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Andando na Verdade
Enfrentando nossas dúvidas . . . . . . . 1
ì A Serviço do ReiO veneno da amargura . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
O discipulado e a palavra do Mestre . . . . . . . 5
Motivados a orar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
“Amém” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Nós não vamos embora . . . . . . . . . . . . . . . 12
í A FamíliaO casamento é digno de honra . . . . . . . . . . 14
A busca por saídas . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
O relacionamento de casamento . . . . . . . . 19
A família: guiando nossos amados . . . . . . . 20
î Na Casa de DeusFilhos de Abraão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
A igreja que Jesus construiu . . . . . . . . . . . . . 22
ï Escrito para o Nosso EnsinoVinde ao monte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Se alguém fala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Palavras cruzadas: Levítico 1 - 9 . . . . . . . . . 28
ð O Poder de Deus para a SalvaçãoQue prédios maravilhosos . . . . . . . . . . . . . . 30
A ilusão do conhecimento . . . . . . . . . . . . . . 31
Meu Pai me ama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
A tradição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Uma história incrível (1) . . . . . . . . . . . . . . . 35
Uma história incrível (2) . . . . . . . . . . . . . . . 37
ñ Desafios e DúvidasTolerância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Prontos para responder . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Premilenarismo: as promessas . . . . . . . . . . . 43
Buscando Deus no lugar certo . . . . . . . . . . . 44
A verdade sobre o batismo . . . . . . . . . . . . . 47
Distribuição Gratuita — Venda Proibida
3 João 4 Ano 4 Número 4 Outubro-Dezembro 2002
Nunca Compreenderemos!Ficamos admirados com os avanços da ciência e tecnologia. Pesquisas
de DNA abrem cada vez mais o entendimento do corpo humano e até
da história humana. Cada missão ao espaço traz um pouco mais de
conhecimento do nosso universo. Pesquisas nos oceanos revelam cada
vez mais sobre os ecosistemas da Terra. O homem continua
desvendando os mistérios do nosso mundo.
Mas antes de se parabenizar demais, qualquer pessoa deve reconhecer
como o nosso conhecimento, mesmo com todo o progresso científico da
época moderna, ainda é extremamente limitado. Parece que cada
resposta levanta mais dez perguntas. Cada teoria científica se divide em
vários modelos possíveis.
Salomão observou atentamente as maravilhas deste mundo e disse:
“Então, contemplei toda a obra de Deus e vi que o homem não
pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; por mais que
trabalhe o homem para a descobrir, não a entenderá; e, ainda
que diga o sábio que a virá a conhecer, nem por isso a poderá
achar” (Eclesiastes 8:17).
Certamente, devemos usar a
inteligência que Deus nos deu
para entender, gozar e cuidar
do mundo em que ele nos pôs.
Mas devemos abordar os
mistérios do universo com
humildade, pois a busca pelo
entendimento nunca chegará ao
fim. Pesquisamos, estudamos,
criamos teorias e agimos
conforme o nosso
conhecimento. Mas, afinal, só o
Criador deste universo o
compreende perfeitamente. Se
formos realmente sábios,
procuraremos conhecer Deus
acima de sua criação.
Andando na Verdade é publicada
trimestralmente e distribuída gratuita-
mente a pessoas interessadas no
estudo da palavra de Deus. Alguns
dos artigos foram traduzidos por
Arthur Nogueira Campos, Heather
Allan e Megan Allan e usados com
permissão de seus autores e
redatores. Os autores retêm os
direitos ao próprio trabalho.
Redator: Dennis Allan, C.P. 60804,
São Paulo, SP, 05786-990.
E-mail: dennis@br.inter.net
Estudos Bíblicos na Internet:
www.estudosdabiblia.net
Andando na Verdade 1
Enfrentando nossas dúvidas
Injustiça, tristeza e calamidade estão ao nosso redor, freqüentemente atingindo
as nossas próprias vidas. Pessoas boas e até crianças inocentes sofrem de
doenças graves. Acidentes e assaltos tiram vidas de jovens, apagando os
planos de suas vidas promissoras. Traições por parte de outros causam danos
enormes nas vidas de suas vítimas. Perseguições dificultam e até ameaçam a
vida de servos de Deus. Sem dúvida alguma, o mundo está cheio de injustiça.
Devido à dor da vida terrestre, muitas pessoas duvidam da bondade de Deus e até
negam a sua existência. Freqüentemente ouvimos o triste comentário: “Eu não
consigo acreditar num Deus que permitiria acontecer tal coisa”. Estas dúvidas, até
crises de fé, são comuns, desafiando até os mais dedicados servos de Deus.
Um bom exemplo, e um que nos guia em como lidar com as nossas próprias
dúvidas, se encontra no Salmo 73. Por favor, pegue a sua Bíblia e leia este Salmo
e continue consultando-o durante a leitura deste artigo. Antes de examinar a
mensagem, observe a estrutura do Salmo. Duas expressões marcam transições
importantes nos pensamentos de Asafe, o salmista. As palavras “Com efeito”
iniciam os versículos 1 e 13. A expressão “Quanto a mim” aparece no 2 e 28.
“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração
limpo” (1). Asafe começa com a sua crença fundamental sobre a
bondade de Deus para com os justos. É isso que ele acreditava, e que
queria afirmar neste Salmo. Deus cuida dos justos e os trata bem.
“Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés, pouco faltou
para que se desviassem os meus passos” (2). Asafe queria
acreditar na bondade de Deus, mas não foi fácil. Ele explica, dos
versículos 2 a 12, os motivos de sua crise espiritual. Viu os perversos
prosperando enquanto pessoas justas, como ele, sofriam todo tipo de opressão.
O que adianta ser fiel a Deus se os ímpios são abençoados e os justos,
amaldiçoados? Asafe quase desistiu.
“C om efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as
mãos na inocência” (13). A conclusão de sua própria experiência
contrariou totalmente a sua tese original. Todo o esforço dele foi
desperdiçado. Apesar de toda a sua dedicação ao Senhor, ele sofria
constantemente (14). Nestes versículos, Asafe chega ao fundo do poço. Não há
motivo para servir a Deus. Mas, espere aí! No versículo 2 ele usou as palavras
“quase” e “pouco faltou”. O que segurou Asafe para que não caísse totalmente
da fé? A resposta vem nos versículos críticos deste Salmo:
“Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de
teus filhos. Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada
2 2002:4
tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim
deles” (15-17).
Observamos três fatos importantes nestes versículos:
ì Asafe teve o bom senso de não expor as suas dúvidas aos mais fracos
(15). A fé de incontáveis recém-convertidos tem sido ameaçada ou derrubada
por palavra irrefletidas de “irmãos mais maduros”. Paulo disse: “Acolhei ao que
é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões” (Romanos 14:1).
Devemos falar “unicamente a que for boa para edificação” (Efésios 4:29).
í Ele foi humilde e reconheceu as suas próprias limitações (16). Ele
tentou compreender os motivos das injustiças no mundo, mas percebeu que ele
não tinha a capacidade de entender tudo. Os amigos de Jó teriam feito bem se
tivessem a mesma humildade quando procuraram explicar o sofrimento daquele
homem justo. Nós devemos abordar qualquer assunto que envolve as obras de
Deus com esta atitude. Jamais compreenderemos todas as suas obras
(Eclesiastes 8:17), e ele não tem obrigação nem motivo para nos revelar tudo
(Deuteronômio 29:29). Devemos aceitar as nossas limitações.
î Ele resolveu o seu problema de fé quando buscou ao Senhor (17). O
problema não foi resolvido pela ciência, pela lógica, nem pela filosofia humana.
Asafe nem diz que ele chegou a compreender o porquê de tudo que o
incomodava. A ênfase não está no que ele conheceu, mas em quem ele
conheceu! Ele jamais resolveria suas dúvidas alimentando a amargura ou
deixando se levar pelas suas emoções: “Quando o coração se me amargou
e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante;
era como um irracional à tua presença” (21-22). Não temos condições de
discutir com Deus, pois os pensamentos dele são muito superiores aos nossos
(Isaías 55:9). Mesmo sendo incapazes de compreender toda a sabedoria de
Deus, podemos aprender a confiar nele: “Quem mais tenho eu no céu? Não
há outro...” (25; veja João 6:68).
Asafe aprendeu, pelo menos, a diferença entre a perspectiva humana e a divina.
Quando ele olhou para as coisas da própria experiência de vida, ele quase perdeu
a sua fé. Mas quando ele pensou na perspectiva eterna de Deus, ele viu que, no
fim, a justiça prevaleceria e os ímpios seriam devidamente castigados (17-20,27).
“Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus
ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (28).
Asafe enfrentou as suas dúvidas, achou as respostas necessárias em
Deus, e restabeleceu a sua fé. De fato, é bom estar com Deus, porque ele “é
bom para como...os de coração limpo” (1).
Dennis Allan
São Paulo, SP
Andando na Verdade 3
ì A Serviço
do ReiVivendo como seguidores
de Cristo
O veneno da amargura
Aamargura é um veneno que pode se desenvolver e crescer dentro de uma
pessoa – até quase despercebida por ela mesma. Acredito que seja uma
ferramenta que Satanás usa como armadilha para apanhar até mesmo
aqueles que têm trabalhado arduamente para livrar suas vidas de muitos outros
pecados. O apóstolo Pedro falou da amargura como um veneno quando
repreendeu o ex-feiticeiro. Ele disse: “pois vejo que estás em fel de
amargura e laço de iniqüidade” (Atos 8:23).
A condição de Simão não era exclusiva dele. Nenhum de nós está imune a seu
veneno. Esposos são advertidos a não tratar suas esposas com amargura
(Colossenses 3:19). Ainda que o escritor inspirado não mencione
especificamente a possibilidade, eu não tenho dúvida de que as esposas podem
desenvolver amargura para com seus esposos. Certamente, se um pai deixa de
atender às instruções do apóstolo para evitar desencorajar seus filhos,
provocando-os à ira (Colossenses 3:21), eles provavelmente desenvolverão
amargura para com ele.
Os pregadores são ótimos candidatos para esta condição venenosa. Ainda que
a maioria dos pregadores seja bem tratado pelos outros irmãos, ocasionalmente
não o são. Expectativas excessivas do pregador ou de sua família podem causar
ressentimento que, se ele não for cuidadoso, conduzirá à amargura. Ou um
pregador poderá esperar que seus irmãos vivam de acordo com suas
4 2002:4
expectativas, e quando não o fazem, ele fica desencorajado. Muitos homens
capazes têm perdido sua influência, alguns até mesmo perdendo a fé, depois de
serem vencidos pela amargura para com seus irmãos.
Os idosos (e aqueles que estão se aproximando da velhice) parecem ser
especialmente suscetíveis à amargura. Talvez a perda de energia, capacidades
diminuídas, problemas de saúde e a percepção (real ou imaginária) de que a
geração mais jovem não nos aprecia abram a porta para a amargura.
Amargura é a “propriedade ou característica de severo, de áspero, de
intransigente” (Dicionário Houaiss). Ela pode ser provocada por um número de
circunstâncias, inclusive: desencorajamento, desesperança, inveja e ciúme.
O Novo Testamento tem várias coisas a dizer sobre esta atitude:
ì Ela precisa ser afastada (Efésios 4:25-32). O apóstolo Paulo lista-a entre
muitos outros pecados, e entre aqueles que entristecem o Espírito Santo.
í É ligada a maldição (Romanos 3:9-18). Cristãos que nunca amaldiçoariam
verbalmente podem ser culpados de “maldição virtual” por sua demonstração de
amargura. Isto pode ser apenas em pensamento mas, se não for reprimido, afinal
se manifestará em aspereza.
î É um veneno espiritual (Atos 8:18-23). Como já foi notado, a Simão — que
ao se tornar cristão tinha se arrependido de sua feitiçaria — foi dito que sua
amargura era seu veneno que o tinha amarrado pela iniqüidade. Subitamente,
sem a atenção das massas, talvez ele tenha ficado ciumento do poder dos
apóstolos para conceder o Espírito Santo pela imposição de suas mãos.
ï Ela pode brotar despercebida (Hebreus 12:12-17). Leia estes versículos e note
como o escritor de Hebreus nos conta que precisamos estar “atentando,
diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça
de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos
perturbe...” (12:15). Se não for reprimida ela pode apoderar-se de nós tão
poderosamente que, como Esaú, poderemos não encontrar lugar para o
arrependimento, mesmo se o quisermos.
É uma coisa identificar um problema, e outra prover um remédio. Aplicando as
Escrituras, eu acredito que podemos vencer este vilão em duas frentes. Primeiro,
poderemos ajudar a preveni-lo em outros evitando o que o promove. Por
exemplo, a amargura de um esposo pode ser diminuída pelas atitudes e
comportamento da esposa (Efésios 5:25, 28, 33). A amargura dos pais pode ser
minimizada se os filhos obedecerem (Efésios 6:1-3), e é menos provável que os
filhos se tornem amargurados se os pais ouvirem a Deus (Efésios 6:4;
Colossenses 3:21).
Andando na Verdade 5
Todos os cristãos deverão fazer um esforço combinado para não serem
desencorajamento para outros. Os cristãos mais jovens, no seu entusiasmo e
zelo, precisam não deixar a geração mais velha para trás. Eles precisam entender
que “mudança” (ainda que esteja dentro da autoridade) é perturbadora para os
idosos. Leve-os gentilmente. Cristãos mais velhos precisam aceitar que sabem
de cor que a mudança é inevitável, e enquanto for espiritual, pode até ser
desejável. Não “afogue o espírito” do jovem para que ele não se amargure.
Você pode ajudar um pregador a evitar cair na fossa da amargura sendo um
encorajamento para ele nos seus esforços para ensinar aos perdidos e edificar
os santos. Trate-o como o irmão que ele é, antes que um empregado da igreja
que pode ser contratado e despedido à vontade. Sabendo que inveja e ciúme
promovem amargura, deveremos evitar alardear poder, posses, ou qualquer
outra vantagem que tenhamos sobre outros.
