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PROAHSA Programa de Estudos Avançados em Administração
Hospitalar e de Sistemas de Saúde
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana de São Paulo segundo
os eixos do Observatório de Saúde
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 2
Orientador: Álvaro Escrivão Júnior Autores: Carolina Lopes Zanatta Eric Tokunaga Felipe Berg José Alexandre Buso Weiller Marcelo Cristiano de Azevedo Ramos Marília Tristan Vicente Morris Pimenta e Souza Thiago Marchi Sacoman Edição Morris Pimenta e Souza Revisão Beatriz Andreoli Pinto
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 3
Agradecimentos
Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
À Companhia de Engenharia de Tráfego da Cidade de São Paulo;
Aos Conselhos Municipais de Saúde;
Às Centrais de Regulação Médica do SAMU;
À Associação Brasileira de Medicina do Tráfego – ABRAMET; e
Ao Núcleo VIVA São Paulo/ DANT/CVE/CCD/SES SP
E um agradecimento especial aos coordenadores de eixo e membros da Secretaria Executiva do Observatório: Elisabete Kudzielicz, Pedro Dimitrov, Osvaldo Donnini, Arnaldo Sala, Raiane Assumpção, Cleide L. Martins e Cláudia Bogus, por compartilharem conhecimentos, informações e experiências.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 4
Conteúdo
Conteúdo ....................................................................................................................... 4
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6
2 OBJETIVO ........................................................................................................... 10
3 ANÁLISE SEGUNDO OS EIXOS DO OBSERVATÓRIO ................................................... 12
3.1 Eixo Condições de Vida e Saúde ............................................................................... 13
3.1.1 Introdução .................................................................................................. 14
3.1.2 Método ...................................................................................................... 15
3.1.3 Limitações .................................................................................................. 16
3.1.4 Resultados .................................................................................................. 17
3.1.4.1 Mortalidade por acidentes de Transporte na RMSP ............................................. 17
3.1.4.1.1 Mortalidade por acidentes de transporte nas regiões de saúde da RMSP .............. 27
3.1.4.1.1.1 Região de Saúde de São Paulo .......................................................... 30
3.1.4.1.1.2 Região de Saúde de Guarulhos .......................................................... 35
3.1.4.1.1.3 Região de Saúde de Franco da Rocha .................................................. 37
3.1.4.1.1.4 Região de Saúde de Rota dos Bandeirantes ........................................... 39
3.1.4.1.1.5 Região de Saúde do ABC ................................................................ 40
3.1.4.1.1.6 Região de Saúde dos Mananciais ........................................................ 42
3.1.4.1.1.7 Região de Saúde do Alto Tietê ......................................................... 44
3.1.4.1.2 Outras tabelas de taxas de mortalidade na RMSP ......................................... 46
3.1.4.2 Internações por acidentes de transporte na RMSP .............................................. 49
3.1.5 Conclusão ................................................................................................... 64
3.2 Eixo Capacidade Instalada ....................................................................................... 65
3.2.1 Introdução .................................................................................................. 66
3.2.2 Método ...................................................................................................... 66
3.2.3 Limitações .................................................................................................. 67
3.2.4 Resultados .................................................................................................. 67
3.2.4.1 Atendimento pré-hospitalar móvel ................................................................ 67
3.2.4.2 Atendimento hospitalar / fixo ...................................................................... 74
3.2.5 Conclusões .................................................................................................. 77
3.3 Eixo Financiamento e gasto ..................................................................................... 79
3.3.1 Introdução .................................................................................................. 80
3.3.2 Método ...................................................................................................... 80
3.3.3 Limitações .................................................................................................. 80
3.3.4 Resultados .................................................................................................. 82
3.3.4.1 Componente Pré-Hospitalar ........................................................................ 82
3.3.4.2 Componente hospitalar .............................................................................. 83
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de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 5
3.3.4.3 Prevenção e componente pós-hospitalar .......................................................... 87
3.3.5 Conclusões .................................................................................................. 87
3.4 Eixo Força de Trabalho em Saúde ............................................................................. 89
3.4.1 Introdução: ................................................................................................. 90
3.4.2 Método ..................................................................................................... 91
3.4.3 Limitações .................................................................................................. 92
3.4.4 Resultados .................................................................................................. 92
3.4.5 Conclusões: ................................................................................................. 95
3.5 Eixo Gestão do Conhecimento ................................................................................. 96
3.5.1 Introdução .................................................................................................. 97
3.5.2 Métodos ..................................................................................................... 97
3.5.3 Limitações .................................................................................................. 98
3.5.4 Resultados .................................................................................................. 99
3.5.5 Conclusões ................................................................................................. 106
3.6 Eixo Participação e Controle Social no SUS ................................................................ 108
3.6.1 Introdução ................................................................................................. 109
3.6.2 Método ..................................................................................................... 109
3.6.3 Limitações ................................................................................................. 111
3.6.4 Resultados ................................................................................................. 111
3.6.5 Conclusões ................................................................................................. 113
4 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 115
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1 INTRODUÇÃO
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Os acidentes de transporte já ocupam o posto de uma das principais causas de mortalidade no mundo.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,2 milhões de pessoas morrem anualmente
vítimas de acidentes de transporte, e entre 20 e 50 milhões de pessoas são vítimas de lesões não fatais resultantes
desses acidentes (OMS, 2009).
É importante ressaltar que este trabalho utilizou a definição de acidente de transporte presente na
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª revisão (CID – 10),
segundo a qual “acidente de transporte é todo acidente que envolve um veículo destinado, ou usado no momento do acidente,
principalmente para o transporte de pessoas ou de mercadorias de um lugar para o outro”. Este conceito é um pouco mais
abrangente que a definição de acidente de trânsito, que, de acordo com essa mesma classificação, corresponde a
“todo acidente com veículo ocorrido na via pública [i.e. originando-se, terminando ou envolvendo um veículo parcialmente
situado na via pública]. O acidente de veículo é considerado como tendo ocorrido na via pública a menos que haja a
especificação de outro local, exceto nos casos de acidentes envolvendo somente veículos especiais a motor [veículos a motor não-
de-circulação] que, salvo menção em contrário, não são classificados como acidentes de trânsito”.
Apesar dos esforços em diversos países no sentido de reduzir os acidentes de transporte, os números ainda são
preocupantes, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, sendo, na faixa etária entre 15
e 29 anos, a principal causa de morte no mundo (OMS, 2009).
No Brasil, os dados são também bastante inquietantes. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito
(DENATRAN), em 2006 o número de acidentes com vítimas no território nacional foi de 320.333, com 19.752
vítimas fatais. Ainda mais alarmante é o número de internações secundárias aos acidentes de trânsito, que no ano
de 2005 correspondeu a cerca de 120.000, com taxa de 64 internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para
cada 100.000 habitantes (MELLO JORGE MHP, KOIZUMI MS, 2007).
Na cidade de São Paulo, dados do DENATRAN demonstram números tão preocupantes quanto os já citados.
Foram 24.924 acidentes com vítimas, sendo que 1.488 pessoas morreram em decorrência desses acidentes. Tendo
em vista que na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – formada pelos 39 municípios que se situam no
entorno da capital paulista – o impacto desse problema atualmente ainda não é totalmente conhecido, surgiu a
iniciativa do Observatório de Saúde da RMSP de realizar o presente estudo.
O Observatório de Saúde da RMSP é uma iniciativa interinstitucional e intergovernamental firmada por meio
de um protocolo de trabalho celebrado entre Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo,
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde – COSEMS.
Conta, atualmente, com o apoio formal da Fundação do Desenvolvimento Administrativo – FUNDAP, da
Organização Pan Americana de Saúde – OPAS e do Ministério da Saúde do Brasil (OBSERVASAÚDE, 2010).
Para fins de análise, o Observatório divide a RMSP em regiões conforme as Figuras 1 e 2. Seu escopo é
realizar análises, estudos e pesquisas, a partir da reunião e organização de um conjunto de dados e informações de
saúde da RMSP, segundo os seguintes eixos: “Condições de Vida e Saúde”, “Capacidade Instalada”, “Financiamento
e Gastos”, “Força de Trabalho em Saúde”, “Gestão do Conhecimento em Saúde” e “Participação e Controle do
Sistema Único de Saúde – SUS” (Tabela 1). Visa, prioritariamente, a (i) apoiar os espaços institucionais de
articulação entre os diferentes atores responsáveis pela pactuação, funcionamento e aprimoramento contínuo do
SUS, tanto no âmbito municipal como nas regiões de saúde intra-municipais e intra-estaduais; e (ii) no caso dos
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acidentes de transporte, trazer à luz o real panorama desse problema tão atual, a fim de possibilitar uma
abordagem gerencial adequada à situação.
Figura 1 – Regiões de Saúde da RMSP
Tabela 1- Eixos Temáticos do Observatório de Saúde da RMSP
Eixos Temáticos
I - Condições de Vida e Saúde
refere-se ao conhecimento da situação de saúde da população residente na RMSP e seus determinantes, e tem por objetivo desenvolver análises, estudos e pesquisas, definir e divulgar instrumentos de avaliação e monitoramento, sistematizando as informações e subsidiando os gestores de saúde no planejamento e implementação de políticas no setor.
II - Capacidade Instalada
tem como objetivo desenvolver análises, estudos e pesquisas e divulgar a rede física instalada e a produção dos serviços de saúde na RMSP, fornecendo subsídios aos gestores de saúde no planejamento da alocação de recursos físicos, humanos e/ou tecnológicos que respondam às necessidades do SUS nos diferentes territórios da região.
III - Financiamento e Gasto
visa a estimular e desenvolver análises, estudos e pesquisas e conjugar esforços para facilitar o entendimento da distribuição do financiamento e do gasto em saúde na RMSP.
IV - Força de Trabalho em Saúde
tem por objetivo proporcionar elementos para desenvolver análises, estudos e pesquisas e conjugar esforços na articulação dos diversos atores, a fim de possibilitar a formação, alocação e educação permanente dos trabalhadores de saúde, considerando as necessidades de saúde da sociedade, as instituições de ensino e o sistema utilizador da força de trabalho em saúde.
V - Gestão do Conhecimento
tem por meta criar mecanismos para reduzir, de forma contínua, o tempo de apropriação do conhecimento produzido em saúde pelos diversos centros de excelência e a sua aplicação pelos diversos atores envolvidos na atenção aos usuários, nos serviços do SUS.
VI - Participação e Controle do SUS
tem por objetivo disponibilizar aos conselheiros de saúde um conjunto de informações que possam subsidiar a atuação dos Conselhos de Saúde e estimular e desenvolver análises, estudos e pesquisas e conjugar esforços, nos espaços institucionais de articulação, para o encaminhamento de soluções dos problemas detectados na construção progressiva do SUS
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Figura 2 - Municípios da RMSP segundo as regiões de saúde
Alto Tietê
•Arujá,
•Biritiba-Mirim
•Ferraz de Vasconcelos
•Guararema
•Itaquaquecetuba
•Mogi das Cruzes
•Poá
•Salesópolis
•Santa Isabel
•Suzano
Franco da Rocha
•Caieiras
•Cajamar
•Francisco Morato
•Franco da Rocha
•Mairiporã
Grande ABC
•Diadema
•Mauá
•Rio Grande da Serra
•São Caetano do Sul
•Ribeirão Pires
•Santo André
•São Bernardo do Campo
Guarulhos
Mananciais
•Cotia
•Embu
•Embu-Guaçu
•Itapecerica da Serra
•Juquitiba
•São Lourenço da Serra
•Taboão da Serra
•Vargem Grande Paulista
Rota dos Bandeirantes
•Barueri
•Carapicuíba
•Itapevi
•Jandira
•Osasco
•Pirapora do Bom Jesus
• Santana de Parnaíba
São Paulo
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2 OBJETIVO
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O objetivo deste trabalho foi realizar, segundo os eixos do Observatório, uma análise da situação dos
acidentes de transporte na RMSP. Para tanto, foram considerados os conceitos de determinantes de saúde, com o
objetivo de trazer à discussão o impacto desses acidentes no sistema de saúde e na sociedade, os fatores envolvidos
e quais iniciativas estão sendo tomadas pelas autoridades competentes no sentido de minimizar o problema, e
potencializar a distribuição do conhecimento sobre o tema e melhorar a segurança nas vias da Grande São Paulo.
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3 ANÁLISE SEGUNDO OS EIXOS DO OBSERVATÓRIO
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3.1 Eixo Condições de Vida e Saúde
Carolina Lopes Zanatta Marcelo Cristiano de Azevedo Ramos
Colaboração: Morris Pimenta e Souza
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3.1.1 Introdução
A preocupação com os indicadores de condições de vida e saúde no que tange aos acidentes de transporte tem
preenchido a agenda dos diversos atores relacionados ao tema. Como já abordado na introdução do trabalho, os
acidentes de transporte são um problema mundial, ainda com extensas lacunas de conhecimento na RMSP.
Essa pesquisa visa a dar algumas respostas a esse problema; contudo, esbarra na sua complexidade e na
heterogeneidade dos municípios, na fragilidade de acesso a informações e em diversos outros limitadores ao
conhecimento.
Para fins metodológicos, por se tratar de causa de morbimortalidade multifatorial, optou-se por um modelo
que considerasse a necessária avaliação sistêmica de suas causas e conseqüências para que, de fato, fosse
compreendida sua complexidade. Nessa perspectiva multifatorial dos acidentes de transporte, a pesquisa buscou
dados sobre os diversos elementos que fazem parte da rede epidemiológica relacionada aos acidentes de transporte
(ALBORNOZ,1980) e visou a quantificar a morbimortalidade nas diferentes Regiões de Saúde da RMSP.
Figura 3 - Rede epidemiológica multifatorial relacionada aos acidentes de transporte (adaptado de ALBORNOZ, 1980)
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3.1.2 Método
Foram consultadas as principais fontes de informações oficiais de mortalidade e morbidade hospitalar, quais
sejam: (i) Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM); e (ii) Sistema de Informações
sobre Internações Hospitalares do Ministério da Saúde (SIH).
Por meio dessas fontes de dados foi possível obter o número de óbitos e o de internações por local de
ocorrência nas cidades localizadas na RMSP e dividi-los por tipo de acidente, sexo e faixa etária.
Os tipos de acidentes de transporte foram analisados segundo a CID – 10, conforme exposto na Tabela 2. Os
“Acidentes de transporte por água” (V90 a V94) e os “Acidentes de transporte aéreo e espacial” (V95 a V97) foram
agrupados com os “Outros acidentes de transporte e os não especificados” (V98 a V99).
Tabela 2- Agrupamento dos tipos de Acidentes de transporte, segundo a CID – 10
Causa de Morte Código
Pedestre traumatizado em um acidente de transporte V01-V09
Ciclista traumatizado em um acidente de transporte V10-V19
Motociclista traumatizado em um acidente de transporte V20- V29
Ocupante de triciclo traumatizado em um acidente de transporte V30-V39
Ocupante de automóvel traumatizado em um acidente de transporte V40-V49
Ocupante de caminhonete traumatizado em um acidente de transporte V50-V51
Ocupante de um veículo de transporte pesado traumatizado em um acidente de transporte V60-V69
Ocupante de ônibus traumatizado em um acidente de transporte V70-V79
Outros acidentes de transporte terrestre V80-V89
Acidentes de transporte por água V90-V94
Acidentes de transporte aéreo e espacial V95-V97
Outros acidentes de transporte e os não especificados V96-V99
Outra fonte utilizada – específica para o Município de São Paulo – foram os dados de mortalidade por
acidentes de transporte do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São
Paulo (PRO AIM).
Para cálculo das taxas de mortalidade e morbidade, utilizou-se como denominador a população estimada para
os anos de 2000 a 2009 do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A frota de veículos cadastrados foi obtida no sítio de internet do Departamento Estadual de Trânsito de São
Paulo (DENATRAN –SP).
Também foram utilizadas as informações sobre acidentes de transporte no Município de São Paulo contidas
no relatório anual da Companhia de Engenharia de Trafego de São Paulo (CET – SP) do ano de 2008, o qual
vincula dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo aos óbitos registrados nas funerárias de São Paulo.
Adicionalmente, o número de ocorrências de resgates de acidentes de transporte na RMSP foi fornecido pelo
Corpo de Bombeiros de São Paulo – COBOM.
Após o levantamento e a análise das informações, foram consultadas as bases de dados SciELO e Pubmed, a
fim de buscar publicações referentes a acidentes de transporte que pudessem auxiliar na interpretação e discussão
dos resultados encontrados
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3.1.3 Limitações
A principal limitação deste eixo decorreu do uso predominante das bases de dados do SIM e do SIH, pelas
razões abaixo mencionadas.
As informações de mortalidade do SIM baseiam-se na declaração de óbito, cujos problemas de preenchimento
são conhecidos (FONSECA, 1974). Para uma averiguação adequada do problema, são necessários detalhamentos
mais precisos sobre a morte e o tipo de acidente, principalmente quanto ao diagnóstico secundário de internação.
Tais dificuldades, associadas a limitações de preenchimento relativas aos diagnósticos informados no SIM e no
SIH – principalmente em situações inespecíficas como traumatismos –, prejudicam ainda mais a análise adequada
do problema ora estudado.
Além disso, na elaboração do presente trabalho não foi obtido acesso ao sistema INFOCRIM, cuja captação de
informações ocorre diretamente dos boletins de ocorrência – fonte rica de informações sobre as circunstâncias do
acidente, das condições dos condutores, dos veículos envolvidos e das vítimas, segundo seu local de ocorrência.
Dessa maneira, sem acesso direto às informações dos boletins de ocorrência, não foi possível o cruzamento
adequado com outros bancos de dados.
Outra limitação encontrada consiste no atraso na atualização da fonte de dados do SIM. O emprego desses
dados defasados dificultou uma análise mais atual dos problemas estudados.
Ainda no contexto de limitações encontradas, destaca-se o fato de as informações do SIH serem provenientes
das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH). Como a AIH foi criada para processar dados para faturamento a
partir dos procedimentos realizados, essa base de dados carece de rigor epidemiológico, dificultando maiores
detalhamentos. Corroborando a necessidade de maior rigor quanto às informações e trazendo à baila a dificuldade
de confiabilidade dos registros, TOMIMATSU, 2004, em Londrina, Estado do Paraná, realizou a correção dos
dados do Sistema de Informações sobre Internações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) mediante consulta ao
prontuário dos pacientes e outros documentos, do que resultou alteração da proporção de internações por
acidentes de transporte de 16,4 para 24,6%.
Outra limitação encontrada deve-se ao fato de que a análise deste estudo considerou os óbitos e as internações
por acidente de transporte, segundo o local de ocorrência, e utilizou como denominador para o cálculo da taxa de
morbimortalidade a população residente no município e na região de saúde onde ocorreu o acidente. Esse tipo de
análise pode dificultar a interpretação de indicadores como as taxas específicas de mortalidade por local de
ocorrência, em razão, por exemplo, da dificuldade em se delimitar a população exposta ao risco. Optou-se por
utilizar o local de ocorrência, tendo em vista que o objetivo deste trabalho foi o de mostrar um panorama sobre as
condições de vida e saúde e a capacidade instalada para atendimento dessas intercorrências nos municípios. Nesse
sentido, a identificação do local de ocorrência dos eventos passa a ser também muito relevante, tanto para o
entendimento do fenômeno, como para a gestão de medidas preventivas nas regiões.
Finalmente, cabe ressaltar que parcela não desprezível das vítimas não chega a receber atendimento ou recebe
atendimento rápido, sem necessidade de internação ou de maiores procedimentos nos serviços de
urgência/emergência. Assim, é provável que as internações descritas reflitam apenas a morbidade mais grave.
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de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 17
Associado a esse fato, vale lembrar que as internações financiadas por particulares e planos de saúde não estão
incluídas na análise, embora o governo seja o responsável pelo pagamento da grande maioria delas.
3.1.4 Resultados
3.1.4.1 Mortalidade por acidentes de Transporte na RMSP
No ano de 2008, ocorreram 113.330 mil mortes na RMSP, sendo 11.022 (9,73%) vítimas fatais de causas
externas. A mortalidade por causas externas ocupou o terceiro lugar da mortalidade geral e foi superada apenas
pelas doenças do aparelho circulatório e neoplasias.
Não obstante o acima mencionado, quando a taxa de mortalidade geral e a taxa de mortalidade por causas
externas na RMSP são analisadas por um período de tempo, observa-se uma tendência de declínio ao longo dos
últimos oito anos (Gráficos 1 e 2). Houve uma redução anual dessas mortalidades de 0,89% e 6,1%,
respectivamente, representando uma variação total de 32% e 11%, entre os anos 2000 e 2008.
Gráfico 1 - Taxa de mortalidade geral por 100 mil habitantes na RMSP, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Gráfico 2 - Taxa de mortalidade por causas externas por 100 mil habitantes na RMSP, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Desagregando os dados de causas externas segundo os diferentes tipos de causas, nota-se uma elevada
participação dos acidentes de transporte, que ocupam o segundo lugar e são responsáveis por 24% do total de
mortes (Gráfico 3). No ano de 2008 a taxa de mortalidade por acidentes de transporte na RMSP foi de 13,49
620,21
577,59
500,00
520,00
540,00
560,00
580,00
600,00
620,00
640,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
102,04
61,65
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
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mortes por 100 mil habitantes, e ao longo dos últimos anos mostrou uma tendência de aumento, tendo uma
oscilação percentual anual positiva de 5,35% (Gráfico 4).
Gráfico 3- Mortalidade por causas externas segundo tipo de causa, RMSP, 2008.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Gráfico 4 - Taxa de mortalidade por acidente de transporte por 100 mil habitantes ao longo dos anos na RMSP, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A RMSP possui uma taxa de mortalidade por acidente de transportes (por 100 mil habitantes) menor quando
comparada com a taxa do Brasil em 2008 (19,82).
No Brasil, ao longo dos últimos oitos anos, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte, à semelhança
do ocorrido na RMSP, também aumentou. Entre os anos 2000 e 2008, o incremento dessa taxa no País foi
inferior (14%) ao apresentado na RMSP (40%). A vigência do novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº
9.503/97), associada à obrigatoriedade do uso do cinto de segurança em 1998, gerou importante redução na
mortalidade na época, sem, contudo, refletir uma diminuição progressiva das mortes dessa causa. Ademais, a
fiscalização e outras iniciativas utilizadas para explicar a redução da taxa nacional parecem não ter o mesmo
impacto na redução da taxa de mortalidade da RMSP. Uma evidência que auxilia na formulação de hipótese para o
aumento da taxa de mortalidade por acidentes de transporte na RMSP é a diminuição do índice de mobilidade
motorizada de 1,22 para 1,29 entre os anos de 1997 e 2007. Esse índice – que reflete o número de viagens
motorizadas por habitantes na região – n é calculado periodicamente em pesquisa realizada pela Companhia do
Metropolitano de São Paulo – METRÔ, para toda a RMSP.
24%
33%11%
12%
20%
Acidentes de transportes
Agressões
Quedas
Inderteminada
Outras causas
9,5813,49
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
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Além disso, outro aspecto importante encontrado na RMSP é a evolução da mortalidade proporcional dos
acidentes de transporte na mortalidade por causas externas (Gráfico 5), a qual evidencia a maior participação dos
acidentes de transporte na mortalidade por causas externas.
Gráfico 5 - Evolução percentual da mortalidade proporcional dos acidentes de transporte na mortalidade por causas externas, RMSP, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando mais detalhadamente os óbitos ocorridos por acidentes de transporte na RMSP em 2008,
verificou-se que a grande parcela das mortes ocorreu em indivíduos do sexo masculino. No gênero masculino o
risco de óbito por acidentes de transporte é maior para todas as faixas etárias, quando comparado com o sexo
feminino, atingindo um ápice de diferença entre a faixa etária de 20 a 39 anos (Gráficos 6 e 7). Além de apresentar
uma distribuição diferenciada por gêneros, a mortalidade por acidentes de transporte também apresenta
concentrações diferenciadas em faixas etárias distintas (Tabela 3). Nota-se uma maior ocorrência de mortes por
esse tipo de acidente na faixa etária de 20 a 29 anos. Esses resultados corroboram os dados encontrados na
literatura, que indicam uma concentração das mortes entre adultos jovens do sexo masculino (MELLO JORGE et.
al., 2001).
Gráfico 6 - Mortalidade proporcional por acidente de transporte segundo gênero na RMSP em 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
9%
24%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
81%
19%
Masculino
Feminino
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 20
Gráfico 7 - Razão da taxa de mortalidade masculina pela feminina segundo faixa etária por acidentes de
transporte na RMSP - 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 3 - Distribuição dos óbitos por acidentes de transporte por faixa etária e gênero no ano de 2008 na
RMSP.
