aula1 policia federal
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Fundamentos de Redação e Produção de Textos para a Polícia FederalAula 01 – Introdução à produção de textos para concursos
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Pessoal,
É um prazer estar com vocês em mais um curso online para concursos,
dessa vez, para o concurso da Polícia Federal.
O edital fala que o candidato deverá elaborar uma peça descritiva, narrativa
ou dissertativa, que valerá 13 pontos. O meu objetivo é fazer você ganhar esses 13
pontos de modo fácil, simples e seguro. Quero que você vire agente da PF ainda
em 2012 e continue a estudar apenas quando quiser, não por obrigação de passar.
Para quem não me conhece ainda, meu nome é Fernando e trabalho no
TCU já há 5 anos. Antes havia trabalhado com Fiscal de Tributos de Mato Grosso
e como Analista do TCDF. Fui também Gestor Governamental e bancário.
Aprovado em 1o lugar no concurso da Receita em 2005, acabei não assumindo o
cargo em razão de ter sido convocado para o TCU.
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UMA PEQUENA NOTA SOBRE DIREITOS AUTORAIS
Meus caros alunos, o objetivo desta pequena nota, antes do início
dessa aula é tratar de um assunto muito sério e importante para
mim. A preparação para concursos público é um momento muito
difícil na vida de cada um de nós e eu sei bem como é a pressão nossa,
interna, a familiar, o medo de não conseguir o resultado desejado, a
ansiedade, enfim, já passei por tudo isso que vocês estão passando. E
já passei por tudo isso, com o apoio do meu pai, da minha mãe e de
Deus. Eles me ajudaram e eu segui adiante e consegui o sucesso.
Durante a minha preparação, eu gastei muito dinheiro com cursos
online e livros, que embora me tivessem levado à vitória, me
custaram muito caro. Eu acho que existem diversos cursos excelentes,
verdadeiramente muito bons na internet, mas a um preço
extremamente elevado. Eu não discuto questão de preços – cada um
oferece e paga pelo o que quer – mas no caso dos meus cursos, eu
tento fazer o mais barato possível para não dificultar ainda mais a
vida de vocês nesse momento tão complicado, a preparação para
concursos.
Portanto, esse alerta, no início desse curso, não é para ameaçar,
amedontrar, esculhambar com nenhum aluno que copia ilegalmente
os meus cursos. Eu não tenho meios, nem recursos, nem condições
para controlar cópias ilegais, como grandes corporações e cursos
têm. Mas eu tenho feito o melhor de mim para oferecer o melhor
curso, a melhor condição de pagamento, o contato mais direto e
próximo possível de vocês para que vocês acreditem que tem aqui
alguém que não quer explorá-los nem ficar rico à custa do suor de
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vocês, mas, muito mais, contribuir com o sucesso de vocês como
candidatos e meu, como orientador de vocês.
Peço, portanto, um momento de introspecção para que vocês, ao
adquirirem esse curso, avaliem realmente se vale a pena fazer uma
cópia ilegal e prejudicar alguém que está fazendo de tudo para
ajudar vocês.
Será que vale a pena passar o email com aulas do professor de graça
para um amigo ou será que esse professor que está tomando horas do
seu lazer, do seu conforto, do tempo com os filhos para me ajudar,
não merece que eu avise ao meu amigo para também participar do
curso, de forma legal, honesta e justa?
Se você tiver um amigo, que gostaria de participar do curso, avise a
ele que o preço que ofereço é o mínimo que alguém poderia fazer.
Avise a ele que por tão pouco não vale a pena simplesmente copiar os
arquivos. Lembre a ele que todos, inclusive o professor, também
passam por dificuldades e se, cada um agir por si, não teremos um
país justo, uma sociedade justa e estaremos tirando o incentivo de
pessoas que querem agir diferente, sem pensar só no dinheiro, no
lucro, mas pensando altruisticamente em todos.
Só para ter uma idéia, uma aula como essa aula me custa em média12 horas de trabalho árduo e intenso, selecionando questões,
selecionando a melhor forma de ensinar, pensando nos macetes.
