avaliaÇÃo de impactos ambientais no corrego...
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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NO CORREGO BACALHAU CAUSADOS PELO ESCOAMENTO DAS ÁGUAS
PLUVIAIS EM NIQUELÂNDIA-GO (1)
ANDERSON MARIANO DA SILVA(2); ANTÔNIO PASQUALETTO(3)
RESUMO: Foram levantados e identificados impactos ambientais pela ausência de um plano de drenagem urbana no córrego Bacalhau em Niquelândia Goiás, e posteriormente propostas medidas mitigadoras e corretivas de tais impactos, integrando o Plano Diretor de Niquelândia como ferramenta de auxilio a gestão pública municipal. Palavras-Chave: Impactos Ambientais, Bacalhau, drenagem urbana, Plano Diretor. ABSTRACT: Environmental impacts were taken and identified due to the absence of an urban drainage plan in the Bacalhau Brook in Niquelândia, Goiás. Later on diminishing and correcting measures of such impacts were proposed, integrating the Director Plan in Niquelândia as an aid tool to the municipal public management. Keywords: environmental impact, Bacalhau, urban drainage, Director Plan. _______________________________________________________________________ 1- Artigo elaborado como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Ambiental no Curso de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Goiás. 2- Graduando de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Goiás – UCG. E-mail: anderson_engamb@hotmail.com 3 -Engenheiro Agrônomo, Dr., professor da Disciplina de Projeto Final de Curso. E-mail: pasqualetto@ucg.br.
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1. INTRODUÇÃO:
A ocupação humana desde os povos mais antigos geralmente tem se baseado na
procura de locais que possam, de alguma forma, oferecer melhores condições de vida,
como terras férteis próximas a rios, para o favorecimento da agricultura, bem como o
abastecimento de água e até mesmo como veiculo para os dejetos. Não fugindo desta
realidade, a cidade de Niquelândia em Goiás, se desenvolveu as margens de dois rios, o
Trairás e o Bacalhau. A cidade de Niquelândia, ao contrário de algumas cidades, não foi
planejada e sua origem se deu pela busca do ouro no período colonial. Como
conseqüência, o desenvolvimento desordenado da cidade acarretou em impactos no meio
ambiente.
Por isso é necessário considerar a importância antrópica de tal afluente para o
desenvolvimento dessa cidade, tendo em vista que o mesmo serviu como fonte de
abastecimento, agricultura, pesca e lazer para os primeiros habitantes.
Algumas dessas transformações ocorreram com o córrego Bacalhau, devido aos usos
antrópicos no seu entorno, caracterizado principalmente pelo lançamento de esgoto
doméstico e da rede desencadeando impactos ambientais, tais como:
• Contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos com os efluentes
urbanos como o esgoto cloacal, pluvial e os resíduos sólidos;
• Disposição inadequada dos esgotos cloacais, pluviais e resíduos sólidos nas
cidades;
• Inundações nas áreas próximas ao córrego;
• Erosão e sedimentação gerando áreas degradadas;
Ocupação de áreas ribeirinhas com risco de inundações e de inclinações como
morros urbanos sujeitos a deslizamento após período chuvoso.
Nesse sentido, este estudo foi desenvolvido com o intuito de avaliar os danos
ambientais no córrego Bacalhau, decorrente do escoamento das águas pluviais e seus
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impactos em Niquelândia, além de propor medidas mitigadoras visando minimizar os
impactos ambientais sobre o mesmo.
Esse estudo e importante para a compreensão de fatores significativos que
contribuem para a qualidade de vida da comunidade, como por exemplo: ajudar no
planejamento urbano das cidades, entender as causas e conseqüências desta urbanização
sem planejamento, identificar alternativas que possam ajudar na solução dos impactos
ambientais, e por isso se faz necessário seu conhecimento.
Por ser a água um assunto relevante, tendo em vista que os seres humanos
necessitam da mesma para sobrevivência, e importante a preservação da mesma. Daí a
relevância da realização desse estudo, de forma a verificar o que poderá ser feito na
intenção de proteger tal bem.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sistemas Urbanos de Drenagem
No início, a drenagem era basicamente um complemento da irrigação, mas depois
evoluiu para uma técnica com objetivos bem definidos, como recuperar extensões de
terrenos inundados, tais como charcos, pântanos; regular a umidade do solo em pequenas
áreas de cultivo agrícola e desviar as águas do subsolo em terrenos destinados à
construção (CARDOSO, 2005).
