biblioteca virtual espírita ::. - sumário contra gigantes (leopoldo... · 2017. 8. 27. ·...
Post on 24-Feb-2021
1 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Sumário NO PÓRTICO ..................................................................................................................... 2
O ESPIRITISMO E SEUS ATACANTES ................................................................................ 4
PSIQUIATRIA E ESPIRITISMO ........................................................................................... 8
A ENTREVISTA DO DR. CARLOS FERNANDES ................................................................ 13
ESPIRITISMO, FABRICA DE LOUCOS .............................................................................. 19
OS TRÊS ESPIRITISMOS .................................................................................................. 25
A PALAVRA DOS MESTRES ............................................................................................. 28
E AS CURAS ESPIRITAS? NEGO-AS! ................................................................................ 33
OS DEFENSORES DO ESPIRITISMO ................................................................................ 40
SUGESTÃO E PSICOTERAPÍA .......................................................................................... 45
A MOÇÃO AO PRESIDENTE ............................................................................................ 50
A MOÇÃO DA SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA .................................................. 56
A MOÇÂO DOS MEDICOS ............................................................................................... 62
AINDA A MOÇÃO CONTRA O ESPIRITISMO .................................................................. 67
O REPTO ......................................................................................................................... 71
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
2
A CELEBÉRRIMA SESSÃO ................................................................................................ 76
A ENTREVISTA DO DR. XAVIER ...................................................................................... 83
O DOUTOR AUSTREGESILO FALOU ................................................................................ 87
AGORA, O PSIQUIATRA NOBRE DE MELO!.................................................................... 93
O PSIQUIATRA PERSEGUE... .......................................................................................... 99
A ENTREVISTA DO DR. MAURICIO ............................................................................... 105
LIBELO DO DR. ADAUTO .............................................................................................. 110
O PROFESSOR ADAUTO CONCLUE... ........................................................................... 113
O DR. ADAUTO BOTELHO PERGUNTA ......................................................................... 118
O DR. ADAUTO PROSSEGUE ........................................................................................ 123
ESPIRITOPATAS NO HOSPICIO ..................................................................................... 126
O TERRÍVEL NUMERO UM... ........................................................................................ 129
NO PÓRTICO
O livro, que se vai lêr, é obra de puro jornalismo.
E jornalismo de “amador”, ainda por cima!
É obra de quem faz jornalismo por amor á Arte e de quem faz
Espiritismo por amor á Verdade.
De quem faz uma e outra coisa, sem nenhuma recompensa material,
á margem de sua profissão, que a toma feita um sacerdócio: o magistério
primário e secundário.
Sobre ser obra de jornalismo, sem pretensões e científicas e
culturais, foi escrito nas poucas folgas de uma existência laboriosíssima.
Seus capítulos são os artigos, que foram elaborados nos intervalos
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
3
de aulas, para refutação das inverdades e injustiças assacadas, sem
nenhuma ciência e consciência, contra a Doutrina Espírita.
Assacadas ao espiritismo por médicos, que se botaram,
ingloriosamente, contra a “Hora Espírita Radiofônica”, e a propaganda
do Espiritismo pelo rádio; e o próprio espiritismo, e os próprios espíritas.
Dois motivos nos arrastaram a escrever os artigos e, hoje, a
publicar o livro: sermos espírita de consciência e ciência, e termos sido o
ideador e realizador, ao lado de companheiros capazes e dedicadíssimos,
da “Hora Espírita Radiofônica”.
Reunindo, agora, os artigos em volume, mais de ano depois da
inauguração auspiciosa da referida “Hora”, que continua, ás quintas-
feiras, ás 18horas, lançando, através das ondas hertzianas, verdades
para quem as quiser ouvir, valo pôr em relevo atitudes que merecem
salientadas: a da Radio Transmissora, PRE 3, pela coragem moral com
que se manteve, respeitando, até o presente, o compromisso para com a
“Hora Espírita Radiofônica”; a dos jornais, A NOTA, infelizmente já
fora de circulação; MUNDO ESPÍRITA e DIÁRIO DA NOITE, os quais,
lisonjeando-nos superiormente, abriram colunas para tudo que se vai
lêr...
O título que lhe ajustamos tem justo cabimento: Pigmeus, ao
julgamento dos doutores, e sábios, e cientistas que nos adversam, é o
Espiritismo, são os espiritistas. E, mais do que o Espiritismo: quem
escreveu esta obra! E gigantes na ciência, no doutorismo, na sabedoria:
els...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
4
O ESPIRITISMO E SEUS ATACANTES
O protesto da “sociedade de Medicina e Cirurgia”. – Autores
pró e contra o Espiritismo. – O Primeiro considerado da moção da
S.M.C. – Psiquiatras a favor do Espiritismo.
A “Hora Espírita Radiofônica”, recém-inaugurada quinta-feira, 1º
de junho de 1939, na P.R.E. 3, cujas irradiações semanais será naquele
dia, das 18 às 19 horas, mereceu, valha a verdade, a grande honra de
ocupar a atenção pública, aponto de interessa a “Sociedade de Medicina
e Cirurgia” que, unanimemente, protestou contra ela, mandando
memoriais ao Presidente da República, e aos Ministros da Educação e
Justiça, no sentido de impedir-lhe a irradiação.
“Diário da Noite” insere, na sua primeira página, edição de 31-V,
a notícia e os considerandos do protesto da “Sociedade de Medicina e
Cirurgia”. E vêm deitando, ainda médicos famosos, por suas colunas da
primeira página, entrevistas, colocando o Espiritismo ao lado da sífilis,
do álcool, da prostituição e de outras chagas da civilização aí em curso.
Tudo isso vai sacudindo, assim, a curiosidade pública.
Não podia - faça-se justiça - ser mais auspiciosa a inauguração da
“Hora Espírita Radiofônica”! Nem podia ela encontrar propagandistas
melhores do que os ilustres médicos das entrevistas...
De tudo isto, resultará maior difusão do Espiritismo e melhor
proveito para o povo - os pobres e miseráveis, principalmente, que,
espoliados em consultórios médicos, de onde voltam, por vezes, mais
doentes do corpo, da alma e do bolso, ou sem aí poderem entrar, por lhes
faltas com que paguem consultas, - resulta, de tudo isto, maior proveito
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
5
para o povo, que acorre, em massa, aos centros espíritas, onde encontra
a cura para os males físicos e psíquicos, que a medicina não lhes pôde
dar, e o conforto para seus espíritos atribulados...
De nós, que conhecemos e orientamos a “Hora Espírita
Radiofônica”; que somos o seu maior responsável, sentimos o dever de
analisar, ponto por ponto, a moção apresentada pela “Sociedade de
Medicina e Cirurgia” ao sr. Ministro da Educação, e as razoes dos
médicos entrevistados por “ Diário da Noite”, contra o Espiritismo.
Caiba aos cultures do Direito o trabalho de examinarem se os
ilustres médicos ferem ou não a Constituição em vigor, art. 122 $4º., com
a moção do protesto. A nós, só nos interessa examinar ignorância bem
maior: a que revelam a respeito da Ciência Espírita.
Ignorância, má fé ou interesse inconfessáveis em jogo, que é peor.
Diz-nos o noticiário dos jornais que, durante a hora do expediente
da “Sociedade de Medicina e Cirurgia”, o dr. Carlos Fernandes pediu a
palavra e informou a seus colegas que estava sendo anunciada a próxima
inauguração da “Hora Espírita Radiofônica”, passando a expor “as
razoes por que condena as doutrinas de Allan Kardec”. E, condenando-
as, cita em seu abono as obras contra o Espiritismo dos drs. Leonidio
riberio e Murilo Campos, para entrar, então, nos seus considerandos.
Ora, as obras em cita contra o Espiritismo, e mais a do dr. Xavier
de Oliveira, valem tanto, para as pessoas sensatas, que examinam de tudo
afim de tudo bem julgarem, como valeria qualquer obra que nós
escrevêssemos sobre a vida em Marte ou na Lua, astros que só vemos à
distância. Ou menos ainda, porque nem à distância revelam os autores
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
6
em cita conhecerem o Espiritismo. E melhor do que afirmativa que aqui
deixamos, diz, invalidando tais obras, a de Carlos Imbassahy, “O
Espiritismo à Luz dos Factos”, e o livro desabusado, mas lógico e
oportuníssimo, de Souza Prado: “Padres, Médicos e Espiritistas!”
A leitura de ambos porá o leitor inteligente ao corrente do valor
dos argumentos daqueles ilustres médicos patrícios contra o Espiritismo.
O primeiro considerando do protesto da ilustre sociedade médica
é assim redigido: “Considerando que, no congresso geral dos psiquiatras
brasileiros e estrangeiros, a prática do espiritismo é provadamente
nociva á sanidade mental...”
Comecemos invalidando o “provadamente”, que aqui entra por
força de expressão. Os srs. Psiquiatras brasileiros e estrangeiros limitam-
se, apenas, contra o Espiritismo, ao exemplo dos médicos em questão: a
afirmar por palpite, sem provas, julgando pelas aparências ou a sombra
de outros nomes que, também, pelas aparências e por palpite, julgaram
o Espiritismo. Nenhuma prova de ordem cientifica, moral, estatística.
E ao Espiritismo, em nada, de resto, prejudica a opinião contraria,
do srs. Psiquiatras, ou de quem, embora carregado de títulos doutorais,
não o tenha estudado a sério e a frio! E, dado que a psiquiatria fosse, de
fato, uma ciência de respeito, uma verdade inconteste, só teria de aceitar
e não negar o Espiritismo.
