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Reflexão
Janela sobre as proibições
“....................................... Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro
um aviso informa: È proibido brincar
com carrinhos porta bagagem.
Ou seja: ainda existe gente que brinca.”
Galeano
“Aquarela”
Toquinho e Vinícius
Numa folha qualquer eu desenho
um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer
um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me
dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho
um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num
pedacinho azul de papel
Num instante imagino uma linda
gaivota a voar no céu
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa grená
Tudo em volta colorindo com suas
luzes a piscar
Basta imaginar que ele está partindo
sereno, indo
E se a gente quiser ele vai pousar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 05
1. BRINCAR, O DEVER GOSTOSO ................................................................... 06
1.1. O desenvolvimento infantil: segundo J. Piaget (1969) ................................... 06
1.2. O brinquedo e as atividades lúdicas. O brinquedo como objeto ..................... 07
2. O QUE A CRIANÇA REVELA ESQUANTO BRINCA.
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR ................................................................. 09
2.1. Professor e a Pré-escola. O chegar da criança na escola ................................. 10
2.2. As brincadeiras são desprovidas de finalidades ou
objetivos explícitos .......................................................................................... 11
3. BRINCANDO E IMITANDO. NO MUNDO DO FAZ-DE-CONTA,
A CRIANÇA APRENDE A LIDAR COM A REALIDADE ............................ 14
CONCLUSÃO ......................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 20
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INTRODUÇÃO
Difícil alguém negar que uma criança não precisa brincar. Entretanto poucos
adultos levam essa necessidade a sério. Em casa, na rua e especialmente nas pré-
escolas, o direito a brincadeira é pouco reconhecido como essencial ao desenvolvimento
infantil.
A brincadeira é um aprendizado vital, mas hoje está sendo muito cerceado. As
limitações começam em casa com as recomendações dos pais: não suje a roupa, não vá
quebrar o brinquedo. Para muitos pais o brinquedo se tornou mais importante que a
brincadeira. Hoje é referencial do poder aquisitivo nas classes sociais.
Se não há estímulo para brincar em casa, a situação da Creche, da pré-escola e
depois da Escola também é precária. Não há tempo nem espaço dedicados às
brincadeiras, nem aos brinquedos. É rara a Escola bem equipada, que invista nesse
aprendizado.
Este fato talvez se deva a falta de conhecimentos sobre os benefícios da
brincadeira para o desenvolvimento infantil.
A infância é tempo para brincar e através da brincadeira, entrar no mundo dos
adultos. Não de forma imediata, mas simbólica. Na brincadeira, a criança dirige, cuida
do bebê, vai trabalhar, cozinha, constrói casa, tudo o que percebe no mundo adulto.
Nesse espaço imaginário, ela elabora seus conflitos, sentimentos e medos.
Por isso, numa brincadeira de casinha, aparece a briga dos pais, a bebedeira.
Brincando, a criança amadurece e se fortalece.
Ao mesmo tempo, brincar é criar, tomar iniciativas. É aprender regras e
limites. A criança reconhece a importância de normas, descobre valores. Aprende a
conviver sem gritar, brigar, ganha auto-estima e confiança, pois se sente capaz de
participar. Desenvolve a concentração, coordenação e habilidades. Dá asas a
imaginação e a fantasia.
Brincar, não é um passatempo, mas um universo.
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1. BRINCAR, O DEVER GOSTOSO.
O tema “ Brincar, o dever gostoso”, por si só expressa uma necessidade, reflete
sua importância no desenvolvimento da criança: cognitivo, emocional, motor.
Contudo, apesar de renomados educadores esgotarem seu saber científico em
vasta literatura, uma grande maioria de responsáveis por educação infantil, permanece
defasada nos seus conhecimentos. São pais que insistem em cobrar da pré-escola, dever
de caderno, folhinhas com trabalhinhos e mesmo dever de casa. Comentam: Pré-escola
para quê ? Só para brincar ? E os desenhos livres, de rabiscação. Não valorizam,
muitas vezes, vai para o lixo, não reconhecem o aprender brincando. Donos de escola
particular, com medo da perda do aluno, orientam seus professores no sentido de
atender aos pais, abraçando esta linha tradicional. Professores não querendo perde o
emprego não lutam pelos próprios paradígmas. Assim fica mais cômodo. A construção
do desenvolvimento fica para depois, o adestrar é mais rápido. Além disso, as crianças
de hoje estão com muitos afazeres, cursos, esportes, compromissadas com uma agenda
que não inclui o brincar. A sociedade não valoriza este importante momento que é o
brincar.
