acordaos resumidos 2 camilo ruliere - privado
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Banca TJRJ 2013 - Camilo Rulière
1 - Gratuidade de Justiça.
O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de
recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o
pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa.Por fim, cumpre salientar que
a isenção do pagamento das custas e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do
demandante, isto porque, se a mera dificuldade financeira não tem o condão de elidir o pagamento de
tributos em geral, assim também não o tem quanto ao pagamento das despesas processuais e
honorários advocatícios. Diante de tais circunstâncias, não pode o agravante ser considerado miserável
juridicamente para os fins do artigo 4º da Lei 1060/50 e artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição
Federal.Portanto, não demonstrada, de maneira inequívoca, a hipossuficiência, deve ser mantida
decisão que indeferiu a gratuidade de justiça.
O benefício da gratuidade de justiça deve observar a real necessidade da parte, carente de
recursos, para ser deferido, não bastando a simples alegação de não ter condições de arcar com o
pagamento das despesas processuais, por se tratar de presunção relativa.No caso dos autos o primeiro
agravante recebe soldo de inativo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que, em abril de 2011,
chegava ao limite de R$3.708,47, como se observa em fl. 22, o que exclui a condição de miserável
jurídico.Ademais, o primeiro agravante faz prova de seus proventos quando ostentava a condição de II
Sargento PM, situação alterada, como se constata pelo documento de fl. 17, que aponta a graduação de
Subtenente, cujo soldo, evidentemente, é maior que o de Sargento.Tal circunstância aponta sonegação
de informação, tangenciando a litigância de má fé.Cumpre salientar que a isenção do pagamento das
custas judiciais e da taxa judiciária depende do estado de miserabilidade jurídica do demandante, isto
porque a mera dificuldade financeira não tem o condão de elidir o pagamento de tributos em geral,
assim também não o tem quanto ao pagamento das despesas processuais e dos honorários
advocatícios.Portanto, não demonstrada, de maneira inequívoca, a hipossuficiência, deve ser mantida a
Decisão que indeferiu a gratuidade de justiça no presente caso
2 - Nulidade da citação - Pessoa Jurídica
As regras do artigo 223, parágrafo único do Código de Processo Civil, bem como a Súmula nº
118 deste Tribunal de Justiça.“A citação postal comprovadamente entregue à pessoa física, bem assim
na sede ou filial da pessoa jurídica, faz presumir o conhecimento e a validade do ato”.Outrossim, não
obstante a alegação da agravante no sentido de que a citação teria sido recebida por pessoa sem
poderes de gerência geral ou de administração da empresa, nenhuma prova foi trazida neste sentido.
Aliás, mesmo na hipótese da referida pessoa não ter ou nunca ter tido os poderes referidos pela
agravante, não altera a realidade fático-processual, certo que se trata de pessoa ligada à empresa e cuja
assinatura de recebimento está aposta junta a carimbo de identificação da ré. Arremate-se que a
diligência citatória se deu na sede da empresa recorrente, ou seja, no mesmo endereço indicado nas
razões do presente Agravo de Instrumento, que é sua sede, segundo fl. 08. Nestas circunstâncias, o
decreto de revelia está correto, inexistindo violação ao artigo 247 do Código de Processo Civil, não
merecendo reforma a Decisão agravada.
3 - Inépcia da inicial - Afastamento.
A petição inicial, sem dúvida, preenche os requisitos do artigo 282 do Código de Processo Civil,
contendo a causa de pedir e os pedidos, sendo que da narrativa dos fatos decorre conclusão lógica,
cujas pretensões são claras. Destarte, a exordial permite a verificação dos elementos identificadores da
demanda, sem comprometer o direito de defesa do demandado.
4 - Rito Sumário - adiamento da audiência e nova citação.
Não merece prosperar o pleito de nulidadeda Sentença, uma vez que, conforme é possível
constatar de fls.138/139, o Espólio foi citado e intimado por Oficial de Justiça, atravésda inventariante,
para a audiência de conciliação, instrução e julgamentoa ser realizada em 03/02/2011.A retirada do
feito da pauta de audiência,em fl. 140, com nova designação de data posterior, fl. 141, não nulifica
acitação e não torna necessário novo procedimento citatório.A intimação sobre a nova data
deaudiência, fls. 143 e 145, não é nula, porque realizada por via postal, nosmoldes do artigo 238 do
Código de Processo Civil, sendo regularmente
enviada pelo correio e recebida no mesmo domicílio onde teria sidoefetivada a citação pessoal.
Indiscutível que segundo o disposto no artigo 241, inciso I do Código de Processo Civil, o prazo para
contestar é computado da juntada aos autos do aviso de recebimento, no caso de citação postal, não
havendo a previsão de que o dies a quo se inicie no momento da inclusão da informação no Sistema
5 - Informação equivocada no sítio do TJRJ - Prazo processual.
Informatizado do Tribunal de Justiça. Entretanto, uma vez que o Tribunal de Justiça do Estado
do Rio de Janeiro pretende manter informatizado todo o Poder Judiciário, sem dúvida, para o
desempenho de tal mister, existe a necessidade de precisão nas informações lançadas no terminal de
computador,principalmente para dar publicidade e ciência, de forma transparente, de todos os atos
processuais. Ademais, com a evolução da informatização, serviço que deve ser confiável, retira-se a
obrigação de o advogado comparecer, diariamente ao Cartório, para verificar se o mandado de citação
ou o aviso de recebimento foi juntado aos autos, para computar o início do prazo de contestação. Logo,
na hipótese dos autos, a data da juntada do aviso de recebimento deveria ter sido lançada na Intranet e,
se não foi este o proceder, não se pode prejudicar a parte por erro de Serventuário da Justiça.
Mesmo posicionamento do STJ : A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) alterou a
jurisprudência e considerou tempestivo um recurso apresentado fora de prazo em razão de erro no site
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). “A jurisprudência deve acompanhar a realidade em que
se insere, sendo impensável punir a parte que confiou nos dados fornecidos pelo próprio Judiciário”,
ponderou o ministro Herman Benjamin, relator do recurso. A decisão foi unânime. "A divulgação do
andamento processual pelos tribunais, por meio da internet, passou a representar a principal fonte de
informação dos advogados em relação aos trâmites do feito”, “Ainda que não se afirme que o prazo
correto é aquele erroneamente disponibilizado pela internet, não é razoável frustrar a boa-fé que deve
orientar a relação entre os litigantes e o Judiciário”.
Para o ministro, deve-se afastar o rigor excessivo na contagem dos prazos processuais quando o
descumprimento decorre de fato que não dependeu da vontade da parte, mas diretamente de erro
cometido pelo Judiciário.
6 - CDC E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA UNIMED
6.1 - O Tribunal tem reconhecido, de forma uníssona, que, não obstante a Unimed Cabo Frio ser
pessoa jurídica distinta da Unimed Rio, ambas integram o mesmo conglomerado econômico, que, no
caso, é conhecido através da propaganda conjunta realizada por todo o grupo como “Sistema
Cooperativo Unimed” e, assim, respondem solidariamente pelo atendimento médico/hospitalar de
qualquer associado, independentemente da cooperativa específica a qual ele se filiou.
6.2 - Na hipótese em análise, é possível constatar que ao firmar o contrato originário, os
demandantes visavam à prestação de serviços pela empresa Unimed, desconhecendo, totalmente,
como a quase totalidade dos usuários/consumidores de plano de saúde, a existência de diversas pessoas
jurídicas com a marca Unimed, mas identificadas por Unimed Caxias, Unimed Rio, Unimed Manaus,
Unimed Niterói, Unimed Governador Valadares etc. Logo, os usuários do plano de saúde não podem ser
prejudicados, uma vez que todas as sociedades integrantes do chamado “complexo empresarial
cooperativo UNIMED” se apresentam perante os pretensos clientes como se, efetivamente, fossem
Consigne-se que o próprio legislador consumerista, preocupado em resguardar os interesses do
consumidor, estabeleceu nos artigos 7º, parágrafo único e 25, parágrafo 1º, a solidariedade de toda a
cadeia de fornecimento. Portanto presente a legitimidade passiva. Diante de tais circunstâncias, mostra-
se incontroversa a ilicitude da conduta da empresa ré, visto que, mesmo na vigência do contrato
adimplido, deixou de disponibilizar à autora os tratamentos indispensáveis para a cura de suas
patologias.
7 - Lei de locações.
A caução a que se refere o artigo 37, inciso I da Lei nº 8.245/91, é dada em garantia ao
cumprimento das obrigações assumidas no contrato de locação, não servindo como forma de
antecipação de pagamentos dos alugueres e encargos.
8 - Princípio da instrumentalidade das formas.
Com efeito, as garantias constitucionais do amplo contraditório, da instrumentalidade do
processo e do acesso à justiça, em detrimento do apego exagerado ao formalismo, autorizam a
aplicação da melhor interpretação possível dos comandos processuais, para se permitir o equilíbrio na
análise do direito material em litígio. Na verdade, o ordenamento processual adota o princípio da
instrumentalidade das formas e permite o aproveitamento do ato que, embora realizado de outra
forma, alcance a sua finalidade. No caso em comento, não há que se falar em revelia, pois o réu
protocolizou contestação, tempestivamente, em 07/07/2008, fl. 74, dez dias antes da realização da
audiência prevista no artigo 277 do Código de Processo Civil, que já havia sido redesignada em fl. 65.
Além disso, a parte compareceu à mencionada audiência acompanhada de advogado, configurando, a
exigência da apresentação da defesa no exato momento da realização da audiência, excesso de
formalismo que não se coaduna com os princípios da celeridade e instrumentalidade processuais.
9 - Responsabilidade objetiva
Ausência de distinção entre usuários e nãousuários do coletivo.Artigo 932, inciso III do Código
Civil –Responsabilidade da empresa por ato deseu preposto.Comprovados o fato, o dano e o nexocausal
e não havendo excludente de
responsabilidade, surge o dever deindenizar.Quantum indenizatório que observou oscritérios da
proporcionalidade e darazoabilidade, além do caráter pedagógicopunitivo da verba, devendo ser
rechaçada aredução pretendida.Denunciada/seguradora que deve arcarcom a restituição do valor da
condenação,
dentro do limite da Apólice.Sucumbência recíproca que deve sermodificada – Aplicação do artigo
21,parágrafo único do Código de ProcessoCivil - Desprovimento do Agravo Retido eda Apelação da
seguradora, provimentoparcial do recurso da ré e provimento doRecurso Adesivo.
No entanto, equivocada a tese defensiva,porque a responsabilidade da empresa transportadora de
passageiros éobjetiva, conforme estabelece o artigo 37, parágrafo 6º da ConstituiçãoFederal, devendo a
concessionária responder pelos danos que seusagentes causem a terceiros, usuários ou não usuários do
serviço.
No mesmo sentido, o artigo 927, parágrafoúnico do Código Civil, que estabelece, ainda, no artigo 932,
inciso III,que a empresa responde pelos atos de seu preposto.
Ressalte-se que para a atribuição dareferida responsabilidade, o mencionado dispositivo legal
especificaapenas o sujeito ativo, qual seja, a pessoa prestadora de serviço público,cujos agentes
causadores do dano estejam no exercício da atividadeconcedida, não estabelecendo a condição do
sujeito passivo, nãoexigindo, portanto, que este possua a condição de passageiro ou usuáriodo
transporte.A interpretação, no caso, não deve serrestritiva, devendo a mesma ater-se ao princípio da
isonomia, haja vistanão haver qualquer distinção entre terceiros usuários e não usuários,porquanto
ambos podem sofrer danos decorrentes da ação praticada porprestador de serviço público.Logo,
merece ser afastada a pretensão dosrecorrentes no sentido da aplicação da responsabilidade civil
fundada nateoria subjetiva.Entretanto, tal discussão transparecedispensável à luz da prova coligida nos
autos, porque mesmo que aresponsabilidade fosse subjetiva, nos autos está provada a imperícia
dopreposto da empresa de ônibus.
Todavia, o pleito da ré no que concerne aresponsabilidade integral da seguradora merece
prosperar.Note-se que com relação à lide secundária,o decisum considerou, equivocadamente, que o
IRB seria responsávelpelo pagamento de 71% dos valores segurados, de modo que alitisdenunciada
deveria indenizar a ré, com o correspondente a 29% deR$ 80.000,00 contratados no negócio jurídico
entre concessionária eseguradora.A prevalecer tal entendimento, não haverátítulo que dê
embasamento para a concessionária executar, nos autos, adiferença de 71% do IRB, uma vez que, além
de inexistir contrato entre aempresa ré e o IRB, na parte dispositiva da Sentença não há condenaçãodo
Instituto a ressarcir à demandada.Por tais razões, a Nobre Seguradora doBrasil S/A deve arcar com a
restituição do valor da condenação, nostermos do limite do contrato firmado, ou seja, R$ 80.000,00 (fl.
94).
Faz jus a alteração da Sentença tambémem relação aos ônus sucumbenciais da lide principal, que
deverão ficar acargo da ré, na forma do artigo 21, parágrafo único do Código deProcesso Civil, haja vista
que, não obstante a improcedência dos pedidosde pensionamento e ressarcimento das despesas com
funeral, a autordecaiu de parte mínima do pedido, sendo os honorários de 10% e asdespesas
processuais por conta da demandada.
10 - art. 466 - A, CPC.
10.1- Cuida-se de Ação de Obrigação de Fazer proposta por Paulo Rodrigues da Costa e outra,
em face de Harsco do Brasil Participações e Serviços Siderúrgicos Ltda., objetivando condenar a ré a
outorgar a escritura de compra e venda definitiva do lote nº 10, da quadra B, da Avenida do Canal nº 60,
Volta Redonda/RJ, bem como ao pagamento de dano material no valor de R$15.480,21, referente a
perda do valor aquisitivo da última prestação de negócio realizado com terceiro, e de dano moral.
Narramos demandantes que em fevereiro de 1993, celebraram junto à ré o Instrumento Particular de
Promessa de Compra e Venda, com quitação de dívida, fls. 15/16vº, do sobredito imóvel, matriculado no
Registro Geral de Imóveis sob o nº 19.160, conforme se verifica às fls. 17/vº, em nome de Sobremetal
Recuperação de Metais Ltda., cuja denominação atual é Harsco do Brasil Participações e Serviços
Siderúrgicos Ltda.Sustentam que não obstante ficar estabelecido que a promitente vendedora
providenciaria a documentação para a transferência do lote em prazo razoável, esta não logrou
apresentar a certidão negativa do INSS e da Secretaria da Receita Federal, impedindo a lavratura da
Escritura Pública de Compra e Venda. Aduz que em maio de 2002 recebeu uma oferta de venda do
imóvel para a Fundação Educacional Rosemar Pimentel -FERP, sob a condição de que seria conferida a
integralização do preço, no valor de R$ 35.000,00, apenas no ato da lavratura deescritura pública,
conforme cláusula 1ª do Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda de fl. 18/20, e, assim,
faltando 120 dias para o vencimento da última parcela, concedeu igual prazo à ré para que lhe
entregasse toda a documentação pendente, no entanto, tal pleito não foi cumprido, deixando o autor
de receber o valor de R$35.000,00, referente à parcela final. Devem ser rejeitadas as preliminares
arguidas pela ré, de falta de interesse de agir, ilegitimidade ativa e ausência de participação da FERP na
demanda. Na hipótese, não está configurado o alegado litisconsórcio passivo necessário, pois,
diferentemente do alegado pela ré, não estão preenchidos os requisitos do previstos no artigo 47 do
Código de Processo Civil, para sua formação. Ressalte-se que a pretensão dos autores na demanda é
regularizar o registro definitivo do imóvel negociado junto à ré, através da Escritura Pública de Compra e
Venda em seus nomes, sendo certo que posterior contrato celebrado com terceiros, no caso a FERP, não
retira a necessidade do referido registro, em obediência ao princípio da continuidade do registro
público. Pelos mesmos motivos não há que se falar em ausência de legitimidade ativa ou de interesse
processual, já que restou comprovado pelo documento de fls. 15/16, que o referido instrumento
particular foi firmado entre as partes desta lide, e que passados quase 20 anos ainda não foi registrado o
imóvel em nome dos autores, perante o Registro Imobiliário, visando a viabilizar a lavratura de escritura
pública de compra e venda pelos demandantes em favor da FERP. Consigne-se que não há violação ao
artigo 1418 do Código Civil, porque os autores devem regularizar o imóvel em seus nomes, para que
possam transferir a propriedade para a FERP. Superadas as questões, considerando o compromisso de
compra e venda firmado em 18 de fevereiro de 1993, bem como a realização do pagamento integral do
preço, os compromissários compradores possuem o direito de exigir a outorga da escritura definitiva de
compra e venda do imóvel, como permite o artigo 15 do Decreto-lei nº 58/37. Portanto, sendo a ré a
promitente vendedora do domínio do imóvel, tal condição lhe atribui a legitimidade passiva e confere a
mesma o dever de outorgar a escritura definitiva aos autores, como forma de preservar o princípio da
continuidade registral insculpido nos artigos 195 e 237 da Lei 6.015/73. Entretanto, na hipótese em tela,
a pretensão autoral acerca da substituição de vontade da ré pelo título judicial, com respaldo no artigo
466-A do Código de Processo Civil, merece prosperar.Compete ao Poder Judiciário velar pela aplicação
do princípio da efetividade da tutela jurisdicional.No caso, os autores não visam o simples recebimento
da multa (astreinte) decorrente de eventual descumprimento da obrigação de outorgar a escritura
definitiva, mas a substituição do devedor inadimplente, no caso, a ré, que não outorgou oinstrumento
público, embora tenha recebido integralmente o preço, porque não tem condições de obter Certidões
Negativas de Débitos do INSS e da Receita Federal. Os autores não podem ser prejudicados pela desídia
e leviandade da empresa demandada, que não cumpre suas obrigações sociais, previdenciárias e fiscais.
Portanto, cabível a aplicação do artigo 466-A do Código de Processo Civil, desde logo, sendo a escritura
pública substituída pela Sentença/Acórdão, que valerá com título para registro do imóvel em nome dos
autores, perante o Registro Imobiliário, cabendo ao órgão a quo expedir a Carta de Adjudicação do
Imóvel em favor dos autores, com registro desta no Cartório Imobiliário. As dívidas perante o INSS e
Receita Federal devem (ou já estão sendo cobradas) ser pleiteadas pelos entes públicos, pelas vias
próprias, não podendo os autores, frise-se, ser prejudicados por ato da ré.Além disso, não está prescrita
a pretensão de obtenção de dano moral decorrente da inexistência de outorga da Escritura Pública de
Compra e Venda, pela ré, em favor dos autores, porque a lesão se perpetua no tempo, não sendo
cabível aplicar-se o instituto da prescrição (seja trienal ou qualquer outro prazo), enquanto subsistir a
lesão ao direito da parte, cabendo a reforma da Sentença também nesta parte, fixando-se indenização
por dano moral em favor dos demandantes no valor de R$ 40.000,00, importância monetariamente
corrigida a contar da lavratura do presente Acórdão, e acrescida de juros de mora de 1% ao mês, desde
a citação. Também presente o dano material, porque os autores receberão o valor fixo de R$ 35.000,00,
referente à última parcela do negócio jurídico pactuado com a FERP, apenas quando for lavrada a
escritura pública, pelos demandantes, em favor da referida pessoa jurídica, o que ensejou prejuízo
relacionado com a diferença de correção monetária, correspondente a R$ 15.480.21, a teor dos
artigos186 e 927 do Código Civil, importância monetariamente corrigida da distribuição, na forma do
artigo 1º, parágrafo 2º da Lei nº 6.899/81, e com juros de 1% ao mês desde a citação.
10.2- Típica relação de consumo – Aplicação da Lei nº 8078/90. A farta prova documental acostada aos
autos demonstra a celebração do Contrato Particular de Compra e Venda de unidade imobiliária em
construção, firmado entre a autora e a empresa ré, através de seu representante legal, com o
pagamento da importância de R$ 125.000,00. Cláusulas sexta e sétima do referido instrumento que
condicionam o saldo no valor de R$ 45.000,00 à lavratura da Escritura Definitiva, mediante a concessão
do habite-se – Valor depositado no curso da lide, em cumprimento ao artigo 466-C do Código de
Processo Civil. Acórdão que substitui a Escritura Definitiva – Artigos 466-A e 466-B do Diploma
Processual. Danos morais configurados, uma vez que a postura da construtora não ficou circunscrita à
simples recusa de assinar uma escritura, mas sim na dúvida suscitada sobre a idoneidade da autora –
Quantum indenizatório fixado com observância dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade -
Reforma da Sentença - Provimento da Apelação.
10.3- Cuida-se de Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória em que a autora pleiteia a lavratura da
escritura definitiva do imóvel situado à Rua Francisca Sales nº 397, bloco 01, apartamento 502,
adquirido junto à ré, bem como o ressarcimento pelos prejuízos sofridos em razão de atraso na entrega
da unidade residencial. Ao caso aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, por força do disposto nos
artigos 2º, 3º e 53 da Lei n° 8078/90, por se tratar de típica relação de consumo. Verifica-se através do
Contrato Particular de Promessa de Compra e Venda, datado de 02/10/2005 (fls. 23/25), que a autora
adquiriu unidade imobiliária em construção, pagando naquela oportunidade ao representante legal da
empresa ré, a quantia de R$ 125.000,00, conforme recibo acostado em fls. 17/18. Na ocasião, ficou
convencionado entre as partes que a quitação do preço da transação no valor de R$ 45.000,00 seria
efetuada na lavratura da Escritura de Compra e Venda, mediante a apresentação da carta de habite-se
(cláusulas sexta e sétima do Contrato Particular - fl. 24). Ocorre que, segundo se depreende do
documento de fl. 16, o habite-se que seria requisito fundamental para conclusão do negócio, somente
ocorreu em janeiro de 2008. Contudo, a construtora não cumpriu sua obrigação contratual, obrigando a
compradora, inclusive, a notificá-la (fls. 26/32), com o objetivo de realizar a lavratura da escritura, com
simultânea quitação do valor ainda pendente. A farta prova documental acostada aos autos demonstra,
ainda, que o representante legal da empresa ré, devidamente habilitado através da procuração de fl.
103, somente deixou de responder pela firma após a transação objeto do litígio, ou seja, em dezembro
de 2005, conforme comunicado de fl. 14. O Instrumento Particular de Transação e Outras Avenças,
datado de setembro de 2007 (fls. 19/22), por sua vez, ratifica o Contrato de fls. 23/5, assinado em
02/10/2005, reconhecendo a autora como legítima adquirente do imóvel em questão. Por outro lado, a
autora logrou atender a determinação constante do item 1 do despacho de fl. 98, anexando os
documentos de fls. 103/131. Por fim, importante salientar que a recorrente procedeu ao depósito
judicial do valor referente à integralização do preço do imóvel, devidamente corrigida (fl. 159),
cumprindo a regra do artigo 466-C do Código de Processo Civil, fazendo jus, indubitavelmente, a
lavratura da escritura definitiva, que será substituída pelo Acórdão, a teor dos artigos 466-A e 466-B do
Diploma Processual.
Razão também assiste a apelante em sua pretensão à indenização pelos danos morais suportados. Com
efeito, a hipótese não pode ser tratada como mero inadimplemento contratual, sendo patente a ofensa
aos direitos da personalidade, não só diante da inconteste e contumaz desídia das construtoras e
incorporadoras nos empreendimentos imobiliários, mas principalmente, a postura da construtora que
não ficou circunscrita à simples recusa de assinar uma escritura, mas sim na dúvida suscitada sobre a
idoneidade da autora. O dano moral, portanto, configura-se in reipsa, derivando, inexoravelmente, do
próprio fato ofensivo, de tal modo que, provado este fato, está demonstrado o dano moral, numa típica
presunção natural, que decorre das regras da experiência comum.
11- Administrativo. Reajuste salarial.
Superadas as preliminares, o implemento do direito, por via administrativa, foi concedido de
forma parcelada – Pretensão de recebimento em parcela única.
Distinção entre aumento de salário e reajuste salarial – Vedação que abarca o aumento, mas não atine
ao reajuste, dada a diversidade de natureza. Não há problema em relação à Lei de Responsabilidade
Fiscal, porque o artigo 22, inciso I da Lei Complementar nº 101/2000 não impede o gozo de direito
reconhecido por decisão judicial. Pagamento das parcelas, deduzidas aquelas já implementadas, e das
vencidas, respeitada a prescrição quinquenal – Correção monetária na forma dos índices da
Corregedoria Geral de Justiça e juros de mora de 1% ao ano, a contar da citação, de acordo com os
artigos 405, 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código Tributário Nacional, porque
declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal o artigo 1º-F, da Lei 9.494/97, com a redação
anterior à Lei 11.960/2009
12- Pressupostos processuais.
