as consequÊncias do crime de pesca predatÓria em uma reserva extrativista marinha
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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
CURSO DE DIREITO
AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA
Virgínia Azevedo Carvalho
Silva Jardim
2005
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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
CURSO DE DIREITO
AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA
Virgínia Azevedo Carvalho
Monografia apresentada como
exigência final do Curso de Direito da
Universidade do Grande Rio.
Banca examinadora:
Orientadora: Profª. Sandra Bastos
Membro Interno: César Gomes de Sá
Membro Interno: Juarez da Silva Resende
Silva Jardim
3
Dedico este trabalho monográfico às minhas
avós, aos meus pais, aos meus irmãos, a todos os meus
amigos e colegas do IBAMA – RESEX MAR/AC, aos
amigos faculdade e de Arraial do Cabo;
A professora Sandra Bastos, pela atenção
dispensada, e principalmente, por ter aceitado o encargo
de orientar-me nesta pesquisa.
A Deus, que nos agracia com o dom da vida, que
nos permite gozar a existência a cada novo dia, e que se
faz presente dentro de nós a todo instante, nos guiando
no caminho do conhecimento, da paz e da evolução
enquanto seres humanos.
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.
RESUMO
Esta pesquisa monográfica destina-se ao estudo do crime de pesca predatória em uma Reserva Extrativista Marinha e das conseqüências que esse ilícito pode causar nessa Unidade de Conservação de Uso Sustentável e para o mundo jurídico. Foi utilizada como campo de estudo a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ – RESEX/MAR AC – que foi a primeira Reserva Extrativista Marinha do Brasil. Para tanto, fez-se necessário tecer considerações acerca do Direito do Mar no âmbito do Direito Internacional do Meio Ambiente e expor alguns conceitos relacionados ao mar territorial, à pesca, às Reservas Extrativistas (no tocante a sua criação e finalidades). Nesse estudo, também foi abordada, de uma forma genérica, a questão da preservação do meio ambiente, seja do trabalho como o da biodiversidade e outras questões igualmente relevantes à problemática acerca da pesca predatória.
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SUMÁRIO
RESUMO 4
I – INTRODUÇÃO 7
II – DO MEIO AMBIENTE E DOS PRINCÍPIOS APLICADOS À PESCA
PREDATÓRIA 9
2.1 – MEIO AMBIENTE 9
2.2 – PRINCÍPIOS 10
2.2.1 – Princípio da sadia qualidade de vida 10
2.2.2 – Princípio do Desenvolvimento Sustentável 11
2.2.3 – Princípio da obrigação do Estado de intervir 11
2.2.4 – Princípio da Prevenção 11
.2.5 – Princípio da Precaução 12
2.3 – DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO E COMO DIREITO
HUMANO 15
III – DA PESCA E DA PESCA PREDATÓRIA 17
3.1 – CONCEITOS GERAIS SOBRE PESCA 17
3.1.1 – Pesca 17
3.2 – DO ORDENAMENTO PESQUEIRO E SUAS MEDIDAS 20
3.2.1 – Proteger parte selecionada de um estoque 21
3.2.2 – Limitar o volume das capturas 21
3.2.3 – Métodos e petrechos de pesca permitidos 22
3.2.4 – Métodos e petrechos de pesca proibidos 22
3.2.5 – Épocas e locais de pesca proibidas 23
IV – DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS 24
V – DAS AÇOES E SANÇOES PENAIS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA 28
5.1 – A LEI N° 9.605/98 E A LEI PENAL 28
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5.2 – DA APLICAÇÃO DA PENA 29
5.2.1 – Das penas cabíveis às pessoas físicas 30
5.2.1.1 – Privativa de liberdade 30
5.2.1.2 – Restritivas de direitos 31
5.2.2 – Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas 32
5.2.2.1 – Multas 32
5.2.2.2 – Restritivas de direitos 33
5.2.2.3 – Prestação de serviços à comunidade 34
5.2.3 – As Pessoas Físicas Autoras, Co-Autoras Ou Partícipes E A Responsabilidade
Penal Das Pessoas Jurídicas 34
5.2.4 – A Lei N° 9.605/98 E O Inquérito Civil 34
5.2.5 – Da Ação E Do Processo Penal 35
VI – AS CONSEQUENCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA
RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA 37
6.1 – DIMINUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RESERVA EXTRATIVISTA
MARINHA 37
6.2 – DIMINUIÇÃO DA CULTURA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO
TRADICIONAL 38
6.3 – DA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO DA POPULAÇÃO
TRADICIONAL 39
6.4 – DESOBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO
AMBIENTAL 39
VII – CONSIDERAÇOES FINAIS 40
VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
ANEXO I – PLANO DE UTILIZAÇÃO 43
ANEXO II – DECRETO DE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA
DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO/RJ 67
7
I – INTRODUÇÃO
Questiona-se nesse estudo, a busca das conseqüências advindas da
pesca predatória em uma Reserva Extrativista Marinha. Serão estudadas, as definições de
Reserva Extrativista e suas finalidades, a definição do crime de pesca predatória e suas
penalidades e, das conseqüências causadas, nas reservas, pelo dito ilícito. Derivada da luta
direta dos seringueiros da Amazônia pela preservação de seu modo de vida e pela preservação
do meio ambiente, as Reservas Extrativistas, constituem uma modalidade de Unidade de
Conservação de Uso Sustentável, reconhecidas pelo Direito Brasileiro, mais especificamente
na Lei nº 9.985/2000. Vale salientar, também, que a tipificação de pesca predatória é análoga
à da pesca proibida na legislação ambiental e que a codificação desse crime se deu com a Lei
nº 7.679/1988 e com a Lei nº 9.605/1998. A grande discussão que o tema dessa monografia
traz a lume é a questão das conseqüências derivadas do crime de pesca predatória, podendo
ser questionado o que vem a ser tal tipo ilícito e o que vem a ser Reserva Extrativista.
Faz-se necessário, num primeiro momento, expor algumas noções
acerca do meio ambiente, de Reserva Extrativista e da pesca predatória. Portanto, para sua
exata compreensão, é importante relembrar alguns princípios gerais do Direito Ambiental e o
conceito de Direito e Interesse Difuso.
Antes ainda de entrarmos no estudo em questão há de se falar também
sobre o Direito do Mar, tecendo algumas considerações sobre os espaços marítimos e
oceânicos. Para tanto, é de grande importância analisarmos, desde já, a Convenção das
Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em Montego Bay, Jamaica, 10/12/1982, onde se
consolidam as normas sobre a definição e consolidação de tais espaços e, se trata da
conservação dos recursos vivos. Essa Convenção foi consagrada por questões relativas à
pesca (pesca industrial, em larga escala) e à prevenção da poluição do meio aquático.
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Foi nessa referida Convenção que se teve a definição de “zona
econômica exclusiva” e a regulamentação de tal espaço, que é o território marítimo
delimitado entre o mar territorial e o alto-mar. Este último, não mais extenso do que 200
milhas marítima, espaço onde tem a mais alta prioridade a conservação dos recursos vivos
marinhos.
O Brasil fez parte dessa Convenção e a adotou aprovando-a pelo
Decreto Legislativo nº 5/97, promulgando-a pelo Decreto nº 99.165 de 12/03/1990, e
declarando-a em vigor pelo Decreto nº 1.530 de 22/06/1995.
Após essa Convenção, foi adotado sob a égide da ONU, em
complementação aos seus dispositivos, o Acordo para a implementação das provisões da
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 10/12/1982, Relativas à
Conservação e Gerenciamento de Espécies de Peixe Altamente Migratórios e Tranzonais, em
New York, 04/08/1995. Essa complementação é relativa a espécies de peixes altamente
migratórios e tranzonais, que vivem a “cavaleiro” entre o alto-mar e a zona econômica
exclusiva.
Cabe ressaltar também que há a atuação da FAO (Food and
Agriculture Organization) que, adotada pela Convenção de Montego Bay, regula, em suas
atribuições, a pesca internacional, dentro de sua competência, sobre a manutenção dos
cardumes existentes na natureza e dos criados em condições sob controle (aqüicultura) e sobre
a melhoria dos meios da alimentação do homem.
Esses tratados ganharam status de norma Constitucional com a
Emenda Constitucional n° 45, acrescentando na Constituição Federal os § 3° e § 4° do art. 5°.
9
II – DO MEIO AMBIENTE E DOS PRINCÍPIOS APLICADOS À PESCA
PREDATÓRIA
2.1 – MEIO AMBIENTE
O Meio Ambiente é tratado pelo Direito Nacional e Internacional,
como vimos na introdução. Ele relaciona-se a tudo aquilo que nos circunda.
O legislador infraconstitucional define o Meio Ambiente no art. 3º, I,
da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente):
“Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei entende-se por:
I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.
Essa conclusão advém do art.225 da Lei Maior, que usa a expressão
sadia qualidade de vida.
Com isso, Paulo Affonso Leme Machado concluiu que o constituinte
optou por estabelecer dois objetos de tutela ambiental: “um imediato que é a qualidade do
meio ambiente, e outro mediato, que é a saúde, o bem estar e a segurança da população, que
vem sintetizado na qualidade de vida”.
O meio ambiente pode ser classificado como: natural, artificial ou
construído, cultural e do trabalho. No presente estudo há de se ressaltar o meio ambiente
natural que é constituído por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna e o meio ambiente do
trabalho que é “o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam
remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de
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agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da
condição que ostentem”. O meio ambiente está mediatamente tutelado pelo caput do art. 225
da CF e imediatamente tutelado pelo § 1º, I e V, desse mesmo artigo.
2.2 – PRINCÍPIOS 2.2.1 – Princípio da sadia qualidade de vida
Paulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental Brasileiro. 12ª ed.
rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p. 47 e 48), cita a sadia
qualidade de vida como um princípio e cita no âmbito do Direito do Direito Internacional, a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, na Declaração de Estocolmo/72 que
salientou que o homem tem direito fundamental a “... adequadas condições de vida, em um
meio ambiente de qualidade...” A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, na Declaração Rio de Janeiro/92, afirmou que os seres humanos “tem
direito a uma vida saudável”. E, por fim, o Instituto de Direito Internacional, na sessão de
Estraburgo, em 04/09/1997, afirmou que “todo ser humano temo direito de viver em um
ambiente sadio” e esse direito seria individual de gestão coletiva.
Outro princípio citado por Paulo Affonso Leme Machado (Direito
Ambiental Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p.
49) é o do Acesso eqüitativo aos recursos naturais. Nele se defende a razoabilidade da
utilização ou não utilização da água, do mar e do solo, que deve satisfazer as necessidades
comuns de todos os habitantes da Terra. Seria adequado pensar no meio ambiente como “bem
de uso comum do povo”.
A Declaração de Estocolmo/72, em seu Princípio 5, tratou da referida
matéria: “Os recursos não renováveis do Globo devem ser explorados de tal modo que não
haja riscos de serem exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam
partilhadas a toda humanidade”.
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2.2.2 – Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Podemos analisar também, no tema do presente estudo, o princípio do
Desenvolvimento Sustentável que surgiu na Declaração de Estocolmo/72 e repetida, em
especial, na ECO-92, no Princípio nº 3. Implicitamente podemos identificá-lo no art. 170, VI
e no art.225 na expressão: “o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. Nele o Estado deve buscar a harmonia entre o desenvolvimento e o meio ambiente,
visando à qualidade de vida humana.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
define-o como o “desenvolvimento que atende as necessidades do presente, sem comprometer
a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”, podendo
também ser empregado com o significado de “melhorar a qualidade de vida humana dentro
dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas”.
2.2.3 – Princípio da Obrigação do Estado de Intervir
Com base neste princípio, propugna-se ser obrigação do Estado de
intervir, com medidas de proteção ao meio ambiente (Princípio17 da Declaração de
Estocolmo/72 e art. 225da CF), devendo prevalecer o direito administrativo e a intervenção
estatal deve, primeiramente, procurar planejar, regulamentar, controlar, propor e executar uma
política para cuidar do meio ambiente.
2.2.4 – Princípio da Prevenção
Ainda há de se falar no princípio da Prevenção que informa a
responsabilização daquele que causar perigo ao meio ambiente, bem como que deve
prevalecer na ação estatal o modelo “preveja e previna”, apoiado pelo “reaja e corrija”. Ele é
de preceito fundamental já que os danos ambientais são irreversíveis e irreparáveis, na
maioria das vezes.
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Na Conferência de Estolcomo/72, este princípio içou a categoria de
megaprincípio do Direito Ambiental e na ECO-92, refere-se à ele o Princípio 15:
“Para proteger o meio ambiente medidas de precauções devem ser
largamente aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em caso de risco de danos
graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto
para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando prevenir a degradação do meio
ambiente”.
Na Constituição Brasileira podemos identificá-lo no art. 225, onde é
dever do Poder Público e da coletividade proteger e preserva o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações.
Essa prevenção deve se dar por meio de uma consciência ecológica
que se fará através de uma Política de Educação Ambiental. O instrumento principal para
prevenir os danos ambientais é o licenciamento ambiental, uma vez que o princípio da
prevenção aplica-se a impactos ambientais já conhecidos e que tenham uma história de
informações sobre eles. Outros instrumentos relevantes na realização desse princípio é o
estudo prévio de impacto ambienta (EIA/RIMA), o tombamento, o manejo ecológico, as
sanções administrativas, as liminares, na punição correta do causador do dano.
