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Curso de Comércio Internacional – 2017 Teoria e questões comentadas para AFRFB
Prof. Thális Andrade – Aula 01
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AULA 01 – POLÍTICAS COMERCIAIS
Sumário Apresentação do professor ............................................................................... 3
Informações sobre o curso ............................................................................... 4
Conteúdo e cronograma das aulas .................................................................... 4
1. Conceitos básicos .................................................................................. 8
2. Mercantilismo ..................................................................................... 15
3. Teoria das vantagens absolutas ............................................................. 16
4. Teoria das Vantagens Relativas (comparativas) ....................................... 19
5. Teoria da Dotação dos Fatores de Produção ............................................ 24
6. Novas teorias ...................................................................................... 26
7. Teoria da Indústria Nascente ................................................................ 31
8. Teoria da Substituição das Importações ................................................. 34
9. Industrialização voltada às exportações ................................................. 39
10. Políticas Comerciais Estratégicas ........................................................... 40
11. Revisão dos pontos mais importantes .................................................... 45
12. Lista de questões resolvidas nesta aula .................................................. 47
13. Gabarito ............................................................................................. 54
Salve, salve caro concurseiro(a)!
Como vão os estudos?
Seja bem-vindo ao material em PDF da nossa matéria de
Comércio Internacional. Há muito tempo esperava uma boa oportunidade para retornar ao “universo” dos PDFs, onde a leitura e
aprendizado correm na velocidade que o aluno quiser...
Depois de muito tentar reduzir as aulas vídeo aula, consegui a
contento lançar este material completo em PDF. A decisão é difícil pra mim, pois quem me conhece das aulas em vídeo, sabe que são muitos
os detalhes que dou na atmosfera da sala de aula. Então, o esforço será redobrado para que este curso seja de altíssimo nível para que, você,
candidato à carreira de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, tenha à mão um material “de primeira”.
Minha ideia sempre foi poder proporcionar um material também escrito, de qualidade, dentro deste curso supercompleto que é nosso
curso de Comércio Internacional no 3D.
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Então agora se fez esta oportunidade.
Como sabem, o concurso da AFRFB é deveras competitivo. Em se tratando de nossa matéria temos, junto com Legislação Aduaneira,
15 questões peso 2, ou seja 30 pontos num total de 210. Especificamente em Comércio Internacional temos visto cerca de 7
questões da matéria, perfazendo uns 7% da prova.
Parece pouco, mas não é!
Em se tratando de AFRFB, cada ponto é decisivo. Ademais,
nossa matéria é sempre alvo de questões discursivas, mostrando quão estratégico e fundamental é o seu estudo.
Por isso, nosso objetivo nada mais é do que simplesmente gabaritar esse assunto. Para isso, é indispensável fazermos um acordo
entre professor e aluno: eu me comprometo a escrever a mais caprichada aula de Comércio Internacional e você a estudar com foco,
disciplina e dedicação, me reportando toda e qualquer dúvida, ok?
Trato é trato!
Ao iniciar o estudo de nossa matéria você verá que Comércio Internacional é simplesmente apaixonante, sendo muitas vezes seu
conteúdo o pano de fundo para o AFRFB que trabalha na esfera aduaneira.
Assim, buscarei neste trabalho trazer uma linguagem simples, porém direta. Além disso, irei buscar a profundidade do conteúdo na
medida exata para sua aprovação, sem deixar de lado o cuidado com
aqueles que nunca ouviram falar do assunto.
Além disso, resolveremos inúmeras questões de nossa
banca ESAF além de outras que possam te auxiliar na fixação do conteúdo e seguirem o mesmo estilo da banca. Isso é para
garantirmos que você fique 100% seguro para resolver qualquer cobrança sobre o tema.
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APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
Antes, aquela breve introdução de praxe para quem não me
conhece...
Meu nome é Thális Andrade. Sou Mestre em Direito
Internacional do Comércio e integro a carreira de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC). Desde 2009, atuo como professor de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em cursos de Pós Graduação pelo
Brasil, além de ministrar cursos preparatórios para as carreiras da RFB.
Sobre minha passagem profissional, fui investigador no
DECOM/SECEX em processos de defesa comercial e atuei na Secretaria-
Executiva da CAMEX com negociações internacionais. Atualmente estou lotado no DECEX, atuando com Licenciamento de Importações, além de
diversos temas do nosso edital como o uso dos INCOTERMS, a aplicação de medidas de defesa comercial ou ainda a concessão de redução de
Imposto de Importação em virtude de acordos celebrados regionalmente (Ex. MERCOSUL, ALADI, etc).
Posso dizer que em todas essas tarefas a interação entre MDIC e RFB é muito próxima, quase “simbiótica” diria! Mas além do contato
entre as carreiras, o cargo de AFRFB possui um enorme vínculo com a nossa matéria de Comércio Internacional.
A aplicação prática de nossa matéria pode ser exemplificada pelos procedimentos de defesa comercial, em que vocês cuidarão da
arrecadação dos valores pagos à título de medida de defesa comercial. Podemos mencionar ainda a classificação aduaneira/fiscal que vocês
farão sobre as mercadorias que entram e saem do país. Ou ainda,
destacar o controle aduaneiro que vocês exercerão sobre as mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais, em que os
tributos estão suspensos e o rigor na sua fiscalização, portanto, é imprescindível.
Tudo isso é só para demonstrar a vocês o quanto é fascinante a face aduaneira da futura carreira de vocês. E claro, isso se deve em
grande parte à apaixonante matéria de Comércio Internacional.
Minha tarefa aqui será, além de lecionar o conteúdo, aproximar
vocês ao máximo da disciplina, pois se trata de pedra fundamental para o concurso de vocês. Não a subestimem, pois seu conteúdo é deveras
importante para qualquer futuro AFRFB que se preze, ok?
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INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO
Conteúdo
Sobre nosso curso, ele está estruturado em 15 aulas, cobrindo todo o edital de AFRFB de 2014.
AULA 01
1. Políticas comerciais. Protecionismo e livre cambismo. Políticas comerciais estratégicas. 1.1. Comércio internacional e desenvolvimento econômico.
AULA 02
1.2. Barreiras tarifárias. 1.2.1 Modalidades de Tarifas. 1.3. Formas de
protecionismo não tarifário.
AULA 03
2. A Organização Mundial do Comércio (OMC): textos legais, estrutura,
funcionamento. 2.1. O Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT-1994); princípios básicos e objetivos. 2.2. O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). Princípios básicos, objetivos e alcance.
AULA 04
6. Práticas desleais de comércio. 6.1. Defesa comercial. Medidas Antidumping. Medidas compensatórias e salvaguardas comerciais.
AULA 05
3. Sistemas preferenciais. 3.1. O Sistema Geral de Preferências (SGP). 3.2. O Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC)
AULA 06
4. Integração comercial: zona de preferências tarifárias; área de livre
comércio; união aduaneira. 4.1 Acordos regionais de comércio e a Organização Mundial de Comércio (OMC): o Artigo 24º do GATT; a Cláusula
de Habilitação. 4.2. Integração comercial nas Américas: ALALC, ALADI, MERCOSUL, Comunidade Andina de Nações; o Acordo de Livre Comércio da América do Norte; CARICOM.
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AULA 07
5. MERCOSUL. Objetivos e estágio atual de integração. 5.1. Estrutura
institucional e sistema decisório. 5.2. Tarifa externa comum: aplicação; principais exceções. 5.3. Regras de origem.
AULA 08
8. Classificação aduaneira. 8.1. Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH). 8.2. Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM).
AULA 09
10. Exportações. 11. Importações.
AULA 10
10.1 Incentivos fiscais às exportações.
AULA 11
11.1. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Combustíveis: fato
gerador, incidência e base de cálculo.
AULA 12
7. Sistema administrativo [...] 7.4. O Sistema Integrado de Comércio Exterior
(SISCOMEX). 7. [...] instituições intervenientes no comércio exterior no Brasil. 7.1. A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). 7.2. Receita Federal do Brasil. 7.3. Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). [...] 7.5. Banco Central
do Brasil (BACEN). 7.6. Ministério das Relações Exteriores (MRE).
AULA 13
12. Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS 2010).
AULA 14
9. Contratos de Comércio Internacional. 9.1. A Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias.
AULA 15
13. Regimes aduaneiros. (parte I e II)
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Metodologia utilizada
A proposta de nosso curso é trazer a teoria mesclada com questões comentadas relativas ao assunto em discussão. Assim, você
terá a visão prática do assunto, vendo as nuances em prova e a relevância do que você está estudando. Este material serve então como
apoio às aulas de vídeo, e traz basicamente, de modo escrito, o que falamos em sala de aula.
Ao final, você também encontrará todas as questões para serem
resolvidas.
Legislação aplicável
Em nossa matéria temos alguns acordos internacionais
importantes que seguirão ao final das aulas como anexo. Explicaremos os aspectos mais relevantes e que mais caem em prova. No entanto, é
interessante o aluno dar aquela lida na “letra seca” do acordo, pois destacarei alguns que tem boas chances de serem cobrados.
Abordagem
Apesar da matéria de Comércio Internacional ser um universo totalmente novo para muitos, ela não é complexa. Temos questões
“batidas” da ESAF, mas também há tendência em se cobrar novidades como normas internas do MERCOSUL, rodadas de negociações da OMC,
Convenções Internacionais recentes, etc.
Tendo em vista que muitas vezes o que está em vigor não é claro para a própria banca, é comum a ESAF cometer inúmeros
equívocos na formulação e resolução das questões de nossa matéria. Diante desta peculiaridade, faremos uma abordagem que deixe o mais
claro possível o entendimento da banca (a chamada “jurisprudência” ESAF), principalmente nas questões polêmicas, aumentando as
chances de gabaritar, inclusive nas questões problemas.
Suporte
Lembro ainda que daremos suporte para quaisquer dúvidas que
surjam ao longo deste curso. Ter dúvidas faz parte do aprendizado. Não tenham medo de questionar, pois com elas, o professor também
aprende. A hora de tirar qualquer dúvida é sempre antes da prova, por meio do fórum.
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Análise do Edital
Antes de iniciar nosso curso propriamente dito, farei um breve “Raio-X” da nossa última prova de Comércio Internacional para AFRFB.
Sobre nossa matéria especificamente, analisando as provas, vemos que nossa matéria representou na última prova de AFRFB 7
(sete) questões de peso 2, ou seja, do total dos 210 pontos em jogo, Comércio Internacional representou quase 7% da prova.
Dentre os temas que foram cobertos no último certame de
AFRFB de 2014 tivemos o seguinte “Raio-X”...