Faixa Etária Feminino Masculino Total
N % N % N %
0 a 4 7 1% 10 0% 17 1%
5 a 9 10 2% 23 1% 33 1%
10 a 14 12 2% 33 2% 45 2%
15 a 19 57 11% 202 9% 259 10%
20 a 29 86 17% 673 31% 759 29%
30 a 39 49 10% 379 18% 428 16%
40 a 49 49 10% 324 15% 374 14%
50 a 59 69 14% 211 10% 280 11%
60 a 69 63 13% 117 5% 180 7%
70 a 79 54 11% 92 4% 146 6%
80 e mais 40 8% 47 2% 87 3%
Idade ignorada 6 1% 32 1% 39 1%
Total 502 100% 2143 100% 2647 100%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Quando é realizada a análise da mortalidade por tipos de acidentes de transportes segundo a faixa etária do
indivíduo, percebe-se uma distribuição diferenciada dos tipos de acidentes de acordo com a idade da vítima
(Tabela 4). A faixa etária de 15 a 29 anos representa 68,1% dos óbitos por acidentes envolvendo moto. Já a faixa
etária de 50 a 80 anos ou mais apresenta uma participação de 45,9% nos óbitos ocorridos com pedestres.
0,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00
1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e mais
Raz
ão d
e M
ort
alid
ade
Faixa etária em anos
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 21
Tabela 4 - Distribuição dos óbitos por acidentes de transporte por faixa etária e tipo de acidente no ano de 2008 na RMSP
Faixa etária Pedestre Ciclista Motociclista Ocupante de automóvel
0 a 4 1,0% 0,0% 0,0% 0,4%
5 a 9 2,0% 2,2% 0,2% 0,4%
10 a 14 2,6% 9,0% 0,6% 0,4%
15 a 19 4,9% 14,6% 16,7% 10,4%
20 a 29 12,0% 16,9% 51,4% 38,1%
30 a 39 11,2% 23,6% 20,1% 19,2%
40 a 49 17,2% 15,7% 8,3% 11,5%
50 a 59 16,4% 12,4% 2,3% 8,8%
60 a 69 11,6% 3,4% 0,3% 4,6%
70 a 79 11,2% 2,2% 0,2% 2,7%
80 e mais 6,7% 0,0% 0,0% 3,5%
Idade ignorada 3,1% 0,0% 0,0% 0,0%
Total 100% 100% 100% 100%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
No entanto, quando é analisado o risco de um indivíduo morrer por um determinado tipo de acidente de
transporte sob o enfoque da taxa de mortalidade segundo faixa etária, nota-se uma grande diferença entre idades
de acordo com o meio de transporte. A taxa de mortalidade em pedestre apresenta um aumento à medida que a
idade da vítima progride (Gráfico 8). Dessa forma, entre 70 e 80 anos, o risco de morrer por acidente envolvendo
pedestre é significativamente maior que nas demais faixas etárias. Segundo Vasconcelos e Lima (1998), o nível da
mortalidade aumenta consideravelmente à medida que a idade progride, sendo que a partir dos 60 anos o risco
aumenta mais intensamente. Dentre os fatores contribuintes para a maior mortalidade nessa faixa etária, destaca-
se o declínio das funções músculo-esqueléticas, como a perda da força muscular, flexibilidade, coordenação e
agilidade, o que dificulta a travessia de ruas, principalmente as mais movimentadas.
Por outro lado, em acidentes com moto, os jovens na faixa etária de 15 a 29 anos são os mais expostos ao
risco morte (Gráfico 9). Nos acidentes de automóveis tendo como vítimas seus ocupantes, tanto jovens na faixa
etária de 20 a 29 anos como idosos com 80 anos e mais apresentam maior risco de mortalidade (Gráfico 10).
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 22
Gráfico 8 - Taxa de Mortalidade (100 mil habitantes) por acidente envolvendo pedestre segundo faixa etária, RMSP, 2008.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Gráfico 9 - Taxa de Mortalidade (100 mil habitantes) por acidente envolvendo moto segundo faixa etária,
RMSP, 2008.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Gráfico 10 - Taxa de Mortalidade (100 mil habitantes) por acidente envolvendo ocupante de automóvel segundo faixa etária, RMSP, 2008.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
0,00 0,88 1,26 1,803,28 3,50 3,62
6,919,15
11,64
20,85
28,24
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 anos e mais
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Faixas etárias
0,00 0,00 0,06 0,26
6,76
9,10
3,96
2,01
0,790,19 0,18 0,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 anos e mais
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Faixas etárias
0,35
0,00 0,06 0,06
1,70
2,73
1,53
1,14 1,22 1,14 1,24
3,58
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Menor 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 anos e mais
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Faixa etária
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 23
No intuito de quantificar o impacto desse perfil de mortalidade, foram empregadas outras ferramentas
para enfatizar a importância da mortalidade prematura como expressão do valor social da morte e a necessidade de
operacionalizar sua medida e análise (ROMEDER, J. M. & McWHINNIE, J. R., 1977). A morte, quando
precoce, ocorre em uma etapa da vida caracterizada por alta criatividade e produtividade, punindo não apenas o
próprio indivíduo vítima do óbito como também as pessoas que lhe são próximas, e, sobretudo, a sociedade de seu
potencial econômico e intelectual. O indicador “anos potenciais de vida perdidos” (APVP), que explicita o total de
anos de vida em potencial perdidos a cada óbito para uma determinada causa, qualifica esta morte.
A análise dos APVP demonstra que são perdidos na RMSP, por acidentes de transporte, cerca de 90.000
mil anos potenciais de vida anualmente – um número alto que se mantém assim desde 2001, sem tendência de
redução (Gráfico 11 e Tabela 5).
Gráfico 11 - Evolução do indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos por acidentes de transporte na RMSP,
2001 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS)
Tabela 5 - Evolução dos Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) por acidentes de transporte
na RMSP, 2001 a 2008
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Anos Potenciais de Vida Perdidos por acidentes de transporte na RMSP
96.333 72.020 91.568 88.152 90.542 89.343 99.418 83.925
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS)
Analisando o comportamento ao longo dos anos da mortalidade por acidentes de transporte na RMSP de
acordo com o tipo de acidente, verifica-se que a mortalidade envolvendo pedestres diminuiu nos últimos dois anos
nessa região, enquanto a mortalidade por acidentes envolvendo motocicleta aumentou consideravelmente nos
últimos seis anos (Gráfico 12).
96.333
72.020
99.418
83.925
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
An
os
Po
ten
cia
is d
e V
ida
Pe
rdid
os
Anos
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 24
Gráfico 12 - Evolução da taxa de mortalidade (100 mil habitantes) por tipo de transporte da vítima na RMSP – 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A mortalidade em acidentes envolvendo pedestres representa quase a metade dos óbitos, seguido de outros
acidentes de transporte, conforme ilustrado no gráfico abaixo (Gráfico 13). No entanto, é importante ressaltar
que o termo “atropelamento” – muitas vezes empregado sem qualquer outra especificação – tem sido utilizado
para outras categorias de vítimas além de pedestres. De acordo com a CID-10, em seu capítulo “instruções para a
classificação e a codificação de acidentes de transporte”, se a condição da vítima não estiver especificada mas
constar que foi atropelada, ela deve ser classificada como pedestre (categorias V01-V09). Alguns estudos
realizados apontam que algumas vítimas que ocupavam bicicleta ou motocicleta receberam a classificação de
atropelamento sem qualquer menção ao veículo ocupado, ou seja, enquadrando-se na classificação de pedestre, o
que contribui para aumentar os valores nessa categoria e subestimar a mortalidade de ciclistas e motociclistas
traumatizados em acidentes.
Gráfico 13 - Proporção dos óbitos segundo o tipo de transporte da vítima na RMSP no ano de 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Pedestre traumatizado acid transporte Ciclista traumatizado acid transporte
Motociclista traumatizado acid transp Ocup automóvel traumatiz acid transp
Outros acid transporte terrestre Demais grupo CID10
40%
3%
24%
10%
21%
2%
Pedestre
Ciclista
Motociclista
Ocup automóvel
Outros acid transporte
Demais grupos CID10
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 25
Quando é analisado o local em que os óbitos ocorreram em 2008 na RMSP, nota-se que a maior parcela das
mortes aconteceu em ambiente hospitalar (66%). Por outro lado, 29% das vítimas morreram na via pública
(Gráfico 14), fato este que pode estar relacionado à gravidade do acidente ou à deficiência no atendimento de
urgência e emergência.
Gráfico 14 - Local de ocorrência dos óbitos na RMSP em 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A RMSP apresentou uma taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 de 13,49 mortes por mil
habitantes. Na Tabela 6, encontram-se as taxas de mortalidade segundo o tipo de transporte.
Tabela 6 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na RMSP em 2008 de acordo com o tipo de transporte.
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 5,39
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 0,45
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 3,27
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1,33
Outros acidentes de transporte terrestre 2,79
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
De acordo com as informações fornecidas pelo Corpo de Bombeiros, foram realizados, no ano de 2008, na
RMSP, 14.375 resgates envolvendo vítimas de acidentes de transporte e 3.558 envolvendo vítimas de
atropelamentos. Nesse estudo, houve dificuldade em se obter os dados de morbidade por acidentes de transporte
em todas as cidades da RMSP, com exceção da cidade de São Paulo, a qual possui dados da CET-SP e do PRO-
AIM. Sabe-se que, de acordo com estudos publicados, a morbidade por acidentes representa um número bem
maior que os óbitos. Vários autores destacam a importância de realização de pesquisas envolvendo acidentes não-
fatais (SOARES, 2003).
Analisando o comportamento da taxa de acidentes de transporte ao longo dos últimos anos na RMSP,
observa-se um incremento anual de 0,39%. Já a taxa de mortalidade por pedestre traumatizado diminuiu
anualmente 2,07%, enquanto a taxa de mortalidade por acidente com moto teve um aumento expressivo de
23,85% (Gráfico 15 e Tabela 7).
66%
2%
29%
3%
Hospital
Outro estabelecimento de saúde
Via pública
Outros
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 26
Gráfico 15 - Evolução da taxa de mortalidade em 100 mil habitantes por tipo de acidente de transporte na
RMSP
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 7 - Variação percentual anual das taxas de mortalidades na RMSP entre os anos 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade por acidentes de transporte 0,39%
Taxa de mortalidade de pedestres -2,07%
Taxa de mortalidade de motociclistas 23,85%
Taxa de mortalidade de ocupantes de veículo 11,19%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Em relação à frota veicular, a taxa total da frota por mil habitantes em 2008 foi de 440, a de automóvel, de
317 e a de motocicleta, de 50. Desde o ano de 2002, verifica-se um aumento do total da frota de 35%, a de
automóvel 27% e a de motocicleta, o mais expressivo, de 141% (Gráfico 16).
Gráfico 16 - Evolução da Frota (veículos por mil habitantes) na RMSP – 2002 a 2008
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
9,58
13,49
3,36
5,39
0,37
3,27
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Ciclista
Motociclista
Ocupante
326,2
440,8
250,0
317,6
20,850,1
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
450,0
500,0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
oto
riza
ção
(v
eíc
ulo
s p
or
mil
hab
itan
tes)
Anos
Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 27
Todas as regiões de saúde da RMSP apresentaram incremento da frota veicular, tanto de automóveis quanto
de motos (Tabela 8). A Região de Alto Tietê, que teve o maior aumento anual dos acidentes motociclísticos nos
últimos anos (30,81%), também apresentou o maior crescimento anual da frota de moto (18,88) quando
comparada com as demais regiões.
Nos últimos anos observou-se um aumento na frota mundial de veículos. No entanto, esse aumento não foi
acompanhado de melhorias nos sistemas viários e de planejamentos urbanos. Esse fato contribui também para a
elevação da morbimortalidade da população, trazendo conseqüências diversas, tais como maior poluição sonora e
atmosférica, aumento do tempo de percurso e engarrafamentos, que são responsáveis pela crescente agressividade
dos motoristas e pela deterioração da qualidade de vida em meio urbano (TAPIA-GRANADOS, 1998 apud
MARIN; QUEIROZ, 2000).
Tendo em vista o aumento da frota de veículos no mundo inteiro e o crescimento da mortalidade da
população por causas relacionadas ao trânsito, vários países começam a concentrar esforços para articular a saúde
pública, a engenharia, a segurança pública e a educação, a fim de que possam ser obtidos resultados positivos para
a saúde da população (MARIN; QUEIROZ, 2000).
Tabela 8 - Variação anual da frota veicular nas Regiões de Saúde da RMSP – 2005 a 2008
Região de Saúde Total Automóveis Motos
Alto Tietê 7,61% 6,25% 18,88%
Franco da Rocha 8,69% 7,47% 15,82%
Grande ABC 5,32% 4,19% 14,23%
Guarulhos 7,02% 6,04% 15,04%
Rota dos Bandeirantes 7,84% 6,31% 16,72%
Mananciais 7,03% 0,82% 21,31%
São Paulo 5,1% 4,2% 13,3%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
3.1.4.1.1 Mortalidade por acidentes de transporte nas regiões de saúde da RMSP
Franco da Rocha e Alto Tietê são as regiões que apresentam a maior taxa de mortalidade por acidentes de
transporte. Em contrapartida, a Região do ABC possui a menor taxa da RMSP (Gráfico 17). Ressalte-se que as
regiões com maiores taxas de mortalidade são as que apresentam a menor taxa de motorização (Gráfico 18)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 28
Gráfico 17 - Taxa de mortalidade em cem mil habitantes por acidentes de transporte nas regiões de saúde da RMSP em 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Gráfico 18 - Taxa de motorização (veículos por 100 habitantes) nas regiões de saúde da RMSP em 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A taxa de mortalidade por acidentes de transporte na RMSP apresenta diferenças para cada região de saúde,
de acordo com o tipo de transporte da vítima (Tabela 9). A Região de Franco da Rocha destaca-se com a maior
taxa de mortalidade por acidente com pedestre, ciclista e motociclista. Já a Região de Alto do Tietê possui a maior
taxa de acidentes envolvendo ocupante de automóvel.
17,36
15,6714,77
14,1913,49
12,9111,91
9,44
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
Franco da Rocha
Alto Tietê Guarulhos São Paulo RMSP Mananciais Rota dos Bandeirantes
Região do ABC
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Regiões de Saúde
53
45
3129
26 2521
0
10
20
30
40
50
60
São Paulo Grande ABC Rota Bandeirantes
Guarulhos Mananciais Alto Tietê Franco da Rocha
Tax
a d
e m
oto
riza
ção
(v
eíc
ulo
s p
or
100
hab
itan
tes)
Regiões de Saúde
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 29
Tabela 9 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipo de transporte da vítima, nas regiões de saúde da RMSP - 2008
Região de Saúde Pedestre Ciclista Motociclista Ocupante de
automóvel
Alto Tietê 3,63 0,61 2,02 2,02
Franco da Rocha 7,82 0,59 5,67 1,17
Grande ABC 3,83 0,19 2,32 0,54
Guarulhos 4,92 0,63 2,74 1,02
Rota dos Bandeirantes 4,21 0,22 3,05 1,16
Mananciais 1,46 - 0,83 0,52
São Paulo 6,25 0,5 3,89 1,54
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A Tabela 10 demonstra a variação anual da taxa de mortalidade segundo tipo de acidente de transporte nas
regiões de saúde. A Região de Alto Tietê, que possui a segunda maior taxa de mortalidade por acidente de
transporte da RMSP, apresenta uma tendência de aumento nos últimos anos. Em contrapartida, apesar de possuir
a maior taxa de mortalidade da RMSP, a Região de Franco da Rocha tem apresentado uma tendência de
diminuição.
Tabela 10 - Variação anual da taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) segundo tipo de transporte, nas
Regiões de Saúde da RMSP – 2005 a 2008
Região de Saúde Pedestre Motociclista Ciclista Ocupante de
automóvel Total
Alto Tietê 3,94% 30,81% 30,55% 43,23% 9,13%
Franco da Rocha 4,21% 16,11% 31,06% -19,09% -3,27%
Grande ABC -2,05% 29,69% -14,16% -5,25% -0,47%
Guarulhos 2,83% 27,40% 67,52 26,37% 7,57%
Rota dos Bandeirantes -3,58% 14,74% -5,85% -4,93% 0,75%
Mananciais -20,03% 41% - -0,48% -4,38%
São Paulo -2,30% 24,86% 7,10% 14,69% -0,45%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Apesar de alguns avanços em medidas preventivas visando à redução do número de óbitos em acidentes de
transporte – como a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança, a implantação do novo Código de Trânsito
Brasileiro em 1998 e a chamada “Lei Seca” (Lei nº 11.705/08) –, o aumento do número de óbitos em algumas
regiões pode estar relacionado, entre outras razões, com a pouca penetração das medidas de educação para o
trânsito e manutenção de padrões de comportamento inadequados. Além disso, a opção pelo modelo coercitivo
baseado em multas não necessariamente resulta em fiscalização eficaz e, se há baixa rigidez na aplicação dessas
multas, pode haver uma sensação de impunidade que estimula motoristas e pedestres a se comportarem de
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 30
maneira inapropriada no trânsito (SOARES, 2003). Somado a isso, há o aumento constante da frota veicular, que
também contribui para o agravamento do quadro.
3.1.4.1.1.1 Região de Saúde de São Paulo
No Município de São Paulo, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi de 14,19 mortes
por 100 mil habitantes. A Tabela 11 abaixo indica as taxas de mortalidade segundo o tipo de transporte.
Tabela 11 - Taxa de mortalidade por acidente de transporte por 100 mil habitantes no Município de São Paulo em 2008 de acordo com o tipo de transporte.
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 6,25
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 0,50
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 3,89
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1,54
Outros acidentes de transporte terrestre 2,10
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observa-se uma tendência
de incremento ao longo dos últimos oito anos (Gráfico 19). Uma tendência de aumento também é evidenciada nas
mortes ocorridas em acidentes envolvendo ocupantes de veículo, e, de forma mais expressiva, em acidentes com
motociclistas.
Gráfico 19 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte no Município de São Paulo.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
7,26
14,19
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transportePedestre
Motociclista
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 31
Tabela 12 - Variação percentual anual das taxas de mortalidades no Município de São Paulo entra os anos 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade por acidentes de transporte -0,45%
Taxa de mortalidade de pedestres -2,30%
Taxa de mortalidade de motociclistas 24,86%
Taxa de mortalidade de ocupantes de veículo 14,69
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular no Município de São Paulo cresceu ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o Gráfico
20 e a Tabela 13 abaixo.
Gráfico 20 - Evolução da frota veicular no Município de São Paulo de 2001 a 2008
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
Tabela 13 - Variação percentual anual da frota veicular no Município de São Paulo entre os anos de 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 5,1%
Frota de Motocicletas 13,3%
Frota de Automóveis 4,2%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
De acordo com o levantamento realizado e publicado em relatório pela CET, em 2008 foram registrados
27.739 acidentes de trânsito com vítimas (Gráfico 21), dos quais 27% foram atropelamentos, 62% colisões, 4%
choques e 6% outros. Considerando uma análise entre os anos de 2005 a 2008, nota-se que houve um aumento do
número de acidentes de trânsito com vítimas no Município de 9%.
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 32
Gráfico 21 - Evolução dos acidentes de trânsito com vítimas no Município de São Paulo, 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
O total de mortes por acidentes de transporte registrado pela CET em 2008 foi de 1.400. Destas, 47%
envolvia atropelamento, 28% colisões, 15% choques e 10% outros. Entre os usuários da via, 46% eram pedestres,
17% motoristas ou passageiros, 33% motociclistas e 5% ciclistas. Entre os tipos de veículos envolvidos nessas
mortes, em 39% dos casos eram automóveis, 34% motocicletas, 12% ônibus, 11% caminhões e 4% bicicletas. Em
relação à participação de veículos no trânsito do Município, 74% são automóveis, 13% motocicletas, 8% ônibus e
5% caminhões. Dessa forma, os veículos, além de apresentarem um maior envolvimento nas mortes por acidentes
de trânsito, possuem também uma maior participação no trânsito do Município. Já as motocicletas, embora
apresentem um envolvimento nos acidentes de trânsito semelhante ao dos automóveis, têm participação reduzida
no trânsito.
Os tipos de veículos envolvidos em colisões fatais estão expostos no Gráfico 22 abaixo.
Gráfico 22 - Colisões por tipo de veículo envolvido em acidentes fatais no Município de São Paulo em 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
25.388
27.739
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ac
ide
nte
s
Anos
Atropelamentos
Colisões
Choques
Outros
TOTAL
32%
16%12%
8%
6%
5%
5%
4%
3% 3%
6%
Automóvel x motocicleta
Motocicleta x ônibus
Motocicleta x caminhão
Automóvel x automóvel
Motocicleta x motocicleta
Automóvel x bicicleta
Automóvel x ônibus
Automóvel x caminhão
Caminhão x bicicleta
Ônibus x bicicleta
Outras colisões
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 33
De acordo com as informações registradas pelo PRO-AIM, em 2008 ocorreram 1.571 mortes por acidentes
de trânsito, das quais 40% foram por atropelamento, 24% por acidente motociclístico, 18% em acidente de
veículo automotor (carro, ônibus e caminhão), 3% por acidente com ciclistas e 15% não puderam ser computadas
devido à incompletude do registro.
De acordo com a CET, 63% das mortes ocorrem no mesmo dia do acidente, sendo que 90% das mortes
ocorrem em até 15 dias após o acidente (Gráfico 23).
Gráfico 23 - Freqüência acumulada dos intervalos de tempo em dias entre o acidente e a morte no Município de São Paulo em 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
De acordo com investigação realizada pela Equipe CET 24 horas – cujos resultados estão descritos no
relatório anual 2008 –, grande parcela dos acidentes de transportes está relacionada a imperícias, conforme
exposto nas tabelas abaixo (Tabelas14, 15 e16).
Tabela 14 - Acidentes de trânsito fatais investigados no Município de São Paulo, 2008 – Fatores contribuintes
por natureza do acidente
Fatores TOTAL Percentual
Excedia a velocidade regulamentada 76 29%
Cruzava a via for a da faixa de pedestres 49 19%
Desrespeitou o semáforo 29 11%
Dirigia entre duas faixas de tráfego 25 10%
Imperícia 24 9%
Aparentava estar alcoolizado 16 6%
Pintura de solo apagada 11 4%
Trafegava na contramão 11 4%
Trafegava colado no veículo da frente 11 4%
Efetuou ultrapassagem proibida 6 2%
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 Até 15 Até 30 Mais de 30
Pe
rce
ntu
al A
cu
mu
lad
o d
e
mo
rto
s
Dias do acidente
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 34
Tabela 15 - Principais causas dos acidentes com motocicletas investigados no Município de São Paulo, 2008
Causa Percentual
Transitar entre duas faixas de tráfego 24%
Excesso de velocidade 17%
Imperícia 14%
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Tabela 16 - Localização detalhada dos atropelamentos registrados pela investigação no Município de São Paulo São Paulo, 2008
Localização Percentual
Cruzando a via em local sem faixa de pedestres 44%
Cruzando a via fora da faixa de pedestres 29%
Cruzando a via na faixa de pedestres 10%
Andando/parado na via 10%
Andando/parado na calçada 7%
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Tendo em vista o acima mencionado, a investigação concluiu que o fator que mais contribuiu para a
ocorrência dos acidentes investigados foi o humano (Tabela 17)
Tabela 17 - Principais causas dos acidentes registrados pela investigação da CET em 2008
Causas Percentual
Humana 83,00%
Humana e via/ambiente 11,20%
Humana e veicular 3,50%
Humana, veicular e via/ambiente 1,10%
Via/ambiente 0,80%
Veicular 0,40%
Total 100,00%
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
As principais vias onde ocorrem os acidentes fatais e não fatais na cidade de São Paulo também são mapeadas
pela CET, sendo que as vias que apresentam maior número de ocorrência são as marginais (Figura 4)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 35
Acidentes com vítimas fatais
Via
Atr
op
ela
men
to
Co
lisã
o
Ch
oq
ue
Ou
tro
s
TO
TA
L
MARGINAL TIETÊ 25 20 5 8 58
MARGINAL PINHEIROS 9 7 9 4 29
AV. ARICANDUVA 9 7 3 3 22
AV. SEN. TEOTONIO VILELA
9 5 3 3 20
ROD. FERNÃO DIAS 14 0 3 2 19
AV. SAPOPEMBA 9 3 4 0 16
AV. DO ESTADO 8 5 3 0 16
Fontes: Mapa modificado de http://www.sp-turismo.com/imagens/mapa/acesso-sp.jpg em 20/05/2010-ENGEMAP e CET/SP
3.1.4.1.1.2 Região de Saúde de Guarulhos
No Município de Guarulhos, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi de 14,77 mortes
por 100 mil habitantes. Na Tabela 18 abaixo são apresentadas as taxas de mortalidade segundo o tipo de
transporte.
Acidentes com vítimas
Via
Atr
op
ela
men
to
Co
lisã
o
Ch
oq
ue
Ou
tro
s
TO
TA
L
MARGINAL TIETÊ 68 662 38 58 826
MARGINAL PINHEIROS 42 475 31 46 594
AV. SAPOPEMBA 99 189 23 22 333
ROD. RAPOSO TAVARES
22 213 11 24 270
AV. DO ESTADO 66 145 15 24 250
AV. ALCÂNTARA MACHADO
46 153 11 24 234
ESTR. DE ITAPECERICA 55 147 8 17 227
Figura 4- Vias paulistanas com maior número de vítimas fatais e não fatais
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 36
Tabela 18 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes no Município de Guarulhos em 2008 de acordo com o tipo de transporte.
