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CATEGORIAENGAJAMENTO ALÉM DE UMA CAUSA: o voluntariado empresarial como ferramenta de engajamento nas empresas

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Page 1: ALÉM DE UMA CAUSA... · lem seus colaboradores a atuarem como voluntários. Nesse contexto, há diferentes maneiras, propósitos e níveis de estruturação para a prática ser conduzida

CATEGORIAENGAJAMENTO

ALÉM DE UMA CAUSA:o voluntariado empresarial como

ferramenta de engajamento nas empresas

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Conteúdo Conexus

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São Paulo 2018

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INTRODUÇÃODesde criança, ela se interessa pela profissão de mecânico do pai. Ao ser presenteada com o livro “Meu amigo robô”, a garota se encanta com a história e mergulha no universo da ciência e tecnologia. O tema a acompanha ao longo de sua vida – pas-sando pelas primeiras experiências tecnológicas na escola, o enfrentamento de preconceito ao ingressar na faculdade até a concretização de seu sonho que, de certa forma, regressa para o início da jornada: a criação de um robô.

Contada ao som de “Dream On”, da banda Aerosmith, a histó-ria, ao trazer a mensagem “quando você lê para uma criança, ela pode ir mais longe do que você imagina”, faz parte da oitava edição do programa “Leia Para Uma Criança”, do Itaú Unibanco e Itaú Social. Criado em 2010, mais de 51 milhões de livros foram distribuídos – entre eles 12 mil em braile e com fonte expandida para pessoas com deficiência visual e mais de três milhões de obras enviadas para bibliotecas públicas, organizações da socie-dade civil e escolas.

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A iniciativa integra uma das causas apoiadas pelo Itaú Unibanco, a da Educação. De acordo com a pesquisa “Opinião do Brasileiro sobre Voluntariado”, realizado em 2014 pelo Itaú Social e Datafolha, com 2.024 pessoas em 135 municípios, 28% dos brasileiros participam ou já participaram de atividades de voluntariado, 11% continuavam en-gajados e 43% estariam dispostos a realizar atividades no curto prazo.

Ao olhar para a realidade dos colaboradores do próprio Itaú, esses 28% saltam para 52%, sendo que 46% continuam atuando. Destes, 69% realizam trabalhos em práticas externas (não propostas pela em-presa) voltadas à educação (45%), lazer e recreação (39%) e cultura (30%), entre outras. Entre os pesquisados que continuavam atuantes, 24% participam de ações na área de educação; 17% em lazer e recre-ação, e 16% em cultura.

O exemplo e os dados acima introduzem um tema que ganha cada vez mais atenção nas organizações: o voluntariado empresarial. Se-gundo Marcelo Nonohay, diretor da MGN, empresa especializada em gestão de projetos para a transformação social, o conceito se aplica quando as companhias desenvolvem projetos e ações que estimu-lem seus colaboradores a atuarem como voluntários. Nesse contexto, há diferentes maneiras, propósitos e níveis de estruturação para a prática ser conduzida.

“Algumas vezes a iniciativa nasce dos próprios funcionários. Outras pelo desejo da companhia, que enxerga no programa de volunta-riado algumas formas de desenvolver habilidades ou fazer uma in-serção comunitária mais efetiva, e, nesse sentido, os colaboradores podem participar junto”, ressalta Nonohay.

Segundo o especialista, há uma tendência de empresas que buscam associar os projetos ao seu próprio negócio. Por exemplo, bancos ou companhias do segmento que optam por oferecer educação finan-

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ceira para a comunidade. “Em geral, ao criar atividades como essa, enxergam que, assim, as pessoas serão clientes com uma relação me-lhor com o dinheiro, terão um melhor desempenho econômico, entre uma série de coisas”, completa.

Além disso, o diretor da MGN pontua a existência de organizações que apoiam causas não necessariamente ligadas ao seu negócio, mas as jul-gam como bandeiras vinculadas a um problema social digno de inves-timento, bem como as que associam suas iniciativas a questões globais, como os objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

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Como começar?

Ao decidir criar um programa de voluntariado empresarial do zero, algumas questões devem estar no radar. De acordo com Nonohay, o plane-jamento inicial envolve a escolha da temática, a forma de funcionamento, a definição de objetivos estratégicos e quais indicadores serão analisados.

“Outra etapa que deveria ser considerada, ainda dentro do planejamento, é fazer uma escuta dos funcionários. Às vezes, a empresa quer muito tra-balhar com uma causa, mas os seus colaborado-res se identificam com outras. Assim, pode seguir com a causa que deseja ou analisar se faz mais sentido aderir aquela que as pessoas possuem in-teresse maior”, afirma.