Questões por tema: AFRFB/2014
1 questão – Cide Combustíveis
1 questão – OMC
1 questão – Defesa Comercial
1 questão – Dumping
1 questão – MERCOSUL/TEC
1 questão – Regimes aduaneiros
1 questão – RFB
Percebam que diante do reduzido número de questões, o tema
“políticas comerciais” (Aula 00) nem sequer caiu, seguindo a tendência das provas de 2012 e 2014 de deixar de lado esse assunto. Aliás, a
ESAF já havia “enxugando” esse tópico, dando um folego para ele em
2009 quando deixou claro no edital que iria cobrar Políticas Comerciais Estratégicas. Enfim, o assunto é então lecionado de forma muito menos
aprofundada como era antigamente em razão da sua clara perda de ênfase nas provas.
Vejam também que integração regional ficou de lado, bem como Classificação Fiscal, INCOTERMS e Contratos Internacionais.
Por outro lado, vejam a forte predileção da ESAF pela Defesa Comercial, tema de competência da SECEX. Isso parece ser um
rescaldo do edital do ACE/MDIC 2012 que cobrou fortemente o assunto. A ESAF no AFRFB 2014 deixou ainda de lado temas de competência
privativa de AFRFB como classificação fiscal e as novidades dos INCOTERMS versão 2010.
No entanto, nosso foco, como sempre, é cobrir tudo para você gabaritar! E vamos “simbora” com um recado do nosso herói...
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“O único lugar onde o sucesso vem antes do
trabalho é no dicionário”. (Albert Einstein).
Portanto, a hora de por em prática os estudos é agora, meus
amigos. O estudo de qualidade exige sacrifícios, ausência do lar, dos amigos, de festas, etc...
Mas isso é passageiro, e todo esforço será recompensado!
Vamo que vamo! |o/
Prof. Thális Andrade
Maio/2017
Facebook: Thális Andrade
Instagram: @direitoaduaneiro
E-mail: professorthalisandrade@gmail.com
1. Conceitos básicos
Para esquentar os motores, nesta aula, vamos tratar do tema
Políticas Comerciais constantes no edital de AFRFB 2014. É um tema mais simples que as demais aulas, mas preferímos começar por ele,
pois se trata da base de tudo que virá adiante...
Em editais da ESAF de 1996 até 2005, era praxe a cobrança de
uma série de teorias e questões pesadas sobre cada uma das políticas
comerciais indicadas no edital.
No entanto, em 2009, observamos um redução drástica deste
assunto nas provas de AFRFB de 2012 e 2014, tendo em vista que nem sequer caiu uma questão sobre o assunto. A própria descrição nestes
editais já era bem mais enxuta daquela exigida nas décadas anteriores, de modo que a infinidade de teorias de comércio ficou no passado;
agora busca-se “direto e reto” do futuro AFRFB a percepção sobre as políticas comerciais passíveis de implementação!
Para iniciar nossa conversa, busquemos definir alguns conceitos.
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Afinal, o que é Comércio Internacional?
Podemos dizer que o comércio é uma via de “duas mãos”, em que ocorre a compra e venda de bens e serviços, bem como dos fluxos
financeiros correspondentes, entre os diversos países do planeta. Trata-se de processo resultante da divisão internacional do trabalho,
da diferente dotação dos fatores de produção, bem como da diversidade das habilidades adquiridas por seus participantes.
O vídeo “Trade Matters to Me” lançado pela OMC em outubro de
2014 para a edição do “WTO Public forum” resume bem toda nossa matéria aplicada no dia a dia:
https://www.youtube.com/watch?v=Crby5WYko0g
Na atualidade, o comércio internacional cresceu
vertiginosamente com os avanços da produção industrial, logística, tecnologia nos meios de pagamento, enfim, pelo fenômeno da
globalização que acelerou os processos de trocas entre os países.
A expressão “Comércio Internacional” difere um pouco de
“Comércio Exterior”; enquanto a primeira trata desse processo no contexto de todos os países comerciando entre si, num ambiente
global, a expressão comércio exterior se vincula as trocas de um determinado país com o resto do mundo. Por isso geralmente usamos
a expressão Comércio Exterior Brasileiro, quando queremos falar do nosso Brasil como ponto de partida para todas as análises de
importações e exportações com nossos parceiros comerciais.
A ideia que reside por detrás dessa necessidade de se intercambiar produtos e serviços deriva do fato de que nós não somos
capazes de produzir tudo o que consumimos. Imaginem se precisássemos fabricar nossos sapatos, costurar nossas camisas,
cultivar nosso alimento, desenvolver nosso “videogame”, e assim por diante.
Não dá né meus amigos! Não temos tempo, dinheiro, tampouco inteligência pra isso...
Pode até existir algum “professor pardal” que consiga essa autossuficiência, mas eles seriam extremamente ineficientes, pois os
custos são altos para essa empreitada.
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Fonte: www.constelar.com.br
Isso porque eles teriam que desenvolver aptidões físicas e intelectuais para aprender cada ofício (fator mão-de-obra), gastar
dinheiro em máquinas, fábricas ou equipamentos diferenciados para produção desses produtos (fator capital), além de eventualmente ter
que buscar terras cultiváveis e urbanas ou recursos naturais para produzir os alimentos (fator terra).
E por falar nesses três elementos, eles são os nossos queridos fatores de produção.
Felizmente (ou não), o ser humano “percebeu que era difícil
produzir tudo o que precisava. Era mais fácil fazer dez coisas iguais do que sete diferentes. Assim, nasceu a divisão do trabalho: um indivíduo
produzia apenas um tipo de objeto em quantidade superior as suas necessidades e trocava o excedente. A divisão do trabalho não só
aumentou a produtividade como também permitiu a melhora da qualidade. Esses dois fatos proporcionaram maior oportunidade de
trocas”. (MAIA, 2004, p. 20).
Portanto meus caros, desde que os povos pré-históricos
passaram a realizar trocas de produtos (escambo) entre habitantes de uma mesma tribo, podemos dizer que existe comércio. A diferença é
que hoje realizamos essas trocas não sob a base “produto x produto”, mas sim com base em papel-moeda ou simplesmente por meio
eletrônico de pagamento de modo que as fronteiras daquelas tribos da antiguidade hoje foram extrapoladas para fronteiras entre países!
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Na verdade, segundo Krugman, existem dois motivos pelos quais os
países se especializam e fazem comércio:
1º) Os países diferem em RECURSOS e TECNOLOGIA e se especializam nas coisas que fazem melhor.
2º) ECONOMIAS DE ESCALA (ou retornos crescentes) trazem
vantagens para os países se especializarem numa gama restrita de produtos ou serviços.
Assim, os países atuando numa gama restrita de produtos buscam a variedade de produtos que não produzem por meio do comércio internacional, trocando com os demais países.
Quando essa troca ocorre sem a ingerência dos Estados, temos o
chamado liberalismo (livre-cambismo). No entanto, a defesa do liberalismo, não é uma unanimidade, sofrendo um contraponto
constante com o “lado negro da força”: o protecionismo.
Na verdade, como bem colocam os professores Barral e Brogini,
o discurso a favor do liberalismo pode ser comparado com a evocação
da ida para o plano divino, pois todos são a favor do livre comércio, mas o mais tarde possível.
É meio que “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Lembrem-se dessa máxima ao longo do curso... Ela é um dogma
quer permeia as relações comerciais internacionais!
Muito se defende o liberalismo, mas é difícil encontrar algum país
que sustente essa bandeira hoje em dia e não tenha se valido de medidas protecionistas no passado (ou ainda as utilize no presente).
Todos têm um passado “negro” rsrs
Inclusive, podemos afirmar que se as grandes potências, em seu
primeiro estágio de desenvolvimento, tivessem mesmo adotado as políticas que recomendam aos países em desenvolvimento, não seriam
a pujança econômica que são hoje.
Isso porque muitos desses países, ao longo de sua trajetória
desenvolvimentista, recorreram a políticas comerciais e industriais
protecionistas, atualmente consideradas políticas "ruins". Como bem define Ha-Joon, os países desenvolvidos, ao pregarem hoje políticas
ortodoxas estariam “chutando a escada” para que os países em desenvolvimento não consigam seguir os mesmos caminhos trilhados
por eles para se desenvolver.
Por exemplo, de 1820 até 1931, os EUA e alguns outros países
hoje desenvolvidos adotaram políticas altamente protecionistas para
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defender a sua indústria nascente, mas eles alegam que fizeram o
contrário; disseram que liberalizaram seus mercados.
É verdade isso professor?
A resposta é depende!
De fato os EUA possuem uma das menores tarifas médias da OMC,
sendo 3,7% seu imposto de importação médio, enquanto o Brasil aplica em torno de 32%. De outro lado, os EUA são um dos maiores
aplicadores de medidas de defesa comercial, bem como possuem diversos programas de subsídios para sua ineficiente agricultura
como a famosa lei “Farm Bill”, que perdura até os dias de hoje! (Lembrem-se do dogma... Quero ir por último para o liberalismo...)
Portanto, alguns países desenvolvidos alimentam sob outras
formas seu espírito protecionista mais do que a gente imagina!
Aliás, outros países desenvolvidos também usaram e abusaram
desses “pecados” contra o livre comércio no passado. A Alemanha, por exemplo, se utilizou no passado de espionagem industrial patrocinada
pelo Estado e a cooptação de trabalhadores da Inglaterra, práticas nada “recomendáveis” nos dias de hoje.
Para guardar bem esses conceitos, vamos esquematizar o que foi visto até aqui:
•Liberalismo (livre-cambismo): ausência completa de intervenção estatal na economia
•Protecionismo: intervenção estatal na economia em qualquer forma e grau.
Vertentes básicas de pensamento econômico
•Mão-de-obra
•Capital
•Terra
Fatores de Produção
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Vejam como a ESAF já abordou este tema:
1. (ESAF) AFTN/1998 (trecho)
Segundo o livre cambismo, o governo deve remover todos os obstáculos legais para o funcionamento de um comércio livre.
Comentários
O item está correto. O livre cambismo é a completa ausência de
amarras do Estado sobre o Comércio Internacional.
Para a ESAF, o “livre cambismo” rege a livre troca de produtos no
campo internacional, os quais seriam vendidos a preços mínimos, num regime de mercado, se aproximaria ao da livre concorrência perfeita.
Tudo bem até aqui pessoal? Molezinha até agora né?
Vejamos agora o protecionismo!
Como o próprio nome diz, o protecionismo trabalha com uma lógica de intervenção do Estado na economia. Mas isso não ocorre
somente por meio de imposição de barreiras à importação, mas também por meio de aportes governamentais à exportação de seus
produtos, medidas de apoio a produção doméstica, regulamentação discriminatória quanto aos prestadores de serviços estrangeiros, etc.