2.2.5 – Princípio da Precaução
Por fim, trataremos do princípio da precaução. A Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente no Brasil (Lei nº 6.938/81) tem como objetivos a
compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do
meio ambiente e do equilíbrio ecológico e preservação dos recursos ambientais, com vistas à
sua utilização racional e disponibilidade permanente (art. 4º, I e II). Essa lei foi pioneira na
América Latina, tornando a prevenção do dano ambiental uma obrigação. Ele visa à
durabilidade da sadia qualidade de vida das gerações humanas e à continuidade da natureza
existente no planeta.
Segundo Paulo de Bessa Antunes (Direito Ambiental. 6ª ed. rev. atual.
e ampl. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2002, p.35): “Diante da incerteza científica, tem
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sido entendido que a prudência é o melhor caminho, evitando-se danos que, muitas vezes, não
poderão ser recuperados”.
O Princípio 15 da ECO/92 diz: “De modo a proteger o meio ambiente,
o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas
capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta
certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”.
A precaução caracteriza-se pela ação antecipada diante do risco de
perigo e tem por finalidade evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente.
Pode-se ver no art. 9º, III da Lei nº 6.938/81 e no art. 170, VI da Lei
Fundamental que um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente é o Estudo de
Impacto Ambiental, como medida prévia para a avaliação dos efeitos da implantação de um
projeto ambiental.
No Brasil, o princípio da precaução foi inserido pela Convenção da
Diversidade Biológica e pela Convenção-Quatro das Nações Unidas sobre a Mudança de
Clima.
2.2.5.1 – Características do Princípio da Precaução
a) Incerteza do dano ambiental – versa sobre a existência do risco ou da probabilidade de
dano ao ser humano e à natureza. No caso de haver certeza do dano ambiental
preconiza-se que o mesmo deve ser prevenido, como vimos no Princípio da
Prevenção. No caso do Princípio da Precaução a incerteza do dano ambiental deve
também ser prevenida. O princípio da precaução consiste em dizer que somos
responsáveis pelo que nós sabemos ou deveríamos saber e pelo que deveríamos
duvidar. Devemos aplicar esse princípio quando existe incerteza para que esta não se
torne uma certeza;
b) Tipologia do risco ou ameaça – entende-se que a ameaça, perigo ou risco não necessita
ser “séria e irresistível” bastando ser “sensível” quanto à redução ou perda do bem
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protegido. O dano é medido pela importância ou gravidade e a sua potencialidade é
entendida como a irreversibilidade do bem protegido à condição ou estado anterior;
c) Da obrigatoriedade do controle do risco a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente
– Se dá por não aceitar qualquer risco. Os riscos que colocam em perigo os valores
constitucionais protegidos, como a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, são
inaceitáveis. Pode-se conferir essa característica no art. 225, § 1°, V da Constituição
Federal. Esse controle deverá ser feito pelo Poder Público;
d) Custo das medidas de prevenção – A Convenção-Quadro sobre a mudança do clima
preconiza que “as políticas e medidas adotadas para enfrentar a mudança do clima
devem ser eficazes em função dos custos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao
menor custo possível”. Isso deve ocorrer em todas as áreas do meio ambiente, sendo, o
custo excessivo, ponderado com a realidade econômica de cada lugar, pois a
responsabilidade ambiental é diferenciada em cada país, porém, comum a todos eles;
e) Implantação imediata das medidas de prevenção: o não adiamento – Os documentos
internacionais já citados nesse estudo entendem que as medidas de prevenção não
devem ser adiadas, postergadas. Para o princípio da precaução ser efetivamente
aplicado tem que suplantar a precipitação, a pressa, a rapidez insensata, a
improvisação e a vontade do resultado imediato. Isso se dá para que se evite o dano
ambiental através da prevenção no tempo certo. Caso haja necessidade do adiamento
da prevenção em acordos efetuados pelo Ministério Público ou pela Administração,
deverá ser provado pelo órgão público ambiental ou pelo próprio Ministério Público
essa necessidade. Na dúvida opta-se pela solução que proteja imediatamente o ser
humano e conserve o meio ambiente (in dubio pro salute ou in dubio pro natura).
f) O princípio da precaução e os princípios constitucionais da Administração Pública
brasileira – A Administração Pública deverá implementar o princípio da precaução
cumprindo os princípios impostos no art. 37, caput, da CF. É necessário que as
políticas ambientais se orientem no sentido de não estabelecerem situações das quais
venham surgir as probidades de dano. O princípio da precaução entra no domínio do
direito público através do ‘Poder de Polícia’ da administração. O Estado que se
encarrega da salubridade, segurança e tranqüilidade, pode, para evitar o dano
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ambiental, tomar medidas que contradigam, limitam, reduzem, suspendam algumas
das liberdades do homem e do cidadão como: grandes indústrias, comércio, expressão,
manifestação. Contraria a legalidade e a moralidade administrativa o adiamento de
medidas de precaução que devam ser tomadas de imediato. Violam os princípios da
impessoalidade e da publicidade administrativas os licenciamentos e acordos que não
são previamente apresentados ao público, o que possibilita que os setores interessados
participem dos procedimentos das decisões;
g) A inversão do ônus da prova – Ensinam Alexandre Kiss e Dinah Shelton que:
“Em certos casos, em face da incerteza científica, a relação de causalidade
é presumida com o objetivo de se evitar a ocorrência de dano. Enquanto,
uma aplicação estrita do princípio da precaução inverte o ônus normal da
prova e impõe ao autor potencial provar, com anterioridade, que sua ação
não provocará danos ao meio ambiente”
Para não se adotar medida corretiva ou preventiva é necessário
demonstrar que certa atividade não causa danos irreversíveis e nem danifica o meio ambiente.
A inversão do ônus da prova tem como conseqüência que os
empreendedores de um projeto devem implementar as medidas de proteção ao meio ambiente,
salvo se tiverem prova de que os limites do risco e da incerteza de danos não foram
ultrapassados.
2.3 – DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO E COMO DIREITO
HUMANO
A defesa do meio ambiente é exercida a título coletivo e se trata de
direito ou interesse difuso.
O Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/90, em seu art. 81,
I, define direitos ou interesses difusos como: “assim entendidos, para efeitos desse Código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstancias de fato”.
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O meio ambiente pode abranger toda a população mundial, até
mesmo, através dos tratados internacionais. O Poder Público e a coletividade têm o dever de
preservá-lo e defendê-lo para a sua e as futuras gerações.
Segundo Noberto Borbbio “o principal direito humano é reivindicado
pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente não poluído. Art. 225 da CF
serve como sede desse direito, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Direito ao meio ambiente saudável deve
ser considerado um bem pertencente a todos, essencial à sadia qualidade de vida”.
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III – DA PESCA E DA PESCA PREDATÓRIA 3.1 – CONCEITOS GERAIS SOBRE PESCA 3.1.1 – Pesca
“Entende-se por pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar,
apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos de peixes, crustáceos, moluscos e
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies
ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais de fauna e flora” (art. 36 da Lei n°
9.605/98).
A pesca é tratada em nossa legislação no Decreto-Lei n° 221/67
(Dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca), na Lei n° 7643/87 (Proíbe a pesca de cetáceo
nas águas jurisdicionais brasileiras), na Lei n° 7.679/88 (Dispõe sobre a proibição da pesca de
espécies em período de reprodução), na Lei n° 9.605/98 (Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente), entre outras.
A pesca tem grande relevância nas Reservas Extrativistas Marinhas,
sendo tratada e discriminada nas leis que as instituem. A pesca que se utiliza nesse tipo de
Unidade de Conservação é a pesca artesanal.
No Plano de Utilização da RESEXMAR/AC (Anexo I) “é permitida a
pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora, esportiva, científica e
profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as modalidades e no que couber,
devem estar regularizadas com o Ministério da Marinha, Ministério do Trabalho, Ministério
da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como com a AREMAC –
18
Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo” (4.1, anexo I da Portaria n°
17-N/99).
De acordo com o art. 26 do Decreto-Lei n° 221/67: “Pescador é aquele
que, matriculado na repartição competente segundo as Leis e regulamentos em vigor, faz da
pesca sua profissão ou meio principal de vida”.
“Pesca amadora é aquela praticada por brasileiros ou estrangeiros com
a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial” (art. 3º da Portaria
IBAMA nº 30/03).
Pesca esportiva “é a que se pratica com linha de mão, por meio de
aparelhos de mergulho ou quaisquer outros permitidos pela autoridade competente, e que em
nenhuma hipótese venha a importar em atividade comercial” (§ 2º, do Art. 2º do Decreto-Lei
nº 221/67).
Pesca científica “É a exercida unicamente com fins de pesquisas por
instituições ou pessoas devidamente habilitadas para esse fim”. “Aos cientistas das
instituições nacionais que tenham por Lei a atribuição de coletar material biológico para fins
científicos serão concedidas licenças permanentes especiais gratuitas”. (§ 3º, do Art. 2º, e art.
32, do Decreto-Lei nº 221/67; Portaria SUDEPE nº 18/84). “A autorização, pelos órgãos
competentes, de expedição científica, cujo programa se estenda à pesca, dependerá de prévia
autorização do IBAMA” (art. 30 do Decreto-Lei nº 221/67).
“Pescador Profissional na Pesca Artesanal:: aquele que, com meios de
produção próprios, exerce sua atividade de forma autônoma, individualmente ou em regime
de economia familiar ou, ainda, com auxilio eventual de outros parceiros, sem vínculo
empregatício” (Lei n° 10.779/03 – Seguro Desemprego).
“Pescador Profissional na Pesca Industrial: aquele que, com vínculo
empregatício, exerce atividade relacionadas com a captura, coleta ou extração de recursos
pesqueiros em embarcações pesqueiras de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas inscritas
no RGP na categoria correspondente” (art. 4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 de
12/05/2004).
Armador de pesca é a “pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou
sob a sua responsabilidade, apresta para sua utilização uma ou mais embarcações pesqueiras,
cuja arqueação bruta totalize ou ultrapasse 10 toneladas” (art. 4° da Instrução Normativa
SEAP n° 03 DE 12/05/2004).
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A Indústria Pesqueira é considerada a “pessoa jurídica que, direta ou
indiretamente, exerce atividade de captura, extração, coleta, conservação, processamento,
beneficiamento, ou industrialização de seres animais ou vegetais que tenham na água seu
meio natural ou mais freqüente habitat” (art. 4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 DE
12/05/2004).
Embarcação Pesqueira é a “embarcação de pesca que se destina
exclusiva e permanentemente à captura, coleta, extração ou processamento e conservação de
seres animais e vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente habitat” (art.
4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 DE 12/05/2004).
A pesca industrial é a proibida nas Reservas Extrativista por usarem
métodos de pesca predatórios. Como vimos nas definições acima, a industria pesqueira busca
um beneficiamento, “um lucro” pela atividade da pesca, sendo que para que isso ocorra é
necessário utilizar embarcações pesqueiras de grande porte, ou seja, sendo necessário um
armador.
Essa espécie de pesca desrespeita a legislação pesqueira e ambiental,
pois utiliza, para a pesca, meios proibidos em certas localidades.
Isso pode ser notado na concepção de Alessandra Rapassi
Mascarenhas Prado que considera como crime de pesca predatória o art. 35 da Lei n°
9.605/98 e o art 1° da Lei n° 7.679/88.
O art. 35 da Lei n° 9.605/98 dispõe:
“Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I – explosivos ou substâncias que, em contato com a água,
produzam efeito semelhante.
II – substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
competente.
Pena – reclusão de um a cinco anos”.
Já a Lei n° 7.679/88 dispõe:
“Art. 1°. Fica proibido pescar:
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I – em curso d’água, nos períodos em que ocorrem fenômenos
migratórios para reprodução e, em água parada ou mar
territorial, nos períodos de desova, de reprodução ou de defeso;
II – espécies que devam ser preservadas ou indivíduos com
tamanhos inferiores aos permitidos;
III – quantidades superiores às permitidas
IV – mediante a utilização de:
a) explosivos ou de substancias que, em contato com a água,
produzam efeito semelhante;
b) substâncias tóxicas;
c) aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
V – em época e nos locais interditados pelo órgão competente;
VI – sem inscrição, autorização, licença, permissão ou
concessão do órgão competente;
§1° Ficam excluídos da proibição prevista no item I deste artigo
os pescadores artesanais e amadores que utilizem, para o
exercício da pesca, linha de mão ou vara, linha e anzol.
§2° Vedado o transporte, a comercialização, o beneficiamento e
a industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida”.
Ao analisar o § 2° do art. 1° da Lei n° 7.679/88 junto com a
definição de indústria pesqueira, supra citada, concluímos que a pesca industrial pode ser
considera proibida e/ou predatória.
Segundo o estudo do ordenamento jurídico pesqueiro e em
consulta ao biólogo Marcus Machado Gomes (Chefe da RESEX/AC), sobre a definição
de pesca predatória foi obtida a informação que apenas os incisos V e VI do art. 1° da Lei
7.679/88 não vão caracterizar, necessariamente, essa espécie de pesca.