Até mesmo para pedir a ele aquilo que falta ela: o meio de curar a
loucura. Dizemos só teria de aceita-lo, porque uma ciência não contraria
outra.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
7
Psiquiatra de alta projeção no mundo médico e, com maiores
créditos do que os citados na moção, porque se aproximaram, pelo
estudo e experimentação, do Espiritismo, afirma justamente o contrário
do primeiro considerando da moção. Dr. Pinto de Carvalho, da
Faculdade de Medicina da Baía, não endossa os palpites dos doutores
que vão deitando entrevistas contra o Espiritismo. É do grande psiquiatra
baiano isto, que inseriu em “O Imparcial”, de Salvador, edição de 12 de
maio de 1939: “No que toca ao parecer de psiquiatras sobre as relações
entre espiritismo e alienação mental, noto em todos dupla confusão
lamentável: - a primeira está no englobarem espiritismo de verdade e
baixo espiritismo, que nenhuma relação tem com o primeiro; a outra é
que esquecem que a influência real de certas práticas espiritisticas na
eclosão de perturbações mentais é comum a todas as formas de
misticismo, sendo incontável o número de vítimas que tem feito, no
correr das idades, a religião católica, até sob o aspecto de legitimas
epidemias. O meu grande e saudoso amigo, Juliano Moreira terá incidido
nesse engano. A tal respeito tenho visto estatísticas engraçadas, sobre
cujos erros é possível venha escrever.”
O dr. Ignácio Ferreira é um médico que foi, cheio do mesmo
orgulho psiquiátrico dos adversários que estão deitando entrevistas,
conhecer, “in loco”, num hospital espírita, a falange de loucos do
Espiritismo, para curá-los com sua psiquiatria. E do seu conhecimento e
estudo resultou isto, di-lo ele, numa solene e sincera profissão de fé
espiritista, pela “Revista Internacional de Espiritismo”, de junho de
1937: “Hoje, após estudar a fundo essa questão - Espiritismo, obsessão,
fluídos máus, irradiações, atuações espirituais, eu me curvo ante essa
gente analfabeta em medicina, pois que estou convicto, mãos do que
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
8
convicto de que só mesmo essa gente pode e cura os 80% dos casos de
loucura que a medicina, na sua cegueira, ainda não conhece, ainda não
procurou estudar. Os tratados por mim, nenhum sarou.”
E ele os tratou pelos processos empregados, cientificamente, pela
psiquiatria! E lá está, hoje, a frente do “Sanatório Espírita de Uberaba”,
como seu diretor!
O Sr. Antônio José Pereira Junior, diretor do “Hospital Espírita de
Porto Alegre, está entre nós e já proferiu três conferencias públicas, a
que não compareceram os srs. Médicos que nos adversam para
contradita-las, nas quais provou, com fatos documentadíssimos, as curas
dos loucos para que, no seu hospital e por meio do Espiritismo,
concorreu como espiritista.
Só os fatos podem ter valor para acreditar ou invalidar teses.
“Tererés”, apenas, embora de sábios e psiquiatras brasileiros e
estrangeiros, nada resolvem!
E é com os fatos que provaremos os absurdos de lógica, de ciência,
de verdade, que se contém nas assertivas graciosíssimas dos drs. Carlos
Fernandes, Xavier de Oliveira e tantos do mesmo feito.
E começamos por ver, no próximo artigo, se a psiquiatria, como
aí vemos, é mesmo uma ciência com força para guerrear o Espiritismo.
PSIQUIATRIA E ESPIRITISMO
A Alma na psiquiatria - Os mestres não se entendem sobre a
alma. – A inteligência sem o cérebro. – A obsessão reconhecida
oficialmente. – A pouca e a muita ciência.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
9
Para saber-se que a psiquiatria é o ramo da medicina que trata da
loucura e moléstias mentais, correlativas, claro que não é preciso ser
médico.
Por sua etmología mesma, deve a psiquiatria ser entendida feita a
medicina da alma. Erra, pois, a partir da própria denominação, visto
como nega a existência da alma que, para ela e para os psiquiatras, não
existe fora da meteria. A alma lhes é, apenas, simplesmente função do
cérebro, dos nervos... Para Ernesto Haeckel, “a alma, isto é a atividade
espiritual é uma função fisiológica, governada por fenômenos
mecânicos”. É o que no-lo diz Hipolito Taine, para quem, “o cérebro
segrega o pensamento como o fígado a bílis.” E os fisiologistas
modernos aí estão a afirmar que “hoje, não resta dúvida, de que os
fenômenos intelectuais e morais são fenômenos pertencentes ao tecido
nervoso”.
Assim, a psiché dos srs. psiquiatras não é essa alma que sobrevive
ao corpo, mas uma simples função do sistema nervoso, do cérebro. Por
isso mesmo que sua terapêutica para os distúrbios de tal alma, não pode
ser outra, senão a constante de materialidades: injeções de insulina, a
convulsoterapia, a electroterapía, a soroterapia...
Tal alma função-do-cérebro ou do tecido nervoso, será,
porventura, a mesma para todos os fisiologistas? Não, absolutamente!
Nenhum fisiologista, até hoje, maior do que Claude Bernard, para quem
“o mecanismo do pensamento é ainda desconhecido”. (Ciência
Experimental). Onde, de resto, as células nervosas, que engendram o
pensamento? Quem no-las demonstrará com ciência? Malpigh, que
primeiro as estudou, não as precisou suficientemente. Charles Richet, no
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
10
seu L’avenir de La Psichologie, é fortemente incisivo, quando chega a
afirmar: “Que importa ao fisiologista toda esta extraordinária
complexidade da célula nervosa, com suas dondrites, arborescências,
ramificações, corpúsculos, se ele não sabe qual é o uso destas partes?”
Vai mais longe, ainda, Alexis Carrel, incontestavelmente um dos
cientistas médicos mais célebres da época, afirmando: “Somos um
composto de tecidos, de órgãos, de líquidos e de consciência. Mas, as
relações da consciência com as células cerebrais permanecem um
mistério. Descomhecemos quase completamente a fisiologia das células
nervosas.” (O Homem, esse desconhecido). A esse respeito, isto é: a
respeito das funções fisiológicas com as funções psíquicas, Charles
Richet é mais contundente e lógico: “Melhor é reconhecer francamente
que nós não entendemos nada disto” (La Grande Esperance, pág. 124).
Convenhamos com Bergson que “a doutrina que faz do
pensamento uma função do cérebro, ou que vê entre o trabalho do
cérebro e o pensamento um paralelismo, uma equivalência, é totalmente
insuficiente”.
Ninguém pode, sem dúvidas, contesta que o cérebro não seja o
órgão do pensamento. Mas, contesta-se, com fatos, que o pensamento
seja a bílis do cérebro! São, até, quase que comuns os casos de criaturas
que pensam e vivem equilibradamente sem o cérebro. Edmond Perrier e
o dr. Robison apresentaram, em 1913, a Academia de Ciências de París,
“o caso de um homem que viveu um ano sem perturbação mental e sem
sofrimentos, com o cérebro reduzido a papas, formando um grande
abcesso purulento”. O dr. Halopeau, em 1914, no Hospital Necker, de
França, extraiu grande porção de cérebro de uma rapariga reduzido a
mingau. Drenou e limpou o resto, fechando-o. a doente sarou e continuou
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
11
vivendo normalmente. Lêmos no Correio da Manhã, em princípio do
ano corrente, o caso do soldado italiano que fora trepenado, depois de
cadáver, encontrando-se-lhe reduzido a uma substância dura, sêca,
minúscula, aquilo que lhe fora o cérebro! Ele, entretanto, sempre vivera
normalmente. Provado, assim, que o cérebro e suas funções; que o tecido
nervoso e suas células não formam alma nenhuma, como admitem os
Srs. psiquiatras materialistas, invalidada está, consequentemente, a
psiqué, da psiquiatria... Por isso mesmo que a psiquiatria, como aí a
vemos – não pode curar, com os seus processos materiais, senão 20%
das loucuras, que são, exatamente, os loucos em consequências da
embriaguez, da toxicomania, da sífilis e de outros males físicos. A
maioria, porém que é composta de casos concretos de obsessões, ela não
tem suficiência para curar. Estamos, por isso, com o dr. E. n. webster,
norte-americano, da Associação, secção mental, que afirma peremptório
e com experiência de causa: “Muitos insanos têm sido tomados por
loucos incuráveis, os quais, no entanto, se acham subjugados pela ação
opressora de um espírito, ou de uma falange de espíritos. Muitas vezes,
temos verificado post-mortem, que nem no cérebro no sistema nervoso
de tais pessoas existe a menos desordem física.”
Ora, se não existe a alma dos psiquiatras, dizem-nos cientistas da
própria medicina, admitir de que modo uma ciência que se ocupe com o
que não existe?
Se a psiquiatria fosse uma ciência de verdade, procederia, diante
daquilo que ainda desconhece, como a ciência: pesquisaria, investigaria,
examinaria, analisaria, estudaria, experimentaria, para só, então, se
manifestar. Faria tudo isto por meio de seus corifeus. É assim que os
ilustres psiquiatras agem com relação ao Espiritismo, que lhes não pede
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
12
outra coisa? É assim que, dentro mesmo da materialidade da psiquiatria,
procedem, nos seus estudos? Leia-se-lhes qualquer exposição contra o
Espiritismo, qualquer estudo sobre a psiquiatria. Naquela, é preparar
para ver arrolados como espiritismo, práticas absurdas, condenadas,
também, no Espiritismo, e como espiritistas: Profetas da Gávea, santas
de Coqueiros, Antonios Conselheiros, e par de conceitos contra o
Espiritismo da pena de quem o desconhece absolutamente. E,
desconhecendo-o dolorosamente, escreveu livros tolos, que não resistem
a dois dedos de analise pura. Neste, é um gozo observar o processo de
observação que, em geral, eles apresentam. Limitam-se a transcrever o
que os outros disseram ou escreveram. E temo, assim, séries enormes de
“Babinski escreveu, Pinel disse, Esquirol Observou, Bichard é de
opinião, Brierre discorda, Kraepelin anotou, Wolff pensa, Morel
sentencia, Kahlbaum designou, Aschner viu, Henri Claude opina”, etc.
etc. E tudo isto, através de termos empolados e difíceis, de molde a fugir,
relativamente, a inteligência do vulgo, visto como não podem conceber
a ciência de outro modo. Vale aqui recordar Tolstoi: “A ciência ocupa,
em nossa época, exatamente o mesmo lugar que ocupava o sacerdócio,
há alguns séculos: os mesmos bonzos revestidos de títulos, as mesmas
castas nas ciências: academias, universidades, congressos. A mesma
confiança e falta de critério por parte dos crentes; as mesmas
divergências e as mesmas palavras incompreensíveis, a mesma
presunção.”