Portanto, país “protecionista” é aquele que realiza, em qualquer grau,
intervenção na economia.
A intervenção do Estado na economia ocorre pelos mais diversos motivos. Veja-se por exemplo os perigos decorrentes da divisão da
produção. Com a divisão da produção, o país não produz tudo que precisa e, em eventual guerra, pode ficar suscetível ao
desabastecimento, tal como ocorreu na crise de 1929. No entanto, com a remota possibilidade de haver outra guerra, essa motivação fica
prejudicada.
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Podemos destacar ainda que a intervenção do Estado inibe a
formação de trustes, carteis e oligopólios. Além disso, como as multinacionais trabalham com economia de escala, seu baixo custo
tende a suplantar a indústria nacional, de modo que só a intervenção do Estado é capaz de dar fôlego aos produtores para concorrerem com
essas grandes empresas.
A intervenção estatal também tem lugar para se evitar
esgotamento dos recursos naturais. Como muitos recursos são
limitados, a exploração desenfreada compromete o futuro. Estamos vivenciando este tipo de situação com a exportação de minérios da
China para o resto mundo, e o Brasil pode também passar por isso no futuro.
Por outro lado, pesa desfavoravelmente ao protecionismo a acomodação da indústria nacional. Como a indústria tem mercado
cativo, não precisa melhorar a qualidade do produto. Esse foi o caso típico do setor automobilístico no Brasil que, até o início da década de
90, estava protegido, porém sem inovação, escala e eficiência, foi “engolido” pelo corte de tarifas promovido pelo governo Collor. Esse era
o caso da Gurgel (alguém lembra dessa marca nacional, ou só eu? rsrs). Essa companhia foi “engolida” quando o mercado brasileiro se abriu
para concorrência externa.
O protecionismo leva também à reserva de mercado e
monopólios. No Brasil tivemos na década de 80 a lei de informática que
criou uma reserva de mercado para os computadores nacionais, mais prejudicando do que ajudando.
Além disso, o protecionismo afasta a concorrência estrangeira, o mercado fechado acaba incentivando os produtores nacionais de
determinado produto. Isso tende a gerar elevação de preços, pois afasta a concorrência de produtos estrangeiros no mercado interno que,
na maioria das vezes, são os mais eficientes.
Portanto, as tarifas impostas pelo governo para fechar o mercado
nacional à concorrência externa não dão competitividade à indústria nacional.
Feita essa breve comparação entre as duas formas de política econômica, veremos as mais diversas razões que levam um país a
intervir ou não na economia.
Esta introdução não tem sido alvo de provas recentes da ESAF,
mas considero importante para nos dar um suporte para as políticas
comerciais mais importantes.
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No edital AFRFB/2014 apareceu explicitamente a relação
Liberalismo e Protecionismo, bem como Comércio e Desenvolvimento Econômico. No entanto, o último edital não indica mais as diferentes
teorias de comércio, razão pela qual veremos brevemente as principais correntes sobre o assunto.
2. Mercantilismo
A primeira teoria que vale à pena tecer comentários é a Mercantilista.
Ela surge no século XV (transição do período medieval para idade moderna) e vai até o final do século XVIII. Não é teoria liberal,
pois nela havia forte intervenção do Estado. No entanto, essa intervenção era “míope”, pois acreditava-se que o Comércio
Internacional era um jogo de “soma zero”, ou seja, o volume global do comércio mundial não seria alterado, pois o lucro de um país implicaria
a perda de outro.
Assim, a corrente mercantilista foi caracterizada pela
acumulação de ouro e prata e superávits na balança comercial
(exportações superiores às importações). Podemos ver claramente que este era o movimento empregado pelas metrópoles sobre as colônias,
por exemplo, Portugal-Brasil. Por decorrência do pacto colonial a coroa portuguesa comprava matérias-primas da sua colônia brasileira
por valores baixos e fornecia-lhe produtos manufaturados por preços elevados.
Vale destacar rapidamente a vertente que se desdobra do MERCANTILISMO: O NEOMERCANTILISMO.
A teoria do Mercantilismo vai voltar séculos mais tarde sob nova
roupagem, sob o nome de NEOMERCANTILISMO. Nela, novamente se mantém o ideal de incentivar as exportações e desencorajar as
importações.
No entanto, o país agora o faz por meio de controle de capitais ou
centralizando as decisões monetárias nos bancos centrais. Assim, o país pode por exemplo promover desvalorizações competitivas de moeda para promover exportações e desincentivar importações. Veja
que a ideia não é estimular exportações por meio de diversificação de
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exportações, mas sim, restringir saídas de divisas, mantendo as
reservas do país com saldo positivo.
Feitos esses esclarecimentos, vamos à teoria que é a base do pensamento liberal e rompeu com a noção mercantilista de que o
comércio seria um jogo de soma-zero.
3. Teoria das vantagens absolutas
No atual cenário de crise que os países enfrentam (especialmente o Brasil) a questão econômica mais importante
defendida por qualquer governante é o emprego. Então a concorrência
com produtos estrangeiros pode parecer num primeiro momento algo maléfico à garantia do emprego, certo?
No entanto, sabemos que não somos “bons em tudo”. Quer dizer, não sabemos produzir tudo o que precisamos. E se tentarmos
fazer isso vamos fazê-lo “nas coxas”. Isso porque, conforme já lembramos, não somos um “professor Pardal”, aquele personagem das
estórias em quadrinhos que fabricava sozinho engenhocas para satisfazer suas necessidades...
Partindo dessa premissa, Adam Smith em 1776 aliou a ideia de crescimento econômico baseado no trabalho produtivo. Com ele foi
cunhada a expressão “mão invisível” do mercado, apregoando que o mercado se auto regularia, não necessitando da intervenção estatal.
Para Smith, a abertura comercial não é simplesmente ruim para o emprego. Na verdade, Smith viu que cada país deveria alocar sua
capacidade de trabalho no produto que era mais eficiente
(teoria das vantagens absolutas).
Neste caso, para haver comércio entre dois países, cada qual
precisava ser mais eficiente do que o outro na produção de determinado produto. Ainda, para o economista, o trabalho é que dava prosperidade
econômica ao produzir excedente de valor sobre seu custo de produção mediante a distribuição do trabalho.
Tomamos o seguinte exemplo de uma jornada diária de 8 horas de trabalho: Imagine que o Brasil produz 2 bolas de futebol por cada
hora de trabalho, enquanto a Argentina produz 2 pares de chuteira por hora.
Podemos esquematizar assim:
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Brasil: 2 bolas de futebol/hora x 8hs = 16 bolas de futebol
Argentina: 2 pares de chuteira/hora x 8hs = 16 pares de chuteira
Ao final do dia, estes produtores produzem 16 bolas e 16 pares
de chuteira para suas populações, correto?
Agora imagine que o Brasil, além de produzir bola de futebol,
também produzisse chuteira; imagine também que a Argentina além de fabricar chuteira produzisse bolas de futebol. No entanto, estes
outros produtos, Brasil e Argentina levam 4 horas para produzir. Cada
unidade.
Há assim uma generalização da capacidade produtiva ao invés
de especialização concordam? Ao invés de dedicar suas 8 horas diárias para um só produto, os países acham que sabem fazer tudo ao menor
custo. Dividindo à metade a força de trabalho entre bolas de futebol e chuteiras em cada país, temos a seguinte relação:
Brasil: 2 bolas de futebol/hora x 4hs = 8 bolas + 1 par de chuteira/hora x 4hs = 4 pares de chuteira
Argentina: 2 pares de chuteira/hora x 4hs = 8 pares + 1 bola de
futebol/hora x 4hs = 4 bolas
No fim do dia, ao invés de 16 bolas e 16 pares de chuteira, teríamos apenas 12 bolas de futebol e 12 pares de chuteira.
Viram a diferença?
A não especialização da produção levou à produção de menor
quantidade de bens do que se houvesse a especialização.
Assim, percebe-se que a sociedade mundial ganha com o comércio na medida em que estes países se especializam na
produção dos bens que são mais eficientes (leia-se menos horas de trabalho para produzir cada bem). Assim, Brasil deveria focar toda
sua mão de obra em bolas de futebol e Argentina em chuteiras, resultando numa oferta maior de produtos, podendo trocar entre si
os excedentes de produção.
Vejam que a decisão de fabricar dois produtos num mesmo país
leva a uma maior produção de quantidade de bens do que o ofertado sem a especialização. Observem os indivíduos não necessariamente
perdem seus empregos, mas sim, realocam sua força de trabalho naquilo que produzem de modo mais eficiente.
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Adam Smith foi então apelidado de “pai do liberalismo”, pois
apregoou que os países deveriam promover trocar entre si, especializando naquilo que fossem mais eficientes. Podemos resumir a
teoria no seguinte quadro:
No entanto, quais eram os problemas desta teoria?
Smith não sabia justificar o comércio internacional quando um
país fosse mais eficiente em ambos os bens, em comparação ao país vizinho.
Smith não tinha resposta para o fato de que alguns países poderiam
ser mais eficientes em ambos os produtos. Smith também foi criticado
por afirmar que a mão de obra seria o único fator de produção responsável para se identificar a eficiência na produção.
Vejamos como a ESAF pede esse assunto...
2. (ESAF/AFRF/2000-trecho)
A Teoria das Vantagens Absolutas afirma em quais condições
determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com custo de oportunidade maior que o do concorrente.
•O que interessa é a eficiência (quantidade de bens x nº horas de trabaho) em relação à produção do outro país. A diferença de eficiência é que leva ao Comércio Internacional.
•Não se compara as vantagens de um país internamente, para produção de um bem, mas sim em relação a outro país.
•Mão de obra é o único fator de produção relevante
Teoria das Vantagens Absolutas
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Comentários
O item está errado. Na Teoria das Vantagens Absolutas de Smith, os países devem se especializar no que forem mais eficientes, ou seja,
o que produzirem a um custo de produção menor. No entanto, o “custo de oportunidade” só vai aparecer mais tarde, com as vantagens
relativas. Portanto, item errado.
3. (ESAF/AFRF/2000-trecho)
O grande mérito de Adam Smith foi mostrar que o comércio seria proveitoso para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem
absoluta sobre o outro na produção de todas as mercadorias.
Comentários
Para Smith, só haveria trocas internacionais se um país tivesse vantagem absoluta numa mercadoria e o outro país em outra
mercadoria. Foi só com David Ricardo que foi trazida a noção de que o comércio internacional não é um jogo de “soma-zero”, mas sim um
“ganha-ganha” (win-win), ainda que um país seja mais eficiente em todas as mercadorias. Portanto, item errado.