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 4,92
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 0,63
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 2,74
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente transporte 1,02
Outros acidentes de transporte terrestre 6,41
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se no período de
2000 a 2005 uma tendência de queda; entretanto, houve incremento de 34% entre os anos de 2005 a 2008. Uma
tendência de aumento também é evidenciada nas mortes ocorridas em acidentes envolvendo ocupantes de veículo
(154%), e, de forma mais expressiva, em acidentes com motociclistas (163%) nesse mesmo período. A Tabela 19
mostra a variação anual da taxa de mortalidade por acidente de transporte.
Gráfico 24 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte no Município de Guarulhos.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 19 - Evolução percentual anual das taxas de mortalidade no Município de Guarulhos entre os anos 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade em acidentes de transporte 7,50%
Taxa de mortalidade de pedestre 2,85%
Taxa de mortalidade de motociclista 27,40%
Taxa de mortalidade de ocupante de veículo 26,37%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular no Município de Guarulhos cresceu ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o Gráfico
25 e a Tabela 20 abaixo.
16,30
14,77
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Motociclista
Ocupante
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 37
Gráfico 25 - Evolução da frota veicular no Município de Guarulhos
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
Tabela 20 - Variação percentual anual da frota veicular no Município de Guarulhos entre os anos de 2005 a
2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 7,2%
Frota de Motocicletas 15,04%
Frota de Automóveis 6,04%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
3.1.4.1.1.3 Região de Saúde de Franco da Rocha
Na região de saúde de Franco da Rocha, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi de
17,46 mortes por 100 mil habitantes. Na Tabela 21 abaixo encontram-se as taxas de mortalidade segundo o tipo
de transporte.
Tabela 21 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na Região de Franco da Rocha em 2008 de acordo com o tipo de transporte
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 7,82
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 0,59
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 5,67
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente transporte 1,17
Outros acidentes de transporte terrestre 2,15
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se uma tendência
de declínio do ano 2000 até 2008 (Gráfico 26). De 2005 a 2008, a variação percentual foi de -12,47%. No
entanto, as taxas de mortalidade nessa região encontram-se muito elevadas. A Tabela 22 abaixo mostra a variação
anual da taxa de mortalidade por acidente de transporte.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 38
Gráfico 26 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte
na Região de Franco da Rocha.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 22 - Evolução percentual anual das taxas de mortalidades na Região de Franco da Rocha entre os anos
2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade em acidentes de transporte -3,27%
Taxa de mortalidade de pedestre 4,21%
Taxa de mortalidade de motociclista 16,11%
Taxa de mortalidade de ocupante de veículo -19,09%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular na região de saúde de Franco da Rocha aumentou ao longo dos últimos anos, conforme
ilustram o Gráfico 27 e a Tabela 23 abaixo.
Gráfico 27 - Evolução da frota veicular na região de saúde de Franco da Rocha, 2005 a 2008
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
22,96
17,41
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e M
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Motociclista
Ocupante
Linear (Acidentes de transporte)
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 39
Tabela 23 - Variação percentual anual da frota veicular na Região de Franco da Rocha entre os anos de 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 8,69%
Frota de Motocicletas 15,82%
Frota de Automóveis 7,47%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
3.1.4.1.1.4 Região de Saúde de Rota dos Bandeirantes
Na região de saúde de Rota dos Bandeirantes, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi
de 11,91 mortes por 100 mil habitantes. Na Tabela 24 abaixo constam as taxas de mortalidade segundo o tipo de
transporte.
Tabela 24 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na Região de Rota dos Bandeirantes em 2008 de acordo com o tipo de transporte.
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidentes de transporte 4,21
Ciclista traumatizado em acidentes de transporte 0,22
Motociclista traumatizado em acidentes de transporte 3,05
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1,16
Outros acidentes de transporte terrestre 3,27
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se do ano 2000
até 2005 uma tendência de aumento. Entre 2000 e 2005, esse incremento foi menor (3,07%) em comparação aos
anos anteriores. Uma tendência de aumento nesse mesmo período é evidenciada nas mortes ocorridas em
acidentes envolvendo motociclistas (73,51%); já nos acidentes envolvendo pedestres e ocupantes de veículos
houve uma diminuição de 13,58% e 17,85%, respectivamente. A Tabela 25 abaixo mostra a variação anual da taxa
de mortalidade por acidente de transporte entre os últimos anos.
Tabela 25 - Evolução percentual das taxas de mortalidades na Região da Rota dos Bandeirantes entre os anos 2005 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade em acidentes de transporte 0,75%
Taxa de mortalidade de pedestre -3,58%
Taxa de mortalidade de motociclista 14,74%
Taxa de mortalidade de ocupante de veículo -4,93%
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 40
Gráfico 28 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte na Região de Rota dos Bandeirantes, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular na Região de Rota dos Bandeirantes cresceu ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o
Gráfico 29 e a Tabela 26 abaixo.
Gráfico 29 - Evolução da frota veicular na Região de Rota dos Bandeirantes, 2005 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 26 - Variação percentual anual da frota veicular na Região de Rota dos Bandeirantes, 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 7,84%
Frota de Motocicletas 16,72%
Frota de Automóveis 6,31%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
3.1.4.1.1.5 Região de Saúde do ABC
Na Região do ABC, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi 9,44 de mortes por 100
mil habitantes. Na Tabela 27 abaixo encontram-se as taxas de mortalidade segundo o tipo de transporte.
5,39
11,91
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
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Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Motociclista
Ocupante de veículo
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
Ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 41
Tabela 27- Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na Região do ABC em 2008 de acordo com o tipo de transporte
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 3,83
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 0,19
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 2,32
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 0,54
Outros acidentes de transporte terrestre 2,55
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Examinando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se entre os anos
2000 e 2005 pouca variação consistente em um pequeno incremento dessa taxa no período. Nessa região, uma
tendência de aumento entre os anos de 2005 a 2008 ocorreu apenas para acidentes motociclísticos (182%). Já os
acidentes envolvendo pedestres e ocupantes de veículos apresentaram uma diminuição de 8% e 19%,
respectivamente (Gráfico 30). A Tabela 28 abaixo mostra a variação anual da taxa de mortalidade por tipo
acidente de transporte entre os últimos anos.
Gráfico 30 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte na Região do ABC
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 28 - Evolução percentual anual das taxas de mortalidades na Região do ABC entre os anos 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade em acidentes de transporte -0,47%
Taxa de mortalidade de pedestre -2,05%
Taxa de mortalidade de motociclista 29,69%
Taxa de mortalidade de ocupante de veículo -5,25%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008. Acesso em Jan/2010
8,959,44
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Motociclista
Ocupante
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 42
A frota veicular na Região do ABC cresceu ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o Gráfico 31 e a
Tabela 29 abaixo.
Gráfico 31 - Evolução da frota veicular na Região do ABC, 2005 a 2008
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
Tabela 29 - Variação percentual anual da frota veicular na Região do ABC entre os anos de 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 5,32%
Frota de Motocicletas 4,19%
Frota de Automóveis 14,25%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
3.1.4.1.1.6 Região de Saúde dos Mananciais
Na Região dos Mananciais, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi de 12,91 mortes
por 100 mil habitantes. Na Tabela 30 abaixo são apresentadas as taxas de mortalidade segundo os tipos de
transporte.
Tabela 30 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na Região dos Mananciais em 2008 de acordo com o tipo de transporte
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidentes de transporte 1,46
Ciclista traumatizado em acidentes de transporte 0,00
Motociclista traumatizado em acidentes de transporte 0,83
Ocupante de automóvel traumatizado em acidentes de transporte 0,52
Outros acidentes de transporte terrestre 8,44
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se que do ano
2000 até 2008 há uma tendência de forte declínio. Um aspecto que diferenciado observado nessa região é a
variação negativa da taxa de acidentes envolvendo pedestres e ocupantes de automóvel. Em contrapartida, a
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
1400000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 43
mortalidade por acidentes motociclísticos aumentou consideravelmente (Gráfico 32). A Tabela 31 abaixo mostra a
variação anual da taxa de mortalidade por tipo acidente de transporte entre os últimos anos.
Gráfico 32 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte na Região dos Mananciais, 2000 a 2008
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Tabela 31 - Evolução percentual anual das taxas de mortalidades na Região dos Mananciais entre os anos 2005
a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade em acidentes de transporte -4,38%
Taxa de mortalidade de pedestre -20,03%
Taxa de mortalidade de motociclista 41%
Taxa de mortalidade de ocupante de veículo -0,48%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular na Região dos Mananciais cresceu ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o Gráfico 33
e a Tabela 32 abaixo.
Gráfico 33 - Evolução da frota veicular na Região dos Mananciais, 2005 a 2008
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
23,09
12,91
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
200020012002200320042005200620072008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Acidentes de transporte
Pedestre
Motociclista
Ocupante
0
50000
100000
150000
200000
250000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 44
Tabela 32 - Variação percentual anual da frota veicular na Região do ABC entre os anos de 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 7,03%
Frota de Motocicletas 0,82%
Frota de Automóveis 21,31%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
3.1.4.1.1.7 Região de Saúde do Alto Tietê
Na Região do Alto Tietê, a taxa de mortalidade por acidentes de transporte em 2008 foi de 15,67 mortes por
100 mil habitantes. Na Tabela 33 abaixo encontram-se as taxas de mortalidade segundo o tipo de transporte.
Tabela 33 - Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes na Região do Alto Tietê em 2008 de acordo com o tipo
de transporte
Tipo de transporte Taxa de mortalidade
Pedestre traumatizado em acidente transporte 3,63
Ciclista traumatizado em acidente transporte 0,61
Motociclista traumatizado em acidente transporte 2,02
Ocupante automóvel traumatizado em acidente transporte 2,02
Outros acidentes de transporte terrestre 6,86
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Analisando o comportamento da taxa de mortalidade por acidente de transporte, observou-se que do ano
2000 até 2008 houve um incremento da taxa. Após uma tendência de redução de 2000 a 2006, a taxa aumentou
consideravelmente nos últimos dois anos. Nessa região, a taxa de mortalidade por ocupantes de veículos cresceu
expressivamente, superando os acidentes com motociclistas (Gráfico 34). A Tabela 34 abaixo mostra a variação
anual da taxa de mortalidade por tipo acidente de transporte nos últimos anos.
Gráfico 34 - Evolução da taxa de mortalidade por 100 mil habitantes segundo tipos de acidentes de transporte
na Região de Alto Tietê
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
13,54
15,67
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tax
a d
e m
ort
alid
ade
Anos
Todos
Pedestre
Motociclista
Ocupante
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 45
Tabela 34 - Evolução percentual das taxas de mortalidades na Região dos Mananciais entre os anos 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Taxa de mortalidade Acidentes de Transporte 9,13%
Taxa de mortalidade pedestre 3,94%
Taxa de mortalidade motociclista 30,81%
Taxa de mortalidade ocupante de veículo 43,23%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
A frota veicular na Região do Alto Tietê aumentou ao longo dos últimos anos, conforme ilustram o Gráfico
35 e a Tabela 35 abaixo.
Gráfico 35 - Evolução da frota veicular na Região do Alto Tietê
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
Tabela 35 - Variação percentual anual da frota veicular na Região do Alto Tietê entre os anos de 2005 a 2008
Indicadores Variação percentual de 2005 a 2008
Frota Total 7,61%
Frota de Motocicletas 18,88%
Frota de Automóveis 6,25%
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)
282010
378110
201468
256714
26966
53862
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ve
ícu
los
Anos
Frota Total
Automóvel
Motocicleta
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 46
3.1.4.1.2 Outras tabelas de taxas de mortalidade na RMSP
Tabela 36 - Taxa de mortalidade por acidentes de transporte por local de ocorrência nos Municípios da RMSP em 2008
Municípios Taxa Acidentes de transporte
São Lourenço da Serra 45,04
Juquitiba 41,25
Mogi das Cruzes 25,85
Caieiras 25,38
Mairiporã 20,66
Guararema 18,85
Osasco 18,37
Francisco Morato 18,04
Arujá 17,73
Biritiba-Mirim 17,12
Diadema 16,99
Itapecerica da Serra 16,97
Cotia 16,75
Taboão da Serra 15,57
Itaquaquecetuba 14,79
Guarulhos 14,77
São Paulo 14,19
Suzano 13,96
Franco da Rocha 13,15
Barueri 12,47
São Bernardo do Campo 10,98
Santana de Parnaíba 10,84
Santa Isabel 10,72
Cajamar 9,6
Itapevi 9,41
Vargem Grande Paulista 9,16
São Caetano do Sul 7,28
Santo André 7,15
Pirapora do Bom Jesus 6,49
Salesópolis 6,29
Mauá 5,81
Jandira 5,44
Rio Grande da Serra 4,85
Ferraz de Vasconcelos 3,98
Ribeirão Pires 3,59
Carapicuíba 3,35
Embu-Guaçu 3,24
Embu 2,45
Poá 1,8
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
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de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 47
Tabela 37 - Taxa de mortalidade por local de ocorrência por acidentes com moto nos Municípios da RMSP em 2008
Municípios Taxa de mortalidade acidentes motociclístico
Franco da Rocha 9,28
Caieiras 6,92
Mogi das Cruzes 6,46
Diadema 5,33
Barueri 5,29
Mairiporã 5,17
Osasco 4,21
São Paulo 3,89
Francisco Morato 3,87
São Bernardo do Campo 3,24
Guarulhos 2,74
Taboão da Serra 2,22
Santana de Parnaíba 1,81
Cotia 1,67
Cajamar 1,6
Carapicuíba 1,54
Santo André 1,49
Itapevi 1,49
Mauá 0,73
Itaquaquecetuba 0,57
Ferraz de Vasconcelos 0,57
Suzano 0,36
Arujá 0
Biritiba-Mirim 0
Embu 0
Embu-Guaçu 0
Guararema 0
Itapecerica da Serra 0
Jandira 0
Juquitiba 0
Pirapora do Bom Jesus 0
Poá 0
Ribeirão Pires 0
Rio Grande da Serra 0
Salesópolis 0
Santa Isabel 0
São Caetano do Sul 0
São Lourenço da Serra 0
Vargem Grande Paulista 0
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
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de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 48
Tabela 38 - Taxa de mortalidade por local de ocorrência por acidentes com pedestres nos Municípios da RMSP em 2008
Municípios Taxa de mortalidade por acidentes com pedestre
Caieiras 16,15
Francisco Morato 10,31
Cotia 8,93
Arujá 8,87
Diadema 8,12
Mairiporã 7,75
Osasco 7,71
Mogi das Cruzes 6,46
São Paulo 6,25
Taboão da Serra 5,78
Itaquaquecetuba 5,41
Região Metropolitana 5,39
São Caetano do Sul 5,29
Guarulhos 4,92
Rio Grande da Serra 4,85
Suzano 3,94
São Bernardo do Campo 3,74
Jandira 3,63
Itapevi 3,47
Cajamar 3,2
Santo André 2,53
Vargem Grande Paulista 2,29
Barueri 2,27
Mauá 2,18
Franco da Rocha 1,55
Santana de Parnaíba 0,9
Ribeirão Pires 0,9
Carapicuíba 0,77
Ferraz de Vasconcelos 0,57
Biritiba-Mirim 0
Embu 0
Embu-Guaçu 0
Guararema 0
Itapecerica da Serra 0
Juquitiba 0
Pirapora do Bom Jesus 0
Poá 0
Salesópolis 0
Santa Isabel 0
São Lourenço da Serra 0
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS): Óbitos por ocorrência. Dados preliminares de 2008.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 49
3.1.4.2 Internações por acidentes de transporte na RMSP
O risco de internação de vítimas de acidentes constitui um indicador da gravidade dos acidentes, podendo ser
utilizado para monitorar tendências, além de quantificar um evento que representa um custo expressivo na
demanda aos serviços de saúde. A morbidade por acidentes de transporte tem sido pouco estudada, embora
represente importante parcela da demanda por atendimento de emergência nos hospitais. Em artigo de revisão de
estudos sobre acidentes de trânsito nacionais e internacionais, identificou-se o dobro de estudos sobre mortalidade
em relação aos estudos sobre morbidade por acidentes de trânsito (MARIN L, QUEIROZ MS, 2000).
A proporção de atendimentos ambulatoriais por acidentes de transporte que geram internação hospitalar é
pequena e se restringe aos casos mais graves. Estudos sobre vítimas de acidentes de transporte encontraram uma
proporção de internações variável de 10,8% a 19,4%. As informações das AIHs referentes a internações por
acidentes de transporte referem-se àqueles que causaram lesões mais graves e conduziram à internação hospitalar.
Ainda assim, o número de internações hospitalares realizadas através do SUS por acidentes de transporte é maior
do que o número de óbitos.
O número absoluto de internações por acidentes de transporte na RMSP apresentou importante incremento
entre os anos de 2000 a 2009 – da ordem de 60%, passando de 10.846 para 17.353 internações no período.
Esta situação tem determinado progressivo aumento na participação percentual dos acidentes de transporte
entre as internações ocorridas na região – 1,8% do total de internações por causas gerais e 17,8% das internações
por causas externas. A Tabela 39 e o Gráfico 36 ilustram esta evolução.
Tabela 39 - Distribuição do número de internações por causas gerais, causas externas e acidentes de transporte – RMSP - 2000 a 2009
Ano Causas gerais Causas externas Acidentes de transporte
2000 807.040 56.860 10.846
2001 785.363 55.550 10.922
2002 822.455 66.973 12.492
2003 874.642 76.014 12.882
2004 895.187 80.090 13.733
2005 935.682 86.484 15.341
2006 947.235 87.978 15.836
2007 999.555 97.487 18.940
2008 902.230 84.658 15.840
2009 973.064 97.492 17.353
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 50
Gráfico 36 - Participação percentual das internações por acidentes de transporte entre as internações por
causas gerais e por causas externas na RMSP, 2000 a 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
As internações hospitalares só puderam ser analisadas a partir de 1998, depois da implantação das regras de
codificação de causas externas no SIH-SUS. Desta forma, foi possível apenas constatar que, nos primeiros anos de
implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro, a morbidade hospitalar por acidentes de transporte estava em
queda, recrudescendo a seguir. O novo crescimento da taxa de internação pode estar relacionado a diversos
fatores, entre eles as dificuldades no gerenciamento do tráfego na Região Metropolitana. Tal fator leva a um
questionamento sobre a eficiência das políticas ostensivas de fiscalização atuais, uma vez que as infrações de
trânsito mais graves – como ultrapassagem de sinal vermelho, desrespeito à sinalização de vias preferenciais e
excesso de velocidade nas vias urbanas e nas rodovias –, após uma queda no período inicial de implantação do
novo Código de Trânsito Brasileiro, não mantiveram essa tendência de redução nos últimos anos.
A detecção do aumento do número de vítimas pelas internações poderia ser explicada por alguns outros
fatores, tais como expansão do atendimento pré-hospitalar, uso do cinto de segurança e melhoria da resolubilidade
do atendimento hospitalar ao trauma.
Na RMSP, no ano de 2009, os acidentes de transporte representaram 17,8% das internações por causas
externas. Esta foi a principal causa de internação dentre as causa externas, excluindo-se “outras causas externas de
lesões acidentais”. Na população masculina, este percentual é ainda maior – da ordem de 21%. Já entre a
população feminina, o percentual atinge cerca de 11%, sendo, no entanto, ainda, a principal causa de internação
dentre as causas externas bem definidas.
Cabe também ressaltar a maior prevalência de internações por causas externas e, sobretudo, acidentes de
transporte, entre a população masculina. Na RMSP, no ano de 2009, aproximadamente 69% das internações
decorrentes de causas externas e 81% das internações por acidentes de transporte ocorreram em indivíduos deste
gênero.
As Tabelas 40, 41 e 42 e o Gráfico 37 exprimem melhor estes eventos.
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Causas gerais
Causas externas
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 51
Tabela 40 - Distribuição das internações segundo causas externas na RMSP, 2009
Causas externas n %
Acidentes de transporte 17.353 17,8
Outras causas externas de lesões e acidentes 53.984 55,4
Lesões autoprovocadas voluntariamente 1.835 1,9
Agressões 4.297 4,4
Eventos cuja intenção é indeterminada 7.162 7,3
Intervenções legais e operações de guerra 142 0,1
Complicações da assistência médica e cirúrgica 8.550 8,8
Seqüelas de causas externas 2.653 2,7
Fatores suplementares relacionados a outras causas 55 0,1
Causas externas não classificadas 1.461 1,5
Total 97.492 100,0
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Tabela 41 - Distribuição das internações segundo causas externas e gênero na RMSP, 2009
Causas externas Masculino Feminino Total
Acidentes de transporte 13.961 3.392 17.353
Outras causas externas de lesões e acidentes 35.973 18.011 53.984
Lesões autoprovocadas voluntariamente 952 883 1.835
Agressões 3.587 710 4.297
Eventos cuja intenção é indeterminada 5.071 2.091 7.162
Intervenções legais e operações de guerra 102 40 142
Complicações da assistência médica e cirúrgica 5.059 3.491 8.550
Seqüelas de causas externas 1.621 1.032 2.653
Fatores suplementares relacionados a outras causas 46 9 55
Causas externas não classificadas 895 566 1.461
Total 67.267 30.225 97.492
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Tabela 42 - Distribuição percentual das internações segundo causas externas e gênero na RMSP, 2009
Causas externas Masculino Feminino
Acidentes de transporte 20,8% 11,2%
Outras causas externas de lesões e acidentes 53,5% 59,6%
Lesões autoprovocadas voluntariamente 1,4% 2,9%
Agressões 5,3% 2,3%
Eventos cuja intenção é indeterminada 7,5% 6,9%
Intervenções legais e operações de guerra 0,2% 0,1%
Complicações da assistência médica e cirúrgica 7,5% 11,6%
Seqüelas de causas externas 2,4% 3,4%
Fatores suplementares relacionados a outras causas 0,1% 0,0%
Causas externas não classificadas 1,3% 1,9%
Total 100,0% 100,0%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
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de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 52
Gráfico 37 - Distribuição percentual das internações por causas externas e por acidentes de transporte segundo gênero na RMSP, 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Além do predomínio de gênero, também existe uma maior concentração das internações por idade. A faixa
etária de 20 a 39 anos é a de maior expressividade entre as internações por acidentes de transporte, representando
percentual acima de 54%. A Tabela 43 mostra a distribuição das internações por acidentes de transporte nas
diferentes faixas etárias.
Tabela 43 - Distribuição das internações por acidentes de transporte segundo faixa etária na RMSP, 2009
Faixa etária n %
Menor 1 ano 34 0,2
1 a 4 anos 260 1,5
5 a 9 anos 630 3,6
10 a 14 anos 747 4,3
15 a 19 anos 1.968 11,3
20 a 29 anos 6.097 35,1
30 a 39 anos 3.301 19,0
40 a 49 anos 2.049 11,8
50 a 59 anos 1.182 6,8
60 a 69 anos 618 3,6
70 a 79 anos 340 2,0
80 anos e mais 127 0,7
Total 17.353 100,0
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
O principal grupo envolvido em acidentes de transporte na RMSP, no ano de 2009, foi o de motociclistas
(46,6%), seguido por pedestres (30,7%), ocupantes de automóveis (8,7%) e ciclistas (7,4%). Esta situação é
ilustrada a seguir, na Tabela 44.
69,0%80,5%
31,0%19,5%
Causas Externas Acidentes de transporte
Feminino
Masculino
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 53
Tabela 44 - Distribuição dos acidentes de transporte segundo tipo na RMSP, 2009
Acidente de transporte n %
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 8.079 46,6
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 5.314 30,6
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1.503 8,7
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 1.276 7,4
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de transporte 156 0,9
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 60 0,3
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 43 0,2
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 37 0,2
Outros acidentes de transporte e os não especificados 885 5,1
Total 17.353 100,0
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Na população masculina, as internações por acidentes de transporte envolvendo motociclistas apresentam
percentual ainda mais expressivo – cerca de 51% das internações. No entanto, quando se considera a população
feminina, o percentual de internações por acidentes de transporte envolvendo motociclistas é de apenas 27%,
sendo suplantado por acidentes envolvendo pedestres – o qual representa 48% das internações. As Tabelas 45 e
46 representam a distribuição dos tipos de acidentes de transporte segundo o gênero.
