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ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - RECURSOS HÍDRICOS
ANALISE DA DISPOSIÇÃO ENTRE POÇOS E FOSSAS NO BAIRRO OLIVEIRA
BRITO, CIDADE DE CAPANEMA, PARÁ, BRASIL
KATHERINNE THAISA BRITO LIMA, RONNIERY DA SILVA COSTA, GABRIELE
ROSA DA SILVA, ANTONIA TAMILA DO NASCIMENTO SILVA, SANAE NOGUEIRA
HAYASHI
A água doce superficial disponível é encontrada em menor quantidade para uso e consumo
humano, tem-se então a necessidade de se explorar as águas subterrâneas e para isso pode
ser utilizada uma técnica bem simples que é a perfuração de poços para coleta de água. A
qualidade da água subterrânea é um fator a ser considerado, tendo em vista o uso da água ser
captada. Para a captação de água de poços, hoje, deve-se atribuir uma atenção maior sobre a
qualidade da água, tendo em vista que em áreas urbanas as águas subterrâneas estão sujeitas
a contaminação por diversas fontes, principalmente por fossas, presentes nas residências. A
distância mínima da fossa para o poço é de 15 metros. O presente trabalho objetivou
identificar o tipo de poço e fossa e avaliar a distância entre eles, em uma parcela do bairro
Oliveira Brito, Capanema/PA. Primeiramente foram aplicados questionários com os
moradores do bairro analisado, coletando dados e pontos no GPS que posteriormente foram
utilizados nos programas ArcGIS 10 e Excel 2013 para geração de mapas e gráfico. A partir dos
dados coletados obtevese a quantidade, o tipo de fossa e poço, e a distância entre estes.
Através dessa avaliação foi constatado que 76 fossas, a grande maioria, não estão de acordo
com a distância ideal, de 15 metros. Mostrando que as condições dos poços para captação de
água podem estar sofrendo com algum tipo de contaminação por conta dos dejetos
armazenado nas fossas, entretanto não se pode ratificar essa situação.
Palavra-chave: contaminação, distância, água, captação, residência.
Introdução
Aproximadamente ¾ da superfície da Terra é coberta por água, razão pela qual, vista e
fotografada do espaço, foi apelidada de Planeta Água. Substância essencial para manutenção
dos seres vivos, a água é reconhecida pela ciência como o ambiente em que surgiu a própria
vida. Por esse motivo, sua ocorrência é considerada uma das condições básicas para a
admissão da existência de vida, como a conhecemos, em outros planetas (CAPUCCI, et al,
2011).
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
- ²
-
-
4
- 5
A existência da água nos estados sólido, líquido e gasoso na Terra, envolve o gigantesco
fenômeno denominado Ciclo Hidrológico, a contínua circulação entre os oceanos, a atmosfera
e os continentes, responsável pela renovação da água doce, há pelo menos 3,8 bilhões de
anos. Entretanto, 97,6% da água do planeta é constituída pelos oceanos, mares e lagos de água
salgada. A água doce, representada pelos 2,4% restante, tem sua maior parte situada nas
calotas polares e geleiras (1,9%), inacessível aos homens pelos meios tecnológicos atuais. Da
parcela restante (0,5%), mais de 95% é constituída pelas águas subterrâneas (CAPUCCI, et al,
2011).
Embora se tenha desde o século XVI legislação para recursos hídricos no Brasil, as medidas de
saneamento básico no país são recentes. São considerados como integrantes do saneamento
brasileiro: o abastecimento de água potável, o esgotamento sanitário abrangendo a coleta e
tratamento deste de forma a ser descartada corretamente, limpeza pública juntamente com
as fases de manejo de resíduos até sua disposição final, a drenagem pluvial envolvendo a
condução da água de forma a minimizar os efeitos sazonais deletérios sobre a população e
propriedades e ainda o controle de vetores transmissores de doenças (TRATA BRASIL, 2012).
Uma vez que a água doce superficial disponível é encontrada em menor quantidade para uso
e consumo humano tem-se então a necessidade de se explorar as águas subterrâneas e para
isso pode ser utilizada uma técnica bem simples que é a perfuração de poços para coleta de
água. Segundo Capucci et al, na captação de água subterrânea através de poços, não é
importante apenas no aspecto da quantidade, isto é, a vazão a ser obtida. A qualidade da água
subterrânea é outro fator a ser considerado, tendo em vista o uso proposto para a água ser
captada.
A qualidade das águas subterrâneas é dada, a princípio, pela dissolução dos minerais presentes
nas rochas que constituem os aquíferos por ela percolados. Mas, ela pode sofrer a influência
de outros fatores como composição da água de recarga, tempo de contato água/meio físico,
clima e até mesmo a poluição causada pelas atividades humanas (CAPUCCI, et al, 2011).