Será que eu posso contar com vocês para divulgar o meu trabalho, ao
invés de simplesmente compartilhar os meus arquivos de graça?
Peço humildemente que reflitam, respondam e ajam de acordo com a
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consciência de cada um de vocês. A nós, só nós é dado o que de fato
merecemos. Não quero nada a mais nem nada a menos do que isso.
Muito obrigado pela atenção e boa aula!
Fernando Gama
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Capítulo I – Orientações básicas para redação em concursos.
O planejamento de um bom texto.
I – Orientações iniciais
Por mais incrível que pareça, a maioria das pessoas não gosta de escrever.
Mais que isso: a maioria tem grande dificuldade em escrever. Conquistamos a
terra, dominamos o fogo e inventamos a escrita, mas a maioria de nós ainda
prefere se comunicar pelo método antigo, verbalmente. O problema é que nem
sempre somos bem compreendidos...
Quase todos nós tivemos o primeiro contato com a escrita e com a produção
de textos na escola. Entretanto, a nossa escola é muito voltada para a produção de
pessoas para o mercado de trabalho. Nossas escolas produzem pessoas que não
podem errar, pessoas que têm sempre que saber o que fazer. Somos produtos e
produtores de alunos que têm pouca visão crítica, que estão habituados a
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marcarem “xis” em provas. Em todo o nosso tempo na escola, fomos orientados a
aprender que devemos marcar “xis” em alguns lugares para sermos aprovados e
passarmos de ano. Algumas pessoas conseguem desenvolver um raciocínio muitoapurado e viram exímias marcadoras de “xis” e acham que sabem muito, ainda por
cima. Outros têm dificuldade de marcar “xis”, mas o fato é que a vida escolar é
marcada por um modelo, a meu ver, ultrapassado: as pessoas marcam “xis”, mas
não sabem exatamente o que estão fazendo...
A aula expositiva, o professor centralizador do poder e do discurso em sala
de aula, os alunos, em forma passiva, esperando que o conhecimento venha sem
muito esforço e a exigência do “xis” em quase tudo. Acredito que o “xis” é um
grande problema para a formação dos nossos alunos. Talvez seja um resquício
dos modelos de produção em massa, típicas do capitalismo pós-revolução
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industrial. Queremos produzir alunos “em massa”, mas como isso exige trabalho,
discussão, tempo e dinheiro, é melhor produzir “marcadores de ‘xis’”.
De repente, crescemos, o mundo muda e alguém muito iluminado resolve a
começar exigir a elaboração de textos em vestibulares. Nós, alunos marcadores de
‘xis’, somos obrigados, de uma hora para outra, a termos capacidade de
argumentação, de discussão, devemos ter conhecimento de vários assuntos.
Eu tenho certeza que a grande maioria de nós teve o primeiro contato com a
produção de textos de verdade quando fez o vestibular. Fez uma redação meia-
boca, passou, ficou feliz e achou que nunca mais ia ter que enfrentar o drama denovo. Acontece que a má notícia vem agora. Provavelmente você passou no
vestibular, não em razão de ser um exímio escritor, mas porque naquela época da
vida os seus colegas eram tão imaturos quanto você e escreveram ainda mais
abobrinhas. Assim, a banca, em determinado momento, viu que tinha que
aproveitar alguns e você foi um dos que escreveu menos pior.
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A brincadeira na verdade é um exagero, mas é fato que as redações em
vestibulares são um desastre. A maioria dos alunos que vão ao vestibular não tem
a menor consciência do que estão fazendo lá, tem pouca leitura, poucasinformações sobre a realidade em que vivem e às vezes são confrontados com
questões políticas, filosóficas para o qual não estão preparados. Daí, a banca
resolve buscar outras qualidades para aprovar alguém, tal como criatividade,
domínio das regras gramaticais, entre outros aspectos. É claro que existem muitos
alunos que escrevem bem, já no vestibular. Mas isso é uma exceção.
A má notícia é que se você podia ser aprovado no vestibular sem saber
escrever muito bem, enchendo linguiça, fazendo discursos indignados sobre a
situação do país, no caso de redações para concurso, o negócio é bem mais
embaixo. Agora ninguém está preocupado se você é criativo, se você tem
espinhas na cara ou se você está indignado com a situação do país: os
examinadores não querem aproveitar os “menos piores”. O objetivo é eliminar.