É certo que a extinção do processo por inércia do autor emprovidenciar os meios necessários à
efetivação da citação só pode serdecretada após a sua intimação pessoal, para que lhe seja assegurada
aampla defesa, o que não ocorreu no caso em tela.Indiscutivelmente a hipótese em exame é a do inciso
III doartigo 267 do Código de Processo Civil, e não do inciso IV do mesmodispositivo legal, porque não se
trata de indeferimento da inicial porausência de interesse processual ou falta de pressuposto processual
parao válido desenvolvimento da relação jurídico-processual, mas pelo fatode a autora não ter se
manifestado após o prazo de 90 dias de suspensãodo feito, concedido através da decisão de fl. 71,
conforme certidão de fl.
Ressalte-se que os efeitos da desídia da parte não podem serpotencializados de modo a obstar o acesso
ao Judiciário e permitir odescumprimento de regras processuais, certo que se deve ter em mira abusca
de uma prestação jurisdicional célere, justa e eficaz, tendo comoescopo a efetividade do processo,
respeitando-se, no entanto, a Lei.Consequentemente deve a Sentença ser anulada para sedeterminar
que o feito prossiga em seus ulteriores termos, com aobservância da regra do parágrafo 1º do artigo 267
do DiplomaProcessual.
13 - Ação Reivindicatória
Autores queadquiriram a propriedade do lote deterreno objeto da demanda por herança,nos
autos de Inventário de HabibZain -Alegação de falsidade na assinatura dedois dos seis herdeiros que
prometeramvender o lote – Demanda alvejandoescritura pública lavrada em 1964.
Demanda madura, inexistindocerceamento de defesa, porque a provadocumental permite o
julgamentoantecipado da causa.Anterior Escritura de Promessa deCompra e Venda lavrada em 1959,
naqual a esposa e 06 herdeiros do falecidotransferiram direitos sobre área maior aterceiro, não incluído
no pólo passivo –Posterior Escritura Pública de Promessade Venda de Benfeitorias, lavrada em1964, na
qual o promissário compradortransferiu seus direitos sobre o lotelitigioso, ao réu.Ausência de
comprovação de falsidadena assinatura de uma herdeira, aposta emProcuração Pública, por perícia
realizadaem outro feito – Inexistência de laudopericial de falsidade na assinatura dasegunda
herdeira.Prescrição extintiva - Título quetransfere direitos ao réu, lavrado em1964, ou seja, 44 anos
antes dapropositura da presente demanda,ocorrida em 19 de fevereiro de 2008,motivo pelo qual se
encontra prescritapretensão autoral para reivindicar oimóvel – Artigo 177 do Código Civil
de1916.Prescrição aquisitiva tambémcaracterizada, haja vista a imissão naposse do autor ocorrida em
1964 -
Artigos 550 e 551 do Código Civil de1.916 – Desprovimento da Apelação.
14 - Legitimidade do espólio - dano moral.
Ação Declaratória c/c Indenizatória – Contrato de telefonia móvel - Negativação ocorrida após a
comunicação do óbito da titular das quatro linhas telefônicas e do pedido de cancelamento. Sentença
que julgou parcialmente procedentes os pedidos para confirmar a decisão que concedeu a tutela
antecipada e decretar a resolução dos contratos de prestação de serviços telefônicos, julgando extinto o
processo, sem resolução do mérito, em relação ao pedido de reparação por danos morais, por
reconhecer a carência de ação pela ilegitimidade ativa ad causam do espólio. Legitimidade do espólio
para a propositura da demanda - Transmissibilidade do direito à indenização por danos morais ao
espólio.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva, tendo esta ajuizado ação de indenização, mas falecido antes do trânsito em julgado.
O espólio é legitimado a prosseguir na demanda.
Ofensa a direito da personalidade da pessoa enquanto viva. Esta faleceu sem ter ajuizado a ação.
O espólio é legitimado a propor a ação de indenização.
Ofensa à memória da pessoa já falecida.Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
Dor e sofrimento causado pela morte da pessoa.Os herdeiros (e não o espólio) são legitimados para propor a ação de indenização.
15 - Legitimidade ad causam - empresa em liquidação.
Isabella Martha Pimentel do Carmo ajuizou Ação de Rescisão Contrato em face de Instituto
AERUS de Seguridade Social – sob intervenção, requerendo a rescisão contratual do plano de
previdência privada administrado pelo réu, ao qual aderiu, compulsoriamente, em 30.07.1995, e a
restituição integral de todos os valores aportados, corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de
1% ao mês desde a sua adesão. Contestação em fls. 33/46, pugnando, preliminarmente, pela extinção
do feito sem resolução do mérito, por falta de interesse processual da autora, tendo em vista a
decretação da liquidação extrajudicial dos Planos I e II da Varig e a habilitação do crédito da
demandante, ou a suspensão do curso da demanda, pela mesma razão, com base no artigo 49, inciso I
da Lei Complementar nº 109/2001. No mérito, pugna pela improcedência do pedido diante da rescisão
do contrato entre a autora e o réu; pela impossibilidade de restituição dos valores vertidos ao plano,
diante a decretação da liquidação do plano, culminado com a condenação da demandante no
pagamento das despesas processuais e honorários de advogado. Eventualmente requer que
“...considere os limites impostos pelo rateio do patrimônio do plano ao qual está vinculada a autora,
cuja conclusão e aprovação competirá à Secretaria de previdência complementar”.Outrossim, a falta de
interesse de agir aduzida pelo apelado, ao argumento de que o crédito da autora já estaria previsto no
âmbito da liquidação extrajudicial, não merece guarida. Primeiro, porque não é possível aferir a certeza,
liquidez e exigibilidade do valor apontado em fls. 89/90, não havendo indicação da incidência de juros e
correção monetária. Segundo, porque a autora visa à rescisão do contrato e a restituição das parcelas
vertidas, acrescidas de juros e correção monetária, direitos negados pelo apelado. Verifica-se que a
autora ingressou na Varig em 30.07.1995, aderindo ao plano gerido pela entidade fechada de
previdência privada, denominada AERUS, com o objetivo precípuo de complementar a aposentadoria a
ser paga pelo INSS. Eventual cláusula contratual que impeça a autora de resgatar, antecipadamente, os
aportes feitos, bem como que vedem a devolução dos valores vertidos, soam como ilegais. A este
propósito, determina o inciso III, do artigo 14 da Lei Complementar nº 109/2001, que os planos de
benefícios deverão prever, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador, o
resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante, descontadas as parcelas do
custeio administrativo, na forma regulamentada. Nestes termos, diante da relação estabelecida entre as
partes, é de se reconhecer à autora/apelante o direito de ter o contrato rescindido judicialmente, diante
das mudanças no plano de previdência contratado, retroagindo ao momento do ingresso. Relativamente
à devolução das quantias vertidas, o pleito autoral também merece guarida, condenando-se a ré a
restituir todos os valores pagos, monetariamente corrigidos desde o pagamento das parcelas e com
juros de mora de 1% ao mês a contar da citação. O valor a ser apurado por força da rescisão do contrato
e da determinação da devolução dos valores vertidos ao plano será inscrito no quadro geral de credores,
observando-se o disposto no artigo 50 e seguintes da Lei Complementar nº 109/2001.
16 - Despejo. Regras de transição prazo prescricional.
Cuida-se de Apelação em Ação de Despejo por Falta de Pagamento cumulada com Cobrança
proposta em face do locatário Ortopedia Camponez Ltda. e da fiadora Marly Alves de Carvalho, cujos
pedidos foram julgados procedentes, com a rescisão do contrato locatício e a condenação dos réus ao
pagamento dos alugueres e encargos da locação. O Espólio de Mario Gonçalves de Carvalho Filho
habilitou-se como assistente, alegando que o falecido era casado com a fiadora e não concedeu outorga
marital para a fiança, o que ensejaria a nulidade da garantia, na forma do artigo 235, inciso III do Código
Civil de 1916, vigente quando lavrado o Contrato de Locação. Verifica-se que Mario Gonçalves era o
representante legal da empresa locatária e, nesta qualidade, subscreveu o Contrato de Locação, fls.
13/5. O Douto Magistrado a quo não indeferiu a assistência do Espólio de Mario Gonçalves de Carvalho
Filho, portanto a mesma foi deferida. Preliminarmente, não procede a alegada nulidade da Sentença, eis
que a mesma se encontra suficientemente fundamentada, inclusive com menção expressa quanto aos
motivos da rejeição das preliminares e da decretação do despejo, em conformidade com o artigo 93,
inciso IX da Constituição Federal e o artigo 165 do Código de Processo Civil. No que toca a anulação da
Sentença por cerceamento de defesa em razão da não produção de provas pelos réus, tal pleito também
não merece prosperar. Primeiro porque, entendendo o Juízo que se trata de matéria de fato e de
direito, a lei faculta o julgamento independente de dilação probatória que, de resto, é dispensável,
como dispõe o inciso I, do artigo 330 do Código de Processo Civil. Segundo porque, tendo o Juízo
formado seu convencimento através dos elementos constantes dos autos, a dilação probatória torna-se
ofensiva ao princípio da celeridade processual insculpido no inciso LXXVIII, do artigo 5º da Constituição
Federal. Ademais, ao Juízo, como destinatário das provas, compete analisar a sua pertinência,
indeferindo aquelas que reputar inoportunas e desnecessárias para o deslinde da controvérsia,
conforme o artigo 130 do Código de Processo Civil. E acertadamente o magistrado sentenciante
considerou que todas as provas necessárias ao deslinde da causa já se encontravam acostadas aos
autos, inclusive porque a mora não foi negada e o alegado excesso de cobrança não estava justificando,
não bastando a simples alegação da referida defesa. Portanto, rejeito as preliminares. No mérito, a falta
de pagamento dos alugueres e demais encargos locatícios gera a rescisão do contrato e o conseqüente
despejo do imóvel, tendo em vista que constitui infração legal e contratual, conforme o disposto no
artigo 9º, inciso III da Lei nº 8.245/91. Ressalte-se que os réus reconheceram a existência da dívida, mas
não requereram a purga da mora, tampouco consignaram os valores dos alugueres e dos encargos da
locação que entendiam corretos, limitando-se a sustentar a existência de excesso nos cálculos. Portanto,
sem o respaldo do disposto no artigo 62, inciso II e suas alíneas da Lei nº 8.245/91, alterado pela Lei nº
12.112/2009, o desalijo se impõe, pois não foi cumprido integralmente o comando legal que evitaria a
rescisão da locação.Acresce-se que, ao contrário do alegado pelo 1º apelante, na exordial, mais
precisamente em fl. 04, o autor requereu o pagamento do IPTU referente a todo o período da locação,
juntando, inclusive, certidão da situação fiscal e enfitêutica do imóvel, fl. 19, bem como os acessórios da
locação previstos no contrato de fl. 13, parágrafo 4º. No entanto, prescritas as cobranças dos IPTU’s de
1999 até 2002. Quanto ao IPTU vencido em 1999, aplicando-se a regra do artigo 2.028 do Código Civil de
2002, o prazo prescricional a ser computado é quinquenal, como dispunha o artigo 178, parágrafo 10º,
inciso IV do Código Civil de 1916. E com relação aos IPTU’s de 2000 a 2002, aplicando-se a regra de
transição do mencionado artigo 2.028, como não decorrido mais da metade do prazo quinquenal
previsto no Código Civil revogado, incide o prazo trienal do artigo 206, parágrafo 3º, inciso I do atual
Código Civil, cujo dies a quo computa-se de sua vigência, janeiro de 2003. Como a demanda somente foi
distribuída em 2008, prescrita a cobrança dosIPTU’s de 2000 até 2002. Portanto, exclusivamente em
relação aos IPTU’s, prescrita a pretensão autoral. No tocante à nulidade da fiança, as regras dos artigos
242, inciso I e 235, inciso III do Código Civil de 1916, vigentes na época da constituição da fiança,
estabeleciam que o cônjuge não poderia, sem o consentimento do outro, prestar fiança. No caso dos
autos, o senhor Mario Gonçalves de Carvalho Filho, representante da empresa locatária e marido da
fiadora, participou e assinou o Contrato de locação ciente e anuindo com a fiança prestada por Marly
Alves de Carvalho, não havendo nulidade ou anulabilidade da garantia locatícia, que é válida e eficaz.
Lamentável que a locatária e a fiadora, ao invés de cumprirem com as obrigações locatícias, suscitem
defesas tangenciando a litigância de má-fé. Por todo o exposto, modifica-se a Decisão monocrática de
fls. 116/20 apenas para reconhecer a prescrição dos IPTU’s de 1999 a 2002.
17 - Princípios processuais.
É certo que não há que se falar em privilegiar o princípio da duração razoável do processo ou o
da menor onerosidade para o devedor, eis que não se pode admitir a adoção de determinado princípio
jurídico quando isto significar afronta a lei, certo que a pretensão recursal encontra óbice intransponível
no artigo 4º do Decreto-Lei nº 911/69. A atitude do agravante, de tentar convolar a Ação de Busca e
Apreensão em depósito, ciente da ausência de citação e cumprimento de mandado de busca e
apreensão por sua única e exclusiva culpa, bem como interpor o presente recurso, caracterizam
litigância de má-fé, na forma dos incisos V, VI e VII do artigo 17 do Código de Processo Civil, ensejando a
aplicação de multa de 1% e indenização de 20%, ambas sobre o valor corrigido da causa, na forma do
artigo 18 e parágrafo 2º da Lei Processual.Neste sentido, já decidiu o Colendo Superior Tribunal
deJustiça, através do voto da lavra do Min. José Delgado, in verbis:“PROCESSUAL CIVIL. LITIGÂNCIA DE
MÁ-FÉ. REQUISITOS PARA SUACONFIGURAÇÃO.1. Para a condenação em litigância de má-fé,faz-se
necessário o preenchimento de trêsrequisitos, quais sejam: que a conduta da parte
se subsuma a uma das hipóteses taxativamenteelencadas no art. 17, do CPC; que à partetenha sido
oferecida oportunidade de defesa(CF, art. 5º, LV); e que da sua conduta resulteprejuízo processual à
parte adversa.2. Recurso especial parcialmente conhecido e,nesta parte, provido, para excluir do
acórdãorecorrido a condenação por litigância de máfé.(Resp. 250781/SP, Rel., 1ª.
Turma,DJ.19/06/2000)”.
18 - Dano moral.
O dano moral deve ser este fixado de acordo com o bom senso e o prudente arbítrio do
julgador, sob pena de se tornar injusto e insuportável para o causador do dano. Temos, desta forma,
que inexistindo padrões pré-fixados para a quantificação do dano moral, ao julgador caberá a difícil
tarefa de valorar cada caso concreto, atentando para o princípio da razoabilidade, para o seu bom senso
e para a justa medida das coisas. Deve ser levado em conta, além do caráter compensatório do instituto,
o seu viés preventivo, punitivo e pedagógico, de modo a coibir reincidências. O julgador, à luz do
princípio da proporcionalidade, deve encontrar um ponto de equilíbrio, de modo que a indenização não
venha a corresponder enriquecimento sem causa, nem frustre seu fim maior de reparar integralmente o
dano sofrido. Nesse contexto, considerando o evidente sofrimento experimentado pela autora, e
observando o artigo 944 do Código Civil, fixo o quantum reparatório no patamar de R$ 15.000,00
(quinze mil reais), monetariamente corrigido a contar da lavratura do Acórdão, pelos índices adotados
pela Corregedoria Geral da Justiça, com juros de 1% ao mês da citação, conforme artigo 219 do Código
de Processo Civil, artigos 405 e 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código Tributário
Nacional.
19 - Ação de Cobrança – Cotas Condominiais em atraso – Dívida propter rem
Respaldo nos artigos 1.336, inciso I do Código Civil e 12 da Lei nº 4.591/64 –Reconhecimento
da dívida – Impugnação inconsistente quanto ao valor – Devedora que indica o débito que entende
correto – Ausência de cerceamento de defesa – Requerimento de apresentação de documento que
ostenta cunho protelatório – Litigância de má-fé - Sentença bem fundamentada – Desprovimento do
apelo. Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, com base no artigo 557 do Diploma Processual,
negou provimento à Apelação.
Trata-se de Ação de Cobrança de Cotas Condominiais, pelo rito sumário, proposta em face de
Delson Peres da Silva e de Neusa Maria Peres da Silva que são os titulares da unidade devedora,
conforme demonstra o documento de fls. 06/07.
Foi retificado o polo passivo para nele constar o Espólio de Delson Peres da Silva, nos moldes de fl. 56,
representado por Milka Neves Peres da Silva, conforme fls. 112/3. A ré Neusa se fez representar por sua
procuradora Maria Dulce Peres da Silva, conforme instrumento em fls. 117/8 e audiência em fls. 112/3.
A alegação de cerceamento de defesa ostenta nítido caráter protelatório, pois a ré reconheceu o débito
condominial, certo que as despesas relacionadas com troca/conserto da grade, que alega serem
indevidas, em nada influenciam no mérito da demanda, sendo que se trata de valor insignificante,
diluído nos valores maiores, devidamente comprovados. A apelante também não comprovou que a
cobrança seria indevida. Estabelece o artigo 1.336, inciso I, do Código Civil em vigor, competir ao
condômino contribuir com as despesas do condomínio, regra também inserida no artigo 12 da Lei
4.591/64. A ré não demonstrou o pagamento das cotas condominiais sob sua responsabilidade e, de
forma protelatória, pretende postergar o pagamento da dívida que é certa líquida e exigível. Não há
impugnação específica de cobrança indevida, apenas impugnação genérica, com a finalidade de protelar
no cumprimento de suas obrigações, certo que a dívida em cobrança possui natureza propter rem. Na
realidade, trata-se de condômina que deve, não nega, não paga, desfruta do imóvel, porém, tenta
protelar no deslinde do feito. Tratando-se de recurso protelatório, caracterizada a litigância de má-fé, na
forma dos artigos 17, inciso VII e 18 e parágrafos do Código de Processo Civil, ensejando a aplicação de
multa de 1% e indenização de 10% sobre o total da condenação, a cargo da ré Neusa.
20 - Comissão de corretagem.
Cuida-se de Ação de Cobrança objetivando a autora orecebimento da comissão de corretagem
por intermediação de venda,prevista na cláusula quinta do Contrato Particular de Promessa deCompra e
Venda, fl. 24/26, de R$ 5.000,00, equivalente ao valoratualizado de R$8.806,22.Narra que celebrou com
a ré contrato de corretagemimobiliária para venda do imóvel sito à Rua Nilo Peçanha nº 122/601 –Ingá –
Niterói, restando a intermediação bem sucedida.Sustenta que em razão de desentendimentos entre as
partesquanto ao valor ajustado a título de comissão de corretagem, ingressoucom a Ação de Cobrança,
autuada sob o nº 2003.002.009327-0,pretendendo o recebimento da quantia correspondente ao
percentual de5% sobre o valor do imóvel, conforme pactuado verbalmente,entretanto, afirma que o
juízo acolheu a tese da ré, no sentido de que ovalor devido seria aquele ajustado no contrato preliminar,
equivalente aR$5.000,00, julgando improcedente o pedido daquela demanda, ao invésde parcialmente
procedente, pois deixou de condenar a ré ao pagamentoda quantia devida a título de comissão.Verifica-
se que a ré não nega o débito, tendo em vista queem sede de contestação suscita que a quantia
atualizada seria deR$6.874,85, conforme item “B” de fl. 117, alegando em seu apeloapenas a existência
de coisa julgada.Entretanto, não assiste razão à apelante.Na hipótese, não há que se falar em coisa
julgada material,tendo em vista que na ação proposta perante o Juízo de Direito da 2ªVara Cível da
Comarca de Niterói, processo nº 2003.002009327-0,
discutiu-se o quantum relacionado à comissão de corretagem de 5%,tendo o referido Juízo entendido
como correto o valor de R$5.000,00,razão pela qual julgou improcedente o pedido de comissão na base
de5% do valor da venda, conforme Sentença de fls. 33/4, mantida peloAcórdão de fls. 43/5.Na presente
demanda a autora objetiva o recebimento dovalor declarado como devido pelo Juízo da 2ª Vara Cível da
Comarca deNiterói, nos autos do processo nº 2003.002009327-0, R$ 5.000,00,quantia que é diversa da
pretendida na outra ação.Observa-se, portanto, que os objetos das demandas emquestão são distintos,
motivo pelo qual inexiste coisa julgada material,já que não houve a repetição da ação decidida por
Sentença, nos moldesdo parágrafo 3º, segunda parte, do artigo 301 do Código de ProcessoCivil, estando
correta a condenação da ré ao pagamento do valor deR$5.000,00, previstos na cláusula 5ª constante do
Contrato de Promessade Compra e Venda, acrescido de juros e correção monetária, na forma
estabelecida no Decisum.
21- Litispendência. Relação de consumo.
21.1- A preliminar de litispendência em relação àação nº 2007.037.005785-8 foi muito bem
espancada pela Sentença, certoque se trata de pedidos distintos, pois neste feito a autora visa
indenizaçãopelos danos sofridos em razão da só falta de energia elétrica em sua casa, enaquele pede
indenização por conta de dano sofrido, que relaciona comqueda de escada de sua residência, com
fratura no fêmur, diante da falta deenergia.Na condição de concessionária de serviçopúblico responde
objetivamente pelos danos que nessa condição causar aterceiros, nos exatos termos do artigo 37,
parágrafo 6º da ConstituiçãoFederal e, tratando-se de típica relação de consumo, aplicáveis ao caso
osartigos 6º, inciso VI e 14 da Lei nº 8.078/90.Na verdade, a ré tem o dever de prestar oserviço de forma
adequada aos usuários, conforme dispõem os artigos 6º,parágrafo 1º da Lei 8.987/95 e 22 da Lei
8.078/90, incluindo,evidentemente, restabelecer, em curto espaço de tempo, a energiainterrompida;
possuir uma equipe de pronto atendimento; e fiscalizar acorreta manutenção no sistema, evitando
supressão de conexão.Saliente-se que as sucessivas interrupções dofornecimento de energia, pode e
deve ser evitada e ocasionaaborrecimentos que estão além dos dissabores do cotidiano, porque nocaso
de uma família ficar sem eletricidade, sem dúvida permanecerá semgeladeira, ventilador, televisão, luz e
todos os demais equipamentos quedependem da referida energia e são essenciais à mantença do
lar,configurando efetivo dano moral.Por outro lado, a jurisprudência de nossosTribunais vem coibindo o
locupletamento indevido do ofendido,limitando, desta forma, a verba indenizatória a valores adequados
econdizentes a realidade, porque, caso contrário, propiciaria uma fonte deenriquecimento ilícito à
vítima, prática totalmente repudiada peloordenamento jurídico.Importante ressaltar que para a fixação
dodano moral o Magistrado não deve considerar apenas o evento danoso,propriamente dito, mas
também as condições das partes envolvidas e odano efetivamente suportado pela vítima.A tese
defensiva, relacionada com fortuitoexterno, não está associada a qualquer elemento de convicção apto
aafastar o direito vindicado, a teor do inciso II, do artigo 333 do Código deProcesso Civil.
21.2 - O reconhecimento da litispendência depende da trípliceidentidade entre as ações
(partes, causa de pedir e pedido), eis queconstitui a reprodução de ação anteriormente ajuizada.As
negativações de fl.32 se referem a títulos diversos,com diferentes datas e, por isso, os pedidos de
exclusão e dedeclaração de inexistência de dívida não são os mesmos em cadaação, diversificando os
pedidos e a causa de pedir remota.No que respeita à preliminar de conexão é de se ressaltarque o mero
ajuizamento de demandas em face de outros réus nãoinduz comunhão de objeto ou de causa de pedir
porque diversos sãoos contratos que originaram as alegadas inscrições indevidas, dandoorigem,
portanto, a distintas relações jurídicas, sendo certo queinexiste perigo de decisões conflitantes, ausente
qualquer relação deprejudicialidade.Rejeitam-se, pois, as preliminares de litispendência econexão.
22- Denunciação da lide.