Segundo Cardoso (2005), as técnicas modernas de drenagem exigem projetos
pormenorizados, compostos de dispositivos coletores, coletores de transporte ou galerias
e emissários, conforme sua função. Essas técnicas são consideradas métodos eficazes
para manter a salubridade de áreas urbanas ou a urbanizar, sujeitas a alagamentos e que
podem converter-se em lodaçais e alagadiços.
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A execução de obras de drenagem das áreas urbanas e adjacentes faz parte de um
conjunto de obras de infra-estrutura necessária à garantia da integridade física dos
loteamentos urbanos, evitando a perda de bens e vidas humanas (UNIVERSIDADE
FEDERAL DE CAMPO GRANDE - UFCG, 2003).
De uma maneira geral, as águas decorrentes da chuva (coletadas nas vias públicas
por meio de bocas-de-lobo e descarregadas em condutos subterrâneos) são lançadas em
cursos d’água naturais, no oceano, em lagos ou, no caso de solos bastante permeáveis,
esparramadas sobre o terreno por onde infiltram no subsolo. Parece desnecessário dizer
que a escolha do destino da água pluvial deve ser feita, segundo critérios éticos e
econômicos, após análise cuidadosa e criteriosa das opções existentes (Universidade
Federal de Campo Grande - UFCG, 2003).
De acordo com Cardoso (2005), dentre os diversos fatores decisórios que
influenciam de maneira determinante a eficiência com que os problemas relacionados à
drenagem urbana podem ser resolvidos, destacam-se a existência de:
1) meios legais e institucionais para que se possa elaborar uma política factível de
drenagem urbana;
2) uma política de ocupação das várzeas de inundação, que não entre em conflito com
esta política de drenagem urbana;
3) recursos financeiros e meios técnicos que possam tornar viável a aplicação desta
política;
4) empresas que dominem eficientemente as tecnologias necessárias e que possam se
encarregar da implantação das obras;
5) entidades capazes de desenvolver as atividades de comunicação social e promover a
participação coletiva;
6) organismos que possam estabelecer critérios e aplicar leis e normas com relação ao
setor.
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Há, além disso, a necessidade de que as realidades complexas de longo prazo em
toda a bacia sejam levadas em consideração durante o processo de planejamento das
medidas locais de curtos e médios prazos. Por fim, mas não menos importante, a
população deve ser esclarecida através da organização de campanhas educativas
(CARDOSO, 2005).
2.2 – Conseqüências da Urbanização na Drenagem de uma bacia
O comportamento do escoamento superficial direto sofre alterações substanciais
em decorrência do processo de urbanização de uma bacia, principalmente como
conseqüência da impermeabilização da superfície, o que produz maiores picos e vazões
das águas superficiais (CAMPANA, 1994).
Já na primeira fase de implantação de uma cidade, o desmatamento pode causar
um aumento do volume no escoamento e, conseqüentemente, da erosão do solo. Se o
desenvolvimento urbano posterior ocorrer de forma desordenada, estes resultados
deploráveis podem ser agravados com o assoreamento em canais e galerias, diminuindo
suas capacidades de condução do excesso de água. Além de degradar a qualidade da água
e possibilitar a veiculação de moléstias, a deficiência de redes de esgoto contribui
também para aumentar a possibilidade de ocorrência de inundações. Uma coleta de lixo
ineficiente, somada a um comportamento indisciplinado dos cidadãos, acaba por entupir
bueiros e galerias e deteriorar ainda mais a qualidade da água. A estes problemas soma-se
a ocupação indisciplinada das várzeas, aumentando os custos gerais de utilidade pública e
causando prejuízos ao setor publico. Os problemas advindos de um mal planejamento não
se restringem ao local de estudo, uma vez que a introdução de redes de drenagem
ocasiona uma diminuição considerável no tempo de concentração (CAMPANA, 1994).
Estes processos de drenagem estão inter-relacionados de forma bastante
complexa, resultando em problemas que se referem não somente às inundações, como
também à poluição, ao clima e aos recursos hídricos de uma maneira geral (CAMPANA,
1994).
