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ApocalipseApenas Uma Panorâmica
Pr. Fernando FernandesPIB em Penápolis, 30/12/12 e 06/01/2013
O que oferece esperança ao cristão em meio à tribulação e ao
sofrimento?
Por mais incrível que pareça, simplificando o tema, este o objetivo
principal do livro de Apocalipse.
2
A salvação escatológica como apresentada em Apocalipse se reporta a esperança cristã que deve preencher o mais profundo anseio espiritual de toda a criatura, embora nem sempre tenhamos plena consciência de que a
escatologia comprova e reafirma o fato de que somos objetos do amor de
Deus e de sua graça salvadora revelados em Cristo Jesus e
demonstrados na cruz. 3
O nome original do livro é Revelação, com o sentido de “descortinar”, “abrir
a cortina” e revelar o que nos dá esperança e o que está por vir, se
perseveramos na esperança da salvação.
Porém, devemos ter em mente que originariamente Apocalipse não era
um livro de “mistérios”. 4
O autor é João, Ap 1.9, que estava preso na
ilha de Patmos.
Na verdade, atribuímos a autoria
ao Apóstolo João devido as afirmações de Justino Mártir em
150 d.C. e de Irineu em 200 d.C.. 5
Eles chegaram a esta conclusão por causa do estilo do livro, que aponta
que o escritor era um cristão de origem hebraica, e pelo profundo
conhecimento que este autor demonstra ter do Antigo Testamento.
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João escreveu o Apocalipse por volta
do ano 90 d.C. e o endereçou às 7 Igrejas
da Ásia, que são as igrejas do grande
avivamento relatado em Atos 19.1-22, mas que estavam sendo
perseguidas pelo Imperador Domiciano.7
Domiciano exigia ser adorado e desejava implantar uma base de
unidade espiritual no Império Romano, mas os cristãos se recusavam a adorá-lo, declarando que só Jesus é Senhor, sendo o único digno de toda
adoração e de todo o louvor.
8
Além disso, Domiciano afirmava ter o destino do mundo em suas mão e os
cristão rebatiam declarando e proclamando que Deus é quem tem o destino da história em suas poderosas
mãos.
9
Essa recusa e essas declarações, bem como a pregação cristã, deflagraram a
perseguição que foi mais acirrada contra as igrejas da Ásia Menor, as
mais avivadas, em especial às igrejas de 2ª e 3ª geração, nas quais não se tinha mais testemunhas oculares do Ministério terreno do Senhor Jesus.
10
Nessas igrejas, o fervor quanto ao retorno de Cristo já não ardia com
tanta intensidade nos corações, a fé em Deus como sendo poderosa para
livrar do jugo cruel de Roma era questionada e, por isso, era grande a
pressão de falsos mestres na tentativa de corromper a fé e a integridade
moral dos cristão, e de promover o sincretismo, associando a fé cristã
com a servidão à Roma. 11
Diante desses fatos, João escreve ao povo de Deus para fortalecê-los nas tribulações que enfrentavam e que
ainda enfrentariam, apesar de todo o sofrimento, a fim de que mantivessem
vívida na mente e nos corações a esperança de que o Senhor Jesus
voltaria em breve para destruir Roma e todos os inimigos da Igreja,
libertando o seu povo e garantindo a herança celestial eterna.
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Como João estava preso, ele não podia usar uma linguagem clara para exortar a seus leitores e, por isso, ele
optou pela literatura apocalíptica, com uma linguagem extremamente
escatológica, que só seria compreendida pelos leitores cristãos, conhecedores deste tipo de literatura.
13
Temos livros apocalípticos no Antigo Testamento e na literatura religiosa judaica que prevaleceu no período interbíblico, e que eram conhecidos
dos cristãos do 1º século, o que facilitou a divulgação do livro de
Apocalipse escrito por João.