Tanto é que em muitos concursos há menos candidatos aprovados do que vagas.
Portanto, o objetivo tem que ser aprender, definitivamente, a fazer bons textos.
A maioria dos professores acredita que para fazer bons textos é preciso
conhecer bem o assunto sobre o qual está escrevendo. Isso, para mim, é apenas
parcialmente verdade. Como veremos na aula sobre planejamento de textos, é
possível “escapar relativamente ileso” de uma prova em que você não sabe tudo
sobre o tema proposto. Em outras situações isso não é possível, é verdade, mas,
por outro lado, o conhecimento sobre um assunto não garante um bom texto se
não houver um bom planejamento.
Nesse curso, tenho certeza de que vocês aprenderão a fazer excelentes
textos, mas acredito que algumas orientações são tão básicas que não podem ser
deixadas de lado, logo aqui no nosso início:
Evite escrever sentenças ou orações muito longas. Uma orientação que dou
para os alunos é para que aprendam a ordem natural de uma oração e apenas
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mude caso seja muito necessário ou por questão de estilo. Uma oração tem a
seguinte estrutura:
SUJEITO VERBO PREDICADO
E pronto! Quando você começa a criar orações longas demais, você começa
a ter problemas na articulação dessa estrutura. Além disso, você começa a ter
problemas de pontuação, concordância, regência entre outros, já que uma oração
em que os termos que devam, por exemplo, concordar entre si estão distantes, o
erro é mais comum.
Quer ver um exemplo? Vamos analisar a frase abaixo:
A distinção ou a discriminação racial, além de ser altamente prejudicial à formação
de uma unidade nacional, onde todos possam ter condições e direitos iguais, é
considerado crime inafiançável pela Carta Maior.
Você leitor, percebeu alguma coisa de estranho na frase acima? Algum erro, falha,
descuido? Não? Tem certeza? Que tal ler de novo?
Vou dar uma dica!
A distinção ou a discriminação racial, além de ser altamente prejudicial à
formação de uma unidade nacional, onde todos possam ter condições e direitos
iguais, é considerado crime inafiançável pela Carta Maior.
O leitor percebeu que o sujeito “a distinção ou a discriminação racial” deveria estar concordando com o verbo “ser” e o predicado “considerado”? Sim, porque na
verdade, a frase, em sua ordem natural, seria escrita da seguinte maneira:
A distinção ou a discriminação racial é considerado crime inafiançável pela
Carta Maior, além de ser altamente prejudicial à formação de uma unidade
nacional, onde todos possam ter condições e direitos iguais.
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No entanto, como o verbo e o predicado estavam muito longe do sujeito da oração,
fica muito difícil escapar destes tipos de erros. Perceba que na ordem natural da
frase o erro fica evidente!
Vamos corrigir?
A distinção ou a discriminação racial são consideradas crimes inafiançáveis
pela Carta Maior, além de ser altamente prejudicial à formação de uma unidade
nacional, onde todos possam ter condições e direitos iguais.
Ou...
A distinção ou a discriminação racial, além de ser altamente prejudicial à
formação de uma unidade nacional, onde todos possam ter condições e direitos
iguais, são consideradas crimes inafiançáveis pela Carta Maior.
Evite inverter a ordem da oração. Pelos mesmos motivos acima, evite inverter a
ordem da oração, a não ser que tenha um bom motivo para tanto. Ao inverter a
ordem natural, os erros são mais comuns.
Seja objetivo e não use palavras rebuscadas demais. O uso de palavras
desconhecidas ou rebuscadas não vai contribuir para você escrever melhor. Talvez
apenas denote que você está tentando mostrar que sabe escrever quando na
verdade não sabe. Tente usar as palavras mais simples e seja objetivo. Não fique
enrolando para falar algo. Vá direto ao assunto. O examinador saberá quando você
está enrolando e talvez não tenha paciência com o seu texto. Não tente enganar o
examinador. Ele está preparado para isso. Encher linguiça não vai funcionar como
funcionou no vestibular. Seja claro e objetivo. Ficou claro ou preciso desenhar?
