3º ano ciências humanas em nome da escola nome do
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Nome da Escola
Nome do Estudante
Ano/Ciclo
3º Ano
Ciências
Humanas
EM
Coordenação Geral
Rosa Maria Araújo Luzardo
Irene de Souza Costa
Equipe de Coordenação
Adriano Sabino Gomes
Edwaldo Dias Bocuti
Isaltino Alves Barbosa
Lucia Aparecida dos Santos
Simone de Barros Berte
Richard Carlos da Silva
Grupo de trabalho
Adriana Nezeir de Almeida Duarte - CBA- História
Cristiane dos Santos Silva - Líder de Equipe
Francisco Miranda Filho - ROO - Geografia
Gerson Ribeiro da Rosa - Geografia
Karina Aparecida Geraldo - CBA - História
Maureci Moreira de Almeida -PLA - Filosofia
Patrícia Simone da Silva Carvalho - Sociologia - Líder de Equipe
Revisores
Waldney Jorge de Lisboa– Revisor
Suleima Cristina Leite de Moraes – Revisora
Audiovisual
Mizael Teixeira Silva
Realização
Mauro Mendes Ferreira
Governador do Estado de Mato Grosso Otaviano Olavo Pivetta
Vice-Governador de Mato Grosso Marioneide Angélica Kliemachewsk
Secretária de Estado de Educação de Mato Grosso Rosa Maria Araújo Luzardo
Secretária Adjunta de Gestão Educacional Richard Carlos da Silva
Superintendente de Políticas de Educação Básica Adriano Sabino Gomes
Superintendente de Políticas de Desenvolvimento Profissional Rosangela Maria Moreira
Superintendente de Políticas de Gestão Escolar Lúcia Aparecida dos Santos
Superintendente de Políticas de Diversidades Educacionais
1. HISTÓRIA.
O motivo da vinda da família real para o Brasil
A partir de 1804, Napoleão “autocoroou-se” imperador francês, o que reforçou seu
poder e ampliou a tensão na Europa. Antes disso, a situação já era apreensiva para Portugal,
uma vez que os espanhóis haviam se aliado aos franceses, o que representava uma grande
ameaça à soberania do território português. Em 1801, uma pequena guerra entre Portugal e
Espanha, a Guerra das Laranjas, aconteceu e fez Portugal perder a cidade de Olivença para
a Espanha.
Nessa derrota, os portugueses ainda foram obrigados a aceitar o seguinte termo dos
franceses: fechar os portos de seu país para embarcações inglesas. O termo foi aceito, mas
não foi colocado em prática. Incapaz de invadir a Inglaterra, Napoleão resolveu, a partir de
1806, estabelecer o Bloqueio Continental, o que determinou que os portos das nações
europeias ficariam terminantemente fechados para embarcações inglesas.
Com o bloqueio, os portugueses começaram a ventilar a proposta de mudarem-se para
o Brasil a fim de fugir do alcance de Napoleão. Portugal não aceitou aderir ao bloqueio
porque as relações com os ingleses eram boas e estavam de pé por séculos. A situação
estendeu-se até meados de 1807, quando Napoleão realizou um ultimato.
O ultimato de Napoleão determinou que Portugal deveria, até 1º de setembro,
realizar as seguintes medidas: convocar seu embaixador que estava em Londres; expulsar o
embaixador inglês de Lisboa; fechar os portos para navios ingleses; prender os ingleses em
Portugal e confiscar os bens deles; e declarar guerra à Inglaterra.
Seguiram-se semanas de negociação entre Portugal e França e Portugal e Reino
Unido, mas não se chegou a nenhum entendimento. Os britânicos orientaram que, se os
portugueses aceitassem integralmente os termos franceses, os dois países entrariam em
guerra; já os franceses exigiam o aceite integral dos seus termos, caso contrário, invadiriam o
território português, dividindo-o com a Espanha.
Como não houve solução, Napoleão ordenou o envio de tropas para invadir Portugal.
