a arteterapia como instrumento para promoção da saúde em pessoas com transtornos mentais
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Arteterapia como instrumento para promoção da saúde em
pessoas com transtornos mentais
Melissa Costa de Magalhães
Orientadora
Profa. Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Arteterapia como instrumento para promoção de saúde em
pessoas com transtornos mentais
Apresentação de monografia a AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Arteterapia em educação e
saúde
Por:. Melissa Costa de Magalhães
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que de alguma forma
contribuíram para que eu tivesse um
caminho de estudo e de profissão
cheio de luz.
4
DEDICATÓRIA
A meus pais pelo incentivo, aos mestres
que passaram pelo meu caminho
fazendo-me desenvolver todo meu
potencial, a meu esposo e filha pelo apoio
e pelo tempo que não pude dividir para a
finalização deste trabalho.
5
RESUMO
Diante da importância de enfatizar a utilização da Arteterapia como
ferramenta auxiliar no tratamento de pessoas com transtorno mental, trazendo
a possibilidade de trabalhar o acesso ao inconsciente, com maior facilidade e
domínio, buscando equilíbrio interno, o estudo traz a descrição da Arteterapia,
abordando a Psicologia Junguiana para o entendimento da Psique, do trabalho
com símbolos e o processo de individuação e o estudo da Saúde Mental com
base em Nise da Silveira, sua participação na reforma psiquiátrica, seu
trabalho com arte e imagens, com pessoas acometidas por transtorno mental
e o Museu de Imagens do inconsciente. O estudo discorre sobre a Arteterapia
como instrumento para promoção de saúde em pessoas com transtorno
mental.
6
METODOLOGIA
ESTA PESQUISA SERÁ DE CUNHO BIBLIOGRÁFICO, a partir de
publicações anteriores sobre o assunto em documentos impressos como,
artigos, teses e livros. Bibliografia: Jung - O Homem Criativo (Grinberg, Luiz
Paulo - FTD, 2003); Jung - Eu e o Inconsciente vol.VII – 2; Jung – Os
Arquétipos e o Inconsciente coletivo vol.IX – 1; Jung – Um caminhar pela
psicologia analítica (Sandra Regina Santos (org.) – Wak, 2008); Imagens do
Inconsciente (Silveira, Nise - Alhambra, 1982); Doença Mental e Psiquiatria
(Foucault, Michael - Tempo Brasileiro, 1994); Arteterapia – Arquétipos e
Símbolos (Dulcinéia da Mata Ribeiro Monteiro (org.) – Wak, 2008);
Interpretando Imagens transformando Emoções (Urrutigaray, Maria Cristina -
Wak, 2007); Brincando com a criatividade (Chaves Rocha, Dina Lúcia - Wak,
2009); Linguagens e materiais expressivos em Arteterapia: uso, indicações e
propriedades (Philippini, Ângela - Wak,2009); Terapia Ocupacional –
Fundamentação e prática (Cavalcanti & Galvão – Guanabara Koogan, 2007).
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Arteterapia, a criatividade e a Linguagem dos materiais10
CAPÍTULO II - Jung, Arquétipos e Símbolos e Processo de Individuação 18
CAPÍTULO III – Saúde Mental segundo Nise da Silveira 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
Sendo o fazer artístico por si só transformador, na medida em que
organiza as experiências subjetivas e põe a energia psíquica em movimento, e
a Arteterapia uma técnica que possibilita que conteúdos inconscientes possam
emergir e transmutar através de imagens reveladas por meio de estratégias
expressivas adequadas a cada pessoa e situação, favorecendo a expansão e
a reestruturação da personalidade através deste fazer artístico, torna-se um
recurso eficaz no desenvolvimento humano, inclusive na saúde. Razão pela
qual será estudado como a Arteterapia pode ser utilizada contribuindo para o
tratamento de pessoas com transtorno mental.
Utilizar a Arteterapia como ferramenta no tratamento de pessoas com
transtorno mental nos traz a possibilidade de acessar o inconsciente com
maior facilidade e domínio para buscar um equilíbrio interno através das
oficinas de arte estimulando a criatividade a partir da utilização dos materiais e
da linguagem intrínseca a estes. Assim, o objetivo do estudo da Arteterapia
como instrumento para promoção da saúde em pessoas com transtorno mental
é demonstrar como esta pode contribuir com o tratamento de pessoas com
transtornos mentais, apontando a importância das oficinas de arte, ressaltando
a importância de trabalhar a Criatividade e discorrendo sobre a necessidade e
importância de conhecer a linguagem dos materiais.
Para que se faça compreender, o estudo será divido em três capítulos
onde serão abordadas as seguintes temáticas: A Arteterapia, a Criatividade e a
Linguagem dos materiais; Jung, Arquétipos e Símbolos e o Processo de
Individuação e Saúde mental segundo Nise da Silveira.
9
No capítulo I será apresentada a definição de Arteterapia, o trabalho
por meio de imagens e as técnicas expressivas utilizadas como meio de
realização da Arteterapia; o conceito e definição de Criatividade, suas
considerações históricas e a colocação de como o exercício do processo
criativo influência de forma positiva a autoestima e a saúde mental de quem
cria; a Linguagem dos Materiais, os materiais plásticos e expressivos
adequados aos determinados públicos-alvos, as principais indicações
terapêuticas de cada material e a melhor situação para utilizá-los.
No capítulo II será estudada a Psicologia Junguiana, sua origem e a
compreensão da psique, o que são os Arquétipos, conceito e o trabalho com
Símbolos e Processo de individuação, definição e como ocorre.
No capítulo III será estudado Nise da Silveira, sua biografia, a reforma
psiquiátrica, seu trabalho na Saúde Mental e o Museu de Imagens do
Inconsciente.
10
CAPÍTULO I
A ARTETERAPIA, A CRIATIVIDADE E A LINGUAGEM
DOS MATERIAIS
“É preciso tornar visível o que é invisível.”
Paul Klee
Diante da necessidade de nos colocarmos no mundo e nos
sentirmos aceitos e enquadrados nos padrões pré-estabelecidos pela
sociedade, impostos pelos padrões culturais, muitas vezes nos distanciamos
de nossa essência e criamos para nós papéis em coerência com a exigência
que nos é imposta. Assim deixamos de exercer nossa individualidade e
passamos a viver o sentimento de não pertencer, de não inclusão a um grupo,
devido ao afastamento causado entre o que realmente somos e como nos
apresentamos ao mundo. Jung diz:
“(...) o autoconhecimento de cada indivíduo, à volta do
ser humano às suas origens, ao seu próprio ser e à sua
verdade individual e social, eis o começo da cura da
cegueira que domina o mundo de hoje.”
(JUNG, 1994-A; IX).