4. Teoria das Vantagens Relativas (comparativas)
David Ricardo buscou aperfeiçoar as ideias de Adam Smith,
quando tratou de princípios de economia política e tributação em 1817. Ricardo adicionou a noção de vantagens comparativas e investigou
a distribuição desta riqueza produzida entre capital, trabalhadores e
proprietários de terras.
Mas então qual foi a contribuição de Ricardo sobre a teoria de
Smith?
Ora meus caros, segundo Ricardo, o comércio entre dois
países pode ocorrer ainda que um país seja menos eficiente que o outro em ambos os produtos comparados entre os países.
Basta os países deslocarem sua força de trabalho na produção dos bens que são mais eficientes dentro de seu país.
Considerando a mesma carga horária de trabalho, imagine que Alemanha produza mais carros e computadores do que o Brasil.
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Para provar isso, tomemos o seguinte exemplo:
Alemanha: produz 5 carros/hora ou 7 computadores/hora
Brasil: produz 4 carros/hora ou 2 computadores/hora
Percebe-se que o Brasil é menos eficiente que a Alemanha em ambos os produtos. No entanto, segundo Ricardo, o Brasil deve ainda
assim se especializar na produção de carros!
Por que?
Porque, internamente, o Brasil é relativamente mais eficiente
na produção carros do que computadores. Isso porque o Brasil produz mais unidades de carros do que de computadores numa mesma carga
horária de trabalho. Portanto, para essa teoria não se considera o valor agregado do produto, do capital, etc. Leva-se em conta tão somente o
fator de produção trabalho!
Trocando em miúdos: “numa mesma carga horária de trabalho,
consegue-se produzir numericamente mais carros do que computadores”. Esse é o espírito da coisa, entenderam?
O país faz dentro do seu leque de opções de produção a renúncia de um produto em favor de outro. Surge então a ideia de custo de
oportunidade: uma escolha em proveito de outra.
Assim, David Ricardo aperfeiçoa o que Adam Smith iniciou e, com sua teoria de vantagens relativas (ou comparativas) justificasse os
ganhos do comércio internacional em qualquer situação produtiva, eliminando a ideia de que o comércio seria um jogo de “soma-zero”,
no qual se um país ganha outro necessariamente perde.
Na verdade, no comércio internacional, todos podem ganhar
com ele (“win-win”), ainda que não sejam em igual medida! Esse modelo continua sendo empregado de alguma forma até hoje,
justificando as rodadas de negociação da OMC, por exemplo.
Assim, o que interessa para Ricardo não é o custo absoluto de
produção, mas a razão de produtividade que cada país possui, entre
•É custo de algo em relação à oportunidaderenunciada internamente pelo país.
•Trata-se dos benefícios que podem seralcançados com a escolha renuncia feita, sejauma maior produção de bens, menor tempode trabalho, aumento de produtividade, maiorrenda, etc.
Custo de Oportunidade
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dois ou mais bens. Percebam que o Comércio Internacional de hoje
possui uma infinidade de bens, e a vantagem comparativa aparece para cada bem em relação ao outro que é produzido neste mesmo país. No
entanto, os exemplos que costuma cair em prova é uma relação 2x2, ou seja, cuidam apenas da comparação entre 2 bens (“A” e “B”) entre
dois países (“X” e “Y”).
04. (CESPE/CEGESP/2013)
A teoria das vantagens comparativas não se aplica quando determinado país é mais produtivo na fabricação de todos os bens, pois estabelece
que o país deva especializar–se na produção daquele produto em que possui vantagem em comparação a outros países.
Comentários
O item está errado, pois é a teoria das vantagens absolutas que
não seria aplicável. Lembre-se que nas vantagens comparativas o comércio é possível, pois o país vai olhar para dentro de seu país para
verificar o que produz de modo mais eficiente e não para o país vizinho.
05. (CESPE/ANATEL/2009)
Para os economistas da escola clássica, as vantagens comparativas
relativas entre os países são o substrato teórico da especialização
econômica, potencializada com o comércio internacional.
Comentários
O item está perfeito. A vantagem comparativa é a razão teórica clássica, pela qual os países ainda fazem trocas comerciais entre si.
06. (VUNESP/CEAGESP/2010)
Um país A precisa de 6h de trabalho para produzir uma saca de trigo e 8h de trabalho para produzir uma mesa de jantar, enquanto o país B
precisa de 4h para produzir uma mesa de jantar e 5h para produzir uma saca de trigo.
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I. O país B possui vantagens absolutas na produção de mesas de jantar.
II. O país B possui vantagens comparativas na produção de mesas de jantar.
III. O país B possui vantagens comparativas na produção de sacas de trigo.
Está correto, apenas, o que se afirma em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
Comentários
Vamos à resolução...
País A País B
1 un. Saca de Trigo 6hs 5hs
1 un. Mesa de Jantar 8hs 4hs
Sabemos que na teoria das vantagens absolutas devemos comparar com o país vizinho e na relativa devemos comparar
internamente. Assim, se olharmos em relação ao país vizinho, o País “A” não possui vantagem em nada, não havendo vantagens absolutas
sobre “B”. Por outro lado, olhando internamente, “A” tem vantagem comparativa em saca de trigo e “B” em mesa de jantar.
Assim, vamos aos enunciados...
O item I está correto, pois “B” tem vantagem absoluta sobre “A”
em mesa de jantar. Mas o contrário não é verdadeiro (“A” não tem vantagem absoluta alguma).
O item II está correto, pois de fato, “B” é mais eficiente em mesa de jantares internamente.
O item III está incorreto, pois “B” não tem vantagem comparativa em trigo, mas tem apenas vantagem absoluta em trigo.
Portanto, a letra “D” é a correta.
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07. (ESAF/ACE-MDIC/2012)
De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de especialização produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta
exportadora está diretamente relacionada à(s)
a) diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes
indústrias.
b) vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator
trabalho em diferentes indústrias.
c) dotação dos fatores de produção.
d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da
mão de obra.
e) vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade
do capital.
Comentários
Aqui, importante destacar que David Ricardo não cuidava de
outros fatores de produção, mas somente do trabalho (mão de obra). Portanto, errada a letra “A”.
A letra “B” está correta, pois Ricardo falava de vantagens comparativas (relativas) que envolve justamente a eficiência
(produtividade) da mão de obra para cada setor (produto). Será mais eficiente o setor que produzir mais unidades de produtos numa mesma
carga horária de trabalho.
Outra forma de se ver a eficiência é justamente a carga horária menor para se produzir a unidade de um bem, comparando essa carga
horária com o tempo para se produzir um outro tipo de mercadoria nesse mesmo país.
O erro da “C” é que não falava em outros fatores de produção (isso será tema de nossa próxima teoria).
O erro da “D” é que Ricardo não falava da remuneração da mão de obra.
Por fim, o erro da “E” é novamente cuidar de outro fator de produção (capital) e não se ater somente ao trabalho.
Antes de encerrar essa teoria, vale destacar suas limitações...
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David Ricardo não considerava as características naturais de um país,
como disponibilidade relativa de mão de obra e de capital, mas apenas
cuidava de um fator de produção (trabalho). Assim, seria suficiente a justificar a especialização no comércio internacional o diferencial de produtividade do trabalho e o custo de oportunidade.
Vejamos então a teoria que expandiu a noção de David Ricardo e cuidou justamente da abundância dos fatores como determinantes à
especialização produtiva de um país.
5. Teoria da Dotação dos Fatores de Produção
A limitação da teoria de David Ricardo foi explorada pela dupla
de suecos Eli Heckscher e Bertil Ohlin, os quais adicionaram mais alguns elementos destacando que os motivos pelos quais os países
comerciam, ou melhor, se especializam se dá em razão da abundância dos fatores de produção que o país possui.
Em outras palavras, o comércio internacional não se explica somente pela diferença na eficiência da mão-de-obra (produtividade),
mas também pela dotação dos fatores de produção que determinado país possui.
A ideia é relativamente simples.
Se o Brasil exporta produtos agrícolas – que são intensivos no fator de produção terra – é porque o país possui larga extensão de
terra cultivável. Com mais oferta desse fator de produção (dotação), o custo dos produtos intensivos neste fator tende a ser mais barato.
Assim, segue a lógica para cada fator. O Japão exporta microchips de computador porque é abundante em capital. A China
exporta vestuário porque é abundante em mão-de-obra. E assim por diante...
Vejamos como a ESAF cobrou recentemente esse assunto...
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08. (ESAF/ACE/2012-trecho)
Julgue os itens:
a) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de
especialização produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à dotação dos
fatores de produção.
b) O modelo Hecksher-Ohlin preconiza que um país produzirá e
exportará aqueles produtos cujos fatores produtivos sejam
aproveitados mais eficientemente, independentemente de sua oferta internamente.
c) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produção e o emprego dos mesmos em diferentes
intensidades na produção explicam os padrões de especialização e as possibilidades do comércio internacional.
Comentários
O item “A” está errado, pois David Ricardo não trouxe a dotação
dos fatores de produção em seu modelo. O modelo ricardiano levava em conta apenas o custo da mão-de-obra, desconsiderando os fatores
de produção “terra e capital”. Esses só aparecem no modelo de Hecksher-Ohlin.
O item “B”, por sua vez, está errado e o item “C” está correto.
De fato, Hecksher-Ohlin toma em consideração a “dotação” dos
fatores de produção. O termo “dotação” nada mais é do que a
abundância daquele determinado fator no país. Assim, é claro que a oferta de terra, capital ou trabalho em dada economia explica o padrão
de especialização daquele país, que pode ser traduzido em sua pauta exportadora (ex. Brasil possui muita “terra” gerando exportações de
bens agrícolas. Japão possui muito “capital” gerando exportações de produtos de alta tecnologia).
09. (CESGRANRIO/BNDES/2011)
No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio internacional, as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois países, decorrem de:
a) economias de escala na produção
b) dotações diferentes dos fatores de produção
c) tecnologias de produção diferentes
d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países
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e) desvalorizações cambiais competitivas
Comentários
O gabarito é a letra “B”, pois o “coração” da teoria é justamente
demonstrar que vantagens comparativas de cada tipo de produto decorrem do grau de disponibilidade que país detém daquele fator de
produção que serve de modo mais intenso na produção de determinada mercadoria.
10. (COSEAC/ANCINE/2009)
A declaração teórica que afirma que cada país tem vantagens
comparativas no produto cujo processo produtivo emprega de forma intensiva o fator de produção abundante naquele país é o(a):
a) Teoria do Valor-Trabalho;
b) Teorema de Stolper-Samuelson;
c) Postulado Ricardiano;
d) Teorema de Heckscher-Ohlin;
e) Modelo de Linder.
