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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
APOSTILA DE BIODIREITO
1. Conceito de biodireito (Bio = vida ; Direito = legislação aplicada à vida)
2. Princípios do biodireito
2.1. Proteção à dignidade da pessoa humana
2.2. Proteção à própria pessoa humana
2. Reflexão inicial
Os cientistas devem ter como paradigma o respeito à dignidade da pessoa
humana, que é o fundamento do Estado Democrático de Direito.
Art. 1º, III, da CF:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana. (Direito Fundamental)
O biodireito não admitirá conduta científica que reduza a pessoa humana
à condição de coisa, retirando dela sua dignidade e o direito a uma vida digna.
A ciência é poderoso auxiliar para que a vida do homem seja cada vez
mais digna de ser vivida. Logo, nem tudo que é cientificamente possível é moral
e juridicamente admissível.
Urge a imposição de limites à moderna medicina, reconhecendo-se que o
respeito ao ser humano em todas as suas fases evolutivas (antes de nascer, no
nascimento, no viver, no sofrer e no morrer) só é alcançado se se estiver atento
à dignidade humana.
O BIODIREITO E AS PRINCIPAIS QUESTÕES JURÍDICAS
1. Proteção à vida humana: quando começa a vida?
Art. 5º da CF Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
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no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
A vida é um bem jurídico tutelado como direito fundamental básico desde
a concepção momento específico, comprovado cientificamente, da formação da
pessoa.
O respeito à vida decorre de um dever absoluto erga omnes, por sua própria
natureza, ao qual a ninguém é lícito desobedecer.
A vida também recebe proteção jurídico-penal, uma vez que são punidos os
homicídios simples (CP, art. 121) e qualificado (CP, art. 121, § 2º), o infanticídio
(CP, art. 123), o aborto (CP, arts. 124 a 128) e o induzimento, instigação ou
auxílio ao suicídio (CP, art. 122).
2. Princípio do primado do direito à vida
Documentos internacionais referentes à proteção à vida
• Código de Nuremberg – 1947
• Declaração Universal dos Direitos Humanos, - 1948
• Declaração de Helsinque - 2000 (Hoje 2013 – Fortaleza)
• Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais -
1966
• Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos - 1966
• Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos -
1997
• Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos - 2003
• Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos – 2004
• Lei de Biossegurança – Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005.
Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do artigo 225 da Constituição
Federal.
Essa lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização
de atividades que envolvem os OGMs e seus derivados, cria o Conselho
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Nacional de Biossegurança, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), dispõe sobre a política nacional de biossegurança.
Questões do Biodireito
Biodireito e o direito à vida
Início da vida
Embrião humano - Direitos
Pesquisas científicas com o embrião humano
Biodireito e o aborto
Questões religiosas e jurídicas
Necessidade de aborto não previsto em lei
Biodireito e a utilização de células-tronco
Biodireito e a clonagem humana
Biodireito e os transplantes de órgãos e tecidos
Biodireito e a sexualidade
Biodireito e a eutanásia, distanásia, ortotanásia e mistanásia
Biodireito e o testamento vital
Biodireito e a negativa de tratamento médico
4. Bioética
Bio – vida
Ética – ética relacionada às questões da vida (Exemplo: pesquisas com
seres humanos)
4.1 Princípios da bioética
(Resol. CNS 466/12)
Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das
coletividades os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não
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maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa a assegurar os direitos
e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa
e ao Estado.
• Princípio da autonomia
• Princípio da não maleficência
• Princípio da beneficência
• Princípio da justiça
• Princípio da equidade
5. Início da vida
O Direito Civil distingue nascituro de pessoa.
Artigo 2º do Código Civil
6. Conceito de nascituro
Nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu. Essa
palavra é de origem latina (nascituru) e significa “aquele que ainda irá nascer.”
Pessoa natural é o ser considerado como sujeito de direitos e obrigações.
7. Direitos do nascituro
• Direito à vida (Art. 5º da CF/88)
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.”