A partir desta colocação, complementa Urrutigaray:
“(...) a importância de criar abertura e espaços simbólicos
para a experiência da carência, a qual é vista nos dias
11
atuais como inadequação ou manifestação de
sentimentos de pessoas problemáticas, emocionalmente
enferma ou, quem sabe até, como portadoras de sérios
problemas de saúde mental, como se um estado
momentâneo de consciência de si, efetivado na
percepção circunstancial de um fato adquirisse uma
classificação absoluta e eterna de anormalidade (...)”
(URRUTIGARAY, 2007; pg 50)
A Arteterapia é uma técnica que possibilita que conteúdos inconscientes
possam emergir e transmutar, trazidos à consciência, através de imagens
reveladas por meio de estratégias expressivas adequadas a cada pessoa e
situação, favorecendo a expansão e reestruturação da personalidade de
indivíduos emocionalmente enfermos. Para tal é indispensável refletir, ao final
de cada proposta, acerca das imagens e das associações sensoriais surgidas
na materialização de conteúdos invisíveis ou inatingíveis até então. É a troca de
sentimentos e impressões que viabilizam este processo de compreensão dos
significados emergentes na busca de si mesmo.
O fazer artístico, por si só, já é transformador na medida em que organiza as
experiências subjetivas e põe a energia psíquica em movimento. É um recurso
eficaz no desenvolvimento humano, recurso apropriado para trazer os
conteúdos ocultos do inconsciente e difíceis para o espaço terapêutico
contribuindo com o trabalho de psicólogos, psicopedagogos, entre outros. É
feito sem preocupação estética.
Na abordagem Junguiana, a manifestação concreta dos símbolos (“termo que
melhor traduz um fato complexo e ainda não foi claramente apreendido pela
consciência” – JUNG, vol.VIII/2 §148) pela Arteterapia é o recurso apropriado
para trazer os conteúdos do inconsciente no processo analítico, pois a
“possibilidade de ativar a criatividade e de poder transformar imaginações em
criação modifica sensivelmente os estados indiferenciados pelas influências
arquetípicas em outras aquisições particulares pessoais e únicas”
(URRUTIGARAY, 2007). Este processo de crescimento em direção à inteireza
12
da personalidade denominado Processo de individuação, ou seja, o individuo
em ação, onde ocorre a materialização dos conteúdos internos inconscientes,
posicionamento frente ao conteúdo trazido alcançando o negligenciado,
percepção do sentido de finalidade do conteúdo projetado em sua vida e
transformação de si mesmo. Citando Ligia Diniz:
“Nem tudo que é criativo é artístico, mas tudo que é
artístico é criativo. Ao usar a Arte no processo de
individuação, ajudamos a abrir o canal da criatividade, o
canal de fazer cultura como forma de sobrevivência, não
só física como psíquica. Para o ser humano, não basta só
a nutrição orgânica; ele precisa de um sentido na vida,
busca a conexão com sua alma. A criatividade é um
potencial inerente ao homem, e a sua realização é uma
necessidade.” (LIGIA DINIZ, 2009; pg 38)
A arte é um meio para tornarmos concreto o que está guardado em nosso
interior pela criação de símbolos, ao criarmos ligamos o intrapsíquico e o extra
psíquico, tornarmos algo interno, concreto possibilitamos o reconhecimento de
algo que era invisível criando a possibilidade de transformação, uma
reestruturação da personalidade, para Ligia Diniz (2009) nesse processo de
inteireza de ser, a gente realiza no indivíduo a história do homem, a
coletividade, a totalidade. O Símbolo agrupa significados contrastados, daí a
possibilidade de transcender por meio da arte, atingindo aquilo que, a princípio,
figura como inatingível. (JUNG, vol.VIII/2)
A Arteterapia é um processo que se efetua através da utilização de técnicas
como pintura, desenho, colagens, mosaico, argila, modelagem, entre outras,
técnicas estas chamadas técnicas artísticas possuidoras de instrumentos
plásticos, cada qual com uma linguagem específica e técnicas expressivas
auxiliares também portadoras de uma linguagem própria como o teatro,
consciência corporal, o vídeo, entre outras.
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A Criatividade tem por definição fazer, criar, o criar em atividade.
O homem pré-histórico desenhava para se comunicar, pintava
nas paredes das cavernas, invenções como a roda, a descoberta do fogo, já
faziam dele um homem criativo. É possível notar em nossa história que as
necessidades e motivações do homem para a manifestação de sua criatividade
foram se transformando ao passar do tempo, e junto a isso foram surgindo
novas concepções sobre criatividade.
Freud, no séc. XX definia criatividade como resultado de tensão entre
realidade consciente e pulsões inconscientes; Ostrower diz: “a criatividade
envolve toda a sensibilidade do ser humano, o processo criativo articula com a
sensibilidade.”;
Kant em sua abordagem filosófica explicava a criatividade como processo
natural e saudável que obedecia a leis imprevisíveis e intuitivas.
“A vida é criativa porque se organiza e regula a si mesma
e porque está continuamente originando novidades.”
(SINNOTT in KNELLER, 1978)
A teoria psicanalítica vê a criatividade como meio de reduzir tensão e aliviar
certos impulsos. “O processo criativo se daria pela ativação do inconsciente
coletivo ou pessoal” (JUNG, in WOODMAN, 1981).
O trabalho da criatividade nos proporciona trabalhar a autoestima positiva.
Quanto mais trabalhamos nossa criatividade, mais autoconfiantes nos
tornamos, mais saudáveis. “A criatividade é comparada com saúde mental, a
autorrealização seria conseguida por meio de um indivíduo criativo” (DINA
LÚCIA, 2009).
Na Arteterapia tem-se como objetivo, transformar o trabalho com a criatividade
em canal de autoconhecimento, auto-expressão e autorrealização. A
Arteterapia utiliza o ‘fazer arte’ que tem como objetivo expressar, configurar e
tornar concreto, conflitos e sentimentos, para favorecer o desenvolvimento
global do indivíduo através deste trabalho da criatividade.
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“A criatividade, por si só, é curativa, o trabalho criativo faz
com que o indivíduo ao criar entre em contato com
sentimentos, sensações, conteúdos internos, muitas das
vezes desconhecidos. Quando criamos, colocamos um
pouco de nós, na nossa criação. Dessa forma temos a
oportunidade de entrar em contato com o nosso universo
interior. Assim poderemos entender mudar, transformar,
significar, ressignificar, transmutar, transcender, se e
quando necessário.” (DINA LÚCIA, 2009; pg 86,87)
Com base em Ângela Philippini, pode-se dizer que na Arteterapia
a produção da imagem resulta de processos primários elaborados pela psique
e a compreensão dos diversos significados contidos nos símbolos sucede os
trabalhos criativos, plásticos e expressivos. O símbolo pode ser pesquisado
através de várias atividades plásticas e expressivas cada qual com sua
linguagem e sua finalidade. De acordo com sua particularidade serão indicadas
para alcançar diferentes objetivos.