14
A literatura apocalíptica na Bíblia é encontrada em Daniel 1 a 12, Isaías 24 a 27; 33; 34 e 35, Ezequiel 2.8- a 3.39, Zacarias 12 a 14, Joel 2, no discurso
escatológico de Jesus em Marcos 13, Mateus 24 e Lucas 21, nas cartas de
Paulo, 1 Tessalonisences 4.13 a 5.11 e 2 Tessalonisences 2, e no próprio livro
de Apocalipse.15
Além dos livros canônicos, os cristãos conheciam o Livro de Henoque, que é
aceito até hoje pelas igrejas da etiópia, e o Apocalipse de Esdras, que aparece como apéndice na Vulgata e
na Bíblia usada pela Igreja da Armênnia.
16
Fora da Bíblia os livros apocalípticos, que são chamados de Livros Apócrifos, são o Apocalipse de Pedro, o Segundo Livro de Enoque, o Livro dos Jubileus,
atribuído a Moisés, a Assunção de Moisés, o Livro de Baruque e o Testamento dos 12 Patriarcas, atribuído aos 12 filhos de Jacó.
17
O Apocalipse não é apenas um livro, mas sim todo um gênero literário que surgiu e floresceu no Oriente Médio, nos séculos I e II AEC (Antes da Era
Cristã), e aparece nas literaturas judaica, cristã, gnóstica, grega, persa e
latina.
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A essência de um apocalipse não é o fim do mundo, como geralmente se pensa, mas uma revelação do futuro
glorioso que aguarda os escolhidos de Deus que sofrem perseguição no
tempo real e no espaço físico, natural, da história.
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É por isso que uma característica marcante do gênero apocalíptico é sua relação problemática e contraditória
com a História.
Porém, cada apocalipse foi escrito em resposta a uma situação histórica
concreta, normalmente a submissão a algum conquistador mais forte.
20
Entretanto, os apocalipses não se preocupam com a história passada,
mas sim com a que virá, com a enumeração dos fatos históricos que ainda acontecerão antes do fim dos
tempos e da vitória final dos escolhidos.
Porém, de um modo ou de outro, a história, pregressa ou futura, está sempre presente nos apocalipses.21
Todos os apocalipses surgiram em situações históricas específicas, tempos de grande opressão e
perseguição, quando os fiéis já não tinham mais esperanças de libertação.
Os autores dos apocalipses, e isso inclui João, acreditavam viver no pior
dos mundos e escreveram para leitores que compartilhavam dessa
opinião. 22
A literatura apocalíptica é uma literatura em crise, de crise e para um tempo de crise aguda, numa tentativa
de organizar e entender um mundo avassalador que já não faz mais
sentido, mas também é uma literatura de crítica social, escrita por uma
minoria descontente, impotente e desprivilegiada, mas fiel às suas
convicções espirituais ou religiosas.23
Na atualidade, para entendermos o Apocalipse, devemos estudar a
Escatologia, que é a Ciência do Fim da História, porém, sem perdermos de
vista o fato de que a literatura apocalíptica/escatológica não é uma
literatura pura e simplesmente profética.
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Por ser recheado de figuras e de simbolismo, os apocalipses e a
literatura escatológica em si, são de difícil interpretação.
São muitos símbolos estranhos e alguns até bizarros, com um gênero
peculiar e bem distinto, devendo, por isso, se ter extremo cuidado em seu
estudo e em sua interpretação. 25
Também não podemos esquecer ou negligenciar o contexto histórico de
cada livro escatológico, inclusive o do Apocalipse de João, que escreveu aos cristãos que vivenciavam momento histórico delicado, de perseguição e
de esfriamento espiritual.
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Assim sendo, ao estudarmos o livro de Apocalipse, devemos ter em mente
que toda a sua simbologia está relacionada à esperança escatológica, mas também ao contexto histórico de governo perverso, de desânimo e da
cultura relativista e sincrética da época.
27
É por isso que devemos estudar o livro de Apocalipse a partir do Método Histórico, que encara o livro como uma profecia simbólica de toda a
história da igreja até a volta de Cristo e o fim dos tempos, em que os símbolos apenas identificam os
diversos acontecimento e tendências da história do mundo ocidental e da
Igreja. 28
Mas também podemos estudá-lo pelo Método Idealista, que evita o
problema de ter que encontrar cumprimento histórico para os seus símbolos e vê somente um quadro
simbólico do conflito cósmico espiritual entre o reino de Deus e os
poderes satânicos.29
Com base em Apocalipse 12, este método afirma que a Besta é o mau
em qualquer forma que ele tome para oprimir a Igreja de Jesus Cristo.
