a inclusão escolar de crianças portadoras de transtorno mental no ensino fundamental i

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Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Kátia Cristina Aguiar Borges para obtenção do título de especialista em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais sob coordenação do Prof. Hewdy Lobo Ribeiro.

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  • UNIVERSIDADE PAULISTA

    KATIA CRISTINA AGUIAR BORGES

    A INCLUSO ESCOLAR DE CRIANAS PORTADORAS DE TRANSTORNO

    MENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL I

    SO PAULO

    2014

  • KATIA CRISTINA AGUIAR BORGES

    A INCLUSO ESCOLAR DE CRIANAS PORTADORAS DE TRANSTORNO

    MENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL I

    Trabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Sade Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado Universidade Paulista - UNIP.

    Orientadores:

    Profa. Ana Carolina S. de Oliveira

    Prof. Hewdy L. Ribeiro

    SO PAULO

    2014

  • Borges, Katia Cristina Aguiar

    A incluso escolar de crianas portadoras de transtorno mental

    no ensino fundamental I / Katia Cristina Aguiar Borges. So

    Paulo, 2014.

    34 f. : il. tabelas

    Trabalho de concluso de curso (especializao) apresentado ps-graduao lato sensu da Universidade Paulista, So Paulo, 2014. rea de concentrao: Sade mental.

    Orientao: Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

    Coorientador: Prof. Ana Carolina S. de Oliveira

    1. Crianas. 2. Transtorno mental. 3. Incluso escolar. I. Universidade Paulista - UNIP. II. Ttulo. III. Borges, Katia Cristina Aguiar. . . . . . .

  • KATIA CRISTINA AGUIAR BORGES

    A INCLUSO ESCOLAR DE CRIANAS PORTADORAS DE TRANSTORNO

    MENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL I

    Trabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Sade Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado Universidade Paulista - UNIP.

    Orientadores:

    Profa. Ana Carolina S. de Oliveira

    Prof. Hewdy L. Ribeiro

    Aprovado em:

    BANCA EXAMINADORA

    _______________________/__/___

    Prof. Ana Carolina S. de Oliveira

    Universidade Paulista UNIP

    _______________________/__/___

    Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

    Universidade Paulista UNIP

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho, primeiramente a Deus que tornou possvel a sua

    execuo.

    Tambm ao meu marido e a minha famlia pela compreenso e auxlio nos

    momentos difceis.

    (Ktia Cristina Aguiar Borges)

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus pelo maravilhoso milagre da vida, pelos dons e talentos, pela

    inteligncia que tornou possvel a execuo desse trabalho. Pela sensibilidade para

    ver e tentar entender o ser humano, e na medida do possvel poder ajud-lo.

    Ao meu marido pela compreenso com a falta de tempo muitas vezes

    ausente de sua presena, estudando, fazendo trabalhos, pelas coisas das quais to

    dificilmente abdicamos com a finalidade de voltar nossas energias para esse

    momento da vida.

    Aos meus pais pelo incentivo e apoio na ideia de acrescentar conhecimentos

    que valorizem o saber na profisso que escolhi. A minha querida irm Adriana pela

    companhia e apoio durante toda essa jornada. Queridos, muito obrigada por terem

    me ajudado a chegar at aqui, e no terem me deixado desistir.

    Aos professores Hewdy Lobo Ribeiro e Ana Carolina S. de Oliveira pela

    dedicao, ensino, orientao e por todo conhecimento passado nesse curso

    trazendo melhor viso sobre a Sade Mental e como olhar para essas pessoas a fim

    de ajud-las de forma mais efetiva.

  • No h ponte entre Homem e Homem...

    Pois estranhos somos e estranhos ficamos,

    exceto algumas identidades em que

    eu e voc nos juntamos. Ou melhor, ainda,

    onde voc me toca e eu toco voc

    quando a estranheza se faz familiar.

    Frederick Perls

  • RESUMO

    Acredita-se que, a incluso de crianas portadoras de Transtorno Mental (TM) em

    escolas de ensino regular permitir uma boa socializao e, consequentemente,

    melhor desenvolvimento de suas habilidades. Assim, possvel melhorar sua

    qualidade de vida e grau de independncia, podendo at mesmo desfrutar de seu

    ingresso no mercado de trabalho, guardadas as suas limitaes. O objetivo deste

    estudo foi verificar como deveria acontecer a incluso de crianas portadoras de TM

    em escolas de Ensino Regular, e como vem acontecendo esse processo na prtica.

    Verificou-se tambm a necessidade citada pelos professores de se ter melhor

    preparo e maior conhecimento relacionado a tcnicas e prticas pedaggicas bem

    como outros profissionais em educao especial para auxili-los nesse processo. Ao

    estudar sobre a atuao da Educao Especial no processo de incluso, apareceu

    um novo lugar ocupado pela mesma, que antes caminhava em uma linha paralela

    educao regular. Considerando os resultados, verificou-se que, embora a Lei das

    Diretrizes e Bases que regulamenta a incluso tenha tido um grande efeito na

    sociedade e j tenha alcanado bons progressos, ainda falta muito a trilhar para que

    se consiga chegar a um resultado satisfatrio na incluso de portadores de TM na

    sociedade de forma mais ampla.

    Palavras- chave: crianas, Transtornos Mentais, incluso escolar e social

  • ABSTRACT

    It is believed that the inclusion of children with mental disorder (MD) in schools

    of regular education will enable a good socialization and a consequence it will

    certainly improve the development of their abilities. Therefore, it is possible to

    improve their quality of life and independence level, being able to enjoy the job

    market considering their limitations. The main purpose of this research was to check

    how the inclusion of children with mental illness in regular schools should happen

    and how the process has happened in practice. It was also noted a need mentioned

    by teachers to have better preparation and greater knowledge of pedagogical

    techniques and practices as well as other professionals in special education to help

    them in this process. By studying about the performance of special education in the

    process of inclusion, it was discovered a new place occupied by the same, that

    before walked in a parallel line to the regular education. Considering the results, it

    was found that, although the law of guidelines and bases that regulates the inclusion

    was mad a great effect on the society and was already achieved good process, much

    remains to achieve so that can be reached a satisfactory result in the inclusion of

    patients with mental illness in society.

