoplenodesenvolvimentodaprole,quesserpossvelemmeioaumaconvivnciafamiliarsaudvel.

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    NOTAS

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    Importaesclarecerqueaexpressodireitosfundamentaisseaplicaparaosdireitoshumanosreconhecidosepositivadosno ordenamento constitucional de determinado Estado. Esta terminologia vai ao encontro do entendimento de Sarlet,Canotilho,PrezLuo,dentreoutros.Podesedizerqueestesautoresdiferenciamdireitoshumanosdedireitosfundamentaispelocritriodaconcreopositiva.Cf.:SARLET,IngoWolfgang.Aeficciadosdireitosfundamentais.10.ed.rev.atual.eampl.PortoAlegre:LivrariadoAdvogadoEditora,2011.p.2931.

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    Avistasenoconjuntodeprincpiosa imposiodeumaordemhierrquica,valedizer, aprevalnciadeuns sobreoutros. Esta ordem hierrquica o grande norte da hermenutica, impondose que em nome do respeito a ela determinados princpios venham, preponderantemente, a reger o ordenamento jurdico, como no caso dos princpiosconstitucionaisfundamentais.Cf.:FREITAS,Juarez.AInterpretaoSistemticadoDireito.SoPaulo:Malheiros,2004.p.190.

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    DeacordocomaredaodadapelaEmendaConstitucionaln65de2010.

    FACHINETTO,NeidemarJos.Odireito convivncia familiar e comunitria: contextualizandocomaspolticapblica(in)existentes.p.5758.

    FACHINETTO,NeidemarJos.Odireitoconvivncia familiare comunitria: contextualizandocomaspolticapblica(in)existentes.p.62.

    ParaHonneth,todarelaoamorosa,sejaaquelaentrepaisefilho,aamizadeouocontatontimo,estligada,porisso,condiodesimpatiaeatrao,oquenoestdisposiodoindivduocomoossentimentospositivosparacomoutrossereshumanossosensaesinvoluntrias,elanoseaplicaindiferentementeaumnmeromaiordeparceirosdeinterao,paraalmdocrculosocialdasrelaesprimrias.Contudo,emboraseja inerenteaoamor um elemento necessrio departicularismo moral, Hegel faz bem em supor nele o cerne estrutural de toda eticidade: s aquela ligaosimbioticamente alimentada, que surge da delimitao reciprocamente querida, cria a medida deautoconfiana individual, que a base indispensvel para a participao autnoma na vida pblica.[grifonosso]Cf.:HONNETH,Axel.Lutaporreconhecimento:agramticamoraldosconflitossociais.trad.LuizRepa.SoPaulo:Ed.34,2003.p.178.

    SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na ConstituioFederalde1988.9ed.ver.atual.PortoAlegre:LivrariadoAdvogado,2011.p.105.

    PEREIRA,RodrigodaCunha.Princpiosfundamentaisnorteadoresdodireitodefamlia.2.ed.SoPaulo:Saraiva,2012.p.145.

    FACHINETTO,NeidemarJos.Odireito convivncia familiar e comunitria: contextualizando comaspolticapblica(in)existentes.p.5253.

    FACHINETTO,NeidemarJos.Odireitoconvivncia familiare comunitria: contextualizandocomaspolticapblica(in)existentes.p.53.

    ELIAS,RobertoJoo.Direitosfundamentaisdacrianaedoadolescente.p.18.

    Alexyreferequeasnormasdedireitofundamentaldistinguemseentreprincpioseregras.Definequeprincpiossonormasqueordenamquealgosejarealizadonamaiormedidapossveldentrodaspossibilidadesjurdicasefticasexistentes[...] j as regras so normas que so sempre ou satisfeitas ou no satisfeitas. Se uma regra vale, ento, deve se fazerexatamenteaquiloqueelaexigenemmais,nemmenos.Regrascontm,portanto,determinaesnombitodaquiloquefticaejuridicamentepossvel.Issosignificaqueadistinoentreregraseprincpiosumadistinoqualitativa,enoumadistino de grau. Toda norma ou uma regra ou um princpio. Cf.: ALEXY, Robert. Teoria dos DireitosFundamentais.p.9091.

    ALEXY,Robert.TeoriadosDireitosFundamentais.p.90.