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Os problemas de controle de poluição diretamente relacionados à drenagem
urbana têm sua origem na deterioração da qualidade dos cursos receptores das ágües
pluviais. Além de aumentar o volume do escoamento superficial direto, a
impermeabilização da superfície também faz com que a recarga subterrânea, já reduzida
pelo aumento do volume das águas servidas (conseqüência do aumento da densidade
populacional), diminua ainda mais, restringindo as vazões básicas a níveis que podem
chegar a comprometer a qualidade da água pluvial nestes cursos receptores, não bastasse
o fato de que o aumento do volume das águas servidas já é um fator de degradação da
qualidade das águas pluviais (TUCCI, 2000).
Segundo a Resolução CONAMA N° 001, de 23 de Janeiro de 1986, considera-se
impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
Desta forma se faz necessária a quantificação do impacto das condições reais da
urbanização sobre o escoamento, para que se possa disciplinar a ocupação do solo,
através de uma densificação que seja compatível com os riscos de inundação. A
construção de pequenos reservatórios em parques públicos e o controle sobre a
impermeabilização dos lotes e das vias públicas devem ser adotados antes que o espaço
seja ocupado. Essas medidas, quando exercidas nos estágios iniciais da urbanização,
exigem recursos relativamente limitados. A construção de reservatórios e diques, a
ampliação das calhas dos rios e outras soluções estruturais de alto custo podem ser
evitadas com o planejamento racional da ocupação urbana. Além disso, a ampliação da
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calha dos rios é, de certa forma, um paliativo, pois há aumento da velocidade no canal, o
que pode agravar as inundações a jusante. A construção de reservatórios não é uma
solução barata e, se houver um nível de poluição significativo na água do rio, seu
represamento pode vir a se constituir em uma eventual fonte de moléstias e até de
epidemias (CAMPANA, 1994).
2.3 Planos Diretores de Drenagem Urbana
Uma estratégia essencial para a obtenção de soluções eficientes dos problemas
relacionados a drenagem urbana, é a elaboração de planos diretores. É altamente
recomendável que um plano diretor de drenagem urbana evite medidas locais de caráter
restritivo (que freqüentemente deslocam o problema para outros locais, chegando mesmo
a agravar as inundações a jusante), através de um estudo da bacia hidrográfica como um
todo. No que diz respeito às normas e aos critérios de projeto adotados, deve-se
considerar a bacia homogênea, através do estabelecimento de período de retorno
uniforme, assim como dos gabaritos de pontes, travessias, etc (TUCCI, 1993).
O plano diretor deve possibilitar a identificação das áreas a serem preservadas e a
seleção das que possam ser adquiridas pelo poder público antes que sejam ocupadas,
loteadas ou que seus preços se elevem e tornem a aquisição proibitiva. É também
fundamental o zoneamento da várzea de inundação e o estabelecimento de um
escalonamento cronológico e espacial da implantação das medidas necessárias, de forma
tecnicamente correta e de acordo com os recursos disponíveis. O plano de drenagem deve
ser articulado com as outras atividades urbanas (abastecimento de água e de esgoto,
transporte público, planos viários, instalações elétricas, etc.) de forma a possibilitar o
desenvolvimento da cidade de forma mais harmonizada possível (TUCCI, 1993).
Do plano deve também constar a elaboração de campanhas educativas que visem
informar a população sobre a natureza e a origem do problema das enchentes, sua
magnitude e conseqüências. É de capital importância o esclarecimento da comunidade
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sobre as formas de solução existentes e os motivos da escolha das soluções propostas. A
solicitação de recursos deve ser respaldada técnica e politicamente, dando sempre
preferência à adoção de medidas preventivas de maior alcance social e menor custo
(FUGITA, 1996).
A ocupação das várzeas de inundação e das áreas de armazenamento e
escoamento cuja conformação foi delineada naturalmente pelo curso d'água em seu
estado primitivo somente deve ocorrer após a adoção de medidas compensatórias, que
são, geralmente, onerosas. A solução mais racional é a preservação das várzeas, não
apenas visando problemas de inundação, como também no que diz respeito à preservação
do ecossistema e à criação de oportunidades de recreação.
Uma vez que as águas pluviais atinjam o solo, irá escoar, infiltrar ou ficar armazenada na
superfície, independente da existência, ou não, de um sistema de drenagem adequado. Se
o armazenamento natural for eliminado pela implantação de uma rede de drenagem sem a
adoção de medidas compensatórias eficientes, o volume eliminado acabará sendo
conduzido para outro local. Em outras palavras, os canais, as galerias, os desvios e as
reversões deslocam a necessidade de espaço para outros locais, ou seja, transportam o
problema para jusante (TUCCI, 2000).