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Alguns preferem, entre estes a grande maioria pentecostal, o Método
Futurista, que interpreta o Apocalipse como uma profecia de
acontecimentos futuros, colocada em termos simbólicos, e que apontam e
levam ao fim do mundo.
31
O Método Futurista se divide em duas vertentes, a Moderada, que entende que o povo que sofre a perseguição é
a Igreja de Jesus Cristo, a Israel de Deus, e que lê as 7 cartas às igrejas apenas como escritas para igrejas
históricas e não como uma predição de períodos da história da Igreja.
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Já a vertente Dispensacionalista, defendida pelos pentecostais
históricos, entende as 7 cartas às Igrejas da Ásia como 7 épocas
sucessivas da História da Igreja.
33
As dispensações, expressas em símbolos, caracterizam os 7 principais períodos de declínio e de apostasia da
igreja, bem como o arrebatamento simboliza o arrebatamento da Igreja
no fim dos tempos.
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Para os dispensacionalistas os capítulos 6 a 18 de Apocalipse
retratam a grande tribulação, que acontecerá na última dispensação, quando o Anticristo praticamente destruirá o povo de Deus, que é a nação de Israel, em sua volta para Jerusalém, protegidos por um selo divino, Ap 7.1-8, para reconstruir o
templo, Ap 11.1-3, posto que a igreja, arrebatada, não mais estará na Terra.35
Há ainda os que preferem o Método Literal de interpretação do Apocalipse,
defendendo a tese de que a interpretação verdadeira e correta da Bíblia é a que se baseia na literalidade
do texto escrito.
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O problema deste método é que não poderíamos entender as profecias do Antigo Testamento e as escatológicas,
sobre o governo de Cristo como cumpridas na história ou suscetíveis de cumprimento, posto que reino de
Deus e de seu Cristo não é deste mundo e nem geopolítico, mas
espiritual.37
Há ainda aqueles que optam pelo Método Alegórico, que interpreta o Apocalipse de maneira “figurada,
espiritual e mais profunda”, mas que na verdade é espiritualizada e
despreza totalmente o significado histórico do texto, prevalecendo as
ideias mirabolantes do intérprete que muitas vezes perverte a mensagem
bíblica para sustentar o seu obscuro e manipulador teologismo escatológico.38
Por fim, alguns, como eu, preferem o Método Histórico-Gramatical, que dá
a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teriam no uso costumeiro, normal e cotidiano empregado na transmissão oral,
escrita, gramatical e conceitual do Texto Sagrado.
39
Neste método, o sentido das palavras devem ser apurados mediante
considerações históricas e gramaticais do tempo da escrita e do cotidiano
dos leitores originais em sua realidade sociocultural, sem desprezar, porém, a
simbologia, a tipologia e a alegoria utilizadas pelos leitores originais na interpretação e na compreensão do
Texto Sagrado. 40
Na verdade, as grandes diferenças de interpretação e os grandes debates sobre o milênio (pré-milenarismo, pós-milenarismo e amilenarismo),
sobre o arrebatamento) da Igreja (pré-tribulacionista, midi-tribulacionista e
pós-tribulacionista), sobre a besta, sobre o Anticristo, sobre Israel e a
igreja resultam do método de interpretação utilizado para o estudo
do Apocalipse. 41
Algumas questões relevantes
devemos se considerar sobre a
escatologia e o estudo do livro de
Apocalipse.
São elas:42
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a) A Escatologia é um preceito bíblico e deve ser levada a sério como
Doutrina, mas não é um fim em si mesma e nem é superior a
necessidade de comunhão com Deus, de fidelidade a Deus e a Jesus, e de
santidade, e nem supera a ordenança da pregação do evangelho, seja pela
autoridade testemunhal ou pela proclamação. 43
b) Ao estudarmos o Apocalipse devemos ter em mente uma estrutura antitética, ou seja, um fato histórico,
uma figura, um símbolo ou uma profecia está sempre em oposição ao seu equivalente no mundo real, físico
e natural.
