aula 03 desenvolvimento de sistemas de informação em ... · pdf fileaula 03 -...
Post on 01-Feb-2018
217 Views
Preview:
TRANSCRIPT
AULA 03
Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
Sumário
APRESENTAÇÃO AULA 3.................................................................................................................................3
UNIDADE 1 ..........................................................................................................................................................4
PROPOSTA DA ONU..........................................................................................................................................4
UNIDADE 2..........................................................................................................................................................6
INDICADORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE......................................................................................6
UNIDADE 3..........................................................................................................................................................9
PROPRIEDADES DOS INDICADORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE............................................9
UNIDADE 4........................................................................................................................................................14
FONTES DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL NO BRASIL ..14
FECHAMENTO DA AULA ...............................................................................................................................19
ATIVIDADE DE CONCLUSÃO DA AULA .................................................................................................. 20
REFERÊNCIAS DA AULA ...............................................................................................................................21
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
3
APRESENTAÇÃO AULA 3
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
Boas Vindas! Você está na aula 3 “Uso de Informações na Gestão das Ações de
Segurança Pública”.
Você sabe o que são indicadores de criminalidade? E quais são as fontes de informação
utilizadas na produção de estatísticas? O estudo desta aula possibilitará que você
responda estas questões.
Para facilitar seu estudo, esta aula foi dividida em quatro unidades:
Unidade 1: Proposta da ONU
Unidade 2: Indicadores Sociais de Criminalidade
A partir dos conhecimentos tratados nesta aula você será capaz de:
Objetivos da aula
- Descrever as principais características dos sistemas de informação gerencial.
- Identificar os indicadores sociais de criminalidade e reconhecer sua importância
para a sistematização de políticas de segurança pública.
Aproveite bem esta aula. Realize as atividades, interaja com os demais participantes do
curso. Discuta os conceitos com o tutor.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
4
UNIDADE 1
PROPOSTA DA ONU
No ano de 2002, o Departamento de Assuntos Sociais e Econômicos das Nações Unidas
divulgou o Manual para Desenvolvimento de Sistemas de Estatística de Justiça
Criminal. Este manual traz algumas considerações de extrema importância para aqueles
que se aventurarem na difícil tarefa de desenvolver sistemas de estatística em segurança
pública.
Foi uma das fontes principais que norteou a equipe técnica da SENASP na construção do
Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC).
Um dos principais pontos discutidos foi a importância de se definir de forma clara os
propósitos e usos para o sistema. A identificação dos propósitos é fundamental para
identificarmos as informações que precisamos coletar e sistematizar. Mesmo que não
tenhamos informações disponíveis, é preciso deixar bem estabelecido uma perspectiva
de futuro, para direcionar processos de evolução que venham a ocorrer no processo de
coleta de informações.
Outro ponto bastante importante, que o referido manual designa como exigências
mínimas para implantação destes sistemas, é o atendimento de diretrizes. Veja a seguir.
O manual também designa como exigências mínimas para implantação destes sistemas,
o atendimento das seguintes diretrizes:
1. Obter e manter o comprometimento dos responsáveis pelo sistema,
2. Promoção da evolução do uso do sistema,
3. Manutenção da objetividade e da neutralidade política,
4. Uso eficiente de recursos técnicos e analíticos,
5. Articulação clara do conteúdo e estrutura do sistema,
6. Uso de uma abordagem integrada e
7. Manutenção de um caráter público de uso do sistema.
Por fim, também fica claro que, para garantir a correta implantação do sistema e sua
institucionalização como fonte qualificada, objetiva e permanente de informações, é
necessário estabelecer e difundir da forma mais clara possível todos os processos de
coleta, processamento, análise e divulgação de informações.
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
5
Dica
Neste processo, a definição detalhada das informações a serem coletadas ganha uma
importância primordial. Na situação brasileira, onde cada organização de segurança
pública possui seu próprio sistema de classificação de delitos, este ponto deve sempre
ser tratado com muito cuidado.
Fechamos aqui a primeira unidade da aula 3. Na próxima unidade você estudará os
indicadores sociais de criminalidade. Mas antes propomos uma atividade.
Atividade
Realize a atividade, a seguir, no ambiente virtual!