Deve-se levar em conta que a qualidade e a quantidade da água são variáveis
indissociáveis e que devem sempre ser consideradas em conjunto. As conseqüências das
inundações em áreas onde a água está deteriorada são muito mais graves, pois estes locais
podem se transformar em fontes propagadoras de moléstias e enfermidades. É inviável a
construção de reservatórios de amortecimento, nessas condições. Ademais, a boa
qualidade das águas pluviais pode proporcionar recursos utilizáveis para a recarga de
aqüíferos, irrigação, abastecimento industrial, combate a incêndios e recreação, entre
outros benefícios (DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA
ELÉTRICA/COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO AMBIENTAL -
DAEE/CETESB, 1980).
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2.4 Plano Diretor de Niquelândia
Segundo o Plano Diretor do município de Niquelândia, o córrego Bacalhau, é
considerado patrimônio ambiental e cultural de todos os cidadãos niquelandenses.
O plano deixa esclarecido que o mesmo tem que ter em sua nascente preservada
num raio de 50m (cinqüenta metros), e suas margens preservadas em 30m (trinta metros),
de cada lado até a sua deságua no Lago de Serra da Mesa. Aborda ainda, que todos os
afluentes do córrego Bacalhau entre eles os córregos do Joaquim, da Chácara, Águas
Claras, Barrado, Lava Pés, da Ponte, da Usina, Monjolo, da Fonseca, devem ser
preservados, mantidas suas margens preservadas a uma faixa de 30m (trinta metros) de
cada lado, sendo vedado o uso de manilhas em sua descaracterização hídrica.
De acordo com Art. 38 do Plano Diretor, que trata do Saneamento Ambiental
Qualificado: para a consecução do Desenvolvimento Sustentável o município elaborara
os seguintes Planos:
- Gestão Integrada de Resíduos Sólidos;
- Esgotamento Sanitário;
- Drenagem
- Recuperação de Erosões e Matas Ciliares;
- Recuperação dos Lixões.
E ainda, que o município, no prazo de 01 (um) ano desenvolverá estudos, visando
a execução de obras de reestruturação do sistema de captação de águas pluviais da área
urbana de Niquelândia.
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3. METODOLOGIA
Foram feitas visitas “in loco”, em um trecho delimitado pelas coordenadas
geográficas (De Latitude 14°27´42”S Longitude 48°26´29”O, Ate Latitude 14°27´48”S
Longitude 48°25´52”O – Figura 1) possibilitando observar e fotografar os problemas
ambientais existentes.
(Figura 1 – Imagem de satélite, com destaque na área de estudo do córrego Bacalhau em
Niquelândia-GO. Fonte: GOOGLE EARTH, 2008)
Esta etapa serviu para determinar a área de maior impacto, identificando os
aspectos ambientais negativos, juntamente com os usos antrópicos existentes, a fim de se
avaliar o quanto esses usos estão interferindo na capacidade de resistência e resiliência do
fator natural em estudo. E por fim, apresentar os impactos ambientais identificados no
córrego Bacalhau, classificando-os de acordo com o tipo de efeito, probabilidade de
ocorrência, magnitude, duração, área de influência, relevância e suas respectivas medidas
mitigadoras (Tabela 1).
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Tabela 1 - Parâmetros de Avaliação Utilizados na Matriz de Impactos
TIPO Exprime o caráter da modificação causada por uma determinada ação.
POSITIVO (+) Quando o impacto de uma determinada ação for benéfico.
NEGATIVO (-) Quando o impacto de uma determinada ação for adverso.
INDEFINIDO ( ) Impacto negativo ou positivo, dependendo da forma de abordagem do mesmo.
PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA Exprime a probabilidade de ocorrência do impacto, através de uma valoração gradual que se dá ao mesmo, a partir de uma determinada faixa de tempo.
BAIXA De probabilidade inexpressiva, havendo pouca chance de ocorrência.
MODERADA De probabilidade expressiva, havendo chance de ocorrência.
CERTA De probabilidade expressiva, havendo grande chance de ocorrência.
MAGNITUDE Exprime a extensão do impacto, através de uma valoração gradual que se dá ao mesmo, a partir de uma determinada ação do projeto.