44
Vemos esta estrutura em 1Co 13.12, Mc 10.30, Lc 18.30, Mt 12.32 e Hb 6.4-5, e esta dinâmica antitética é o que deve orientar a nossa interpretação
sobre o que “JÁ” e o que “AINDA NÃO” se cumpriu na profecia escatológica ou
apocalíptica.
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c) Em Apocalipse o contraste entre a era presente e a vindoura é
parcialmente rompido, visto que sua interpretação depende da convicção de que o Rei Messias se fez carne e
veio ao mundo para salvar os que nele creem, e para resgatar aqueles que “já” estão santificados e preparados
para o arrebatamento e o juízo final, e que se motivam pela parousia, a segunda vinda do Rei Messias.
46
d) Ao lermos e estudarmos o Apocalipse, devemos ter em mente que a questão dos últimos dias no
Novo Testamento deve ser compreendida como a expansão e o
cumprimento da Profecia e da História do Antigo Testamento, da mesma forma como os escritores bíblicos judeus do NT a compreendiam.
47
e) Sobre os “últimos dias” em Apocalipse, para melhor
compreendermos o seu significado, devemos ter em mente o sermão de
Pedro em Atos 2, em especial os vs. 17 e 18, quando ele cita Joel 2.28-29,
porém, sem afirmar que aquele dia era “O” dia do Senhor, mas apenas
indicando que algum dos aspectos dos “últimos dias” mencionados em Joel
haviam se cumprido e estavam acontecendo. 48
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Esta compreensão é importante porque nos ajuda a perceber que os “últimos dias” do Antigo Testamento não está se referindo somente ao fim absoluto ou à plena consumação da
Terra, mas também aos muitos acontecimentos antecedentes à
segunda vinda de Jesus e aos eventos e cataclismos conducentes a este
momento, bem como ao fim derradeiro do mundo. 49
f) Ao estudarmos o Apocalipse devemos ter em mente que “o dia do Senhor” não é um dia específico na
história, um evento pontual, mas sim, como no caso dos “últimos dias”, é uma expressão que vem do Antigo
para o Novo Testamento com o sentido de um tempo de intervenção de Deus na história, para acerto de
contas. 50
Neste sentido, de intervenção de Deus na história para acerto de contas, reside a dimensão escatológica do “dia do Senhor, que abrange três
aspectos distintos:
51
1. A diferenciação entre o justo e o injusto, Amós 5.18-24.
52
2. A salvação/regeneração de todos os que renunciaram tudo por Jesus e que perseveraram até o fim, Mateus 19.28.
53
3. O julgamento ou juízo final vai acontecer de fato,
Salmo 9.17 e Joel 3.8-9.
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Além desses aspectos, uma coisa é certa:
a) Haverá uma volta súbita, pessoal, corpórea e visível de Jesus Cristo,
Mateus 24.44, João 145.3, Atos 1.11, 1 Tessalonicenses 4.16, Hebreus 9.28, Tiago 5.8, 2 Pedro 3.10, 1 João 3.2 e
Apocalipese22.20.55
b) Devemos não apenas desejar esta volta, 1 Coríntios 16.22, Filipenses
3.20, Tito 2.12-13 e Apocalipse 22.20, mas devemos estar preparados para a
parousia, a segunda vinda de Jesus, no fim dos tempos, Mateus 24.44 e 50, Mateus 25.13, Marcos 13.32-33, 1 Tessalonicenses 5.2, Tiago 5.7-9,
Hebreus 10.25, 1 Pedro 4.7, Apocalipse 1.3, 22.7, 12 e 20. 56
c) A nossa compreensão sobre a escatologia e sobre o livro de
Apocalipse só fará sentido quando nos libertarmos do desejo de decifrar o simbolismo enigmático do tema e quando entendermos que a nossa salvação é, de fato, escatológica, Mateus 20.22-23, Mt 24.10-13 e
Hebreus 10.35-37.57
Porém, a escatologia da salvação só faz sentido e só reflete a Revelação
bíblica quando é vinculada e centrada no senhorio de Cristo sobre a Igreja, Corpo de Cristo, sobre a Igreja Local,
nossa Eclesiologia e Identidade Doutrinária e, de forma integral e incondicional, visto sermos Igreja,
sobre as nossas vidas.58
d) Devemos também tomar cuidado com algumas interpretações da Doutrina das Últimas Coisas, a
Escatologia, que exercem influência sobre várias denominações
evangélicas, inclusive a nossa, Batista, tais como:
59
i. As Duas Cidades,de Santo Agostinho.
