a importância das anotações de enfermagem nas glosas
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Catanduva, SP Volume 5 Nmero 1 p. 1-72 janeiro/junho 2011 Semestral
ISSN 1982-1166
EDITOR
Faculdades Integradas Padre Albino
CONSELHO EDITORIAL
Editor ChefeVirtude Maria SolerFaculdades Integradas Padre Albino Catanduva-SP.
Editores
Alessandra MazzoEscola de Enfermagem de Ribeiro Preto Universidadede So Paulo USP, Ribeiro Preto-SP.Antonio Carlos de ArajoFaculdades Integradas D. Pedro II, So Jos do RioPreto-SPIlza dos Passos ZborowskiFaculdades Integradas Padre Albino Catanduva-SP.Luciana Bernardo MiottoFaculdades Integradas Padre Albino Catanduva-SP eVeris Faculdades, Campinas-SP.Maria Regina Loureno JaburFundao Faculdade de Medicina de So Jos do RioPreto FUNFARME.
Bibliotecria e Assessora TcnicaMarisa Centurion StuchiFaculdades Integradas Padre Albino Catanduva-SP.
FUNDAO PADRE ALBINO
Conselho de CuradoresPresidente: Antonio HrculesDiretoria AdministrativaPresidente: Geraldo Paiva de Oliveira
Ncleo Gestor de EducaoAntonio Carlos de Arajo
FACULDADES INTEGRADAS PADRE ALBINO
Diretor Geral: Nelson JimenesVice Diretor: Jos Carlos Rodrigues AmaranteCoordenadora Pedaggica:Dulce Maria da Silva Vendruscolo
CURSO DE GRADUAO EM ENFERMAGEMCoordenadora de Graduao:Dircelene Jussara Sperandio
A uma publicao com
periodicidade semestral, editada pelo Curso de
Graduao em Enfermagem das Faculdades Integradas
Padre Albino.Rua dos Estudantes, 225
Parque IracemaCatanduva-SP - Brasil
CEP 15809-144Telefone (17) 3311-3228 / 3311-3335
E-mail: revistaenfermagem@fipa.com.br
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C966 CuidArte enfermagem / Faculdades Integradas Padre Albino, Curso deGraduao em Enfermagem. - - Vol. 5, n. 1 (jan./jun.2011) - . -- Catanduva :Faculdades Integradas Padre Albino, Curso de Enfermagem, 2007-
v. : il. ; 27 cm
Semestral.ISSN 1982-1166
1. Enfermagem - peridico. I. Faculdades Integradas Padre Albino.Curso de Graduao em Enfermagem.
CDD 610.73
Anamaria Alves Napoleo Enfermeira UniversidadeFederal de So Carlos UFSCar SPCristina Arreguy-Sena Enfermeira - Universidade Federalde Juiz de Fora UFJF MGDircelene Jussara Sperandio Enfermeira FaculdadesIntegradas Padre Albino - FIPA, Catanduva SPDulce Maria da Silva Vendruscolo Enfermeira FaculdadesIntegradas Padre Albino - FIPA, Catanduva SPGilson Luiz Volpato - Bilogo - Instituto de Biocincias deBotucatu, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho- UNESP, Botucatu - SPHelena Megumi Sonobe Enfermeira - Escola de Enfermagemde Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP, RibeiroPreto SPIsabel Amlia Costa Mendes - Enfermeira Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP, Ribeiro Preto SPIsabel Cristina Belasco Bento Enfermeira FaculdadesIntegradas de Bebedouro FAFIBE - SPJane Cristina Anders Enfermeira Universidade Federal deSanta Catarina UFSC, Santa Catarina - SCJos Carlos Amado Martins - Enfermeiro - Escola Superiorde Enfermagem de Coimbra - PortugalJosimerci Ittavo Lamana Faria Enfermeira Faculdadede Medicina de So Jos do Rio Preto FAMERP SPLizete Diniz Ribas Casagrande Pedagoga e Sociloga Faculdade de Filosofia Cincias e Letras de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP, Ribeiro Preto SPLcia Marta Giunta da Silva Enfermeira SociedadeBeneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SBIBAE) Faculdadede Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein So Paulo - SPLucieli Dias Pedreschi Chaves Enfermeira - Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP, Ribeiro Preto SPMagda Fabbri Isaac Silva Enfermeira Centro UniversitrioBaro de Mau, Ribeiro Preto Hospital das Clnicas daFaculdade de Medicina de Ribeiro Preto Universidade de SoPaulo HCFM-USP SPManoel Santos Psiclogo Faculdade de Filosofia Cincias eLetras de Ribeiro Preto Hospital das Clnicas da Faculdade deMedicina de Ribeiro Preto USP SPManzlio Cavazzani Jnior Bilogo - Faculdades IntegradasPadre Albino FIPA, Catanduva SP
Os artigos publicados na so de inteira responsabilidade dos autores. permitida a reproduo parcial desde que citada a fonte Capa: Ato Comunicao Impresso deste peridico: Ramon Nobalbos Grfica e Editora Ltda. Incio de circulao: dezembro de 2007 / Circulation start: December 2007 Data de impresso: junho de 2011 / Printing date: June 2011
C O N S E L H O C I E N T F I C OMrcia Bucchi Alencastre Enfermeira Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP - SP e Faculdade de Educao So Lus de Jaboticabal SPMaria Auxiliadora Trevizan - Enfermeira - Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP SPMaria Cristina de Moura-Ferreira Enfermeira - Faculdade deMedicina da Universidade Federal de Uberlndia FAMED - UFUMaria de Ftima Farinha Martins Furlan Enfermeira Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto FAMERP - SPMaria Helena Larcher Caliri - Enfermeira - Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP - SPMaria Jos Bistafa Pereira - Enfermeira - Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP, Ribeiro Preto SPMaria Luiza Nunes Mamede Rosa Farmacutica eBioqumica Faculdades Integradas Padre Albino FIPA,Catanduva SPMaria Tereza Cuamatzi Pea - Enfermeira Faculdad deEstdios Superiores Zaragoza da Universidad Nacional Autnomade Mxico MxicoMargarida Maria da Silva Vieira Enfermeira - UniversidadeCatlica Portuguesa Porto - PortugalMariza Almeida Silva Enfermeira Universidade Federalda Bahia UFBA, Salvador BA.Marli Villela Mamede - Enfermeira - Escola de Enfermagemde Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP - SPMary Elizabeth Santana Enfermeira Universidade Federaldo Par - UFPA Belm do Par PAMyeko Hayashida - Enfermeira - Escola de Enfermagem de RibeiroPreto Universidade de So Paulo USP, Ribeiro Preto SPRosemary Aparecida Garcia Stuchi Enfermeira Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,Diamantina MGSimone Perufo Opitz Enfermeira Universidade Federal doAcre - UFAC ACSinval Avelino dos Santos Enfermeiro - UniversidadePaulista UNIP, Ribeiro Preto SP e Faculdade de EducaoSo Lus de Jaboticabal SPYolanda Dora Martinez vora Enfermeira - Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto Universidade de So Paulo USP - SP
NCLEO DE EDITORAO DE REVISTASComponentes do Ncleo:Marino Cattalini (Coordenador)Antonio Marcio PaschoalLuciana Bernardo MiottoMarisa Centurion StuchiVirtude Maria Soler
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ISSN 1982-1166
SUMRIO / SUMMARY / CONTENIDO
EDITORIALDulce Maria da Silva Vendruscolo
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES / ARTCULOS ORIGINALES
DIMENSO TICA DO GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEMTHE ETHICAL DIMENSION OF NURSING MANAGEMENTDIMENSIN TICA DE LA GESTIN EN ENFERMERASilveria Rosa Lara, Heloisa Wey Berti ....................................................................................................................... 7
USO DE INDICADORES EM CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAO EM UM HOSPITAL DE ENSINOUSE OF INDICATORS IN THE CENTER OF MATERIAL AND STERILIZATION IN A TEACHING HOSPITALUSO DE INDICADORES EN EL CENTRO DE MATERIALES Y ESTERILIZACIN EN UN HOSPITAL DE ENSEANZARenata Prado Bereta, Marli de Carvalho Jeric ....................................................................................................... 16
ARTIGO DE ATUALIZAO / UPDATE ARTICLE / ARTCULO DE ACTUALIZACIN
DISTRIBUIO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITRIA EM HOSPITAIS: CUSTOS VERSUS BENEFCIOSMEDICATION DISTRIBUTION SYSTEM PER UNIT-DOSE IN HOSPITALS: COSTS VERSUS BENEFITSDISTRIBUCIN DE MEDICACIN POR DOSIS UNITARIA EN HOSPITALES: CUESTOS VERSUS BENEFICIOSLiliana Batista Vieira, Ana Paula Pereira, Nelson Pereira de Castro, Mrcio Mielo, Ana Maria Laus, Lucieli Dias Pedreschi Chaves .... 25
ARTIGOS DE REVISO / REVIEW ARTICLE / ARTCULOS DE REVISIN
O LDICO E A DEFICINCIA VISUAL: UMA REVISO DE LITERATURAPLAYING AND VISUAL IMPAIRMENT: A REVIEW OF LITERATUREEL JUEGO Y LA DISCAPACIDAD VISUAL: UNA REVISIN DE LA LITERATURAMarcela Aparecida Mestriner, Mariele Curti, Maria Cludia Parro............................................................................... 30
HIPERTENSO ARTERIAL E INCONTINNCIA URINRIA NO IDOSO: REVISO INTEGRATIVA DA LITERATURAARTERIAL HYPERTENSION AND URINARY INCONTINENCE IN ELDERLY ADULTS: INTEGRATIVE LITERATURE REVIEWHIPERTENSIN ARTERIAL Y INCONTINENCIA URINARIA EN EL VIEJO: REVISIN INTEGRADORA DE LA LITERATURAAline Danielle Iezzi Jardim, Alessandra Mazzo, Fernanda Berchelli Giro, Helena Megumi Sonobe, Mirella Castelhano Souza .... 38
ORIENTAO NUTRICIONAL DA CRIANA DIABTICA: O PAPEL DA FAMLIA E DOS PROFISSIONAIS DE SADENUTRITIONAL GUIDANCE OF DIABETIC CHILDREN: THE ROLE OF FAMILY AND HEALTH PROFESSIONALSORIENTACIN NUTRICIONAL DE LOS NIOS DIABTICOS: EL PAPEL DE LA FAMILIA Y DE LOS PROFESIONALES DE SALUDGisele de Ftima Dionisio, Selma C. Chrica Peanha, Thas Mieko Takahashi, Lucia Kurdian Maranha, Luciana Bernardo Miotto .. 44
REVISO INTEGRATIVA ACERCA DO TRABALHO DE ENFERMAGEM EM UNIDADES DE URGNCIA E EMERGNCIAINTEGRATIVE REVIEW ON THE WORK OF NURSES IN UNITS OF URGENCY AND EMERGENCYREVISIN INTEGRADORA SOBRE LA LABOR DE LAS ENFERMERAS EN LAS UNIDADES DE URGENCIA Y EMERGENCIACynthia Ferreira de Melo, Denize Bouttelet Munari, Ana Paula Silva, Virgnia Visconde Brasil .................................. 52
A IMPORTNCIA DAS ANOTAES DE ENFERMAGEM NAS GLOSAS HOSPITALARESTHE IMPORTANCE OF NURSING NOTES ON HOSPITAL GLOSSESLA IMPORTANCIA DE LAS NOTAS DE ENFERMERA EN GLOSAS HOSPITALARESPatrcia Rezende do Prado, Waldya Arajo Lopes de Melo e Assis ....................................................................... 62
NORMAS PARA PUBLICAOSTANDARDS PUBLISHING / NORMAS DE PUBLICACIN ........................................................................................ 69
Catanduva, SP Volume 5 Nmero 1 p. 1-72 janeiro/junho 2011 Semestral
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Editorial
UM PRESENTE PARA O CURSO DE ENFERMAGEM DAS FACULDADESINTEGRADAS PADRE ALBINO:
DEZ ANOS DE COMEMORAO DO CURSODulce Maria da Silva Vendruscolo*
Em 2010 o curso de Enfermagem das Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), carinhosamente lembrado
como FEC (Faculdade de Enfermagem de Catanduva), contemplou dez anos de existncia.