Quais das diretrizes abaixo fazem parte do Manual para Desenvolvimento de Sistemas de
Estatística de Justiça Criminal?
( ) Manutenção da objetividade e da neutralidade política.
( ) Uso de uma abordagem fragmentada para melhor compreensão do todo.
( ) Obtenção e manutenção do comprometimento dos responsáveis pelo sistema.
( ) Promoção da evolução do uso do sistema.
( ) Uso eficiente de recursos técnicos e analíticos.
( ) Articulação clara do conteúdo e estrutura do sistema.
( ) Manutenção de um caráter público de uso do sistema.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
6
UNIDADE 2
INDICADORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE
JANUZZI, P. M. (2005). Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil. Revista do serviço público. Brasília 56(2): 137-160, abr/jun.
Jannuzzi define os indicadores sociais da
seguinte forma:
[...] medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou de uma
demanda de interesse programático. Os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em
termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou
políticas realizadas anteriormente. Prestam-se a subsidiar as atividades de planejamento público e
a formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o monitoramento
das condições de vida e bem-estar da população por parte do poder público e da sociedade civil e
permitem o aprofundamento da investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre os
determinantes dos diferentes fenômenos sociais.
Dessa forma, você pode observar que as escolhas acerca dos indicadores, que serão
prioritariamente construídos, dependem de um contexto de definição da importância de
tais informações para uma agenda de gestão pública.
Como anteriormente explicitado, a constatação do aumento das taxas de criminalidade e
da sensação de insegurança da população está condicionando políticas públicas
direcionadas ao combate e prevenção de eventos violentos.
Definindo-se a área da Segurança Pública como uma demanda fundamental de interesse
programático, busca-se, então, o delineamento das dimensões, dos componentes e ações
operacionais vinculadas.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
7
Para o acompanhamento dessas ações em termos de eficiência no uso dos recursos, da
eficácia no cumprimento das metas e da efetividade dos seus desdobramentos sociais
mais abrangentes e perenes, buscam-se dados administrativos
e estatísticas públicas, que, reorganizadas na
forma de taxas, proporções, índices ou mesmo
em valores absolutos, transformam-se em indicadores sociais.
Gerados no âmbito dos programas ou em outros cadastros oficiais.
Produzidas pelo IBGE e outras instituições.
O sociólogo Túlio Kahn nos diz que no campo da formulação de políticas públicas
voltadas à prevenção da criminalidade, a
construção dos indicadores sociais específicos e de
sistemas de informações criminais pode atender a
diferentes finalidades. Veja a seguir.
KAHN, Tulio. Indicadores em prevenção municipal da criminalidade in Prevenção da violência: o papel das cidades. João Trajano Sento-Sé (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
Finalidades
As finalidades dos indicadores são:
O de aperfeiçoar a eficiência dos órgãos de justiça criminal através da partilha e
troca de informações entre eles, trazendo como benefícios a velocidade, acuidade
e redução dos custos administrativos do sistema;
Providenciar informação sobre o histórico criminal de suspeitos para a polícia,
Ministério Público e Justiça, e deduzir informações sobre eventuais parceiros nos
crimes;
Providenciar estatísticas com finalidades operacionais e administrativas;
Eliminar trabalho redundante e aumentar a qualidade da informação;
Possibilitar a emissão de certificados de bons antecedentes, licenças e
permissões: compra de armas, concursos públicos, Empregos;
Manter um acervo de dados históricos para propósitos de pesquisa;
Construção e manutenção de um banco que disponibilize dados para
planejamento e alocação de recursos do sistema de justiça criminal, que
armazene informações sobre pessoas desaparecidas, veículos e bens roubados, e
que concentre informações de interesse para outros órgãos públicos, para a
polícia comunitária, empresas de segurança e seguradoras, para a mídia e para o
público em geral.
Fechamos aqui mais uma unidade. Como pode ser observado, são múltiplas as
possibilidades de uso de indicadores sociais de criminalidade. Entretanto, não esqueça
para que a construção de um sistema de informações criminal atenda aos objetivos
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
8
determinados, é necessário atentar-se a um conjunto de propriedades desejáveis que
definirá a tipologia mais adequada dos indicadores a serem coletados e sistematizados.
A seguir, propomos uma atividade.
