aula 02 area e escala 2011 em doc
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ESCALA : é um problema?
Escala e os fenômenos ambientais Escala de análise Escala de representação
Dra. Sueli Angelo Furlan
PORQUÊ DISCUTIR ESCALA?
O que é escala?
Como recurso matemático fundamental da cartografia a escala é uma fração que indica a relação entre as medidas do real e aquelas da representação (redução) gráfica ?
Mas a conceituação de escala como relação métrica é insatisfatória! Porquê?
Vejamos alguns pontos:
A escala vai além das métricas matemáticas de proporção.
Ela pode expressar diferentes modos de percepção e de concepção do real.
A escala é uma estratégia de aproximação do real. Inclui ainseparabilidade entre tamanho e fenômeno.
A escala é um problema dimensional e não uma simples redução de objetos proporcionais.
A escala é antes de tudo refém dos processos dos fenômenos.
Como se comporta o fenômeno que vocês estão estudando? Como ele se expressa espacialmente?
DESMATAMENTO DA MATA ATLÂNTICA
O QUE SIGNIFICA ESPACIALMENTE DIZER QUE RESTAM 7% de Floresta Pluvial Tropical Atlântica para o Brasil ou Estado de São Paulo? … ou
….Cidade de São Paulo ou o bairro do Campo Belo?
Mais algumas questões:
Na relação entre o fenômeno e tamanho não se transferem leis de tamanho sem problemas. Isto é válido para qualquer disciplina
“O empirismo geográfico satisfez-se, durante muito tempo, com a objetividade geométrica associando a escala geográfica à cartografica, integrando analiticamente, com base nesta associação, problemas interdependentes como níveis de realidade e a noção de escala matemática”. Elias, Iná C.
Confusão: escala de fração com a escala de extensão do fenômeno. Toma-se o mapa pelo território.
O que quer dizer Escala Grande e Escala Pequena?
Climas na Escala Koppen
O que quer dizer Escala Grande e Escala Pequena?
Referir-se ao local como grande escala e ao mundo como pequena escala é utilizar a fração como base descritiva e analítica, quando ela é apenas um instrumental. Não é o fenômeno!
Escala é um termo polissêmico
Significa tanto a fração de divisão de uma superfície representada, como também indicador do tamanho do espaço considerado.
Ou seja uma classificação das ordens de grandeza, uma proporcionalidade intrinseca ao fenomeno e não a métrica matemática apenas.
Ainda mais… a escala deve dar sentido ao recorte espacial objetivado.
QUAIS EXEMPLOS DE RECORTES ESPACIAIS VOCES CONHECEM?
Ex.: A BACIA HIDROGRAFIA Ex.: A BACIA HIDROGRAFIA COMO EXTENSÃO ESPACIALCOMO EXTENSÃO ESPACIAL
PORQUE TRABALHAR COM ESTA UNIDADE ESPACIAL? PORQUE TRABALHAR COM ESTA UNIDADE ESPACIAL? QUAL ESCALA DE FENÔMENOS ELA ABRANGE? QUAL ESCALA DE FENÔMENOS ELA ABRANGE?
QUANDO NÃO TRABALHAR COM ESTA UNIDADE QUANDO NÃO TRABALHAR COM ESTA UNIDADE ESPACIAL?ESPACIAL?
ACEITAÇÃO UNIVERSAL
SISTEMA NATURAL BEM DELIMITADO
INTERAÇÕES FÍSICAS
INTEGRADAS
É UMA UNIDADE ESPACIAL DE FÁCIL É UMA UNIDADE ESPACIAL DE FÁCIL RECONHECIMENTO E CARACTERIZAÇÃORECONHECIMENTO E CARACTERIZAÇÃO
BACIA HIDROGRAFIA BACIA HIDROGRAFIA
NO BRASIL A BACIA HIDROGRAFICA COMO ÁREA DE NO BRASIL A BACIA HIDROGRAFICA COMO ÁREA DE TRABALHO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTÁ ASSUMIDA TRABALHO PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTÁ ASSUMIDA EM ESTUDOS ACADÊMICOS, PLANEJAMENTO OFICIAIS E EM ESTUDOS ACADÊMICOS, PLANEJAMENTO OFICIAIS E TAMBÉM NA LEGISLAÇÃO. TAMBÉM NA LEGISLAÇÃO.