É certo que tudo isto se ajusta a pouca ciência, esta que, assente
em aparências, nega Deus e a alma imaterial, porque a verdadeira
Ciência, esta só tende – asseveram Roger Bacon e Thomaz de Aquino –
a glorificar Deus.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
13
Não se pode, em boa lógica, conceber uma ciência baseada em
teorias de quem formou seu cabedal cientifico através de obras livrescas
de autores que, por sua vez, observaram pouco e copiaram também
muito; conceber não se pode que uma ciência deste jeito queira atirar
para a execração púbica, a ciência que impõe a seus estudiosos “o livre
exame de tudo para aceitar somente o que for bom”; a ciência que não
justifica a fé cega, visto como para ela “a fé precisa de uma base e esta é
o conhecimento perfeito daquilo em que devemos crer; “a ciência que,
para não formar supersticiosos, prefere desprezar 99 manifestações de
Espíritos, verdadeiras, a aceitar uma só falsa”, que é o caso da Ciência
Espírita.
Assim, o que uma entidade científica de respeito teria a fazer
contra outra doutrina que teme, que só pede a todos que a estudem, e a
observem, não é enviar moções ao Governo para evitar sua propaganda
pelo rádio, mas aproximar-se dela, pelo estudo sincero, metódico,
experimental...
A ENTREVISTA DO DR. CARLOS FERNANDES
Ataques sem lógica e defesas sensatas. – cientistas de verdade
que confirmam a Ciência Espírita. – O bem público não justifica
absurdos e injustiças. – Médico passível de lamentações a lamentar.
O ilustre sr. dr. Carlos Fernandes começou sua entrevista ao
Diário da Noite de 1-VI, dizendo: “Não vejo vantagens em discutir pela
imprensa tal assunto, etc. basta que o público leigo saiba que os homens
de ciência, que trabalham desinteressadamente pelo bem, chegaram a
tais conclusões e as aproveite em benefício próprio.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
14
Discordamos ao ilustre médico.
Estamos em que todos os assuntos devem ser discutidos, com
educação e clareza, na imprensa, que é, incontestavelmente, um dos
maiores fatores da civilização, no sentido de elucidar e educar bem o
povo. E o povo só pode e deve se elucidar e educar, através de
explicações, a seu alcance, dos assuntos de que os srs. cientistas se
ocupam, complicando-os a nomes empolados, a definições complicadas.
Assim, só não pode ver vantagens em discussões tais, elevadas, quem,
ensimesmado, compreende ainda deve o povo continuar feito carneirada
de Panurgo: a dizer – amém! – a todo o magister dixit!
Assim não compreende o ilustre médico, por isso que assevera
basta o público saiba que os homens de ciência já lavraram sentença,
condenando ou absorvendo tais ou quais assuntos ou doutrinas! É o
mesmo orgulho – não diremos da Ciência que, “revelação de Deus,
existe para guiar o homem a toda sabedoria!”, por isso que deve
examinar e pesquirir tudo, afim de manifestar-se em consciência; mas de
certa ciência humana, pequenina e fátua, que, sem nada indagar a sério
das coisas, entra a condenar, teoricamente, o que desconhece!...
Se é o caso de ouvir, sem analisar, o que dizem os cientistas do
Espiritismo, não será, certamente, os cientistas Carlos Fernandes Xavier
de Oliveira, Austregésilo, Murilo Campos, Leonidio Riberio, Mauricio
de Medeiros e tantos, que só viram o Espiritismo, e o estudaram, e o
examinaram, e o experimentaram, cujas obras estão aí a atestar a
veracidade da Doutrina Espírita. São eles os William Crookes, Alfred
Russel Wallace, Paul Gibier, Oliver Lodge, Cesar Lombroso, Camilo
Flamarion, José Laponi, Frederico Zöllner, J. Ochoröwicz, Richard
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
15
Hodson, Roberto Hyslop, William James, Frederico Myers, Albert de
Rochas e mais uma boa centena deles! Todos, sábios que, descrentes,
fizeram o que não quiseram fazer os cientistas de cá: aproximaram-se do
Espiritismo, sem o confundirem com macumbas, feitiçarias e congerês;
sem forçarem confissões de serem espiritistas. E o estudaram,
experimentando-o cientificamente. Se os cientistas de cá fizessem o
mesmo, como cientistas que procuram conhecer uma ciência nova,
acabariam concluindo que o Espiritismo é bem o traço de união da
Ciência com a Religião. Dí-lo o dr. Leon Hipolite (Allan Kardec), deste
jeito: “A Ciência e a religião não puderam entender-se, até hoje, porque
cada qual, encarando as coisas debaixo do seu ponto de vista exclusivo,
se repeliram mutuamente. Era preciso alguma coisa para preencher o
vácuo que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço
está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas
relações com o corpóreo – leis tão imutáveis como as que regem o
movimento dos astros e a existência dos seres. Quando essas relações
foram constatadas pela experiência, fez-se uma nova luz: a fé se dirigiu
à razão, a razão nada achou de ilógico na fé e o materialismo foi vencido.
Mas isso, como em tudo o mais, há pessoas que se conservam atrasadas
até serem impelidas pelo movimento geral, que as esmagará, se quiserem
resistir a evidência em vez de se lhe submeterem.”
O ilustre sr. dr. Carlos Fernandes é uma dessas pessoas,
infelizmente. Ele, e todos os que o acompanham na luta inglória a que se
botaram contra o Espiritismo!
Não vemos, tampouco, o desinteresse que visione o bem do
público, da parte dos srs. médicos que adversam o Espiritismo. Houvesse
zelo pelo bem público e desinteresse na sua atitude, eis o que teriam de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
16
fazer os ilustres médicos patrícios: munir-se das obras básicas do
Espiritismo e estuda-las, afim de condená-las; botar-se as obras dos
autores citados acima e invalidá-los; correr a centros de espiritismo de
verdade e mostrar suas falhas; ouvir a pessoas de responsabilidades que
abraçaram o Espiritismo e mostrar-lhes os erros em que laboram;
convidar a todos que se dizem curados pelo Espiritismo e mostra-lhes a
credulidade tola e o erro em que incidiram. Já fizeram isto? E não o farão,
porque seu interesse não é o conhecimento da Verdade, não é o
desinteresse material com que se enchem de ciência, não é o bem do
público... E não o fizeram e não o farão, porque sua pouco ciência não
tem força para invalidar um só postulado, uma só observação registrada
nas obras cita, da Doutrina Espírita.
É possível que os consultorios médicos se esvasiem cada vez mais,
embora, cada vez mais, a humanidade se veja doente! Daí, toda esta
campanha contra o Espiritismo! Mas, os que o procuram, não fazem falta
á clínica dos esculapios patrícios. São, na sua maioria, pobrezinhos que
não podem pagar consultas escorchantes. São desiludidos da medicina
oficial, a que recorreram inutilmente. São crentes que sabem uma fé pura
e forte vale mais do que todas as xaropadas alopaticas ingeridas depois
de mil e um exames de sangue, de fezes, de escarros, de saliva, de urina,
etc....
Ha outras causas mais fortes contra a crise dos consultórios
médicos. Ouvimo-las, ha dias, no quarto de hora médico, da mesma P.
R. E. 3, contra as quais a Sociedade de Medicina e Cirurgia não se
manifestou, ainda...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
17
Prosseguindo na sua entrevista, o ilustre médico passa a seus
colégas, que são espiritistas, o atestado de ingênuos, de ignorantes, de
insensatos. Pois se “ha médicos que se intoxicam com o fumo, o alcóol,
a morfina”, porque não os póde haver espiritas? Pois se ha “excelentes
especialistas, brilhantes no seu ramo de atividade, que nada conhecem
de psicologia, de psiquiatria, incapazes de definir ou explicar o que seja
alucinação, sugestão, simulação, misticismo, etc”, porque não se podem
deixar engodar com o Espiritismo? É o que nos faz sentir o ilustre dr.
Fernandes, lamentando a ingenuidade, e candura de ignaros, em que
caíram Framarion, Conan Doyle, aceitando o Espiritismo; em que
Charles Richet quasi ia caindo.
S., s., sobre ofender, aqui, aqueles que, donos, como s. s., de um
diploma oficial de médico, se voltam para a Ciência Espirita, dá provas
de que é menos do que ignorante desta ciência, pois revela falta absoluta
de conhecimento dela e de senso. Sem senso e sem sabedoria, por igualar
uma doutrina espiritual e elevadíssima, para cuja compreensão, a criatura
precisa de muita moral, no mesmo passo em que esteja “no seu momento
de iluminação”, de que fala Hyslop, com o fumo, o alcóol, a morfina,
grosseiras materialidades! Ignorancia e falta de senso, porque critica nos
colégas aquilo que está praticando: não sabemos qual a especialidade, de
s. s. em medicina, mas sabemos que não é psiquiatra, porque o confessa
na entrevista, e sabemos ainda mais que de Espiritismo nada entende.
Entretanto, manifesta-se como os especialistas de sua censura, sobre
psiquiatria e Espiritismo, para louvar aquela e arrazar este... Vale aqui
citar uma assertiva do dr. Franco da Rocha aplicada ás razões do ilustre
médico e seus pares da Academia de Medecina e Cirurgia: “Quando se
quer combater uma doutrina, o primeiro cuidado deve ser um estudo
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
18
apurado da mesma, em todos os seus detalhes. Sem isso, o combatente
fará figura triste pela certa.”
E figura triste está fazendo o ilustre médico, seus pares da
Sociedade de Medicina e Cirurgia e quantos estão deitando entrevistas
contra nós. É o que demonstraremos a seu tempo...