Na sequência, é importante pensar em toda a es-fera da comunicação – que inclui a identidade do programa, mobilização de pessoas e envolvimen-to de lideranças. “Eles precisam apoiar uma ini-ciativa como essa, porque é estratégico. É neces-sário pensar em como envolver também a média liderança, porque é ali que a gente pode às vezes ter problemas com adesão. Precisa ter a sensibili-zação desses profissionais”.

Marcelo Nonohay, MGN

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Além disso, se faz necessário elaborar um planejamento operacional: como vai acontecer; em quais datas; necessidade de repasse de infor-mação para o voluntário; qual será a verba destinada. De acordo com o diretor da MGN, um erro muito comum das empresas que vão come-çar um programa é achar que não terá nenhum custo ou investimento.

“É um programa como qualquer outro. O trabalho voluntário não possui uma remuneração, mas muitas vezes terá de fazer um inves-timento para mantê-lo funcionando, vivo (crescendo e aparecendo). Tem que pensar no orçamento”, destaca Nonohay.

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Estrutura

De acordo com o Censo 2016 do Conselho Bra-sileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE), em 43,9% das organizações os projetos são liderados pelas áreas de responsabilidade social, seguido de Recursos Humanos (18,8%). A Fundação Itaú Social é o braço da empresa responsável pela co-ordenação do programa.

Segundo Cláudia Sintoni, especialista em Mobili-zação Social da Fundação, além da possibilidade de participar de atividades já estruturadas, há a premissa de incentivar a prática de voluntariado entre os colaboradores independentemente se são iniciativas desenvolvidas diretamente pela Fundação. Para isso, o programa conta com uma plataforma, espécie de rede social, onde os fun-cionários podem, inclusive, desenvolver a sua própria ação e convidar colegas. Atualmente, vinte mil colaboradores do Itaú são cadastrados como voluntários.

“É possível criar uma demanda. Por exemplo, uma

Cláudia Sintoni. Fundação Itaú Social

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área da empresa quer pensar em um projeto específico para seu gru-po de colaboradores. Tem esse caminho de demandar que a asso-ciação ajude a estruturar a iniciativa para eles. Aí fazemos uma as-sessoria, esse apoio para que desenhem a sua própria ação”, explica Claudia.

Outro ponto destacado pela profissional é a existência de comitês espalhados pelo Brasil. “O Itaú, como banco, está no País todo, tem uma capilaridade. Como faz para coordenar essa mobilização e ter ações locais? Empresas grandes precisam de uma arquitetura que conte com esses comitês. São pessoas que são voluntárias há mais tempo, participam de programas de formação e possuem relaciona-mento com essa coordenação para que sejam também mobilizado-res locais”.

Esses profissionais, conforme esclarece, ajudam a convocar e planejar projetos e são lideranças sociais em suas comunidades. Atualmente, o Itaú possui cerca de quarenta comitês pelo Brasil. “Cada um, em sua região, pensa em ações que fazem mais sentido naquele local. Nós pensamos também em formas de nos comunicarmos com esses comi-tês, como encontros periodicamente com representantes”, completa.

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Retorno

De acordo com o diretor da MGN, os programas de voluntariado contribuem para o desenvolvimento de diversas competências. “Questões como lide-rança, quebra de barreiras hierárquicas. Às vezes, temos um grande líder da ação voluntária que é uma pessoa que não tem cargo de liderança. É uma forma de encontrar alguns talentos que po-dem até passar despercebidos”, afirma Nonohay.

A publicação “Além do Bem – um estudo sobre voluntariado e engajamento”, realizada pela Santo Caos em parceria com o Bank of America Merrill Lynch, após entrevistar 828 pessoas de todo o Bra-sil, atuantes em ONGs e empresas de 29 setores da economia, destacou que colaboradores que praticam o voluntariado corporativo são em média 16% mais engajados do que os não voluntários.

Para os pesquisadores, engajamento pode ser definido como um conjunto de conexões racio-nais e emocionais entre pessoas e instituições, causas ou marcas, que gera resultados positivos para ambos. O conceito se sustenta em cinco pila-res: conscientização, compromisso, pertencimen-to, orgulho e compartilhamento.

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Segundo a pesquisa, 81% dos gestores consideram que o volunta-riado empresarial contribui para o desempenho profissional do co-laborador. Além disso, 45% percebem a motivação e capacitação do voluntário como benefícios. Conforme destaca Nonohay, a iniciati-va consegue desenvolver um senso de pertencimento, o orgulho de “vestir a camisa” e o compromisso moral com a companhia.