A revista Enfermagem participa desta comemorao, oferecendo ao Curso de Graduao de
Enfermagem e aos diversos cursos de especializao na rea um presente inestimvel: uma revista cientfica que traz
consigo a possibilidade de atualizao e reviso de temas inerentes pratica profissional, ao ensino e pesquisa, tanto
na rea da enfermagem quanto na rea da sade, de forma geral.
Em 2007, com a integrao das faculdades isoladas da Fundao Padre Albino e sob uma nova estrutura
administrativa e de gesto acadmica, foram implantados ncleos de pesquisa, de extenso e de editorao. Neste
contexto, o curso de Enfermagem iniciou a publicao semestral de sua revista cientfica, a Enfermagem.
Em sua trajetria, enquanto um canal de comunicao e disseminao do conhecimento cientfico na rea, at o
momento, divulgou cinco volumes, contendo 40 artigos originais, 18 artigos de reviso, cinco de atualizao e um de
espao acadmico. Nesses quatro anos, a revista consolidou a pesquisa institucional e de iniciao cientfica no curso
de Enfermagem, abrindo tambm espao para a divulgao de trabalhos de pesquisa de docentes e enfermeiros de
outras localidades do estado, do Brasil e de outros pases.
Dando continuidade a este trabalho, neste nmero so abordadas trs reas temticas inerentes prtica
profissional do enfermeiro: diferentes ferramentas de controle de qualidade e de avaliao de suas atividades profissionais;
o cuidado de enfermagem voltado diversidade e interdisciplinaridade, com base em diversas estratgias de ao,
voltadas tanto criana quanto ao idoso; e a dimenso tica na gesto de enfermagem.
No campo das reflexes sobre o controle de qualidade e a avaliao da prtica profissional do enfermeiro
encontra-se um artigo de reviso integrativa sobre o trabalho deste profissional em unidades de urgncia e emergncia,
com foco na melhoria da assistncia aos usurios. Tambm se encontra um estudo sobre indicadores de qualidade de
uma central de material e esterilizao de um hospital de ensino e outro sobre as anotaes de enfermagem e os
fatores intervenientes nas glosas hospitalares.
Relativo s preocupaes acerca da assistncia sade pautada na diversidade, h artigos sobre portadores
de deficincia visual, crianas diabticas e idosos. Todos retratam a importncia de se buscar estratgias de atendimento
diferenciadas que levem em conta as especificidades de cada um destes grupos sociais.
Por fim, em relao gesto de enfermagem destaca-se a importncia da dimenso tica, com base em uma
pesquisa qualitativa sobre o desenvolvimento da conscincia tica na capacitao profissional do enfermeiro.
Pela fidelidade ao ideal e contribuio da Revista Enfermagem instituio educacional e
sociedade, cumprimentamos o seu corpo editorial e a comunidade acadmica do Curso de Graduao em Enfermagem
pelos dez anos de trabalho dedicados profisso e construo do conhecimento na rea. Foram dez anos de muita
dedicao formao de profissionais que pudessem, de alguma forma, atuar na melhoria da sade de seus semelhantes.
* Doutora em Enfermagem Peditrica pela Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto (EERP-USP). Coordenadora Pedaggica das Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA),Catanduva-SP. Contato: coord.pedagogica@fipa.com.br
ISSN 1982-1166
Catanduva, SP Volume 5 Nmero 1 p. 1-72 janeiro/junho 2011 Semestral
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Dulce Maria da Silva Vendruscolo
In 2010 the nursing course of Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), fondly remembered as FEC (Faculdade deEnfermagem de Catanduva Nursing College), included ten years of existence.
The journal Enfermagem participates in this celebration, offering to the undergraduate nursing and severalspecialized courses in the area a priceless gift: a journal that brings the ability to update and review of issues arising in professionalpractice, teaching and research both in nursing and in health, in general.
In 2007, with the integration of the faculties of the Fundao Padre Albino and under a new structure and academicmanagement, research centers, extension and publishing were established. In this context, the nursing course began its biannualjournal, the Enfermagem. In his career as a channel for communication and dissemination of scientific knowledge in thearea, to date, issued five volumes, containing 40 original articles, 18 review articles, five update articles and one an academic article.In these four years, the journal consolidated institutional research and scientific initiation from nursing, also opening up space for thedissemination of research work of teachers and nurses from other parts of the state, in Brazil and other countries.
Continuing this work, this issue is addressed three themes inherent in professional nursing practice: different tools forquality control and evaluation of their professional activities, nursing care focused on the diversity and interdisciplinary approach,based on various strategies action, aimed at both the child and the elderly, and the ethical dimension in nursing management.
Reflections on the field of quality control and evaluation of professional nursing practice is an integrative review article onthe work of professional emergency care units, focusing on improving assistance to users. It is also a study on indicators of qualityof material and a central sterilization of a teaching hospital and another on the nursing notes and intervening factors in the hospitalgloss.
On concerns about health care based in the diversity, there are articles about the blind, diabetic children and the elderly.All reflect the importance of pursuing different strategies to meet that take into account the specificities of each of these socialgroups.
Finally, in relation to nursing management highlights the importance of the ethical dimension, based on a qualitativeresearch on the development of ethical awareness in the professional training of nurses.
Fidelity to the ideal and the contribution of the Journal Enfermagem educational institution and society, wecommend your editorial board and the academic community of the Undergraduate Nursing for ten years of work dedicated to theprofession and the construction of knowledge in the area. These ten years of dedication to training professionals who could,somehow, to work on improving the health of their peers.
Dulce Maria da Silva Vendruscolo
En 2010 el curso de Enfermera de las Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), recordado con cario como FEC (Facultadde Enfermera de Catanduva), incluye diez aos de existencia.
La revista Enfermagem participa en esta celebracin, ofreciendo al curso de Enfermera y varios cursosespecializados en el rea un regalo de un valor inestimable: una revista que trae la posibilidad de actualizar y revisar las cuestionesque surjan en la prctica profesional, la enseanza y el investigacin, tanto en la enfermera y en salud, en general.
En 2007, con la integracin de las facultades de la Fundao Padre Albino y bajo una nueva estructura de gestin yadministracin acadmica, se establecieron centros de investigacin, de extensin y de publicacin. En este contexto, el curso deEnfermera comenz su revista semestral, el Enfermagem. En su carrera como un canal de comunicacin y difusin delconocimiento cientfico en el rea, hasta la fecha, public cinco volmenes, que contienen 40 artculos originales, 18 artculos derevisin, cinco artculos de actualizacin y uno de espacio acadmico. En estos cuatro aos, la revista ha consolidado la investigacininstitucional y de iniciacin cientfica de la enfermera, abriendo tambin un espacio para la difusin del trabajo de investigacin deprofesores y enfermeras de otras partes del estado, en Brasil y otros pases.
Dando continuidad a este trabajo, en esta edicin se abordan tres temas inherentes a la prctica profesional de enfermera:las diferentes herramientas para el control de calidad y evaluacin de sus actividades profesionales, cuidados de enfermera dirigidosa la diversidad y la interdisciplinariedad, basados en varias estrategias de accin, dirigidas a los nios y los ancianos, y la dimensintica en la gestin de enfermera.
Reflexiones sobre el campo de control de calidad y evaluacin de la prctica profesional de enfermeras hay un artculo derevisin integradora sobre el trabajo de estas professionales en las unidades de atencin de emergencias, centrndose en la mejorade la asistencia a los usuarios. Hay tambin un estudio sobre indicadores de calidad del material y una central de esterilizacin de unhospital universitario y otro en las notas de enfermera y los factores que intervienen en las glosas del hospital.
Con respecto a las preocupaciones sobre el cuidado de la salud basada en la diversidad, hay artculos sobre los niosciegos, diabticos y ancianos. Todos muestran la importancia de la bsqueda de diferentes estrategias de atencin que tengan encuenta las especificidades de cada uno de estos grupos sociales.
Por ltimo, en relacin con la gestin de enfermera destaca la importancia de la dimensin tica, basada en una investigacincualitativa sobre el desarrollo de la conciencia tica en la formacin profesional de las enfermeras.
La fidelidad a los ideales y la contribucin de la Revista Enfermagem a la institucin educativa y la sociedad,saludamos a su consejo editorial y la comunidad acadmica del curso de Enfermera de sus diez aos de trabajo dedicado a laprofesin y la construccin del conocimiento en el rea. Estos diez aos de dedicacin a la formacin de profesionales que podran,de alguna manera, trabajar en la mejora de la salud de sus compaeros.
