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BEM-AVENTURADOSFRANCISCO E JACINTA MARTO
BOLETIM DOS PASTORINHOS (202) – JULHO-SETEMBRO 2011 (ANO 49)
Publicação trimestral – Preço: 0,05 E
BEATO FRANCISCO MARTO
Um menino
com os pés na terra
e o coração em deus
Ângela de Fátima Coelho
Postuladora da Causa de Canonização do Francisco e Jacinta Marto
Escultura de Francisco Marto na Basílica de Fátima
Nas Suas Memórias1, Lúcia conta o seguinte
episódio: «Um dia, a caminho da Cova da Iria,
fomos surpreendidos por um grupo de gente
que, para nos verem e ouvirem melhor, puseram
a Jacinta comigo em cima de uma parede. O
Francisco recusou deixar-se colocar lá em cima,
como se tivesse medo de cair. Depois, encostou-
-se a um muro que estava em frente. Uma pobre
mulher e um rapaz, ao verem que não conse-
guiam falar-nos, foram ajoelhar-se diante dele,
a pedir-lhe uma graça. O Francisco ajoelha[-se]
também, e pergunta se querem rezar com ele o
terço. Dizem que sim e começam a rezar; den-
tro em pouco, toda aquela gente, deixando-se de
perguntas curiosas, está também de joelhos a re-
zar» (Memórias, pp. 161-162).
O Francisco com medo de cair?! Mas
se ele corria atrás das suas ovelhas
pelos penedos da montanha, se to-
cava o seu pífaro em cima de tantos
muros, se inúmeras vezes se isolava
em cima de uma pedra a contemplar
a natureza da Serra de Aire, que tan-
to lhe falava de Deus, enquanto reza-
va o seu terço!
2
Retrato de Francisco
O Francisco não queria alturas
que não lhe pertenciam, pois acei-
tava com simplicidade a sua condi-
ção, não se mostrando irritado pelo
que não conseguia ter. Tinha um
carácter pacífi co e dócil. Parecia
reconhecer a verdade de si mesmo!
Por isso, é este o lugar que ele dese-
ja e escolhe: estar «em baixo» e não
«lá em cima», caminhar com realis-
mo no chão que vai pisando, numa
aceitação serena de si mesmo e da
missão que o Senhor lhe confi a.
É a partir do seu lugar, da sua natureza e condição,
que ele se torna um pólo de atracção. Não busca
atenções para si mesmo, mas aponta para Deus,
para a intimidade da oração.
Qual a razão do encanto do Francisco? Sendo des-
prendido das suas poucas coisas2, vive uma pobreza
que lhe permite centrar o coração em Deus. Por isso,
Deus encontra espaço para nele habitar. O seu coração
é habitado por Deus e por aquilo que ocupa o coração
de Deus: a humanidade, sofredora e pecadora, e a na-
tureza, desde o pôr do sol aos animais.
Diz a Lúcia que o contacto com o Anjo levou o Fran-
cisco a perceber melhor «quem era Deus, como o ama-
va e queria ser amado» (Memórias, p. 170). Por isso,
fazia muitas perguntas sobre Deus, sobre o Seu amor e
sobre Maria. E foi, precisamente, com Nossa Senhora
que ele mais cresceu no conhecimento de Deus, logo
após a primeira aparição.
Envolvido por um sentimento de encanto e admiração,
próprio da infância, exclamava: «Nós estávamos a ar-
der, naquela luz que é Deus, e não nos queimávamos.
Como é Deus!!! Não se pode dizer! Isto sim, que a
gente nunca pode dizer!» (Memórias, p. 145). Gosto
de ver o Francisco a perguntar, a questionar, com sede
de saber mais. Gosto de ver nele, intacta, a capacidade
de assombro, tão típica das crianças.
Foto de Francisco Marto
Esse Deus, que era o centro da sua vida, pareceu-lhe
estar «triste pelos pecados» e isto comovia o seu cora-
ção: «Mas que pena Ele estar tão triste! Se eu O pudes-
se consolar!...» (Ibid.). Assumiu como sua esta missão:
ser consolador de Deus. Exercia a sua missão em qual-
quer lugar, no meio da natureza, mas sobretudo gostava
de fazer companhia a «Jesus Escondido» no Sacrário.
Sente mesmo que esta vocação o vai acompanhar pela
eternidade. Quando a Lúcia lhe recomendava vários
pedidos, pouco antes de falecer, ele responde: «Olha,
essas coisas pede-as à Jacinta, que eu tenho medo de
me esquecer, quando vir Nosso Senhor! E depois antes
O quero consolar» (Memórias, p. 162).
O pequeno Francisco pode ser para todos nós um
exemplo com quem aprendemos a encarnar o espírito
das crianças que Jesus apresenta como modelo do Rei-
no (Mc 10,14-16). Não por ser um menino de 10 anos,
mas pela sua humildade e simplicidade, pela confi ança
total em Deus, que o leva a superar o medo perante as
situações difíceis3, pela capacidade de se deixar encan-
tar e maravilhar perante o mistério, pela disponibili-
dade ao projecto que Deus lhe apresenta, através do
Coração Imaculado de Maria.
Loca do Cabeço
4
BEM-AVENTURADOS FRANCISCO E JACINTA MARTOPublicação trimestral – ISSN 1645-1309Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg.8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 ADirectora: Ir. Ângela de Fátima Coelho, asmEditor e Proprietário: Postulação de Francisco e Jacinta MartoMorada: Rua de S. Pedro 9, Apartado 6 – 2496-908 FÁTIMA (Portugal)
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Esculturas dos Beatos Francisco e Jacinta Marto norecinto do Santuário
Mesmo sendo criança, compre-
ende aquilo que na fé é central e
mais importante. Ao seu jeito, ex-
prime essa consciência: «Gostei
muito de ver o Anjo, mas gostei
mais de Nossa Senhora. Do que
gostei mais foi de ver o Nosso Se-
nhor, naquela luz que Nossa Se-
nhora nos meteu no peito»
(Memórias, p. 141).
Mesmo sendo criança, compreende aquilo que na fé é
central e mais importante. Ao seu jeito, exprime essa
consciência: «Gostei muito de ver o Anjo, mas gostei
mais de Nossa Senhora. Do que gostei mais foi de ver
o Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos
meteu no peito» (Memórias, p. 141). Ao ouvir como
esta criança consegue captar a hierarquia das verdades
da fé, sentimos desejo de rezar como Jesus: «Bendigo-
-te ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e
inteligentes e as revelastes aos pequeninos» (Lc 10,21).
Ao contemplar, na vida do Francisco, o brilho da mes-
ma luz que o seduziu, agradecemos o dom que a sua
vida, «candeia que Deus acendeu para iluminar a hu-
manidade nas suas horas sombrias e inquietas»4, é para
o nosso tempo, tão sedento de esperança.
1. Memórias da Irmã Lúcia, Fátima, Secretariado dos Pastorinhos, 2007
2. Veja-se o episódio do «lenço com Nossa Senhora de Nazaré pintada» ou os inúmeros gestos de partilha da merenda, com os pobres, e até mesmo com as ovelhas e os pássaros (Memórias, pp. 136-137,158).
3. Ver a atitude do menino em Ourém, durante o período da prisão, como anima e consola a prima e a irmã (Memórias, pp. 146-147).
4. João Paulo II, Homília da Beatifi cação de Francisco e Jacinta, 13 de Maio de 2000.
A Postulação de Francisco e Jacinta agradece a todos os seus amigos e benfeitores os donativos que nos foram enviando para auxiliar nas des-pesas da Causa dos Pastorinhos, sem o qual este trabalho não seria possível.
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