    Key-words: Children, Mental Disorders, Social and School Inclusion

    SUMRIO

  • 1 INTRODUO......................................................................................... 10

    1.1 Justificativa......................................................................................... 14

    2 OBJETIVO ............................................................................................... 15

    3 METODOLOGIA...................................................................................... 16

    4 RESULTADOS E DISCUSSO............................................................... 17

    5 CONCLUSES........................................................................................ 30

    REFERNCIAS.......................................................................................... 33

  • 10

    1 INTRODUO

    At o sculo XV, crianas deformadas eram jogadas nos esgotos da

    Roma Antiga. Foi na Idade Mdia que os deficientes encontraram abrigo nas

    igrejas, como o Quasmodo do livro o Corcunda de Notre Dame, de Victor

    Hugo, que vivia isolado na Torre da Catedral de Paris. J no sculo XVI a

    XIX, as pessoas com deficincias fsicas e mentais continuam isoladas do

    resto da sociedade, mas agora em asilos, conventos e albergues. Surge o

    primeiro hospital na Europa, mas todas as instituies dessa poca no

    passam de prises sem tratamento especializado e nem programas

    educacionais com currculos adaptados para essa clientela (PESSOTI, 1984).

    Segundo Pessoti (1984), na histria da humanidade, o deficiente ou

    doente mental sempre foi vitima de segregao, pois a nfase era na sua

    incapacidade fsica e em sua anormalidade. A deficincia, at o sc. XV, era

    ignorada, sendo que as crianas portadoras de deficincias imediatamente

    detectveis eram abandonadas ao relento, at a morte. Ao longo dos anos, a

    concepo de deficincia variou em funo das noes teolgicas de

    pecado e expiao. A explicao estava na viso pessimista do homem,

    entendido como uma besta demonaca, que no possua razo e sequer

    ajuda divina.

    J na Idade Moderna, o homem passa a ser entendido como animal

    racional, que trabalha planejando e executando atividades para melhorar o

    mundo e atingir a igualdade, atravs da produo em maior quantidade. Com

    o surgimento do mtodo cientifico, iniciam-se estudos em torno das tipologias

    e com elas a mentalidade classificatria na concepo das deficincias,

    decorrentes do modelo mdico, impregnadas de noes com forte carter de

    patologia, doena, mediao e tratamento. (ARANHA, 1979 apud PESSOTI,

    1984)

    A incluso da criana com TM tem sido discutida em uma diversidade

    de contextos e a escola o melhor local para promover a incluso social e

    educacional dessas crianas. Atualmente, a questo da incluso das pessoas

    com necessidades educativas especiais tem sido amplamente discutida no

    contexto social e educacional. Surgem ento mecanismos para

  • 11

    regulamentao do processo de incluso que garantam a igualdade de

    direitos dessas pessoas. Um dos exemplos disso a elaborao de

    documentos que discutem a questo dos TMs e dentre eles, destacam-se a

    Declarao de Salamanca (jun/1994) e, mais recentemente, a Conveno

    sobre os Direitos das Pessoas com alguma necessidade especial de

    educao (PNEE) (FARIAS, MARANHO; CUNHA, 2008).

    Alm disso, com a criao da Lei de Diretrizes e Bases (LDB, 1996),

    veio juntamente com ela, novas ideias e novas propostas. Assim, a incluso

    escolar no fala apenas sobre a incluso social dessas crianas, mas tambm

    sobre ter um programa pedaggico que atenda especificamente as

    necessidades e dificuldades dessa criana, promovendo seu

    desenvolvimento, respeitando as suas limitaes.

    Conforme o artigo 58, pargrafo 1, da Lei de Diretrizes e Bases (LDB,

    1996), a educao especial oferecida na rede regular de ensino deve atender

    as necessidades educacionais do aluno em questo. A lei determina tambm

    a ao de profissionais de apoio especializados, a fim de atender as

    peculiaridades desses alunos especificamente. A lei tambm determina em

    seu artigo 59, item I, que alunos com necessidades especiais tenham no

    estabelecimento de ensino regular, currculos, mtodos, tcnicas e recursos

    educativos direcionados a atender as suas necessidades.

    Consta ainda no artigo 59, item III, que a lei garante a contratao de

    professores que tenham especializao adequada de nvel mdio e superior,

    e tambm professores de ensino regular, capacitados a fazer a integrao

    desses alunos em classes comuns. Segundo o artigo 60, pargrafo nico, o

    Poder Pblico adotar a ampliao do atendimento a alunos com

    necessidades especiais na prpria rede pblica regular de ensino. Dessa

    forma, importante ressaltar que, com a criao da LDB, as coisas vm

    caminhando positivamente e que possivelmente chegaro a um patamar

    favorvel ao crescimento e desenvolvimento cognitivo dessas crianas,

    trazendo a elas uma qualidade de vida que proporcione alguma

    independncia e autonomia (LDB, 1996).

    Para incluir um aluno com necessidades especiais em escola regular

  • 12

    de ensino necessrio verificar a capacitao da equipe como um todo, e

    considerar todos os nveis de dificuldades que estas crianas podem ter

    dentro do ambiente escolar. (TEIXEIRA; KUBO, 2008). Ainda Conforme

    (BISHOP, 1999 apud TEIXEIRA; KUBO, 2008), a simples presena fsica do

    aluno com necessidades especiais em uma sala de aula regular no garante

    o estabelecimento de relaes de amizade entre ele e seus colegas de turma,

    e no pode ser indicador de incluso escolar.

    A incluso social no somente beneficia as crianas com necessidades

    especiais, mas tambm a todos que iro conviver com elas na escola. Essa

    socializao pode ajudar a acabar com preconceitos e esteretipos, levando a

    todos inseridos neste contexto a cooperar uns com os outros. (TEIXEIRA;

    KUBO, 2008)

    Todos os portadores de necessidades especiais (PNE), tm suas

    dificuldades e limitaes, porm, cada uma delas com suas particularidades e

    grau de deficincia. Por isso so necessrios recursos especficos para

    adquirir habilidades atravs de medidas educacionais, sociais, psicolgicas e

    mdicas, que venham a favorecer seu desenvolvimento e a ajud-los a

    conseguir um ajustamento satisfatrio na sociedade (AMIRALIAN, 1986).