3.2 – DO ORDENAMENTO PESQUEIRO E SUAS MEDIDAS
Ordenamento Pesqueiro consiste num conjunto de normatizações e
ações demandadas pelo Poder Público, visando promover o uso sustentado dos estoques em
níveis biologicamente e ecologicamente equilibrados, o bom desempenho econômico das
21
pescarias e a minimização dos reflexos sociais negativos, sobre todos aqueles que estão
envolvidos com a atividade pesqueira. Esse uso sustentável é obtido através da Proteção de
parte selecionada de um estoque; do limite de volume das capturas; dos métodos e petrechos
da pesca permitidos em nosso ordenamento; dos métodos e petrechos de pesca proibidos em
nosso ordenamento; das épocas e locais de pesca proibidos em nosso ordenamento.
3.2.1 – Proteger parte selecionada de um estoque a) Fechamento de estação de pesca
Objetivo: Proteger reprodução, recrutamento, reduzir esforço, etc;
b) Fechamento de área de pesca
Objetivo: Proteger parte do ciclo de vida, repor biomassa, etc;
c) Proteção de reprodutores
Objetivo: Proteger indivíduos em reprodução;
d) Limitação de comprimento ou peso (tamanho mínimo de captura)
Objetivo: Assegurar que cada indivíduo reproduza pelo menos uma vez
e) Restrição sobre aparelhos de pesca (tamanho da malha)
Objetivo: Proteger jovens, assegurar que cada indivíduo reproduza pelo menos uma vez, etc
3.2.2 – Limitar o volume das capturas a) Controle do acesso à pesca
Objetivo: Controlar o esforço de pesca (a entrada na pesca), etc;
b) Limitação por cota de captura global
Objetivo: Limitar a quantidade total a ser capturada;
22
c) Limitação por cota de captura individual
Objetivo: Limitar a quantidade que cada indivíduo pode capturar da cota total;
d) Limitação da eficiência dos aparelhos de pesca
Objetivo: Limitar a capacidade ou poder de pesca dos aparelhos utilizados.
3.2.3 – Métodos e Petrechos de Pesca PERMITIDOS
•Pesca de Arrasto (marinha)
• Pesca de Armadilha
• Pesca de Linha•Rede de emalhar com malha igual ou superior a 140 mm
•Tarrafa com malha igual ou superior a 80mm
•linha de mão, caniço simples, caniço com molinete ou carretilha, isca natural ou isca
artificial com ou sem garatéia nas modalidades arremesso e corrico;
•Pesca Combinada
•Espinhel de fundo, com o máximo de 30 anzóis
•Tarrafa
Instrução Normativa nº 36, de 29 de Junho de 2004; Art 11 da Instrução Normativa SEAP nº
03/04; Art. 39 do Decreto-Lei nº 221/67.
3.2.4 – Métodos e Petrechos de Pesca PROIBIDOS • Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante.
Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.
• Redes de arrasto e de lance, quaisquer;
• Redes de espera com malhas inferiores a 70 mm, cujo comprimento ultrapasse 1/3 (um
terço) do ambiente aquático, colocadas a menos de 200 m das zonas de confluência de rios,
lagos e corredeiras a uma distância inferior a 100 metros uma da outra;
• Rede eletrônica ou quaisquer aparelhos que, através de impulsos elétricos, possam impedir a
livre movimentação dos peixes, possibilitando sua captura;
23
• Tarrafas de qualquer tipo com malhas inferiores a 50 mm, medidas esticadas entre ângulos
opostos;
• Covos com malhas inferiores a 50 mm colocados à distância inferior a 200 metros, das
cachoeiras, corredeiras, confluência de rios e lagos;
• Fisga e garatéia, pelo processo de lambada;• Espinhel, cujo comprimento ultrapasse a 1/3 da
largura do ambiente aquático e que seja provido de anzóis que possibilitam a captura de
espécies imaturas.
� redes e tarrafas de arrasto de qualquer natureza;
� redes de emalhar e espinhel cujo comprimento ultrapasse 1/3 da largura do ambiente
aquático, independente da forma como estejam dispostos no ambiente;
� armadilhas tipo tapagem, pari, cercada ou quaisquer aparelhos fixos;
� aparelhos de mergulho ou de respiração artificial na pesca subaquática, exceto para
pesquisa autorizada pelo IBAMA;espinhéis que utilizem cabo metálico; e joão bobo, galão ou
cavalinho.
Art. 35 da Lei n. 9.605, de 12/02/98; art. 2º Portaria SUDEPE n°466, de 08 de Novembro de
1972.
3.2.5 – Épocas e locais de Pesca PROIBIDA: • Em cursos d'água nos períodos migratórios para reprodução e, em água parada ou mar
territorial, nos períodos de desova, de reprodução ou de defeso;
•A menos de 200 metros, a jusante e a montante das barragens, cachoeiras, corredeiras e
escadas de peixe.
Art. 1º da Lei n° 7.679, de 23 de novembro de 1988 Art. 4º da Portaria SUDEPE n°466, de 08
de Novembro de 1972.
24
IV – DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS
As Reservas Extrativistas constituem uma das espécies de Unidade de
Conservação de Uso Sustentável estando disposta no SNUC – Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza – Lei n° 9.985/00, no art. 14.
O art. 18 da referida lei dispõe:
“A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais
de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e
cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos
naturais da unidade”.
As unidades de conservação são “espaços territoriais e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”
(art. 2°, I da Lei n° 9.985/00).
O espaço territorial da Reserva Marinha de Arraial do Cabo é definido
em 3 milhas da costa de Arraial do Cabo (art. 1º do Decreto de Criação da Reserva
Extrativista de Arraial do Cabo – Anexo II).
A Convenção da Diversidade Biológica insere a unidade de
conservação, em área protegida, levando-se em conta a sua definição: “área definida
geograficamente, que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos
25
específicos de conservação” (art. 2° do Decreto n° 2.519/98 que promulga a Convenção da
Diversidade Biológica).
A Lei n° 9.985/00 em seu art. 2°, XI define uso sustentável, sendo:
“exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos
ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”.
Essa mesma lei define extrativismo como “sistema de exploração
baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis” (art. 2°,
XII).
Conforme o art. 22 do SNUC, a criação da Reserva Extrativista se
dará pelo Poder Público, podendo ser por lei, através do Presidente da República uma vez que
a criação de “cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica”
federal é de competência do mesmo (art. 61, § 1°, II, a da CF). Ela deverá ser precedida de
estudos técnicos e consulta pública.
A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação
só poderá ser feita mediante lei específica conforme dispõem o art. 22, § 7° da Lei n°
9.985/00 e o art. 225, § 1°, III da CF.
Esse último dispositivo constitucional não só trata da necessidade de
lei específica para diminuir os limites da unidade de conservação, mas, também para alterar a
finalidade da mesma unidade.
A Reserva Extrativista será “de domínio público com uso concedido
às populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta lei e em
regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem
ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei” (art. 18, § 1° da Lei n° 9.985/00).
Sua gestão se dará por um Conselho Deliberativo presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se
dispuser em regulamento e no ato da criação da unidade.
Esse mesmo Conselho aprovará o Plano de Manejo da unidade que é
um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma
unidade de conservação, se estabelece seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso
26
da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias da gestão da unidade” (art. 2°, XVII da Lei n° 9.985/00).
As Reservas Extrativistas Marinhas são de menor número do que as
Reservas Extrativistas Florestais. Atualmente, existe as Reservas de Arraial do Cabo (RJ),
Pirajubaé (SC), Batoque (CE), Itacaré (BA) entre outras.
Até o ano de 1999 não existia nenhuma Reserva Extrativista Marinha,
sendo que a primeira foi a Reserva do Município de Arraial do Cabo/RJ. Seu plano de
utilização foi publicado no Diário Oficial em 22 de fevereiro de 1999 na forma de Portaria n°
17-N, de 18 de fevereiro de 1999.
As referidas reservas tem por objetivo manter as populações
tradicionais protegidas com suas culturas e meios de vida baseados no extrativismo e na
criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável desses recursos naturais.
As metas dessas Reservas são a sobrevivência dos extrativistas
baseada nas fontes produtivas que não prejudiquem e destruam a diversidade biológica e o
equilíbrio ambiental permitindo, assim, a preservação do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações e; o aproveitamento das distintas atividades produtivas encontradas nos
recursos pesqueiros.
A Lei n° 9.985/00 utiliza as expressões “populações locais” e
“populações tradicionais”.
Pode-se encontrar base para definir população tradicional no disposto
no art. 17, § 2° e no art 20 da Lei n° 9.985/00 que prevêem, respectivamente: “Nas Florestas
Nacionais é admitida à permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua
criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da Unidade”
e “A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos a longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que
desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
biodiversidade biológica”.
Para Paulo Affonso Leme Machado: “população tradicional é a
população que exista numa área antes da criação da unidade de conservação, cuja existência
seja baseada em sistema sustentável de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
longo de gerações (desde pelo menos seus pais) e adaptados às condições ecológicas locais”.
27
Essa definição se deu com base no art. 36 do Decreto n° 4.340/02
(Regulamenta artigos da Lei n° 9.985/00, que dispõe sobre o Sistema Nacional das Unidades
de Conservação da Natureza) que dispõe: “Apenas as populações tradicionais residentes na
unidade no momento da sua criação terão direito ao reassentamento”.
A Medida Provisória n° 2.186/01 (Regulamenta o inciso II do § 1° e o
§ 4° do art. 225 da CF, os art. 1° e 8°, 10, alínea c, 15 e 16, alínea 3 e 4, da Convenção sobre
Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao
conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e
transferência de tecnologia para a sua conservação e utilização) define como comunidade
local: “grupo humano, incluindo remanescentes comunidades de quilombos, distintos por suas
condições culturais que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes
próprios, e que conserva suas instituições sociais e econômicas”.
Em regra, as Reservas Extrativistas Marinhas elegem a pesca artesanal
como o modo de subsistência da população tradicional (pescadores) e a pesca industrial como
a principal inimiga do seu empreendimento.
Com isso, entende-se que as Reservas Extrativistas Marinhas tem
como objetivo a manutenção da pesca artesanal que não interfere na tradição e na cultura dos
pescadores, agride ao meio ambiente e não diminui a diversidade biológica.
28
V – DAS AÇÕES E SANSÕES PENAIS CONTRA O CRIME DE PESCA
PREDATÓRIA
5.1 – A LEI N° 9.605/98 E A LEI PENAL
A proteção do meio ambiente, enquanto bem jurídico autônomo, vem
preocupando o legislador com as várias formas de degradação que se apresentam. Diante
dessa preocupação observa-se uma produção esparsa de leis fragmentárias.
Em sentido estrito, a Lei n° 9.605/98 é uma norma penal em branco
ela complementa uma norma penal já existente e é emanada de outro poder, ou seja, surge de
uma norma hierarquicamente inferior (leis, regulamentos, portarias).
Isso se dá pelo Direito Penal ter como princípios fundamentais à
legalidade, traduzidas no Princípio da legalidade e da Reserva Legal.
Então, a norma penal em branco esta carente de clareza ou do que
determina o conteúdo de um ou mais tipos que vincula-se a uma fonte formal
hierarquicamente inferior. Assim, podemos notar que o Código Penal (norma penal em branco
– não prevê o crime de pesca predatória) não determina o conteúdo do tipo ficando a cargo de
leis complementares como, por exemplo, a Lei n° 9.605/98.
A lei de Crimes contra o meio ambiente – Lei n° 9.605/98 nasceu do
projeto enviado pelo Poder Executivo Federal através do Ministério do Meio Ambiente.
Inicialmente, o projeto tinha o objetivo de sistematizar as penalidades administrativas e
unificar os valores das multas. Após amplo debate no Congresso Nacional, optou-se pela
tentativa de consolidar a legislação relativa ao meio ambiente no que diz respeito à matéria
penal.
29
Ela trata dos crimes contra o meio ambiente, de infrações
administrativas ambientais, do processo penal e da cooperação internacional para a
preservação do meio ambiente. A referida lei tem um caráter protecionista e é regida pelos
princípios já citados no Capítulo I.
O princípio da obrigação do Estado de intervir deixa claro que o dano
ao meio ambiente recorre ao Direito Administrativo, com a finalidade de promover maior
efetividade da tutela penal e ambiental.
O crime de pesca predatória advém de uma norma penal em branco e
além dos elementos materiais do crime, o legislador acrescenta ao tipo um coeficiente de
antijuridicidade, como no Decreto-lei n° 221/67, quando praticar a ação descrita: “nos lugares
e épocas interditados pelo órgão competente” (art. 35, a).
Com o exposto, a norma penal em branco nos crimes contra o meio
ambiente baseia-se no fato de que o direito penal deve ser um recurso secundário, reforçando
a tutela administrativa de determinados bens. Nela a sanção deve ser de reforço à organização
social e administrativa do bem tutelado, configurando-se crime de mera desobediência.
Diante disso entende-se que o Direito Penal deriva da importância de
uma política de programação e prevenção, e significa que a sanção penal deve tender
exclusivamente a reforçar o cumprimento da norma administrativa.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental
Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p 659). “a Lei
n° 9.605/98 tem como inovações marcantes à não utilização do encarceramento como norma
geral para as pessoas físicas criminosas, a responsabilização penal das pessoas jurídicas e a
valorização da intervenção da Administração Pública, através de autorizações, licenças e
permissões”.