5Editorial 2011 janeiro-junho; 5(1):4-5
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DIMENSO TICA DO GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM
THE ETHICAL DIMENSION OF NURSING MANAGEMENT
DIMENSIN TICA DE LA GESTIN EN ENFERMERA
Silveria Rosa Lara*, Heloisa Wey Berti**
ResumoNo gerenciamento de unidades de internao o enfermeiro se depara com a necessidade de tomada de decises que envolvem osagentes dos ambientes interno e externo da instituio. Essas medidas carregam consigo um poder influenciador, independendo doseu grau de benefcio. Logo, as questes ticas constituem dimenso importante na administrao de enfermagem. O objetivo destetrabalho foi identificar medidas e/ou intervenes adotadas por enfermeiros gerentes de unidades de internao de um hospitaluniversitrio, visando observncia da tica profissional. O estudo envolveu 20 enfermeiros que ocupavam cargos de supervisotcnica nas sees ligadas Diviso de Enfermagem. Estudo exploratrio realizado por meio de entrevistas gravadas, com abordagemqualitativa, tendo como referencial o Discurso do Sujeito Coletivo. Evidenciou-se como maior preocupao dos enfermeiros, emrelao prestao da assistncia de enfermagem, o dficit de recursos humanos. Os gestores buscam o desenvolvimento dosrecursos humanos em enfermagem por meio de atividades educativas na prpria unidade, ao mesmo tempo em que adotam as queso oferecidas pela instituio hospitalar. Quando da ocorrncia de infraes ticas, recorrem a estratgias individualizadas deorientao ao infrator, at as intervenes jurdicas. A resoluo dos conflitos ticos, pelos gestores de enfermagem, geralmenteocorre de forma gradual, segundo o nvel de comprometimento, seja do cliente ou da equipe multiprofissional. As atividadeseducativas tm foco no desenvolvimento de habilidades tcnicas, visando prevenir danos fsicos pessoa. Porm, no estudo noforam mencionadas atividades educativas direcionadas ao desenvolvimento da conscincia tica dos profissionais. O enfermeirodeve desempenhar atividades gerenciais com respeito dignidade humana, salvaguardando os direitos pessoais por meio deprincpios ticos e preceitos universais.
Palavras-chave: tica. Enfermagem. Administrao.
AbstractIn managing an Inpatient unit, nurses face the need to make decisions involving agents in the institutions internal and externalenvironments. All these measures are influential, regardless of how beneficial they may be. Hence, ethical issues constitute animportant dimension of nursing management. This study aimed at identifying measures and/or interventions adopted by managingnurses at Inpatient Units in a University Hospital with the purpose to analyze professional ethics. The study involved nurses holdingtechnical-supervision positions in sectors related to the Nursing Division, comprising a total number of 20. Exploratory study carriedby means of taped interviews with a qualitative approach based on the Collective Subject Discourse. Human resources deficit wasobserved as nurses major concern in relation to nursing care provision. The managers seek the nursing staffs development by meansof educational activities in their own unit at the same time that they adopt those offered by the hospital. When ethical violationsoccur, they resort to measures ranging from individual strategies for violators orientation to legal intervention. The resolution ofethical conflicts by nursing managers, usually occurs gradually, according to the level of commitment, either the client or themultidisciplinary team. The educational activities are focused on developing technical skills in order to prevent injury to the person.However, the study was not mentioned educational activities aimed at the development of ethical awareness of professionals. Thenurse must perform management activities with respect to human dignity, personal rights safeguarded by universal ethical principlesand precepts.
Keywords: Ethics. Nursing. Management.
ResumenEn la gestin de las unidades de hospitalizacin de la enfermera se enfrenta a la necesidad de tomar decisiones que involucran a losagentes de los entornos internos y externos de la institucin. Estas medidas llevan consigo una poderosa influencia,independientemente de su nivel de beneficio. Por lo tanto, la dimensin tica es importante en la administracin de enfermera. Elobjetivo de este estudio fue identificar las medidas y / o intervenciones adoptadas por las enfermeras gestoras de las unidades dehospitalizacin de un hospital universitario con el fin de mantener la tica profesional. En el estudio participaron 20 enfermeras queocupaban puestos de supervisin en las secciones tcnicas relacionadas con la Divisin de Enfermera. Estudio exploratorio llevadoa cabo por meio de entrevistas grabadas con un enfoque cualitativo basado en el Discurso del Sujeto Colectivo. Se hizo evidente quela mayor preocupacin de las enfermeras en relacin con la prestacin de cuidados de enfermera, la escasez de recursos humanos.Los gestores tratan de desarrollar los recursos humanos en enfermera a travs de actividades educativas en la propia unidad,mientras que la adopcin de los ofrecidos por el hospital. Ante la ocurrencia de infracciones ticas, recurren a la orientacinindividualizada a los delincuentes, a las intervenciones judiciales. La resolucin de conflictos ticos por los gerentes de enfermerageneralmente sucede de forma gradual, considerando el nivel de comprometimiento, sea del paciente sea del equipo multiprofesional.Las actividades educativas son enfocadas en el desarrollo de habilidades tcnicas que procuran prevenir daos fsicos al paciente. Sinembargo, no se han mencionado actividades educativas dirigidas al desarrollo de la conciencia tica de los profesionales.
Palabras clave: tica. Enfermera. Administracin.
* Aluna do quarto ano do Curso de Graduao em Enfermagem. Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP.** Professora Assistente. Doutora do Departamento de Enfermagem. Faculdade de Medicina de Botucatu. UNESP. Contato: weybe@uol.com.br
7Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem 2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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INTRODUO
Gerenciamento em enfermagem significa a
organizao e manejo da unidade pelo enfermeiro de
forma a adequar os recursos materiais e humanos
disponveis, a fim de promover o bem-estar e a
ausncia de riscos para o cliente. O gerenciamento
est interligado a toda poltica institucional na qual a
unidade se insere1.
No gerenciamento de unidades de internao o
enfermeiro se depara com a necessidade da tomada de
decises que envolvem os agentes dos ambientes interno
e externo da instituio, carregando todas essas medidas
um poder influenciador, independente do seu grau de
benefcio. Logo, as questes ticas so uma dimenso
importante da administrao de enfermagem2.
A tica pode ser definida como uma reflexo
crtica sobre o comportamento humano, no sentido de
interpretar, discutir e problematizar os valores, os
princpios e as regras morais, procura do bom para a
vida em sociedade2.
Existem inmeros dilemas ticos ligados ao
gerenciamento de enfermagem que, usualmente,
assumem o paradoxo entre aquilo que pode ser realizado
e aquilo que necessita ser cumprido. Divergem as opinies
sobre o assunto, porm, a prtica da enfermagem
depende da disponibilidade dos recursos para que se
possam acessar as escolhas. Entretanto, muitas vezes,
h barreiras, e a deliberao diante do que necessita ser
cumprido, do que relevante e que proporciona menor
risco para o cliente, fica condicionada a processos pr-
existentes, oriundos das condies de trabalho2.
Infraes ticas na enfermagem podem ser
decorrentes de comportamentos ou atitudes
inadequadas de profissionais de enfermagem durante sua
atividade de trabalho, cometidos em relao ao colega
de equipe, ao cliente ou instituio em que trabalha.
Tais ocorrncias podem ser consequentes da falta de:
ateno, conhecimentos tcnicos, habilidades, dentre
outros fatores; ou decorrentes de imprudncia, impercia
ou negligncia3.
O enfermeiro, ao gerenciar as aes assistenciais,
deve ser criativo, tomando sempre decises coerentes,
adequando os recursos humanos e materiais de que est
munido, assegurando compromisso com as necessidades
especficas de cada pessoa cuidada, visando iseno
de riscos3.
Portanto, de acordo com as normatizaes tico-
legais relativas ao exerccio da enfermagem, dever do
enfermeiro avaliar cuidadosamente se h riscos aos quais
os clientes possam ser expostos, devendo inform-los
com finalidade preventiva, por meio de aes educativas
que envolvam as polticas das instituies de sade e o
compromisso de todos com as medidas de preveno
dessas infraes4.
O debate sobre a tica no deve ser
intermitente, principalmente entre os profissionais de
sade, porque com o avano cientfico e tecnolgico,
frequentemente, os profissionais so surpreendidos com
o novo a exigir soluo5.
Assim, evidencia-se que as questes ticas esto
a todo o momento presentes no gerenciamento de
enfermagem. Mediante o conhecimento da situao, do
uso das ferramentas ticas e legais e do discernimento
dos valores, cultura e convices envolvidos nas diferentes
situaes, as tomadas de decises precisam ser
respaldadas pela reflexo tica e fortalecer o compromisso
profissional.
No exerccio da sua funo administrativa o
enfermeiro deve liderar a equipe com o compromisso de
sempre buscar seu aprimoramento tcnico-cientfico e
tico. No entanto, a observncia de comportamento
tico na prtica assistencial, muitas vezes, infringida,
acarretando prejuzos para o cliente e a equipe. A
responsabilidade do enfermeiro em garantir uma
assistncia de enfermagem livre de danos decorrentes
de impercia, imprudncia e negligncia, pautada pela
tica profissional, parece no ser tarefa fcil de ser
realizada. Deste modo, surge a indagao sobre o que
tem sido efetivamente feito na prtica assistencial pelos
enfermeiros gerentes, para o alcance dessa dimenso
sob sua responsabilidade.
Com essas consideraes o presente estudo foi
conduzido a partir do seguinte problema de pesquisa:
como os enfermeiros gerentes de unidades de internao
atuam no sentido da observncia da tica profissional
junto equipe de trabalho?
Esta investigao foi realizada em um hospital
universitrio do estado de So Paulo, com a finalidade
8 Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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de contribuir com o desenvolvimento da conscincia tica
pelos gerentes de enfermagem.
OBJETIVOS
O objetivo geral deste estudo foi identificar
medidas e/ou intervenes adotadas por enfermeiros
gerentes de unidades de internao de um hospital
universitrio do interior paulista, visando ao cumprimento
da tica profissional. Foram objetivos especficos: verificar
quais as preocupaes dos gerentes com relao
prestao da assistncia de enfermagem, as
preocupaes/intervenes dos gerentes com relao
sua equipe de trabalho e identificar medidas/intervenes
adotadas visando observncia da tica profissional de
enfermagem nas unidades de internao sob a
responsabilidade destes profissionais.