Comentários
O gabarito é letra “D”, pois traz justamente a ideia de abundância
(dotação) de determinado fator de produção.
6. Novas teorias
As três teorias que vimos anteriormente se baseiam unicamente
na diferença entre os países como os únicos motivos para que haja comércio internacional.
No entanto, Paul Krugman e Staffan Linder mostraram que países com estrutura de produção similar poderiam fazer comércio.
Este é chamado de comércio intra-indústria1, pois ocorre num mesmo
1 Vale à pena distinguir ainda o conceito de “Comércio Interindústria”, pelo qual
as trocas comerciais ocorrem entre setores distintos da indústria, como Alimentos e
Máquinas. Já o “Comércio Interfirma” seria o comércio entre duas companhias
distintas.
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setor ou segmento de produtos, como por exemplo, o comércio
automotivo entre Brasil e Argentina.
As principais justificativas para isso seria:
Economias de Escala (retornos crescentes de escala) desenvolvida por Paul Krugman
Diversidade dos gostos dos consumidores, desenvolvida por Staffan Linder.
O economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel,
explicou ainda que diante da especialização da produção no que cada país produz de modo mais eficiente gera o conhecido ganho de escala.
Isso significa que à medida que a empresa vai produzindo mais unidades de um mesmo produto, seu custo de fabricação tende a
reduzir se houver economia crescente de escala.
Tomemos por exemplo um restaurante que faça massas e
comida japonesa (bom esse exemplo né). Agora digamos que este cozinheiro fabrique parte do dia macarrão e parte do dia sushi. Imagine
ainda que ele tenha que pagar um aluguel mensal (custo fixo) pelo uso seu estabelecimento, além de uma taxa de licença da prefeitura e IPTU
anual (custo fixo). O cozinheiro então tem que comprar todos os insumos para macarrão e para o sushi em pequenas quantidades (custo
variável a depender da quantidade), encarecendo o custo de cada unidade produzida. Agora suponha que ele resolva se especializar só
em sushis (comprando mais quantidade de insumos e barganhando por
melhor preço). Logicamente, cada unidade de sushi produzida terá seu valor amortizado, pois o custo final para cada unidade de sushi
produzida será proporcionalmente menor do que antes.
Se isso ocorrer, temos economias de escala, pois o aumento
dos fatores produtivos (aumento da mão de obra em cada unidade de sushi produzida) gera aumentos mais que proporcionais na
produção (reduzindo o preço).
Isso decorre da especialização da produção. Como havíamos
dito antes, os países devem se restringir a uma gama menor de produtos para aproveitarem os ganhos de escala, podendo fazer
comércio para adquirir aqueles bens que deixaram de produzir.
Ademais, neste caso, haverá comércio internacional ainda que
os dois países possuam idênticas dotações de fatores!
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Mas como isso professor? Não eram as diferentes dotações de
fatores que justificavam o comércio internacional?
Sim, meus caros, era na época de Heckscher-Ohlin. No entanto,
esse modelo não explicava, por exemplo, porque Brasil e Argentina, havendo mesma dotação de fatores, vendem carros entre si, gerando
o fenômeno do comércio intra-indústria. Daí surge a chamada “Teoria do Gosto ou Preferência dos Consumidores” desenvolvida
por Linder.
Esse gosto seria incentivado pelo nível de renda na economia. Assim, quanto mais semelhante a demanda entre dois países (Brasil
e Argentina adoram carros), mais semelhantes será a estrutura produtiva destes países (Brasil e Argentina possuem várias plantas
automotivas).
Podemos falar ainda que em virtude das economias de escala
e do comércio intra-indústria os fabricantes seriam estimulados a buscar diferenciar seus produtos para conquistarem a preferência
de sua clientela. Assim, argentinos comprariam carros da marca Volkswagen, modelo Gol, fabricados pelo Brasil, enquanto o Brasil
compraria carros da montadora Peugeot, modelo 308, fabricados pela Argentina.
Surge assim a chamada teoria da Concorrência Monopolística, que, como o próprio nome diz, há concorrência entre
fabricantes de um mesmo produto (ex. carros), mas que as empresas
detêm certo “monopólio” na sua produção quando analisamos as características exclusivas do produto (ex. marca, tecnologia
embarcada, qualidade, preço, durabilidade, etc.)
Isso explica, por exemplo, porque o Smartphone “Iphone 6”
tenha um preço tão caro. Apesar de existirem uma infinidade de celulares no mercado (ampla concorrência) o produto “Iphone” seria
diferenciado ao ponto de poder deter monopólio no mercado e permitir a prática de altos preços em razão da demanda por estes aparelhos e
ausência de competição decorrente da preferência dos consumidores.
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Em outras palavras, se os clientes “applemaníacos” desejam comprar
só produtos da “Apple”, eles não estão nem aí para os lançamentos da concorrente “Samsung”, mesmo que esta ofereça preços mais
baixos.
A diferenciação dos produtos assegura que cada negócio detenha monopólio em seu produto dentro do setor, estando a “Apple”, de
certa forma, isolada da concorrência. Assim, esta companhia ignora os preços cobrados pelos concorrentes, ignorando o impacto do seu
preço sobre o de outras.
Como resultado, o modelo de concorrência monopolística supõe que, mesmo que cada empresa esteja na verdade enfrentando a
concorrência de outras, ela se comporte como se fosse monopolista. Daí o nome do modelo.
Vejamos como a ESAF cobrou este assunto...
11. (ESAF/ACE/2012)
Analise as assertivas abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.
a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países
conduz à especialização em um número restrito de produtos, reduzindo
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assim a oferta de bens no mercado mundial e as possibilidades de
comércio entre eles.
b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições
monopolísticas, o comércio internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas de produção limitadas e pequena
diversidade de bens disponíveis para o intercâmbio comercial.
c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e
os ganhos do comércio resultam de vantagens comparativas relativas
tal como definidas no modelo ricardiano e não do aproveitamento de economias de escala pelas indústrias.
d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de manufaturas, um país tanto produzirá e exportará bens manufaturados
como também os importará, alimentando assim o comércio intra-indústrias e gerando ganhos extras no comércio internacional.
e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de escala alimenta a concentração monopolística, levando
assim ao aumento dos preços nos mercados domésticos e no mercado internacional e impactando negativamente o comércio internacional.
Comentários
O item “A” está errado. As economias de escala, de fato, só
ocorrem para um grupo restrito de bens. No entanto, a redução de preço proporcionada pela escala leva a uma maior oferta de produtos
globalmente, estimulando mais comércio internacional.
O item “B” está errado. Na concorrência monopolística o produtor/exportador tenta diferenciar seus bens gerando um comércio
intra-indústria. (Ex. exportação de veículos pequenos e importação de veículos grandes). Essa diferenciação também decorre de ganhos de
escala.
O item “C” está errado. No cenário de concorrência imperfeita
(vide item anterior) os ganhos de escala também aparecem como resultado da diferenciação dos produtos.
O item “D” está correto. Como dissemos, concorrência monopolística gera comércio intra-indústria. Este é o caso do comércio
existente entre Brasil e Argentina no setor automotivo.
O item “E” está errado. O rendimento crescente é a ampliação da
escala industrial, que gera mais redução de preços, impactando positivamente no comércio internacional.
Gabarito, portanto, letra “D”.
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7. Teoria da Indústria Nascente
Essa ideia foi primeiro desenvolvida pelo Secretário do Tesouro
dos EUA (Alexander Hamilton) em 1790 com o “Report on
Manufactures”.
Hamilton apresentou o trabalho no congresso americano com o
objetivo de assegurar a independência dos EUA em 1793. A ideia era simplesmente que, para que houvesse um EUA independente, era
preciso encorajar o crescimento de indústria manufatureira e, que para isso, seria preciso subsídios à indústria, regulação ao comércio e tarifas
de importação.
Essas ideias foram mais tarde então encampadas pelo
economista alemão Friedrich List, para justificar a proteção às indústrias nascentes da Alemanha no século XIX. Por meio da imposição
de barreiras às importações, a indústria não concorreria com as já maduras indústrias inglesas.
Aplicada aos países periféricos, o argumento da indústria nascente se baseia na ideia de que os países em desenvolvimento têm
uma vantagem comparativa potencial na manufatura, porém os novos
setores manufatureiros desses países não podem, em princípio, concorrer com aqueles setores mais sólidos e firmados nos países
desenvolvidos.
Em outras palavras, List dizia que o livre cambismo é bom para
os países de economia madura, mas os países com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção.
Com o objetivo de proteger a indústria nacional da concorrência dessas empresas já estabelecidas, dando ao menos fôlego para
tentarem se desenvolver e “ir atrás do prejuízo”, os governos impõem barreiras ao comércio nesses setores nascentes, até que eles ganhem
“musculatura” suficiente para enfrentar a concorrência estrangeira. Dessa forma, a indústria nacional ganha tempo para aprender fazendo
(learn by doing), o que permite justificar a proteção a tais indústrias por um longo período, para que o setor se desenvolva e gere inovação,
condição indispensável à manutenção da sua competitividade
industrial após a abertura do mercado.
Desse modo, faz sentido usar tarifas ou cotas de importação
como medidas provisórias/tempo determinado para dar início a uma indústria que quer nascer, mas precisa da mão estatal para lhe
dar aquele “empurrãozinho”. Vale destacar que a cota (ou contingenciamento) é uma das medidas prediletas para esse intento,
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pois são as mais eficazes para impedir a entrada de determinados
produtos, podem limitando efetivamente a quantidade do produto importado e não somente encarecer o custo da importação.
Essa foi a forma como três das maiores economias do mundo iniciaram sua industrialização no século XIX. Os EUA e Alemanha
tinham elevadas alíquotas de imposto de importação sobre as manufaturas, enquanto o Japão manteve controles de importação
amplos até a década de 60.
Hoje em dia, com o impasse da Rodada Doha (veremos nas aulas seguintes) e com a proliferação de acordos regionais entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento, a presença da cláusula da indústria nascente tem sido frequente para se evitar a súbita enxurrada
de produtos e quebra de determinada indústria decorrente da liberalização promovida por esses acordos.
No âmbito da OMC, ela consta no art. XVIII do GATT que trata da ajuda para desenvolvimento econômico:
ARTIGO XVIII - AJUDA DO ESTADO EM FAVOR DO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.
As Partes Contratantes reconhecem que a realização dos objetivos
do presente Acordo será facilitada pelo desenvolvimento progressivo
de suas economias, em particular nos casos das Partes Contratantes
cuja economia não asseguram à população senão um baixo nível de
vida e que está nos primeiros estágios de seu desenvolvimento.