Em 24 de novembro, D. João informou que as tropas francesas chegariam a Lisboa em até
CIÊNCIAS HUMANAS Unidade
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quatro dias e autorizou o início dos preparativos de uma viagem ao Brasil. A corte portuguesa
tinha o compromisso dos ingleses de ser escoltada em segurança até o Brasil.
Viagem da corte portuguesa
Fonte: Disponivel em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm. Acesso em:14
abr.2020.
O embarque da corte portuguesa aconteceu entre os dias 25 e 27 de novembro de
1807. Em meio aos preparativos, o governo português realizou a transferência das instituições
que administravam o país, portanto, tratava-se de uma missão muito grande para tão poucos
dias. Nessa transferência, todas as pessoas que possuíssem algum papel no governo
mudaram-se para o Rio de Janeiro com suas famílias.
As naus portuguesas que fizeram a transferência da corte reuniram de 10 mil a 15 mil
pessoas, segundo os levantamentos feitos por diferentes historiadores. Lilia Schwarcz e
Heloísa Starling dão a real dimensão do que foi essa vinda para o Brasil: “não eram
indivíduos isolados que fugiam às pressas, e sim a sede do Estado português que mudava de
endereço, com seu aparelho administrativo e burocrático, seu tesouro, suas repartições,
secretarias, tribunais, arquivos e funcionários”.
O regente de Portugal autorizou todos os seus súditos a mudarem-se para o Brasil,
caso desejassem, mas se não houvesse espaço nas embarcações da corte, eles deveriam
procurar meios próprios de vir para o Brasil. Todos os preparativos da mudança foram
realizados às pressas, e, por isso, houve correria e pânico. Muita coisa que deveria ter
embarcado foi deixada para trás, e os navios, abarrotados de gente, não tinham suprimentos
suficientes para todos.
As embarcações portuguesas iniciaram a viagem para o Brasil no dia 29 de novembro
de 1807, e, em alto-mar, encontraram-se com as quatro embarcações inglesas, que as
escoltaram até o Brasil. Acredita-se que as embarcações que vieram ao nosso país trazendo a
corte eram cerca de 15 (há desencontro nas informações). No fim do dia 29, as tropas
francesas entravam em Lisboa e eram formadas por cerca de seis mil soldados.
Os problemas na viagem foram muitos. A citada superlotação fez com que alimentos
e água fossem racionados; não havia dormitórios e camas para todos, e os problemas de
higiene eram muitos. Estes resultaram em um surto de piolhos que forçou as mulheres
rasparem seus cabelos.
A vida na corte e as transformações na cidade do Rio de Janeiro
A vinda da família real para o Brasil mudou, também, a fisionomia do Rio de Janeiro.
A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e malcheirosa começou a se expandir e cuidar
de sua aparência, abrindo-se às modas europeias. Para zelar pela segurança e policiamento da
cidade, foi criada, ainda em 1808, a Intendência de Polícia, encarregada de todos os serviços
de melhoria e embelezamento da cidade. Nessa época, foram construídos chafarizes para o
abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada a
iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros; organizadas as
festas públicas, etc. Essas melhorias eram realizadas, muitas vezes, com a contribuição dos
ricos moradores, que recebiam em troca benefícios materiais e títulos de nobreza do príncipe
regente.
Disponível em: <https://conhecimentocientifico.r7.com/afinal-por-que-a-corte-portuguesa-veio-para-o-
brasil/>. Acesso em 14 abr. 2020.
Os viajantes que visitavam o Rio de Janeiro se surpreendiam com a rapidez das
mudanças sofridas pela cidade. Um deles, o inglês Gardner, comentou: "O grande desejo dos
habitantes parece ser o de dar uma fisionomia europeia à cidade. Uma das mais belas ruas da
cidade é a Rua do Ouvidor, não porque seja mais larga, mais limpa ou melhor pavimentada
que as outras, mas porque é ocupada principalmente por modistas francesas, joalheiros,
alfaiates, livreiros, sapateiros, confeiteiros, barbeiros".
Durante o período de permanência de D. João no Rio de Janeiro, o número de
habitantes da capital dobrou, passando de cerca de 50 mil para cerca de 100 mil pessoas.