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Título em geral não obrigatório. Há muita gente que perde muito tempo
elaborando um título criativo para a sua redação. Há aqueles, inclusive, que dão o
título antes de começar a escrever. É como se o pai desse o nome ao filho sem
saber o sexo. Vamos lá! Título, em geral, não é obrigatório, a não ser que disposto
de modo contrário.
Portanto, eu não coloco. Se você quiser se arriscar a colocar um título na sua
redação quando isso não é exigido, seja coerente com o que escreveu. Não vá
inventar algo que não tenha nada a ver com o que está escrito, ok? Não se deve
colocar ponto final no título, já que não é uma frase, é um título somente.
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Não use o senso comum. Não se indigne. Quando alguém pede para você fazer
uma redação cujo tema é a pobreza no Brasil, você não precisa xingar os políticos,
falar que o prefeito é ladrão, que a culpa é dos Estados Unidos. Você não está alipara resolver os problemas do mundo nem para se indignar. Basta você escrever o
que é pertinente em relação ao tema, o mais friamente possível.
Se possível, sem qualquer tipo de emoção. O que se quer é um texto objetivo,
limpo, transparente. Isso não quer dizer que você não possa se posicionar a
respeito de determinado assunto. Às vezes, isso até é necessário, quando a banca
solicita a sua opinião sobre o tema. Mas, em regra geral, não é necessário falar
mal de toda a casta de políticos, juízes, dos portugueses que colonizaram o Brasil
para discutir a pobreza do país. Seja objetivo, imparcial, claro, objetivo e conciso.
Não descuide da letra. Quem trabalha, sabe que ao final do dia, estamos
cansados, sem paciência para muita coisa. Imagina se o chefe chega com um
relatório de 20 páginas para a gente ler. Chato, né? Você provavelmente vai ler
com má vontade e não vai ter a ideia legal do que o texto quer passar. E se o
texto, além disso, estiver com letras miúdas ou com falhas de impressão. Você vai
jogar aquilo no canto para ler para o dia seguinte. Agora, imagine-se na situação
da banca, corrigindo milhares de prova.
Chega a sua, o professor está cansado e você escreve meia dúzia de garranchos
incompreensíveis a olho nu. Ele vai, com boa vontade tenta ler, mas como ele é
humano vai acabar por falar: “Ah, vou dar qualquer nota para esse aluno aqui
porque eu ainda tenho 1000 provas para ler hoje”. Pronto, e você dançou.
Não cometa erros de gramática, sintaxe, ortografia. Claro, o texto elaborado em
uma prova de concurso exige que você observe toda a norma culta para escrita, o
que quer dizer que o texto não pode conter erros de gramática, sintaxe e
ortografia. No entanto, tenho reparado que cada vez mais as bancas têm atribuído
um peso menor a parte gramatical. Isso não quer dizer que você possa sair
escrevendo e cometendo erros em todo lugar.
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O que quero dizer é que é preciso se concentrar mais na redação do texto do que
nas regrinhas de português. Poucos e pequenos erros (não estou falando de erros
crassos!) dificilmente vão tirar a sua aprovação, se o seu texto estiver bem escrito.
Acho que com essas orientações iniciais em mente, já podemos seguir adiante
para o próximo passo. Vamos começar a estruturar o nosso texto!
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II – Planejando um bom texto
Para quem está começando a entrar no mundo da produção de textos para
concurso, é preciso conhecer uma verdade: textos, assim como dinheiro, não
caem do céu. A segunda verdade é que você não é médium.
Você é um aluno tentando aprovação em um concurso. Portanto, não
adianta dar uma de Chico Xavier na hora da prova que não vai funcionar. O texto
não vai vir de outro mundo e parar escrito, bonitinho, na sua prova, para você ser
aprovado.
Para um texto ou qualquer outra coisa na vida dar certo é preciso
planejamento. Você não pode contar com a sorte de estar inspirado no dia, de
baixar o espírito do escritor na sua cabeça, nem de o examinador estar de bom
humor. É preciso se planejar para que tudo dê certo, independente das condições
adversas.
