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Matérias
Aquecimento global: causas, consequências e combateequipe eCycle
Nossa influência sobre o efeito estufa, riscos associados
às mudanças climáticas e contribuições possíveis para
redução de danos
O mundo está se tornando mais quente. Mas esse é um processo natural da
Terra ou decorre da ação humana? Há muita discussão em torno do assunto,
mas é sempre bom esclarecer o que é o efeito estufa, processo que o vídeo
acima, produzido na parceria entre a Agência Espacial Brasileira e o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, conceitualmente introduz e onde a influência
humana efetivamente ocorre.
Como observado, é um processo que ocorre quando a radiação infravermelha
na superfície terrestre, que por sua vez tem origem na luz do sol, é absorvida
por gases presentes na atmosfera, principalmente o vapor de água (H2O) e o
dióxido de carbono (CO2), mas outros gases como o metano (CH4), o óxido
nitroso (N2O) a família dos CFCs (CFxClx) se apresentam como fortes
captadores de radiação infravermelha e potencializadores do efeito estufa.
Esse conjunto de gases são, portanto, chamados de Gases de Efeito Estufa
ou GEE.
O efeito estufa em si é um processo fundamental para a vida na Terra já que
faz com que o planeta se mantenha aquecido, mas o aumento significativo das
emissões de gases do efeito estufa associado a outras ações também
promovidas pela atividade humana, como o desmatamento de florestas por
exemplo, têm sido determinantes, acredita-se, no desequilíbrio do balanço de
energia do sistema terra atmosfera ocasionando maior retenção de energia e o
aumento do efeito estufa, com o aquecimento da baixa atmosfera e aumento
da temperatura média do planeta e possíveis distorções ambientais. O
aquecimento global se tornou um dos maiores problemas da Terra, com efeitos
que podem ser catastróficos.
Estudos e previsões
Se a ação humana não é a única, seu impacto é inegável. A discussão sobre a
determinância ou não da ação antrópica (do homem) sobre as mudanças
climáticas, mesmo que a sólida maioria da classe científica reconheça sua
gravidade, parece ingênua. É fato evidente que a ação antrópica impõe danos
graves ao seu próprio habitat e as consequências negativas reiteradamente se
comprovam nos mais variados aspectos, seja na alarmante redução da
biodiversidade, exploração desmedida de recursos naturais e sobremaneira na
geração poluentes a níveis inaceitáveis para um sociedade que se diz
civilizada.
Dados comprovam que, inegavelmente, o planeta está mais quente, década
após década. No entanto, não existem pesquisas definitivas sobre os reais
danos no longo prazo estabelecidos pela relação entre aquecimento global e
aumento de emissões, que na verdade, podemos interpretar como poluentes
lançados deliberadamente no ar. Por outro lado, estudos já relacionam a
ocorrência de partículas poluentes no ar, dentre outros problemas, ao
desenvolvimento de autismo em crianças, inflamação dos vasos sanguíneos e
até a problemas durante a gestação.
Em se tratando dos reflexos do aquecimento global sobre o planeta, cientistas
daUniversidade de Bristol, no Reino Unido, publicaram estudo na revista
Nature que estima um aumento no nível do mar poderia se dar na ordem de 90
centímetros até o ano de 2100, por conta do derretimento de geleiras e da
expansão das águas do oceano causados pelo aumento do calor. O aumento
do nível do mar acarretaria em desaparecimento de ilhas e até países inteiros,
além de prejuízos para cidades litorâneas, causados pelo desaparecimento de
áreas mais baixas.
Outro estudo sugere que as mudanças climáticas podem aumentar o número
de erupções vulcânicas. Ao analisarem o ultimo milhão de anos, pesquisadores
conseguiram estabelecer uma relação direta entre mudanças climáticas e o
consequente derretimento de geleiras, com o aumento de atividades
vulcânicas. Isso pelo fato de que, com o aumento da quantidade de água nos
oceanos causado pelo derretimento, a pressão sobre o solo oceânico aumenta,
fazendo com que as chances de erupções aumentem.
Uma pesquisa, liderada por Nigel Arnell, diretor Instituto
Walker da Universidade de Reading, demonstra que ao estabelecer políticas
que garantam o aumento de temperatura em 2ºC até 2100, os impactos
ambientais seriam reduzidos em até 65%. Atualmente, a previsão é que, até o
fim do século, o mundo estará 4º C mais quente.
A gravidade da situação pode ser aferida no flagrante engajamento das
corporações em relação ao tema. Em relatório encomendado pelo Fórum
Econômico Mundial, intitulado Global Risks 2013, o efeito estufa já é
reconhecido como o terceiro maior risco global por conta dos grandes
fenômenos climáticos de 2012 como o furacão Sandy e as enchentes na China.
A indústria seguradora é um bom exemplo disso, acompanha com apreensão a
crescente sucessão de desastres naturais que impactam, direta e
imprevisivelmente, o risco de suas operações.
Onde está o problema e o que fazer a respeito
A conscientização e a mudança de atitude são o mais importante quando o
assunto é aquecimento global. Para contribuir com a diminuição de emissão de
gases do efeito estufa, em primeiro lugar é preciso saber onde estão esses
gases.
