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Goiânia2016
SERVIÇO PÚBLICO FEDERALMINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICAINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO
InformeGoiano
Volume 01, nº 01
© 2016 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – IF Goiano
ISSN: 2526-317X
Corpo Editorial Aurélio Rubio Neto Editor-chefe
Tatianne Silva SantosSupervisora editorial
Cláudia Sousa Oriente de Faria Coordenadora de produção gráfica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBI) – Instituto Federal Goiano
Informe Goiano / Instituto Federal Goiano. - v. 1, n. 01, jan. out. (2016). - Goiânia: IF Goiano, 2016- .
49 p., il.
AnualISSN: 2526-317X
1. Ciências agrárias. 2. Iniciação Científica. 3. Pesquisa aplicada. I. Insti-tuto Federal Goiano.
I43
CDU: 631
Michel Miguel Elias TemerPresidente da República
José Mendonça Bezerra FilhoMinistro da Educação
Eline Neves Braga NascimentoSecretária da Educação Profissional e Tecnológica
Vicente Pereira de AlmeidaReitor
Fabiano Guimarães SilvaPró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação
Elias de Pádua MonteiroPró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Sebastião Nunes da Rosa FilhoPró-Reitor de Extensão
Virgílio José Tavira ErthalPró-Reitor de Ensino
Claudecir GonçalesPró-Reitor de Administração
Aurélio Rubio NetoEditor-chefe
Tatianne Silva SantosSupervisora editorial
Cláudia Sousa Oriente de FariaCoordenadora de produção gráfica
Tânia Regina VieiraRevisora
Guilherme Cardoso FurtadoDiagramador
Sumário
10
19
30
40
Produção de mudas de ixora via estaquia
Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas
Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja
Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara
A transferência de tecnologia dos produtos e pesquisas realizadas pelo Instituto
Federal Goiano para a sociedade e setor privado tem sido realizada com êxito de
diversas formas. Pensando em otimizar e inovar essa transferência de tecnologia,
foi criado em 2015, o Informe Goiano, um novo veículo de divulgação constituído
de manuscritos chamados de Circulares de Pesquisa Aplicada. Essas circulares
compreendem um texto com informações técnicas e técnico-científicas abordando
temas das Ciências Agrárias, Biológicas, Química e Tecnologia de Alimentos que
visam, além da divulgação dos resultados, disseminar conhecimento para usuários
sobre novas formas de utilização, manejo e conservação de espécies vegetais e
animais.
A comissão organizadora do Informe Goiano chega ao primeiro ano de atuação
com a divulgação de um manual para auxiliar na elaboração dos manuscritos e
quatro publicações técnicas. Neste volume, as Circulares de Pesquisa tratam sobre
a propagação e conservação de espécies com potencial de utilização no domínio
Cerrado, bem como a transformação de subprodutos dessa cultura em alimentos
altamente nutritivos e saudáveis, como a farinha e o patê à base de Okara.
A diversidade técnica dos trabalhos publicados neste volume do Informe Goiano
reflete a heterogeneidade de pesquisas realizadas pelo Instituto Federal Goiano,
ressaltando a importância da Instituição para a realização, divulgação e inovação
de técnicas.
Aurélio Rubio Neto
Editor-Chefe
Fabiano Guimarães Silva
Pró- Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação
Apresentação
PRODUÇÃO DE MUDAS DE IXORA VIA ESTAQUIA
Marcos Paulo dos Santos
Mestrando em Agronomia - UFG
Welma Faria Carvalho
Graduanda em Agronomia - IF Goiano Campus Ceres, GO
Cleiton Mateus Sousa
Doutor em Fitotecnia - Professor do IF Goiano Campus Ceres, GO
Autores
Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia
12 13
Importância e relevância
A floricultura brasileira tor-
nou-seumaatividadeimportantedo
agronegócio,tantodopontodevista
econômico, quanto social.Além de
atrairpequenosemédiosprodutores
emdiferentes regiõesdopaís, a ca-
deiaprodutivatemgerado,namédia
nacional,15,2empregosdiretospor
hectare,retornandoaproximadamen-
teR$ 20milmensais por ponto de
venda, enquanto a mesma área de
cana-de-açúcar abre 0,052 postos
de trabalho e um retornode apenas
R$3.893,72 mensais aproximada-
mente (IBRAFLOR,2013;UNICA,
2013).
A floricultura destaca-se por
produzir espéciesfloríferas e arbus-
tivas, sendo as últimas amplamente
utilizadas na composição de borda-
duras,maciços, cercas vivas ou até
mesmo individualmente, oferecen-
do uma diversidade de opções para
uso no paisagismo urbano e rural,
principalmente em ambientes aber-
tos (BELLÉ, 2013). Recentemente,
tanto em projetos paisagísticos par-
ticulares quanto em projetos públi-
cos,aixora(Ixora coccinea L.)tem
sido uma das espécies arbustivas
mais utilizadas (OLIVEIRA, 2007).
Suafloraçãomantém-seaolongodo
ano, compequenas oscilações entre
asestações,oqueresultaemjardins
floridos e exuberantes (STENICO,
2015).Ocustodamudadeixoratem
sidocotadocomvalormédiodeR$
15,25(CEASA-CAMPINAS,2016),
tornando onerosa sua alocação na
composiçãodavegetação,principal-
mente,quandosedesejautilizaraes-
pécienaformaçãodemaciçosecer-
casvivas,osquaisdemandamgrande
quantidadedemudas.
Embora seja amplamente
empregada no paisagismo, ainda
existem poucas informações técni-
co-científicas referentes ao mane-
jo e propagaçãoda ixora.Ousoda
estaquia, técnica de propagação ve-
getativa, possibilita reduzir custos
decorrentes na produção de mudas
deixora,obtergrandequantidadede
mudas em pequeno espaço físico e
de tempo,mantendo as característi-
cas da planta-matriz (HARTMANN
etal.,2002).Outravantagemdaes-
taquia para espécies ornamentais é
a possibilidade de multiplicação de
plantasquenãoconseguemflorescer
pormotivosdeadaptação,superando
assimalimitaçãodecorrentedapro-
pagaçãosexuada(LEAL&BIONDI,
2007).
