alcance, limites e desafios das polÍticas de desenvolvimento rural no semiÁrido nordestino...
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ALCANCE, LIMITES E DESAFIOS DASPOLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO
RURAL NO SEMIÁRIDO NORDESTINO
SEMINÁRIO NACIONAL: GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ZONAS SEMIÁRIDAS DO NORDESTE DO BRASILBrenda Pessoa Braga Setembro 15, 2011Salvador
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• “Historicamente as políticas públicas para o semiárido foram insuficientes e equivocadas, incapazes de promover o desenvolvimento do semiárido. Faltam políticas públicas que considerem as potencialidades econômicas da região.”- Pronunciamento da Senadora Lídice da Mata 20/06 (PSB-BA)
• “Os problemas históricos do semiárido estão relacionados ao crescimento regional desigual e a uma estrutura fundiária perversa” – Luiz Neiva da Uneb
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• “A realidade complexa e incompreendida, levou a desequilíbrios ambientais e a cristalização da pobreza e da miséria social” – Roberto Alves da Silva da UFRN
• “As políticas públicas não conseguem reverter o quadro agudo de exclusão social do sertão porque na base da formulação está a idéia de que o sertão é inviável economicamente” – Suely Chacon da UNIFOR e Marcel Bursztyn da UNB
Características das Atuais Políticas de Desenvolvimento Rural
• Adota “modelo de desenvolvimento sustentável – políticas agrícolas, agrárias e cidadania” (crédito, assistência técnica, seguro, política de preço e compras governamentais)
• Incorpora a abordagem territorial – “o território rural é o lugar de articulação e integração das políticas públicas”
• Declara a agricultura familiar como “a atividade econômica fundamental à segurança alimentar e ao desenvolvimento do país”
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Desenvolvimento Territorial – PRONAT 2003• Abordagem territorial – estratégia para superação
das desigualdades regionais e da pobreza rural • Definição de 450 territórios com base nos dados do
IBGE – pop. de 50.000 pessoas e densidade de 80hab/Km²
• Prioriza 164 territórios de maior concentração de pobreza – 40 no semiárido
• Investimentos: gestão territorial, formação de agentes de desenvolvimento e projetos produtivos
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Projeto Dom Hélder (FIDA)• 2001 a 2010 – US$ 90 milhões • Em 45 municípios de 6 estados do NE (SE, PE, CE, PI,
PB e RGN) • Abordagem territorial e multidimensional de
superação da pobreza: acesso à água, produção e comercialização, crédito, educação e cidadania do campo, gestão ambiental e social de políticas públicas
• Mais de 15 mil famílias atendidas e 346 associações beneficiadas
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Crédito Rural – Pronaf • Presente em 5.387 municípios – 1.133 semiárido• Volume de recursos ampliado entre 2002/2003 a
2009/2010 R$ 13 bilhões • Beneficiados 2.778 milhões agricultores familiares em
2008• Linhas Especiais - Pronaf Semiárido: 50% do
financiamento em infraestrutura hídrica• Plano Safra 2011/2012 - Limite de financiamento
ampliado de R$ 10 mil para R$ 12 mil;
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Melhora a participação do NE no montante de recursos – de 16,5 % em 2002/2003 para 24,5 % em 2006/2007 R$ 2 bilhões (Est. Meio Rural/2008)
• Período de 1998 a 2009 – BNB aplicou R$ 6,6 bilhões no semiárido, superior a outras sub-regiões
• A partir de 2006 declínio, com recuperação em 2009 - R$ 600,00
• Tendência à concentração dos recursos no Sul e maior captação dos recursos pelos Grupos D e E (2005/2006)
• Declínio da participação dos assentados -14,9% em 2000/2001 para 2,5% 2009/2010 no montante dos recursos (Lauro Mattei)
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Garantia-Safra: garante a safra nos períodos de estiagem e de excesso de chuva, com no mínimo 50% de perda da produção esperada
• De 2002/2003 a 2010/2011 – participação crescente dos municípios e agricultores: de 177.839 a 737.920 mil agricultores e de 333 a 990 municípios
• Safra 2010/2011 721.351 mil agricultores foram beneficiados: 51% homens e 49% mulheres e 50% mulheres chefes de família e 49% de homens chefes de família
• Aporte dos agricultores – R$ 4 milhões
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Mudanças aprovadas para a Safra 2011/2012: I. Cotas ampliadas para 940.000; número de cotas por
município equivalente ao de estabelecimentos rurais e ao número de agricultores que aderiram no ano anterior.
