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Transparência das IPSS na Região Autónoma da Madeira: estudo empírico
Tomásia Ornelas Mestranda em Contabilidade e Finanças do ISCAP/PP
tomasia_pxo@hotmail.com
Ana Maria Bandeira Professora Adjunta, P.PORTO/ISCAP/CEOS.PP/CEPESE
bandeira@iscap.ipp.pt
Deolinda Meira Professora Adjunta, P.PORTO/ISCAP/CEOS.PP
meira@iscap.ipp.pt
Área Temática: I - Setor Público e Não Lucrativo
2
Resumo:
O novo estatuto das Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS), previsto no Decreto-
Lei n.º 172-A/2014, de 14 de novembro, veio exigir a publicação das contas no sítio
institucional eletrónico destas instituições até ao dia 31 de maio do ano seguinte a que dizem
respeito (art.º 14.º-A). Perante este problema, o objetivo principal deste trabalho é o de
sensibilizar as IPSS para as exigências legais que decorrem daquela recente alteração ao
Estatuto que as enquadra e, como objetivo específico, procuramos ainda averiguar o nível de
transparência das IPSS na Região Autónoma da Madeira (RAM).
Para o efeito realizou-se um estudo empírico tendo como população-alvo as cinquenta e cinco
Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), registadas naquela região, de modo a
averiguar a transparência dessas entidades na Região Autónoma da Madeira. Para o efeito
recorreu-se a dois métodos de investigação, método quantitativo e método qualitativo para
aferir o grau de transparência destas entidades na RAM. Os resultados mostraram que ao nível
da transparência ainda existe um elevado número de IPSS da RAM que não cumprem as regras
legais.
Palavras-Chave: Economia Social; Instituições Particulares de Solidariedade Social;
Transparência; Entidades do Sector Não Lucrativo.
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1.Introdução
De entre as entidades que integram o setor da economia social, neste estudo destacaremos
aquelas que, o artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 120/2015, de 30 de Junho enquadra no «sector social
e solidário» e que correspondem ao conjunto das instituições particulares de solidariedade
social, ou legalmente equiparadas, definidas no artigo 1.º do Estatuto das IPSS.
Problema: Estas entidades estão perante um problema relacionado como as alterações
ao estatuto das IPSS (Decreto-Lei n.º 172-A/2014, de 14 de novembro), ao exigir a publicação
das contas indo ao encontro do que o atual normativo contabilístico refere quanto à
transparência, devendo as contas ser publicadas obrigatoriamente no sítio institucional
eletrónico da instituição até ao dia 31 de maio do ano seguinte a que dizem respeito (art.º 14.º-
A do Decreto-Lei n.º 172-A/2014).
Objetivos: O objetivo principal deste trabalho é de sensibilizar as IPSS para as
exigências legais que decorrem da recente alteração ao Estatuto que as enquadra. O objetivo
específico deste estudo consiste em averiguar qual o nível de transparência das IPSS na Região
Autónoma da Madeira (RAM). Para a realização deste estudo, a população-alvo são as 55
entidades, com o estatuto de IPSS, registadas na RAM.
Metodologia: Para a obtenção dos resultados são conjugados dois métodos de
investigação: método quantitativo e método qualitativo. O método quantitativo tem como
objetivos a identificação e apresentação dos dados a partir da amostra apresentada, para, de
seguida, realizar uma análise estatística, centrada nas hipóteses formuladas. O método
qualitativo tem como principal finalidade o desenvolvimento de conceitos e a descrição de
realidades, utilizando as entrevistas, a observação direta e a atenção aos contextos. Com base
nesta metodologia, vamos responder as seguintes questões de investigação: (i) As IPSS da
RAM têm sítio institucional eletrónico? (ii) As IPSS da RAM publicam as suas contas nesse
sítio institucional eletrónico? (iii) Quais os tipos de contas que publicam e há quanto tempo é
que publicam?