“A amplificação simbólica em Arteterapia tem como
conceito: conjunto de estratégias expressivas que
facilitam a compreensão do significado de um símbolo,
permitido aproximação aos processos secundários de
elaboração (consciência), contribuindo para expansão da
estruturação emocional.” (PHILIPPINI, 2009; pg18)
Urrutigaray (2007), diz que as “ferramentas plásticas”, servem-lhes como
gancho expressivo e que a partir da análise da mobilização proporcionada com
diferentes texturas, objetiva-se o foco na utilidade dos materiais, como
possíveis amplificadores. Como pontes de auxílio para compreensão dos
determinantes psíquicos nos processos criativos, cita considerações acerca da
15
composição (o uso do espaço); considerações acerca do uso das cores;
considerações acerca dos materiais. Quanto às considerações acerca dos
materiais diz:
“Os meios plásticos atuam como se fossem feixes de luz
coerentes a determinados padrões ondulatórios da
energia psíquica e possibilitam a sua revelação por meio
de imagens simbólicas ou figurações alegóricas. Assim
sendo, eles permitem focar as frequências de uma ordem
interna, do Self, como fonte original dos desdobramentos
da vida psíquica.” (URRUTIGARAY, 2007; pág. 132)
Desta forma, são de extrema importância para a Arteterapia o estudo da
linguagem dos materiais e técnicas expressivos, assim como seu uso,
propriedades e indicações. Listo, algumas das técnicas utilizadas na
Arteterapia segundo citação de Ângela Philippini em seu livro Linguagem e
Materiais Expressivos: Uso, indicações e Propriedades (2009).:
Ø COLAGEM – Facilidade operacional; ordenadora; estruturadora;
sintética; integradora e facilitadora do início do processo terapêutico;
indicada para cronologias diversas.
Ø FOTOGRAFIA - Restauração do percurso biográfico; percepção da
autoimagem; renovação e ampliação de um olhar estético; ponte para
outras linguagens plásticas como pintura e colagem; documentário e
resgate de memórias afetivas.
Ø PINTURA – Ativar o fluxo criativo; facilitar a liberação de conteúdos
inconscientes; desbloquear; experimentações sensoriais e lúdicas com a
cor; experimentação com o inusitado; dissolver; facilitador de inícios de
processos em Arteterapia; expansão; percepção emocional das cores e
experimentações com texturas e cromatismo.
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Ø DESENHO – Percepção espacial; percepção das relações luz-sombra;
delimitar, designar; expansão do movimento gráfico; delinear, configurar;
objetividade; percepção de ponto-traço-linha; coordenação psicomotora
entre figura-fundo; coordenação viso-motora e expressão conceitual
através da forma.
Ø TECELAGEM – Reunir, tramar, estruturar, integrar, relacionar, ordenar,
urdir, organizar, desembaraçar.
Ø COSTURA MANUAL – Reunião de segmentos, gradualidade, paciência,
delicadeza, minúcia, lentidão, ritmo harmônico, ordenação.
Ø MODELAGEM COM ARGILA – Ativação de elementos arquetípicos;
relaxante e libertadora de tensão; percepção de tridimensionalidade;
desenvolvimento de coordenação motora; propicia a consciência de
volume, peso e temperatura; percepção tátil; ativa a agilidade e
flexibilidade manual e coordenação motora.
Ø MODELAGEM COM OUTRAS MASSAS – Contribuir em atividade de
reabilitação motora, facilitar a transição do abstrato ao concreto,
iniciação à percepção de volume, iniciação à percepção de
tridimensionalidade, ativação da percepção tátil.
Ø MOSAICO – Ordenar; reunir; resignificar; reencantar o olhar; percepção
espacial; reutilizar; integrar.
Ø CONSTRUÇÃO – Edificar, reunir, integrar, compor, coordenar,
equilibrar, edificar, construir, reconstruir, agregar.
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Ø CRIAÇÃO DE PERSONAGENS – Ativação do imaginário; percepção de
informações de níveis inconscientes; ativação da expressividade e da
comunicação simbólica; estruturação e elaboração de conteúdos
inconscientes; ordenação espacial; integração de segmentos; integração
de várias linguagens plásticas e expressivas.
Ø ESCRITA CRIATIVA – Ordenação de temas, interação entre o campo
simbólico de imagens e palavras, fluência de comunicação, diálogo
silencioso entre fragmentos de si mesmo, escrita como geradora de
imagens plásticas, documentário de afetos, escrever para compreender,
simplicidade operacional, acesso gradual a conteúdos inconscientes,
escrita como desenho de sons internos e externos, desbloqueio criativo.
Ø VÍDEO – Percepção autoimagem; percepção da própria identidade;
orientação espacial; ativação da percepção global do ambiente; senso
de composição; definição de enquadramento de uma situação; ativação
do olhar, observação; experiências com imagens em movimento;
agilidade narrativa.
Ø TRABALHANDO COM CONTOS – Solução criativa para variáveis
adversas, apresentar gradualmente conflito x solução, propiciar
reflexões e insights, interação lúdica, ampliação da percepção pelo
contato com questões arquetípicas e transculturais, contatar eventos
comuns à dimensão humana, ativar o imaginário, favorecer o
autoconhecimento, ativação e desenvolvimento da comunicação oral.
Ø CONSCIÊNCIA CORPORAL – Preparação para as atividades do
processo arteterapêutico; relaxamento; consciência proprioceptiva;
desaceleração dos ritmos vitais; consciência dos movimentos
respiratórios; expressão através do simbolismo corporal de imagens
plásticas; consciência dos pontos de articulação do corpo;
reconhecimento de potencialidades e limites corporais; centramento;
enraizamento; vitalização.
18
CAPÍTULO II
JUNG – ARQUÉTIPOS E SÍMBOLOS E PROCESSO DE
INDIVIDUAÇÃO
Carl Gustav Jung, médico Psiquiatra, criticou a importância da
sexualidade entre os fenômenos psíquicos estudados por Freud. Ele pensava
que a sexualidade, mas também a fome e agressividade seriam diferentes
manifestações da libido, ou seja, da energia psíquica. Jung confrontou-se com
imagens, cenas, fantasias e emoções, levando-o a fazer ser adotado o
conhecimento de arquétipo e imagens arquetípicas, que são formas
estruturantes, psíquicas e herdadas. A partir da Psicologia de Jung, a história,
o sentido da existência, a busca pelo cultivo da alma deu singularidade ao
homem. Jung chama esse processo de Individuação. Ao lidar com pacientes,
que apresentam ruptura entre pensamento e razão, Jung pôde perceber que
os sintomas dessa ruptura, eram os mesmos que Bleuler chamou de
esquizofrenia (Pierre, 2002, pg 183 = Doença que compromete as relações
afetivas: esquizo = cisão; frenia = mente.)