2. As Partes Contratantes reconhecem, além disso, que pode ser
necessário para as Partes Contratantes previstas no parágrafo
primeiro, com o objetivo de executar seus programas e suas políticas
de desenvolvimento econômico orientado para a elevação do nível
geral de vida de suas populações, tomar medidas de proteção ou
outras medidas que afetem as importações e que tais medidas são
justificadas na medida em que elas facilitem a obtenção dos
objetivos deste Acordo. Elas estimam, em consequência, que estas
Partes Contratantes deveriam usufruir facilidades adicionais que as
possibilitem:
(a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras
suficiente flexibilidade para que elas possam fornecer a proteção
tarifária necessária à criação de um ramo de produção determinado,
e
(b) instituir restrições quantitativas destinadas a proteger o
equilíbrio de suas balanças de pagamento de uma maneira que leve
plenamente em conta o nível elevado e permanente da procura de
importação suscetível de ser criada pela realização de seus
programas de desenvolvimento econômico.
É importante reiterar que essa proteção (seja de natureza
tarifária ou não tarifária) não faz nenhum bem a não ser que a
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proteção em si ajude o setor a se tornar mais competitivo. No
entanto, a simples proteção do setor sem incentivar a pesquisa e resolver outras questões estruturais que aumentam o custo de
produção como carga tributária, previdenciária, logística, custo financeiro, só adiam o problema da falta de competitividade.
Vejamos uma questão sobre o assunto:
12. (ESAF/mix-questões)
Sobre o argumento da indústria nascente, assinale a alternativa
correta:
a) O argumento analisa a aquisição de experiência pela economia
nacional, baseado no princípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção a tais indústrias por tempo indeterminado,
preferencialmente longo, já que a inovação é condição necessária à manutenção da competitividade industrial.
b) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é incapaz de promover a justiça social.
c) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo atende apenas aos interesses dos grandes exportadores, que usam a liberdade
econômica para estabelecer monopólios e cartéis.
d) Segundo Friedrich List, não existe livre cambismo na prática. Todos
os países são protecionistas em razão da intervenção do Estado.
e) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é bom para os países de economia madura, mas os países com indústrias nascentes
necessitam de alguma forma de proteção.
Comentários
O erro da letra “A” é que a teoria prega proteção temporária e não por prazo indeterminado.
O erro da “B”, “C” e “D” é que os enunciados não refletem as ideias de List. O que List defendia na verdade era a necessidade de
proteção temporária para indústrias nos primeiros estágios de desenvolvimento porque não possuem musculatura suficiente para
competir em pé de igualdade com as indústrias já consolidadas.
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Portanto, a letra “E” é o gabarito.
Vejamos mais uma importante teoria para a prova...
8. Teoria da Substituição das Importações
No âmbito da Comissão Econômica da ONU para a América
Latina (CEPAL), o economista argentino Raúl Prebisch trouxe em 1959 problema da Deterioração dos Termos Internacionais de
Troca.
Para Prebisch, os países produtores agrícolas iriam ao longo do
tempo perder com o modelo liberal, uma vez que a procura por produtos primários – geralmente ofertados pelos países em
desenvolvimento – tem uma limitação maior (inelástica) que a de produtos industrializados. Em outras palavras, uma vez que o
consumidor tenha satisfeito suas necessidades básicas, consumindo alimentos (sal, arroz, feijão, batata), o aumento de sua
renda não implicará mais demanda por esses itens. Isso porque há baixa ou nenhuma “elasticidade-renda” para esses produtos básicos.
Por outro lado, o aumento da renda implicará procura por
produtos industrializados, de maior valor agregado. Ora, você ganhou um aumento de salário no trabalho e não sabe o que fazer com esse
dinheiro. Você já come bem e não sente mais fome por isso.
O que fazer então?
Seu incosciente vai lutar com todas as forças para não comprar um smartphone mais sofisticado, ou carro do ano, ou um novo
computador... E assim por diante.
Entenderam o espírito da coisa?
Elasticidade-renda: Quanto mais renda você aufere, menos você compra
produtos básicos, alimentos, etc. (baixa elasticidade-renda)
Por outro lado, com o aumento da renda, mais o consumidor está propenso a gastar em bens manufaturados (alta elasticidade-renda)
Produtos manufaturados (intensivos em capítal) são geralmente os ofertados pelos países ricos industrializados (conforme colocamos na
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teoria do ciclo do produto), ou seja, uma vez atendida a necessidade
básica do trabalhador, o aumento de sua renda impulsionará o consumo de bens industrializados e supérfluos e não a procura por mais
alimentos.
Neste cenário, Prebisch previa que a demanda por produtos
agrícolas iria parar no tempo enquanto que a demanda por produtos industrializados aumentaria.
Assim, a corrente da CEPAL (Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe) defendeu a tese de que os países em desenvolvimento deveriam se industrializar ou estariam fadados
a uma crescente deterioração dos valores de troca, pois os industrializados aumentariam de preço em razão da procura enquanto
o preço dos produtos primários estacionariam.
Fique ligado: Trocando em miúdos, com o passar do tempo, seria necessária
a exportação de mais quilos de soja para a China para se comprar o mesmo
número de aparelhos de telefone celular.
Entre as décadas de 1960 e 1970 a Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (CEPAL) defendia que o desenvolvimento das economias do terceiro mundo passava pela adoção da política de
substituição de importações. Esta política permitiria a acumulação de
capitais internos que poderiam gerar um processo de desenvolvimento auto-sustentável e duradouro.
Esse argumento embasou o modelo de Substituição das Importações na América Latina. No entanto, pode-se dizer que essa
política foi um fenômeno dos anos 30 e do período de guerra, em que a contração da capacidade para importar permitiu que se utilizasse
intensamente um núcleo industrial surgido na fase anterior.
A substituição baseava-se na limitações das importações
(protecionismo) essencialmente por meio de tarifas, dando fôlego à indústria nacional para que pudessem concorrer com os produtos
fabricados por suas indústrias incipientes.
Um dos problemas dessa teoria é que para que o processo ganhe
continuidade e atinja seu objetivo, é necessário que o país tenha passado pela primeira fase de industrialização induzida pela expansão
das exportações primárias. Além disso, é preciso que essa primeira
industrialização tenha alcançado uma certa importância relativa a fim de que o processo de substituição ponha em andamento a segunda fase
da industrialização. Isso não tem ocorrido porque os países pobres não contam com trabalho qualificado nem com empreendedores ou
competência gerencial; para completar, têm problemas de organização
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social que tornam difícil manter ofertas confiáveis de tudo, desde de
peças de reposição até eletricidade.
Sobre a teoria, vale destacar interessante artigo da revista Veja
(edição de 7 de outubro de 2009), em que o economista Mailson da Nóbrega bem sintetizou sua implantação no Brasil:
[...] à moda dos planos da era Geisel, criados após a crise do
petróleo de 1973-74. As empresas que recebessem incentivos fiscais
não podiam importar equipamentos com similar nacional. Resultado:
aumento de custos e de prazos de entrega.
Ainda que de forma ineficiente, o Brasil se industrializou via
substituição de importações.
O impulso inicial foi a dificuldade de importar na I Guerra e na
Grande Depressão dos anos 30. Na década de 50, substituir
importações virou objetivo nacional. No governo Geisel, tornou-se
obsessão. No período Figueiredo, atingiu o auge com a insensata
reserva de mercado para a informática.
A industrialização por substituição de importações foi bem-sucedida
na Europa e nos Estados Unidos, no século XIX. A estratégia era
alcançar rapidamente, sob orientação do estado, a posição dos
ingleses, cuja Revolução Industrial havia sido gestada em pelo
menos seis séculos de evolução institucional.
Casos de insucesso foram os de países incapazes de identificar e
eliminar defeitos do modelo. Ao contrário da Europa e dos Estados
Unidos, a estratégia era prolongada de maneira insustentável, sob
influência de grupos e deficiências do governo.
No Brasil, os problemas maiores parecem ter sido a busca da
autossuficiência a qualquer custo e o descaso pela educação. Além
disso, os vencedores eram escolhidos pela burocracia, que podia ser
capturada pelos beneficiários da política. Estudos recentes provam
que a substituição de importações foi claramente concentradora de
renda.
A Coreia do Sul é uma história diferente. Como o Brasil, adotou o
modelo nos anos 50, mas soube mudá-lo. Expôs suas empresas à
competição internacional, o que criou incentivos à inovação. Seu
êxito não decorreu de políticas industriais, como muitos pensam,
mas essencialmente da revolução na educação e do legado do
domínio japonês (1910-1945), traduzido na formação de recursos
humanos, na pesquisa e nas técnicas organizacionais.
Aqui, o apoio à substituição de importações se enraizou por três
razões:
(1) a cultura favorável à intervenção estatal;
(2) a influência intelectual da Cepal, cujos estudos diziam que a
América Latina perdia com o comércio exterior (a tese se provou
errada); e,
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(3) o suposto êxito econômico da União Soviética, que viria a
entronizar o planejamento estatal nos países em desenvolvimento.
Pois bem!
Analisada essa crítica ao modelo e resumida sua perspectiva
histórica, vamos ao aspectos positivos da ação desse modelo:
- parte da produção já possui o mercado cativo do próprio país (caso
do Brasil, com enorme mercado consumidor);
- produtores estrangeiros devem se instalar no país para
aproveitarem esse “boom” de consumo doméstico, atraindo assim
investimentos direto;
- auxílio no déficit do balanço de pagamentos na medida em que
diminui as importações de empresas que agora passam a produzir
no país.
Dentre os aspectos negativos temos:
- produtor protegido tende a ineficiência, pois não investe em
tecnologia, dificultando o progresso do seu produto;
- produção voltada ao mercado interno não se beneficia dos ganhos
da economia de escala;
A substituição de importações, portanto, acaba por financiar um
setor econômico, distorcendo os fluxos comerciais e promovendo alocação ineficiente dos fatores de produção. Não é, portanto, um
regime que observa a razão econômica do livre comércio.
Vejamos um item sobre o tema:
13. (ESAF/AFRFB/2009-trecho)
A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente
de instrumentos de incentivos à produção e às exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundária em sua implementação.
Comentários
O item está errado, pois essa teoria não incentivava a
exportação, mas sim, dificultava a importação em primeiro lugar. Assim, o protecionismo tarifário teve importância fundamental nesse
processo.
14. (ESAF/AFRFB/2000-trecho)
Para explicar a relação entre comércio de produtos primários e
industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL)
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apresentou uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-
se se afirmar que o comércio internacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas relações de troca (uma deterioração nas
relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em desenvolvimento) tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço
dos produtos manufaturados (fabricados em geral em países desenvolvidos) tendia a subir.