Direito à vida
• Art. 124 do CP
Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque.
Pena - detenção, de um a três anos.
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8. Conceito de aborto
Aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da
concepção. É a morte do ovo (até três semanas de gestação), embrião
(de três semanas a três meses) ou feto (após três meses), não
implicando necessariamente sua expulsão. O produto da concepção
pode ser dissolvido, reabsorvido pelo organismo da mulher ou até
mumificado, ou pode a gestante morrer antes de sua expulsão. Não
deixará de haver, no caso, o aborto. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual
de Direito Penal. 23ª ed. São Paulo: Atlas S.A, 2005, p. 262.)
9. Conceito de aborto na área da saúde
Aborto é a expulsão ou extração de um embrião ou feto pesando menos
de 500g (aproximadamente 20 a 22 semanas de gestação),
independentemente ou não da presença de sinais vitais.
Entende-se por aborto (de ab-ortus, privação do nascimento) a
interrupção voluntária da gravidez, com a morte da concepção. Não
distinguiu a lei entre óvulo fecundado, embrião e feto. Contentou-se a lei
com a interrupção da gravidez. COSTA JR., Paulo José da. Direito Penal
Objetivo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. p. 203.
Direito ao patrimônio
• Art. 542 do CC. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo
seu representante legal.
• Art. 1.799 do CC. Na sucessão testamentária podem ainda ser
chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo
testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão.
O nascituro tem direitos em estado potencial, sob condição suspensiva
(direito condicional ou eventual), pois aguardam a verificação de evento
futuro e incerto (nascimento com vida) para ter eficácia.
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Hubert Lepargegneur afirma no capítulo VII, sob o título “Bioética e
conceito de pessoa: esclarecimentos”, afirma que: “a pessoa é
considerada como a entidade biológica imediatamente formada pela
fusão dos gametas no instante da fecundação. (PESSINI, Léo; Christian
de Paul de Barchifontaine (Org.) Fundamentos da bioética. São Paulo :
Paulus, 1996.
Christian de Paul Barchifontaine defende a ideia de que “o embrião
humano deve ser considerado como pessoa e pertencer à comunidade
moral, não se reconhecendo assim, nenhuma diferença de estatuto moral
em relação aos diferentes estados de desenvolvimento humano.”
10. Teoria quanto ao direito do nascituro
1ª) Teoria Natalista: parte da interpretação literal e simplificada da lei,
afirmando que a personalidade jurídica começa com o nascimento com
vida, o que traz a conclusão de que o nascituro não é pessoa, portanto,
tem apenas expectativa de direitos. Nega seus direitos fundamentais, tais
como, o direito à vida, à investigação de paternidade, aos alimentos, ao
nome e até à imagem.
2ª) Teoria concepcionista: sustenta que o nascituro é pessoa humana
desde a concepção, tendo direitos resguardados pela lei.
Adeptos: Pontes de Miranda, Rubens Limongi França, Pablo Stolze
Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, Maria Helena Diniz, Teixeira de
Freitas, Clóvis Beviláqua, entre outros. É a posição adotada pela
doutrina civilista brasileira atual.
3ª) Teoria da personalidade condicional: afirma que a personalidade
jurídica começa com o nascimento com vida, mas os direitos do nascituro
estão sujeitos a uma condição suspensiva, portanto, sujeitos à condição,
termo ou encargo. Ao ser concebido o nascituro poderia titularizar alguns
direitos extrapatrimoniais, como, por exemplo, à vida, mas só adquire
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completa personalidade quando implementada a condição de seu
nascimento com vida.
Tópico para reflexão
No meio científico, alguns médicos e juristas consideram o nascituro
uma coisa.
Qual é a consequência jurídica desse posicionamento radical?
11. Retomada do conceito de biodireito
O biodireito é um novo ramo do estudo jurídico, resultado do encontro entre a
bioética e o biodireito.