Tabela 45 - Distribuição dos acidentes de transporte segundo tipo e gênero na RMSP, 2009
Acidente de transporte Masculino Feminino Total
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 7.179 900 8.079
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 3.704 1.610 5.314
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1.102 174 1.276
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 1.074 429 1.503
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de transporte 136 20 156
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 31 29 60
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 30 13 43
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 30 7 37
Outros acidentes de transporte e os não especificados 675 210 885
Total 13.961 3.392 17.353
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 54
Tabela 46 - Distribuição percentual dos acidentes de transporte segundo tipo e gênero na RMSP, 2009
Acidente de transporte Masculino Feminino
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 51,4% 26,5%
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 26,5% 47,5%
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 7,9% 5,1%
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 7,7% 12,6%
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de transporte 1,0% 0,6%
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 0,2% 0,9%
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 0,2% 0,4%
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 0,2% 0,2%
Outros acidentes de transporte e os não especificados 4,8% 6,2%
Total 100,0% 100,0%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
A análise dos acidentes de transporte na RMSP também deve considerar a variável idade. Na faixa etária de 15
a 39 anos, em que estão concentrados 65,4% dos acidentes de transporte, o principal tipo de acidente de
transporte é aquele envolvendo motociclistas (61% dos casos nessa faixa etária). Nas faixas etárias de 0 a 14 anos e
40 anos e mais, predominam os atropelamentos – respectivamente, 56,1% e 52,2% dos casos nessas faixas etárias.
As Tabelas 47 e 48 ilustram melhor esta situação.
Tabela 47 - Distribuição dos acidentes de transporte segundo tipo e faixa etária na RMSP, 2009
Acidente de transporte 0 a 14
anos
15 a 39
anos
40 anos
e mais Total
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 144 6.936 999 8.079
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 938 2.124 2.252 5.314
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 106 982 415 1.503
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 381 621 274 1.276
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de
transporte 7 102 47 156
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 2 29 12 43
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 3 18 16 37
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 7 17 36 60
Outros acidentes de transporte e os não especificados 83 537 265 885
Total 1.671 1.1366 4.316 17.353
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
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Tabela 48 - Distribuição percentual dos acidentes de transporte segundo tipo e faixa etária na RMSP, 2009
Acidente de transporte 0 a 14
anos
15 a 39
anos
40 anos e
mais
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 8,6% 61,0% 23,1%
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 56,1% 18,7% 52,2%
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 6,3% 8,6% 9,6%
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 22,8% 5,5% 6,3%
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de transporte 0,4% 0,9% 1,1%
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 0,1% 0,3% 0,3%
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 0,2% 0,2% 0,4%
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 0,4% 0,1% 0,8%
Outros acidentes de transporte e os não especificados 5,0% 4,7% 6,1%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Estas observações também costumam ser compartilhadas por outros trabalhos. Um estudo determinou o
perfil dos atendimentos a acidentes de transporte por serviços de emergência em São Paulo. A maior parte dos
atendimentos foi para o sexo masculino e para a faixa de 20 a 29 anos. Os usuários vulneráveis do sistema
responderam por 72,4% do total de casos (motociclistas, pedestres e ciclistas). As vítimas com idades entre 0 e 14
anos que sofreram lesões eram principalmente pedestres e ciclistas; entre 15 e 39 anos predominaram os
motociclistas; e na faixa acima de 50 anos, pedestres. Cerca de metade dos casos sofreu lesões de menor gravidade
e a outra metade foi composta por fraturas, traumatismos crânio-encefálico e lesões de órgãos internos. A maioria
dos casos recebeu alta diretamente do setor de atendimento (87,6%), 11,0% deles foram internados ou
transferidos e 1,4% foram a óbito. Os percentuais de internação e óbito foram mais altos entre os pedestres. A
importância dos pedestres na mortalidade e internações no sistema público também foi apontada em outros
estudos. Tal fato é esperado, dada a fragilidade do corpo humano frente ao veículo. O risco de um pedestre
morrer em conseqüência de atropelamento é de, aproximadamente, 80% se o veículo estiver a 50 km/h e de 10%
se o veículo estiver a 30 km/h. Desse modo, os engarrafamentos comuns nas grandes cidades do estado podem
contribuir para proteger o ocupante de veículo pela impossibilidade do desenvolvimento de altas velocidades, mas
não protegem o pedestre.
Outro estudo identificou os fatores relacionados ao risco de internação no Município de Maringá. As
categorias de maior risco de internação foram: vítimas pedestres, ciclistas e motociclistas; com idade acima de 50
anos; vitimadas em colisão com transporte pesado ou ônibus; em acidentes ocorridos de madrugada e de tarde,
em algumas regiões da cidade; e sendo o condutor do veículo residente no próprio município.
Entre as categorias dos acidentados, os resultados mostraram riscos elevados para vítimas pedestres, ciclistas e
motociclistas apontando a maior vulnerabilidade por exposição direta ao impacto com veículos ou com objetos
fixos e, portanto, sujeitas a traumas múltiplos de maior gravidade.
Com relação aos motociclistas – categoria que no presente estudo apresentou a maior proporção e freqüência
de taxa de internação –, nos últimos anos houve uma mudança do padrão de utilização de motocicletas, que
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passaram a ser usadas não somente como veículos de lazer, mas cada vez mais como instrumento de trabalho,
especificamente em serviços de entregas rápida. Alguns trabalhos têm mostrado proporções importantes de
motociclistas internados em relação ao total de vítimas de acidentes de transporte, com comprometimento de
pessoas jovens e do sexo masculino.
O presente estudo mostra o risco de internações por acidentes de transporte crescente com o aumento da
idade das vítimas. A maior gravidade das lesões nos acidentados de mais idade tem sido relatada por outros
pesquisadores. Estudos realizados em outros países mostram a exposição de idosos principalmente como
condutores de veículos, enquanto em nosso País, as vítimas fatais da terceira idade encontram-se,
predominantemente, na condição de pedestre. Os autores apontam deficiências cognitivas, diminuição da
agilidade psicomotora e redução da acuidade visual entre as deficiências cuja freqüência cresce com o avançar da
idade e torna-os mais vulneráveis a acidentes. Quanto à idade das vítimas, é preciso considerar o processo de
envelhecimento populacional em curso no país. Visto que os riscos de internação aumentam com a idade, é
preciso implementar ações voltadas à redução dos acidentes nesse grupo específico da população. O controle
efetivo dos acidentes envolvendo vítimas idosas implica uma transformação da concepção do espaço urbano que
passe a contemplar o princípio da pluralidade, configurando cidades menos hostis às pessoas com mobilidade
reduzida e/ou portadoras de alterações funcionais, como é o caso do idoso.
Os indicadores de internações por acidentes de transporte podem ser utilizados em conjunto para subsidiar a
análise epidemiológica da violência no trânsito. Estas fontes de informação podem ser utilizadas para auxiliar a
identificação dos locais onde há maior risco de acidentes com lesões graves, e compartilhadas com outros órgãos
públicos que tenham responsabilidade na gestão do tráfego de pessoas e de veículos.
A taxa de internação por acidentes de transporte na RMSP, no ano de 2009, foi da ordem de 8,7 internações
por 10.000 habitantes. Isto representa um incremento percentual de 43,4% em relação ao ano de 2000 (6,1
internações por 10.000 habitantes). A Tabela 49 representa esse cenário em detalhes.
Tabela 49 - Taxa de internação por acidentes de transporte por 10.000 habitantes na RMSP, 2000 a 2009
Ano Taxa de internação
2000 6,1
2001 6,0
2002 6,8
2003 6,9
2004 7,3
2005 7,9
2006 8,0
2007 9,5
2008 8,1
2009 8,7
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Quando se analisa a taxa de internação por tipo, os acidentes envolvendo motociclistas novamente
apresentam o maior impacto, evidenciando uma taxa de internação de 4,1 por 10.000 habitantes no ano de 2009.
Em seguida encontram-se pedestres (2,7), ocupantes de automóvel (0,8) e ciclistas (0,6). O Gráfico 38 ilustra a
distribuição das taxas de internação segundo os tipos de acidente de transporte, no ano de 2009.
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Gráfico 38 - Taxa de internação por 10.000 habitantes segundo tipo de acidente de transporte na RMSP, 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Também é interessante notar o expressivo aumento da taxa de internação por acidentes de transporte
envolvendo motociclistas – da ordem de 167% entre 2000 e 2009. Acidentes envolvendo pedestres aumentaram
em cerca de 7,9%. Não se observou tendência definida em relação aos acidentes envolvendo ocupantes de
automóvel. Também se observou, no ano de 2006, uma inversão de tendência, quando a taxa de internação
envolvendo motociclistas ultrapassou a de pedestres. A Tabela 50 e o Gráfico 39 ilustram a evolução da taxa de
internação segundo o tipo de acidente de transporte, neste período de dez anos.
Tabela 50 - Taxa de internação por 10.000 habitantes segundo os principais tipos de acidente de transporte na RMSP, 2009
Tipo de acidente de transporte
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Motociclista traumatizado em acidente de transporte
1,5 1,7 1,8 1,9 2,2 2,6 2,9 3,9 3,7 4,1
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
2,5 2,4 2,8 2,6 2,6 2,9 2,7 2,9 2,4 2,7
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte
0,8 0,8 0,8 0,8 0,9 0,9 0,8 1,0 0,7 0,8
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0,7 0,6
Outros acidentes de transporte e os não especificados
1,0 0,7 1,0 1,0 1,0 0,9 0,9 0,8 0,6 0,5
Total 6,1 6,0 6,8 6,9 7,3 7,9 8,0 9,5 8,1 8,7
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
4,1
2,7
0,8 0,6
0,10,5
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5
Motociclista traumatizado em
acidente de transporte
Pedestre traumatizado em
acidente de transporte
Ocupante de automóvel
traumatizado em acidente de transporte
Ciclista traumatizado em
acidente de transporte
Ocupanted de veículo de
transporte pesado traumatizado em
acidente de transporte
Outros acidentes de transporte e os não especificados
Tax
a d
e in
tern
ação
po
r 10
.000
h
abit
ante
s
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
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Gráfico 39 - Taxa de internação por 10.000 habitantes segundo os principais tipos de acidente de transporte na RMSP, 2000 a 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
No ano de 2009, a média de permanência de internação por acidentes de transporte na RMSP foi de 6,5 dias,
não caracterizando uma tendência definida ao longo da década. No entanto, a análise por tipo de acidente de
transporte demonstrou aumento de 5,6% na média de permanência de pedestres, aumento de 1,7% na média de
permanência de motociclistas, aumento de 10,2% na média de permanência de ciclistas e redução de 9,5% na
média de permanência de ocupantes de automóvel. A Tabela 51 permite identificar com maior precisão a
evolução na média de permanência dos pacientes internados por tipo de acidente de transporte na RMSP no
período de 2000 a 2009.
Tabela 51 - Média de permanência de internação (em dias) segundo o tipo de acidente de transporte na RMSP, 2000 a 2009
Tipo de acidente de transporte 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
7,1 7,4 7,3 7,4 6,9 7,1 6,9 7,1 6,8 7,5
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
4,9 4,7 5,5 5,1 5,1 4,8 4,7 4,8 4,4 5,4
Motociclista traumatizado em acidente de transporte
6 6,2 6,3 6,2 5,9 5,9 5,8 5,7 6 6,1
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte
6,3 7,6 8 6,8 6,3 6,2 6,4 6 6,5 5,7
Total 6,4 6,7 7,1 6,7 6,3 6,4 6,2 6,2 6,1 6,5
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
A taxa de mortalidade hospitalar dos pacientes traumatizados em acidentes de transporte apresentou redução
ao longo dos anos de 2000 a 2009, passando de 6,6% para 6,2% dos pacientes internados – diminuição da ordem
de 25,4%. Considerando-se os principais tipos de acidente de transporte, em 2009 as maiores taxas de
mortalidade hospitalar estiveram relacionadas a pedestres (6,2%), ocupantes de automóvel (3,6%) e ciclistas
(3,5%). Os motociclistas traumatizados apresentaram taxa de mortalidade hospitalar de 2,5%. No período, a
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Tax
a d
e i
nte
rnaç
ão p
or
100.
000
hab
inta
nte
sOutros acidentes de transporte e os não especificados
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
Motociclista traumatizado em acidente de transporte
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redução da taxa de mortalidade hospitalar estendeu-se também aos principais tipos de acidente de transporte. A
Tabela 52 mostra esta situação em maiores detalhes.
Tabela 52 - Taxa de mortalidade hospitalar segundo tipo de acidente de transporte na RMSP, 2009
Tipo de acidente de transporte
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
6,6% 6,4% 6,1% 6,4% 6,6% 6,0% 5,9% 7,4% 5,6% 6,2%
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
4,2% 1,7% 2,6% 2,4% 1,8% 3,3% 1,4% 1,7% 2,1% 3,5%
Motociclista traumatizado em acidente de transporte
3,2% 3,6% 2,6% 3,1% 3,1% 3,4% 2,7% 2,9% 3,1% 2,5%
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte
6,2% 6,7% 6,0% 6,7% 4,5% 5,7% 4,4% 5,6% 5,6% 3,6%
Total 5,0% 5,2% 4,7% 5,1% 4,6% 4,8% 3,9% 4,6% 4,1% 4,0%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
No ano de 2009, a Região dos Mananciais apresentou a mais elevada taxa de internação (14,0 por 10.000
habitantes) entre as regiões de saúde da RMSP, seguida pelas regiões do Alto Tietê (11,3) e São Paulo (9,5). As
regiões de Franco da Rocha (5,1), Grande ABC (6,1) e Guarulhos (6,4) apresentaram as menores taxas de
internação.
Em todas as regiões, a taxa de internação por acidentes de transporte envolvendo motociclistas foi a de maior
impacto em relação ao tipo. A Região dos Mananciais foi a região de saúde que apresentou as maiores taxas de
internação envolvendo motociclistas (6,6 por 10.000 habitantes) e ocupantes de automóvel (2,8), enquanto a
Região do Alto Tietê apresentou as maiores taxas de internação envolvendo pedestres (4,0) e ciclistas (1,3). O
Gráfico 40 e a Tabela 53 ilustram esta situação.
Gráfico 40 - Taxa de internação por acidentes de transporte em 10.000 habitantes, por local de internação, segundo região de saúde da RMSP, 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
14,0
11,3
9,5
8,2
6,4 6,15,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
Mananciais Alto Tietê São Paulo Rota dos Bandeirantes
Guarulhos Grande ABC Franco da Rocha
Tax
a d
e i
nte
rnaç
ão p
or
10.0
00 h
abit
ante
s
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 60
Tabela 53 - Taxa de internação por acidentes de transporte por 10.000 habitantes segundo tipo e região de saúde na RMSP, 2009
Tipo de acidente de transporte
Mananciais Alto Tietê São Paulo Rota dos
Bandeiran-tes
Guarulhos Grande
ABC Franco da
Rocha
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
2,3 4,0 3,2 2,0 1,7 1,7 1,1
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
1,2 1,3 0,5 0,6 0,7 0,6 0,5
Motociclista traumatizado em acidente de transporte
6,6 4,6 4,5 4,5 2,9 2,7 1,3
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte
2,8 0,3 0,7 0,9 0,5 0,7 0,3
Pedestre traumatizado em acidente de transporte
0,9 1,0 0,6 0,1 0,7 0,4 1,8
Ciclista traumatizado em acidente de transporte
14,0 11,3 9,5 8,2 6,4 6,1 5,1
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
À exceção do Alto Tietê, todas as regiões de saúde da RMSP apresentaram incremento anual da taxa de
internação entre os anos de 2005 a 2009. O maior aumento percentual anual foi o da Região de Guarulhos
(22,7%), seguida por Mananciais (9,8%) e Grande ABC (4,8%). É interessante destacar que a Região dos
Mananciais, embora já seja a região de maior taxa de internação, apresenta incremento anual persistente. O
oposto ocorre na Região do Alto Tietê que, embora seja a segunda região de maior taxa de internação, é a única
região que apresentou redução persistente na taxa de internação entre os anos de 2005 a 2009.
Em relação ao tipo de acidente de transporte, a elevação da taxa de internação da Região de Guarulhos
ocorreu, sobretudo, à custa de aumento das taxas de internação envolvendo pedestres (41,5% ao ano) e
motociclistas (32,9% ao ano). Já a redução da taxa de internação da Região do Alto Tietê deriva, principalmente,
da diminuição das taxas de internação envolvendo ocupantes de automóvel (15,6% ao ano) e pedestres (7,8% ao
ano). A Tabela 54 permite maior análise dessas informações.
Tabela 54 - Variação anual da taxa de internação por acidentes de transporte, segundo tipo e região de saúde na RMSP, 2005 a 2009
Região de Saúde
Pedestre traumatizado em
acidente de transporte
Motociclista traumatizado em
acidente de transporte
Ocupante de automóvel
traumatizado em acidente de transporte
Total
Alto Tietê -7,8% 7,5% -15,6% -3,4%
Franco da Rocha -13,7% 1,6% 5,6% 0,0%
Grande ABC -10,1% 4,2% -12,9% 4,8%
Guarulhos 41,5% 32,9% 4,6% 22,7%
Rota dos Bandeirantes -3,6% 9,2% 0,0% 1,8%
Mananciais -0,9% 14,9% 7,0% 9,1%
São Paulo 1,3% 9,2% -4,9% 2,3%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 61
Os municípios com maiores taxas de internação, por local de internação, foram Itapecerica da Serra (28,2 por
10.000 habitantes), Mogi das Cruzes (24,4), Taboão da Serra (22,3) e Francisco Morato (16,3). Os municípios
com taxa mais elevada de internação por acidentes de transporte envolvendo motociclistas são Taboão da Serra
(12,4), Itapecerica da Serra (10,9) e Mogi das Cruzes (10,7). Mogi das Cruzes também é o município com a
maior taxa de internação por acidentes de transporte envolvendo pedestres (9,6) e Itapecerica da Serra é o que
apresenta a mais elevada taxa de internação por acidentes de transporte envolvendo ciclistas (2,5). A Tabela 55
mostra as taxas de internação, por local de internação, segundo município e tipo de acidente, no ano de 2009.
Tabela 55 - Taxa de internação, por local de internação, por acidentes de transporte por 10.000 habitantes segundo tipo e município na RMSP, 2009
Município
Pedestre traumatiza
do em acidente de transporte
Ciclista traumatiza
do em acidente de transporte
Motociclista
traumatizado em
acidente de transporte
Ocupante de
automóvel traumatiza
do em acidente de transporte
Outros acidentes
de transporte
e os não especificad
os
Total
Mogi das Cruzes 9,6 2,4 10,7 0,4 1,3 24,4
Itaquaquecetuba 4,3 2,1 4,5 0,4 2,3 13,6
Ferraz de Vasconcelos 1,2 1,0 2,0 0,5 0,2 4,9
Guararema 0,7 0,7 1,1 0,0 0,4 3,0
Suzano 0,7 0,1 1,4 0,4 0,0 2,7
Francisco Morato 3,6 1,7 4,0 1,0 6,0 16,3
Franco da Rocha 0,2 0,0 0,3 0,1 0,0 0,5
Diadema 2,8 1,8 5,8 1,2 0,3 11,9
Santo André 2,5 0,9 4,8 1,3 0,2 9,6
Mauá 0,5 0,4 2,2 0,8 0,8 4,8
Ribeirão Pires 0,2 0,4 1,2 0,4 1,0 3,1
São Caetano do Sul 0,5 0,2 1,0 0,2 0,2 2,1
S. Bernardo do Campo 1,5 0,0 0,2 0,1 0,3 2,1
Guarulhos 1,7 0,7 2,9 0,5 0,7 6,4
Itapecerica da Serra 3,8 2,5 10,9 8,1 2,8 28,2
Taboão da Serra 4,4 2,0 12,4 2,1 1,3 22,3
Cotia 2,4 1,0 7,0 3,9 0,2 14,4
Embu 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,2
Barueri 2,5 0,5 8,3 2,2 0,0 13,5
Carapicuíba 3,2 0,7 5,0 1,1 0,1 10,1
Osasco 2,2 0,9 4,9 0,7 0,2 8,9
São Paulo 3,2 0,5 4,5 0,7 0,6 9,5
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Quando se analisa a taxa de internação por local de residência segundo região de saúde, a ordenação das
regiões de saúde permanece constante em relação à taxa de internação por local de internação. Novamente, as
regiões de Mananciais (12,4), Alto Tietê (10,7) e São Paulo (9,5) apresentam as maiores taxas, ao passo que
Franco da Rocha (5,1), Grande ABC (6,1) e Guarulhos (6,4) apresentaram as menores taxas. O Gráfico 41
representa melhor tais informações.
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Gráfico 41 - Taxa de internação por acidentes de transporte em 10.000 habitantes, por local de residência, segundo a região de saúde da RMSP, 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de residência.
A taxa de invasão de internações é calculada pelo número de residentes de fora da região de saúde e
internados na região, dividido pelo total de internações na região. A taxa de evasão de internações é calculada pelo
número de residentes de determinada região de saúde internados fora de sua região, dividido pelo número total de
internações de residentes na região. A região de saúde de São Paulo é a que apresenta maior taxa de invasão
(3,8%), seguida pela Região dos Mananciais (1,3%). Por outro lado, a Região de Franco da Rocha é a que
apresenta a maior taxa de evasão (19,8%), seguida por Guarulhos (13,8%), Rota dos Bandeirantes (11,5%),
Grande ABC (8,3%) e Alto Tietê (0,7%). Estas observações podem ser visualizadas nas Tabelas 56 e 57.
Tabela 56 - Taxa de invasão de internações por acidentes de transporte segundo regiões de saúde na RMSP,
2009
Região de Saúde Número de internações por
local de internação Número de internações por
local de residência Taxa de Invasão
São Paulo 10486 10087 3,8%
Mananciais 1231 1215 1,3%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
Tabela 57 – Taxa de evasão de internações por acidentes de transporte segundo regiões de saúde na RMSP, 2009
Região de Saúde Número de internações por
local de internação Número de internações por
local de residência Taxa de Evasão
Franco da Rocha 263 328 19,8%
Guarulhos 837 971 13,8%
Rota dos Bandeirantes
1400 1582 11,5%
Grande ABC 1560 1702 8,3%
Alto Tietê 1576 1587 0,7%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
12,4
10,7
9,28,8
7,6
6,6 6,4
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Mananciais Alto Tietê São Paulo Rota dos Bandeirantes
Guarulhos Grande ABC Franco da Rocha
Tax
a d
e in
tern
ação
po
r 10
.000
hab
itan
tes
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 63
O município com maior taxa de invasão de internação no ano de 2009 foi Francisco Morato (54,7%) seguido
por Itapecerica da Serra (46,0%), Taboão da Serra (45,2%) e Mogi das Cruzes (40,8%). Em números absolutos,
os municípios que mais receberam pacientes de outras localidades foram São Paulo (399 pacientes), Mogi das
Cruzes (374), Taboão da Serra (229) e Itapecerica da Serra (210).
Os municípios com maiores taxas de evasão em 2009 foram Arujá (100%), Biritiba-Mirim (100%), Poá
(100%), Salesópolis (100%), Santa Isabel (100%), Caieiras (100%), Cajamar (100%), Mairiporã (100%), Rio
Grande da Serra (100%), Embu-Guaçu (100%), Juquitiba (100%), São Lourenço da Serra (100%), Vargem
Grande Paulista (100%), Carapicuíba (100%), Itapevi (100%) e Jandira (100%). Todos estes municípios não
realizaram internações de pacientes traumatizados em acidentes de transporte em 2009. Em números absolutos,
os municípios que mais tiveram pacientes internados em outras localidades foram Embu (244 pacientes), Mauá
(145), Suzano (144) e Guarulhos (134). As Tabelas 58 e 59 ilustram em detalhes esta situação.
Tabela 58 - Taxas de invasão de internações por acidentes de transporte segundo Município da RMSP, 2009
Município
Número de internações por
local de internação
Número de internações por
local de residência
Invasão de Internações
Taxa de Invasão
Mogi das Cruzes 917 543 374 40,8%
Itaquaquecetuba 487 451 36 7,4%
Francisco Morato 256 116 140 54,7%
Santo André 649 514 135 20,8%
Diadema 474 433 41 8,6%
Itapecerica da Serra 457 247 210 46,0%
Taboão da Serra 507 278 229 45,2%
Cotia 263 248 15 5,7%
Osasco 640 547 93 14,5%
Barueri 364 351 13 3,6%
São Paulo 10486 10087 399 3,8%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 64
Tabela 59 - Taxas de evasão de internações por acidentes de transporte segundo Município na RMSP, 2009
Município Número de
internações por local de residência
Número de internações por
local de internação
Evasão de Internações
Taxa de Evasão
Guarulhos 971 837 134 13,80%
Santana de Parnaíba 464 395 69 14,90%
São Caetano do Sul 49 32 17 34,70%
Ferraz de Vasconcelos 135 87 48 35,60%
São Bernardo do Campo 266 170 96 36,10%
Mauá 345 200 145 42,00%
Ribeirão Pires 69 35 34 49,30%
Suzano 221 77 144 65,20%
Guararema 38 8 30 78,90%
Franco da Rocha 99 7 92 92,90%
Embu 248 4 244 98,40%
Pirapora do Bom Jesus 100 1 99 99,00%
Arujá 60 0 60 100,00%
Biritiba-Mirim 28 0 28 100,00%
Caieiras 37 0 37 100,00%
Cajamar 30 0 30 100,00%
Carapicuíba 59 0 59 100,00%
Embu-Guaçu 77 0 77 100,00%
Itapevi 5 0 5 100,00%
Jandira 56 0 56 100,00%
Juquitiba 52 0 52 100,00%
Mairiporã 46 0 46 100,00%
Poá 73 0 73 100,00%
Rio Grande da Serra 26 0 26 100,00%
Salesópolis 23 0 23 100,00%
Santa Isabel 15 0 15 100,00%
São Lourenço da Serra 23 0 23 100,00%
Vargem Grande Paulista 42 0 42 100,00%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
3.1.5 Conclusão
A RMSP apresentou um aumento nos últimos anos da taxa de mortalidade e da taxa de internação por
acidentes de transporte, e uma diminuição da mortalidade hospitalar, mas ainda assim mantém alto o indicador de
anos potenciais de vida perdidos. O tipo de transporte com a maior taxa de mortalidade é o acidente envolvendo
pedestre, embora a mortalidade de motociclistas venha aumentando proporcionalmente mais. A principal causa de
internação são os acidentes envolvendo motocicleta, que ultrapassaram os acidentes com pedestres no ano de
2006.