A realidade da criança é formada a partir da magia. O jogo, as brincadeiras e o
faz-de-conta para crianças são como os sonhos para os adultos.
A criança precisa de espaço e tempo para esse crescer. É brincando que ela
constrói a sua identidade e o mundo que a rodeia.
1.1. O desenvolvimento infantil: segundo J. Piaget ( 1969)
Piaget descrevendo as fases evolutivas da criança menciona que de três a cinco
anos, meninos e meninas vivem a chamada fase Pré- Operacional – Inteligência
simbólica.
Possuem pensamento egocêntrico, uso de fantasias e pensamento mágico e
criador. Gostam de brincar de “faz-de-conta”, inventando histórias, situações,
personagens imaginários. São barulhentas e gostam de contato com outras crianças.
Aprendem a convivência em grupo. As primeiras noções de sociabilidade,
respeito ao próximo, são aprendidas nas brincadeiras com os amigos. Os pais devem
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orientar o encontro dos filhos com outras crianças de sua idade. As atividades coletivas
são sempre mais divertidas e enriquecedoras. Sozinha a criança pode desenvolver a
coordenação motora e a percepção visual, mas dificilmente desenvolverá o sentimento
de equipe tão importante para a vida. Deve-se fazer um planejamento para atender aos
interesses, dar oportunidades para adquirir relativa independência e desenvolver a
responsabilidade.
Aos três anos ocorre a emancipação: classifica, identifica, compara, tem
capacidade de usar as palavras como símbolo, coloca-se no mundo dos adultos,
pergunta: O que é isso ? Como se chama isso ? Aos quatro pergunta: “ Como ?”
“Porque ?”. Usa pronome “eu”. Com cinco anos sua linguagem é usada graficamente.
Fala frases corretas e completas.
1.2. O brinquedo e as atividades lúdicas. O brinquedo como objeto.
Tudo pode acontecer no mundo da brincadeira. A criança é um ser criativo por
natureza e estimular esse potencial é um fator determinante para o seu bom
desenvolvimento. Por isso, os brinquedos devem dar margem para que ela exercite, ao
máximo, o seu mundo imaginário. Se tiver brinquedos novos, ótimo! Na verdade, mais
importante do que a boneca e a bola, é o uso que a criança faz de cada brinquedo. Essa
filosofia deve ser seguida na compra de brinquedos. Além de verificar o material usado,
tamanho e peso, deve-se levar em consideração a utilização que a criança vai fazer dele.
Quando mais ela puder montar, desmontar, transformando, será melhor.
Brincar é transformar, essa é a graça. Os jogos de armar, permitem tantas
alternativas quantas a criatividade e a imaginação de cada um. Já os objetos de encaixe
estimula a capacidade motora; os instrumentos musicais, a audição e o ritmo; os
brinquedos de madeira, a sensibilidade do tato.
Casinhas de bonecas montáveis, fantoches e blocos para construir cidades,
incentivam a dramatização e coordenação motora. O jogo de dominó desenvolve a
percepção visual em crianças de cinco anos.
Mas, onde brincar ? É um problema para quem vive nas grandes cidades, em
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apartamento. A participação dos pais é reservar tempo e espaço para o lazer dos filhos.
Além da televisão, dos industrializados e eletrônicos, restam os passeios de fim de
semana e o playground. O que fazer ? Evidentemente nada substitui o espaço de um
quintal ou rua, mas mesmo dentro de um lugar menor a mãe pode oferecer condições
para que seu filho brinque satisfatoriamente.
Confeccionar juntos uma pipa, mexendo com linha, tinta, papéis e cola, ficam
felizes. Quando os pais permitem um mergulho na brincadeira, os filhos se divertem.
