a tutela antecipada e a efetividade do … barbosa de mello chaves...a morosidade do judiciário,...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
LEANDRO BARBOSA DE MELLO CHAVES
A TUTELA ANTECIPADA E A EFETIVIDADE DO
PROCESSO
Monografia apresentada ao Curso de Pós-graduação
da Universidade Candido Mendes como exigência do
exame de qualificação para obtenção do título de Pós-
graduação
RIO DE JANEIRO 2006
2
LEANDRO BARBOSA DE MELLO CHAVES
PÓS-GRADUAÇÃO EM PROCESSO CIVIL
A TUTELA ANTECIPADA E A EFETIVIDADE DO
PROCESSO
RIO DE JANEIRO
2006
3
SUMÁRIO
Introdução 4
1 - Capitulo I
1.1 - Evolução Histórica 5
2 - Capitulo II
2.1 - Da antecipação de tutela tal como preconizada pelo art. 273 do CPC 10
2.2 - Conceito e natureza jurídica 19
2.3 – Requisitos 19
3 - Capitulo III
3 – Da tutela Antecipada nas Obrigações de fazer e Não Fazer 28
3.1 – Evolução da tutela nas Obrigações de fazer e Não Fazer 28
3.2 – Modalidades de Execução 30
3.3 - Síntese acerca da Tutela antecipatória do art. 461 33
3.4 – Breves considerações ao art. 461 do CPC 35
3.5 – Cotejo entre o sistema do art. 273 e 461 do CPC 35
4 - Capitulo IV
4 – As tutelas antecipatórias e a efetividade do processo 37
4.1 – Introdução 38
4.2 – Do Sincretismo Processual advindo das alterações do art. 273 § 6º e § 7º do CPC 40
5 – Conclusão 42
6 – Bibliografia 44
4
INTRODUÇÃO
Com a evolução histórica e social de nossa sociedade percebe-se as mudanças dos
reiterada de usos e costumes, os quais acabam por refletir na legislação e especificamente
em nossas vidas.
Com efeito, o Judiciário, com a ajuda do legislativo, tentam de forma singular
solucionar os problemas advindos das relações humanas, exercendo a atividade judicante e
provendo aos interessados a resolução dos problemas existentes.
Não obstante as aludidas demandas, insurge-se grande parcela da sociedade contra
a morosidade do judiciário, originando-se inúmeras apontamentos acerca das causas desta
morosidade.
O legislativo, ao seu turno, tenta prover ao país uma legislação mais eficaz, capaz
de proporcionar ao cidadão, e, por conseguinte ao judiciário, a resolução prática para
determinados problemas.
Com efeito, o instituto estudado, qual seja, a tutela antecipada vem na contra mão
desta morosidade, tentando de forma heróica ajudar na efetivação da tutela jurisdicional,
pois apesar dos critérios de ordem legal e administrativo a corroborar com a morosidade,
certo é que a referida tutela acaba por antecipar provimento jurisdicional antecipado às
partes, não resolvendo a problemática da morosidade, mas contribuindo para amenizar a
referida morosidade.
Desta sorte, servirá o presente trabalho para analisar o instituto da tutela
antecipatória, sob o prisma do art. 273 e 461 do CPC, bem como para abordar a
problemática da morosidade da justiça, confrontando-a com o referido instituto a fim de
saber se este contribui para a efetivação da prestação jurisdicional.
5
1 - CAPITULO I
1.1 - Evolução Histórica
Antes de adentrarmos ao objeto de estudo da presente monografia, entendemos por
oportuno trazer à baila o desenvolvimento histórico do referido instituto a fim de facilitar a
compreensão deste.
A longa histórica da civilização, que veio desaguar nas idéias liberais que
fomentaram a Revolução Francesa, deram ao Estado uma figura mínima e a vontade
individual de uma dimensão maior no plano dos regramentos jurídicos. Para romper com o
velho regime aristocrático, não havia valor a prestigiar que fosse maior do que a liberdade
cujo caráter quase absoluto passou a dominar a teoria dos negócios jurídicos.
Assim sendo, percebe-se que a revolução francesa representou um divisor d´aguas, onde a
liberdade do cidadão fora considerada valor extremo, ou seja, constituía-se à época um
momento social no qual a autonomia da vontade ganhava a cada dia mais o seu apogeu.
Revivia-se em certo sentido o famoso brocardo latino pacta sun servanda..
Nesta perspectiva toda sanção que se destinava a garantir o cumprimento de uma
obrigação teria de recair sobre o patrimônio do devedor, posto que todo aquele que se
obrigava, pessoalmente, respondia com seus bens presentes e futuros, particularmente em
se tratando de uma ação pessoal do devedor, isto é, um fazer ou não fazer.
Com efeito, ninguém poderia ser compelido, contra vontade, a adotar qualquer tipo
de comportamento pessoal. Não havia execução forçada em prestações típicas de
obrigações de fazer e não-fazer. Por ser intocável a liberdade pessoal do devedor, em não
sendo de seu interesse cumprir voluntariamente a obrigação, não restando outro caminho ao
credor senão converter seu prejuízo através das perdas e danos.
Com o advento e mudanças introduzidas pela revolução francesa, já nos início do
século XX, este paradigma começou a sofrer alterações, posto que o Estado Liberal acabou
evoluindo-se para o Estado Social. Nesta nova ideologia de Estado Democrático, este
6
deixou de ser mero declarantes de direito para se transformarem em agentes realizadores
desses direitos.
Desta forma, passa o Estado a assumir e/ou intervir na vida econômica e social dos
cidadãos, fazendo-se respeitar os direitos coletivos e difusos destes.
Após toda esta evolução social, bem como processual, percebe-se que a doutrina e
legislação atual quedaram-se aos ensinamentos de CHIOVENDA (no concernente à
efetividade processual), ora jungidos à indignação do civilista LOUIS JOSSERAND, pois
seus pensamentos colidiam frontalmente com a ratio essenci do art.1142 do Código Civil
francês que dispõe: "toda obrigação de fazer ou não-fazer se resolve em perdas e danos em
caso de inexecução por parte do devedor".
Inaceitável e frustrante tal posicionamento, posto que com a evolução do processo
como um todo, tal posicionamento tornara-se inócuo. A força vinculatória dos contratos
perderia em boa parte seu sentido. Exemplo clássico de um escultor que se obrigou a
confeccionar obra e não cumpre com o acordado. Não há forma alguma que se possa
compeli-lo a cumprir como compromisso, senão a conversão em perdas e danos?
Porque todos eram livres para enunciar suas vontades e, assim, dispor de seus bens
e contrair obrigações, o regime contratual encontrou seu apogeu na consagração do pacta
sunt servanda. O contrato, oriundo da vontade livre do contratante, era lei a ser respeitada e
cumprida, sem resistência.
Como, todavia, o indivíduo era o centro de toda a normatização jurídica, mesmo quando
descumprisse o contrato, não poderia, de forma alguma, ser pessoalmente compelido a
executar a prestação prometida ao credor. Toda a sanção legal destinada a garantir o
cumprimento da obrigação teria de recair sobre seu patrimônio, porque, tal como
proclamava o art. 2.092 do Código Napoleão, o princípio dominante era no sentido de que
todo aquele que se obriga pessoalmente fica sujeito a sofrer as conseqüências de sua
obrigação sobre todos os seus bens presentes e futuros.
7
Quando as obrigações eram de dar, a execução forçada proporcionada pela tutela
estatal cumpria-se in natura, porque fácil era alcançar o bem devido sem necessitar de
coagir o devedor pessoalmente. Bastava que os agentes do poder apreendessem ditos bens e
os entregassem ao credor. Mas, quando a prestação estivesse intimamente ligada a uma
ação pessoal do devedor - a um facere ou um non facere - esbarrava a concepção liberalista
numa barreira intransponível. Ninguém poderia, na ótica de então, ser compelido, contra a
sua vontade, a adotar qualquer tipo de comportamento pessoal. Logo, ninguém poderia ser
levado pela execução forçada a praticar prestações típicas das obrigações de fazer e não
fazer. Da antiga regra romana - nemo ad factum potest cogi - o direito francês do Século IX
exportou para todo o mundo ocidental o preceito de que "toute obligation de faire ou de ne
pas faire se résout en dommages et intérêts en cas d’inexécution de la part du débiteur".
Na plenitude do liberalismo, então, não havia lugar, em princípio, para a execução
específica das prestações de fazer e não fazer. Por ser intocável o devedor em sua liberdade
pessoal, uma vez recalcitrasse em não cumprir esse tipo de obrigação, outro caminho não
restava ao credor senão conformar-se com as perdas e danos.
O direito processual, praticamente inexistente como técnica ou ciência autônoma,
apresentava-se como mero apêndice do direito material. Nada acrescentava em termos de
medidas criativas para dar maior eficácia aos preceitos da ordem substancial. Era, aliás, o
próprio direito material que predeterminava os expedientes instrumentais que
correspondiam aos direitos subjetivos de fundo quando descumpridos ou violados. Não
cabia, assim, ao Poder Judiciário maior flexibilidade no uso dos remédios do processo.
Havia um processo ordinário ou comum a ser observado no julgamento das lides
e que teria de servir, às causas em geral, e as ações especiais eram rigorosamente
destinados a casos típicos que não poderiam ser dirimidos na sistemática do procedimento
comum. Não havia maleabilidade alguma no terreno do processo.
8
Diante da ausências deste ramo processual autônomo, implantava-se ritos
específicos (ações predeterminadas) para cada tipo de direito subjetivo violado, haja vista
que para a teoria civilista ou imanentista da ação, ora supracitada, considerava esta como
um mero apêndice do direito material violado1. .