Além disso, foi observada uma concentração dos acidentes de transporte relacionados ao gênero e faixa
etária, e a principal causa determinante do acidentes é de natureza humana.
As regiões de Franco da Rocha e Alto Tietê apresentaram altas taxas de mortalidade por acidentes de
transporte, embora a Região de Franco da Rocha tenha apresentado diminuição ao longo dos últimos anos.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 65
3.2 Eixo Capacidade Instalada
Thiago Marchi Sacoman
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 66
3.2.1 Introdução
Desde a criação do SUS, a rede de atenção à saúde vem sendo estruturada no sentido de ampliar a capacidade
instalada dos serviços e o sistema tem avançado em sua busca pela universalidade e eqüidade no acesso e
integralidade no cuidado
Entretanto, a lógica da oferta de serviços de saúde baseada em uma cultura hospitalocêntrica hegemônica,
com serviços pulverizados e com o foco no procedimento, aliada a uma intensa incorporação de tecnologias no
setor saúde, impõe desafios importantes ao sistema, principalmente frente à proposta de descentralização. Este
cenário comina grandes desafios aos gestores municipais, no sentido da ampliação de acesso e da melhoria da
qualidade do atendimento ao cidadão.
A Região Metropolitana da Grande São Paulo historicamente sofre da dificuldade de ter o município de São
Paulo como grande referência possível, ao mesmo tempo em que apresenta baixa capacidade instalada de leitos,
com importante demanda reprimida na média complexidade. Nesse sentido, é fundamental a observação
sistemática da produção do SUS para identificar a capacidade instalada, seu funcionamento e a ampliação da sua
possibilidade de produzir saúde.
No que tange aos acidentes de transporte, a avaliação da rede de serviços é dificultada ainda pela sua
heterogeneidade, pelo pouco tempo de implantação da Política Nacional de Urgência e Emergência com a
institucionalização do SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e pelo baixo detalhamento das
informações contidas nas bases de dados sobre a capacidade instalada em saúde.
Entretanto, para fins desta pesquisa optou-se por um detalhamento segundo uma análise da atenção pré-
hospitalar, baseada no atendimento móvel de urgência, focado nas ações do SAMU e do COBOM, e na visão
hospitalar, objetivando fornecer um panorama, ainda que limitado, à rede instalada de serviços para o
atendimento à vítima de acidentes de transporte.
3.2.2 Método
O levantamento de dados sobre acidentes de transporte referentes ao presente eixo foi realizado por meio da
busca de informações e indicadores relativos à rede física instalada e à produção dos serviços envolvidos
disponíveis nos sistemas de registro na internet. Realizou-se também essa busca por meio do contato com as
instituições públicas relacionadas a este atendimento.
Quanto às informações sobre a rede física instalada, foi realizado um levantamento retrospectivo relacionado
à urgência / emergência junto ao sistema de registros do Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde
(DATASUS - CNES).
Buscaram-se também informações junto à Coordenadoria Geral de Urgência e Emergência, do Departamento
de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (CGUE/DAE/SAS/MS),
responsável pelo planejamento federal do SAMU. Concomitantemente, foram feitos contatos com cada Central de
Regulação Médica (CRM-SAMU) da RMSP. Assim, para o levantamento das informações sobre o SAMU, tanto
para a instituição da esfera federal (CGUE) quanto para a esfera municipal (CRM - SAMU), foi encaminhado um
questionário (anexo "Questionário CRM") elaborado com base na legislação específica (Portaria GM nº 2.970, de
08.12.2008, e Política Nacional de Atenção às Urgências / Ministério da Saúde, 2006).
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 67
Outra importante fonte de informações relacionada aos acidentes de transporte corresponde àquelas
requisitadas ao COBOM, por meio de ofício (anexo "Questionário GB's") encaminhado a essa instituição.
Este eixo utilizou, ainda, a base de dados da “Sala de Situação” do Ministério da Saúde, que reúne informações
de diversos sistemas de informação do sistema de saúde do Brasil.
3.2.3 Limitações
A busca de informações relativas ao eixo de “Capacidade Instalada” enfrentou algumas dificuldades. Entre elas
destaca-se a reduzida quantidade de dados e informações disponíveis ao domínio público, sendo que em alguns
casos a consistência dessas informações é reduzida. Outra limitação do estudo foi a falta de disponibilidade das
informações em nível local (microambiente), sendo possível realizar apenas uma análise restrita ao
macroambiente.
Quanto à busca dos dados relativos aos recursos, encontrou-se uma grande limitação para segmentá-los
apenas para a categoria de “acidentes de transporte”. Esse fato decorre das características específicas do
atendimento em urgência e emergência, que não distingui seus recursos entre as ocorrências.
Para a análise de algumas variáveis, utilizou-se de um instrumento elaborado pela própria equipe a ser
preenchido pelas instituições em questão. Uma dificuldade encontrada nessa fase foi a dependência e
comprometimento dos envolvidos no preenchimento e envio dos dados.
3.2.4 Resultados
De acordo com a estrutura da assistência prestada à urgência e emergência no Sistema de Saúde, a análise dos
dados foi segmentada em dois momentos: (i) atendimento pré-hospitalar móvel; e (ii) atendimento hospitalar /
fixo, conforme Tabela 60.
Tabela 60 - Instituições envolvidas no atendimento ao acidente de transporte
Atendimento pré-hospitalar móvel Atendimento hospitalar fixo
Corpo de Bombeiros (COBOM) Hospitais referenciados
SAMU Prontos Socorros Municipais
Ambulâncias vinculadas aos Prontos Socorros Municipais
Outras Unidades
3.2.4.1 Atendimento pré-hospitalar móvel
De acordo com o estudo, o atendimento pré-hospitalar móvel pode ser realizado por três instituições
diferentes, sendo que o critério de decisão dessa escolha depende da disponibilidade do serviço no município /
região e do contato / “chamado” dos envolvidos no acidente.
Para a descrição dos resultados, foram analisados os dados individuais de cada uma das instituições e, na
seqüência, feita uma breve análise da integração das referidas instituições.
Uma das instituições que prestam atendimento pré-hospitalar de urgências médicas às vítimas de acidentes e
traumas é o COBOM (Decreto nº 38.432, de 10 de março de 1994; Portaria GM n° 2.048, de 05 de novembro
de 2002). Em sua estrutura organizacional, há um Comando específico para a RMSP - Comando de Bombeiros
Metropolitano (CBM) - que se ramifica entre seus diversos Grupamentos de Bombeiros (GB) e Postos de
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 68
Bombeiros (PB). Estes últimos são as unidades que prestam assistência direta às ocorrências. Na RMSP, há 68 PB
que se distribuem em 17 municípios, conforme Tabela 61.
Tabela 61 - Distribuição dos Postos de Bombeiros segundo Município da RMSP - 2010
Município N. Unidades %
Arujá 1 1
Barueri 1 1
Cotia 1 1
Diadema 1 1
Franco da Rocha 1 1
Guarulhos 4 6
Itapecerica da Serra 1 1
Itaquaquecetuba 1 1
Mauá 2 3
Mogi das Cruzes 2 3
Osasco 1 1
Ribeirão Pires 1 1
Santo André 4 6
São Bernardo do Campo 2 3
São Caetano do Sul 2 3
São Paulo 42 62
Suzano 1 1
TOTAL 68 100
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
A maior parte dos PB concentra-se no Município de São Paulo com 62% de toda a infra-estrutura.
A estrutura do CBM possui, ainda, 4 unidades de Suporte Avançado Terrestre, 1 unidade de Suporte
Avançado Aéreo e 20 motos operacionais de bombeiros distribuídas entre os PB da RMSP.
Apesar de se instalar em 17 municípios, o CBM realiza uma cobertura de 27 municípios (69%) da RMSP.
Assim, devido à regionalização da área de cobertura entre os PB, há alguns municípios que recebem o atendimento
do COBOM por meio do município vizinho, considerado como referência.
Os acidentes de transporte representam uma parcela considerável nas ocorrências atendidas pelo COBOM.
Em 2008, foram registradas 318.192 ocorrências (Gráfico 42), sendo que aproximadamente 50% estão
relacionadas a resgate, e desses, 54% a acidentes de transporte (Tabela 62)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 69
Gráfico 42 - Evolução anual do Número de Ocorrências atendidas pelo COBOM - Estado de SP, 2000 a 2009
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Analisando os acidentes de transporte (soma dos acidentes de trânsito com vítima, acidente de trânsito com
vítima presa nas ferragens, atropelamento e quedas de moto) em 2008 na RMSP, observa-se que eles somam
56.013 ocorrências (Tabela 62).
Tabela 62 - Percentual de acidentes de transporte em relação a resgate segundo o Grupamento de Bombeiros – RMSP - 2008
Ocorrências Acidente de Transporte
% Acidentes de Transporte em relação a
Resgate
1ºGB 9.236 58%
2ºGB 9.223 51%
3ºGB 10.642 53%
4ºGB 10.069 64%
Capital 39.170 56%
5ºGB 6.067 42%
8ºGB 7.683 57%
18ºGB 3.093 51%
Grande SP 16.843 49%
RMSP 56.013 54%
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Pela tabela acima, nota-se que a maior percentagem de acidentes de transporte em relação aos resgates ocorre
no 4° Grupamento de Bombeiros (zona sul de São Paulo).
Pela análise da figura abaixo (Figura 5), verifica-se uma maior concentração dos PB nos grandes centros
urbanos.
195.623
272.094318.192
330.808
170.000
190.000
210.000
230.000
250.000
270.000
290.000
310.000
330.000
350.000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nr.
de
oc
orr
ên
cia
s
Anos
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 70
Figura 5 - Distribuição da cobertura de atendimento do COBOM, 2010
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Outra instituição envolvida com os acidentes de transporte é o SAMU (Portaria GM N° 1.863, de 29 de
setembro de 2003). A assistência pré-hospitalar móvel do SAMU é regulada pelas CRM – SAMU, que coordenam
os fluxos e ações dos atendimentos. Essas centrais também são estruturadas de acordo com sua área de cobertura,
intramunicipal ou intermunicipal, dependendo da forma de regionalização do projeto (Portaria nº 2.970, de 08 de
dezembro de 2008).
Segundo os registros da Sala de Situação do Ministério da Saúde, na RMSP há 12 CRM – SAMU que realizam
a cobertura de 22 municípios (56%). São eles: SAMU Itapevi, SAMU São Paulo, SAMU Guarulhos, SAMU
Diadema, SAMU Mauá, SAMU Suzano, SAMU Ferraz de Vasconcelos, SAMU Itaquaquecetuba, SAMU Osasco,
SAMU Santo André, SAMU São Bernardo do Campo e SAMU Taboão da Serra. Porém, apesar 44% (n=17) dos
municípios não serem cobertos pelo SAMU, em termos populacionais apenas 10% (1.991.294 habitantes) da
RMSP encontra-se sem cobertura pelo serviço.
Analisando a situação dessas unidades junto ao CNES (acesso em 28/02/10), foram encontrados registros
diversos de acordo com a tabela abaixo (Tabela 63).
Tabela 63 - Situação dos CRM-SAMU frente ao CNES
Situação Nº OBS
SAMU sem cadastro no CNES encontrado 1 Itaquaquecetuba
SAMU sem equipamento cadastrado 3 Itapevi, Mauá e Taboão da Serra
SAMU com cadastro e equipamento cadastrados 8
TOTAL 12
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Municípios que possuem PB
Municípios que não possuem PB mas são cobertos pelo COBOM
Municípios não cobertos pelo COBOM
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 71
De acordo com a Tabela 63, observa-se que apenas aproximadamente 66% das CRM – SAMU possuem
cadastro no CNES e algum registro de equipamentos em uso para manutenção da vida. Analisando a qualidade
desses registros (Tabela 64), pode-se afirmar que a consistência dessas informações é reduzida.
Tabela 64 – Registro de equipamentos para manutenção da vida em uso segundo CRM-SAMU da RMSP
EQUIPAMENTOS EM USO PARA MANUTENCAO DA VIDA
São Paulo
Diadema Suzano Ferraz de
Vasconcelos Osasco
Santo André
São Bernardo do Campo
Guarulhos
DESFIBRILADOR 5 3 1 4 1 2 2 3
MONITOR DE ECG 5 3 - 4 1 2 - -
REANIMADOR PULMONAR/AMBU
5 15 11 4 12 40 16 -
RESPIRADOR/VENTILADOR 5 3 2 4 1 2 3 3
INCUBADORA - 1 1 - - 1 1 -
MARCAPASSO TEMPORARIO - 3 - - 3 2 - -
BERÇO AQUECIDO - - 1 4 - - - -
BOMBA DE INFUSAO - - 1 4 1 - - -
MONITOR DE PRESSAO NAO-INVASIVO
- - - 4 - - - -
MONITOR DE PRESSAO INVASIVO
- - - - - - 16 -
EQUIPAMENTOS POR METODOS GRAFICOS
ELETROCARDIOGRAFO 5 - - 4 - - - -
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Existem algumas diretrizes que orientam os gestores na estruturação do serviço. A Portaria MS nº 1.864/03
determina parâmetros para veículos de suporte básico e avançado, sendo de 1(um) veículo para cada 100.000 a
150.000 e 400.000 a 450.000 habitantes, respectivamente. Realizando essa análise para a estrutura de ambulâncias
de suporte básico, observa-se (Gráfico 43) que a RMSP encontra-se adequada a essa orientação, pois nenhuma
CRM – SAMU apresentou número de ambulâncias de suporte básico abaixo do parâmetro.
Gráfico 43 - CRM-SAMU da RMSP segundo situação da estrutura de ambulância básica
Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU
Aplicando essa análise para os veículos de suporte avançado (Gráfico 44), constata-se que na RMSP o número
dessas ambulâncias encontra-se abaixo do parâmetro. Os Municípios de São Paulo, Osasco e Itapevi apresentaram
um déficit de 18, 1 e 1 veículos de suporte avançado, respectivamente.
42%
50%
8%
Dentro do Critério Com possibilidade ampliação da frota
Dentro do Critério Sem possibilidade ampliação da frota
Acima do Critério
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 72
Gráfico 44 - CRM-SAMU da RMSP segundo situação da estrutura de ambulância avançada
Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU
A Portaria GM 1.864, de 29 de setembro de 2003, estabelece alguns indicadores de acompanhamento e
avaliação das ações das CRM – SAMU. Dentre os indicadores de desempenho e qualidade do serviço pré-
hospitalar móvel, essa Portaria prevê o tempo de resposta do serviço às ocorrências e adequação da regulação do
atendimento (percentagem de saídas de veículos de suporte avançado após avaliação realizada pela equipe de
suporte básico).
Nos questionários respondidos pelas CRM – SAMU (n=6), a média do tempo de resposta total – ou seja, o
tempo entre a solicitação telefônica de atendimento e a entrada do paciente no serviço hospitalar de referência –
foi de 27 minutos. Já a média de adequação da regulação foi de 4,8%. A Tabela 65 abaixo representa os
indicadores de tempo resposta e adequação da regulação das CRM – SAMU:
Tabela 65 - Indicadores de tempo resposta segundo CRM – SAMU da RMSP
Ferraz de
Vasconcelos
São Bernardo do Campo
Taboão da Serra
Guarulhos Mauá Itaquaquecetuba
Média das
CRM - SAMU
Tempo médio (min) de resposta entre a chamada telefônica e a chegada da
equipe no local da ocorrência
10 13 10 15 9 10 11,2
Tempo médio (min) decorrido no local da
ocorrência 11 12 10 8 11 20 12
Tempo médio (min) de transporte até a unidade
de referência 7 8 NI 7 9 5 7,2
Tempo médio (min) de resposta total (entre a
solicitação telefônica de atendimento e a entrada do paciente no serviço
hospitalar de referência)
33 30 10 20 29 40 27
Indicadores de adequação da regulação (% de saídas
de veículos de Suporte Avançado após avaliação realizada pela equipe de
Suporte Básico)
4,20% 2,62% 0,50% 0,90% 0,50% 20% 4,80%
Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU
25%
67%
8%
Abaixo do Critério
Dentro do Critério Sem possibilidade ampliação da frota
Acima do Critério
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 73
Pela análise da Figura 6, é possível constatar que a distribuição da cobertura municipal pelo SAMU assemelha-
se à cobertura do COBOM:
Figura 6 - Distribuição da cobertura de atendimento do SAMU
Fonte: Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU
Para uma melhora na assistência em urgência / emergência, o nível de integração entre os prestadores torna-
se uma estratégia interessante, pois as ocorrências poderão ser triadas e, assim, o atendimento ser mais adequado à
realidade do caso, de acordo com o treinamento de cada um dos prestadores. Nesse sentido, em 2005, foi
formalizado um Protocolo de Intenções entre o COBOM / SAMU, regulamentando o atendimento conjunto das
ocorrências. Para verificar a efetividade desse normativo, foi analisado o grau de integração entre as unidades dos
prestadores envolvidos. Segundo informações obtidas junto ao Comando do COBOM, dos 68 PB existentes,
apenas 41 (60%) estão integrados com o SAMU (Gráfico 45).
Gráfico 45 - Porcentagem de Postos de Bombeiros do Comando de Bombeiros
Metropolitano integrados com o SAMU
Fonte: Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU e Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
60%
8%
32%
Integradas
Não Integradas
Não Informado
Municípios que possuem CRM – SAMU
Municípios que não possuem CRM – SAMU mas são cobertos pelo SAMU
Municípios não cobertos pelo SAMU
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 74
Essa integração é de extrema importância, visto que muitas vezes o mesmo município (n=17) possui os dois
prestadores, conforme demonstrado na Figura 7.
Figura 7 - Distribuição da cobertura de atendimento entre COBOM e SAMU
Fonte: Central de Regulação Médica - SAMU, Cadastro Nacional dos Estabelecimentos
de Saúde - CNES e Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Outro meio utilizado para se verificar a interação do serviço com outras entidades foi o questionário
encaminhado às CRM - SAMU. De acordo com as questões respondidas (n=5), apenas a CRM – SAMU
Guarulhos não possui ações formalmente pactuadas com outras entidades.
Ainda sob o enfoque dos prestadores pré-hospitalares, devem ser destacadas algumas particularidades entre os
municípios. O Município de São Caetano do Sul, por exemplo, possui um serviço próprio de atendimento pré-
hospitalar móvel (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência – SAME 199) com 3 ambulâncias de suporte
básico. Outro exemplo são os municípios (n=7) que não são cobertos pelo COBOM e SAMU. Neste último caso,
o serviço pré-hospitalar móvel ocorre por meio dos prontos socorros municipais. E, por fim, há ainda os
municípios que possuem em seus territórios rodovias de grande movimento (Cajamar e Juquitiba). Nestas
situações, o atendimento aos acidentes de transporte também é auxiliado pelos prestadores terceirizados das
concessionárias administradoras dessas vias.
3.2.4.2 Atendimento hospitalar / fixo
Para o levantamento dos estabelecimentos hospitalares / fixos com atendimento em urgência, foram
considerados os seguintes tipos cadastrados no CNES: Hospital Especializado, Hospital Geral, Pronto Socorro
Especializado, Pronto Socorro Geral e Unidades Mistas - atendimento 24h em atenção básica e internação /
urgência.
Segundo os dados do CNES, entre 2006 e 2009 o número de estabelecimentos com atendimentos em
urgência na RMSP manteve-se praticamente inalterado (variação de apenas 4,6%), conforme Gráfico 46.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 75
Gráfico 46 - Evolução do número total de estabelecimentos com atendimento em urgência - RMSP - 2006 a 2009
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Dados obtidos em dezembro de 2009 demonstram que grande parcela desses estabelecimentos corresponde
aos hospitais gerais (51%), seguidos pelos prontos socorros gerais (32%), conforme demonstrado no Gráfico 47.
Gráfico 47 - Distribuição dos estabelecimentos com atendimento em urgência segundo tipo - RMSP - Dez
2009
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Considerando o tipo de prestador, verifica-se que 81% (n=146) são prestadores públicos, 12% filantrópicos e
8% privados.
Realizando uma análise desses estabelecimentos por regiões de saúde, foi constatado que a Região de São
Paulo concentra 45% da assistência em urgência, seguida pela Região do Grande ABC, com 16% do número de
estabelecimentos (Tabela 66).
Tabela 66 - Distribuição percentual de estabelecimentos com atendimento em urgência segundo Região de Saúde – RMSP - Dez 2009
Região de Saúde N. Estabelecimentos %
São Paulo 81 45%
Grande ABC 29 16%
Rota dos Bandeirantes 24 13%
Mananciais 14 8%
Alto Tietê 12 7%
Guarulhos 12 7%
Franco da Rocha 9 5%
RMSP 181 100%
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
173
181
150
160
170
180
190
200
2006/Dez 2007/Dez 2008/Dez 2009/Dez
13%
51%1%
32%
3% Hospital Especializado
Hospital Geral
Pronto Socorro Especializado
Pronto Socorro Geral
Unid Mista - atend 24h: atenção básica, intern/urg
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 76
Importante salientar que alguns municípios (Arujá, Rio Grande da Serra, São Lourenço de Serra e Vargem
Grande Paulista) não possuem estabelecimentos com atendimento em urgência registrados no CNES, conforme
acesso em maio de 2010.
Para conhecer a real capacidade dos serviços em urgência, foi analisada a relação total de leitos de repouso /
observação na RMSP. Pela análise dos registros no CNES, verificou-se que essa capacidade de atendimento possui
uma tendência favorável, pois desde 2006 houve um crescimento de 14,8% no total de registros de leitos de
repouso / observação (Gráfico 48).
Gráfico 48 - Evolução do número total de leitos repouso/observação - RMSP - 2006 a 2009
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Considerando a distribuição de referidos leitos de acordo como tipo de estabelecimentos, os hospitais gerais
concentram a maioria da oferta em urgência, com 79% dos leitos (gráfico 49).
Gráfico 49 - Distribuição dos leitos de repouso/observação segundo tipo de estabelecimento - RMSP – Dezembro de 2009
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
A distribuição dos leitos em urgência entre os tipos de prestadores possui uma proporção diversa daquela
apresentada entre os estabelecimentos: os prestadores públicos possuem 51% dos leitos em urgência, seguidos
pelos prestadores privados (40%) e filantrópicos (9%).
1545
1774
1400
1500
1600
1700
1800
2006/Dez 2007/Dez 2008/Dez 2009/Dez
5%
79%
0% 15%
1%Hospital Especializado
Hospital Geral
Pronto Socorro Especializado
Pronto Socorro Geral
Unid Mista - atend 24h: atenção básica, intern/urg
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 77
Entre as regiões de saúde (Tabela 67), observa-se que São Paulo também detém a maior parte dos leitos em
urgência, com 62% do total da RMSP. Porém, se for tomada a relação leitos por 100.000 habitantes, essa relação
torna-se menos favorável para a região (9,98 leitos por 100.000 habitantes). A média dessa relação entre as
regiões de saúde é de 7,38 leitos em urgência por 100.000 habitantes. Destacamos a Região do Grande ABC, que
possui a maior relação com 12,5 leitos de repouso / observação por 100.000 habitantes.
Tabela 67 - Distribuição dos leitos de repouso/observação segundo Região de Saúde –
Região de Saúde N. Leitos % Leitos / Hab. (por 100.000)
Mananciais 39 2 4,0
Rota dos Bandeirantes 122 7 6,7
Franco da Rocha 43 2 8,3
Guarulhos 74 4 5,7
Alto Tietê 69 4 4,6
Grande ABC 325 18 12,5
São Paulo 1102 62 9,98
RMSP 1774 100 9,0
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES – em 28/02/2010
Uma análise em nível local demonstra que os Municípios de Embu, Guararema, Itaquaquecetuba, Juquitiba,
Mairiporã, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Rio Grande da Serra, Salesópolis, São Lourenço da Serra e Vargem
Grande Paulista não possuem leitos de repouso / observação registrados no CNES.
3.2.5 Conclusões
O atendimento pré-hospitalar móvel às vítimas de acidentes de transporte ocorre de forma segmentada,
sendo que a integração entre os envolvidos ocorre de forma tímida.
Quanto à estrutura física dos prestadores pré-hospitalares móveis, observa-se uma concentração de postos de
atendimento tanto do COBOM como do SAMU na posição central da RMSP (grandes centros urbanos). Além
disso, considerando os termos da Portaria GM 1.864/ 2003, ainda há municípios que estão com déficit de veículos
de suporte avançado.
