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LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 01 MULHER AO ESPELHO
Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 01
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
(MEIRELES, Cecília. Poesias Completa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 01 O uso de palavras e expressões cotidianas, neste texto,
é carregado de sentido simbólico.
a) Uma expressão utilizada no poema possui um
sentido correspondente ao da expressão "da
cabeça aos pés".
Retire-a do texto.
b) Na 3a estrofe, o substantivo "tinta" se refere a uma
expressão que o antecede.
Transcreva essa expressão e indique a conotação
que o substantivo "tinta" adquire no texto.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 02Estas mãos
Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.
Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.
(...) Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.
Minhas mãos doceiras...
jamais ociosas.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 02Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.
Mãos de semeador...
Afeitas à sementeira do trabalho
Caminheira de uma longa estrada.
[...]
(Cora Coralina – 1889-1985 – “Meu livro de cordel”)
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 02A tirinha e o poema “Estas mãos”, embora pertençam a gêneros textuais
diferentes, são semelhantes no que se refere
a) à abordagem da mesma temática, ainda que com diferentes
intenções comunicativas.
b) às tarefas exercidas pelas mãos femininas.
c) à redução do termo mão à questão do trabalho doméstico.
d) à denúncia da exploração do trabalho doméstico feminino.
e) às mãos como conotação de pedido de casamento.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 03Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes
que ficavam no centro de grandes jardins. Eu e uma amiguinha
brincávamos muito de decidir a quem pertenciam os palacetes. “Aquele
branco é meu.” “Não, eu já disse que os brancos são meus.” “Mas esse
não é totalmente branco, tem janelas verdes.” Parávamos às vezes
longo tempo, a cara imprensada nas grades, olhando.
[...] Numa das brincadeiras de “essa casa é minha”, paramos diante de
uma que parecia um pequeno castelo. No fundo via-se o imenso pomar.
E, à frente, em canteiros bem ajardinados, estavam plantadas as flores.
LISPECTOR, Clarice. Cem anos de perdão. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 60.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 03A narrativa de ficção joga com sentidos duplos e figurados e explora as
variadas possibilidades da linguagem. Na obra de Clarice Lispector,
para atingir uma maior expressividade na construção do texto, destaca-
se ainda a epifania.
Considerando-se o conceito de epifania na obra dessa autora, pode-se
ler o conto “Cem anos de perdão” como
a) antítese do prazer da criança que desvela, por meio do ato de
roubar, as possibilidades da transgressão das rígidas normas impostas
pela sociedade, mas que sofre de forma antecipada devido à
possibilidade da punição.
b) metáfora da passagem da infância para a adolescência, uma vez
que a descoberta dos grandes jardins com suas rosas e pitangas
acena, figurativamente, para a descoberta do erotismo e da
sexualidade.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 03c) alegoria da dor da criança pobre que, ao andar pelas ruas ricas do
espaço urbano, percebe a desigualdade social de Recife, o que
autoriza e legitima o ato de roubar.
d) metonímia do mal que se manifesta, de forma inofensiva, nas
crianças, por meio do roubo de rosas e de pitangas, mas que na vida
adulta se manifestará em atos e atitudes que prejudicarão a
sociedade.
GABARITO: B
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 04TEXTO 1
“Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E sequestros...”
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 04TEXTO 2
“Há manifestantes representando policiais, que defendem a votação da
PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 300, que estabelece o piso
nacional para policiais militares e bombeiros. Outro grupo representa
médicos que querem a derrubada do veto ao projeto de lei do Ato
Médico; e um terceiro bloco é formado por profissionais de 13 categorias
da área de saúde que defendem a manutenção do veto.”
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 04Com base nos textos 1 e 2, analise as afirmativas a seguir:
I. A linguagem literária é predominantemente referencial, visto que é
de natureza complexa e ambivalente.
II. A denotação está presente no texto 1, pois as palavras possuem
sentidos mais precisos.
III. O texto 1 é polissêmico por ser literário e passível de provocar
interpretações diferenciadas.
IV. A expressão “... celebrar nossa justiça...” é produzida com ironia
pelo eu lírico.
V. A sigla PEC 300, utilizada no texto 2, possui sentido figurado e gera
dubiedade na compreensão.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 04Estão CORRETAS
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05Texto 1
Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio de carros em alta
velocidade, de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos
seres humanos como nos animais, o medo tem por objetivo promover a
sobrevivência. Com o decorrer do tempo, as pessoas que sentiram medo
tiveram mais pressão evolutiva favorável.