“(...) as perturbações nervosas (ou tudo que se designa
por nervosismo, histeria etc.) são de origem psíquica e
exigem, obviamente, um tratamento da alma. Agua fria,
luz, ar, eletricidade etc. são de efeito passageiro e muitas
vezes não produzem nenhum efeito. O padecimento do
doente vem da alma, de suas funções mais complexas e
profundas, que mal ousamos incluir no campo da
medicina.” (O.C., vol. VII; 1§1)
19
Segundo Jung, o trauma não tem como origem, necessariamente, um
conflito erótico. “O trauma indica um evento psíquico de alto valor afetivo e de
caráter originário”. (Pierre, 2002, pg 507)
Para Lisete Vaz, Jung era, igualmente, um pesquisador sintonizado
com as revolucionárias pesquisas contemporâneas a ele, como: a da origem
das espécies, a do inconsciente, a da relatividade, a da fissão do átomo, entre
outras. As teorias acerca da Energia em física tiveram significativa influência
sobre Jung, a energia psíquica é um conceito abstrato, comparável, mas não
idêntico à energia em física (2007, pg. 140). Na visão de Jung, o psiquismo é
um sistema energético relativamente fechado que possui e mantém uma
mesma quantidade de energia que se canaliza nas diversas manifestações do
Ser durante sua vida. (Silveira, 2001, pg39)
“A energia psíquica pode se manifestar de modos
diferentes: com muita intensidade, ela tende a valorizar o
objeto ao qual se dirige; com pouca intensidade, isso
indica o desvalor relativo do objeto. A energia se expressa
em tonalidades, sentimentos e emoções.” (Jung, Um
caminhar pela psicologia analítica, 2008, pg72, 73)
Jung utilizou-se de vários recursos para compreensão da psique como
a filosofia, alquimia, religião, mitologia, sonho, literatura, artes em geral. Lisete
Vaz diz, com base em Jung, que a interpretação da psique pode ser
comparada à estrutura da luz. A analogia do espectro da luz com a psique
proposta por Jung afirma que, se numa extremidade da psique se encontram
os conteúdos mais arcaicos do inconsciente, no outro extremo, encontra-se o
corpo humano, com seus instintos mais primitivos. Psique e corpo seriam
manifestações de uma mesma realidade, de uma mesma natureza. O
inconsciente, pessoal ou coletivo, manifesta-se em concretude. (2007, pg 140)
A Psique humana é simultaneamente inconsciente e consciente, é
onde ocorrem todos os processos psíquicos. “A psique não é apenas objeto,
mas também o sujeito de nossa ciência”, afirma Jung. (O.C., vol.XVIII§277)
20
Jung entende psique como a expressão de um funcionamento psíquico
inconsciente.
“A Psique não é algo que começa e termina somente em
seres humanos e em isolamento do cosmo. Há uma
dimensão na qual a psique e o mundo interagem
intimamente e se refletem reciprocamente. Esta é a tese
de Jung. (STEIN, 2004, pg. 178)
Lisete Vaz (2007) defende que, Jung considerou uma estrutura ao
psiquismo, onde o consciente, pequena parte dessa estrutura, é palco das
relações psíquicas de toda ordem. O ego constitui seu centro. O ego relaciona
os conteúdos da consciência entre si através de mecanismos diversos; e
também relaciona os conteúdos do inconsciente com os da consciência. Não é
rigorosamente contínuo. Mais vasto, mais inacessível e mais desconhecido na
estrutura psíquica é o inconsciente, que, em sua camada mais superficial e
fronteiriça com o consciente – o inconsciente pessoal – compreende
impressões, memórias, fatos, amores, desafetos e pessoas, expressões
psíquicas cuja força correspondente não é suficiente para atingir a consciência.
A relação do inconsciente pessoal com o ego se estabelece quer se queira ou
não; e se manifestará por meio de fenômenos psíquicos e de fenômenos
orgânicos. A estrutura psíquica não é observável em qualquer ponto do
organismo humano. Inferem-se sua existência e sua ação no comportamento,
nas relações humanas, nas atividades humanas de todo tipo, na história de
cada homem, na história da humanidade.
Segundo Jung, o inconsciente apresenta duas camadas que são o
inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo, estão intimamente ligados. O
inconsciente pessoal vai até onde se estendem as recordações infantis mais
remotas do indivíduo, enquanto o coletivo representa a sedimentação da
experiência multimilenar, portanto, uma figuração do mundo. Na teoria
Junguiana, o inconsciente possui, além de conteúdos reprimidos, outros
conteúdos que ultrapassam a esfera puramente pessoal, ou seja, conteúdos
21
que não se manifestam, estão ocultos, que ainda não alcançaram o limiar da
consciência. No processo analítico, os conteúdos do inconsciente pessoal são
trazidos à consciência pelo indivíduo que progride no caminho da realização de
si mesmo, ampliando o âmbito da sua personalidade. Para Jung, além desses
elementos pessoais podem aparecer imagens primitivas, divinas autênticas,
totalmente coletivas. (Jung – Um caminhar pela psicologia, 2008)
“Existem certas constantes que não são adquiridas
individualmente, mas existem a priori” (op. Cit. §206)
Jung enfatiza que os dramas arquetípicos da humanidade são
inesgotáveis e que, certamente, há muitos mitos a serem estudados (Jung -
Um caminhar pela psicologia analítica, 2008).
“Mito é um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e
Sem, que tende a se compor em relato, ou seja, que se
apresenta sob forma de história. Por esse motivo já
apresenta um início de racionalização. (...)
O mito é um relato fundante da cultura: ele vai
estabelecer as relações entre as diversas partes do
universo, entre homens e universo, entre os homens
entre si. (...) É ainda função do mito, fornecer modelos de
comportamento, ou seja, permitir a construção individual
e coletiva da identidade. (PITTA, 2005, pg18)
Para Jung, Arquétipo é uma espécie de aptidão para reproduzir
constantemente as mesmas ideias míticas; logo, é possível supor que os
arquétipos sejam as impressões gravadas pela repetição de reações
subjetivas. Ainda ressalta que os arquétipos são determinados apenas quanto
à forma e não quanto ao conteúdo, é um elemento vazio e formal em si, isto é
uma possibilidade dada a priori da sua apresentação. (2002, pg352)
22
O Arquétipo dá noção de atemporalidade, tem vida própria e
independente. Jung afirma, “Imagens são acessadas pelo inconsciente
individual por meio do consciente coletivo, são força geratriz e motora de
padrões de atitude e comportamento do indivíduo.” (1964, pg240) Para Dra.