MATERIAL E MTODO
O estudo foi desenvolvido em um hospital
universitrio do estado de So Paulo. Envolveu 20
enfermeiros que ocupavam cargos de superviso tcnica
nas sees ligadas Diviso de Enfermagem.
Trata-se de um estudo exploratrio,
desenvolvido por meio de entrevistas gravadas, com
abordagem qualitativa, tendo como referencial
metodolgico o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)6. Este
mtodo de organizao de discursos coletados em
entrevistas possibilita melhor visualizao da representao
de atores sociais, cujos quesitos bsicos envolveram os
enfermeiros supervisores tcnicos de seo de uma
mesma instituio hospitalar.
Quanto ao DSC: composto por aquilo que um dado sujeito individualfalou e tambm por aquilo que poderia ter falado e queseu companheiro de coletividade atualizou por ele. [...]O pensar das pessoas sobre o tema X no o equivalenteao contedo que eventualmente verbalizam nasentrevistas, mas alm e mais do que isso aquilo quepodem pensar, ou seja, o que est no horizonte depensamento de uma dada cultura. Isto significa, porexemplo, que o pensamento de um dado indivduo podeincluir tambm aquilo que outros indivduos socialmenteequivalentes verbalizaram por ele6.
Com o material coletado, para cada questo
analisada, foram destacadas as ideias centrais - frmulas
sintticas que descrevem o(s) sentido(s) presentes nos
depoimentos - e expresses-chave - trechos
selecionados do material que melhor descrevem seu
contedo6.
O DSC foi elaborado reunindo-se as expresses-
chave presentes nos depoimentos, cujas ideias centrais
apresentaram sentido semelhante ou complementar6.
Para a anlise dos discursos foram utilizados referenciais
tericos da tica profissional e da administrao em
enfermagem.
O estudo foi submetido ao Comit de tica em
Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP,
tendo sua aprovao sob protocolo CEP 3165-2009. Os
enfermeiros supervisores tcnicos de seo que aceitaram
participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS
Sero apresentadas a seguir as questes
formuladas aos enfermeiros participantes do estudo, as
ideias centrais encontradas nos discursos em resposta a
cada uma das questes e o DSC, formado a partir das
expresses-chave contidas em cada ideia central. Os
sujeitos foram representados por nmeros e cada uma
das quatro questes possibilitou identificar vrias
expresses-chave, apresentadas como subitens.
Questo 1. No gerenciamento da unidade de
internao onde voc trabalha, qual tem sido sua maior
preocupao em relao prestao de assistncia de
enfermagem e por qu?
A) A educao continuada (E1, E4, E18).
Eu acho que a questo do treinamento do pessoal, educao
continuada, para no ter erro de medicao, para essas coisas
tcnicas que a gente est precisando de educao continuada. Outra
preocupao tambm que a maioria dos funcionrios que trabalham
aqui de auxiliares de enfermagem e no querem fazer nenhum
tipo de reciclagem, s vezes, isso atrapalha um pouquinho a qualidade
da assistncia.
B) Preocupao com o dficit de recursos
humanos (E2, E3, E4, E13, E14).
A p r eo cupa o o d f i c i t d e r e cu r s o s humano s no
d imens ionamento . Ho je ns temos pac ien tes de cu idados
intermedirios, semi-intensivos e intensivos, ento a gente gasta
muito tempo de enfermagem, horas de enfermagem cuidando
desses pacientes que tm dor crnica intensa, so dependentes,
so amputados, ento hoje a maior preocupao o subquadro de
recursos humanos.
9Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem 2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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C) A humanizao (E5).
Eu acho que o bsico comea pela humanizao. Em voc receber o
paciente, identificar, passar as informaes para identificao da enfermaria,
como a mesma funciona, qual a sua rotina, fazer a apresentao dos
funcionrios.
D) Cuidados de enfermagem e qualidade
assistencial (E6, E8, E10, E11, E12, E15, E16, E17,
E18, E20).
com o cuidado de enfermagem mesmo, como por exemplo, a passagem
de sonda. Eu percebi que a maioria dos funcionrios no tem habilidades,
possuem dificuldades em desempenhar as tcnicas. Acabam querendo
que o enfermeiro passe as sondas nasogstricas e vesical. Acho que
capacitando e treinando a equipe de enfermagem possvel prestar uma
melhor assistncia. Porque uma coisa identificar a necessidade dos
cuidados e outra se realmente, eles esto recebendo da forma como
devem ser esses cuidados. Ento, a preocupao aqui, o enfoque a
qualidade da assistncia.
E) Realizao da Sistematizao da Assistncia
de Enfermagem (SAE) em todos os plantes (E7, E19).
Eu acho que conseguir em todos os plantes que se faa bem feita a
SAE. A gente tem tido algumas dificuldades com relao ao preenchimento
do histrico, ou at mesmo das evolues. Isso devido dificuldade,
ao despreparo.
F) Rotatividade grande de enfermeiros (E7).
A gente tem um rodzio grande de enfermeiras. Acabam no ficando
muito tempo aqui com a gente. Quando esto conseguindo se desenvolver,
a saem, mas enfim, procuro sempre conversar, fazer algumas leituras
sobre o assunto e discutir entre a gente.
G) Prestao de assistncia de enfermagem por
quatro diferentes categorias de pessoal (E9).
H aqui neste setor atendentes de enfermagem autorizados pelo
Conselho Regional de Enfermagem (COREN) a trabalharem como
aux i l i a r de en fe rmagem. E les tm o curso de aux i l i a r de
enfermagem, mas isso gera conflito, porque temos os tcnicos e
enfermeiros. Ento so quatro classes de enfermagem, quando no
COREN so s trs. E isso est sendo um problema, gera conflito
e problema de escala.
H) Os familiares da pessoa hospitalizada (E18).
Aqui a gente tem uma preocupao enorme, no s com o paciente, mas
tambm com a famlia.
Questo 2. Diga quais so suas preocupaes
em relao ao desenvolvimento da sua equipe de
trabalho.
A) No ser um chefe muito autoritrio (E1, E8).
Eu procuro no ser aquele chefe autoritrio, deixar o ambiente mais
tranquilo para eles. Uso da compreenso, complacncia, tica e informao
para isso.
B) Realizar a escala mensal conforme a
necessidade de cada servidor (E1, E7, E14, E16, E17,
E18).
Tento sempre atender aos pedidos de folga, fazer uma escala que
atenda necessidade de cada um. Procuro fazer um trabalho de
equipe humanizado. Tento facilitar a troca de escala quando algum
tem essa necessidade, justamente para isso, para que eles trabalhem
pelo menos mais contentes, e tambm para amenizar as prprias
dificuldades de trabalho. Evitamos deixar servidores trabalhando
mais do que quatro dias seguidos, assim como a quantidade de
dobras de plantes, apesar da carga horria ser de 40 horas semanais
e a jornada de trabalho de seis horas/dia. Porm, em alguns dias
necessrio cobrir escala, por dficit de servidores e mesmo para
completar as 40 horas semanais, havendo a necessidade de dobrar
o planto.
C) Capacitao para o cuidado de enfermagem
(E2, E4, E5, E9, E11, E19).
A minha preocupao com eles realmente em capacitar, porque a
gente faz muitos curativos, ento tenho o cuidado de sempre me atualizar
em relao s coberturas. Acho que a capacitao e a educao continuada
so importantes para manter a equipe sempre atualizada em relao s
tcnicas e ao cuidado. A gente orienta quanto s precaues que se tem
que tomar, e as medidas para sempre estar atualizado. Eu busco trazer
at eles o porqu daquele cuidado, a necessidade de estar fazendo isso
ou aquilo e porque necessrio fazer. Acho importante trazer o
conhecimento, para que vejam a importncia do cuidado que prestado.
D) Estimular sempre os servidores (E3, E20).
Eu procuro estimular e elogiar os servidores. Aqui os cuidados so integrais,
ento as pessoas ficam responsveis pelo cliente como um todo. O cuidado
que tenho com a minha equipe tentar sempre motiv-los.
E) Oferecer apoio psicolgico para os servidores (E6).
Aqui tem a psicloga que os acompanha. Isso foi um pedido dos
prprios servidores h bastante tempo, mas houve pouca adeso, o
pessoal do noturno foi o que mais pediu esse acompanhamento, mas
eles no participam. Embora exista o acompanhamento com a psicloga,
uma minoria acaba aderindo.
F) Proteo e uso de Equipamentos de Proteo
Individual (EPIs) (E7, E10).
Acidente de trabalho uma questo que eu me preocupo bastante, friso
bastante a questo da proteo, do uso de EPI.
10 Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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G) Desenvolvimento individual do profissional
(E12, E13, E18).
Considerar questes de desenvolvimento, cada um tem um nvel de
aprendizado, nem todos conseguem desenvolver as atividades da mesma
forma, ento deve ex ist i r uma preocupao em re lao ao
desenvolvimento de cada profissional dentro da unidade. Respeitando
questes de treinamento, de tempo de servio, de aptido para o
trabalho. Devido ao dficit de pessoal h um estresse, a equipe acaba
se desestruturando, havendo muitos em licena-mdica. Fazemos pedido
de mais funcionrios, mas nem sempre temos esse retorno, mesmo
porque um problema institucional.
H) Necessidade de bom relacionamento
interpessoal (E15, E17).
Em relao equipe o cuidado que eu tenho para que eles tenham
um bom relacionamento entre si, eles costumam fazer trocas de folgas,
eu autorizo, contanto que no fique desfalcada a enfermaria. Procuro
fazer com que haja uma integrao maior entre a enfermagem e a
equipe mdica e a a gente faz algumas confraternizaes durante o
ano, todo ms a gente tem a questo dos aniversariantes, ento
comemoram-se os aniversrios.
Questo 3. Quais so as medidas e/ou
intervenes por voc adotadas visando melhorar a
capacitao da equipe de enfermagem?
A) Programa de educao continuada na prpria
enfermaria (E1, E3, E5, E8, E12, E13, E14, E15, E16,
E17, E18, E19, E20).