O ilustre médico lamenta aqueles seus pares, especialistas em
outros ramos de atividades, que são incapazes de explicar a alucinação,
a sugestão, a simulação, o misticismo. Cremos saiba êle definir o
misticismo religioso, a simulação. A simulação, principalmente.
Simulamos tantas coisas na vida, em nome da Ciência e do bem público,
que é quasi impossível haja quem, sem sabedoria alguma, não saiba o
que é simulação, quanto mais um médico cientista! Mas, sugestão e
alucinação, s. s. não sabe o que são, garantimos. E não sabe, porque os
mestres em psiquiatria, a partir do próprio creador dos termos, não
souberam, como demonstraremos para diante.
S. s. érra duas vezes, como cientista, em afirmar o que disse de
Flamarion, Conan Doyle e Richet, relativamente ao Espiritismo. Uma
vez, revelando não conhecer as experiencias e estudos dos mestres sobre
o Espiritismo. A segunda porque, como homem de ciência que se
presume, não devia se deixar sugestionar pelas aparências, acreditando
em quem, escreve com inciência ou má fé. Onde viu s. s. que Flamarion
e Conan Doyle se deixaram enganar pelo Espiritismo com a candura e
ingenuidade do povo ignaro? E sobre Charles Richet, embora nunca se
confessasse espiri- tista, poucos cientistas fizeram tanto para acreditar o
Espiritismo como ciência. Para que o ilustre médico, ou qualquer
interessado no assunto, verifique o contrario da afirmativa que estamos
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
19
invalidando, basta lêr as ultimas obras do primeiro e do ultimo: “La Mort
e Son Mistère”, de Flamarion e “La Grande Esperance”, de Richet...
Na obra de invalidação das razões que adversamos, gostamos de
acompanhar, ponto por ponto, o que estivermos refutando. Por isso que
continuamos a estudar as razões sem razão da entrevista contra o
Espiritismo, do ilustre dr. Carlos Fernandes...
ESPIRITISMO, FABRICA DE LOUCOS
A Loucura Espirita. - A Esquizofrenia. - O que dizem os
Mestres. - Males a combater sem combates. - O Espiritismo não teme
combates sensatos.
É como trata o Espiritismo a moção que a Academia de Medicina
e Cirurgia enviou ao governo, pedindo não fosse permitida a propaganda
do Espiritismo através da “Hora Espirita Radiofônica”.
Das considerações da moção, é esta a segunda: “considerando que
o espiritismo é um dos três grandes fatores da alienação mental. E segue-
se-lhe a ultima: “considerando que ás sociedades médicas compete zelar
pela saúde física e mental do povo, a Sociedade de Medicina e Cirurgia
solicita ao esmo. Sr. Ministro da Educação e Saúde, a bem do povo
brasileiro, as medidas necessárias para evitar a propaganda perniciosa e
talvez com segundas intenções, qual, por exemplo, a prática indevida da
medicina e o aliciamento de assinantes para almanaques e revistas”, etc.
Unanimemente aprovada, lá se foi a moção para o exmo. Sr.
Ministro.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
20
Na moção não vimos expostos os outros dois grandes fatores da
loucura. Queremos ignorá-los por enquanto, bem como o que tem feito
a referida Sociedade de Medicina e Cirurgia, e as outras sociedades
médicas, para debelá-los, cheias de zêlo pela saúde do povo...
Nem diz, tampouco, a moção qual é a forma de loucura dos
espiritistas, de vez que os mestres de psiquiatria dividem e subdividem,
as doenças mentais em varias formas, contrariando-se uns aos outros.
Esquirol, por exemplo, contraría Pinei, embora lhe fosse discipulo e
continuador da obra, na maneira de classificar a loucura. Baillanger
classifica-a de modo diferente. Bali, reconhecendo, embora, que “o
estudo do estado normal e das alterações dos centros nervosos, que
poderá conduzir a uma classificação racional das doenças mentais, está
ainda nos seus primeiros passos”, estabelece outra classificação para as
referidas moléstias. Não sabemos de que loucura diagnostica a ilustre
Sociedade de Medicina e Cirurgia os espiritistas. Somos vesánieos?
nevropatas? loucos diatésicos ?
Nossa loucura, a despeito de toda a altissima sabedoria da ilustre
sociedade e de seus não menos ilustres associados, não lhes é, ainda,
conhecida...
Diagnostiquemos, portanto, a nós mesmos.
Numa época em que a medicina, que devia ser um sacerdocio, se
faz apenas uma fonte de lucros pecuniários, por isso que o sr. dr. Fer-
nando de Magalhães chegára, certa feita, a escrever que “a Academia,
em vez de condenar a terapêutica espirita, devia evangelizar a medicina”;
numa época em que cada indivíduo só pensa em si mesmo; em tirar o
máximo lucro material possível de sua arte, de seu ofício, de sua ciência,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
21
de seus serviços á patria e á sociedade; numa época, em suma, de
profundo egoísmo, andar alguém a pensar mais nos outros do que em si
mesmo; andar alguem, numa época assim, a sacrificar seu repouso, sua
saúde, seus bens, sua vida, afim de espalhar por toda parte, como os
espiritistas, casas de socorros para os necessitados do corpo e da alma —
hospitais, asílos, escolas, albergues, assistências, orfanatos e ancianatos
— ensinando, no mesmo passo, a todos, o amor de Deus através do amor
do proximo, e a servir a Patria, sendo-lhe mais útil do que pesado: ) numa
época assim, viver alguem assim, só mesmo de loucos!
Esta, a nossa loucura!
Mas, como por ensinar a imortalidade da alma e a Moral feita
ciência, — A Ciência do Bem, — Socrates fôra condenado á morte; mas,
como o crime que se imputou ao Cristo fôra exatamente o de andar
ensinando ao povo... é possível que a Sociedade de Medicina e Cirurgia
tenha razão! Razão, talvez, de mais, exatamente por não poder se
conformar possa outra ciência curar os males que ela não cura. Provas?
A Esquizofrenia, este vocábulo empoladissimo, como, de resto, quasi
todos os que, em medicina, designam coisas mais do que simples, é o
nome novinho em folha da demência precoce. Que é a demencia
precoce? Para nós, espiritistas, pode bem ser uma atuação de espíritos
imperfeitos, de vez que o espírito póde tudo, (I cor. 11. 10) e médicos
espiritistas experimentadores, como o proprio Kardec, Paul Gibier,
William James, Wesbster, Ignacio Ferreira e outros, registram males
peores sarados com o afastamento dos espíritos obsidiadores que os
provocavam. Entretanto, a psiquiatria só bem conhece do mal em
analise, o nome —- ESQUIZOFRENIA. Dí-lo o dr. Henrique Roxo deste
jeito: “No entanto, ainda não ha certeza em relação a sua interpretação
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
22
patológica, nem tampouco em relação á segurança de uma bôa
terapêutica.” Tanto é isto verdade, que o mesmo grande psiquiatra diz.
mais: “O problema da cura da esquizofrenia ou demencia precoce, ê de
tal ordem que, desde Julho de 1927, ha o prêmio de um milhão de francos
que, segundo A Maurício de Fleury, um generoso doador anônimo
resolveu adjudicar a quem descobrir um tratamento preventivo ou
curativo da demencia precoce.” (Novidades em Doenças Mentais, pags.
15 e 16).
A lei permite o direito á psiquiatria de curar tais males. Ela, porém,
não cura, porque ainda desconhece o mal. Nem admite se lhe fale em tais
curas por outros processos. Enquadra-se bem nos moldes em que o
Cristo pôs os sacerdotes de seu tempo, que se punham á porta do céu,
sem poder entrar e sem permitir entrassem os outros.
Não sabemos em que se fundamenta a moção para apresentar o
Espiritismo como fabrica de loucos. Os ilustres esculapios apenas o
disseram nos seus “cosiderandos”, na consciência de que basta lhes
tenha saído dos lábios para que todo o mundo léve a afirmativa a sério.
Puro engano! Já não estamos na época em que se acredita passivamente
no magister dixit. Nem póde inspirar confiança o que pessoas mal
sabidas na sua própria ciência, — visto como a sua ciência, que é o caso
da psiquiatria, ainda não se firmou definitivamente, — afirmam sôbre o
que desconhecem absolutamente. Vale glosar, aqui, Paul Gibier:
“Pessoas muito esclarecidas em um pontinho - especial dos
conhecimentos humanos, julgam poder decidir arbitrariamente sôbre
todas as coisas e repelem sistematicamente, toda novidade que lhe
chegue ás idéias.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
23
É bem este o caso dos ilustres signatários da moção a respeito do
Espiritismo.
Ha mais a considerar, psiquiatricamente, o seguinte:
Em todas as épocas houve manifestações de espíritos. E Esquirol
foi contemporâneo das experiências psíquicas de Kardec, bem como os
estudos mais modernos dos elementos científicos da psiquiatria. Vêm os,
todavia nos estudos de Bali sôbre os fatores das moléstias mentais, o
fanatismo religioso (coisa que não existe em Espiritismo!), intoxicações
microbianas e de drogas, a sífilis, a tuberculose, o reumatismo, a gôta,
paixões violentas, os excessos sexuais, o onanísmo, o alcóol... Nada,
absolutamente, atribuído a manifestações de Espíritos!
Não podemos aceitar a medida insensata, pleiteada contra o
Espiritismo, pela Sociedade de Medicina e Cirurgia, como zelo seu pela
saúde do povo. É puro eufemismo. Assim não fosse, ao em vez de
combater o Espiritismo, que bem póde ser um seu ótimo auxiliar
terapêutico, se voltaria contra o meretrício, que por aí vai contagiando a
mocidade de males venéreos; contra as práticas anticoncepcionais, que,
além de ferir os interesses da Nação e da Sociedade, desaranjam o
sistema nervoso, preparando, assim, verdadeiros nevroatas; contra os
esportes grosseiros, que vão fazendo as delícias de 90% de nossa gente,
que, na exaltação da torcida, chega a paixões violentas de molde a
provocar desequilíbrios nervosos; contra o alcoolismo, ótima fonte de
riquezas para os destiladores e botequineiros e copiosa fonte de todos os
males para o povo; contra o nosso regime alimentício (e muito não faz
que o higienista portenho, dr. Pedro Escudêro, provou, em bela
conferência, que o regime alimentar dos brasileiros era causa dos males
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
24
orgânicos que os afligem); contra, em suma, mil e um fatores que por aí
vemos, combalindo a saúde orgânica e mental do povo. Nenhum desses
males mereceu, até hoje, a menor atitude de combate da parte da
Sociedade de Medicina e Cirurgia! Só o Espiritismo? Porque?