22.1 - A denunciação da lide constitui lide secundária eincidental pelo denunciante em face do
denunciado e, no caso de nãoser admitida liminarmente, cabe o recolhimento de despesasprocessuais,
excluída a verba honorária, não estabelecida,corretamente, na decisão agravada.E como possui
natureza jurídica de ação, deve serpreparada antecipadamente, nos termos do artigo 19 do Código
deProcesso Civil.No caso, deveria o denunciante/agravantecumprir a regra do artigo 257 do Código de
Processo Civil e recolher asdespesas processuais relacionadas com a denunciação da lide no prazode 30
dias do ajuizamento da referida intervenção e, não o fazendo,correto o indeferimento da medida, não
havendo necessidade de préviaintimação da parte ou advogado para o pagamento das
despesasprocessuais, porque não se tratam dos casos dos incisos II e III do
artigo 267 do Diploma Processual.Portanto, não se aplica a regra doparágrafo 1º do artigo 267 da Lei
Processual ao presente caso.
22.2 - Cuida-se de Ação Indenizatória proposta por Monique Simplicio Munhoz e outros, em face de
Condomínio do São Gonçalo Shopping Rio, objetivando o pagamento de indenização a título de danos
morais, sofridos em razão da falha do serviço prestado pelo réu, consistente na conduta comissiva e
omissiva deste, quando do acidente ocasionado pela queda de uma grande placa de publicidade em
cima da terceira autora, filha dos demais demandantes, que à época contava com três anos de idade,
gerando-lhe traumatismo craniano, fls. 74/89. Indubitavelmente, a hipótese versa relação de consumo,
já que dentre os serviços oferecidos pelo réu, deve ser incluído o dever de prestar segurança a todos
aqueles que estão em suas dependências. Nesse sentido, em se tratando de relação consumerista,
aplicam-se os artigos 88 e 101, inciso II da Lei nº 8.078/90, bem como o Código de Processo Civil. O
artigo 88 da Lei Consumerista veda a denunciação da lide na hipótese do artigo 13, ou seja, quando o
comerciante for acionado para responder aos danos causados aos consumidores, nos casos do artigo 12,
situação que não se aplica aos autos, porque o agravante não é comerciante. O artigo 101, inciso II da
Lei Consumerista possibilita o chamamento, leia-se integração à lide como denunciação, do segurador,
razão pela qual cabível a denunciação de Itaú Seguros S/A. O artigo 70 do Código de Processo Civil
estabelece os casos de denunciação da lide previstos pela legislação comum, não estando presentes as
situações regulamentadas nos incisos I e II, por não haver evicção ou discussão sobre posse. Também
não se aplica a regra do inciso III do artigo 70 da Lei Processual, por inexistir lei ou contrato obrigando o
locatário, Credimais Serviços de Marketing e Promoções de Vendas Ltda., que seria a locatária do espaço
onde ocorreu o acidente descrito na petição inicial, a indenizar, regressivamente, eventuais danos
causados, a respaldar a denunciação da lide. Portanto o recurso será parcialmente provido para ser
deferida a denunciação da lide a Itaú Seguros S/A.
22.3 - Trata-se de Ação de Indenizatória pretendendo o autor acondenação do agravante ao pagamento
de indenização pelos danosmateriais, estéticos e morais sofridos no interior do parque deexposições da
cidade, durante a realização da 66ª ExposiçãoAgropecuária Comercial e Industrial de Cordeiro.Para
tanto aduz que em razão da omissão do agravante eda falta de segurança no evento, um indivíduo,
portando arma branca,adentrou a exposição e desferiu-lhe diversos golpes.O magistrado a quo
indeferiu o pedido de denunciação àlide e rejeitou a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam,
fls.10/15.Razão alguma assiste ao recorrente.
De acordo com a teoria da asserção, a legitimidadepassiva deve ser examinada pela redação da petição
inicial e, se oautor atribuiu responsabilidade ao agravante no evento, a demandaenseja o julgamento do
mérito, oportunamente, não sendo possível oreconhecimento da ilegitimidade passiva com base em
ausência deresponsabilidade, questão tipicamente de fundo.Acresce-se que, caso, ao final, não se apure
aresponsabilidade do Município no evento descrito na peça vestibular,o caminho correto será a
improcedência dos pedidos em relação aoreferido ente público, jamais a ilegitimidade passiva.No que
toca à denunciação da lide, esta somente écabível nas restritas hipóteses do artigo 70 do Código de
ProcessoCivil, não se evidenciando nos contratos firmados com as pretensasdenunciadas, fls. 36/42 e
43/47, responsabilidade específica atinente àsegurança do local onde se realizou a exposição, nos
moldes do incisoIII do mencionado dispositivo legal.Pela leitura do contrato firmado entre o agravante e
aACIACOR, fls. 36/42, resta claro que esta somente se obrigou àexecução da parte técnica da exposição,
e não à segurança da mesma,conforme fl. 38, parágrafo segundo, litteris: “A ASSOCIAÇÃO seobriga a
realizar, incontinenti a parte técnica, da 66ª Exposição nos diasaprazados, utilizando os valores
transferidos para o pagamento dosseguintes encargos: juízes, parte técnica de agropecuária,
manutenção,vigia dos animais, transporte de animais, cama bovina e eqüina, limpeza deesterco, corte
de napier, distribuição de silagem de milho, feira de langerire outros.”Já a empresa Monart se
comprometeu a realização decinco shows, - Calypso, Mc Perlla, Marlon e Maicon, Frejar e BandaDaniela
Mercury - fls. 43/44, não havendo no contrato qualquermenção a responsabilidade da segurança para o
local do evento.Aqui, os terceiros poderão responder perante aAdministração, mas, por
responsabilidade autonomamente apurada,não existindo lei que contemple, especificamente, o
regresso nahipótese, não sendo, pois, aplicável o disposto no artigo 70, inciso III
do Diploma Processual Civil.
23 - Ônus da prova. CDC
Direito do Consumidor – Ação deIndenização – Cancelamento de protesto
indevido – Ressarcimento por danosmorais – Protesto de titulo cambial, apósquitação da
cártula.Competiria ao réu demonstrar a efetivaexistência e subsistência do débito –Prova que tem que
ser positiva e que nãofoi realizada – Aplicação da regra doartigo 6º, inciso VIII do Código deDefesa do
Consumidor.Inexistência de culpa exclusiva deterceiro ou exercício regular de direito arespaldar a
pretensão do apelante –Cabimento de indenização, cujo valorobservou os critérios de razoabilidade ede
proporcionalidade.Denunciação da lide – Improcedência –Estabelecimento bancário –
Endossatáriocambial – Risco da ré – Previsãocontratual.Recurso Adesivo – Modificação doshonorários
advocatícios, comobservância da regra do artigo 20,parágrafo 3º do Código de Processo Civil-
Desprovimento da Apelação eProvimento parcial do Recurso Adesivo.Cuida-se de Ação de
Cancelamento deProtesto cumulada com Indenização por Danos Morais, por via da quala autora
pretende a condenação da ré, que denunciou a lide ao BancoBradesco S.A., ao cancelamento de
protesto indevido, bem como oressarcimento por danos morais, porque o título estava
quitado.Tratando-se de relação de consumo,competiria à ré demonstrar a efetiva existência de débito a
ensejar oprotesto de fl. 16 e verso, nos moldes do artigo 6º, inciso VIII da Lei8.078/90.O documento de
fl. 15 atesta o corretopagamento do título levado a protesto, sendo certo que seu vencimentose deu no
dia 01.03.2000 (fl. 16vº), sendo quitado no dia 17.03.2000,através de preposto da ré, como se constata
em fl. 15vº, prática comum,como se nota em fls. 09/14.Veja-se que o protesto foi levado a efeitono dia
28.03.2000, segundo fl. 16vº, cerca de dez dias depois dopagamento (fl. 15).A prova, no caso, deve ser
positiva, ouseja, através da comprovação de que a autora estava inadimplente, noentanto a ré não se
desincumbiram deste mister, tendo apenas alegado aausência de sua responsabilidade, argumentando
que aresponsabilidade é do denunciado, na condição de responsável peloprotesto indevido.
Entretanto, a ré não trouxe aos autos um só documento capaz de corroborar suas alegações, e, pelo
contrário, aquitação ao título foi outorgada pelo preposto da ré e, não, dainstituição bancária.Portanto,
deveria a ré comunicar aoBanco sobre o recebimento e quitação do título.Melhor sorte não merece o
argumento deculpa exclusiva de terceiro, no caso, do Banco Bradesco, certo que, nocaso tratado nos
autos atuou como endossatário, nos termos dos itens10 e 11 do documento de fl. 44.Não resta dúvida
de que aresponsabilidade do fornecedor é objetiva, não respondendo quandohouver culpa exclusiva de
terceiro, conforme dispõe o artigo 14,parágrafo 3º, inciso II da Lei 8.078/90.Contudo, ao contrário do
que afirma a ré,todo o contexto probatório aponta para sua responsabilidade.Na hipótese, a ré é que
deveria ter agidocom mais cautela, ou seja, confirmando a subsistência da dívida,porém, ao invés disso,
preferiu, olvidando o pagamento do supostodébito da autora, ceder o crédito que foi protestado
perante oTabelionato do 5º Ofício de Protesto de Títulos, nos moldes de fl. 16vº.Desta forma, restou
demonstrado que a
empresa ré agiu negligentemente, deixando de adotar as providênciasmínimas exigíveis em tais
situações, ficando claro que visava, apenas, olucro financeiro fácil e a qualquer custo, causando danos
aoconsumidor.Veja-se que se trata de dano in reipsa,pelo só fato do protesto indevido.É cediço que a
pessoa jurídica sofre dano
em sua honra objetiva.O Superior Tribunal de Justiça, atravésda Súmula 227, sedimentou o
entendimento no sentido da possibilidadeda pessoa jurídica sofrer lesão moral de forma objetiva,
quando a suacredibilidade tiver sido abalada pelo registro constritivo.Consequentemente, a ré deve
arcar com aindenização moral, cujo valor foi corretamente fixado pela Sentença emR$ 4.426,00,
observando critérios de razoabilidade e deproporcionalidade, não havendo exercício regular de direito
ou culpaexclusiva de terceiro, a respaldar a pretensão da apelante, com arrimono artigo 188, inciso I do
Código Civil, e no inciso II do parágrafo 3ºdo artigo 14 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor,
masevidente desídia da demandada.Ambas as recorrentes se insurgem contrao percentual dos
honorários advocatícios, que foram fixados com baseem percentual do valor da causa.Esta circunstância
beneficia a ré, certoque a sua irresignação, caso atendida, trar-lhe-á prejuízo, em francareformatio in
pejus.Já o pleito recursal da autora mereceacolhida, eis que, havendo condenação, caso dos autos, os
honoráriosdevem fixados com base nela, a teor do artigo 20, parágrafo 3º doCódigo de Processo
Civil.Tudo bem expendido, a Sentença serámodificada, dando-se parcial provimento ao Recurso Adesivo,
apenaspara se estabelecer que os honorários advocatícios a serem suportadospela ré serão fixados em
10% sobre o valor da condenação.
24 - Responsabilidade Civil. Denunciação da lide.
24. 1 - Ação de Indenização – Acidente de trânsito – Colisão entre a motocicleta conduzida pelo
autor e o coletivo da ré – Lesões corporais suportadas pelo demandante. Sentença que condena a
transportadora a pagar indenização por dano moral e julga extinta a denunciação da lide, por entender
incabível a intervenção no rito sumário. Possibilidade de intervenção da seguradora, na forma do artigo
280 do Código de Processo Civil. Responsabilidade objetiva da empresa transportadora – Artigo 37,
parágrafo 6º da Constituição Federal e artigo 927, parágrafo único do Código Civil. Artigo 932, inciso III
do Código Civil – Responsabilidade da empresa por ato de seu preposto. Comprovados o fato, o dano e
o nexo causal e não havendo excludente de responsabilidade, surge o dever de indenizar. Quantum
indenizatório por dano moral que observou os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade, além
do caráter pedagógico punitivo da verba, devendo ser rechaçada a redução pretendida. Apólice que
estabelece indenização por dano moral – Modificação da Sentença para condenar a seguradora a
reembolsar os valores pagos pela segurada – Parcial provimento da Apelação.No tocante à denunciação
da lide, o artigo 280 do Código de processo Civil expressamente admite a intervenção fundada em
contrato de seguro. A Apólice, em fls. 113/124 comprova a vigência do seguro, a cargo da denunciada à
lide, em 18/01/2006, e existe cobertura expressa para dano moral, no limite de R$ 30.000,00, fl. 114. E
mesmo que não existisse cláusula de cobertura, seria aplicável a Súmula 402 do Superior Tribunal de
Justiça(O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa
de exclusão).Portanto a seguradora deverá reembolsar o valor indenizatório por dano moral paga pela
ré, nos limites da Apólice de seguro. Despesas processuais da denunciação da lide a cargo da
denunciante, sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, porque não houve
impugnação à denunciação da lide.
Ônus da prova - Conforme bem salientou o Magistrado Sentenciante, competiria ao autor demonstrar
que a ré não observou a norma descrita no artigo 35 do Código de Trânsito Brasileiro. (Atenção:
Cavalieri destaca que em casos de acidentes automobilísticos é possível invocar, em sede de
responsabilidade subjetiva,a denominada culpa contra a legalidade - quando a culpa decorre do próprio
fato, está in reipsa, cabendo ao agente afastá-la, provando o caso fortuíto ou força maior. A presunção
de culpa é importante para as regras processuais de ônus da prova.)
Contudo, o demandante não se desincumbiu de provar os fatos constitutivos do direito pleiteado,
conforme determina o artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil. Portanto, inexistindo qualquer
comprovação de que a ré teria dado causa ao acidente, a Sentença prolatada deverá ser mantida. A
irresignação da ré/denunciante também não merece prosperar, uma vez que o Decisum considerou
prejudicada (“improcedente”) a lide secundária, cabendo a denunciante o pagamento das despesas e
honorários em relação à mesma, já que a denunciação da lide é uma demanda incidental, aplicando-se,
portanto, o princípio da causalidade.
24.2 - Danos materiais, morais e estéticos resultantes de queda em bueiro, localizado na área
comum do condomínio réu, em razão da má conservação do prédio – Denunciação da lide à seguradora.
Responsabilidade subjetiva – Artigos 186 e 927 do Código Civil - Conjunto probatório que demonstra o
fato, o dano, a culpa e o nexo causal. Condomínio negligente na manutenção de bueiro de esgoto
existente em parte comum do edifício – Responsabilidade por danos materiais e estéticos, a serem
apurados em liquidação de sentença por arbitramento. Danos morais arbitrados no Acórdão, com
observância dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Ausência de comprovação de que a
demissão do emprego teve relação com o evento danoso descrito nos autos. Denunciação da lide –
Reembolso das importâncias pagas pelo Condomínio, nos limites da importância segurada, abrangendo
danos materiais, estéticos e morais, em virtude de cobertura relacionada com “responsabilidade civil
condomínio” – Provimento parcial da Apelação.
A responsabilidade no caso em exame ésubjetiva, cujo dever de indenizar só surge após a comprovação
dofato, do dano, do nexo causal e da culpa.Com efeito, as fotos de fls. 21/26, bemcomo o laudo e o
atestado médico de fls. 27/28, comprovam aocorrência de lesão sofrida pelo autor em virtude da queda
no bueirosituado na parte comum do condomínio, fato, inclusive, que tambémrestou incontroverso nos
autos, conforme se verifica pela Ata daAssembleia Geral Ordinária, acostada às fls. 57/59,
especificamentena parte final de fl. 58, inclusive com proposta de cobertura dosvalores
comprovadamente pagos.Efetivamente surge a responsabilidadedo condomínio em virtude na
negligência no dever de manutenção debueiro interno, em área comum do edifício, dando causa ao
acidente,respondendo na forma dos artigos 186 e 927 do Código Civil.No entanto, o dever indenizatório
estárestrito aos danos efetivamente suportados.O documento em fl. 27 demonstra que operíodo de
internação foi de 01 dia, de 08/07/2009 a 09/07/2009, e oatestado de fl. 28 menciona o afastamento
das atividades profissionaispor 13 dias, prova unilateral.No entanto, não há prova nos autos deque a
demissão do trabalho tenha ocorrido em virtude da queda nobueiro e do período de licença médica,
cabendo indenização apenasrelacionada com o reembolso de valores pagos e pelo período
deincapacidade laborativa, cujas questões serão apuradas em liquidaçãode sentença por
arbitramento.No caso, as fotografias demonstram aslesões na perna esquerda do autor, o que torna
cabível indenizaçãopor dano estético, cujo valor também será apurado em liquidação de
sentença.Quanto ao dano moral, não se trata desimples aborrecimento do cotidiano, mas lesão corporal
suportadapelo autor, que caiu em bueiro de esgoto do edifício, por falta deconservação, fato que
ocasionou sofrimento físico e psíquico aodemandante, fazendo jus à indenização por dano moral, cujo
valor é
fixado em R$ 5.000,00, importância monetariamente corrigida daprolação do Acórdão e acrescida de
juros de mora de 1% ao mês,desde o evento danoso, 08/07/2009.Portanto a Sentença comporta
reforma,com a parcial procedência dos pedidos, com a condenação doCondomínio ao pagamento das
despesas médicas e hospitalares, comfarmácia e outras relacionadas ao acidente, que vierem a
serdemonstradas, lucros cessantes pelo período de incapacidade e danos
estéticos, verbas a serem apuradas em liquidação de sentença porarbitramento, bem como dano moral,
na forma arbitrada.
Para apuração dos lucros cessantes,tomar-se-á por base o salário de R$ 2.203,29, fl. 29.No tocante a lide
secundária,denunciação da lide, a seguradora deverá reembolsar o Condomíniode acordo com a Apólice
em fls. 165/6, e dentro dos limites dasimportâncias seguradas, abrangendo os danos materiais, morais
eestéticos.A Apólice comprova segurorelacionado com “responsabilidade civil condomínio”,
abrangendotodas as espécies de responsabilidades, material, moral e estética.Na forma do artigo 21,
parágrafo únicodo Código de Processo Civil, o Condomínio arcará com as despesasprocessuais e
honorários advocatícios de 10% sobre o total dacondenação na lide principal.Na lide secundária, a
seguradora arcarácom as despesas processuais e honorários advocatícios de 10% daimportância
reembolsada ao Condomínio.Verifica-se que o Acórdão não enfrentou os artigos 757, 760 e 776 do
Código Civil, bem como a Súmula 402 do Superior Tribunal de Justiça, e as exclusões de responsabilidade
previstas na Apólice de Seguro. A Apólice, em fls. 165/6, delimita a cobertura contratada a
“responsabilidade civil do condomínio”, dentre outros itens, não abrangendo a cobertura para dano
moral, dano estético e lucros cessantes, conforme expressa cláusula de exclusão no item 14, alíneas “a”
e “i”, fls. 185/6. Os artigos 757, 760 e 776 do Código Civil limitam a responsabilidade da seguradora às
coberturas e importâncias contratadas, não havendo previsão para dano moral, dano estético e lucros
cessantes. A regra da Súmula 402 do Superior Tribunal de Justiça foi observada. Portanto, modifica-se o
Acórdão embargado para limitar a responsabilidade da seguradora ao reembolso de valores pagos pelo
autor, relacionados com o acidente que o vitimou, limitada à importância segurada. As despesas
processuais na lide secundária serão partilhadas proporcionalmente entre o denunciante e a
denunciada, sem honorários advocatícios.
25 - CDC. Repetição do indébito.
25.1- Trata-se de Ação de Repetição de Indébitocumulada com Reparação de Danos em que a
autora pretende oressarcimento dos danos materiais, na forma dobrada, bem comoindenização por
danos morais.Para tanto, aduz que em 2007, ajuizou aação nº 2007.206.000083-2, em apenso, que teve
curso na 2ª Vara Cível
Regional de Santa Cruz da Comarca da Capital, em face da ré, tendocomo objeto a abertura de conta
corrente, em seu nome, porestelionatários, inclusive com a emissão de talão de cheques e concessãode
empréstimos, inobstante a inexistência de relação jurídica entre aspartes.Naquele processo as partes
firmaram oacordo de fls. 39/40, homologado por Sentença em fl. 41, quando a ré secomprometeu a
cancelar a conta aberta em nome da autora e os débitosindevidamente lançados, retirar todas as
anotações nos órgãos restritivosde crédito decorrentes da operação, além de pagar indenização de
R$7.000,00.Entretanto, o nome da autora voltou a sernegativado com protesto de um cheque do banco,
efetuado em21/08/2007, no valor de R$ 129,50, fls. 49 e 51, que adveio do mesmotalonário que a ré se
comprometeu a cancelar, o que obrigou a autora a
pagar o valor do título a terceiro, para baixa do protesto, ante a prementenecessidade de obtenção de
empréstimo para reforma de sua casa, fls.63/69.
O protesto e o novo aponte negativo donome da autora de forma alguma caracteriza descumprimento
do acordofirmado entre as partes nos autos do processo nº 2007.206.000083-2, emapenso, como faz
crer o apelante.Constitui, isto sim, nova conduta ilícitapraticada pela ré.E como cediço, violado o direito,
nascepara o titular a pretensão, materializada, no caso, nesta nova ação.E esta ação, sem sombra de
dúvidas, serefere a um fato posterior, decorrente do descaso da ré em eliminarpossíveis prejuízos
posteriores decorrentes da emissão de cheques emnome da autora, de maneira indevida.Desta forma,
forçoso concluir que a causade pedir desta demanda é completamente distinto da ação
anteriormenteajuizada, não havendo que se falar em coisa julgada material, questãoexpressamente
enfrentada na Decisão de fls. 218/21.Superada a preliminar, a controvérsia dizrespeito a duas questões:
se a repetição do indébito deve ocorrer naforma simples ou dobrada; e se restou configurado dano
moral e, emcaso afirmativo, se a verba indenizatória foi bem dosada.Deve a questão ser analisada à luz
dosditames da Lei 8078/90, eis que se está diante de relação de consumo.Do que consta dos autos,
verifica-se que aré falhou ao não proceder a baixa de todos os cheques, tanto os emitidos,quanto os não
utilizados pelos estelionatários, destacando-se que oprotesto e a negativação são incontestes, fls. 48, 49
e 51.Ademais, não logrou êxito em comprovarque, efetivamente, procedeu ao cancelamento da conta
corrente abertaem nome da autora à época do acordo, não trazendo aos autos umdocumento, sequer,
nesse sentido.Acresce-se que é totalmente descabida atese da ré de que a autora, ao ajuizar a presente
ação, estaria, na verdade,pretendendo “enriquecer injustamente”, vez que aquela não teve
outraalternativa senão, mais uma vez, buscar socorro no Judiciário natentativa de ter seu direito
material garantido.No que toca ao dano moral, ajurisprudência desta Corte tem reiteradamente
reconhecido, em situaçõescomo a que ora se analisa, que configura dano in reipsa, e que areiterada
conduta negligente do fornecedor merece reprimenda.Entretanto, o valor da indenização não foibem
quantificado pelo juízo a quo merecendo ser reduzido para R$10.000,00 (dez mil reais), corrigido
monetariamente da prolação daSentença e acrescido de juros de mora a partir da citação, levando-se
emconsideração não só os princípios da razoabilidade e daproporcionalidade, bem como o duplo viés do
dano moral nas relaçõesde consumo, reparatório e preventivo-pedagógico.Em relação ao dano material,
a autoralogrou comprovar que pagou o cheque indevidamente protestado, alémde todas as despesas
com certidões e documentos necessários para baixado protesto, fls. 50/51 e 54/62.Portanto, a empresa
ré deve arcar com o pagamento, em dobro, dos valores dispendidos pela autora, na forma doartigo 42
do Código Consumerista, aplicável na hipótese.Por derradeiro, mantenho os ônussucumbenciais, como
fixados na r. Sentença.
25.2 - Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória por Danos Morais – Contrato de
Construção por Administração de duas salas comerciais – Reajuste que não obedeceu ao índice previsto
contratualmente. Sentença que rejeitou as preliminares de conexão e ilegitimidade passiva, julgando
procedente, em parte, o pedido autoral. Apelação da autora objetivando o ressarcimento dos danos
morais e a modificação do decisum para acrescentar que o valor do indébito previsto em planilha, deve,
na verdade, corresponder as duas salas adquiridas. Recurso da ré insistindo nas preliminares de
ilegitimidade passiva e coisa julgada.Anteriores demandas extintas sem solução do mérito –
Inexistência, no presente caso, de ilegitimidade passiva ou coisa julgada. Comprovação de índice de
atualização diverso do previsto no contrato, a ensejar a restituição, em dobro, do excesso pago.