Com o enfraquecimento das idéias francesas promoveu-se um amadurecer e um
desenvolver processual passando-se por diversas teorias, dentre elas: Teoria do direito
concreto de agir (Adolf Wash); Teoria do direito Potestativo de agir (Giuseppe Chiovenda);
Teoria do Direito Abstrato (Heinrich Degenkolb e Alexander Plósz); teoria eclética, dentre
outras2, até chegarmos aos dias de hoje.
Não obstante a evolução processual retro mencionada, denota-se um certo desvio do
foco do indivíduo para a sociedade que se conseguiu divisar na passagem para o Século
XX, a existência de interesses sociais que estavam a reclamar a atenção do ordenamento
jurídico, forçando, assim, a ampliar seus domínios além do milenar binômio direito público
- direito privado.
O Século XX pôde impor esse modo de ver na medida em que o Estado Liberal foi
suplantado, politicamente, pelo Estado social. Nessa concepção do Estado Democrático, a
organização da máquina estatal deixou de ser meramente declaratória, de direitos
fundamentais, para transformar-se em agente realizador desses mesmos direitos.
Em nome de tais concepções, o Estado assumiu a intervenção na vida econômica e
social para proclamar e fazer respeitar os direitos coletivos e difusos e, para tanto, não
podia continuar a se valer apenas dos procedimentos judiciais forjados no Século XIX, sob
o predomínio das idéias liberais puras.
1 Lições de Direito Processual Civil; Câmara, Alexandre Freitas; Vol I; 08º edição; editora Lumem Iuris; ano 2003, pág. 111.2 Lições de Direito Processual Civil; Câmara, Alexandre Freitas; Vol I; 08º edição; editora Lumem Iuris; ano 2003, pág. 112-115.
9
Aos poucos foram surgindo ações de feitio coletivo para instrumentalizar direitos
até então nem sequer conhecidos da ordem jurídica tradicional, como os direitos
indivisíveis da comunidade, isto é, da sociedade como um todo, ou de grandes parcelas da
sociedade. Ao mesmo tempo ampliava-se a ordem jurídica material para agasalhar os
direitos transindividuais ou coletivos, e concebiam-se novos procedimentos judiciais que
pudessem lhes dar cobertura quando necessário fosse discuti-los em juízo.
Essa abertura para o social não só fomentou a preocupação com os problemas
gerados pela convicção da necessidade de tutelar adequadamente os novos direitos sociais,
como também impôs aos operadores do direito processual a conscientização de que o
processo, em si mesmo, ainda que não cogitando de ações coletivas, era sempre um
instrumento tutelar da cidadania. O direito de ação não mais se via como simples meio de o
indivíduo reagir contra a violação de algum direito subjetivo. Era, isto sim, o direito cívico
de acesso à Justiça, como uma das garantias fundamentais do moderno Estado Democrático
de Direito. Era ele mesmo a expressão de uma das maiores garantias da paz social e da
realização política dos ideais da nação agasalhados em sua ordem constitucional.
Passou-se a divisar no processo, desde então, metas que iam além da simples
composição dos litígios e que se comprometiam com as aspirações do devido processo
legal, tanto no plano formal como no material. A missão do judiciário a ser cumprida por
meio do processo, a partir de então, vinculou-se à preocupação de efetividade, ou seja, à
perseguição de resultados que correspondessem à melhor e mais justa composição dos
litígios.
Foi, à luz dessa nova constatação, desse novo posicionamento institucional que se
insinuou e se fez prevalecer a teoria das tutelas diferenciadas.
Em suma, o instituto da tutela fora desenvolvendo-se junto com as mudanças e
necessidades dos cidadãos, evoluindo de acordo com os anseios da sociedade, sendo certo
que acaso tal instituto não fosse adotado, certamente as relações obrigacionais perderiam
10
sua força vinculante, haja vista a impossibilidade de obrigar o devedor a cumprir sua
obrigação espontaneamente.
2 - CAPITULO II
DAS TUTELAS ANTECIPATÓRIAS
Almeja-se com o presente capítulo percorrer todos os meandros legais,
doutrinários e jurisprudenciais da instituto da antecipação de tutela disciplinada no art. 273
do CPC, possibilitando-se uma melhor concepção do instituto sob legal supramencionada.
2.1 - DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA TAL COMO PRECONIZADA PELO ART. 273 DO CPC.
Da origem do instituto especificamente junto ao CPC e legislação extravagante
O instituto da antecipação de tutela passou a ser reiteradamente utilizado no
processo civil brasileiro com a redação dada pela Lei n.º 8.952/1994 ao art. 273 do Código
de Processo Civil. Quer-se com isso afirmar que a antecipação de tutela já existia, sendo
utilizada antes mesmo do advento da citada lei. Inúmeros são os exemplos de dispositivos
legais que, implícita ou expressamente, acolhiam a possibilidade de se antecipar os efeitos
da decisão final, total ou parcialmente.
Diante desta insatisfação começaram a surgir instrumentos capazes de coibirem tais
situações, tanto que o Código de Processo Civil já previa o instituto da tutela antecipatória
através de seu sistema jurídico formal. Na verdade, tal instituto já era previsto no codex
processual civil, através do art. 928, onde se permite a antecipação do mérito da demanda,
com a concessão da liminar restauradora da posse, nas ações possessórias de força nova,
desde que os requisitos específicos ali exigidos se consolidem.
Ademais, na legislação extravagante processual, denota-se também a existência do
aludido instituto, pois o art. 12 da lei n.° 7.347, de 24/07/85, a que rege a ação civil pública,
11
contém uma permissibilidade dos efeitos do mérito da demanda a ser antecipado. O referido
dispositivo dispõe:
“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo”.
Em face desta disposição, nas ações civis públicas onde se discutem temas como de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
ou qualquer outro interesse difuso coletivo e por infração de ordem econômica (art. 1° da
Lei 7.347/85), o mérito pode ser antecipado por via liminar. Outra situação considerada
como sendo de antecipação da tutela meritória, por muitos autores é a prevista no art. 59, §,
1.°, I, da Lei 8.245/91. Nas duas hipóteses fáticas reguladas pelo referido dispositivo, a
primeira cuida de ser resilida a locação por mútuo acordo entre as partes, e a segunda, da
possibilidade do despejo ser concedido liminarmente, caso o inquilino não cumpra o acordo
celebrado.
A antecipação da tutela já era, como visto, entidade processual conhecida no
nosso ordenamento Jurídico. Apresentava-se, contudo, sem uma construção sistematizada e
com aplicação genérica, uma vez que só podia ser deferida em situações específicas e
vinculada a determinado tipo de relação jurídica. Algumas nações estrangeiras praticam a
antecipação da tutela há mais de 40 anos.
A imagem de ser uma providência nova presente no mundo jurídico não tem
procedência. Somente a partir de 94 chegou ao direito brasileiro forma (como acima
transcrito). A necessidade de adotá-la decorreu da imposição da sociedade por não mais
suportar o desequilíbrio nas relações conflitantes causado pela demora na entrega da
prestação jurisdicional.
12
Na Itália, por exemplo, em 1942, foi introduzido no Códice de Procedure Civile,
por nova redação dada ao art. 700, um verdadeiro sistema da antecipação da tutela
meritória, conforme afirma Ernane Fidelis dos Santos:
Em 1942, introduziu-se no Códice de Procedure Civile novo art.
700, fazendo parte do capítulo III, que trata exatamente Dei
Procedimenti Cautelari, mais ou menos nestes termos: fora dos
casos regulados nas seções precedentes deste capítulo, quem tiver
fundado motivo de temer que, durante o tempo que possa decorrer
para que se reconheça seu direito nas vias comuns, por estar
ameaçado de perigo iminente e irreparável, poderá requerer ao
juiz provimento de urgência, que se apresente, segundo a
circunstância, como meio mais idôneo a assegurar provisoriamente
os efeitos da decisão de mérito3.
O Código de Processo Civil da Alemanha (ZPO) nos §§ 935 e 940, cuida de caso
típico de antecipação da tutela. Eis o comentário feito por Emane Fidelis:
Na Alemanha, introduziram-se no Código de Processo Civil (ZPO)
os §§ 935 c 440. O primeiro é de verdadeira medida cautelar
atípica, de fim assecurativo, enquanto o segundo tem fim regulador
da relação controvertida, ou seja, regula-se temporariamente uma
relação ou situação jurídica, em caso típico de antecipação de
tutela. Não é garantida de pretensão, mas de relação jurídica
litigiosa4.
Observou, ainda. Emane Fidelis, na obra citada, com apoio na lição de Calvosa, que
no ordenamento austríaco não há limitação à tutela antecipada, a não ser quando a situação
regulada for suscetível de execução forçada e, na Inglaterra, no âmbito do Contempt of
Court, o juiz pode não apenas ditar provimentos que previnam ou reprimam qualquer
3 Novos Perfis do Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Editora Dei Rey. 1996. P.23.4 idem. p. 22
13
ameaça à atividade jurisdicional, como também estabelecer remédios processuais, criando
forma de tutela jurisdicional diversa do procedente jurisprudencial ou legislativo5.
Assim, por exemplo, podemos citar inúmeros casos de antecipação de tutela, na
ação possessória (art. 928 e 929 do CPC); na ação de nunciação de obra nova (art. 937 do
CPC); na ação de busca e apreensão de coisa vendida a crédito com reserva de domínio
(art. 1.071 do CPC); na ação de embargos de terceiro (art. 1.051 do CPC); na ação de busca
e apreensão de bem alienado fiduciariamente em garantia (Dec.-Lei 911/69, art. 3º, "f"); na
ação de mandado de segurança (Lei 1.533/51, art. 7º, II); na ação de desapropriação (Dec.-
Lei 3.365/41, art. 15); na ação popular (Lei 4.717/65, art. 5º, §4º; na ação civil pública (Lei
7.347/85, art. 12; na tutela específica da obrigação de fazer ou não fazer (Código de Defesa
do Consumidor, art. 84, §3º; nas liminares previstas na Lei do Inquilinato (Lei n.º 8.245/91,
art, 59, §1º)
A redação dada ao art. 273 do CPC veio oficializar a existência da antecipação de
tutela no direito brasileiro, ampliar a generalizar a aplicação do instituto e instaurar,
doutrinariamente, a diferença entre a pretensão cautelar e a antecipatória.