Porém, o mais importante é a oportunidade de obterem revelações dos filhos. É uma
oportunidade de aproximação. Poderão compreender como a criança vê e constrói o
mundo, o que gostaria, quais suas preocupações e que problemas a aflige.
Brincando, a criança expressa o que tem dificuldade de colocar em palavras.
Brincar é uma espécie de linguagem secreta, à qual os pais só têm acesso caso se
disponham a caminhar junto com o filho esse caminho.
As atividades dos pais têm sempre um grande efeito sobre os filhos. O modo
pelo qual eles se sentem a respeito das brincadeiras, a importância que dão a elas ou
falta de interesse nunca passam despercebidos pelos filhos.
Quando os adultos ingressam nesse universo, é que o brincar tem seu brilho
maior. Ao participarem de brincadeiras com as crianças, o ideal para os pais é deixá-
las escolher com o que e como brincar. Brincar com o filho deve ser espontâneo, e para
isso basta que os pais deixem de lado suas defesas.
Ao invés de encher a agenda dos filhos com mil atividades programadas, procure
tempo para estar com ele, contando antigas histórias, ensinando músicas e velhas
brincadeiras.
“ A brincadeira da criança deve ser considerada mais séria.”
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2. O QUE A CRIANÇA REVELA ENQUANTO BRINCA. A IMPORTÂNCIA
DO BRINCAR.
A brincadeira faz parte da vida humana o tempo todo e desde muito cedo. Além
do prazer, está o longo caminho do desenvolvimento da criatividade, da sociabilização,
do conhecimento e da descoberta do mundo. Mais que simples passatempos as
brincadeiras são uma maneira eficiente e gostosa de aprender. Quando brinca com uma
boneca, a menina não apenas repete os gestos da mãe, mas tenta entender e analisar o
significado de todo um relacionamento. Uma das funções da brincadeira é exatamente
esta: representar a realidade. O jogo ajuda a criança a lidar com fatos que, às vezes, são
muito complexos para ela. Ele é uma maneira de traduzir informações, adquirir
conhecimento, resolver situações difíceis e dar vazão a sentimentos de raiva, dor,
alegria. Aos olhos dos pais a fantasia dos filhos pode até não ter muita lógica, mas há
uma enorme diferença no desenvolvimento motor, no raciocínio e na personalidade de
uma criança que brinca, em relação a outra que, por alguma razão, deixa de fazê- lo.
É, portanto, na situação de brincadeira que as crianças podem se colocar desafios
para além de seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de
compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a
qual interagem. Quando brincam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua
imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de
organização e convivência. Na atividade de brincar as crianças vão construindo a
consciência da realidade, ao mesmo tempo em que vivenciam uma possibilidade de
modificá- la.
A brincadeira pode transformar-se, assim, em um espaço privilegiado de
interação e confronto de diferentes crianças com diferentes pontos de vista.
Nessas interações, elas buscam resolver, no nível simbólico, a contradição entre
a liberdade da brincadeira e submissão às regras por elas mesmas estabelecidas,
determinando os limites entre a realidade e seus próprios desejos. Nesse processo,
desenvolvem aquilo que Vygotsky denomina “ autocontrole”.
Podem, ainda, interagir com seus pares de forma autônoma e cooperativa,
compreendendo e agindo na realidade de maneira ativa e construtiva.
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2.1. Professor e a Pré-escola. O chegar da criança na escola.
Brincar de descobrir relações. Assim se define a atividade na Pré-escola. O
conteúdo, realiza-se em diversas informações. Uma criança que brinca de comprar
objetos, pode estar iniciando a forma de pensar classificatória. Nas brincadeiras
espontâneas, a criança brinca com a linguagem : João cara de melão, inventa palavras:
- Vamos desapagar a luz ? A professora deve valorizar e estimular essas produções.
Mesmo sem saber ler e escrever, a criança utiliza seus recursos para descobrir a escrita.