Em segundo lugar, precisamos combater a amargura em nós mesmos resistindo
a ela ativamente. Corte pela raiz! Trate-a como qualquer tentação. Comece
reconhecendo Satanás como a fonte de atitudes amargas. Quando os sintomas
aparecerem, estude e medite nas Escrituras em vez de se entregar à auto-
piedade. Busque regozijar-se com aqueles que são mais abençoados do que
você. Substitua a inveja pela alegria. E mais do que tudo, ore por ajuda. A
amargura tem potencial para consumir uma pessoa e drenar-lhe a
espiritualidade; e como Satanás gosta disso!–por Al Diestelkamp
11º de uma série de artigos sobre a evangelização
O discipulado e a palavra do Mestre
Entre as últimas diretrizes que Jesus deu aos seus apóstolos, ao enviá-los ao
mundo, estava a ordem: “Fazei discípulos de todas as nações” (Mateus
28:19). Nesta altura da minha exposição sobre a comissão apostólica, estou
esforçando-me por reunir e discuitr as passagens do Novo Testamento que
esclarecem de algum modo o significado do discipulado. Da última vez,
analisamos Lucas 14:25-35. Desta vez passamos para o evangelho de João, que
contém três ou quatro passagens de especial importância para o assunto.
Como frisam os léxicos gregos, o emprego que o Novo Testamento faz da
palavra mathetes (discípulo) vai de uma referência estreita e limitada aos
6 2002:4
apóstolos (por exemplo, “os seus doze discípulos” – Mateus 10:1) até o sentido
mais abrangente de “toda a multidão dos discípulos” (Lucas 19:37; veja 6:17),
às vezes aparentemente encerrando todos os que se ligavam a ele, ouvindo os
seus ensinamentos, ainda que o compromisso deles fosse superficial. O
evangelho de João distingue essa multidão de discípulos superficiais daqueles
que desejavam ser, verdadeiramente, seus discípulos.
Devemos começar no capítulo 6 de João. Observe que a “numerosa multidão”
que seguiu a Jesus para o lado leste do mar da Galiléia distinguiu-se no primeiro
momento de “seus discípulos” (João 6:2-3,5,8,12 e, especialmente, 16-17, 22-
24). A alimentação milagrosa dos cinco mil estimulou a multidão, cuja conclusão
foi que ele era “verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo”
(6:14), com a conseqüência de que “estavam para vir com o intuito de
arrebatá-lo para o proclamarem rei” (6:15). Jesus, portanto, agiu
rapidamente para separar os seus discípulos desse entusiasmo equivocado, e os
compeliu a atravessarem o mar de barco (6:15-21; veja Marcos 6:45). A multidão
logo o seguiu, entretanto, e achou Jesus numa sinagoga em Cafarnaum (6:22-
25,59). Mas Jesus reconheceu a motivação materialista no ato de o buscarem
(6:26), e o ensino que se seguiu na sinagoga tratava da verdadeira natureza de
sua missão e obra, tendo o efeito de desafiar a profundeza do compromisso
desse povo, peneirando a multidão.
A multidão tropeçava com a noção de um Messias que daria sua vida para
conceder vida eterna aos que o recebessem (6:48-59). Queriam o pão físico que
sustentaria a vida por um momento. Eles não queriam, de forma alguma, o pão
pelo qual poderiam viver para sempre.
Na grande crise resultante, a palavra discípulo é aplicada num sentido mais
abrangente (6:60-61,66). Apesar dos maiores esforços de Jesus, “muitos dos
seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele” (6:66).
O abandono foi tão completo que Jesus até se voltou aos doze com a triste
pergunta: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” (6:67).
Mas Pedro foi rápido em responder: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as
palavras da vida eterna” (6:68).
Eu trouxe você até aqui para concluir que os verdadeiros discípulos têm um
compromisso de todo o coração com as palavras de vida de Jesus Cristo.
Encontraremos essa conclusão expressa em tantas palavras quando lemos João
8:31.
Dessa vez, o conflito de Jesus com os judeus aconteceu na Judéia. O assunto
era, mais uma vez, a missão e a natureza de Jesus. João diz que “muitos
creram nele” (8:30). Agora escute: “Disse, pois, Jesus aos judeus que
Andando na Verdade 7
haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois
verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará” (8:31-32).
Observe: esses crentes eram crentes não-salvos — ainda não estavam “ livres”.
Eram escravos do pecado, como Jesus continua explicando (8:33-34). Os que
afirmam que aquele que recebe a vida eterna por meio de uma crença interior,
que não incluiu atos de obediência, devem prestar atenção.
Observe, também, que os verdadeiros discípulos agem de acordo com a palavra
de Jesus. Aliás, andar de acordo com a palavra é uma condição para sermos
discípulos “verdadeiros”.
Então devemos dizer sem rodeios, arriscando até ofender alguns, que os que
tomam o nome “cristão” devem ser discípulos de verdade. Aqueles que
defendem a salvação sem cumprir a vontade revelada por Deus não tem nenhum
direito de se chamar cristãos. Os “discípulos” foram chamados de cristãos nas
Escrituras (Atos 11:26).
Se esses defensores da “graça fácil” são ignorantes, devem aprender. Se estão
fingindo, devem ser condenados. Qualquer que seja o caso, devem arrepender-
se ou enfrentar o julgamento despreparados.–por L. A. Mott, Jr
“Senhor, ensina-nos a orar” (23º de 24 artigos)
Motivados a orar?
Motivar cristãos a orar? Parece estranho, não é? Entre todas as pessoas
que não precisariam de motivação para orar, os cristãos não
precisariam. Contudo, por várias razões, precisamos ser motivados a
orar mais freqüentemente e mais fervorosamente. Há várias passagens que
ajudarão a encorajar-nos a orar melhor, cada uma delas com a sua própria
instrução. Contudo, para mim uma passagem sobressai – 1 Timóteo 2:1-7:
“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações,
intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor
dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que
vivamos vida tranqüila e mansa, com toda a piedade e respeito. Isto é
bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por
8 2002:4
todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos. Para isto
fui designado pregador e apóstolo (afirmo verdade, não minto), mestre
dos gentios na fé e na verdade.”
Exortados por Paulo
Paulo escreve a Timóteo, para que este se conduza corretamente e cumpra
o seu serviço em Éfeso (veja 3:14-15). É interessante notar que Paulo
começa ensinando as pessoas a orar (2:1), e orar corretamente (2:8). A
importância da oração é evidenciada pelo fato que Paulo começou com esta
instrução. Se era o ponto de partida para Paulo, Timóteo e mesmo para os
apóstolos (veja Atos 6:4), certamente a importância da oração não pode ser
exagerada.
Várias circunstâncias da vida
Devido a ambientes, tempo e lugar, as pessoas se acham em várias
circunstâncias. Não somente são pessoas diferentes umas das outras, até
mesmo as circunstâncias na vida de uma pessoa podem mudar, algumas
vezes drasticamente. Ambos estes fatos pedem vários tipos de orações. Paulo
alista três tipos de orações em sua breve instrução a Timóteo (2:1). Súplicas são
petições específicas a Deus pelas suas próprias necessidades. Conquanto
devamos guardar-nos contra orar egoistamente (Tiago 4:3), é certo pedirmos por
nossas legítimas necessidades e desejos. Intercessões são orações a Deus pelas
necessidades de outros. As aplicações das intercessões por outros são
incontáveis, e muitas delas mencionamos freqüentemente. Isto nos ajuda
também a olhar além de nós mesmos e focalizar em outros. Ações de graças
são, naturalmente, dar graças a Deus pelas bênçãos recebidas dele. É
vergonhoso ser ingrato (Lucas 17:17-18; Colossenses 3:15). Contudo, isto inclui
ações de graças “por todos os homens” – irmãos, família, amigos e
igualmente inimigos. Qualquer destes pode ser um desafio para a vida fiel de
tempos em tempos, por isso precisamos ser cuidadosos. Há tanto em nossas
próprias vidas e nas vidas de outros pelo que orar que precisamos estar ativos!
Todos os homens precisam orar
Já comentamos brevemente sobre várias circunstâncias que deverão motivar-
nos a orar. Agora, passamos a várias pessoas que precisam de nossas
orações. Paulo especifica duas: reis e todos aqueles que têm autoridade (2:2).
Podemos entender facilmente isto considerando o peso das responsabilidades que
acompanham tais posições. Também é interessante notar que isto foi escrito
Andando na Verdade 9
durante o tempo do cruel e depravado governante Nero. Se Paulo instruiu os
cristãos a orar por alguém como ele, certamente podemos orar por nossos chefes
civis hoje! Paulo precedeu isto, porém, com “em favor de todos os homens”.
É fácil orar por aqueles que são bons para nós (Mateus 5:46-47). Paulo não pára
aqui. Orar por “todos os homens” incluirá tais pessoas como parentes rabugentos
e irritadiços, vizinhos antipáticos ou patrões abusadores. Deverá incluir até aquele
cristão fraco sentado do lado de lá, ou aquele irmão maçante que nos amofina
constantemente. Deverá incluir até aquele colega de trabalho que insiste em “nos
cutucar” até que percamos a paciência. Como vemos, irmãos e irmãs, quando
realmente paramos para pensar nisso, há tantas pessoas pelas quais deveríamos
orar, começando por nós mesmos. Temos tanto que orar, não é mesmo?
Vidas tranqüilas e pacíficas
Paz de espírito e de vida, que mercadoria cara em nossos dias! Oração
habitual e fervorosa contribui para ambas estas coisas. Nosso Deus a quem
servimos pede aos seus filhos que orem persistentemente a ele (Lucas 11:5-
13; 18:1-8). Quando orarmos de acordo com sua vontade (1 João 5:14-15), Deus
ouvirá o transbordar de nossos corações. Este transbordar pode ser por nossos
próprios pecados, para resistir à tentação, por sabedoria, ou pode ser apenas
porque não temos ninguém mais para quem possamos apelar! Podemos colocar
nossos cuidados sobre ele porque ele cuida de nós (1 Pedro 5:7).
Podemos ter paz interior, mas também tranqüilidade exterior. Em sua
providência, Deus vê as necessidades de seus filhos fiéis. Isto inclui provisão e
proteção. Não significa que nunca teremos tempos duros ou desafios à nossa fé,
mas que temos um Deus que está em comando completo e que preservará seus
filhos fiéis (João 10:28-29). Então, deixe os desafios das circunstâncias virem
como puderem; orações fiéis, fervorosas valem muito para uma vida pacífica e
devotada (Tiago 5:16; 1 Timóteo 2:2).
Bom e aceitável por Deus
Deus sabe o que é melhor para nós (Deuteronômio 6:24). Ele sabe o que
precisamos antes que o peçamos a ele (Mateus 6:32). Então, por que ele
nos instrui a orar? Porque ele sabe que é melhor para seus filhos
comunicar regularmente suas necessidades e desejos a ele! Agradamos a Deus
quando oramos como deveríamos; o que isto sugere se oramos de outro modo?
Nossa meta como cristãos é “seu inteiro agrado” (Colossenses 1:10; 2
Coríntios 5:9). Ele sabe os benefícios que recebemos da oração e se agrada
quando tiramos vantagem plena das bênçãos que ele oferece quando oramos
com fé.
10 2002:4
Cristo, nosso mediador
Um mediador é alguém que trabalha em benefício de outro. Cristo é nosso
Mediador com Deus. Sua mediação foi inicialmente cumprida em sua
crucificação, mas estende-se além disso. Temos um simpático Sumo
Sacerdote que nos ajudará (Hebreus 2:10-18). Ele vive sempre para fazer
intercessão por aqueles que vêm a Deus através dele (Hebreus 7:22). Assim
como Jesus foi ouvido em sua oração (Hebreus 5:7), assim Deus promete ouvir
e responder às orações de todos os seus filhos fiéis (1 Pedro 3:12). A
permanência ainda de Cristo como nosso Mediador serve como incentivo final
(do nosso texto) a orar freqüente, fervorosa e fielmente.
Conclusão
Motivações para orar: o que mais precisamos? Encerro com um incentivo
final. “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder
que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por
todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:20-21).
–por Richard J. Boone
“Senhor, ensina-nos a orar” (24º de 24 artigos)
“Amém”[Nota: Muitos dos antigos manuscritos e traduções recentes não incluem as
palavras de louvor a Deus e o amém encontrados na conclusão do modelo de
oração, na versão comumente aceita. Contudo, o fato que estas palavras são tão
familiares é razão bastante boa para incluir este artigo prático por Paul Earnhart,
escrito no meio dos anos sessenta. – Sewell Hall, redator da revista na qual este
artigo foi publicado originalmente.]
Oque aconteceu com o “banco do amém”? Posso lembrar-me quando a
assembléia de adoração dos cristãos nunca deixava de ressoar com um
coro entusiástico de “améns” na conclusão de uma oração; e a
pregação, também, era pontilhada com a mesma confirmação em voz grave. Os
irmãos pareciam se unir, deste modo, nas orações e na pregação. Era isto só
uma moda passageira, deixada para trás numa época mais sofisticada? Ou tem
algum fundamento nos exemplos bíblicos?
Andando na Verdade 11
Talvez os irmãos nos anos passados nem sempre usassem a palavra
devidamente, entretanto estou confiante que eles tenham demonstrado um
entendimento muito maior da palavra do que nós. Para muitos cristãos, hoje, ela
se tornou um tipo de campainha verbal para dar sinal do fim de uma oração
pública. Que infelicidade!
A palavra amém não vem de nossa língua. Ela foi levada como uma palavra
hebraica para o Novo Testamento grego e daí para as versões em outras línguas.
Ela vem de uma palavra hebraica que significa “apoiar” ou “estar firme”. A partir
desta idéia inicial, ela veio a ser usada no sentido de “verdadeiro, fiel, ou certo”.
Isaías fala do “Deus da verdade” ou literalmente, “o Deus do amém” (Isaías
65:16). Jesus, no Apocalipse, fala de si como “o Amém, a testemunha fiel e
verdadeira” (Apocalipse 3:14).