2. Enquadramento contabilístico e jurídico
Nos termos da Lei de Bases da Economia Social (Lei n.º 30/2013, de 8 de maio, LBES),
a noção de economia social está associada a um específico objeto social, traduzido no exercício
de uma atividade económico-social, a qual terá por finalidade «prosseguir o interesse geral da
sociedade, quer diretamente quer através da prossecução dos interesses dos seus membros,
4
utilizadores e beneficiários, quando socialmente relevantes». Desta norma resulta que o
legislador associa a noção de economia social a um específico objeto social, traduzido no
exercício de uma atividade económico-social, a qual terá por finalidade a prossecução de um
interesse geral por parte das entidades da economia socia (n.º1 do art. 2.º). Este «interesse geral»
prende-se não apenas com o facto de estas entidades prosseguirem fins sociais, surgindo como
parceiros do Estado Social e cooperando com este na garantia de um mínimo vital de direitos
económicos, sociais e culturais dos cidadãos, mas também com o seu peculiar modo de
organização e funcionamento, distinto do setor público e do setor privado (Meira, 2013).
O setor da Economia Social é um setor que contribui para o crescimento sustentável,
para a criação de emprego e para uma igualdade de distribuição dos rendimentos e da riqueza.
Reúne em si todas as condições para poder ajustar tanto a rentabilidade, como a inserção social
e os sistemas de governação democráticos, trabalhando em conjunto com os setores público e
privado na prestação de serviços apropriados às necessidades dos seus membros e da
comunidade (Monzón & Chaves, 2012).
Em 2016, foi publicada a Conta Satélite da Economia Social 2013, um projeto
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estatística em parceria com a Cooperativa António
Sérgio para a Economia Social. Este projeto veio atualizar informações estatísticas tanto do
sector da Economia Social bem como de todas as entidades pertencentes a este mesmo setor.
No universo de mais de 61 mil unidades de Economia Social, foram consideradas 5.584
entidades com o estatuto de IPSS ou equiparadas (cerca de 9% do total), sendo estas
maioritariamente constituídas por Associações com Fins Altruísticos (84,7%), seguindo-se as
Misericórdias (6,9%), as Fundações (3,9%), as Cooperativas (2,4%) e as Associações
Mutualistas (1,9%).
As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) desenvolveram as suas
atividades sobretudo nas áreas de Ação e segurança social (76,4% do total de IPSS),
destacando-se ainda os Cultos e as congregações (8,0%) e a Cultura, desporto e recreio (6,4%).
Em 2013, as IPSS representaram 32,9% da produção, 43% do VAB, 44,1% das
renumerações, 27,8% dos outros subsídios à produção e 60,4% do emprego remunerado da
Economia Social.
De entre as entidades que integram o setor da economia social, destacaremos aquelas
que, o artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 120/2015, de 30 de Junho enquadra no «sector social e
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solidário» e que correspondem ao conjunto das instituições particulares de solidariedade social,
ou legalmente equiparadas, definidas no artigo 1.º do Estatuto das IPSS.
Dado o contexto do Estado social em que vivemos, este vê-se impedido de exercer
algumas das suas competências na área social, sendo o setor da Economia Social, por
intermédio das suas entidades, com particular destaque para as das IPSS a procurar soluções
para muitos dos problemas sociais. Na maioria dos casos, o Estado fá-lo mediante uma relação
de parceria com estas entidades do setor da Economia Social, podendo falar-se a este propósito
de verdadeiras parcerias público-sociais.
Neste contexto, importa referir que as IPSS desempenham um papel relevante ao
preencherem algumas das lacunas do Estado no que diz respeito às respostas sociais,
construindo soluções melhor adaptadas às necessidades da população do que as respostas
estatais (Romão, 2002).
De acordo com o art. 1.º do Estatuto das IPSS aprovado pelo Decreto-Lei n.º 172-
A/2014, de 14 de novembro, que alterou e republicou o Estatuto das IPSS, aprovado pelo
Decreto-Lei, n.º 119/83, de 25 de Fevereiro, as IPSS são “ pessoas coletivas, sem finalidade
lucrativa, constituídas exclusivamente por iniciativa de particulares, com o propósito de dar
expressão organizada ao dever moral de justiça e de solidariedade, contribuindo para a
efetivação dos direitos sociais dos cidadãos, desde que não sejam administradas pelo Estado
ou por outro organismo público”.