É o ramo do Direito Público que se associa à bioética, estudando as
relações jurídicas entre o direito e os avanços tecnológicos conectados à
medicina e à biotecnologia, tais como, peculiaridades relacionadas ao corpo e à
dignidade da pessoa humana.
12. Princípios do biodireito
2.1. Proteção à dignidade da pessoa humana
2.2. Proteção à própria pessoa humana
O biodireito nasce como uma nova ciência jurídica para acompanhar o
desenvolvimento científico para proteger o participante da pesquisa e o doente
no que diz respeito ao seu tratamento médico.
A ciência é poderoso auxiliar para que a vida do homem seja cada vez
mais digna de ser vivida. Logo, nem tudo que é cientificamente possível é moral
e juridicamente admissível.
O BIODIREITO E AS PRINCIPAIS QUESTÕES JURÍDICAS
1. Proteção à vida humana
O direito à vida, por ser essencial ao ser humano, condiciona os
demais direitos da personalidade.
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Art. 5º da CF Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
A vida é um bem jurídico tutelado como direito fundamental básico desde
a concepção momento específico, comprovado cientificamente, da formação da
pessoa.
O respeito à vida decorre de um dever absoluto erga omnes, por sua
própria natureza, ao qual a ninguém é lícito desobedecer.
A vida também recebe proteção jurídico-penal, uma vez que são punidos
os homicídios simples (CP, art. 121) e qualificado (CP, art. 121, § 2º), o
infanticídio (CP, art. 123), o aborto (CP, arts. 124 a 128) e o induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio (CP, art. 122).
2. Princípio do primado do direito à vida
O direito à vida prevalecerá sobre qualquer outro, seja ele o de liberdade
religiosa, de integridade física ou mental etc. Havendo conflito entre dois direitos,
incidirá o princípio do primado mais relevante. Assim, por exemplo, se se precisar
mutilar alguém para salvar sua vida, ofendendo sua integridade física, mesmo
que não haja seu consenso, não haverá ilícito nem responsabilidade penal
médica.
REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA
RESOLUÇÃO CFM nº 2.168/2017
Adota as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida –
sempre em defesa do aperfeiçoamento das práticas e da observância aos
princípios éticos e bioéticos que ajudam a trazer maior segurança e eficácia a
tratamentos e procedimentos médicos –, tornando-se o dispositivo deontológico
a ser seguido pelos médicos brasileiros e revogando a Resolução CFM nº 2.121,
publicada no D.O.U. de 24 de setembro de 2015, Seção I, p. 117.
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A infertilidade humana é um problema de saúde, com implicações médicas e
psicológicas.
Art. 35-C da Lei n. 9.656/98
É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos:
III - de planejamento familiar.
LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996.
Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do
planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências.
Art. 226 da Constituição Federal: A família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado:
(...)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse
direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou
privadas.
Art. 1º da Lei n. 9.263/96
O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto
nesta Lei.
Art. 2º da Lei 9.263/96
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de
ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição,
limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
Art. 4º da Lei n. 9.263/96
O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e
pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas
disponíveis para a regulação da fecundidade.
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Parágrafo único: O Sistema Único de Saúde promoverá o treinamento
de recursos humanos, com ênfase na capacitação do pessoal técnico, visando
a promoção de ações de atendimento à saúde reprodutiva.
“Se o tratamento decorre de indicação médica e por conta de efeitos ou
sequelas causadas pela endometriose ou seu tratamento, cobertos pelo plano
de saúde, não há razão para negar igual cobertura ao procedimento de
fertilização, sob pena de se negar o esgotamento do tratamento ou
restabelecimento do paciente, na medida do possível, à sua condição humana e
fisiológica de normalidade.” (Acórdão Nº 915569 – TJDF)
Súmula 96 do Tribunal de Justiça de São Paulo:
“Havendo expressa indicação médica de exames associados a
enfermidade coberta pelo contrato, não prevalece a negativa de cobertura do
procedimento.”
