a escola na sociedade do conhecimento
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8/18/2019 A Escola Na Sociedade Do Conhecimento
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José Alegre Mesquita
A
Escola
na
Sociedade do ConhecimentoUM ESTUDO SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇAO
E AS SUAS POSSÍVEIS APLICAÇÕES NO CONTEXTO EDUCATIVO
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Vila Real 2002
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação doProfessor Doutor José Esteves Rei.
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“Ser pessoa é ter curiosidade (...) Há muita gente com boas ideias e a Internet é uma
forma de as aproximar. De repente, a curiosidade de cada um ficou disponível para o
mundo inteiro”.
Harold Kroto, prémio Nobel da Química em 1996 1
1 Sara Sá, “Entrevista a Harold Kroto” in Visão n.º 506 de 14 a 20 de Novembro de 2002, p. 15.
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Agradecimentos
À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pólo dinamizador de uma
região que engloba os distritos de Bragança e Vila Real, tem sabido ir de encontro às
necessidades de formação local, é vector de desenvolvimento e por ela passam muitas
das esperanças para esta terra, uma das mais ostracisadas e deprimidas do país. Através
da formação curricular concebida no âmbito do Mestrado em Cultura Portuguesa, nos
permitiu e nos proporcionou alargar horizontes na formação pessoal, sobretudo na área
da cultura portuguesa e particularmente, na especificidade da cultura transmontana quecontinua a contribuir para o enriquecimento da identidade nacional.
Apraz-me salientar o inegável enriquecimento, ensinamentos e aprendizagens
protagonizados e proporcionados pelo corpo docente do Mestrado, que homenageio na
pessoa do seu director, Professor Doutor Fernando Moreira, que se mostrou sempre
inteiramente disponível para todas as solicitações.
Uma palavra de especial apreço, admiração e consideração devo-a ao Professor
Doutor José Esteves Rei pelo seu permanente incentivo, pela sua elevada dedicação,disponibilidade e competência, no longo percurso de orientação, que por si tornou
possível e realizável este trabalho.
Um agradecimento cordial a todos os meus colegas do primeiro Mestrado em
Cultura portuguesa, pelo apoio e colaboração que me concederam de forma
desinteressada.
Agradeço à minha família, particularmente à minha esposa e filhos, a
compreensão afectiva, a persistência dos alentos e a disponibilidade que me
proporcionaram e jamais recompensada, sem os quais tal tarefa se adivinharia de difícil
persecução. Maria do Céu, Francisco e Sofia, perdoem-me as faltas de disponibilidade,
sem a vossa paciência nunca conseguiria.
Devo salientar, a colaboração e empenho do colega e amigo Alexandre
Rodrigues dos Anjos e do amigo Paulo Jorge dos Santos Moura pelas achegas e a
paciência de escutar algumas dúvidas e lamentos. Quero ainda relevar a disponibilidade
do coordenador do projecto “Os Catraios” do Instituto Politécnico de Bragança, Dr.
Victor Manuel Barrigão Gonçalves.
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ÍNDICE GERAL
Agradecimentos..............................................................................................................3
ÍNDICE GERAL.......................................................................................... 4
Índice de quadros ........................................................................................................8
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 9
0. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA .......................................... 14
0.1 Descrição do contexto .......................................................................................16
0.1.1 A escola na sociedade da informação .................................................................19
0.1.2. A informática nos currículos escolares ..............................................................22
0.1.3 Desafios do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação na
educação.......................................................................................................................24
0.2 Navegaremos rumo ao futuro como bons marinheiros ........................27
0.3 Metodologia ..........................................................................................................29
0.3.1 As principais hipóteses........................................................................................30
0.3.2 Técnicas de recolha de dados..............................................................................31
1. FUNDAMENTOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO EDA COMUNICAÇÃO............................................................................. 33
1. 1 A Comunicação é a ideologia dos nossos tempos...................................34
1.1.1 O conceito de informação, comunicação e media...............................................35
1.1.2 A relação entre a educação e a comunicação......................................................38
1.1.3 Desenvolvimento dos computadores e das redes de comunicação .....................39
1.1.3.1 Breve história das redes de comunicação.....................................................42
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1.1.3.2 Principais características da Internet ............................................................44
1.2 Interpretações sobre as mudanças tecnológicas na sociedade dainformação...................................................................................................................46
1.2.1 A visão negativa..................................................................................................47
1.2.2 A visão positiva...................................................................................................53
1.2.3 Análise crítica......................................................................................................56
1.3 A informação e a comunicação geradoras do conhecimento..............58
1.3.1 Dimensão do processo de interacção ..................................................................60
1.3.1.1 A interactividade na sociedade pós-industrial..............................................60
1.3.1.2 A interactividade no processo educacional..................................................62
1.3.2 O hipertexto, o hipermédia e o multimédia.........................................................63
1.3.3 Andamentos na construção da sociedade da informação....................................65
1.3.4 A sociedade da exigência cognitiva....................................................................68
2. A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E
DA COMUNICAÇÃO....................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
2.1 O ensino e os professores num mundo em mudança ..... Error! Bookmark
not defined.
2.1.1 Abordagem histórica da comunicação e o seu reflexo no acto educativo... Error!
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2.1.2 Paradigmas educacionais emergentes ................. Error! Bookmark not defined.
2.1.2.1 A aquisição do conhecimento na criança..... Error! Bookmark not defined. 2.1.3 A dimensão mediática no acto educativo............ Error! Bookmark not defined.
2.2 Software educativo, ensino à distância e ambientes virtuais de apoio
ao ensino ........................................................................... Error! Bookmark not defined.
2.2.1 A importância do software educativo, suporte da construção cognitiva em
interacção ..................................................................... Error! Bookmark not defined.
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2.2.1.1 A produção de software educativo em Portugal .........Error! Bookmark not
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2.2.1.2 Características do software educativo: a dimensão didáctica, cognitiva e
lúdica........................................................................ Error! Bookmark not defined.
2.2.2 Ambientes virtuais de apoio ao ensino................ Error! Bookmark not defined.
2.2.3 O ensino à distância ............................................ Error! Bookmark not defined.
2.3 A sociedade do futuro constrói-se com o conhecimento................. Error!
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2.3.1 Prioridade à educação e à formação....................Error! Bookmark not defined.
2.3.2 Construir uma sociedade de informação para todos ..........Error! Bookmark not
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2.3.2.1 A iniciativa eEuropa: medidas e consequências.........Error! Bookmark not
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2.3.2.2 A iniciativa eLearning ou o ensino em linhaError! Bookmark not defined.
2.3.3 Portugal na Sociedade da Informação, experiências e progressos na área do
ensino ........................................................................... Error! Bookmark not defined.
2.4 Integração das tecnologias de informação e comunicação na escola
.............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
2.4.1 O computador e a Internet nas escolas................ Error! Bookmark not defined.
2.4.1.1 A utilização da Internet e das redes telemáticas em contexto educativo
.................................................................................. Error! Bookmark not defined.
2.4.1.2 A utilização das TIC pelos professores........ Error! Bookmark not defined.
2.4.1.3. Estudo de dois casos.................................... Error! Bookmark not defined.
2.4.2 Competências básicas em Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino
Básico........................................................................... Error! Bookmark not defined.
2.4.2.1 Competências essenciais em Tecnologias de Informação e Comunicação no
1.º Ciclo do Ensino Básico.......................................Error! Bookmark not defined.
2.4.3. As novas tecnologias no contexto da autonomia e gestão das escolas ...... Error!
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3. A GLOBALIZAÇÃO E O ESPAÇO DA CULTURA
PORTUGUESA...............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
3.1 A globalização e a afirmação da diversidade e da interculturalidade
.............................................................................................. Error! Bookmark not defined.
3.1.1 O processo evolutivo da globalização.................Error! Bookmark not defined.
3.1.2. A era da aldeia global.........................................Error! Bookmark not defined.
3.1.3 A escola no mundo globalizado.......................... Error! Bookmark not defined.
3.2 A cultura portuguesa e o espaço global..........Error! Bookmark not defined.3.2.1 Alguns choques de aculturação........................... Error! Bookmark not defined.
3.2.2 A vocação da universalidade lusíada .................. Error! Bookmark not defined.
3.2.3 Agostinho da Silva: o universalismo português e o reflexo num projecto de
escola............................................................................ Error! Bookmark not defined.
3.2.4 Enfrentar os desafios........................................... Error! Bookmark not defined.
CONCLUSÕES ...............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
A comunicação, nova ideologia, condiciona a organização social e o
desenvolvimento humano - Educar para os media, um desígnio da educação do
futuro.................................................................... Error! Bookmark not defined.
Com a educação e a formação é possível construir uma sociedade de
informação para todos.......................................... Error! Bookmark not defined.
A integração das TIC na escola enquadra-se nos novos paradigmas
educacionais e contribuem para o reencantamento da escola ... Error! Bookmark
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As TIC potenciam a construção da autonomia nas escolas.................. Error!