    CANOTILHO,JosJoaquimGomes.DireitoConstitucionaleteoriadaconstituio.p.1161.

    Todoo serhumano temdireito legitimoao respeitode seus semelhantes e est,por suavez,obrigadoa respeitarosdemais. A humanidade ela mesma uma dignidade, pois um ser humano no pode ser usadomeramentecomoummeioporqualquerserhumano(querporoutrosquer,inclusive,porsimesmo),masdevesempreserusadoaomesmotempocomoumfim.precisamentenissoquesuadignidade(personalidade)consiste,peloqueeleseelevaacimadetodososoutrosseresdomundoquenososereshumanose,noentanto,podemserusados e, assim, sobre todas as coisas.Mas exatamenteporque elenopode ceder a simesmoporpreoalgum (oqueentrariaemconflitocomoseudeverdeautoestima),tampoucopodeagiremoposioigualmentenecessriaautoestimadosoutros,comosereshumanos,isto,ele se encontra na obrigao de reconhecer, de ummodo prtico, adignidadedahumanidadeem todooutro serhumano.Porconseguinte,cabelheumdeverrelativoaorespeitoquedeveserdemonstradoatodooutroserhumano. [grifonosso].Cf.:KANT,Immanuel.Ametafsicados costumes.SoPaulo:Edipro,2003.p.306.

    SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na ConstituioFederalde1988.p.52.

    SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na ConstituioFederalde1988.p.86.

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  • 30/04/2015 AlienaoparentaleproteocrianaeaoadolescenteJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/25477/aalienacaoparentalenquantoelementovioladordosdireitosfundamentaisedosprincipiosdeprotecaoacrianca 11/12

    SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na ConstituioFederalde1988.p.87.

    GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da GUERRA, Leonardo dos Santos. A Funo Social da Famlia,RevistaBrasileiradeDireitodeFamlia,PortoAlegre,v.8,n.39,Dez./Jan.,2007.p.158.

    Conformedispeoartigo226,caputdaConstituioFederal.

    PEREIRA,RodrigodaCunha.Princpiosfundamentaisnorteadoresdodireitodefamlia.p.243.

    BARBOZA,HeloisaHelena.Paternidaderesponsvel:ocuidadocomodever jurdico. In:PEREIRA,TniadaSilvaOLIVEIRA,Guilhermede.(coords.).Cuidadoeresponsabilidade.SoPaulo:Atlas,2011.p.9394.

    O ser humano precisa revelar sua essncia como criatura nascida do cuidado e que apresenta, comonecessidadebsica, a buscadeum relacionamentopautadonocuidado recproco. Cf.: ANDRIGHI, FtimaNancyKRGER, Ctia Denise Gress. Alimentos transitrios sob a perspectiva do cuidado. In: PEREIRA, Tnia da SilvaOLIVEIRA,Guilhermede.(coords.).Cuidadoeresponsabilidade.SoPaulo:Atlas,2011.p.71.

    BARBOZA,HeloisaHelena.Paternidaderesponsvel:ocuidadocomodeverjurdico.p.88.

    BARBOZA,HeloisaHelena.Paternidaderesponsvel:ocuidadocomodeverjurdico.p.90.

    PEREIRAJNIOR,AntonioJorge.Direitosda crianaedoadolescente em facedaTV.SoPaulo:Saraiva,2011.p.133.

    LIBERATI,WilsonDonizeti.Comentriosaoeestatutodacrianaedoadolescente.11ed.,rev.eampl.SoPaulo:MalheirosEditores,2010.p.1819.

    PEREIRA,RodrigodaCunha.Princpiosfundamentaisnorteadoresdodireitodefamlia.p.148.

    PEREIRA,RodrigodaCunha.Princpiosfundamentaisnorteadoresdodireitodefamlia.p.150.

    AZAMBUJA,MariaReginaFayde.Acrianavtimadeviolnciasexualintrafamiliar:comooperacionalizarasvisitas.p.305306.

    TRINDADE, Jorge. Sndrome da alienao parental. In: DIAS, Maria Berenice. (coord.). Incesto e alienaoparental: realidades que a justia insiste em no ver.2.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:EditoraRevistadosTribunais,2010.p.22.

    SOUSA,AnaliciaMartinsde.Sndromeda alienao parental: umnovo temanos juzos de famlia. SoPaulo:Cortez,2010.p.99.