    Conforme SantAna (2005), citando as mudanas propostas, cada vez

    mais tem sido reiterada a importncia da preparao de profissionais e

    educadores, em especial do professor de classe comum, para o atendimento

    das necessidades educativas de todas as crianas, com ou sem qualquer

    transtorno mental. Estudos recentes sobre a atuao do professor em

    classes inclusivas apontam que o sucesso de sua interveno depende da

    implementao de amplas mudanas nas prticas pedaggicas.

    Os resultados do estudo de SantAna (2005) mostraram que os

    professores esto cientes de no estarem preparados para a incluso, no

    aprenderam as prticas educacionais essenciais promoo da incluso em

    seus cursos de formao e indicam que precisariam do apoio de

    especialistas. De acordo com os relatos, os docentes parecem crer que a

    habilitao especfica deve ser o primeiro passo do processo inclusivo e, por

    isso, parecem exigir que tal condio seja atendida pelos rgos

  • 13

    responsveis, indicando tambm certa urgncia em adquirir conhecimentos

    sobre como lidar com essa clientela.

    Segundo Glat e Fernandes (2005), os anos 70 marcaram a

    institucionalizao da Educao Especial no Brasil, pois o sistema

    educacional pblico queria garantir o acesso dos portadores de deficincias

    escola. J a Educao Especial absorveu os avanos da Pedagogia e da

    Psicologia da Aprendizagem, principalmente os de enfoque comportamental.

    Aparecem assim novos mtodos e tcnicas de ensino baseados nos

    princpios de modificao de comportamento e controle de estmulos, que

    permitiam a aprendizagem e o desenvolvimento acadmico desses alunos,

    at ento excludos do processo educacional.

    Mas apesar de tanto progresso, esse modelo no funcionou

    satisfatoriamente no que tange insero desses alunos no sistema regular de

    ensino. Dessa forma a educao especial acontecia em paralelo com

    mtodos de nfase clnica e currculos prprios. As salas especiais

    funcionavam mais como modo de segregao para os que no se adequavam

    s formas regulares de ensino. (GLAT; FERNANDES, 2005).

    A educao especial que por muito tempo foi tida como um meio de

    atender a esses alunos portadores de necessidades especiais de ensino,

    agora vem seguindo por outro caminho, revendo sua atuao. O novo campo

    de atuao das chamadas escolas especiais no tem por objetivo trazer

    mtodos e tcnicas especializados para uma classe regular, mas sim ser um

    sistema de suporte permanente e efetivo para alunos especiais includos em

    escolas de ensino regular e para seus professores. (GLAT; FERNANDES,

    2005).

    Segundo Esposito e Savoia (2006), a prevalncia geral de crianas

    portadoras de Transtorno Mental (TM) encontra-se entre 10% e 15% e que

    esses mesmos acarretam ao indivduo um importante prejuzo em seu

    funcionamento. Entretanto poucos estudos epidemiolgicos nacionais tem

    contemplado a prevalncia e/ou incidncia de transtornos mentais em

    crianas e adolescentes. Refere ainda que no Brasil pelo menos 12% de

  • 14

    crianas e adolescentes tem TM grave e que metade deles encontra-se

    incapacitada.

    1.1 JUSTIFICATIVA

    Foi observada a escassez de estudos sobre crianas portadores de TM e

    a preocupao com a incluso escolar dessas crianas. J existem no Brasil

    leis que oferecem regulamentao desse processo, embora ao observar o

    caminho que vem sendo trilhado, percebe-se uma atividade prtica que ainda

    no venceu em sua totalidade os obstculos que se erguem naturalmente.

    Considerando o tempo de existncia da LDB, pode-se dizer que a vivncia

    dela ainda engatinha em nossa sociedade.

  • 15

    2 OBJETIVOS

    A presente pesquisa tem por objetivo revisar a bibliografia brasileira sobre

    a incluso de alunos portadores de transtorno mental (TM) em escolas de

    ensino regular, como isso vem acontecendo no Brasil e se realmente tem sido

    eficaz a incluso esse aluno.

    A incluso escolar desses referidos alunos parte de um movimento

    mundial em prol de uma sociedade que oferece direitos iguais a todos. Uma

    viso geral e realista sobre o assunto pode trazer grandes conquistas no

    campo da educao e nas prticas educativas com crianas portadoras de

    transtorno mental.

  • 16

    3 METODOLOGIA

    Foi realizada reviso bibliogrfica nas bases de dados Lilacs, Scielo, e

    busca ampla no google acadmico com o(s) descritor(es): incluso escolar,

    crianas e adolescentes, transtorno mental. Como filtros para busca foram

    utilizados textos completos, em portugus, artigos, monografias, no Brasil,

    entre 2001 e 2014.

    Os trabalhos selecionados foram todos aqueles de alguma forma falavam

    sobre a incluso escolar, educao especial, autismo, TDAH

    Transtorno de dficit de ateno e hiperatividade, Sndrome de sperger,

    classe regular de ensino, segregar, criana, adolescente, integrao,

    representao social.

    Excludos todos os trabalhos que no abordavam as questes

    educacionais, mas apenas falavam de transtornos mentais na infncia e as

    dificuldades encontradas pelas famlias, os tratamentos e terapias alternativos

    para o auxilio no desenvolvimento da criana, e sobre as Polticas Pblicas

    relacionadas a atendimentos especializados desses indivduos.

  • 17

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Foram encontrados ao todo vinte documentos entre artigos e monografias

    que tratavam sobre crianas e adolescentes com algum Transtorno Mental.

    Desses foram selecionados treze trabalhos entre artigos e monografias que

    abordavam o assunto sobre incluso escolar de crianas e adolescentes

    portadores de transtornos mentais, e toda sua problemtica na prtica

    cotidiana.

    Foram excludos sete trabalhos, tambm entre artigos e monografias, que

    abordavam transtornos mentais, mas com relao Polticas Pblicas,

    aceitao da famlia e suas dificuldades, e o sentimento de professores frente

    a alunos portadores de alguma necessidade educacional especial em sua

    sala de aula regular.

    A seleo dos trabalhos foi feita primeiramente a partir da leitura do ttulo,

    depois dos respectivos resumos e finalmente pela leitura de textos completos.