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As TIC podem desenvolver a diversidade e a permuta de saberes e ajudam
ao intercâmbio de afinidades culturais................. Error! Bookmark not defined.
BIBLIOGRAFIA ..............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
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ENDEREÇOS ELECTRÓNICOS .......................... Error! Bookmark not defined.
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS: ............................ Error! Bookmark not defined.
LEGISLAÇÃO............................................................... Error! Bookmark not defined.
Índice de quadros
Quadro 1 - Do desenvolvimento das tecnologias............................................................24
Quadro 2 – classificação sinóptica da Universidade do Minho para o desenvolvimento
dos computadores ............................................................................................................86
Quadro 3 – Percentagem de retenção mnemónica segundo Socony-Vacuum Oil Co.
Studies .............................................................................................................................87
Quadro 4 – Classificação da retenção do conhecimento segundo Edgar Dale ..............88
Quadro 5 – Penetração da Internet nos agregados familiares da UE em Dezembro de
2001 por 100 habitantes .................................................................................................118
Quadro 6 - Custos de acesso à Internet por linha telefónica entre Setembro de 2000 e
Agosto de 2001 ..............................................................................................................119
Quadro 7 - Computadores on-line por 100 alunos em Maio de 2000 no espaço
comunitário ....................................................................................................................120
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Quadro 8 - Número de alunos por computador e por computador com ligação à Internet
em estabelecimentos de ensino de Portugal Continental - DAPP, Ano Escolar
2001/2002, valores provisórios .....................................................................................141
INTRODUÇÃO
Num Mestrado, cuja temática é a cultura portuguesa, poderá pensar-se, numa
análise ligeira e errada, haver pouca relação com a abordada nesta monografia. Uma
sociedade baseada na troca de informação e em que o acto comunicativo é essencial nas
relações humanas e interage com todas as suas actividades, o fenómeno cultural,
sinónimo de conhecimento, de costumes, de patrimónios... passíveis de ser transmitidos,
é particularmente visado por este fenómeno de trocas. A sociedade de informação,
entendida como acto comunicativo global sem fronteiras, amplificadora quase
instantânea de factos, conceitos e ideias díspares, transformadora de um mundo humano
multifacetado e complexo em “aldeia global” interage também com a realidade
portuguesa, determina hábitos, veicula ideologias, modos de vida, pressiona a língua etodas as facetas culturais.
A nova realidade baseada na aquisição, tratamento, processamento, edição,
distribuição e gestão de informação recorrendo a processos tecnológicos cada vez mais
complexos, mas que simultaneamente se tornam mais simples e intuitivos para o
utilizador, tem um efeito considerável no desenvolvimento e dinamização de todos os
sectores de actividade do campo humano. No campo educativo, não ter em conta as
novas tecnologias de aquisição do conhecimento, baseadas na informática, na
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computação e nas redes informativas, é isolar a escola do mundo em que vivemos, é
privá-la de uma ferramenta poderosa de promoção do saber e inovação e proceder à sua
descaracterização de instituição que transmite, constrói e certifica saberes e prepara
indivíduos para a vida activa.
Se as novas tecnologias aportam novas valências à escola de hoje, são dela
indissociáveis, consequência de uma sociedade competitiva e exigente condicionada
pelo digital e pela necessidade de actualização constante. Hoje mais do que nunca, a
comunidade educativa deve reflectir sobre a utilidade da introdução das novas
tecnologias de informação e comunicação nas actividades escolares: São variadas as
funções que as tecnologias de informação, nestas duas vertentes, cumprem: geram novosconhecimentos e metodologias; servem de elemento auxiliar às actividades docentes de
planificação, exposição e avaliação; funcionam como instrumento de comunicação
didáctica de conteúdos; simplificam as actividades administrativas e outras.
Nesta encruzilhada histórica que vivemos, toldada de pessimismos e incertezas, é
normal dizer-se que a educação, a formação e o conhecimento são as chaves mestras do
desenvolvimento humano que poderão permitir à humanidade encarar com algum
optimismo os desafios que se lhe colocam. Um forte desenvolvimento económico de
altos níveis de produção e assente na inovação tecnológica pressupõe um investimento
na educação, na formação profissional contínua e na investigação e não pode estar
desligado das novas ferramentas educativas baseadas na informática e no digital.
O nosso trabalho divide-se em três partes. Partimos de uma clarificação de
conceitos ligados a esta temática, de interpretações filosóficas e sociológicas sobre as
mudanças tecnológicas e da constatação da premência da sociedade da informação como
geradora de conhecimento, surgindo questões a que procurámos dar resposta ou tão só
fomentar a reflexão. Que medidas estão a ser implementadas, a nível comunitário enacional para a construção desta sociedade da informação no sistema de ensino, em que
todos tenham lugar e que balanço fazer da sua implementação? Como integrar as novas
tecnologias na escola de hoje e que mais valias elas aportam à comunidade educativa?
Será possível preservar as especificidades próprias num confronto desigual com
realidades culturais mais poderosas e também agressivas?
No primeiro capítulo apresentaremos a fundamentação teórica da sociedade da
informação e da comunicação. A comunicação e a educação sempre andaram juntas e foi
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com o acto comunicativo, voluntário ou não, que o homem conseguiu transmitir
conhecimentos, atitudes e comportamentos. Se uma das funções do acto comunicativo é
educar, o objectivo do educador foi sempre a transmissão dos conhecimentos de uma
forma fácil e rápida. Isto levou a que o fenómeno educativo estivesse intimamente
relacionado com a evolução dos media, isto é, as ferramentas que servem para
“transmitir, conservar e amplificar as mensagens”.2 A evolução tecnológica dos media
condicionou o acto de educar como Cloutier tão bem teoriza. Assim, as primeiras
transmissões do conhecimento, que pertenceram à família ou ao clã e se aconteceu
desaparecer um determinado grupo de indivíduos por acção de uma calamidade natural
ou não, morriam também todos os conhecimentos por ele adquiridos; Só a invenção daescrita permitiu o nascimento da escola e da história. Posteriormente, a invenção da
imprensa possibilitou a massificação dos media, o alargamento das comunidades
escolares e a sua massificação3. Actualmente, os avanços tecnológicos dos media estão a
atingir formas evoluídas e complexas de desenvolvimento que influenciam todas as
relações humanas e se transformaram em vectores fundamentais de desenvolvimento.
O devir que as novas técnicas propiciaram deu origem a uma polémica que se
centra na aceitação entusiástica ou na sua condenação demolidora. Ambas as posições
transportam argumentos que merecem uma reflexão e abrem pistas para a utilização da
“tecnologia intelectual”4. Os novos media, fundamentados em esquemas computacionais
e nas redes de comunicação, suportam a construção de uma sociedade evoluída cuja
principal característica é o conhecimento. Esta construção de uma nova sociedade tem
como suporte a educação escolar e a formação contínua e os grandes princípios são a
interacção, a exigência, a autonomia, a liberdade e a responsabilidade.
No segundo capítulo questionaremos o acto educativo inserido na exigente e
complexa sociedade da informação. Com a abordagem crítica da evolução histórica dastecnologias educativas, tentaremos compreender a sua importância; questionaremos a
necessidade ou não da mudança dos paradigmas educacionais nas suas vertentes
epistemológicas e pedagógicas resultante da profunda transformação social e das
2 Jean Cloutier, A era de emerec ou a comunicação áudio-scripto-visual na hora dos self-media – Lisboa:Ministério da Educação e Investigação Científica – Instituto de Tecnologia Educativa, s.d., p.15.3 Ibidem, p. 49-57.4 Conf. Pierre Lévy, A máquina universo (criação, cognição e cultura informática)- Lisboa: Instituto
Piaget (epistemologia e sociedade), 1995, p. 10.
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valências tecnológicas ao serviço do conhecimento; analisaremos as diversas
contribuições que o universo digital trouxe à educação/formação, a necessidade de
apostar no software, a importância e as potencialidades dos ambientes virtuais de apoio
ao ensino e a educação em linha (elearning), fundamentadas no estudo de algumas
experiências; reflectiremos sobre os programas e planos de acção comunitários e
nacionais de uma sociedade de informação para todos e a emergência de uma cultura do
ciberespaço, analisaremos várias experiências da integração das novas tecnologias no
ensino, a necessidade de implementar competências básicas nas tecnologias de
informação e comunicação à saída do Ensino Básico e também de elas serem um
instrumento precioso na nova gestão escolar.Na terceira e última parte do trabalho reflectimos sobre a sociedade global,
determinada pelas novas tecnologias, as especificidades culturais e a importância da
sociedade da informação na estandardização de atitudes culturais. O uso das tecnologias
de informação e comunicação, nomeadamente a Internet , tem uma ambivalência: se por
um lado, podem proporcionar a primazia de modelos sócio-culturais e o definhamento
de outros gerando a uniformização, por outro, são ferramentas fundamentais para a
redescoberta de raízes e marcas identitárias próprias, nomeadamente a criação de uma
política de defesa da língua. A segunda possibilidade, quiçá mais difícil, mas exequível
se implicar um esforço material, institucional e organizacional. Com este meio é
possível, em primeiro lugar, construir espaços próprios, diversificados e afirmativos
porque não isolados, mas integrados na grande comunidade da aldeia global; em
segundo lugar, estabelecer parcerias de interesses comuns, desenvolver afinidades,
trocar experiências e construir percursos comuns e por último reatar convívios culturais
e linguísticos, no espaço particular da lusofonia, que os erros do passado, as distâncias
produzidas pela descolonização e as políticas egoístas interromperam ou terminaram.Com a construção da sociedade da informação e da comunicação “estamos a
viver e a experimentar uma ‘revolução silenciosa’ que não se manifesta em grandes
tumultos sociais, que não se expressa pela queda das instituições políticas, mas que é
capaz de abalar o conceito de soberania dos Estados e obrigar ao respectivo
posicionamento”.5 Esta “revolução” introduz mudanças radicais para as quais temos
5 Raul Junqueiro, A idade do conhecimento a nova era digital, Lisboa: Editorial Notícias, Maio de 2002,
p. 22.