Nise da Silveira (1981, pg87), não importa qual seja a origem do arquétipo, que
vai funcionar como “nódulo de concentração de energia psíquica em estado
potencial, que, quando toma forma e se atualiza, produz a imagem
arquetípica”.
Na psicologia Junguiana, o símbolo pode ser empregado como ideia
consciente que representa e encerra a significação de outra inconsciente. Para
Jung, “o símbolo não seria racional, nem irracional, mas as duas coisas ao
mesmo tempo”.
“A profusão de símbolos animais na religião e na arte de
todos os tempos não acentua apenas a importância do
símbolo: mostra também o quanto é vital para o homem
integrar em sua vida o conteúdo psíquico do símbolo, isto
é, o instinto. (...) Esses instintos por vezes nos parecem
misteriosos, mas guardam correlação com a vida
humana: o fundamento da natureza humana é o instinto.
(JUNG, 1964, pg.239)
Na psicologia analítica, “a parte do símbolo que não é acessível à
razão está fazendo vibrar cordas ocultas do inconsciente” (op.cit.) São
expressões de coisas significativas para as quais não há, no momento,
formulação. (JUNG – Um caminhar pela psicologia analítica, pg.48)
Lisete Vaz, afirma: Jung entende que a palavra, o verbo, o
pensamento, a razão são necessários, porém insuficientes para traduzirem os
conteúdos inconscientes mais arcaicos ou mais desestabilizadores.
Insuficientes já que esses conteúdos ou têm concomitantes somáticos ou se
inserem na extremidade psíquica do espectro.
23
E continua dizendo: A teoria proposta por Jung fornece base para o
entendimento e o tratamento da pessoa em sofrimento mental de toda ordem e
de toda intensidade. A ação não haverá de ser dissociada do sujeito, nem de
sua vida pessoal, nem de seu tempo nem de seu lugar. Estará sintonizada com
o momento vivido, isto é, caminhará na mesma direção, porque a ação proverá
a expressão, e a expressão por sua vez favorecerá a compreensão para
transformações sucessivas, acompanhadas e reveladas nas ações mesmas.
Jung acreditava que todos nós, seres humanos, trazemos conosco
uma potência a ser desabrochada, no entanto, procuramos sempre não admitir
nossa natureza, aquilo que podemos vir a ser. Temos potencial, mas
afastamo-nos de nosso processo de individuação, a potência que trazemos é
energia que vem do instinto, natural do ser humano, quando amortizada é
projetada como sombra. Quando confrontamos a sombra, segundo Jung,
estamos realizando um ato heroico, movendo o potencial de ação, a caminho
do processo de individuação; “é a vontade de poder que se traduz como
potencial interior, um vir a ser” (Um caminhar pela psicologia Analítica – 2008;
pg.79) que segundo Araújo Filha e Furlanetto Pacheco:
“... é o motivo de inquietação e preocupação entre os
homens, pois está no inconsciente pessoal e coletivo. É
da ordem do inconsciente e consciente, que fazem com
que o indivíduo experimente tanto o positivo e negativo
que existe dentro de si, um princípio criador que
representa o desejo de expandir-se, crescer, desenvolver-
se, ou ainda, concentrar a vida, afirmar a vida, em que ela
própria é vontade de potência.” (Um caminhar pela
Psicologia Analítica – 2008; pg.79)
Jung, por sua vez, acreditava que com base em nossas experiências
de vida e em nossa vontade de nos auto conhecermos é possível fazer a
expansão de nossa consciência. Assim, ativa-se força energética vital e esta
24
nos auxilia a desenvolver nossas potencialidades, que se manifestam durante
toda nossa existência.
Jung descreve dois tipos de atitude considerando que existe uma
função para a compensação entre os opostos, assim como só existe a
capacidade de produzir energia pela existência de tensão entre os contrários.
Assim temos os comportamentos introvertidos e os extrovertidos, não
significando que um seja melhor que o outro, apenas diferentes, cada qual com
sua importância uma vez que precisamos dos dois tipos de pessoas. Jung
considera como sendo ideal para o indivíduo a flexibilidade, ou seja, de acordo
com o momento vivido e circunstâncias presentes sermos isto e aquilo. Os
introvertidos se orientam para o mundo interno e os extrovertidos para o
mundo externo.
Para falar sobre nossas funções psíquicas Jung utiliza uma abordagem
que considera além dos dois tipos de atitudes, mais quatro funções de
adaptação que contribuem para o reconhecimento do mundo exterior e
orientação do indivíduo. São elas: pensamento, sentimento, sensação e
intuição. Uma se coloca como função principal, uma função em oposição a
esta se coloca como função inferior e as outras duas como funções auxiliares.
Todos nós, seres humanos, possuímos as quatro funções, porém por motivos
inatos, prevalece conscientemente uma delas sobre as demais funções. O
ideal é que todas elas estejam potencialmente equilibradas para atender o
princípio de auto regulação. Afirma Jung:
“Não há equilíbrio nem sistema de auto regulação sem
oposição. E a psique é um sistema de auto regulação”
(O.C., vol.VII; 1§92)
Duas funções são funções irracionais, possuem caráter perceptivo, são
sensação e intuição. As outras duas são racionais, de caráter organizador, são
pensamento e sentimento. O pensamento é o juízo da realidade, sentimento é
o juízo de valor, sensação passa pelos órgãos dos sentidos, percebe e conecta
o indivíduo com o meio e intuição o conecta com seu interior. As quatro
25
funções conectadas aos dois tipos de atitude, para Jung, resultam em oito
tipos psicológicos. São eles:
Ø Pensamento introvertido,
Ø Sentimento introvertido,
Ø Sensação introvertida,
Ø Intuição introvertida,
Ø Pensamento extrovertido,
Ø Sentimento extrovertido,
Ø Sensação extrovertida,
Ø Intuição extrovertida.
(Um caminhar pela Psicologia Analítica,
2008)
As funções se desenvolvem ao longo da vida e a partir do equilíbrio é
que se dá a possibilidade de transformação do indivíduo. Na Psicologia
analítica, Jung representa por meio da escrita que a nossa personalidade se
desenvolve durante a vida. Para ele, a personalidade de todo indivíduo é
passível de receber modificações à desintegração, pois se constitui de grandes
fragmentos, que dependendo da intensidade de oposições, provocam a
inflação patológica. Esta inflação é uma visão exagerada do ego que sugere
naturalmente alguma fraqueza da personalidade diante da autonomia dos
conteúdos do inconsciente coletivo (O.C., vol.VII - 2§233).
“Somente pela ação é que se torna manifesto quem a
pessoa é de verdade.” (O.C., vol. XVII§290)
“Personalidade é a realização máxima da índole inata e
específica de um ser vivo em particular. Personalidade é
a obra a que chega pela máxima coragem de viver, pela
26
afirmação absoluta do ser individual, e pela adaptação, a
mais perfeita possível, a tudo que existe de universal, e
tudo isto aliado à máxima liberdade de decisão própria.