Em termos de enquadramento contabilístico, estas entidades estão sujeitas ao normativo
contabilístico designado de normalização contabilística para as Entidades do Setor Não
Lucrativo (ESNL), publicado no Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março e que integra o
Sistema de Normalização Contabilística (SNC). O novo normativo das ESNL introduziu novas
regras contabilísticas aplicáveis especificamente a estas entidades que, a título principal,
desenvolvem atividades sem fins lucrativos e que não podem distribuir aos seus membros, ou
contribuintes, qualquer ganho económico ou financeiro direto (Bandeira, 2016).
O regime contabilístico das ESNL é composto pelos seguintes instrumentos: Bases de
Apresentação de Demonstrações Financeiras (BADF); Modelos de Demonstrações Financeiras;
Código de Contas; Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor Não
Lucrativo (NCRF-ESNL); e, Normas Interpretativas (conforme o n.º 1.2 do anexo II, do
Decreto-Lei n.º 36-A/2011). As BADF apresentam requisitos que permitem assegurar a
comparabilidade da informação entre exercícios anteriores, assim como, a comparabilidade
6
entre entidades diferentes. Ainda segundo o mesmo normativo as ESNL, necessitam de reforçar
as exigências da transparência relativamente às atividades que realizam e aos recursos que
utilizam, sobretudo através da obrigação de prestarem informação confiável sobre a gestão dos
recursos que lhes são confiados, bem como sobre os resultados alcançados no desenvolvimento
das suas atividades.
Nesta conformidade, o novo estatuto das IPSS, previsto no Decreto-Lei n.º 172-A/2014,
de 14 de novembro, ao exigir a publicação das contas vai ao encontro do previsto na BADF no
que se refere à transparência, devendo as contas ser publicadas obrigatoriamente no sítio
institucional eletrónico da instituição até ao dia 31 de maio do ano seguinte a que dizem respeito
(art.º 14.º-A).
Conforme Meira (2013, pág. 30) explica, a expressão “O Estado apoia” significa que as
entidades irão beneficiar de um apoio público para que as mesmas consigam prosseguir os seus
fins sociais, surgindo como parceiros do Estado Social. Estas entidades cooperam com o Estado
na garantia de um mínimo vital de direitos económicos, sociais e culturais dos cidadãos.
A finalidade da cooperação consiste na "concessão de prestações sociais e baseia-se no
reconhecimento e valorização, por parte do Estado, do contributo das instituições para a
realização dos fins de ação social, enquanto organizada da sociedade civil" (Despacho
Normativo 75/92, Norma II). A cooperação pode assumir, nomeadamente, as seguintes formas:
a) Acordo de cooperação; b) Acordo de gestão; c) Protocolo; d) Convenção. O acordo de
cooperação visa o apoio para o desenvolvimento de um serviço ou equipamento; uma resposta
social destinada ao apoio de crianças e jovens, pessoas com deficiência e incapacidade, pessoas
idosas e família e comunidade - n.º 2 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 120/2015, 30-6 e artigo
10.º Portaria n.º 169-A/2015, de 1 de Julho. O acordo de gestão tem por objeto confiar às
instituições as instalações e a gestão de um estabelecimento de apoio social, de natureza pública
– n.º 3 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 120/2015, de 30-7- e n.º 3 do artigo 7.º Portaria n.º 169-
A/2015. Trata-se de um contrato escrito que visa confiar às IPSS as instalações e a gestão de
um estabelecimento de apoio social, de natureza pública, onde se desenvolvem respostas
sociais.