Estamos oferecendo um programa onde os prprios servidores
estudam e ministram as aulas. Temos um planejamento anual onde
todo ms os servidores so convidados a participarem de palestras
que visam, desde a humanizao e o trabalho em equipe, at o
esclarecimento de alguns procedimentos bsicos enfermaria. H
tambm a capacitao da equipe para lidar com novos materiais
mdicos que chegam, no s materiais mdicos hospitalares, mas
aqueles que eventualmente a gente percebe que no esto tendo um
uso efetivo, at por uma deficincia de conhecimento em como utiliz-
los melhor.
B) Adoo de treinamentos pela instituio (E1,
E3, E4, E6, E7, E11, E16, E17).
Ento, a gente tem os treinamentos que a instituio oferece,
estimulando-os a participarem dos cursos oferecidos pela equipe de
educao continuada no hospital. H cursos quase todos os dias e a os
estimulo a irem, quando possvel.
C) Implantao e realizao da SAE (E2, E10).
[...] eu fao a Sistematizao [...]. No falo da Sistematizao inteira
porque eu no consigo fazer a etapa do diagnstico como ela deve ser
feita, porque a gente no tem um impresso que facilite e eu sou sozinha
[...],. ento eu fao o gerenciamento geral da unidade e do cuidado
tambm [...].. .a gente acompanha e avalia junto com a equipe mdica os
curativos.
D) Transformar dados em informao (E9).
Mas mais isso, eu trabalho muito com dados, eu procuro transformar
dados em informao, porque nmero, se no fizer nada com ele, no
adianta, tudo o que eu vou fazer eu coloco nos dados, taxa de ocupao,
taxa de infeco hospitalar, mdia de permanncia, eu gosto muito de
trabalhar com dados, porque nesse hospital, se voc no fornece dados,
ningum te ouve.
Questo 4. Quanto observncia da tica
profissional por parte da sua equipe de trabalho, quais
medidas e/ou intervenes voc j tomou durante este
tempo em que voc exerce a gerncia da unidade de
internao?
A) Dilogo e orientao (E1, E2, E7, E9, E10,
E11, E12, E16).
Eu j tive alguns problemas de relacionamento interpessoal, conflitos
com as funcionrias e entre os profissionais e pacientes. Quando h o
conflito entre os profissionais eu chamo, converso e oriento. normal
ficarem discutindo por causa de feriado, escala, porm minha inteno
fazer com que eles se organizem. Acho que o enfermeiro intervm
orientando. O nosso ambiente de trabalho de uma maneira geral est
carente de tica, necessitando uma reavaliao geral, da postura profissional
dos que diariamente atuam na rea.
B) Boletim de Eventos Adversos (E1, E3, E5,
E12, E14, E16).
Fiz a notificao de eventos adversos e da, mandei para a Diviso de
Enfermagem e eles chamaram para conversar, a depende da gravidade.
Ns tivemos problema de falta de tica entre os servidores, foi uma
pessoa que abandonou o planto, ele prejudicou alguns colegas de trabalho
e alguns clientes que estavam sob os cuidados dele. Foi ento aberta uma
sindicncia, e ele est respondendo ao processo.
C) Dificuldade para identificar problemas
relacionados tica (E4, E17, E 20).
Aqui eu no tive problema em relao tica profissional. s vezes no
problema tico, mas sim de postura profissional. Falta de tica eu nunca
presenciei.
D) Importncia da manuteno do respeito e
do sigilo (E6, E18).
11Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem 2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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Eu acho que tem que cobrar da equipe o respeito. Outro aspecto a
questo do sigilo em relao situao da famlia e do prprio paciente.
E) Busca por fatores relacionados, promoo de
aes educativas e treinamentos (E12, E13).
Ento, eu tenho que primeiro buscar qual, ou quais foram os fatores que
levaram quele erro, porque a gente parte do principio que intencionalmente
ningum erra. Ento, se houve um erro, se houve uma falha, prefiro
buscar o que causou, e qual o fator que est relacionado com esse erro.
E se for alguma coisa que est relacionada a um fator do processo de
trabalho, de sobrecarga ou diviso do trabalho, procuro rever os processos
e fazer algum tipo de ao educativa para que outros no cometam o
mesmo erro, sem expor a pessoa que cometeu a falha.
F) Comportamento dos profissionais em relao
aos clientes e a equipe mdica (E15).
Olha, em relao tica muito complicado, mas em relao a algumas
medidas que eu tomei, foi observar o comportamento deles em relao ao
cliente e perante os mdicos. Eles tm que ter uma postura profissional
adequada.
G) Interveno do Conselho Tutelar, do
promotor ou juiz (E18).
As questes ticas aqui, elas tm uma implicao bastante grande, a
gente trabalha muito, estreitamente com o conselho tutelar. Os problemas
familiares so enormes e as intervenes em termos que envolvem o
trabalho do promotor e do juiz, so muito frequentes.
DISCUSSO
Os recentes estudos na rea de gerenciamento
em enfermagem permitem que o enfermeiro, por meio
do conhecimento, transforme sua prtica, aprimore a
capacitao dos membros de sua equipe, melhore a
organizao do servio onde atua e garanta uma
assistncia de qualidade para o cliente7.
imprescindvel que o gerente de enfermagem
utilize sua formao profissional e os valores e princpios
adquiridos com o exerccio da profisso para que possa
proporcionar ao cliente uma assistncia de enfermagem
individualizada e integral8,9.
Em relao prestao da assistncia de
enfermagem, os gestores nas unidades estudadas tm
se preocupado em oferecer uma assistncia de
enfermagem qualif icada e mais humanizada,
proporcionando aos membros da equipe: capacitao,
suprimento do dficit de recursos humanos, planejamento
da SAE, garantindo que o indivduo esteja livre de
quaisquer riscos, assim como contemplar a famlia no
cuidado, garantir assistncia, apesar do grande rodzio
de enfermeiras e do atendimento ao cliente por trs
diferentes categorias profissionais.
Foi verificada tambm, a preocupao constante
com a qualidade assistencial. Qualidade de servio de
sade significa possuir um conjunto de propriedades com
o objetivo de produzir servios adequados sua misso
de atender as necessidades da sua clientela10.
Sugere-se como forma de organizar o cuidado,
a partir das necessidades individuais do cliente e garantir
ao mesmo tempo qualidade, instituir a SAE, pois esta
assegura que o profissional sistematize a assistncia e
use seus conhecimentos terico-prticos na implantao
do cuidado de enfermagem.
O no emprego da SAE e a falta de tempo foram
argumentos utilizados pelos enfermeiros que no
realizavam esse mtodo de trabalho nas unidades.
Entretanto, importante que o gerente busque
capacitar-se e envolva a equipe nesse processo11.
O dficit de recursos humanos nas unidades
para a assistncia de enfermagem, fato presente em
muitas unidades assistenciais no Brasil, caracterizou uma
das preocupaes dos enfermeiros gerenciais nos
serv ios de sade. Tais df ic i ts , a lm de
comprometerem a qualidade do cuidado, desencadeiam
problemas ticos, legais e de sade aos trabalhadores
da enfermagem12.
Evidenciou-se neste estudo que o enfermeiro
busca dimensionar, diante dos escassos recursos humanos
do setor, e obter diferentes formas para suprir as
necessidades especficas, tanto qualitativas quanto
quantitativas, segundo as necessidades dos clientes e
da unidade12.
Alm do dficit de pessoal, problemas
relacionados s diferentes categorias de pessoal de
enfermagem na instituio, podem trazer srias
implicaes para o gerenciamento e a assistncia de
enfermagem.
A distribuio inadequada das diferentes
categorias de profissionais na rea da sade nas
instituies pode implicar e comprometer os servios e a
sua qualidade, acarretando gastos maiores e a
probabilidade de riscos ou danos ao cliente e a equipe12.
12 Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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A articulao tica e o conhecimento tcnico-
cientfico no cuidado so importantes armas no cuidado
assistencial, visando beneficiar o cliente e a famlia13. Foi
possvel observar na instituio onde este estudo se
desenvolveu que o contato com a famlia, devido poltica
adotada na instituio, permite o acompanhamento
somente a indivduos menores de 18 anos e maiores de
65, comprometendo o trabalho assistencial e a satisfao
do cliente/famlia, pois muitas vezes o mdico ou o
enfermeiro no contam com o familiar na unidade para o
esclarecimento de dvidas e/ou incertezas, diante de
problemas ticos.
Com relao ao desenvolvimento da equipe de
trabalho, os gestores das unidades desenvolveram como
principais requisitos: evitar uma chefia autoritria; elaborar
escalas de trabalho, atendendo as necessidades dos
servidores; buscar capacit-los para o cuidado,
estimulando-os e oferecendo-lhes apoio psicolgico;
motiv-los para o uso de EPIs; promover seu
desenvolvimento individual e manter um bom
relacionamento da equipe multiprofissional, objetivando
o desenvolvimento e o aprimoramento gradativo.
importante que o gerente, ao realizar a
organizao das escalas mensais de trabalho, conte com
a participao da equipe, no sentido de fornecer-lhe
oportunidade de, juntos, adequarem os finais de semana
e feriados para que todos sejam favorecidos. A equipe
de enfermagem trabalha suprindo todos os turnos e dias
da semana. Assim, preciso que sejam feitas escalas
com rodzio, buscando contemplar os direitos dos
profissionais (folgas e frias), bem como garantir um
nmero adequado de profissionais para a assistncia ao
cliente.
Os trabalhadores de enfermagem se deparam
com situaes de manuseio de materiais que podem lhes
causar traumas, como agulhas e lminas de bisturi, alm
de materiais biolgicos, durante a realizao de diversos
procedimentos. Isto traz preocupao para os gerentes,
conforme evidenciado nos discursos dos sujeitos do
estudo.
Fazer parte do cenrio profissional de
enfermagem possibilita vivenciar, frequentemente,
situaes difceis que envolvem o sofrimento e a morte,
exigindo que o profissional esteja presente nesse
momento para acolher a pessoa/famlia que sofre. Porm,
necessita cuidar de si mesmo, para que, ao longo do
trabalho, no adoea14. A iniciativa de oferecer apoio
psicolgico equipe de enfermagem importante. Nas
unidades estudadas evidenciou-se o relato de dificuldades
para a adeso aos programas de atendimento psicolgico.