Só se combate o que se teme. E o Espiritismo, ciência divina que
é, porque ensinada pelos Espíritos, é, realmente, temivel por aqueles que,
com a evolução dêle, se sente, como alguns médicos, prejudicados nos
seus interesses;
Para defender esses interesses, que Dão a saúde do povo, é que se
procura tomar atitude contra o Espiritismo, como se o Espiritismo fosse
doutrina de homens, passivel de extinguir-se com a proibição, apenas,
de sua propaganda; com o fechamento de seus centros e a prisão de seus
adeptos. Aos Espíritos nada se póde proibir, tampouco fechar-se o
ambiente em que se êles agitam, que é o Universo. Nem metê-los no
xadrez. Êles, de qualquer modo, continuariam atuando a estes,
obsidiando aqueles, aparecendo àqueles outros, encorporando estoutros,
curando e doutrinando a muitos, a propagar, assim, as verdades que o
Espiritismo ensina.
O final da moção, que diz a Hora Espirita Radiofônica atuará na
sua “propaganda perniciosa talvez com segundas intenções, qual, por
exemplo, a prática indevida da medicina e o aliciamento de assinantes
para almanaques é revistas”, de tão pueril que é, nem merece um
comentário. Basta que o ilustre sr. dr. Carlos Fernandes abra o seu radio
para escutá-la! Verá, estamos certo, que esta história de segundas
intenções, só assentam bem nas moções- de sociedades médicas contra
o Espiritismo.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
25
OS TRÊS ESPIRITISMOS
O exehisivismo da Ciência. — A função do Espiritismo. — Que
é Beligião. — O Espiritismo é a Religião.
O ilustre médico, dr. Carlos. Fernandes, na sua entrevista ao
Diario da Noite, responde: “O espiritismo — ciência, que fique com os
cientistas, nos laboratories, hospitais, e manicômios. Não se façam
pesquisas pelo radio. O espiritismo — religião não o conheço. Já li muito
e já compulsei grandes tratados de mestres famosos, sôbre religião.
Nenhum cogitou dessa tal religião. Serão tão ignorantes; que
desconheçam esse credo, que se vangloria de ter a mais remota origem,
a mais escanecida antiguidade? Espiritismo-macumba é o caso de
polícia.”
Se o iustre médico opina que o espiritismo-ciência fique com os
cientistas nos laboratórios, hospitais e manicômios, aceita, assim, a
hipótese de existir esta fórma de espiritismo. Neste caso, como homem
de ciência que se diz ser, visto como é assim que pede ao governo para
acabar com o Espiritismo, porque não se aproxima dêle para estudá-lo
cientificamente? Houve, aqui, em nossa terra, um médico, tambem
ilustre como s. s., que nutria, também como s. s., certas antipatías pelo
Espiritismo. Adoece-lhe um filho, para cujos males não encontrou na sua
medicina, que é a mesma de s. s., a cura almejada. Cura que obtivera dos
Espíritos, através da mediúnidade de quem nada sabia de medicina. Foi
isto a porta que se lhe abriu para o Espiritismo, de cujo aspecto científico
se fez baluarte no Brasil. É o dr. Alberto Seabra, cujas obras: O Problema
do Além e do Destino, A Alma e o Subconciente, Estudos Psiquicos e, —
contra o orgulho da sua medicina, que é a mesma do ilustre adversario
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
26
do Espiritismo: — Esculápio na Balança, o ilustre dr. Carlos Fernandes,
que diz ter grande leitura sôbre religiões e a doutrina espirita, devia lêr,
para impugná-las cientificamente. Ao em vez, entretanto, de botar-se ao
estudo científico do Espiritismo, péde ao govêmo providências contra a
sua propaganda, durante uma horinha só por semana, das 18 ás 19, hora
quasi que imprópria, visto como 75% do povo ainda está no seu trabalho,
no mesmo passo em que acha, implicitamente, não déve êle penetrar os
hospícios e os hospitais, para daí retirar doentes e loucos sarados;
penetrar os laboratórios, para aí se firmar ainda mais, cientificamente!
Figuremos que s. s. pleitasse do govêmo a medida que permitisse o
Espiritismo penetrar, á margem de qualquer desafio, manicomios e
hospitais. Se daí o Espiritismo voltasse sem ter enxugado uma só
lágrima, sarado uma só moléstia, lenido uma só dôr... de que mais
careceria s. s. para desmascarar o Espiritismo? Opondo-se s. s. a que o
Espiritismo-ciência seja transmitido ao povo pelo rádio, não será isto
uma flagrante prova de orgulho e exclusivismo de certa ciência que
entende déve ficar somente com os doutores; déve pairar, sempre, acima
da mentalidade do povo, para que o povo continúe, cada vez mais, sujeito
a tal ciência e a tais cientistas? Nem é o rádio o lugar próprio para
pesquisas, mas para irradiar, no máximo, resultados de pesquisas, que
não é a mesma coisa. A HORA ESPIRITA RADIOFÔNICA nas suas
irradiações, pouco se ocupará do espiritismo-ciência, para muito se
preocupar com o espiritismo-evangélico, ou cristão, na conciencia em
que estão seus orientadores de que o povo anda á mingua de Evangelho
para sua reforma espiritual e moral. Mas, de Evangelho explicado em
espirito e verdade. E é esta a função religiosa do Espiritismo, como
aquele Consolador, aquele Espirito de Verdade, de que o Cristo fala em
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
27
várias passagens dos Evangelhos, (João XIV. 16, 17, 26; XV,7, 8, 13,
25).
S. s. desconhece o Espiritismo como religião, por haver
compulsado mestres famosos no assunto, sem encontrar em nenhum, o
Espiritismo nomeado como tal. Mas, não cita um só mestre compulsado.
É possível se trate de mestres em teologias, católicos e protestantes, para
os quais, a religião deve implicar a fé sem o raciocínio, o sobrenatural, o
mistério e o milagre. E os dogmas, coisas que o Espiritismo não justifica,
que a Doutrina Espirita invalida, demonstrando tudo isto só existe pela
infinita ignorancia em que ainda vivem os religiosos de todas as religiões
dogmaticas da Terra! Mas, se religião é “o culto a Deus e aos Santos”,
como a define o dicionário de Morais (e citamos o Morais, porque é um
dos mais conceituados dicionaristas); se “religião é a virtude moral com
que adoramos e reverenciamos a Deus”, conforme a difinição do
dicionarista, Eduardo de Faria, cujo dicionário etmologico é o mais
famoso que se conhece; se religião, é, conforme os seus elementos
morficos, “o ato de ligar fortemente” a criatura ao seu Creador, o
Espiritismo mão é uma religião: é a Religião! É aquela religião de que
disse Camilo Flamarion, ela ficará, quando ás outras todas passarem,
pelo fato de haver harmonizado a Ciência e a Fé. É assim que, enquanto
a ciência materialista entende “a Razão é irreconciliavel com a Fé”;
enquanto na religião católica, “fóra da qual não ha salvação”, São
Thomaz de Aquino escreve, na “Suma Teológica”: “segundo Gregorio,
não tem mérito a fé de onde a razão fornece a prova”; enquanto para
Santo Agostinho, não inspira fé “nenhuma sentença escrita por outros
escritores fóra de sua religião, só porque foi por êles aceita e escrita”;
para o Espiritismo, tudo, venha de onde vier, inspira fé, desde que
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
28
apresente o cunho da verdade e da lógica; a fé só tem mérito se fôr
escudada pela razão; para o Espiritismo, a Ciência e a Religião juntas
nasceram e juntas hão de fazer a sua evolução dentro da Vida.
Assim, repetimos: o Espiritismo não é uma religião: é a Religião!
O fato dos mestres compulsados pelo Dr. Carlos Fernandes não o
inculcarem como tal, que prova isto, sinão a catolicidade com que esses
mestres encararam o problema religioso? Ou a sua antiguidade, de vez
que, embora os Espíritos existam de todos os tempos e venham se
manifestando aos homens em todas as épocas, só ha menos de oitenta
anos foi o Espiritismo codificado! Sinão, a má fé com que se
manifestaram êles, embora mestres noutros assuntos, sôbre o
Espiritismo. Ou ignorancia do sentido religioso que se contem no
Espiritismo, por isso que não o nomearam como religião.
Só numa coisa estamos acorde .com s. s., neste pedacinho de sua
entrevista: “O espiritismo-macumba é caso de polícia”. E é mesmo, visto
como não existe este “espiritismo”. Nas macumbas, o que s. s. póde
registrar são práticas do catolicismo, grosseiramente desvirtuadas. Por
isso que já provaramos, noutros escritos, que a macumba é baixo-
católicismo e não baixo-espiritismo.
A PALAVRA DOS MESTRES
Loncura e obsessão. - Loucura simulada e falência do
diagnostico da psiquiatria, - A Loucura -sob nevo Prisma. - Casos
concretos de cura pelo Espiritismo.
O dr. Carlos Fernandes, afirmando na sua entrevista que o
Espiritismo faz loucos, expõe ao reporter: “Conheço casos autênticos (de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
29
loucura) mas não sou psiquiatra”. E manda consultar psiquiatras
brasileiros e estrangeiros de nomeada, “como Wimmer, Trelles, Janet,
Ciollet, Vígoureaux. Todos asseguram: “o espiritismo é o maior
fornecedor de loucos para o manicomio”. E termina no Xavier de
Oliveira, reportando-se á entrevista deste ilustre psiquiatra, á qual
chegaremos a seu tempo.