Chegaram europeus das mais diversas nacionalidades, com diferentes objetivos. Além
daqueles que vinham "fazer negócio", muitos outros vinham tentando "fazer a vida". Eram
espanhóis, franceses, ingleses, alemães e suíços, entre outros, das profissões as mais variadas,
como médicos, professores, alfaiates, farmacêuticos, modistas, cozinheiros, padeiros, etc.
Formavam um expressivo contingente de mão de obra qualificada. Instalavam-se no Rio,
também, representantes diplomáticos, pois a cidade se tornara a sede do governo português.
As moradias perdiam a aparência de austeridade e isolamento, ganhando janelas
envidraçadas e jardins externos, à maneira inglesa. Com o passar dos tempos, muitos dos
funcionários mais graduados começaram a adquirir chácaras ou quintas em locais próximos
do centro da cidade, como a Rua Mata-Cavalos (atual Rua do Riachuelo), ou em seus
arredores, como Catumbi e São Cristóvão.
Segundo Sérgio Buarque, "a sociedade refinava-se, de outro lado, não apenas pelas
novidades que lhe traziam os estrangeiros, mas igualmente pelos salões que se vinham
abrindo, para as reuniões elegantes, promovidas pela nobreza chegada com a corte. As
residências, em consequência, já apresentavam um bom tom, que diferia profundamente das
pobres moradias do período anterior".
Também mudavam os costumes das famílias, quebrando a reclusão do lar para as
mulheres, que passaram a frequentar os espaços públicos, como as ruas e os teatros, e
também a se dedicar à leitura de livros e ao estudo de outros idiomas. Multiplicavam-se as
lojas de moda e os cabeleireiros, frequentados por senhoras ricas que não queriam fazer feio
diante das damas da corte. Outra medida do príncipe regente permitiu a qualquer pessoa a
abertura de escolas de primeiras letras, na maioria das vezes funcionando na casa do próprio
professor. Os filhos das famílias mais abastadas eram educados, em suas casas, por
preceptores. Permanecia, entretanto, o trabalho escravo, necessário às atividades braçais nas
casas, sobrados e chácaras dos senhores.
Muitos dos donos de escravos, entretanto, não os utilizavam apenas no serviço
doméstico. Para aumentar seus rendimentos, empregavam seus escravos como "negros de
ganho" e "negros de aluguel". Os negros de ganho trabalhavam nas ruas, sendo obrigados a
dividir com os senhores o que ganhavam. Os negros de aluguel eram alugados a outras
pessoas, a quem prestavam serviços. Uns vendiam de porta em porta todo tipo de mercadoria:
aves, verduras, legumes, doces, licores, etc.; outros armavam seus tabuleiros em esquinas
movimentadas, nas escadarias das igrejas e nas praças, oferecendo aos gritos os artigos à
venda. Essa utilização dos escravos rendia um bom lucro aos seus senhores e, por isso, alguns
deles chegavam a ter mais de 40 escravos nessas condições e outros, ainda, obrigavam suas
escravas a se prostituírem.
No entanto, a presença dos escravos e dos homens livres pobres na cidade
atemorizava a corte, deixando em permanente sobressalto a população branca e proprietária.
Era, além do mais, uma preocupação constante para a Intendência de Polícia da Corte, tirando
o sono daqueles que eram conhecidos como os "branquinhos do Reino". Para complicar a
situação, negros fugidos das fazendas da região formavam quilombos nas matas da Serra da
Carioca, que reuniam centenas de pessoas. O sentimento de insegurança social era agravado
pela possibilidade do "haitianismo", ou seja, o pavor de uma insurreição de escravos ou
mestiços, como ocorrera no Haiti, em 1794.
Sugestão de vídeo aula: Disponível em: <https://youtu.be/XzT4uqqPZcc>. Acesso em: 14 abr.
2020.
Referências
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm>. Acesso em:
14 abr. 2020.
Disponível em: <http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/brasil-
monarquico/88-a-corte-no-rio-de-janeiro/8854-a-vida-na-corte-e-as-
transforma%C3%A7%C3%B5es-na-cidade-do-rio-de-janeiro>. Acesso em: 14 abr. 2020.