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obrigatoriamente de nos preparar. O conhecimento será o aspecto mais relevante e fará a
diferença entre as sociedades desenvolvidas e não desenvolvidas. Nesta encruzilhada da
história pensamos pertencer à escola, que é na sua definição “pátria” do conhecimento,
um papel fundamental.
Este é um trabalho de uma ambiciosa abrangência e poderá criar alguma
dispersão, assumimos o risco para ter uma visão global deste problema. Num mundo que
premeia o pragmatismo, a futilidade e o óbvio, acreditamos nos saberes consolidados,
numa formação que contemple todas as facetas do ser humano e é deste ponto de vista
que partimos. A integração das tecnologias de informação e comunicação na escola pode
levar a uma sociedade mais evoluída, mais conhecedora e por isso mais fraterna e justa,a que denominamos sociedade do conhecimento. Não escondemos que embora o nosso
trabalho tenha objectivos científicos, nos norteia o optimismo na busca de uma escola
ideal e utópica para onde apetecesse ir todas as manhãs.
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0. DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA
Actualmente, o mundo transita por uma época a que muitos chamam a “era da
comunicação” onde o avanço tecnológico passa como um rolo compressor
transformando rapidamente o nosso quotidiano. O olhar sobre o mundo transformou-se.
Passámos a vê-lo de todos os quadrantes: do interior para o exterior e do espaço para o
pormenor da célula. A este novo estádio convencionou chamar-se a sociedade pós-
industrial ou pós-moderna em que “não serão a energia e a força muscular que liderarão
a evolução, mas sim o domínio da informação”.6
O crescimento pessoal está entrosado com a nossa experiência directa e com a
nossa experiência indirecta, com o que acontece no nosso bairro ou no país mais
distante. A época da informação e da comunicação está a construir-se com o que está
perto de nós, mas também com o que está imensamente longe, tudo nos poderá ser
familiar e determina as nossas vidas já que entra pela janela do jornal, da revista, da
televisão e do computador. A informação é uma grande película magnética que envolveo Universo, tornando-se, nos dias de hoje, vital à sobrevivência da espécie humana no
grau de desenvolvimento conhecido. Qual atmosfera que contém o oxigénio, assim o
fenómeno comunicativo alimenta as relações sociais.
6 Livro Verde para a sociedade de informação – Iniciativa Nacional para a Sociedade da Informação, in
(http://www.mct.pt/PtSocInfo/indice.htm), p. 9, em 15 de Abril de 2002.
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Com a descoberta do registo magnético e da inteligência artificial, a metáfora
platónica7 de dois mundos, o sensível e o inteligível, tem adaptação a esta nova era
constituída por dois cosmos que se tocam, interdependem e para muitos se confundem: o
mundo real e o mundo virtual. Esta metáfora toma forma consistente na dicotomia entre
mundo virtual, que habita o ciberespaço, constituído por vagas electromagnéticas, e a
correspondente realidade. O universo das ideias manifesta-se em novas linguagens e
códigos semióticos suportados pelas novas tecnologias podendo ser operadas de uma
forma simples e assombrosa. A realidade pode, pois, transformar-se no mundo virtual e
quantificar-se numa infinidade de bytes. Esta possibilidade de transformação, de
controlo da realidade criou uma revolução no nosso mundo, o homem através do digitalaproximou-se mais dos “deuses”, na medida em que parece nada lhe ser impossível.
Assim, no virtual todas as manipulações da realidade são possíveis.
Por outro lado, a máquina substituiu-se-lhe no trabalho mais árduo, deixando-lhe
as tarefas do espírito. Podemos afirmar que “o mundo em que vivemos perdeu,
irremediavelmente, o seu paradigma analógico. Já nada é o que é. Tudo é a mesma coisa
e serve para codificar e representar tudo o que é necessário para manter a matriz da
realidade. Por detrás do estado sólido das coisas, está a informação digital, vibrante e
luminosa”.8
A nova era está a criar comunidades sem fronteiras, de comunicação biunívoca e
interactiva através do ciberespaço. Por um lado, a estandardização de comportamentos e
modelos sociais põe em causa especificidades culturais, económicas e sociais; por outro,
dá a possibilidade de divulgar e potenciar culturas e estados sociais minoritários.
A organização social é fragmentada e especializada, visando a formação de mão-
de-obra qualificada e preparada para os novos desafios. O contínuo devir trouxe novos
problemas e a necessidade de um novo paradigma centrado na permanente actualizaçãoe na adaptação a um mundo em “mudança”. O conhecimento é fundamental para este
novo homem que desponta na aurora do século XX, o seu acesso e actualização não
7 Platão admite que os conceitos da nossa mente são uma imagem reflectida de uma realidadetranscendente e as essências das coisas são uma imagem reflectida desta realidade. É a metáfora dassombras na caverna. As coisas sensíveis participam da perfeição das ideias (metexis) e as coisas reaissurgem como imitação dessas mesmas ideias (mimexis).8, Dr. Bacali, “Iluminações” in Semana Informática, n.º 85, Julho de 2002, p.24.
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corresponde a uma fase escolar, mas é um processo de toda a vida e é uma necessidade
vital.
O que é esta era da comunicação ou sociedade de informação, sociedade em
rede, economia digital, revolução digital ou sociedade do conhecimento9? Vamos anotar
para reflexão a definição adiantada pelo Livro Verde para a Sociedade de Informação.
“A sociedade de informação corresponde [...] a uma sociedade cujo funcionamento
recorre crescentemente a redes digitais de informação”.10 A evolução dos meios de
comunicação por via do incremento da informática, associada ao desenvolvimento do
hardware, do software e das redes criou as novas tecnologias de informação. As redes
digitais associadas a estruturas computacionais estão cada vez mais associadas a todas asactividades do campo humano, tornando-as essenciais na sociedade moderna.
Se há duas ou três décadas era ainda impreciso o impacto que o computador tinha
na vida diária do comum dos cidadãos, actualmente não restam dúvidas da sua
influência sobre todos os sectores da vida social, cultural e económica “... a informática
inaugura a 2.ª revolução industrial (...). Sem comparação possível com a pedra lascada,
muito mais profunda que a invenção da imprensa e muito mais radical que a invenção da
máquina a vapor.” 11. Claramente este facto trouxe novas exigências ao campo da
educação e da formação dos indivíduos, obrigando-os ao desenvolvimento de novas
competências.
O aparecimento das novas tecnologias de informação e comunicação e a sua
arquitectura em “rede” veio reforçar o papel do professor e da escola porque, numa
sociedade altamente competitiva, a qualificação é um factor essencial e a base da sua
organização. A necessidade de aprendizagem da leitura e da escrita e do domínio das
línguas estrangeiras continua a ser primordial no acesso à informação e à cultura, porém,
novos desafios se colocaram à escola. Entre muitos outros, destacamos aqueles quepassam por uma contínua construção de pontes para o mundo que nos cerca, pela
9 António Cachapuz prefere o termo de sociedade do conhecimento a sociedade de informação porqueinformação é aquilo que é oferecido ou posto à disposição e conhecimento é aquilo que é construído. Cf.Conselho Nacional da Educação, A Sociedade de Informação na Escola, Lisboa: CNE (Seminários ecolóquios), 1998, p. 37. Fabrício Caivano refere que a “notícia não é conhecimento”. O conhecimentoexige um caminho e uma construção individual. Cf. Manuel Pinto, Guia do Professor – A imprensa naescola, Lisboa: Cadernos Públicos na escola, 1991, p. 10.10 Livro Verde para a Sociedade da Informação,(http://www.cisi.mct.pt/ficheiros/ficheiros/si/docsProg/fsidp004.pdf ), p. 9.