Assim,odesenvolvimentode
estratégiasparaaobtençãodemudas
comqualidade,emcurtoperíodode
tempo torna-se fundamental para o
êxitodaproduçãodemudasdeixora,
viabilizando,consequentemente,seu
usonacomposiçãodeambientespai-
sagísticos,commenorescustos.
Escolha do propágulo
Os propágulos utilizados na
produçãodemudasoriundosdepoda
devemapresentar-se livresdesinais
de ataques de pragas e sintomas de
doenças, capacidade de responder
aosestímulos,sejamelesendógenos
ouexógenos,possuíremreservasnu-
tricionais,balançohormonalfavorá-
velàformaçãodeórgãosadventícios
etolerânciaàperdadeágua(SILVA
etal.,2015).Quandosebuscaredu-
Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia
14 15
ziroscustosnaproduçãodemudas,
autilizaçãodeestruturasvegetativas,
taiscomoramosoufolhasoriundos
de podas realizadas no manejo das
plantas,apresentam-secomoopções
maisviáveis(Figura1).
pormaiorperíododetemponoscan-
teirosdepropagação,aumentandoas
chancesdesucessonamultiplicação.
Preparo de estacas de ixora
Para a propagação da ixora
podemserutilizadostantoramosme-
dianosquantoramosapicais,respecti-
vamente(Figura2AeB).
Asestacasdevemserprepa-
radas a partir de ramos obtidos da
poda de plantas matrizes, preferen-
cialmenteemperíodovegetativo,vi-
sandoaproveitarmaterialpropagati-
voereduzircustodeproduçãocom
a manutenção de plantas matrizes.
Os ramos intermediários devem ser
coletadosdescartando-seasextremi-
dadesdemodoaconter,nomínimo,
três gemas e comprimento aproxi-
madode15cm.Éimportantequese
mantenham duas ou quatros folhas
inteirasnasestacas,oquepermitirá
aobtençãode taxasdeenraizamen-
tonaordemde96,87e98,12%em
Estruturascaulinaresdaspartesme-
diana e apical dos ramos possuem
maiorquantidadedereservasquefo-
lhasemeristemas,porissotêmsido
frequentemente recomendadas para
a propagação demuitas espécies.A
maiordisponibilidadedereservasnos
ramosemrelaçãoàsfolhasemeris-
temas(LEAL&BIONDI,2007)fa-
voreceasobrevivênciadopropágulo
Figura1-PlantasmatrizescultivadasnoIFGoiano–CampusCeresqueforamutilizadasparaacoletadospropágulos.
estacasdaposiçãomediana e91,87
e90%emestacasapicais,respectiva-
mente (Figura3).Aausênciade fo-
lhasnasestacasinviabilizaaprodu-
çãodemudas,reduzindoastaxasde
enraizamentopara0,62e9,37%em
estacas medianas e apicais, mesmo
comaaplicaçãodeácido indolbutí-
rico (AIB), reguladordecrescimen-
toauxínico,nabasedasestacaspor
cincosegundosatéaconcentraçãode
4000mgL-1.
A taxa de enraizamento ad-
Figura2-Estacasdeixoraderamosmedianos(A)eapicais(B).Oscírculosvermelhosrepresentamasgemasvegetativasremanescentesnaestaca.
Figura3-Enraizamentodeixoraemfunçãodaquantidadedefolhasremanescentesnasestacascinquentadiasapósinserçãoemcanteirodepropagação.
Estacas sem folhas Estacas com duas folhas Estacas com quatro folhas
Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia
16 17
ventício da ixora não é influenciada
pelaaplicaçãodeauxina.Dessafor-
ma, o preparo das estacas, tanto da
posiçãomedianaquantoapical,deve-
ráserfeitomantendoduasouquatro
folhas inteiras em cada estaca, dis-
pensandoaaplicaçãodeauxina.
Condições para enraizamento
Apósopreparodasestacas,o
terçoinferiordabasedeveserinserido
emcanteirodepropagação,totalmen-
te coberto com plástico transparente
dispostoa0,60macimadasestacas,
contendoareiagrossacomosubstrato
eumidadeelevada(Figura4).
A manutenção do ambiente
úmidoéessencialparaasobrevivên-
ciaeformaçãoderaízesadventícias.
Ousodesistemadenebulizaçãoin-
termitente em canteiro de propaga-
ção (Figura 5) pode ser empregado
paramanteraumidadeemtornode
90%.
Asestacaspodemserdispos-
Figura4-Estacasdeixoraemcanteirodepropagação.
Figura5-Esquemadecanteirodepropagação.1Caixad’águacombombasubmersa-anauger;2timerdigital–temporizador;3tubulaçãoPVCde0,5polegadas;4microaspersores;5plásticotransparentede100micrasdeespessura;6areiagrossa.
tasladoaladonocanteiro(Figura6),
permitindo otimização do espaço e
aumento do número demudas pro-
duzidasporárea.
Entre 45 e 50 dias após o
preparo e a inserção das estacas no
canteiro de propagação, ocorre for-
maçãode raízesadventícias (Figura
7), sendo necessária a transferência
dasmudaspararecipientescontendo
substrato enriquecido com nutrien-
tes, para que ocorra a formação de
umamudacompleta.
Transferência das estacas enraiza-
das para recipientes contendo subs-
trato e aclimatização das mudas
Apósoenraizamento,asmu-
daspodemsertransferidasparareci-
pientescontendosubstratocomercial
(Plantmax®).Osrecipientespoderão
sertubetesde120cm3ousacosplás-
ticosdepolietileno comcapacidade
de,nomínimo,250cm-3desubstrato
(Figura8).
Asestacasenraizadasmanti-
das em ambiente úmido, irradiação
reduzida,casadevegetaçãocomco-
Figura6-Estacasintermediáriasdeixoraemcanteirodepropagação.
Figura7-Raízesadventíciasemestacaintermediáriadeixora.
Informe Goiano - Referências
19
Informe Goiano - Produção de mudas de ixora via estaquia
18
berturaplásticaoucomsombrite50
ou 75%, com irrigação demicroas-
persão intermitente, cinco minutos
defuncionamentoacadaduashoras,
apresentam nomínimo 95% de so-
brevivência.Apósoiníciodaforma-
çãodosbrotos, a irrigaçãodeve ser
reduzidaeasmudasexpostasdefor-
Figura8-Estacasdeixoraenraizadasemrecipientescontendosubstratocomercial.