5.2 – DA APLICAÇÃO DA PENA
Analisando as penas cominadas aos crimes na Lei n° 9.605/98 conclui
que a maior pena nela encontrada é a da pesca considerada predatória, e do dano causado à
unidade de conservação e da poluição (art. 35, 40 e 54, § 2°).
30
Cabe ressaltar que a lei n° 9.605/98 tem como suas inovações
marcantes a não utilização do encarceramento para as pessoas físicas criminosas, a
responsabilização penal da pessoa jurídica e a valorização da intervenção da Administração
Pública, através de autorizações, licenças e permissões.
Diz o art. 7° da lei n° 9.605/98: “As penas restritivas de direitos são
autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I – tratar-se de crime culposo ou
for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II – a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para a reprovação e
prevenção do crime”.
Com isso, nota-se que o autor do crime de pesca predatória pode ser
punido se for pessoa física ou pessoa jurídica, na forma de detenção ou das penas restritivas
de direito.
5.2.1 – Das Penas Cabíveis Às Pessoas Físicas
Estão previstas como penas restritivas de direito: serviço à
comunidade, interdição de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação em
pecúnia e; recolhimento domiciliar” (art. 8° da lei n° 9.605/98).
5.2.1.1 – Privativa de liberdade
Detenção – Como as previstas nos art. 35 da lei n° 9.605/98. O
penalista Damásio Evangelista de Jesus admite a substituição da pena privativa de liberdade
“por uma (ou duas) pena restritiva de direitos”.
31
5.2.1.2 – Restritivas de direitos
a) Prestação de serviços à comunidade – “consiste na atribuição ao condenado de tarefas
gratuitas junto a parques e jardins públicos, unidades de conservação e, no caso de
dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta se possível” (art. 9°
da lei n° 9.605/98). Dada a especificidade dessa lei não será aplicado o art. 46 do CP.
b) Interdição temporária de direitos – “as penas de interdição temporária de direito são a
proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais
ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de
cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos” (art. 10
da lei n° 9.605/98). Segundo Paulo Affonso Leme Machado “a proibição de um
condenado ‘receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios’ pode ser
entendida como uma proibição de receber doações, subvenções e subsídios de todos os
órgãos públicos, inclusive bancos e agências de financiamentos estatais”.
c) Suspensão parcial ou total das atividades – “A suspensão de atividades será aplicada
quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais” (art. 11 da lei n°
9.605/98). Essa suspensão refere-se a uma área de desobediência às regras expressas
nas leis federais, estaduais e municipais não podendo ser invocados os regulamentos.
d) Prestação pecuniária – “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro a
vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância fixada pelo
juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. Valor
pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o
infrator” (art. 12 da lei n° 9.605/98). Essa prestação será destinada ao Fundo de Defesa
de Interesses Coletivos se a lesão for ao meio ambiente (bem de uso comum do povo),
se a lesão for a um bem individual a prestação será feita à vítima.
e) Recolhimento domiciliar – “O recolhimento domiciliar baseia-se na auto disciplina e
senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,
freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e
32
horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória” (art. 13 da lei n° 9.605/98).
5.2.2 – Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas
As penas aplicáveis, isolada, cumulativa ou alternativamente, às
pessoas jurídicas, de acordo com o art. 3° da lei n° 9.605/98 são: I – multa; II – restritivas de
direitos e; III – prestação de serviços à comunidade (art. 21).
Referentes às sansões administrativas têm no art. 72 da referida lei a
destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; demolição
da obra; suspensão do registro.
5.2.2.1 – Multa
“A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se
revelar-se ineficaz, ainda que aplicado no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes,
tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida” (art. 18 da lei n° 9.605/98).
Os critérios para o cálculo das multas estão dispostos no § 1° do art.
49 do CP.
A multa prevista no art. 75 da lei n° 9.605/98 refere-se à multa de
sansão administrativa.
A diferença da pena de multa para a pena de prestação pecuniária é
que a primeira não é destinada à reparação do dano cometido contra o meio ambiente, pois o
dinheiro será destinado ao Fundo Penitenciário sendo prioridade dessa o combate à
delinqüência ambiental praticada pelas corporações e, a segunda é aplicada somente à pessoa
física e o seu pagamento é destinado somente à vítima ou entidade pública ou privada com
fim social.
33
5.2.2.2 – Restritivas de Direitos
Estão previstos três tipos de penas: “I – suspensão parcial ou total de
atividades; II – interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III – proibição de
contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações” (art.
22 da lei n° 9.605/98).
a) Suspensão parcial ou total das atividades – “A suspensão de atividades será aplicada
quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
relativas à proteção do meio ambiente” (art.22, § 1° da lei n° 9.605/98). Irá constatar
no processo penal essa desobediência como a desobediência aos termos da
autorização, licença ou permissão ambiental. O tempo da suspensão de atividade será
fixado pelo juiz, pois não tem na lei indicação do tempo mínimo ou máximo da
suspensão;
b) Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade – “A interdição será
aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a
devida autorização, ou em desacordo com a concedida ou com violação de disposição
legal ou regulamentar” (art. 22, § 2° da lei n° 9.605/98). Ela somente é prevista como
temporária. Será imposta com o objetivo de levara entidade a adaptar-se ã legislação
ambienta. Essa interdição equivale ao embargo ou paralisação da obra, do
estabelecimento ou da atividade. Não paralisada o juiz deve abrir inquérito policial
para apurar o cometimento do crime do art 359 do CP – desobediência à decisão
judicial sobre perda ou suspensão de direito;
c) Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações – Pela cominação desta pena a pessoa jurídica fica proibida a
contratação com o Poder Público, com ou sem o processo licitatório. A empresa
condenada não pode apresentar-se as licitações, pois, no prazo da vigência da pena a
empresa não tem direito a postular o contrato. O dinheiro público não pode ser
repassado a quem age criminosamente. Este dispositivo é encontrado no art. 12 da Lei
de Política Nacional do Meio Ambiente – Lei n° 6.938/81.
34
5.2.2.3 – Prestação de Serviços à comunidade
“A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá
em: I – custeio de programas e projetos ambientais; II – execução de obras de recuperação de
áreas degradadas; III – manutenção de espaços públicos; IV – contribuição à entidade
ambientais ou culturais públicas” (art. 23 da lei n° 9.605/98). A própria entidade ré ou o
Ministério Público poderão apresentar proposição ao juiz solicitando a cominação de
quaisquer das penas de prestação de serviços à comunidade. O juiz deverá conduzir-se, na
fixação da duração e do quantum da prestação de serviços a ser despendido pelo justo
equilíbrio.
5.2.3 – As pessoas físicas autoras, co-autoras ou partícipes e a responsabilidade penal das
pessoas jurídicas.
O parágrafo único do art. 3° da Lei n° 9.605/98 diz que: “A
responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou
partícipes do mesmo fato”.
Na pesca predatória podemos identificar essa situação ao ver que não
só a industria pesqueira é punida, mas também o mestre da embarcação ou armador,
responsável direto pela prática da pesca.
Com isso, podem ser apuradas em um mesmo processo penal as
diferentes responsabilidades acontecendo à absolvição ou a condenação separadamente ou em
conjunto.
5.2.4 - A Lei n° 9.605/98 e o Inquérito Civil
O instituto do inquérito civil regrada no art. 129 da Carta Magna é
aplicado nas hipóteses de perícia de constatação de dano ambiental, conforme art. 19,
parágrafo único da lei n° 9.605/98 e é exclusivo do Ministério Público.
35
A perícia produzida nesse inquérito poderá ser aproveitada
diretamente no processo penal, observando o rigoroso devido processo legal e o princípio do
contraditório.
É através do inquérito civil que o Ministério Público pode adiantar
suas investigações visando imediatas providencias processuais e seja no campo do processo
civil (através da ação civil pública), seja no campo do processo penal.
A ação civil pública se presta para a defesa dos direitos difusos ou
coletivos e para os direitos individuais homogêneos. Como o meio ambiente é um direito
difuso a referida ação se presta à tutela ambiental.
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor o campo de
incidência da ação civil pública ambiental teve um aumento com o art. 110 do referido
Código. Os legitimados para propor essa ação estão previstos no art. 82 do CDC e o art. 5° da
Lei n° 7.347/85 (Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico) sendo eles: Ministério Público; a União, os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal; as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
ambientais; as associações legalmente constituídas a pelo menos um ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses ambientais, dispensada a autorização
assemblear.
Em síntese, pode-se dizer que a ação civil pública tutela à defesa de
interesses difusos, do meio ambiente, do patrimônio público, dos consumidores, da ordem
econômica, tendo por fim a reparação do interesse lesado através da condenação.
Em questão à proteção do meio ambiente não só a ação civil pública é
instrumento para tal, mas também o mandato de segurança coletivo, o mandato de injunção e
a ação popular constitucional.
5.2.5 – Da Ação e do Processo Penal
Analisando o que estabelece a Lei n° 9.099/95 (Dispõe sobre Juizados
Cíveis e Criminais) em seu art. 28 e também o aparente conflito com a determinação da
36
aplicação subsidiária das disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal em seu
art. 79, a lei n° 9.605/98 criou um fruto de interpretação sistemática, importando o momento
de aplicação do direito criminal, bem como o direito penal ambiental.
Procurou o legislador adequar a lei n° 9.099/95 às necessidades da
tutela ambiental (art. 28, I e II), não se olvidando em fixar critérios, tão somente subsidiários,
direcionados à tutela jurisdicional e sua efetividade.
Essa competência jurisdicional tem sido foco de inúmeras
divergências de hipóteses de conflitos concretos.
Com efeito, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por
unanimidade, cancelar a Súmula 91, de outubro de 1993, que estabelecia ser de competência
da Justiça Federal processar e julgar crimes praticados contra a fauna. Isso se deu em
decorrência de um julgamento de conflito de competência envolvendo a 2ª Vara Federal de
Ribeirão Preto/SP e a Vara Criminal de Santa Rosa de Viterbo/SP, em que ambos assumiram
a competência para processar e julgar a ação penal destinada a apurar a pesca com
equipamentos proibidos. O Ministro Fontes de Alencar, relator de referido processo entendeu
ser competente a Justiça Estadual. Note-se, portanto, estabelecida a competência ensejada por
uma interpretação sistemática, baseada na necessidade de proteção da vida como elemento
primordial.
37
VI – AS CONSEQUENCIAS CAUSADAS PELO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA
EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA
6.1 – DIMINUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RESERVA EXTRATIVISTA
MARINHA
A primeira conseqüência é a provocação da extinção ou diminuição
considerável de algumas espécies marinhas, pela referida pesca ser praticada em época de
desenvolvimento ou procriação de algumas espécies.
Além disso, também causa essa diminuição os equipamentos e
apetrechos proibidos para a pesca, como a rede de arrasto de malha fina, onde os peixes de
tamanho inferior aos permitidos para a pesca não escapam da referida rede, por seus pontos
serem muito fechados.
O Plano de Utilização de Arraial do Cabo proíbe a pesca com redes
de fio de nylon (monofilamentos) conhecidas como: malha laça, de caída, de espera, caiçara,
três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco); e também com redes de arrasto, de portas
de arrasto de parelha, arrasto de meia água, bem como usar explosivos e substancias tóxicas.
38
6.2 – A DIMINUIÇÃO DA CULTURA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO
TRADICIONAL
Torna-se também de relevância jurídica, a preservação da cultura,
conhecimento e subsistência da população da Reserva Extrativista, o que é um dos objetivos
da constituição de uma área em Unidade de Preservação.
Para a Promotora de Justiça, do Ministério Público do Distrito
Federal, Juliana Santilli, as populações tradicionais produzem conhecimentos (tradicionais)
em diversas áreas que devem ser tutelados por meio de reconhecimentos de seus direitos
autorais coletivos.
Esses conhecimentos são associados à biodiversidade que vão desde
técnicas de manejo de recursos naturais, métodos de caça e pesca, conhecimento sobre os
diversos ecossistemas e sobre propriedades farmacêuticas, alimentícias e agrícolas de espécies
e as próprias categorizações da caça, do pescado ou da planta.
A continuidade da produção de conhecimento da população local
depende das condições que assegurem a sobrevivência física e cultural dos povos tradicionais.
A Medida Provisória n° 2.186/01 estabelece a definição de
conhecimento tradicional associado como: “informação ou prática individual ou coletiva da
comunidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao
patrimônio genético”.
Assim, conclui-se que com a diminuição da biodiversidade há,
proporcionalmente, a diminuição do conhecimento da população tradicional associada.
Pode-se notar essa questão, na Reserva Extrativista de Arraial do
Cabo, quando os pescadores não reconhecem determinadas espécies de peixes ou não os
encontram na época que, tradicionalmente, eles deveriam aparecer. Isso se dá pelo fato das
espécies marinhas já estarem sendo extintas pelos métodos de pesca predatórios.