11 Cf. Álvaro Miranda Santos, Informática e Psicologia, Lisboa: EDISPA, 1971, p. 12.
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habilitação para operar os novos instrumentos de acesso ao saber, a capacidade de
produção de conhecimento para não ser um mero receptor de informação, pelo
desenvolvimento das atitudes de análise e espírito crítico advindas da sobre-informação,
pela necessidade de criar uma nova ética de coabitação no ciberespaço e obstar a
possibilidade de criar novas formas de discriminação e exclusão. No espaço educativo e
pela educação, é possível afirmarmos a nossa identidade e criar espaços de
relacionamento com o mundo, particularmente, o mundo “lusófono”. O segredo está no
aproveitamento das potencialidades que as novas tecnologias nos proporcionam.
0.1 Descrição do contexto
A análise dos factos e a constatação de diversos especialistas aliada à nossa
experiência, levam-nos a concluir que as novas tecnologias têm tido pouco impacto na
educação ou, a sua integração tornou-se, quase sempre, suporte puramente técnico. O
que se tem feito é ainda insuficiente: a improvisação, os casos com sucesso são isolados
e pontuais, o esforço financeiro para dotar as escolas de equipamentos e meios e a sua
racionalização é manifestamente muito pouco para as virtualidades que as novas
tecnologias transportam e podem ser postas ao serviço da educação. Para este
“insucesso” também têm contribuído vários factores que passam pela falta de formação,
a ausência de persecução metódica, as estratégias político-didácticas e, sobretudo, a
motivação e resistências à mudança e à inovação dos agentes da comunidade educativa,
agravada pela escassez e ausência de meios. Estes factos contribuem para a descréditoda instituição escolar.
Adiantamos algumas razões para a perda de protagonismo da instituição escolar.
Até há bem pouco, a escola era o centro da produção do conhecimento. Dela emanava
para a sociedade e esta respondia se solicitada a dar respostas. Esta relação de causa e
efeito perverteu-se e tornou-se mais complexa: a gestão do conhecimento encontra-se,
agora, no conjunto das actividades humanas. Se por um lado, a escola perdeu a
hegemonia da produção de conhecimento; por outro, deixou escapar também a sua
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hegemonia socializadora e tem de partilhar com os meios de informação e comunicação
a formação cultural dos educandos. É este o desafio que se coloca à comunidade
educativa e que urge dar respostas para validar a razão de ser da escola, mudando
metodologias e práticas para as adaptar à nova sociedade cada vez mais dependente das
tecnologias de informação e comunicação.
No final da década de sessenta, as Nações Unidas consideraram as novas
tecnologias vectores essenciais de desenvolvimento económico e social, e essa certeza
tem-se alicerçado cada vez mais com o decorrer do tempo12. Kofi Annam dá-lhe
particular importância ao afirmar: “the new technologies that are changing our world are
not a panacea or a magic bullet. But they are without doubt enormously powerful toolsfor development. They create jobs. They are transforming education, healthcare,
commerce, politics and more. They can help in the delivery of humanitarian assistance
and even contribute to peace and security.” Elas não serão o pó mágico para tudo
resolver, contribuem e são peças fundamentais para o desenvolvimento humano. A
globalização, fruto dos mercados sem fronteiras, tornou o mundo mais competitivo e
quem não se actualiza, não acompanha o ritmo de desenvolvimento, fica para trás com
prejuízo do nível de vida e do bem estar social.
A Europa também já iniciou a caminhada para a Sociedade da Informação. Um
primeiro passo foi dado com o Livro Branco sobre a Educação e a Formação –
Enseigner et Apprendre vers la société cognitive que procura “contribuir com as
políticas de educação e formação dos Estados – Membros, para colocar a Europa na via
da sociedade cognitiva, baseada na aquisição de conhecimentos, onde ensinar e aprender
são um processo contínuo ao longo da vida”.13 O documento nasce em Novembro de
1995, faz a análise da situação e as respostas encontradas pressupõem a necessária
transformação da sociedade europeia. Com intuitos mais de planificação de trabalhos naconstrução da sociedade da informação surge o programa eEuropa, do Conselho
Europeu de Lisboa de 23 e 24 de Março de 2000 que dá resposta planificada aos novos
desafios. A palavra de ordem é: eEuropa – uma sociedade da informação para todos e
tem como objectivo central “colocar ao alcance de todos os cidadãos europeus as
12 Kofi Annam – S. G. das Nações Unidas (Novembro de 2001) (http://www.un.org/ ). 13Educação – Formação e Juventude, “Livro Branco sobre a educação e a formação”
(http://europa.eu.int/scadpus/leg/pt/cha/c1028.htm), p. 1 em 24-04-2002.
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À escola assiste o dever de procurar respostas flexíveis e adaptadas a este mundo
em mudança. Cada vez se torna mais penoso estudar exclusivamente por manuais que se
desactualizam rapidamente. A era da comunicação e da informação exige que a escola
recrie um ambiente de aprendizagem, rica em recursos, onde haja acesso às novas
tecnologias de comunicação, caracterizado pela interactividade, pela capacidade de uso
individualizado e que os currículos ofereçam uma visão holística do conhecimento
humano e do universo. As novas tecnologias deverão unir a escola e a comunidade para
que se inter-relacionem no desenvolvimento da sociedade.
A educação é pedra fundamental na construção de uma sociedade baseada na
informação, no conhecimento e na aprendizagem. As desigualdades sociais, de regiões,de países e de continentes são-no essencialmente pelo factor discriminatório no acesso
ao conhecimento e às dificuldades tecnológicas da concretização de inovação. O fosso
que separa os países desenvolvidos dos chamados de terceiro mundo centra-se,
primordialmente, na posse ou não de conhecimento e na capacidade de o usar.
Educar numa sociedade de informação e comunicação não é só adquirir um
conjunto de técnicas fundamentais para a utilização das tecnologias, mas,
primordialmente adquirir as competências essenciais que permitam produzir bens e
serviços, saber tomar decisões fundamentadas quanto ao que se quer ou não conhecer,
saber operar com destreza os instrumentos postos à disposição no seu trabalho, aplicar
com criatividade os novos meios em situações simples ou sofisticadas.
Porque, é necessário não descurar a formação dos indivíduos para a volatilidade
dos conhecimentos e técnicas adquiridas, a formação dos alunos e professores deve estar
voltada para a formação contínua fruto da acelerada transformação do conhecimento
com base no avanço tecnológico. A educação é, agora, um processo individual de acordo
com as necessidades e o ritmo de cada um, por isso centrada no aluno e voltada para anecessidade de o dotar de atitudes de responsabilidade e de autonomia para a construção
contínua do seu conhecimento. Aquele que não se actualiza perde espaço e
credibilidade.
A atracção que as novas tecnologias exercem sobre a classe política executiva,
onde pontuam muitos tecnocratas, que pensam a implementação das infra-estruturas
tecnológicas e as suas aplicações poder-se-á dar azo ao privilégio das estruturas físicas e
de capacitação tecnológica em detrimento de outros aspectos tão ou mais relevantes: "ter
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em casa a enciclopédia britânica não transforma um idiota em Einstein, nem uma vítima
de ileteracia em letrado..."16 Pois, para além do equipamento, a formação e a motivação
dos agentes são aspectos a considerar.
A resolução do Conselho de Ministros do XIII governo português de 22 de
Agosto de 200017, lançou a iniciativa Internet , onde se estabeleceram algumas das metas
do executivo. Os objectivos eram:
levar a Internet a 50 % da população portuguesa e a metade dos lares até
2003;
instalar postos públicos de acesso em todas as freguesias;
multiplicar por dez todos os anos os conteúdos portugueses na Internet até2004 e potenciar o volume do comércio electrónico nas empresas;
digitalizar todos os serviços públicos até 2005 (todos os formulários oficiais
na Internet em 2002, possibilidade de submissão electrónica generalizado em
2003);
formar dois milhões de pessoas em competências básicas em TIC até 2006.
Preconizava-se ainda que todos os estudantes dos ensinos secundário e superior
deveriam ter acesso a computadores individuais em 2003 assim como todos os
professores deveriam possuir computadores individuais em casa em 2004.
A execução do plano de acção para a sociedade de informação implicou e
implica um grande esforço da sociedade portuguesa. Alguns objectivos já foram
atingidos nomeadamente a ligação à Internet de todas as escolas (atingido em 2001) e a
meta de 20 alunos por computador definida para 2003 foi assegurada em 2002. Os
valores monetários investidos são impressionantes na ordem dos cinco mil milhões de
euros. Posto isto que balanço fazer? Haverá uma real melhoria do ensino ou, tão-só, o
objectivo de governar para os media? Este esforço foi acompanhado de um real eesclarecimento da população envolvida? Convém, referir que a erosão dos avanços
tecnológicos desactualiza, a breve prazo, equipamentos e programas o que pressupõe a
contínua credibilização de fundos para renovação de estoques. Vários estudos são feitos
um pouco por todo o lado, dos quais iremos dar conta, porém, o que nos parece essencial
16 MAGALHÃES, José - homo sapiens – Cenas da vida no ciberespaço – Lisboa: Quetzal Editores, 2001,p. 162.17 Resolução de Conselho de Ministros Nº 110/2000, publicado no Diário da República Nº 193, Serie I-B,
em 22/08/2000.