Meros aborrecimentos – Inexistência de dano moral – Verbete Sumular 75 do Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro – Mantença dos ônus sucumbenciais – Provimento parcial da
Apelação da autora e desprovimento do recurso da réCuida-se de Ação de Repetição de Indébito c/c
Indenização por danos morais, alegando a autora que em 15/12/2004 contratou com a empresa ré a
compra e a construção de duas salas comerciais no Edifício Empresarial Esther Madeira, tendo acordado
que o pagamento seria realizado em 35 parcelas de R$ 777,80, cada unidade, reajustadas apenas com
base no Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC). Ocorre que, segundo a inicial, a demandada
não respeitou o contrato, reajustando o valor acima do índice devido. Na peça de bloqueio, arguiu a
parte ré a conexão e a ilegitimidade passiva e, no mérito, defendeu a regularidade das cobranças pois no
contrato estava previsto a incidência de cotas extras. Inicialmente, necessário se faz um breve resumo
acerca das preliminares, insistentemente arguidas pela empresa recorrente. De fato, segundo se infere
dos autos, foram propostas pela autora em face da ré, as seguintes demandas: 1) Processos nºs
2009.038.027251-5 e 2009.038.027257-6 – fls. 134/139 e 186/189 (tendo como causa de pedir o
contrato realizado entre as partes e a cobrança e correspondente pagamento de seis parcelas a mais do
que as avençadas no contrato), perante o Juizado Especial Cível. 2) Processos nºs 2008.038.041057-0 e
2008.038.041059-4 – fls. 141/147 e 149/155 (causa de pedir o contrato realizado entre as partes e o
desrespeito ao cumprimento do índice de reajuste previsto), também perante o Juizado Cível. Na
verdade, as demandas especificadas no item 1, foram julgadas extintas sem resolução de mérito,
através da Sentença acostada em fls. 180/181, enquanto que as constantes do item 2, em razão da
desistência manifestada pela autora em fls. 156 e 159. Diante de tais circunstâncias, somente as ações
que tinham por objeto as cotas extras (item 1), mereceu Sentença que, acolhendo preliminar de
ilegitimidade passiva da NicolNilopolitana Construções Ltda., julgou extinto o processo, nos termos do
artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil. Portanto, não há que se falar em coisa julgada. No
tocante à legitimidade passiva, o Contrato firmado pelas partes previa que a ré receberia os valore
pagos pela autora, na fase de construção do imóvel, sendo rejeitada a preliminar, fls. 18/27. No mérito,
ao contrário da parte ré, a demandante logrou demonstrar através da planilha contida na exordial e dos
boletos bancários, que as prestações foram reajustadas com utilização de índice diverso do previsto na
cláusula 1.3 do Contrato de Construção por Administração (fls. 18/27). Com efeito, os contratos devem
observar as regras da boa fé objetiva, com vistas a cumprir sua função social, como previsto nos artigos
421 e 422 do Código Civil. Nesse sentido, correto o posicionamento do Magistrado a quo quando
concluiu que a demandada inobservou a boa-fé contratual e o dever de informação, devendo a ré
restituir à parte autora, em dobro, os valores que despendeu indevidamente. Aliás, neste particular,
importante salientar que razão assiste a primeira apelante, quando pondera em suas razões recursais,
que no caso foram compradas duas salas e a planilha de fl. 05 corresponde ao pagamento de apenas
uma. Logo, deve ser modificada a Sentença, para fazer alusão quanto à primeira condenação, a
devolução, em dobro, do valor da planilha de fl. 05, para cada unidade (salas 703 e 704), atualizados na
forma do decisum. Contudo, no tocante ao ressarcimento por danos morais, a Sentença não comporta
reparos, pois inexiste nos autos qualquer prova de ocorrência de dor, sofrimento e humilhação à autora,
capazes de ensejar reparação por danos morais. As prestações efetuadas em valores superiores ao
contratado geram meros aborrecimentos. Este é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro no verbete sumular nº 75: “O simples descumprimento de dever legal ou
contratual, por caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano moral, salvo se da
infração advém circunstância que atenta contra a dignidade da parte.” Por derradeiro, mantém-se os
ônus sucumbenciais.
26 - Auxílio acidente.
Cuida-se de ação através da qual o autor pleiteia amajoração do auxílio acidente de 40% para
50%, a partir da Lei nº9.032/95, bem como a condenação do réu a reposição das diferençaspagas a
menor, com todos os valores corrigidos até a data do efetivopagamento.Verifica-se, através do
documento de fl. 14, que odemandante é titular do benefício acidentário nº 83.015.056-0, comdata de
início em 01.08.1987, correspondente ao auxílio-acidente de40% do salário de benefício do segurado,
então regulado pelo artigo9º da Lei nº 6.367/76.O pedido autoral busca a aplicação da lei
modificadora,por lhe ser mais benéfica, concedendo-lhe o benefício de auxílioacidentemensal
correspondente a 50% do salário de benefício, naforma do artigo 86 da Lei nº 8.213/91, em sua nova
redaçãodeterminada pelas Leis nº 9.032/95 e nº 9.528/97.Entretanto tal pretensão não merece
prosperar.
A lei nova não pode ferir o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada, como assente no
artigo 6º da Leide Introdução ao Código Civil.Dessa forma, não obstante ser a Lei nº 9.032/95
maisfavorável ao obreiro, a sua aplicação feriria a coisa julgada, garantidaconstitucionalmente pelo
inciso XXXVI do artigo 5º da ConstituiçãoFederal.Para a concessão do benefício previdenciário deve
serobservada a legislação em vigor a época em que o segurado passou a
fazer jus ao seu direito, conforme entendimento pacificado peloSupremo Tribunal Federal, em
repercussão geral, no RecursoExtraordinário nº 597.389/SP.No mesmo sentido o Recurso Extraordinário
nº 597.389-1, que em regime de repercussão geral, acolheu a questão de ordempara reafirmar a
jurisprudência no sentido de que a revisão de pensãopor morte e demais benefícios, constituídos antes
da entrada em vigorda Lei nº 9.032/95 não pode ser realizada com base em novocoeficiente de cálculo
estabelecido no referido diploma legal.Nas hipóteses em questão, deve ser observado oprincípio do
tempus regitactum, que é a regra geral, já que inexisteautorização legal para aplicação da retroatividde
da lei mais
benéfica nestes casos.Portanto, a concessão do auxílio suplementar deve sermantida no percentual
correspondente a 40% do salário de benefíciodo segurado, regulado pelo artigo 9º da Lei nº
6.367/76.Consequentemente, a Sentença comporta reforma, emsede de Duplo Grau Obrigatório de
Jurisdição, devendo os pedidos ser julgados improcedentes, isentando-se o autor do pagamento das
despesas processuais e honorários advocatícios, com base noparágrafo único, do artigo 129 da Lei nº
8.213/91.Assim, com respaldo no parágrafo 1º-A, do artigo 557do Código de Processo Civil, reformo a
Sentença em sede dereexame necessário, na forma do decisum.
27 - Remédio. Obrigação de fazer
Estado- Remédio.Inicialmente, cabe esclarecer que a matéria envolvendo a obrigação do Estado
de fornecer medicamentos ao cidadão está pacificada nesta Corte, na Súmula nº 65, e tem respaldo nos
artigos 196 e seguintes da Constituição Federal, razão pela qual deve ser mantida a Sentença, conforme
dispõem os artigos 6º e 30, inciso VII, da Magna Carta, ao estabelecerem que compete ao Estado prestar
serviços de atendimento à saúde da população. Ademais, a legitimidade do Estado do Rio de Janeiro
tem assento na teoria da asserção. No mesmo sentido o artigo 196 do referido Diploma, impõe ser
direito de todos e dever do Estado, a prestação de atendimento à saúde, bem como o acesso universal e
igualitário às ações e serviços para promovê-la, protegê-la e recuperá-la. Ressalte-se que, para a
hipótese em questão, inexiste dispositivo legal que imponha o chamamento da União Federal para
integrar a relação processual. A Lei 8.080/90 regulamenta as ações e serviços de saúde, considerando
ser direito fundamental do ser humano e encargo do Estado prover as condições indispensáveis para a
garantia da saúde, nos três escalões hierárquicos, como dispõe os artigos 1º, 2º e 4º, enquanto que o
artigo 6º do mesmo diploma, em seu inciso I, alínea “d”, determina que está incluída no campo de
atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), a execução de ações de “assistência terapêutica integral,
inclusive farmacêutica”. O termo integral abrange todos os medicamentos que o paciente precisar para
preservação de sua saúde, enquanto durar o tratamento. Conseqüentemente, o Estado deve fornecer os
medicamentos descritos na peça vestibular, nos moldes estabelecidos na Sentença. Por óbvio, pode o
Judiciário, em casos que tais, prover as necessidades que emergem das circunstâncias objetivas postas a
julgamento. Não é razoável exigir-se da parte autora a propositura de uma demanda específica para
obter do Estado uma prestação jurisdicional, imposta pela lei, consistente no fornecimento do remédio
“a”, “b” ou insumo “x” etc. É pacífico o entendimento de que o fornecimento gratuito de
medicamentos, visando atender o direito fundamental à saúde, previsto constitucionalmente conforme
já demonstrado, ocorre somente mediante apresentação, pela parte necessitada, de receituário médico
emitido pela Rede Pública Hospitalar, como é o caso dos autos. O argumento de que os recursos
públicos são finitos não pode servir de escusa para o descumprimento de dever legal imposto, tanto na
esfera constitucional, quanto infraconstitucional. Ademais, inexiste violação ao princípio da separação
de poderes, certo que não há interferência indevida do Poder Judiciário em outro Poder, mas acerto
judicial de modo a recompor direito pessoal objetivo da parte suprimido pelo Estado. As Portarias
mencionadas pelo Estado nas razões recursais não afastam o direito constitucional de prestar serviço à
vida e saúde da coletividade.
28 - Ação de Reintegração na Posse c/c Nunciação de Obra
Esbulho possessório – Real possibilidade de dano de difícil reparação – Discussão acerca da
posse travada em Ação de Usucapião – Agravante que discute os limites do imóvel dos agravados na
ação originária –Concessão de liminar de embargo de obra. Prova documental a evidenciar discussão
acerca da posse de imóveis confrontantes – Laudo Pericial elaborado em Ação de Usucapião, que serve
para formar o convencimento do julgado – Fotografias que apontam avanço das obras do agravante
sobre o imóvel possuído pelos agravados – Antecipação da tutela tendente a evitar dano – Suspensão da
obra que se impõe, até julgamento final da demanda – Desprovimento do Agravo de Instrumento.
Verifica-se que Edith Ribeiro Tomé e Armênio Soares Tomé propuseram Ação de Reintegração de Posse
em face da agravante, visando ser reintegrados no imóvel descrito na Escritura de Cessão de fls. 73/78,
localizado no Município de São Gonçalo. O pleito autoral está alicerçado na Escritura de Cessão de fls.
73/78, no Laudo Pericial de fls. 82/87, produzido nos autos de Ação de Usucapião (processo nº
1980.004.000138-8) promovida pelos agravados, e nas fotografias de fls. 97/118.
O agravante, no curso do longo arrazoado, deixou de apresentar qualquer prova acerca do modo e das
condições da aquisição dos alegados direitos que diz possuir sobre o bem em comento. Ademais,
pondera que a obra questionada já está concluída, porém, nenhuma prova faz em sufrágio de sua tese.
No confronto dos argumentos e das provas constantes dos autos, prepondera o direito dos agravados,
no que diz respeito ao embargo da obra, de vez que as provas até aqui produzidas militam em favor dos
recorridos, caracterizando o esbulho possessório, não tendo sido infirmadas, tecnicamente, pelo
recorrente. Em sede de contestação da Ação de Reintegração de Posse, fls. 149/64, o agravante se
limitou a discutir acerca da validade de Laudo Pericial elaborado em precedente Ação de Usucapião
manejada pelos agravados; da origem da posse dos autores e da metragem do imóvel objeto do pedido
de reintegração, inclusive no 6º parágrafo de fl. 159, a recorrente alega que “... não tem como afirmar
(nem nesta lide, nem na apensa ação de usucapião), com a certeza necessária, que a área cuja posse os
Autores afirmam possuir não se sobrepõe a sua propriedade”. Portanto a própria agravante desconhece
a situação da área na qual realiza empreendimento imobiliário. Veja-se que nada há a provar a origem
da posse ou propriedade do agravante sobre a parte do imóvel que os agravados alegam estar sendo
esbulhado, pelo que se tem como não observada a regra do artigo 333, inciso II do Código de Processo
Civil. Pondere-se que a eventual discussão acerca da natureza da posse perde relevância diante da
circunstância de que o agravante não fez prova mesmo de sua existência, muito menos que seja nova ou
velha. De outro norte, a assertiva de que a obra que se pretende embargar já está concluída, carece de
suporte probatório mínimo a sufragá-la, certo que as fotografias de fls. 97/98 indicam o contrário. Há
evidente receio de dano de difícil reparação ao bem ou a direito dos agravados, a justificar a concessão
da tutela possessória e a mantença do embargo da obra. O Douto Magistrado a quo deferiu,
corretamente, a medida de embargo da obra em benefício dos autores, pois preenchidos os requisitos
do artigo 1.299 do Código Civil e do artigo 937 do Código de Processo Civil, sendo que se trata de
Decisão que pode ser revista ao longo da instrução processual, vencida a dilação probatória.
29 - Ação de Despejo c/c Ação de Cobrança por Falta de Pagamento e Infração Contratual –
Legitimidade de herdeiro.
Dispõe o artigo 1784 do Código Civil que, “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”, o que decorre do princípio da saisine, que é a aquisição
causa mortis, havendo, portanto, legitimidade ativa ad causam concorrente e autônoma de herdeiro
para ajuizar ação visando à defesa dos bens da herança. À indivisibilidade decorrente da herança são
aplicáveis as regras do condomínio, como dispõem o parágrafo único e o artigo 1791 do Código Civil,
podendo o herdeiro, considerado condômino, propor a demanda para resguardar os direitos
decorrentes da indivisão, na forma do artigo 1314 do Diploma Civil - Desprovimento do Agravo de
Instrumento.Cuida-se de Agravo de Instrumento objetivando a reforma do decisum e,
consequentemente, o reconhecimento da ilegitimidade ativa do recorrente, autor da Ação de Despejo
c/c Ação de Cobrança por Falta de Pagamentos e Infração Contratual ajuizada em face do agravante.
Verifica-se que o Juízo a quo fundamentou a decisão objeto do recurso, não só no fato da Lei nº
8.245/91 não exigir que o locador seja proprietário do imóvel, como na existência de contrato de
prestação de serviços, onde o autor da ação se obriga a efetuar as cobranças dos alugueres e
arrendamentos dos bens constantes dos Espólios de Orlandino Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz. E
razão assiste ao Magistrado. Examinando os autos, constata-se, em fls. 27/30, Contrato de Sublocação
firmado entre Moraves Agro Pecuária Ltda., na qualidade de sublocador, e Alquimia Produções e
Eventos Ltda. (agravante), na qualidade de sublocatária. A sublocação se refere a imóvel
originariamente locado por Orlandinho Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz, tendo como locatária a
empresa Moraves. Os locadores faleceram. Afirma a agravante Alquimia, ter pactuado contrato direto
com o Espólio de Orlantino Klotz após o despejo da empresa Moraes Agropecuária Ltda. (4º parágrafo
de fl. 07), no entanto o referido contrato direto não restou comprovado. Verifica-se no Contrato
acostado ao recurso, em fls. 24/26, que os Espólios de Orlandino Klotz e Olga Soares da Rocha Klotz, na
época, eram representados por inventariante dativo, e celebraram com João Luiz da Rocha Klotz o
referido Contrato de Prestação de Serviços, com o fim de que o contratado efetuasse mensalmente as
cobranças dos alugueres e arrendamentos dos bens. Dispõe o artigo 12, parágrafo 1º do Código de
Processo Civil que, no caso de inventariante dativo, os herdeiros serão autores ou réus nas ações em
que o espólio for parte. Como não há litisconsórcio ativo necessário, é cabível que um herdeiro
proponha demanda para defender direito do espólio.
Por outro lado, dispõe o artigo 1784 do Código Civil que, “Aberta a sucessão, a herança transmite-se,
desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”, o que decorre do princípio da saisine, que é a
aquisição causa mortis, havendo, portanto, legitimidade ativa ad causam concorrente e autônoma de
herdeiro para ajuizar ação visando à defesa dos bens da herança. Além disso, enquanto pender a
indivisibilidade decorrente da herança são aplicáveis as regras do condomínio, como dispõem o
parágrafo único e o artigo 1791 do Código Civil, podendo o herdeiro, considerado condômino, propor a
demanda para resguardar os direitos decorrentes da indivisão, na forma do artigo 1314 do Diploma
Civil. Portanto, resta claro que a condição de herdeiro é suficiente para o reconhecimento da
legitimidade do agravado para a Ação de Despejo.
30 - Ação de Revisão de Cláusulas
Cuida-se de Ação de Revisão de Cláusulas objetivando a revisão do Contrato de Arrendamento
Mercantil de um veículo Honda NXR 150 BROS-ESD firmado entre as partes, em virtude da existência de
cláusulas leoninas, cobrança excessiva de juros de forma capitalizada e cobrança cumulada de comissão
de permanência com juros de mora. Afirma o apelante que os juros cobrados pelo banco réu são ilegais
e que houve prática de anatocismo, razão pela qual pleiteia a revisão das cláusulas contratuais, quanto à
taxa de juros, taxa de comissão de permanência e multas e, após a apuração do abuso da cobrança
decorrente da contagem capitalizada dos juros, decreto judicial determinando a repetição do indébito. É
certo que as cláusulas contratuais podem ser revistas, comprovada a abusividade, em caso de
onerosidade excessiva para o consumidor. No entanto não se visualiza a existência de cláusulas abusivas
no Contrato de Financiamento. Também não há, nos autos, o anatocismo, sendo que os juros cobrados
por instituições financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula
596 do Supremo Tribunal Federal. Logo, não está limitada a cobrança de juros de 1% ao mês. Neste
sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça. Deste modo, não havendo contrariedade às
disposições oriundas do Conselho Monetário Nacional, quanto à limitação da taxa de juros nas
operações bancárias ou financeiras, e não se evidenciando sua onerosidade, deve prevalecer aquela
estipulada no pacto livremente celebrado pelas partes. O inconformismo com relação aos encargos
contratuais também não pode prosperar, uma vez que claramente previsto no Contrato de
Financiamento, em suas cláusulas VII e IX, em fls. 88 e 89, cuja juntada não foi providenciada pelo autor,
mas, sim, pelo réu. Ademais, não há comprovação de que o réu tenha efetuado a cobrança de comissão
de permanência, frisando-se que o mencionado encargo não consta no Contrato de fls. 88/89, o que
leva a crer que não está sendo cobrado. Como mencionado na Sentença, "contrato é um negócio
jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé
objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas
próprias vontades". Prossegue o julgador asseverando que decorre da definição do contrato, o princípio
do pacta sunt servanda. E, deste, para modificar qualquer cláusula, ter-se-á que aplicar a teoria da
imprevisão ou provar a ocorrência de lesão nos termos do artigo 157 do Código Civil. Na hipótese dos
autos, o Autor alega justamente um defeito do negócio jurídico, apto a ensejar a sua revisão, com base
em vícios no contrato e não a ocorrência de alguma circunstância que o tenha se tornado
excessivamente oneroso. O Autor, quando aderiu ao negócio jurídico, tinha perfeita ciência do valor da
prestação que iria pagar e dos juros aplicados, sendo que estes são fixados em percentual próximo de
operações da mesma espécie, o que associado à natureza do contrato, afasta a alagada abusividade.
Portanto, desnecessária a produção de prova pericial, de acordo com o artigo 130 do Código de
Processo Civil, inexistindo cerceamento de direito de defesa ou motivo a ensejar a nulidade da
Sentença, a decisão a quo será mantida, julgando-se improcedente o recurso.
31 - Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória. Contrato de Arrendamento Mercantil;
devolução do valor pago a título de VRG.
31.1 -Pretensão de revisão do Contrato de Arrendamento Mercantil; devolução do valor pago a
título de VRG; restituição em dobro dos valores indevidamente exigidos e indenização por danos
morais–Aplicação do Código de Defesa do Consumidor.As instituições financeiras não sofrem a restrição
do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal, não estando
limitadas à cobrança de juros de 1% ao mês –Súmula 382 do STJ –Encargos previstos no
contrato.Obrigatoriedade de devolução do valor residual garantido, decorrente da entrega do bem, sob
pena de enriquecimento sem causa, pois o arrendatário, com o fim do contrato, não exerceu a opção
pela transferência de propriedade do bem arrendado e se ocorreu cobrança antecipada, os valores
deverão ser restituídos.Negativação ocorrida após a devolução amigável do bem –Falha na prestação de
serviço –Dano moral configurado-Provimento parcial da Apelação.
31.2 - Cuida-se de Ação de Repetição de Indébito c/c Indenizatória através da qual a autora
pretende a revisão de Contrato de Arrendamento Mercantil, com a declaração de aplicabilidade de juros
de 12% ao ano; a devolução do valor pago a título de VRG; a restituição em dobro dos valores
indevidamente exigidos, além da indenização pelo dano moral experimentado com a negativação de seu
nome nos cadastros de proteção ao crédito. A demanda envolve relação de consumo, já que as partes
contratantes se enquadram na definição legal de consumidor e prestador de serviço, conforme redação
dos artigos2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. É certo que as cláusulas contratuais podem ser
revistas, comprovada sua abusividade, em caso de onerosidade excessiva para o consumidor.
Ocorre que o apelante não se desincumbiu de demonstrar a existência do alegado anatocismo, sendo
que os juros cobrados por instituições financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33,
conforme dispõe a Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal.Logo, não está limitado à cobrança de juros
de 1% ao mês.Neste sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça.Deste modo, não havendo
contrariedade às disposições oriundas do Conselho Monetário Nacional, quanto à limitação da taxa de
juros nas operações bancárias ou financeiras, e não se evidenciando sua onerosidade, deve prevalecer
aquela estipulada no pacto livremente celebrado pelas partes.O inconformismo com relação aos
encargos contratuais(tarifa bancária, gravame eletrônico e outras despesas),também não pode
prosperar, uma vez que claramente previsto no Contrato, fl. 13, com exceção do valor cobrado a título
de TAC, tudo conforme corretamente reconhecido na Sentença.Contudo, razão assiste a apelada no que
concerne ao pleito de devolução do Valor Residual Garantido.Verifica-se que a autora pactuou junto à ré
Contrato de Arrendamento Mercantil, tendo por objeto o veículo descrito na petição inicial, sendo
ajustado o pagamento em parcelas mensais e sucessivas.Aconteceque, por problemas financeiros,
passou a atrasar as prestações, vindo a sofrer cobranças pela ré, o que teria lhe compelido a efetivar a
entrega do veículo, nos moldesdo documento de fl. 12.Note-se que no termo consta expressamente que
com a entrega amigável do bem as partes outorgam mútua e recíproca quitação, renunciando e
desistindo ambas de quaisquer débitos eventualmente decorrentes do contrato, restituição de valor
residual garantido, danos materiais, morais ou lucros cessantes. Trata-se de disposição contratual
abusiva, a teor do que dispõe o artigo51, inciso IV do Código de Defesa do Consumidor: Art. 51. São
nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
serviços que:IV -estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;Acrescente-se que na
contestação (9º parágrafo de fl. 38), a demandada ainda argumenta no sentido de ter restado
induvidoso qualquer indício de direito da autora de ser contempladacom os valores a seremrestituídosa
título de liquidação do VRG, uma vez que com a venda obtida com a comercialização do veículo objeto
do arrendamento mercantil não foi possível aferir importância suficiente para liquidar o saldo devedor
do seu contrato, motivo peloqual amesmaainda é devedorado réu.Com efeito, a obrigação pelo
arrendatário em quitar as parcelas vincendas, sem a utilização do bem arrendado, porque restituído
aoarrendante, configura cláusula abusiva, incompatível com a equidade e boa-féobjetiva, ocasionando,
sem dúvida,hipótese de enriquecimento sem causa.Igualmente não procede a sustentação da parte
apelada, de que incide no caso concreto o princípio da obrigatoriedade contratual, na máxima do pacta
sunt servanda, uma vez que tal princípio contratual não apresenta natureza absoluta, devendo se
harmonizar com os demais princípios norteadores da teoria geral dos contratos, como osprincípiosda
equivalência das prestações contratuaise do dirigismo contratual.Portanto, deve a ré devolver o Valor
Residual Garantido (VRG)pago, já que do contrário haveria evidente enriquecimento sem causa, pois o
arrendatário, com o fim do contrato, não exerceu a opção pela transferência de propriedade do bem
arrendadoe se ocorreu cobrança antecipada, os valores deverão ser restituídos. Entretanto, deve-se
observar a existência de eventuais parcelas vencidas não quitadas, as quais devem ser compensadas no
valor de VRG total a ser restituído ao arrendatário. O decisum merece reforma ainda no que diz respeito
ao dano moral.Examinando osdocumentosde fls. 10/11, constata-se que o nome da demandantefoi
levado ao registro pela réem 27/05/2010, sendo certo que o Termo de Entrega Amigável foi realizado
em 03/05/2010, fl. 12, ou seja, a negativação ocorreu em momento ulterior ao pactuado com a entrega
do bem. Portanto, gritante a falha na prestação do serviço. Dessa forma, o dano moral configura-se
plausível, na forma do artigo 6º, inciso VI do Código de Defesa do Consumidor, caracterizando defeito na
prestaçãodo serviço, tal como preceitua a regra do artigo 14, parágrafo 1º, inciso I do diploma
consumerista.Consequentemente, a empresa ré deve arcar com a indenização moral, devendo a fixação
atentar para os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, semdescuidar do caráter punitivo-
pedagógico e o enriquecimento sem causa da parte ofendida. No caso, mostra-se suficiente e adequado
à hipótese o valor de R$ 4.000,00, com juros de mora a contar da inscrição indevida e correção
monetária a contar deste julgado.Despesas processuais e honorários advocatícios,de 10% sobre o valor
da condenação,a cargo da ré, na forma do parágrafo único do artigo 21 do Código de Processo
Civil.Assim, dá-se parcial provimento ao recurso, condenando a ré a restituir o VRG,na indenização por
danos morais e ônus sucumbenciais, na forma do Acórdão.