Educar alguém, para que seja assim não me parece coisa
simples.” (O.C., vol.XVII§289)
O processo de crescimento em direção a inteireza da personalidade é
denominado por Jung, de Processo de individuação. Composto por quatro
fases nomeadas de Objetivação (materialização dos conteúdos internos
inconscientes); Confrontação (posicionamento frente ao conteúdo trazido
alcançando o negligenciado); Integração (percepção do sentido de finalidade
do conteúdo projetado em sua vida) e Transformação de si mesmo. Permite a
condução da personalidade do indivíduo em direção à sua totalidade. Para
Jung, a individuação é:
“um processo ou percurso de desenvolvimento produzido
pelo conflito de duas realidades anímicas fundamentais...
O modo pelo qual se obtém a harmonização de dados
inconscientes e conscientes não pode ser indicado sob a
forma de uma receita. Trata-se de um processo de vida
irracional, que se expressa em determinados símbolos...,
pois é nestes que se dá a união de conteúdos
conscientes e inconscientes. Da união emergem novas
situações ou estados da consciência.” (O.C., vol. IX -
1§523§524)
O processo de individuação pode ser observado nos ciclos da vida que
transformam a cultura e a natureza do ser. O indivíduo em ação significa ter
consciência de si, estando no coletivo social agindo de maneira própria.
27
A Arteterapia propicia o desenvolvimento do processo de individuação,
através dela podemos ter acesso ao inconsciente por meio da livre expressão,
a fim de possibilitar as transformações da energia psíquica.
“Pode-se expressar um distúrbio emocional, não
intelectualmente, mas conferindo-lhe uma forma visível.
Os pacientes que tenham talento para a pintura ou o
desenho podem expressar seus afetos por meio de
imagens. Importa menos uma descrição tecnicamente ou
esteticamente satisfatória, do que deixar o campo livre à
fantasia, e que tudo se faça do melhor modo possível.”
(JUNG, vol. VIII – II §168)
28
CAPÍTULO III
SAÚDE MENTAL SEGUNDO NISE DA SILVEIRA
"A loucura enuncia para a sociedade, verdades que são insuportáveis." (Antonin Artaud)
Com base na Organização Mundial de Saúde – OMS entende-se
como Transtornos mentais e comportamentais as condições caracterizadas por
alterações mórbidas do modo de pensar e ou emoções, e ou por alterações
mórbidas do comportamento associadas à angústia expressiva e ou
deterioração do funcionamento psíquico global. Caracterizam-se também por
sintomas e sinais específicos e, geralmente, seguem um curso natural mais ou
menos previsível, a menos que ocorram intervenções. Nem sempre
deterioração humana denota distúrbio mental.
Para falar sobre saúde mental faz-se necessário uma breve
abordagem sobre a história da loucura e psiquiatria. A partir destes será
abordado o ponto de vista de Nise da Silveira e seu trabalho no Museu de
Imagens do Inconsciente e a Reforma Psiquiátrica.
“Entre todas as outras formas de ilusão, a loucura traça
um dos caminhos da dúvida dos mais frequentados pelo
século XVI. Nunca se tem certeza de não estar sonhando,
nunca existe uma certeza de não ser louco.” (Foucault –
A história da loucura; pg.54)
29
A humanidade convive com a loucura há séculos, sendo vista de
diversas formas. Foucault, em a História da Loucura, diz que “o internamento
dos alienados é a estrutura mais visível na experiência clássica da loucura”.
Defende que “A loucura é negatividade, mas negatividade que se dá numa
plenitude de fenômenos, segundo uma riqueza sabiamente disposta nos
jardins das espécies” (pg.278). Foucault divide a loucura em tipos: demência,
mania, melancolia, histeria e hipocondria. O sujeito apresenta vários sintomas
que segundo Bock, Furtado e Teixeira, podem ser divididos em grupos de
diferentes formas e identificados em quadros clínicos que recebem um nome.
Para Ana Paula Lettieri Fulco cada especialidade no campo da saúde mental
(neurologia, psicologia, psiquiatria) confere nomenclaturas diferentes para os
mesmos sintomas e alguns fazem diagnóstico se baseando ou não em
sintomas.
Desde a idade média os loucos são confinados em lugares
destinados a todo tipo de indesejáveis, como os hospitais e grandes asilos.
Nasce a psiquiatria, segundo Ana Paula Littieri Fulco (2012) ,
seguindo o modelo das ciências naturais cujo método classificatório descrevia
e nomeava o que era visível a fim de estabelecer semelhanças e diferenças,
juntamente com o exercício da Medicina que, para se tornar científica, utilizou
como prova de suas descobertas a anatomia patológica, a investigação
psiquiátrica se restringe aos processos do organismo.
A psiquiatria, que medicalizou a loucura, transformou o louco em
doente mental. No século XVIII, Phillipe Pinel, o pai da psiquiatria, propõe uma
nova forma de tratamento, transferindo-os aos manicômios, espaço de
segregação dos doentes mentais. Os antigos espaços de enclausura mento
modificam-se em espaços de tratamento onde as formas de punição passam a
ser: das suspensões das saídas ao pátio, trabalho ao ar livre, contenção ao
leito, isolamento em cela-forte. Pinel defendia o tratamento Moral, para ele, a
função disciplinadora do médico e do manicômio deveria ser exercida com
firmeza, porém com gentileza. Citando Beatriz Nascimento:
30
“O Trabalho no asilo não era fator de expiação nem
somente educativo; era somente terapêutico (...). A
ideologia do tratamento moral fornecia a racionalização
daquelas práticas, justificando cientificamente tanto o
enclausura mento como a obrigação do trabalho. O
trabalho, na medida em que representava a
aprendizagem da ordem, da regularidade e da disciplina,
passou a constituir cada vez mais o eixo do tratamento
moral.” (1991; pg.66)
O Tratamento Moral foi o fundamento de alguns macro hospícios
criados em todo o país. Duas colônias fundadas em 1911 no Rio de Janeiro: a
masculina, posteriormente denominada Juliano Moreira em Jacarepaguá e o
Centro Psiquiátrico Nacional no Engenho de Dentro.
Com o passar do tempo, o Tratamento Moral se modificou e
perdeu-se das ideias originais do método. As ideias corretivas do
comportamento e dos hábitos dos doentes são usadas como recursos de
imposição da ordem e disciplina da instituição. Com o avanço das teorias
organicistas, o que era “doença moral” passa a ser também orgânica. Assim,
as intervenções se direcionaram para a convulsoterapia e o eletrochoque.