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Doutrina expressa no livro A Cidade de Deus, tem como tema central o
colapso do Império Romano e a queda de Roma, como resultado da
complexidade da relação entre a “cidade de Deus”, destino dos fiéis, e a “cidade dos homens”, onde vivemos,
apresentando a igreja como uma espécie de exílio neste período
intermediário entre a encarnação de Jesus e a sua volta final em glória.61
ii. A Divina Comédia,de Dante Alighieri.
62
Este livro acabou por definir o conceito cristão católico de inferno e
de danação eterna, bem diferente, em vários aspectos, daquilo que é
ensinado por Jesus na Bíblia Sagrada, e, devido a influência do catolicismo no Brasil, influencia também a ideia
de inferno de muitos cristãos evangélicos.
63
iii. A Esperança em
Face da Morte,Doutrina
desenvolvida pelo Pastor Anglicano
Jeremy Taylor, quando da morte
de sua esposa64
Esta doutrina tem como tônica a ideia de que “morrer bem é uma grande arte”, razão pela qual o cristão não deve ter medo da morte, mas sim
alimentar a sua esperança cristã pela contemplação daquilo que ele
encontrará depois e além da morte.
65
O problema desta doutrina é que, por ter sido mau interpretada, gerou um muitos uma acomodação espiritual contemplativa que se
expressa através de um exagerado triunfalismo
expresso na maioria dos hinos fúnebres do
cancioneiro evangélico.66
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É por causa desse triunfalismo e dessa acomodação nefasta que costumo
dizer, citando o “profeta” Raul Seixas, que tem muita gente sentada nos
bancos das igrejas “com a boca arreganhada cheia de dentes
esperando a morte chegar”, enquanto o céu não vem.
67
iv. A Demitologização
da Escatologia e do Apocalipse de
João, proposta por Rudolf Bultmann.
68
Bultmann alegava que as crenças sobre o fim da história como previstas na Escatologia e em Apocalipse eram
apenas mitos e que deveriam ser interpretadas existencialmente, visto que tais mitos dizem respeito ao aqui e o agora da existência humana, das decisões que tomamos e da nossa
própria morte. 69
Para Bultimann não haverá um “juízo final”, posto que não haverá
julgamento futuro ou depois do fim do mundo.
Para ele, o que realmente existe e acontece é o julgamento que fazemos de nós mesmos a cada dia, e que este julgamento influencia o nosso destino no futuro, se o fim do mundo não for
apenas um mito. 70
v. A Teologia da
Esperança,
proposta por
Jürgen Moltmann, no livro publicado
em 1964, na Alemanha.
71
Para Moltmann, Deus é parte do processo do tempo, em direção ao
futuro, não sendo, portanto, absoluto, mas apenas estando a caminho do futuro, onde se cumprirão as suas
promessas.
O futuro é a natureza essencial de Deus.
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Segundo Moltmann, a ressurreição de Jesus Cristo como evento histórico não
tem nenhuma importância.
A importância da ressurreição de Cristo é escatológica e deve ser vista
pela perspectiva do futuro, porque dá aos cristãos a “esperança” de uma
ressurreição geral no futuro.73
Em lugar de olhar a partir da tumba vazia em direção ao futuro, ele sugere olharmos
sempre para o futuro, porque é o futuro que
legitimará a ressurreição de
Cristo.74
A solução para o homem e seu pecado é associar-se a Deus, que “se
apresenta sempre que a humanidade se despreza ou se brutaliza”, através do que Moltmann, que era Luterano,
chama de teologia da cruz.