39
6.3 – DA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO DA POPULAÇAO
TRADICIONAL
Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo (Curso de Direito Ambiental
Brasileiro. 5ª ed. ampl. São Paulo: Editora Saraiva, 2004, p. 22), “constitui meio ambiente do
trabalho o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas
ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que
comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição
que ostentem”.
O crime de pesca predatória deixa o meio ambiente de trabalho da
população tradicional da Reserva Extrativista insalubre, pois, não tem mais condições de se
praticar a pesca artesanal se as espécies marinhas estão diminuindo ou se extinguindo através
deste crime.
6.4 – DESOBEDIENCIA AOS PRÍNCIPIOS NORTEADORES DO DIREITO
AMBIENTAL
A prática do crime da pesca predatória desobedece aos princípios da
prevenção, da precaução, da qualidade de vida, do desenvolvimento sustentável já estudados
no item I do presente trabalho.
Com ela não há prevenção do perecimento da biodiversidade marinha
existente na Reserva Extrativista; não há precaução, pois, o autor do crime não age com
prudência, cuidado com o meio ambiente; não há desenvolvimento sustentável, os recursos
naturais (espécies marinhas, pescados) não se renovam e conseqüentemente não há qualidade
de vida, pois os recursos naturais para o trabalho, cultura e alimentação da população
tradicional não foram mantidos, cuidados e preservados.
40
VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme todo o estudo feito nessas páginas anteriores podemos ter
noções de institutos como: os Princípios aplicados no Direito Ambiental, Reserva Extrativista,
Pesca Predatória, o Processo Penal para apurar o referido crime.
Diante de tal estudo podemos concluir que o crime de pesca predatória
pode ser nocivo em qualquer área ambiental tendo maior gravidade quando se é praticada em
uma Reserva Extrativista Marinha.
Isso se dá em razão da Reserva Extrativista Marinha ser área de
Desenvolvimento Sustentável, ou seja, área onde os recursos naturais podem ser utilizados de
forma que se renovem.
Essa renovação ocorrerá quando os métodos da pesca proibida dos art.
34 e 35 da Lei n° 9.605/98, na Portaria SUDEPE n° 466/72, no art 1° da Lei n° 7.679/88 e nas
Resoluções do CONAMA sobre o tema não forem praticados.
Essas disposições trazem as proibições da pesca praticada de
determinadas formas, áreas, períodos e petrechos utilizados para tal, pelo fato das mesmas não
possibilitarem a renovação dos recursos naturais.
Concluiu-se também que a pesca predatória é exercida, muitas vezes,
por indústrias pesqueiras, ou seja, grandes barcos de pesca que utilizam formas predatórias
para o exercício dessa atividade, com o intuito de comercializar o fruto da mesma.
De acordo com o SNUC e a legislação estudada, a pesca permitida em
uma Reserva Extrativista Marinha é a pesca artesanal.
Pelo fato da pesca predatória ser um crime, foi também estudado a
responsabilidade penal da pessoa física e da pessoa jurídica, sendo também mostrado os tipos
de sanções de cada uma.
41
Essas sanções não são só privativas de liberdade, mas podem ter penas
alternativas como recolhimento domiciliar, prestação pecuniária, prestação de serviços à
comunidade, multa, interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total das
atividades.
A ação e o processo penal poderão ocorrer através da Lei n° 9.099/95,
pois ela tem em seu art. 28, I e II a adequação às necessidades da tutela ambiental,
direcionados à tutela jurisdicional e sua efetividade.
Ainda há de ressaltar que o crime de pesca predatória desrespeita os
Princípios aplicados ao meio ambiente e previstos no art. 225 da CF. Com sua prática não se
previne o dano ambiental, não há precaução, cuidado com os recursos naturais renováveis,
não há o desenvolvimento sustentável, pois, com a depredação não há como as espécies se
reproduzirem.
Diante disso, podemos considerar que a pesca predatória em uma
Reserva Extrativista Marinha, apresenta como conseqüências negativas o perecimento da
biodiversidade marinha, por não possibilitar a reprodução das espécies e com isso traz como
conseqüências também a destruição da cultura, do meio ambiente de trabalho, do
conhecimento da população extrativista (tradicional, local), assim como do meio ambiente
saudável de que todos os cidadãos têm direito, como um direito humano e um direito difuso.
No que se refere à pesca predatória numa Reserva Extrativista
Marinha, essas podem trazer conseqüências por se tornar muito mais sérias pelo fato do
referido crime causar o perecimento de espécimes da fauna aquática que, muito é necessária
para a subsistência da população da reserva.
É de grande relevância considerar dois aspectos importantes presentes
em uma Reserva Extrativista Marinha. O primeiro é o fato da população do lugar ter como
principal atividade econômica à pesca, seja ela artesanal ou comercial. O segundo é a
existência de diversas espécimes marinhas, podendo, muitas vezes, serem raras.
Por fim, a pesca artesanal deve ser a praticada nas Reservas
Extrativistas Marinhas para a preservação da unidade de conservação, do meio ambiente do
trabalho, do conhecimento e do modo de subsistência da população tradicional e; para a
preservação do meio ambiente saudável, direito de toda a população terrestre.
42
VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Editora Lúmen Júris, 2002.
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5ª ed. ampl. São
Paulo: Editora Saraiva, 2004.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004.
PESCA, e Mar, Revista Informativo do Sindicato dos Armadores de Pesca do estado do Rio
de Janeiro - Ano XV - nº 89 - Janeiro /Fevereiro de 2004.
PRADO, Alessandra Rapassi Mascarenhas. Proteção ao Penal do Meio Ambiente. 1ª ed. São
Paulo: Editora Atlas S/A, 2000.
SOARES, Guido Fernando Silva. Direito Internacional do Meio Ambiente – Emergência,
Obrigações e Responsabilidades. 2ª ed. São Paulo: Editora Atlas S/A, 2003.
43
ANEXO I MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO
CABO – RESEXMAR AC.
Plano de Utilização da RESEXMAR AC.
Diário Oficial - República Federativa do Brasil.
Seção 1, No 34, segunda-feira, 22 de fevereiro de 1999.
Ministério do Meio Ambiente.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Portaria No 17-N, de 18 de fevereiro de 1999.
O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA, no uso das atribuições que lhe são
conferidas pela Lei no 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, pelo art. 24 do Anexo I do Decreto
no 78, de 05 de abril de 1991 e pelos incisos II e XIV do art. 83, capítulo IV do Regimento
Interno aprovado pela Portaria no 445, de 16 de agosto de 1989, do Ministério do Interior,
com fundamento no Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de 1990; e:
Considerando que a Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo –
AREMAC apresentou ao IBAMA um Plano de Utilização da referida Reserva; e
Considerando o disposto no § 2o do Art. 4o do Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de
1990, resolve:
Art. 1o – Aprovar o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do
Cabo, constante do Anexo I à presente Portaria;
44
Art. 2º – Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
EDUARDO DE SOUZA MARTINS.
ANEXO I
RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO CABO – RJ
PLANO DE UTILIZAÇÃO
1. Finalidade do Plano
1.1 – Este Plano objetiva assegurar a sustentabilidade da Reserva Extrativista Marinha
de Arraial do Cabo mediante a regularização da utilização dos Recursos Naturais e dos
comportamentos a serem seguidos pela população extrativista no que diz respeito às
condições técnicas e legais para a exploração racional da fauna marinha. Está aqui contida a
relação das condutas não predatórias incorporadas à cultura dos extrativistas, bem como as
demais condutas que devem ser seguidas para cumprir às legislações ambientais.
1.2 – Objetiva ainda este Plano manifestar ao IBAMA o compromisso dos extrativistas
de respeitar a Legislação Ambiental e o Plano de Utilização.
1.3 – O presente Plano tem como finalidade servir de guia para que os extrativistas
realizem suas atividades dentro de critérios de sustentabilidade econômica, ecológica e social.
O conceito de “sustentabilidade” é definido aqui como a implantação e a consolidação de
atividades produtivas que permitam a reprodução permanente das espécies aquáticas animais
ou vegetais que tenham no mar seu normal ou mais freqüente meio de vida, bem como sua
regeneração completa, e que possibilitem à população local viver em condições de crescente
qualidade e dignidade.
2. Metas a Serem Alcançadas
A sobrevivência dos extrativistas pertencentes à Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo será baseada nas fontes produtivas que não destruam o equilíbrio ambiental e
assim permitam sua preservação para as presentes e futuras gerações. Entre as distintas
atividades produtivas dos extrativistas encontram-se o aproveitamento dos recursos
pesqueiros das modalidades de pesca artesanal, mergulho profissional, pesca subaquática
amadora, pesca esportiva, esportes náuticos, ecoturismo, aqüicultura, beneficiamento de
pescado, comercialização e fiscalização.
3. Direitos e Responsabilidades na Execução do Plano
45
3.1 – Todos os extrativistas, na qualidade de co-autores e co-gestores na
Administração da Reserva, de forma coletiva ou individual, são responsáveis pela execução
do presente Plano de Utilização.
3.2 – A responsabilidade de resolver os problemas decorrentes da execução deste
Plano será da Diretoria e Conselho Deliberativo da Associação e do IBAMA, de acordo com a
situação.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 1/6 O texto é cópia do publicado no DO.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO
CABO – RESEXMAR AC
3.3 – Compete ao IBAMA e AREMAC, nos termos das normas ambientais e de pesca,
eleger o maior interesse social no uso sustentado dos recursos naturais como critério para
diminuir conflitos a bem da sua conservação.
4. Intervenções Extrativistas na RESEX Marinha de Arraial do Cabo
4.1 – É permitida a pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora,
esportiva, científica e profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as
modalidades e no que couber, devem estar em dia com o Ministério da Marinha, Ministério do
Trabalho, Ministério da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como
com a AREMAC, mediante pagamento anual de taxa, estabelecida em Assembléia.
4.2 – É proibido pescar com redes de fio de nylon (monofilamento), conhecidas como:
de malha laça, de caída, de espera, caiçara, três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco).
4.3 – É proibido pescar com redes de arrasto, de portas, arrasto de parelha, arrasto de
meia água, bem como usar explosivos e substâncias tóxicas.
4.4 – Todas as embarcações que operam dentro da Reserva são obrigadas a apresentar
ao IBAMA o Mapa de Bordo e a Relação de Captura.
4.5 – É proibido o mergulho noturno de qualquer modalidade.
4.6 – A lista de peixes, moluscos e crustáceos com seus respectivos tamanhos mínimos
constantes neste Plano (anexa) e no ordenamento pela AREMAC, deverão ser respeitados por
todos os pescadores profissionais.
5. Intervenções da Pesca de Canoa
46
5.1 – É permitida a pesca de canoas (cerco) de acordo com as normas de “direito de
vez” que regula a “corrida das canoas” e suas respectivas “marcas de pescaria”, em
consonância com a legislação municipal e federal e ainda respeitando os acordos
estabelecidos entre as “companhas” devidamente registradas em ata pela AREMAC.
5.2 – Durante o cerco fica proibido tarrafear a menos de 500 m deste.
5.3 – Fica obrigatório o uso de sinalização luminosa das redes durante o cerco noturno
na “Prainha”, onde ocorre a passagem de traineiras à noite.
5.4 – As malhas de rede de canoas grandes e redinhas de canoas pequenas devem ter,
no máximo, 200 braças de comprimento por 12 braças de altura, e sua malha deve ter, nas
mangas, entre 10 a 20 mm, e no cópio, entre 10 a 13 mm.
5.5 – A pesca de canoas obedecerá às seguintes regras para os locais abaixo citados:
Praia do Forno: fica proibido o fundeio de embarcação de pesca, exceto para lazer.
Praia da Ilha de Cabo Frio: fica permitido o cerco (cachangar) no saco da Ilha.
Praia Grande: o cerco pode ser feito e refeito enquanto estiver uma canoa junto à rede,
caracterizando a pesca como artesanal e o direito de vez.
6. Intervenções da Pesca de Lula
6.1 – Os extrativistas têm o direito de pescar lula para seu consumo e comercialização,
nos termos do Plano de Manejo que determine a sustentabilidade da produção e das leis
ambientais.
6.2 – A pesca da lula, até novos estudos técnicos, será utilizada nas imediações da
Praia Grande, e em três modalidades, a seguir:
a. Redinhas de Praia ou Arrastão de Lula.
b. Redinha de Armar.
c. Pesca de Pedra.
6.3 – As redes para esta modalidade deverão medir entre 80 a 120 braças de
comprimento e entre 6 a 7 braças de altura. A malha permitida para este aparelho é de 10 mm
para as mangas, e de 10 mm para o cópio.
6.4 – Para manter o estoque, esta modalidade seguirá um cronograma anual, onde
especificará a quantidade de canoas, o horário de saída e chegada e a duração do cerco, que
será aprovado em Assembléia Geral, conjuntamente com o Conselho Deliberativo da
AREMAC.
47
6.5 – A inclusão de novas canoas, assim como a ordem de inclusão nesta modalidade,
está condicionada à aprovação em Assembléia Geral da AREMAC.
6.6 – Os cercos de lula devem observar uma distância mínima de 20 metros da
“Pescaria de Pedra”.
6.7 – As “Redinhas de Armar” deverão fundear seus botes e canoas a partir da pedra
denominada “Pontinha”, em direção à “Ponta da Cabeça”, sempre obedecendo à ordem de
chegada no ponto pesqueiro.