Portanto, importante repensar novas estratgias que
proporcionem um melhor resultado.
A equipe de trabalho na enfermagem precisa
continuamente ser estimulada e motivada. Motivar significa
colocar algo em movimento15, iniciando-se a partir do
momento em que o trabalho do outro reconhecido
como parte integrante de um todo. imprescindvel que
o gerente integre a equipe no cuidado e reconhea as
potencialidades de cada um dos seus membros.
Estratgias motivadoras devem ser desenvolvidas com
mais frequncia, pois consistem numa maneira de se
promover a sade do trabalhador.
Dividir a tarefa educativa com toda a equipe
mostrou-se uma estratgia interessante, ao considerar a
participao e a responsabilidade de todos, tanto no
preparo quanto na exposio da aula a seus pares,
buscando reter conhecimentos pessoais e repass-los para
os colegas. Uma rica forma de aprender a aprender.
A inst ituio onde se real izou o estudo
oferece treinamentos desenvolvidos por uma seo
especfica denominada Educao Continuada que,
periodicamente, prope algum programa educativo
com foco em temas que emergem de necessidades
cotidianas, identif icadas pelos profissionais nas
diversas unidades do hospital. Entretanto, os relatos
mostram que nem sempre os profissionais podem
frequentar os cursos oferecidos pela instituio, pois
via de regra ocorrem durante o horrio de trabalho
e, devido ao dficit de recursos humanos existente,
torna-se invivel ao gerente de enfermagem liberar
todos, ou at mesmo alguns, para comparecerem
s aulas desses cursos.
importante que a instituio continue a
oferecer treinamentos para os profissionais, entretanto
faz-se necessrio que sejam pensadas outras maneiras
de aumentar o contingente de recursos humanos na
enfermagem para contemplar tambm as atividades
educativas.
13Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem 2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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A SAE uma ferramenta de trabalho que o
gerente deve utilizar para organizar com mais qualidade
o cuidado. Est previsto em resoluo do Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN) que a realizao da
SAE um dever do enfermeiro. Portanto, necessria a
sua implantao e a organizao do tempo para que os
subordinados recebam informaes e esclarecimentos
sobre a sua importncia, contribuindo para a sua realizao
e aplicao na prtica clnica, uma conquista profissional
significativa que fundamenta a assistncia em
conhecimento cientfico.
Da mesma forma, todo processo decisrio
gerencial deve ser fundamentado em princpios ticos e
preceitos universais, capazes de preservarem sempre a
dignidade humana. O gerenciamento de enfermagem
, geralmente, permeado por inmeras variveis pessoais,
profissionais, institucionais, econmicas, legais, polticas
e ticas, que influenciam a prtica e a qualidade
assistencial de enfermagem.
O trabalho do gerente na enfermagem,
cotidianamente, deve ser acompanhado de reflexo tica,
pois emergem com frequncia, na prtica profissional,
diversas situaes conflitantes que podem comprometer
os elementos da equipe e a qualidade da assistncia.
Os gestores demonstraram utilizar diversas
estratgias diante das ocorrncias de infraes ticas,
entre elas o esclarecimento e a orientao. Esta
maneira de agir permite que o profissional reconhea
o erro por ocasio da ocorrncia e procure refletir sobre
ele, sem que haja uma punio precipitada. Outra
estratgia utilizada pela equipe para o controle de falhas
na assistncia o uso do Boletim de Eventos Adversos.
Este instrumento de comunicao leva informaes
sobre a ocorrncia at os escales superiores da
organizao, como a Diviso de Enfermagem do
Hospital, para exame acurado e tratamento adequado
diante do problema16.
Devem-se considerar, neste contexto, os
componentes ticos do cuidado, princpios ticos e valores
morais, os hbitos, as virtudes, atitudes e as
caractersticas e qualidades que definem os
comportamentos do cuidador17.
O sigilo deve existir nas relaes interpessoais,
interprofissionais e, especialmente, na relao profissional/
cliente e ser exigido como um dever do profissional,
entendendo que a pessoa tem o direito de manter as
informaes pertinentes a si em segredo. Logo, a
confidencialidade ocorre quando se preserva o que
aconteceu ou est acontecendo e deve ser quebrada
somente se a pessoa permitir, ou se for para benefcio
dele.
Contudo, essa questo ainda alvo de
discusses, pois os profissionais costumam registrar nos
pronturios o que foi dito somente a eles pelo doente.
Sabe-se que o acesso aos pronturios dos clientes amplo
e efetuado por vrias pessoas, acarretando problemas
ticos ligados ao sigilo18.
dever do enfermeiro desempenhar atividades
gerenciais com respeito dignidade humana e
salvaguardar os direitos das pessoas, sendo imprescindvel
que a tomada de decises na funo gerencial seja
pautada por valores ticos como: justia, respeito s
pessoas, honestidade, veracidade, sigilo e beneficncia,
assim como os valores relativos profisso19.
Observar o que est acontecendo no ambiente
de trabalho com os profissionais envolvidos no cuidado
ao cliente, sejam auxiliares, mdicos, fisioterapeutas,
dentre outros, uma estratgia que pode contribuir
para aproxim-los desse objetivo comum. Afinal,
quanto mais trocas e comunicaes ocorrerem, maior
ser o entendimento de todos sobre as competncias
de cada um e sobre as necessidades apresentadas
pelos clientes.
Quando as ocorrncias so complexas e graves,
com nveis de deciso de no governabilidade pelo
enfermeiro, so tratadas por meio de recursos jurdicos,
garantindo ao profissional uma resoluo adequada e legal.
Essa medida foi citada por um enfermeiro, porm
acredita-se que deva ser consenso na atuao dos
enfermeiros.
CONCLUSES
As medidas ou intervenes adotadas pelos
supervisores tcnicos acerca das dimenses ticas
nas un idades onde se desenvo lveu o es tudo
contemplaram desde medidas s imples, como a
cobrana da manuteno do s ig i lo, d i logos e
orientaes, at o uso de interveno jurdica.
14 Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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Destaca-se que alguns dos entrevistados disseram
nunca ter enfrentado problemas em relao tica
profissional.
Os supervisores utilizam tambm o Boletim de
Eventos Adversos para comunicar seus superiores quando
da ocorrncia de infraes ticas. Evidenciou-se a
preocupao dos gestores em prestar assistncia de
qualidade por meio da educao continuada, utilizao
da SAE e medidas mais humanizadas em relao ao
cuidado, e no relacionamento interpessoal com a equipe
de enfermagem e os demais profissionais, embora a maior
preocupao tenha sido com o dficit de recursos
humanos.
Os enfermeiros gerenciais, frente aos problemas,
demonstraram preocupao em adequar as escalas de
trabalho s necessidades pessoais da equipe e capacit-
la para o cuidado integral aos clientes.
Vrias oportunidades so oferecidas aos
profissionais de enfermagem, objetivando o
desenvolvimento de competncias tcnicas e cientficas
para a preveno de danos fsicos ao cliente por impercia,
negligncia e/ou imprudncia. Entretanto, no foram
mencionadas atividades educativas direcionadas ao
desenvolvimento da conscincia tica dos profissionais.
Cursos sobre tica profissional, discusses sobre o Cdigo
de tica dos Profissionais de Enfermagem, anlise de
problemas e/ou dilemas bioticos que, certamente,
ocorrem em situao clnica, parece ainda no merecerem
a ateno especial dos gerenciadores nas unidades de
tratamento.
possvel que muitas das questes bioticas
relacionadas ao cuidado possam estar sendo
negligenciadas em decorrncia da constante
preocupao com o cumprimento de prescries de
cuidado por um nmero deficitrio de profissionais,
gerando a mecanizao do trabalho e a alienao dos
profissionais em relao ao objeto do seu trabalho e, por
conseguinte, concorrendo para a desmotivao, a
insatisfao e o adoecimento.
O estudo permitiu evidenciar alguns aspectos
da dimenso tica do gerenciamento em enfermagem
na instituio estudada. Assim, sugere-se a adoo de
medidas mais eficazes para o desenvolvimento da
competncia tica no exerccio profissional.
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Recebido em: 20/02/2011
Aceite em: 15/04/2011
15Dimenso tica do gerenciamento em enfermagem 2011 janeiro-junho; 5(1):7-15
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1 Parte do Trabalho de Concluso de Curso para obteno do ttulo de Aprimoranda em Enfermagem em Centro Cirrgico.* Enfermeira graduada pelas Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), Catanduva-SP. Enfermeira do Centro Cirrgico do Hospital de Base de So Jos do Rio Preto-SP, Brasil.Contato: renata_bereta@hotmail.com** Doutora em Enfermagem Fundamental pela EERP-USP, Ribeiro Preto-SP. Docente da Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto (FAMERP), So Jos do Rio Preto-SP, Brasil.
USO DE INDICADORES EM CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAO EM UMHOSPITAL DE ENSINO
USE OF INDICATORS IN THE CENTER OF MATERIAL AND STERILIZATION IN ATEACHING HOSPITAL
USO DE INDICADORES EN EL CENTRO DE MATERIALES Y ESTERILIZACIN EN UNHOSPITAL DE ENSEANZA
Renata Prado Bereta*, Marli de Carvalho Jeric**
ResumoA qualidade dos servios em mbito hospitalar deve acompanhar a evoluo da assistncia sade e decorrer da adequada gesto desses servios.Indicadores tm sido muito utilizados no processo de avaliao para mensurar a produtividade e a qualidade do trabalho executado. Esse estudo tevecomo objetivo avaliar o uso de indicadores e verificar sua exequibilidade em um Centro de Material e Esterilizao de um hospital de ensino. Trata-sede estudo descritivo, exploratrio e retrospectivo, com abordagem quantitativa, realizado por meio da anlise de registros efetuados ao longo de umano. A escolha dos indicadores ocorreu mediante o referencial de Donabedian que inclui a avaliao da estrutura, do processo e do resultado dosservios. O indicador de estrutura investigado foi exequvel, resultando em 3,7 horas o ndice de treinamento de profissionais de enfermagem,justificando a necessidade de investimentos especficos na rea. Porm, os indicadores de processo no se mostraram exequveis, pois noatenderam s prticas recomendadas pela literatura cientfica, especificamente quanto frequncia de realizao da manuteno preventiva dasautoclaves, a avaliao da bomba de vcuo por meio do teste de Bowie Dick e do indicador biolgico. A produo das autoclaves alcanou a mdiade 34,2% demonstrando no ser necessria aquisio de novas tecnologias, mas aumentar a demanda. Acerca do indicador de resultado, este seobservou ser exequvel, pois a taxa de acidente de trabalho de 24,5 % apontou a necessidade de melhorias. Conclui-se que ao avaliar as atividadesde um servio por meio de indicadores deve-se ter cautela na anlise dos dados, assim como possuir conhecimento especializado, a fim de nortear umatomada de deciso segura e eficaz. No se recomenda a utilizao de apenas um nico indicador na avaliao de servios de formageneralizada, mas a utilizao dos indicadores de estrutura, processo e resultado para uma anlise situacional mais fidedigna.