BAIXA De magnitude inexpressiva, inalterando a característica ambiental considerada.
MODERADA De magnitude expressiva, porém sem alcance para descaracterizar a característica ambiental considerada.
ALTA De magnitude tal que possa levar à descaracterização da característica ambiental considerada.
DURAÇÃO Indica a permanência do impacto
CURTA De duração breve, com possibilidade de reversão às condições ambientais anteriores à ação.
ESTACIONAL Tempo médio de permanência do impacto, após a ação.
PERMANENTE Tempo grande ou permanente, de permanência do impacto, após a ação.
AREA DE INFLUÊNCIA Indica a abrangência do impacto em relação a sua localização no meio.
LOCAL De influencia centralizada em uma área relativamente pequena.
REGIONAL De influencia centralizada em uma área relativamente média.
ZONAL De influencia centralizada em uma área relativamente grande.
MITIGABILIDADE Indica a possibilidade de mitigar os impactos presentes.
POUCA Área com difícil recuperação dos impactos.
MODERADA Área com moderada recuperação dos impactos.
ALTA Área com maior chance de recuperação dos impactos.
RELEVÂNCIA Indica a importância ou significância do impacto em relação à sua interferência no meio.
BAIXA De intensidade não significativa, com interferência não implicando em alteração da qualidade de vida.
MODERADA Intensidade da interferência com dimensões recuperáveis, quando adversa, ou refletindo na melhoria da qualidade de vida, quando benéfica.
ALTA Intensidade da interferência acarreta perda da qualidade de vida, quando adversa, ou ganho, quando benéfica.
ATRIBUTO SIGNIFICADO DO PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Avaliação Visual dos Impactos Ambientais
Ao longo do córrego Bacalhau, existem usos antrópicos que foram considerados
como indicadores de danos potenciais as águas superficiais, no âmbito da análise dos
impactos ambientais, tais como: habitações irregulares (Figura 2), lazer, despejo de
dejetos, irrigação. Tais usos acarretam em diversos impactos ambientais.
Isso deve-se a pouca sensibilização da população em relação as questões
ambientais, pois levados pelo desleixo ou por falta de conhecimento, poluem ambientes
naturais, a exemplo, foi evidenciado o lançamento de esgoto diretamente no córrego
(Figura 3).
Figura 2 – Habitações irregulares próxima Figura 3 – Lançamento de esgoto as margens do córrego. “in natura” no córrego. A pouca informação quanto a aspectos sanitários e o baixo poder aquisitivo da
população fazem com que sistemas de esgotamento sanitário não existam ou sejam
construídos de forma incorreta, afetando diretamente na intensidade dos impactos
gerados, dentre outros fatores, pela ausência de projetos executados sobre a drenagem
urbana.
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Também foi evidenciado a pouca preocupação com causas ambientais relevantes
como: erosões, assoreamento, vazão máxima aceita no corpo receptor e poder de
autodepuração do mesmo, sabendo que as águas coletadas nas galerias de águas pluviais
também são contaminadas por diferentes agentes presentes no solo urbano em geral.
Tais evidências são perceptíveis nas figuras 4 e 5, onde pode-se observar: erosões
na saída da tubulação da galeria de águas pluviais (Figura 4), nos materiais presentes nas
margens que mostram a quantidade de lixo lançado ao córrego nos períodos chuvosos
(Figura 5).
Figura 4 – Saída da galeria de águas pluviais Figura 5 – Lixo nas margens do córrego.
provocando erosão na margem do córrego.
4.2 Avaliação Sistêmica dos Impactos Ambientais
A sustentabilidade aponta à reintegração da água no meio urbano, trabalhando
junto ao ciclo hidrológico, observando aspectos ecológicos, ambientais, paisagísticos e as
oportunidades de lazer. Para isto, a engenharia tem que ser mais engenhosa, mais
generosa.
Com os resultados obtidos pode-se dizer que a sustentabilidade não pode ser
expressa em um quadro ou organograma gerencial; ela deve pautar toda ação e portanto
deve ser procurada nas relações entre pontos de vista, entre alternativas de projeto, entre
instituições.
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Desta forma foram levantados os impactos ambientais por meio de uma avaliação
sistêmica, onde os mesmos foram classificados de acordo com os parâmetros da tabela 1,
citada anteriormente, assim os impactos ambientais identificados foram separados em:
meio antrópico, meio físico e meio biótico (Fauna e Flora), de acordo com as tabelas 01,
02, 03, 04. As tabelas 05 e 06 apresentam um resumo de aplicação das medidas
mitigadoras.