Na visão de Foucault, a medicina positivista do século XIX
admitiria como algo já estabelecido e provado o fato de que a alienação do
sujeito de direito pode e deve coincidir com a loucura do homem social, num
conjunto que forma um todo de uma realidade de modificações produzidas
pela doença, que ao mesmo tempo é analisável em termos jurídico e
perceptível às formas mais imediatas da sensibilidade social. Para Foucault, a
doença mental que a medicina atribuiu-se como objeto, se constituíra
lentamente com a unidade mítica do sujeito incapaz conforme aos princípios
do direito e do homem reconhecido como perturbador do grupo sob o resultado
31
de um ato qualquer do pensamento político e moral do século XVII. Foucault
faz uma crítica à psiquiatria do século XIX dizendo:
“Entre os muros do internamento que Pinel e a psiquiatria
do século XIX encontrarão os loucos, é lá que eles os
deixarão, não sem antes se vangloriarem por terem-nos
“libertado””. (História da Loucura; pg.54)
A psicologia surge no século XIX enquanto ciência. Segundo Ana
Paula Littieri Fulco (2012), utiliza-se da fisiologia para provar sua cientificidade, recorre ao corpo assim como a psiquiatria, mas não trabalha com
medicamentos e sim com psicoterapias baseadas em teorias construídas. A
abordagem psicológica encara os sintomas como desorganização da
personalidade. As doenças mentais se caracterizam pelo grau de desvio do
que é considerado como comportamento padrão ou personalidade normal.
Tanto a psiquiatria clássica como a abordagem psicológica envolve o
conhecimento de que há um padrão de normalidade. O conceito de normal ou
patológico é relativo.
“(...) Do ponto de vista cultural, o que numa sociedade é
considerado normal, adequado, aceito ou mesmo
valorizado, em outra sociedade ou em outro momento
histórico pode ser considerado anormal, desviante ou
patológico.” (Bock, Furtado, Teixeira, 2002; pg. 353)
A submissão do louco permanece e adentra o século XX.
Nise da Silveira, nascida em Maceió, estado de Alagoas, em
1905. Formada em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1926,
prestou Concurso para Médica Psiquiatra da antiga Assistência a Psicopatas e
Profilaxia Mental em 1933; é designada em 17 de Abril de 1944 para ter
exercício no Centro Psiquiátrico Nacional (atual Instituto Municipal Nise da
Silveira). Grande estudiosa, tratando de pessoas internadas no Hospício Pedro
32
II (atual Instituto Municipal Nise da Silveira), no Rio de Janeiro, entendeu que
as intensas manifestações físicas de auto e hetero agressividade, as crises de
agitação psicomotora, as falas incompreensíveis, os urros e tantas outras
maneiras de expressão das pessoas internadas nos hospícios daquele tempo
não pareciam ter traduções suficientes. Nise não aceitaria mesmo os outros
métodos de tratamento, que exercem coerção, existentes à sua época: o coma
insulínico, o choque de cardiazol, o eletrochoque e a lobotomia. Nise, nos
pequenos ateliês do hospício, deu início às audaciosas pesquisas.
Segundo Lisete Vaz, Nise trouxe os estudos de Jung para o
Brasil ainda na primeira metade do século XX. Além do Museu de Imagens do
Inconsciente e da Casa das Palmeiras, desde 1962 passa a funcionar em sua
casa do Flamengo o Grupo de Estudos C.G. Jung, aberto a toda sorte de
gente, com proposta de um tema de pesquisa semestral coordenado pela
própria doutora Nise. O Museu de Imagens do Inconsciente foi inaugurado em
1952, a fim de oferecer ao pesquisador condições para o estudo de imagens e
símbolos e para o acompanhamento da evolução de casos clínicos através da
produção plástica espontânea, quando a expressão livre dos esquizofrênicos
internados no Hospital do Engenho de Dentro já havia se mostrado por demais
evidentes no setor de Terapêutica Ocupacional. Os ateliês mais frequentados
pela clientela enorme de esquizofrênicos eram aqueles que ela denominava
livre expressão: pintura, desenho e modelagem.
“Ali a atenção, a memória, as técnicas e até mesmo o
pensamento poderiam estar temporariamente suspensos.
No livre fazer, o curso das emoções, dos afetos, das
lembranças e a lógica do pensamento não estariam
sendo exigidos e, ao contrário, poderiam estar sendo
exercidos na exata medida do côncavo das mãos de cada
frequentador.” (Lisete Vaz, 2007; pg143)
33
As imagens do inconsciente, desenhadas, pintadas, dançadas,
bordadas, coladas em ateliês e em oficinas, ambientes permeados por muito
afeto, para escândalo do meio psiquiátrico da época, favoreciam não só a
pesquisa como o próprio tratamento.
“Numa experiência de 30 anos jamais encontrei em
qualquer esquizofrênico o famoso ‘embotamento afetivo’.”
(Nise da Silveira; pg79)
Nise da Silveira, ainda na década de 1950, ousou afirmar que o
embotamento afetivo era uma falácia, uma observação e uma descrição de
estudiosos que haviam se privado do contato com pessoas consideradas
esquizofrênicas. Em resumo, segundo Lisete Vaz (2007), a inclinação de Nise
da Silveira sobre a teoria junguiana foi delineando uma trajetória distinta da
clínica e da pesquisa do psiquiatra suíço: Nise radicalizou a perspectiva
junguiana da concomitância entre os eventos físicos e psíquicos,
diferentemente observados. Escolheu entre denominações como arteterapia,
praxiterapia, ergoterapia ou laborterapia. A inclinação de Nise sobre as
imagens do inconsciente, vigorosamente estudadas por Jung também não
implicava interpretações verbais.
Na clínica das psicoses, ao se lançar mão da teoria proposta por
Jung, entende-se a imagem como um esforço ordenador, instintivo, da psique.
A produção livre dançada, bordada ou pintada denota esforços de orientação
ou ordenação psíquica.
“A abordagem junguiana assim privilegiada repele,
portanto, o dualismo corpo-mente, razão-desrazão,
organismo-psiquismo, objetividade-subjetividade e tantos
outros dualismos marcantes e evidentes nas mais
diversas abordagens ou tratamentos de pessoas em
34
estados psicóticos. A relevância da expressão sensível da
existência não determinará tal ou qual momento ideal
para o inicio do tratamento.” (Lisete Vaz, 2007; pg144)
A experiência clínica de Lisete Vaz dobrada sobre Jung e
dobrada sobre Nise da Silveira tem afirmado que essa terapêutica, muito
ocupacional, corporal, afetiva e psíquica, tem muito a fazer, a trocar: tem uma
proposta, uma maneira de estar junto.