No começo de uma frase, o “amém” dá força à verdade dessa afirmação, como
quando Jesus diz: “Em verdade, em verdade” ou “amém, amém, te
digo...” (João 3:3). No fim de uma declaração, ela dá confirmação, significando
“será assim” ou “que seja assim”, como no escrito de Paulo, quando ele diz:
“Agora ao nosso Deus e Pai seja a glória, para todo o sempre, amém.
Os filhos de Israel tinham a ordem de Moisés para dizer “amém” quando as
maldições de Deus sobre os desobedientes eram repetidas pelos levitas, na terra
de Canaã (Deuteronômio 27:15-26). Todos eles disseram “amém” e “louvaram
ao Senhor” quando Davi lhes disse, num salmo, que dessem graças ao Senhor
(1 Crônicas 16:36).
Todos disseram “amém” quando Neemias lhes disse que parassem de cobrar
juros altos e chamou-os a prometer isso (Neemias 5:13). Todos eles disseram
“amém, amém” quando Esdras, ao abrir o livro da lei de Deus para lê-lo para
eles, bendisse o Senhor, o grande Deus (Neemias 8:16). Fazendo isso, o povo
de Deus se unia aos seus juramentos e alianças, ainda que elas realmente
fossem ditas apenas por um ou por uns poucos. E o agradecimento de um
homem e o louvor a Deus tornavam-se os de todo o povo. Eles se
comprometiam com o que era falado na presença deles.
O Novo Testamento reflete a mesma prática pelos cristãos. Falando de alguém
orando em uma língua estrangeira, o apóstolo Paulo diz: “Como dirá o
indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende
o que dizes” (1 Coríntios 14:16).
Pela declaração de Paulo é evidente que deste modo os cristãos primitivos
participavam ativamente das orações públicas. Tendo prestado atenção
12 2002:4
cuidadosa às palavras do irmão que estava orando, eles faziam da oração dele
a sua própria, dizendo “amém, assim seja”.
Eles não eram espectadores distraídos numa apresentação pública. Eles estavam
envolvidos ativamente e comprometidos. Eles tinham que entender a oração
para que pudessem dizer “amém” honestamente, com confiança.
Que contraste é a resposta dada a uma oração pública entre muitos cristãos de
hoje. Ao irmão que está dirigindo a oração é deixado que cuide dos seus próprios
interesses. Se ele não diz “amém” às suas próprias petições, sua suplicação ao
Senhor será saudada apenas por um silêncio de pedra ou, quando muito, por
uns poucos débeis “améns”, sussurrados temidamente. Isto reflete o padrão do
Novo Testamento? Eu sei que apenas declamar a palavra “amém” não fará de
nós, sumariamente, o tipo do adorador que deveríamos ser, mas a consideração
pensativa desta prática dos cristãos primitivos pode realmente ajudar a mudar
nosso espírito de espectador.
Serão as orações que são pronunciadas por irmãos escolhidos, em nossas
assembléias, nossas orações, também? Unimo-nos a eles? Estamos envolvidos?
Então: “Digam-no os remidos do Senhor” (Salmo 107:2).–por Paul Earnhart
Nós não vamos embora
“Não ensinem no nome de Jesus! Não falem nada em nome dele!” Foi
este o mandamento do Sinédrio dos judeus para Pedro e João
depois dos apóstolos ensinarem no templo sobre a morte e
ressurreição de Jesus Cristo (Atos 4:18). Estes antigos pescadores, porém,
continuaram a ensinar a respeito de Jesus. De fato, todos os apóstolos
continuaram a servir como testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo, para
que o Sinédrio, mais uma vez, agisse e os colocasse na prisão (Atos 4:33; 5:14-
18). O Sinédrio estava furioso e gostaria de até matar aqueles professores
problemáticos, mas temeram a reação das pessoas comuns (Atos 5:27-33).
Estes líderes mandaram açoitar os apóstolos e, mais uma vez, os mandaram não
falar em nome de Jesus (Atos 5:40).
Por que o Sinédrio estava tão ansioso em silenciar estes homens? O
ensinamento dos apóstolos incomodou o Sinédrio da mesma maneira que os
ensinamentos pessoais de Jesus Cristo haviam deixado os líderes religiosos com
raiva. O Senhor identificou a sua hipocrisia e os mostrou como líderes cegos. Ao
invés de mudarem o seu comportamento, eles planejaram matá-lo e finalmente
Andando na Verdade 13
o colocaram numa cruz romana. Depois de sua ressurreição e ascensão, os
apóstolos, que foram guiados pelo Espírito Santo, continuaram a proclamar o
evangelho do reino.
O sumo sacerdote judeu e o resto do Sinédrio descobririam que estes doze
homens que Jesus chamou para serem testemunhas não “iriam embora”.
Precisaria de mais que ameaças e açoites para silenciar estes homens. De fato,
a sua determinação para ensinar e pregar a mensagem de Jesus Cristo foi
compartilhada por outros discípulos primitivos que foram espalhados pelas
perseguições judaicas, mas continuaram a proclamar o evangelho onde quer que
fossem (Atos 8:1-4).
Estes cristãos incômodos! Conforme ensinaram os princípios do reino dos céus,
eles condenavam comportamento pecaminoso. Pregaram contra o
homossexualismo (Romanos 1:26-32; 1 Coríntios 6:9-11), roubo (Efésios 4:28),
palavras vãs (Efésios 5:3-5; Colossenses 3:8), bebedices (Gálatas 5:21), lascívia
(Gálatas 5:19), etc. Muitas pessoas que queriam continuar em tais
comportamentos sem crítica muitas vezes ressentiam a pregação do evangelho.
Há aqueles, nos dias de hoje, que gostariam de silenciar as vozes que pregam da
Bíblia sobre a necessidade da conduta justa. As organizações que promovem
homossexualismo não querem ouvir que o comportamento homossexual é agir
de acordo com paixões infames (Romanos 1:26). Os que são promíscuos
sexualmente não querem que alguém pregue que tal comportamento é
destrutivo para os indivíduos envolvidos (1 Coríntios 6:18) e para a sociedade no
geral. Os gananciosos e socialmente injustos não querem ouvir a respeito de sua
responsabilidade para com seus vizinhos (Romanos 13:8-11; Gálatas 6:10).
Porém, nós não vamos embora. Eles podem tentar silenciar a mensagem; eles
podem tomar os prédios de igrejas, fazê-las pagar impostos e, de uma maneira
geral, dificultar as nossas vidas, mas continuaremos a pregar a mensagem da
justiça porque é a verdade de Deus e a única maneira pela qual os homens
podem ser salvos dos seus pecados.–por Allen Dvorak
Estudos Bíblicos na Internet (Grátis):
www.estudosdabiblia.net14 2002:4
í A Família
Servindo a Cristo no Lar
O casamento é digno de honra
Hebreus 13:4 diz que: “Digno de honra entre todos seja o
matrimônio, bem como o leito sem mácula...” É isso que Deus diz
na sua Palavra. Não é isso que a sociedade diz. O versículo continua
dizendo, “porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.
"Entre todos” pode significar “entre todas as pessoas, “entre todas as coisas” ou
“total ou completamente”. O “matrimônio” está livre das sanções de ascetismo por
um lado e de comportamento lascivo da libertinagem do outro. “O leito” – e o
relacionamento de confiança e amor que ele simboliza (Efésios 5:21; 1 Pedro 3:1-
8) – deve ser respeitado e colocado como prioridade, “digno de honra”.
Deus julgará aqueles que o desonrem por impureza sexual geral ou relações
sexuais extramatrimoniais, “impuros e adúlteros”. Isso inclui os que têm casos
extraconjugais (1 Coríntios 6:9-10). Inclui “matrimônios” que jamais deveriam ter
sido consumados por causa de divórcios e segundo casamentos antibíblicos
(Mateus 19:9). Inclui aqueles que mantêm relações sexuais em “relacionamentos
a longo prazo” sem o compromisso do casamento, pois são relações imorais.
Inclui aqueles que são sexualmente imorais, mesmo sendo “maiores de idade”
consentindo aos atos de fornicação (Gálatas 5:19-21). Inclui aqueles que estão
em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, mesmo que alegam ser
“monógamos e comprometidos” (Romanos 1:26-27).
O julgamento de Deus virá sobre todos esses como também os outros
relacionamentos significantes que evitam o casamento, o relacionamento lícito
de “marido e mulher”. Se quiser ter uma relação íntima dentro da vontade de
Deus, você tem de fazê-lo num relacionamento heterossexual, comprometido e
Andando na Verdade 15
amoroso, monógamo e matrimonial (Gênesis 2:24; Mateus 19:9; Efésios 5:31).
Ignorar até as leis de estados civis a respeito da solenidade dos votos
matrimoniais a favor de “sabemos que estamos comprometidos um ao outro"
não escapará o julgamento de Deus (Romanos 13:1).
Agora tal relacionamento no “matrimônio” deve ser “honrado por todos”. Há uma
honra muito grande em estar casado. Eu sei que o casamento é um remédio
amargo para alguns, cujas expectativas eram egoístas ou irreais. Eles ficaram
desapontados que o “matrimônio” não cumpriu todas as suas fantasias douradas
de todos os seus sonhos dourados, que a outra pessoa, com quem estão casados,
não é igual a eles de todas as maneiras e às vezes é intolerável e insuportável.
O casamento é como um investimento na bolsa de valores a longo prazo, com
altas e baixas pelo caminho. Mas é digno de honra se comprometer com uma
pessoa para toda a vida, crescer juntos e interdependentes, construir o
relacionamento com amor e dependência, envelhecer juntos e enfrentar o
inverno da vida juntos. É um vôo menos romântico do que uma jornada cheia
de desafios com topos de montanhas e o sol do deserto no caminho.
Mas alguns perguntam: “O que há de tão importante no casamento? Não vejo
como um pedaço de papel pode fazer tanta diferença”. Estes mesmos críticos
sabem a importância de uma carteira de habilitação, a certidão da escritura da
sua casa, os documentos do carro em seu próprio nome, afirmando que o carro
foi totalmente pago, o boletim de escola do seu filho, o consentimento a receber
tratamento médico, o cartão do CPF, o extrato bancário e inúmeros outros
“pedaços de papel” que formalizam, obrigam e simbolizam um relacionamento.
Alguns dizem “Mas olha para as estatísticas ruins sobre o matrimônio!" A taxa alta
de divórcio que é freqüentemente citada é assustadora. E, deixe-me fazer a
pergunta: Quais são as estatísticas de falha de uniões extramatrimoniais, outros
relacionamentos não-matrioniais, e o grupo de “Eu não estou em nenhum
relacionamento no momento, mas eu já estive no passado”? Resumindo, qual
a porcentagem de falha daqueles que odeiam o “pedacinho de papel”? A minha
suspeita é que a taxa de falhas destes relacionamentos seja bem maior do que
a taxa de divórcio.
"É saber que a sua porta está sempre aberta e seu caminho livre para andar...”
Meu “saco de dormir dobrado e guardado atrás do seu sofá” pronto para mim
quando me canso de você e te deixo, mas você estará “bem na minha mente”.
A música de John Hartford, um símbolo da visão dos anos 60 a respeito do
casamento, odiava estar “algemado por alianças e palavras esquecidas, por
manchas de tinta que se secaram na mesma linha”. O próximo amante está
esperando, talvez no fim da linha de trem, enquanto o anterior está “nas ruas do
16 2002:4
interior ao lado dos rios da minha memória que te mantém bem na minha
mente.” Então havia o “cantaremos no sol, vamos rir todos os dias, cantaremos
no sol, então eu me vou.” Traduzido, “Honraremos o amor livre, usar um ao
outro para prazer sexual em fornicação, aproveitar, e aí procurar outro sol”. Isto
é algo “digno de honra”? Ponha isso em contraste com o eterno “Você é o meu
sol, meu único sol, você me faz feliz, quando o céu está escuro; você nunca irá
saber, querida, o quanto eu te amo, por favor não tire o meu sol de mim”.
Vamos considerar a “honra” que deve ser dada ao casamento. A palavra timios
no grego é traduzida como “precioso” ou “caro” em outros textos. Por exemplo,
a fundação da cidade santa em Apocalipse 21:19 tem “pedras preciosas”. O
sangue do Cordeiro perfeito de Deus, pelo qual nós somos redimidos dos nossos
pecados, é “precioso” (1 Pedro 1:19). As promessas de Deus que nos motivam
à piedade são “preciosas” (2 Pedro 1:4). Jesus, como a pedra viva e pedra
angular, é “precioso” (2 Pedro 2:4-6). O “espírito suave e manso” de uma mulher
cristã piedosa é “precioso” aos olhos de Deus (1 Pedro 3:4). E o “matrimônio e
o leito matrimonial” são timios também. Não precisa de um estudioso para ver
o valor que Deus dá ao casamento.
Considerem características honráveis do matrimônio: Î A honra de obedecer ao
mesmo Criador (Gênesis 1:26-27; 2:24). Ï A alegria de viver fora de si mesmo em
uma parceria amorosa. Ð A alegria da intimidade completa– sexual, emocional e
espiritual. Ñ A segurança de um padrão de relacionamento provado através do
tempo. Ò A sabedoria de viver corretamente. Ó Os prêmios de confiança e amor
sem egoísmo. Ô A satisfação das necessidades mais profundas da humanidade.
Õ Um ambiente bem-sucedido de apoio para passar pelas provas da vida juntos.
Ö O exemplo para as gerações futuras e estabilidade social. × Uma resposta
madura às obrigações de viver em harmonia um com o outro.
O matrimônio é para adultos. É trabalho sério. É uma lembrança contínua do
significado de manter a sua palavra. Meus pais colocaram a sua certidão de
casamento num quadro na parede do seu quarto. Eu lembro bem disso. Papel
creme, letras enfeitadas, redondinhas, tinta vermelha dos lados, uma sombra de
perfil de um homem e uma mulher, virados um para o outro, e palavras sérias
sobre o que haviam feito e quando haviam feito. Eu olhava para isso como
criança e me perguntava “por que colocaram esta coisa na parede aqui? Eles já
sabem que são casados. Não é como se fosse um prêmio ou algo assim.” (Eu
sei, criança estranha). Mas era um “prêmio” para eles por mais de 41 anos. Para
eles não era apenas um pedacinho de papel. Enquadrava todo o seu jeito de lidar
um com o outro e eles jamais queriam esquecer disso.