As brincadeiras são a forma própria da criança aprender e dar sentido ao mundo que
encontra. Brincar é coisa séria. A Pré-escola busca na proposta lúdica o caminho para
que a criança ingresse no mundo adulto. Sabendo ler a brincadeira, em sua lógica e
riqueza, descobre-se o quando nossa razão tem de arbitrária. Nas atividades lúdicas é
que as relações estruturam o modo de pensar e agir, ou seja, a personalidade. A
professora deve conhecer os conceitos que a criança é capaz de construir em cada etapa
e adequar os programas e currículos.
O planejamento na pré-escola é estrutural. Seus objetivos referem-se às
estruturas de pensamento e ação que se deseja que a criança construa: relações de
linguagem, lógicas, espaço-temporal, psicomotoras sócio-afetivas. A função do
professor é apenas garantir, não atrapalhar o encontro entre as crianças. Elas têm muito
que aprender entre elas. A pré-escola é a primeira conquista de um mundo próprio, fora
do modelo e proteção familiar.
É a escola o lugar de sair do colo e crescer.
A criança chega à escola, bastante desconfiada. Que lugar é esse ? Cadê minha
mãe ? O que eu faço com essa gente ? Ela chora, fica num canto. No inicio da
adaptação o professor trabalha com o choro, xixi, roupa molhada, lanche derramado. É
no fazer coisas juntas, no contato, cuidado e carinho que a criança e a professora se
aproximam, tornam-se amigas.
A escola também deve oferecer alternativas, resgatar o valor cultural das
brincadeiras de roda, cantigas, como: “Atirei o pau no gato”, pular amarelinha e treinar
o equilíbrio e orientação espacial.
Divertindo-se com bola de gude, pulando corda, a criança percebe que brincar,
além de gostoso, é uma forma mais fácil de aprender. Um ambiente de liberdade de
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expressão é o lugar ideal para a criança. Ela ainda está decifrando os códigos de
comunicação e vai colocar a emoção no papel, querendo passar seu sentimento.
Além da pintura a dedo, a maquiagem no rosto, a presença da música estimula o
sensorial. A psicomotricidade pode ser trabalhada através da arte. Só em pegar um
lápis a criança já lida com os movimentos. E quando cria um desenho com giz de cera
ao ritmo de uma música clássica, ela percebe que se desenhar fraquinho o traço vai ser
fino. Se desenhar forte vai sair largo. Se ela for tímida, vai desenhar bem pequeno. É
uma maneira lúdica de conhecer, perceber a criança.
“ Desde que o mundo é mundo, o brincar existe “.
2.2. As brincadeiras são desprovidas de finalidades ou objetivos explícitos.
Compreendendo a brincadeira dessa forma, podemos afirmar que a educação
infantil tem-se utilizado de um recurso bastante rico, mediante o qual as crianças podem
apropriar-se do mundo, ativamente, por meio da representação. No entanto, a
brincadeira deixa de ser concebida como uma característica inata da natureza infantil e
passa a ser vista como uma atitude e uma linguagem que é aprendida nas relações
sociais e afetivas desde a mais tenra idade.
Como atividade dominante na infância, tendo em vista as condições concretas da
vida das crianças, a brincadeira pode ser uma das formas pelas quais estas começam a
aprender. Pode ser, também, o espaço privilegiado onde tem início a formação de seus
processos de imaginação ativa onde elas se apropriam das funções e das normas de
comportamentos sociais.
Para Vygotisky, a aprendizagem configura-se no desenvolvimento das funções
superiores, mediante a apropriação e internalização de signos e instrumentos num
contexto de interação. A aprendizagem humana pressupõe uma natureza social
específica e um processo mediante o qual as crianças têm acesso à vida intelectual e
afetiva daqueles que a rodeiam
É por isso que para Vygotisky ( 1984, p. 114) a brincadeira...
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“ ... cria na criança uma nova forma de desejos.
Ensina - a a desejar, relacionando os seus
desejos a um “ eu ” fictício ao seu papel na
brincadeira, As maiores aquisições de uma criança
são conseguidas no brinquedo, aquisições que no
futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e
moralidade.”
É por essa razão que Vygotsky considera que a brincadeira cria para as crianças
uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre
o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e no nível de desenvolvimento potencial,
determinado pela resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a
colaboração de um companheiro mais capaz.