O dióxido de carbono é encontrado principalmente na queima de
combustíveis fósseis como a gasolina, diesel e carvão. Para evitar esse tipo de
poluição, a redução do uso deliberado do automóvel parece ser um bom
caminho, a despeito das políticas industrial, econômica e urbana em nosso
país caminharem em sentido exatamente oposto. Bicicletas são boas opções
para deslocamentos de curta distância e nas longas, caronas e transporte
público de qualidade, sobretudo trens e metrô, que utilizam fontes renováveis
de energia, as melhores alternativas. A sermos capazes de nos mantermos
como um país cuja matriz energética se baseie fundamentalmente em energia
renovável, nosso caso hidrelétrica, estímulos ao barateamento da tecnologia de
veículos elétricos e à migração do parque automotivo para veículos híbridos ou
elétricos seria mudança importante.
O uso maciço de fertilizantes nitrogenados na agricultura é também um forte
amplificador do efeito estufa, uma vez que além de exigirem grandes
quantidades de energia em sua produção, quando aplicados ao solo
desprendem nitrogênio na atmosfera. O gás, combinado ao oxigênio dá
origem ao óxido nitroso, um poderosoGEE, cujo potencial de retenção de calor
na atmosfera é de ordem 300 vezes superior à do dióxido de carbono (CO2).
Neste caso as alternativas para redução de danos ainda são limitadas.
Tecnologia desenvolvida pela Embrapa, a fixação biológica de nitrogênio é um
emprego interessante e atualmente aplicada na produção de soja, embora sua
abrangência ainda se revele limitada. Ocorre que as tecnologias para absorção
deste nutriente, o nitrogênio, ainda não incorrem em escala suficiente para a
redução material dos danos causados pelo processo atual, restando como
alternativa básica a eficiência na aplicação dos adubos, ou seja, a menor
quantidade possível para obtenção dos melhores resultados agrícolas
esperados. O cenário de crescimento da população mundial e a condição de
nosso país como uma das maiores fronteiras agrícolas no planeta agrava o
quadro e recomenda emergência no surgimento de novas técnicas de
produção.
Já o metano, GEE cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono
na retenção de calor na atmosfera, a ela chega de diversas formas, dentre as
quais via: emanação através de vulcões de lama e falhas geológicas,
decomposição deresíduos orgânicos, fontes naturais (ex: pântanos), na
extração de combustível mineral (a exemplo do gás de folhelho
via fraturamento hidráulico extraído do folhelho negro), fermentação entérica de
animais (herbívoros, carnívoros e onívoros),bactérias e aquecimento ou
combustão de biomassa anaeróbica. Em alguns desses casos somos capazes
de reduzir essas emissões através de práticas de consumo mais sustentáveis.
Com relação à decomposição de resíduos orgânicos, a biodigestãe
a compostagem são consideradas tecnologias mitigadoras por reduzirem as
emissões GEE por tonelada de resíduo tratado, a primeira com a vantagem de
gerar energia como subproduto e a seguinte na geração de fertilizante. A
adoção progressiva de fontes de energia renováveis e menos poluentes, como
eólica e solar em substituição às fontes fósseis e a redução no consumo de
carne animal perfariam um conjunto de iniciativas capazes de reduzir
materialmente os danos associados às emissões de metano originadas no
consumo.
Embora o consumo de CFCs (clorofluorcarbonetos) tenha sido
regularmentarmente eliminado no país, ainda estão em operação
equipamentos de refrigeração e ar condicionado que operam à base desses
gases nocivos. Alternativamente aos CFCs, sob o argumento de serem 50%
menos destrutivos àcamada de ozônio, surgiram
os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), solução também para a indústria, já
que a cadeia de produção para elaborá-lo era similar à dos CFCs. Por outro
lado a nova solução, baseada nos gases chamados fluorados, representa
grande contribuição para o aquecimento global por se tratar de poluente
milhares de vezes mais prejudicial do que o dióxido de carbono, o que levou a
União Européia a pressionar por seu banimento em favor de alternativas
naturais não sintéticas, como a amônia ou o próprio dióxido de carbono, que
têm altas propriedades de resfriamento quando usados para este fim. No Brasil
encontra-se em curso o Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs com
objetivo de cumprir um cronograma para a eliminação destes gases e que
estabelece o congelamento dos níveis de produção e importações em 2013,
sua redução em 10% até 2015, e o banimento total em 2040.
Por fim, ainda há uma medida importante a ser tomada e que diz respeito ao
caráter político de nossa vida em sociedade. Um cidadão consciente e
ambientalmente educado reúne a argumentação e as condições necessárias
para, além das melhores escolhas em seu consumo particular, imprimir
equivalente seletividade em suas opções relacionadas à representatividade
legislativa e executiva. Sobre sua capacidade de articulação em sociedade
para a cobrança sobre políticas ambientais consistentes e ações das
autoridades que elege, como investimentos em mobilidade urbana de
qualidade, regulamentações e fiscalização de emissões, desmatamento de
florestas, preservação da biodiversidade, fomento a pesquisas, enfim, uma
atitude que contribua para a construção de condições mais equilibradas e
dignas ao convívio das espécies entre si e com o meio que habitam.
AEB - Agência Espacial Brasileira
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais MCT
Fonte:
Fonte: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1294-aquecimento-global-o-perigo-se-tornou-real.html
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