    Dos trabalhos selecionados, segue abaixo tabela de apresentao:

    Autores

    Ano

    Ttulo Mtodo Amostra Resultados

    BASTOS e

    KUPFER; 2010

    A escuta de

    professores no

    trabalho de

    incluso escolar

    de crianas

    psicticas e

    autistas

    Observao de

    um suporte

    oferecido a

    escolas no

    sentido de auxiliar

    professores no

    processo de

    incluso de

    alunos com

    necessidades

    especiais de

    educao.

    Foram citadas

    duas situaes de

    reunio onde

    efetivamente

    mudou o olhar do

    professor com

    relao ao aluno

    e tirou-o do lugar

    de vtima

    despreparada

    para ocupar o

    lugar de

    responsvel por

    rever suas

    tcnicas.

    O professor que

    foi procura de

    respostas, acaba

    por sair das

    reunies

    desafiado a criar

    seu prprio fazer

    educativo.

  • 18

    BERGO; 2001 Desmistificando o

    papel da

    Educao

    Especial na

    sociedade

    brasileira atual

    Estudo Terico

    Exploratrio

    Anlise dos

    paradigmas

    vigentes na

    Educao

    Especial do Brasil

    Projeto

    Educacional

    engloba toda uma

    classe

    interessada e no

    pode ser

    confundido com

    pequenas

    solues

    individuais

    CAMARGO e

    BOSA; 2012

    Competncia

    Social, Incluso

    Escolar e

    Autismo: Um

    Estudo de Caso

    Comparativo.

    Estudo de Caso

    Comparativo

    Duas crianas de

    mesma idade e

    sexo sendo uma

    com diagnstico

    prvio de autismo

    (AU) e outra com

    Desenvolvimento

    tpico (DT)

    Confirmou-se

    evidncias de

    Competncia

    Social na criana

    com AU, o que

    colabora para

    desconstruir os

    mitos que existem

    a esse respeito.

    COSTA; 2011 A Importncia da

    Parceria da

    Famlia e da

    Escola no

    Processo de

    Incluso Escolar.

    A primeira parte

    com Pesquisa

    bibliogrfica sobre

    o processo de

    incluso,

    legislao

    eeducao

    especial.

    A segunda parte

    com pesquisa de

    campo com

    relao

    expectativa que a

    famlia tem do

    processo de

    incluso escolar.

    Pesquisa feita em

    uma escola

    municipal de

    Vitria-ES.

    Sujeitos da

    pesquisa; seis

    familiares de

    alunos do Ensino

    Fundamental

    portadores de

    diferentes

    necessidades

    educacionais

    especiais.

    Conclui que a

    incluso existe

    enquanto

    processo social

    complexo e de

    mltiplas facetas,

    mas com a

    certeza de que

    no existe

    frmulas e sim a

    necessidade de

    buscar

    alternativas que

    favoream e

    estimulem esse

    processo. E com

    certeza a famlia

    a maior aliada

    nessa jornada

  • 19

    COUTO;

    DUARTE e

    DELGADO; 2008

    A sade mental

    infantil na Sade

    Pblica brasileira:

    situao atual e

    desafios.

    Estudo Terico

    Exploratrio

    Foram utilizados

    documentos

    oficiais da rea

    Tcnica de Sade

    Mental do

    Ministrio da

    Sade (MS)

    Foram

    compiladas

    informaes

    oficiais sobre

    servios em

    Sade Mental e

    Servios em

    quatro setores de

    cuidado:Sade

    Geral, Educao,

    assistncia social

    e justia/defesa

    de direitos.

    Na Regio

    Sudeste onde se

    concentra maior

    ndice de

    populao

    residente do pas,

    concentra-se as

    piores taxas em

    educao bsica,

    e apenas

    mediana na

    sade mental e

    educao

    especial. Na

    Regio Sul,

    apresenta os

    melhores ndices

    na sade mental

    e educao

    especial.

    FALCAO; 2011 Incluso escolar

    de alunos com

    Transtorno de

    dficit de ateno

    e hiperatividade

    (TDAH): um

    estudo de caso no

    Municipio de

    Ipatinga-MG.

    Pesquisa

    realizada em

    escola da rede

    municipal de

    Ensino de

    Ipatinga-MG

    Pesquisa

    realizada no 4o

    ano do Ensino

    Fundamental com

    dois alunos:

    Marcos e Patrcia.

    Foram analisados

    por 5 professores

    atravs de um

    questionrio que

    identificava

    caractersticas de

    TDAH. Alunos e

    professores so

    sujeitos da

    pesquisa e os

    nomes de alunos

    so fictcios.

    A escola que

    recebe alunos

    com TDAH, para

    ser uma

    instituio

    inclusiva, precisa

    tornar seu corpo

    docente

    pesquisador, ou

    seja, aberto a

    novos saberes e

    novas formas de

    pensar a

    pedagogia.

  • 20

    FERREIRA; 2012 A criana com

    deficincia mental

    e sua incluso na

    escola regular.

    Pesquisa Terica

    atravs de

    levantamento de

    referncias

    bibliogrficas

    Revistas, jornais,

    livros, artigos,

    dicionrios e

    outros informes

    tericos.

    Na tentativa de

    buscar respostas

    quanto incluso

    de crianas com

    necessidades

    educativas

    especiais na

    escola regular

    para o prprio

    desenvolvimento

    do processo

    educacional no

    Brasil.

    GLAT e

    FERNANDES;

    2005

    "Da educao

    segregada

    educao

    inclusiva: uma

    breve reflexo

    sobre os

    paradigmas

    educacionais no

    contexto da

    educao

    especial

    brasileira."

    Estudo Terico

    Exploratrio

    Para oferecer

    educao de

    qualidade para os

    educandos,

    inclusive os

    portadores de

    necessidades

    especiais, a

    escola precisa

    preparar-se,

    adaptar-se.

    PRADO;

    MAROSTEGA,

    2001

    A incluso do

    portador de

    necessidades

    especiais em

    mbito social e

    escolar.

    Estudo Terico

    Exploratrio

    Apostar nas

    inovaes ser o

    caminho mais

    seguro para a

    efetivao da

    escola inclusiva.

    SANCHES e

    OLIVEIRA; 2011

    Educao

    inclusiva e alunos

    com transtorno

    mental: um

    desafio

    interdisciplinar.