    SILVA, Evandro Luiz e RESENDE, Mrio. SAP: A excluso de um terceiro. In: APASE (org.). Sndrome daalienao parental e a tirania do guardio: aspectos psicolgicos, sociais e jurdicos. Porto Alegre:Equilbrio,2008.p.26.

    TRINDADE,Jorge.Sndromedaalienaoparental.p.2225.

    TRINDADE,Jorge.Sndromedaalienaoparental.p.26.

    DIAS,MariaBerenice.Alienao parental: um crime sempunio. In:DIAS,MariaBerenice (coord.). Incesto ealienaoparental:realidadesqueajustiainsisteemnover.2.ed.rev.atual.eampl.SoPaulo:RevistadosTribunais,2010.p.16.

    ROLLIN.CristianeFlresSoares.Paternidaderesponsvelemdireoaomelhorinteressedacriana.In:PORTO,SrgioGilberto USTRROZ, Daniel. (coords.). Tendncias constitucionais no Direito de Famlia: estudos emhomenagemaoProf.JosCarlosTeixeiraGiorgis.PortoAlegre:LivrariadoAdvogadoEditora,2003.p.3537.

    Optousepelasexpressesncleo familiarprimrioesecundrioporparecermais fidedignacomosentidoaquesedestina,querseja, indicarospaiscomooncleoprimeirodasrelaesda infnciaeadolescncia,bemcomoavs, tiosprimos,etc.,comoosegundoncleoondesedesenvolvemasrelaesfamiliares.CabereferirqueoEstatutodaCrianaedoAdolescente (Lei 8069/90), em seu artigo 25, utiliza as expresses famlia natural e famlia extensa ou ampliada,diversamentedostermosadotadosparaestaexposio.

    Conformeosartigos6e7daLein12.318/2010.

    IENCARELLI,AnaMariaBrayner.Cuidado,responsabilidadeealienaoparental:benefcioseprejuzos.Interfacescomodesenvolvimentosaudvelecomapatologia.In:PEREIRA,TniadaSilvaOLIVEIRA,Guilhermede.(coords.).Cuidadoeresponsabilidade.SoPaulo:Atlas,2011.p.2021.

    Paramelhoratenderanecessidadedeumainterpretaosistemtica,envolvendoaLeideAlienaoParentaleosistemajurdicocomoumtodo,necessriosefazconsideraradoutrinadeFreitas,queconceituaosistemajurdicocomoumaredeaxiolgicaehierarquizadatopicamentedeprincpiosfundamentais,denormasestritas(ouregras)edevaloresjurdicoscuja

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  • 30/04/2015 AlienaoparentaleproteocrianaeaoadolescenteJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/25477/aalienacaoparentalenquantoelementovioladordosdireitosfundamentaisedosprincipiosdeprotecaoacrianca 12/12

    funoade,evitandoousuperandoantinomiasemsentidolato,darcumprimentoaosobjetivosjustificadoresdoEstadoDemocrtico, assim como se encontramconsubstanciados, expressaou implicitamente,naConstituio.Cf.: FREITAS,Juarez.AInterpretaoSistemticadoDireito.p.54.

    BONAVIDES,Paulo.CursodeDireitoConstitucional.SoPaulo:Malheiros,2004.p.130.

    BONAVIDES,Paulo.CursodeDireitoConstitucional.p.130.

    LOPES, Jaqueline Ferreira. O Melhor Interesse da Criana e o Cuidado na interface Psicologia e Direito. in:PEREIRA,TniadaSilva.eOLIVEIRA,Guilhermede.(coord.).Cuidadoeresponsabilidade.SoPaulo:Atlas,2011.p.126.

    VidedocumentrioAmorteinventada.Produocinematogrfica.

    Autor

    GabrielaCruzAmato

    EstudantedeDireitodaPontifcaUniversidadeCatlicadoRioGrandedoSul

    Informaessobreotexto

    Comocitarestetexto(NBR6023:2002ABNT)

    AMATO,GabrielaCruz.Alienaoparentaleproteocrianaeaoadolescente.RevistaJusNavigandi,Teresina,ano18,n.3754,11out.2013.Disponvelem:.Acessoem:30abr.2015.

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