As IPSS, atualmente, estão sujeitas a um conjunto de regras a cumprir que ultrapassa a
sua missão social e, portanto, que nos propusemos a realizar este estudo com o objetivo
principal de sensibilizar estas entidades para as exigências legais que decorrem da recente
alteração ao Estatuto que as enquadra. Efetivamente, ao exigir-se a publicitação obrigatória no
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sítio institucional eletrónico da instituição, até 31 de maio do ano seguinte a que dizem respeito,
estas entidades ficam sujeitas à verificação externa da legalidade financeira: as contas são
apresentadas, dentro dos prazos estabelecidos, ao órgão competente para a verificação da sua
legalidade, para ulterior comunicação às entidades competentes (artigo 14.º-A, n.ºs 3, 4 e 7 do
Estatuto).
Assim, realizou-se um estudo empírico que se apresenta na secção seguinte.
3. Estudo Empírico – Averiguar o nível de transparência das IPSS na Região Autónoma
da Madeira
Como já referido este estudo empírico recorreu a uma metodologia de natureza quantitativa,
através da técnica análise de rácios e, de qualitativa, através da técnica de análise de conteúdo.
Objetivo principal: sensibilizar as IPSS para as exigências legais que decorrem daquela recente
alteração ao Estatuto que as enquadra.
Objetivo específico: averiguar o nível de transparência das IPSS na Região Autónoma da
Madeira (RAM).
Questões de investigação:
Q1. As IPSS da RAM têm sítio institucional eletrónico?
Q2 As IPSS da RAM publicam as suas contas nesse sítio institucional eletrónico?
Q3 Quais os tipos de contas que publicam e há quanto tempo é que publicam?
Caracterização da amostra: População-alvo são as 55 entidades1.
Para a obtenção dos resultados, como já referido, são conjugados dois métodos de
investigação: método quantitativo e método qualitativo. O método quantitativo tem como
objetivos a identificação e apresentação dos dados a partir da amostra apresentada, para, de
seguida, realizar uma análise estatística, centrada nas questões formuladas, para tal usou-se o
Microsoft Office, nomeadamente, Microsoft Excel. Assim, foi elaborada uma tabela, onde
consta uma lista com os nomes das entidades registadas como IPSS na RAM, as questões de
investigação já referidas e o local onde se encontram, ou seja, o Concelho. Foi possível obter a
maioria das informações, pessoalmente ou telefonicamente.
1 Informação obtida através de email da Cooperativa António Sérgio (CASES) em Março de 2017.
8
A análise dos dados desenvolve-se em três etapas: descrição, análise e interpretação. A
descrição corresponde à escrita de textos dos dados originais mencionados pelo investigador.
A análise tem como objetivo a organização dos dados, onde se devem demonstrar os aspetos
essenciais para proporcionar a obtenção de respostas ao problema proposto pelo estudo. Por
último, a interpretação procura dar sentido mais amplo das respostas, mediante a sua ligação a
outros conhecimentos obtidos anteriormente (Gil, 2008). Por consequente, a análise de dados
do trabalho recai sobre uma das técnicas mais utilizadas nas ciências sociais: a análise de
conteúdo, que permite viabilizar a descrição do conteúdo de comunicação (Pacheco, 2006).
Os resultados que irão ser apresentados, foram obtidos através das informações
disponibilizadas nos sites de algumas IPSS, da comunicação via eletrónica e telefónica bem
como a realização de entrevistas para aquelas que não possuem site eletrónico.
Na figura1 seguinte podemos verificar a distribuição das IPSS pelos concelhos da
Região Autónoma da Madeira.
Figura 1 – Número de IPSS da RAM por conselho
O Funchal é o concelho onde existe maior concentração de IPSS (27), existindo vinte e
sete IPSS registadas. Já os concelhos do Porto Santo, da Calheta e da Ponta do Sol, são os
concelhos onde foram registadas apenas uma IPSS. Verificamos que não existe uma
distribuição uniforme pelos concelhos em geral, uma vez que o Funchal é o concelho mais
importante da RAM.