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é a necessidade da implementação das novas tecnologias na sala de aula na múltipla
valência da aprendizagem instrumental, até á sua utilização como receptora e geradora
de conhecimento, de desenvolvimento de parcerias que ajudem à divulgação e
manutenção de especificidades, do estabelecimento de metodologias e práticas que
contribuam para uma melhoria do processo educativo.
Os princípios universalmente aceites das modernas sociedades humanas têm de
estar presentes na construção da sociedade de informação e a sua relação com a Escola.
São eles a democracia e a cidadania: pretende-se o desenvolvimento de competências
não apenas instrumentais, mas sim uma verdadeira “educação para os media” e para a
comunicação.Importa também conhecer e prevenir as novas formas de exclusão social que
poderão pôr de parte do sistema largas camadas da população: os chamados
infoexcluídos. Mariano Gago18, adverte-nos para estas legítimas preocupações “as
tecnologias de informação podem servir para libertar forças de cidadania e fazer
desabrochar solidariedades à escala planetária. Mas também podem usar-se para
controlar e fichar mais comodamente, para punir e vigiar o pensamento livre, para
sabiamente perseguir e cientificamente torturar.”19 Compete, em primeiro lugar, aos
cidadãos pressionar os governos e as organizações mundiais no sentido da criação de
mecanismos de vigilância para uma “navegação segura” mas que não ponha em causa a
liberdade, reciprocamente, as entidades oficiais proporcionem processos de modo a
incentivar a mobilização e a participação dos cidadãos. E esta reciprocidade de cultura
democrática e de cidadania deve ter lugar na escola a partir dos primeiros anos de
escolaridade.
0.1.2. A informática nos currículos escolares
O choque da nova tecnologia intelectual, como lhe chama Pierre Lévy20, no acto
educativo, trouxe diversas consequências. Uma delas é a duplicação das seguintes
18 ministro da Ciência e tecnologia dos XIII e XIV governos pós 25 de Abril.19José Mariano Gago et al. LivroVerde para a Sociedade de Informação em Portugal (http://si.mct.pt/file?src=1&mid=1&bid=1), p. 5.20 Pierre Lévy, A máquina universo (criação, cognição e cultura informática), Lisboa: Instituto Piaget
(epistemologia e sociedade), 1995, p.12.
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capacidades: o processamento numérico (exemplo: estatística, cálculos matemáticos); o
processamento do texto (exemplo: simplificação na edição e tratamento de texto); a
revolução da comunicação (exemplos: as redes de comunicação); o manuseamento e
tratamento de informação (exemplos: o hipertexto e a multimédia).
A utilização dos computadores e da Internet no ensino deixou de ter um espaço
próprio de aprendizagem, as paredes da sala de aula deixaram de fazer sentido. O
relacionamento do professor com o aluno e vice-versa é exequível para além do contacto
presencial. O acesso ao conhecimento pode ser feito em qualquer local. Os suportes do
conhecimento diversificaram-se, ao livro, juntaram-se, entre outros, o disco rígido, o
formato do CD-ROM, a disquete e a Internet . O digital permitiu ainda simplificar notempo e no dispêndio de energia numerosos cálculos e operações matemáticas, de
estatística, etc. Assim, além de propiciar uma rápida difusão de material didáctico e de
informações para encarregados de educação, professores e alunos, as novas tecnologias
permitem a construção interdisciplinar de informações produzidas individual ou
colectivamente, o desenvolvimento de projectos entre alunos separados
geograficamente, bem como, a interactividade entre professores e investigadores de
várias partes do mundo no sentido do confronto de ideias e de descobertas comuns e um
melhor e mais rápido desempenho na execução de múltiplas tarefas.
A disciplina dedicada às TIC terá de ser uma disciplina autónoma, mas ao
mesmo tempo inter-relacionar-se com todas as áreas curriculares. A sua autonomia
conquista-a porque o manuseamento de linguagens procedimentais e de programação
terão de fazer parte do ensino e ponto de partida para outras práticas. A linguagem
procedimental será o conjunto de técnicas para executar determinada tarefa. A
linguagem de programação será o conjunto de regras para elaborar um raciocínio
complexo, que normalmente surge numa fase mais avançada do ensino. A utilização das“máquinas” de uma forma “passiva” não é o único caminho no âmbito do
ensinar/aprender , a prática da programação é uma excelente iniciação ao pensamento
abstracto: não é a máquina que põe os alunos a pensar, mas serão estes que propõem
problemas para a máquina resolver.
A educação à distância é outro mecanismo dependente do computador e das
redes de comunicação, que tem evoluído e mostra-se, ocasionalmente, complementar do
ensino presencial, mas apenas substitutivo em fases avançadas. Aspecto que deverá
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merecer uma profunda reflexão, que comporta virtualidades e desafios ligados à
comodidade e universalização do saber, mas também perigos, que será necessário
acautelar, caracterizados pela estandardização, despersonalização e ausência de contacto
humano. Há ainda diversos tipos de ensino assistido por computador fundado no ensino
modular: o aluno progride ao seu ritmo por pequenas etapas. Este tipo de aprendizagem
realiza-se primordialmente no ensino profissional.
A utilização de software educativo tem tido um grande desenvolvimento e poderá
ser um precioso auxiliar em ambientes interactivos da aprendizagem.
Os programas de simulação em ambiente informático são cada vez mais
utilizados quer na concretização curricular, quer na investigação científica. Asimplificação e a economia de processos são motivadoras para além do manuseamento
das variáveis. Interrogar bases de dados quer em ambiente de intra ou internet está a
universalizar-se e faz parte do procedimento normal de aquisição de conhecimentos.
A investigação em pedagogia serve-se cada vez mais do computador para tratar
progressos, atrasos e erros na evolução da aprendizagem. A avaliação serve-se cada vez
mais das grelhas de observação, de percentagens e outras informações que os
computadores poderão tratar.
0.1.3 Desafios do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação na
educação
Nas mais diversas regiões, a atracção para desenvolvimento das TIC teve como
fundamento o desenvolvimento económico e social. A partir do último quartel do século
XX, numerosos países (principalmente os grandes países de produção industrial)
elaboraram planos nacionais para capacitação tecnológica no sentido da produção debens e serviços. As empresas orçamentam uma parte dos seus activos financeiros para a
I§D (investigação e desenvolvimento). A universalização da informação e a
disseminação de computadores operaram uma verdadeira revolução económica.
O papel das novas tecnologias no desenvolvimento das sociedades modernas
tem-se pautado pela criação de riqueza e bem-estar social e, ao mesmo tempo, por novos
problemas difíceis de resolver ligados à ecologia, às relações laborais, à disparidade
entre as nações... Esta nova concepção pode ser representada através de um esquema
investigação
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constituído por um triângulo dinâmico em cujos vértices poderemos colocar os seguintes
conceitos: investigação, aplicação e uso.
Quadro 1 - Do desenvolvimento das tecnologias
A investigação tecnológica resulta do esforço dos investigadores ou comunidade
de investigação. Poder-se-á situar no vértice da pirâmide, mas não terá uma primazia em
relação aos outros aspectos, só terá sentido se interagir com eles. Toda a construção do
edifício depende deste vértice, porém este alicerce nenhum valor terá se não for
estimulada e não tiver repercussão nos outros vértices do polígono. É como um pólo
gerador de energia para o desenvolvimento social e económico e ao mesmo tempoalimenta-se de uma boa aplicação e o uso das tecnologias que gera. Assim a investigação
só terá razão de ser se tiver uma aplicação e utilização práticas. O seu emprego
racionalizado e organizado despoletará novos investigadores. O edifício é tanto mais
dinâmico e completo quanto mais os corredores abertos entre eles forem fluídos e a
comunicação for posta a circular.
As tecnologias geradas são transferidas para o sector produtivo onde se processa
a aplicação em novos bens e serviços. A capacidade de absorver as novas tecnologias
parece ser próprio de países em vias de desenvolvimento e a geração destas faz parte de
países ditos de inovação tecnológica de ponta. Embora a génese apareça nos países
desenvolvidos, a sua produção é executada onde há mão de obra mais barata. Nos dias
que correm as multinacionais deixaram de ter fronteiras e funcionam de acordo com
interesses pontuais21. Cada vez mais a inovação funciona numa rede mundial e há nichos
21Dan Schiller chama-lhe “capitalismo digital” e a sua análise é de uma crueza impressionante sobre aprimazia das leis do mercado no domínio da alta tecnologia. Cf., Dan Schiller, A globalização e as novastecnologias, Lisboa: Editorial Presença, Maio de 2002, pp.15 a 19.
aplicação uso
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1.ª - a recente informatização da sociedade implica uma adaptação da escola às
necessidades do mercado de trabalho;24
2.ª - os computadores e as redes transformaram a natureza de todas as ocupações
de tal modo, que sem a capacitação digital é difícil uma integração plena em qualquer
dessas actividade humanas;
3.ª - o prosseguimento de estudos e consequente investigação está cada vez mais
ligada à parceria, à interacção, ao confronto de diferentes realidades, à experimentação
laboratorial de que é indissociável a utilização da ferramenta virtual. Uma capacitação
básica e a posse de atitudes básicas potenciarão um melhor desempenho numa fase
posterior;4.ª - a volatilidade, a caducidade do conhecimento e a contínua mudança de
paradigmas obrigam à educação permanente, à auto-educação e as bases de dados e as
redes, apresentam-se como um instrumento imprescindível de actualização.