“Na interpretação de contratos dessa natureza, deve-se considerar o
princípio da sua função social, da boa-fé e da cooperação, para evitar que a
consumidora sofra desvantagem exagerada com a invocação de filigranas ou
cláusulas acessórias, para ter negada à prestação do serviço justamente no
momento em que mais dele necessita. E ao contrário do que o plano de saúde
faz crer, não se trata de reembolso de tratamento de fertilização eletivo ou de
conveniência, mas o único procedimento possível e indicado para vencer os
efeitos ou as sequelas causadas pela doença ao órgão reprodutor da paciente.”
(Acórdão Nº 915569 – TJDF)
(...) a cobertura do plano de saúde deve ater-se às patologias e não ao tipo de
tratamento a ser aplicado para a cura da respectiva doença, cabendo a indicação
do método ao profissional habilitado.” (Acórdão Nº 915569 – TJDF)
“Haverá justa recusa, quando, no contrato, houver expressa vedação de custeio
ou, dentro da comunidade médica-científica, houve consenso de absoluta falta
de embasamento ou adequação do meio eleito para tratamento ou cura do
paciente.” (Acórdão Nº 915569 – TJDF)
“Fora essas hipóteses, impedir a realização do procedimento prescrito,
caracteriza em indevida intervenção no tratamento médico, já que não cabe ao
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plano de saúde escolher o melhor caminho para a cura ou redução dos efeitos
graves da doença.” (Acórdão Nº 915569 – TJDF)
Assim, “não havendo exclusão de cobertura da patologia pelo plano de saúde, a
escolha do tratamento passa a ser da exclusiva alçada médica, cujo custeio, sem
prova da ineficiência ou inaplicação do método ao caso, não pode ser negado
pela operadora, não podendo prevalecer cláusula contratual que, contraditória
com a própria finalidade e natureza do contrato de assistência à saúde, cobre a
moléstia e nega o meio curativo tido por eficaz pelo médico assistente ” (RE
732226, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 20/02/2013, publicado em
DJe-045 DIVULG 07/03/2013 PUBLIC 08/03/2013).” (Acórdão Nº 915569 –
TJDF)
“Ação cominatória movida por consumidora contra seguradora de saúde visando
a compeli-la, pena de "astreintes", a custear fertilização "in vitro". Deferimento
de liminar que se impõe. Direito à vida da mulher, em sua plenitude, que implica
necessariamente no direito à maternidade. Direito inalienável da mulher de tentar
ter filhos. Risco de dano irreparável da consumidora, que se aproxima dos 40
anos de idade, se acaso não deferida a liminar. Decisão de primeiro grau que
indefere ordem liminar que se reforma.” Agravo de instrumento provido. (Agravo
de Instrumento nº 2220232-93.2015.8.26.0000)
• Deve a justiça assegurar a paciente que tente engravidar, pelos meios
que a ciência coloca, hoje em dia, à disposição das mulheres.
• Há que se considerar que os avanços da medicina no campo da
reprodução assistida trouxeram para casais inférteis novas perspectivas,
ao mesmo tempo em que a dificuldade em ter acesso a essas técnicas,
por parte dos casais desprovidos de recursos, provoca uma série de
dilemas, conflitos e ansiedades, repercutindo na vida pessoal e na
saúde.
• Via de consequência, as pacientes são portadoras de endometriose da
parede tubária uterina, de bexiga e do peritônio.
• Art. 10 da Lei n . 9.656/98
• É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura
assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e
tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de
enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a
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internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da
Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas
estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto: III - inseminação artificial;
• Art. 46 da Lei n. 8.078, DE 11 de setembro de 1990 (Código de
Defesa do Consumidor)
Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão
os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar
conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu
sentido e alcance.