Atividade
Realize a atividade, a seguir, no ambiente virtual!
Entre no fórum e deixe sua análise sobre os indicadores sociais de criminalidade. Se
quiser saber mais sobre o assunto, pesquise um pouco mais na Internet.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
9
UNIDADE 3
PROPRIEDADES DOS INDICADORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE
Jannuzzi Descreve uma série de propriedades que
devem ser consideradas para que possam ser feitas as
escolhas mais adequadas nos dados a serem
trabalhados, independentemente da área temática ou
do objetivo para o qual os dados possam ser
direcionados.
Veja, a seguir, as propriedades mais expressivas relacionadas às informações criminais e
administrativas de segurança pública.
PROPRIEDADES DAS INFORMAÇÕES CRIMINAIS E ADMINISTRATIVAS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Relevância
A primeira qualidade a ser priorizada em um sistema de avaliação e formulação
de políticas públicas é a relevância dos indicadores escolhidos para a agenda
político-social. Considerando-se o caráter emergencial do diagnóstico acerca da
incidência criminal no país, poder-se-ia tomar como relevante, por exemplo, o
acompanhamento sistemático das taxas de homicídio e de delitos como assalto
e furto nos estados.
Validade
Um outro critério fundamental na escolha dos indicadores é a validade das
informações coletadas, visto que é necessário dispor-se de medidas mais
próximas o possível da realidade que se pretende diagnosticar. Nesse sentido, é
mais válido coletar-se informações sobre taxas de homicídio que saber o
número de policiais por habitante, caso a finalidade seja a de acompanhar o
crescimento ou decréscimo da violência.
Confiabilidade
A confiabilidade da medida é outra propriedade importante para legitimar o uso
do indicador. Na avaliação do nível de violência em uma comunidade, por
exemplo, indicadores baseados nos registros de ocorrência policiais ou mesmo
JANUZZI, P. M. (2005). Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil. Revista do serviço público. Brasília 56(2): 137-160, abr/jun.
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
10
de mortalidade por causas violentas tendem a ser menos confiáveis – e menos
válidos – que aqueles passíveis de serem obtidos a partir de pesquisas de
vitimização, em que se questionam os indivíduos acerca de agravos sofridos em
seu meio em determinado período. Naturalmente, mesmo nessas pesquisas, as
pessoas podem sentir-se constrangidas a revelar situações de violência pessoal
sofrida, por exemplo, no contexto doméstico, no assédio sexual ou na
discriminação por raça.
Cobertura Territorial e Populacional
Sempre que possível, deve-se procurar empregar indicadores de boa cobertura
territorial e populacional, que sejam representativos da realidade empírica em
análise. Essa é uma das características interessantes dos indicadores sociais
produzidos a partir dos censos demográficos, o que os tornam tão importantes
para o planejamento público do país.
Como exemplo de pesquisas que visam obter um diagnóstico organizacional
mais amplo, com aplicação de metodologia que vise abarcar todo o universo de
casos existentes, são realizadas, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública,
as pesquisas anuais dos Perfis Organizacionais de diferentes agências de
Segurança Pública do país, entre elas: Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher, Polícias Civis e Militares, Delegacias Especializadas de
Atendimento à Criança e ao Adolescente, Corpos de Bombeiros e Guardas
Municipais, entre outros. Tais pesquisas têm por finalidade o levantamento das
informações sobre os recursos materiais disponíveis, dados acerca do efetivo e
de sua valorização profissional e informações de âmbito administrativo e de
rotina das organizações.
Transparência Metodológica
Outra característica fundamental à legitimidade de qualquer indicador e
pressuposto da boa prática da pesquisa social é a transparência metodológica,
que consiste na explicitação das escolhas realizadas em todas as etapas que
estão presentes no processo de construção, sistematização, análise e divulgação
das informações. Este é um atributo indispensável na medida em que garante a
credibilidade das informações a serem utilizadas.
Comunicabilidade
A divulgação das informações coletadas é outra propriedade também importante
e que se refere ao que Januzzi chama de comunicabilidade, cujo objetivo é a
garantia da transparência das decisões técnicas tomadas pelos administradores
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
11
públicos e a compreensão delas por parte da população, dos jornalistas, dos
representantes comunitários e dos demais agentes públicos.