6.8 – Para a “Pescaria de Pedra” não será permitido a pesca antes do primeiro ponto
pesqueiro, caso já tenha “Redinha de Lula” no local.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 2/6 O texto é cópia do publicado no DO.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO
CABO – RESEXMAR AC
7. Intervenções da Pesca de Traineiras
7.1 – Para a pesca de traineiras, os pescadores deverão obedecer às normas ambientais;
estar registrados em Arraial do Cabo, obedecer os locais permitidos e pagar uma taxa para a
AREMAC, estabelecida em ata.
7.2 – Para o exercício desta modalidade no interior da Reserva, as embarcações
extrativistas deverão ter, no máximo, 8 TAB (oito toneladas de arqueação bruta).
7.3 – As redes para esta modalidade deverão ter, no máximo, 220 braças de
comprimento e 20 braças de altura, de malha entre 10 e 14 mm. Não é permitido o uso de
redes três malhos com sacador e anilhas.
7.4 – Fica limitada a inclusão de no máximo 5 (cinco) traineiras de Cabo Frio para
atividade dentro da Reserva, devendo obrigatoriamente seguir as normas estabelecidas neste
Plano de Utilização, ter como proprietário um pescador, e obrigatoriamente descarregar o
pescado no Cais de Arraial do Cabo.
7.5 – As traineiras deverão obedecer as seguintes restrições de local:
Praia Grande: é proibido o cerco da “Ponta da Cabeça” para a terra até o “Afonso”,
respeitando o limite de 10 a 12 metros de profundidade.
48
Ilha dos Franceses: o cerco deverá manter uma distância mínima de 150 metros da
pedra, no entorno da Ilha.
Maramutá: enquanto tiver canoa de linha no ponto, não poderá haver cerco e fundeio.
Prainha: durante o dia, se houver canoa no ponto, fica proibido o cerco no “Saco da
Graçainha” para a praia.
Praia do Pontal: é proibido o fundeio e o cerco a menos de 200 metros da praia durante
o dia.
Praia dos Anjos: quando houver canoa no ponto, fica proibido o cerco entre a praia e a
“Pedra Lisa”, dentro da Enseada dos Anjos”.
Praia da Ilha de Cabo Frio: sempre que houver canoa ao largo da Ilha fica proibido o
cerco de traineira. Quando ocorrer o cerco, este só será permitido a uma distância de 200
metros do costão.
Praia do Forno: só será permitido o cerco de traineiras dos “Dois Vigias” para fora da
enseada, quando não houver canoa no ponto.
8. Intervenções para a Captura de Sardinha Verdadeira
8.1 – A pesca da Sardinha Verdadeira pode ser realizada por todos os pescadores
artesanais tradicionais. Quanto à frota atuneira, implica o cumprimento das normas pesqueiras
e ambientais no interior da Unidade de Conservação.
8.2 – No período de defeso, os pescadores da Reserva poderão iscar e vender isca viva.
9. Intervenções para a Pesca Subaquática Profissional
9.1 – Os extrativistas têm o direito à extração de Crustáceos, Moluscos e Peixes
existentes na Reserva. Essa extração é restrita a pescadores que se dediquem ao mergulho
profissional, registrados, autorizados e em dia com a AREMAC e o IBAMA, e devidamente
habilitados. A autorização de extração ou apanha, dimensões, quantidades, horários, local de
desembarque e locais permitidos será concedida em Assembléia Geral, em caráter permanente
ou temporário, e cumprirão as obrigações especificadas pelas normas ambientais.
9.2 – Por ser área de preservação permanente, fica proibida a captura de peixes
ornamentais, corais e invertebrados utilizados para ornamentação.
9.3 – O Mergulho profissional fica restrito do período de 07h00 às 13h00 para os
mergulhadores de Arraial do Cabo, e das 09h00 às 13h00 para os mergulhadores de Cabo
Frio, sendo proibido para todos o mergulho noturno. Deve ser respeitada a ordem de chegada,
tendo preferência àquele que chegar primeiro ao ponto pesqueiro.
49
9.4 – É proibida a captura de lagosta com o uso de compressor.
9.5 – Os mergulhadores são obrigados a respeitar os seguintes tamanhos mínimos de
captura:
Polvo: 1 kg.
Cavacos: 300 g.
Badejo: 1,5 kg.
Cherne: 2 kg.
Garoupa: 2 kg.
Obs.: tolera-se a margem de 200 g por indivíduo capturado.
9.6 – Após a captura os mergulhadores deverão refazer as tocas dos pesqueiros de
lagostas, polvos e peixes, ficando a descarga obrigatória no Cais de Arraial do Cabo.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 3/6 O texto é cópia do publicado no DO.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO
CABO – RESEXMAR AC
9.7 – Não é permitido o mergulho do “Boqueirão” para dentro da Ilha, em direção às
“Prainhas”, quando houver canoas nos pontos pesqueiros.
9.8 – É obrigatório o afastamento de, no mínimo, 30 metros das embarcações de linha.
9.9 – Não é permitido o mergulho no local denominado “Saco da Graçainha”.
9.10 – Aos domingos fica proibida a Pesca Subaquática Profissional para descanso dos
pesqueiros.
9.11 – As modalidades de mergulho poderão ser suspensas, de acordo com vistoria
periódica dos pontos de mergulho e resultados de trabalhos de pesquisa e programas de
monitoramento.
10. Intervenções para a Aqüicultura
10.1 – A aqüicultura no interior da Reserva destina-se a intensificar o cultivo e obter o
aumento da produção, através de um Plano de Desenvolvimento, que inclui o melhoramento
genético, suplementação alimentar e programas de desenvolvimento econômico produtivo,
com constante aperfeiçoamento nas técnicas, em busca de uma melhor produtividade,
combinada com o meio ambiente.
50
10.2 – Todos os aqüicultores deverão ser cadastrados pela AREMAC, e cumprirão as
obrigações especificadas pelas normas da mesma e das normas ambientais.
10.3 – As firmas aqüicultoras pagarão anuidade estipulada pela AREMAC.
10.4 – Os projetos serão analisados e liberados pelo Diretor da RESEX e,
posteriormente, ouvida a AREMAC quanto aos locais de implantação dos mesmos.
11. Intervenções para a Pesca Esportiva e Pesca Subaquática Amadora
11.1 – É permitida a pesca esportiva no interior da Reserva, desde que acompanhada
de guias e embarcações devidamente credenciadas pela EMBRATUR / IBAMA / AREMAC.
11.2 – É permitida a pesca esportiva de embarcações classificadas como G2J ou G2M,
e pertencentes a moradores residentes.
11.3 – Fica estabelecido o limite de 30 kg de pescado para cada embarcação engajada
na pesca esportiva.
11.4 – Para as práticas de Pesca Subaquática Amadora, os desportistas deverão ser
cadastrados na AREMAC, recolher anuidade e só poderão mergulhar por mais de 60
(sessenta) dias consecutivos àqueles filiados a AREMAC. Obs.: ficam isentos da anuidade os
desportistas tradicionais, respeitando as áreas proibidas no entorno da Ilha.
11.5 – Os praticantes da Pesca Subaquática Amadora deverão obrigatoriamente
obedecer a lista de espécies proibidas e a lista de tamanhos mínimos de captura divulgada e
atualizada pela AREMAC.
11.6 – As competições de Pesca Subaquática Amadora, nacionais e internacionais, no
interior da Reserva, serão realizadas em parceria com a Confederação Nacional de Atividades
Subaquáticas, sendo arrendadas embarcações de associados da AREMAC.
12. Intervenções no Controle do Ecoturismo e Esportes Náuticos
12.1 – Os projetos e/ou programas de turismo serão administrados pela AREMAC,
com parceria, quando necessário, com outros órgãos e entidades a ela filiadas, vinculados (as)
ao turismo, com observância à disciplina do pessoal a bordo, embarcação apta a operar, com
equipamentos e materiais adequados para as operações de turismo.
12.2 – Os barcos deverão ainda ser acompanhados por pessoas treinadas na
conscientização pública para a educação e preservação do meio ambiente (Guias de Pesca
Amadora e Turismo).
12.3 – A AREMAC criará um fundo financeiro para o ecoturismo, com as
arrecadações de taxas, filmagens, produtos e outros.
51
12.4 – Os esportes náuticos serão permitidos nas praias pela AREMAC, observadas as
normas municipais e estaduais.
12.5 – As firmas e pessoas físicas que instalarem nas praias atividades recreativas que
cobrarem ingressos pagarão taxa estipulada pela AREMAC.
13. Intervenções das Embarcações de Pesca Industrial e Plataformas
13.1 – As embarcações de pesca empregadas na extração e transporte de recursos
pesqueiros deverão respeitar os regulamentos de tráfego marítimo e fundeio, e a conservação
e preservação do meio ambiente.
13.2 – Todas as categorias de embarcações fundeadas no interior da Reserva deverão
recolher as taxas de fundeio de acordo com a tabela do IBAMA em vigor.
13.3 – O atuneiros deverão apresentar-se ap IBAMA/RESEX na entrada e na saída da
Reserva, objetivando vistoria das tinas de isca viva.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 4/6 O texto é cópia do publicado no DO.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO
CABO – RESEXMAR AC
14. Fiscalização da Reserva
14.1 – Cada extrativista é um fiscal da Reserva como um todo, cabendo a qualquer um
denunciar à Diretoria da AREMAC ou ao IBAMA irregularidades que estejam sendo
praticadas dentro ou no entorno da Reserva.
14.2 – A fiscalização e proteção da Reserva será realizada por uma Comissão
composta por membros da AREMAC e fiscais do IBAMA, juntamente com outros Órgãos e
Fiscais Colaboradores.
14.3 – Caberá também ao Conselho Deliberativo auxiliar na fiscalização, ficando com
a incumbência de aconselhar a Diretoria da Associação, deliberando sobre os casos omissos.
14.4 – A AREMAC orientará os associados para que este Plano de Utilização seja
respeitado e cumprido.
15. Penalidades
52
15.1 – Ao não cumprimento de qualquer das normas constantes do presente Plano de
Utilização, fica o infrator, no ato da comprovação da irregularidade, sujeito às seguintes
penalidades, julgadas e aplicadas pela Comissão mencionada no art. 14.2.
a. Advertência verbal;
b. Advertência por escrito;
c. Embargo das atividades (paralisação);
d. Perda da concessão de uso.
15.1 – O extrativista que considerar injusta alguma penalidade que lhe for imposta
poderá recorrer ao Conselho Deliberativo da AREMAC. No caso de uma defesa não ser
acatada, o extrativista poderá ainda recorrer ao IBAMA.
15.2 – Além das punições constantes deste Plano de Utilização, os extrativistas e a
AREMAC estarão sujeitos às penas da Lei Ambiental, imposta pelo IBAMA.
16. Disposições Gerais
16.1 – O presente Plano de Utilização fica sujeito a alterações de qualquer de suas
normas, sempre que o aparecimento de novos conhecimentos e novas tecnologias possam
contribuir para a melhoria do processo de consolidação da Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo, ou a qualquer tempo, seja por problemas causados por ocasião da execução
do Plano de Desenvolvimento ou mesmo do próprio Plano de Utilização.
16.2 – As propostas para alterações no Plano de Utilização poderão ser feitas
formalmente pelos Grupos que desenvolvem atividades na Reserva, à Presidência da
AREMAC e, se acatadas pelo Conselho Deliberativo, serão colocadas para votação em
Assembléia Geral. Se forem aprovadas, serão encaminhadas ao IBAMA para análise e
aprovação.
16.3 – As propostas de alteração do Plano não podem entrar em conflito com as
finalidades e filosofia da Reserva.
16.4 – O não cumprimento do presente Plano de Utilização significa quebra de
compromisso, e resultará na perda do direito de utilizar a Reserva, nos termos e penalidades
estabelecidas neste Plano.
16.5 – Por razões de ordem técnica, os Planos de Manejo da Reserva poderão ser, em
qualquer tempo, suspensos, restringidos ou condicionados pelo IBAMA.
53
16.6 – A pesquisa com fotografia, filmagens e coleta de material genético no interior
da Reserva só poderão ser realizadas mediante a autorização expressa do IBAMA, após ouvir
a Associação.
16.7 – Os registros, permissões e outros documentos emitidos pelo IBAMA serão
analisados e terão parecer dos técnicos da RESEX, salvo em caso de não competência destes
sobre a matéria.
16.8 – As carteiras dos pescadores profissionais da Reserva serão assinadas pelo
diretor da RESEX, respeitando a legislação específica.
16.9 – As marinas e empreendimentos que utilizam o espaço da Reserva e venham a
cobrar taxas de terceiros, serão submetidas a pagamento de trinta por cento (30%) do
arrecadado.
17. Direito à Fiscalização
Conforme estabelecido neste Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo, cabe à Associação, em conjunto com o IBAMA, realizar a fiscalização,
monitoramento e zoneamento da Reserva. Conforme o artigo 14, cada pescador é um fiscal da
sua e das outras modalidades, e existe uma Comissão de Proteção da Reserva, com o objetivo
de apoiar a Associação nessa tarefa.