E como se planeja um bom texto?
Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que eu sou contra a tese de muitosprofessores de letras e redação de que é preciso ler muito e escrever muito para
aprender a redigir bons textos. Escrever mil vezes besteiras e coisas erradas, a
meu ver, não vai acrescentar em nada. Talvez você ganhe um patrocínio da BIC,
fique com calos nos dedos, mas a tese da repetição para mim não agrega muito. É
claro que quem já escreve bem, acaba melhorando com o tempo, pois incorpora
novas técnicas, mais vocabulário e acaba conhecendo sobre mais assuntos. Mas,
repetir por repetir não acrescenta muito.
Em segundo lugar, para escrever bem é preciso entender para quem você
está escrevendo o texto. O seu destinatário, o seu receptor é quem manda. Ele é
o rei. Ele é o centro das atenções. Ele é igual o freguês da loja. Geralmente é o
examinador da banca. Portanto, não tente enganá-lo, fazê-lo de trouxa ou
consumir o tempo dele com abobrinhas. Escreva o que foi pedido. Não invente,
não aumente. Coopere com ele.
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Em terceiro lugar, é preciso conhecer a estrutura de um bom texto. Alguém
que vai construir um prédio precisa conhecer bem a estrutura dele. Ou seja, é
preciso projetar. Além disso, quem projeta tem que conhecer com é funcionamentoe o interligamento entre as diversas partes do prédio: fundação, base,
acabamento. É a mesma coisa em um texto. Precisamos conhecer bem como é
um texto para começar a elaborar os nossos próprios.
Um texto é estruturado em três partes básicas e todo mundo já sabe quais
são: introdução, desenvolvimento e conclusão. O problema é que as pessoas
simplesmente aplicam essa divisão de forma mecanicista, como se fosse uma
receita de bolo. A divisão do texto não precisa (e acho que nem deve) ser explícita:
deve ser algo suave, de modo a delicadamente ligar as suas diversas partes.
Nesse momento, encontramos dois tipos de pessoas extremadas: tem gente
que já chega de sola, anunciando as partes do texto: “conclui-se, portanto”, “de
início é bom lembrar”. Outros escrevem partes totalmente isoladas entre si, onde a
introdução nada tem a ver com o desenvolvimento e este nada tem a ver com a
conclusão. Portanto, cuidado! O texto precisa ser harmônico e gostoso de ler.
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III – Tipos de texto mais comuns em concurso
Há vários tipos de texto que podem ser produzidos. Os textos podem ser
narrativos, descritivos e dissertativos. Em concursos em geral, temos que
elaborar textos dissertativos. Há quem diga que os textos dissertativos são
meramente expositivos de uma situação: é quando a banca pergunta algo e você
tem que responder de modo objetivo, relatando, expondo a situação.
Se for essa a sua interpretação, teríamos quer criar uma nova categoria, a
dos textos argumentativos. Nos textos argumentativos, existe uma intenção da
pessoa que redige o texto de convencer o leitor de alguma coisa. Esse tipo detexto também é comum em concursos, quando a banca pede para o candidato se
posicionar sobre determinado assunto. Já que ele tem que se posicionar, ele tem
que explicar o motivo, certo? E para justificar o motivo, é preciso argumentar .
Exemplos:
(CESPE/ANATEL/2009) Considerando que o texto acima tem caráter unicamente
motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.
O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO EM QUESTÃO
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
penitenciárias: fábrica de crime ou caminho para a recuperação;
crime: a decisão de punir ou vingar
reinserção social do presidiário: o grande desafio.
Embora a banca tenha pedido para que o candidato elaborasse um tema
dissertativo, ela orienta o candidato a se posicionar sobre diversos assuntos:
“penitenciárias: fábrica de crime ou caminho para a recuperação”, “crime: a
decisão de punir ou vingar”, “reinserção social do presidiário: o grande desafio”.