RESOLUÇAO CONAMA 001/86 DIZ...RESOLUÇAO CONAMA 001/86 DIZ...
Art. 5o. Item III Art. 5o. Item III ... Definir os limites da área geográfica a ser ... Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influencia do projeto, denominada área de influencia do projeto, considerando, em todos os casos, considerando, em todos os casos, a bacia a bacia hidrográficahidrográfica na qual se localiza.” na qual se localiza.”
BACIA HIDROGRAFIA BACIA HIDROGRAFIA
RECOMENDAÇÃO DA FAO...RECOMENDAÇÃO DA FAO...
FAO - Foods and Agriculture Organization FAO - Foods and Agriculture Organization
... Planejamento adequado ... Planejamento adequado de bacias de bacias hidrográficashidrográficas é fundamental para a é fundamental para a conservação de regiões tropicais. conservação de regiões tropicais.
BACIA HIDROGRAFIA – FENÔMENO BACIA HIDROGRAFIA – FENÔMENO ESPACIAL ESPACIAL
CONSIDERAÇÕES:CONSIDERAÇÕES:
O Tamanho da bacia Hidrográfica influencia os O Tamanho da bacia Hidrográfica influencia os resultados de uma análise ambiental (bacias menores resultados de uma análise ambiental (bacias menores facilitam o planejamento)facilitam o planejamento)
Pode-se subdividir a bacia em unidades menoresPode-se subdividir a bacia em unidades menores
É um plano espacial muito utilizado na Cartografia É um plano espacial muito utilizado na Cartografia Ambiental Ambiental
Esse recorte espacial muitas vezes inexiste quando se Esse recorte espacial muitas vezes inexiste quando se consideram as variáveis sociais, econômicas, políticas e consideram as variáveis sociais, econômicas, políticas e culturais. culturais.
BACIA HIDROGRAFIA BACIA HIDROGRAFIA COMO UNIDADE DE TRABALHOCOMO UNIDADE DE TRABALHO
QUANDO NÃO TRABALHAR COM ESTA UNIDADE?QUANDO NÃO TRABALHAR COM ESTA UNIDADE?
COMPLEXIDADE AUMENTA
ESPAÇOS URBANOS
AUMENTO DAS RELAÇÕES
INTRÍNSECAS
ELUCIDAR AS DIFERENÇAS DE ELUCIDAR AS DIFERENÇAS DE COMPLEXIDADE ENTRE UMA BACIA COMPLEXIDADE ENTRE UMA BACIA
HIDROGRÁFICA NATURAL E UMA BACIA QUE HIDROGRÁFICA NATURAL E UMA BACIA QUE FOI URBANIZADA FOI URBANIZADA – Qual é a escala? – Qual é a escala?
Yves Lacoste, 1976 Discute…
…diferenças de tamanho da superfície implicam em diferenças qualitativas e quantitativas dos fenômenos.
Conceitos auxiliares importantes para definir escala:
Ordem de grandeza – dimensão do fenômeno.
Nivel da análise – significa o recorte sob investigação.
Espaço de concepção – recorte no qual se define o problema (município, bacia hidrográfica, um domínio de vegetação, um mosaico de paisagem, entre outros).
Portanto a escala não é apenas uma medida da superfície proporcional!
A escala é a medida que confere visibilidade ao fenômeno.
Ela não define o nível de análise, nem pode ser confundida com ele, estas são noções independentes conceitual e empiricamente.
Micro-escala
Meso-escala
Mega-escala
Exemplos de Fenômenos
Fonte: Santos, R. F., 2004
Escala Espacial
10 m 10.000 m 100 km 10.000.000 km
Placas Tectônicas
Fenômenos Geomorfológicos
Desenvolvimento dos solos
Flutuações climáticas
Atividades humanas
Transformações urbanas
Agricultura
Epidemias10
1000
1 milhão
1 bilhão
Escala
Tem
pora
l (a
nos)
Micro-escala
Meso-escala
Mega-escala
Exemplos de Respostas
Escala Espacial
10 m 10.000 m 100 km 10.000.000 km
Evolução do Bioma
Mudança do ecossistema
Extinção / Fluxo de espécies
Recuperação da cobertura vegetal
Ocupação de espaços abertos
10
1000
1 milhão
1 bilhão
Escala
Tem
pora
l (a
nos)
A escala é a escolha de uma forma de dividir o espaço, definindo uma realidade percebida /concebida.
