belo e bonito

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Texto copilado do livro: QUESTÕES DE ARTE - Cristina Costa

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Disciplina: ARTES Prof.: Alexandre Amorim Data:

Aluno: Série: 1ª - ENSINO MÉDIO T: Nº:

“E de onde veio essa idéia de "boniteza",

relacionada com o alegre, o agradável, o saudável?

Bem, isso teve origem na Grécia, na Antiguidade clássica, mais ou menos no século V a.c., quando

Atenas era uma cidade importantíssima. A arte que

lá se fazia pretendia expressar um ideal de beleza e

vida por meio de composições nas quais

predominassem a harmonia, a simetria, o equilíbrio

e a proporcionalidade. Foi essa arte que inspirou vários movimentos artísticos desde o Renascimento

até a Idade Moderna. Por ser considerada um

modelo, essa arte - com seus critérios e princípios -

foi chamada de clássica e, pela importância que

teve, acabou disseminando pelo mundo seu ideal de beleza, que passou a ser visto como universal.

Assim, muitas pessoas passaram a julgar belas

apenas as manifestações artísticas agradáveis,

harmoniosas e que mostram o mundo não como ele

é, mas como deveria ser.

Daí a se confundir beleza com critérios de aparência, com proporcionalidade de medidas e

com equilíbrio de formas foi um passo. E, assim,

passamos a misturar prazer estético – que é uma

emoção profunda e sutil- com o prazer de olhar ou

ouvir formas e composições agradáveis. Essas idéias tiveram muito sucesso, popularizaram-se e,

até hoje, muita gente pensa que o belo deve

necessariamente ser harmonioso, agradável,

saudável e alegre.

Alguns fatores vieram ainda consagrar a

identificação da beleza com os padrões clássicos de harmonia, simetria e proporcionalidade Um deles

foi a indústria cultural, que acabou por popularizar

esses conceitos. A fotografia, cinema, o vídeo e a

televisão perpetuaram esses ideais mesmo quando

já ultrapassados em relação à arte e ao gosto da crítica.

Outro fator que contribuiu para que se associasse

beleza à sensação de leveza e harmonia foi o

desenvolvimento da indústria e lazer e do

entretenimento. À medida que os espetáculos

artísticos se estabeleceram em dias e horas de descanso e diversão, parecem ter adquirido como

características a alegria, a distração e o disfarce

das dificuldades das imperfeições. Estava assim

afastada a possibilidade de uma beleza que pudesse

ser profunda, crítica e inquietante. Escolas artísticas posteriores ao Classicismo,

entretanto, defenderam o princípio de uma beleza

que pressupõe o agressivo, a desarmonia e até o

disforme. Os artistas mostraram que, muitas vezes,

a desordem, e o desequilíbrio são mais capazes de

transmitir emoções e estimular o pensamento crítico do que as composições que procurassem

submeter à realidade a um ideal. É o que se

percebe na foto de Sebastião Salgado. Será possível

falar de guerra, de revolução e da sensação que

despertam através de imagens nas quais predominam o equilíbrio e a harmonia? Mesmo que

seja possível, a beleza não resulta desses

princípios, mas da transmissão de uma forma

peculiar de ver e interpretar o mundo, da idéia que,

transposta para a obra, se reconstitui na mente do

espectador - parte integrante da arte. Dois movimentos artísticos se opuseram à estética

clássica: o Realismo e o Expressionismo. O

Realismo defendia ser função da arte mostrar ao

público o mundo tal como é percebido pelo artista.

O Expressionismo procurava transpor para a obra de arte o lado mórbido e doentio do homem e da

sociedade. Dessa discussão resulta a certeza de que

o belo é uma qualidade das obras de arte, que

desperta uma emoção à qual estão associados os

sentimentos e as idéias do artista e a identidade

que ele é capaz de estabelecer com o

público. Que essa

emoção resulte de

uma composição

aparentemente bonita ou feia, isso

é secundário, está

relacionado com o

movimento

artístico ao qual o

artista pertence e com a idéia que ele

quer transmitir.

Não nos deixemos

enganar, portanto,

pelas aparências

Cristina Costa – Questões de Arte – Ed. Moderna

Velho a sofrer (No limiar da eternidade),

Vincent van Gogh, 1890. Óleo sobre tela, 81x64

Sebastião Salgado

A ESTÉTICA CLÁSSICA E A

POPULARIZAÇÃO DO BONITO

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