Periodicidade
A periodicidade com que o indicador é coletado é outro atributo fundamental,
visto que a garantia de atualização das informações permite a formulação de
projeções e a construção de uma série histórica para acompanhamento regular
do objeto de interesse. Esta é uma das grandes limitações do sistema estatístico
brasileiro. Para algumas temáticas da política social é possível dispor-se de boas
estatísticas e indicadores de forma periódica (mensal), para alguns domínios
territoriais (principais regiões metropolitanas). Para outras temáticas, em escala
estadual, é possível atualizar indicadores em bases anuais. Nos municípios, em
geral, pela falta de recursos, organização e compromisso com a manutenção
periódica dos cadastros, só se dispõe de informações mais abrangentes a cada
dez anos, por ocasião dos censos demográficos.
Comparabilidade
A comparabilidade do indicador ao longo do tempo é uma característica
desejável, de modo a permitir a inferência de tendências e a avaliar efeitos de
eventuais programas sociais implementados. O ideal é que as cifras passadas
sejam compatíveis do ponto de vista conceitual e com confiabilidade similar à
das medidas mais recentes, o que nem sempre é possível. Afinal, também é
desejável que a coleta dos dados melhore ao longo do tempo, seja pela
resolução de problemas de cobertura espacial e organização da logística de
campo, como pelas mudanças conceituais que ajudem a precisar melhor o
fenômeno social em questão.
Saiba Mais
Se você deseja saber mais sobre vitimização, realidade empírica e diagnóstico
organizacional, veja a seguir:
Pesquisas de vitimização: pesquisas de self report crimes:
São pesquisas aplicadas em amostras da população, objetivando o levantamento de
informações não presentes nas estatísticas oficiais dos órgãos de segurança pública, tais
como a mensuração dos crimes não registrados à polícia e as motivações que produzem
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
12
o subregistro. Estas pesquisas podem, ainda, nos fornecer um conjunto detalhado de
informações essenciais para o desenho de políticas de segurança pública:
a) o perfil das vítimas dos delitos,
b) o perfil dos agressores,
c) o relacionamento entre vítimas e agressores,
d) as circunstâncias nas quais os incidentes ocorreram,
e) a experiência das vítimas com os agentes do sistema de segurança pública e
justiça criminal,
f) as medidas tomadas pelos indivíduos objetivando a prevenção de delitos,
g) os custos diretos e indiretos do crime para suas vítimas, em particular, e para
a sociedade de um modo geral,
h) os níveis de eficácia das organizações policiais no controle da criminalidade,
ais à criminalidade,
k) ção do público a respeito da atuação do Estado na área de segurança
pública.
to, de algo baseado apenas em processos mentais, teóricos ou de qualquer outro
po.
istas à elaboração de um programa
e reorganização e a facilitar a tomada de decisões.
egurança Pública do país
ttp://www.mj.gov.br/senasp/home_estatisticas.htm
seguir você continua seu estudo sobre este assunto.
ais adequados à temática de análise e aos objetivos
previamente estabelecidos.
i) o grau de exposição de diferentes grupos soci
j) as percepções coletivas sobre o crime, e
a percep
Realidade Empírica
Realidade que se refere aos fatos concretos e observáveis. Um enunciado empírico
descreve observações ou pesquisas baseadas em observações concretas. Distingue-se,
portan
ti
Diagnóstico organizacional
Constitui-se num método de levantamento e análise das causas da baixa produtividade,
do desempenho da administração e da potencialidade de empresas públicas e privadas,
identificando as deficiências e os desequilíbrios com v
d
Perfis Organizacionais de diferentes agências de S
h
A
As características apresentadas no livro, anteriormente, servem de subsídio para a
escolha dos indicadores m
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
13
Dadas as características do sistema de produção de estatísticas públicas no Brasil, é
muito raro dispor-se de indicadores sociais que gozem plenamente de todas essas
propriedades.
Há esforço significativo de diversas instituições de disponibilizar novos conteúdos e
informações a partir de seus cadastros, as quais podem ser usadas para a construção de
novos indicadores sociais.
Dica
O importante é que a escolha dos indicadores seja fundamentada na avaliação crítica das
propriedades anteriormente discutidas e não simplesmente na tradição de uso deles.