O art. 273 do CPC oficializou a existência do instituto sob comento, eis que
somente a partir de sua nova redação é que os operadores jurídicos passaram a conceber um
instituto próprio para antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da decisão final de mérito.
No mais, o art. 273 do CPC estendeu a possibilidade de se antecipar os efeitos da
tutela final de mérito a outras pretensões, não só àquelas hipóteses retro mencionadas,
desde que satisfeitos os requisitos legais exigidos.
Por fim, a nova redação do art. 273 do CPC estabeleceu, com nitidez, a diferença
entre a pretensão cautelar e a antecipatória, desencadeando discussões no âmbito da
doutrina e da jurisprudência. Quanto a isso, há de se dizer que, antes da nova redação do
5 idem p.23
14
art. 273 do CPC, além daquelas hipóteses legais enumeradas de antecipação de tutela, a
pretensão antecipatória era obtida sob as vestes da medida cautelar inominada
compreendida pelo art. 798 do CPC. Como assevera William Santos FERREIRA, "nessas
ações o que o autor buscava era o próprio bem da vida pretendido, e não apenas e tão-
somente assegurar o resultado do processo de conhecimento ou do processo de execução,
razão pela qual restou batizada de cautelar satisfativa 6".
Muito embora evidente que se estava, ao utilizar a previsão do art. 798 do CPC,
suprindo uma falha do ordenamento, consistente em não prever a antecipação de tutela para
todas as pretensões cuja a antecipação dos efeitos era possível, muitas foram as confusões
geradas na comunidade jurídica. A diferença entre a tutela cautelar e a antecipatória não era
facilmente compreendida, ensejando distorções no pleito de providências jurisdicionais de
urgência, como bem retrata Cândido Rangel DINAMARCO:
Por vezes a confusão que se faz entre a tutela antecipada e a tutela
cautelar pode gerar conclusões equivocadas. Em julgado do 1º Tribunal de
Alçada Civil de São Paulo, entendeu-se que não seria cabível, em sede
antecipatória, o cancelamento de protesto de duplicata já declarada paga,
pois nada se acautelaria, uma vez que o protesto já havia ocorrido (AI
730.951, 10ª Câmara, j. 01.04.1997, Rel. Paulo Hanaka). No entanto, a
ocorrência do protesto, se cumpridos os requisitos do artigo 273 confere
total interesse ao postulante da medida, já que de nada adiantaria após anos
obter o referido cancelamento, pois já estaria impossibilitado de atuar com
instituições financeiras, cliente e tantas outras conseqüências advindas do
protesto (este é o escopo da tutela antecipada). Em nossa atuação
profissional já tivemos oportunidade de ajuizar a mesma ação e o juiz
deferiu a tutela, mas de forma muito mais criativa: para desviar-se do perigo
de irreversibilidade (já que havia um registro publico do protesto),
determinou que não fosse mais sobre este informado qualquer apontamento,
6 FERREIRA, Wilian santos; Tutela antecipada; ed. Renovar, 1994, p. 167.
15
o que também deveria ser observado pelos bancos de dados (como Serasa,
SPC etc). 7
Nesse sentido, também o escólio de Luiz Guilherme MARINONI:
A reforma eliminou a necessidade do uso distorcido da "ação
cautelar" para a obtenção da tutela antecipatória, possibilitando a correção
dos equívocos que eram cometidos.... Em um dos artigos que escrevemos
para justificar a introdução da tutela antecipatória no Código de Processo
Civil deixamos bem clara a problemática da duplicação dos procedimentos
para o mesmo fim: "a prática forense tem mostrado várias hipóteses em que
processos rotulados de "cautelar" perdem qualquer sentido após a concessão
da liminar. Isto quer significar que a prática, em vários casos, reduziu a
importância do processo cautelar a uma liminar. A prática, com apoio da
doutrina, aceita a tese de que a cautelar pode substituir o mandado de
segurança, uma vez escoado o seu prazo decadencial. O que era direito
líquido e certo transforma-se em fumus boni iuris. Porém, passada a fase
propícia à concessão da liminar, por inexistir necessidade de elucidação de
matéria de fato, o juiz está em condições de proferir sentença capaz de
produzir coisa julgada material. Ou seja, a ação cautelar seria suficiente para
a resolução definitiva do mérito. Contudo, a doutrina deixa claro que o lugar
do julgamento do mérito é no chamado "processo principal",
desnecessariamente instaurado quando percebido que o processo dito
cautelar foi travestido para tornar viável a postulação da liminar. Nestes
casos, realmente, a conclusão deveria ser a de que a "ação principal" é
despicienda e a "ação cautelar" não é cautelar. Necessário é um
procedimento de cognição exauriente em que seja possível a obtenção de
uma tutela antecipatória. A doutrina transforma direito líquido e certo em
7 Dinamarco, C. A reforma do CPC; 02º edição, ed. Malheiros, 1995, p. 138.
16
fumus, mas não tem coragem para reconhecer que são completamente
desnecessários dois procedimentos para tais casos. 8
Atualmente, passou-se a mais facilmente compreender que a tutela cautelar destina-
se a assegurar a eficácia prática do processo de conhecimento ou de execução, uma vez
declarada a procedência da pretensão, ao passo que a tutela antecipatória destina-se a
antecipar os efeitos do provimento final de mérito, total ou parcialmente. Todavia, em prol
do princípio da fungibilidade, a reforma procedida pela Lei n.º 10.444, de 07 de maio de
2002, inseriu no art. 273 o §7º, o qual veio a declarar que: "Se o autor, a título de
antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do
processo ajuizado."
Para José Rogério Cruz & TUCCI, "A introdução do §7º vem mitigar a exegese
estritamente formalista que se verifica na prática, em detrimento da urgência de
determinadas situações. Jamais se aconselha que a forma sacrifique o direito do
jurisdicionado 9."
Mesmo antes da reforma, porém, já se observava da jurisprudência uma atitude
comprometida com a efetividade do direito material em detrimento da forma, como restou
declarado, por exemplo, no acórdão unânime, proferido em julgamento de Agravo de
Instrumento n.º 806.046-6, da 12ª Câmara Cível do 1º TACSP, relatado por José Roberto
BEDAQUE, como se ressai da seguinte passagem
Neste estágio processual, o autor teria satisfeito a pretensão deduzida na exordial?
Claro que não. Precisamos agora de um novo processo para a execução do título judicial.
Deflagra-se nova relação processual, agora objetivando a constrição judicial em bens do
devedor, para posterior arrematação e pagamento do credor. Efetivada a penhora, abre-se a
possibilidade de o executado interpor embargos à execução, dando-se azo, novamente, à
instauração incidental de um novo processo de conhecimento, asseguradas todas as
garantias processuais (e constitucionais) dos contendores. Novamente profere-se decisão de
8 Marinoni. A antecipação de tutela. p.170.9 Cruz e Tucci, Jr; lineamentos da nova reforma do CPC, 02º edição, São Paulo ed. Malheiros, 1995; p. 105.
17
mérito, a qual, também, estará sujeita à recurso de apelação, onde, em algumas hipóteses (e
artimanhas)poder-se-á obter o duplo efeito. Processo sobre a Segunda instância e,
eventualmente, até os Tribunais Superiores. Retoma com novo trânsito em julgado para a
final satisfação da pretensão executória 10.
Essa “via crucis” não duraria menos de um decênio. Com essa reprodução do
modelo pregado pelo direito romano, onde se protegia escancaradamente o réu, em
detrimento do autor, não havia como ser um processo justo, razoável e muito menos
efetivo.
Veio então, com vistas a solucionar estes problemas, a Lei 8952 de 13/12/1994, que
alterou o Código do Processo Civil e provocou radical modificação no Artigo 273, com
alteração integral do texto, o permitiu que fosse introduzido no sistema processual o
instituto que passou a ser denominado de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional de
mérito, ou, simplesmente, tutela antecipada.
O que se espera com a tutela antecipada é que a velha concepção de Chiovenda, no
sentido de que o processo deve proporcionar ao interessado tudo e exatamente aquilo que
tem o direito de obter, seja efetivamente atingida, logrando êxito na busca desse ideal, para
que o que é essencial, a par da efetividade do processo, a tempestividade da tutela
jurisdicional.
O poder jurisdicional monopolizado pelo Estado demonstrou, com o acumular dos
anos, a sua precariedade para a proteção tutelar desejada, parte pelo acúmulo de processos
em decorrência de uma busca cada vez maior do Poder Judiciário e parte pelo fato de que
os atos processuais, que visam garantir o livre exercício do direito de defesa e o devido
processo legal transformaram-se num emaranhado de atos e recursos que, se por um lado
propiciam a formação da verdade material, por outro prejudicam a celeridade processual.