O que se tem a fazer, portanto, é acreditar na palavra dos mestres
em outras sabedorias, mas que de espiritismo nada sabem...
O ilustre médico, dr. Fernandes, e os mestres indígenas e
estrangeiros que cita, a afirmar, á distância, o velho chavão de que o
Espiritismo faz loucos,' atualmente empregado por quem de Espiritismo
nem o abc conhece, incidem todos naquele asserto de Paulo aos Corintos,
(primeira epístola, III, 20 e 21) que fala de sábios que se gloriam nos
homens; que podem ser repravados naquilo que ensinam.
Espirita mesmo, de estudo e de conciencia, s. s. e os mestres por
êle citados, talvez não citem um só. Mormente dessa loucura sem que o
cérebro registre uma só lesão, tão comum nos manicomios. E não citam,
porque o Espiritismo é o melhor preventivo contra essa loucura, que é
pura obsessão! Loucura que a soroterapia, a convulsoterapia e a
elecetroterapia da medicina oficial não curam. É que cada espirita sabe,
pela oração e vigilância, se precaver contra ela!
Já provámos, em nosso artigo, Psiquiatria e Espiritismo, que ha
cérebros doentes, mutilados e atrofiados sem loucura. Toda loucura deve
ser, é claro, conseqüência de uma lesão cerebral. “Sem que o cerebro
sofra, não póde haver, para a ciência — diz eminente médico brasileiro,
— o fenômeno psíquico-patológico da loucura”. Esquirol, quem mais e
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
30
melhor, até hoje, procedeu a estudos sérios sobre a loucura, registra,
entretanto, muitos casos, observados por êle, de loucura sem nenhuma
lesão cerebral. E ha mais, ainda, para deixar esta psiquiatria, que se bota,
encarniçada, contra o Espiritismo, em apuros. Ela nem dispõe, ainda, de
força e saber para colher, cientificamente, os sintomas da alienação.
Medeiros e Albuquerque tem uma bela página em que nos conta, sob o
testemunho do dr. Aíranio Peixoto, odisséa de uma criatura sã, que fôra
posta no Hospício, como louca, pelos parentes, e como tal registrada
pelos alienistas daí, a qual se afeiçoara tanto àquele ambiente, de loucos,
que acabou preferindo-o ao dos sãos, de cá de fóra! E sabios psiquiatras,
como Grizinger, Baillanger, Will, Kráft, Charruel, Julio de Matos e
Juliano Moreira atestam que a alienação póde ser simulada, até pelos
próprios alienados!
Aqui vai mais isto, novinho em folha, para que se veja e sinta o
poder científico da psiquiatria a respeito de diagnosticar, com precisão,
sôbre a loucura.
No segundo semestre do ano passado, Allen -Bernard, um. reporte
sensacionalista de New-York, quis colher uma reportagem do que era a
vida dos loucos no Rockland Stale Hospital. Fez passar certa amiga por
sua irmã, a qual contou ao psiquiatra do hospício que seu irmão estava
atacado das faculdades mentais. E o reporter do “Journal and
American”, com o nome alterado para Allen Carlin, em virtude da irmã
pedir a sua internação durante, algum tempo, por êle haver tentado,
alucinadamente, matá-la, se viu posto em observação psiquiátrica.
Alojado, abandonou “o ar compungido de depressão”, e toca a jogar
xadrez com os loucos. “Mas — declara êle posteriormente — quanto
mais natural eu me sentia, mais pertubado me supunham.” Depois de dez
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
31
dias, confessou o seu truque, pedindo sua liberdade. Mas, os psiquiatras
do Rockland Stale, por certo que mais célebres do que os nossos,
exatamente por serem da estranja e terem, naturalmente, nomes arre-
vezados, lhe fizeram vêr que “seu caso era muitíssimo delicado, pois
estava sofrendo de uma demencia precóce.” Ou mais modernamente:
esquizofrenia. E proíbiram-no de falar em liberdade, sob a ameaça de
que, se insistisse, seria internado definitivamente por três mêses no
mínimo. Foi preciso fôsse um neurologista da Park Avernue, amigo da
“irmã” de Adlen Carlin, e garantisse por êle, para que os psiquiatras o
deixassem ír para o hospital, curar-se, agora, de males orgânicos,
apanhados no hospício, em conseqüência da alimentação e do tratamento
péssimos...
Se foi assim nas estranjas!...
O médium-curador ainda o mais simples, o analfabeto, talvez não
seja capas de enganar- se tão lamentavelmente assim: -sabe distinguir,
facilmente, uma obsessão (a loucura dos psiquiatras) de outros estados
de atuação de espíritos, da criatura bôa, normal. Por isso, estamos em
que o sr. dr. Carlos Fernandes e os grandes mestres em psiquiatria que
citou lucrariam muito se compulsassem este livrinho também de um
grande médico brasileiro, porque de mais coração e mais inteligência do
que todos que adversam a Doutrina Espirita, que foi Bezerra de Meneses:
“A LOUCURA SOB NOVO PRISMA”.
S. s. afirma conhecer, embora sem ser psiquiatra, muitos casos de
loucura entre espiritistas. Não será capaz de citar, em pura conciencia
científica, que não á moda estatística dos Xavier de Oliveira, um só caso,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
32
desde que não se trate de loucura sifilítica, reumatismal ou de outras
provocações orgânicas. Loucos sem lesões cerebrais? Nenhum!
Entretanto, talvez não lhe seja difícil encontrar por aí muitos
catolicopatas, psiquiatricopatas, medicopatas!...
Queremos citar, ligeiramente, apenas, dois “casos de loucura” dos
muitos que fazem o Espiritismo, e dos últimos, para os quais
concorremos, por graça de Deus.
Ana das Dores Paula Seixas reside aqui perto, em Austin. É espôsa
do sr. Antonio Nunes Seixas, honrado e laborioso agricultor. Enloqueceu
a senhora. Porque dispõe de recursos, andou por várias casas de saúde
internada e ás mãos de vários especialistas, sem nenhum resultado. Cada
vez peor, As ultimas por que passara, “foram as do dr. Henrique Roxo.
Aparece-nos, uma noite, no centro “Fé, Esperança e Caridade”, que
presidimos. Entregámos seu caso aos nossos amigos do Espaço, os
Espíritos. A partir daquele dia, até o presente, d. Ana foi recuperando a
razão. Está completamente curada.
O sr. Norberto Antonio de Faria é de Presidente Soares. Demente,
deu de escrever-nos cartas hieroglíficas; de enviar-nos garatujas
indecentissimas; de mandar-nos dinheiro, a dizer “só queria o Céu para
êle e sua família”. Chegou a enviar-nos 800$000. Descoberto seu
endereço, entrámos a trabalhar por sua melhora, enquanto restituiamos o
dinheiro a seu pai, sr. Lucindo Antonio de Faria. A causa de sua loucura,
— o espírito obsessor, — garantiu-nos, a 1º de maio do corrente 1939,
que o abandonaria definitivamente, a partir daquela data. Recebemos de
seu pai, com data de 11 de Maio último, uma carta de que transcrevemos
a seguinte afirmativa: “Em meu poder sua carta de 22 de março, com o
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
33
cheque dos 800$000, que meu filho lhe enviou.” E mais esta!... “meu
filho Norberto, desde o dia 3 de maio que se encontra completamente
bom. Peço a Deus que o recompense de tudo que meu filho tem recebido
por seu intermedio” Devolvemos o dinheiro que o doente nos enviou, a
supor fossemos curandeiro profissional ou médico e, por misericórdia de
Deus, que é só Quem cura, tambem lhe foi devolvida a razão. E somos
nós, espiritistas, os loucos a fazer loucos! E queremos sustentar uma hora
espirita com segundas intenções pecuniárias!
O espiritista, como aí se vê, contribuiu para a cura da loucura,
devolvendo o dinheiro que, ingenuamente, lhe foi mandado! Muitos
médicos, além de não curarem, ou de matarem da cura, ainda se fazem
pagar muito bem pago!
E é para nós que se péde a polícia e outros meios violentas de
repressão!
E AS CURAS ESPIRITAS? NEGO-AS!
Negativas graciosas. - O valor da reclame em casos de caras. -
Exercício ilegal da medicina praticado livremente. - O dom de curar.
- Ouras a preces. - Medicina e curanderismo. - O comércio na arte
de curar. - Atestados de curas espiritas. - Uma anedota ilustrativa.
O ilustre médico, dr. Carlos Fernandes, nega, peremptoriamente,
as curas que o Espiritismo realiza. Dí-lo na sua primeira entrevista a
Diário da Noite.
Respondendo ao reporter, quando lhe este disse que Frederico
Figner afirmara ter realizado inúmeras curas, s. s. argumenta: “Êle o diz
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
34
e cita casos e devassa nomes. Bela reclame! Ética de primeirissima! O
que se apura daí é a confissão pública do exercício ilegal da medicina.
Depressa veio a prova do que previa a moção.”
No caso em analise, ética e reclame de primeirissima seriam, se o
Figner o dissesse para atrair clientes que lhe enchessem, como aos
senhores médicos, as algibeiras de dinheiro! Nem, tampouco, o declara
o presado confrade pelo interesse da reclame tão comum em médicos
que, além de se fazerem pagar muito bem pago por seus serviços
profissionais, ainda gostam vão os clientes para a imprensa, dizer de seu
reconhecimento e das qualidades científicas do médico. O Figner, como
todos os espiritistas, agiu apenas dentro deste asserto do Cristo: “quem
me negar perante o mundo, eu o negarei perante meu Pai, que está no
Céu”. Além do mais, não falou sem oportunidade; fôra procurado pelo
reporter. Onde, pois, a reclame e a ética de primeirissima?