É assim com o matrimônio. Para aqueles que odeiam as “algemas” do
casamento e as correntes que os unem, eu digo “AMADUREÇAM!" Às pessoas
Andando na Verdade 17
insatisfeitas com seus casamentos: Parem de procurar “o lado mais verde da
cerca”, “amor mais livre” e “ligações sexuais perfeitas”. Considerem o
matrimônio da maneira que Deus o pretendeu. Ele não exige que todos se casem
nem condena aqueles que continuem solteiros. Ele não dá honra a todos os
casamentos apenas porque os dois dizem “Eu aceito”. Mas aqueles que têm o
direito de casar, que amam profundamente e sem egoísmo, que se
comprometem “para toda a vida” um ao outro, nutrindo o seu relacionamento
em temor ao Senhor, estes serão abençoados. E no fim do tempo, quando vocês
tiverem vivido bem, amado bem e servido ao Criador juntos, vocês o ouvirão
dizer “Vocês honraram o casamento e assim fazendo, me honraram e vingaram
a minha vontade num mundo cheio de pecados. Bem feito, servos bons e fiéis.
Entrem na paz do seu Senhor.” Não dá para ser melhor que isso.
–por Don Alexander
A busca por saídas
Deus quer o que é melhor para nós, e por isso ele nos tem dado um regime
de lei. O favor gracioso de Deus é encontrado em cada mandamento e
cada proibição. Os seus estatutos são “para o nosso perpétuo bem”
(Deuteronômio 6:24; 10:13). Devemos andar por fé (2 Coríntios 5:7). “Confia
no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio
entendimento” (Provérbios 3:5).
Em Marcos 10:11-12, Jesus ensina, “Quem repudiar sua mulher e casar com
outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e
casar com outro, comete adultério.” Esta é a regra geral do casamento e
divórcio. Há uma exceção dada para aquele que se divorcia de um cônjuge infiel
(Mateus 19:9; 5:32) “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas”. Se
não tivesse dado esta exceção, a regra geral sempre se aplicaria. Nunca devemos
mudar a exceção para que ela se torne a regra geral. Quando aplicamos os
princípios bíblicos, podemos ou lidar com a palavra da verdade corretamente (2
Timóteo 2:15) ou torcer as Escrituras para a nossa própria destruição (2 Pedro
3:16). A cláusula de exceção de Mateus 19:9 nunca foi pretendida como uma saída
para alguém que estivesse procurando fugir do seu compromisso.
Pergunta: Uma pessoa que se divorciou de seu cônjuge ou consentiu no
divórcio por outros motivos sem ser a fornicação pode se casar novamente, sem
pecar, quando o seu cônjuge comete a fornicação depois do fato?
Talvez gostaríamos de responder sim, ou, pelo menos, dar um voto de confiança,
em casos onde a pessoa em questão lutou contra o divórcio antibíblico e lutou
18 2002:4
a cada passo do caminho para manter o casamento unido. Os nossos pêsames
podem estar com ele mais ainda se o seu cônjuge pediu um divórcio para se
juntar a outra pessoa. Mas tais casos não não estão sob consideração neste
artigo. A pessoa em questão aqui, longe de contestar um divórcio antibíblico, ou
iniciou-o, ou concordou.
A nossa resposta deve ser não, pelos seguintes motivos:
ì O divórcio em si era errado (Mateus 19:6; 1 Coríntios 7:10-11). O novo
casamento soma o pecado e piora ainda mais a situação (Mateus 19:9).
í Quando uma pessoa se divorcia por outros motivos, a não ser a fornicação,
ela põe uma pedra de tropeço no caminho do seu cônjuge e é parcialmente
responsável por qualquer adultério futuro que o cônjuge possa cometer (Mateus
5:32). Como poderia ele fingir ser uma vítima inocente e maltratado da vergonha
causada somente pelo seu cônjuge, e usar isso como justificação de um novo
casamento? (Romanos 3:8; Judas 4; Romanos 6:1-2). Quando o seu pecado
resulta na violação da aliança do casamento por outra pessoa, você nega
qualquer pretexto para um novo casamento por estar errado. Duas coisas
erradas não fazem outra certa!
î A fornicação, por si só, não é motivo para o novo casamento. Muitas pessoas
têm perdoado os cônjuges infiéis e consertaram os seus casamentos. Somente se
separar-se por causa de fornicação é permitido que a pessoa prejudicada se case
novamente (Mateus 19:9). Quando se separar por outro motivo, ambas as pessoas
negam qualquer apelo legítimo a esta única exceção. A regra geral se aplica.
ï De fato, Lucas 16:18, por implicação, culpa ambos os cônjuges originais em
relação ao novo casamento na regra geral. Mas “quem repudiar a sua mulher
e casar com outra", como também a terceira pessoa "que casa com a
mulher repudiada pelo marido", cometem adultério. Pessoas que se
divorciam e tentam esperar até o outro cometer adultério não acham aqui
nenhuma esperança de um novo casmento aprovado.
ð Quando uma pessoa se separa do seu cônjuge em violação da vontade de
Deus, ela tem apenas duas opções (1 Coríntios 7:10-11): (a) permanecer sem se
casar, ou (b) reconciliar-se. Casar novamente não é uma opção legítima.
Não devemos brincar com as Escrituras Sagradas (Gálatas 6:7-8; Números
32:23). Não procure uma saída quando não há nenhuma. Esta vida é curta
demais, e a eternidade longa demais para agir de uma maneira irresponsável e
sem cuidados em relação a palavra de Deus.–por Mike Wilson
Andando na Verdade 19
Feitos à imagem de Deus: leia e responda
O relacionamento de casamento:Amor, amizade, comunicação, perdão
! Efésios 5:25 (veja Mateus 5:44)ì Quando o marido não ama a sua esposa, o que ele deve
fazer?
í “O amor é um mandamento.” Você concorda com estaafirmação ou não? Explique a sua resposta e aimportância de entender este princípio.
! 1 Coríntios 13:1-8ì Aplique estes ensinamentos sobre o comportamento do
amor aos papeis do homem e da mulher no casamento.
! Mateus 18:15-17ì Quando surgirem conflitos no casamento, temos direito
de ficar bravos sem falar nada com o nosso par?
! Mateus 6:12-15 (veja Mateus 18:21-35)ì Descreva a importância do perdão no relacionamento
conjugal.
í Qual a conseqüência de recusar perdão ao cônjuge?
! 1 Pedro 3:7; Tito 2:5ì Desobediência aos mandamentos de Deus sobre os
papéis de maridos e esposas trará qual prejuízo espiritual?
! Marcos 10:9; 1 Coríntios 7:10-11ì Como o entendimento do fato de que não há saída (lícita)
do casamento nos ajuda quando enfrentamos problemasconjugais?
– por Dennis Allan
20 2002:4
Feitos à imagem de Deus: leia e responda
A família:Guiando nossos amados para o céu
! Efésios 6:4; 1 Pedro 3:7ì Como estes dois versículos mostram que a
responsabilidade maior do homem é espiritual – paraencorajar o desenvolvimento espiritual da sua esposa edos seus filhos?
! Mateus 6:21-34; 1 Timóteo 6:17-19ì Numa sociedade voltada ao materialismo, como
podemos ensinar nossos filhos a valorizarem as coisascelestiais?
í Muitos pais colocam muita ênfase numa boa formação,num bom emprego, num salário bom, etc. Converse comoutros pais sobre o perigo de focalizar coisas deste tipo.
! Tito 1:5-9; 1 Timóteo 3:1-13ì Considere as qualificações de presbíteros e diáconos
como modelos para nossas famílias. O que podemosaprender sobre:
a. O homem?
b. A mulher?
c. Os filhos?
d. A ligação entre o serviço na família e o serviço naigreja?
í É possível ter uma família como encontramos nessestrechos? Como?
– por Dennis Allan
Andando na Verdade 21
î Na Casa
de DeusA Igreja no Plano do Senhor
Filhos de Abraão
Jeová disse repetidamente aos israelitas que eles eram um “povo
escolhido”, um povo de “propriedade especial” de Deus (Êxodo
19:5-6; Deuteronômio 7:6), e estas mesmas expressões são aplicadas ao
povo de Deus em Cristo, Israel espiritual (1 Pedro 2:9; Tito 2:14). Aqueles que
obedecem ao chamado do evangelho, que vêm para a comunhão com Deus em
Jesus Cristo, são o povo de Deus num sentido “especial”.
Estudantes da Bíblia (ou mesmo da História secular) estão cientes de que muitos
dos judeus estavam exaltados em orgulho por um tratamento especial – que eles
chegavam a ver sua posição como superior em virtude de linhagem – e
esqueciam de que sua raça fora desenvolvida e escolhida por um propósito
específico, isto é, para trazer Cristo ao mundo (Gênesis 12:3; Gálatas 3:16-29).
A responsabilidade individual e nacional de ser fiel a Deus era obscurecida por
orgulho de “identidade”. “Temos por pai a Abraão” (Mateus 3:7-9), uma
“identidade” que se tornara somente externa, e perdera seu significado interior
e verdadeiro.
Se os judeus, e aqueles que declaram ser israelitas espirituais, lerem
Deuteronômio 7:7-8, esta afirmação significativa desanimaria o falso orgulho.
“Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis
mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os
povos, mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento
que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa e vos
resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito”.
22 2002:4
Deus não os escolheu por serem numerosos. Israel, vocês eram o menor de
todos os povos; cristãos, vocês estavam perdidos no pecado, sem esperança,
quando Cristo morreu por vocês (Romanos 5:8; Efésios 2:1,11-13). Quão
facilmente o homem esquece sua dependência de Deus! A igreja cresce e
louvamos o produto da misericórdia, em vez do Deus que tornou a igreja
possível.
Somos escolhidos porque Deus amou suas criaturas; amou-as tanto que deu seu
Filho para morrer pelos pecados delas (João 3:16). Quantas vezes usamos esta
passagem para algo que não seja uma refutação do erro da “fé somente”?
Foi o amor de Deus pela humanidade caída que iniciou sua aliança e promessas
a Abraão – que uma nação especial seria construída e que em seu descendente
(singular, Cristo) seriam “abençoados todos os povos” (Gálatas 3:8-16). A
passagem em Deuteronômio 7 conta aos judeus que eles eram os “escolhidos”,
não para glorificação de uma raça, mas para a bênção de todos os povos em
Cristo.
Precisamos lembrar incessantemente o povo de hoje que ele também foi
escolhido e preparado para um propósito específico: glorificar e promover aquele
Cristo que os judeus “escolhidos” deram ao mundo. E esta “nação” pode perder
seu significado espiritual; seus cidadãos, exaltados com orgulho por
exterioridades, podem perder completamente seu propósito.
“Somos a igreja”, alguém brada; e eu ouço o eco. “Temos Abraão por nosso
pai!” Aprenderemos jamais que ser “fiel ao partido” ou “permanecer com o
edifício” não é o mesmo que ser fiel a Cristo?
–por Robert Turner
A edificação da igreja do Senhor
A igreja que Jesus construiu
Durante o seu ministério público, o nosso Senhor anunciou a sua intenção
de construir (edificar) a sua igreja (Mateus 16:15-18). Certamente, ele
não pretendia construir uma estrutura tipo catedral (um prédio de
“igreja”); ele planejava chamar os pecadores por meio do evangelho para
experimentar a salvação pela sua graça (2 Tessalonicenses 2:13-14; Efésios 1:6).
Todos aqueles que respondessem ao convite divino seriam “chamados”, ou seja,
chamados para sair do mundo. De fato, a palavra grega traduzida como “igreja”
Andando na Verdade 23
no Novo Testamento significa exatamente isto – um grupo de pessoas que foram
chamadas para sair.
Este aspecto do plano de redenção de Deus foi colocado em ação no primeiro
dia de Pentecostes depois da morte e ressurreição do Senhor. Os apóstolos
pregaram a mensagem da salvação, e as pessoas responderam, sendo batizadas
em Cristo para o perdão de seus pecados (Atos 2:22-47). Todos que
responderam de maneira semelhante nos dias seguintes tornaram-se parte
deste grupo de pessoas “chamadas”, conhecido como a igreja.
Muito tempo passou desde os eventos gravados no livro de Atos e muitas coisas
aconteceram em relação a história religiosa. Ao invés de uma igreja que Jesus
estabeleceu, há uma grande multidão de igrejas de todas as variedades. Enquanto
existem algumas semelhanças entre estes grupos religiosos, as diferenças entre
elas são surpreendentes. Elas têm diferentes formas de governo (organização),
missões diferentes e formas diferentes de louvor. As doutrinas que são ensinadas
por todas estas igrejas podem variar muito e há conflito óbvio entre o que uma
igreja ensina e o que outra igreja ensina. Os nomes diferentes usados pelos grupos
religiosos servem apenas para enfatizarem as suas diferenças.
Há uma indicação clara no Novo Testamento de que Jesus nunca pretendia a
situação religiosa atual. Deve ser muito triste para aquele que orou que todos os
seus discípulos gozassem da mesma união que ele e seu Pai (João 17:20-23)
testemunhar a confusão que existe hoje em dia. É evidente que o Senhor
pretendia que a mensagem de salvação não fosse mudada (Gálatas 1:6-9).
Obviamente, ele pretendia que os seus discípulos posteriores louvassem da
mesma maneira que os primeiros membros da igreja louvavam (veja, por
exemplo, 1 Coríntios 11:23-34).