“Se a agravante dispõe de plano de saúde, pois, lícito que a ele se volte
para obter o que é seu direito, sagrado direito de ser mãe. A Constituição
assegura a quem tenha sua saúde cuidada pela iniciativa privada, ao menos,
os mesmos direitos que outorga aos cidadãos que se tratam à custa do
Estado.” (Agravo de Instrumento nº 2220232-93.2015.8.26.0000 – TJSP)
“Cumpre ressaltar, entretanto, que inseminação artificial e fertilização "in
vitro" não se confundem, sendo técnicas de fertilização distintas.
Enquanto a inseminação artificial, consiste na introdução do gameta
masculino diretamente na cavidade uterina, a fecundação "in vitro" é uma
técnica realizada em laboratório (Regina Beatriz Tavares da Silva.
Responsabilidade civil na reprodução assistida. In: TAVARES DA SILVA,
Regina Beatriz (coord.), Responsabilidade civil: responsabilidade civil na
área da saúde. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 238).” Apelação nº
1004019-59.2015.8.26.0114 – Campinas”
“Se isso não bastasse, conforme inciso III do art. 35-C, da Lei 9.656/98,
incluído pela Lei n° 11.935/09, passou a ser obrigatória a cobertura do
atendimento em caso de planejamento familiar, inserindo-se, aí, a
fertilização "in vitro". Isso porque, segundo o art. 2°, da Lei n° 9.263/96,
que regulamentou o art. 226, §7°, da Constituição Federal, o
planejamento familiar consiste no "conjunto de ações de regulação da
fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal". Apelação nº
1004019-59.2015.8.26.0114 – Campinas)
1. Conceito de “inseminação artificial”
“Consiste no recolhimento do sêmen do marido ou homem do casal
(ou de um doador) e no depositário de referido material, por meio de um
cateter, no útero da mulher receptadora, com a prévia desinfecção de
seus genitais. É, portanto, considerada uma técnica de fecundação in
vivo, por se dar no interior do organismo feminino.” MARINHO, Angela de
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Souza Martins Teixeira. Reprodução humana assistida no direito
brasileiro: a polêmica instaurada após o novo código civil. Porto Alegre :
Sergio Antonio Fabris. 2010, p. 29.
2. Conceito de inseminação artificial “in vitro”
“As técnicas de fertilização in vitro são consideradas um processo
mais elaborado, no qual os gametas, tanto masculinos quanto femininos,
são retirados dos respectivos organismos, ocorrendo a fecundação
extrauterina e, consequentemente, extracorpórea.” MARINHO, Angela de
Souza Martins Teixeira. Reprodução humana assistida no direito
brasileiro: a polêmica instaurada após o novo código civil. Porto Alegre :
Sergio Antonio Fabris. 2010, p. 32.
Eutanásia é a ação médica intencional de apressar ou provocar a
morte – com exclusiva finalidade benevolente – de pessoa que se
encontre em situação considerada irreversível e incurável, consoante os
padrões médicos vigentes, e que padeça de intensos sofrimentos físicos
e psíquicos.
a) Eutanásia ativa (positiva, direta) é a ação realizada com o propósito de
causar ou acelerar a morte. Exs.: injeção letal ou overdose aplicada por
um médico ou por qualquer outra pessoa.
• http://www.youtube.com/watch?v=JmxqAA7mbKk
• (Menina de ouro)
Suicídio assistido
b) Eutanásia passiva (negativa, indireta) é a ação negada com o
propósito de causar ou acelerar a morte. Ex.: retirar alimentação do
paciente em estado vegetativo persistente.
TIPOS DE EUTANÁSIA NO QUE DIZ RESPEITO AO
CONSENTIMENTO DO ENFERMO
“Temos, neste caso, a transferência intratubária de zigotos (ZIFIT – Zigote
Intra-Fallopian Transfer), que transfere para as trompas de falópio um ou
mais zigotos.” MARINHO, Angela de Souza Martins Teixeira.
Reprodução humana assistida no direito brasileiro: a polêmica
instaurada após o novo código civil. Porto Alegre : Sergio Antonio Fabris.