10 Exemplo adaptado do texto Antecipação da Tutela: utopia ou realidade de Edgard António Lippmann Jr.
18
A questão da demora do processo tomou-se ponto de estrangulamento do processo
civil. A parte, que tem o direito de obter da atividade jurisdicional tudo aquilo que deveria
obter se a ela não tivesse que ter recorrido (como lembramos inicialmente, desde que houve
a proibição da autotutela pelo próprio Estado, chamando para si a obrigação de prestar a
jurisdição) não vinha obtendo a resposta satisfatória da atividade jurisdicional. Em milhares
de casos espalhados pelo Brasil, como o que apresentamos anteriormente, tem-se
constatado que quando a parte finalmente tem acesso ao produto final da jurisdição, que é a
realização do direito material posto em discussão no processo, o resultado final pouco ou
nada lhe será útil ou lhe terá mais alguma serventia objetivada no início da lide, diante do
transcurso de longos anos, entre o ajuizamento da ação e a efetividade da prestação
jurisdicional.
Para o Estado, diante de tal situação sobrariam duas alternativas: uma, aos nossos
olhos mais correia e eficaz, por ser definitiva, que seria uma mudança no aparelhamento
estatal com vistas à modernização do Judiciário, e outra, a criação de uma lei que minorasse
os efeitos da situação vigente e retirasse do Estado ou remediasse em face deste a pecha de
um Estado moroso e um Judiciário, por consequência “inchado.”
Sobre isso falou Dorival Renato Pavan:
Para o Estado, parece-me, foi mais interessante simplesmente
modificar a lei, o que o liberou da preocupação de ter que
modificar a estrutura do próprio Estado no que diz respeito à
atividade jurisdicional. Modificar a lei é bem mais simples e
econômico do que gastar dinheiro com a modernização do
Judiciário, se bem que a modificação na estrutura do processo de
conhecimento, como ainda se verá, também se fazem necessária. O
ideal, que seria a modificação tanto da estrutura do Judiciário,
quanto da estrutura do processo de conhecimento, não foi atingido,
posto que o Judiciário não funciona a contento, estando
desaparelhado, como realmente está, e agora em total descompasso
19
com a legislação no que diz respeito a sua absoluta falta de
estrutura para atender ao comando emergente da norma11.
É o Estado Brasileiro, que de “remendos” tenta prosseguir sem uma reforma justa e
completa do nosso Poder Judiciário.
Então, com o propósito de minorar a morosidade da justiça, o CPC sofreu
alterações de maior importância, é certo que, bem compreendidas e aplicadas, virão atender
plenamente aos reclamos dos jurisdicionados, mantendo-nos na vanguarda das modernas
legislações processuais. Essas alterações, no entanto, só terão êxito assegurado, se houver,
de um lado, postulações responsáveis, e, de outro, o exercício de uma jurisdição igualmente
responsável.
2.2 - Conceito e Natureza Jurídica
Nelson Nery Jr. conceitua a tutela antecipatória dos efeitos da sentença de mérito
como a providência que tem natureza jurídica mandamental, que se efetiva mediante
execução lato sensu, com o objetivo de entregar ao autor, total ou parcialmente, a própria
pretensão deduzida cm juízo ou os seus efeitos. Comenta ainda: “É tutela satisfativa no
plano dos fatos, já que realize o direito, dando ao requerente o bem da vida por ele
pretendido com a ação de conhecimento 12”.
A decisão que antecipa a tutela tem natureza constitutiva com vista a gerar efeitos
imediatos, desde que presentes os pressupostos elencados. Sua execução ocorre de
imediato, equiparando-se aos provimentos judiciais de caráter mandamental, razão porque
se distingue tanto da figura da execução provisória, como também da execução
propriamente dita, como ainda daquelas específicas de obrigação de fazer e não fazer,
contidas na inovação inserida pelo art. 461 do CPC.
11 PAVAN, Dorival Renato, e CARVALHO, Cristiane da Costa. Tutela Antecipada em face da Fazenda Pública para recebimento de verbas de cunho alimentar. RP n.º 91. P. 13712 NERY JÚNIOR, Nelson. NERY, Rosa Andrade. Código de Processo Civil Comentado
20
2.3 - Requisitos
Para uma melhor análise dos requisitos da tutela antecipada, faz-se mister a leitura
do artigo 273 do CPC que assim dispõe13:
O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e:
I - Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação; ou
II - Fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto
propósito protelatório do réu.
§ 1° Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo
claro e preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2° Não se concederá a antecipação da tutela quando houver
perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3° A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o
disposto nos incisos II e III do Art. 588.
§ 4° A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a
qualquer tempo, em decisão fundamentada.
13 Segundo Nelson Nery Jr., a redação do “Caput” do CPC 273 comporta um pequeno reparo, pois se utiliza do pleonasmo “pedido inicial”, quando não há pedido que não seja deduzido por petição inicial
21
§ 5° Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o
processo até o final do julgamento.”
§ 6 º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um
ou mais dos pedidos cumulados, ou parte deles, mostrar-
seincontroverso.
§ 7º Se o autor, a Título de antecipação de tutela, requerer
providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presente os
respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar incidental do
processo ajuizado.
A partir do exame deste texto legal, toma-se possível à formulação dos requisitos da
tutela antecipada. São eles: a) requerimento da parte; b) antecipação total ou parcial; c)
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; d) abuso de direito de defesa ou
manifesto propósito protelatório; e) perigo de irreversibilidade; f) fundamentação do ato
decisório atinente à antecipação da tutela; g) caráter de provisoriedade da tutela antecipada;
h) não extinção do processo; i) verossimilhança; j) prova inequívoca.
Trataremos, separadamente, de cada um destes requisitos elencados acima.
A) requerimento da parte ( Legitimidade para requerer):
A princípio, podemos dizer que somente o autor pode pleitear a antecipação da
tutela 14. Porém, sabemos que as relações processuais são dotadas de grande dinamicidade o
que nos leva a contemplar outras possibilidades. Assim, a antecipação da tutela é estendida,
em tese, a todos aqueles que deduzem pretensão em juízo, como, por exemplo, o
denunciante na denunciação da lide; o opoente, na oposição; ao autor da ação declaratória
incidental (CPC, arts. 5 e 325).
14 DINAMARCO, Cândido Rangel, A reforma do CPC, 02º edição, Ed. Malheiros, 1995.
22
Poderão também se beneficiar da tutela antecipatória o assistente simples do autor
(CPC art. 50), desde que o assunto não se oponha, e o réu, quando “contra-ataca” através da
reconvenção. Isso, porque, como já sabemos, o réu quando reconvém torna-se autor da ação
de reconvenção.
B) Antecipação total ou parcial:
Podemos dividir a antecipação da tutela em total e parcial.
A antecipação total dos efeitos da tutela condenatória consiste na antecipação do
efeito executivo da tutela de condenação, que toma viável a antecipação da realidade
forçada do direito afirmado pelo autor.
Já a antecipação parcial dos efeitos da tutela nada mais é do que a antecipação do
efeito executivo para a antecipação da realidade forçada do direito afirmado.
C) Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação:
Deste requisito, trata o inciso I do art. 273 da CPC.
O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, encontra situação
análoga no art. 798 do CPC que trata da “lesão grave e de difícil reparação” pertinente ao
processo cautelar. Isso porque, em ambos, existe a carência de uma tutela de urgência.
O “receio”, aludido na lei, traduz a apreensão de um dano não ocorrido, mas prestes
a ocorrer, pelo que deve, para ser fundado, vir acompanhado de circunstâncias fáticas
objetivas, a demonstrar que a falta da tutela dará ensejo à ocorrência do dano, e que este
será irreparável ou, pelo menos, de difícil reparação. Sendo o receio, um sentimento de
índole subjetiva, deverá ser ele analisado com bastante cautela. O “fundado receio”
significa temor justificado, que possa ser objetivamente demonstrado com fatos e
circunstâncias e não apenas uma preocupação subjetiva.
23
Neste requisito, retoma-se o conceito do “periculum in mora”, do processo cautelar.
Disso podemos concluir que, os mesmos princípios, abundantemente versados pela
doutrina e aplicadas pela jurisprudência, relativos ao “periculum in mora”, serão aplicados
quando houver o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
Sobre tal requisito, achamos bastante oportuna a transcrição do comentário de
Cândido Rangel Dinamarco que, com muita propriedade, diz: “No juízo equilibrado a ser
feito para evitar a transferência para o réu dos problemas do autor, o juiz levará em conta o
modo como a medida poderá atingir a esfera de direitos daquele, porque não lhe é lícito
despir um santo para vestir outro15”.
D) Abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório:
A inserção do inc. II no art. 273 demonstra a preocupação do legislador com os
efeitos que a litigância de “má-fé” pode acarretar.
Tal disposição de lei, ratifica o princípio de que a boa - fé deve presidir, de forma
perene, a prática dos atos processuais e as relações entre as partes no processo. Seu
principal objetivo foi evitar que o uso de vias judiciais retardasse a prestação jurisdicional,
com defesa infundada, contrária, muitas vezes, até à jurisprudência sumulada em última
instância.
Logo, podemos afirmar que haverá abuso de direito de defesa ou manifesto
propósito protelatório do réu sempre que a jurisprudência se firmar em determinado
sentido, nas Cortes superiores de Justiça, mormente através de orientação sumulada, e o
demandado insistir em negar, através de contestações estereotipadas, o direito do autor,
com o único propósito de retardar a prolação da sentença de mérito.
15 DINAMARCO, Cândido Rangel, A reforma do CPC, 02º edição, Ed. Malheiros, 1995.
24
É oportuno lembrar, contudo, que, segundo o entendimento da jurisprudência, não
há litigância de má-fé na apresentação dos recursos previstos em lei, exceto se nitidamente
protelatórios, como por exemplo, com discussão de matéria já preclusa.
E) Perigo da Irreversibilidade:
Sobre este requisito parece-nos mais acertado reforçar a crítica com a qual a maioria
dos autores parece concordar: o parágrafo 2° do artigo 273 fala em irreversibilidade do
provimento. Porém, segundo a doutrina majoritária, o provimento nunca é irreversível, na
verdade, são as consequências de fato ocorridas pela execução da medida, ou seja, os
efeitos decorrentes de sua execução.