Ainda relacionado à estrutura, verificou-se que, apesar do número de estabelecimentos - em sua maioria
pública (81%) - apresentar um crescimento sem expressão, o número de registros no CNES de leitos em urgência
cresceu em 14,8%. O perfil desse pool de leitos está associado aos hospitais gerais, que concentram 79% do total
de leitos em urgência, sendo a oferta segmentada em partes semelhantes entre o público (51%) e o privado
(49%).
Analisando a capacidade de oferta entre as regiões, notou-se que as regiões de saúde das extremidades da
RMSP (Regiões dos Mananciais e Alto Tietê) possuem baixa relação de leitos em urgência se compararmos com a
média da RMSP (7,38 leitos em urgência por 100.000 habitantes).
Salienta-se, ainda, a baixa consistência dos registros de dados no CNES. Não foram encontrados registros
relacionados a serviços, tanto da assistência pré-hospitalar quanto a hospitalar, e equipamentos. Mananciais e Alto
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 78
Tietê foram as Regiões de Saúde que apresentaram menos registros no CNES, até mesmo de leitos de repouso /
observação.
Analisando o desempenho do atendimento pré-hospitalar do SAMU, observou-se que os tempos de resposta
para cada uma das etapas obedecem a um padrão entre os estudos. As CRM – SAMU da RMSP possuem apenas o
tempo de resposta entre a chamada telefônica e a chegada da equipe no local da ocorrência acima dos estudos
levantados e literatura nacional. Os demais tempos de resposta encontram-se inferiores aos referenciais
levantados.
Tabela 68 - Tempos de resposta das CRM – SAMU da RMSP
Média das CRM - SAMU da RMSP
Estudo * Média de 5
Capitais (BR) ** Literatura
Internacional
Tempo médio (min) de resposta entre a chamada telefônica e a chegada
da equipe no local da ocorrência 11,2 8 a 9 9,0 4,7 a 7,9
Tempo médio (min) decorrido no local da ocorrência
12 16 a 17 17 13,9 a 21
Tempo médio (min) de transporte até a unidade de referência 7,2 11 a 12 12 8 a 9,8
Tempo médio (min) de resposta total (entre a solicitação telefônica de
atendimento e a entrada do paciente no serviço hospitalar de referência)
27 36 a 37 42 -
* Malvestio MAA, Sousa RMC. Rev Saúde Pública 2002.
** Minayo MCS , Deslandes SF. Cad. Saúde Pública, 2008.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 79
3.3 Eixo Financiamento e Gasto Marília Tristan Vicente
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 80
3.3.1 Introdução
No âmbito da saúde pública brasileira, discute-se cada vez mais o tema referente ao seu financiamento, seja
pela perspectiva econômica de viabilidade de manutenção dos serviços existentes, seja sob o enfoque político, no
sentido de qual o modelo de gestão e tipo de financiamento adequados à sua sustentabilidade. Além disso, o
sistema convive com um sub-sistema suplementar dentro de si, o que aumenta as distorções e heterogeneidades.
O reflexo mais direto dessa situação é o baixo volume de recursos públicos aplicados no SUS.
A consolidação do SUS e seu bom funcionamento passam por um caminho que é a sustentabilidade do sistema
e o fim dos problemas graves e permanentes dos 20 anos de sua existência convivendo com sub-financiamento e
erros de gestão. Dessa forma, é fundamental que se incentivem iniciativas que busquem o acompanhamento
sistemático das fontes e usos desses recursos, especialmente por condicionarem os caminhos de institucionalização
do nosso sistema de saúde universal.
À semelhança do que ocorre no eixo da capacidade instalada, no que toca aos acidentes de transporte existem
diversos fatores que impactam no sistema, tais como a complexidade dos casos – o que gera a necessidade de
serviços das mais variadas estruturas e de todos os níveis de atenção –, a heterogeneidade de oferta de serviços e a
pouca clareza das pactuações para o tema. Em razão desses fatores, alguns municípios não têm condições técnicas
de oferecer cuidado integral à saúde de sua população, gerando gastos extras e ineficiência da rede, entre tantos
outros aspectos.
Em vista do exposto, o eixo busca oferecer algumas respostas, dentro das limitações existentes, aos gastos em
saúde nas diversas fases do atendimento às vítimas dos acidentes de transporte na RMSP.
3.3.2 Método
O objetivo deste eixo foi analisar os gastos em saúde com acidentes de transporte. Esses gastos podem ser
analisados sob diferentes pontos de vista, já que no âmbito dos acidentes de transporte há vários níveis de
intervenção que interferem no resultado final da assistência à saúde da população. Os diferentes níveis aqui
observados são: “prevenção”, nas fases “pré-hospitalar (pré-internação)”, “hospitalar (internação)” e “pós-hospitalar
(pós-internação)”. Foram analisados os 39 municípios da RMSP, no período de 2000 a 2009.
Para a elaboração deste item foram utilizados os dados disponíveis no DATASUS, mais especificamente o
SIH/SUS. Também foram empregados dados de Portarias do Ministério da Saúde, a fim de se verificar os repasses
referentes ao atendimento-móvel de urgência e emergência.
3.3.3 Limitações
Tendo em vista que juntamente com o SUS surgiu a necessidade de um sistema único de informações
assistenciais para subsidiar os gestores no planejamento, controle, avaliação, regulação e auditoria, o Ministério da
Saúde implantou o SIH/SUS por meio da Portaria GM/MS n.º 896/90. Desde o ano 2000, com a publicação da
Portaria GM/MS n.º 396/00, a gestão do SIH é responsabilidade da Secretaria de Atenção à Saúde/SAS, assim
como o é a atualização anual do Manual de Orientações Técnicas e Operacionais (MS, 2009).
As unidades hospitalares participantes do SUS (públicas ou particulares conveniadas) enviam as informações
das internações efetuadas através da AIH - Autorização de Internação Hospitalar, para os gestores municipais (se
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 81
em gestão plena) ou estaduais (para os demais). Estas informações
são processadas no DATASUS, gerando os créditos referentes aos
serviços prestados e formando uma valiosa Base de Dados,
contendo dados de grande parte das internações hospitalares
realizadas no Brasil” (MS, 2010). Isso significa que as informações
referentes ao setor de saúde suplementar (operadoras de saúde,
financiamento particular) não constam nesse banco de dados.
As internações de pacientes vítimas de acidentes de transporte
estão sob denominação “Politraumatizados”. De acordo com a
Portaria SAS/MS n.º 421/07, as cirurgias em politraumatizados
são cirurgias múltiplas ou procedimentos seqüenciais efetuados em
indivíduo que sofre traumatismo seguido de lesões que, ao
acometerem múltiplos órgãos ou sistemas corporais, podem ou
não pôr em risco a vida, pela gravidade de uma ou mais lesões.
Deve ser registrado na AIH o código específico 04.15.03.001-3 –
Tratamento Cirúrgico em Politraumatizado, tanto no campo
Procedimento Solicitado quanto no Procedimento Realizado (MS,
2009).
Numa AIH com o procedimento Tratamento Cirúrgico em
Politraumatizado, o componente Serviço Hospitalar será
remunerado em percentual decrescente de valores, na ordem em
que forem registrados na tela Procedimentos Realizados,
conforme Tabela 69 abaixo (MS, 2009).
Tabela 69 - Remuneração do procedimento hospitalar
conforme a ordem de registro
Procedimento Remuneração do componente Serviço
Hospitalar 1º 100%
2º 100% 3º 75%
4º 75% 5º 50%
Fonte: Ministério da Saúde, 2009
A remuneração referente à produção hospitalar não é uma simples soma dos procedimentos realizados. Além
disso, não computa dados referentes às horas trabalhadas dos diversos profissionais (relacionados tanto às
atividades assistenciais como às de apoio) nem outros dados, conforme analisado a seguir.
O SIH/SUS é um banco de dados que tem como principal finalidade o pagamento da atenção hospitalar
coberta pelo SUS. Porém, o SIH possibilita a geração de informações importantes tanto relativas à morbidade
(causas principais de internação), quanto à descrição da assistência e do uso de recursos (PORTELA MC et al,
1997).
Emissão de AIH em casos de urgência e emergência
O fluxo de internação dos usuários SUS nos procedimentos de urgência inicia-se com o atendimento direto no estabelecimento para onde o usuário for levado, ou por um encaminhamento de outra unidade ou ainda pela Central de Regulação ou SAMU, onde houver. O atendimento que gera a internação deve ocorrer em estabelecimento de saúde integrante do SUS. O profissional médico que realizou a atendimento solicita a Autorização para Internação Hospitalar (AIH), devendo obrigatoriamente preencher o Laudo para Solicitação de AIH. Esse laudo contém dados de identificação do paciente, informações de anamnese, exame físico, resultados de exames complementares e descrição das condições que justificam a internação do paciente, além da hipótese diagnóstica inicial e/ou o diagnóstico definitivo. Nos casos de urgência, o preenchimento deve ser feito na ocasião da internação e a autorização pelo gestor deve ocorrer até 72 horas após o momento da internação. A autorização pode ser concedida pelo autorizador no próprio estabelecimento, quando de natureza pública, e na rede complementar, se o gestor dispuser de equipe de autorizadores que se desloquem aos hospitais. Há, ainda, a possibilidade de o laudo ser enviado ao órgão gestor local e lá autorizado. Os laudos autorizados passam a ter o número da AIH, essencial para o registro das informações no SISAIH01 (Sistema de Entrada de Dados da Internação). (MS, 2009)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 82
Essa investigação observando o SIH/SUS possui a vantagem de trabalhar com informações bastante detalhadas
sobre as internações realizadas no SUS, as quais são registradas nas guias de AIH. Com esses dados é possível
verificar o motivo da saída do paciente, os procedimentos realizados e seus respectivos valores, local de
internação, entre outros, sendo que todas essas informações são desagregadas por tipo de causa, de acordo com a
CID (RODRIGUES MI, 2009).
Contudo, para fins de análise de gastos, essa abordagem apresenta falhas, já que nem todas as despesas
necessárias para custear as internações passam pelos registros das AIHs. Na AIH os valores de financiamento
correspondem aos valores da “tabela de procedimentos” do SUS, e essa tabela é a principal referência para os
repasses federais para custeio das internações hospitalares aos Estados e Municípios, ou ao próprio prestador de
serviços. Ocorre que o custeio do sistema hospitalar conta com despesas realizadas com recursos próprios dos
Estados e Municípios (exemplos: pagamento de pessoal, despesas correntes do hospital), o que acaba
complementando os recursos repassados para a “remuneração por serviços produzidos” a partir do Fundo Nacional
de Saúde (RODRIGUES MI, 2009).
3.3.4 Resultados
3.3.4.1 Componente Pré-Hospitalar
A Portaria GM/MS n° 1.864, de 29 de setembro de 2003, institui o componente pré-hospitalar móvel da
Política Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da implantação de Serviços de Atenção Móvel de
Urgência em municípios e regiões de todo o território brasileiro. Dentre as suas determinações institui, em seu
Artigo Segundo, o financiamento para investimento e custeio do componente pré-hospitalar móvel.
O Parágrafo Sétimo do Artigo Terceiro da mencionada Portaria prevê a verba destinada à adequação de áreas
físicas e à aquisição de equipamentos de Centrais de Regulação previstas no caput do artigo, segundo o porte das
centrais
Tabela 70 - Verba prevista para aquisição de equipamentos nas Centrais de Regulação dos SAMUs
Para aquisição de equipamentos
População do município Verba prevista
Até 250.000 habitantes Até R$ 100.000,00
Entre 250.000 e 500.000 habitantes Até R$ 150.000,00
Acima de 500.000 habitantes Até R$ 200.000,00
Fonte: Portaria GM/MS n° 1.864, de 29 de setembro de 2003
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 83
Tabela 71 - Verba prevista para adequação da área física das Centrais de Regulação dos SAMUs
Para adequação da área física
População do município Verba prevista
Até 250.000 habitantes Até R$ 50.000,00
Entre 250.000 e 500.000 habitantes Até R$ 100.000,00
Acima de 500.000 habitantes Até R$ 150.000,00
Fonte: Portaria GM/MS n° 1.864, de 29 de setembro de 2003
Segundo o Artigo Quarto dessa mesma Portaria, as despesas de custeio do componente pré-hospitalar são
compartilhadas de forma tripartite entre a União (50% do valor estimado), os Estados e os Municípios. Compete
ao Ministério da Saúde, por intermédio do Fundo Nacional de Saúde, realizar repasses de recursos aos respectivos
fundos de saúde, para manutenção de equipes efetivamente implantadas. O repasse se dá conforme o número e o
tipo de equipe de saúde atuante no município, segundo a Tabela 72 abaixo.
Tabela 72 - Verba mensal prevista para manutenção das equipes de SAMU segundo tipo de equipe
Manutenção de equipes do SAMU
Tipo de equipe Verba prevista mensal
Equipe de suporte básico R$ 12.500,00
Equipe de suporte avançado R$ 27.500,00
Equipe Central de SAMU 192 R$ 19.000,00
Fonte: Portaria GM/MS n° 1.864, de 29 de setembro de 2003
O restante dos recursos necessários para o custeio das equipes será coberto pelos Estados e Municípios, em
conformidade com a pactuação estabelecida em cada Comissão Intergestores Bipartite.
3.3.4.2 Componente hospitalar
Ao observar o componente hospitalar da atenção à vítima de acidente de transporte, é interessante comparar
o valor total gasto ao ano e observar a tendência histórica desse gasto em toda a RMSP.
Gráfico 50 - Valor total gasto em internações por causas externas, por local de internação, na RMSP, segundo grande grupo de causas, 2000 a 2009
Fonte: Inflação: Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (Fundação Getúlio Vargas)
Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
R$ -
R$ 5.000.000,00
R$ 10.000.000,00
R$ 15.000.000,00
R$ 20.000.000,00
R$ 25.000.000,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Val
or
tota
l g
asto
Acidentes de transporte Complic assistência médica e cirúrgica
Seqüelas de causas externas IGP-DI/FGV
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 84
Observa-se no gráfico 50 – no qual foram expostas somente as três causas bem definidas com maiores gastos
ao ano – que os acidentes de transporte representam a maior parcela dos gastos com causas externas na última
década. Aparentemente, desconsiderada a inflação do período, houve um aumento no gasto anual com todas as
causas; porém, ao se considerar a inflação, os gastos acompanham a inflação, com exceção dos anos de 2007 e
2009 que foram um pouco discrepantes.
Observando o montante gasto na última década, é possível constatar que os acidentes de transporte
representam mais de 21% do total de gastos em causas externas na RMSP, totalizando R$ 138.280.780,40 gastos
em internações por acidentes de transporte no período de 2000 a 2009 (Tabela 73).
Tabela 73 - Valor total gasto (AIHs) em causas externas, por grande grupo de causas, na RMSP (por local de
internação) no período de 2000 a 2009
Valor total gasto por grande grupo de causas na RMSP, por local de internação, no período de 2000 a 2009
CAUSAS EXTERNAS Valor total (R$)
Outras causas externas de lesões acidentais 310.771.315,87
Acidentes de transporte 138.280.780,40
Complicações da assistência médica e cirúrgica 78.248.833,23
Seqüelas de causas externas 50.716.313,81
Agressões 42.624.669,70
Eventos cuja intenção é indeterminada 28.084.111,44
Lesões autoprovocadas voluntariamente 5.827.062,29
Causas externas não classificadas 4.473.489,76
Fatores suplementares relacionados a outras causas 2.312.121,88
Intervenções legais e operações de guerra 863.644,80
Total 662.202.343,18
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Ao analisar o valor médio de AIH, que corresponde ao valor gasto em média em uma internação hospitalar de
uma vítima de acidente de transporte, observa-se que outras causas externas possuem o valor médio de AIH
maior, como demonstrado na tabela a seguir.
Tabela 74 - Valor médio de AIH, por local de ocorrência, por grande grupo de causas no ano de 2009 na RMSP
Valor Médio de AIH por local de internação por causas externas em 2009 na RMSP
GRANDE GRUPO DE CAUSAS Valor médio (R$)
Seqüelas de causas externas de morbidade e de mortalidade 2.588,10
Complicações de assistência médica e cirúrgica 1.694,48
Acidentes de transporte 1.246,95
Agressões 1.153,62
Outras causas externas de lesões acidentes 814,04
Eventos cuja intenção é indeterminada 772,94
Fatores suplementares relacionados a outras causas 599,26
Lesões autoprovocadas voluntariamente 588,44
Intervenções legais e operações de guerra 464,33
Causas externas 1.029,78
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 85
O valor médio de AIH dos acidentes de transporte é maior que o valor médio de AIH das causas externas e
menor que o das seqüelas de causas externas de morbidade e mortalidade e das complicações de assistência médica
e cirúrgica. O gráfico a seguir demonstra o comportamento desses valores na última década, sendo que o valor
médio de AIH por seqüelas de causas externas cresceu muito nos últimos dez anos.
Gráfico 51 - Valor Médio de AIH de internações por Causas Externas, por local de internação, na RMSP, segundo grande grupo de causas, 2000 a 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (Fundação Getúlio Vargas)
Houve também aumento do valor médio da AIH por acidente de transporte, acompanhando a inflação do
período: em 2000 esse valor era de R$ 798,03 e em 2009 foi de R$ 1.246,95. Porém, quando se analisa cada
grupo de causas dos acidentes de transporte observam-se discrepâncias, como demonstrado na tabela abaixo.
Tabela 75 - Valor médio de AIH por grupo de causas de acidentes de transporte na RMSP, 2009
Grupo de Causas Valor médio da AIH (R$)
Outros acidentes de transporte terrestre 1550,00
Pedestre traumatizado em acidente de transporte 1378,37
Ocupante de caminhonete traumatizado em acidente de transporte 1339,90
Ocupante de automóvel traumatizado em acidente de transporte 1276,06
Ocupante de veículo de transporte pesado traumatizado em acidente de transporte 1268,78
Motociclista traumatizado em acidente de transporte 1187,15
Acidentes de transporte por água 1109,08
Ocupante de ônibus traumatizado em acidente de transporte 982,93
Ocupante de triciclo motor traumatizado em acidente de transporte 944,76
Ciclista traumatizado em acidente de transporte 904,87
Outros acidentes de transporte e os não especificados 844,28
Acidentes de transporte aéreo e espacial 559,16
Acidentes de transporte 1246,95
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
R$ -
R$ 500,00
R$ 1.000,00
R$ 1.500,00
R$ 2.000,00
R$ 2.500,00
R$ 3.000,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Val
or
mé
dio
de
AIH
Acidentes de transporte Complic assistência médica e cirúrgica
Seqüelas de causas externas Causas Externas
IGP-DI
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 86
O maior valor médio de AIH dentre os acidentes de transporte foi o do grupo “Outros acidentes de
transporte terrestre”, seguido por “pedestres traumatizados em acidentes de transporte” e por “ocupante de
caminhonete traumatizado em acidente de transporte”. Os valores médios de AIH referentes a motociclistas
traumatizados é o sexto maior valor, um pouco abaixo do valor médio geral.
Analisando as regiões de Saúde da RMSP separadamente, é possível verificar que os valores médios de AIH
variam bastante conforme a região. Observa-se que houve um aumento do valor médio da AIH em todas as
regiões, porém a Região de Franco da Rocha destacou-se, apresentando um crescimento muito expressivo na
última década: variação de R$ 233,76 para R$ 1.314, 30 em 2009 (sem descontar a inflação). A Região do
Grande ABC também apresentou um crescimento importante.
Gráfico 52 - Valor médio de AIH por acidente de transporte nas Regiões de Saúde na RMSP, 2000 a 2009
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (Fundação Getúlio Vargas)
Analisando a variação percentual entre os valores de 2000 e os valores de 2009, a Região de Franco da Rocha
mais uma vez se destaca com um aumento de 462% do valor médio de AIH por acidente de transporte. A Região
do Grande ABC, por sua vez, apresentou um crescimento de 151%.
R$ -
R$ 200,00
R$ 400,00
R$ 600,00
R$ 800,00
R$ 1.000,00
R$ 1.200,00
R$ 1.400,00
R$ 1.600,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Val
or
mé
dio
de
AIH
São Paulo Grande ABC Alto Tietê Guarulhos
Franco da Rocha Rota dos Bandeirantes Mananciais IGP - DI
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 87
Tabela 76 - Valor médio de AIH por acidente de transporte nas Regiões de Saúde da RMSP em 2000 e em 2009
(sem desconsiderar a inflação)
Regiões de Saúde Valor Médio de AIH em
2000 (R$) Valor Médio de AIH em
2009 (R$)
Variação Percentual entre valores de 2000 e
2009
São Paulo 933,79 1441,61 54%
Grande ABC 421,70 1058,69 151%
Alto Tietê 602,95 1064,22 77%
Guarulhos 694,26 902,34 30%
Franco da Rocha 233,76 1314,30 462%
Rota dos Bandeirantes 399,77 621,60 55%
Mananciais 607,26 912,94 50%
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): Internações por local de ocorrência.
3.3.4.3 Prevenção e componente pós-hospitalar
Não foram encontrados dados que pudessem mensurar o que foi efetivamente gasto na prevenção de
acidentes de transporte.
Quanto ao componente pós-hospitalar (ambulatórios, reabilitação) das vítimas dos acidentes de transporte,
também não foram encontradas informações objetivas referentes ao gasto nesse âmbito.
3.3.5 Conclusões
O SIH/SUS permite a captação de dados referentes aos valores pagos pelo Ministério da Saúde aos hospitais –
quantias que representam parte dos custos diretos médico-hospitalares. Essas somas baseiam-se em uma tabela de
valores de procedimentos hospitalares, que atribui valores médios por componentes de custo de internação com
diferentes pesos. Ocorre que muitos dos valores dessa tabela estão defasados em relação aos valores efetivamente
despendidos pelos hospitais, e a diferença entre essas quantias é assumida com recursos próprios pelos respectivos
serviços (MELIONE, 2008).
A abrangência do SIH/SUS limita-se às internações no âmbito do SUS, excluindo, portanto, as que são
custeadas diretamente ou cobertas por operadoras de saúde. Estima-se que o SIH reúna cerca de 70% das
internações hospitalares do País (MELLO JORGE, 2004).
Quanto maior o grau de mortalidade das vítimas de causas externas antes de qualquer atendimento médico,
maior a desproporção entre os dados de mortalidade e os de morbidade por tais causas e, conseqüentemente,
menor o impacto sobre o sistema curativo de saúde e seus custos (RODRIGUES, 2009). Como no SIH/SUS
contabilizam-se somente as informações referentes aos pacientes internados, não havendo menção aos
procedimentos realizados nos pronto-socorros ou mesmo pelos serviços de remoção e transporte das vítimas, a
estimativa de gasto via SIH/SUS mostra-se incapaz de mostrar o real impacto dos acidentes de transporte no
sistema de saúde.
Devem ser contabilizados, também, os recursos que são gastos com reabilitação, que não entram no cômputo
das lesões. Para cada unidade monetária empregada em prevenção, dez unidades são voltadas para assistência e mil
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 88
são gastas para reabilitação (FEIJÓ, 2001). E segundo esse mesmo autor os recursos financeiros referentes aos
acidentes de transporte são empregados mais com no tratamento das vítimas do que na prevenção dos acidentes.
Além de considerar o que é gasto diretamente no tratamento da vítima do acidente de transporte, devem ser
levados em conta outros fatores. Segundo INUNES (apud HODGSON, 1982), o custo econômico causado por
uma doença ou problema de saúde pode ser classificado em direto e indireto. Os custos diretos referem-se aos
cuidados em saúde propriamente ditos (diagnóstico, tratamento, recuperação, reabilitação, medicamentos, entre
outros). Os custos indiretos, por sua vez, referem-se à perda de produção e de produtividade acarretadas pela
doença ou problema de saúde (limitações físicas ou psicológicas, por exemplo). Esses custos indiretos são
estimados como Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP), de forma que não é atribuído a esse custo um valor
monetário, mas apenas um valor intangível.
Na pesquisa realizada por RODRIGUES (2009) com objetivo de estimar o custo da violência para o sistema
público de saúde, desenvolveu-se uma metodologia que utiliza informações do SUS, dos orçamentos estaduais e
municipais e estimativas sobre a demanda por atendimento ambulatorial da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios. Como resultado constatou-se que os valores gastos em causas externas são cerca de quatro vezes
maiores que aqueles verificados em trabalhos que computaram apenas os custos com internações (AIHs). Quando
se observam unicamente os acidentes de transporte, o custo total estimado é 4,3 vezes maior do que o gasto em
AIH por essa causa.
Os acidentes de transporte mostraram-se bastante custosos para o sistema de saúde, mesmo sendo possível
analisar objetivamente apenas as internações hospitalares. Esses altos valores despendidos no tratamento das causas
externas poderiam ser evitados se existissem políticas fortes de prevenção de acidentes de transporte.