“Mas o mundo de hoje é diferente”. Está certo que vestimos de maneira diferente
do que as pessoas do primeiro século no Oriente Médio e que temos tecnologia
avançada, mas a natureza do homem não mudou, nem a sua necessidade pela
salvação. Será que nos tornamos sofisticados demais para o tipo de religião que
Deus prescreve? Durante os séculos que têm passado desde o estabelecimento
da igreja do Senhor, os homens têm deixado a tradição alterar e acrescentar
àquilo que é ensinado no evangelho de Cristo. Quem está disposto a amputar
tal crescimento cancerígeno e voltar ao cristianismo do Novo Testamento?
Temos o ensinamento dos apóstolos e profetas inspirados no Novo Testamento.
Podemos descrever a organização, missão e louvor da igreja primitiva quando
lemos as Escrituras. Não só é possível voltar ao ensino e à prática simples de
igreja primitiva, como é absolutamente necessário (2 João 9)!
–por Allen Dvorak
24 2002:4
ï Escrito para o Nosso Ensino
Lições valiosas do Antigo Testamento
Vinde ao monte
Teria Isaías 2:2-3 profetizado o estabelecimento da igreja? Antes de
responder, leia novamente, outra vez e mais outra.
“... acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será
estabelecido...” O QUE será estabelecido? “... o monte da Casa do
SENHOR...” O QUE?? “... o monte da Casa do SENHOR...”
“... e para ele afluirão todos os povos”. A linguagem é muito clara. “Ele” se
refere ao “monte”. QUAL monte? Ora, o monte “da Casa do SENHOR”. O povo
de Deus (casa ou família) é considerado, mas a ênfase óbvia recai sobre o
monte, para o qual estes povos afluirão.
Leia o próximo versículo: “Irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos
ao monte do SENHOR, e à casa do Deus de Jacó...” e alguém dirá: “Aí
está, disse casa de Deus,” com o que eu concordaria. Mas é o monte que está
para ser estabelecido. É o monte do SENHOR, o monte do povo ou da casa dO
SENHOR, para o qual todas as nações afluirão. Fazendo assim elas se tornam,
e são associadas, com o povo de Deus, mas vêm ao monte.
Não é uma massa de povo chamada monte. A estrutura da sentença não permite
esta interpretação e, além disso, observe os outros termos usados para identificar
o assunto. “... para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas
Andando na Verdade 25
suas veredas: porque de Sião sairá a lei e a palavra do SENHOR, de
Jerusalém”.
Esta passagem diz que o monte de Deus será estabelecido em Jerusalém. Agora,
esta passagem informa a respeito da igreja? Eu creio que sim! Mas a ênfase recai
sobre o que faz da igreja o que é, e não sobre o povo como um partido.
O monte é estabelecido “no cume dos montes” ou “sobre os outeiros”. A
importância é considerada, e não a altitude. O monte de Deus está acima,
superior a todos os outros montes. Isto é muito semelhante à profecia de Daniel
(2:31-45) e a pedrinha que golpeou a imagem de ouro, prata, bronze, ferro e
argila. Estes impérios mundiais (babilônio, persa, grego, romano) foram
superados pela pedra, que se tornou um grande MONTE, representando o reino
de Deus. Diferente do “domínio dos homens” o domínio de Deus “não será
jamais destruído; este reino não passará a outro povo” (2:44).
O reino messiânico foi estabelecido, feito operante, em Jerusalém (Atos 2) e
“todas as nações” começaram a afluir para ele. Para O QUE? Para o domínio
soberano ou autoridade de Deus em Cristo. Se você puder ler Atos 2 sem
preconceito, isto é exatamente o que se torna aparente. O derramamento do
Espírito foi explicado (com Joel 2) como a sinalização do tempo da libertação
pelo Messias; então Jesus de Nazaré foi citado como o aprovado pelas
maravilhas e sinais divinos, agora cumprindo a profecia de Davi sendo
ressuscitado para “sentar-se no seu trono” (Atos 2:22:35). Portanto... “Esteja
absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus,
que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (Atos 2:36).
A igreja, então como agora, consiste naqueles que “vêm ao monte”.
–por Robert Turner
Se alguém fala
“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus...” (1
Pedro 4:11). Essa é a maneira de Deus falar: “fale onde a Bíblia fala e
cale-se quando ela silencia.” Não temos direito de falar sobre assuntos
espirituais a menos que possamos fazê-lo com a autoridade de Deus “para que,
em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo” (1
Pedro 4:11b).
Qualquer que seja a autoridade que estejamos usando é o padrão pelo qual
medimos se um ato é certo ou errado. Presbíteros e pregadores que se
26 2002:4
equivocam nos assuntos, que expressam dúvida sobre a veracidade de alguma
escritura, ou que raramente permitem às Escrituras falar em suas reais decisões,
produzem membros espiritualmente fracos. Membros espiritualmente fracos
quase sempre se tornam membros moralmente fracos.
Atos religiosos precisam ser medidos pela autoridade de Deus; a autoridade dele
é a única que conta. Ele tem a autoridade e assim sua palavra tem autoridade:
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” disse Jesus em sua
oração a seu Pai (João 17:17). Pedro acrescentou que “... pelo seu divino
poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à
piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para
sua própria glória e virtude” (2 Pedro 1:3). Aqueles que dizem que não
importa o que cremos estão fundamentalmente desorientados e confusos. Pois,
se não importa o que cremos, importa se cremos?
O direito de dizer uma coisa ou de fazer uma coisa tem que vir de Deus.
“Autoridade”, do ponto de vista do homem, significa o direito de agir. Nós não
“estabelecemos” esta autoridade, no sentido de instituí-la. Isto é negócio do
Senhor e ele já o fez. Nossa tarefa é averiguar ou descobrir a autoridade que ele
estabeleceu. Temos que descobrir a autoridade de Deus antes que um ato possa
ser certo.
Há sete coisas que dificultam o descobrimento da autoridade e nos impedem de
falar as “declarações de Deus”:
ì Baixa prioridade para a leitura da Bíblia. Permitimos que coisas
demais nos distraiam da leitura constante das Escrituras. Se a Bíblia contém
“todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2 Pedro 1:3), mal
podemos ignorá-la ainda que por um dia. As igrejas são fortes onde a leitura
diária da Bíblia é encorajada e onde a leitura pública das Escrituras é praticada
(1 Timóteo 4:13).
í Falta de conhecimento pessoal, objetivo. Em Oséias 4:6, Deus
diz, “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento”.
Sempre foi a falta de conhecimento aplicado que fez com que Israel cometesse
suicídio espiritual. Pode-se estar certo de que se trata de falta de conhecimento
bíblico sólido quando se ouve o seguinte:
! Quando a opinião é posta no lugar do estudo bíblico sólido. Em vez
de dizer, “Como Paulo disse...” dizemos, “Eu penso...” Há um lugar para
opinião, porém não quando é para descobrir a autoridade de Deus.
! Quando confiamos em ensinamento passado, em vez de estudo
recente. Não há nada de errado com a lembrança de bom ensinamento
do passado, mas precisamos constantemente revisar e refrescar nossas
mentes.
Andando na Verdade 27
! Quando colocamos sentimentalismo no lugar de fé. Dizemos “Eu
sinto...” em vez de “Eu sei...”
! Quando confiamos no conhecimento de outras pessoas.
Conhecimento emprestado do ponto de vista de outras pessoas, em vez
de aprendido por nós mesmos. Eu tenho realmente ouvido pessoas
dizerem: “Eu creio em qualquer coisa que o irmão Fulano disser sobre
o assunto”. É perigoso e tolo depositar tal fé em qualquer homem.
! Quando seguimos pontos de vista adotados, porém nunca
confirmados pessoalmente. “Eu não sei, mas meu pregador diz...” “Meu
pai me ensinou... que é bom para mim!” “Se for bom o bastante para
mamãe.” Não há autoridade no homem; tudo se baseia em Deus.
î Satisfação com respostas preparadas ou dirigidas,
preenchimento de espaços em branco ou respostas múltipla escolha, em
vez de pensar cuidadosamente sobre os assuntos. Em Marcos 12:24, Jesus disse
aos saduceus que eles não entendiam nem as Escrituras, nem o poder de Deus.
Se um professor numa aula bíblica, numa igreja média, perguntar o que “graça”
significa, ele provavelmente receberá a resposta, “favor não merecido”. Mas o
que é favor não merecido? E é isto tudo o que significa? Nossa palavra deve ser
sempre com “favor não merecido”? (Colossenses 4:6).
ï Colocar a tradição em lugar da verdade (João 5:39-40; Mateus
15:1-8). Igrejas freqüentemente têm práticas de costume (horários de estudos,
seqüência do culto, etc.) que poderiam ser mudadas sem contrariar a verdade.
ð Sentir-se confortável com “religião empacotada” –
pensamento denominacional ou afiliação a uma “igreja certa” – em vez
de fé pessoal. Muitos irão para o inferno porque deram à busca da “igreja certa”
pouco ou nenhum pensamento (eles ignoraram autoridade neste assunto). Por
outro lado, nenhuma alma entrará no céu porque estava numa igreja forte. A igreja
local é designada a assisti-lo em seu esforço para satisfazer seu natural desejo de
justiça pessoal (Mateus 5:6), não para se tornar um substituto para isso.
ñ Arrogância e orgulho. Há alguns que pensam que sabem tudo. Eles
estão acima do estudo de suas lições, porque “já sabem”. Eles justificam a falta
de estudo e de participação em aulas especiais porque são “experientes”.
Nenhuma aula e nenhum professor tem bastante capacidade para ensinar-lhes,
porque já sabem de tudo. Eles são orgulhosos até a medula e esse orgulho os
levará à sua destruição pessoal (Provérbios 16:18; 18:12). A arrogância
rapidamente se torna ignorância (Hebreus 5:11-12). Como pode alguém olhar
para a Bíblia e dizer, de cara limpa, “Não tenho mais nada que aprender.” Isso
é extrema ignorância.
28 2002:4
ò Desonestidade e motivos ocultos. Os escribas e fariseus eram
notórios por tentarem pegar Jesus em armadilhas. Eles vieram em várias ocasiões
para “testá-lo”. Há irmãos que nasceram com o mesmo espírito. Quando fazem
uma pergunta, é para obter uma vantagem, vencer um ponto, não é para descobrir
a verdade. Se nosso alvo principal é vencer uma argumentação, dizer o que
queremos, justificar nossa opinião, validar um ato ou sentir bem conosco mesmos,
nunca descobriremos o que Deus quer que façamos.
ConclusãoNossa meta para entender autoridade é compreender que Cristo tem tudo para
isso. Jesus disse, “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”
(Mateus 28:18). Este é o ponto. Quando falamos, precisamos falar como as
próprias declarações de Deus, porque é somente quando falamos como a Bíblia
fala que falaremos “com autoridade”. – por David Posey
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Andando na Verdade 29
Palavras Cruzadas
Levítico 1 - 9
Olivro de Levítico contém instruções dadas aos sacerdotes e levitas no
sistema da Antiga Aliança. Embora não pratiquemos os mesmos rituais na
era cristã, ainda aprendemos lições importantes sobre a santidade de Deus
e a imundícia do pecado. Para tornar a leitura do livro mais interessante, procure
as respostas para preencher as palavras cruzadas à esquerda. As respostas se
encontram nos primeiros nove capítulos na Bíblia Revista e Atualizada, 2ª
Edição. Serão publicadas na próxima edição de Andando na Verdade.
Horizontal2. Comer da carne das ofertas no terceiro dia foi considerada coisa ___.
5. Os sacerdotes punham sangue nestas partes do altar do holocausto.
9. Depois de queimar o holocausto, as ____ foram levadas para fora do
acampamento.
10. Pecados deste tipo exigiam sacrifícios de animais.
11. Devolução do valor tomado mais a quinta parte.
14. Junto com o Urim.
17. Proibido nas ofertas de manjares.
18. Exigido em todas as ofertas de manjares.
19. Oferta queimada de animal macho sem defeito.
Vertical1. Sacrifício de animal queimado (macho ou fêmea) ou de bolos e pães.
3. Foi colocada na cabeça de Arão.
4. Os filhos deste homem comiam de algumas ofertas.
6. Deus sempre proibiu que o homem comesse ____.
7. Filhos de Arão.
8. Era proibido comer esta parte dos sacrifícios.
12. Dias de expiação de Arão e seus filhos antes de servir no tabernáculo.
13. Para este tipo de pecado, poderia ofertar cordeira, cabrita, rolas ou
pombinhos.
15. O irmão de Arão.
16. Proibido nas ofertas de manjares.
– por Dennis Allan
30 2002:4
ð O Poder de
Deus para
a SalvaçãoEstudos no Novo Testamento
Que prédios maravilhosos!
“Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos:
Mestre! Que pedras, que construções!” (Marcos 13:1).
Documentos antigos comprovam o fato que o templo era uma
estrutura maravilhosa. Mesmo hoje ficamos impressionados com a maneira que
os artistas mostram e fazem réplicas meticulosas do templo, usando escritos
históricos. É difícil imaginar que qualquer visita na cidade de Jerusalém no 1º
século, judeu ou gentio, deixaria passar a oportunidade de ver o templo, os seus
prédios ligados e as suas muralhas. A maioria de nós, como turistas, tem visto
prédios espetaculares construídos pelos homens modernos e ficamos
maravilhados diante de seu tamanho imenso ou estrutura arquitetural complexa.
Mas havia pouco para impressionar o Senhor a respeito do templo. O templo do
dia do Senhor mostrava o trabalho do vilão, Herodes o Grande, que nos anos
anteriores havia tentado matar o Filho de Deus. Quando Jesus visitou o templo,
ele ficou desapontado em observar que o templo havia se transformado em um
lugar cheio de ladrões.
Jesus disse a seus discípulos,”Vês estas grandes construções? Não ficará
pedra sobre pedra, que não seja derribada” (Marcos 13:2). Os versículos
Andando na Verdade 31
restantes neste capítulo deixam claro que Jesus estava se referindo a destruição
de Jerusalém que veio quase 40 anos depois.