Figura9-Mudadeixoraempregadanaornamentaçãodecanteiro.
ma gradativa a irradiação solar, até
atingirascondiçõesdeluminosidade
total,momento emque poderão ser
transferidasparaolocaldefinitivode
cultivo(Figura9).
supl.1,p.300-302,jul.2007.
OLIVEIRA,E.E.R.AvegetaçãonatransformaçãodapaisagemdodiquedoTororó.2007.160 f.Dissertação(Mestrado em Geografia)–InstitutodeGeociênciasdaUniversidadeFed-eraldaBahia,Salvador,2007.
SILVA, A. S.; REGES, N. P. R.;MELO, J. K. de.; SANTOS, M. P.dos.; SOUSA, C.M. Enraizamentode estacas caulinares de ixora.Ad-vances in Ornamental HorticultureandLandscaping,v.21,n.2,p.201-208,2015.
STENICO,A.R.P.Central deAbas-tecimento de Campinas (CEASA).2013.Ixora: grande floração torna aplantamuitoprocuradaparaprojetospaisagísticos.Disponívelem:<http://www.ceasacampinas.com.br/novo/DicasVer.asp?id=255&page=dica_da_semana>.Acessoem:25deJan.2015.
UNICA-UNIÃODAINDÚSTRIADE CANA DE AÇÚCAR. Avançoda mecanização incentiva adoçãode tecnologias de última ger-ação em SP. 2013. Disponívelem: <http://www.unica.com.br/noticia/2981091792031019628/avanco-damecanizacaoincenti-va-adocao-de-tecnologias-de-ulti-ma-geracao-em-sp/>.Acessoem:06deAbr.2016.
Referências
BELLÉ, S.Apostila de paisagismo.InstitutoFederaldeEducação,Ciên-cia eTecnologia doRioGrande doSul, Bento Gonçalves, 2013. 40p.Disponívelem:<https://qacademico.bento.ifrs.edu.br/Uploads/MATERI-AIS_AULAS/50127-apostila_PAIS-AGISMO.pdf>. Acesso: 09 Fev.2015.
CEASA - CENTRAL DE ABAS-TECIMENTO DE CAMPINAS.2015.Cotaçãodepreços:mercadodeflores. Disponível em:<http://www.ceasacampinas.com.br/intranet/sis-tec_cotacao_site.aspx>. Acesso em:24Jan.2015.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D.E.;DAVIESJR,F.T.;GENEVE,R.L.Plantpropagation:principlesandpratices.7ed.NewJersey:PrenticeHall,2002.
IBRAFLOR - INSTITUTO BRA-SILEIRODEFZ2LORICULTURA.Númerosdosetor:Mercadointerno.Campinas, São Paulo, 2013. DisXponível em: <http://www.ibraflor.com/ns_mer_interno.php>. Acessoem:06deAbr.2016.
LEAL,L.;BIONDI,D.PropagaçãoVegetativadeGloxiniasylvatica(H.B.&K.)Wiehler. RevistaBrasilei-radeBiociências,PortoAlegre,v.5,
Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas
21
COMO EXTRAIR SEMENTES DE BARU
PARA OTIMIZAR A PRODUÇÃO DE MUDAS
Jacson Zuchi
Pós-Doutorando DCR FAPEG/CNPq - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Gessimar Nunes Camelo
Pós-Doutorando PNPD/CAPES - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Glicélia Pereira Silva
Doutoranda em Ciências Agrárias/Agronomia - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Juliana de Fátima Sales
Professora - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Autores
Importância e relevância
Obarueiro(DipteryxalataVo-
gel)éumaespéciearbóreaqueocor-
reemMinasGerais,Goiás,Distrito
Federal,MatoGrosso,MatoGrosso
do Sul, Pará,Rondônia eTocantins
(RATTERetal.,2000;SANOetal,
2004;2006).Aespécieéconhecida,
popularmente, como pau-cumbaru,
fruta-de-macaco, cumbaru, cumaru-
rana,barujo,coco-feijão(CORREA,
1931;FERREIRA,1980).Obaruei-
ropodeatingir25metrosdealtura,
comtroncodeaté70cmdediâme-
tro,copadensaearredondada(Figu-
ra1-A).Asfolhassãocompostaspor
6a12folíoloseofrutopossuiuma
polpa aromática, que amadurece de
setembroaoutubro,comumaúnica
semente(LORENZI,2002).
O baru possui muitos usos,
sendo que é comum suas árvores
seremmantidasnaspastagens,pois,
naépocadaseca,apolpadofrutoé
consumidaporbovinos(ALMEIDA
et al., 1990) (Figura 1-B). O fruto
possuialtoteordefibra(TOGASHI,
1993),açúcar,potássio,cobreeferro
(VALLILOetal.,1990).Asemente
é rica emóleo insaturado, proteína,
cálcioefósforo,assemelhando-seao
amendoim(TOGASHI,1993)(Figu-
ra1-C).
As amêndoas de baru pos-
suem alto teor de proteína bruta
(26,3%) e lipídios (33,3%). O óleo
extraídoécomposto,emsuamaioria
(75,6%),porácidosgraxosinsatura-
dos. Em sua constituição química,
Figura1-A-Plantaadultadebaru;B-deiscênciadefrutosdebaru;C-aspectosexternoseinternosdofrutoesementedebaru.
Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas
22 23
encontram-se também fatores anti-
nutricionais(antitripsina)quesãofa-
cilmentedestruídospelocalor.Dessa
forma,recomenda-seoconsumodas
amêndoas torradas, que apresen-
tamsabor semelhanteaoamendoim
(VERAeSOUZA,2009).
Neste sentido, percebesse
quenãoháummétodoclaroe,com-
provadamente,eficienteparaaextra-
çãodesementesdebaru,sendouti-
lizados instrumentos comomarreta,
prensahidráulicaeguilhotinaadap-
tadassobreplataformas,quealémde
poderem provocar danificação nas
sementes,nãoapresentamumrendi-
mentooperacionalcompatívelcoma
necessidadedosprodutoresquequei-
ram realizar a extração com maior
agilidade e eficiência técnico-quali-
tativa.
Assim,métodos de extração
desementesbarueficazeseeficien-
tes possibilitarão seu uso emmaior
escala,sejaparafinsdeproduçãode
mudasouparao consumohumano,
nasmaisvariadasformas.