De acordo com as tabelas de identificação de impactos ambientais apresentadas a
seguir, pode-se observar que o córrego Bacalhau em Niquelândia-GO vem sofrendo com
inúmeros danos ambientais de caráter físicos, antrópicos e bióticos, onde grande parte
destes danos possui medidas mitigadoras, tornando assim possível a recuperação do
córrego e a preservação do mesmo.
Na impossibilidade de aqui se estabelecer uma proposição ideal (Projeto
completo), lembra-se que as soluções se fazem no espaço local, em função de suas locais
peculiaridades. Assim, pode-se pelo menos dizer que para se alcançar propostas de gestão
que venham a ser sustentáveis, deve-se ter claro pelo menos seis princípios:
1. Não existe solução puramente tecnológica ou econômica;
2. Não existe solução simplista;
3. Não existe solução instantânea;
4. Não existe solução que seja responsabilidade de um só setor da sociedade;
5. Não existe solução possível de ser copiada;
6. Não existe solução dissociada do problema.
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Estes princípios tem nos apontado para uma direção onde deve-se construir um
espaço de articulação includente, presente toda nossa capacidade de negociação,
aceitação das diferenças e das dificuldades, dos direitos e deveres, além de exigir muita
criatividade e bom senso. Tanto na esfera individual quanto na coletiva, tanto na pública
quanto na privada. O espaço da cidadania. A maior possibilidade da sustentabilidade é
proveniente da participação da sociedade na definição de seus próprios rumos, na
construção e escolha de alternativas. Participação consciente e democrática.
4.3 Propostas de Controle Moderno e Sustentável
As medidas de controle podem ser classificadas de acordo com o componente da
drenagem em medidas:
• na fonte: que envolve o controle em nível de lote ou qualquer área
primária de desenvolvimento;
• na microdrenagem: medidas adotadas em nível de loteamento
• na macrodrenagem: soluções de controle nos principais rios
urbanos.
Essas medidas são adotadas de acordo com o estágio de desenvolvimento da área
em estudo. As principais medidas sustentáveis na fonte têm sido: a detenção de lote
(pequeno reservatório), que controla apenas a vazão máxima; o uso de áreas de infiltração
para receber a água de áreas impermeáveis e recuperar a capacidade de infiltração da
bacia; os pavimentos permeáveis. Estas duas últimas medidas minimizam também os
impactos da poluição (TUCCI, 2000).
As medidas de micro e macrodrenagem são as detenções e retenções. As detenções são
reservatórios urbanos mantidos secos com uso do espaço integrado à paisagem urbana,
enquanto que as retenções são reservatórios com lâmina de água utilizados não somente
para controle do pico e volume do escoamento, como também da qualidade da água
(TUCCI, 2002).
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Atualmente, a maior dificuldade no projeto e implementação dos reservatórios é a
quantidade de lixo transportada pela drenagem que obstrui a entrada dos mesmos. Os
volumes necessários para o amortecimento devido à urbanização (alta
impermeabilização) são da ordem de 420 a 470 m3/ha. Havendo assim a necessidade de
um plano de monitoramento associado a um plano de manutenção da rede coletora de
águas pluviais (FUGITA, 1996).
Dentre algumas medidas mitigadoras esta previsto a criação de um programa de
educação ambiental que deverá contemplar os seguintes assuntos:
• O rio como fonte de vida;
• Proibição de caça e pesca;
• Prevenção de incêndios na vegetação;
• Minimização dos danos à vegetação marginal ou não do rio;
• Preservação da fauna;
• Proibição de lançamento de dejetos, detritos ou qualquer poluente no rio;
• Proibição de captura de animais facilmente domesticáveis ou de valor comercial;
• Proibição de retirada de madeiras das margens;
• Doenças transmitidas pelo uso das águas.
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5. CONCLUSÕES
Os prejuízos devidos a ausência de um projeto de drenagem urbana na cidade de
Niquelândia - GO têm aumentado exponencialmente, reduzindo a qualidade de vida e o
valor das propriedades. Este processo é decorrência da urbanização e a conseqüente
impermeabilização junto com a canalização do escoamento pluvial.