    Entrevistadas

    duas mes de

    alunos

    matriculados no

    Programa de

    Educao

    Especial (PEE)

    Aluna D1, sexo

    feminino, 10 anos,

    diagnosticada

    com Transtorno

    Desintegrativo da

    infncia com

    caractersticas

    A escola aparece

    como um lugar de

    trnsito, o que faz

    dela uma

    instituio normal

    da sociedade.

    Assim espera-se

  • 21

    diagnosticados

    com Transtorno

    Mental (TM) e em

    tratamento

    psiquitrico.

    psicticas.

    Aluna D2, sexo

    feminino, 14 anos,

    diagnstico de

    esquizofrenia

    que ao frequentar

    a escola, a

    pessoa sinta-se

    mais reconhecido

    socialmente do

    que o que no

    frequenta.

    Psicticos

    Puberes ou

    adolescentes

    querem ir

    escola com seus

    irmos. Isso serve

    como signo de

    reconhecimento

    de que podem

    circular

    socialmente.

    SANTANA; 2005 Educao

    Inclusiva:

    Concepes de

    Professores e

    Diretores.

    Pesquisa de

    campo

    10 professores e

    6 gestores (sendo

    3 diretores e 3

    vice-diretores) em

    escolas de Ensino

    Fundamental da

    rede Estadual em

    um municpio do

    interior paulista.

    Alguns

    profissionais

    consideram

    relevante a

    realizao de

    adaptaes na

    infraestrutura das

    escolas e do

    trabalho em

    conjunto de todos

    os participantes

    da comunidade

    escolar.Outros

    participantes

    indicaram que o

    professor precisa

    estar aberto ao

    processo de

    incluso.

    SILVA;

    FRIGHETTO;

    Uma Reflexo

    Sobre o Processo

    Observao de

    alunos com

    18 alunos com

    diversos tipos de

    A Escola Estadual

    Vincius de Morais

  • 22

    SANTOS, 2013 de Incluso dos

    Alunos com

    Deficincia na

    Escola Estadual

    Vincius de

    Morais.

    diversos tipos de

    patologias,

    matriculados na

    Escola Estadual

    Vincius de Morais

    em Peixoto de

    Azevedo-MT

    patologias

    atendidos em

    uma sala de aula

    regular e na sala

    de recursos

    multimeios.

    tem bravamente

    executado o

    processo de

    incluso dos

    alunos em

    questo no

    Ensino Regular.

    No entanto, a falta

    de preparo dos

    professores para

    receber e

    trabalhar com

    esses alunos, tem

    sido a maior

    dificuldade

    encontrada.

    STELMACHUCK

    e MAZZOTTA;

    2012

    Atuao de

    profissionais da

    educao na

    incluso escolar

    do aluno com

    deficincia

    intelectual.

    Reviso

    bibliogrfica e

    pesquisa de

    campo com

    enfoque

    qualitativo

    A pesquisa focou

    classes onde

    haviam um ou

    mais alunos com

    deficincia

    intelectual

    associada a

    deficincia fsica

    Sujeitos da

    Pesquisa: 10

    supervisores

    escolares e 16

    professores

    regentes das

    classes dos anos

    iniciais do Ensino

    Fundamental

    onde atue um

    auxiliar.

    Ficou evidente a

    importncia dos

    Servios de Apoio

    na avaliao e

    acompanhamento

    do processo

    evolutivo dos

    alunos.

    A incluso escolar nada mais de que a prtica de um movimento mundial de

    incluso social que prope uma viso que envolve sociedade e pessoas excludas

    numa proposta de parceria que leva a equiparar oportunidades. (SANCHES;

    OLIVEIRA, 2011).

  • 23

    Incluso foi o termo encontrado para indicar uma sociedade que considera

    todos os seus membros como cidados legtimos. Um novo conceito que reconhece

    a diversidade como algo natural, e cada ser pode fazer uso de seus direitos

    (PRADO; MAROSTEGA, 2001).

    A escola aparece como mediadora na construo de conhecimento e absorve

    uma grande responsabilidade. l onde a sociedade adquire conhecimento, cultura,

    conceitos de adaptao, colaborao e participao. Porm a escola deve assumir

    esse compromisso e acreditar que mudanas so possveis (PRADO;

    MAROSTEGA, 2001).

    A educao inclusiva exige rompimento com alguns paradigmas, objetivando

    conquistar um novo lugar escolar onde a segregao de alunos e distanciamento da

    famlia com relao escola, no mais ser possvel. Ainda h grande necessidade

    de implementar e completar aes das polticas pblicas. Historicamente, a

    tendncia da instituio escolar, sempre foi de homogeneizar seus alunos, enquanto

    que a proposta da incluso escolar a de educao para todos sem exceo

    (SANCHES; OLIVEIRA, 2011).

    Partindo da concepo da educao inclusiva, as prticas no cotidiano

    escolar, os processos pedaggicos, as avaliaes do desenvolvimento dos alunos e

    as propostas poltico pedaggicas devem alcanar um novo formato (SANCHES;

    OLIVEIRA, 2011).

    De acordo com Falco (2011), a escola sendo um espao de incluso, as

    relaes estabelecidas precisam respeitar princpios e estratgias a fim de oferecer

    base mais slida para o processo de educao inclusiva. Parceria, imparcialidade,

    direito de voz, so primordiais para que todos os envolvidos no processo de

    desenvolvimento e aprendizagem possam vir a ser agentes participantes e

    promovedores da incluso.

    Falando em ensino e aprendizagem de forma pedaggica, o aluno portador

    de TM necessita adquirir conhecimentos e alcanar metas, como se esse sujeito

    pudesse ser medido em escalas de desenvolvimento e recolocado como sendo

    totalmente saudvel caso apresentasse algum desvio. Dessa forma esses alunos

    ficariam sujeitos a excluso das tentativas de construo de um processo que

  • 24

    oferecesse sustentao ao novo modo de cuidar e que dirigido ao sujeito em

    sofrimento e no a aprendizes eficazes (SANCHES; OLIVIERA, 2011).

    A proposta de incluso, em contraposto integrao, supe a adequao da

    escola s necessidades e demandas de todas as crianas. As evidncias positivas

    de sua implementao so diversas. Apesar das controvrsias vindas das

    informaes falhas e das poucas e efetivas aes das polticas pblicas para que a

    incluso se concretize, fato que est prevista em lei e vem acontecendo em todo o

    pas (CAMARGO; BOSA, 2012).