Métodos de extração das sementes
Afloraçãoeafrutificaçãodo
baru ocorrem no início da estação
chuvosa e os frutos encontram-se
madurosnaestaçãosecasubsequen-
te.Acoletadosfrutospodeserrea-
lizada de julho a outubro, havendo
variaçõesconformeolocaleascon-
dições climáticas. O fruto tem em
média5,4cmdecomprimentoe32,2
g de massa, apresentando em geral
coloração marrom-clara (VERA e
SOUZA,2009)epodesercoletado,
manualmente, sobreo solo (método
decatação)oudiretamentedaplanta
(métododecolheita).
Sementes de baru necessi-
tam de um período de pós-matura-
ção,deaomenos60dias,dentrodos
frutospara teremmaiorgerminação
(CORRÊA et al., 2000).Neste sen-
tido,apósesseperíodo(Figuras2-A
e3-A),pode-seprocederaextração
das sementes, que no caso do mé-
todo de prensa hidráulica, pode-se
procederadespolpaparcialdosfru-
tos,afimdeaumentaraestabilidade
dofrutoduranteaprensagemepara
facilitar o trabalho de extração, au-
mentandoo rendimentooperacional
(Figura2-B).
Omesocarpotempolpafibro-
saeseca,oendocarpolenhosoprote-
ge apenas uma semente (amêndoa)
elipsoide, com comprimento médio
de2,5cmemassavariandode1,1a
1,5g.Emmédia, a amêndoa repre-
senta4,2%dofruto(VERAeSOU-
ZA,2009).Essaconstituiçãofibrosa
tornaofrutomuitoconsistente,oque
dificulta a operação de extração da
semente. Assim, precisa-se exercer
umagrandepressãooucortesobreo
frutoparaprovocaroseurompimento.
NoInstitutoFederalGoiano,
CampusdeRioVerdesãoutilizados
doismétodosdeextração,sendoque
uméporpressãosobreofruto,cha-
mado Prensa hidráulica (Figura 2),
e o outro por corte, chamado Que-
brador de coco (Figura 3). Embora
osdoismétodospossamser empre-
gados facilmente na propriedade,
constatamos que existem grandes
diferençasderendimentodetrabalho
entreeles.Ométododecorte/pressão
émaiseficienteeeficaz,poispossi-
Figura2-A-armazenamentodefrutosdebaruparapós-maturação;B-despolpadofrutodebaruparafacilitaraextração;C-despolpaparcialnaextremidadelongitudinalmaisagudadofrutodebaru;D-prensagem;E-ruptu-radofrutoparaextraçãodasementedebaru.
Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas
24 25
cadasobreafacecommaiorrigidez
do fruto,que coincidecoma região
longitudinalmaisaguda(Figuras2-C
e 3-D), o que conferemaior estabi-
lidade do fruto na operação.Assim,
com a pressão exercida, o fruto se
rompe,nocasodaPrensahidráulica
(Figura2-E),ouécortadonoQuebra-
dordecoco(Figura3-E),permitindo
aextraçãodasementeemseuinterior
commínimograudedanificação.
Na Prensa hidráulica é co-
mum ocorrer rupturas internas na
semente, principalmente nos coti-
lédones, que são a estrutura de re-
serva das sementes (Figura 4-C), o
que pode fragilizar a qualidade das
sementesduranteoarmazenamento,
intensificandooataquedefungos,e
bilitamaiorextraçãodesementespor
horadetrabalhoemenornúmerode
tentativasdecortequeométodode
pressão. É importante ressaltar que
o método de corte promove menor
grau de danificação nas sementes e
isto é evidenciado pela maior per-
centagemdeplântulasnormais,com
todasaspartesessenciaisparaode-
senvolvimento (radícula, hipocótilo,
epicótilo,cotilédoneseplúmula)no
teste de germinação (ZUCHI et al.,
2015).
Paraarealizaçãodaextração
dasemente,ofrutodeveserposicio-
nado,sejanaPrensahidráulicaouno
Quebradordecoco,nasposiçõesin-
dicadas naFigura 2-D e 3-D.Desta
maneira,apressãooucorteseráapli-
Figura3-A-armazenamentodefrutosdebaruparapós-maturação;B-mododeoperaçãodoequipamentoquebradordecoco;C-cortenaextremidadelongitudinalmaisagudadofrutodebaru;D-resíduodaextraçãodasemente.
emergência, dificultando o processo
germinativo,pelomaiorgraudede-
terioração.Poroutrolado,oQuebra-
dor de coco, pode promover cortes
notegumento(Figura4-C)e,depen-
dendodograude forçaexercidona
operaçãodoequipamento,podeoca-
sionardanosnoscotilédones,devido
à elevada pressão necessária para
efetuar o corte. Isto pode promover
o desprendimento do tegumento da
semente,oqueinterfereemsuaqua-
lidadefinal.Destaforma,aqualidade
dasementeestarárelacionadaàprá-
ticaeatençãodooperadorduranteo
manuseiodoequipamento.
Produção de mudas de baru
A percentagem de sobrevi-
vênciaeosucessodoplantiosãoin-
fluenciadospelaqualidadedamuda.
Assim, quanto melhor a qualidade,
maior potencial de crescimento e,
consequentemente, melhor compe-
tição com a vegetação invasora, re-
duzindooscustosdostratosculturais
(MORGADO, 2000). A qualidade
de sementes geralmente é avaliada
pelo testedegerminação (BRASIL,
Figura4-A-esmagamentodofrutodebarupeloexcessodeforçanaprensagem;B-sementesintactasdebaru,porambososmétodosdeextração;C-sementesdanificadasdebaru,porambososmétodosdeextração.
Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas Informe Goiano - Como extrair sementes de baru para otimizar a produção de mudas
26 27
2009),conduzidosobcondiçõeside-
aisdelaboratório.Assim,osresulta-
dos expressam o potencial máximo
de germinação. No entanto, estes
resultadosnemsempresãoconfirma-
dos pela emergência das plântulas,
pelascondiçõesnãohomogêneasde
temperatura e grau de umidade no
substrato.
DeacordocomKämpf(2000)
“substratoparaplantas”éomeioem
que se desenvolvemas raízes e sua
funçãoprimordialéproversuporteàs
plantasnelecultivadas,podendoain-
da regular a disponibilidade de nu-
trientesedeágua.Osubstratodeve
oferecerboaestruturaeconsistência,
deformaasustentarassementesdu-
ranteagerminaçãoouenraizamento.