A vertiginosa evolução das TIC é fruto da exigência e complexificação da
sociedade que tem potenciado a aplicação dessas técnicas e disseminado o seu uso. Um
dos índices para atestar o grau de desenvolvimento de um grupo social é a capacidade de
operar todos os vértices do triângulo. Parece-nos óbvio que as implicações desta nossa
concepção se reflectem na estrutura educativa/formativa de qualquer país. Quanto mais
harmónico o funcionamento do polígono mais sucesso haverá.
0.2 Navegaremos rumo ao futuro como bons marinheiros
Estamos dentro deste redemoinho em que é difícil discernir com objectividade e,
acima de tudo, reflectir e agir. As novas tecnologias libertaram o homem das velhas
regras e dos constrangimentos de gestão. “Embora seja óbvio a qualquer gestor que anova tecnologia permite que o trabalho seja organizado de forma muito diferente do que
aquela em que é organizado hoje, não existem, ainda, regras seguras sobre como se deve
24Em 2005, “um emprego em cada dois dependerá das novas tecnologias” prevê a comissão dasComunidades Europeias na sua comunicação de Bruxelas em 25/05/2000 com o título “eLearning –Pensar o futuro da educação” (http://europa.eu.int/comm/education/keydoc/com2000/com2000-
318pt.pdf ). 9 de Setembro de 2002.
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abordar esta tarefa, apenas exemplos importantes, e um sentimento generalizado de
urgência.”25
A par da relação entre democracia e sociedade da informação, há os que
advogam que esta cria as condições para a plena igualdade e participação democrática.
Outros defendem que leva a um maior controlo dos cidadãos e a uma apropriação da
informação pelo sector privado inviabilizando a sua democraticidade. Como acontece
com todas as posições extremadas, há algo a defender e a repudiar nos argumentos.
É possível numa fase inicial da implementação dos meios dar mais razão aos
“ciberlibertários”,26 pois a sua defesa poderá tornar mais célere a necessária
concretização. As novas tecnologias vão proporcionar a democratização dasaprendizagens. Todos vão ter acesso a tudo e nem será preciso ter os equipamentos
desde que se propiciem lugares públicos com acesso e os locais de aprendizagem
disponham de equipamentos suficientes e dinamizados.
Na ordem do dia está a adopção de medidas para acautelar endereços perniciosos,
ilegais ou lesivos das redes mundiais. Na União Europeia, foi previsto o
desbloqueamento de verbas para a criação de linhas directas, que possibilitem aos
utilizadores normais a denúncia de conteúdos ilegais. Defendem-se as acções de
sensibilização de pais, encarregados de educação, professores e crianças através das
mais diversas campanhas para os benefícios e desvantagens da Internet . A adopção de
sistemas de filtragem e de classificação dos conteúdos é outra medida urgente e
absolutamente necessária a par da melhoria e avaliação continuada do tronco jurídico. A
universalização de leis aceite por todos os países à guisa de uma carta universal dos
direitos e deveres na sociedade da informação parece-nos imperativa e mais tarde ou
mais cedo exequível.
A globalização, fruto deste processo, pode ser sinal de degradação de valorescomuns e particulares que se diluem nos dominantes, muitas vezes externos e
frustradores. A celeridade dos eventos mundiais associados a uma necessidade de
normalização numa comunidade sem fronteiras, de comunicação biunívoca e interactiva
25 John Browning; Tecnologias de Informação – o essencial das Tecnologias de Informação, explicado de A a Z – Lisboa: Abril/Controljornal, 1998, p. Iv.26
Ciberlibertários ou aqueles que só vêem benefícios na sociedade de informação, nome adoptado porLoer e citado por, Maria Eduarda Gonçalves, “Democracia e Cidadania na Sociedade da Informação” inDEDATES PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - Os cidadãos e a sociedade de informação, Lisboa:
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1999, pp. 107 e seg.
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desenvolvem uma retórica funcional. “Estas realidades encontram-se numa fase de
pressão sobre a língua”.27 E, normalmente, quem é menos forte, é quem cede, qual lei da
selva. Neste processo corremos o risco da uniformização cultural, mas também
possuímos as ferramentas que poderão promover a diversidade cultural e a afirmação
das diversas especificidades. É nesta última hipótese que cremos poderá tornar-se
realidade se “o engenho e a arte”, como dizia o poeta, se unirem e todos saibamos
comandar a nau.
Neste virar de século, abrem-se com as redes electrónicas novos caminhos para a
universalidade do pensamento português. É o tempo de construir novas caravelas, feitas
agora de palavras novas em que embarcam a generosidade, a comunhão de raças e atroca de ideias e pensamentos.
A este objectivo, a escola não pode furtar-se às responsabilidades. Sem medos
nem tibiezas, pois é cavalgando a utopia que construímos um mundo melhor e, como diz
Agostinho da Silva: “... o mestre... pertence-lhe ser extravagante, defender os ideais
absolutos, acreditar num futuro de generosidade e justiça, (...) a ninguém terá rancor,
saberá compreender todas as cóleras e todos os desprezos, pagará o mal com o bem, num
esforço obstinado para que o ódio desapareça do mundo”28. Aquilo que nos une aos
europeus que seja um bom nível de vida e apenas nos distinga uma língua e identidade
própria.
Construamos a grande comunidade de vocação atlântica que vai do Minho a
Timor passando pelo Brasil e por todas as comunidades portuguesas irmanados nesse
abraço que é a nossa língua. “Sulcando a grande auto-estrada da informação que é a
língua portuguesa, está ao nosso alcance construir uma comunidade entre povos e
Estados que escrevem da mesma forma a palavra fraternidade”.29 Não será um desígnio
de nova colonização, mas tão só o incremento de uma comunidade de povos ligados poresse traço comum que é a língua, irmanados pelos laços históricos que nos orgulham e
unem e devemos desenvolver, pois “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Os
valores humanos que ajudámos a difundir na grande obra dos descobrimentos que são a
27José Esteves Rei - Retórica e Sociedade, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, Dezembro de 1998.28Agostinho da Silva, “Projecto de um mestre” in Considerações, Assírio § Alvim, Maio de 1994, pp. 72 e73.29José Magalhães, Homo sapiens – Cenas da vida no ciberespaço – Lisboa: Quetzal Editores, 2001, pp.
132.
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partilha de culturas no princípio do respeito mútuo terão de ser universais para a
preservação da própria espécie humana.
0.3 Metodologia
A finalidade da nossa investigação é participar no debate actual da escola
inserida na sociedade de informação e comunicação. A metodologia utilizada, do
domínio “qualitativo” que se posiciona no âmbito epistemológico do paradigma
interpretativo, assim denominado por Lessard-Herbet, pois “o objecto geral da
investigação é o ‘mundo humano’ enquanto criador de sentido; (...) tem como objectivoa compreensão do significado ou da interpretação dada pelos próprios sujeitos
inquiridos”30 O modelo utilizado é o hermenéutico já que nos permite compreender a
realidade “na sua espessura e complexidade”.31 Embora não desdenhamos o “contexto
de descoberta”, pretendendo, assim, “a busca da globalidade e da compreensão de
fenómenos, ou seja, um enfoque de análise de cariz indutivo, holístico e idiográfico”. 32,
privilegiaremos também o “contexto de prova”, numa lógica hipotético-dedutiva
valorizada por Popper.33 Através dos dados apurados e da análise realizada,
interpretaremos os resultados e tentaremos, com modéstia, seguir o conselho de Umberto
Eco “descobrir qualquer coisa que os outros ainda não tenham dito”.34
Cientes das nossas limitações ou como diz Edgar Morin, “da dificuldade de
permanecermos no interior de conceitos claros, distintos, fáceis”,35 conscientes do nosso
empenhamento, certos da cooperação das pessoas com quem nos envolvemos e da
instituição de ensino superior onde nos inserimos, não regateámos esforços para atingir
os objectivos a que nos propusemos.