2010, p. 32.
3. Eutanásia
• Voluntária: há expresso e informado consentimento.
• b) Não voluntária: realizada sem o conhecimento da vontade do paciente;
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• c) Involuntária: realizada contra a vontade do paciente.
• http://www.youtube.com/watch?v=KrhPm5rx8SY
• (Ramón San Pedro)
• (Ator Javier Barden – Espanhol)
• Voluntária: há expresso e informado consentimento.
• b) Não voluntária: realizada sem o conhecimento da vontade do paciente;
• c) Involuntária: realizada contra a vontade do paciente.
• http://www.youtube.com/watch?v=KrhPm5rx8SY
• (Ramón San Pedro)
• (Ator Javier Barden – Espanhol)
4. Distanásia
Distanásia é a tentativa de retardar a morte o máximo possível,
empregando, para isso todos os meios médicos disponíveis, ordinários e
extraordinários ao alcance, proporcionais ou não, mesmo que isso não
signifique causar dores e padecimentos a uma pessoa cuja morte é
iminente e inevitável.
a) Obstinação terapêutica consiste no comportamento médico de
combater a morte de todas as formas, como se fosse possível curar o
paciente, em uma luta “irracional e desenfreada”, sem que se tenha em
conta os padecimentos e os custos humanos gerados.
b) Tratamento fútil é o emprego de técnicas e métodos extraordinários e
desproporcionais de tratamento, incapazes de ensejar a melhora ou cura,
mas hábeis a prolongar a vida, ainda que agravando sofrimentos, de
forma tal que os benefícios previsíveis são muito inferiores aos danos
causados.
http://www.youtube.com/watch?v=COH6jjMr4Q
Terri Shiavo
5. Ortotanásia
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
• Ortotanásia vem do grego (ortos + thanatos = correto + morte = morte
natural, literalmente, morte digna). Esse termo é utilizado pelos médicos
para definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao
paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da
doença. Portanto, evitam-se métodos extraordinários de suporte de vida,
como medicamentos e aparelhos em pacientes irrecuperáveis e que já
foram submetidos a suporte avançado de vida.
• Resolução CFM 1.805/06
• RESOLVE:
• Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e
tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de
enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de
seu representante legal.
• DIFERENÇA ENTRE EUTANÁSIA PASSIVA E ORTOTANÁSIA
• § 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu
representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada
situação.
• § 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no
prontuário.
• § 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de
solicitar uma segunda opinião médica.
• Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para
aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistência
integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive
assegurando-lhe o direito da alta hospitalar
• Na eutanásia, não há início do processo morte, enquanto o processo
morte, na ortotanásia, já se iniciou.
Doação Gratuita de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo Humano
A doação pode ser em vida ou “post mortem” para transplante e
tratamento.
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Para os efeitos da lei de remoção de órgãos, não estão entre os
tecidos: sangue, esperma e óvulo.
Art. 3º da Lei n. 9.434/97
A retirada “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo
humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de
diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos
não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do
Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM n. 1.480/97)
Os prontuários médicos serão mantidos nos arquivos das
instituições por um período mínimo de cinco anos.
É permitido o acompanhamento de médico da família no ato da
comprovação e da morte encefálica.
Art. 4º da Lei n. 9.434/97
A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas
falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da
autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha
sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive firmada em
documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da
morte.
Art. 5º da Lei n. 9.434/97
A remoção “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo de
pessoa juridicamente incapaz poderá ser feita desde que permitida
expressamente por ambos os pais, ou por seus responsáveis legais.
Após o transplante, o cadáver será recomposto condignamente para ser
entregue aos parentes aos parentes ou responsáveis legais para o
sepultamento.
Art. 9º da Lei n. 9.434/97
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É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de
tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou
para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto
grau, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial,
dispensada esta em relação à medula óssea.