“Há também a questão do sentimento de retorno para sociedade. Por exemplo, o colaborador pode ser daquela comunidade, conseguiu se inserir na empresa, mas vê que, naquela comunidade, muita gen-te não teve a mesma oportunidade. Ele sente que proporciona esse retorno”, completa.

Para Cláudia, do Itaú Social, o programa atua tanto na atração de ta-lentos como no desenvolvimento dos profissionais. “Une as pessoas, cria outra unidade de sentido. São motivadas e engajadas por esse outro valor. Isso faz também, voltando para empresa, aquela coisa de vestir a camisa, o orgulho de pertencer”, finaliza a especialista.

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Dados sobre voluntariado empresarial no Brasil

Principais segmentos de atuação:

Construção civil, serviços financeiros, setor elétrico, transporte

Área responsável pelo desenvolvimento das ações:

• Responsabilidade social – 43,9%• RH – 18,8%• Comunicação e marketing – 12,5%• Área específica – 8,3%

Principais áreas focais das ações:

• Educação e geração de renda• Assistência social• Desenvolvimento comunitário• Meio ambiente• Saúde• Arte e cultura

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81,25%Têm ações alinhadas ao objetivo estratégico da

empresa

75%Das ações são realizadas fora do horário comercial

67%Têm comitês de

voluntariado

87,5%Mantêm sistema de

gerenciamento

87%Realizam capacitação dos

voluntários

Fonte: Censo 2016 – Centro Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE)

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Perguntas e respostas (aspectos jurídicos)Lei do Serviço Voluntário: define em termos legais o que é o serviço voluntário. Reconhece quem o realiza e também protege a organiza-ção social que recebe o voluntário, deixando clara a ausência de um vínculo trabalhista. A lei não trata de voluntariado empresarial; ela apenas regula as relações entre os indivíduos (voluntários) e as enti-dades públicas ou privadas sem fins lucrativos.

Existe risco para a empresa de o serviço voluntário ser caracteri-zado como horas extras?

Se o funcionário quis, de vontade própria, executar o serviço volun-tário, ainda que motivado por uma campanha interna da empresa, o tempo dedicado não irá configurar como horas extras. De acordo com a lei, é necessário que o voluntário assine um termo de adesão com a entidade pública ou organização social onde for atuar como tal. Nos programas de voluntariado empresarial, devem ser estabe-lecidas regras de forma clara e expressa. Por exemplo, limites e pro-cedimentos para abonar ausências do empregado para execução do serviço voluntário; local da sua execução; identificação da entidade que receberá o voluntário; quem pode realizá-lo (funcionários, ter-ceirizados, familiares, fornecedores); recursos materiais, humanos e financeiros; capacitação; comunicação e avaliação, entre outros.

Que cuidados devem ser tomados quando a empresa libera o fun-cionário para realizar o trabalho voluntário durante expediente?

É importante que a empresa registre a saída do funcionário para a re-alização do trabalho voluntário, caracterizando, assim, a interrupção

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da jornada profissional.

Como fazer o registro da saúde de funcionários voluntários que não têm controle formal de ponto?

É importante fazê-lo mediante algum tipo de documentação, mes-mo que seja um e-mail ou memorando interno da empresa. Deve-se registrar o fato e deixar claro em determinado período de tempo o funcionário não está mais exercendo atividade relativa à empresa.

Qual a responsabilidade da empresa quando recebe a organiza-ção social e seus beneficiários em seu espaço físico?

A empresa é responsável por qualquer acidente em suas instalações, seja com funcionários, clientes, fornecedores ou beneficiários de pro-gramas sociais. A forma de a empresa se proteger de qualquer risco é ter um seguro de responsabilidade civil.

Como são contabilizadas as horas de trabalho voluntário?

Se a empresa liberou o funcionário, por exemplo, por quatro horas, esse é o número de horas que ela ofereceu à causa voluntária. Já a organização social vai computar apenas o tempo de trabalho que o voluntário ficou por lá.

Nas organizações sem fins lucrativos, o funcionário pode ser volun-tário fora de seu expediente de trabalho na própria organização?

Os funcionários de uma organização sem fins lucrativos não podem ser voluntários da própria organização, mesmo que em outro horário, pois não é permitido que a pessoa tenha dois tipos de vínculo com seu empregador.

Fonte: Cartilha “Aspectos Jurídicos do Voluntariado Empresarial” - Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP)

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