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É claro que ela (a banca) não quer que você apenas conte a história da
carochinha, mas sim, ela quer saber seu real conhecimento sobre esses assuntos
polêmicos. Então, você vai ter que argumentar. Trata-se, portanto, de solicitaçãopara a realização de um texto argumentativo. Assim, para fins de concurso, não faz
sentido a distinção que alguns autores fazem de que o texto dissertativo é apenas
expositivo e não argumentativo. Pelo menos para uma das bancas mais
conhecidas, o CESPE, isso não faz sentido.
E quando vamos encontrar uma discursiva expositiva?
Quando a banca faz uma pergunta fechada sobre determinado tema. Nessecaso, os argumentos que você colocará não são seus, oriundos da sua opinião,
mas de fatos, de questões já amplamente discutidas. Não está sendo pedida a sua
opinião sobre o caso, mas o conhecimento seu sobre determinado assunto.
Para que servem as classificações da receita e da despesa pública? Quais são as
classificações existentes hoje em dia? Quais as alterações recentes na
classificação da receita e da despesa e porque elas foram feitas?
Assim, ninguém quer saber a sua opinião, mas o que você sabe sobre esse
assunto.
E qual a importância de fazer essa distinção. É muito simples: você precisa
saber que texto vai escrever ANTES de começar a escrever. E isso, fazemos na
fase de planejamento. Se você não souber que tipo de texto vai escrever, para
quem vai escrever, seu planejamento estará comprometido. Embora os dois tipos
de texto tenham início, meio e fim (como tudo na vida), o desenvolvimento de cada
um deles é diferente.
No texto argumentativo, você expõe uma tese ou hipótese que é o seu ponto
de partida – sua ideia central. Depois, você vai construir as ideias secundárias que
são os seus argumentos. E por fim, vai concluir com base nos argumentos se a
hipótese pode ser confirmada (ou não).
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Já no texto expositivo, você deve começar já no início a responder a
pergunta que está sendo feita, de modo objetivo e claro. Responda ao que foi
perguntado. Não enrole. Não invente. Responda. Não é para responder sim ounão, certo ou errado, mas é para responder de forma objetiva. Depois vá
construindo seus argumentos com base no seu conhecimento sobre o assunto
(nesse caso, como não se trata de opinião, você tem que ter estudado o assunto,
certo?).
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Expositivo Argumentativo
Tema típico
O tema é mais fechado. O
candidato deve responder
a uma pergunta em forma
de texto dissertativo. A
opinião é colocada em
segundo plano. O que
importa é o conhecimentosobre determinada
questão.
Exemplo:
O orçamento público no
Brasil é impositivo ou
autorizativo?
É um tema aberto para
discussão e
argumentação do
candidato. O candidato
deve responder a
proposta e se posicionar,
argumentando.
Exemplo:
Elabore um tema
dissertativo em que seja
abordada a natureza
jurídica do orçamento
público.
Introdução
O candidato deve
responder a questão em
forma dissertativa, sem
rodeios, sem deixar
dúvidas.
Embora objeto degrandes controvérsias
recentes, principalmente
depois do advento da
Constituição de 1998, o
STF já se posicionou
firmemente sobre a
É no primeiro parágrafo
que o candidato expõe
sua tese, que deverá ser
confirmada ou rejeitada
ao final.
Exemplo: A natureza jurídica do
orçamento público
sempre foi objeto de
vários debates no meio
jurídico e acadêmico
nacional, já que lacunas
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natureza jurídica do
orçamento público,
indicando que no Brasil vige o modelo autorizativo
de orçamento.
Observe que o candidato
não pode fazer rodeios.
Ele responde a pergunta
e parte para o abraço.
Aqui, a ideia principal não
é a problemática.
na legislação não
permitiam uma
interpretação segura seem nosso país segue-se
o modelo autorizativo ou
impositivo de orçamento
público.
Observe que a tese ou a
ideia principal é a própria
discussão. É a
problemática. Seria o
orçamento público de um
jeito ou de outro? É isso
que o candidato deverá
responder e argumentar.
Ele pode até seposicionar sobre qual
modelo acha mais justo
ou correto, mas não pode
fugir da discussão, que é
o tema central desse
texto.