Hoje, não precisamos mais lutar por nossas vidas na selva, mas o medo está
longe de desaparecer, pois continua servindo ao mesmo propósito que
servia na época em que nos encontrávamos com um leão enquanto
trazíamos água do rio. A diferença é que agora carregamos carteiras e
andamos pelas ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele atalho
deserto à meia-noite é baseada em um medo racional que promove a
sobrevivência. Na verdade, o que mudou foram só os estímulos, já que
corremos o mesmo risco que corríamos há centenas de anos e nosso medo
ainda serve para nos proteger da mesma forma que nos protegia antes.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05A maioria de nós jamais esteve perto da peste bubônica (epidemia que
atacou a Europa na época medieval), mas nosso coração para ao vermos
um rato. Para o ser humano, além do instinto, também há outros fatores
envolvidos no medo. O ser humano pode ter o dom da antecipação, o que
nos faz imaginar coisas terríveis que poderiam acontecer: coisas que
ouvimos, lemos ou vemos na TV. A maioria de nós nunca vivenciou um
acidente de avião, mas isso não nos impede de sentar em um avião e
agarrar firme nos apoios dos braços. A antecipação de um estímulo de
medo pode provocar a mesma reação que teríamos se vivêssemos a
situação real. Isso também é um benefício obtido com a evolução.
http://pessoas.hsw.uol.com.br/medo1.htm 01/09/2009 (adaptado).
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05Texto 2
A coragem (...) só se torna uma virtude quando a serviço de outrem ou de
uma causa geral e generosa. Como traço de caráter, a coragem é,
sobretudo, uma fraca sensibilidade ao medo, seja por ele ser pouco
sentido, seja por ser bem suportado, ou até provocar prazer. É a coragem
dos estouvados, dos brigões ou dos impávidos, a coragem dos “durões”,
como se diz em nossos filmes policiais, e todos sabem que a virtude pode
não ter nada a ver com ela.
Isso quer dizer que ela é, do ponto de vista moral, totalmente indiferente?
Não é tão simples assim. Mesmo numa situação em que eu agiria apenas
por egoísmo, pode-se estimar que a ação generosa (por exemplo, o
combate contra um agressor, em vez da súplica) manifestará maior
domínio, maior dignidade, maior liberdade, qualidades moralmente
significativas e que darão à coragem, como que por retroação, algo de seu
valor: sem ser sempre moral, em sua essência, a coragem é aquilo sem o
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05que, não há dúvida, qualquer moral seria impossível ou sem efeito. Alguém
que se entregasse totalmente ao medo que lugar poderia deixar aos seus
deveres? (...) O medo é egoísta. A covardia é egoísta. (...) Como virtude, ao
contrário, a coragem supõe sempre uma forma de desinteresse, de
altruísmo ou de generosidade. Ela não exclui, sem dúvida, uma certa
insensibilidade ao medo, até mesmo um gosto por ele. Mas não os supõe
necessariamente. Essa coragem não é a ausência do medo, é a
capacidade de superá-lo, quando ele existe, por uma vontade mais forte e
mais generosa. Já não é (ou já não é apenas) fisiologia, é força de alma,
diante do perigo. Já não é uma paixão, é uma virtude, é a condição de
todas. Já não é a coragem dos durões, é a coragem dos doces, e dos
heróis.
André Comte-Sponville. Pequeno tratado das grandes virtudes. P. 55 a 57 (adaptado).
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05Para responder à questão, preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F
(falso), considerando as afirmativas sobre o texto 3 e relacionando-as, se for
o caso, com as ideias presentes nos textos 1 e 2.
( ) No primeiro quadrinho, a palavra “hostilidade” está sendo usada com
uma conotação positiva.
( ) O conceito de “ação generosa”, apresentado no texto 2 (2º
parágrafo), é exemplificado nos planos das crianças, no segundo quadro
do texto 3.
( ) No terceiro e no quarto quadrinhos, as falas de Hamlet indicam que ele
já vivenciou a situação descrita.
( ) O “dom da antecipação”, explicitado no texto 1 (3º parágrafo), pode
ser ilustrado pela manifestação das crianças, no quinto quadro do texto 3.
LITERATURA - A ARTE, A LITERATURA E SEUS CONCEITOS
// QUESTÃO 05A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima
para baixo, é
a) V – F – F – V
b) F – V – F – V
c) V – V – F – F
d) V – F – V – F
e) F – F – V – V
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