Assim que a irreversibilidade não é óbice intransponível à concessão do
adiantamento, pois, caso o autor seja vencido na demanda, deve indenizar a parte contrária
pelos prejuízos que ela sofreu com a execução da medida.
F) Fundamentação do ato decisório atinente à antecipação da tutela:
Neste requisito não reside nenhuma novidade. Como já sabemos, a motivação das
decisões judiciais é um dos muitos princípios que regem o processo.
Destarte, sendo a antecipação da tutela uma decisão, ainda que provisória, não deve ser
diferente o tratamento dado pelo juiz na fundamentação desta.
G) Caráter de provisoriedade da tutela antecipada:
Como dissemos anteriormente, a tutela antecipada possui caráter provisório que é
facilmente constatado com uma rápida análise do parágrafo 4° do art. 273. Segundo o texto
legal, a tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo. Isso ocorre
porque a antecipação de tutela não constitui, ainda, a decisão da causa, o que só ocorrerá
com a sentença de mérito, após regular instrução do feito, com a observância do
contraditório.
25
É importante não olvidar que a tutela antecipada é um provimento emitido a
requerimento de uma das partes (o autor), para valer em face da outra (o réu), pelo que sua
revogação ou modificação, a qualquer tempo, tal como previsto no § 4° do art. 273 do CPC,
depende, igualmente, de requerimento da parte. Logo, se a antecipação da tutela não é
concedida de ofício, não pode, ser modificada ou revogada de ofício, o que também só
ocorrerá, se tiver havido mudanças nas circunstâncias que determinam o provimento.
H) Não extinção do processo:
A leitura do § 5° deixa claro que o processo não se extingue com a tutela
antecipada, pelo contrário, deve prosseguir até o final julgamento.
Justamente por se tratar de um “pré –julgamento”, o juiz deverá proceder a cognição
sumária para apreciar o pedido da tutela antecipada. Logo, pelo fato de ser sumária a
instrução que precede a tutela antecipada, diferencia- se esta da sentença, que requer,
sempre, como ensina Sérgio Monteiro de Andrade: “instrução euxariente 16”.
Constata-se, pois, que a antecipação da tutela encontra-se condicionada à
verossimilhança, enquanto a sentença exige o conhecimento da verdade formal, isto é,
aquela que resulta prova dos autos, mas que nem sempre coincide com a verdade real.
I) Verossimilhança
Não despretenciosamente, deixamos o requisito da verossimilhança como dos
últimos a serem analisados.
Etimologicamente, verossimilhança corresponde àquilo que é verossímil, ou seja,
semelhante à verdade, que tem “aparência” de verdade. Porém, a análise etimológica da
expressão não é o bastante para um bom entendimento da sua aplicação no universo
16 Jurisprudência Temática. Tutela Antecipada. RT 740/164.
26
jurídico, porquanto, já sabemos, a simples aparência pode corresponder à verdade. Isso
explica o motivo pelo qual parte da doutrina identifica a verossimilhança à “mera aparência
de direito”, a “credibilidade” e o “fumus boni iuris” (fumaça do “bom” direito).
Quando o texto do “caput” do art. 273 fala em “verossimilhança da alegação”, quer
dizer que o juiz não depende necessariamente de provas para formar seu convencimento, se
a pretensão se assenta em fatos incontestes, não carentes de demonstração, caso em que a
atividade cognitiva detém-se no simples exame do direito.
Podemos concluir que, diante de uma alegação, a verossimilhança se assenta num
juízo de probabilidade, que resulta, por seu turno, da análise dos motivos que lhes são
favoráveis (convergentes) e dos que lhes são contrárias (divergentes). Se os motivos
convergentes são superiores aos divergentes, o juízo de probabilidade cresce; se os motivos
divergentes são superiores aos convergentes, a probabilidade diminui.
É importante ressaltar que, como acentua J. E. Carreira Alvin17, o conceito de
verossimilhança depende do subjetivismo de cada autor, e continuará a depender do de cada
juiz no momento de decidir sobre o pedido de antecipação da tutela.
J) Prova inequívoca:
Podemos conceituar prova inequívoca como aquela que apresenta um grau de
convencimento tal que, a seu respeito, não se possa ser levantada qualquer dúvida, ou, em
outros termos, cuja autenticidade ou veracidade seja provável.
Retomando esta idéia da probabilidade podemos traçar um interessante paralelo
entre a prova inequívoca e a verossimilhança. Nessa linha de raciocínio, parece-nos mais
acertada a opinião de Cândido Rangel Dinamarco18, que é quem melhor sintetiza o
entendimento a respeito:
17 Carreira Alvim, J.E, A reforma do CPC, Ed. Impetus, 2005.18 DINAMARCO, Cândido Rangel, ibidem.
27
Aproximando as duas concepções formalmente contraditórias contidas no
artigo 273 do CPC (“prova inequívoca” e “convence-se da
verossimilhança”), chega-se ao conceito de probabilidade, portador de
maior segurança do que a verossimilhança. Probabilidade é a situação
decorrente da preponderância dos motivos convergentes à aceitação de
determinada proposição, sobre os motivos divergentes. As afirmativas
pesando mais sobre o espírito da pessoa o fato é provável; pesando mais
as negativas, ele é improvável (Malesta). A probabilidade, assim
conceituada, é menos que a certeza, porque lá os motivos divergentes não
ficam afastados, mas somente suplantadas, e é mais que a credibilidade
ou verossimilhança, pela qual na mente do observador os motivos
convergentes e os divergentes comparecem em situação de equivalência
é, se o espírito não se anima a afirmar, também não ousa negar.
Desse modo, conclui-se que, para conciliar as expressões “prova inequívoca” e
“verossimilhança”, aparentemente contraditórias, exigidas como requisitos para a
antecipação da tutela de mérito, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre elas, o que
se consegue com o conceito de probabilidade, mais forte do que a verossimilhança, mas não
tão peremptório quanto o de prova inequívoca.
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3 - CAPITULO III
3 - DA TUTELA ANTECIPADA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER
3.1 - Evolução da tutela nas obrigações de fazer e não fazer
Com efeito, o art. 1.144 do Código Francês dispunha, a propósito da matéria
pertinente à obrigação de fazer (como já devidamente), que o credor, no caso de
inexecução, poderia ser autorizado a, ele mesmo, fazê-la executar a expensas do devedor.
E, no caso de obrigação de não fazer, o art. 1.143 assegurava ao credor o direito de
demandar a destruição de tudo aquilo que fosse realizado pelo devedor em desrespeito à
convenção; e permitia ao credor obter autorização para, ele mesmo, proceder à destruição, a
expensas do devedor.
O Código Civil brasileiro contém iguais previsões nos artigos 881 e 883, ou seja,
em se tratando de obrigação positiva, "se o fato puder ser executado por terceiro, será livre
ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora"; e, em se
tratando de obrigação negativa, "praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara,
o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o
culpado perdas e danos".
O que havia, antes da reforma do art. 461 era a dificuldade de obter a execução, in
natura, que somente poderia dar-se, em juízo, após o trânsito em julgado da sentença
condenatória e dentro de um complicado procedimento executivo (arts. 634, 637 e 642-
29
643). No mais das vezes, o que prevalecia, pela inoperância e complexidade do
procedimento legal, era o recurso à execução indireta, contentando-se o credor em reclamar
problemáticas e insatisfatórias perdas e danos.
As inovações do art. 461 do CPC não vieram modificar as regras materiais das
obrigações de fazer e não fazer, pois estas já consagravam o cabimento da execução
específica, desde que se tratasse de obrigação fungível (isto é, realizável "por terceiro", no
lugar do devedor). O grande marco da reforma está em facilitar e tornar mais efetivo o uso
da execução específica de tais obrigações.
Até mesmo as obrigações infungíveis, antes do Código de 1973 e ainda no regime
do Código de 1939, já contavam com a execução indireta, ou seja, com um processo que
usava a cominação de multas para coagir ao credor a realizar a prestação devida in natura.
Era a antiga ação cominatória, em que a multa poderia ser cominada na própria citação do
réu (CPC, de 1934, arts. 302, XII, e 303, caput ). Não é novidade, destarte, a preocupação
do ordenamento jurídico pátrio com a execução específica das obrigações de fazer e não
fazer.
Assim, o caput do art. 461, ao contrário do que pretendia o direito francês do Século
XIX, coloca em último plano a conversão em perdas e danos, e dá garantia ostensiva ao
direito do credor de exigir, em juízo, o cumprimento in natura da prestação devida, ou de
algo que praticamente a ela eqüivalha.
O Art. 461 não teria evoluído se tivesse sido concebido somente como meio de
garantir acesso à complicada execução forçada dos arts. 634 e ss do CPC.
Procurou o legislador, ao contrário, assegurar para o credor um julgamento que
propiciasse, dentro do possível, a prestação ´in natura´ e ainda no âmbito do processo de
conhecimento obter tutela diferenciada, que, diante de particularidades do caso concreto,
pudessem reforçar a exeqüibilidade da prestação específica pleiteada a fim de satisfazer a
execução.
30
Com efeito, a men legis em relação ao cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer residia-se no fato de compelir o devedor a satisfazer a obrigação (evitando-se a não
menos famosa conversão em perdas e danos), materializada através do art. 461 do Código
de Processo Civil o qual explicitou a tutela específica para cumprimento de obrigação (leia-
se de fazer ou não fazer), prevendo inclusive multa pecuniária par o caso de
descumprimento, ora denominada astrient (art. 461, § 4, do CPC).