Nesse sentido, o IBAMA promoverá treinamento dos pescadores de forma a capacitá-
los e credenciá-los na atividade de fiscalização.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 5/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
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CABO – RESEXMAR AC
Esses treinamentos terão como base o parágrafo 2o do art. 70 da Lei de Crimes
Ambientais e a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (no 003/88,
de 16/03/88), que dá poderes a entidades civis com finalidade ambientalista de, pelo sistema
de mutirão ambiental, participar da fiscalização de Unidades de Conservação, lavrando autos
de constatação, circunstanciados, cujo modelo será fornecido pelo IBAMA.
54
Lista de Espécies de Peixes Proibidas para a Pesca Subaquática Amadora
Nome Científico Nome Vulgar
Scarus coelestinus Budião ou papagaio azul
Scarus sp. Budião ou papagaio rei
Sparisoma rubripinne Budião ou papagaio batata
Sparisoma aff. viride Budião ou papagaio vermelho
Sparisoma atomarium Budião ou papagaio verde
Acanthurus bahianus Cirurgião verde
Acanthurus chirurgus Cirurgião preto
Acanthurus coeruleus Cirurgião azul
Pomacanthus paru Frade
Holacanthus ciliaris Ciliaris
Holacanthus tricolor Tricolor
Budianus rufus Budião azul-amarelo
Budianus pulchelus Budião vermelho-amarelo
Halichoeres aff. radiatus Sabonete
Mola mola Peixe Lua
Balistes vetula Cangulo Rei
Fistularia tabacaria Trombeta
Manta birostris Jamanta
Myliobatis goodei Raia sapo
Rhinoptera bonasus Raia morcego
Aetobatus narinari Raia chita
Dasyatis americana Raia manteiga
Narcine brasiliensis Treme-treme
Rhinobathus langinosus Cação viola
Ginglymostoma cirratum Lambaru
Diodon flystrix Baiacu de espinho cinza
Lactophrys quadricornis Peixe cofre
Lactophrys polygonia Peixe cofre
Gymnothorax funebris Moréia verde
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Gymnothorax vicinus Moréia pintada
Gymnothorax moringa Moréia pintada
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 6/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
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Plano de Utilização da RESEXMAR AC
Diário Oficial - República Federativa do Brasil
Seção 1, No 34, segunda-feira, 22 de fevereiro de 1999.
Ministério do Meio Ambiente
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Portaria No 17-N, de 18 de fevereiro de 1999.
O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA, no uso das atribuições que lhe são
conferidas pela Lei no 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, pelo art. 24 do Anexo I do Decreto
no 78, de 05 de abril de 1991 e pelos incisos II e XIV do art. 83, capítulo IV do Regimento
Interno aprovado pela Portaria no 445, de 16 de agosto de 1989, do Ministério do Interior,
com fundamento no Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de 1990; e:
Considerando que a Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo –
AREMAC apresentou ao IBAMA um Plano de Utilização da referida Reserva; e
Considerando o disposto no § 2o do Art. 4o do Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de
1990, resolve:
Art. 1o – Aprovar o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do
Cabo, constante do Anexo I à presente Portaria;
Art. 2o – Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
EDUARDO DE SOUZA MARTINS
ANEXO I
RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO CABO – RJ
PLANO DE UTILIZAÇÃO
56
1. Finalidade do Plano
1.1 – Este Plano objetiva assegurar a sustentabilidade da Reserva Extrativista Marinha
de Arraial do Cabo mediante a regularização da utilização dos Recursos Naturais e dos
comportamentos a serem seguidos pela população extrativista no que diz respeito às
condições técnicas e legais para a exploração racional da fauna marinha. Está aqui contida a
relação das condutas não predatórias incorporadas à cultura dos extrativistas, bem como as
demais condutas que devem ser seguidas para cumprir às legislações ambientais.
1.2 – Objetiva ainda este Plano manifestar ao IBAMA o compromisso dos extrativistas
de respeitar a Legislação Ambiental e o Plano de Utilização.
1.3 – O presente Plano tem como finalidade servir de guia para que os extrativistas
realizem suas atividades dentro de critérios de sustentabilidade econômica, ecológica e social.
O conceito de “sustentabilidade” é definido aqui como a implantação e a consolidação de
atividades produtivas que permitam a reprodução permanente das espécies aquáticas animais
ou vegetais que tenham no mar seu normal ou mais freqüente meio de vida, bem como sua
regeneração completa, e que possibilitem à população local viver em condições de crescente
qualidade e dignidade.
2. Metas a Serem Alcançadas
A sobrevivência dos extrativistas pertencentes à Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo será baseada nas fontes produtivas que não destruam o equilíbrio ambiental e
assim permitam sua preservação para as presentes e futuras gerações. Entre as distintas
atividades produtivas dos extrativistas encontram-se o aproveitamento dos recursos
pesqueiros das modalidades de pesca artesanal, mergulho profissional, pesca subaquática
amadora, pesca esportiva, esportes náuticos, ecoturismo, aqüicultura, beneficiamento de
pescado, comercialização e fiscalização.
3. Direitos e Responsabilidades na Execução do Plano
3.1 – Todos os extrativistas, na qualidade de co-autores e co-gestores na
Administração da Reserva, de forma coletiva ou individual, são responsáveis pela execução
do presente Plano de Utilização.
3.2 – A responsabilidade de resolver os problemas decorrentes da execução deste
Plano será da Diretoria e Conselho Deliberativo da Associação e do IBAMA, de acordo com a
situação.
57
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 1/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
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3.3 – Compete ao IBAMA e AREMAC, nos termos das normas ambientais e de pesca,
eleger o maior interesse social no uso sustentado dos recursos naturais como critério para
diminuir conflitos a bem da sua conservação.
4. Intervenções Extrativistas na RESEX Marinha de Arraial do Cabo
4.1 – É permitida a pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora,
esportiva, científica e profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as
modalidades e no que couber, devem estar em dia com o Ministério da Marinha, Ministério do
Trabalho, Ministério da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como
com a AREMAC, mediante pagamento anual de taxa, estabelecida em Assembléia.
4.2 – É proibido pescar com redes de fio de nylon (monofilamento), conhecidas como:
de malha laça, de caída, de espera, caiçara, três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco).
4.3 – É proibido pescar com redes de arrasto, de portas, arrasto de parelha, arrasto de
meia água, bem como usar explosivos e substâncias tóxicas.
4.4 – Todas as embarcações que operam dentro da Reserva são obrigadas a apresentar
ao IBAMA o Mapa de Bordo e a Relação de Captura.
4.5 – É proibido o mergulho noturno de qualquer modalidade.
4.6 – A lista de peixes, moluscos e crustáceos com seus respectivos tamanhos mínimos
constantes neste Plano (anexa) e no ordenamento pela AREMAC, deverão ser respeitados por
todos os pescadores profissionais.
5. Intervenções da Pesca de Canoa
5.1 – É permitida a pesca de canoas (cerco) de acordo com as normas de “direito de
vez” que regula a “corrida das canoas” e suas respectivas “marcas de pescaria”, em
consonância com a legislação municipal e federal e ainda respeitando os acordos
estabelecidos entre as “companhas” devidamente registradas em ata pela AREMAC.
5.2 – Durante o cerco fica proibido tarrafear a menos de 500 m deste.
58
5.3 – Fica obrigatório o uso de sinalização luminosa das redes durante o cerco noturno
na “Prainha”, onde ocorre a passagem de traineiras à noite.
5.4 – As malhas de rede de canoas grandes e redinhas de canoas pequenas devem ter,
no máximo, 200 braças de comprimento por 12 braças de altura, e sua malha deve ter, nas
mangas, entre 10 a 20 mm, e no cópio, entre 10 a 13 mm.
5.5 – A pesca de canoas obedecerá às seguintes regras para os locais abaixo citados:
Praia do Forno: fica proibido o fundeio de embarcação de pesca, exceto para lazer.
Praia da Ilha de Cabo Frio: fica permitido o cerco (cachangar) no saco da Ilha.
Praia Grande: o cerco pode ser feito e refeito enquanto estiver uma canoa junto à rede,
caracterizando a pesca como artesanal e o direito de vez.
6. Intervenções da Pesca de Lula
6.1 – Os extrativistas têm o direito de pescar lula para seu consumo e comercialização,
nos termos do Plano de Manejo que determine a sustentabilidade da produção e das leis
ambientais.
6.2 – A pesca da lula, até novos estudos técnicos, será utilizada nas imediações da
Praia Grande, e em três modalidades, a seguir:
a. Redinhas de Praia ou Arrastão de Lula.
b. Redinha de Armar.
c. Pesca de Pedra.
6.3 – As redes para esta modalidade deverão medir entre 80 a 120 braças de
comprimento e entre 6 a 7 braças de altura. A malha permitida para este aparelho é de 10 mm
para as mangas, e de 10 mm para o cópio.
6.4 – Para manter o estoque, esta modalidade seguirá um cronograma anual, onde
especificará a quantidade de canoas, o horário de saída e chegada e a duração do cerco, que
será aprovado em Assembléia Geral, conjuntamente com o Conselho Deliberativo da
AREMAC.
6.5 – A inclusão de novas canoas, assim como a ordem de inclusão nesta modalidade,
está condicionada à aprovação em Assembléia Geral da AREMAC.
6.6 – Os cercos de lula devem observar uma distância mínima de 20 metros da
“Pescaria de Pedra”.
59
6.7 – As “Redinhas de Armar” deverão fundear seus botes e canoas a partir da pedra
denominada “Pontinha”, em direção à “Ponta da Cabeça”, sempre obedecendo à ordem de
chegada no ponto pesqueiro.
6.8 – Para a “Pescaria de Pedra” não será permitido a pesca antes do primeiro ponto
pesqueiro, caso já tenha “Redinha de Lula”no local.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 2/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
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CABO – RESEXMAR AC
7. Intervenções da Pesca de Traineiras
7.1 – Para a pesca de traineiras, os pescadores deverão obedecer às normas ambientais;
estar registrados em Arraial do Cabo, obedecer os locais permitidos e pagar uma taxa para a
AREMAC, estabelecida em ata.
7.2 – Para o exercício desta modalidade no interior da Reserva, as embarcações
extrativistas deverão ter, no máximo, 8 TAB (oito toneladas de arqueação bruta).
7.3 – As redes para esta modalidade deverão ter, no máximo, 220 braças de
comprimento e 20 braças de altura, de malha entre 10 e 14 mm. Não é permitido o uso de
redes três malhos com sacador e anilhas.
7.4 – Fica limitada a inclusão de no máximo 5 (cinco) traineiras de Cabo Frio para
atividade dentro da Reserva, devendo obrigatoriamente seguir as normas estabelecidas neste
Plano de Utilização, ter como proprietário um pescador, e obrigatoriamente descarregar o
pescado no Cais de Arraial do Cabo.
7.5 – As traineiras deverão obedecer as seguintes restrições de local:
Praia Grande: é proibido o cerco da “Ponta da Cabeça” para a terra até o “Afonso”,
respeitando o limite de 10 a 12 metros de profundidade.
Ilha dos Franceses: o cerco deverá manter uma distância mínima de 150 metros da
pedra, no entorno da Ilha.
Maramutá: enquanto tiver canoa de linha no ponto, não poderá haver cerco e fundeio.
Prainha: durante o dia, se houver canoa no ponto, fica proibido o cerco no “Saco da
Graçainha” para a praia.
60
Praia do Pontal: é proibido o fundeio e o cerco a menos de 200 metros da praia durante
o dia.
Praia dos Anjos: quando houver canoa no ponto, fica proibido o cerco entre a praia e a
“Pedra Lisa”, dentro da Enseada dos Anjos”.
Praia da Ilha de Cabo Frio: sempre que houver canoa ao largo da Ilha fica proibido o
cerco de traineira. Quando ocorrer o cerco, este só será permitido a uma distância de 200
metros do costão.
Praia do Forno: só será permitido o cerco de traineiras dos “Dois Vigias” para fora da
enseada, quando não houver canoa no ponto.
8. Intervenções para a Captura de Sardinha Verdadeira
8.1 – A pesca da Sardinha Verdadeira pode ser realizada por todos os pescadores
artesanais tradicionais. Quanto à frota atuneira, implica o cumprimento das normas pesqueiras
e ambientais no interior da Unidade de Conservação.
8.2 – No período de defeso, os pescadores da Reserva poderão iscar e vender isca viva.
9. Intervenções para a Pesca Subaquática Profissional
9.1 – Os extrativistas têm o direito à extração de Crustáceos, Moluscos e Peixes
existentes na Reserva. Essa extração é restrita a pescadores que se dediquem ao mergulho
profissional, registrados, autorizados e em dia com a AREMAC e o IBAMA, e devidamente
habilitados. A autorização de extração ou apanha, dimensões, quantidades, horários, local de
desembarque e locais permitidos será concedida em Assembléia Geral, em caráter permanente
ou temporário, e cumprirão as obrigações especificadas pelas normas ambientais.
9.2 – Por ser área de preservação permanente, fica proibida a captura de peixes
ornamentais, corais e invertebrados utilizados para ornamentação.
9.3 – O Mergulho profissional fica restrito do período de 07h00 às 13h00 para os
mergulhadores de Arraial do Cabo, e das 09h00 às 13h00 para os mergulhadores de Cabo
Frio, sendo proibido para todos o mergulho noturno. Deve ser respeitada a ordem de chegada,
tendo preferência àquele que chegar primeiro ao ponto pesqueiro.