As obras e o controle público da drenagem têm sido realizados por uma visão
local e setorizada dos problemas, gerando mais impactos do que os pré-existentes e
desperdiçando os poucos recursos existentes na cidade.
A legislação de controle é essencial para que os empreendedores ou poder público
municipal sejam convencidos a adotar as medidas na fonte, alem disso se faz necessário
maior participação e interesse por parte dos governantes que detém o poder de execução
de obras fundamentais para uma boa qualidade de vida da população.
Assim a elaboração de um Plano Diretor eficiente com a participação da
população integrando mecanismos de gestão e conscientização auxiliaria na
administração do poder público municipal e ainda refletiria sobre a qualidade de vida da
população.
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6. BIBLIOGRAFIA CAMPANA, N.; Tucci, C.E.M. "Estimativa de área impermeável de macrobacias urbanas", Caderno de Recursos Hídricos V12 nº2 p19-94, 1994. CARDOSO, A. “Introdução a drenagem urbana” - 2005, disponível no Site:http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/CDOC/ProducaoAcademica/Antonio%20Cardoso%20Neto/Introducao_a_drenagem_urbana.pdf. (trabalho interno realizado em 2005) acessado em 02/04/08. Departamento de Águas e Energia Elétrica/Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (DAEE/CETESB) - Drenagem Urbana. Segunda Edição, São Paulo (SP), 1980. FUGITA, O. e outros – "Drenagem Urbana - Manual de Projeto", Departamento de Águas e Energia Elétrica/Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - DAEE/CETESB, 1996. Google Earth, “Imagem retirada do programa”, 2008. Plano Diretor Democrático de Niquelândia – PDDN, 2007. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, DE 23 DE JANEIRO DE 1986. TUCCI, C.E.M. "Coeficiente de escoamento e vazão máxima de bacias urbanas". RBRH V5 nº1 p. 61-68. - 2000. TUCCI, C. E. M - Hidrologia. Ciência e Aplicação. EDUSP, São Paulo (SP), 1993. TUCCI, C.E.M. "Parâmetros do Hidrograma Unitário para bacias urbanas brasileiras". Artigo submetido à RBRH. 2002. Universidade Federal de Campo Grande “Saneamento e Drenagem - 2003, disponível no Site: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dren01.html acessado em 29/03/08.
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Tabela 05RESUMO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS MITIGADORAS
MEDIDAS ÁREA DE APLICAÇÃO
- Restrição de intervenções em zonas e períodos de reprodução de Áres Reprodutivas de peixes
peixes
- Monitoramento e dispersão da fauna nas áreas erodidas Áreas de Erodidas
- Minimização das intervenções em caso de lançamento de esgoto Áreas de Lançamento de esgoto
monitoramento da qualidade de água
- Paralização ou minimização da construção de residências em zonas de risco Áreas de Risco para Residências
- Incremento a elaboração de uma política pesqueira única para a bacia Áres Reprodut ivas
- Controle de pragas e vetores Areas de Lançamento de esgoto
- Preservar o ambiente como refúgio (habitat) de especies Rio como um todo
- Implantação de programa de educação ambiental aos ribeirinhos Res idências de Ribeirinhos
Tabela 06RESUMO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS MITIGADORAS
MEDIDAS ÁREA DE APLICAÇÃO
- Plano de controle dos processos erosivos na bacia Bacia
- Plano de controle e proteção das águas superf iciais Bacia
- Proteção dos taludes marginais Ao longo dos trechos críticos
- Destinação adequada dos efluentes domesticos lançados Bacia
- Investimento em saúde e saneamento básico Cidades ribeirinhas
- Elaborar plano diretor de desenvolvimento para a região Área de inf luência
- Elaboração de campanhas de incremento ao turismo Região
- Implementar plano de assistência social aos ribeirinhos Área de inf luência
- Elaborar plano de gestão político-econômico para a questão agrária Área de inf luência
- Elaborar plano de gestão para a sustentabilidade agrícola da região Área de inf luência