Igualmente,devesersuficientemente
porosoparapermitiradrenagemdo
excessodeáguaemanterumaade-
quada aeração junto ao sistema ra-
dicular.É desejável que o substrato
apresenteboacapacidadederetenção
equesejaisentodesubstânciastóxi-
cas, inóculosdedoenças,propágulo
deplantasinvasorasepragas(FAVA-
LESSA,2011).Ossubstratospodem
terdiversasorigens:animal(esterco,
húmus),vegetal(tortas,bagaços,ser-
ragem,pódecoco)emineral(vermi-
culita,areia).
Arecomendaçãoéutilizarse-
mentesdesprovidasdoenvoltóriodo
fruto,ouseja,semapresençadacas-
ca,umavezqueusando-sesomentea
amêndoaagerminaçãoéfavorecida
(NAVES et al., 1992). Neste caso,
emmédia, a germinação ocorre em
13 dias, enquanto que as mantidas
no interior dos frutos demoram 42
dias (FILGUEIRA e SILVA, 1975).
Aemissãodaradícula,raizprimária
quesedesenvolveapartirdoembrião
da semente, ocorre com3 a 4 dias,
mas o desenvolvimento da plântula
necessita de 14 dias.Neste sentido,
para a produção demudas, nomo-
mentodasemeadura,asementepode
ser colocadano sulco de plantio de
duasformas.Naprimeira,quandose
Figura5-A-disposiçãodesementesdebaruemleitodeareia;B-mudasproduzidasemleitodeareia;C-iníciodagerminaçãodesementesdebaru(protusãodaradícula);D-mododesemeaduradesementesdebaruemtubete;E-mudadebaruproduzidaemtubete.
utilizaleitodesemeadura(canteiro),
prática mais antiga na produção de
mudas florestais, ou sacos demaior
diâmetrointerno,asementepodeser
colocada horizontalmente no sulco
de plantio (Figura 5-A). No segun-
docaso,principalmentequandoelaé
feita em tubete, é importante obser-
varaposiçãodaradículanasemente
(Figura5-D).Essaprática, especial-
mentenocasodobaru,quepossuise-
menterelativamentegrande,favorece
ocrescimentodaradículaediminuio
gastodereservascotiledonares.
Ocrescimentodamudapode
levaraté90dias,hajavistao longo
tempo de duração de suas reservas
cotiledonareseanecessidadedede-
senvolvimento de pelomenos 3 a 4
folhasverdadeiras(Figura5-Be5-E),
o que possibilitará maior segurança
nomomentodo transplanteeparaa
sobrevivênciadaplantanocampo.
Odiâmetrodo coleto é uma
característica importante a ser ava-
liadanafasedeproduçãodemudas,
pois está diretamente relacionada
comoíndicedesobrevivênciaecres-
cimentoinicialdasplantasemcam-
po(KRATZ,2011).Quantomaioro
diâmetro,melhorseráoequilíbriodo
crescimentocomaparteaérea,prin-
cipalmentequandoseexigerustifica-
çãodasmudas(ambientaçãogradati-
vaacondiçõesclimáticassimilaresa
queamudaencontraránoecossiste-
ma).ParaGonçalvesetal.(2000),o
diâmetrodocoletoapropriadoamu-
dasdeespéciesflorestaisdequalida-
deestáentre5e10mm.
Informe Goiano - Referências Informe Goiano - Referências
28 29
Agradecimentos
AoCNPq/FAPEG e à CAPES pelaconcessão das bolsas de pós-douto-rado.
Referências
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PRODUÇÃO DE PATÊ VEGETAL A PARTIR DE SUBPRODUTO DE SOJA
Rafaiane Macedo Guimarães
Mestranda em Tecnologia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde
Mayra Conceição Peixoto Martins Lima
Doutora em Ciência e Tecnologia e Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde
Mariana Buranelo Egea
Doutora em Engenharia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde
Autores
Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja
32 33
Introdução e relevância
Aspesquisaseointeressede
grande parte da população por ali-
mentosmais“saudáveis”têmlevado
aindústriaalimentíciaadesenvolver
novos produtos, cujas funções pre-
tendem ir além do fornecimento de
nutrientesbásicosedasatisfaçãodo
paladardoconsumidor.Essesprodu-
tossãoconhecidoscomo“alimentos
funcionais”epodemreduzirorisco
de doenças crônico-degenerativas
(BEHRENS;SILVA,2004).
Dentreosalimentoscomale-
gaçõesdefuncionalidadeepromoção
à saúde destaca-se a soja (Glycine
Max. (L)Merril), rica emproteínas,
isoflavonas, saponinas, fitatos, ini-
bidores de protease, fitosteróis, pep-
tídeos com baixo peso molecular,
oligossacarídeoseácidosgraxospoli-
-insaturados,alémdeserboafontede
mineraiscomoferro,potássio,magné-
sio,zinco,cobre,fósforo,manganêse
vitaminasdocomplexoB(PENHAet
al.,2007).
Asojaéaprincipaloleagino-
saproduzidaeconsumidanomundo,
tendooBrasilcomoseumaiorpro-
dutorcom276milhõesdetoneladas
produzidas na safra 2014/15 (87%
daproduçãomundial),seguidopelos
Estados Unidos,Argentina e China
(USDA, 2016). No Brasil, a soja é
cultivada especialmente nas regiões
Centro-OesteeSuldopaíse,deacor-
docomo5ºLevantamentodaSafra
de Grãos 2015/16 divulgado pela
Companhia Nacional de Abasteci-
mento-CONAB,oEstadodeGoiás
atingiráumnúmerohistóriconasa-
fra2015/16,commaisde10milhões
de toneladasde soja produzidas em
3,4 milhões de hectares cultivados
(CONAB,2016).
Componente essencial de ra-
ções animais, a soja apresenta cres-
cente uso na alimentação humana
(BRASIL,2016)pormeiodoconsu-
modeseusprodutostaiscomobebida
àbasedesojaeóleovegetal;doseu
uso como ingrediente na fabricação
demolhos,sorvetes,produtoscárneos
eoutros;e,também,pelapossibilida-
dedeutilizaçãodeseussubprodutos
comoookara,obtidoapósaextração
dafraçãosolúvelemáguautilizadana
produçãodoextratohidrossolúvelde
soja e/ou “tofu” (MATEOS-APARÍ-
CIOetal.2010).