Desenvolvimento
No desenvolvimento de
um texto expositivo, o
candidato deve
apresentar as “provas” do
que afirmou na
introdução. Não são
opiniões dele, mas
No desenvolvimento do
texto argumentativo, cabe
ao candidato expor,
argumentar, sob as
diversas faces da
polêmica trazida para ele.
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informações que ele
extraiu do que aprendeu,
estudando.
Diferentemente do
modelo impositivo, em
que todas as despesas
consignadas na lei do
orçamento público são
executadas, no modelo
autorizativo o orçamento
é visto como mera
condição necessária para
a realização da despesa,
não havendo
obrigatoriedade da
execução integral da peçaorçamentária.
Esse é a informação (1).
Isso ocorre porque o STF
entendeu que o
orçamento público é um
ato administrativotravestido de lei formal,
não contendo todas as
características intrínsecas
desse tipo de norma,
entre elas, a
obrigatoriedade de sua
No modelo impositivo, o
orçamento é visto como
lei e como tal deve ser
cumprida em sua
integralidade, a exemplo
das leis penais e
tributárias. Essa tese dá
força ao Poder Legislativo
que vê a peça aprovada
ser efetivamente
cumprida pelo Poder
Executivo.
Esse é o argumento (1).
Já no modelo autorizativo,
a peça orçamentária é
considerada condição
necessária, mas não
suficiente para a
execução da despesa. É
um sistema mais
balanceado, em que os
poderes legislativo eexecutivo mantêm
permanente negociação
não só durante a fase de
elaboração do projeto de
lei, mas também quando
da execução do
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execução.
Essa é a informação (2).
Além disso, o STF
entendeu que o modelo
que opta pela execução
integral da lei de
orçamento impede o
Poder Executivo de fazer
ajustes e de administrar oorçamento em vigor,
retirando-lhe
competências previstas
na Carta Magna, razão
pela qual tal prática seria
inconstitucional.
Essa é a informação (3).
Observem que para
responder a pergunta, eu
usei três informações que
eu conhecia respeito das
razões para o modelo no
Brasil ser autorizativo.
orçamento.
Esse é o argumento (2).
Percebam que o autor (no
caso eu), colocou a sua
opinião, em negrito, sobre
qual é o melhor modelo.
Conclusão
Na conclusão do texto
expositivo, é apenas
necessário retomar a
ideia principal e mostrar
que os argumentos
apontados levam à
Na conclusão do texto
argumentativo, eu vou
explicar o motivo de ter
sido escolhido o modelo
autorizativo, encerrando a
questão.
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resposta correta.
Deste modo, não há mais
dúvidas a respeito de que
no Brasil a leitura oficial
do texto constitucional
não permite outra
interpretação: a peça
orçamentária é apenas
condição necessária, mas
não suficiente para
execução das despesas.
Chamado a decidir a
questão o STF –
Supremo Tribunal Federal
entendeu que o
orçamento público no
Brasil segue o modelo
autorizativo. Segundo a
corte maior, a imposição
da execução integral do
orçamento retira do Poder
Executivo as atribuições
de controlar e administrar
a execução orçamentária,
o que violaria a
Constituição. Além disso,
na visão do STF, oorçamento público não é
lei em sentido estrito, mas
sim um ato administrativo
ou lei meramente formal,
que não tem a força de
aplicação típica de outras
leis.
Fecho a conclusão com
os argumentos do STF e
o texto está finalizado, de
modo simples e claro.
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Vamos colocar agora o texto corrido para ficar melhor de ler:
Texto expositivo: O orçamento público no Brasil é impositivo ou autorizativo?
Embora objeto de grandes controvérsias recentes, principalmente depois do
advento da Constituição de 1998, o STF já se posicionou firmemente sobre a
natureza jurídica do orçamento público, indicando que no Brasil vige o modelo
autorizativo de orçamento.
Diferentemente do modelo impositivo, em que todas as despesas consignadas na
lei do orçamento público são executadas, no modelo autorizativo o orçamento é
visto como mera condição necessária para a realização da despesa, não havendo
obrigatoriedade da execução integral da peça orçamentária.