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
Entende-se por atividades geradoras de poluição e/ou que ofereçam risco de poluição, toda e
qualquer atividade socioeconômica que se desenvolva sobre a superfície terrestre e gere
resíduos e/ou efluentes (líquidos, sólidos ou gasosos) que não recebem tratamento adequado
antes de serem reintroduzidos no ambiente natural, assim como, o uso abusivo de defensivos
agrícolas e nitratos, poços construídos e abandonados, que podem ser mal utilizados, e causar,
nesse caso, poluição de forma direta (MARION, 2011).
Para a captação de água de poços, hoje, deve-se atribuir uma atenção maior sobre a qualidade
da água, tendo em vista que em áreas urbanas as águas subterrâneas estão sujeitas a
contaminação por diversas fontes, principalmente por fossas, presentes nas residências, haja
vista, na maioria das vezes o saneamento básico é ausente nas cidades. Segundo Ramos (2014,
p.15), a distância mínima da fossa para o poço é de 15 metros. Adota-se essa metragem para
que diminua a chance de contaminação da água dos poços. Nesse sentido é importante obter
informações sobre poços e fossas existentes em residências em áreas urbanas. O presente
trabalho objetivou identificar o tipo de poço e fossa e avaliar a distância entre eles no Bairro
Oliveira Brito, Capanema/PA.
Materiais e Métodos
A área de estudo está localizada no nordeste paraense, município de Capanema, situada no
bairro Oliveira Brito (Figuras 1 e 2). A cidade tem uma estimativa de 66.353 habitantes,
segundo IBGE (2015), com latitude: -1.1964 e longitude: 1º 11’ 54’’ Oeste, altitude de 32m e
clima de monção.
A pesquisa foi realizada no município de Capanema estado do Pará, em uma parcela do bairro
Oliveira Brito, entre os dias 16 e 22 de abril de 2016, pelos alunos de Ciências Biológicas da
Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA, Campus Capanema. A pesquisa foi realizada
em duas etapas. A primeira foi feita em campo para coleta de 181 pontos referentes a ¹
Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia fossas e poços presentes em cada residência da parcela com auxílio do uso
do GPS- modelo Garmin. Em cada residência do bairro foi aplicado um questionário sendo
totalizados cem (100) questionários, além disso, foram utilizados canetas, pranchetas e
máquina fotográfica para a coleta de dados. A segunda etapa foi feita através do Programa
ArcGIS 10 para geração de mapas e análises dos dados. Para análise das distancias entre os
poços e as fossas foi utilizado a ferramenta “Buffer” do ArcGIS. Essa ferramenta executa
operações de busca e atributos de entidades pertencentes a uma camada geográfica
especifica, que estão localizados a uma determinada distancia de entidade de referência. Para
isso, foram definidas 10 classes de distância, com intervalos de 5 metros entre cada classe.
Para criação dos gráficos utilizados no artigo, foi utilizado o Programa Excel 2013.
Figura 01 – mapa de localização da cidade de Capanema-PA
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
Figura 02 – mapa de localização da cidade de Capanema-PA
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
Resultados e Discussão
Com base nos dados obtidos com o referente trabalho constatou-se que das 100 residências
que foram realizadas entrevistas, a grande maioria (76% do total) possui poço ‘’boca larga’’
para captação de água, e os poços artesianos são utilizados em uma minoria, com apenas 24%
(Figura 04). De acordo com esse resultado pode-se inferir que os poços de boca larga podem
vir a ser uma problemática dentro do bairro, afetando os moradores que se utilizam desses
poços, pois a água contida neles está mais suscetível a contaminações, uma vez que esse tipo
de poço em sua maioria é raso e possui uma mínima proteção (Figura 05). A proteção do
poço tem a função de dar segurança à sua estrutura e evitar a contaminação da água. As
possíveis formas de contaminação podem ocorrer quando o mesmo não possui nenhum tipo
de revestimento e/ou tampa em concreto, por fossas que não estão com a distância mínima
permitida ou que apresentam vazamentos em geral, por conta da infiltração de águas da
superfície, através do terreno, atingindo a parede e o interior do poço, enxurradas através da
boca do poço, para seu interior, entrada de objetos contaminados, animais, papéis, madeira,
etc. Os poços artesianos (Figura 06) possuem um risco menor de contaminação, haja vista
que se encontram sempre fechados e em profundidades mais elevadas.
.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
- ²
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4
- 5
Figura 05 – Poço boca larga Figura 06 – Poço artesiano
com tampa de madeira. com tampa em concreto.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
- ²
,18 24
75 ,82
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
Artesiano Boca larga
Tipos de Poço (%)
Figura 0 4 – Tipos de poço .