Atenção: Novo posicionamento do STJ quanto à devolução do VRG.
STJ consolida tese sobre devolução do VRG nos casos de inadimplemento de contrato de leasing
financeiro
“Nas ações de reintegração de posse motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil
financeiro, quando o produto da soma do valor residual garantido (VRG) quitado com o valor da venda
do bem for maior que o total pactuado como VRG na contratação, será direito do arrendatário receber a
diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou
encargos contratuais.”
32 - Ação de Rescisão Contratual c/c Indenizatória – Instrumento Particular de Promessa de Compra e
Venda e Contrato de Construção.
Legitimidade passiva da apelante que figurou no negócio jurídico como interveniente
construtora – Relação de consumo – Solidariedade – Empresas que se unem por lucro para obtenção de
um objetivo comum – Risco do empreendimento e inadimplemento do contrato que não pode ser
atribuído ao destinatário final. Contexto probatório que revela não só os pagamentos efetuados pela
autora, como a inexistência da construção. Direito de rescindir o negócio e obter a devolução dos
valores investidos no sonho da casa própria, bem como da reparação dos danos morais suportados em
razão do grave descumprimento contratual – Quantum indenizatório fixado com observância dos
critérios da proporcionalidade e razoabilidade, e artigo 944 do Código Civil - Mantença na integra da
Sentença – Desprovimento da Apelação.A ré impingiu ao autor aborrecimentos e angústia muito além
do normal, o que caracteriza lesão moral indenizável. A hipótese dos autos se amolda à regra do artigo
187 do Código Civil.
Consequentemente, a Sentença será mantida, certo que o quantum indenizatório observou os critérios
de razoabilidade e de proporcionalidade.
33 - Ação de Rescisão de Contrato c/c Indenizatória - Compra de automóvel - Contrato de
Arrendamento Mercantil.
Preliminar de violação ao princípio da identidade física do Juiz que se rejeita - Sentença
prolatada por Magistrado diverso daquele que presidiu a audiência de instrução e julgamento, em
virtude de promoção do titular da Vara, que o desvinculou do julgamento do feito - Exceção prevista no
artigo 132 do Código de Processo Civil. Conjunto probatório que não revela qualquer prejuízo ao autor,
já que não foram comprometidas as condições previamente ajustadas - Ausência de elementos capazes
de infirmar a autenticidade ou a existência de qualquer vício que macule o contrato - Validade do
ddocumento. Código de Defesa do Consumidor que se inspira na vulnerabilidade do consumidor para
protegê-lo, sempre que necessário, mas seu objetivo não é estimular a inadimplência ou o
descumprimento das cláusulas contratuais, ao contrário, devem ser sempre observados os princípios da
boa-fé e do equilíbrio que regulam as relações consumeristas, nos termos do inciso III do artigo 4º do
referido Diploma - No mesmo sentido o artigo 422 do Código Civil - Desprovimento da Apelação.
34 - Ação de Revisão de Cláusulas Contratuais – Contrato de Administração de Cartão de Crédito.
Anatocismo
Ausência de interesse recursal, porque acolhida a tese defensiva do apelante. Cumulação de
comissão de permanência e outros encargos contratuais – Impossibilidade – Súmulas 30, 296 e 472 do
Superior Tribunal de Justiça - Violação do artigo 51, incisos IV e XV da Lei nº 8.078/90 – Desprovimento
do Recurso.
35 -Ação de Reparação por Danos Materiais e Morais – Relação de consumo – Defeito em veículo
novo
Demanda envolvendo o fabricante, a concessionária vendedora e a concessionária responsável
pela revisão. Tem legitimidade passiva a fabricante do veículo por defeitos de montagem, sendo cabível
a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, inciso VIII da Lei nº 8.078/90, porque induvidosa a
hipossuficiência do comprador em relação ao fabricante e à concessionária vendedora do veículo e
responsável pelas revisões, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor. Prova pericial que
comprova a existência de danos sanáveis, relacionados com a guarnição da porta traseira direita,
mecanismo de acionamento do vidro elétrico e difusor de ar da extremidade direita do painel.
Falha do fabricante, da concessionária vendedora e da concessionária que recebeu o bem para conserto,
tratando-se de automóvel zero quilômetro, porque não sanados os defeito – Responsabilidade solidária
– Artigo 12 e parágrafo 1º do artigo 25 do Código de Defesa do Consumidor. Dano Moral que se verifica
in reipsa – Dever de indenizar evidente – Transtornos que vão muito além de meros aborrecimentos do
cotidiano – Frustração da legítima expectativa do consumidor – Defeito do produto que interfere,
parcialmente, no uso. Valor do dano moral fixado com prudência, considerando a pouca extensão do
dano – Defeitos que não impediram o uso intenso do carro. Descabimento da rescisão do contrato de
compra do veículo e da restituição de valores pagos – Desprovimento do recurso.
A discussão gira em torno da existência de vícios de origem de monta, que sejam capazes de ensejar a
rescisão do contrato em comento, com devolução do bem à concessionária vendedora e ao fabricante e
a restituição dos valores pagos pelo comprador, como expresso no parágrafo 1º do artigo 18 do Código
de Defesa do Consumidor. Não é qualquer vício que dá ensejo à restituição da coisa, com devolução do
valor despendido, mas aquele capaz de torná-lo impróprio ou inadequado para o consumo.
36 - Cuida-se de Ação de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda cumulada com
Indenizatória
36.1 - Os autores pretendem a rescisão do contrato avençado junto a ré, a indenização por
danos morais sofridos em razão de atraso na conclusão e entrega da unidade residencial prometida
vender, e materiais, decorrentes do pagamento de parcelas do financiamento. O contrato objeto da
demanda está em fls. 85/115.
Ao caso aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, por força do disposto nos artigos 2º, 3º e 53 da Lei
n° 8.078/90, por se tratar de típica relação de consumo, aquisição e construção de unidade imobiliária.
Verifica-se, através do Contrato de Compromisso de Venda e Compra de Bem Imóvel em fls. 85/115,
que os autores adquiriram a unidade imobiliária em construção, designada por apartamento 301, do
bloco 025, do Residencial Humaitá Garden, pelo valor de R$52.900,00, cujo prazo de conclusão da obra
e entrega da unidade seria 31.07.2009, com tolerância de 180 dias, segundo narrativa autoral contida no
penúltimo parágrafo de fl. 04.
Quanto a esta data, não há divergência entre as partes, sendo que não é possível confirmá-la
documentalmente, diante da má reprodução do item 5 do documento de fl. 83. Além disso, ainda nos
termos do mencionado instrumento particular, referido prazo de conclusão da unidade admitiria um
atraso não superior a 180 dias úteis, conforme cláusula 9ª, em fl. 90. É fato incontroverso que a avença
não foi cumprida pela promitente vendedora, que ultrapassou o prazo pactuado, como se depreende
pela Certidão de Habite-se expedida pela Secretaria Municipal da Cidade, acostada em fl. 116, que
revela que o habite-se foi concedido apenas no dia 23.02.2010. Portanto, o atraso, em relação à data
inicial da entrega, somado à tolerância de 180 dias, não chegou a um mês. Ocorre que os apelantes
suspenderam os pagamentos das parcelas contratadas, como se nota pelo documento de fl. 117. Não
houve impugnação aos valores pagos pelos autores, como comprova o documento de fl. 117.
Entretanto, restou demonstrando que os demandantes se encontravam inadimplentes com suas
contraprestações, antes a propositura da ação, eis que os pagamentos se sucederam até fevereiro de
2010 e a distribuição ocorreu em 23.10.2012. É incontroverso nos autos, segundo afirmado pelos
autores e confirmado pela ré, que houve tentativa de rescisão da avença, com restituição das parcelas
pagas, cuja efetivação só não ocorreu por ato dos apelantes, segundo depoimento pessoal da ré, em fls.
162/163. Nessas circunstâncias, incide a regra do artigo 476 do Código Civil, segundo o qual: “Nos
ontratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro”. Nestes termos, inobstante a demora da ré em entregar o imóvel, com o
“habite-se”, está afastado o dever de indenizar, porque, antes de se tornar inadimplente, já havia se
verificado o inadimplemento dos autores. Portanto, correta a Sentença ao rescindir o contrato de
promessa de compra e venda do imóvel objeto da presente lide, determinando a restituição de 80% dos
valores vertidos, esta parte, de acordo com a cláusula 22, inciso III, em fls. 102/103, aplicando-se as
regras dos artigos 408 e 409, ambos do Código Civil, e negando indenização suplementar.
36.2 - Ação de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda c/c Indenizatória – Aquisição de
unidade imobiliária em construção – Atraso imotivado na conclusão da obra. Responsabilidade da
construtora a ensejar a rescisão contratual, e a consequente restituição dos valores pagos pelos autores,
além da condenação da ré ao pagamento da multa prevista na cláusula penal do contrato. Incabível o
pedido do apelante acerca da compensação dos valores pagos quando da celebração do suposto
distrato extracontratual, uma vez que a alegada rescisão não restou demostrada nos autos, não cabe a
fixação do termo final da multa na data pretendida. Pedido de redução do valor da indenização por
danos morais que não possui qualquer fundamento, tendo em vista que a ré não foi condenada ao
pagamento de indenização a este título – Desprovimento da Apelação.
37 - Ação de Cobrança - Seguro de vida - Morte do segurado ocorrido em 2002 – Negativa de
pagamento do seguro.
Alegações das rés que não têm o condão de eximi-las do pagamento da indenização securitária
contratada - Ausência de razoabilidade à sujeição da beneficiária à finalização do inquérito policial para
fazer jus ao recebimento da indenização – Aplicação do artigo 110 e parágrafo único do Código de
Processo Civil - Abusividade na forma do inciso IV do artigo 51 Código de Defesa do Consumidor.
Contrato firmado que preenche todos os requisitos legais, obedecendo ao disposto nos artigos 757, 758
e 759 do Código Civil. Descabimento da exigência relacionada à comprovação da verdadeira relação
havida entre segurado e beneficiária, uma vez que na contratação do seguro é livre a indicação dos
beneficiários, cabendo, indubitavelmente, às seguradoras apontarem e recusarem o contrato de seguro
na hipótese de existir alguma objeção legal – Mantença da Sentença - Desprovimento da Apelação.
38 - Ação de Rescisão de Contrato c/c Indenizatória em apenso à Ação de Reintegração de Posse.
Cerceamento de defesa - Não configurado - Demandante que obteve a oportunidade de se
manifestar acerca da produção de provas, possibilidade de conciliação, e razões finais. Autora que
pretende a extinção do contrato de arrendamento mercantil celebrado com a empresa ré, sob o
argumento de que não conseguiu regularizar a documentação do veículo junto ao DETRAN, em razão
desta se encontrar adulterada. Conjunto probatório que não possui o condão de demonstrar a suscitada
irregularidade. Não obstante se tratar de relação de consumo, possuindo a ré responsabilidade solidária,
na forma do parágrafo 1º do
artigo 25 da Lei nº 8.078/90, na presente hipótese, não há como ser a mesma responsabilizada tendo
em vista que não foi devidamente comprovado o defeito na prestação do serviço – artigo 14, parágrafo
3º, inciso I do Código de Defesa do Consumidor - Desprovimento da Apelação.
39 - Ação de Reintegração de Posse proposta em face da ex-esposa e pedido de aluguel pela
ocupação exclusiva
Alegação de que o imóvel objeto da ação, não obstante ter sido adquirido na vigência do
matrimônio, pertence única e exclusivamente ao autor, posto que a aquisição se deu com recursos
próprios (valores do FGTS e venda de imóvel comprado quando ainda solteiro). Imóvel adquirido pelo
casal, onerosamente, na constância do casamento, realizado sob o regime da comunhão parcial de bens
– Presunção de comunicabilidade, passando a integrar o patrimônio comum. Exceções previstas no
artigo 1659 do Código Civil que não devem ser interpretadas de forma categórica, mas sim à luz das
circunstâncias do caso concreto. Contrato de Compra e Venda celebrado em nome de ambas as partes,
não sendo possível ser considerado nulo. Utilização de FGTS na aquisição - Jurisprudência pacífica no
sentido de que quando tais valores são investidos no patrimônio do casal, deixa de haver a
incomunicabilidade, podendo, inclusive, ser objeto de partilha – Caso concreto que se refere à
composse – Artigo 1199 do Código Civil. Correta imputação ao cônjuge que exerce com exclusividade a
posse do imóvel o dever de indenizar o outro – Fixação de um valor inferior ao aluguel proporcional à
meação, justificado pelo fato da ré residir no imóvel juntamente com o filho, situação não prevista
quando da homologação dos alimentos - Desprovimento da Apelação e do Recurso Adesivo.
(Achei a sentença interessante, então segue na íntegra)
Processo n° 0093948-76.2009.8.19.0001 (antigo 2009.001.094225-3)
SENTENÇA
RENE MARTINS BAPTISTA, representado por seu curador Rene Bastos Baptista, ajuíza ação de
reintegração de posse em face de TATIANA SILVA ROSA, dizendo que as partes se casaram pelo regime
da comunhão parcial de bens em 24/10/1992 e se divorciaram em 15/05/2006. O autor é proprietário
do apt. 1305, Bloco B, na Rua Alberto de Campos n 10, adquirido na vigência do casamento, por
escritura de 27/12/2000, com recursos próprios do autor, quais sejam, FGTS mais o produto da venda de
um imóvel que adquiriu quando solteiro. Desde 1994 apresentava problemas emocionais, tendo sido
internado em instituição para tratamento. Consta no ato que o autor foi assistido por sua mulher. A ré
não fez constar a existência de bens comuns quando do pedido de divórcio. O autor foi interditado e
necessita de tratamento, cujas despesas mensais em muitas vezes ultrapassam a receita mensal líquida
advinda de sua aposentadoria por invalidez. Notificou a ré para desocupar o imóvel em 04/12/2008,
concedendo o prazo de 60 dias, pena de pagamento mensal de R$ 2.000,00 a título de aluguel. A ré não
desocupou o imóvel. Requer liminarmente a reintegração do autor na posse do imóvel e, ao final,
também a condenação da ré no pagamento de aluguel mensal no valor de R$ 2.000,00 até a data da
efetiva desocupação.
Citada, a ré contestou às fls. fls.54-60. Alega em preliminar a falta de pressupostos para
constituição e desenvolvimento válido do processo. No mérito, nega que o imóvel seja exclusivamente
do autor, uma vez que esse foi adquirido na constância do casamento, sendo o bem, assim, sujeito à
partilha, fls. 56. Além disso, nega que tenha ocorrido o esbulho, eis que o imóvel serve de residência do
filho do casal e que jamais se configurou qualquer comodato verbal, tal qual alegado pelo autor,
afirmando, ainda, ser a sua posse legítima. Às fls. 85 foi indeferido o pedido liminar. Em provas, a ré
requereu prova oral e o autor se limitou a requerer fosse diligenciado no imóvel para verificar eventual
abandono. Dada a oportunidade para o Ministério Público se manifestar, aquele se recusou a fazê-lo (fl.
101). Passo a decidir.
A falta de manifestação do Ministério Público no mérito não implica a nulidade do processo, na
medida em que lhe foi dada a oportunidade para tanto.
A preliminar arguida traz questão meritória. O autor afirma sua propriedade exclusiva sobre o
bem por tê-lo adquirido com recursos próprios. No entanto, tenho que o artigo 1659, II, do Código Civil
não encerra norma de ordem pública. Gravitando sobre direito de caráter meramente patrimonial, nada
impede que um dos cônjuges reverta valores que lhe pertençam com exclusividade em favor da
sociedade conjugal. Com efeito, a compra e venda do imóvel objeto da lide se deu em 27/12/2000 em
nome de ambas as partes. Assim, não é possível interpretar o negócio traduzido na escritura de compra
e venda do imóvel como um ato nulo.
Por sua vez, a anulação dependeria de ato judicial desconstitutivo (Código Civil, artigo 177), que
não foi objeto da demanda. Via de consequência, conclui-se que o caso se refere a uma composse, cuja
disciplina está no artigo 1199 do Código Civil. Nestes casos, cabe à parte que exercer com exclusividade
a posse sobre o imóvel a indenização proporcional sobre a parte que cabe ao ex-cônjuge. O Superior
Tribunal de Justiça reconhece o dever de indenizar em casos tais, distinguindo o valor do de um aluguel,
na medida em que seu fundamento não é uma locação: REsp 399640 / SP Relator Ministro RUY ROSADO
DE AGUIAR QUARTA TURMA Julgamento em 06/08/2002 DJ 16/09/2002 p. 193 RNDJ vol. 35 p. 129 RSTJ
vol. 164 p. 397 BEM COMUM. Meação. Separação. Uso exclusivo. Indenização O cônjuge que fica com a
posse exclusiva do bem depois da partilha, a título de comodato gratuito, deve indenizar o outro pela
ocupação a partir da notificação para que pague remuneração pelo uso da meação, se nada diverso foi
estabelecido entre eles. Para esse fim, não se leva em consideração o valor locativo do bem, que de
locação não se trata. Recurso conhecido pela divergência e provido em parte.
No caso do acórdão citado, entendeu-se que o fato de a cônjuge ocupante residir juntamente
com o filho comum do casal justificava a fixação de um valor indenizatório inferior ao aluguel
proporcional à meação do cônjuge varão.
Aqui, o mesmo acontece. Realmente, não se concebe que a indenização desconsidere o ônus
assumido pela ré decorrente da guarda que exerce sobre o filho comum do casal, ainda menor (fl. 77).
Salienta-se que a situação fática ora buscada pelo autor não era prevista por ocasião do acordo de
alimentos no divórcio do casal.
Neste sentido, entendo por justo a indenização correspondente a 35% do valor do aluguel
mensal do imóvel, devidos a partir do término do prazo de 60 dias concedidos na notificação de fl. 42,
que fez cessar o uso exclusivo gratuito do imóvel, em 02/02/2009, conforme se apurar em fase de
liquidação.
Pelo que, rejeito a preliminar e JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para condenar a ré a
indenizar o autor no valor equivalente a 35% do aluguel mensal de mercado do imóvel objeto da
demanda, desde 02/02/2009 e enquanto durar o uso exclusivo do bem, corrigido monetariamente,
conforme se apurar em fase de liquidação. Os juros de mora serão de 1% ao mês e incidirão, em relação
aos aluguéis anteriores, a partir da citação e, quanto aos posteriores, a partir do término de cada mês de
referência. Face à sucumbência recíproca, honorários se compensam e custas são devidas pela metade
por cada parte, observado o artigo 12 da Lei n° 1060/1950 em relação à parte autora. Transitada em
julgado, aguarde-se eventual execução por 30 dias, dê-se baixa e arquivem-se. Rio de Janeiro, 28 de
fevereiro de 2011. LEONARDO DE CASTRO GOMES Juiz de Direito
40 - Rescisão de Contrato de Compra e Venda de Fundo de Comércio cumulado com Reintegração de
Posse
Alegação de culpa da compradora, em virtude de atraso no adimplemento das prestações
pactuadas e retardamento na substituição dos fiadores originários do Contrato de Locação referente à
empresa. Comerciante que se obriga a transferir o domínio dos bens instrumentais que dão suporte à
atividade mercantil – Adquirente que obriga a pagar pela aquisição – Trespasse – Artigo 1.146 do Código
Civil. Cláusula contratual que impõe à vendedora dívidas ou débitos perante terceiros, realizados antes
da celebração da avença. Nenhum contratante poderá exigir o implemento da obrigação do outro, antes
de cumprir a sua – Contrato bilateral – Artigo 476 do Código Civil. Negócio jurídico que deve ser
preservado porque a mora da compradora derivou do inadimplemento da vendedora – Hígido o pacto,
não há que se falar em reintegração de posse – Desprovimento do recurso.
Pesquisa livre - site do TJRJ.
Assunto: indenização por extração de dente errado
Evidentemente que a inversão do dente a ser extraído (mesmo em se tratando de extranumerário, aquele
que excede aos 22 de leite e aos 36 definitivos), ensejou situação desagradável, o dissabor e a frustração,
não havendo que se exigir a comprovação do sofrimento de quem não obtém tratamento de saúde
adequado, estando correta a fixação da verba indenizatória pelo dano moral.(...)
Consequentemente será mantido o valor do dano moral, R$ 10.000,00, porque observados os critérios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
Apenas no tocante à aplicação dos juros de mora, de 1% ao mês, a Sentença será modificada, porque não
se trata de responsabilidade extracontratual a permitir a incidência da Súmula 54 do Superior Tribunal de
Justiça, mas de responsabilidade contratual, ensejando juros a contar da citação, na forma do artigo 219
do Código de Processo Civil, artigos 405 e 406 do Código Civil e artigo 161, parágrafo 1º do Código
Tributário Nacional.
Assunto: Prescrição Administrativa e honorários advocatícios
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 18/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Não ocorrendo o enquadramento funcional, aplica-se a regra do parágrafo 1º do artigo 5º da Lei nº
5.170/95, que prevê a progressão automática do funcionário, com base no tempo de serviço.
Preenchimento dos requisitos legais - Direito ao enquadramento, com a percepção das diferenças
remuneratórias, observada a prescrição quinquenal, com base no artigo 4º do Decreto nº 20.910/32,
porque o requerimento administrativo suspende o prazo prescricional. Redução dos honorários
advocatícios de 10% para 5% sobre o total da condenação dada à natureza da causa, com pouca
complexidade e de curso corrente no Judiciário local - Artigo 20, parágrafo 4º, do Código de
Processo Civil - Provimento parcial à Apelação e Modificação parcial da Sentença no duplo grau
obrigatório de jurisdição.
Assunto: Incabível retirar negativação de consumidor inadimplente
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Indenizatória por Danos Morais Inscrição do nome do autor nos cadastros restritivos de crédito -
Contrato de abertura de crédito a prazo - Financiamento em 20 parcelas mensais - Pagamento de 16
mensalidades. Contrato e Pedido de Compra que apresentam assinaturas semelhantes à constante na
procuração - Aplicação da regra do artigo 335 do Código de Processo Civil - Improvável que alguém
obtenha crédito em nome de terceiros, pague parte substancial do débito e se torne inadimplente. Atraso
imotivado no pagamento de dívida que não pode ser imputada a outrem Culpa exclusiva do consumidor a
justificar a negativação - Aplicação do artigo 14, parágrafo 3º da Lei 8.078/90 - Reforma da Sentença -
Provimento da Apelação.