Considerando-se o enfoque sobre a construção de sistemas de informação criminal, as
características a serem priorizadas na sua construção devem ser as seguintes:
Ser orientado para o usuário final;
Contextualizado por outras estatísticas e séries temporais;
Ter continuidade e atualização constante;
Ser confiável;
Ter flexibilidade para incorporar problemas conjunturais;
Garantir uniformidade de conceitos e definições de padrões;
Garantir a segurança das informações confidenciais e a publicidade das não-
confidenciais.
Você conclui mais uma unidade. Antes de entrarmos na próxima, propomos uma
atividade.
Atividade
Realize a atividade, a seguir, no ambiente virtual! Relacione corretamente as informações
às propriedades a seguir.
1. Confiabilidade ( ) É a primeira qualidade a ser priorizada em um sistema de avaliação e formulação de políticas públicas
2. Periodicidade ( ) É uma importante propriedade, visto que é necessário dispor-se de medidas o mais próximas possível da realidade que se pretende diagnosticar.
3. Relevância ( ) É outra propriedade importante para legitimar o uso do indicador. 4. Validade ( ) Esta propriedade que determina quando o indicador é coletado é
outro atributo fundamental, visto que a garantia de atualização das informações permite o acompanhamento regular do objeto de interesse.
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
14
UNIDADE 4
FONTES DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CRIMINAL NO BRASIL
Do ponto de vista da pesquisa social,
há uma percepção bastante difundida
entre os criminólogos de que apenas as
informações administrativas de agências
de segurança pública não são suficientes
para a compreensão dos fenômenos
relacionados à incidência criminal ou à
violência.
Pesquisa social: procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Para uma visão efetivamente compreensiva dos
fenômenos relacionados a tal problemática,
Kahn enfatiza que é necessário atentar-se para
as condições gerais de vida da população.
KAHN, Tulio. Indicadores em prevenção municipal da criminalidade in Prevenção da violência: o papel das cidades. João Trajano Sento-Sé (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
Kahn (2005) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo significante para
a preponderância de eventos criminais específicos em determinadas localidades, muito
embora a explicação de sua distribuição seja bastante complexa.
Citando uma pesquisa realizada em diversos bairros da cidade de São Paulo, foi possível
perceber que a distribuição espacial dos homicídios encontrava uma forte associação com
o reduzido nível socioeconômico local, assim como também se observou que o maior
cometimento de crimes contra o patrimônio situava-se em bairros cujos moradores
apresentavam uma renda média bastante elevada.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
15
Saiba Mais
Se você quiser conhecer as estatísticas de ocorrências criminais no Brasil, acesse a
seguir a página da SENASP:
Mapa de Ocorrências no Brasil 2001-2003
http://www.mj.gov.br/Senasp/estatisticas/estat_ocorrencia.htm
A seguir você continua seu estudo sobre este assunto.
Você pode observar que é desejável, tanto
quanto possível, que aos bancos de dados
sobre criminalidade – geralmente compostos
por dados administrativos policiais, tais
como registros de ocorrências –, estejam
agregadas informações sócio-econômicas das
populações locais e da infra-estrutura urbana.
Os dados freqüentemente trabalhados em sistemas de justiça criminal referem-se ao uso de dados policiais, do Ministério Público e da Justiça ou do sistema prisional para fins de administração dos procedimentos de rotina.
Em geral, estas informações não são direcionadas especificamente para o uso na área de
gestão. Assim, informações sociodemográficas dos infratores ou demandantes de
serviços de justiça criminal raramente são levantadas, comprometendo-se a viabilidade
de análises mais consistentes de tais bancos de dados.
Bem, você pode ver que as bases podem não conter as informações necessárias para a
avaliação de políticas públicas de segurança ou programas particulares.
Em função disso, é preciso pensar criativamente na utilização de outras possíveis fontes
de dados para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de dados
oficiais.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
16
Conheça a seguir estas bases.
Base Polícia Militar
Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não
abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usadas como base
exclusiva de um sistema de informação criminal. Servem, sobretudo, como informação
relevante para o desempenho da própria corporação.
Base Polícia Civil
A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma gama de
incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime.