9.4 – É proibida a captura de lagosta com o uso de compressor.
9.5 – Os mergulhadores são obrigados a respeitar os seguintes tamanhos mínimos de
captura:
Polvo: 1 kg.
Cavacos: 300 g.
61
Badejo: 1,5 kg.
Cherne: 2 kg.
Garoupa: 2 kg.
Obs.: tolera-se a margem de 200 g por indivíduo capturado.
9.6 – Após a captura os mergulhadores deverão refazer as tocas dos pesqueiros de
lagostas, polvos e peixes, ficando a descarga obrigatória no Cais de Arraial do Cabo.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 3/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
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9.7 – Não é permitido o mergulho do “Boqueirão” para dentro da Ilha, em direção às
“Prainhas”, quando houver canoas nos pontos pesqueiros.
9.8 – É obrigatório o afastamento de, no mínimo, 30 metros das embarcações de linha.
9.9 – Não é permitido o mergulho no local denominado “Saco da Graçainha”.
9.10 – Aos domingos fica proibida a Pesca Subaquática Profissional para descanso dos
pesqueiros.
9.11 – As modalidades de mergulho poderão ser suspensas, de acordo com vistoria
periódica dos pontos de mergulho e resultados de trabalhos de pesquisa e programas de
monitoramento.
10. Intervenções para a Aqüicultura
10.1 – A aqüicultura no interior da Reserva destina-se a intensificar o cultivo e obter o
aumento da produção, através de um Plano de Desenvolvimento, que inclui o melhoramento
genético, suplementação alimentar e programas de desenvolvimento econômico produtivo,
com constante aperfeiçoamento nas técnicas, em busca de uma melhor produtividade,
combinada com o meio ambiente.
10.2 – Todos os aqüicultores deverão ser cadastrados pela AREMAC, e cumprirão as
obrigações especificadas pelas normas da mesma e das normas ambientais.
10.3 – As firmas aqüicultoras pagarão anuidade estipulada pela AREMAC.
10.4 – Os projetos serão analisados e liberados pelo Diretor da RESEX e,
posteriormente, ouvida a AREMAC quanto aos locais de implantação dos mesmos.
62
11. Intervenções para a Pesca Esportiva e Pesca Subaquática Amadora
11.1 – É permitida a pesca esportiva no interior da Reserva, desde que acompanhada
de guias e embarcações devidamente credenciadas pela EMBRATUR / IBAMA / AREMAC.
11.2 – É permitida a pesca esportiva de embarcações classificadas como G2J ou G2M,
e pertencentes a moradores residentes.
11.3 – Fica estabelecido o limite de 30 kg de pescado para cada embarcação engajada
na pesca esportiva.
11.4 – Para as práticas de Pesca Subaquática Amadora, os desportistas deverão ser
cadastrados na AREMAC, recolher anuidade e só poderão mergulhar por mais de 60
(sessenta) dias consecutivos àqueles filiados a AREMAC. Obs.: ficam isentos da anuidade os
desportistas tradicionais, respeitando as áreas proibidas no entorno da Ilha.
11.5 – Os praticantes da Pesca Subaquática Amadora deverão obrigatoriamente
obedecer à lista de espécies proibidas e a lista de tamanhos mínimos de captura divulgada e
atualizada pela AREMAC.
11.6 – As competições de Pesca Subaquática Amadora, nacionais e internacionais, no
interior da Reserva, serão realizadas em parceria com a Confederação Nacional de Atividades
Subaquáticas, sendo arrendadas embarcações de associados da AREMAC.
12. Intervenções no Controle do Ecoturismo e Esportes Náuticos
12.1 – Os projetos e/ou programas de turismo serão administrados pela AREMAC,
com parceria, quando necessário, com outros órgãos e entidades a ela filiadas, vinculados (as)
ao turismo, com observância à disciplina do pessoal a bordo, embarcação apta a operar, com
equipamentos e materiais adequados para as operações de turismo.
12.2 – Os barcos deverão ainda ser acompanhados por pessoas treinadas na
conscientização pública para a educação e preservação do meio ambiente (Guias de Pesca
Amadora e Turismo).
12.3 – A AREMAC criará um fundo financeiro para o ecoturismo, com as
arrecadações de taxas, filmagens, produtos e outros.
12.4 – Os esportes náuticos serão permitidos nas praias pela AREMAC, observadas as
normas municipais e estaduais.
12.5 – As firmas e pessoas físicas que instalarem nas praias atividades recreativas que
cobrarem ingressos pagarão taxa estipulada pela AREMAC.
13. Intervenções das Embarcações de Pesca Industrial e Plataformas
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13.1 – As embarcações de pesca empregadas na extração e transporte de recursos
pesqueiros deverão respeitar os regulamentos de tráfego marítimo e fundeio, e a conservação
e preservação do meio ambiente.
13.2 – Todas as categorias de embarcações fundeadas no interior da Reserva deverão
recolher as taxas de fundeio de acordo com a tabela do IBAMA em vigor.
13.3 – O atuneiros deverão apresentar-se ap IBAMA/RESEX na entrada e na saída da
Reserva, objetivando vistoria das tinas de isca viva.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 4/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO
NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES
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CABO – RESEXMAR AC
14. Fiscalização da Reserva
14.1 – Cada extrativista é um fiscal da Reserva como um todo, cabendo a qualquer um
denunciar à Diretoria da AREMAC ou ao IBAMA irregularidades que estejam sendo
praticadas dentro ou no entorno da Reserva.
14.2 – A fiscalização e proteção da Reserva será realizada por uma Comissão
composta por membros da AREMAC e fiscais do IBAMA, juntamente com outros Órgãos e
Fiscais Colaboradores.
14.3 – Caberá também ao Conselho Deliberativo auxiliar na fiscalização, ficando com
a incumbência de aconselhar a Diretoria da Associação, deliberando sobre os casos omissos.
14.4 – A AREMAC orientará os associados para que este Plano de Utilização seja
respeitado e cumprido.
15. Penalidades
15.1 – Ao não cumprimento de qualquer das normas constantes do presente Plano de
Utilização, fica o infrator, no ato da comprovação da irregularidade, sujeito às seguintes
penalidades, julgadas e aplicadas pela Comissão mencionada no art. 14.2.
a. Advertência verbal;
b. Advertência por escrito;
c. Embargo das atividades (paralisação);
d. Perda da concessão de uso.
64
15.1 – O extrativista que considerar injusta alguma penalidade que lhe for imposta
poderá recorrer ao Conselho Deliberativo da AREMAC. No caso de uma defesa não ser
acatada, o extrativista poderá ainda recorrer ao IBAMA.
15.2 – Além das punições constantes deste Plano de Utilização, os extrativistas e a
AREMAC estarão sujeitos às penas da Lei Ambiental, imposta pelo IBAMA.
16. Disposições Gerais
16.1 – O presente Plano de Utilização fica sujeito a alterações de qualquer de suas
normas, sempre que o aparecimento de novos conhecimentos e novas tecnologias possam
contribuir para a melhoria do processo de consolidação da Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo, ou a qualquer tempo, seja por problemas causados por ocasião da execução
do Plano de Desenvolvimento ou mesmo do próprio Plano de Utilização.
16.2 – As propostas para alterações no Plano de Utilização poderão ser feitas
formalmente pelos Grupos que desenvolvem atividades na Reserva, à Presidência da
AREMAC e, se acatadas pelo Conselho Deliberativo, serão colocadas para votação em
Assembléia Geral. Se for aprovadas, serão encaminhadas ao IBAMA para análise e
aprovação.
16.3 – As propostas de alteração do Plano não podem entrar em conflito com as
finalidades e filosofia da Reserva.
16.4 – O não cumprimento do presente Plano de Utilização significa quebra de
compromisso, e resultará na perda do direito de utilizar a Reserva, nos termos e penalidades
estabelecidas neste Plano.
16.5 – Por razões de ordem técnica, os Planos de Manejo da Reserva poderão ser, em
qualquer tempo, suspensos, restringidos ou condicionados pelo IBAMA.
16.6 – A pesquisa com fotografia, filmagens e coleta de material genético no interior
da Reserva só poderão ser realizadas mediante a autorização expressa do IBAMA, após ouvir
a Associação.
16.7 – Os registros, permissões e outros documentos emitidos pelo IBAMA serão
analisados e terão parecer dos técnicos da RESEX, salvo em caso de não competência destes
sobre a matéria.
16.8 – As carteiras dos pescadores profissionais da Reserva serão assinadas pelo
diretor da RESEX, respeitando a legislação específica.
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16.9 – As marinas e empreendimentos que utilizam o espaço da Reserva e venham a
cobrar taxas de terceiros, serão submetidas a pagamento de trinta por cento (30%) do
arrecadado.
17. Direito à Fiscalização
Conforme estabelecido neste Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo, cabe à Associação, em conjunto com o IBAMA, realizar a fiscalização,
monitoramento e zoneamento da Reserva. Conforme o artigo 14, cada pescador é um fiscal da
sua e das outras modalidades, e existe uma Comissão de Proteção da Reserva, com o objetivo
de apoiar a Associação nessa tarefa.
Nesse sentido, o IBAMA promoverá treinamento dos pescadores de forma a capacitá-
los e credenciá-los na atividade de fiscalização.
Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 5/6 O texto é cópia do publicado no DO.
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Esses treinamentos terão como base o parágrafo 2o do art. 70 da Lei de Crimes
Ambientais e a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (no 003/88,
de 16/03/88), que dá poderes a entidades civis com finalidade ambientalista de, pelo sistema
de mutirão ambiental, participar da fiscalização de Unidades de Conservação, lavrando autos
de constatação, circunstanciados, cujo modelo será fornecido pelo IBAMA.
Lista de Espécies de Peixes Proibidas para a Pesca Subaquática Amadora
Nome Científico Nome Vulgar
Scarus coelestinus Budião ou papagaio azul
Scarus sp. Budião ou papagaio rei
Sparisoma rubripinne Budião ou papagaio batata
Sparisoma aff. viride Budião ou papagaio vermelho
Sparisoma atomarium Budião ou papagaio verde
Acanthurus bahianus Cirurgião verde
Acanthurus chirurgus Cirurgião preto
Acanthurus coeruleus Cirurgião azul
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Pomacanthus paru Frade
Holacanthus ciliaris Ciliaris
Holacanthus tricolor Tricolor
Budianus rufus Budião azul-amarelo
Budianus pulchelus Budião vermelho-amarelo
Halichoeres aff. radiatus Sabonete
Mola mola Peixe Lua
Balistes vetula Cangulo Rei
Fistularia tabacaria Trombeta
Manta birostris Jamanta
Myliobatis goodei Raia sapo
Rhinoptera bonasus Raia morcego
Aetobatus narinari Raia chita
Dasyatis americana Raia manteiga
Narcine brasiliensis Treme-treme
Rhinobathus langinosus Cação viola
Ginglymostoma cirratum Lambaru
Diodon flystrix Baiacu de espinho cinza
Lactophrys quadricornis Peixe cofre
Lactophrys polygonia Peixe cofre
Gymnothorax funebris Moréia verde
Gymnothorax vicinus Moréia pintada
Gymnothorax moringa Moréia pintada
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ANEXO II Diário Oficial - República Federativa do Brasil. Imprensa Nacional, Brasília-DF. Ano CXXXV, no 3, Seção 1. Segunda-feira, 6 de janeiro de 1997. Decreto de 3 de janeiro de 1997.
Dispõe sobre a criação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, no Município de Arraial do Cabo, Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o que dispõe o art. 9º inciso VI, da lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, e o Decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990. DECRETA:
Art. 1° Fica criada a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, no município de Arraial do Cabo, Estado do Rio de Janeiro, compreendendo um cinturão pesqueiro entre a praia de Massambaba, na localidade de Pernambuca e a Praia do Pontal, na divisa com Cabo Frio, incluindo a faixa marinha de três milhas da costa de Arraial do Cabo, conforme a seguinte descrição baseada em coordenadas geográficas aproximadas: Limite Oeste: Lat: Sul 22° 56’ 21” Long. Oeste 042° 18’ 02”- Limite Nordeste: Lat.Sul 22° 56’ 00” Long. Oeste - 041° 55’ 30” Limite Sueste: Lat. Sul - 23° 04’ 00” Long. Oeste 041° 55’ 30” Limite Sudoeste Lat. Sul 23° 04’ 00” Long. Oeste 042° 18’ 02”.
Art. 2° A Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo tem por objeto garantir a exploração auto-sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis, tradicionalmente utilizados para a pesca artesanal, por população extrativista do Município de Arraial do Cabo.
Art. 3° O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA poderá assinar convênios com as organizações legalmente constituídas, tais como cooperativas e associações existentes na reserva, para proteção e administração da Unidade de Conservação de que trata este decreto.
Art. 4° A área da Reserva Extrativista ora criada fica declarada de interesse ecológico e social, conforme preconiza o art. 2 º do decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990.
Art. 5° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 03 de janeiro de 1997; 176° da Independência e 109° da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
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Gustavo Krause Digitalizado em Agosto de 2003 – RESEXMAR AC. 1/1 O texto acima é cópia do publicado no DO.
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