Uma lição que podemos aprender é que algumas coisas podem nos
impressionar e fazer-nos gritar “Que maravilha!” relacionado a religião, mas estas
coisas não sobreviverão se não forem de Deus.–por Karl Hennecke
A ilusão do conhecimento
No seu livro, Os Descobridores, Daniel Boorstin escreveu: “O maior
obstáculo em descobrir a forma da terra, os continentes e o oceano não
era a ignorância, mas a ilusão do conhecimento”. Muitas das grandes
descobertas a respeito do mundo em que vivemos teriam chegado mais cedo,
se não fossem tão relutantes em olhar novamente a situação aqueles que tinham
as teorias errôneas. E nas nossas vidas também, o crescimento do conhecimento
é atrapalhado pela “ilusão do conhecimento”, a convicção que sabemos algo
quando, de fato, o que sabemos está incorreto. Will Rogers parece ter
compreendido isso quando disse, “Não estou preocupado com o que as pessoas
não sabem – o problema é que estão erradas sobre muitas das coisas que
'sabem'!”
Não há nada que mais certamente bloqueará o novo conhecimento do que a
cabeça-fechada de um homem que acha que já tem todas as informações
necessárias. É difícil dar novos fatos a uma pessoa se ela está imutavelmente
satisfeita de que o seu conhecimento atual é suficiente. Já que as pessoas
“oniscientes” são maus alunos, a atitude de “eu sei tudo” fará com que a pessoa
nunca saiba muito a respeito de nada. Em relação a assuntos espirituais, Paulo
escreveu, “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu
ainda como convém saber” (1 Coríntios 8:2). E ele descreveu alguns desta
maneira: “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos!” (Romanos 1:22).
Quanto mais sábios nos achamos, mais tolos somos de verdade, e a nossa tolice
provavelmente é aparente a todos menos a nós mesmos!
Na literatura de sabedoria no Velho Testamento, uma das grandes diferenças
entre a sabedoria e a tolice é que pode-se ensinar a pessoa sábia, e não o tolo.
Não importa o quanto ele pense que saiba, o indivíduo sábio tem a humildade
de ser corrigido, de aprender e de melhorar a exatidão de sua compreensão. O
tolo, por outro lado, nunca vai além das limitações do seu pensamento atual
porque ele pensa que já está certo sobre tudo: “O caminho do insensato aos
seus próprios olhos parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos”
32 2002:4
(Provérbios 12:15). “O insensato não tem prazer no entendimento, senão
em externar o seu interior” (Provérbios 18:2).
Estas verdades no Velho Testamento são consistentes com aquilo que é ensinado
no Novo Testamento a respeito da necessidade de estarmos mais preparados a
ouvir do que a falar: “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo
homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se
irar" (Tiago 1:19). Aprendemos muito menos do que poderíamos porque as
nossas bocas estão em movimento quando os nossos ouvidos deveriam estar
funcionando. Em um período de tempo muito grande, o nosso aparelho de
comunicação está transmitindo quando deveria estar recebendo.
O que é necessária geralmente na vida, e principalmente em assuntos espirituais,
é a humildade de reconhecer quanto nós fazemos pouco. Nós precisamos
guardar contra a “ilusão” do conhecimento – a impressão falsa de que sabemos
muito quando na verdade sabemos pouco. Precisamos suspeitar de qualquer das
nossas idéias, pois pode estar errada. Se não agirmos assim, jamais corrigiremos
aquelas que estão.
Há, sem dúvida, um problema do lado contrário. Se a nossa noção de ter cabeça
aberta nos fizer colocar um ponto de interrogação em cima de tudo que sabemos,
então simplesmente trocaremos um tipo de tolice por outro. Infelizmente, os
pensadores na nossa época parecem fazer exatamente isso. Nos dias em que
filósofos respeitáveis podem dizer que eles não têm certeza nem da sua própria
existência, o pior pecado que a pessoa pode cometer a respeito de qualquer
assunto é ser “dogmática” sobre isso. As palavras “verdade” e “conhecimento” têm
adquirido pequenas aspas condescendentes, e nos dizem que podemos acreditar
em qualquer coisa que quisermos enquanto não temos certeza de nada.
Certamente, seria perigoso ceder a esta especulação sobre o conhecimento no
geral. Mas seria igualmente perigoso se jamais reavaliasse qualquer noção só por
tê-la aceitada como verdade. Há horas para reconsiderar honestamente aquilo que
nós temos acreditado e há horas para nos mantermos firmes naquilo que é
certamente verdade. O senso comum geralmente pode diferenciar entre eles.
Paulo escreveu: “Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós
se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio” (1
Coríntios 3:18). O verdadeiro conhecimento e sabedoria sempre são
acompanhados por humildade. É a pessoa que está disposta a aprender que
aprenderá. Admitir que alguém seja desinformado a respeito de muitas coisas é
um passo doloroso que destrói orgulho, porém é um que deve ser tomado a
praticamente cada esquina na estrada para o verdadeiro conhecimento.
–por Gary Henry
Andando na Verdade 33
Meu Pai me ama
As maiores palavras já escritas pelo homem são encontradas na expressão
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira” (João 3:16).
Conforme secou a tinta naqueles pergaminhos antigos, as palavras de
graça eterna iluminaram a escuridão de um mundo tomado pelo pecado. O
discípulo de Jesus – um apóstolo do Cristo – pôs diante de todos os homens o
testamento do amor de Deus quando escreveu as palavras da vida eterna no
evangelho de João. Declarado com estas simples palavras é amor gratuito e
amor gratificante para com aqueles que viriam a conhecer o Filho do Homem.
Estas palavras não vieram do coração nem da vontade do homem. O homem
jamais poderia compreender a profundeza do amor que traria o Criador deste
mundo para oferecer seu único Filho como uma ovelha sacrificial para um
mundo tão cheio de ódio e desespero. Satanás tinha sido vitorioso em cobrir o
mundo em escuridão. Os homens conseguiam enxergar apenas a eles mesmos
e aquilo que queriam na vida. Satanás havia enchido as mentes dos homens
com a escuridão do pecado. Os homens amavam a escuridão porque as suas
vidas estavam cheias de maldade.
Na madrugada de um dia, muito tempo atrás, o corpo crucificado de Jesus
Cristo foi tomado da sepultura da morte e levantado de novo para a glória.
Naquele momento a mensagem que Deus é amor ressoou das montanhas mais
altas. O poder de Satanás tinha sido destruído e, como aconteceu com Cristo,
os homens agora poderiam levantar novamente para a glória. Esta glória é
encontrada no conhecimento do fato que meu Pai me ama.
Eu seu que meu Pai me ama, porque ele deu seu Filho para morrer por mim.
“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós” (1 João
3:16). “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos” (João 15:13). Posso olhar para trás e ver o
Filho do meu Pai ser morto, pelo ódio dos homens, numa estaca de madeira e
ouvir os gritos daquele Filho na cruz e, no silêncio do meu Pai ouvir, "Eu te amo,
Filho”. E quando terminou o sofrimento na cruz, e raiou a manhã daquele dia
maravilhoso, posso ver o propósito de seu amor. Meu Pai me amou em preparar
uma saída pra mim. Eu, no meu pecado e na minha rebelião, amado por meu Pai!
Foi por causa desta mensagem de amor que a obediência surgiu no meu
coração. Como no dia de Pentecostes, a história do amor de Deus ultrapassou
um coração cheio do pecado e, em tons desesperados de incapacidade, surge
a pergunta, “O que devo fazer?” Mais uma vez, a resposta é o amor de Deus. Em
obediência ao amor de Deus, um coração tomado pelo pecado é limpo pelo
34 2002:4
“lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tito 3:5). Deus me
ama – eu estou salvo!
Meu Pai ama quando sou perseverante e paciente. O seu amor é visto na sua
misericórdia e na graça contínua. “Ora, o Senhor conduza o vosso coração
ao amor de Deus e à constância de Cristo” (2 Tessalonicenses 3:5). O amor
de Deus é um tesouro no qual posso me firmar na minha obediência e na minha
fé. “Porque estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir,
nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso senhor” (Romanos 8:38,39).
Meu Pai me ama e a minha vida está dedicada à sua vontade. Eu consigo
mostrar apenas uma pequena porção do amor, comparado ao amor sem
medida do meu Pai: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os
seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos” (1
João 5:3). “Guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Judas 21). Um dia,
quando a vida tiver acabado e uma coroa eterna for dada a todos os fiéis de
todas as épocas, meu Pai me dará, pelo seu amor eterno, a prometida vida
eterna.–por Kent E. Heaton, Sr
Momentos na vida de Cristo
A tradição
Oprocedimento de Jesus escandalizou a elite religiosa de sua época. Os
fariseus e os escribas viram Jesus e seus discípulos violarem suas regras
– regulamentos há muito tempo respeitados. Em Marcos 7 (veja,
também, Mateus 15), os escribas enfrentaram Jesus porque ele não obedecia às
exigências de purificação deles.
Jesus respondeu que suas tradições eram pior do que inúteis. Ele mostrou que
somente os mandamentos de Deus precisavam ser guardados. Ele os acusou
de invalidarem a palavra de Deus com a tradição que seguiam (Marcos 7:13).
Não se tratava apenas de estarem observando regras desnecessárias; ele disse
que, na verdade, eles estavam violando a vontade de Deus por causa da sua
religião de origem humana. Ele disse: “Em vão me adoram, ensinando
doutrinas que são preceitos dos homens” (Marcos 7:7). Além disso, ele
Andando na Verdade 35
ensinou: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será
arrancada” (Mateus 15:13). Jesus estava dizendo que seguir o caminho do
homem na religião invalida a nossa adoração e faz com que Deus nos arranque
pela raiz.
Os tempos não mudaram tanto assim. Também a nossa geração enfrenta sérios
desafios das crenças e dos ensinos religiosos dos homens. Você conhece a
origem das coisas em que crê, da adoração que oferece, do trabalho que realiza,
da igreja que freqüenta, etc? São de Deus ou do homem? É possível
acreditarmos estar fazendo a vontade de Deus (como acreditavam os fariseus),
mas, na verdade, estar seguindo a vontade do homem. Gostaria de desafiá-lo a
começar uma avaliação sistemática de tudo em que crê e tudo o que faz pelo
Senhor – ou encontre a autoridade para suas crenças e práticas nas Escrituras,
ou abandone tudo que não vem de Deus.– por Gary Fisher
Uma história incrível (1)
As parábolas de Jesus apareceram no final de sua pregação pública. Suas
parábolas iniciais, a grande série sobre o reino, foram ensinadas junto ao
Mar da Galiléia, próximo do fim de seu segundo ano de ensino. O resto
veio no último ano de sua vida, quando ele estava muito pressionado pela
necessidade de preparar os doze para os eventos e deveres que haveriam de recair
logo sobre eles. Isto é especialmente aparente na Parábola do Servo Impiedoso
(Mateus 18:21-35). Ela parece ser parte integrante de uma conversa contínua que
começou em Cafarnaum (compare Marcos 9:33-37 com Mateus 18:15).
Esta poderosa história, tão incrível em alguns dos seus particulares, é um clímax
conveniente para uma discussão começada com outro argumento carnal dos
discípulos sobre quem seria o maior no reino. Jesus tentou advertir novamente
os discípulos sobre seu sofrimento e morte iminentes (Mateus 17:22-23), mas a
contínua fascinação deles com a “grandeza” revelou que não tinham entendido
nada e estavam ainda nas garras de um orgulho interesseiro. Deste câncer
espiritual vem uma indiferença e uma aspereza para com os “inferiores” de uma
pessoa, que são compostas por uma disposição de jamais admitir plenamente
os próprios erros.
Jesus não lida gentilmente com os doze. Passando inteiramente sobre eles,
escolhe ao acaso uma criancinha cuja humilde simplicidade, ele diz, exemplifica
a grandeza que eles precisam encontrar se quiserem ser aptos para o reino do
céu. Ele então emite uma advertência muito dura. Qualquer um, cujas vãs
36 2002:4
ambições possam fazer um dos seus discípulos tropeçar, seria melhor que
estivesse morto. Em seguida, ele fala assustadoramente do “fogo eterno”
(Mateus 18:6-8). A isto é acrescentada instrução sobre a necessidade de tratar
aqueles que pecam contra nós de modo a redimi-los, sendo rápidos na busca de
reconciliação através do arrependimento e do perdão (Mateus 18:15-17). A
ênfase da palavra de Jesus foi: sede misericordiosos, sem ressentimento,
facilmente tratáveis, suplicantes, dispostos a perdoar.
A resposta de Pedro a tudo isto mostra que ele tinha ouvido o que Jesus disse,
mas nada tinha entendido. Sua resposta é estatística, não espiritual: “Senhor,
quantas vezes meu irmão pecará contra mim e eu o perdoarei? Até sete
vezes?” Há pouca dúvida de que Pedro sentiu que sua proposta era
notavelmente generosa. A tradição rabínica dizia sete vezes (erroneamente
baseada em Jó 33:29-30 e Amós 1:3 - 2:6), mas jamais faziam isso. O Talmud
conta a história de um rabi que não queria perdoar uma muito pequena
desconsideração à sua dignidade, ainda que solicitado pelo ofensor 13 anos
sucessivamente, e isso no Dia do Perdão!
A resposta de Jesus a Pedro remove toda a questão sobre quantas vezes.
“Setenta vezes sete” simplesmente significa uma infinidade. Misericórdia é
uma qualidade, não uma quantidade. A abordagem de Pedro sugere que perdão
é uma privação temporária de um direito que poderia a certo ponto ser
reivindicado. Jesus quer que ele entenda que tal direito não existe e lhe conta a
história de um servo implacável para dramatizar seu ponto.
A história, que contem três cenas, é cheia de algumas coisas incríveis. Primeiro
há a soma incrível que o servo do rei perdeu, ou por roubo ou por má
administração – 10.000 talentos! Esta era uma soma 50 vezes maior do que as
taxas anuais que Herodes Antipas recolhia da Galiléia e da Peréia (200 talentos)
e mais do que dez vezes a renda anual de toda a Palestina (Josefo, Antiguidades,
XVIII, XI, 4). Como poderia, mesmo sendo um servo real, pôr suas mãos nela,
muito menos manobrar para roubar ou perder uma soma como essa?!