Não é permitida a remoção “post mortem” de tecidos órgãos ou partes do
corpo de pessoas não identificadas.
A doação de pessoa viva deverá autorizar, preferencialmente e por escrito
e diante de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou parte do
corpo objeto da retirada.
A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos responsáveis legais
a qualquer momento antes de sua concretização.
O indivíduo juridicamente incapaz poderá fazer doação nos casos de
transplante de medula óssea, desde que haja consentimento de ambos
os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não
oferecer risco à saúde.
É vedada à gestante dispor de tecidos, órgãos ou partes de seus corpo
vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser utilizado em
transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à sua saúde ou
ao feto.
O autotransplante depende apenas do consentimento do próprio
indivíduo, registrado em seu prontuário médico ou, se ele for
juridicamente incapaz, de um de seus pais ou responsáveis legais.
É garantido a toda mulher o acesso a informações sobre as possibilidades
e os benefícios da doação voluntária de sangue do cordão umbilical e
placentário durante o período de consultas pré-natais e no momento da
realização do parto
O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do
receptor, assim inscrito em lista única de espera, após aconselhamento
sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento.
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas
condições de saúde impeçam ou comprometam a manifestação válida da
sua vontade, o consentimento de que trata este artigo será dado por um
de seus pais ou responsáveis legais.
A inscrição em lista única de espera não confere ao pretenso receptor ou
à sua família direito subjetivo a indenização, se o transplante não se
realizar em decorrência de alteração do estado de órgãos, tecidos e
partes, que lhe seriam destinados, provocado por acidente ou incidente
em seu transporte.
Art. 11. É proibida a veiculação, através de qualquer meio de
comunicação social de anúncio que configure:
a) publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar
transplantes e enxertos, relativa a estas atividades;
b) apelo público no sentido da doação de tecido, órgão ou parte do
corpo humano para pessoa determinada identificada ou não, ressalvado
o disposto no parágrafo único;
c) apelo público para a arrecadação de fundos para o
financiamento de transplante ou enxerto em beneficio de particulares.
É obrigatório, para todos os estabelecimentos de saúde notificar, às
centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos da unidade
federada onde ocorrer, o diagnóstico de morte encefálica feito em
pacientes por eles atendidos.
Morte Encefálica = morte cerebral (dois médicos)
Doação de órgãos = não pode haver mutilação
Assinar o TCI
Transplante autoplástico: retirada do tecido da própria pessoa.
Consentimento do próprio indivíduo.
Transplante heteroplástico: de uma pessoa para outro.
O transplante heteroplástico divide-se em:
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
a) Homóloga: mesma espécie
b) Heteróloga: espécies diferentes (xenotransplantes)
A retirada do órgão e do tecido deve ser autorizada pela
família e assinada por duas testemunhas.
Patologista: identifica a “causa mortis”
Retirou o órgão: o corpo deve ser necropsiado – direito do morto
• Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos
(CNDO)
• Departamento de Informática do SUS – Órgão da Secretaria Executiva do
Ministério da Saúde
• Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos
• Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
TRANSFUSÃO DE SANGUE
Artigo 5º, inciso VI, da Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
Direito à vida
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
O privilégio terapêutico aplica-se ao caso em que, com risco de morte, o
paciente não pode ser consultado a respeito do procedimento médico
(inconsciência, por exemplo), o que não é o caso dos autos, em que o
paciente, livre e conscientemente, opõe-se ao procedimento.
É direito de cada ser humano escolher livremente sua religião, prestando
culto a Deus. Pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10
de dezembro de 1948, inciso XVIII, “todo homem tem direito à liberdade
de pensamento, consciência e religião.” Este direito inclui a liberdade de
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Artigo 24 do Código de Ética Médica
Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir
livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua
autoridade para limitá-lo.
Artigo 31 do Código de Ética Médica
Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de
decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou
terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte.