Atualmente,oaproveitamen-
todesubprodutosagroindustriaisna
alimentação,tantoanimalquantohu-
mana, além de ser visto como uma
opção econômica de grande impor-
tância na redução do impacto am-
biental, propicia, ainda, a produção
dealimentosnobresedeboaquali-
dade devido as suas características
nutricionais.
A suplementação de produ-
tos alimentícios comokara está re-
latada em alguns estudos, os quais
indicamqueosubprodutomelhoraa
qualidadenutricionaldosalimentose
agregavaloraosprodutosàbasede
soja,comonasformulaçõesdepães
emacarrão (BOWLES; DEMIATE,
2006;LU;LIU;LI,2013;SILVAet
al.,2009).
O subproduto okara, por
ser produzido em grande quantida-
de,cercade2800mil toneladaspor
anonaproduçãodetofunaChina,e,
pelo seu interessantevalornutricio-
nal, aproximadamente 50%defibra
dietética, 25% de proteína e 10%
de lípidos em base seca (LU; LIU;
LI, 2013), pode ser uma alternativa
comocomponentenaformulaçãode
patê vegetal.A legislação brasileira
especificaa identidadeeascaracte-
rísticasdequalidadeparaoproduto
denominadopatêoupastadeorigem
animal,nãohavendolegislaçãoespe-
cíficaparapatêsoupastasdeorigem
vegetal, ficando, assim, estes pro-
dutos dispensados de registro pela
AgênciaNacionaldeVigilânciaSa-
nitária-ANVISA(BRASIL,2000a;
BRASIL,2000b).
Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja
34 35
Paraaobtençãodookara,o
método descrito por Ciabotti et al.
(2006) foi modificado, resultando
nasetapasapresentadasnaFigura1.
Etapas do processo de produção
de patê de okara
Obtenção do okara
Figura1–Fluxogramadeobtençãodeokara
Seleção e higienização dos grãos de
soja
Primeiramente, os grãos de-
vemserescolhidoscomafinalidade
de separação de impurezas físicas
(pedras,folhas,resíduodeterra,en-
treoutros).Emseguida,deve-sepro-
ceder a lavagem com água potável
corrente para remover as sujidades
restantes.
Pesagem dos grãos e maceração
Pesar150gdegrãosdesoja
em recipiente plástico com tampa e
adicionar150mldeáguanapropor-
ção de 1:3 (soja:água), deixando a
misturaemrepousoporumperíodo
de12horas,àtemperaturaambiente,
para que ocorra o processo de ma-
ceração. O processo de maceração
consiste emdeixarosgrãosde soja
sobaaçãodaágua,paraquefiquem
impregnadosdamesma.
Branqueamento
Após a maceração, os grãos
desojadevemserescorridoserapi-
damentelavadoscomáguapotável.A
seguir,sãosubmetidosaoprocessode
branqueamento, quevisa inativar os
inibidoresdeproteaseseoutrosfato-
resantinutricionais,responsáveispelo
sabordesagradáveldeprodutosderi-
vadosdesoja,oque restringeoseu
consumopelapopulação(BAYRAM;
KAYA; ONER, 2004). A etapa de
branqueamentodeveocorreremágua
ferventeaquecidaemfogobrandoaté
a temperatura de 98ºC, respeitando
a proporção de 1:3 (soja:água). Os
grãosdesojadevemsermergulhados
emáguafervente,eapósnovoinício
dafervura,otempodecozimentode
5minutosdeveser iniciado.Emse-
guida, os grãos devem ser retirados
daáguaferventeparaocorrerocho-
que térmico utilizando água potável
emtemperaturaambiente.
Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja
36 37
Nesteponto,ookaraapresen-
taumidadeemtornode75%a80%
(CHEN;HE,2013;DEVAHASTIN;
WACHIRAPHANSAKUL,2007),o
queotornamuitosusceptíveladete-
rioração,sendoesteomaiordesafio
para a utilização deste subproduto.
Trituração
Após o branqueamento, os
grãosdevemseraquecidosemágua,
naproporçãode1:10(soja:água),ou
seja,acada10gdesojadeveráser
adicionado100mldeágua.Oaque-
cimento deverá ocorrer em fogo
brando por 5 minutos após a ebu-
lição. Os grãos de soja aquecidos,
juntamentecomaágua,deverãoser
trituradosem liquidificadordomés-
tico ou em equipamento industrial
debaixarotação.
Cozimento e separação do subpro-
duto okara por filtração
Após a trituração, a mistura
obtidadeverásercozidaà98ºCpor
10 minutos e, em seguida, filtrada
(coada) empano de algodão limpo,
previamente fervido antes e depois
douso.
Olíquidofiltradoéconsidera-
docomoextratohidrossolúveldesoja
ou“leitedesoja”.Amassarestanteé
chamada de subproduto de soja ou
okara(Figura2)epodeserutilizada
emváriasformulaçõescaseiras.
Figura2–Subprodutodesojaouokara.
Acenouraeolimãodeverão
serlavadosesanitizadosemsolução
clorada a 1% (1 colher de sopa de
hipoclorito de sódio para cada litro
deágua)por15minutosantesdesua
utilização.
Em liquidificador doméstico
ouindustrialdebaixarotação,colo-
caracenouraeamaionesecomercial
Assim, preparos culinários em que
ookarapodeserimediatamenteuti-
lizado após sua produção, como o
patê, apresentam-se como uma al-
ternativabastanteinteressanteparao
seuaproveitamento.
Preparo do patê com okara
O patê vegetal a base de
okara de soja deve ser processado
conformemostraaFigura3.Os in-
gredientesquesãoutilizadosnafor-
mulaçãoestãodescritosnaTabela1.
Orendimentodestaformulaçãoéde
1,2kgdepatêvegetalàbasedeoka-
radesoja.
Figura3–Fluxogramadeproduçãodepatêvegetalabasedeokaradesoja
Tabela1–Composiçãodopatêvegetalabasedeokaradesoja
Ingredientes
Okara
Maionese comercial light
Cenoura picada
Tempero pronto
Suco de limão
Quantidade (g)
400
300
400
20
60
Informe Goiano - Referências
39
Informe Goiano - Produção de patê vegetal a partir de subproduto de soja
38
paraseremliquidificadasatéaforma-
çãodeumamassahomogênea.Essa
massa deverá, então, ser transferida
paraoutrorecipienteehomogeneiza-
dajuntamentecomookaradesoja,
o temperoprontoeosucodelimão
(Figura4).