O que, porém, interessa ao ilustre médico é o caso do exercício
ilegal da medicina. Não se lhe fale em que possa alguem, que não
disponha de uma bela esmeralda no dêdo e de um canudo de médico na
gavêta, realizar curas! Isto, só para os que, como o ilustre médico, sejam
tocados da infalibilidade científica para curar, que seis anos de estudos
médicos, nem sempre regulares, conferem! Mas, se é frase feita que “de
médico e louco todos nós temos um pouco”, por isso mesmo que
ninguém ha que não saiba aconselhar tal ou qual remedio para tal ou qual
doença, e até diagnosticar, o Brasil e o mundo devem estar cheios de
criminosos deste crime! Sáia, pois, s. s. a acusar todo mundo de exercer
ilegalmente a medicina. Comece por incriminar a imprensa e o rádio que
aconselham remedios para todos os males. E os anúncios que vêmos por
toda parte, a dizer-nos: — “sofre disto e daquilo? Tome aquilo ou isto.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
35
Ordinariamente, remedios alopatas que, embora sirvam para muitos
males, acabam, muitas vezes, agravando o mal, ou provocando males a
outros orgãos sãos, quando não matam da cura. Agora mesmo, estamos
vendo nos jornais o caso de certas pilulas que, servindo pará vitalizar
organismos, acabaram desvitalizando de tal modo o de uma criança, que
a levou quasi pata a cova! Eis aqui um direito que o ilustre médico,
arvorado a inimigo n. 1 da terapêutica espiritista, entende só deve ficar
com os médicos e com suas drogas complicadas. Além do mais, os
espiritistas de verdade, que são os veículos dos Espíritos para curas, não
se: alugam a farmacias, para receitarem somente suas drogas transmitem,
como o Figner, o fluido curador através de passes e de preces, sinão a
agua fluida, coisas estas que, se não curarem, tambem não matam....
Ha, é certo, leis humanas que proíbem possa curar quem não seja
médico. Ha, porém, leis maiores e mais sérias, porque divinas, que nos
autorizam estas manifestações de amor ao próximo. E entre desrespeitar
as leis humanas para levar, sem nenhum pagamento, a cura ao sofredor,
num cumprimento da lei divina, nenhum espiritista com faculdades
curativas vacilará na escolha! Continuará curando, porque tambem foi
diplomado “noutra academia” que s. s. desconhece, cujo diretor e
mestre o enviou, como ovelha entre lobos, a dizer-lhe: “curai os
enfermos, etc. (Mat. X-8); e “porão as mãos sôbre os enfermos e os
curarão.” (Mar, XVI-18). É o que faz o Figner e os espiritistas de
verdade, porque esse poder receberam de Jesus. Contra êles, e o poder
de curar, que Deus confere a pessôas de bôa vontade, nada poderão
academias da Terra, nem seus médicos!
Não foi mais feliz s. s. na segunda resposta que deu ao repórter,
por dizer-lhe esté o Figner nada recebia por suas curas. “Para muita
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
36
gente, a moéda não é a melhor paga. Ha vaidade, glória, exibionismo,
etc. Quanta, gente dá fortuna por um ridículo título de comendador ou
barão!”
S. s. conhece pouco os espiritistas; Julga-os, naturalmente, por
pessôas de seu conhecimento, de sua intimidade. E dado, mesmo, que
houvesse da parte dos espiritistas dispensa de paga pôr amor á glórias, a
exibicíonismos, a vaidades, seria bem menos do que o que se passa com
os médicos que nos adversam, porque fazem questão de tudo isto e mais
dá moeda, que lhes é, ainda, a melhor paga. E, com a paga na algibeira,
o nome e a fotografia nos jornais, a vaidade de grandes clínicos sempre
satisfeita, se não aspiram comendas e baronatos, que já não os ha, mercê
de Deus, por cá, quebram lanças para ingressarem em tais ou quais
sociedades médicas, literarias, científicas...
Na hipótese absurda de os médiuns se deixarem levar, nas suas
curas, por vaidades, exibicionismo e gloriolas; mesmo assim, os doentes
lucrariam duplamente: por se curarem de verdade, e por não pagarem um
real, fato que raramente acontece com a medicina materialista.
Como se vê, é perigoso atirar pedra no telhado alheio, quem o seu
tem, de vidro!
Negando, peremptoriamente, as curas espiritistas, diz s. s.: “Aliás,
aí está o hospício ás ordens. Porque não vão curar lá?”
Sua negativa, para o caso em analise, vale menos de que a do
habitante polar, que negasse não existe o Sól por nunca tê-lo visto a
brilhar. Vale menos, porque se s. s. tivesse olhos de vêr, não daria tão
triste prova de leviandade ou má fé...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
37
S. s. que é católico, não póde negar o Cristo, que curou e mandou
curar a préces e passes. Nem, tampouco, os apostolos, que assim curaram
tambem, exatamente, como os espiritistas. Médicos de mais alta
nomeada do que s. s., aí estão a afirmar a realidade de curas por meio de
préces e passes. Sem querermos transcrever, agora, o Alexis Carrel, foi
bem o que vimos no forte depoimento do dr. Pinto de Carvalho, em A
Tarde, da Baía, a respeito da campanha agitada pelos médicos de cá...
Chega o grande neurólogo baiano a isto: “É singular, mas é verdade que
a psicoterapía está mais frequentemente entre as mãos dos não-médicos
do que dos profissionais da medicina. E citando Bleuler, “que não é
nenhum lega-lhê, transcrevo, incisivamente: “Aconselho a colaboração
do médico e do curandeiro e, pelo que vi, não tive motivo para
arrepender-me” Ai está! Mas, o dr. Carlos Fernandes, que ainda não viu
nada, e insiste em não querer vêr, diz, levianamente, o contrário...
Se a psicoterapía não estiver, mais, com os não-médicos, segundo
o asserto do dr. Pinto de Carvalho, podemos afirmar que com os
psiquiatras materialistas e católicos é que não está, exatamente por
negarem aqueles a alma e estes, a sua manifestação com os vivos. Se não
estiver com os não-médicos, deve estar com o próprio doente. Dí-lo,
aliás, uma celebridade de cá, da terra, o dr. Austregesilo, no seu “As
Forças Curativas do Espírito”, no prefacio: “Estas forças estão dentro de
nós. Os clientes vão pedi-las aos clínicos e mal sabem que todas se
acham latentes no intimo dêles mesmos.” Aí está! Ora, se clãs se
encontram, em latencia, no íntimo dos doentes, claro que os homens de
fé e de moral, sejam ou não médicos, podem acioná-las melhor do que
os incréus, argentarios, imorais, que só visam no doente uma fonte de
renda. É o que, agora mesmo, para documentação oportunissima,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
38
estamos lendo em o “Boletim do Sindicato Médico Brasileiro”, n. 123,
de março de 1939, pag. 2646. O apêlo de um médico a seus colégas para
estes serem mais exigentes na remuneração de seu trabalho, que termina
assim: — “Quem trabalha de graça e religioso.” E espiritistas com o dom
do ourar — dizemos nós, — Por isso quo sé pede para êles a polícia e a
proibição de fazerem, de graça, o bem!...
O ilustre dr. Carlos Fernandes, franqueando o hospício aos
espiritas, incide mais em dupla leviandade. Estamos em quo, mesmo se
isto fosse possível, os espiritistas aí seriam recebidos... se fossem para
serem metidos, como loucos, em infectos cubículos. Ha mais: aquele
ambiente, pelos fluídos pesadíssimos que nele existem, dada a falta de
fé o de caridade dos que nele são so mestres, e as falanges de espíritos
atrazadissimos que andam transmitindo a loucura a 90% de seus
asilados, deve ser o lugar menos apropriado á delicadeza de tais curas.
Mas, á distância, quantos espiritistas por aí vão contribuindo para a saída
de loucos dali, com a razão recuperada! Loucos para ali ou para outros
ambientes, arrastados por outra qualquer doutrina, ou religião, que não
pelo Espiritismo! Provas? Devem valer pouco as nossas. As de católicos,
como se diz s. s., certamente, valerão• mais, pois não?
Lustre médico e dentista, além de acadêmico de direito, residente
em Campinas, espiritista dos mais cultos e dos mais cristãos, dr. Souza
Ribeiro, envia-nos, agora, farta documentação, que pôs na Tribuna
Popular daquela cidade paulista, pulverizando leviandades por lá, como
por cá, atiradas contra o Espiritismo. De sua farta documentação,
retiramos, apenas, por agora, estes dois testemunhos, para não
alongarmos demais este artigo:
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
39
“Declaro para os devidos fins e, em testemunho da verdade, que:
fui sacristão e até cantor, da Igreja na paroquia de Nova America,
Município de Itápolis; e como católico, ultimamente, tornei-me passivo
da mais cruel possessão (loucura), tomando-me espirita por gratidão de
minha cura radical e pelo motivo de ter tido verificações diretas;
insofismáveis, da veracidade de todos os princípios ensinados por essa
Doutrina Consoladora: — O Espiritismo .
Campinas, 14 de Junho de 1939.
Luiz Mallei Cyrino
Reconheço a firma supra e dou fé. Campinas, 14 de junho de 1939.
Em test. NFA da verdade, Nilo Ferraz de Abreu, 3º Tabelião. Ubaldino
Luiz Beltram, subst. Acrisio Zuardi e Joaquim dos Santos Barbosa, esc.
autos.
“Certifico para qualquer fim, que já pertenci á Congregação do
Sagrado Coração de Jesus, em Indaiatuba e que me tomei espirita
convicta por ter tido uma irmã doente, desenganada belos médicos, que
foi curada completamente com passes de um espirita. Procurei dentro do
próprio evangelho as verdades neles contidas e vi as comunicações
espiritas para que, antes, dentro da congregação, me fechavam aos olhos.
Luiza Sampaio Souza.”
Campinas, 13-6-1939.
Reconheço a firma supra. Dou fé. Campinas, 13 de Junho de 1939.
Em test. ULB da verdade. Ubaldino Luiz Beltram. Nilo Ferras de Abreu,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
40
3º Tabelião. Ubaldino Luiz Beltram e Joaquim dos Santos Barbosa, esc.
autos.