Ainda segundo esse autor, a brincadeira possui três características: a
imaginação, a imitação e a regra. Essas características estão presentes em todos os tipos
de brincadeiras infantis, sejam elas tradicionais, de faz-de-conta, de regras, e podem
aparecer também no desenho, como atividade lúdica.
Cada uma dessas características pode aparecer de forma mais evidente em um
tipo ou outro de brincadeira, tendo em vista a idade e a função específica que
desempenham junto as crianças.
Para Vinnicott, 1975, a brincadeira é universal e própria da saúde: o brincar
facilita o crescimento e, portanto, a saúde, O brincar conduz aos relacionamentos
grupais, podendo ser uma forma de comunicação da psicoterapia; traz a oportunidade
para o exercício da simbolização e é também uma característica humana.
Na obra “A criança e o seu mundo”, ( 1975), Vinnicott faz colocações
fundamentais sobre a brincadeira. Dentre elas podemos citar:
“ As crianças têm prazer em todas as experiências
de brincadeira física e emocional ( ... )
( .... ) deve-se aceitar a presença da agressividade,
na brincadeira da criança ( ... )
(... ) a brincadeira é a prova evidente e constante
da capacidade criadora que quer dizer vivência..”
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Ao brincar e ao jogar, a criança constrói o conhecimento. E, para isso, uma das
qualidades mais importantes do jogo e do brinquedo é a confiança que a criança tem
quanto à própria capacidade de encontrar soluções.
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3. BRINCANDO E IMITANDO. NO MUNDO DO FAZ-DE-CONTA, A
CRIANÇA APRENDE A LIDAR COM A REALIDADE.
É comum, nas brincadeiras, a criança se transformar em um adulto no mundo do
faz-de-conta e imitar situações já vivenciadas.
A brincadeira infantil permite que a criança reviva suas alegrias, seus conflitos e
seus medos, resolvendo-os a sua maneira e transformando a realidade naquilo que ela
quer. Com isso internaliza regras de conduta, desenvolvendo o sistema de valores que
irá orientar seu comportamento.
A nós cabe a tarefa de propor à criança esse momento de faz-de-conta, deixar
que brinque livremente, fazendo voar sua imaginação, aprendendo a lidar com o mundo
e a formar sua personalidade.
O importante, nessa fase é variar os objetos oferecidos. Dependendo do tipo de
material apresentado às crianças, elas vão construir coisas diferentes. O uso de jogos de
construção é um das atividades mais desejadas. E preciso deixar que elas explorem e
criem situações através de jogos de encaixe, sucatas, fantasias, fantoche, máscaras...
Todo e qualquer material posto ao alcance da criança faz com que ela vá criando e
imaginado uma forma diferente de brincar com esse objeto.
Como nos informa Vinnicot, “a brincadeira fornece uma organização para a
iniciação de relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de contatos
sociais”.
Sugestões de jogos motores
· Lobos e carneirinhos
Formação è Traçar no chão duas linhas afastadas cerca de 20 metros uma da
outra. As crianças são divididas em dois grupos: lobos e carneirinhos. Cada
grupo se coloca atrás da linha. O grupo dos lobos fica de costas para o grupo
dos carneirinhos.
Desenvolvimento è Ao sinal do professor, os carneirinhos saem a caminhar, o
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mais silenciosamente possível, em direção aos lobos. Quando estiverem bem
próximos deles, o professor diz: “Cuidado com os lobos”. Estes, então,
voltam-se rapidamente e partem em perseguição aos carneirinhos. Os
carneirinhos apanhados antes de alcançar a linha original (de onde vieram)
passam a ser lobos. Na repetição da brincadeira, invertem-se os papéis
Sugestão:
Antes de proporcionar essa brincadeira, é interessante que se explore o
que se sabe e se discuta sobre esses animais:
- Como são ?
- Quem já viu um carneirinho ? Quem já viu um lobo ? Onde ?
Quando ? Se viu, o que achou do animalzinho ?
- Vamos imitar um lobo ?
- Vamos imitar um carneirinho ?
O professor pode explorar o tema conforme o interesse das crianças.