É uma forma de dar-lhe uma figuração, uma representação, um ponto de vista que modifica a percepção da natureza deste espaço e, finalmente, um conjunto de representações coerentes e lógicas que substituem o espaço observado. São modelos espaciais.
Enfrentar o dilema de VER e LER dos mapas.
VER OU LER*VER OU LER*
* Titulo de Jacques Bertin “ Um novo olhar sobre a cartografia* Titulo de Jacques Bertin “ Um novo olhar sobre a cartografia
Corrida da precisão: cobertura topográfica do mundo em escalas mais detalhadas (1:5.000.000, 1:500.000, 1:5.000...);
Imagem e fotografias tornam-se essenciais para cartografia;
O homem acrescenta as referências naturais uma infinidade de fenômenos (florestas – legislação – níveis de desenvolvimento, etc);
Horizontalidades e verticalidades dos fenômenos (cronologias);
Direções dos estudos cartográficos:
PROBLEMAPROBLEMA
COMO AUMENTAR O NÚMERO DE COMO AUMENTAR O NÚMERO DE CARACTERES SOBRE UM MESMO CARACTERES SOBRE UM MESMO PONTO OU ÁREA SEM CRIAR UM PONTO OU ÁREA SEM CRIAR UM PROBLEMA PSICOLÓGICO : COMO PROBLEMA PSICOLÓGICO : COMO LER?LER?
HÁ LIMITES PARA AS PROPRIEDADES HÁ LIMITES PARA AS PROPRIEDADES DA PERCEPÇÃO VISUAL – DA PERCEPÇÃO VISUAL – Isto interfere Isto interfere na escolha da escala de representação.na escolha da escala de representação.
Cada carácter é uma imagemComo sobrepor caractéres? Como reduzir o problema da sobreposição? Como produzir cartas politemáticas?
Jacques Bertin...Jacques Bertin...
Buscar soluções para este problema é um dos objetivos da semiologia gráfica
HH
11
2
TEMA HTEMA H
TEMA LTEMA L
TEMA KTEMA K
TEMA MTEMA M
TEMA JTEMA J
JJ
LL
KK
MM
JJ
MMHH KK
LLTERRITÓRIOTERRITÓRIO
1 Km
10 Km
100 Km
1000 Km3
Pluralidade de mapas para um mesmo territórioPluralidade de mapas para um mesmo território
CARTOGRAFIA TEMÁTICA E CARTOGRAFIA TEMÁTICA E AMBIENTALAMBIENTAL
Transcrição das relações que existem Transcrição das relações que existem entre os objetos (cidades, culturas de entre os objetos (cidades, culturas de arroz, florestas, estradas, trabalhadores, arroz, florestas, estradas, trabalhadores, casas, fábricas,capitais, informações, casas, fábricas,capitais, informações, etc.) por relações visuais de mesma etc.) por relações visuais de mesma natureza. Deve permitir ao leitor uma natureza. Deve permitir ao leitor uma reflexão sobre o assunto.reflexão sobre o assunto.
A REPRESENTAÇÃO GRÁFICAA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
A tarefa esencial da Representação Gráfica, portanto, é a de transcrever as tres relações fundamentais - de diversidade (=), de ordem (O), de proporcionalidade (Q) - entre objetos, por relações visuais de mesma natureza. Assim, a diversidade será transcrita por uma diversidade visual; a ordem por uma ordem visual e a proporcionalidade por uma proporcionalidade visual (Bertin, 1973; Martinelli, 1990, 1991)
A REPRESENTAÇÃO GRÁFICAA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
RELAÇÕES ENTRE OBJETOSRELAÇÕES ENTRE OBJETOS CONCEITOSCONCEITOS TRANSCRIÇÃO GRÁFICATRANSCRIÇÃO GRÁFICA
O
Q
DIVERSIDADEDIVERSIDADE ORDEMORDEM PROPORCIONALIDADEPROPORCIONALIDADEO Q
VARIÁVEIS VISUAISVARIÁVEIS VISUAIS
Percepção Seletiva - = - (cor, tamanho, valor, granulação, forma)
Percepção ordenada - O - (valor, tamanho, cores na ordem natural do espectro visível)
Percepção Quantitativa - Q - (somente e tão somente o tamanho
PROPRIEDADES PERCEPTIVASPROPRIEDADES PERCEPTIVAS
Enfim….