Desenvolvimento e Aplicabilidade
Pastas e patês vegetais são
dispensados de registro obrigatório
pelaAnvisa,deacordocomaReso-
luçãonº23,de15demarçode2000
(BRASIL,2000b).Porém,todopro-
dutoartesanal,deorigemanimalou
vegetal,paraserconsumidoe/ouco-
mercializado,deveseguirumalegis-
lação específica (municipal ou esta-
dual).Aproduçãodepatêutilizando
okaraéumaalternativaparaoapro-
veitamentodestesubprodutodasoja,
podendo ser consumido diariamente
empães,tortas,torradas,entreoutros.
Existem,naliteratura,estudos
querelatamafortificaçãodealimentos
comokara evidenciandoseusatribu-
toscomoumingredientefuncionalna
promoçãodasaúde,taiscomo,biscoi-
tos e cookies (RADOCAJ; DIMIC,
2013;GRIZOTTOetal.2010;PARK;
CHOI; KIM, 2015). Conforme de-
mostrado, o patê é uma preparação
simpleserápida,naqualosubprodu-
todesojapodeseracrescentado.
Figura4–Patêcom33%deokara.
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COMO PRODUZIR FARINHA VEGETAL A
PARTIR DA SECAGEM DO OKARA
Daiane Costa dos Santos
Mestranda em Tecnologia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Morhana Silva Santos
Graduanda em Engenharia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Jordana Ferreira Neves
Graduanda em Engenharia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Mariana Buranelo Egea
Doutora em Engenharia de Alimentos - IF Goiano Campus Rio Verde, GO
Autores
Informe Goiano - Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara Informe Goiano - Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara
42 43
Introdução e relevância
Okara é o nome dado ao
subprodutoformadopelaparteinso-
lúveldasojaemáguaobtidoquando
os grãos são submetidos à macera-
ção,trituradoseprensadosparapro-
duziroextratoaquoso.
De cor branca ou amarelada
(dependendodavariedadedogrãode
soja), ookara émuitoutilizado em
pratos tradicionaisdo Japão,Coreia
e China, e na dieta vegetariana em
paísesocidentais.NoBrasil,seuuso
élimitadodevidoaoaspectocultural,
porém,alimentosabasedesoja,vem
sendo incorporados à alimentação
em razãode suas propriedades fun-
cionais.
Atualmenteexisteumabusca
da indústriadealimentospor ingre-
dientes proteicos no intuito de ofe-
recer alimentos com propriedades
funcionais que possam contribuir
paraumadietaequilibrada.Esteinte-
ressedaindústriaalimentíciaestáas-
sociadoaumpedidodoFDA(Food
andDrugAdministration),órgãogo-
vernamental dosEstadosUnidosda
América responsável pelo controle
dos alimentos, por saúde, devido à
relação entre a proteína de soja e a
reduçãodedoençacardíacacoroná-
riana(ALEZANDROetal.,2011).
O okara apresenta caracte-
rísticas nutricionais que ampliam
suaaplicaçãonoenriquecimentoem
diversos tipos de produtos alimen-
tícios. Quando processado em fari-
nha de okara apresenta, emmédia,
37,5%deproteína,32,1%decarboi-
dratos,11,9%de lipídios,15,5%de
fibras e 3,0% de cinzas, resultando
em aproximadamente 468 kcal/100
g.Ainda,valedestacar,queookara
possuicercade12,6a14,6gdefi-
brassolúveisecercade40,2a43,6
gdefibrasinsolúveis(BOMDESPA-
CHOetal.,2011).Estudos revelam
quefibrasinsolúveissãoeficazesno
tratamento de obstipação intestinal
porpossuirefeitolaxativo,aumentar
o volume do bolo fecal e reduzir o
tempodetrânsitonointestino,regu-
larizandoofuncionamentodoórgão.
Asfibras tambémsãomuitoutiliza-
dasparadietasemqueoobjetivoé
a redução de peso por aumentar a
sensação de saciedade (MATTOS;
MARTINS,2000).Combaseemdi-
versaspesquisas,aingestãode25g
deproteínadesojapordiapodecon-
tribuir para a redução do colesterol
(BRASIL,2016).
Farinhassãoprodutosobtidos
departescomestíveisdeumaoumais
espéciesdecereais,leguminosas,fru-
tos, sementes, tubérculos e rizomas
por moagem e ou outros processos
tecnológicos considerados seguros
para produção de alimentos (BRA-
SIL,2005).Aproduçãodafarinhade
okaraéinteressante,dopontodevista
econômico,porpromoveroaumento
de renda já que configura aprovei-
tamento de subprodutos gerados no
processamentoindustrialquenormal-
menteédestinadoaraçãoanimaloué
descartado.Ainda,pelobaixocustoe
altovalornutricional,ookaradesoja
pode serutilizadocomomelhorador
dealimentos(SILVAetal.,2012).
Para fabricação da farinha e
de qualquer produto alimentício as
recomendações deBoas Práticas de
Fabricação (BPF) devem ser segui-
dasdeacordocomaResoluçãoRDC
nº275,de21deoutubrode2002,da
AgênciaNacionaldeVigilânciaSa-
nitária-ANVISA.AsBPFsãonor-
masdehigienequedevemser ado-
tadaspelasindústriasdealimentose
obedecidaspelosmanipuladoresdes-
deaaquisiçãodamatéria-primaaté
o consumidor. Estas normas tem o
objetivodeevitaraocorrênciadedo-
enças provocadas pelo consumo de
alimentos contaminados (BRASIL,
2002).
Informe Goiano - Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara Informe Goiano - Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara
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Etapas da produção de farinha ve-
getal a partir de okara.
Asetapasdeproduçãodeoka-
radesojaestãoapresentadasnofluxo-
gramadaFigura1.
Figura1–Fluxogramadeprocessamentodeokaradesoja
Seleção e lavagem dos grãos de
soja
Aseleçãodeveser feitama-
nualmenteutilizandogrãosíntegros,
retirando-se impurezas comooutros
grãos,pedras, folhascascas,palhas,
areia,etc.