    Dados publicados pelo Ministrio da Educao e Secretaria de Educao Especial (http://portal.mec.gov.br/seesp) demonstram um aumento de 111% de estabelecimentos inclusivos em todo pas, entre 2002 e 2005. Segundo o Censo Escolar 2006 (http://www.inep.gov.br), registrou-se 1,1% de crianas com autismo matriculadas em escolas regulares, nmero superior a 2005. Isso demonstra que o movimento da incluso vem ganhando fora...(CAMARGO; BOSA, 2012, P.316).

    Segundo Bergo (2001) o Brasil encontra-se em uma fase de transio entre

    incluso e integrao, onde incluso se trata de uma insero total e incondicional, e

    integrao fala de uma insero parcial e condicionada s possibilidades de cada

    um. De acordo com a proposta da prtica educacional de incluso, cabe escola

    adaptar-se s necessidades dos alunos e no eles escola.

    Tambm se faz necessrio superar o sistema tradicional de ensinar, onde o

    professor passa a rever o que ensina e como faz isso. Seu objetivo vai alm de

    cumprir grades curriculares e preparar o aluno para mercado de trabalho, mas abre

    espaos onde cooperao, dilogo, solidariedade, esprito crtico, sejam estimulados

    contribuindo para a formao de cidado (COSTA, 2011).

    Ainda Costa (2011) refere que a formao continuada do professor precisa

    ser um compromisso dos sistemas de ensino e que possam garantir que estejam

    aptos a elaborar e implantar novas propostas e prticas de ensino que possam vir a

    suprir as necessidades apresentadas por esses alunos.

    A respeito das mudanas propostas, fica mais evidente a importncia da

    preparao de profissionais e educadores, em especial do professor de classe

    comum para que possa suprir o atendimento a todas as crianas tendo ou no

    alguma deficincia. Estudos tem mostrado que o sucesso da incluso est

    intimamente ligado implementao de mudanas nas prticas pedaggicas, como

  • 25

    a adoo de novos conceitos, educao cooperativa, adaptao de currculos,

    estabelecimento de novas formas de avaliao, e estimular a participao da famlia

    nessa nova realidade educacional (SANTANA, 2005).

    Acredita-se que a implementao dos atuais modelos de reforma tem trazido

    graves consequncias para educadores, educandos e at mesmo a prpria escola.

    Para melhorar a qualidade de ensino, garantir que a maioria tenha acesso ao

    conhecimento social significativo, diminuir os ndices de fracasso escolar, prover aos

    educadores uma formao que lhes permita tomar decises mais acertadas nas

    salas de aula e at definir o que possvel na prtica das mudanas educacionais,

    so questes que exigem um novo olhar com medidas diferentes de que as o

    sistema vigente atual (BERGO, 2001).

    necessrio rever criticamente a formao e a prtica educativa, seus

    problemas acumulados ao longo do tempo, e os que vem de um desajuste com as

    mudanas sociais atuais. Comear a planejar linhas de mudana, estratgias, e

    objetivos que no se limitem a descrio de patologias, mas rumo a uma formao

    com vistas para a igualdade de oportunidade para todos na educao (BERGO,

    2001).

    Segundo SantAna (2005) o que tem acontecido na formao do docente

    oferecer um contedo terico com currculos distantes da prtica pedaggica no

    preparando o profissional para trabalhar com a diversidade de educandos. Tambm

    a formao docente no pode ficar apenas com cursos eventuais e sim obter

    programas de capacitao, superviso e avaliao que sejam aplicados de forma

    integral e permanente.

    Conforme Ferreira (2011) a educao responsvel pela formao e

    aprendizagem do indivduo e ainda assim encontra barreiras tericas e prticas,

    como as dificuldades de insero das crianas com necessidades educacionais

    especiais na escola de ensino regular, a deficitria formao de professores em seu

    currculo de graduao. Ainda refere que a falta de conhecimento sobre as

    deficincias tem contribudo muito para a segregao desse alunado. Conclui ento

    que a escola no foi preparada para receber heterogeneidade.

  • 26

    Conforme Couto, Duarte e Delgado (2008) a demorada incluso de crianas

    com TM na agenda das polticas da sade mental, pode ser atribuda a diversos

    fatores. Os vrios problemas da sade mental infantil, que vo desde Transtorno

    Global do Desenvolvimento (autismo), transtorno de conduta, hiperatividade,

    depresso, transtornos de ansiedade, uso abusivo de substncias e tantos outros.

    Alguns aparecem j na infncia e outros na adolescncia. Um outro fator, est

    relacionado a frequncia, persistncia, prejuzo, associados ao transtorno mental da

    infncia e adolescncia.

    Stelmachuck e Mazzotta (2012) referem que para que consiga o apoio

    adequado, necessrio ter conhecimento das necessidades especiais dos alunos,

    pois variam de sujeito para sujeito em cinco dimenses a saber: habilidades

    intelectuais, comportamento adaptativo, participao, interao e papis sociais,

    condies de sade. Este conhecimento deve ser de todos os profissionais

    envolvidos no processo educacional.

    A educao especial, originalmente instituiu-se como rea de atuao a partir

    de um formato mdico/clnico. importante salientar que a princpio os mdicos

    foram os primeiros a perceberem a necessidade de escolarizao dessas crianas,

    que antes ocupavam hospitais psiquitricos sem distino de idade e eram

    consideradas doentes crnicas e tratadas pelo vis teraputico. As avaliaes eram

    feitas atravs de exames mdicos e testes psicolgicos (GLAT; FERNANDES,

    2005).

    Nas instituies especializadas era feito um trabalho organizado por um

    conjunto de terapias individuais, como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia,

    psicopedagogia, e muito pouca ocupao do tempo desses alunos com atividade

    acadmica. Pensando educao, trabalhava-se um longo processo de prontido

    para alfabetizao, uma vez que no haviam expectativas quanto capacidade

    desses indivduos (GLAT; FERNANDES, 2005).