“Qualquer ponto da existência é o ponto ótimo para
apreender a expressão sensível ainda que de corpos
crispados, de consciências turvas, de comportamentos
descritos como estereotipados.” (Lisete Vaz, 2007;
pg144)
Nise da Silveira acompanhou e também lutou pela reforma
psiquiátrica, que no Brasil inicia-se no fim da década de 70 com a mobilização
dos profissionais da saúde mental e familiares de pacientes com transtornos
mentais, inscrito no contexto de redemocratização do país e na mobilização
político-social que ocorre na época. A Politica de Saúde Mental origina-se da
Lei Federal 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental. Visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em
serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das
internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do
convívio com a família e a sociedade como um todo, visa ações que permitam
a reabilitação psicossocial por meio de inserção pelo trabalho, da cultura e do
lazer.
35
Por palavras de Edson Passeti (2002), em texto sobre Nise da
Silveira:
“Nise da Silveira entendeu os estados do ser vividos e
difundidos por Antonin Artaud. Disse não à loucura como
doença mental, afirmando a anti-psiquiatria. Não concebia
a arte separada da vida, diante das luzes da psiquiatria,
da maioridade atingida com o cartesianismo, nos sugere
a emoção de lidar, a liberdade de pensar livremente pela
razão do outro. Não há mais doente mental, não há mais
o outro, aquele ser que em nossa cultura, para não ser
dizimado, precisa aceitar ser subordinado, tornando-se o
mesmo de mim. Existência não como possibilidade de
integração ou aceitabilidade, mas como desestabilidade à
razão e às instituições do são, do normal e do boçal.
Não se está em busca de identidades, mas de diferenças
na igualdade.”
A anti- psiquiatria e a psiquiatria social se configuram como uma
negação radical da psiquiatria clássica.
“Ambas denunciaram a manipulação do saber científico, a
retirada da humanidade e da dignidade do louco, as
condições perversas de tratamento e reclusão dele e,
principalmente, a concepção da loucura como fabricada
pelo próprio sujeito em seu interior (...); buscaram nas
condições de trabalho, nas formas de lazer, no sistema
educacional competitivo ou mesmo na estrutura familiar
ou na insegurança da violência urbana, os fatores
desencadeadores ou determinantes do sofrimento imenso
do indivíduo e de sua doença” (Bock, Furtado, Teixeira,
2002; pg.355)
36
Disse Nise da Silveira:
“A vida não é isso ou aquilo. A vida é isso e aquilo.
Contínua luta entre autoridade e liberdade.” (Uma vida
como obra de arte; pg.4)
João A. Frayze Pereira em seu artigo (Estud.av.vol.17n. 49 São
Paulo Sept – Dec.2003) sobre Nise da Silveira e o Museu de Imagens do
Inconsciente coloca que por considerar a história de vida de Nise à luz do
complexo simbólico nos traz uma análise segundo os principais eixos
(psicológico, artístico e político) que articulam o Museu de Imagens do
Inconsciente nos auxiliando no estudo do trabalho desenvolvido por Nise com
pessoas com transtornos mentais. Segundo João A. Frayze Pereira(2003) as
obras produzidas no Museu de Imagens do Inconsciente valem por sua
significação expressiva e terapêutica à medida que oferecem ao estudioso um
meio de acesso ao mundo interno dos esquizofrênicos, assim como, ao
paciente, um instrumento de transformação da realidade interna e externa.
Nise idealizou um lugar que pudesse ser além de um espaço para criação de
arte uma casa que também abrigasse os pacientes, mas completamente
diferente de outras colônias de ‘loucos’. O Museu de Imagens do inconsciente
foi projetado para ser um “museu vivo” (Silveira, 1980a, p. 29). Um lugar no
quais criadores e criaturas pudesse realizar, sem que o soubessem como, o
mistério da criação. João A. Frayze Pereira nos fala da importância e
necessidade de lembrar que do ponto de vista psicanalítico, o trabalho de
criação é análogo ao trabalho de parto, a relação criador-obra, à relação mãe-
criança e a Psicologia da criação artística a uma psicologia feminina, "pois a
obra criadora jorra das profundezas inconscientes, que são, na linguagem de
Jung, o domínio das mães" (Jung, 1985, p. 91).
Faz-se necessário lembrar que das referências teóricas
abordadas como base para fundação do Museu de Imagens do Inconsciente
vem da Psicologia analítica de Jung, com raízes em obras de outros autores,
filósofos e artistas, em especial Artaud (poética).
37
CONCLUSÃO
Diante de todo o conteúdo apresentado neste estudo, tendo
como base renomados pesquisadores de áreas de extrema importância para a
compreensão de nosso ser, de como somos constituídos e de como nos
apresentamos diante do outro no mundo, conclui-se que a binômia ARTE X
TERAPIA quando unidos em prol de um objetivo único – o de ser uma técnica,
instrumento para trabalhar a regulação de nossa energia psíquica na tentativa
de reorganizar a nossa estrutura psíquica – trabalhando todos os seus
elementos dentro de uma proposta que visa não se prender a uma
preocupação estética capaz de rotular e fazer imposições, pode ser
considerada excelente ferramenta para alcançar os resultados à que se
propõe, pois toda sua particularidade, seu trabalho com imagens, elementos
cognitivos, perceptivos e psicossociais, pela aproximação com o respeito à
individualidade de nosso ser contribui a busca do processo de
autoconhecimento. E como mostrado é um instrumento para ser utilizado no
trabalho com pessoas acometidas por transtornos mentais (sejam transtornos
neuróticos ou psicóticos), já constatados no trabalho de Nise da Silveira,
inclusive no Museu de Imagens do Inconsciente. A área da Saúde Mental é
uma área vasta, principalmente após Reforma Psiquiátrica que vem
proporcionar a reinserção social daqueles que viviam enclausurados e que
hoje tem direito a tratamentos terapêuticos mais humanizados e as oficinas
terapêuticas mais frequentes. Assim sendo, a Arteterapia é uma técnica que
pode ser utilizada para promoção de Saúde para os usuários desta área. O
estudo vem a ser um estímulo para àqueles que de alguma forma se
identificam com a área da Saúde Mental e áreas afins.
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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emoções. Rio de Janeiro: Wak, 2007.
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Wak, 2009.
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39
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SOUZA, Ângela Maria Alves and BRAGA, Violante Augusta Baptista. Reforma
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FRAYZE PEREIRA, João A.Nise da Silveira e Museu de Imagens do
Inconsciente: Estud.av.vol.17n. 49 São Paulo Sept – Dec.2003
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A ARTETERAPIA, A CRIATIVIDADE E A LINGUAGEM DOS MATERIAIS 10
CAPITULO II
ARQUÉTIPOS E SÍMBOLOS E PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO 18
CAPÍTULO III
SAÚDE MENTAL SEGUNDO NISE DA SILVEIRA 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40
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