Além disso, foi demonstrada a necessidade de disponibilização de informações referentes ao atendimento pré
e pós-hospitalar, além de informações de políticas de prevenção de acidentes.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 89
3.4 Eixo Força de Trabalho em Saúde Eric Tokunaga
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 90
3.4.1 Introdução:
A partir da Constituição Federal de 1988 e das Normas Operacionais Básicas (NOBs), a saúde no Brasil
passou a ser uma política pública universal e descentralizada com participação da sociedade civil e dos três entes
federativos (União, Estados e Municípios). Adotou-se um modelo baseado numa lógica de regionalização, segundo
as diretrizes da descentralização administrativa e operacional, da integralidade da atenção à saúde e da participação
da comunidade, visando ao controle social.
Com as modificações do sistema, os municípios tornaram-se os principais responsáveis pela contratação de
trabalhadores e pelo gerenciamento dos serviços de saúde. A gestão dessa força de trabalho encontra uma série de
obstáculos e requisitos criados pela legislação, tais como as exigências estabelecidas na Lei de Responsabilidade
Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). Esses condicionamentos acabaram levando Estados e Municípios a
buscarem alternativas para a contratação de novos trabalhadores e recorrerem às parcerias com Organizações Não
Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) e aos contratos com
cooperativas, a fim de manterem controlados seus gastos públicos com recursos humanos.
A gestão de recursos humanos em saúde esbarra nas dificuldades de fixação dos profissionais de saúde em um
serviço ou em um município, na heterogeneidade das modalidades de contratação e remuneração; na insuficiente
qualificação profissional de grande parte da força de trabalho com exíguos aportes institucionais em ações de
educação permanente; e na ainda incipiente implantação de planos de cargos, carreiras e salários.
Todas as dificuldades citadas tornam muito difíceis a obtenção de dados fidedignos e o desenho de um real
panorama da força de trabalho em saúde, obrigando os interessados em realizar tais estudos a executar suas
análises a partir de aproximações e comparações com diversas fontes de informação não plenamente confiáveis, a
fim de se obter um retrato estimado da situação.
No que tange aos acidentes de transporte, esse cenário é ainda mais indefinido, pois, além das dificuldades já
citadas, o problema envolve múltiplos atores de serviços diversos, que englobam desde o atendimento pré-
hospitalar, passando pelos hospitais e pronto-socorros, até os consultórios, ambulatórios e clínicas de reabilitação.
Para fins desse estudo, vale ressaltar que os óbitos resultantes de traumatismos ocorrem geralmente em três
momentos principais (distribuição trimodal). O pico inicial (50%) ocorre logo após o acidente e decorre de lesões
graves, muitas vezes incompatíveis com a vida. Nesta situação, geralmente o óbito só pode ser evitado com
medidas preventivas. O segundo pico (30%), que ocorre em torno da primeira e segunda horas após o trauma,
deriva habitualmente de lesões graves que comprometem a respiração e induzem a sangramento maciço.
Reiteradas evidências de literatura demonstram existir neste grupo um componente apreciável de "mortes
evitáveis”, ou seja, de insucessos terapêuticos decorrentes de retardo do tratamento ou de tratamento inadequado.
O terceiro pico (20%) é tardio, ocorrendo dias ou semanas após o trauma, e é causado por infecções e
insuficiências orgânicas derivadas tanto do trauma em si, como de possíveis falhas no atendimento inicial prestado
à vítima (TRUNKEY DD, 1983).
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 91
Assim, tendo em vista as dificuldades de obtenção de números reais para o quadro de profissionais de saúde
envolvidos no processo, estudar a força de trabalho em saúde em todas as etapas que envolvem o atendimento ao
politraumatizado é uma maneira de se aproximar de um número mais condizente com a realidade.
O presente estudo concentrou-se na busca das informações relativas ao atendimento às vítimas de acidentes
de transporte até o segundo pico, visto que as demais informações apresentam imprecisões e inconsistências, para
as quais não seriam encontradas respostas confiáveis. Optou-se, portanto, por omitir esses dados na presente
análise.
3.4.2 Método
Buscou-se informações sobre os serviços móveis de urgência e emergência da RMSP que prestam o
atendimento no local do acidente, por meio de consulta às bases de dados do CNES.
Adicionalmente, verificou-se quais estabelecimentos atendem ao paciente vítima de acidente de transporte,
por meio da análise da base de dados (TABNET), bem como mediante contato telefônico direto com o
estabelecimento.
Foram analisadas também informações na base de dados do IBGE relativas à força de trabalho envolvida no
atendimento à vítima de acidente de transporte, conforme pesquisa AMS 2005.
Foi, ainda, elaborado um questionário, para envio às CMR juntamente com as questões relacionadas à
Capacidade Instalada, no qual se indagou (i) o número de funcionários que realizam o atendimento inicial ao
politraumatizado; (ii) eventuais programas de educação continuada (iii)hospitais de referência que prestam este
tipo de atendimento; e (iv) eventuais ações pactuadas com atendimento ao mesmo tipo de vítima. As perguntas
constantes do questionário enviado às CMR foram as seguintes:
Municípios cobertos pela CMR
Força de Trabalho o Médico Regulador o Médico Intervencionista o Telefonistas auxiliares de regulação médica o Operador de rádio/frota
Educação Continuada o Programa de Treinamento/Capacitação? o De quanto em quanto tempo? o Possuem Núcleo de Educação em Urgência (NEU)? o Se possui NEU, é regional?
Ambiente Externo o Serviços (hospitais) de referência para acidentes de trânsito e seus contatos o Ação pactuada formal com outras entidades (bombeiro, polícia, etc.)? Quais?
Após recebimento do questionário devidamente preenchido, foram contatados os hospitais de referência que
realizam o atendimento inicial, questionando-se o número de pessoas que realizam esse atendimento.
Por fim, foi realizada consulta à legislação vigente, bem como à produção científica relacionadas ao assunto.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 92
3.4.3 Limitações
Foram encontradas inúmeras dificuldades ao se consultar a base de dados CNES; dentre as quais destacam-se
as abaixo mencionadas.
Por mais especializado que seja o médico cadastrado, não se pode inferir que este realize o atendimento inicial
ao politraumatizado. Tendo em vista que a maioria das instituições que atendem ao acidentado tem outras
atividades envolvidas e considerando que os dados do profissional referem-se à CBO, um cirurgião pode atuar em
ambulatório, em urgências ou em ambas as áreas, sem que isto esteja discriminado na base de dados.
Ademais, não é possível identificar com exatidão quais estabelecimentos de saúde realizam o atendimento ao
acidentado, pois a diferenciação do estabelecimento que atende urgência e emergência baseia-se no porte do
hospital e não suas atribuições, como o atendimento ao trauma.
Soma-se a esse cenário o fato de a base de dados do CNES encontrar-se desatualizada quanto à força de
trabalho, possivelmente pela inserção de dados sem a devida retirada dos cadastros não mais existentes.
Na consulta realizada no TABNET quanto às instituições de referência aos pacientes, buscou-se correlacionar
o CID (V00 – V99) de AIHs pagas com as instituições da RMSP. Por meio dessa análise, observou-se que
instituições de grande porte e referência em trauma da Capital de São Paulo possuem dados que divergem da
realidade, provavelmente em razão da adoção de um CID impróprio para o acidente.
Dentre outros obstáculos encontrados, destaca-se a ausência ou incompletude das respostas do questionário
enviado às CMR.
Ademais, no contato com o hospital de referência foi obtida apenas a resposta de um hospital no tocante à sua
força de trabalho no atendimento inicial. Os demais hospitais contatados não forneceram resposta até a elaboração
do presente estudo.
Por fim, é importante destacar que, ainda que se obtenham os dados relativos à força de trabalho
intrahospitalar, a literatura apresenta dados pouco específicos sobre seu número real, abordando apenas um
número ideal. A produção de artigos científicos relacionadas ao assunto de acidentes de transporte não descreve
minuciosamente o número de funcionários envolvidos no atendimento desta vítima.
3.4.4 Resultados
Por meio da análise da base de dados do CNES e relacionando-a com a Portaria nº 2.970/08, foram obtidos
os dados apresentados na Tabela 77 abaixo.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 93
Tabela 77 - Perfil da força de trabalho médica envolvida com o SAMU, CNES 2010
SAMU
População Coberta:
Número de Médicos Intervencionistas Necessários com
Regime de 24 horas semanais
Número de Médicos
Reguladores Necessários com
Regime de 24 horas semanais
Número de médicos que
deveriam estar cadastrados no
CNES com Regime de 24 horas
semanais
Número de médicos
cadastrados no CNES
Itapevi 1.049.765 14 18 32 ...
São Paulo 10.990.249 168 95 263 3
Guarulhos 1.325.847 21 18 39 48
Diadema 394.266 0 14 14 5
Mauá 565.370 7 14 21 7
Suzano 390.410 0 14 14 15 Ferraz de Vasconcelos
175.939 0 7 7 4
Itaquaquecetuba 351.493 0 14 14 ...
Osasco 713.066 7 18 25 20
Santo André 671.696 7 14 21 10 São Bernardo do Campo
801.580 7 18 25 10
Taboão da Serra 224.757 0 7 7 9 Fonte: Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Acesso em 09/03/2010
A análise referente aos médicos cadastrados nos SAMU demonstra que de 83 médicos 54% estão em regime
de 24 horas semanais nos SAMU e 39% dos cadastrados têm 3 ou 4 vínculos em outros locais (incluindo o
SAMU).
Gráfico 53 - Número de médicos dos SAMU da RMSP por número de horas registradas nos SAMU
Fonte: Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Acesso em 09/03/2010
1
28
1
20
72
27
0
10
20
30
40
50
60
70
80
8 horas 12 horas 15 horas 20 horas 24 horas 36 horas 40 horas
Nú
me
ro d
e m
éd
ico
s
Número de Horas Registradas no CNES
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 94
Gráfico 54 - Número de Médicos dos SAMU da RMSP por número de locais de trabalho registrados no CNES,
2010
Fonte: Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Acesso em 09/03/2010
Também se extraiu do CNES que a maioria dos médicos trabalha entre 20 e 80 horas semanais, com variação
entre 9 horas e 166 horas semanais.
Gráfico 55 - Número de Médicos dos SAMU da RMSP segmentados por total de horas trabalhadas por semana segundo o CNES,
Fonte: Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Acesso em 09/03/2010
Foram respondidos 6 questionários dos 12 enviados. Entre os resultados analisados, observou-se que o
Município de Taboão da Serra é o único que abrange o mínimo de mão-de-obra estabelecido na Portaria
2.970/08.
18
26
32
23
11 12
6
2 1
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Nú
me
ro d
e M
éd
ico
s
Número de Vínculos
8
29
3432
1210
41 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nú
me
ro d
e M
éd
ico
s
Horas Semanais dos Médicos que trabalham no SAMU mais outros vínculos
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 95
Tabela 78 - Quadro comparativo entre a força de trabalho dos municípios que responderam ao questionário e o preconizado pela Portaria 2.970/08 , 2010
Ferraz de Vasconcelos
São Bernardo do Campo
Taboão da Serra
Mauá Itaquaquecetuba Guarulhos
População Coberta 175.939 801.580 224.757 565.370 351.493 1.325.847
Dia Noite Dia Noite Dia Noite Dia Noite Dia Noite Dia Noite
Telefonista Auxiliar de Regulação Médica
1 1 2 2 2 2 2 2 4 4 4 3
Preconizado pela Portaria
2 1 5 3 2 1 3 2 3 2 5 3
Diferença -1 0 -3 -1 0 1 -1 0 1 2 -1 0
Médicos Regulador 1 1 2 2 1 1 2 2 1 1 2 2
Preconizado pela Portaria
1 1 3 2 1 1 2 2 2 2 3 2
Diferença 0 0 -1 0 0 0 0 0 -1 -1 -1 0
Radio Operador 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 2 2
Preconizado pela Portaria
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Diferença 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Fonte: Questionário aplicado às CRM-SAMU, 2010
Consoante a Portaria 2.048/2002 – que preconiza educação permanente por meio de NEU –, observou-se
que dos SAMU que responderam ao questionário metade possui NEU e todos realizam programas de treinamento
periodicamente.
Tabela 79 – Panorama do treinamento, capacitação e educação continuada no SAMU, 2010
Ferraz de Vasconcelos
São Bernardo do Campo
Taboão da Serra
Mauá Itaquaquecetuba Guarulhos
Programa de Treinamento/Capacitação?
sim sim sim sim sim sim
Quanto em quanto tempo? 01 ano mensal anual semestral mensal trimestral
Possuem Núcleo de Educação em Urgência (NEU)?
sim sim sim não não não
Se possui NEU, é regional? sim não sim ... ... ... Fonte: Questionário aplicado às CRM-SAMU, 2010
3.4.5 Conclusões:
Tendo em vistas o acima exposto, conclui-se que os dados obtidos pelo CNES são subestimados em relação à
força de trabalho. Dentre os fatores que propiciam essa situação podem ser mencionados os seguintes: (i)
utilização de corpo clínico aberto cujo preenchimento do cadastro não segue o rigor devido; (ii) atualização
imprópria do CNES, com incongruências relacionadas à inclusão de colaboradores sem a devida exclusão do
anterior já desligado do SAMU.
Tendo como referência a Portaria nº 2.970/08, verificou-se que a maioria dos SAMU que respondeu ao
questionário não possui número adequado de funcionários para o devido atendimento da população.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 96
Embora a Portaria nº 2.048/02 preconize que o atendimento pré-hospitalar seja treinado por NEU, alguns
SAMU ainda não o fazem.
3.5 Eixo Gestão do Conhecimento
Morris Pimenta e Souza
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 97
3.5.1 Introdução
Atualmente, a informação nas organizações tem um valor cada vez maior. O surgimento de uma
sociedade regida pelo conhecimento alterou as formas de produção de bens e serviços e tornou imperiosa a
necessidade de compartilhar as informações e de educação continuada. (DIB e SILVA, 2006)
O conceito de gestão do conhecimento (KM-Knowledge Management) parte do pressuposto de que o
conhecimento existente é gigantesco e se encontra, na maioria das organizações, na cabeça das pessoas,
enclausurado em suas atividades cotidianas ou pesquisas pontuais (FACHIM et al, 2009). Dessa forma, existe um
imenso vazio que vai além da diferença entre o universo de informações existentes e as de fato conhecidas. A
gestão do conhecimento quer aumentar a velocidade de assimilação dessas informações, a fim de que elas se
pulverizem pelas organizações e pela sociedade, potencializando seu aprendizado contínuo e, conseqüentemente,
seu desenvolvimento.
Nesse sentido, o Observatório de Saúde da RMSP, tem por objetivo, no eixo da gestão do conhecimento,
o mapeamento da produção do conhecimento em saúde dos diversos centros de excelência, desenvolvendo
análises desses estudos e pesquisas e promovendo a articulação entre diversos atores (cientistas, gestores e
profissionais). Com isso, pretende favorecer a apropriação e a reconstrução desse conhecimento, de forma
permanente, pelos profissionais que atuam no atendimento aos cidadãos da RMSP, aumentando a sua autonomia e
qualificando suas ações (ASSUMPÇÃO, 2008).
No que concerne ao tema acidentes de transporte na RMSP, o eixo gestão do conhecimento se
concentrou em descrever a disponibilidade dos dados sobre o tema, bem como entender o que todo o
conhecimento existente sobre acidentes de transporte tem gerado de repercussão no sentido de políticas e
iniciativas de segurança e educação no trânsito, alinhada ao conceito de determinantes de saúde já abordado
anteriormente nesse trabalho.
3.5.2 Métodos
A pesquisa no eixo da gestão do conhecimento buscou inicialmente conhecer o quanto, na era da
sociedade da informação, as secretarias de trânsito ou órgãos de controle viário dos 39 municípios da RMSP, além
do DETRAN/SP, das concessionárias de rodovias e do COBOM, tinham de fato de interface eletrônica de
disponibilização de dados e informações e o quão disponíveis eram essas bases de dados e seus canais de
comunicação.
A partir desse desenho, buscou-se o contato concreto com essas secretarias, a fim de se conhecer as
iniciativas de segurança e educação no trânsito em cada um dos municípios.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 98
Além disso, o eixo procurou conhecer – junto às bases de dados disponíveis, relatórios de gestão,
publicações e informações disponibilizadas por meio eletrônico – quais iniciativas foram concretizadas,
quantificando-as.
Finalmente, considerando que segundo o Código Brasileiro de Trânsito, quando um condutor atinge 20
pontos na em sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou comete uma infração gravíssima, a ele é aplicada a
pena de perda da licença para dirigir com suspensão da CNH, e tendo em vista que o comportamento do condutor
pode ser influenciado por uma política de multas (BASTOS et al, 1999), o eixo buscou as informações de CNH
suspensas no ano de 2009, para traçar paralelos entre a política ostensiva baseada em multas e suas repercussões
no impacto dos acidentes.
3.5.3 Limitações
As limitações da pesquisa no presente eixo foram inúmeras, sendo que muitas delas foram comuns às
limitações já descritas nos outros eixos do Observatório.
Algumas limitações ocorreram pela indisponibilidade das informações. O eixo pretendia inicialmente
conhecer o quanto o tema acidentes de transporte esteve presente nas buscas das bases de dados da Biblioteca
Virtual em Saúde - BVS (www.bvs.org.br), com acesso às principais bases de dados mundiais (Scielo, MEDLINE,
Cochrane, LILACS, entre outras). Entretanto, segundo o contato realizado por via eletrônica em março de 2010,
não existiam estatísticas no sítio de internet que permitissem extrair quantas vezes esse termo foi buscado.
Resposta similar foi obtida no contato direto à base Scielo.
Na fase de análise da informatização dos atores envolvidos no controle dos acidentes de transporte notou-
se grande heterogeneidade dos sítios de internet, sendo que em alguns a interface é de difícil assimilação, com
poucas informações disponíveis. Nessa fase, outra limitação importante enfrentada foi a dificuldade de se
encontrar os canais de comunicação com esses atores, muitos deles sem sítios de internet ou com endereços
eletrônicos incorretos ou ausentes.
Outro fator de destaque é a dificuldade em se encontrar estudos de impacto das atividades de educação
no trânsito realizadas pelos diferentes atores. Em alguns casos, a própria estatística – que utiliza números
absolutos – não deixa claro o quão universais são essas iniciativas e qual o foco principal de suas ações. A Política
Nacional de Trânsito deixa a cargo dos Estados e Municípios quais os focos de atuação para a educação no trânsito,
e a ausência de uma política estadual de trânsito em São Paulo faz com que a abrangência dessas atividades
permaneça mais restrita e seus dados pouco conclusivos.
Foi limitador também a dificuldade em obter o detalhamento das multas aplicadas aos condutores seja no
Município de São Paulo, seja na RMSP para a suspensão das CNH. A ausência desses dados impede que sejam
tecidas considerações mais aprofundadas sobre o comportamento de risco do condutor ou o aumento de
fiscalização de infrações mais leves, como as do Rodízio de Veículos nos horários de pico na capital paulista.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 99
Finalmente, o papel da política foi também grande limitador. Em contatos telefônicos com diversas
secretarias, foi possível notar que o fato de 2010 ser um ano eleitoral pesou na disponibilização de dados. O
argumento de que as diferenças políticas oriundas da dinâmica democrática de alternância de poder dificultavam a
continuidade das ações foi justificativa comum para a pouca iniciativa por parte das secretarias de trânsito em
concretizar políticas mais agressivas de combate ao comportamento não defensivo no trânsito. Dessa forma, o
modelo baseado em educação no trânsito e sinalização adequada foi preterido para o modelo de fiscalização
ostensiva, sustentado pela lógica da punição por meio de multas – grande financiadora, segundo o próprio Código
de Trânsito Brasileiro, da continuidade das ações de sinalização, fiscalização e segurança viárias.
3.5.4 Resultados
Em relação à questão relacionada à disponibilização de informações e canais de comunicação por meio
eletrônico, o eixo da gestão do conhecimento se deparou com uma realidade bastante preocupante, conforme
sintetizado na Tabela 80.
Dos 39 municípios, o contato telefônico é o único de fato disponível em 100% das buscas pelos sítios de
internet, sendo que em alguns casos o contato não é de uma secretaria de trânsito ou transporte e muitas vezes o
acesso não é direto, necessitando de transferências entre ramais e conseqüentes esperas.
Sete municípios (17,9%) não possuem órgão específico de trânsito, ficando nesses casos a cargo da
Circunscrição Regional de Trânsito (CIRETRAN) – que corresponde aos órgãos dos DETRANs nos municípios do
interior dos estados – a responsabilidade de exigir e impor a obediência e o devido cumprimento da legislação de
trânsito no âmbito de sua atribuição.
Tabela 80 - Infográfico de informações disponibilizadas por meio eletrônico por órgão de trânsito e
secretarias de transporte na RMSP, 2009
Fonte: Internet, entre novembro de 2009 e janeiro de 2010
39 Municípios, DENATRAN e COBOM
100% têm telefone de
contato
7 Municípios (17,9%)
não têm órgão específico ou
responsável é o CIRETRAN
Internet
19 (48,7%) possuem
1 sítio indisponível / 2 inexistentes
Contato
Apenas 2 (10%) responderam aos e-mails, sem contudo enviarem dados
Apenas CET e COBOM enviaram algum dado de produção,
DETRAN e Concessionárias disponibilizam poucas informações
no sítio
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 100
Em relação à disponibilidade de informações na internet, apenas 19 municípios (48,7%) possuem correio
eletrônico para contato com algum órgão de trânsito, sendo que 2 não possuíam sequer sítio na internet (Vargem
Grande Paulista, São Lourenço da Serra) e em Pirapora do Bom Jesus o sítio estava indisponível.
Quanto à via de contato, optou-se pela eletrônica, junto às secretarias e os órgãos nos quais esse canal de
comunicação estava disponível. Foi enviado um e-mail contendo um texto padrão, no qual eram solicitadas
diversas informações sobre as iniciativas das secretarias de trânsito, bem como dados sobre os acidentes de
transporte e políticas locais de trânsito. Apenas 2 (duas) Secretarias responderam aos e-mails sem, contudo,
realizar qualquer envio dos dados solicitados. Apenas a CET-SP e o COBOM da PMESP enviaram dados de
produção e as iniciativas de educação no trânsito. Foram obtidos dados também junto às concessionárias de
rodovias do Estado de São Paulo e no DETRAN-SP, por disponibilização em seus sítios na internet, e não por
resposta às solicitações.
Durante a elaboração do presente trabalho, verificou-se que a CET-SP, por meio de sua Gerência de
Educação no Trânsito (GED), desenvolve um trabalho bastante interessante no que tange ao desenvolvimento de
uma cultura de direção defensiva. Sua premissa é de que a educação deva ser tratada em seus diversos aspectos,
propondo-se a ser agente transformador de mudanças comportamentais e de atitudes. Para tanto, a GED
desenvolve uma série de cursos, treinamentos e atividades educativas para os mais variados públicos, bem como
disponibiliza um acervo em sua biblioteca com mais de 20 mil títulos, os quais contribuíram para a realização da
presente pesquisa.
Entre os números apresentados pala GED constata-se- que o foco das ações educativas mudou, sendo que de
2006 a 2009 o número de professores atendidos em seus cursos aumentou em quase 20%. O número de
freqüentadores dos cursos também ilustra essa mudança de foco, uma vez que de 2006 a 2009 o número de
empresas, geralmente de transporte rápido via motocicletas, aumentou 285%.
Gráfico 56 - Número de Atendimentos realizados pela Gerência de Educação do Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego no Município de São Paulo – 2005 a 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
929 911,32
31,72 38,050
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
ate
nd
ime
nto
s
Num. Alunos (x100) Num. Pessoas (x100) Num. Profºs. (x100)
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 101
Gráfico 57 - Número de Freqüentadores dos Cursos realizados pela Gerência de Educação do Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego no Município de São Paulo, 2005 a 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Os números de produção do COBOM da PMESP também são positivos. Destaque para a preocupação nos
últimos anos em formar novos socorristas e para o convênio com um centro importante de desenvolvimento do
conhecimento na área – a Universidade Federal de São Paulo – no intuito de disponibilizar ao COBOM o que há
de mais recente no atendimento às vítimas dos acidentes de transporte. Foram realizadas também algumas
campanhas e treinamentos sobre segurança, nos quais o tema acidentes de transporte era um dos temas abordados.
Contudo, apesar de positivas, essas iniciativas ainda são muito pontuais e necessitariam ser ampliadas para maior
impacto no problema.
Tabela 81 - Atividades de educação para o trânsito - COBOM, 2009
Números de Produção das Atividades de Prevenção de Acidentes – COBOM
Escola Superior de Bombeiros (Franco da Rocha) Formação de Socorristas (300 em 2009) Pesquisa de novas técnicas e equipamentos (imensurável)
Departamento de Operações - Seção de Resgate (São Paulo) Desenvolvimento e teste de novos equipamentos (12 em 2009) Convênio com universidade (UNIFESP) para estágios e reuniões técnicas (04) Reuniões técnicas com SES/SP: 08 reuniões técnicas
Atividade educacional e campanhas de prevenção em 2009 (RMSP): 318 palestras 122 demonstrações para prevenção 108 exercícios simulados de emergência 223 treinamentos sobre prevenção 63 recebimentos de visitas em quartel para orientações preventivas
TOTAL DE ATIVIDADES COBOM 832 atividades preventivas e educativas em 2009
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
Não obstante o louvável esforço do DETRAN-SP e das concessionárias no sentido de criar uma cultura
defensiva no trânsito através de atividades – como o Programa Clube do Bem-Te-Vi, do DETRAN, que já
conseguiu uma importante amplitude de mais de 1 milhão de alunos de 1990 a 2007 – os números obtidos por via
direta através dos sítios de internet desses atores ainda carecem de maior detalhamento, uma vez que trazem
dados de todo o Estado de São Paulo.