II. Aumento do valor do benefício para R$ 680,00 III.Criação de um Grupo de Trabalho para avaliar e
revisar o Programa Garantia Safra
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Programa Nacional do Biodiesel - produção e compra de mamona aos agricultores do NE e Semiárido
• Compra de mamona a agricultura familiar em 2009: R$ 30 milhões
• Desafio: formas de integrar a produção da agricultura familiar ao Programa e melhorar o aproveitamento da mamona
• Proposta dos estados do NE e MG ao GF para integrar o Programa ao PAC - 600 unidades extratoras de óleo para atender às 23 indústrias, beneficiando 1,8 milhão de famílias de agricultores
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Comercialização• PAA: Compra Direta e Formação de Estoque (MDA);
Compra com Doação e PAA-Leite (MDS)• 2003 a 2009 - 764 mil agricultores participantes e
compras totais no valor de R$ 2,7 bilhões• PAA - Leite (NE e Norte de MG) – Avaliação indicou
melhorias na produção, organização, educação e renda dos pequenos produtores
• Maior participação dos agricultores do NE no PAA Compra com Doação Simultânea
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Menor participação dos agricultores do NE no PAA Compra Direta e Formação de Estoque (MDA)
• Participação de 1% dos assentados do Crédito Fundiário
• Desafios: unidades de beneficiamento sobreviverem no mercado convencional, inserção sustentável dos pequenos produtores nos mercados, preços praticados e organização dos produtores
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• O Plano Safra 2011/2012 – Política de Garantia de Preços Mínimos para a Agricultura Familiar – PGPM-AF – compra dos produtos a preço justo
• Orçamento do PAA ampliado em R$ 194 milhões• PNAE - Lei 11.947/09 -30% da merenda escolar
fornecida pela agricultura familiar: 250 mil agricultores familiares participaram em 2009
• Maior participação dos agricultores das Regiões Sul e Sudeste no PNAE
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Reforma Agrária• II PNRA/2003 – abordagem territorial para
integração dos assentamentos rurais ao desenvolvimento local e regional
• Previsão de beneficiar 1 milhão de famílias e gerar 2 milhões de postos de trabalho de 2003 a 2006
• 2003/2010 - 586 mil famílias assentadas, 47,1 milhões de ha(s) e 3.551 assentamentos implantados
• A Região NE continua sendo a mais desigual (NT do Ministério do Planejamento sobre o Censo de 2006)
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Assistência Técnica • Lei 12.188/2010 – institui a Política Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) – retomada dos serviços
• 14 Redes Temáticas de Ater – articula as instituições • Capacitação de gentes de desenvolvimento• 2003/2010 - R$ 2,2 bilhões aplicados, na estruturação
da assistência técnica nos estados - metade nas Regiões Norte e Nordeste
• O serviço de assistência técnica carece de uma ação mais planejada, permanente e qualificada em todas as atividades produtivas da agricultura familiar
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Infraestrutura Básica - PAC• São Francisco – Revitalização e Água para Todos:
esgotamento sanitário, construção de cisternas, poços tubulares e sistemas simplificados de abastecimento d’água
Cisternas em 54 municípios de PE, AL, BA, MG e SE ; abastecimento d’água municípios de PE, BA e AL e poços tubulares BA, MG e PE.
• Proágua Nacional: barragens e adutoras e gestão dos recursos hídricos
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Água para Irrigação Segurança Alimentar e Nutricional• Acesso à Água: em parceria com os entes federados
e a ASA – P1MC o MDS viabiliza a construção de cisternas para consumo humano, para a produção agropecuária pelos agricultores e nas escolas da zona rural para consumo e produção
• 2003 a 01/2010 – foram construídas 338 mil cisternas em residências rurais atendendo a 1,3 milhão de pessoas
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Educação - MEC• Projovem- Saberes da Terra – qualificação
profissional e escolarização aos jovens agricultores familiares de 18 a 29 anos
Curso com duração de 2 anos e bolsa de R$ 1.200,00 paga em 12 vezes, alterando escola e comunidade 2008 – meta atender 35 mil jovens
• Procampo – cursos regulares de licenciatura de educação do campo, para formação de professores dos últimos anos do fundamental e ensino médio nas escolas rurais
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Meio Ambiente • GEF-Caatinga – conservação e uso sustentável dos
recursos florestais da Caatinga: capacitação, geração, sistematização e difusão de informações
Parceria – MMA, PNUD e o Fundo Global para o Meio Ambiente
• PAN- Brasil - desenvolvimento sustentável nas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD)
4 Eixos Temáticos: Combate à Pobreza e à Desigualdade – reforma agrária e educação fundamental, integração de programas de apoio à agricultura familiar e de transferência de renda