30 Michelle Lessard-Herbert et al., Investigação qualitativa, Fundamentos e Práticas, Lisboa: InstitutoPiaget, 1994, p. 175.31Domingos Fernandes, “Instrumentos de avaliação: Diversificar é preciso” in Pensar avaliação, Melhoraraprendizagem, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional (texto policopiado presente no dossier domesmo nome das escolas do 1.º Ciclo).32, Leandro S. Almeida e Teresa Freire, Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação,Coimbra: APPORT, 1997. 33 Citado por Michelle Lessard-Herbert et al., Investigação qualitativa, Fundamentos e Práticas, Lisboa:Instituto Piaget, 1994, p. 9534 Umberto Eco, Como se faz uma tese em Ciência Humanas, Lisboa, editorial Presença, 2001, p. 28.35 Edgar Morin et al. O problema epistemológico da complexidade, Lisboa: Publicações Europa- América(Biblioteca Universitária), s. d., p. 34.
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O fenómeno ligado à comunicação e à informação é o nosso principal contexto, o
aproveitamento das suas potencialidades ao serviço da educação/formação para um
homem mais autónomo e mais cidadão é o nosso objectivo e a necessidade da criação de
um novo paradigma de escola assente no desenvolvimento da criticidade em face de um
mundo banhado em informação é a nossa “angústia”.
0.3.1 As principais hipóteses
Partindo do pressuposto, de que vivemos numa sociedade da comunicação, as
principais hipóteses deste estudo estão relacionadas com as dimensões identificadascomo especialmente relevantes no que diz respeito ao contributo das TIC para uma
melhoria do processo de ensino/aprendizagem e a sua repercussão na escola do futuro
como recurso que alarga a permuta de ideias e a investigação, gera conhecimentos vitais
e desencadeia novas metodologias.
Partimos de uma hipótese abrangente: O conceito de sociedade da informação
transporta potencialidades que poderão permitir um progresso sem precedentes na
história humana. A construção de uma sociedade de informação para todos, tendo a
escola como meio privilegiado para uma educação com os media, pelos media e para os
media, proporcionará uma sociedade avançada a que chamamos sociedade do
conhecimento. Nesta entroncam outras três que definiremos como pontos de partida
para a nossa investigação.
1.ª – Pretendemos mostrar que a utilização dos computadores, dos recursos
multimédia, da Internet e outras redes de comunicação e dos ambientes virtuais
constituem ferramentas essenciais à implementação de uma escola moderna, numa
perspectiva construtivista cujo processo último é o aluno ser o centro do processo deaquisição do conhecimento e construtor da própria aprendizagem. Nesta nova concepção
escolar novos papéis estão reservados aos intervenientes no processo.
2.ª – Entendemos que, com o recurso às novas tecnologias, se potencia a criação
de comunidades educativas com identidade e projectos próprios, reforçando a sua
capacidade pedagógica, atenuando situações de isolamento e fomentando a interacção
com o meio envolvente e com outras experiências educativas no sentido de uma escola
autónoma, mas ao mesmo tempo mais solidária.
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3.ª – É do senso comum dizer-se que há uma pressão real do processo de
globalização, proporcionado pelas novas formas de comunicação, que se exerce sobre a
educação e a cultura portuguesas no sentido de as condicionar e de as diluir noutras mais
“pujantes”, defendemos que as tecnologias de informação e comunicação podem
potenciar a diversidade cultural, afirmar a cultura portuguesa e universalizar o
pensamento humanista que Portugal já ajudou a difundir na expansão marítima.
0.3.2 Técnicas de recolha de dados
As principais técnicas a que vamos recorrer para a recolha de dados são: a análise
documental com recurso a diversas fontes escritas em formato de livro ou na Internet com privilégio da análise qualitativa do conteúdo de modo a inferir uma reflexão própria
e propor soluções para a problemática inerente. Este contexto de descoberta basear-se-á
no modelo da “indução analítica”, assim denominado por Lessard-Herbert que tem como
fim:
1. a “formulação de teorias, de hipóteses ou de modelos” 36
2. a observação, a partir de um razoável número de casos, de modo a identificar
princípios gerais e modelizar situações particulares. O objectivo é o de compreender um
caso em particular e compará-los com outros relacionados.
3. a entrevista constituída por questionário aberto e orientada para a recolha de
informação.
Os modos de investigação centram-se na que Yin e De Bruyne chamam o
“método do estudo de casos”37 é uma atitude própria das abordagens qualitativas,
recorremos também a dados quantitativos existentes como sejam inquéritos e
estatísticas, pois “o investigador utiliza fontes múltiplas de dados”38
36Cf. Michelle Lessard-Herbert et al., Investigação qualitativa, Fundamentos e Práticas, Lisboa: InstitutoPiaget, 1994, p.176.37 Ibidem, p. 167-173.38 Ibidem, p. 170.
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1. FUNDAMENTOS DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E
DA COMUNICAÇÃO
“Graças à descoberta da vaga electromagnética e das suas formidáveis
influências biológicas, cada indivíduo se encontra, pela força das coisas (activa ou
passivamente) presente em simultâneo, nos quatro cantos do mundo”.39
Marshal McLuan
Algumas das razões que apontam para a sociedade de comunicação prendem-se
com a evolução das relações humanas (maiores concentrações de pessoas e novas
actividades), desenvolvimento das tecnologias dos media, indivíduos mais exigentes,disponíveis, instruídos e ávidos de informação40. Estes factos tiveram como
consequência, que muitos chamem à “comunicação”, a nova “ideologia”, pois o
fenómeno comunicativo é o principal responsável pelo conjunto de ideias difundidas a
um grupo social e este dependerá, teoricamente, do controlo que os poderes que o
dominam saibam veicular. É a perspectiva daqueles que a vêm como um processo
39 Dr. BACALI, “Iluminações” in Semana Informática, n.º 85, Julho de 2002, p. 24.40Cf. J. Esteves Rei, Retórica e Sociedade Lisboa, Instituto de Inovação Educacional, 1998., pp. 152 a
155.
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mensurável, técnico e científico. Esta relação entre o fenómeno e as suas consequências
fomenta variados estudos de índole socio-cultural.
As tecnologias de informação e comunicação, objecto do nosso estudo
transportam diversas vantagens, que já referimos, como sejam a interacção em
ambientes virtuais, mas carregam também alguns perigos como são a despersonalização,
o egoísmo e o crescimento do individualismo. Nesta dialéctica de prós e contras trocam-
se argumentos e os avisos dos mais cépticos pode refrear exageradas expectativas dos
mais optimistas.
Parece-nos indubitável que as novas ferramentas das TIC transportam a
potencialidade da construção de uma sociedade baseada no conhecimento, maisprometedora para a espécie humana.
1. 1 A Comunicação é a ideologia dos nossos tempos
Afirmamos que a comunicação é a nova ideologia, pois no acto comunicativo e
por força deste se constroem as ideias, as crenças e as doutrinas de um determinado
grupo social. Por outro lado, os órgãos de comunicação, principalmente a televisão,
moldam as opiniões públicas: dizia um conhecido ex-director de uma estação
televisiva41 que como vendiam um sabonete, também podiam determinar a escolha do
presidente da República. Como nos vendem artigos através da publicidade, a
comunicação social veicula ideias e comportamentos. São variados os casos em que
determinada comunicação se torna ideia universal pelas vezes ou subtileza com que é
transmitida de acordo com os cânones da propaganda e da retórica.
A ciência da comunicação é, pois, o utensílio básico para “legitimar discursos,
comportamentos e acções, tal como a religião nas sociedades tradicionais, o progressonas sociedades modernas ou a produção na sociedade industrial”.42 Comunicar será
assim um instrumento imprescindível a toda a actividade humana, a não circulação de
informação cria a entropia, assim é pelo simples facto de comunicar o mais activamente
possível que a sociedade se organiza e não cai na desordem e como diz Philipe Breton
41 Emídio Rangel da SIC.42Adriano Duarte Rodrigues, Comunicação e Cultura a experiência cultural na era da informação,
Lisboa: Editorial Presença, 1999, 2' ed. (1.ª ed. 1994), p.13.
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“graças à comunicação, o homem é transparente para a sociedade e a sociedade é
transparente para o homem”.43
Este fenómeno tem tido um desenvolvimento extraordinário. No último século,
assistimos ao extraordinário desenvolvimento da física e da química que permitiram o
nascimento de novos materiais que impulsionaram as tecnologias actuais. Estes deram
origem ao nascimento da fotónica e da electrónica que produziram enormes mudanças
no tratamento da informação, nas comunicações e, também, na automatização de
processos produtivos. Uma destas consequências foi o nascimento da informática44 e do
mundo digital que converteu “todos os tipos de informação, como as palavras, sons,
imagens e vídeos e números numa espécie de códigos que as máquinas electrónicas sãocapazes de reconhecer e compreender”.45
A evolução desta tecnologia que permitiu o seu transporte, manuseamento e
acesso em moldes nunca vistos revolucionou a comunicação no mundo em que vivemos,
este ficou mais pequeno e as pessoas mais perto umas das outras. Será esta a época da
informação e da comunicação.