    A partir dos anos 70 a Educao Especial ganhou fora com a preocupao

    do sistema educacional em garantir Educao para todos. Assim a educao

    especial absorveu os avanos da pedagogia e psicologia da aprendizagem

    principalmente no enfoque comportamental. Aparece ento o desenvolvimento de

    novos mtodos de ensino baseados nos princpios de modificao de

  • 27

    comportamento e controle de estmulos, permitiu que esses indivduos pudessem

    aprender e se desenvolver, trazendo assim uma mudana de modelo mdico para

    modelo educacional. Esse foi um tempo onde mtodos e tcnicas foram criados

    para atender as especificidades da educao especial (metodologias de ensino para

    alunos com deficincia visual, auditiva, mental, superdotao, etc) (GLAT;

    FERNANDES, 2005).

    Porm todo avano ainda no foi o bastante para que acontecesse a

    incluso. Nas dcadas de 70 e 80 as classes especiais funcionavam mais como

    espao de segregao para todos que no se encaixavam no sistema regular de

    ensino, do que uma esperana de incluso de alunos com necessidades especiais

    de educao na rede pblica de ensino (GLAT; FERNANDES, 2005).

    Ao falar sobre a escola especial, Ferreira (2011), refere que no papel da

    escola especial a aplicao de mtodos facilitados ou simplificados para esses

    alunos, e sim criar formas de trabalho positivas que venham de encontro s

    necessidades e peculiaridades desses educandos. Esses alunos no precisam ficar

    em classes menores e nem menor tempo na escola, muito menos reunidos com

    semelhantes por nvel de desenvolvimento psquico.

    Segundo Bastos e Kupfer (2010), conforme legislao em vigor, crianas

    portadoras de psicose infantil e autismo, devem ser inseridas no sistema regular de

    ensino. Mas sabe-se o quanto penoso para educadores ter em sala de aula alunos

    que so imunes ao estabelecimento do lao social e no tem curiosidade pelo

    conhecimento.

    Essa separao entre educao especial e incluso do aluno com

    necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino, passou a ser

    questionada, iniciando ento a busca de alternativas pedaggicas para a insero

    de todos os alunos, preferencialmente na rede regular de ensino. Nasce a

    integrao que hoje o modelo prevalente em nossos sistemas escolares e tem por

    objetivo preparar os alunos vindos das classes e escolas especiais para serem

    integrados em classes regulares de ensino (GLAT; FERNANDES, 2005).

    Todo movimento em prol da educao inclusiva, coloca novamente em

    discusso a importncia da educao especial e suas especializaes. Os

  • 28

    diferentes tipos de transtornos por sua classificao foram colocados em segundo

    plano e os alunos que eram considerados como precisados de algum tipo de suporte

    passaram a ser tambm aqueles que tinham qualquer dificuldade escolar

    permanente ou temporria. Dentro desse contexto, novamente se atualiza o campo

    de atuao da educao especial. Agora ela passa a ser um Sistema de suporte

    permanente e efetivo para alunos especiais includos e para seus professores. A

    Educao Especial passa a ser vista como um conjunto de recursos que a escola

    regular dever dispor para atender seu alunado (GLAT; FERNANDES, 2005).

    Na prtica, esse modelo ainda no funciona em sua totalidade em nosso pas,

    embora ultimamente tenhamos vivenciado experincias bem promissoras, grande

    parte da rede de ensino carente de condies institucionais que o viabilizem. Na

    ltima dcada vem se acumulando a quantidade de pesquisas no Brasil que

    oferecem dados sobre o processo de incluso e as dificuldades enfrentadas. E so

    poucas as pesquisas vlidas cientificamente que mostrem como fazer para incluir no

    cotidiano de uma classe regular, alunos que apresentem dificuldades educacionais

    especiais (GLAT; FERNANDES, 2005).

    No Brasil a realidade se mostra precria com pouco ou nenhum avano na

    construo de contextos educacionais inclusivos, embora o movimento para

    incluso educacional venha crescendo desde a dcada de 90 (SANCHES;

    OLIVEIRA, 2011).

    Sanches e Oliveira (2011) observaram um Programa de Educao Especial

    em Indaiatuba, que tinha por objetivo trabalhar a poltica scio pedaggica da

    incluso. Com uma proposta que contm aes e servios (classes de apoio e

    oficinas pedaggicas), ainda mantm o aluno com necessidades especiais de ensino

    excludo do contexto socioeducacional regular. No entanto o projeto em carter

    itinerante, vem com o objetivo de complementar o ensino regular em seus nveis de

    escolarizao promovendo e auxiliando o processo de incluso.

    Conforme mostrado por Bastos e Kupfer (2010) a instituio teraputica Lugar

    de Vida, atravs de clnica psicanaltica, acompanha a escolarizao de crianas

    psicticas e autistas, e o processo pode ser definido como conjunto de prticas

    interdisciplinares de tratamento com nfase nas prticas educacionais. Assim,

    Bastos e Kupfer (2010), ainda apontam que a educao teraputica um conjunto

  • 29

    de prticas do qual o grupo de professores parte integrante. No seria possvel

    esse trabalho sem a incluso dos professores, ferramentas mais importantes na

    sustentao desse lugar social.

    Silva, Frighetto e Santos (2012) citam o programa Atendimento Educacional

    Especializado AEE do Governo Federal com a implantao de sala de recurso

    multifuncional com a funo de complementar ou suplementar a escolarizao. A

    disponibilizao de recursos, materiais, capacitao de professores para trabalhar

    com esses alunos, ainda que aparentemente o uso desses espaos reservados seja

    contrrio nova viso pedaggica, ele acaba por servir como ponte auxiliando a

    incluso gradativa desses alunos s classe de ensino regular, tornando o ensino

    inclusivo.

  • 30

    1. CONCLUSES

    Ao olhar e at mesmo falar sobre incluso, no se pode perder de vista que

    uma criana com TM apenas uma criana, em sua essncia, uma criana que

    tambm necessita do outro para socializar-se e crescer como pessoa e como ser

    humano. O objetivo construir um conhecimento capaz de transformar uma

    realidade, mesmo a despeito de suas diferenas e individualidade.

    A viso de educao inclusiva deve ser mais ampla, no se restringindo

    apenas a uma viso educacional, mas scio-cultural, com o foco nas potencialidades

    do aluno e no nas limitaes, tornando assim melhor a participao desse sujeito

    na sociedade.