2. GEOGRAFIA.
1. Ordem geopolítica*
Durante a Segunda Guerra, a União Soviética, criada em 1922, e os Estados Unidos
lutaram do mesmo lado com o objetivo de derrotar as forças do Eixo nazifascista (Alemanha,
Japão e Itália). No fim da guerra os países do Eixo foram derrotados e, ao mesmo tempo,
Reino Unido e França se enfraqueceram econômica, militar e politicamente. A divergência
ideológica entre Estados Unidos e União Soviética, que seguiam linhas político-econômicas
diferentes, acabou por deteriorar essa relação, que se transformou em confronto indireto. A
União Soviética, apesar da vitória na guerra, sofreu grandes perdas humanas e enormes
prejuízos materiais: mais de 20 milhões de pessoas morreram, a maioria civis, e boa parte de
sua infraestrutura urbana e industrial foi destruída. Por isso, o país estabeleceu como metas a
reconstrução e a busca do equilíbrio bélico com o rival. Já os Estados Unidos, que
ingressaram no conflito somente em 1941, além de perderem relativamente poucos
combatentes, mantiveram intacta sua infraestrutura e ainda aumentaram a produtividade
industrial, acumulando vultosas reservas. Emergiam, portanto, duas superpotências no
cenário mundial: a União Soviética e os Estados Unidos. A hegemonia americana
consolidou-se no bloco capitalista, ou ocidental. Paralelamente, os soviéticos expandiram
seu território e sua área de influência a um conjunto de países que posteriormente compôs o
bloco socialista, ou oriental. A emergência do conflito Leste-Oeste se caracterizou pelo
antagonismo geopolítico-militar e pela propaganda ideológica. Cada superpotência, ao
mesmo tempo em que buscava ampliar sua área de influência, tentava conter a expansão da
outra, em uma época marcada pela bipolarização do poder. Esse conflito ficou conhecido
como Guerra Fria. Nesse período, Estados Unidos e União Soviética travaram acirrada
corrida armamentista. O cientista político francês Raymond Aron (1905-1983) definiu bem
essa situação: “Guerra Fria, paz impossível, guerra improvável”. A paz era impossível porque
as superpotências apresentavam um grande antagonismo. A guerra era improvável porque, se
ocorresse e culminasse em enfrentamento nuclear, não haveria vencedores, podendo levar ao
fim da humanidade ou, ao menos, da civilização como a conhecemos hoje. Daí a famosa
resposta de Albert Einstein (1879-1955), pacifista e defensor do controle das armas nucleares,
ao ser indagado sobre como seria a Terceira Guerra Mundial (leia-a a seguir):
“Não sei como será travada a Terceira Guerra Mundial, mas posso lhe dizer o que os
homens vão usar na aguarda: pedras.” Albert Einstein, criador da teoria da relatividade,
ganhou o prêmio Nobel de Física (1921).
Bloco Ocidental (Capitalista) e o Bloco Oriental (Socialista)
Disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Farquivos.info.ufr.br%2Farqui>.
Acesso em 14 abr. 2020.
Em 1947, ano considerado um dos marcos do início da Guerra Fria, os Estados
Unidos lançaram as bases da Doutrina Truman e do Plano Marshall. Em 11 de março, o
presidente Harry Truman (1884-1972), que governou entre 1945 e 1953, discursou no
Capitólio, em Washington, D.C., sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos, propondo a
concessão de créditos para a Grécia e a Turquia. O objetivo dessa ajuda financeira era
sustentar governos pró-ocidentais naqueles países. Ao proferir esse discurso, lançou a
doutrina que levou seu nome e orientou as ações americanas no contexto daquele período
histórico. O objetivo geopolítico da Doutrina Truman era conter o socialismo, isto é, isolar a
União Soviética e impedir a expansão de sua área de influência. Para isso foram criadas, entre
outras ações, alianças militares, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan). Complementando a Doutrina Truman, o então secretário de Estado norte-americano,
George Marshall (1880-1959), idealizou um plano de ajuda econômica para acelerar a
recuperação dos países da Europa ocidental – o Plano Marshall. O Programa de Recuperação
Europeia, nome oficial desse plano, acabou dando origem à Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Plano Marshall, ao consolidar as economias capitalistas da Europa ocidental,
buscava atingir dois objetivos: conter a expansão da influência soviética e recuperar
mercados para produtos e capitais americanos.