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
SITUAÇÕES QUE PODEM OCORRER:
a) Paciente capaz em estado de urgência
b) Paciente capaz em estado de emergência
c) Menor impúbere
d) APELAÇÃO CÍVEL. TRANSFUSÃO DE SANGUE. TESTEMUNHA DE
JEOVÁ. RECUSA DE TRATAMENTO. INTERESSE EM AGIR. Carece de
interesse processual o hospital ao ajuizar demanda no intuito de obter
provimento jurisdicional que determine à paciente que se submeta à
transfusão de sangue. Não há necessidade de intervenção judicial, pois o
profissional de saúde tem o dever de, havendo iminente perigo de vida,
empreender todas as diligências necessárias ao tratamento da paciente,
independentemente do consentimento dela ou de seus familiares.
Recurso desprovido. (Apelação Cível nº 70020868162, Quinta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack,
julgado em 22/08/2007).
Testamento Vital
• O paciente terminal pode determinar os limites do tratamento que aceita
ser submetido, ou seja, pode manifestar sua vontade nas decisões
terapêuticas, dividindo a responsabilidade da escolha?
• O que vem a ser?
• Trata-se de um documento feito por qualquer pessoa maior de idade que
poderá escolher sobre o seu tratamento quando do não há mais chances
de recuperação.
• O realce do entendimento fica por conta de que “não se justifica prolongar
um sofrimento desnecessário, em detrimento a qualidade de vida do ser
humano”, como enxergou o CFM - Conselho Federal de Medicina -
expresso na Resolução 1.995/2012.
• Neste documento, os legisladores do CFM tiveram cuidado de definir três
questões:
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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
• A primeira, a decisão do paciente deve ser feita antecipadamente, isto é,
antes de ingressar na fase crítica (evento morte).
• A segunda, que o paciente ao decidir esteja plenamente consciente.
• A terceira, que sua manifestação prevaleça sobre a vontade dos
parentes e dos médicos que o assistem.
RESOLUÇÃO CFM nº 1.995/2012
• (Publicada no D.O.U. de 31 de agosto de 2012, Seção I, p.269-70)
• Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes.
• O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições
conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada
pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e pela Lei nº 11.000, de
15 de dezembro de 2004, e
• Para Roberto D’Ávila, presidente do CFM, a diretiva está diretamente
relacionada à possibilidade de ortotanásia, que é a morte sem sofrimento.
• O procedimento tem prática validada pelo Conselho Federal de Medicina
pela Resolução 1805/2006. "Com a Diretiva Antecipada de Vontade, o
médico atenderá ao desejo de seu paciente.
• No entanto, isso acontecerá dentro de um contexto de terminalidade da
vida", diz.
• Para Roberto D’Ávila, presidente do CFM, a diretiva está diretamente
relacionada à possibilidade de ortotanásia, que é a morte sem sofrimento.
• O procedimento tem prática validada pelo Conselho Federal de Medicina
pela Resolução 1.805/2006. "Com a Diretiva Antecipada de Vontade, o
médico atenderá ao desejo de seu paciente.
De acordo com o CFM, a nova medida é uma maneira de oferecer ao
paciente a chance de expressar sua vontade em ser submetido ou não a
tratamentos extenuantes, quando já não há chances de recuperação
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A pessoa que optar pelo documento poderá, por exemplo, escolher se
quer ser submetida a procedimentos como ventilação mecânica, tratamentos
com medicamentos ou cirúrgicos que sejam dolorosos e à reanimação em casos
de parada cardiorrespiratória.
• A controvérsia maior é que como a Resolução é recente, carece de
regulamentação no Código Civil, local onde ainda não foi recepcionada.
Os médicos que seguirem a mesma não serão naturalmente
considerados negligentes.
As Resoluções do CFM, embora não tenha força de lei, são consideradas como
mandatárias para os médicos
• Ao desobedecê-las, pode ser interpretado como quebra do Código de
Ética Médica, podendo acarretar sérios contratempos, até cassação da
permissão para exercer a Medicina.
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