A lavagemdosgrãosdeverá
ser realizada em água potável sem
esfregá-los, seguida da sanitização
em solução clorada a 2,0 a 2,5%,
ouseja,osgrãosdesojadeverãoser
submergidosemáguacontendocloro
por15minutos(10mLdehipoclori-
todesódiopara1Ldeáguapotável).
Depoisdalavagemesanitização,os
grãosdesojadeverãoserescorridos
epesadosparacalcularaquantidade
de água a ser utilizada no processo
detrituraçãodosgrãos.NaFigura2
pode-se visualizar os grãos selecio-
nadosesuapesagem.
Maceração
Amaceraçãonadamaisédo
queahidrataçãodosgrãos,equeirá
diminuirotempodeaquecimentonas
etapasposteriores,aumentarorendi-
mentodoextratosolúveleaumentar
acapacidadededispersãoe suspen-
sãodesólidosduranteaextração.
Figura2–Grãosdesojaselecionadosesubmetidosàpesagem.Fonte:Arquivopessoal
Figura3–MaceraçãodosgrãosdesojaFonte:Arquivopessoal
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Apósalavagemesanitização,
osgrãosdeverão ser escorridos,dis-
postosemvasilhacomtampaeimer-
sosemáguapotávelnaproporção1:3
(soja:água),ouseja,paracada100g
de soja deverão ser adicionado 300
mLdeáguapotável.Osgrãosdesoja
ficarão imersos em água por 12 ho-
ras(Figura3).Apósamaceração,os
grãosdeverãoserdrenadosutilizando
umrecipienteperfurado(peneira).
Trituração
A trituração deverá ser feita
em liquidificador industrial ou do-
mésticodealta rotaçãopor3minu-
tos(Figura4).Osgrãosserãomistu-
radoscomáguafiltradanaproporção
de100gpara1litrodeáguapotável.
A trituração rompeo tecidovegetal
aonívelcelularesubcelular,liberan-
doproteínas,lipídeosesólidossolú-
veisdogrão.
Filtração
O tecido filtrantemais utili-
zadonesta etapa éo sacode tecido
dealgodãoquedeveserpreviamente
limpoefervidopor15minutosantes
eapósouso.Oprodutotrituradode-
verásercoadonestetecidoerecolhi-
doemoutrorecipiente(Figura5).
Figura4–TrituraçãodosgrãosdesojaFonte:Arquivopessoal
Figura5–FiltraçãodotrituradodegrãosdesojaFonte:Arquivopessoal
seco e à temperatura ambiente, o
okara deverá ser triturado em liqui-
dificador para obter-se uma farinha
com umamenor granulometria (Fi-
gura 8B), possível de ser utilizada
paraconsumodiretoouemdiversas
preparações.
Esta etapa permite a separa-
çãodamassa sólida (subprodutode
sojaouokara)dolíquidofiltrado(ex-
trato hidrossolúvel de soja ou EHS
ouainda,comopopularmenteconhe-
cido,o “leitede soja”), amboscom
diferentesaplicaçõesemalimentos.
Secagem de Okara
Umavezobtidoosubprodu-
to de soja, o okara, este deverá ser
homogeneizado,pesado, e colocado
parasecaremestufadesecagema60
ºCpor11horasparaaproduçãode
farinhadeokaracomoestáapresen-
tadonofluxogramadaFigura6.Sua
secagem é considerada longa justa-
mentepelagranderetençãodeágua
pelookaraapósaproduçãodeEHS.
NaFigura7pode-seobservarookara
úmidosendosubmetidoaoprocesso
desecagem.
Ookaraapóssecagem(Figu-
ra8A)mantémaparênciadefarinha
debijucomgrânulosmaiores.Após
Figura6–Fluxogramadeprocessamentodefarinhavegetalapartirdookaradesoja
Figura7–SecagemdeokaraemestufaFonte:Arquivopessoal
Informe Goiano - Referências
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Informe Goiano - Como produzir farinha vegetal a partir da secagem do okara
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Aplicações
Afarinhapodeserusadapura
(innatura)diretamentenaalimenta-
ção ou adicionada em preparações
agregando valor nutricional e um
maior aporte de fibras (Figura 10).
Oprodutotambémémuitoutilizado
emdietasvegetarianasdevidoaoalto
teordeproteínas.
Armazenamento
Afarinhadeokarasecadeve-
rá ser armazenada em saco plástico
próprioparaembalaralimentos,por
exemplo,polietilenodebaixadensi-
dade-PEBD.Aembalagemdeveser
fechada,semespaçodeareestocada
emtemperaturaambiente(Figura9).
Figura8–FarinhadeokaraapósasecagemeapósatrituraçãoemliquidificadorFonte:Arquivopessoal
Figura10–Aplicaçõesdafarinhadeokaradesoja:croquetes(A)epães(B).Fontes:CARMO,2016;LLEDÓ,2016.
Figura9–FarinhadeokaraembaladaFonte:Arquivopessoal
Referências
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BRASIL.Agência Nacional de Vig-ilância Sanitária. Resolução RDC nº275,de21deoutubrode2002.Dis-põesobreoRegulamentoTécnicodeProcedimentos Operacionais Padro-nizadosaplicadosaosEstabelecimen-tos Produtores/ Industrializadores deAlimentos e a Lista de Verificaçãodas Boas Práticas de Fabricação emEstabelecimentos Produtores/ In-
dustrializadores de Alimentos. Dis-ponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5125403/4132350/ResoluuoRDC27. 10.2002.pdf>.Acessoem:11abr.2016.
BRASIL. Agência Nacional deVigilância Sanitária (ANVISA).Alimentos. Assunto de interesse.Alimentos ComAlegações de Pro-priedadesFuncionaiseoudeSaúde.14 de março de 2016. Disponív-el em: <http://websphere.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Por-tal/ANVISA/Inicio/Alimentos/Assuntos+de+Interesse/Alimen-tos+Com+Alegacoes+de+Proprie-dades+Funcionais+e+ou+de+Saude/Avaliacao+de+seguranca+e+com-provacao+de+eficacia> Acesso em:12deAbr.de2016.
CARMO, A. Disponível em: <http://alquimiaveg.blogspot.com.br/2010/08/croquete-de-okara-resid-uo-de-soja-com.html> Acesso em:10/06/2016.
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