Palavras-chave: Indicadores de qualidade em assistncia sade. Administrao de materiais no hospital. Enfermagem.
AbstractHospital service quality should follow health care evolution and proper management of these services. Indicators have long been used in theevaluation process to measure work productivity and quality. This study aimed to evaluate the use of indicators and to assess its feasibility ina Sterilization and Material Center of a teaching Hospital. It is a descriptive, exploratory and retrospective, with quantitative approach studycomparing records made over 1 year. Donabedian standards were used to choose indicators including process structure evaluation andoutcome of services. The structure indicator investigated was feasible, resulting in a 3.7 hours index for nurses training, justifying the needfor specific investments in the area. However, the process indicators were not feasible because it did not meet the recommended scientificliterature practices, specifically regarding autoclaves preventive maintenance frequency, vacuum pump evaluation through the Bowie Dick testand the biological indicator. Autoclave production was 34.2% in average showing that it is not necessary to acquire new technology, butincreasing the demand. Regarding the outcome indicator this was observed to be feasible, because a 24.5% accidents rate at work indicatedthe need for improvements. We can conclude that when evaluating service activities via the indicators we should be cautious in analyzing thedata, as well as having specialized knowledge in order to guide a safe and effective decision making. It is not recommended the use of only oneindicator for services evaluation in a general way, but using structure, process and outcome of indicators for a more reliable situational analysis.
Keywords: Quality indicators, health care. Materials management, hospital. Nursing.
ResumenLa calidad de los servicios del hospital debe seguir la evolucin de la atencin de la salud y el curso apropiado de la gestin de estos servicios. Losindicadores han sido utilizados en el proceso de evaluacin para medir la productividad y la calidad del trabajo realizado. Este estudio tuvo comoobjetivo evaluar el uso de indicadores y de evaluar su viabilidad en un Centro de Material y Esterilizacin de un hospital de enseanza. Se tratade estudio descriptivo, exploratorio, retrospectivo, con abordaje cuantitativo realizado a travs del anlisis de los registros realizados duranteun ao. La seleccin de indicadores se produjo mediante el referencial de Donabedian, que incluye la evaluacin de la estructura, del procesoy del resultado de los servicios. El indicador de estructura investigado fue posible, lo que resulta en 3,7 horas, el ndice de entrenamiento deprofesionales de enfermera, lo que justifica la necesidad de inversiones especficas en el rea. Sin embargo, los indicadores de proceso no semuestran ejecutables, debido a que no cumplan con las prcticas recomendadas de la literatura cientfica, especficamente en relacin a lafrecuencia de mantenimiento preventivo de los autoclaves, la evaluacin de la bomba de vaco a travs de la prueba Bowie Dick y el indicadorbiolgico. La produccin de las autoclaves alcanz un promedio de 34,2 que muestra que no es necesario adquirir nueva tecnologa, pero lacreciente demanda. Acerca de la medida de resultado, esto fue observado para ser viable, porque la tasa de accidentes de trabajo el 24,5%indic la necesidad de mejoras. Llegamos a la conclusin de que en la evaluacin de las actividades de un servicio a travs de los indicadoresdeben ser cautelosos en el anlisis de los datos, as como los conocimientos especializados a fin de orientar la toma de decisiones efectiva ysegura. No se recomienda para uso exclusivo de un solo indicador en la evaluacin de los servicios en todos los mbitos, pero el usode indicadores de estructura, proceso y resultado de un anlisis situacional ms fiable.
Palabras clave: Indicadores de calidad de la atencin de salud. Administracin de materiales de hospital. Enfermera.
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INTRODUO
Centro de Material e Esteril izao (CME)
denomina setores especficos pelo fornecimento de
materiais e artigos adequadamente processados para o
atendimento direto e a assistncia sade de indivduos
enfermos e sadios. Por suas particularidades e
caractersticas, constitui-se num setor de apoio tcnico
a todas as reas assistenciais nos estabelecimentos de
sade1.
O bom desempenho de uma equipe de CME
est diretamente relacionado qualidade dos processos
prprios empregados nos servios, sendo consequente
da combinao de instalaes fsicas, tecnolgicas e
equipamentos adequados, operados por pessoas
competentes, habilitadas e treinadas periodicamente.
Dessa forma, o conhecimento no dever ser somente
emprico, mas utilizado cientificamente de forma a permitir
a mensurao dos fatos e dos resultados, alm de
multiplicar o conhecimento e o aprendizado2.
Previamente avaliao de qualidade em
qualquer tipo de servio necessrio apreender o
significado de qualidade e definir como esta se compe3.
Porm, esta definio se torna complexa e tem sido
objeto de muitos estudos, uma vez que a qualidade
um atributo onde cada pessoa tem uma compreenso,
podendo ainda estar relacionado aos seus interesses
pessoais, costumes e nvel intelectual e social4. A palavra
qualidade origina-se do latim qualitate e significa dom,
virtude, grau de perfeio, de preciso, de conformidade
a certo padro5. A definio de qualidade complexa e
deve referenciar diversas dimenses, as quais,
geralmente, so agrupadas em sete atributos: eficcia,
efetividade, eficincia, otimizao, aceitabilidade,
legitimidade e equidade3.
O enfermeiro responsvel pelo CME precisa
acompanhar os diferentes processos de trabalho, assim
como deve entender claramente o processo utilizado
para assegurar a qualidade, empregar metas exequveis
e que promovam o alcance de melhorias, selecionando
ferramentas adequadas e necessrias para monitorar os
avanos6.
Portanto, para avaliar a qualidade da assistncia
necessrio unir os conceitos e as definies gerais e
traduzi-los em critrios operacionais. Indicadores de
qualidade consistem em critrios indicadores3; outras
definies de indicadores descrevem-nos como uma
ferramenta gerencial para a mensurao, monitorao e
a avaliao da qualidade e da produtividade dos servios7.
Tais instrumentos, geralmente, so utilizados para avaliar
a conformidade a um padro ou a conquista de metas
de qualidade, oferecendo tambm uma medida especfica
e quantificvel das expectativas de satisfao dos
clientes8.
A uti l idade dos indicadores pode estar
relacionada a vrios fatores, dentre eles: obteno de
dados para anlise, avaliao da efetividade de aes de
melhoria, o desempenho obtido pelos processos
utilizados, o grau de satisfao dos clientes internos e
externos e retro alimentao do planejamento
estratgico8.
A utilizao de indicadores em gesto, assim
como em outras reas de trabalho, vem sendo cada vez
mais difundida. Esta difuso permite o estabelecimento
de padres e facilidade na anlise das tendncias ao longo
do tempo, tornando a gesto mais objetiva, pois permite
ao profissional monitorar com mais eficcia os eventos,
alm de fornecer informaes para correes, quando
necessrias7. Atualmente as instituies de sade tanto
pblicas como privadas esto demonstrando interesse
em melhorar a qualidade do servio prestado, desta forma
esto implantando vrias formas de mensurar esta
qualidade9. Evidencia-se, portanto, a necessidade e o
quo positiva ser a utilizao de indicadores em CME,
considerando-se que a qualidade do servio ser
monitorada, podendo sofrer mudanas peridicas visando
melhorias contnuas.
Avedis Donabedian10 desenvolveu um quadro
conceitual, fundamental para o entendimento da avaliao
de qualidade em sade, a partir dos conceitos de
estrutura, processo e resultados, classicamente
considerados uma trade. Os indicadores tambm podem
ser classificados segundo essa trade, pois as avaliaes
estruturais sero referentes capacidade presumida de
provedores, recursos humanos e materiais, possibilitando
que se efetue uma assistncia sade mais qualificada.
As avaliaes de resultado consistem na verificao da
frequncia em que o evento acontece. Atravs desses
resultados possvel estimar os fatores de risco que
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determinam a qualidade do trabalho, assim como,
submeter esses fatores a estudos intervencionais.
Avaliaes processuais de desempenho incluem aes
de comunicao, acessibilidade, educao, investigao,
prescries, intervenes clnicas entre outras. Os trs
grupos se complementam e devem ser utilizados
conjuntamente, com vistas a obteno de um melhor
resultado11.
Para que um indicador seja utilizado de forma
efetiva na tomada de deciso, necessrio compreend-
lo em todas as suas dimenses, considerando-se,
portanto: seu numerador, denominador, o objetivo da
mensurao e qual sua fidedignidade. O uso de apenas
um indicador de forma isolada, dificilmente ser capaz de
demonstrar os fatos reais, mas a utilizao de um grupo
de indicadores retratar melhor a realidade situacional. A
contextualizao adequada no tempo e espao deve ser
feita para evitar concluses precipitadas, ou at mesmo
aes inadequadas. Diante desse propsito, os dados
coletados devem ser trabalhados de forma a permitirem
a obteno de todas as informaes necessrias, o que
permitir tambm uma adequada avaliao do sistema
de indicadores utilizados10.
A implantao de forma satisfatria de um
sistema de indicadores requer a definio do que ser
mensurado, verificando a preconizao recomendada pela
literatura cientfica ou dos indicadores adotados por outros
setores em diferentes locais. Tambm, importante
verificar a possibilidade de coleta de dados de forma fcil,
validar o uso dos indicadores escolhidos para a realidade
proposta, definir as pessoas responsveis pela coleta e a
anlise, estabelecer a sistemtica de anlise e o
monitoramento, alm de estabelecer mecanismos que
garantam o uso dos indicadores para a tomada de deciso
e mudanas das prticas habituais10.