Isso ocorre porque o STF entendeu que o orçamento público é um ato
administrativo travestido de lei formal, não contendo todas as características
intrínsecas desse tipo de norma, entre elas, a obrigatoriedade de sua execução.
Além disso, o STF entendeu que o modelo que opta pela execução integral da lei
de orçamento impede o Poder Executivo de fazer ajustes e de administrar oorçamento em vigor, retirando-lhe competências previstas na Carta Magna, razão
pela qual tal prática seria inconstitucional.
Texto argumentativo: Elabore um tema dissertativo em que seja abordada a
natureza jurídica do orçamento público
A natureza jurídica do orçamento público sempre foi objeto de vários debates no
meio jurídico e acadêmico nacional, já que lacunas na legislação não permitiamuma interpretação segura se em nosso país segue-se o modelo autorizativo ou
impositivo de orçamento público.
No modelo impositivo, o orçamento é visto como lei e como tal deve ser cumprida
em sua integralidade, a exemplo das leis penais e tributárias. Essa tese dá força
ao Poder Legislativo que vê a peça aprovada ser efetivamente cumprida pelo
Poder Executivo.
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Já no modelo autorizativo, a peça orçamentária é considerada condição
necessária, mas não suficiente para a execução da despesa. É um sistema mais
balanceado, em que os poderes legislativo e executivo mantêm permanentenegociação não só durante a fase de elaboração do projeto de lei, mas também
quando da execução do orçamento.
Chamado a decidir a questão o STF – Supremo Tribunal Federal entendeu que o
orçamento público no Brasil segue o modelo autorizativo. Segundo a corte maior, a
imposição da execução integral do orçamento retira do Poder Executivo as
atribuições de controlar e administrar a execução orçamentária, o que violaria a
Constituição. Além disso, na visão do STF, o orçamento público não é lei em
sentido estrito, mas sim um ato administrativo ou lei meramente formal, que não
tem a força de aplicação típica de outras leis.
Você, caro aluno, conseguiu enxergar a diferença entre um tipo de texto e outro?
Para escrever um bom texto, como eu já disse, é preciso fazer um bom
planejamento. E quais perguntas vocês devem fazer para fazer um bom
planejamento?
Aqui vão elas:
a) Qual tipo de texto devo fazer?
Em caso de concurso, não há muitas opções: expositivo ou argumentativo?
Isso foi abordado neste primeiro capítulo.
b) Qual o meu tema?
No capítulo seguinte, o objetivo vai ser ensinar a vocês a delimitar o tema. Esse
é um dos segredos para não falar abobrinhas e para saber se safar quando não
sabemos muito sobre o assunto que temos que escrever.
c) Qual é a ideia central? Como desenvolver a minha ideia central?
Esse vai ser o objeto do capítulo 3. Lá vocês vão aprender a tirar a ideia central
a partir da proposta da banca examinadora, evitando começar pelo fim e
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encerrar pelo começo o seu texto. Além disso, esse capítulo é primordial para
evitar a fuga ao tema. Não adianta delimitar o tema e fugir da ideia central.
d) Quais são os meus argumentos (ou ideias secundárias)?
Quais são as ideias que sustentam a minha tese? Como buscar essas ideias do
enunciado da questão? Como não se perder em tantas ideias? Como delimitar
uma ideia por parágrafo? Esse será o nosso objetivo no capítulo 4.
e) Qual a conclusão do texto?
Os argumentos comprovam ou refutam a hipótese inicial? Como concluir um
texto é o objeto do último capítulo. Nele, vamos também tratar dos conectivos.
Ou seja, vamos aprender a juntar todas as ideias e partes do texto no papel.
Prontos para partida? Então, tripulação, preparar para decolar. Pretendo levar
vocês ao sucesso e a tão sonhada e desejada aprovação. Vamos juntos nessa
viagem?
“Gato, poderia me dizer, por favor, que
caminho devo tomar para ir embora
daqui?”, perguntou Alice.
- “Depende bastante de para onde quer
ir”, respondeu o gato.
– “Não me importo muito para onde”,
disse Alice.
- “Então não importa que caminho
tome”, retrucou o gato.
Lewis Carroll – Alice no País das
Maravilhas
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