Comentários
Percebam que a ideia do item traz exatamente a ideia da deterioração dos termos de troca (exportar cada vez mais matérias-
primas para importar mesma quantidade de produtos industrializados), que serviu de base para a teoria protecionista de substituição das
importações.
Portanto, correto o item.
15. (CESGRANRIO/BNDES/2008)
O processo de substituição de importações, como instrumento para a promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos
dentro do país.
c) estímulo às exportações do país.
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades
produtivas dentro do país.
e) intervenção do estado na economia do país.
Comentários
A teoria da substituição das importações, de fato, buscou
encarecer os produtos importados por meio de tarifas (corretas “A” e “D”). A ideia era que essa intervenção estatal (correta “E”) aumentasse
investimentos produtivos nos setores protegidos (correta letra “B”).
O erro da questão está no item “C”, pois não se estimulou as
exportações. Esse estímulo na verdade vem em outra teoria que será explicada a seguir: industrialização voltada ou orientada para
exportações.
Para muitos economistas, na verdade, a prosperidade das
economias asiáticas remonta suas origens às políticas que estimularam a substituição de importações e permitiram o desenvolvimento de uma
indústria voltada para a exportação, teoria que explicitamos a seguir...
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9. Industrialização voltada às exportações
Conhecida por muitos como simplesmente política comercial
“orientada para fora”, esse modelo refutou a crença das décadas de 50
e 60 de que os países em desenvolvimento só poderiam criar bases industriais somente substituindo importações por bens manufaturados
domésticos. Em meados dos anos 60 passou-se a crer que as exportações também eram um caminho viável para a industrialização.
Segundo o Banco Mundial, as economias que se valeram dessa estratégia são conhecidas como economias asiáticas de alto
desempenho (EAAD), crescendo mais de 10% ao ano.
Nesse rol, podemos distinguir três grupos:
a) o Japão (pós 2ª guerra);
b) anos 60, os quatro “tigres asiáticos” Hong Kong, Taiwan, Coreia
do Sul e Cingapura; e,
c) décadas de 70 e 80, a Malásia, Tailândia, Indonésia e China.
É importante ressaltar que esse não é um modelo de livre comércio, pois todas elas ainda possuem tarifas razoavelmente altas,
bem como cotas de importação, subsídios à exportação, entre outras
barreiras ao comércio. Há, portanto, importante intervenção governamental para que a política tenha êxito!
Vejamos um item sobre o assunto:
16. (ESAF/MDIC/2012-trecho)
Considerando-se a ação governamental no modelo de industrialização orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande
alcance, envolvendo o apoio ao desenvolvimento da infraestrutura, a concessão de incentivos fiscais e creditícios, o financiamento da
produção e das exportações e investimentos em educação e qualificação profissional.
Comentários
Observem que o apoio governamental é crucial para o sucesso
desta política, atuando justamente em diversos segmentos como forma de garantir competitividade à indústria. Essa ajuda se dá nas mais
diversas esferas, estando, portanto correto o item em questão!
17. (ESAF/ACE-MDIC/2012-adaptada)
Considerando-se a ação governamental no modelo de industrialização orientada para as exportações, julgue os itens:
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a) é limitada em razão do protagonismo central dos agentes
econômicos privados nacionais e estrangeiros atuantes na atividade exportadora na realização de investimentos produtivos e em relação
aos fatores que garantem competitividade nos mercados internacionais.
b) é semelhante à desenvolvida no modelo de substituição de importações na medida em que está centrada na aplicação de
instrumentos tarifários e incentivos à produção.
c) é de caráter subsidiário e envolve fundamentalmente a promoção de marcos políticos, jurídicos e institucionais favoráveis aos investimentos
e à atividade econômica.
d) prescinde de formas de intervenção econômica e concentra-se na
proteção da livre iniciativa, da competição e dos fluxos de comércio e de investimento.
Comentários
O item “A” é falso, pois quem é o grande protagonista ainda é o
Estado. Não é política liberal, mas sim, há intervenção estatal estimulando as exportações.
O erro do item “B” é que não está centrada em tarifas (encarecer importações), mas sim, em incentivos à exportação, tendo o mercado
internacional como o seu mercado consumidor.
O erro do item “C” é que a ação governamental tem caráter
fundamental nesse processo e não secundário.
A letra “D” também está errada, pois essa corrente não prescinde (dispensa) a intervenção estatal. Pelo contrário, o Estado é quem dá as
condições para que as exportações sejam incentivadas.
Vejamos a última corrente então que tem traços de incentivos às
exportações, mas com a diferença de que o Estado escolhe, pontualmente, os setores prioritários.
10. Políticas Comerciais Estratégicas
Na década de 1980 surgiu nos países desenvolvidos um conjunto
novo de argumentos sofisticados a favor da intervenção governamental
no comércio, num movimento chamado de neoliberalismo. Esses argumentos se concentravam, por exemplo, em setores de alta
tecnologia, que tinham se tornado importantes após a criação do chip de silício. Alguns desses argumentos tentavam justificar a intervenção
estatal diante de uma falha de mercado, surgindo a chamada política comercial estratégica.
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Por essa teoria, por exemplo, uma falha de mercado existente
nas indústrias nascentes como a dificuldade de apropriação dos conhecimentos justifica a intervenção governamental (ex. subsídio à
pesquisa). Isso porque se a indústria de alta tecnologia gera conhecimento que outras possam se utilizar sem pagar por isso, há um
benefício marginal ao se incentivar esse setor, há uma externalidade positiva que se irradia sobre as demais empresas.
Por outro lado, ao se entrar nesse debate sobre política
comercial estratégica estamos também nos afastando das teorias liberais embasadas pela regra da eficiência.
Na política estratégica, a escolha dos instrumentos de política econômica depende dos objetivos que se pretende atingir com esses
instrumentos. Por exemplo, se um governo entende privilegiar como objetivo nacional ser (ou se manter) uma potência bélica mundial, a
proteção e estímulo de setores industriais ligados à indústria de guerra será uma política razoável, ainda que a fabricação desses produtos seja
comprovadamente ineficiente neste país.
Podemos destacar ainda a indústria espacial, a qual sem
incentivos do Estado teria um custo enorme para se desenvolver. Trata-se de uma “falha de mercado”, pois nenhum investidor privado irá
colocar dinheiro nessa indústria, pois não se sabe o seu retorno. Vale destacar que as regras do GATT/OMC não permitem ajuda ou
intervenção estatal para corrigir essas falhas de mercado, sendo
comuns disputas na OMC sobre os subsídios ao setor aeronáutico, por exemplo Boeing x Airbus ou Embraer x Bombardier.
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Aliás, as diversas políticas de governo nos EUA protegendo,
subsidiando e apoiando setores industriais militarmente sensíveis são exemplos práticos desse tipo de opção política. No Brasil, isso ocorreu
no governo Juscelino Kubitschek (JK) em que se buscou estimular uma indústria de bens duráveis, entendendo-se que isso reduziria os níveis
absolutos de pobreza.
Podemos dizer, ainda, que no Brasil as taxas de juros mais
competitivas (subsidiadas) para o financiamento ao desenvolvimento e
construção de aeronaves (Ex. Embraer) é uma política comercial estratégica adotada pelo governo na medida em que incentiva a
produção e exportação de bens de alto valor agregado, “espalhando” know-how e conhecimento. No entanto, isso pode ser um problema,
pois a empresa que investe anos em tecnologia pode ter seu projeto simplesmente copiado por outros por meio de mecanismos de
engenharia reversa ou violação de direitos propriedade intelectual. Este é o “problema da apropriabilidade” do capital humano, razão pela
qual o Estado deve canalizar esforços para proteger e estimular estes setores, pois implicam forte irradiação de efeitos econômicos positivos
em toda a cadeia.
Por outro lado, o simples aumento do IPI na importação de
veículos para o Brasil, com vistas a encarecer o carro importado, traz uma proteção à indústria automotiva aqui instalada. Este é um exemplo
de política de legitimidade questionável, pois não promove inovação no
setor, tampouco P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Aliás, o fato que motiva a vinda dessa montadora para o país é tão somente o alto
custo tributário na importação, sem agregar qualquer atividade inventiva em solo brasileiro.
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência!
Vejamos uma questão sobre esse assunto:
18. (ESAF/AFRFB/2009)
A participação no comércio internacional é importante dimensão das
estratégias de desenvolvimento econômico dos países, sendo perseguida a partir de ênfases diferenciadas quanto ao grau de
exposição dos mercados domésticos à competição internacional. Com base nessa assertiva e considerando as diferentes orientações que
podem assumir as políticas comerciais, assinale a opção correta.
a) As políticas comerciais inspiradas pelo neo-mercantilismo privilegiam
a obtenção de superávits comerciais notadamente pela via da
diversificação dos mercados de exportação para produtos de maior valor agregado.
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b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal são
contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais de integração
comercial celebrados no marco da Organização Mundial do Comércio por conterem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.
c) A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às
exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundária
em sua implementação.
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de alto
valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica e tecnológica a serem destinados fundamentalmente para os mercados
de exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas.
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos países
do Sudeste Asiático, praticam políticas comerciais liberais em que são combatidos os incentivos e quaisquer formas de proteção setorial,
privilegiando antes a criação de um ambiente econômico favorável à plena competição comercial.
Comentários
A letra “A” é incorreta porque o neomercantilismo não buscava
diversificar mercados de exportação, mas sim, por meio de políticas macroeconômicas, dificultar as importações e promover exportações
como forma de criar saldo positivo em sua balança comercial.
O erro da letra “B” é que os países não são contrários a acordos regionais, tampouco a OMC. Os esquemas preferenciais promovem
liberalização num universo menor, sendo tolerada e estimulada pela própria OMC.
A letra “C” está errada, pois, como já foi dito, o protecionismo tarifário teve importância fundamental na política de substituição de
importações.
A letra “D” está correta e é o gabarito. Observem que o item traz
exatamente o conceito que foi descrito. Uma política comercial estratégica do Estado é justamente uma escolha acertada sobre bens
de alto valor agregado. Ora, se o Estado vai intervir num segmento, que este setor seja então bem escolhido (estratégico), de alto valor
agregado e com bom potencial de difusão tecnológica.
Ao atuar desta forma, o Estado incentiva a competitividade num
segmento capaz de disputar eficientemente o mercado internacional.
Correto, portanto, o item “D”!
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O erro da letra “E” está em falar que políticas orientadas para
exportações seriam políticas liberais. Ora, a exportações só ocorrem às custas de muito incentivo estatal, o que contraria a ideia do liberalismo.