Sugestão de vídeo aula: Plano Marshall: A Reconstrução após a Guerra. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=i6pgfo3rqgo>. Acesso em: 14 abr. 2020.
Assista ao filme: O dia seguinte. Direção: Nicholas Meyer, Estados Unidos, 1983. (The Day
After). O filme retrata as consequências nefastas de uma guerra nuclear, provavelmente muito
aquém do que seria na realidade. Representa bem o cenário sugerido pela famosa frase de
Albert Einstein. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WmmAxxpo_Ow>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
Referência
MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização:
ensino médio. (Orgs.) MOREIRA, João Carlos Moreira & SENE, Eustáquio de, 3ª ed., São
Paulo: Scipione, 2016.
3. FILOSOFIA.
Fonte: Charges de Karl Marx e Friedrich Engels (Cássio Loredano)1.
A ideologia alemã: a crítica à ideologia2 – Karl Marx e Friedrich Engels
Era3uma vez um camarada bem-intencionado a quem ocorreu a ideia de que os
homens só se afogavam na água porque estavam possuídos pela noção de gravidade. Se eles
conseguissem expulsar tal noção de suas cabeças — por exemplo, declarando tratar-se de
uma superstição, de uma ideia religiosa —, estariam resguardados de todo e qualquer perigo
que a água oferece. Durante toda a sua vida, ele lutou contra a ilusão da gravidade, cujas
consequências nocivas eram comprovadas por todas as estatísticas, com novas e inúmeras
evidências. Esse camarada honesto era do mesmo tipo dos novos filósofos revolucionários na
Alemanha. As premissas de que partimos não são arbitrárias, não se trata de dogmas, mas de
premissas reais, cuja abstração só pode ser feita na imaginação. Trata-se dos indivíduos reais,
sua atividade e as condições materiais em que vivem, tanto aquelas que eles já encontram
existindo, quanto as produzidas em sua atividade. Portanto, tais premissas só podem ser
verificadas de um modo puramente empírico.
1 Disponível em: <https://aviagemdosargonautas.net/2015/09/10/brasil-a-batalha-contra-o-marxismo-nas-universidades-uma-montagem-de-camilo-joseph-i >. Acesso em: 15 abr. 2020. 2Texto extraído do autor: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein.
6.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. 3 No presente texto foi realizado alguns recortes.
A primeira premissa de toda história humana é, evidentemente, a existência de
indivíduos humanos. Por isso, o primeiro fato a se determinar é a organização corporal desses
indivíduos, e em seguida sua relação com o resto da natureza. É claro que não podemos
investigar aqui nem a própria natureza física do homem, nem as condições naturais em que
ele se encontra — geológicas, oro-hidrográficas, climáticas e assim por diante. A
historiografia deve sempre partir dessas bases naturais e sua modificação, no decorrer da
história, pela ação do homem.
É possível distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião, ou pelo
que quer que seja. Mas eles mesmos começam a se distinguir dos animais logo que
principiam a produzir seus meios de subsistência, um passo que é condicionado por sua
organização corporal. Produzindo seus meios de subsistência, os homens estão produzindo,
indiretamente, sua própria vida material.
O modo como os homens produzem seus meios de subsistência depende, em primeiro
lugar, da natureza dos meios já existentes que eles encontram e têm de reproduzir. Esse modo
de produção não deve ser considerado simplesmente como a reprodução da existência física
dos indivíduos. Trata-se sim de uma determinada forma de atividade desses indivíduos, uma
determinada forma de dar expressão as suas vidas, um determinado modo de vida deles. A
maneira como os indivíduos expressam suas vidas é a sua maneira de ser. Assim, o que eles
são coincide com sua produção, tanto com o que eles produzem, quanto com o modo como
produzem. A natureza dos indivíduos depende, então, das condições materiais que
determinam sua produção.
