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ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
O(S) USO(S) DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO NA SALA DE
AULA
ANA MARIA SOARES
PROPAGANDA
UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS EM SALA DE AULA A RESPEITO
DO TEMA PROPAGANDA E CONTROLE SOBRE A SAÚDE E O CORPO DA
MULHER NA DÉCADA DE 1920
2/201
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1 - Tema:
Propaganda e o controle sobre a saúde e o corpo da mulher, a partir dos anos
1920.
2 - Justificativa:
A sequência didática, aborda a questão da Propaganda, problematizando a questão
da Saúde da Mulher, relevante, para promover uma reflexão junto aos alunos sobre
tal assunto nos documentos das décadas de 20 a 30, chegando à atualidade,
abordando as mudanças e as permanências sócio culturais, resultado da postura
burguesa e machista das sociedades de então, que preocupavam-se com a
educação feminina para o casamento e não para a vida profissional. Tal educação
priorizava “dissipar os antigos preconceitos que povoavam sua ‘mente fraca’ e torná-
la uma companhia mais agradável e interessante ao homem”.
3 - Objetivo:
O objetivo da SD é instrumentalizar os alunos, ao tomar contato com documentos
das décadas de 20 e 30, refletir o papel da mulher nesse período, analisar as
relações sócio-políticos dos gêneros e finalmente comparar esse papel com a
situação feminina na atualidade.
A SD contribui para apontar as razões para os cuidados com a saúde e a higiene da
mulher, como forma de controlar o corpo feminino e consequentemente, a
sociedade. Desde o século XIX surgem os estudos psiquiátricos associando a
menstruação à alienação mental, demonstrando a grande preocupação existente
com as “doenças femininas”, com o desejo sexual da mulher, fazendo com que a
mesma fosse recatada com o marido, zelasse pela prole e pela herança burguesa,
mas com outro comportamento com os amantes. Portanto, “se a mulher saísse do
padrão desejado, deveria ser confinada aos ‘manicômios’. O prazer sexual era
prerrogativa das ‘vadias’ e não das doces e higiênicas esposas”. Apesar de tanta
tirania, o sexo rosa choque, segundo estudos de Gilberto Freyre apontam para uma
nova e apimentada versão dos fatos, afirmando que a oprimida mulher, seja pelo pai
ou pelo marido, percebeu que ter “ataques de histerias”, ou tornarem-se “nervosas”,
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poderia adquirir favores, impor seus desejos ou interesses, oprimindo assim, os seus
opressores, que se curvavam aos seus desejos ou “queixumes”, fossem eles,
sexuais, pequenos favores ou até livrar-se do estressante cotidiano familiar, ou seja,
modificando as relações de poder, de uma forma sútil. É fato, que não se tornou
relevante compreender as origens do suposto nervosismo feminino, porém, que ele
se tornou uma forte arma contra a tirania machista, isto foi percebido na sociedade
de então. A crise de nervos da mulher era uma agressão reveladora ao pai e ao
marido, manifestando a hostilidade às atitudes opressoras.
Curiosamente, o médico tornava-se o “aliado” da “mulher nervosa”, não permitindo
que ela se tornasse adúltera, aos olhos da sociedade, mas sim medicada e
higiênica, aos olhos do marido, substituindo a figura confiável do padre, que muitas
vezes utilizava o confessionário, como ponto de encontro e da exteriorização dos
desejos sexuais femininos, infelizes com o matrimônio.
A SD, pretende atualizar o olhar sobre o corpo da mulher, questionando as reais
mudanças ideológicas, que ainda repetem falas como "os homens se divertem com
as mulheres mais ‘dadas’, porém se casam com as mais recatadas”.
Para os dias atuais, existe um grande aliado da mulher, que é o Anticoncepcional,
usado com liberalidade por ela, possibilitando dizer quando e se, deseja engravidar
e com quem, rompendo com muitos grilhões opressores sobre as donas do sexo
frágil.
A utilização de músicas nessa SD, sensibilizam os alunos, através da linguagem
poética das letras, da irreverência que provocam reflexão e desejo de mudança
através da identificação sócio musical.
4 - Componente Curricular
Disciplina História.
A SD será aplicada dentro do conteúdo sobre a “1ª República e as Revoltas
Urbanas” e a “Higienização das capitais”.
5 - Ano (série)
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3º Ano do Ensino Médio.
6 - Tempo Previsto
6 aulas.
7 - Desenvolvimento e conteúdo das atividades.
Materiais – Data show com som, sala confortável com carteiras e cadeiras.
1ª e 2ª Aulas.
A SD terá início com a música: Rosa.