Desta forma, importante observar as similitudes entre as tutelas específicas oriundas
do CPC, haja vista que o intuito destas serão compelir o devedor (ou terceiro co-obrigado) a
executar determinada obrigação.
Quando a obrigação for de dar poderemos utilizar da tutela antecipatória prevista
no art. 273 do Código de Processo Civil, ao passo que quando estivermos diante das
obrigações de fazer ou não fazer poderemos utilizarmos da tutela específica do art. 461 do
Código de Processo Civil.
Importante frisar que após a analise mais aprofundada das referidas tutelas
poderemos perceber, através de um simples cotejo analítico, que tais institutos, apesar de
sua natureza e criação, acabam por prestar grande efetividade ao direito subjetivo
demandado, acarretando, por conseguinte, na efetividade e celeridade da tutela
jurisdicional, como restará demonstrado no capitulo posterior.
Antes de adentrarmos ao mérito do IV capítulo, entendemos por oportuno
esclarecer a dinâmica da execução referente a tutela do art. 461 do CPC, a fim de
possibilitar ao leitor uma visão mais abrangente do instituto.
3.2 - Modalidades de execução
O processo de execução é programado para proporcionar ao credor a satisfação
efetiva de seu direito subjetivo, mediante resultados práticos que correspondam à prestação
descumprida pelo devedor, ou que a compensem por equivalentes econômicos. Os atos de
satisfação específica, porém, nem sempre são praticáveis pelos agentes do judiciário. Por
31
isso, às vezes, os atos da execução forçada se limitam a realizar a prestação. Nesse sentido,
pode-se falar em:
a)execução própria, que visa resultados materiais satisfativos diretamente por obra
dos agentes executivos estatais; e
b)execução imprópria, cujos atos não compreendem a realização direta da
satisfação do direito subjetivo do credor, mas apenas exercem coação para levar o devedor
a adimplir.
Na execução própria, outrossim, pode acontecer: a) a execução específica,
mediante entrega do bem devido, in natura; e b) a execução sub-rogatória, quando se
proporciona algo diverso ao credor, mas que equivalha, em sentido prático, à prestação
devida, ou que, pelo menos, indenize a falta da prestação específica.
A reforma do art. 461 do CPC se fez com o evidente e confessado propósito de
imprimir novo ritmo e nova eficiência ao processo de execução, no caso das problemáticas
obrigações de fazer e não fazer.
Nesse campo, o procedimento inovado da execução se caracteriza pela preocupação
de proporcionar, sempre que possível, a execução específica, e, para tanto, são previstos:
a)medidas sub-rogatórias, as mais variadas, cuja prática imediata, pode até
dispensar a actio iudicati, proporcionando, ainda dentro do processo de conhecimento, a
imediata satisfação do direito do credor;
b)a "astreinte" - multa diária aplicável, de ordinário, após a sentença, ou
antecipadamente, nos casos de relevância da pretensão e do risco de frustração da sentença,
caso se tenha de aguardar o trânsito em julgado da condenação. Aqui, o procedimento
executivo para exigir a multa, será o das execuções por quantia certa (art. 461, § 4º do
CPC);
32
c)quando as medidas sub-rogatórias não puderem substituir totalmente a actio
iudicati, o juiz poderá servir-se delas para simplificar ou amoldar o complexo procedimento
normal das execuções de fazer às peculiaridades do caso concreto;
d)além da multa, vários meios de apoio podem ser empregados no reforço da tutela
específica, utilizáveis tanto na antecipação de tutela como na execução normal após a coisa
julgada; meios estes aplicáveis de forma mandamental, de modo a dispensar, a seu respeito,
o rito da actio iudicati.
O art. 461 não teria maior significação se tivesse sido concebido apenas como meio
de garantir o acesso à complicada execução forçada dos arts. 634 e seguintes do CPC, dado
que é notória sua complexidade bem como sua escassa aptidão prática para levar
rapidamente o credor à satisfação in natura de seu direito.
O que, em primeiro lugar, visou o legislador, no novo texto do art. 461, foi
assegurar para o credor um julgamento que lhe propiciasse, na medida do possível, a
prestação in natura, e ainda no âmbito do processo de conhecimento, obter medidas de
tutela diferenciada, que, diante de particularidade do caso concreto pudessem reforçar a
exeqüibilidade da prestação específica e, se necessário, abreviar o acesso à satisfação de
seu direito material.
Não se pode pretender que a execução forçada dos arts. 634 e seguintes do CPC
tenha sido suprimida pela adoção da nova sistemática do art. 461. Nem sempre o juiz usará
a tutela antecipada, que mesmo para as obrigações de fazer e não fazer continua
subordinada às regras gerais do art. 273. Outras vezes, o uso de faculdades criadas pelo art.
461 servirá para determinar apenas o que será o objeto da execução do art. 634 e como ele
será aplicado a seu tempo, ou seja, após a coisa julgada .
Muitas vezes, porém, acolhida a antecipação de tutela em moldes de maior
amplitude, pelas características do caso concreto - como, por exemplo, no caso de
demolição autorizada antecipadamente, ou de conclusão de obra, em igual conjuntura -
totalmente afastada ficará a observância posterior da execução forçada tradicional. Aliás, a
feição interdital do processo de conhecimento autorizada genericamente pelo art. 273, e não
33
apenas especificamente pelo art. 461, traz como conseqüência à possibilidade de as duas
funções jurisdicionais - conhecimento e execução - fundirem-se num mesmo processo.
Numa só relação processual o juiz acerta o direito da parte e o realiza, de sorte que a
sentença, diante da tutela executiva antecipada, em sendo procedente a demanda, se
limitará a tornar definitiva a providência satisfativa já tomada em favor do autor.
Desaparecerá a actio iudicati, por falta de objeto.
Pode-se concluir que o art. 461, posto que incluído entre as normas do
processo de conhecimento, não se limita a propiciar apenas atividade cognitiva ou de
acertamento. Em princípio, sim, o processo apoiado no art. 461 continuará sendo de
acertamento e o juiz cuidará de definir o direito da parte e de assegurar-lhe
convenientemente a execução específica para depois da sentença. Casos, porém, ocorrerão
em que os provimentos antecipatórios e as medidas de apoio se concretizarão ainda na
pendência do processo de conhecimento, eliminando-se, praticamente, a separação, em
processos autônomos e distintos, entre cognição e execução.
3.3 - Síntese acerca da tutela antecipatória do art. 461
O regime atual da tutela das obrigações de fazer e não fazer, no direito processual
brasileiro, apresenta-se com as seguintes características:
a) a execução específica é a prioridade do sistema; o credor somente será remetido
para o equivalente econômico (perdas e danos) se for impossível chegar-se à prestação
devida, ou se for opção sua;
b)a sistemática inovadora instituída pelas medidas coercitivas e sub-rogatórias do
art. 461 se insere no plano das tutelas diferenciadas, e como tal, convive com a execução
tradicional das obrigações de fazer e não fazer. Às vezes a elimina, outras vezes a
complementa e reforça;
34
c)a possibilidade de usar medidas satisfativas em caráter de antecipação de tutela
pode dar ao processo feitio interdital; conhecimento e execução podem ocorrer numa única
relação processual, eliminando a actio iudicati (execução de sentença por outra ação) 19;
d)as astreintes podem ser impostas para reforço da sentença, caso em que incidirão
após a coisa julgada e já no bojo da execução forçada; podem, também, ser aplicadas como
parte do expediente de antecipação de tutela, tornando-se exigíveis de imediato, antes
mesmo da sentença definitiva ;
e)a antecipação de tutela figura como mecanismo importante para alcançar a tutela
específica das obrigações de fazer e não fazer, mas não assume a categoria de liminar
manejável discricionariamente pela parte e pelo juiz (45). Como medidas satisfativas, estão
sujeitas aos requisitos gerais do art. 273 do CPC que devem ser conjugados com os do art.
461; ou seja, como reforço da execução de sentença são adicionáveis, sem maiores
exigências ao procedimento executivo comum; mas como antecipação de tutela, somente as
condições especiais arroladas no art. 273, especialmente o perigo de dano grave e de difícil
reparação e a necessidade de preservar-se a reversibilidade, podem autorizar a quebra do
contraditório e a agressão patrimonial antes da exaustão da ampla defesa, e da formação da
coisa julgada. Há, na verdade, uma teoria geral a ser observada em todos as tutelas de
urgência, sejam cautelares, sejam antecipatórias, e principalmente nestas últimas. Não se
altera o devido processo legal, sem que razões sérias e excepcionais o exijam e justifiquem;
f)a tutela específica é proporcionável à parte não só pela realização exata da
prestação a que se obrigou o devedor, como também por meio de outras providências que,
no efeito prático, produzam resultado equivalente; quer isto dizer que, antes de submeter o
credor a aceitar o equivalente econômico, deve-se tentar obter resultados práticos que,
mesmo não sendo exatamente a prestação devida, a ela se equiparem;
g)a aplicação das medidas de cunho sub-rogatório e coercitivo autorizados pelo § 5º
do art. 461 do CPC se dá por meio de procedimento mandamental, isto é, por ordem do juiz
19 Ferreira, W.S, Tutela Antecipada no âmbito Recursal. São Paulo, RT, 2000, p. 53.
35
exequível de plano, inclusive com apoio de força policial, se necessário; não se sujeitam
tais providências, ao procedimento normal das execuções forçadas 20;
h)o caráter mandamental, porém, aplica-se às medidas de apoio e não à sentença
final condenatória; esta será executada normalmente, após a coisa julgada, segundo o
procedimento adequado à prestação imposta pela condenação; não poderá, então a sentença
ser imediatamente posta em execução, se a apelação for interposta com o duplo efeito legal;
em outros termos: o art. 461 autorizou medidas cautelares e antecipatórias, a serem exigidas
do réu sob forma mandamental, mas não tornou a sentença final provimento de ação
mandamental fora do alcance normal dos efeitos da apelação e capaz de autorizar sempre a
execução provisória antes do julgamento do referido recurso;
i)as medidas do art. 461, § 5º, são enunciadas em caráter exemplificativo, de sorte
que o juiz pode lançar mão de outros expedientes não previstos expressamente em lei,
desde que necessários e compatíveis com a execução a ser implementada; a escolha e
delimitação do alcance da medida coercitiva ou sub-rogatória deverão dar-se dentro dos
padrões ditados pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; só se deferirão,
nessa ordem de idéias, medidas necessárias e que não submetam o devedor a
constrangimentos injustificáveis, diante do objetivo da tutela específica;
j)a aplicação da multa diária, pode ocorrer de ofício, ou a requerimento da parte;
mas as medidas do § 5º do art. 461 só se deferem a requerimento da parte. Em se tratando
de medidas excepcionais, de caráter satisfativo, somente quando a lei as tenha autorizado
expressamente, como se fez em relação às astreintes (§ 4º), é que se terá o juiz como
autorizado a tomá-las ex officio.