267 7590
2.000
4.000
6.000
8.000
2005 2006 2007 2008
Nr.
de
fre
qü
en
tad
ore
s
Num. Alunos Num. Participantes Num. Empresas
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 102
Tabela 82 - Atividades de educação para o trânsito do DETRAN-SP e das concessionárias de rodovias do Estado de São Paulo
Números de Produção das Atividades de Prevenção de Acidentes
(DETRAN e Concessionárias de Rodovias em São Paulo)
DETRAN Programa “Clube do Bem-Te-Vi” (Estado de São Paulo, 1990 – 2007) Estabelecimentos de ensino atendidos: 2.486; Professores/educadores envolvidos: 33.222; Alunos educados: 1.096.454; Municípios visitados: 141 Total de programas realizados: 172
Concessionárias de Rodovias CCR
Estrada para a cidadania Ação criança amiga da estrada
Ecovias De Bem com a via Palestras de segurança
Fonte: Internet, 2010
A análise das suspensões de CNH encontra interface direta com o eixo Condições de Vida e Saúde. Nota-se,
segundo os gráficos abaixo, um trânsito cada vez mais lento, seja por conta de política de transportes voltada ao
transporte rodoviário com número crescente de veículos no decorrer dos anos, seja pelo aumento do índice de
quebra de veículos.
Gráfico 58 - Evolução do número de veículos quebrados segundo tipo de veículo na idade de São Paulo de 2007 a 2009
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Gráfico 59 - Evolução do índice de quebra de veículos (número de veículos quebrados *1000/frota) segundo
tipo de veículo no Município de São Paulo, 2007 a 2009
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
67778158
10420
1029 1126 1233
1888 2191 2621
0
5000
10000
15000
2007 2008 2009
Nr.
de
ve
ícu
los
Automóveis ônibus caminhões
1,69 1,92 2,33
27,40 28,6731,58
14,64 16,2019,56
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
2007 2008 2009
Índ
ice
de
Qu
eb
ra
Automóveis ônibus caminhões
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 103
Gráfico 60 - Evolução da média de velocidade do sistema viário, Município de São Paulo, 2007 a 2009
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Outra consideração que merece ser tecida e que também se inter-relaciona com o eixo Condições de Vida e
Saúde é a de que, apesar do aumento expressivo da frota existente, não houve na capital paulista – segundo os
dados da CET-SP – aumento equivalente do número de acidentes com vítimas, muito menos do número de
acidentes com vítimas fatais de 2005 a 2008.
Gráfico 61 - Comparação entre frota, acidentes e óbitos no decorrer dos anos no Município de São Paulo, 2005
a 2008
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo, Departamento Nacional de Trânsito
e Ministério da Saúde - Sistema de Informações sobre mortalidade do SUS (SIM/SUS)
Dados levantados junto à CET-SP demonstram que o maior número de autuações ocorre durante os dias da
semana, quando há maior fluxo de veículos e maior contingente de agentes de trânsito para efetuar o controle das
vias. Outro dado interessante levantado junto a esse órgão é que o número de acidentes por mil veículos cresce
em uma velocidade muito menor que o número de multas por mil veículos, demonstrando que não existe relação
linear direta entre número de acidentes e número de multas.
2731 30
2218
15
2007 2008 2009
Ve
loc
idad
e e
m K
m/
h
Pico da manhã Pico da tarde
533,26 635,45
253,88277,39
150,5140
0
100
200
300
400
500
600
700
2005 2006 2007 2008Nr.
De
ve
ícu
los
(x10
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Nr.
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(x
100)
e N
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e
ób
ito
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10
Frota(x10000) Acid. c/ vitima (x100) em SP/SP Mortes (x10) em SP/SP
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 104
Gráfico 62 - Distribuição das autuações de trânsito no Município de São Paulo por dia da semana, 2007 a 2009
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo
Gráfico 63 - Evolução do número de multas por 1.000 veículos e acidentes de transporte por 10.000 veículos
no Município de São Paulo, 2007 a 2009
Fonte: Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo e Departamento Nacional de Trânsito
A análise dos dados da suspensão das CNH mostra que o município que mais aplicou tais suspensões foi
São Paulo, perfazendo o montante de 93.228. Contudo, considerando a população de cada município que compõe
a RMSP, nota-se que os municípios da Região do ABC são os que apresentam as maiores relações de CNH
suspensas por habitante.
Gráfico 64 - CNH suspensas no ano de 2008 por Município da RMSP
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo
2007 2008 2009
88,6% 89,0% 88,9%
11,4% 11,0% 11,1%
Dias úteis Finais de semana
27,03
31,76 32,96
15,2116,02 16,22
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
2007 2008 2009
Nr.
De
mu
ltas
po
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00 v
eícu
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iden
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spo
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po
r 10
mil
v
eícu
los
Multas/1000 Veiculos Acidentes/100000 Veiculos
932281106510833
83757552
65214556
343234272844
SAO PAULO
SAO BERNARDO DO CAMPO
SANTO ANDRE
DIADEMA
GUARULHOS
OSASCO
SAO CAETANO DO SUL
CARAPICUIBA
MAUA
TABOAO DA SERRA
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 105
Tabela 83 - Municípios com maior relação de CNH suspensas por habitante na RMSP, 2008
Pos. Municípios CNH
Suspensas Habitantes CNH/Hab
1 São Caetano do Sul 4.556 151.103 30,15
2 Diadema 8.375 394.266 21,24
3 Santo André 10.833 671.696 16,13
4 São Bernardo do Campo 11.065 801.580 13,80
5 Taboão da Serra 2.844 224.757 12,65
14 São Paulo 93.228 10.990.249 8,48
25 Guarulhos 7.552 1.279.202 5,90 RMSP 176.935 19.616.060 9,02
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo e DATASUS
Um ponto que merece destaque foi o papel da Lei nº 11.705/08 – conhecida popularmente como “Lei Seca”
–, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro no intuito de inibir o consumo de bebida alcoólica por condutores
de veículos no Brasil. Verifica-se que no ano de 2008 houve uma tendência crescente de suspensões de CNH na
RMSP e, a partir de julho, com a lei já em vigor, ocorreu uma alteração na tendência do número de acidentes com
vítimas e número de internações.
Gráfico 65- Número de CNHs suspensas no ano de 2008 por mês na RMSP
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo
Gráfico 66 - Evolução do Número de Vítimas não-fatais, óbitos e internações por acidentes de transporte no
Município de São Paulo, janeiro a maio de 2008
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo e DATASUS
14330 1473315695
17390
1667315382
16835
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Nr.
de
CN
H s
usp
en
sas
224555 560 658 817
104 98 123 132 122
18762173
2618 2663 2789
0
1000
2000
3000
4000
jan fev mar abr maiNr.
de
vít
imas
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açõ
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Internações Óbitos vitimas não fatais
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 106
Gráfico 67 - Evolução do Número de Vítimas não-fatais, óbitos e internações por acidentes de transporte no
Município de São Paulo, junho a dezembro de 2008
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo e DATASUS
3.5.5 Conclusões
Na análise do tema Gestão do Conhecimento, constatou-se que ainda existe um grande abismo entre o
teórico – oriundo de seus conceitos – e a prática do que de fato existe. Quando se considera um universo
complexo como dos acidentes de transporte, esse tema torna-se ainda mais difícil.
É consenso nos dias atuais que a Gestão do Conhecimento é fundamental para todas as organizações, sejam
elas públicas ou privadas. Não é mais possível que qualquer organização sobreviva sem ter uma forma de
incorporar às suas práticas o conhecimento produzido, isto é, que as informações disponíveis não sejam coletadas,
analisadas e transformadas em conhecimento incorporado.
Contudo, apesar de fundamental para todas as organizações atualmente, é possível verificar que os diversos
atores envolvidos nos acidentes de transporte precisam aumentar seus esforços no sentido de uma maior
disponibilização das informações e estatísticas em um Sistema de Gestão de Conhecimento de fato. A
disponibilização dos diversos dados para consulta pública seria uma prova de transparência e de compromisso com
a sociedade para um problema tão sério quanto o abordado.
Além disso, idealmente, deveria haver um movimento no sentido de agregar pessoas, a fim de constituir um
grupo qualificado para discutir o assunto, com criação de canais para incorporação das discussões resultantes desse
grupo em políticas alinhadas com o que há de mais recente sendo produzido sobre o assunto. Tal fato seria uma
alternativa mais sustentável do que a que foi constatada, segundo os relatos telefônicos obtidos na pesquisa, de
decisões contaminadas por decisões político-partidárias ou por interesses econômicos de arrecadação por meio de
multas.
Outro ponto importante com que a pesquisa se depara é que, apesar das diversas limitações existentes, há
órgãos com atuação importante no combate ao problema acidentes de transporte pela via da educação para o
trânsito. No entanto, a abrangência de suas ações mereceria ampliação, com maiores estudos sobre o impacto das
811972
831 883 866748 762
126 114 113 112 117 121 118
2472 2390 2457
20561919
2200 2126
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
jun jul ago set out nov dez
Nr.
de
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s
Internações Óbitos vitimas não fatais
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 107
atividades realizadas, bem como carecem de maior visibilidade, uma vez que ficam restritas aos sítios dos órgãos e
aos meios de comunicação institucionais. Nos EUA, segundo dados do CDC - Centers for Disease Control (CDC,
1994, apud MARIN; QUEIROZ, 2000), desde 1966, quando o governo norte-americano determinou como
prioridade nacional a segurança viária, o número anual de mortes por acidentes de transporte diminuiu 21%. Essa
redução foi atribuída a um conjunto de políticas públicas que tinham como base a incorporação de avanços
científicos como os programas de informação pública e promoção de mudanças comportamentais. Destacam-se
também as mudanças na legislação e os avanços de engenharia e tecnologia relacionadas com o trânsito. Essa opção
resultou em veículos mais seguros, práticas conscientes de direção (diminuição da freqüência de condutores
alcoolizados e aumento do uso de cinto de segurança) e vias mais seguras. Associado a isso, houve investimento
para a melhoria nos serviços médicos de emergência e a incorporação de sistemas nacionais de coleta de
informação para o monitoramento rotineiro dos acidentes fatais, a identificação de fatores de risco modificáveis, a
elaboração e implementação de medidas preventivas e a avaliação da efetividade destas (MARIN; QUEIROZ,
2000).
Finalmente, o reflexo da opção rodoviária de transporte fica evidente no incremento da frota e suas
repercussões visíveis em um trânsito cada vez mais lento. Esses fatores acarretam maior estresse do condutor e
propensão a comportamentos de risco no trânsito.
A opção do Estado em investir em uma política coercitiva e inibitória baseada em multas não vem
apresentando proporcionalmente os mesmos efeitos na redução dos acidentes de transporte. Entretanto, é
possível perceber, a partir do aumento do número de CNH suspensas após a chamada “Lei Seca”, que houve uma
inversão de tendência no número de internações e de vítimas não-fatais nos acidentes de transporte.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 108
3.6 Eixo Participação e Controle Social no SUS
Felipe Berg José Alexandre Buso Weiller
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 109
3.6.1 Introdução
Este eixo visa a estimular e desenvolver análises, estudos e pesquisas e conjugar esforços dos conselheiros de
saúde, nos espaços institucionais de articulação entre os diversos atores envolvidos, para o encaminhamento de
soluções dos problemas detectados na construção progressiva do SUS.
A Lei nº 8.142, de 1990, define que a participação da comunidade no SUS é exercida, dentre outras formas,
pelos Conselhos Municipais de Saúde (CMS). Referida lei é regulamentada, entre outros normativos, pela
Resolução Nº 333, de 4 de novembro de 2003, do Conselho Nacional de Saúde, que aprova as diretrizes para
criação, reformulação, estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde (ABERS RN, KECK ME, 2008;
BÓGUS CM, 1998)
De acordo com essa legislação, o direcionamento dos serviços de saúde deve ser realizado de forma
descentralizada, com gestão municipal, e em parceria com a sociedade civil por meio do CMS – instância
deliberativa e paritária, na qual se estabelece a relação entre os representantes dos usuários, dos prestadores de
serviço, do governo, funcionários e profissionais que atuam na área da saúde. Observa-se, no entanto, que,
mesmo representando uma prática recente, os conselhos no Brasil passaram a fazer parte do cenário das decisões,
tornando-se „espaços políticos‟, em que são representados, formal e publicamente, os interesses dos
representantes da população (CORTEZ, SM, 1998)
Nesse contexto, é possível verificar a participação da comunidade no SUS quanto aos problemas relevantes
para a saúde da população, como os acidentes de transporte, a partir da análise da atuação dos CMS. Dessa forma,
o objetivo deste eixo foi verificar a presença do tema “Acidentes de Transportes” nos instrumentos utilizados pelos
CMS para exercer a participação da comunidade, nos municípios da RMSP.
3.6.2 Método
Analisou-se a estrutura dos Conselhos Municipais de Saúde e dos assuntos discutidos em reuniões,
Conferências de Saúde e Planos Municipais de Saúde, a fim de se evidenciar a presença do tema “Acidentes de
Trânsito e/ou Transporte”.
Para a abordagem dos CMS, utilizou-se metodologia de investigação à distância, já utilizada na pesquisa
Monitoramento e Apoio à Gestão Participativa do SUS, a partir de uma demanda da Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (SGEP/MS), para avaliação censitária dos CMS de todo o Brasil,
e que resultou no Projeto ParticipaNetSUS.
Havia quatro entrevistadores para abordagem de 39 CMS. Primeiramente, foi utilizado cadastro de endereços
e telefones dos CMS constante do sítio do Observatório de Saúde da RMSP. Os CMS foram contatados e
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 110
confirmaram endereço, para o qual seriam enviadas correspondências formalizando uma entrevista que se
realizaria por telefone.
Para o desenvolvimento do questionário de entrevista dos Conselhos, também foi utilizada a metodologia e o
modelo de perguntas do Projeto ParticipaNetSUS. O questionário foi composto por 17 perguntas de caráter
informativo sobre a situação atual dos CMS, sendo todas fechadas e objetivas. Uma das perguntas versava
especificamente sobre o tema “Acidentes de Transporte”, conforme abaixo apresentada:
“Considerando a temática „Acidentes de Trânsito‟ pergunta-se:
a. Nos últimos 2 anos, quantas vezes esse tema foi discutido nas reuniões do Conselho?
b. Este tema está/esteve presente no Plano Municipal de Saúde?
c. Há/Houve incentivo a ações ligadas a este tema?”
A cada ligação solicitava-se que o entrevistado fosse preferencialmente o secretário executivo do CMS, e, na
sua ausência, outra pessoa membro do CMS. O entrevistado poderia responder ao questionário por telefone
naquele mesmo momento, marcar outro horário para responder por telefone ou responder ao questionário
enviado por e-mail em Word®. Nesse último caso, realizou-se a disponibilização do telefone e e-mail do
entrevistador para esclarecimento de dúvidas, devendo o entrevistado enviar as respostas para esse e-mail ou para
e-mail do Observatório de Saúde da RMSP.
Solicitou-se, também, uma cópia dos seguintes documentos: (i) Composição do CMS, com a lista de
conselheiros por segmento; (ii) Regimento Interno; (iii) Atas de reuniões realizadas nos dois últimos anos; (iv)
Atas das Conferências que o CMS realizou nos últimos quatro anos; (v) Plano de trabalho da gestão atual; e (vi)
Plano Municipal de Saúde.
A orientação era para que os documentos fossem enviados por e-mail para o endereço eletrônico do
entrevistador, ou em cópia física para o endereço do Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (CEAP/FSP-USP).
Os CMS que não respondessem em uma semana eram contatados novamente, com nova solicitação de envio
do questionário e documentação, e, então, caso não respondessem eram mais uma vez contatados. O número
médio de ligações realizadas para cada CMS foi de 4,1 vezes. Ao fim do processo 32 dos 39 possíveis CMS foram
contatados e entrevistados.
A análise das respostas dos questionários foi realizada de maneira quantitativa. A análise dos documentos
enviados por meio eletrônico foi realizada com ferramenta de localização de palavras dos programas Word® e
Acrobat Reader®. Os descritores buscados foram acidente, transporte e trânsito.
Quando se encontrou algum dos descritores nos documentos, a frase na qual estava inserido era analisada para
verificação de pertinência quanto ao tema acidente de transporte.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 111
A análise dos documentos enviados em cópia física foi realizada por meio de leitura e verificação da presença
do tema acidente de transporte.
3.6.3 Limitações
As dificuldades metodológicas podem ser distribuídas em três grupos: (i) organização dos questionários; (ii)
aplicação dos questionários; e (iii) devolução dos questionários e documentos solicitados. Com relação à
organização dos questionários, houve dificuldade tanto na obtenção de orientação metodológica, como na
formulação da pergunta sobre acidente de transporte no questionário, essencialmente relacionada à adequação e
abrangência. No que tange à aplicação dos questionários, mudanças de gestão interferiram na rotatividade de
funcionários e nas informações disponíveis; houve o recesso de fim de ano, que causou ruptura na continuidade do
envio de informações pelos CMS; a presença de quatro entrevistadores diferentes gerou diferentes níveis de
subjetividade nas entrevistas; e houve dificuldade de padronização do indivíduo entrevistado, muitas vezes em
razão própria indefinição de cargos formais dos indivíduos, ou pela ausência do secretário executivo para
responder ao questionário. Por fim, quanto à devolução dos questionários e documentos solicitados, houve
demora na entrega do material, e sucessivas ligações para mobilização; a documentação enviada muitas vezes
estava incompleta; e não havia definição explícita da maneira de cobrança dos documentos junto aos CMS.
3.6.4 Resultados
Considerando os 39 Conselhos Municipais da RMSP, foi obtida uma participação de 82% (32 questionários
respondidos).
Considerando os 39 municípios e analisando-os em conjunto, verificou-se que (i) dos 26 municípios que
responderam ao item “a”, 5 afirmaram que discutiram o tema “Acidentes de Trânsito” pelo menos uma vez nos 2
últimos anos, enquanto os outros 21 responderam que não discutiram o tema nesse mesmo período; (ii) dos 25
municípios que responderam ao item “b”, 6 asseveraram que o tema “Acidentes de Trânsito” já esteve ou está
presente no Plano Municipal de Saúde e 19 responderam que esse tema não esteve nem está presente no Plano
Municipal de Saúde; e (iii) dos 22 municípios que responderam o item “c”, apenas 1 respondeu que já houve ou há
incentivos ligados ao tema, enquanto os outros 21 responderam inexistir qualquer incentivo ligados ao tema.
Separando-se os municípios de acordo com suas regiões, foi possível mensurar a participação destas nas
entrevistas realizadas. A tabela abaixo apresenta os resultados.
Tabela 84 – Quadro comparativo com as respostas da Questão 12, segundo as regiões de saúde da RMSP, 2009
Distribuição percentual de respostas para os itens da Questão 12, segundo regiões da RMSP
Região n° de municípios Item A Item B Item C
Mananciais 8 50% 38% 50%
Rota dos Bandeirantes 7 71% 71% 71%
Franco da Rocha 5 80% 80% 80%
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 112
Guarulhos 1 100% 100% 100%
Grande ABC 7 29% 29% 14%
São Paulo 1 0% 0% 0%
Alto do Tietê 10 100% 100% 70%
É possível notar a participação de 100% na Região de Guarulhos, o que está intimamente relacionado ao fato
de a região ser constituída apenas pelo Município de Guarulhos, cujo CMS respondeu a todas as questões. A
Região do Alto do Tietê também apresentou elevada participação, assim como a Região de Franco da Rocha e
Rota dos Bandeirantes.
Houve dificuldades no contato com o CMS de São Paulo, o que refletiu na ausência de informações sobre o
tema “Acidentes de Transporte”.
Agrupando-se os municípios por região, é possível verificar os resultados percentuais das respostas positivas
para os itens da Questão 12 apresentados abaixo na tabela.
Tabela 85 Quadro comparativo com as respostas positivas da Questão 12, segundo as Regiões de Saúde da RMSP, 2009
Distribuição percentual de respostas positivas para os itens da Questão 12, segundo regiões da RMSP
Região n° de municípios Item A Item B Item C
Mananciais 8 25% 0% 0%
Rota dos Bandeirantes 7 0% 0% 0%
Franco da Rocha 5 0% 40% 0%
Guarulhos 1 100% 0% 0%
Grande ABC 7 0% 0% 0%
São Paulo 1 0% 0% 0%
Alto do Tietê 10 20% 40% 10%
A baixa proporção de respostas positivas – já verificada anteriormente quando da análise dos municípios
isoladamente considerados – ocorre de maneira relativamente uniforme quando os municípios são analisados por
regiões (proporção de respostas positivas abaixo de 50% em praticamente todos os itens e regiões). Observam-se
algumas respostas positivas para o item “a” nos Mananciais, Guarulhos e Alto do Tietê, para o item “b” em Franco
da Rocha e Alto do Tietê, e para o item “c” no Alto do Tietê.
A região do Alto do Tietê foi a única a apresentar um município cujo questionário revelou resposta positiva
para o item “c”.
Os documentos solicitados aos CMS foram enviados por via eletrônica ou em cópia física, conforme já
explicitado anteriormente, e analisados segundo as tabelas abaixo.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 113
Tabela 86 - Quadro descritivo relacionado a entrega de documentos para a pesquisa com a distribuição absoluta e participação percentual segundo tipo de documento entregue
Distribuição do número absoluto de Municípios que enviaram documentos e percentual em relação ao total de Municípios, segundo tipo de documento
Plano de Saúde 2010
Relatório de Gestão
Atas Conferência Municipal
Número de Municípios que enviaram documentos e percentual dentre o total de Municípios
5 (13%) 1 (3%) 5 (13%) 5 (13%)
Tabela 87 Quadro descritivo relacionando a presença (em %) do tema acidentes de transporte nos documentos fornecidos à pesquisa segundo tipo de documento entregue
Distribuição percentual dos Municípios nos quais consta o tema estudado nos documentos analisados dentre os Municípios que enviaram documentos, segundo tipo de documento
Plano de Saúde 2010
Relatório de Gestão
Atas Conferência Municipal
Consta discussão* (dentre os municípios que enviaram documentos)
100% 100% 80% 100%
*Procura por palavras chave: transporte, trânsito, Acidentes
Os resultados demonstram que poucos municípios enviaram os documentos solicitados, mas, considerando
aqueles que enviaram, o tema “Acidentes de Transporte” aparece freqüentemente nos Planos de Saúde, Relatórios
de Gestão, Atas de Reuniões e Conferências Municipais.
3.6.5 Conclusões
Considerando a participação dos municípios nas entrevistas e suas respostas positivas, verifica-se, com relação
ao item “a”, que houve participação de 67% dos municípios, existindo, contudo, uma proporção menor de
respostas positivas (13%), o que demonstra que provavelmente são poucos os municípios que discutiram o tema
“Acidentes de Trânsito” nas reuniões do CMS.
Os resultados para o item “b” demonstram também uma ausência do tema “Acidentes de Trânsito” nos Planos
Municipais de Saúde (presente apenas em 15%). Esses dados aparentemente indicam uma participação restrita dos
CMS em um de seus instrumentos de atuação com relação ao tema, já que, conforme o disposto na Resolução nº
333, de 4 de novembro de 2003, os CMS devem “definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e sobre
eles deliberar (...)”.
Quanto aos resultados das respostas do item “c”, apenas 1 dos 39 municípios afirmou já ter tido incentivos
para ações no tema “Acidentes de Trânsito”, o que pode indicar que o poder público oferece poucos estímulos às
discussões e ações relacionadas ao tema junto aos CMS.
Quando analisados em conjunto as respostas obtidas e os documentos recebidos, as conclusões obtidas são
relevantes. Apesar de os entrevistados demonstraram uma percepção aparente de que o tema “Acidente de
Transporte” está pouco presente nas discussões dos CMS, os documentos enviados – ainda que em número
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 114
relativamente pequeno – apresentavam o tema “Acidente de Transporte” com freqüência. Essa aparente
incongruência pode sugerir uma falta de integração entre as propostas documentadas e as práticas desenvolvidas
no dia-a-dia dos CMS.
Observada a relevância do tema como um problema de saúde pública, é necessário maior foco por parte dos
CMS e das Secretarias Municipais de Saúde em garantir o exercício da participação da comunidade, tornando o
tema pauta constante das discussões e construções coletivas em saúde.
Análise dos acidentes de transporte na Região Metropolitana
de São Paulo segundo os eixos do Observatório de Saúde Página 115
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