75
Para ele, o homem participa na teologia da cruz aceitando que os desafios da vida são momentos
futuros que se rompem no presente, razão pela qual devemos participar
ativamente na sociedade, para transformá-la, eliminando as
diferenças de “raças, classes, status e igrejas nacionais.”
76
77
A igreja é o instrumento de Deus para a mudança, para reconciliar aos ricos
com os pobres, as raças e as estruturas sociais, provocando uma grande revolução, que pode ser um
dos meios para que a igreja introduza mudanças radicais no mundo e na
sociedade.78
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Porém, ele faz uma perigosa e errônea dissociação da História com a
Escatologia, negando o verdadeiro significado da história e seus eventos,
negando também, por isso, a imutabilidade de Deus, Malaquias 3.6,
visto que, para ele, Deus “se move para o futuro”, mas sem intervir na
história vivenciada e escriturada pelo ser humano. 79
Assim pensando, Jürgen Moltmannnega a compreensão normal da
História e rejeita o significado da historicidade da ressurreição de
Cristo, encarando tudo como uma mera previsão do futuro.
80
Não é difícil perceber a influência do Marxismo e do “Marxismo Cristão” de
Ernst Bloch nesta proposta de Igreja transformando a sociedade e o
mundo.
81
Sem dúvida alguma, as Teologias da Libertação, da Prosperidade, da
Confissão Positiva e o Teísmo Aberto têm as suas raízes na Teologia da
Esperança e na proposta de revolução e mudança social de Moltmann.
82
Para encerrar esta panorâmica sobre o estudo de Apocalipse, deixo com os
amados alguns sábios conselhos:
83
“Esteja atento, e tenha um espírito avivado [...] Seja sempre mais zeloso
do és agora. Analise as épocas cuidadosamente. Olhe para Aquele
que está acima de todo o tempo, que é eterno e invisível, e que, no entanto,
se tornou visível para o nosso bem”.Inácio de Antioquia
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Santo Inácio, um dos Pais da Igreja Primitiva,
o terceiro bispo de Antioquia, e chamado de “Inácio, o Teóforo”, o que traz Deus com ele, e que já idoso foi levado acorrentado a
Roma, onde foi martirizado no Coliseu,
lançado às feras. 85
“Que a graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus (Filho) de Davi!
Se alguém é santo, que venha, se alguém não é santo, que se
arrependa. Maranata. Amém.
O Didaquê – 10.6
86
O Didaquê é o livro de instrução
doutrinária, com base nos
ensinanentos dos Apóstolos, que
circulou nas igrejas cristãs entre 120 e
150 d.C.87
“Por que, então, não rejeitar todo o cuidado terreno e nos preparar para
encontrar o Senhor Jesus Cristo?”
Efraim da Síria
88
Efraim foi um poeta cristão sírio que
viveu entre 306 e 373 d.C., e seus
manuscritos foram encontrados, ainda
sem tradução, somente no século
20.89
A minha oração é para que a partir do dia 13/01, terceiro domingo de janeiro, tenhamos proveitosas,
abençoadas e abençoadoras aulas sobre o livro de Apocalipse em nossa
EBD.
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Amém.91
Fontes:
LADD, George. Apocalipse – Introdução e
Comentário. Mundo Cristão e Vida Nova
STURZ, Richard J. Teologia Sistemática. Vida Nova
PENTECOST, J. Dwigth. Manual de
Escatologia. Vida92
PANNENBERG, Wolfhart. Teologia
Sistemática. Vol. 3. Academia Cristã e Paulus
CULVER, Robert D. Teologia Sistemática,
Bíblica e Histórica. Shedd
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática.
Vida.93
McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática,
Histórica e Filosófica. Shedd
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática.
Vol. 2. CPAD
Comentário Bíblico Bradman. Vol. 12 –Hebreus a Apocalipse, JUERP
94
A Bíblia de Estudo do Discípulo/IBB
http://interney.net/blogs/lll/2008/05/06/o_que_e_a_literatura_apocaliptica/
http://doutrinacalvinista.blogspot.com.br/2012/01/teologia-da-esperanca-jurgen-moltmann.html
95
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