“A regra de experiência comum prevista no artigo 335 do Código de Processo Civil torna certo que
fraudadores não pagam dívidas havidas de forma irregular, muito menos, a quase totalidade desta”
“Portanto será provido o recurso, com a improcedência dos pedidos e a condenação do autor ao
pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor dado à
causa, observada gratuidade de justiça.”
Assunto: Papel do Código de Defesa do Consumidor
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Rescisão de Contrato de Compra de Automóvel e Rescisão de Financiamento cumulada com
Indenizatória - Alegação de vício oculto - Veículo adquirido com 11 anos de uso. Conjunto probatório
que não revela qualquer prejuízo ao autor, já que não foram comprometidas as condições previamente
ajustadas - Ausência de elementos capazes de comprovar a existência de qualquer vício que macule o
contrato - Validade do documento. Defeitos apresentados pelo veículo condizentes com sua data de
fabricação e tempo de uso - Valor de aquisição compatível com o estado do veículo. Código de Defesa do
Consumidor que se inspira na vulnerabilidade do consumidor para protegê-lo, sempre que necessário, mas
seu objetivo não é estimular a inadimplência ou o descumprimento das cláusulas contratuais, ao contrário,
devem ser sempre observados os princípios da boa-fé e do equilíbrio que regulam as relações
consumeristas, nos termos do inciso III do artigo 4º do referido Diploma - No mesmo sentido o artigo 422
do Código Civil - Desprovimento da Apelação.
Assunto: Responsabilidade da corretora por venda de imóvel
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 21/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Indenização objetivando a rescisão de negócio jurídico c/c devolução de arras em dobro
Sentença que determina que o promitente vendedor devolva, de forma simples, o sinal, e extingue o feito,
sem resolução do mérito, em relação à empresa corretora. Promessa de compra de imóvel que não se
consumou por pender litígio sobre o bem, fato desconhecido da promissária compradora, que não foi
alertada. Responsabilidade do promitente vendedor pela devolução, em dobro, das arras Artigo 418
do Código Civil.Responsabilidade da corretora porque fez constar, no Instrumento Particular, em papel
timbrado, que o imóvel se encontrava livre e desembaraçado de quaisquer ônus, hipotecas legais,
demandas judiciais e extrajudiciais, tornando aplicável a regra do artigo 723 e parágrafo único
do Código Civil. Modificação da Sentença, com condenação do promitente vendedor e da corretora a
restituir, em dobro, as arras pagas, com correção monetária e juros de mora - Provimento da Apelação.
“A corretora responde pelas consequências da não concretização da venda, porque alterou a realidade da
situação do imóvel, tornando-se solidariamente responsável com o promitente vendedor pela restituição,
em dobro, do sinal dado, no valor de R$ 10.000,00, perfazendo o total de R$ 20.000,00, importância que
será acrescida de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária desde o pagamento, como consta na
Sentença. Despesas processuais e honorários advocatícios de 10% sobre a condenação, a cargo dos réus.”
Assunto: Alienação Parental
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
SINDROME DA ALIENACAO PARENTAL
DISPUTA ENTRE GENITORES
DEVER DE GUARDA DOS PAIS
IMPOSSIBILIDADE DE ALTERACAO
OBRIGACAO ALIMENTAR COMUM AOS PAIS
FIXACAO DE VISITACAO LIVRE
Ação de Guarda proposta por genitor, objetivando exercer de forma exclusiva a guarda de seus dois
filhos. Sentença suficientemente fundamentada que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo
ao pai a guarda do filho Douglas e à mãe, da filha Milena. Estabelece o artigo 229 da Constituição
Federal que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, arcando com as despesas de
manutenção dos mesmos - No mesmo sentido o artigo 1.696 do Código Civil. Manifestação da menor no
sentido de desejar conviver harmonicamente com ambos os genitores Impossibilidade de uma solução
amigável. Contexto probatório que não aponta nenhuma circunstância no sentido da não recomendação da
permanência da menor com a mãe, mas muito pelo contrário, tão somente evidencia uma pretensão
desesperada do apelante em denegrir a imagem da ex-esposa. Ausência de qualquer elemento de prova
acerca da má conduta da guardiã, inexistindo, desta forma, qualquer fundamento a justificar a alteração da
guarda faticamente consolidada com a recorrida desde a data da separação dos litigantes. Caracterizada a
Síndrome da Alienação Parental e suas prejudiciais consequências psicológicas suportadas pelas vítimas.
Direito a visitação livre - Mantença da Sentença - Desprovimento do recurso.
Assunto: Alimentos
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Oferecimento de Alimentos proposta em face de ex-esposa - Sentença julgando parcialmente
procedente o pedido, fixando os alimentos em 12% dos vencimentos líquidos do autor, junto a todas as
suas fontes pagadoras. Dever de mútua assistência previsto no artigo 1.566, inciso III, do Código Civil -
Recurso de ambas as partes impugnando o percentual arbitrado - Casal separado de fato desde o ano de
1996 - Ré que conta hoje com mais de sessenta anos e nunca retornou ao mercado de trabalho - Autor que
constituiu nova família, inclusive com filha menor de idade. Dispõe o parágrafo 1º do artigo 1.694
do Código Civil, que os alimentos serão concedidos sempre em conformidade com os critérios da
razoabilidade e proporcionalidade, de acordo com as necessidades dos alimentados e dos recursos do
alimentante Sentença proferida em consonância com o conjunto probatório- Manutenção da sentença -
Desprovimento da Apelação e do Recurso Adesivo.
Assunto: Artigo 1.225
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Arrolamento e Partilha de Bens Pretensão do autor a partilha de casa construída em terreno que
não pertence às partes. Edificação pretendida que foi construída em imóvel de propriedade do genitor da
ré - Aplicação do artigo 1.255 do Código Civil, que dispõe que aquele que edifica em terreno alheio
perde em proveito do proprietário as construções, tendo direito à indenização, se procedeu de boa-fé -
Imóvel pertencente a terceiros que não pode ser objeto de partilha - Indenização que poderá ser pleiteada
pela via própria, em face do proprietário do imóvel - Desprovimento da Apelação.
Assunto: Indenização por vício no produto
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Materiais e Morais Aquisição de
motocicleta zero quilômetro para uso particular - Alegação de vício de fabricação. Prova pericial que
confirma a existência de problemas decorrentes de desgastes naturais e do uso da motocicleta - Registro
de revisões de garantia junto à concessionária - Quilometragem superior à média nacional, a indicar o
intenso uso do veículo - Autor que não fez prova de seu direito - Artigo 333, inciso I do Código de
Processo Civil Desprovimento da Apelação.
Assunto: Indenização por morte de irmão
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Indenizatória - Acidente de trânsito consistente no atropelamento e morte do irmão da autora por
ônibus de propriedade da empresa ré. Responsabilidade objetiva da empresa - Artigo 37, parágrafo 6º da
Constituição Federal e artigo 927, parágrafo único doCódigo Civil - Inexistência de ato imputável à
vítima, a escusar a responsabilidade da empresa. Conjunto probatório que comprova a existência de nexo
causal entre o atuar desidioso do preposto da ré e a morte do irmão da autora - Artigo 932, inciso III do
DiplomaCivil. Danos morais demonstrados, cujo valor não observou os critérios da proporcionalidade e
da razoabilidade, merecendo ser majorado - Artigos 186 e 944 do Código Civil - Provimento da
Apelação.
“Além disso, doutrina e jurisprudência têm se orientado no sentido de que, na apuração do valor dessa
verba, devem ser consideradas as condições do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado.”
“Bem ponderadas essas diretrizes e diante do princípio de que o dano não pode ser fonte de lucro e da
circunstância de que essa reparação não tende a restitutio in integrum do dano causado, senão a uma
compensação pelo sofrimento com a perda do parente, a quantia de R$ 5.000,00 mostra-se insuficiente,
devendo ser majorada para a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em atenção aos critérios de
razoabilidade e de proporcionalidade e ao citado artigo 944 do Código Civil. Há que se levar em conta,
ainda, a informação de fl. 104, dando conta da existência de outras demandas com o mesmo objeto desta,
sugerindo a ideia de que outros parentes do extinto buscaram indenização em face da morte do irmão da
autora.”
Assunto: Indenização por impossibilidade de colação de grau
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 14/05/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação objetivando indenização por danos morais suportados em virtude de ter sido impedida de colar grau
junto com a sua turma, sob a alegação de que estaria irregular no tocante ao ENADE - Exame Nacional
de Desempenho dos Estudantes. Conjunto probatório que comprova que a demandante, apesar de
devidamente inscrita, não realizou o exame na qualidade de ingressante na universidade - Artigo 5º da Lei
nº 10.861 de 2004 que determina que seja realizado tanto o exame de ingresso, quanto o de conclusão do
curso - Portaria do Ministério da Educação nº 760, que não é clara em relação à dispensa da realização
dos dois exames exigidos, quais sejam, o de ingresso e de conclusão. Apesar da relação jurídica em
questão ser regida pelo Código de Defesa do Consumidor, não há que se falar em ato ilícito praticado,
porque a ré cumpriu as determinações legais, agindo em exercício regular do direito - Artigo 188, inciso I
do Código Civil. Inexistência de dano moral, haja vista a culpa exclusiva da consumidora, que deu causa
ao evento narrado na inicial, ao deixar de realizar o exame em questão na época devida, mesmo estando
devidamente inscrita - Artigo 14, parágrafo 3º, inciso II da Lei 8.078/90 - Desprovimento da Apelação.
Assunto: Indenização por remanejamento de aulas
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 30/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Responsabilidade Civil objetivando indenização por danos morais, cumulada com Obrigação de
Fazer, suportados em razão dos transtornos e prejuízos advindos da desativação do campus Queimados,
situado no Município do mesmo nome e consequente transferência do serviço educacional prestado ao
autor para a unidade de São João de Meriti. Contrato de Prestação de Serviços Educacionais -
Possibilidade de remanejamento das aulas ou locais onde as mesmas poderão ser ministradas - Previsão
na Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/96, artigo 53, inciso I. A previsão de remanejamento do local
do curso não afasta a pretensão por dano ao aluno. Comprovação dos alegados danos morais, em
decorrência dos significativos transtornos decorrentes do deslocamento para outro Município, onde se
localiza o campus a ser frequentado pelo autor - Redução do valor da mensalidade que não afasta o dano
moral Desprovimento do recurso.
1ª Ementa
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 16/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Adjudicação Compulsória - Incorporação imobiliária - Obra inacabada - Formação de Comissão
de Representantes em Regime de Administração Própria - Imóvel arrematado em Leilão Extrajudicial.
Prova documental que comprova o pagamento integral do preço feito pela autora e, consequentemente,
seu direito ao reconhecimento de exigir a outorga da escritura definitiva de compra e venda do imóvel em
questão - Aplicação das regras do artigo 22 do Decreto-lei nº 58/37 e artigos 466-A e 466-B do Código de
Processo Civil Desprovimento da Apelação.
Assunto: Benfeitorias e aluguel em comodato
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 09/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Reintegração de Posse ¿ Comodato verbal ¿ Notificação extrajudicial ¿ Constituição em mora.
Agravo retido alvejando decisão que indeferiu a redesignação de audiência para oitiva de testemunhas,
que não merece prosperar Defensoria Pública presente ao ato e devidamente intimada da obrigatoriedade
de apresentação do endereço das testemunhas arroladas pelos réus, e que permaneceu inerte. Contexto
probatório que corrobora a versão autoral de comodato verbal do imóvel objeto da ação ¿ Ausência de
verossimilhança na tese de defesa de suposta promessa de compra e venda não concretizada em razão do
desaparecimento dos autores do local para receber o preço acordado. Nulidade da Sentença ¿ Inocorrência
¿ Desnecessidade de prova pericial ¿ Relação jurídica consistente em comodato ¿ Indenização por
benfeitorias supostamente realizadas no imóvel ¿ Pretensão que não merece acolhida ¿ Artigo 584 do
Código Civil. Correta fixação de aluguel ¿ Quantum que respeitou os parâmetros para a localidade
Desprovimento da Apelação.
“Logo, reconhecida a relação jurídica consistente em comodato, incabível o pleito de indenização por
ausência de prova de benfeitorias realizadas pelos réus. Além disso, o artigo 584 do Código Cível é
cristalino ao prever que o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o
uso e gozo da coisa emprestada.”
Assunto: Cobrança de valores por associação de moradores
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
ASSOCIACAO DE MORADORES
COBRANCA DE CONTRIBUICOES SOCIAIS
ISENCAO DA OBRIGATORIEDADE
LIBERDADE DE ASSOCIACAO
GARANTIA CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE
Dispõe o artigo 5º, incisos II, XVII e XX da Constituição Federal que ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, sendo plena a liberdade de associação para fins
lícitos e nenhuma pessoa poderá ser compelida a associar-se ou a permanecer associada. Se o proprietário
ou morador de imóvel que se situa em área administrada por associação de moradores não desejar integrar
a referida associação, ou pretender a exclusão, não poderá ser compelido a fazer parte da mesma, sob
pena de violação de princípios básicos constitucionais, vinculados aos direitos e garantias fundamentais.
Na realidade, a reunião de moradores visando segurança, limpeza e administração de área pública, não
pode justificar a obrigação de todos os proprietários de participarem da associação, porque o dever de
segurança e de limpeza é do Poder Público e as ruas administradas pela associação são bens públicos e de
uso comum do povo, conforme dispõe o artigo 99, inciso I do Código Civil. Os proprietários pagam
tributo em virtude do serviço de limpeza pública, e constituiria bis in idem o pagamento de valor com a
mesma destinação para a associação. Acrescente-se que no caso dos autos o réu ainda arca com o
pagamento das cotas relativas ao condomínio edilício, sendo indevida a cobrança cumulativa com a taxa
de associação - Inexistência de relação jurídica entre as partes a justificar a cobrança de contribuições
sociais - Desprovimento da Apelação.
ATENÇÃO, cuidado com a súmula 79 do E. TJRJ: "Em respeito ao princípio que veda o enriquecimento
sem causa, as associações de moradores podem exigir dos não associados, em igualdade de condições
com os associados, que concorram para o custeio dos serviços por elas efetivamente prestados e que
sejam do interesse comum dos moradores da localidade".
Assunto: Bloqueio de contas públicas
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, na forma do artigo 557, parágrafo 1º-A do Código de
Processo Civil, deu provimento ao Agravo de Instrumento. Bloqueio das contas públicas dos réus no
valor de R$8.310,00, para a realização de trinta sessões de Oxigenoterapia Hiperbárica, em razão da
continuidade do tratamento da parte autora. Orçamentos emitidos exclusivamente pela clínica particular
Hiperbárica Hospitalar Verificação da necessidade de continuidade do tratamento a realizada por médico
integrante da rede pública de saúde e, não, pela mencionada clínica particular - Desprovimento do Agravo
Legal.
“Logo, razoável que se exija, para o cumprimento da medida pleiteada, a apresentação de receituário
atualizado e emitido por médico conveniado ao sistema público de saúde, a fim de se evitar a prescrição
de tratamentos/medicamentos sem controle e sem o crivo do profissional vinculado ao sistema de saúde.”
Assunto: Descumprimento de liminar pelo Poder Público
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/07/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Agravo Legal alvejando Decisão Monocrática que, na forma do artigo 557 do Código de
Processo Civil, deu provimento ao Agravo de Instrumento. Medicamento - Imposição de multa pessoal
ao Sr. Presidente da Fundação Municipal de Saúde de Petrópolis e do Sr. Prefeito, initio litis,
descabimento. A norma prevista no artigo 14, inciso V e parágrafo único do Código de
Processo Civil, possibilita a sanção ao "responsável" que desrespeitar o cumprimento da obrigação
imposta em provimento antecipatório, podendo incidir sobre o patrimônio pessoal do Presidente da
Fundação e do Prefeito Municipal, desde que haja intimação pessoal para cumprir a obrigação, não
cabendo a medida, originariamente - Mantença da decisão monocrática - Desprovimento do Agravo
Legal.
Assunto: Direito de concorrência
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/06/2013 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público em face de postos de gasolina de Nova Friburgo, sob
a alegação de que os réus adotaram prática de alinhar os preços de revenda de combustíveis, de comum
acordo, frustrando a concorrência e prejudicando o consumidor - Formação de Cartel. Sentença de
improcedência do pedido, sob o fundamento da insuficiência de provas. Examinando o conjunto
probatório verifica-se que o Laudo da Agência Nacional de Petróleo concluiu haver indícios de infração
contra a ordem econômica nos mercados de distribuição e revenda de gasolina em Nova Friburgo.
Todavia, tais indícios deveriam ser comprovados de forma induvidosa, ao longo da instrução do feito,
principalmente, com a demonstração inequívoca de que os empresários do ramo de comércio de postos de
gasolina procederam à combinação dos preços dos combustíveis. Da mesma forma, a prova oral colhida,
também não foi suficiente para demonstrar a existência de ajustamento de conduta entre os postos de
gasolina, ora demandados. Ausência de prova pericial a demonstrar o alinhamento de preços e aumento
arbitrário de lucro. Suposto alinhamento de preços fulminado pela decisão do Conselho Administrativo de
Direito Econômico - CADE, no sentido de arquivar o procedimento da averiguação preliminar. Não
obstante a Lei nº 8.884/94, não exigir a necessidade de que o resultado seja efetivamente alcançado, isto
não exime o autor de comprovar a prática das condutas descritas nos artigos 20 e 21da mencionada
legislação - Mantença da Sentença Desprovimento da Apelação.
Assunto: Furto em estacionamento de supermercado e incidência de juros
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 11/12/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais - Furto de GPS e Notebook, com dano ao automóvel
do autor, ocorrido em estacionamento de supermercado. Relação de Consumo - Contexto probatório que
aponta para a veracidade dos fatos narrados na exordial. A responsabilidade da empresa ré ostenta
natureza objetiva - Dever de indenizar decorrente do risco do empreendimento - Fortuito interno. Prova
no sentido de que a empresa agiu negligentemente, deixando de adotar as cautelas mínimas exigíveis em
tais situações, não evitando o dano ao consumidor. Matéria sumulada no verbete 130 do Superior
Tribunal de Justiça - Condenação do réu ao pagamento dos Danos materiais e morais - Quantum
indenizatório fixado em observância aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade. Modificação da
Sentença em relação a incidência dos juros de mora, que devem fluir a partir da citação, por se tratar de
relação contratual - Artigo 219 do Código de Processo Civil c/c artigo 406 do Código Civil e 161,
parágrafo 1º do Código Tributário Nacional Provimento parcial do Recurso.
Assunto: Impedimento do juiz
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 27/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Agravo de Instrumento - Decisão Interlocutória que determinou a exclusão do novo advogado constituído
pelo autor, na fase de Sentença, sob o fundamento de que tal situação visa burlar flagrantemente o
princípio do juiz natural e criar de forma artificial a suspeição ou impedimento do magistrado, o que vai
de encontro aos próprios anseios da Justiça. Advogado envolvido em ocorrência conduzida pelo
magistrado, decorrente de incidente em rodovia, que culminou com a prisão do causídico. O parágrafo
único do artigo 134 do Código de Processo Civil somente possibilita o impedimento do advogado
constituído na causa, no caso do inciso IV, quando o magistrado já presidia o processo - Em se tratando
de norma restritiva de direito, não cabe a interpretação extensiva. Direito de o advogado continuar na
causa Provimento do Agravo de Instrumento.
Assunto: Contrato de seguro e reajuste da mensalidade
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 27/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória e Repetição de Indébito - Plano de saúde - Declaração de
nulidade de cláusulas de reajuste da mensalidade em virtude de alteração por faixa etária - Prática abusiva
- Vedação legal. Inaplicabilidade da prescrição ânua prevista no artigo 206, parágrafo 1°, inciso II do
Código Civil - Aplicação do prazo quinquenal de convalidação previsto no artigo 27 da Lei 8.078/90,
tendo em vista consubstanciar fato do serviço - Desprovimento do Agravo Retido. Relação de Consumo -
Dicção dos artigos 2º e parágrafo 2º do artigo 3º da Lei 8.078/90. O parágrafo 3º do artigo 15 da Lei nº
10.741/2003, Estatuto do Idoso, veda ". a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de
valores diferenciados em razão da idade.". O artigo 15, parágrafo único da Lei nº 9.656/1998 proíbe o
aumento de mensalidade para o usuário com mais de 60 anos de idade e permanência de 10 anos no plano
de saúde, situação dos autos - Ilegalidade de cláusula contratual em sentido contrário. Restituição do
indébito, na forma simples. Apelação da autora pretendendo a declaração de abusividade da cláusula que
permite aumento por faixa etária, porque violaria o Estatuto do Idoso. O interesse recursal consiste na
possibilidade de se obter, através da Apelação, situação mais vantajosa do que a auferida na Sentença. No
entanto, a Sentença reconheceu a abusividade da cláusula que possibilita aumento por faixa etária, por
contrariar as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde, não precisando esgotar as razões que
ensejaram a procedência do pedido e mencioná-las na parte dispositiva do decisum - Ausência de
interesse em apelar - Desprovimento do Agravo Retido e da Apelação da ré e não conhecimento do
recurso da autora.
Assunto: Crime de responsabilidade e improbidade administrativa
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Civil Pública - Improbidade Administrativa - Decisão saneadora indeferindo a produção de prova
testemunhal e documental, consistente em expedição de ofício à Secretaria Estadual de Saúde. Agravo de
Instrumento objetivando a reforma da decisão interlocutória, além de sustentar a necessidade de extinção
do feito em razão da inaplicabilidade da Lei de Improbidade Administrativa aos agentes políticos.
Expressão agente público constante do artigo 2º da Lei 8.429/92 que inclui os agentes políticos. Os
crimes de responsabilidade, tipificados na Lei nº 1.079/50, possuem a natureza de infrações
administrativo-políticas, distinta dos crimes comuns, de natureza penal, e dos atos de improbidade
administrativa, de natureza cível - Lei nº 8.429/92 que é aplicável a todos os agentes públicos. Artigo 37,
parágrafo 4º da Constituição Federal que estabelece sanções para os atos de improbidade administrativa,
sem prejuízo da ação penal cabível - Impossibilidade de extinção do feito sem resolução do mérito.
Requerimento de provas realizado no momento oportuno - Artigo 332 do Código de Processo Civil -
Indeferimento que importa em evidente cerceamento de defesa Violação aos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa - Reforma do decisum, com deferimento de produção de prova
testemunhal e expedição de ofício à Secretaria Estadual de Saúde - Provimento parcial do Recurso.
Assunto: Prescrição para licença prêmio
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer - Servidora Pública Municipal - Licença prêmio não gozada - Prescrição -
Inocorrência - Honorários advocatícios. A autora ingressou com processo administrativo junto à
Prefeitura Municipal de Barra Mansa requerendo a licença prêmio referente ao período de 1996/2001,
sendo informada que o gozo da licença não seria possível, pois já havia ocorrido a prescrição. O termo a
quo para a prescrição é a data da aposentadoria. Honorários advocatícios razoavelmente fixados -
Aplicação do artigo 20, parágrafo 4º do Código de Processo Civil Desprovimento do Recurso.
“Ao contrário do que suscita o apelante, enquanto o servidor municipal estiver em atividade, não
prescreve o direito à concessão de licença prêmio. Também o direito à conversão de licença prêmio em
pecúnia é imprescritível, iniciando-se o lapso temporal na data da aposentadoria, que, no caso sob análise,
não ocorreu.”
Assunto: Lei de Usura e Companhia de cartão de crédito
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de conhecimento visando à nulidade de cláusulas contratuais que permitem a cobrança de juros
capitalizados e repetição de indébito Súmula 283 do Superior Tribunal de Justiça. As empresas
administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por
elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. A matéria envolvendo a cláusula-mandato,
também está pacificada nesta Corte através da Súmula 77, que a considera válida. Anatocismo -
Reconhecimento de nulidade de cláusulas contratuais que permitam a capitalização mensal de juros -
Violação do artigo 591 do Código Civil, do artigo 51, incisos IV e XV da Lei 8.078/90 e da Súmula 121
do Supremo Tribunal Federal. Restituição do indébito, em dobro - Artigo 42, parágrafo único da Lei nº
8.078/90 Desprovimento da Apelação da instituição financeira e parcial provimento ao recurso da autora.
“Portanto, é nula qualquer cláusula contratual que permita a capitalização de juros, mensalmente ,
conforme dispõem os incisos IV e XV do artigo 51 da Lei nº 8.078/90, porque abusiva a cláusula que
possibilita o anatocismo mensal, ensejando desvantagem exagerada, estando em desacordo com o sistema
de proteção ao consumidor.”