Segundo Maria Eduarda Gonçalves há duas teses sobre a génese da sociedade de
informação. A primeira é a de que estamos numa nova fase: os tempos que decorrem, do
desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, correspondem à
entrada numa nova sociedade de informação – a tese transformista. Em contraste
aparece a tese da continuidade: a sociedade humana sempre foi de informação, mudaram
apenas os meios de a transmitir.46 Não faltarão dados para se poderem aceitar como
correctas estas duas teses, porém não as consideramos contraditórias, mas sim
complementares: Cada novo medium que o homem inventou juntou-se aos outros e desta
maneira enriqueceu-se o acto informativo/comunicativo. As novas tecnologias elevaram
o acto a nível nunca antes atingido e dele fizeram depender uma grande parte dasactividades humanas.
43Cf. Philippe Breton, A utopia da comunicação - Lisboa: Instituto Piaget, 1994, pp. 54 e 55.44 “A palavra informática surge pela primeira vez em 1962, com Philippe Dreyfus: Information e Automatique, dando origem a Informatique.” Cf. Fernando Tavares Ferreira, As novas tecnologias (da) na(in)formação, Porto; Porto Editora, 1995, p. 15.45MULTIMÉDIA: «O guia Completo», Lisboa: Jornal “O Público”, 1996, p. 69.46Maria Eduarda Gonçalves, “Democracia e Cidadania na Sociedade da Informação” in DEDATESPRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - Os cidadãos e a sociedade de informação in Debates da Presidênciada República – Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1999 pp. 167 e seguintes.
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1.1.1 O conceito de informação, comunicação e media
Os vocábulos informação, comunicação e media dão azo a uma ampla literaturaque vai dos discursos políticos, culturais e mediáticos passando pelos filósofos que cada
vez mais produzem reflexões inquietantes até aos manuais programáticos, quantas vezes
prolixos, de “como se faz”. Estes conceitos confundem-se, será conveniente clarifica-los
ou tão só delimitar campos de estudo.
Comunicação é uma palavra que serve para designar realidades bem distintas e
muitas vezes heterogéneas e a precisão do seu significado é difícil. Os seguintes
parecem-nos os mais importantes:
1. é sinónimo de meio de comunicação social, designa também as novas
tecnologias de informação e comunicação vulgarmente, denominadas TIC.
2. no domínio das telecomunicações, está ligada às técnicas utilizadas para
transmitir mensagens, baseadas em instrumentos electrónicos.
3. modernamente, fala-se nas empresas em “política de comunicação” pelo que
se relaciona com a gestão da imagem.
4. ainda no domínio empresarial, usa-se a “comunicação interna” para
simplificar e melhorar o relacionamento entre os diversos actores da entidadee a “comunicação externa” que ajuda a construir a imagem à empresa.
5. a comunicação interpessoal é ainda objecto de estudo de psicólogos e
sociólogos para melhorar as relações humanas e a própria saúde física e
psíquica dos humanos.
6. a “comunicação estratégica”, ligado ao conceito de retórica, que tem por fim
atingir-se determinados objectivos previamente delineados e que é usada em
todos os sectores da actividade humana e é uma matéria que se ensina ouaprende desde o simples charlatão até ao frequentador do curso universitário
de pós-graduação.47
Comunicar pode ser tanta coisa e até esse simples gesto de nos dirigirmos aos
outros.
47 A este propósito cf. José Esteves Rei, A comunicação estratégica, Porto: Estratégias criativas, 2002.,
pp. 17 – 23.
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1.1.2 A relação entre a educação e a comunicação
A educação e a comunicação mostram relações fortemente recíprocas. O próprioacto de comunicar implica uma transmissão de informação que cumprirá o seu desígnio
se for assimilada por alguém. Poderemos aqui encontrar o próprio conceito de
aprendizagem.
Qual será o papel da escola na sociedade da comunicação? Neste contexto pejado
de verbalismo e imbuído de grandes retóricas, atribuem-se à escola todos os papéis e
todas as responsabilidades. Não é difícil criar uma lista das responsabilidades atribuídas
à Escola, designadamente pelos responsáveis políticos: transmite conhecimentos,
certifica saberes, gera valores humanos, estrutura aprendizagens, desenvolve aptidões,
incrementa paradigmas, molda comportamentos, integra socialmente, prepara para a
cidadania, ensina a democracia, etc.
Na comunidade escolar reflectem-se, cada vez mais, os problemas da sociedade,
são os problemas que os poderes políticos não sabem resolver e que a escola também
não pode porque estão dependentes de uma cura social profunda que devem envolver
múltiplos agentes. Num tempo de novos paradigmas familiares, de surtos migratórios
que condicionam as relações sociais, num tempo de discriminação social e de criação defossos sociais cada vez mais definidos, por falta de modelos de referência para os
jovens, de aumentos da criminalidade e delinquência juvenis, num tempo em que os
antigos meios de socialização vêem a sua influência cada vez mais reduzida (Família,
Igreja, clubes, partidos, movimentos associativos), é à Escola que todos apontam o dedo
no sentido de resolver os problemas que eles mesmos não sabem resolver. O fardo
parece tornar-se insuportável para esta instituição social.
Numa sociedade que lida com a informação e com a mudança em ritmos equantidades vertiginosas, não compete à instituição escolar dar respostas e solucionar
todos os problemas da sociedade. Sabemos que ela é um reflexo da sociedade e dos seus
problemas e só agindo social e politicamente no sentido da sua resolução eles serão
expurgados. Cremos, porém, na importância da escola e na responsabilidade de dar
resposta aos novos desafios: participação, decisão, democraticidade e acesso ao saber. A
escola para isso terá de veicular valores democráticos, de autonomia e cidadania, de
saber diversificar as fontes de acesso ao saber, saber utilizar as novas tecnologias para
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uma melhor realização. Neste quadro cabe ao educador dominar a tecnologia, inserir os
meios na acção curricular, democratizar a cultura, ver-se como sujeito de mediação, dar
significado e sentido ao volume de informação que invade o quotidiano. Cabe à
sociedade apetrechar as escolas com os recursos necessários para assim ela cumprir o
seu papel.
1.1.3 Desenvolvimento dos computadores e das redes de comunicação
Desde que os humanos perceberam que os dedos os ajudavam apenas a contar até
dez, muitas foram as tentativas de inventar máquinas que os auxiliassem a superar essa
tarefa. Se o ábaco foi uma das invenções mais extraordinárias ocorrida há 3000 a.C.,
tivemos de esperar quase até Pascal, nos meados do século XVIII, para a primeira
invenção de uma calculadora mecânica (1642). Esta servia para ajudar o pai a calcular os
impostos e foi denominada “Pascaline”.
Em 1939, o norte-americano John J. Atanasoff concebe e constrói uma máquina
de calcular denominada ABC (Atanasoff Berry Computer) em que alguns dos
componentes mecânicos foram, pela primeira vez, substituídos pelos electrónicos. Entre
1943 e 1945 é construído na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, o primeirocomputador de uso geral, denominado de ENIAC (Electronic Numeric Integrator and
Computer). 52 O Professor J. von Neumann publica, em 1946, um trabalho intitulado
“Electronic Discrete Variable Automatic Computer, que apresenta a arquitectura dos
actuais computadores: uma Unidade Central de Processamento (UCP) que contém o
Processador, a Memória e a Unidade Aritmética e Lógica e, exteriormente a esta
unidade, um conjunto de dispositivos denominados genericamente Periféricos. Em 1975,
o primeiro computador pessoal foi posto à venda e chamava-se Altair, a informação erainserida por interruptores e os resultados um conjunto de luzes que piscavam. No início
dos anos 80, o presente de Natal mais vendido nos EUA para crianças é um computador
52Cf. Museu Virtual da Ciência , “Histórias” (http://piano.dsi.uminho.pt/museuv/historias.html). O ENIACé também o primeiro computador concebido para produzir catástrofes. Os seu objectivo era produzircálculos de pontaria para o exército dos EUA. Conseguia realizar trezentas e sessenta multiplicações porsegundo. Mudar de programa implicava mudar os fios. É curioso referir que o computador e o nuclearsurgem na mesma época. Aquele gere a ordem e a informação e este a desordem e a confusão. O primeirocomputador e a primeira explosão nuclear ocorrem ambas em 1945. Von Neuman é ao mesmo tempo apessoa que inventa a arquitectura do primeiro computador e promove estudos para calcular a altura exacta
a que uma bomba deveria explodir a fim de causar o máximo de destruição.
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computadores do mundo. Essencialmente utilizada como canal de comunicação de
mensagens electrónicas (e-mail), também serve à transferência de ficheiros, à
possibilidade de participar em grupos de discussão sobre a maior variedade de temas e
de comunicar em directo através da fala, da escrita e da imagem. Contudo a faceta mais
conhecida e que se confunde com o próprio conceito da Internet é a World Wide Web
(WWW), local onde se pode encontrar uma enorme quantidade de informações úteis (a
maior parte das quais em multimédia), disponibilizada por indivíduos, governos, escolas,
instituições e organizações comerciais. A Internet usa uma linguagem (chamada
protocolo), logo qualquer pessoa que disponha de um computador, um modem e uma
linha telef�
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