Mas esse é o único pormenor notável nesta história. Ele não veio ao rei; ele “foi
trazido”. Isto não é surpreendente, mas o tipo de apelo que ele faz é. Este servo
que perdeu o equivalente ao resgate de um rei, e não é remotamente possível que
lhe seja confiado novamente um centavo sequer, implora mais tempo de modo
que possa restituir tudo! Em pouco tempo ele cuidará de tudo. Isso é tão possível
como temperatura de 20 graus abaixo de zero no Havaí. Que sugestão
ridiculamente impossível. E contudo ele a fez. Tinha que ser desespero ou simples
bravata.
Andando na Verdade 37
Contudo, isso não é tão surpreendente como a resposta do rei. O rei perdoou-o!
Um tratamento muito improvável por parte de um governante oriental. Até
mesmo reis sofreriam com uma perda como esta, e sofreriam notadamente. E
ainda que não houvesse nem a mínima esperança de que recuperasse o
dinheiro, o homem fez de si um tolo de modo que nenhuma outra pessoa fosse
tentada a repeti-lo. Um exemplo seria necessário para impedir isso, e muito
severo. Contudo, inexplicavelmente, o rei perdoou tudo a este patife. Que graça
extraordinária!–por Paul Earnhart
Uma história incrível (2)
Como dissemos, a Parábola do Servo Impiedoso (Mateus 18:21-35) é uma
história incrível. O enorme débito que o servo real ajuntou é assombroso,
o tipo de apelo que ele faz por dispensa excede a credulidade, e a resposta
do rei – ele perdoa tudo a este rematado patife – é assombrosa. E contudo as
surpresas não terminam ali. Ainda há mais uma volta final que coroa o climax.
A segunda cena da história abre-se com o servo maravilhosamente perdoado
deixando a presença do rei. Ele foi libertado de um destino pior do que a morte.
Contudo, com a tinta ainda úmida em seu próprio perdão por milhões, este
insensato ingrato avista um “colega de servidão”, que lhe deve um valor
pequeno, e quase esgana o pobre companheiro enquanto rudemente exige
pagamento total e imediato! Isto é verdadeiramente incrível, que um homem
assim perdoado pudesse ser tão incapaz de perdoar. Não parece sequer tocá-lo
que seu devedor apele por misericórdia da mesma posição e com as mesmas
palavras que ele próprio tão recentemente usou. É também irônico que enquanto
seu próprio apelo por tempo para pagar foi ridículo, havia uma possibilidade real
deste homem poder pagar seu débito.
Somos levados a admirarmos o que estava se passando na mente do servo
perdoado. Estaria ele se congratulando por ter sido tão esperto que escapou do
desastre certo? Pensou ele que o rei era tolo por cair na sua conversa e prometeu
jamais cair em tal tolice sentimental? Ou é concebível que ele fosse tão estúpido
que não visse como sua própria situação era paralela à de seu companheiro?
Jesus não o diz.
A cena muda pela última vez. Alguns dos servos do rei que testemunharam o
processo todo estão tão consternados por isso que o relatam ao seu senhor. O
rei, agora profundamente enraivecido, depois de ser graciosamente magnânimo,
38 2002:4
chama de novo o servo ofensor. Agora ele o declara ser “perverso,” não pelo seu
malfeito original, mas porque, tendo recebido tal incrível misericórdia, ele não
tinha nenhuma para dar. Ele imediatamente voltou-se para os homens para que
vissem penosamente que ele pague tudo até o último centavo! O servo
impiedoso tinha decidido que queria fazer justiça antes que misericórdia e seu
senhor o satisfez abundantemente. Jesus torna o ponto de sua história bastante
claro. “Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não
perdoardes cada um a seu irmão” (Mateus 18:35). E esta não é uma lição
obscura. Jesus freqüentemente fala dela no Sermão do Monte: “Bem-
aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”
(Mateus 5:7). “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos
perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12). “Não julgueis, para que
não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis
julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão
também.” (Mateus 7:1-2). E, mais perto do tempo de nossa parábola, o Senhor
adverte os seus discípulos, “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti,
repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no
dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou
arrependido, perdoa-lhe” (Lucas 17:3-4).
A enormidade dos nossos pecados contra Deus é devidamente ilustrada pela
impossivelmente grande dívida do servo ao rei. E a pequena dívida para com o
servo pelo seu colega fala bem como, em comparação, são pequenas as injúrias
que outros possam infligir-nos. O Macbeth de Shakespeare, falando de sua
própria profunda culpa, diz que todo o oceano não seria suficiente para lavar o
sangue de suas mãos, que de fato tingiriam todo o mar de vermelho. Torna-se
inconcebível que aqueles perdoados de tanto possam recusar-se a perdoar tão
pouco. E, contudo, quantos cristãos se levantam da Ceia do Senhor para
continuar vivendo com impiedosa dureza na vida diária?
O problema é que tantos de nós queremos viver com Deus, sob a graça, mas com
os homens, sob a lei. Com nosso Pai queremos misericórdia mas com outros
queremos justiça. Não podemos ter isso de duas maneiras, e quando tentamos
somos perfeitamente “impiedosos”. É bastante mau para nós ter pecado contra a
lei justa de Deus, mas quanto mais aflitivo tem que ser para nós tratar sua graciosa
misericórdia com desprezo? “De quanto mais severo castigo julgais vós será
considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou
o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da
graça?” (Hebreus 10:29). E quando nós, depois de receber tal misericórdia,
recusamos mostrá-la aos outros, temos feito nada menos do que isso. “Horrível
coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).–por Paul Earnhart
Andando na Verdade 39
?? ñ Desafios
e DúvidasCrescendo em conhecimento e fé
Tolerância
Enquanto preparava o material para uma aula sobre as igrejas do primeiro
século, eu encontrei este trecho descrevendo a condição da religião
naquela época:
"...devemos lembrar que o estado não ditava nenhum sistema de
teologia, que o império no início apresentava a vista de um tipo de
caos religioso onde todos os cultos nacionais tiveram a proteção
garantida, que o politeísmo romano era naturalmente tolerante, e que
a única forma de religião que o estado não suportava era uma que era
equivalente a um ataque ao sistema politeístico como um todo, já que
esta colocaria em perigo o bem-estar da comunidade negando as
ofertas e outros serviços aos deuses, pelos quais eles os davam
favores" (ISBE, "Roma," Vol. IV, p. 2621).
Nós vivemos numa época em que o estado não dita nenhum sistema de
teologia. O nosso sistema de governo geralmente é tolerante dos grupos
religiosos enquanto não apresentam nenhuma ameaça. O governo romano
eventualmente proibiu o cristianismo. A igreja ensinava que havia um só Deus.
Proclamava que a imoralidade associada com o culto pagão e idolatria eram
pecados. Os cristãos não forçavam ninguém a acreditar em suas crenças, mas
na sua condenação do pecado se tornaram inimigos daqueles que sentiram que
a sua maneira de vida estava sendo ameaçada.
Hoje, falar contra o pecado é, nas mentes de alguns, equivalente a tentar negar
os direitos das outras pessoas. Para os imorais e amorais sexualmente, isto é
40 2002:4
uma ameaça. Não temos escolha a não ser falar contra o pecado (exemplo:
imoralidade sexual e aborto), porque,“estabeleceu um dia em que há de
julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou. . .”
(Atos 17:31). Talvez esteja chegando o dia em que tal “intolerância” seja
colocada como intolerável. Então, apenas aqueles que forem tolerantes em
relação a todos serão tolerados.–por Karl Hennecke
Os desafios na vida do novo cristão (14)
Prontos para responder
Estejam “sempre preparados para responder a todo aquele que vos
pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15) é uma
ordem expressa de Pedro para os cristãos da Ásia do primeiro século, mas
também para nós, nos dias de hoje. Será que para isso é necessário muito
conhecimento e disposição para discutir com qualquer pessoa sobre qualquer
assunto relacionado com a fé? Observe que Tiago desestimula a ambição
ardente de sermos mestres (Tiago 3:1). Examinemos o contexto deste
mandamento para vermos que podemos obedecê-lo.
A ordem para estarmos prontos para responder acha-se numa carta escrita a
cristãos diferentes – diferentes do que tinham sido no passado e diferentes dos
que os cercavam. Os seus antigos e atuais amigos estranhavam que eles não
participassem com eles do pecado (1 Pedro 4:4). Eram desprezados (1 Pedro
3:16), rejeitados (1 Pedro 4:14) e acusados de fazer o mal (1 Pedro 2:12). Esse
é o plano de Deus para os que lhe pertencem, para manifestar as excelências
dele nas trevas do mundo (1 Pedro 2:9). Hoje nada é diferente. O tipo de
pergunta que geralmente surge é: “Por que você não quer sair com a gente
como antes?”, “Você não diz mais palavrão?”, “Você ficou religioso ou qualquer
coisa assim?”. Essas não são as perguntas teológicas complexas que
imaginaríamos lendo 1 Pedro 3:15 fora de contexto.
“Estar preparado” implica prever as perguntas e estar afiado para responder. A
carta de Pedro ordena, pelo menos, três tipos de preparo:
ì O preparo do coração. “... Não vos amedronteis, portanto, com as suas
ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como
Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder”
Andando na Verdade 41
(1 Pedro 3:14-15). É necessário coragem. Devemos ter uma idéia firme e clara
de nossa identidade e nossa responsabilidade, não importa como encarem as
nossas respostas. O medo de passar vergonha ou de sofrer perseguição não
pode ter lugar na vida daquele cujo Senhor é Cristo. Só temos de prestar contas
ao Filho de Deus; é só a ele que devemos temer (1 Pedro 1:17). Participaremos
do sofrimento de Cristo e não nos devemos envergonhar quando isso acontecer
(1 Pedro 4:12-16).
í O preparo da vida. O nosso texto mostra que o nosso modo correto de vida
já é, em si, uma grande proteção contra as situações vergonhosas: “com boa
consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros,
fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em
Cristo” (1 Pedro 3:16). Se nos perguntam acerca do nosso comportamento,
é claro que a nossa vida está sendo investigada pelas pessoas. A nossa vida,
sempre, faz parte do nosso preparo. Fomos criados de modo distinto, não de
acordo com “às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;
pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos
santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (1 Pedro
1:14-15). O que dissermos com a nossa vida S o mau humor, a prática dos
velhos hábitos ou qualquer coisa que não tenha sido sujeitada a Cristo S pode
depor contra qualquer palavra que proferirmos com os lábios. “Amados,
exorto-vos, . . . a vos absterdes das paixões carnais . . . mantendo
exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo
que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em
vossas bos obras, glorifiquem a Deus” (1 Pedro 2:11-12).
î O preparo da mente. “Sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem
das vossas orações . . . Se alguém fala, fale de acordo com as oráculos
de Deus” (1 Pedro 4:7,11). Junto com a nossa coragem e com uma vida
exemplar, devemos estar munidos de uma mente sadia e equilibrada, pronta
para trabalhar, centrada na nossa esperança (1 Pedro 1:13) e pronta para dar
uma resposta. Mas a que tipo de perguntas?
Primeiramente, o que é mais provável, perguntas sobre o nosso comportamento.
A nossa conduta se tornou visível e levou a uma reação. A nossa resposta deve
explicar o nosso comportamento em relação ao senhorio de Cristo. “Não posso
usar o nome de Deus dessa forma”, ou “de acordo com a minha crença em
Jesus e segundo o que ele ensinou, entendo que não posso fazer isso”.
Em segundo lugar, se as nossas respostas fizeram a atenção se voltar para o
Senhor, podem-se seguir as perguntas simples sobre a fé e a obediência a Jesus.
42 2002:4
Não só para explicar a nossa esperança, mas também para atrair o interesse de
um coração aberto, seria útil aprender uma pequena seqüência de conclusões
como: o relato da vida de Jesus é preciso; Jesus ressuscitou de entre os mortos;
ele só pode ser o Filho de Deus; devemos obedecer-lhe cuidadosamente; ele
julgará o mundo um dia, etc. Esses mesmos fatos provavelmente foram os que
nos motivaram a obedecer, e o preparo pode ser apenas aprender a ordem,
treinar uma forma simples de falar sobre eles e aprender algumas referências
bíblicas que os sustentam. As respostas simples são as melhores, já que poucas
pessoas têm tanto conhecimento da Bíblia e é raro encontrarmos alguém que
saiba fazer uma defesa lógica da fé.
Dando a resposta
Outra ordem é dar a resposta “com mansidão e temor” (1 Pedro 3:16).
Ainda que sejamos ridicularizados, devemos seguir o exemplo de Jesus,
“pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje” (1 Pedro
2:23; 3:9). O modo de respondermos pode não apenas afastar a ira, mas
também fazer parte de nosso modo de vida, que os outros observam. Temos a
ordem de estarmos preparados para explicar a nossa esperança S não de sair
vencedor na discussão ou de converter cada pessoa com quem temos contato.
A resposta final
Qual é a “esperança dentro de você”? Pedro diz: “Esperai inteiramente
na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus
Cristo” (1 Pedro 1:13). Naquele dia todos os nossos questionadores
se tornarão respondedores, eles mesmos prestando “contas àquele que é
competente para julgar vivos e mortos” (1 Pedro 4:5). Ainda que sejamos
ridicularizados agora por nosso comportamento ou por nossas respostas,
lembre-se que quem crer em Cristo “não será, de modo algum,
envergonhado” (1 Pedro 2:6). Essa é a esperança que temos em nós.
–por Marty Broadwell
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Andando na Verdade 43
Pré-milenarismo (3º de uma série de artigos)
As promessas
Uma das doutrinas mais fundamentais da maioria, senão todas, dos
premilenaristas é que antes do fim dos tempos Deus dará a terra de
Canaã aos judeus. Isso supostamente é porque ele lhes prometeu aquela
terra mas nunca cumpriu sua promessa e, já que Deus é fiel, ele os dará a terra.