Assunto: Exceção do contrato não cumprido
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 13/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Indenizatória - Descumprimento de Contrato de Compra e Venda de Fundo de Comércio Alegação
de culpa da vendedora, em virtude de inadimplemento das cláusulas pactuadas. Comerciante que se
obriga a transferir o domínio dos bens instrumentais que dão suporte à atividade mercantil - Adquirente
que se obriga a pagar pela aquisição Trespasse - Artigo 1.146 do Código Civil. Cláusula contratual que
impõe à vendedora dívidas ou débitos perante terceiros, realizados antes da celebração da avença.
Nenhum contratante pode exigir o implemento da obrigação do outro, antes de cumprir a sua - Contrato
bilateral - Artigo 476 do Código Civil. Negócio jurídico que deve ser preservado porque a mora da
compradora derivou do inadimplemento da vendedora - Hígido o pacto, a vendedora deve ressarcir à
compradora as despesas que teve em razão de débitos anteriores ao trespasse - Desprovimento do recurso.
Assunto: Indenização por morte de segurado em seguro de vida em grupo
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Indenizatória - Seguro de vida em grupo Morte do segurado - Ausência de pagamento da
indenização à esposa/beneficiária. Existência do contrato de seguro que restou incontroversa Autora que
logrou comprovar que formulou requerimento para o pagamento da indenização, sendo descabida a
alegação de que esta não teria apresentado outros documentos para regulação do sinistro. Alegada
inadimplência do segurado que não restou demonstrada nos autos -Demonstrativos de pagamento que
revelam que os valores referentes aos prêmios eram descontados diretamente em folha de pagamento -
Responsabilidade da seguradora, pela indenização securitária. Apelante que deve ser condenada ao
pagamento de apenas 50% do capital segurado tendo em vista a existência de mais dois beneficiários,
filhos do segurado, que não integram o polo ativo da presente demanda - Inexistência de prova de que
estes tenham renunciado os seus direitos em favor da autora - Artigo 792 do Código Civil - Parcial
provimento da Apelação.
Assunto: Over booking
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 06/11/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Indenizatória - Contrato de transporte aéreo de passageiros - Over booking - Autor que se viu
obrigado a pagar tarifa mais cara para embarcar em outro voo, sete horas depois, perdendo conexão.
Relação de Consumo - Fato do serviço - Artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor - Falha na
prestação do serviço de transporte aéreo. Comprovação do dano material - Quantificação da verba
indenizatória por dano moral que observou os critérios de razoabilidade e de proporcionalidade. Verba
arbitrada pela Sentença a título de honorários advocatícios, que se afigura adequada diante do grau de
complexidade da causa e do trabalho desenvolvido pelo patrono do autor - Aplicação do artigo 20,
parágrafo 3º do Código de Processo Civil. Correção monetária no dano material devida a partir do
desembolso por se tratar de relação contratual - Desprovimento da Apelação do réu e parcial provimento
do Recurso do autor.
“Nesses termos, observa-se que o quantum indenizatório, arbitrado pela Magistrada a quo, em R$
6.000,00, observou os critérios de razoabilidade e de proporcionalidade, não cabendo redução ou
majoração.”
“Registre-se que o dano material restou sobejamente comprovado em fl. 31, e está relacionado com a
diferença do valor da tarifa entre os voos, por conta do mencionado over booking, por culpa da ré. “
“Por derradeiro, em relação à correção monetária no dano material, a r. Sentença merece pequeno
retoque, sendo que, por se tratar de relação contratual, a mesma é devida desde a data do evento danoso,
em 27/02/2011, fl. 31.”
Assunto: União estável e causas suspensivas
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 30/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação Declaratória e de Reconhecimento de União Estável c/c Dissolução - Pretensão autoral consistente
na partilha de casa reconstruída. O artigo 1.725 do Código Civil, ao prever que na união estável se aplica
o regime da comunhão parcial de bens, quando inexistente contrato escrito, não engloba as situações
maculadas por causa suspensiva do matrimonio e que impõem ao casamento o regime da separação de
bens (artigos 1.523, inciso III e 1641, inciso I do Código Civil - ausência de partilha na anterior separação
do cônjuge-varão). Exclusão de direito sobre imóvel adquirido antes da convivência do casal, cuja casa
foi reformada pelo varão, em virtude de estar infestada por cupins - Mantença da Sentença
Desprovimento da Apelação.
Assunto: Arrematação e meação do cônjuge
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Embargos à Arrematação - Alegação de nulidade da Execução porque não intimado, da penhora sobre
imóvel, o cônjuge do executado. Não houve a intimação do cônjuge do executado porque não constava a
averbação do casamento do devedor perante o Registro Imobiliário, descumprindo-se a regra do artigo
167, inciso II, item 5 da Lei nº 6.015/73. O credor não teria condições de adivinhar o nome e residência
de cônjuge de devedor residente em outro país, Portugal. Inexistência de violação ao artigo 655, parágrafo
2º do Código de Processo Civil - Respeito à meação do cônjuge, na forma do artigo 655-B, porque
reservado 50% do produto da alienação para o cônjuge mulher - Retificação da Sentença para julgar
improcedentes os Embargos Desprovimento da Apelação.
Assunto: Teoria da Asserção e risco do empreendimento
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 02/10/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenizatória - Danos materiais e morais - Contrato de
cirurgia plástica vinculado a contrato de financiamento (Cédula de Crédito Bancária) - Valor
disponibilizado pela instituição financeira em favor da clínica de cirurgia estética. Enfermidades que
acometeram a autora, impedindo a realização da cirurgia estética - Solicitação de cancelamento dos
contratos, não aceita - Negativação indevida Falha na prestação do serviço - Responsabilidade solidária
dos réus. Legitimidade passiva - Teoria da Asserção - Artigo 25, parágrafo 1º da Lei Consumerista. O
caso em tela versa sobre relação de consumo, pois a autora é a destinatária final dos serviços prestados
pelos réus, conforme dispõe o artigo 2º do Código de Processo Civil e as demandadas enquadram-se na
definição de prestadoras de serviço, prevista no artigo 3º do mesmo diploma legal. Pela teoria do risco do
empreendimento, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e
vícios resultantes dos seus negócios, independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre da
atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar determinados serviços. Dano Moral Quantum
indenizatório que além de observar os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, atentou para o
caráter pedagógico e retributivo da verba, devendo ser mantido. Verba arbitrada a título de honorários
advocatícios, que se afigura adequada diante da ausência de complexidade da causa - Desprovimento das
Apelações.
“Nesse sentido, observa-se que o quantum indenizatório arbitrado pelo magistrado a quo em R$ 4.000,00,
observou os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, não merecendo qualquer alteração.”
“In casu, a segunda apelante, na condição de financiadora do procedimento estético, deveria exigir que a
apelada lhe apresentasse, antes de liberar o financiamento, todos os documentos necessários à autorização
da cirurgia, dentre eles laudo médico e exames que atestassem as condições clínicas da consumidora. Ao
revés, a apelante liberou o financiamento à autora, e depositou o valor em favor da 1ª ré, sem solicitar
qualquer exame médico e, indevidamente, inseriu o CPF da mesma nos cadastros restritivos do crédito, fl.
72.”
Assunto: Responsabilidade por vício do produto e dano moral
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais - Aquisição de bicama - Defeito
apresentado dentro do prazo da garantia estendida. Relação de Consumo - Responsabilidade solidária e
objetiva do fabricante e do vendedor, conforme artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor.
Acolhimento da preliminar de ilegitimidade da 2ª ré que merece reforma. Vício do produto - Dano moral
caracterizado - Situação que ultrapassa os limites do mero aborrecimento do cotidiano. Modificação da
Sentença para fixar o quantum indenizatório, em observância aos critérios da proporcionalidade e
razoabilidade - Ônus sucumbenciais que deverão ficar a cargo da parte ré, na forma do artigo 21,
parágrafo único do Código de Processo Civil Provimento da Apelação.
“Dessa forma, configurado o dano moral, posto que as rés não cumpriram com as suas obrigações de
forma adequada e, principalmente, eficaz, obrigando o autor a suportar constrangimentos e frustrações no
que tange ao devido funcionamento da bicama, impossibilitando o uso do produto por aproximadamente
mais de três anos, fato que, no caso em tela não gerou apenas um mero aborrecimento, mas foi capaz de
causar abalo psicológico.”
“Consequentemente merece modificação a Sentença, para condenar as rés, solidariamente, ao pagamento
de R$ 4.000,00, a título de ressarcimento pelos danos morais suportados pelo demandante, em
observância aos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico e
retributivo, importância que deverá ser monetariamente corrigida da prolação deste Acórdão e acrescida
de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.”
Assunto: Rescisão de contrato de consumo e danos morais
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais - Plano de saúde Rescisão
unilateral do contrato em prejuízo do consumidor sem a devida notificação Impossibilidade. Aplicação do
artigo 13 da Lei nº 9656/98 - A rescisão não precedida de notificação, como no caso em questão,
configura abuso do direito e não pode ser admitida, mormente quando os boletos das mensalidades
continuam a ser emitidos. Violação das garantias consumeristas, insertas nos artigo 6º, inciso IV e 51,
inciso IV da Lei nº 8.078/90 Ofensa ao princípio da boa fé objetiva dos contratos - Artigo 422 do
Código Civil. Danos morais configurados e fixados em consonância com a razoabilidade e
proporcionalidade, devendo ser mantidos [R$ 5.000,00] - Desprovimento da Apelação e do Recurso
Adesivo.
Assunto: Responsabilidade da transportadora por acidente de trânsito
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Reparação de Danos - Acidente de trânsito envolvendo ônibus no qual o autor se encontrava na
qualidade de passageiro - Demandante que sofreu lesão corto contusa em região mentoniana, em pequena
proporção - Fato incontroverso. Responsabilidade objetiva da empresa transportadora - Artigo 37,
parágrafo 6º da Constituição Federal, artigo 927, parágrafo único do Código Civil e artigo 14 do Código
de Defesa do Consumidor. Dano moral que se verifica in reipsa Lesão leve sofrida pelo autor, não
justificando a exasperação pleiteada no apelo autoral - Quantum indenizatório que observou os critérios
da razoabilidade e proporcionalidade - Desprovimento da Apelação.
“Igualmente, não merece qualquer modificação as importâncias correspondentes ao dano estético (R$
800,00) e moral (1.000,00).”
Assunto: Fornecimento de energia elétrica e dano moral
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenizatória Fornecimento de energia elétrica - Substituição de medidor
analógico por eletrônico - Suspensão no fornecimento. Ausência de alteração no perfil de consumo da
autora, após a substituição do medidor analógico pelo eletrônico - Cobrança por valor superior ao devido
- Corte no fornecimento - Prova pericial conclusiva. Falha na prestação de serviços - Inexistência das
excludentes constantes no parágrafo 3º do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. Caracterização
do dano moral, que se verifica in reipsa, bastando, apenas, a prova da conduta inadequada do fornecedor -
Valor do dano moral corretamente arbitrado [R$ 2.500,00] - Modificação da Sentença apenas no que
tange aos ônus sucumbências, que devem ser arcados pela ré - Artigo 21, parágrafo único do Código de
Processo Civil Desprovimento da Apelação e provimento parcial do Recurso Adesivo.
Assunto: Produto não entregue ao consumidor e dano moral
DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 28/08/2012 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais - Aquisição de matéria prima
para confecção de sacolas plásticas mercadorias - Produto não entregue. Ex-funcionária da ré que,
objetivando tirar proveito próprio, forneceu nº da conta corrente de terceiro para depósito do pagamento
pelas mercadorias -Responsabilização da ré que se impõe - Artigo 932, inciso III do
Código Civil. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor - Dano moral caracterizado e fixado de
forma razoável e proporcional [R$ 8.000,00] - Situação que ultrapassa os limites do mero aborrecimento
do cotidiano-Restituição da importância paga para a aquisição da matéria prima - Desprovimento do
apelo.
ASSUNTO: DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA EM EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS.
Possibilidade de desconsideração da personalidade inversa para possibilitar à alimentada o direito de
receber os alimentos de empresa em que o alimentante é sócio. Aplicação do artigo 50 do CC.
No caso específico do julgado a alimentada pede a desconsideração em face da empresa X, após percebe-
se que o alimentante não figura como sócio dessa empresa. Todavia, seu nome aparece como sócio de
outra empresa – empresa Y - no sistema do JUCERJA. O magistrado pode determinar a desconsideração
da sociedade empresária Y.
ASSUNTO: ESGOTO A CÉU ABERTO - OBRIGAÇÃO DE FAZER DO ESTADO (CEDAE) -
SEPARAÇÃO DE PODERES.
Novembro de 2013.
Caso: A associação de moradores propôs ação de obrigação de fazer consistente em tampar esgoto a céu
aberto.
Sentença: Deu procedência ao pedido e determinou a realização da obra, sob pena de multa diária no
valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O requerente apelou da decisão, alegando não poder realizar a
obra e, pedindo a redução da multa diária.
Acórdão: O examinador manteve a sentença nos seus exatos termos.
Suma do acórdão
Quanto ao mérito do ato administrativo.
É certo que o Judiciário não pode se imiscuir em matéria referente ao Juízo de oportunidade e
conveniência do ato administrativo. Esta regra tem fundamento no próprio princípio da separação de
poderes. De fato, a Administração Pública e as
diretrizes orçamentárias se tornariam caóticas se o Judiciário pudesse interferir no aviamento das
políticas públicas, elegendo prioridades e, indiretamente, dirigindo verbas de execução de obras.
Entretanto, o próprio direito tem mitigado a intangibilidade do mérito do ato administrativo em casos
em que há evidente abuso do Poder Público quanto à omissão de providências que se mostrem
inadiáveis para evitar dano à população.
O pleito da ré relaciona-se à obrigação de reparar o vazamento existente na Rua São José, certo que
todas as referências ao fato menciona esta localidade, estando dissociada do contexto dos autos a
menção feita pela agravante à Avenida Chile.
Quanto a valor da astreintes.
No que toca à multa, cuidando-se de obrigação fazer, proceder à manutenção da rede de esgoto, a
imposição de astreinte tem previsão no artigo 461, parágrafo 4º do Código de Processo Civil e artigo
84, parágrafos 3º e 4º da Lei nº 8.078/90, sendo perfeitamente cabível a fixação de multa diária.
ASSUNTO: PROVIMENTO DE CARGO – OBRIGAÇÃO DE FAZER DO MUNÍCIPIO – LEIS
MUNICIPAIS QUE REGULAMENTAM O TEMA TIDAS POR CONSTITUCIONAIS PELO
ÓRGÃO ESPECIAL DO TJ.
Novembro de 2013.
Caso: Professora de nível I, da rede de ensino municipal, requer a promoção o cargo de professora nível
II, com base em legislação municipal.
Sentença: julgou improcedente o pedido, alegando que a lei municipal que sustenta o pedido é
inconstitucional, por violação da regra do concurso público.
Acórdão: Houve manifestação do órgão especial pugnando pela constitucionalidade da lei, tendo em
vista que não há necessidade de concurso para o cargo, pois estão dentro da mesma categoria profissional.
O examinador deu provimento ao pedido, reformando a sentença. Ficou consignado que a requerente
atende os requisitos legais para a promoção.
Trecho do acórdão do órgão especial sobre a constitucionalidade das leis.
Inexistência de violação aos artigos 37, inciso II, da Constituição Federal e 77, inciso II, da Constituição
do Estado. Possibilidade de promoção por acesso dentro da mesma categoria profissional.
Precedentes do STF
ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – DANOS MORAIS - NEGATIVA NO FORNECIMENTO DE
MATERIAIS SOLICITADOS PELO MÉDICO RESPONSÁVEL PELO TRATAMENTO.
Caso: A autora pleiteou condenação em danos morais, pois o plano de saúde negou o fornecimento em
materiais solicitados pelo médico.
Sentença: julgou o caso procedente.
Acórdão: manteve a sentença no tocante aos danos morais, quinze mil, mas modificou os honorários
advocatícios.
Obs1. Sobre o tema, existe o Aviso 94/2010 do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro:
“Havendo divergência entre o seguro saúde contratado e o profissional responsável pelo
procedimento cirúrgico, quanto à técnica e ao material a serem empregados, a escolha cabe
ao médico incumbido de sua realização.”
Suma do acórdão.
Destarte, conforme reiterada jurisprudência deste Tribunal, \a cobertura de plano de saúde abrange
todos os materiais necessários ao determinante sucesso de cirurgia,
como dispõe o artigo 12, incisos II, alínea “e” e VI da Lei nº 9.656/98,
não podendo ocorrer exclusão da cobertura contratual, sob pena de causar risco de vida ao paciente,
sendo considerada abusiva eventual cláusula contratual que exclua a referida cobertura, nos moldes
do artigo 51, incisos IV e XV da Lei 8.078/90.
Nestas circunstâncias, o atuar potencialmente lesivo da demandada, considerando o iminente risco
de agravamento do quadro clínico da segunda autora, portadora de
necessidades especiais, demonstra evidente falha na prestação de serviço a atrair a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor, que impõe o dever de indenizar os danos morais impingidos às
autoras, como estabelecido no decisum.
ASSUNTO: CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL – CONSTRUTORA SEQUER
INICIOU O EMPREENDIMENTO – DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS E
CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL.
Novembro 2013
Caso: A construtora X e a empresa Y se aliaram para construção de empreendimento imobiliário. A
construtora nada edificou. Ação promovida contra a construtora e contra o terceiro que figura como
interveniente no instrumento particular de compra e venda.
Sentença: julgou procedente a rescisão, condenou a devolução das quantias pagas e por danos morais.
Acórdão: Manteve na íntegra a sentença. O examinador entendeu que se trata de relação de consumo. Que
há dano moral, tendo em vista que a frustração do sonho da casa próprio não é mero descumprimento
contratual, pois, causa abalos na outra parte. Entendeu-se que o terceiro é parte legítima e responde pelo
ressarcimento e danos morais, pois aplica-se o CDC, que prevê a responsabilidade solidária entre os
causadores do dano. A discussão entre os fornecedores deve ser resolvida em demanda autônoma.
Obs. Nesse caso o examinador considerou o dano moral in reipsa.
Suma do acórdão:
Examinando o Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda e Contrato de Construção,
verifica-se que a ré Mattos e Mattos figurou como interveniente construtora (fls.73/90).
No decisum objeto do recurso, corretamente ponderou a Magistrada a quo que a relação que rege as
partes é de consumo, sendo, portanto, os réus solidários, devendo, pois, responder pelos eventuais
prejuízos advindos do negócio firmado, já que se uniram para construir e vender um condomínio
denominado “Moradas do Mutuá”.
Outrossim, exsurge evidente que o caso em tela não pode ser tratado como mero inadimplemento
contratual, sendo patente a ofensa aos direitos da personalidade, não só diante da inconteste e
contumaz desídia das construtoras e incorporadoras nos
empreendimentos imobiliários, mas principalmente ante a frustrada aquisição de imóvel em virtude
do grave descumprimento do contrato.
Consequentemente, cabível a reparação dos danos morais, que in casu se configura in reipsa,
derivando, inexoravelmente, do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provado este fato, está
demonstrado o dano moral, numa típica presunção natural,
que decorre das regras da experiência comum.
ASSUNTO: EMBARGOS A EXECUÇÃO FISCAL.
Novembro de 2003
Caso: Carrefur devia quase R$ 900 mil em tributos para o Estado do Rio. Aderiu ao programa anistia
1(REFIS RJ) para quitar o débito, tendo 100% de descontos nas multas. Assim, o processo se encerrou
com base no artigo 269, V do CPC, ou seja renúncia da ação.
Sentença: O juiz do caso aplicou o artigo 26 do CPC, ou seja, as despesas e honorários ficam a cargo
daquele que desistiu da ação.
Acórdão: jugou improcedente o pedido da Fazenda de majoração dos honorários e acolheu o pleito do
requerido, reduzindo equitativamente a condenação em honorários. O fundamento é que o contribuinte
não deve arcar com honorários que correspondem o valor do débito original (R$ 900 mil), porque esse
valor foi reduzido com a adesão ao REFIS.
Suma do acórdão:
Destarte, mesmo admitindo a condenação em honorários de sucumbência, estes devem ser fixados
equitativamente, na forma dos critérios previstos nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo
3º, ao qual alude o parágrafo 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil.
Consequentemente, a pretensão de majoração da verba honorária pretendida pelo Estado do Rio de
Janeiro transparece desarrazoada, na medida em que, indiscutivelmente, oneraria um contribuinte
que quitou o débito ao invés de prolongar uma ação perante a justiça.
ASSUNTO: APELAÇÃO. CONCURSO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO
SOB PENA DE INGERENCIA DO PODER JUDICIÁRIO NA ADMINISTRAÇÃO.
Novembro de 2013.
Caso: Apelante foi reprovado no exame médico oftalmológico. Requereu ao Judiciário a realização de
novo exame.
Sentença: Julgou o caso improcedente.
Acórdão: Conheceu o feito e julgou improcedente.
Suma do acórdão.
O exame de saúde tem caráter eliminatório, de modo a possibilitar que permaneçam no certame
apenas os candidatos considerados “aptos”, sendo aqueles que devem seguir para a fase seguinte,
não havendo violação à regra do artigo 37 ou de seus incisos da Constituição Federal.
ASSUNTO: CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA
CLÁUSULA QUE PREVE JUROS REMUNERATÓRIOS SUPERIORES A 12% AO ANO.
Novembro de 2013.
Caso: “A” pediu a reforma da sentença de primeiro grau. A requerente pleiteia o reconhecimento da
nulidade de cláusula que fixa juros remuneratórios acima de 12% ao ano.
Sentença: julgou o pedido improcedente.
Acórdão: julgou o apelo como improcedente.
Suma do acórdão
Também não há, nos autos, prova de anatocismo, sendo que os juros cobrados por instituições
financeiras não sofrem a restrição do Decreto nº 22.626/33, conforme dispõe a Súmula 596 do
Supremo Tribunal Federal.
Logo, não está limitada a cobrança de juros a 1% ao mês.
Neste sentido, a Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça.
ASSUNTO: PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE DANOS MORAIS CUMULADO COM
ALTERAÇÃO DO TERMO A QUO DE SUA INCIDÊNCIA.
Novembro de 2013.
Caso: A requerente sofreu indevida restrição ao crédito por conduta da requerida. O juiz condenou ao
pagamento de danos morais.
Sentença: Condenação em danos morais no valor de R$3.000,00, corrigido monetariamente e acrescido
de juros de mora a contar da Sentença.
Acórdão: “A” requer majoração de danos morais, sob a alegação de que a fixação no valor de 3 mil reais,
ofende o princípio da dignidade da pessoa humana. Também pretende a alteração no início da incidência
dos danos morais. O examinador entendeu que o valor de três mil está correto, sob pena de
enriquecimento sem causa. O início da fixação também do dano moral também é o adequado.
Suma do acórdão:
Constata-se que a jurisprudência de nossos Tribunais vem coibindo o locupletamento indevido do
ofendido, limitando, desta forma, a verba indenizatória a valores adequados e condizentes a
realidade, porque, caso contrário, propiciaria uma fonte de
enriquecimento ilícito à vítima, prática totalmente repudiada pelo ordenamento jurídico.
No caso em análise, o valor de R$3.000,00, além de atender ao caráter pedagógico e retributivo da
verba indenizatória, observou os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo ser
mantido.
ASSUNTO: DANOS MORAIS E MATERIAIS - APLICAÇÃO DA TEORIA DA ASSERÇÃO E
CAUSA MADURA.
Novembro de 2013.
Caso: A apelante comprou um pacote de turismo de uma agência, que representava Companhia de
viagens.
Sentença: Extinguiu o feito em relação a Companhia de viagens. Condenou por danos materiais e morais
a agência que se apropriou dos valores pagos pelos consumidores – e não realizou o repasse à Companhia
de viagens.
Acórdão: O examinador deu provimento ao apelo. Trouxe a teoria da asserção para retirar o fundamento
de legitimidade passiva da segunda ré. Também condenou a Companhia de viagens, sob o argumento de
que a responsabilidade é solidária – CDC 34. Ademais, trouxe como fundamento o artigo 932 do CC,
aduzindo que Companhia de viagens elegeu mal seus representantes. Usando a teoria da causa madura,
condenou a segunda ré.
Suma do acórdão: De acordo com a teoria da asserção, a legitimidade deve ser examinada pela
relação jurídica descrita na petição inicial, e se o autor atribuiu responsabilidade à primeira ré pela
falha na prestação de serviço de turismo a ser usufruído pelo demandante, está presente a
legitimidade passiva da primeira recorrida.