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Tabela 01Impactos sobre o Meio Antrópico
EFEITO AMBIENTAL TIPO DE PROBABILIDADE MAGNITUDE DURAÇ ÃO AREA DE MITIGABILIDADE RELEVÃNCIA
EFEITO DE OCORRÊNCIA INFLUÊNCIA
ATIVIDADE ECONÔMICA
Incremento de at ividades agropastoris e + Certa Alta Permanente Zonal Alta
produção agrícola
Desmatamento - Irrigação - Certa Alta Moderada Regional Pouca Alta
Alteração do valor da terra + Certa Moderada Moderada Regional Alta
COMUNIDADES
Melhoria da qualidade de vida + Moderada Moderada Permanente Regional Moderada
Melhoria da situação pública + Moderada Moderada Permanente Regional Moderada
Incremento populacional - Moderada Moderada Permanente Regional Pouca Moderada
TURISMO
Interferência na atividade de recreação - Certa Alta Permanente Regional Pouca Alta
Interferência na pesca - Moderada Moderada Permanente Zonal Pouca Alta
Incremento ao turismo + Certa Moderada Permanente Regional Alta
PAISAGEM
Alteração da paisagem - Certa Moderada Permanente Regional Pouca Moderada
SAÚDE E SANEAMENTO
Geração de resíduos sólidos - Certa Baixa Moderada Local Alta Moderada
Esgoto sanitário domestico - Certa Baixa Moderada Local Alta Baixa
Disseminação de doenças - Moderada Baixa Moderada Local Alta Baixa
Saúde ocupacional - Moderada Moderada Permanente Local Moderada Moderada
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TabelaImpactos sobre o Meio Físico
EFEITO AMBIENTAL T IPO DE PROBABILIDADE MAGNITUDE DURAÇ ÃO AREA DE MITIGABILIDADE RELEVÃNCIA
EFEITO DE OCORRÊNCIA INFLUÊNCIA
Geral
Intensificação de processos erosivos - Certo Moderada Permanente Regional Moderada Alta
Alteração na qualidade e no uso dos solos - Certo Moderada Permanente Regional Moderada Alta
Alteração na qualidade das águas superficiais - Certo Moderada Permanente Regional Moderada Alta
Planícies de Inundação
Instabilidade de taludes marginais naturais - Certo Alta Estac ional Zonal Pouca Moderada
Degradação da paisagem pela disposição do lixo - Certo Moderada Estac ional Local Moderada Moderada
Lei to dos Rios
Modificações localizadas na dinâmica do f luxo - Moderada Moderada Curta Local Moderada Moderada
das águas
Alterações na qualidade e uso das águas - Moderada Moderada Curta Zonal Alta Moderada
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Tabela 03Impactos sobre o Meio Biótico
FAUNA
EFEITO AMBIENTAL TIPO DE PROBABILIDADE MAGNITUDE DURAÇ ÃO AREA DE MITIGABILIDADE RELEVÃNCIA
EFEITO DE OCORRÊNCIA INFLUÊNCIA
2 - FAUNA
- Interferência na homeostase da comunidade
- Interferência em cadeias tróficas - Certo Alto Estacional Regional Moderada Alto
- Alteração da qualidade biótica do rio - Certo Moderado Estacional Regional Moderada Alto
- Interferência na migração e reprodução dos
peixes - Moderado Moderado Estacional Regional Moderada Alto
- Interferência em áreas de relevante interesse
ecológico - Baixa Alto Estacional Zonal Alta Alto
- Pressão antrópica sobre a comunidade
fauníst ica regional - Certo Moderado Permanente Regional Alto Alto
- Alteração de habitats aquát icos - Certo Alto Estacional Regional Pouco Alto
- Alteração de habitats terrest res - Certo Moderado Estacional Regional Moderada Moderado
- Transmigração de pragas, vetores e zoonoses - Moderado Moderado Permanente Zonal Moderada Alto
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Tabela 04Impactos sobre o Meio Biótico
FLORA
EFEITO AMBIENTAL TIPO DE PROBABILIDADE MAGNITUDE DURAÇ ÃO AREA DE MITIGABILIDADE RELEVÃNCIA
EFEITO DE OCORRÊNCIA INFLUÊNCIA
Alteração da Vegeração na Área de - Baixa Moderada Estac ional Local Alta Alta
Inundação e de preservação perman.
Alteração da Flora Nativa - Certa Moderada Permanente Regional Pouca Alta
Alteração da Flora na Área de - Baixa Moderada Curta Local Moderada Moderada
Preservação permanente
Alteração de Habitats e Nichos - Certa Alta Curta Zonal Moderada Moderada
Ecológicos
Alteração da Qualidade Biótica - Certa Moderada Permanente Regional Pouca Moderada
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