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As IPSS podem revestir uma das diversas formas, tais como, a de Associações de
solidariedade social, Associações de Voluntários de ação social, Associações de socorros
mútuos, Fundações de solidariedade social, Irmandades da misericórdia, e respetivas, Uniões,
Federações e Confederações. Também podem ser consideradas as fundações de solidariedade
social, os centros sociais paroquiais e outros institutos criados por organizações da Igreja
Católica ou por outras organizações religiosas, sujeitos ao regime das fundações de
solidariedade social.
Temos também as Pessoas Coletivas de Utilidade Pública (PCUP), que de acordo com
o Decreto-Lei nº 391/2007, de 13 de dezembro, são constituídas por “associações ou fundações
que prossigam fins de interesse geral, ou da comunidade nacional ou de qualquer região ou
circunscrição, cooperando com a Administração Central ou a administração local, em termos
de merecerem da parte desta administração a declaração de “utilidade pública”. Assim, e de
acordo com o art.º 8.º do Estatuto das IPSS, estas entidades adquirem automaticamente a
natureza de PCUP.
O gráfico seguinte representa a Forma Jurídica de como as IPSS foram registadas na
RAM.
Gráfico 1 - Forma Jurídica de como as IPSS registadas na RAM
14
98
18
4
1 1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Associação de Solidariedade Social
Casas do Povo
Centro Social e Paroquial
Fundação de Solidariedade Social
Irmandades da Misericórdia
Organizações Não Governamentais
(ONG's)
Pessoa Coletiva de Utilidade Pública
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Podemos verificar que existe uma maior concentração de IPSS que detêm a forma de
Fundação de Solidariedade Social, existindo dezoito entidades com este estatuto. As
Associações de Solidariedade Social são catorze. As Formas Jurídicas com menos entidades
são as Organizações Não Governamentais bem como a entidade que está registada como Pessoa
Coletiva de Utilidade Pública.
De seguida, no gráfico seguinte observamos como as entidades atuam.
Gráfico 2 – Setor de atividade IPSS registado na RAM
1 15
4
7
1
2
311
27
1 1
Acção Social
Apoiar as Vítimas do Crime de Violência Doméstica
Apoio a Crianças e Jovens
Apoio a Crianças, Jovens e Idosos
Apoio a Idosos
Apoio a Pessoas Infectadas e Afectadas pelo VIH
Área da saúde mental
Assistência a Crianças Desprotegidas
Assistência Humanitária e Social
Centro de apoio à vida
Inclusão Social
Projectos de Intervenção Social Intergeracional
Promoção e Divulgação do Voluntariado
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A maioria das IPSS concentra-se na Inclusão Social, existindo vinte e sete entidades que
se preocupam em incluir as crianças, jovens e os idosos na sociedade. Podemos observar que
existe atividades, como: Ação Social; Apoio às Vítimas do Crime de Violência Doméstica;
Apoio a Pessoas Infetadas e Afetadas pelo VIH; Assistência Humanitária e Social; Centro de
apoio à vida; Projetos de Intervenção Social Intergeracional; e, Promoção e Divulgação do
Voluntariado, que apenas uma entidade se preocupa em trabalhar nestas áreas.
Após esta breve caracterização da amostra, se seguida passaremos a analisar as questões
de investigação selecionadas.
Q1: As IPSS da RAM têm sítio institucional eletrónico?
Com o gráfico seguinte podemos verificar a atual situação.
Gráfico 3 – IPSS com sítio institucional eletrónico na RAM
Como podemos observar, 56% das entidades registadas como IPSS, até à data de 31 de
Maio de 2017, possuíam sítio institucional eletrónico, ou seja, a maioria das IPSS tiveram a
preocupação em criar um site. Enquanto 44% das entidades, ou seja, vinte e quatro entidades
não criaram o seu sítio institucional eletrónico para assim cumprirem com as suas obrigações.
56%
44%Sim
Não
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Q2: As IPSS da RAM publicam as suas contas nesse sítio institucional eletrónico?