3.4 - BREVES CONSIDERAÇÕES AO ART. 461 DO CPC
O drama da justiça estatal é o de atuar de maneira a corresponder à confiança que
nela deposita aquele que se considera vítima de lesão jurídica. A prestação jurisdicional,
para ele, é quase sempre a última esperança.
20 Marinoni. A Antecipação de Tutela, p.45 – 46.
36
A tutela específica e as medidas antecipatórias e sub-rogatórias que a completam
não podem falhar, seja por omissão do órgão judicial, seja por uso injustificado e, portanto,
abusivo. Em qualquer caso o que se desmerecerá, perante o jurisdicionado e ainda no
consenso social, será a própria justiça a quem a ordem constitucional confiou a manutenção
da ordem jurídica e a realização da tutela a todos os direitos subjetivos violados ou
ameaçados. Perder-se a confiança na justiça é o último e pior mal que pode assolar o Estado
Democrático de Direito.
3.5 - COTEJO ENTRE O SISTEMA DO ART. 273 E 461 DO CPC.
Aparentemente, o CPC teria adotado dois regimes distintos de antecipação de tutela
nos arts. 273 e 461, de fato, no art. 273 exige-se que a parte apresente prova inequívoca
conducente à verossimilança do alegado, comprove perigo de dano de difícil reparação e
que os efeitos da providência a ser antecipada não sejam irreversíveis.
Já no art. 461 a lei reclama, como condição da tutela antecipada, a relevância do
fundamento da demanda e o justificado receio de ineficácia do provimento final, caso não
se adiante a prestação jurisdicional provisoriamente. Ora, falar-se em relevância do
fundamento não é outra coisa que exigir-se a verossimilhança de tudo o que arrola o autor
para pretender a tutela jurisdicional. Não há, portanto, diferença profunda, no aspecto do
fumus boni iuris, entre o art. 273 e o art. 461.
Quanto à situação de perigo é exatamente a mesma nas duas hipóteses: o risco de
dano grave e de difícil reparação, de que fala o art. 273 é justamente o fundado temor de
que o provimento final se torne ineficaz, caso a medida do art. 461 não seja antecipada.
Correta, portanto, a observação de que os requisitos legais exigidos pelo art. 461
"estão mais para a tutela antecipatória do art. 273 do que para o processo cautelar. É que
estamos diante de tutela antecipatória e não de tutela cautelar .
A irreversibilidade é de exigir-se, como regra, porque a antecipação de tutela é
forma de execução provisória e toda execução da espécie tem de ser praticada de forma a
prever a eventualidade do retorno ao status quo ante.
37
Mas, embora a lei arrole a irreversibilidade como obstáculo à antecipação de tutela,
a regra, tanto para o art. 273 como para o art. 461, deve ser interpretada como linha de
princípio e não como vedação irremovível. Em regra, não quer a lei que os efeitos da
medida antecipatória sejam irreversíveis. Mas, se o risco de lesão corrido pelo direito do
autor, também apontar para dano irreparável, se consumado, o juiz terá de fazer um balanço
entre as duas situações de perigo para decidir qual delas tutelar. Não poderá simplesmente
cruzar os braços em face da probabilidade de a prestação jurisdicional, pela falta de
prevenção, tornar-se uma completa inutilidade para a parte vencedora da causa.
CAPITULO IV
4 - AS TUTELAS ANTECIPATÓRIAS E A EFETIVIDADE DO PROCESSO
Antes de adentrarmos definitivamente ao cerne do presente capítulo,
cumpre esclarecer que a problemática da morosidade da justiça (não obstante os seus
inúmeros fatos geradores) tem importante correlação com os instituto da tutela
antecipatória, ao passo que, consoante a nossa tese, entendemos que a men legis deste
instituto acaba por corroborar em muito com a resolução de alguns problemas correlatos à
prestação da tutela jurisdicional.
Com efeito, importante salientar que a tutela antecipatória do art. 273,
quando deferida, resolve parcialmente o conflito de interesses posto em juízo (em alguns
casos), bem como a fixação das atrients nos casos de obrigação de fazer ou não fazer,
compelindo o devedor a satisfazer a obrigação.
38
Desta forma, não obstante a evolução do instituto importante asseverar que o
mesmo veio a contribuir de forma singular para a efetividade do processo, ou melhor, da
prestação jurisdicional, estando em perfeita consonância com as diretrizes da
processualística moderna, dentre elas, a efetividade do processo.
Nesta seara, tentamos através do presente trabalho monográfico mostrar não
apenas todos os aspectos do instituto, evolução e principais alterações, bem com a sua
conexão com a efetividade do processo.
Destarte, surge a seguinte indagação? Apesar da correlação existente entre os
institutos da tutela antecipatória e a efetividade do processo poderíamos dizer que a criação
do instituto da tutela antecipatória acabou por benefiaciar a efetividade processual?
Com efeito, poderemos, após a dissertação dos institutos estudados chegarmos
a uma conclusão lógica sobre o instituto.
4.1 – INTRODUÇÃO
O termo efetividade advém do latim efficere, o qual significa produzir, realizar,
estar ativo de fato; de modo que, em se relacionando ao processo, a efetividade
corresponde, nos dizeres de EGAS MONIZ DE ARAGÃO, à "preocupação com a eficácia
da lei processual, com sua aptidão para gerar os efeitos que dela é normal esperar 21".
A questão da realização efetiva do processo vem tomando espaço, cada vez maior,
junto aos processualistas, que passaram a "preocupar-se com um valor fundamental, ínsito
à tutela dos direitos, qual seja, a imprescindibilidade da efetividade do processo, enquanto
21 ARAGÃO, E. D. Moniz. Efetividade do processo de execução. In: ASSIS, Araken de; OLIVEIRA, Carlos Alberto A. de (orgs). O processo de execução: estudos em homenagem ao Professor Alcides de Mendonça Lima. Porto Alegre : Sérgio Antônio Fabris, 1995. p. 127.
39
instrumento de realização da justiça 22".
O Estado, na posição de titular da Jurisdição, assume importante papel, na medida
em que deve assegurar, a todos os cidadãos, a efetivação dos seus direitos, mediante o
instrumento do processo.
Neste contexto, apresenta-se o processo civil como instrumento para a realização da
Justiça e garantia dos direitos e dos interesses individuais. Assim, deve o processo
propiciar, à parte que lhe invocar, a efetividade do resultado que a mesma poderia alcançar,
caso lhe fosse permitido usar dos recursos próprios para exigir o cumprimento da lei. "É
que o processo, para realmente ser efetivo, deve ao menos tentar chegar ao mesmo
resultado prático que seria obtido se espontaneamente fossem observados os preceitos
legais23 ".
Ultimamente, a efetividade é tida como o maior desígnio do processo moderno, tal
como se nota nas palavras de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR24:
"O processo hoje, não pode ser visto como mero rito ou
procedimento. Mas igualmente não pode reduzir-se a palco de
elucubrações dogmáticas, para recreio de pensadores esotéricos. O
processo de nosso final de século é sobretudo um instrumento de
realização efetiva dos direitos subjetivos violados ou ameaçados. E de
22 TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e processo: uma análise empírica das repercussões do tempo na fenomenologia processual (civil e penal). São Paulo : Revista dos Tribunais, 1997. p. 63
23 MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. São Paulo : Revista dos Tribunais, 1993. p. 87-8824 Genesis - Revista de Direito Processual Civil [on line], Curitiba, nº 8, abr-jun/98. Disponível: http:/www.genedit.com.br/3rdpc/rdpc8/doutnac/humberto.htm [capturado em 31/10/99
25 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 5ª ed. São Paulo : Malheiros, 1996. p. 309-310).
26 SLAIBI FILHO, Nagib. Notas sobre a nova redação dada ao art. 557 do Código de Processo Civil pela Lei nº 9.756/98, p. 2. [on line] : http://www.teiajuridica.com/af/557nlei.html
40
realização pronta, célere e pouco onerosa. Enfim, um processo a serviço
de metas não apenas legais, mas, também, sociais e políticas. Um processo
que, além de legal, seja sobretudo um instrumento de justiça. Assim, o
devido processo legal dos tempos de João Sem Terra tornou-se, em nossa
época, o processo justo." (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Execução.
Rumos atuais do processo civil em face da busca de efetividade na
prestação jurisdicional.
Cada vez mais, percebe-se que não basta, ao direito processual, a pureza conceitual
de seus institutos e de seus remédios, mas sim, deve ser observado o resultado prático que
tais institutos propiciam, pois, nos tempos modernos, o que se espera é um processo de
resultado que satisfaça a pretensão dos que o acionam.
CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO tem enfatizado a necessidade de se
estabelecer um novo método de pensamento, para o processualista e o profissional do foro,
conforme se observa:
"O que importa é colocar o processo no seu devido lugar, evitando
os males do exagerado processualismo (tal é o aspecto negativo do
reconhecimento do seu caráter instrumental) e ao mesmo tempo cuidar de
predispor o processo e o seu uso de modo tal que os objetivos sejam
convenientemente conciliados e realizados tanto quanto possível. O
processo há de ser, nesse contexto, instrumento eficaz para o acesso à
ordem jurídica justa25."
Todavia, apesar da crescente preocupação dos juristas quanto à efetividade do
processo, nota-se, também, acentuado interesse no que diz respeito à segurança jurídica
do processo, a qual deve, igualmente, ser observada e assegurada, para que não se atropele
princípios básicos do direito, como o devido processo legal.
Motivados nesses pensamentos, os Ministros do Superior Tribunal de Justiça, com o
apoio do STF, TST e do Legislativo Federal, tiveram a iniciativa de criar uma lei que
primasse pela agilidade recursal, visando minorar o acúmulo dos recursos, sobretudo dos
41
que não possuem a menor condição de admissibilidade ou procedência, resguardando,
entretanto, o devido processo legal.
Destarte, procurou-se agilizar e simplificar as formas procedimentais, de
modo a ensejar, tanto quanto possível, a efetividade do processo como
pressuposto do Estado Democrático de Direito, tendo em vista que o processo é o
instrumento e não o fim da realização do Direito26.
4.2 - Do sincretismo processual advindo com as alterações do art. 273, § 6 e §7 do CPC.
Apenas a título de ilustração, importante salientar que a processualista moderna
avança com o desenvolver de nossa sociedade, exteriorizando-se tais mudanças através
através de nossa legislação.
Com efeito, frise-se que a evolução da processualista moderna, não apenas em sede
doutrinária, acaba por influenciar o legislador ordinário, acarretando na mudança de alguns
institutios, principalmente a partir do advento das Leis 10.253 e 10.358 ambas de 2001; e
mais recentemente das Leis 11.187/05; 11.232/05; 11.276/05; 11.277/05 e 11.280/05.
Desta forma podemos destacar a inclusão dos § 6 e § 7 ao art. 273 do CPC, sendo
certo que esta fora uma das maiores inovações do direito processual brasileiro até o final do
século XX.
Segundo ensinamentos do Mestre J. E. Carreira Alvim27, um dos pontos mais
importantes da reforma, veio através do § 7º do art. 273 do CPC, que é a manifestação de
lege lata do fenômeno denominado sincretismo processual. E complementa: O sincretismo
processual traduz a tendência do direito processual de combinar fórmulas e procedimentos,
de modo a possibilitar a obtenção de mais de uma tutela jurisdicional, simplicter et de plano
27 J. E. Carreira Alvim, Alterações do Código de Processo Civil, Ed. Impetus, 03º edição, Rio de janeiro, 2006, pág. 58.
42
(de forma simples e de imediato), no bojo de um mesmo processo, com o que, além de
evitar a proliferação de processos, simplifica e harmaniza a prestação jurisdicional.
Desta feita, percebe-se, de plano, que o instituto da tutela antecipatória acompanha a
evolução doutrinária e legislativa acerca das inovações trazidas pela processualista modera,
principalmente relativas ao campo da tutela antecipatória, posto que, como observado, a
aludida tutela acaba por influenciar no campo da tutela antecipatória.
5 - CONCLUSÃO
Inicialmente cumpre esclarecer que o presente trabalho monográfico teve por
intuito analisar o instituto da tutela antecipatória, em suas variadas abrangências, abordando
os aspectos processuais mais relevantes pertinentes ao art. 273 e art. 461 do Código de
Processo Civil.
Não obstante, vemos que a problemática da morosidade de nosso judiciário, nos
dias atuais, tem trazido grande preocupação à sociedade brasileira, tendo em vista os
enormes prejuízos advindo de tal sistemática.
Com efeito, na contra-mão desta morosidade caminha as diretrizes doutrinárias e
jurisprudenciais da processualista moderna, ora fomentada pela direito alienígena,
principalmente o Italiano, dentre outros, acarretando em uma maior efetividade do
processo.
43
Desta forma procuramos com a presente obra demonstrar ao leitor a
peculiaridades do referido instituto e sua interconexão para com a efetividade do processo.
Assim sendo, entendemos que a o instituto da tutela antecipada, fomentando pala
evolução doutrinária da processualística moderna, vem corroborando em muito para a
efetividade do processo, haja vista que tenta prover a parte o uma possível tutela que, via de
regra, só poderia ser concedida em um provimento final (leia-se: sentença), antecipando
parcialmente (em alguns casos) o provimento jurisdicional pretendido, evitando-se
eventuais lesões à parte que pleiteia tal pedido.
Importante observar que a morosidade de nosso judiciário tem sua gênese em
inúmeros aspectos, tanto administrativos, bem com de ordem legislativa (material e
processual).
Não obstante a situação fática supramencionada, importante salientar que o instituto
da tutela antecipatória, ao nosso sentir, colaborou em muito para a efetividade do processo,
ao passo que pode proporcionar as partes antecipação de uma pretensão (nos caos do art.
273), ou até mesmo a efetivação de um direito (nos casos das obrigações de fazer ou não
fazer, art. 461, face a coercibilidade das astrinets).
Diante do exposto, entendemos que o instituto da tutela antecipatória veio a
corroborar de forma singular para com a efetividade do processo, caminhando no mesmo
caminho da processualística moderna, ao passo que as alterações do CPC advindas nos
últimos anos, principalmente em relação a este instituto, só vem a corroborar para com a
tese supramencionada.
Em que pese a incapacidade de tal instituto em exaurir a morosidade do judiciário
(tendo em vista os inúmeros problemas existentes), acreditamos que este é essencial à
efetividade da justiça, pois proporciona ao requerente a possibilidade de ver sua pretensão
44
satisfeita de forma mais célere, fazendo com que o processo encontre o seu fim perseguido,
que é dar aquele de direito a prestação jurisdicional mais ampla efetiva.
6 - BIBLIOGRAFIA
1- Lições de Direito Processual Civil; Câmara, Alexandre Freitas; Vol I; 08º edição; editora Lumem Iuris; ano 2003, pág. 111.
2- Lições de Direito Processual Civil; Câmara, Alexandre Freitas; Vol I; 08º edição; editora Lumem Iuris; ano 2003, pág. 112-115.
3 - Novos Perfis do Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Editora Dei Rey. 1996. P.23.
4- idem. p. 22
5 - idem p.23
6 - FERREIRA, Wilian santos; Tutela antecipada; ed. Renovar, 1994, p. 167.
7 - Dinamarco, C. A reforma do CPC; 02º edição, ed. Malheiros, 1995, p. 138.
8 - Marinoni. A antecipação de tutela. p.170
9 - Cruz e Tucci, Jr; lineamentos da nova reforma do CPC, 02º edição, São Paulo ed. Malheiros, 1995; p. 105.
45
10 - Exemplo adaptado do texto Antecipação da Tutela: utopia ou realidade de Edgard António Lippmann Jr.
11- PAVAN, Dorival Renato, e CARVALHO, Cristiane da Costa. Tutela Antecipada em face da Fazenda Pública para recebimento de verbas de cunho alimentar. RP n.º 91. P. 137
12 -NERY JÚNIOR, Nelson. NERY, Rosa Andrade. Código de Processo Civil Comentado
13 - Segundo Nelson Nery Jr., a redação do “Caput” do CPC 273 comporta um pequeno reparo, pois se utiliza do pleonasmo “pedido inicial”, quando não há pedido que não seja deduzido por petição inicial
14- DINAMARCO, Cândido Rangel, A reforma do CPC, 02º edição, Ed. Malheiros, 1995.
15 -DINAMARCO, Cândido Rangel, A reforma do CPC, 02º edição, Ed. Malheiros, 1995.
16 Jurisprudência Temática. Tutela Antecipada. RT 740/164.
17 Carreira Alvim, J.E, A reforma do CPC, Ed. Impetus, 2005.
18 DINAMARCO, Cândido Rangel, ibidem.
19 Ferreira, W. S, Tutela Antecipada no âmbito Recursal. São Paulo, RT, 2000, p. 53.
20 Marinoni. A Antecipação de Tutela, p.45 – 46.
21 - ARAGÃO, E. D. Moniz. Efetividade do processo de execução. In: ASSIS, Araken de; OLIVEIRA,Carlos Alberto A. de (orgs). O processo de execução: estudos em homenagem ao Professor Alcides de Mendonça Lima. Porto Alegre : Sérgio Antônio Fabris, 1995. p. 127.
22 - TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e processo: uma análise empírica das repercussões do tempo na fenomenologia processual (civil e penal). São Paulo : Revista dos Tribunais, 1997. p. 63
23 - MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. São Paulo : Revista dos Tribunais, 1993. p. 87-88.
24 - Genesis - Revista de Direito Processual Civil [on line], Curitiba, nº 8, abr-jun/98. Disponível: http:/www.genedit.com.br/3rdpc/rdpc8/doutnac/humberto.htm [capturado em 31/10/99
25 - DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 5ª ed. São Paulo : Malheiros, 1996. p. 309-310).
26 - SLAIBI FILHO, Nagib. Notas sobre a nova redação dada ao art. 557 do Código de Processo Civil pela Lei nº 9.756/98, p. 2. [on line] : http://www.teiajuridica.com/af/557nlei.html
27 - J. E. Carreira Alvim, Alterações do Código de Processo Civil, Ed. Impetus, 03º edição, Rio de janeiro, 2006, pág. 58
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