    Pode-se seguir dois caminhos a saber, sair da rotina e buscar por inovao

    na prtica pedaggica, contando com a colaborao da famlia e da sociedade, ou

    continuar encontrando culpados pelo caminho como a precria preparao de

    professores, a falta de ao do governo ou os altos custos para adequao do

    processo.

    Referente ao trabalho pedaggico no que tange educao especial,

    necessrio questionar, como viabilizar a educao da criana com TM de forma a

    trazer a esse sujeito a compreenso do meio em que vive e ao mesmo tempo o

    estimule a encontrar solues para as adversidades que encontra.

    Uma das problemticas encontradas para a eficcia do processo de incluso

    est no preparo de professores das classes regular de ensino. Muitos deles afirmam

    no se sentirem preparados para essa nova situao, enquanto que outros passam

    a perceber que se tiverem um olhar diferenciado para o aluno portador de

    necessidades especiais de educao, conseguem entender que para esse desafio

    ele precisar de um novo olhar para a sua prtica pedaggica.

    A incluso de alunos com necessidades educacionais especiais, pode ser

    vantajosa, pois quando existe interao social, sua chance de melhor desenvolver

    suas habilidades significativamente aumentada. A convivncia com outras crianas

    que tenham um comportamento mais complexo, proporciona a essas crianas um

    conhecimento mais rico e abrangente.

    No que diz respeito produo de conhecimento, na ltima dcada tem se

    acumulado pesquisas no Brasil que trazem importantes dados sobre o processo de

  • 31

    incluso e tambm as dificuldades enfrentadas pelo sistema educacional brasileiro

    para sua implementao.

    Ainda assim pesquisas e prticas que mostrem dados positivos e de

    validao cientfica a respeito de como fazer para incluir uma criana com TM em

    classe regular de ensino, so muito poucas.

    possvel criar alternativas de trabalho que venham a colaborar com o

    processo de incluso escolar, e a famlia pode e deve ser a principal parceira da

    escola nessa empreitada. Se a famlia vista como instituio primria de

    socializao, onde se formam laos de afetividade e so introduzidos valores e

    crenas, fica clara a importncia de sua participao efetiva no processo de

    educao que a escola desenvolve.

    Um dos grandes desafios nos dias de hoje no processo de incluso a

    escola fazer com que os alunos vejam as diferenas com respeito e aprendam a

    conviver com elas com naturalidade. necessrio redimensionar os sistemas de

    crenas e valores para que seja possvel praticar uma cidadania que aceite as

    diferenas.

    O que se pode dizer ao ter contemplado vrios estudos a respeito desse tema

    to discutido e ao mesmo tempo com tantas consideraes ainda a fazer, que

    existe um trip muito importante no qual pode se firmar o processo de incluso que

    seria a escola comprometida em inserir a criana com TM na classe regular,

    profissionais capacitados para auxiliar professores e equipe nesse processo, e a

    famlia consciente e comprometida.

    Os trabalhos estudados mostram em sua maior parte que as pessoas

    envolvidas e interessadas no processo de incluso tem uma viso favorvel e

    positiva, embora muitas delas vem a necessidade de:

    mudana de pensamento com relao ao desenvolvimento dessas

    crianas;

    envolvimento de professores, auxiliares e at mesmo de agentes

    escolares no processo de incluso desses alunos;

    uma mudana no currculo de graduao de professores que possibilite

    melhores prticas pedaggicas e menor insegurana ao inserir esse

    aluno com TM na classe regular;

    a participao de profissionais capacitados vindos da Educao

    Especial com tcnicas e saberes que muito acrescentam no auxilio s

  • 32

    escolas conseguindo participar ativamente no processo de incluso

    desses alunos;

    e por fim e no menos importante a participao ativa da famlia no

    processo.

    O presente estudo mostra que a cada ano a incluso vem acontecendo no

    Brasil com acrscimos de ideias e novas adaptaes de antigos modos de

    operacionalizar a incluso. certo dizer que a incluso vem percorrendo um

    caminho rumo ao proposto pela nova viso mundial de insero desses indivduos.

    Mesmo precisando ainda de ajustes, e percebendo que h muito o que construir

    para que efetivamente crianas com TM possam alcanar melhor qualidade de

    desenvolvimento atravs da incluso escolar e social.

    Assim constata-se a importncia desse estudo e tambm de que exista a

    continuidade e novos estudos a respeito da incluso, pois a cada passo, acrescenta-

    se novos saberes e na troca de saberes novos conhecimentos.

  • 33

    REFERNCIAS

    BASTOS, Marise Bartolozzi; KUPFER, Maria Cristina Machado. A escuta de professores no trabalho de incluso escolar de crianas psicticas e autistas. Estilos clin., So Paulo , v. 15, n. 1, 2010 . Disponvel em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282010000100008&lng=pt&nrm=iso acessos em 12/01/2014 as 10:54 hs

    BERGO, Maria Stela de Arajo Albuquerque. Desmistificando o papel da educao especial na sociedade brasileira atual. Revista Centro de Educao UFSM. Edio 2001, n.17. Disponvel em:

    coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2001/01/a6.htm acesso em 12/01/2014 as 10:51 hs

    CAMARGO, Siglia Pimentel Hoher. BOSA, Cleonice Alves. Competncia Social, Incluso Escolar e Autismo: Um Estudo de Caso Comparativo. Psicologia: Teoria e Pesquisa. jul-set. 2012, vol.28, n.3, pp. 315-324. Disponvel em:

    http://www.scielo.br/pdf/ptp/v28n3/a07v28n3.pdf acesso em 15/09/2014 as 11:43 hs

    COSTA, Marcelia Alvarenga. A Importncia da Parceria da Famlia e da Escola no Processo de Incluso Escolar. Biblioteca Digital de Monografias. UNB Universidade de Braslia. 2011 Disponvel em http://bdm.unb.br/handle/10483/2328 acesso em 15/09/2014 as 11:54 hs

    COUTO, Maria Cristina Ventura. DUARTE, Cristiane S. DELGADO, Pedro Gabriel Godinho. A sade mental infantil na Sade Pblica brasileira: situao atual e desafios. Rev. Bras. de Psiquiatr.2008;30(4):390-8. Disponvel em

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