Deste modo, o reconhecimento da legitimidade passiva da primeira ré gera a responsabilidade
solidária prevista no artigo 34 da Lei Consumerista, certo que ela participa da cadeia de consumo, eis
que autorizou a segunda ré a vender pacotes em
seu nome.
Reconhecida a responsabilidade solidária, deve ser modificada a parte da Sentença que julgou extinto
o feito em relação à primeira ré, devendo-se arrostar o mérito da demanda, com esteio no parágrafo
3º do artigo 515 do Código de Processo Civil,
adotando-se o princípio da causa madura.
ASSUNTO: ACIDENTE DE TRÂNSITO – ENGAVETAMENTO - RESSARCIMENTO DA
SEGURADO.
Novembro de 2013.
Caso: Houve um acidente – engavetamento de 4 veículos – no qual a seguradora que pagou o sinistro do
veículo segurado ajuíza ação de cobrança requerendo o ressarcimento do valor pago ao causador do
acidente.
Sentença: O juiz monocrático julgou improcedente o pedido, por entender que a culpa do acidente
automobilístico foi do próprio segurado. O magistrado se apoiou em provas testemunhais.
Acórdão: Reformou o decisum porque o artigo 29, II do CTB exige que o condutor traseiro guarde
distância do veículo da frente. O examinador entendeu não ser possível aceitar o depoimento das
testemunhas, pois são parentes, logo apenas informantes. Assim, a prova testemunhal não é apta para
descaracterizar a presunção estabelecida pelo artigo 29, II do CTB.
Suma do acórdão
Saliente-se que a culpa de quem atinge outro veículo na traseira é presumida, pela exegese do artigo
29, inciso II do Código de Trânsito Brasileiro, sendo esta presunção relativa, admitindo prova em
contrário.
ASSUNTO: RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL.
Outubro de 2013.
Caso: “A” e “B” ajuizaram ação de reconhecimento de união estável e partilha de bens em 1988. A
requerente alega que após essa decisão o casal retornou a convivência. Entretanto, “A” não demonstrou
que ambos mantém a convivência até os dias de hoje.
Sentença: julgou o pedido de pensão improcedente.
Acórdão: Manteve a sentença de primeiro grau, alegando a simples existência de vínculo afetivo, ainda
que por anos, não é suficiente para caracterizar a união estável.
OBS. Li apenas a ementa do julgado, porque a íntegra do acórdão está sob segredo de justiça.
Suma do acórdão
Exame minucioso do contexto probatório que não corrobora as assertivas da autora quanto ao
período de uma suposta união estável. Entendimentos doutrinários e jurisprudenciais no sentido de
que a simples existência de um vínculo afetivo, ainda que persistente por anos, não é o bastante
para configurar união estável. Ausência de demonstração da real necessidade da autora em pleitear
alimentos. Apelante que não se desincumbiu dos ônus que lhe impõe o artigo 333, inciso I do
Diploma Processual - Mantença da Sentença
ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE - APLICAÇÃO DO ARTIGO 30 E 31 DA LEI 9656/98
Outubro de 2013.
Caso: Aposentado ajuizou ação de obrigação de fazer e indenização por danos morais contra a seguradora
Bradesco.
Sentença: A sentença deu provimento ao pleito, aplicando o artigo 30 da mencionada lei.
Acórdão: O acórdão manteve a sentença guerreada.
Suma do acórdão:
Portanto, correta a Sentença quando condenou o Bradesco a manter o plano de saúde do autor e
seus dependentes, nas mesmas condições da cobertura assistencial, mediante o pagamento integral
da mensalidade, pois obedecidas as condições legais, não havendo que se falar em limitação da
liberdade de contratar, tendo em vista que a manutenção do benefício decorre de lei específica que
regula a matéria.
ASSUNTO: DEFEITO EM CARRO NOVO – SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO – DANOS
MORAIS.
Outubro de 2013.
Caso: “A” adquiriu um veículo novo da concessionária. Ocorre que quando foi fazer a revisão de 20 mil
km constatou-se um problema no câmbio. “A” pediu a substituição do veículo ou o ressarcimento dos
valores pagos e condenação por dano moral.
Sentença: Julgou o pedido improcedente, atestando que a concessionária sanou o defeito em 30 dias.
Acórdão: Condenou por danos morais e não substitui o veículo por estar na posse da autora e em
perfeitas condições de uso.
Suma do acórdão:
Os aborrecimentos experimentados pela autora com idas e vindas à concessionária e a demora na
solução do defeito vão além do mero inadimplemento contratual, dando ensejo à indenização moral.
No caso em questão, o dano moral se verifica in reipsa, bastando, apenas, a prova da conduta
inadequada do fabricante, dos vendedores ou prestadores de serviços
ASSUNTO: FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO MUNICÍPIO – TEORIA DA
RESERVA DO POSSÍVEL.
Outubro de 2013.
Caso: “A” ajuizou ação contra o Município, pleiteando medicamentos para tratamento de câncer.
Sentença: Deu provimento ao pedido e decretou o sequestro de verbas públicas.
Acórdão: Manteve o decisum.
Suma do acórdão:
Consequentemente, o arresto da verba pública para a aquisição do medicamento necessário ao
tratamento do câncer acometido pela agravada, nos moldes estabelecidos pela Decisão, não ofende
os princípios da legalidade, separação dos poderes, do orçamento e das normas legais referentes à
realização da despesa pública, licitação ou aos artigos 2º e 37 da Constituição Federal.
Da mesma forma, inaplicável o princípio da reserva do possível como forma de obstar a
concretização de direitos fundamentais, sendo certo que a efetividade das normas constitucionais
não podem estar subordinadas exclusivamente à discricionariedade dos administradores.
ASSUNTO: AGRAVO LEGAL ALVEJANDO DECISÃO MONOCRÁTICA BASEADA NO
ARTIGO 557, PARÁGRAFO 1º - A DO CPC – PESCADORES – CERCEAMENTO DE DEFESA.
Outubro de 2013.
Caso: Pescadores ajuizaram ação pleiteando a condenação de empresa que construiu obras nas margens
do mar, o que teria impossibilitado a pesca durante dez meses.
Sentença: a sentença julgou o pedido improcedente e indeferiu as provas, por entender que a questão era
unicamente de direito. As partes apresentaram agravo da decisão que indeferiu as provas.O relator,
usando o artigo 557, parágrafo 1º - A do CPC, julgou a sentença nula.
Acórdão: Manteve a decisão do relator.
Suma do acórdão
Dessa forma, tendo sido indeferida a produção das provas requeridas pelos autores, além de
contradição na Sentença, houve inegável cerceamento do direito de defesa, sobretudo porque a
Sentença de improcedência está fundamentada na ausência de provas, motivo pelo qual o Decisum
merece ser anulado
ASSUNTO: FINANCIAMENTO DE CARRO – PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
PARA NÃO APREENSÃO DO VEÍCULO E NÃO INSCRIÇÃO DO NOME DO
INADIMPLENTE NO SERASA.
Outubro de 2013.
Caso: agravo de instrumento de decisão que negou a antecipação de tutela.
Acórdão: O examinador manteve a decisão impugnada, afirmando que não cabe ao judiciário compactuar
com o inadimplemento de obrigação.
Suma do acórdão:
Com efeito, é entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência que o exame do pleito de
antecipação de tutela está adstrito ao poder discricionário conferido ao Magistrado, somente
fazendo sentido sua reforma quando desatender aos pressupostos legais.
Destarte, a antecipação dos efeitos da tutela tem a finalidade de dar maior efetividade à função
jurisdicional e serve para apressar, no todo ou em parte, os fins pretendidos com a Sentença de
mérito.
Logo, para seu deferimento, não podem ser desprezados os requisitos elencados no artigo 273 do
Código de Processo Civil, ou seja, a prova inequívoca da verossimilhança das alegações, o fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação, o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu, ou a verificação da existência de perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado.
ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – AUMENTO DE MENSALIDADE – IDOSO.
Outubro de 2013.
Sentença: A sentença considerou abusiva a cláusula que impunha aumento do valor da mensalidade.
Também condenou a segurado em pagamento de dano moral.
Acórdão: O acórdão deu provimento em parte ao apelo da seguradora. Manteve a sentença em relação a
declaração de abusividade da cláusula, condenando a seguradora ao ressarcimento dos valores majorados.
Contudo, reformou a decisão relativa ao dano moral, tendo em vista que o requerente não pleiteou a
condenação, atestando que houve violação do princípio da correlação.
Suma do acórdão:
Quanto a majoração do plano de saúde.
No que tange à permissão legal de majoração da mensalidade quando prevista em contrato de
seguro de saúde, artigo 15 da Lei 9.656/98, o seu parágrafo único veda o referido reajuste para
consumidores com mais de 60 anos de idade e que mantenham o plano por mais de 10 anos, situação
dos autos, conforme se comprova à fl. 22.
Quanto a violação do princípio da congruência.
O artigo 460 do Código de Processo Civil veda o julgamento extra petita, e em atenção ao princípio
da congruência, o julgador deve ater-se aos limites da lide.
ASSUNTO: APLICAÇÃO DO CDC PARA PESSOA JURÍDICA.
Outubro de 2013.
Caso: “A” requereu o reconhecimento de consumidor para obter a inversão do ônus da prova.
Sentença: Em decisão interlocutória não reconheceu o requerente como consumidor, por falta de
adequação ao texto legal.
Acórdão: O examinador manteve a sentença de primeiro grau, atestando que o requerente utiliza energia
elétrica como insumo para o desenvolvimento de sua atividade.
Suma do acórdão:
Como corretamente colocado na Douta Decisão agravada, não se aplica o Código de Defesa do
Consumidor porque a agravante não utiliza a energia elétrica recebida da agravada como
destinatária final, mas como insumo para a realização de sua
produção de ranicultura, não sendo possível a inversão do ônus da prova com respaldo no Código
Consumerista.
ASSUNTO: INTERNAÇÃO DE DEPENDENTE QUÍMICO – AGRAVO DA DECISAO QUE
CONCEDEU A TUTELA ANTECIPADA – ALEGAÇAO DO ESTADO DE ILEGITIMIDADE DE
PARTE.
Outubro de 2013.
Acórdão: O examinador entendeu que estavam preenchidos os requisitos para concessão de tutela
antecipada – CPC, 273. Ademais, entendeu que a saúde é de responsabilidade das três esferas de governo.
Assim, manteve a decisão agravada.
Suma do acórdão:
Da mesma forma a Lei 8.080/90 regulamenta as ações e serviços de saúde, considerando ser direito
fundamental do ser humano e encargo do Estado prover as condições indispensáveis para a garantia
da saúde, nos três escalões hierárquicos,
como dispõe os artigos 1º, 2º e 4º, enquanto que o artigo 6º do mesmo diploma, em seu inciso I,
alínea “d”, determina que está incluída no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), a
execução de ações de “assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica”.
ASSUNTO: PLANO DE SAÚDE – HOME CARE.
Outubro de 2013.
Caso: Agravo da tutela antecipada que concedeu a paciente a substituição da internação hospitalar por
tratamento “home care”, indicado pelo médico.
Acórdão: O examinador manteve a decisão, entendendo ser o caso de substituição do tratamento,
considerando que esse regime se afigura melhor ao paciente, pois evita riscos de contaminação e preserva
melhor sua dignidade.
Suma do acórdão:
Indiscutivelmente, a opção do tratamento pelo sistema “home care”, necessário e menos oneroso,
deve preponderar sobre a internação, situação mais gravosa, eis que expõe a paciente a risco de
contaminação hospitalar.
ASSUNTO: SUSTAÇÃO DE LEILÃO – FIDUCIANTE NÃO CONSTITUIDO EM MORA NOS
MOLDES LEGAIS.
Outubro de 2013.
Caso: O fiduciante ajuizou ação anulatória de leilão extrajudicial, alegando que não foi devidamente
constituído em mora, conforme determina a lei 9514/97. A intimação deve ser pessoal. Todavia, no caso
dos autos, a intimação não foi feita pessoalmente.
Acórdão: O examinador entendeu que houve o descumprimento dos preceitos da lei 9514, que exige
intimação pessoal, assim, suspendeu o leilão extrajudicial.
Suma do acórdão:
Somente na hipótese de o fiduciante se encontrar em outro local, incerto e não sabido, caberá ao
oficial do Registro de Imóveis competente promover a intimação por edital,
consoante o disposto no parágrafo 4º do mencionado artigo.
Nesse sentido, deixou de ser observada a determinação legal, que preceitua como regra a intimação
pessoal do fiduciante, somente sendo possível a intimação por edital quando exauridas todas as
possibilidades de localização do mesmo.
ASSUNTO: TAC CELEBRADO PELO MP – COBRANÇA DE MULTA - PERIODICIDADE
Outubro de 2013.
Caso: O MP celebrou TAC com o requerido, ficando consignado a obrigação de não emitir ruído fora do
permitido pelo TAC. O requerido descumpriu a obrigação e o MP executou o TAC – título extrajudicial.
Sentença: A sentença deu provimento ao pedido.
Acórdão: O examinador entendeu que o MP só pode cobrar a multa referente aos dois dias em que houve
vistoria e ficou constatado que os ruídos extrapolaram o permitido. Não se podendo cobrar a multa por
período presumido.
Suma do acórdão
A razoabilidade indica que a multa deve ser aplicada apenas em relação aos 02 dias da confecção dos
Relatórios de Vistoria, em 18/02/2006, fls. 217/9 dos Embargos, e em 28.06.2008, fl. 55 do apenso,
quando se constatou, tecnicamente, o descumprimento
do ajuste firmado entre as partes.
Incidir multa sobre período presumido e não comprovado de descumprimento da obrigação viola o
princípio da proporcionalidade da sanção
ASSUNTO: INTERNAÇÃO EM HOSTIPAL – OBRIGAÇÃO DE FAZER DO MUNICIPIO E DO
ESTADO.
Setembro de 2013.
Caso: “A” ajuizou obrigação de fazer para conseguir internar seu pai em hospital da rede pública e, caso
não conseguisse vaga, requereu a transferência à nosocômio particular pago pelo Estado ou pelo
município.
Sentença: O juiz concedeu antecipação de tutela e a confirmou na sentença. O Estado e o Município
recorreram.
Acórdão: O examinador manteve a sentença, condenando o Estado e o Municipio.
Suma do acórdão
Acresce-se que na ausência de recursos públicos para garantir a assistência à população, é lícito
recorrer, em caráter emergencial, à iniciativa privada, às custas do ente público, quando não houver
vaga em hospital público ou quando o nosocômio em que o paciente estiver internado não possuir
condições de oferecer o tratamento adequado.
O artigo 24 da Lei nº 8.080/90 assim dispõe: “Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada
área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.”
ASSUNTO: CARÊNCIA DA AÇÃO – FALTA DE INTERESSE DE AGIR.
Setembro de 2013
Caso: A seguradora DPVAT S/A interpôs agravo de instrumento que foi conhecido e provido alegando
que a autora não possuía interesse de agir na ação judicial, pois não tinha feito o pedido de recebimento
do prêmio administrativamente.
Acórdão: O examinador concordou com a tese da seguradora, entendendo que não há interesse de agir se
não houve negativa pela via administrativa.
Suma do acórdão:
O entendimento das Cortes Superiores é de que o Poder Judiciário é via destinada à resolução de
conflitos e, portanto, somente deve ser incitado após a demonstração de resistência por parte do
devedor da obrigação.
Destarte, considerando a possibilidade de a controvérsia ser solucionada administrativamente, não
há que se falar em violação ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, insculpido no artigo 5º,
inciso XXXV, da Constituição Federal.
Outrossim, este Egrégio Tribunal de Justiça através do Verbete Sumular nº 232 consolidou o
posicionamento de que “É incabível a cobrança judicial da cobertura do seguro DPVAT no prazo legal
de regulação do sinistro."
ASSUNTO: EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – APOSENTADO – LIMITAÇÃO DE 30%.
ARTIGO 6º DA LEI 10.820/03
Setembro de 2013.
Caso: O autor se insurgiu contra decisão interlocutória que negou a antecipação de tutela, que visava
limitar em 30% o desconto de seu contracheque (aposentadoria) em razão de empréstimo concedido por
instituição financeira.
Acórdão: O examinador deu provimento ao agravo, entendendo ser cabível a tutela antecipada para limitar o desconto no percentual de 30%do valor da aposentadoria, por ser determinação expressa da lei.
Súmula TJRJ Nº. 295 "Na hipótese de superendividamento decorrente de empréstimos obtidos de instituições financeiras diversas, a totalidade dos descontos incidentes em conta corrente não poderá ser superior a 30% do salário do devedor."Referência: Processo Administrativo nº 0063256-29.2011.8.19.0000. Julgamento em 21/01/2013. Relator Desembargador Nildson Araújo da Cruz. Votação unânime.
Nesse caso, são aplicados, por analogia, os dispositivos 649, IV, CPC E 6, p 5 da Lei 10820/03, que prevê o limite de 30% para descontos em folha no INSS. Atenção para a natureza alimentar dos proventos tutelados.
Suma do acórdão:
Art. 6º - “Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral de
Previdência Social poderão autorizar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a proceder aos
descontos referidos no art. 1º desta Lei, bem como autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que
a instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha, para fins de amortização, valores
referentes ao pagamento mensal de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento
mercantil por ela concedidos, quando previstos em contrato, nas condições estabelecidas em
regulamento, observadas as normas editadas pelo INSS.
Parágrafo 5º - Os descontos e as retenções mencionadas no caput deste artigo não poderão
ultrapassar o limite de 30% (trinta por cento) do valor dos benefícios”.
A Lei expressamente permite que o aposentado (aqui, o autor, bombeiro militar - fl. 32) autorize o
desconto de parcelas referentes a empréstimos realizados diretamente da remuneração creditada
em sua conta-corrente, no entanto, limita o total de descontos e
retenções a 30% do valor, debitados apenas imposto de renda e previdência oficial.
ASSUNTO: SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS – MEDICAMENTOS –
INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 100 DA CF E 730 DO CPC
Setembro de 2013.
Caso: O Estado do Rio interpôs agravo de instrumento contra a decisão que antecipou os efeitos da tutela,
determinando o sequestro de rendas públicas (sequestro online) para que o requerente adquirisse
medicamentos. O poder público alegou violação do artigo 100 da CF e ao artigo 730 do CPC.
Acórdão: O examinador negou provimento ao recurso, mantendo o decisum. Entendeu que a saúde é
direito de todos e o Estado tem obrigação de fornecê-la. Ademais, não houve violação do artigo 100 da
CF e do 730 do CPC, pois trata-se de obrigação de fazer e não de obrigação de quantia.
Suma do acórdão:
O dever dos entes públicos de prestar serviços de saúde aos necessitados é de índole constitucional,
estando expressamente definido no artigo 196 da Carta Magna.
Desta forma, sustentar uma política de saúde adequada, com o fornecimento dos exames,
medicamentos, insumos e internações a quem necessita é proceder ao bem estar social.
Sendo assim, o argumento de que não há razões que justifiquem o sequestro de verbas públicas é
facilmente afastado.
Também, não merece acolhimento o argumento de ofensa ao princípio do precatório judicial, ou ao
artigo 100 da Constituição Federal e artigo 730 do Código de Processo Civil, tendo em vista que a
condenação imposta à Fazenda Pública constitui obrigação de dar e, não, por quantia certa.
É pacífica também, a jurisprudência deste Egrégio Tribunal neste sentido, de forma que consolidou no
Enunciado n.º2 veiculado no Aviso nº 83, in litteris:
Enunciado nº 2 - Para o cumprimento da tutela específica de prestação unificada de saúde, insere-se
entre as medidas de apoio, desde que ineficaz outro meio coercitivo, a apreensão de quantia
suficiente à aquisição de medicamentos junto à conta bancária por onde transitem receitas públicas
de ente devedor, com a imediata entrega ao necessitado e posterior prestação de contas.
ASSUNTO: SEGURO DPVAT – ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO – TERMO A QUO DO PRAZO
TRIENAL – CIÊNCIA INEQUIVOCA DA INVALIDEZ.
Setembro de 2013.
Caso: A segurado DPVAT S/A apelou da sentença alegando a prescrição, para tanto utiliza como termo a
quo a data do acidente automobilístico que causa as lesões ao segurado.
Sentença: A sentença julgou procedente o pedido do requerente para condenar a seguradora DPVAT ao
pagamento do seguro obrigatório. Não acolhendo a tese de prescrição ventilada pela segurado.
Acórdão: O examinador manteve a sentença de primeiro e rejeitou a tese de prescrição, sob o argumento
de que o termo a quo para a contagem do prazo prescricional é a ciência inequívoca da invalidez.
Suma do acórdão:
Entretanto, na hipótese, como corretamente considerado pela Magistrada a quo, o marco inicial para
a contagem do prazo de prescrição em relação aos casos de seguro
obrigatório decorrente de invalidez permanente é o momento em que o segurado toma ciência
inequívoca de sua invalidez.
Neste sentido a Súmula 278 do Superior Tribunal de Justiça.
ASSUNTO: LIBERDADE DE IMPRESSA X DIREITO A INTIMIDADE E VIDA PRIVADA –
DIVULGAÇAO DE FOTOS DA CASA DO ATOR REINALDO GIANECCINI SEM
AUTORIZAÇÃO – EXPLORAÇÃO ECONOMICA – DANO CONFIGURADO.
Setembro de 2013.
Caso: A empresa Infoglobo divulgou fotos do apartamento decorado de Reinaldo Gianeccini. A
reportagem leva a crer que o arquiteto responsável divulgou as imagens. O arquiteto ajuizou demanda
pleiteando dano moral, porquanto não cedeu as fotos, que foram retiradas, sem sua autorização, de seu
site.
Sentença: A sentença julgou procedente o pedido, condenando a empresa jornalística em 28 mil reais.
Acórdão: O acordão manteve a decisão.
Suma do acórdão
Logo, a questão a ser enfrentada, no caso, envolve o conflito entre dois direitos fundamentais.
Indiscutivelmente, a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 5º, inciso X, que “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.
Entretanto, o inciso IX do mesmo artigo supramencionado garante a liberdade de expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença,
enquanto que o artigo 220 da Magna Carta cuida da liberdade de manifestação do pensamento, a
criação, a expressão e a informação.
Sobre o tema, o ilustre Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, pondera: “na hipótese de haver
confronto entre ambos os princípios, a tarefa do intérprete será sempre no sentido de encontrar o
ponto de equilíbrio, de maneira a conciliá-los”.
Com efeito, para que se veicule a imagem ou nome de alguém em material publicitário, faz-se
imprescindível a autorização expressa, sob pena de ferir-se o direito de imagem, assegurado
constitucionalmente e Súmula 403 do Superior Tribunal de Justiça, prevê expressamente que:
“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa
com fins econômicos ou comerciais.”
ASSUNTO: NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO – INCAPACIDADE ABSOLUTA DO
AGENTE – NULIDADE DA ESCRITURA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL – DANO
MORAL CONFIGURADO - PRISÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO.
Agosto de 2013.
Caso: O processo dá conta que os três requeridos se juntaram para simular negócio jurídico com idosa,
portadora de doença mental em estado avançado. Os requeridos celebraram contrato de compra e venda
com a idosa, procedendo à escritura do bem.
Sentença: O juiz de primeiro grau declarou a nulidade do negócio perpetrado contra a incapaz, condenou
os requeridos ao pagamento de danos morais no valor de 50 mil reais, remeteu cópia dos autos para o MP
para apuração do crime. Por fim, fixou a obrigação dos réus não comparecerem ao prédio em que reside a
idosa, sob pena de prisão.
Acórdão: O examinador manteve a sentença nos exatos termos, fez apenas uma modificação: retirou a
pena de prisão como medida para o descumprimento de obrigação civil.
Suma do acórdão:
Quanto a nulidade do negócio jurídico.
A validade dos negócios jurídicos requer agente capaz, sendo considerado nulo quando celebrado
por pessoa absolutamente incapaz, nos termos dos artigos 104, inciso I e 166, inciso I do Código Civil.
Quanto à incapacidade da autora, a prova dos autos é insofismável, notadamente, o atestado
médico de fl. 74, o Relatório Social de fls. 70/72 e os depoimentos das testemunhas de fls. 281
(síndica do edifício no qual a autora residia) e 282 (Assistente
Social).
Quanto a prisão:
Apenas em pequena parte a Sentença será modificada, no tocante à proibição de os réus ingressarem
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