Caetano Veloso – Rosa (Pixinguinha). Youtube. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=MlJRNlR0Nec >. Acesso em 07 nov. 2013.
Análise e leitura do Documento 1.
Introdução:
Contextualização histórica.
A. 1ª República
B. Rebeliões Urbanas
C. Belle Époque
D. Higienização das cidades
E. Controle do corpo da mulher e da sociedade
F. Papel da mulher na sociedade da época?
Questões sobre o documento:
A. Qual é a ideia central do documento?
B. Qual é o papel da mulher apresentado pelo documento?
C. A que doenças as mulheres estão expostas, segundo o documento?
D. Quais são as vantagens de se ter uma Mãe “risonha e bem disposta de
novo”?
E. Associe o documento à música “Rosa”.
Tempo: 2 aulas
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3ª e 4 Aulas
Música: Cor de Rosa Choque
Rita Lee & Roberto De Carvalho - Cor De Rosa Choque. Youtube. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=8hCFLZr5jy0 >. Acesso em: 07 nov. 2013.
Leitura e análise do Documento 2.
Introdução:
Contextualização histórica.
A. Interesses da burguesia na sociedade.
B. Controle da sociedade e do corpo da mulher.
C. Valores sociais patriarcais
D. Reprodução de valores sociais.
Questões para reflexão:
A. Análise da imagem. Que aspectos românticos ela apresenta?
B. Com elementos do documento, apresente a preocupação com a saúde da
mulher.
C. O documento apresenta uma postura de versão machista?
D. Associe a música ao contexto do documento.
Tempo: 2 aulas.
5ª e 6ª Aulas
Música Folhetim
Gal Costa - Ensaio - "Folhetim". Youtube. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=za3sJbw822Q >. Acesso em: 07 nov. 2013.
Análise do Documento 3.
Introdução:
Contextualização histórica.
A. Doenças femininas.
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B. Política de higienização.
C. Doenças de nervos.
Questões de avaliação do documento:
A. Explique o título do documento.
B. Como a mulher pode ter vantagens através de suas “Doenças”?
C. Por que existem tantos remédios para a saúde da mulher?
D. Associe a música ao documento.
Tempo: 2 aulas.
8 - Bibliografia
COSTA, Jurandir Freire. Ordem Médica e Norma familiar. 4 ed., RJ : Graal, 1999, p.271-274
ENGEL, Magali. História das mulheres no Brasil: Psiquiatria e feminilidade. SP : Contexto & Unesp, 2014, p.327-357.
RAGO, Margareth. Do Cabaré ao lar: A utopia da Cidade Disciplinar Brasil 1890 -1930. 2 ed., RJ : PAZ E TERRA,1987, p.63.
SCHERING AG. A PÍLULA anticoncepcional: 40 anos de impacto social. Bogotá, Colômbia : Panamericana e Impressos, 2000, 149 p.
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Anexos:
Músicas:
Rosa
Orlando Silva
Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada e formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu lanceado pregado e crucificado
Sobre a rósea cruz do arfante peito teu
Tu és a forma ideal, estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação que em todo coração sepultas o amor
O riso, a fé e a dor em sândalos cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela, és mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus quanto é triste a incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar em conduzir-te um dia aos pés do altar
Jurar, aos pés do onipotente em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
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Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos
Hei de te envolver até meu padecer de todo fenecer
Rosa - Orlando Silva. Letras.Mus.Br. Disponível em: < http://letras.mus.br/orlando-silva/125870/ >. Acesso em: 07 nov. 2013. Cor de Rosa Choque
Rita Lee
Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso
De quem nada quer...
Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama
Vive a mulher...
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...
Mulher é bicho esquisito
Todo o mês sangra
Um sexto sentido
Maior que a razão
Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie
Em extinção...
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Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...
Cor de Rosa Choque – Rita Lee. Letras.Mus.Br. Disponível em: < http://letras.mus.br/rita-
lee/48504/ >. Acesso em: 07 nov. 2013.
Folhetim
Chico Buarque
Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
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Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim
Folhetim – Chico Buarque.Letras.Mus.Br. Disponível em: < http://letras.mus.br/chico-buarque/85968/ >. Acesso em 07 nov. 2013.
Documentos:
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Documento 1.
MAMÃE. A Cigarra. São Paulo, jul. 1926, n.281. Apesp.
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Documento 2:
QUANTO Dura... A Cigarra. São Paulo, fev. 1931, n. 390. Apesp.
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Documento 3
OS MARIDOS são máos enfermeiros. A Cigarra. São Paulo, set. 1930, n. 365. Apesp.
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