A escolha da escala correta é difícil, principalmente devido a carência de trabalhos que discutam as bases teóricas para esta escolha.
Se a forma de interpretação for o mapeamento, o desafio é determinar a escala que ditará quanto a extrapolação poderá ser feita sem perder a representação da heterogeneidade dos sistemas, considerando a semiologia gráfica.
Escalas usuais
Relação entre o nível, representação gráfica e tipos de escalas
Fonte: Cendrero, 1989 (modificado)
PLANEJAMENTO NÍVEL DE ESCALA
REPRESENTAÇÃO DA ESCALA
TIPO DE ESCALA
Econômico e Ecológico
Macro ˃ 1:500.000 Reconhecimento
Zoneamentos Meso 1:250.000 – 1:25.000 Semi-detalhada
Planos Diretores Micro ˂ 1:10.000 detalhada
1
Escalas usuais
Relação entre o nível, representação gráfica e tipos de escalas
Fonte: FAO, 1982 (modificado)
NÍVEL DE ESCALA REPRESENTAÇÃO DA ESCALA
TIPO DE ESCALA
Macro ˃ 1:1.000.000 ou menor1:100.000 até 1.000.000
exploratória reconhecimento
Meso 1: 25.000 até 1:100.000 Semi-detalhada
Micro Maior que 1:25.000 detalhada
2
Relações de comum ocorrência no Brasil entre abrangênica territorial e escalas adotadas em planejamento
Fonte: FAO, 1982
TERRITÓRIO PLANEJADO ESCALA ADOTADA
Área da bacia hidrografica 1:5.000 a 1:1.000.000
Territorio nacional 1:500.000 a 1:5.000.000
Área de influencia regional 1:250.000 a 1:1.000.000
Área de influencia indireta ou area afetada indiretamente por impactos
1:50.000 a 1:100.000
Área de influencia direta ou diretamente afetada por impactos
1:5.000 a 1:50.000
Área de ação estratégica 1:10.000 a 1:500.000
Limites municipais 1:50.000 a 1:100.000
Centros urbanos subordinados a area de ação 1:500.000
Raios de ação 1:2.000 a 1:100.000
Corredores 1:2.000 a 1:25.000
Area de reassentamentos humanos 1:2.000 a 1:25.000
3
Escalas usuais
Exemplos de compartimentos do espaço, escalas apropriadas e tipos de dados
Fonte: Ellenberg e Mueller-Dumbois, 1974 (modificado)
COMPARTIMENTO AMPLITUDE DE ESCALA
TIPOS DE DADOS
Região 1:1.000.000 a 1:3.000.000 Domínio climático e bioma
Distrito 1: 500.000 até 1:1.000.000 Relevo, geologia, geomorfologia e associações de formações vegetacionais
Sistema 1:100.000 a 1:500.000 Modelo de unidade geomorfológica, solo e vegetação
Tipo 1:10.000 a 1:50.000 Homogeneidade geológica e de associação solo/vegetação
4
Espaços e tipos de informação
COMPARTIMENTOS NÍVEL DE ANÁLISE
DOMÍNIO Área sub-continental, de climas relacionados
DIVISÃO Região climática, de acordo com a classificação Koeppen
PROVÍNCIA Região com vegetação definida pelo mesmo tipo de solo ou solos zonais
SEÇÃO Áreas cobertas por tipos vegetacinais que representam climaces climáticos potenciais
DISTRITO Parte de uma seção com forma de relevo caracteristica
ASSOCIAÇÃO DE TIPOS
Agrupamento de tipos com padrão recorrente de relevo, litologia, solos e estádios sucessionais da vegetação
TIPO Grupo de fases vizinhas com series ou familias similares de solos, cobertos por comunidades vegetais similares de acordo com os tipos de habitats
FASE Grupo de sitios vizinhos pertencentes à mesma série edáfica e com tipos de hábitats intimamente relacionados
SÍTIO Um único tipo de solo e um unico tipo de habitat.
5
Fonte: Bailey, 1978 (modificado)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, Iná E. O Problema da Escala. In Castro, Iná E. , Gomes, Paulo C.C. e Corrêa, Roberto L. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 117-140
LACOSTE, Yves. A geografia serve antes de tudo para fazer a Guerra. São Paulo.
SANTOS, Rosely F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004
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