Veja, em vista das características dos dados gerados pelas Polícias, há a necessidade de
fontes alternativas para contrastar os registros da polícia. Por causa do sub-registro e
dos outros problemas, é fundamental contar com fontes alternativas para comparar os
dados da polícia.
Conheça estas fontes na apresentação a seguir:
Na maior parte dos crimes, a única outra fonte possível são as pesquisas de
vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do
fenômeno, mas também a magnitude e o perfil da subnotificação.
Infelizmente, o IBGE não realizou nenhuma outra pesquisa nesse sentido
após a PNAD de 1988 e, desde aquele momento, só existem algumas
pesquisas eventuais por instituições privadas em alguns estados, insuficientes
para estabelecer qualquer série temporal.
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são
importantes para comprovar tendências, se bem que as cifras absolutas não
devem coincidir, pois nem todos os carros estão segurados.
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
17
No caso dos homicídios, os dados do Instituto Médico-Legal e
do Ministério da Saúde são geralmente de uma confiabilidade superior aos
da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a
uma crítica mais detalhada. Contudo, também eles apresentam problemas,
como a existência de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade
desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais. Para
chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter tal categoria a
uma estimativa que re-classifica uma parte dela como homicídio. Além disso,
a dificuldade maior para utilizar esses dados como indicadores de segurança
pública é a demora na sua difusão, justamente devido ao tempo dedicado à
crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com
um certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polícia, para
testar a validade dos últimos.
Talvez a fonte “alternativa” mais importante de todas para complementar as
bases de justiça criminal seja o censo populacional nacional, efetuado a
cada certo número de anos. Assim, por exemplo, sem o dado populacional, é
impossível calcular as taxas por 100 mil habitantes e fazer comparações entre
diferentes unidades administrativas ou acompanhar tendências temporais. Do
mesmo modo, informações como a composição etária e racial da população,
as taxas de urbanização, de desemprego, de migração, os indicadores de
desigualdade na distribuição de renda, as taxas de evasão escolar ou a
composição das famílias, entre outros fatores, são cruciais para a
interpretação precisa do significado das estatísticas criminais.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
18
Além das fontes, que você estudou até aqui, merecem ser lembradas, dentre outras, as
fontes mais óbvias, como:
Agências de regulação de produtos controlados, como armas, álcool ou drogas, agências
regulatórias que fiscalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades fiscais e
alfandegárias, departamentos de segurança de instituições privadas etc.
Você fecha aqui a última unidade da aula 3. Pode compreender nesta unidade que
existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem
ser relevantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas.
A seguir, temos o fechamento da aula e as atividades de conclusão.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
19
FECHAMENTO DA AULA
Fechamos aqui o conteúdo da aula 3. A seguir, realize as atividades de auto avaliação
desta aula, para que você possa sedimentar seus conhecimentos aqui construídos.
Nesta aula você estudou a Proposta da ONU, os Indicadores Sociais de Criminalidade, as
Propriedades dos Indicadores Sociais de Criminalidade e as Fontes de Informação de
Segurança Pública e Justiça Criminal no Brasil.
Dica
Lembre-se: Qualquer dúvida retome o conteúdo e tire suas dúvidas com seu tutor. Não
vá em frente se algo não foi compreendido!
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
20
ATIVIDADE DE CONCLUSÃO DA AULA
Atividade
Realize a atividade, a seguir, no ambiente virtual!
Busque na Internet três fontes de Informação de Segurança Pública e Justiça Criminal no
Brasil. Faça uma análise dos dados encontrados em relação ao que você aprendeu sobre
as propriedades das informações criminais e administrativas de segurança pública.
Publique sua análise no Fórum para que os demais alunos e o tutor possam acessar.
Faça aqui suas anotações...
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
AULA 03 - Desenvolvimento de Sistemas de Informação em Segurança Pública
21
REFERÊNCIAS DA AULA
JANUZZI, P. M. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil. Revista do serviço público. Brasília 56(2): 137-160. abr/jun. 2005.
KAHN, Tulio. Indicadores em prevenção municipal da criminalidade in Prevenção da violência: o papel das cidades. João Trajano Sento-Sé (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2005.
Curso Uso de Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública
SENASP
top related