· Onça dorminhoca
Formação: Formar com os alunos uma roda grande. Cada criança fica dentro de
um pequeno círculo desenhado sob os pés, exceto a criança do centro da
roda, deitada, de olhos fechados. Ela é a onça dorminhoca.
Desenvolvimento: Todos os jogadores andam à vontade, saindo de seus lugares,
exceto a onça dorminhoca que continha dormindo. Eles deverão desafiar a onça,
gritando- lhe: “Onça dorminhoca !” Inesperadamente, a onça acorda e corre para
tomar um dos lugares assinalados no chão. Todas as outras crianças procuram
fazer o mesmo. Quem ficar sem lugar será a nova onça dorminhoca.
Sugestão:
A professora poderá proporcionar um estudo sobre a onça, de acordo com o
interesse das crianças:
- Quem já viu uma onça ? Aonde ? Quando ?
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- Como ela é ? como vive ? O que come ?
- Quem quer imitá- la ?
Confeccionar uma máscara de cartolina ou papelão para aquele que fará o
papel da onça.
Partindo desse estudo, a criança, quando for desenvolver a atividade,
criará um personagem seu relativo à brincadeira.
· Corrida do elefante
Formação: As crianças andam à vontade pelo pátio. Uma delas, separada,
utiliza um braço (A), segurando com a mão a ponta do nariz. O outro
abraço (B) passará pelo espaço vazio formado pelo braço A e será usado
para pega os companheiros.
Desenvolvimento: Ao sinal, o pegador sai a pegar os demais usando
somente o braço B. Quem for tocado, transforma-se também em pegador.
Adotando a mesma posição, será vencedor o último a ser preso.
Sugestão:
As crianças, durante a brincadeira, podem caminhar como um elefante.
· Sessão historiada
As brincadeiras de sessão historiada proporcionam à criança o desenvolvimento
da imaginação sobre os personagens. O professor deve deixar que a criança crie
movimentos e sons. Assim ela estará trazendo a sua realidade para essa brincadeira.
Usando a hora do conto, o professor pode contar às crianças histórias infantis
(Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Cinderela, Peter Pan ... e propor que dêem
vida a esses personagens através de dramatizações. É importante lembrar que, para
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ocorrer a dramatização, a criança deve conhecer bem a história. A partir daí as crianças
escolhem os personagens. Será interessante que, se a dramatização se repetir varias
vezes, ocorra o revezamento de papéis. Nessa dramatização, o professor poderá
oferecer fantasias, máscaras ou outros. As crianças, inclusive, poderão criar cenários.
Outra maneira de reproduzir histórias, a partir da brincadeira, é com a utilização
de fantoches, que podem ser confeccionados pelos próprios alunos, aproveitando-se
sucata, restos de papéis coloridos, bolinhas de isopor, papel machê e outros materiais.
A imaginação e a fantasia são tão presentes e expansivas que, se oferecermos
apenas fantoches ou fantasias, a própria criança cria a sua história partindo de uma
experiência vivida, realizando uma verdadeira brincadeira simbólica.
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CONCLUSÃO
Brincar não significa simplesmente recrear. Brincar é coisa séria. É a forma
mais completa que a criança tem de se comunicar consigo mesma e com o mundo.
Nesse brincar está o pensamento, a verbalização, o movimento, gerando canais
de comunicação.
Além disso, o ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais em que
as atividades lúdicas devem visar à auto- imagem, à auto-estima, ao autoconhecimento,
à cooperação, porque estes conduzem à imaginação, à fantasia, à criatividade e a uma
porção de vantagens que ajudam a moldar suas vidas como crianças e como adultos
Acreditamos, assim, que a criança vai construindo seu conhecimento do mundo
de modo lúdico, transformando o real com os recursos da fantasia e da imaginação.
Tem chance de dar vazão a uma afetividade que freqüentemente, é tolhida na difícil luta
pela sobrevivência enfrentada dia-a-dia por seu pais.
A criança que brinca precisa ser respeitada, pois seu mundo é mutante, e está em
permanente oscilação entre a fantasia e a realidade. Precisa tanto de brinquedos como
de espaço, o suficiente para que se sinta à vontade e dona de si mesmo.