Gráfico 4 – IPSS da RAM com contas publicadas no sítio institucional eletrónico
Podemos verificar que apesar de existir trinta e uma entidades (56% - Gráfico 3) que
possuem site, apenas 29% dessas mesmas entidades é que publicam os seus Relatórios de
Contas no seu site, ou seja, apenas dezasseis IPSS é que apresentam as contas no site. Havendo
assim uma grande quantidade de IPSS que, além de possuírem site, não apresentam os seus
Relatórios de Contas, ou seja, 79% das IPSS não publicam as contas.
Q3: Quais os tipos de contas que publicam e há quanto tempo é que publicam?
Primeiro procuramos verificar qual o normativo que seguem e o resultado está visível no gráfico
seguinte:
Gráfico 5 – Qual o normativo contabilístico utilizado pelas IPSS da RAM
29%
71%
Sim Não
29%
71%
SNC - NCRF SNL
Não apresentam
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Podemos também afirmar que todas as IPSS que publicaram as suas contas seguiram o
regime da normalização contabilística para as ESNL.
Gráfico 7 – Qual o tipo de contas que publicas as IPSS da RAM
Verificamos que dos 29% das entidades que publicam as suas contas no site, apenas
27% é que apresentou o Relatório de Contas. 2% das IPSS publicou o Balancete Geral.
Gráfico 8 – Há quanto tempo publicam estas entidades as suas contas?
Existe uma entidade que publica há 5 anos as suas contas no site, enquanto que nove
entidades publicam há 2 anos e 6 entidades publicam há 1 ano.
Síntese:
Em suma, o Funchal, sendo o concelho mais importante da Madeira, é o concelho onde
existe maior concentração de entidades registadas como IPSS (27). Vinte e sete entidades atuam
Relatório de
Contas
27%
Balancete
Geral
2%Não
Apresentam
71%
2%16%
11%
71%
5 anos
2 anos
1 ano
Não apresentam
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na área da inclusão social, preocupando-se em incluir as crianças, os jovens e os idosos na
sociedade.
Após analisar os dados obtidos durante esta investigação, conseguimos responder as
questões de investigação colocadas inicialmente. Observamos que 56% das IPSS, até à data de
31 de Maio de 2017, possuíam sítio institucional eletrónico.
Verificamos que apesar de existir trinta e uma entidades (56% - Gráfico 3) com site,
apenas dezasseis IPSS (29% - Gráfico 4) publicaram os seus Relatórios de Contas, estas
mesmas entidades seguem o regime da normalização contabilística para as ESNL.
Assim, concluímos que 71% das IPSS não apresentaram as suas contas até 31 de Maio
de 2017, relativamente ao ano de 2016, no seu sítio institucional eletrónico. Tratando-se de uma
situação preocupante, pois existem muitas IPSS que não estão a cumprir com os requisitos
legais, nomeadamente do seu Estatuto, podendo ser penalizadas, como por exemplo, deixar de
receber os apoios do Estado.
4. Considerações finais
Com o estudo empírico realizado verificamos que existe um número significativo de
IPSS da RAM que não publicam as suas contas no seu site institucional, relevando que ao nível
da transparência ainda existe um longo caminho a percorrer.
Ao longo do estudo verificamos algumas limitações, nomeadamente com a obtenção
dos dados, por um lado, das entidades que têm como designação de IPSS, pois no sítio
institucional da Segurança Social não se encontrava a lista referente as IPSS da RAM, para o
efeito tivemos de obter esses dados através da CASES da RAM. Por outro lado, o facto de não
existirem estudos para realizar uma análise comparativa e mais profunda sobre a transparência
deste tipo de entidade..
15
Como investigação futura sugere-se a realização deste estudo na região autónoma dos
Açores, indo mais além sugere-se a realização da análise económica e financeira das entidades
que apresentam as suas contas no sítio institucional, identificando assim por exemplo quais as
suas fontes de financiamento e o modo como essa informação é tratada contabilisticamente e
de que forma é reportada nas demonstrações financeiras.
Por fim, esperamos ter contribuído com este estudo como sinal de alerta para as IPSS
da RAM que ainda não estão a cumprir com as regras de transparência, obrigatórias a nível
contabilístico e jurídico.
16
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