Beleza meus caros. Aqui chega ao fim nossa aula inaugural…
Não deixem de acessar o nosso fórum para dirimir quaisquer dúvidas, ok?
Se liguem agora que é a hora da revisão...
Um grande abraço e até lá!
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11. Revisão dos pontos mais importantes
Liberalismo = ausência de intervenção estatal
Protecionismo = qualquer intervenção estatal
Fatores de produção: mão-de-obra (trabalho), terra e capital. Mercantilismo acúmulo de metais preciosos. Exportar era o que
importava. Comércio via de mão única. Vantagens Absolutas = Adam Smith. Há comércio somente se cada
país tiver um produto que seja mais eficiente que seu vizinho. Devo olhar o país vizinho para constatar a vantagem. Só leva em conta o
fator de produção mão de obra. O comércio não é um jogo de soma zero.
Vantagens Comparativas/Relativas =David Ricardo. Há comércio ainda que um país seja mais eficiente em ambos os bens. Devo
olhar para dentro do país para ver as vantagens. Custo de oportunidade é o que leva um país a abandonar
internamente a produção de um bem em favor de outro. Dotação dos fatores = A abundância dos fatores de produção (terra,
capital e trabalho) são também determinantes na vantagem
comparativa. País olha para dentro e vê o fator que tem em maior quantidade. Exportará então produtos que sejam mais intensivos
naquele fator (ex. Brasil exporta bens agrícolas). Novas teorias = O comércio intraindústria é possível em razão da
diferenciação do gosto dos consumidores e das economias de escala. Há comércio entre países com estruturas produtivas
semelhantes (Setor automotivo entre Brasil e Argentina). Há ganhos crescentes de escala quando se aumenta o insumo em
quantidade “X” o retorno de produção é > “X” Teoria da Indústria Nascente = Alexander Hamilton e Friederich List
advogam pela intervenção estatal para proteger indústrias nos primeiros estágios de desenvolvimento, pois não podem competir
de igual para igual com indústrias já consolidadas. A indústria nascente vai “aprender fazendo”. As medidas são por prazo
temporário.
Teoria da Substituição das Importações = Raúl Prebisch no âmbito da CEPAL alerta a possível deterioração dos termos de troca na
relação comercial entre países em desenvolvimento que exportam matéria-prima e países desenvolvidos que exportam produtos
industrializados. A elasticidade-renda é menor para produtos básicos. É preciso buscar a industrialização forçada, senão países
em desenvolvimento terão que exportar cada vez mais produtos primários para comprar a mesma quantidade de bens
manufaturados. A tarifa tem importância fundamental nesta política. Brasil a utilizou nos 80, com a Lei de Informática.
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Industrialização voltada às exportações = há intervenção estatal
focada na exportação. Estados garantem subsídios à infraestrutura, educação, financiamento, créditos, tributos, tudo com o propósito
de exportar. Não é política liberal. Foi levada à cabo pelos Tigres Asiáticos.
Políticas Comerciais Estratégicas = diante de falhas de mercado, governo elege setores prioritários que tenham maior irradiação
tecnológica (ex. aeronaves).
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12. Lista de questões resolvidas nesta aula
1. (ESAF) AFTN/1998 (trecho)
Segundo o livre cambismo, o governo deve remover todos os obstáculos legais para o funcionamento de um comércio livre.
2. (ESAF/AFRF/2000-trecho)
A Teoria das Vantagens Absolutas afirma em quais condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com custo de
oportunidade maior que o do concorrente.
3. (ESAF/AFRF/2000-trecho)
O grande mérito de Adam Smith foi mostrar que o comércio seria proveitoso para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem
absoluta sobre o outro na produção de todas as mercadorias.
4. (CESPE/CEGESP/2013)
A teoria das vantagens comparativas não se aplica quando determinado país é mais produtivo na fabricação de todos os bens, pois estabelece
que o país deva especializar–se na produção daquele produto em que possui vantagem em comparação a outros países.
5. (CESPE/ANATEL/2009)
Para os economistas da escola clássica, as vantagens comparativas relativas entre os países são o substrato teórico da especialização
econômica, potencializada com o comércio internacional.
6. (VUNESP/CEAGESP/2010)
Um país A precisa de 6h de trabalho para produzir uma saca de trigo e
8h de trabalho para produzir uma mesa de jantar, enquanto o país B
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precisa de 4h para produzir uma mesa de jantar e 5h para produzir
uma saca de trigo.
I. O país B possui vantagens absolutas na produção de mesas de jantar.
II. O país B possui vantagens comparativas na produção de mesas de jantar.
III. O país B possui vantagens comparativas na produção de sacas de trigo.
Está correto, apenas, o que se afirma em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
7. (ESAF/ACE-MDIC/2012)
De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de especialização
produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à(s)
a) diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes indústrias.
b) vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator trabalho em diferentes indústrias.
c) dotação dos fatores de produção.
d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de obra.
e) vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade do capital.
8. (ESAF/ACE/2012-trecho)
Julgue os itens:
a) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de
especialização produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à dotação dos
fatores de produção.
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b) O modelo Hecksher-Ohlin preconiza que um país produzirá e
exportará aqueles produtos cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente, independentemente de sua oferta
internamente.
c) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar como a oferta relativa
de fatores de produção e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produção explicam os padrões de especialização e as
possibilidades do comércio internacional.
9. (CESGRANRIO/BNDES/2011)
No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio internacional, as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois países, decorrem de:
a) economias de escala na produção
b) dotações diferentes dos fatores de produção
c) tecnologias de produção diferentes
d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países
e) desvalorizações cambiais competitivas
10. (COSEAC/ANCINE/2009)
A declaração teórica que afirma que cada país tem vantagens
comparativas no produto cujo processo produtivo emprega de forma intensiva o fator de produção abundante naquele país é o(a):
a) Teoria do Valor-Trabalho;
b) Teorema de Stolper-Samuelson;
c) Postulado Ricardiano;
d) Teorema de Heckscher-Ohlin;
e) Modelo de Linder.
11. (ESAF/ACE/2012)
Analise as assertivas abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.
a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países
conduz à especialização em um número restrito de produtos, reduzindo assim a oferta de bens no mercado mundial e as possibilidades de
comércio entre eles.
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b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições
monopolísticas, o comércio internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas de produção limitadas e pequena
diversidade de bens disponíveis para o intercâmbio comercial.
c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e
os ganhos do comércio resultam de vantagens comparativas relativas tal como definidas no modelo ricardiano e não do aproveitamento de
economias de escala pelas indústrias.
d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de manufaturas, um país tanto produzirá e exportará bens manufaturados
como também os importará, alimentando assim o comércio intra-indústrias e gerando ganhos extras no comércio internacional.
e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de escala alimentam a concentração monopolística, levando
assim ao aumento dos preços nos mercados domésticos e no mercado internacional e impactando negativamente o comércio internacional.
12. (ESAF/mix-questões)
Sobre o argumento da indústria nascente, assinale a alternativa correta:
a) O argumento que analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, baseado no princípio de se “aprender fazendo”, o que permite
justificar a proteção a tais indústrias por tempo indeterminado,
preferencialmente longo, já que a inovação é condição necessária à manutenção da competitividade industrial.
b) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é incapaz de promover a justiça social.
c) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo atende apenas aos interesses dos grandes exportadores, que usam a liberdade
econômica para estabelecer monopólios e cartéis.
d) Segundo Friedrich List, não existe livre cambismo na prática. Todos
os países são protecionistas em razão da intervenção do Estado.
e) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é bom para os
países de economia madura, mas os países com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção.
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13. (ESAF/AFRFB/2009-trecho)
A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às exportações, tendo o
protecionismo tarifário importância secundária em sua implementação.
14. (ESAF/AFRFB/2000-trecho)
Para explicar a relação entre comércio de produtos primários e
industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL)
apresentou uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se se afirmar que o comércio internacional tendia a gerar uma
desigualdade básica nas relações de troca (uma deterioração nas relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em
desenvolvimento) tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço dos produtos manufaturados (fabricados em geral em países
desenvolvidos) tendia a subir.
15. (CESGRANRIO/BNDES/2008)
O processo de substituição de importações, como instrumento para a
promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do país.
c) estímulo às exportações do país.
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas dentro do país.
e) intervenção do estado na economia do país.
16. (ESAF/MDIC/2012-trecho)
Considerando-se a ação governamental no modelo de industrialização
orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande alcance, envolvendo o apoio ao desenvolvimento da infraestrutura, a
concessão de incentivos fiscais e creditícios, o financiamento da produção e das exportações e investimentos em educação e
qualificação profissional.
17. (ESAF/ACE-MDIC/2012-adaptada)
Considerando-se a ação governamental no modelo de industrialização
orientada para as exportações, julgue os itens:
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a) é limitada em razão do protagonismo central dos agentes
econômicos privados nacionais e estrangeiros atuantes na atividade exportadora na realização de investimentos produtivos e em relação
aos fatores que garantem competitividade nos mercados internacionais.
b) é semelhante à desenvolvida no modelo de substituição de importações na medida em que está centrada na aplicação de
instrumentos tarifários e incentivos à produção.
c) é de caráter subsidiário e envolve fundamentalmente a promoção de marcos políticos, jurídicos e institucionais favoráveis aos investimentos
e à atividade econômica.
d) prescinde de formas de intervenção econômica e concentra-se na
proteção da livre iniciativa, da competição e dos fluxos de comércio e de investimento.
18. (ESAF/AFRFB/2009)
A participação no comércio internacional é importante dimensão das estratégias de desenvolvimento econômico dos países, sendo
perseguida a partir de ênfases diferenciadas quanto ao grau de exposição dos mercados domésticos à competição internacional. Com
base nessa assertiva e considerando as diferentes orientações que podem assumir as políticas comerciais, assinale a opção correta.
a) As políticas comerciais inspiradas pelo neo-mercantilismo privilegiam
a obtenção de superávits comerciais notadamente pela via da diversificação dos mercados de exportação para produtos de maior
valor agregado.
b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal são
contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais de integração
comercial celebrados no marco da Organização Mundial do Comércio por conterem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.
c) A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às
exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundária em sua implementação.
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de alto valor agregado e de maior potencial de irradiação econômica e
tecnológica a serem destinados fundamentalmente para os mercados
de exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas.
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos países
do Sudeste Asiático, praticam políticas comerciais liberais em que são
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combatidos os incentivos e quaisquer formas de proteção setorial,
privilegiando antes a criação de um ambiente econômico favorável à plena competição comercial.
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