Como instrumento para a avaliao e a
mensurao de metas de qualidade e resultados
propostos no planejamento, os indicadores podem
referenciar a monitorao da assistncia, a satisfao dos
clientes e ainda monitorao das transaes comerciais8.
Um dos fatores que normalmente dificultam a
determinao dos processos que devem ser avaliados e
monitorados em CME recai sobre a complexidade do
reprocessamento dos artigos mdico-hospitalares e
desconhecimento do trabalho com indicadores nesses
setores6. Diante deste pensamento se props analisar
os indicadores utilizados na unidade em estudo.
OBJETIVOS
Avaliar os indicadores de estrutura, processo e de
resultado, utilizados em um Centro de Material e Esterilizao
de um hospital de ensino, bem como verificar sua exequibilidade
na gesto da produtividade e qualidade dos servios.
MATERIAL E MTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, exploratrio,
retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido
por meio da utilizao de registros, estatsticas e
documentos, referentes ao processo de trabalho em CME
de um hospital de ensino, cuja capacidade de 760
leitos, localizado em uma cidade no interior paulista. O
hospital centro de referncia e presta assistncia
hospitalar e ambulatorial a vrias especialidades mdicas,
perfazendo, em mdia, 2.500 internaes mensais e
2.000 cirurgias/ms de pequeno, mdio e grande porte.
O setor de CME do referido hospital abrange uma
rea de 650 m, dividida em expurgo, rea de desinfeco,
sala de dobradura de compressas, almoxarifado, preparo
e armazenamento de material no estril, esterilizao e
arsenal. O setor envolve o trabalho de 54 servidores,
sendo 50 auxiliares de enfermagem, trs enfermeiros e
um auxiliar de servios gerais. O funcionamento ocorre
durante todo o dia e atende ao complexo hospitalar, o
hemocentro e as reas ambulatoriais.
O perodo da coleta de dados envolveu os meses
de junho a setembro de 2009, aps aprovao do Comit
de tica em Pesquisa (CEP), parecer n 322/2009, e a
autorizao formal da instituio e da superviso de
enfermagem da unidade investigada, conforme a
resoluo 196/96 do Conselho Nacional de tica em
Pesquisa (CONEP).
Foram utilizados formulrios como instrumentos
de coleta de dados, contendo quesitos estruturados para
se elaborar os seguintes indicadores: ndice de
treinamento de profissional de enfermagem, manuteno
da autoclave, taxa de produo da autoclave, avaliao
microbiolgica da bomba de vcuo e do processo de
esterilizao a vapor saturado sob presso e taxa de
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acidente de trabalho envolvendo profissionais da rea
de enfermagem.
Sequencialmente esto apresentadas as
avaliaes e as frmulas utilizadas para a coleta de dados.
O ndice do indicador de treinamento de
profissionais de enfermagem foi obtido mediante utilizao
da equao proposta pelo Compromisso com a Qualidade
Hospitalar (CQH)12.
ndice de treinamento de profissionais de enfermagem =
Os dados referentes aos treinamentos foram
disponibilizados pelo Centro de Educao Permanente (CEP)
e abrangeram o perodo de janeiro a dezembro de 2008.
Taxa de produo da autoclave =
Para o clculo da capacidade instalada
considerou-se o tempo de cada ciclo de esterilizao da
autoclave, calculado em 55 minutos, acrescido de mais
20 minutos para a secagem do material, totalizando 75
minutos. Aps, foi calculado quantos ciclos seriam
possveis de serem realizados em 24h, e mensalmente,
no perodo de agosto de 2008 a julho de 2009.
Avaliao da bomba de vcuo =
O controle do processo de esterilizao por vapor
saturado sob presso se refere a eficcia do equipamento,
o registro de seus parmetros, o teste de Bowie Dick e
o uso de indicadores qumicos e biolgicos1.
O teste de Bowie Dick avalia a eficcia do sistema
a vcuo das autoclaves. A presena de ar ou de gases
no-condensveis na cmara e/ou no interior dos pacotes
forma uma barreira trmica, prejudicando a ao e
penetrao do vapor na superfcie dos artigos, o que pode
resultar em um ciclo falho de esterilizao. Preconiza-se o
uso dirio desse teste no primeiro ciclo e tambm aps as
manutenes preventivas e corretivas1. Os dados coletados
foram referentes ao perodo de janeiro a dezembro de
2008.
Avaliao microbiolgica da esterilizao a vapor =
O teste Biolgico tambm compe o controle do
processo de esterilizao por vapor saturado, caracterizado
por uma preparao padronizada de esporos bacterianos
do Geobacillus stearothemophillus, utilizados para comprovar
a morte bacteriana aps a esterilizao. A frequncia mnima
indicada o uso semanal, porm, tambm indicada a
frequncia diria, havendo recomendaes para o uso
tambm em cargas que contenham materiais de
implante1. Os dados coletados foram referentes ao
perodo de janeiro a dezembro de 2008.
Taxa de acidente de trabalho =
Os dados das notificaes foram disponibilizados
pelo Servio Especializado em Engenharia de Segurana
e Medicina do Trabalho (SESMT), referentes ao ano de
2008 e o nmero de funcionrios da equipe de
enfermagem composta por 53 pessoas.
Os acidentes de trajetos no foram includos na
taxa de acidente de trabalho de profissionais de
enfermagem, segundo o Manual de Indicadores de
Enfermagem (NAGEH)11.
Aps a coleta de dados foi construdo um banco
de dados no Excel Microsoft 2003, procedeu-se o
tratamento em nmeros absolutos, mdia e percentual,
e aps, apresentados sob a forma de figuras e tabelas.
RESULTADOS
Para a apresentao dos resultados obedeceu-
se a trade de Donabedian, cujos indicadores englobaram
a estrutura, o processo e os resultados, obtidos no CME.
Indicador de estrutura
ndice de treinamento de profissionais de enfermagem
Os treinamentos foram divididos em: geral,
destinado a todos os servidores da enfermagem do
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Foram utilizadas 62 operaes para o servio de
manuteno no CME durante o perodo investigado,
sendo que a manuteno preventiva representou 62,9%
(39) e a corretiva 37,1% (23).
As autoclaves com maior frequncia de
manuteno corretiva foram as autoclaves B e C,
totalizando sete cada uma e menor nmero de
manuteno preventiva. Enquanto, as que tiveram maior
nmero de manuteno preventiva, D e E, apresentaram
menor necessidade de manuteno corretiva.
As principais causas de manuteno corretiva
foram associadas a vazamento, totalizando 8 (34,78%)
reparos, enquanto na manuteno preventiva 19
(48,72%) no apresentaram problemas. As autoclaves
identificadas como no estando em conformidade
relacionaram-se a necessidade de reaperto dos contatos
eltricos e a troca de peas da bomba de vcuo,
perfazendo um total de 5 (12,82%) para cada uma delas.
Produo da autoclave
Tabela 3 Distribuio do total de ciclos/ms das autoclaves quanto capacidade utilizada e instalada, no perodo de agosto de 2008 a julho de2009
Ms A B C D E Total CU Total CI %Ago/08 185 248 180 239 431 1283 2976 43,10Set/08 37 220 203 381 389 1230 2880 42,70Out/08 9 177 0 0 0 186 2976 6,25Nov/08 0 202 205 381 370 1158 2880 40,20Dez/08 6 176 141 282 325 930 2976 31,25Jan/09 0 172 199 308 230 909 2976 30,50Fev/09 49 192 139 357 346 1083 2688 40,30Mar/09 147 213 37 402 376 1175 2976 39,50Abr/09 79 153 39 346 321 938 2880 32,60Mai/09 18 119 110 239 229 715 2976 24,00Jun/09 49 230 224 351 337 1191 2880 41,40Jul/09 15 223 218 363 376 1195 2976 40,15
CU 594 2325 1695 3649 3730 11993CI 7008 7008 7008 7008 7008 35040 35040% 8,5 33,2 24,2 52,1 53,2 34,2 100
*CU capacidade utilizada; CI capacidade instalada.
O CME obteve sua maior produo/utilizao das
autoclaves no ms de agosto, totalizando um nmero
de 1.283 ciclos (43,10%) e em outubro o de menor
frequncia, alcanando apenas 186 ciclos (6,25%).
Em relao produo de cada um dos cinco
equipamentos da unidade, observou-se que a autoclave
A foi utilizada somente 8,5% (n=594) do total de sua
capacidade, e a que apresentou maior produo/utilizao
foi a autoclave E (53,2%), totalizando (n=3730). A mdia
de uti l izao das autoclaves obtida no estudo
correspondeu a 34,2%.
hospital; especfico, direcionado aos servidores do bloco
cirrgico, conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Demonstrativo da participao dos servidores do CME em treinamentos,no perodo de janeiro a dezembro de 2008
Ms Tipo de Treinamento Horas Setores Partici- %pantes
GeralFevereiro Reciclagem de papel 1 43 43 100,0
Maro Indicador de quedas 1 43 0 0Abril Preveno de acidente de trabalho 1 42 42 100,0Maio Preveno de infeco 1 43 34 79,0Junho lcera por presso 1 42 7 16,7
Agosto Processo de enfermagem e anotaes 1 45 12 26,7Setembro Cuidados com dietas enterais
e parenterais 1 43 0 0Outubro Indicadores de flebite 1 47 46 97,9
Novembro Passagem de planto 1 47 34 72,3Especfico
Fevereiro Indicador de qualidade na assistncia 1 3 3 100,0Maro Liderana Servidora 1 2 2 100,0Abril Limpeza da sala cirrgica 1 42 26 61,9Abril Atualizao em quimioterapia 1 3 2 66,7Maio Escovao da mos 1 43 40 93,0Maio Equipamentos: Cusa e Midas 1 43 33 74,7Maio Fixao segura em cateter 1 43 4 9,3
Setembro Degermao da pele 1 43 11 25,6Outubro Motores Strike 1 47 45 95,7
T O T A L 18 664 384 57,8
Observa-se pelos dados especificados na Tabela 1
que, dos 664 servidores esperados para os treinamentos
oferecidos pelo hospital, apenas 57,8% (384) das pessoas
participaram. Dessa forma, o indicador de horas de treinamento
por funcionrio foi de, aproximadamente, 3,7 horas.
Indicador de processo
As cinc
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