É verdade que Deus prometeu essa terra aos descendentes de Abraão (os
judeus). No entanto, a Bíblia mostra que não é verdade que ele não cumpriu a
sua promessa. Como já observamos em Josué 21:43-45, “Desta maneira, deu
o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a
possuíram e habitaram nela...Nenhuma promessa falhou de todas as
boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu.”
Também observamos que ficar com a terra estava condicionado à sua fidelidade.
Claramente, eles eram infiéis e conseqüentemente perderam o direito de ficar
na terra. Deus não deve essa terra a eles devido à infidelidade deles.
Outra promessa que Deus fez aos descendentes de Abraão pode ser achada em
Gênesis 13:16, onde ele disse a Abraão, “Farei a tua descendência como o
pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra,
então se contará também a tua descendência”. Depois, em Gênesis 15:5,
ele disse a Abraão, “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o
podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade”. Essa promessa também
já se cumpriu. Quando Balaão tentou amaldiçoar Israel, “Então, o SENHOR
pôs a palavra na boca de Balaão e disse... Quem contou o pó de Jacó
ou enumerou a quarta parte de Israel?” (Números 23:5,10). Em 2 Crônicas
1:9, Salomão disse sobre Deus, “Tu me constituíste rei sobre um povo
numeroso como o pó da terra”. Em Deuteronômio 10:22 lemos, “Com
setenta almas, teus pais desceram ao Egito; e, agora, o SENHOR, teu
Deus, te pôs como as estrelas dos céus em multidão”. Por isso, a
promessa de descendentes numerosos se cumpriu.
A terceira e, sem dúvida, mais importante promessa a Abraão é a que se
encontra em Gênesis 22:18. Essa é a ocasião quando Deus disse a Abraão para
oferecer seu único filho, Isaque, como sacrifício. Abraão estava fazendo
exatamente isso quando um anjo do Senhor parou sua mão e disse que, por não
ter negado seu único filho, na descendência dele seriam “benditas todas as
nações da terra”. Como a Bíblia claramente mostra, isso é uma bênção e
promessa espiritual.
44 2002:4
Há três partes dessa promessa:
ì O Descendente.
Fica claro em Gálatas 3:16 exatamente quem é o descendente. Aquele texto
disse, “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente.
Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como
de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.”
í Todas as Nações.
No discurso de Pedro em Atos 3:25-26 ele disse aos judeus, “Vós sois os filhos
dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais,
dizendo a Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas as
nações da terra. Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o
primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada
um se aparte das suas perversidades”. “Todas as nações” inclui judeus e
gentios. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1:16).
î Bênção.
Essa promessa tem a ver com o perdão dos pecados. O texto diz que Deus
através de Cristo abençoa “no sentido de que cada um se aparte das suas
perversidades” (Atos 3:25-26).
Assim a promessa diz que em Jesus Cristo todos, quer judeu, quer gentio, pode
ser abençoado, isto é, podem ter seus pecados perdoados.– por Hiram Hutto
Buscando Deus . . . no lugar certo
No dia 29 de novembro de 2001, George Harrison, ex-primeiro guitarrista
dos Beatles, passou desta vida depois de uma luta difícil com o câncer.
No dia seguinte, quando esta notícia interrompeu o jornal da manhã na
televisão, houve diversas entrevistas interessantes e reportagens relativas ao astro
do rock falecido, muitas das quais mencionavam o profundo interesse de
Harrison por espiritualidade numa busca por Deus. Anne Curry relatou que
Harrison sentia que muitas coisas da vida podiam esperar, “mas a busca por
Deus não podia esperar”, uma perspectiva admirável, sem dúvida!
Que triste, contudo, que Harrison tenha buscado Deus em todos os lugares
errados. Sua busca por Deus levou-o a rejeitar seu catolicismo da infância e a
Andando na Verdade 45
explorar as religiões místicas da Índia, onde ele se tornou um estudante ávido de
um líder religioso hindu chamado Mahesh Yogi.
Quando ouvi as várias entrevistas daquela manhã nas notícias, eu comecei a ficar
incomodado ouvindo como todos falavam positivamente da espiritualidade de
Harrison. Todos, inclusive a mídia noticiosa liberal, pelo menos durante aquele
dia, estavam falando em termos brilhantes de louvor pela “profunda
espiritualidade” de Harrison. Ali estava uma pessoa que seguira zelosamente os
gurus e espiritualistas que não dão nenhuma evidência crível para a validade de
seus pontos de vista espirituais, que não sejam suas próprias experiências
subjetivas ou tradições místicas de antecessores supersticiosos, e ele era louvado
como “um homem profundamente” espiritual.
A razão por que isto me incomodou tanto é por causa do que freqüentemente
acontece comigo quando eu tento falar com pessoas sobre Jesus de Nazaré. Eu
não me envergonho de crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que ele é o
único meio verdadeiro do homem alcançar Deus (João 14:6).
Eu creio nisto, não por causa de sentimentos subjetivos ou algum salto às cegas,
mas baseado na sólida evidência histórica encontrada na Bíblia, evidência que
pode ser testada objetivamente para determinar sua validade. Mas quando
ofereço esta evidência para Jesus como o Filho de Deus, minha evidência é
freqüentemente zombada. Sou olhado como um simplório crédulo. Como é que
eu sou menosprezado quando sugiro, baseado na evidência histórica objetiva,
que Jesus é o Filho de Deus, mas quando George Harrison segue um místico
Yogi hindu ele é considerado um homem “profundamente espiritual”? Parece-me
que à evidência para Deus e para Jesus como o Filho de Deus não está sendo
dado um exame objetivo justo e imparcial.
Por quê é assim? Temo que tenha a ver com uma forma de preconceito. Não,
os homens não são necessariamente avessos à idéia de haver um Deus; de fato,
eles têm um anseio interno por algo espiritual. Os homens apenas não querem
um Deus que espere que eles mudem sua vontade para se conformar com a
dele. Daí, qualquer deus ou religião que satisfaça o desejo interno por
espiritualidade, mas não interfere com a vontade própria egoísta, torna-se bom
e aceitável, até mesmo venerado. Não precisa ser crível; ele tem apenas que estar
de acordo com o que um homem quer. Mas se Deus espera obediência, bem,
o homem já não quer esse tipo de deus; então, ele recusa considerar
objetivamente a evidência que poderia convencê-lo. Ele pode até olhar para a
evidência, mas não se permitirá ser persuadido por ela, não importa quão
poderosa ela possa ser! Por quê? Porque ele não quer ser persuadido.
46 2002:4
Ser persuadido de que Jesus é realmente o Filho único do Deus verdadeiro exige
um grau de objetividade. Quanta objetividade? Bem, Jesus uma vez declarou: “O
meu ensino não é meu, e, sim, daquele que me enviou. Se alguém
quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é
de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7:16-17).
Estava Jesus ensinando o que é realmente de Deus? Isso não poderia ser algo
que um homem comum de Nazaré inventara para si e tentava impingir como
sendo de Deus? Aqui Jesus diz que podemos conhecer a verdade nesta questão.
Ele está dizendo que a evidência está ali para apoiar o fato que aquilo que ele
ensinou era na verdade de Deus, e que esta evidência é suficientemente crível
para persuadir os homens. Mas Jesus diz, ela só persuadirá o homem que
abordar a evidência com vontade de fazê-lo. Se a pessoa aborda a evidência já
decidida a não obedecer ao ensinamento de Cristo, jamais será persuadida.
Nenhuma quantidade de evidência o persuadirá, porque ele tem um preconceito.
Acreditar na evidência de Jesus como o Filho de Deus não exige que tiremos
nosso cérebro para fora, coloquemo-lo numa estante e aceitemos cegamente
tudo o que nos for dito! Mas requer que a abordemos com uma objetividade que
pelo menos admita a vontade de obedecer quando ela se demonstrar verdadeira.
Se não tivermos ao menos esse grau de objetividade, não seremos persuadidos.
A questão é: quão sério eu sou sobre encontrar o único verdadeiro Deus, se ele
na verdade existe? Estou esperando que Deus seja o que eu quero que ele seja?
Ou quero aceitar Deus como ele é, mesmo se isso significar que ele exige minha
obediência?
Se estivermos buscando Deus em nossos próprios termos, então encontraremos
o tipo de Deus que queremos encontrar; e os homens carnais podem até louvar-
nos como sendo homens profundamente espirituais. Mas se realmente
quisermos encontrar o verdadeiro Deus, soltemos o nosso preconceito e com
real objetividade consideremos novamente a evidência para o ensinamento de
Jesus.
Se você tiver esse tipo de objetividade, você saberá, com certeza, se Jesus é ou
não é de Deus. E nesse conhecimento você encontrará espiritualidade real.
–por Rick Liggin
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Andando na Verdade 47
Estamos ensinando todaa verdade sobre o batismo?
O batismo é um assunto importante. Conceitos errôneos populares sobre
quem, o quê e quando do batismo ocupam uma grande parte de nossa
atenção quando discutimos a Bíblia com nossos amigos e vizinhos. Muitas
vezes nos achamos ressaltando a importância do fato que, para o batismo ser
bíblico, é preciso honrar o propósito desse ato como é ensinado nas Escrituras.
Mas qual é o propósito do batismo nas Escrituras? O que precisa ser entendido
pelo candidato para que o batismo seja o que Deus tencionava que fosse? O
batismo que culmina a obediência inicial de uma pessoa ao evangelho e
completa o que precisa ser feito para estar “em Cristo” (Romanos 6:3-4; Gálatas
3:27; Colossenses 2:12) é um ato que olha para diante como também para trás.
Sendo assim pela remissão dos pecados passados, ele certamente olha para trás
mas, sendo um compromisso a viver para Cristo, ele também olha para diante.
Paulo escreveu francamente, “Fomos, pois, sepultados com ele na morte
pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos
pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”
(Romanos 6:4). Estudando com outros, enfatizamos nós este compromisso de
olhar para diante do batismo bíblico tanto quanto enfatizamos esta verdade de
olhar para trás que é para a remissão dos pecados? Estamos ensinando toda a
verdade sobre o batismo?
Dada a alta taxa de mortalidade de novos cristãos entre nós, precisa-se imaginar
se estamos fazendo um bom trabalho de conferir a outros o entendimento global
de tudo o que o batismo é. Em muitos lugares, aqueles que têm sido “batizados”
desaparecem numa proporção alarmante. O modelo é muito familiar: uma
pessoa que parece muito “receptiva” é ensinada rapidamente, e depois de
apenas uma ou duas sessões de ensino, o indivíduo parece estar ansioso para
ser batizado. Para que a pessoa não se atire ao batismo com idéias não-bíblicos
em mente sobre ele, levamos tempo para enfatizar que o batismo é para
remissão dos pecados. Podemos ir até o ponto de insistir que, logo antes do ato,
quem quer que faça o batismo, diga as palavras reais que o batismo “é para a
remissão dos pecados”. Mas muito pouco é dito, e muito poucas perguntas são
feitas ao candidato, para se ter certeza de que ele, ou ela, entende o
compromisso que é envolvido no batismo bíblico. Certamente, nada é dito sobre
o ato disciplinar que precisa acontecer se a pessoa chegar a repudiar esse
compromisso (2 Tessalonicenses 3:6-15). Assim, depois de assistir a somente
umas poucas reuniões da igreja, a pessoa nunca mais é vista. Depois que uns
48 2002:4
poucos meses passam, alguém sugere que simplesmente “apaguemos seu
nome da lista de endereços”. Vem fácil, vai fácil. E tudo isto entre pessoas que
virtualmente se diplomaram no estudo do que se supõe que o batismo seja.
Ainda que entendamos muito sobre Romanos 6:4, a evidência sugere que não
o estamos comunicando muito bem a outros!
Lembremo-nos de que não há verdadeira “conversão” a Cristo se nenhum
compromisso real é tomado quando alguém dá os passos familiares que são
exigidos pelo evangelho (Atos 3:19; Romanos 6:17-18). Não somente o
compromisso é parte de um batismo bíblico, é também parte fundamental de
fé, arrependimento e confissão. Cada um destes atos (quando feito de coração
e por razões bíblicas) implica fazer um voto de fidelidade a Cristo, uma
promessa de viver depois para ele para sempre (Hebreus 10:23). Ao encorajar
Timóteo a ser forte e não permitir que seu compromisso enfraquecesse, Paulo
escreveu: “Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna,
para a qual também foste chamado, e de que fizeste a boa confissão,
perante muitas testemunhas” (1 Timóteo 6:12). Por que relembrar Timóteo
de que ele tinha confessado Cristo publicamente? Certamente era para dizer,
“Timóteo, nunca volte atrás no voto de fidelidade que você tem feito cada vez
que tem confessado Cristo diante de outros. Lembre-se de sua promessa
pública, e jamais volte atrás nela!”
Quando dizemos que alguém se tornou “desleal” ao Senhor, entendemos o que
estamos dizendo? “Deslealdade” é virtualmente a mesma palavra que
“infidelidade.” Ambas as palavras descrevem a situação daquele que “quebrou
a fé” num voto anterior. Elas têm a ver com muito mais do que a mudança de
idéia da pessoa num nível teórico; mais importante, elas têm a ver com a
violação de um compromisso a nível prático. Elas significam que uma pessoa
voltou atrás num acordo de boa fé que foi feito. E nada menos do que isto
acontece quando alguém se torna “desleal” depois do batismo. A promessa que
é quebrada é a mais séria promessa que um ser humano é capaz de fazer, e a
violação do compromisso de uma pessoa no batismo é a mais séria quebra de
fé possível neste mundo (2 Pedro 2:20-22).
Estas verdades, sóbrias como são, precisam ser claramente enunciadas quando
ensinamos o evangelho ao perdido. Compromissos feitos levianamente são
levianamente rompidos. É tão melhor para aqueles que estão prontos a se
regozijarem com a remissão de seus pecados serem avisados do compromisso
que eles estão para fazer. Para ensinar toda a verdade sobre o batismo,
precisamos ensinar as pessoas a calcular o custo do seu discipulado. Não
ousamos deixar de fora passagens de “primeiros princípios” como esta:
“Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para
o reino de Deus” (Lucas 9:62).–por Gary Henry
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