A produção de ideias, de concepções, de consciência é, a princípio, diretamente
entrelaçada com a atividade material e o intercâmbio material dos homens, a linguagem da
vida real. Conceber, pensar, os intercâmbios mentais dos homens, nesse ponto, aparecem
como a emanação direta de seus comportamentos materiais. O mesmo se aplica à produção
mental, como se expressa na linguagem da política, das leis, da moralidade, da religião e da
metafísica de um povo. Os homens são os produtores de suas concepções, ideias etc. — os
homens reais, ativos, conforme são condicionados por um determinado desenvolvimento de
suas forças produtivas e do intercâmbio correspondente a essas, até alcançarem suas formas
mais elaboradas. A consciência nunca pode ser nada mais do que existência consciente, e a
existência dos homens é seu próprio processo de vida. Se os homens e suas circunstâncias
aparecem de cabeça para baixo, como numa câmera obscura, em todas as ideologias, esse
fenômeno surge de seu processo de vida histórico, assim como a inversão dos objetos na
retina surge de seu processo de vida físico.
Em contraste direto com a filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui nós
ascendemos da terra para o céu. Isso quer dizer que não partimos do que o homem diz,
imagina ou concebe, nem do modo como o homem é descrito em narrativas, pensado,
imaginado, concebido, a fim de chegarmos ao homem de carne e osso. Partimos dos homens
reais, ativos, e assim, baseados em seu processo real de vida, demonstramos o
desenvolvimento dos reflexos e ecos ideológicos desse processo de vida. Desse modo, os
fantasmas que se formam nos cérebros humanos são, necessariamente, sublimações de seu
processo de vida material, que é verificável empiricamente e fundado em premissas materiais.
Portanto, a moralidade, a religião, a metafísica, assim como todo o resto das ideologias e suas
formas correspondentes de consciência, não conserva mais o seu semblante de
independência. Elas não possuem uma história, um desenvolvimento; são os homens que,
desenvolvendo suas produções materiais e seus intercâmbios materiais, alteram junto com
tais processos sua existência real, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. Não é a
vida que se determina pela consciência, mas a consciência que é determinada pela vida. No
primeiro método de considerar as coisas, o ponto de partida é a consciência tomada como
indivíduo vivo; no segundo, são os próprios indivíduos vivos por si mesmos, como eles são
nas suas vidas, e a consciência é considerada unicamente como consciência deles.
Esse método de consideração das coisas não é desprovido de premissas. Ele parte das
premissas reais e não as abandona em momento algum. Suas premissas são os homens não
em qualquer isolamento fantástico ou definição abstrata, mas em seu processo real de
desenvolvimento, sob determinadas condições, perceptível empiricamente. Logo que esse
processo de vida ativo é descrito, a história deixa de ser uma coleção de fatos mortos, como
ela é para os empiristas (eles mesmos ainda abstratos), ou uma atividade imaginária de
sujeitos imaginários, como ela é para os idealistas.
Onde a especulação termina — na vida real —, ali começa a ciência real e positiva: a
representação da atividade prática, do processo prático de desenvolvimento dos homens. O
discurso vazio acerca da consciência se silencia, e o conhecimento real tem de tomar o seu
lugar. Quando a realidade é exposta, a filosofia perde seu meio de existência como um ramo
independente de atividade. No melhor dos casos, seu lugar pode ser ocupado por um resumo
dos resultados mais gerais, as abstrações que despontam na observação do desenvolvimento
histórico dos homens. Vistas à parte, separadas da história real, tais abstrações não têm, em si
mesmas, valor algum. Elas podem servir apenas para facilitar a organização do material
histórico, para indicar a sequência de seus estratos diferenciados. Mas elas não fornecem de
modo algum, como faz a filosofia, uma receita ou esquema para arrumar metodicamente as
épocas da história. Pelo contrário, nossas dificuldades só começam quando nos dispomos à
observação e ao ordenamento — a exposição real — de nosso material histórico, seja de uma
época passada ou do presente. A remoção de tais dificuldades é governada por premissas nas
quais é impossível nos determos aqui, e que só se tornarão evidentes por meio do estudo do
próprio processo de vida e da atividade dos indivíduos em cada época.