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Ciência e Tecnologia • INSA Instituto Nacional do Semiárido – articular e
executar uma política de ciência, tecnologia e inovação para o semiárido – convivência
Pesquisa e Tecnologia • Embrapa Semiárido em Petrolina e Embrapa Algodão
na ParaíbaCombate à Pobreza Rural • Programas estaduais financiados pelo Banco Mundial
e o FIDA no NE
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
Articulações e Redes da Sociedade Civil • ASA Brasil Articulação do Semiárido (ASA) – articula
750 ONGs Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: água para beber e plantar, conhecimento, cooperativas de crédito, bancos de sementes nativas ou crioulas, fundos rotativos, criação de animais, educação
Programas: Um Milhão de Cisternas (P1MC) – 2003/ 2011: 300 mil cisternas e 1,5 milhão pessoas beneficiadas
Uma Terra e Duas Águas (P1+2) – 2007/2011: 9 mil cisternas-calçadão e 60 mil pessoas beneficiadas
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Rede de Educadores do Semiárido Brasileiro (RESAB) – articula educadores e instituições governamentais e não governamentais que atuam na área de educação
Melhoria da qualidade da educação e do sistema educacional público do semiárido
Proposta político-pedagógica de educação para o semiárido
• Rede Macambira – aglutina ONGs e Agências apoiadas pelo União Européia, partilha de experiências para promoção do desenvolvimento sustentável do semiárido – agricultura familiar
Políticas de Desenvolvimento Rural para o Semiárido Nordestino
• Rede ATER Nordeste – 13 organizações que trabalham com agricultura familiar agroecológica, metodologia de ATER e influenciar a política pública
• Articulação Nacional de Agroecologia – movimentos, redes e organizações que atuam na promoção da agroecologia, no fortalecimento da agricultura familiar e alternativas sustentáveis de desenvolvimento rural
O que limita o alcance das políticas públicas 1- Formulação e gestão das políticas:• Insuficiência de políticas e de recursos • Enfoque no acesso à água, e menos no acesso à terra
e a educação de qualidade • Formulação e coordenação das políticas
centralizadas no Governo Federal • Implementação descentralizada, mas com
insuficiente participação dos Governos Estaduais e Municípios
ALCANCE, LIMITE E DESAFIO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL
ALCANCE E LIMITE DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL
• Elevada dependência dos estados e municípios dos recursos federais
• Frágil coordenação interna do Governo Federal, estados e municípios, insuficientes mecanismos de articulação e integração - fragmentação e dispersão das ações
• Baixa capacidade propositiva dos conselhos, reduzido poder de influência na definição de políticas e frágil controle social sobre a ação do Estado
ALCANCE E LIMITE DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL
• Insuficiente conversão em políticas públicas de experiências exitosas desenvolvidas pelos agricultores, ONGs e outras instituições
• Nos municípios, restrições de ordem material, técnica e política comprometem a gestão e a implementação das políticas públicas e a prestação dos serviços básicos
• Nos estados os responsáveis pelos programas atuam com limitada autonomia gerencial e financeira, e capacidade de decisão e ação; insuficiente pessoal qualificado, precárias instalações, e, principalmente, insuficiente tecnologia
Alcance, Limites e Desafios das Políticas de Desenvolvimento Rural no Semiárido
2- A persistente pobreza rural:• Concentração da terra – de 1,7 milhão
estabelecimentos 1 milhão são minifúndios com área inferior a 5 hectares (Censo 2006)
• Não emancipação da maioria dos assentamentos (Pesquisa do INCRA-2010)
• 2010 - Cadúnico cadastrou 4 milhões de famílias com renda per capita mensal média de R$ 140,00
• As principais fontes de renda são oriundas da Previdência Social e do Bolsa Família
• Analfabetismo atinge a 21,22% da população rural NE
ARTICULAÇÃO DE POLÍTICAS PARA SUPERAÇÃO DA POBREZA RURAL
Iniciativa Federal - Programa Territórios da Cidadania - 2008
Concebido como “um esforço de gestão do Governo Federal para ampliar a cobertura das políticas públicas, alcançando os mais pobres, aqueles que ainda não são atendidos pelas ações governamentais”
Articula 182 ações de 22 Ministérios em 120 territórios – concentração nas Regiões NE e NO
03 Eixos: 1-Apoio às Atividades Produtivas, 2- Cidadania e Direitos e 3- Qualificação da Infraestrutura
SUGESTÃO AO PROGRAMA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO DO SEMIÁRIDO
• “ É preciso, principalmente, estudar as formas de vida, de sobrevivência no semiárido, as culturas possíveis, que podem garantir a sobrevivência da região e, de lá, fazerem brotar novas soluções, inclusive soluções não-agrícolas, soluções que demonstrem o potencial até mesmo turístico da região do semiárido brasileiro” – Senadora Lídice da Mata
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