É através da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a
cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se às condições que o
mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver
como um ser social.
Em síntese além de proporcionar prazer e diversão, o brinquedo e a brincadeira
podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança.
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“A ARTE DE SER CRIANÇA NESTE FINAL DE SÉCULO.”
Sou criança neste final de século. Sou criança neste fim de século. Nossa ! É o fim de muita coisa. Mas é o começo da minha vida. Nasci neste tempo que está a mil por hora. É televisão, satélite, fax,
computador... Ufa ! Como o mundo anda rápido e tem máquinas que fazem viajar,
videogames que me fazem viver tudo como se fosse de verdade... E sabe por que eu gosto disso ? Porque eu adoro o faz-de-conta. Como qualquer criança de hoje ou mil
anos trás. Porque eu tenho uma curiosidade do tamanho do mundo. Adoro televisão. Nos filmes vivo aventuras, acompanhando homens por
outras galáxias, explorando o espaço infinito. É que meu espaço aqui na terra anda meio apertado. Preso em apartamento, sem quintal e sem espaço da rua para jogar... Eu quero brincar. E ao vivo. Não nos shoppings, onde qualquer brincadeira precisa de ficha e tem tempo contado.
Quero brincar livremente. Sem hora para acabar. Porque brincado eu me sinto feliz.
Tem jogos em que agente faz a maior ginastica. Tem jogos que exigem coragem, agilidade e reações rápidas, É uma aventura.
Outro dia eu reparei que até os animais brincam. E muito. Quanto mais brincam, quando pequenos, mais espertos eles ficam. Você já reparou na diferença entre um macaquinho e uma cobra ?
Eu estou sempre aprendendo. De tudo. E imito aquilo que vejo. Na TV assisto a brigas, traições, notícias sobre drogas, seqüestros e morte.
Daí eu brinco de traficante, de luta e de guerra. Tem gente que diz que eu só sei correr, bater e destruir. Como posso
brincar de outras brincadeiras se ninguém me ensina ? Eu não sou adivinha. Não tenho culpa se o dólar subiu e as bolsas caíram. Não tenho culpa se comprar e consumir é a razão de muitas pessoas. Eu não quero viver fora do mundo, mas quero viver no meu mundo. Um
mundo que tem fantasias, brincadeiras e descobertas. Mas no meu mundo tem gente grande também. No começo eu dependia dos braços dos meus pais. Agora, mais
crescidinha, eu preciso dos abraços. Você pode participar do meu mundo. Afinal, todo mundo já foi criança em dia. E lembrando disso você vai
saber do que eu gosto, e que quero e preciso. Eu não quero ser mais um adulto antes do tempo. Não quero ser mais um adulto a lamentar que não teve infância ! Por favor, não roube minha. São só alguns anos. Eu, criança deste final de século, EXIJO...QUERO...PEÇO... por favor.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
· ADRADOS, I. Orientação Infantil – Petrópolis: Vozes, 1980,
· FREUD, Sigmund. Desenvolvimento da personalidade. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
· OLIVEIRA, Zilma de Moraes; MELLO, Ana Maria; VITÓRIO, Telma;
FERREIRA, Maria Clotilde R. Creches: crianças, faz-de-conta e Cia. Petrópolis:
Vozes, 1995.
· OUTEIRAL, J. O . A criança normal e o brinquedo: um estudo de Psicologia
Evolutiva. IN: Clínica psicanalítica de crianças e adolescentes. Rio de Janeiro:
Revinter, 1998.
· VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
· WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
· WINNICOTT, D. W. O brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1971.
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA
BRINCAR, O DEVER GOSTOSO
ROSIMAR OLIVEIRA MUNIZ
ORIENTADOR:
PROF. CARLOS ALBERTO CEREJA
RIO DE JANEIRO
JUNHO / 2002
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA
BRINCAR, O DEVER GOSTOSO
ROSIMAR OLIVEIRA MUNIZ
Trabalho monográfico apresentado parcial
para obtenção do Grau de Especialista em
Psicopedagogia.
RIO DE JANEIRO
Junho / 2002
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