Sugestão de vídeo aula: Letra da música de Cazuza “Ideologia”, e um link com o vídeo clip
do cantor. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XoiF-pDzod4>. Acesso em:
14 abr. 2020.
4. SOCIOLOGIA
Controle social - dispositivos de controle social
Não se preocupe, você não está sozinho (a). É muito comum termos esses
questionamentos e dúvidas. Principalmente quando nos deparamos com situações nas quais
somos obrigados a seguir determinadas regras, normas, costumes ou até mesmo tradições.
Em síntese, o controle social refere-se a um conjunto bastante heterogêneo de
dispositivos que nos levam a seguir leis, valores e padrões comportamentais vigentes e
dominantes. Ou seja, que nos incuta modos de ser, pensar e expressar socialmente que devem
ser partilhados por todas as pessoas de um grupo, coletividade ou sociedade.
A esse conjunto de normativas sociais que nos fazem ter determinados
comportamentos, chamamos de controle social. A ideia de controle social aparece no período
de consolidação da sociologia e tem em Émile Durkheim, que definiu a sociedade como
imperante sobre os indivíduos, um de seus expoentes.
O controle social (imagem Google)
Mas como somos levados a agir e pensar segundo regras pré-definidas sem questionar?
Seguimos esses parâmetros de comportamento porque existem diferentes modos e
dispositivos que asseguram o controle social e disciplinam os indivíduos, fazendo com que
eles sigam um conjunto de regras sociais e morais e ajam de modo previsível.
Existe todo um aparato social que controla nosso comportamento e nos faz “andar na
linha”. Então, mesmo quando nós não estamos pensando, estamos sendo controlados.
Os dispositivos de controle social existem em diferentes formatos. Podem ser formais ou
informais. Os dispositivos formais são aqueles dados pelas leis e normas que são
institucionalizadas. Já os dispositivos informais são aqueles dados por regras que regem a
conduta de cada um, mas que não tem o peso de leis. São exemplos, as crenças, os valores
morais, as tradições e costumes. Aqui a família, a escola e a igreja ocupam os principais
lugares de produção e difusão dos valores sociais a serem seguidos e do controle estreito dos
comportamentos e atitudes.
O filósofo político Norberto Bobbio define e divide o controle social em duas diferentes
esferas: as formas externas e as formas internas de controle.
As formas externas de controle social são aquelas que vigiam as leis e normas sociais
vigentes e que garantem que todas as pessoas irão se comportar do mesmo modo. Quem foge
dessas normas sofre as sanções, penalidades e punições diretas que buscam restabelecer a
ordem ou lei que foi quebrada.
A polícia é um exemplo de dispositivo de controle social externo e formal que é acionado
toda vez que alguém contraria as leis. Ela garante o cumprimento das normas e tem o poder
(garantido e legitimado pelo Estado) para controlar e assegurar o cumprimento das normas.
Os dispositivos de controle interno são aqueles mecanismos de controle que nos são
inculcados socialmente, ou seja, que nós interiorizamos. O processo de interiorização nada
mais é que tornar uma ideia ou qualquer outra característica parte da consciência de um
indivíduo, ou seja, a pessoa não mais consegue desvencilhar-se dessa ideia ou pensamento
com facilidade porque ela é constitutiva de seu modo de pensar e ver o mundo.
Normas, valores, costumes, tradições sociais são calcadas no processo formativo da
identidade dos indivíduos e, deste modo, compõem a consciência da pessoa. Essa
interiorização é dependente de um processo de socialização, que torna o indivíduo vigia de si
e de seus próprios comportamentos e atitudes. Em síntese, os indivíduos, através do
aprendizado e internalização das normas sociais, exercem o controle social através de um
autocontrole. O medo da exclusão social é um dos principais meios de manutenção das
normais sociais e de controle e autocontrole dos comportamentos e atitudes.
Sugestão de vídeo aula: Controle Social – Resumo de Sociologia para o Enem. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=PCk2SwOwqmg>. Acesso em: 14 abr. 2020.
Referência
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.
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