-
-
4
- 5
De acordo com as entrevistas, foi observada grande semelhança a respeito do tipo de fossa
que é utilizada, uma vez que 98 fossas se caracterizam como sépticas (Figura 07) e apenas
uma como fossa negra (Figura 08). Com base nesses dados, contata-se que as fossas sépticas
são a grande maioria (Figura 09). Nesse contexto, essas fossas podem não ser um foco de
possíveis contaminações das águas dos poços presentes nas residências, uma vez que
possuem revestimento, o que aumenta sua segurança, entretanto, não se pode afirmar, pois
não foram feitas analises de água e nem da estrutura da fossa. Do total de fossas analisadas,
foi encontrada uma única fossa negra. Esse tipo de fossa não possui muita segurança, já que
a mesma não possui revestimento de proteção tendo uma maior chance de atuar na
contaminação das águas subterrâneas e por isso é a menos recomendada.
Figura 07 – Fossa séptica. Figura 08 – Fossa negra.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
Na análise dos dados, foi observado que a distância da fossa em relação aos poços da área
estudada obteve uma grande variação. Do total, 12 fossas se enquadram na distância de até
5 metros em relação ao poço mais próximo, 33 fossas ficaram com uma distância de 5 a 10
metros, 31 fossas de 10 a 15 metros, 9 fossas de 15 a 20 metros, 7 fossas entre 20 e 25 metros,
4 fossas entre 25 a 30 metros, 2 fossas de 30 a 35 metros e apenas 1 fossa com distância entre
35 a 50 metros (Figura 10 e Figura 11). Diante desses dados, foi possível verificar que 76
fossas não estão respeitando a distância mínima que segundo Ramos (2014, p. 15) é de 15
metros. Neste sentido, essas fossas, que podem ser tanto da própria residência quanto de
residências próximas, podem ser possíveis focos de contaminação da água coletada nos poços.
Em contrapartida, 23 fossas que se enquadram na distância mínima permitida.
0 , 1
99 , 0
0 , 0
0 , 20
, 0 40
, 60 0
0 , 80
100,0
120,0
Fossa Negra Fossa séptica
Tipo de Fossa (%)
Figura 09 – Tipos de fossa.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
12
33 31
9 7
4 2
1 0
5
10
15
20
25
30
35
5 10 15 20 25 30 35 50 Distância entre fossa e poço (m)
Figura 1 0 – Distância entre fossa e poço.
Figura 11 – Mapa referente a distância entre fossa e poço.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
Conclusão
De acordo com os dados que foram analisados, os objetivos do trabalho foram alcançados,
haja vista que os resultados obtidos permitiram a identificação os tipos de poços e fossas
presentes nas residências entrevistadas no bairro. Também, apresentou subsídios para que
fosse possível fazer uma avaliação a respeito da distância entre fossa e poço. Através dessa
avaliação foi constatado que 76 fossas, a grande maioria, não estão de acordo com a distância
ideal, de 15 metros. Isso mostra que as condições dos poços para captação de água podem
estar sofrendo com algum tipo de contaminação por conta dos dejetos armazenado nas
fossas. Entretanto, não se pode ratificar essa situação, pois a grande maioria das fossas é
séptica, e essa condição é favorável ao armazenamento seguro de dejetos. Entretanto, não foi
feita uma análise de água para que a contaminação fosse de fato confirmada.
Referências
CAPUCCI, Egmont Bastos; MARTINS, Aderson Marques; MANSUR, Kátia Leite;
MONSORES, André Luiz Mussel. Departamento de recursos minerais DRM – Rj. Poços tubulares
e outras captações de águas subterrâneas - orientação aos usuários. s.l. s.n. 2011. 67 p.
Capanema. DBCity.com. Disponivel em: <pt.m.db-city.com/Brasil--Pará--Capanema>. Acesso
em: 15 maio. 2016.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Manual do saneamento básico: entendendo o saneamento básico
ambiental no Brasil e sua importância socioeconômica. s.l. s.n. 2012. 67 p.
IBGE. Cidades. Disponivel em:<cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=15022>. Acesso
em: 15 maio. 2016.
MARION, Fabiano André. Águas subterrâneas, atividades potencialmente contaminantes e o
aporte do geoprocessamento na definição de conflitos. Geoambiente On-line, Revista
eletrônica do curso de geografia – Campus Jataí – UFG, n 17, p 31- 47, 2011.
RAMOS, Lediane Léslie Campos. Diagnóstico e avaliação de coleta e disposição de lodo de fossa
e de tanque séptico em Cuiabá-MT. Cuiabá, 2014. 98 f. Dissertação (mestrado). Universidade
Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2014.
¹ Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal
Rural da Amazônia
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