Conta-se que, durante a mortandade da gripe, chamada espanhola,
de 1920, uma feita, fôra, entre muitos cadaveres amontoados em
caminhões, a serem enterrados, um enfermo, que o médico havia dado
por morto. Ao ser, como os cadaveres, atirado á vala comum, o pseudo-
cadaver abriu os olhos e protestou:
Mas, eu não estou morto!
Vá esperando que não está! — disse o coveiro. — Você quer saber
mais do que seu doutor, que mandou você para cá?!
O nego-as! do ilustre dr. Carlos Fernandes a respeito das curas do
Espiritismo, só poderia ter valor — visto como se trata da afirmativa de
um sr. doutor! — se a mentalidade de seus leitores fosse, toda ela,
exatamente igual á daquele coveiro!
OS DEFENSORES DO ESPIRITISMO
Ignorancia e grosseria sem nome. Novas moléstias á espera de
cura. - Contradições entre os atacantes do Espiritismo. Quem póde
o menos, póde o mais. - Armas perigosissimas. - “Descalabros” do
Espiritismo.
O sr. dr. Carlos Fernandes responde ao reporter, que lhe diz ha
milhares de defensores do Espiritismo: “Sim, como tambem ha milhões
de defensores para a embriaguez, para a cocaína, para o amor livre e para
a prostituição.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
41
Contra ignorancia é grossaría tamanhas de s. s.; só uma refutação
encontramos. E esta, nos Evangelhos: “Perdoai-lhe, Pai, que êle não sabe
o que diz e o que escreve!”
S. s., aqui, nem julga o Espiritismo pelas aparências! Julga-a por
sua ignorancia, por seu ódio, por sua má fé. Enquadra-se, pois,
admiravelmente, nisto, do Kardec: “Em lógica elementar, para discutir-
se uma coisa, preciso se faz conhecê-la, porquanto a opinião de um
crítico só tem valor, quando êle falá com perfeito conhecimento de
causa”.
Nós concordámos com s. s., que “a grande, emoção é tanto mais
perigosa, quanto mais ignorante é a assistência” daquilo que a provoca.
Isto, porém, não se verifica no Espiritismo, onde tudo é claro. Por isso
mesmo que o mais simples dos espiritistas e ignorantes em outras
sabedorías da Terra, sabe dizer melhor porque é espiritista; sabe falar
melhor de sua doutrina e com mais sabedoria, do que, naturalmente, s. s.
de seu catolicismo, e talvez de sua psiquiatria; do que s. s. contra o
Espiritismo. E é, cremos, a emoção tão forte com que si s. se manifesta
contra o que: desconhece, v que o faz doente de uma nova doença:
medico-patía-espiritistófoba ou psiquiatricopatía, que é o furor,
obsidiante do médiço e do psiquiatra contra o Espiritismo, que
desconhecem absolutamente...
Acha s. s. que “as grandes emoções, o hipnotismo, a sugestão
curam; mas são armás perigosissimas, que só podem ser manejadas por
grandes conhecedores e estes só serão os psiquiatras e neurologistas...”
Como armas perigosissimas é a crítica de público, para o incapaz,
como s. s., de exercê-la sobre o que ignora. Não sabemos sé s. s. ê sábio
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
42
em alguma coisa. Sabemo-lo que em espiritismo é zéro. E todos nós só
devemos expender “juizo sobre aquilo que sabemos e quanto sabemos”.
Arma perigosa é, tambem, a medicina nas mãos de médicos incapazes,
que os ha e em grande quantidade, dizem-no colégas seus... “O quadro
da vida real revela o progresso clínico-financeiro de médicos
imprestáveis pela conduta moral, de péssimos colégas pela deslealdade
e ambição desmedida, como nulidades autenticas no ambito científico da
profissão, mas que tudo conseguem pela sabujice de carater, etc.” Lêmos
isto, no “Boletim do Sindicato Médico Brasileiro”, do mês de Janeiro do
corrente, á pag. 2587, assinado pelo dr. Moacir Mendes Corrêa. Que
perigo, a medicina acionada por tais médicos! Perigo, é bem de vêr, para
os clientes e para alguns colégas!
Psiquiatras e neurológos materialistas achamos que são os menos
capazes para manobrarem tudo aquilo que póde ser perigoso em mãos
inhabeis. E achamo-lo por sermos espiritista experimentado. E achamo-
lo, escorado em médicos experimentadores, como o Carrel, o Pinfo de
Carvalho, o Ariobaldo Lelis, o Ignacio Ferreira, o Souza Pdbeiro, para
quem - a psiquiatría como ai a vêmos é cientificamente, quasi nada ou
coisa nenhuma...
Depois da tirada acima, insossa e inoqua, sentencia o médico
ilustre: “Daí, o descalabro do espiritismo!”
Valha-nos Deus! Que tem o Espiritismo, que exige de todos o livre
exame de tudo para a aceitação somente do que fôr bom, com essa
história de emoções fortes, sugestões e hipnotismos? De valor
relativissimo para a Doutrina Espirita, estas coisas podem valer muito
para certas panacéas cientificas, que por aí vão rotuladas de alta ciência,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
43
só por assentarem em supostos fundamentos materiais, como a
psiquiatria e a psicanálise...
Prossegue s. s.: “Cura, de fato (o Espiritismo!!!) um doente, mas
inutiliza ou desgraça para sempre, centenas e milhares!”
Pois que? S.s. já reconhece que o Espiritismo cura, de fato, um
doente? É já alguma coisa - viva! - dos lábios de quem, na mesma
entrevista, linhas atraz, prespega, a respeito das curas espiritas, um -
Nego-as! - solene, forte, dontoral! Não haverá, aqui, nenhuma
contradiçãozinha? E se cura um, porque não póde curar dez, cem, mil,
um milhão, de vez que é possível possa o mais quem póde o menos?
Valha-nos, aqui, a filosofia santa dos Evangelhos: “Deus apanha os
sábios na sua própria astúcia!”
Esta coisa de curar um e desgraçar centenas de milhares, não - é
obra do Espiritismo, que assenta em bases cristãs e cientificas definidas,
mas de certas, ciências sem nenhuma base de espécie alguma, porque
assentes em hipóteses e teorias empíricas dos homens, como a
psicanálise, a psiquiatria! Elas, sim: dado consigam curar, por acaso, um
doente, desgraçam milhares de milhões!...
Engana-se, ainda, s. s., a afirmar que a terapêutica espiritista “sem
o conhecimento da medicina, Jeyá, a rotular, de psicose ou influencias
más o que é sífilis nervosa, etc.” Aqui, como ali, é coisa, ainda, dos
médicos psiquiatras e psicanalistas, ou da medicina sem nenhuma
psicanálise ou psiquiatria. Os Espíritos - pois são êles que curam pelos
médiuns - não se enganam. Como os médicos da Terra, tão facilmente
assim. Suas vistas e sabedoria vão mais longe, de vez que nosso para eles
é como se fosse de vidro, deixa que vejam bem melhor do que pelos raios
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
44
de Roentgen, os órgãos todos. Assim, descoberto que o mal é
proveniente da sífilis, como tal será tratado no mesmo passo em que não
manda aplicar a insulina, o bismuto, a valeriana, o mercúrio a males da
alma... E tem, ainda, o cuidadinho de enviar os doentes aos médicos da
Terra, para garantir o atestado de óbito, quando vêm que o mal é sem
remédio...
S.s. é médico ha 28 anos e o que tem visto dos descalabros trazidos
pelo espiritismo, o apavora. Mas não será capaz de, apavorado, citar um
só descalabro dos muitos que tem, durante os seus 28 anos de médico,
visto o Espiritismo produzir! Queremos um só! Como se vê: é exigir
muito pouco! Ao menos que se dê, para os doentes da medicopatía-
espiritis-tófoba, a denominação de descalabros á creação de hospitais,
ásílos, escolas, orfanatos, créches e ancianatos por toda parte; a curas
que se repetem aos milhares, de toda sorte, e por aí afora, sem que os
instrumentos delas recebam um real; ao estudo dos evangelhos, em
espirito e. verdade, no só proposito da melhoria própria, para melhorar
os similhantes. Em suma: a bondade e a cultura!
E termina S. s. dizendo, por eufemismo, que não e por interessar-
lhe, pessoalmente, que está tratando do caso, mas incautos que, por
curiosidade ouçam a “hora espírita”.
E teria s. s., porventura, satisfeito a curiosidadezinha de ouví-la?
Não? Pois se a tivesse ouvido, estamos certo em que, com todos que, por
lerem s. s. e pelo sabor do fruto proibido, procuraram ouví-la, s. s.
também passaria a não perder mais uma só irradiação!...
Prometemos, no segundo artigo desta série, demonstraríamos a
figura triste que os doutores das entrevistas nos jornais e moção ao
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
45
governo contra o Espiritismo estão fazendo. Já começamos a cumprir a
promessa, pelo próprio iniciador das duas coisas. E prometemos,
também, demonstrar que s. s., o dr. Carlos Fernandes, não sabe o que
seja alucinação e sugestão, pelo simples fato dos creadores dos têrmos
tambem não o saberem.
É o que demonstraremos no próximo artigo, para, depois,
analisarmos as moções enviadas aos dd. brasileiros, srs. Presidente da
República e Ministro da Justiça.
SUGESTÃO E PSICOTERAPÍA
Que é, afinal, a sugestão? - Combater com as armas do
inimigo. - Médicos contra a medicina. - Tolstoi e a medicina. -
Psicoterapias materialista e espiritualista. - Uma anedota a
proposito.
A sugestão, aplicada, como vemos por aí, para explicar fenômenos
e curas espiritas, pertence á família dos velhos chavões que, parecendo
dizer tudo, nada, entretanto, dizem. E não diz nada, porque, como tudo
de que se vale a psiquiatria e a psicoterapía materialistas, para realizar
aquilo que negam á Ciência Espirita, não tem, ainda, carater definitivo,
visto como os próprios sábios materialistas não estão, ainda, acordes no
que ela é, no que póde ser. É assim que vêmos os grandes mestres que
dela trataram, a partir de James Braid, que lhe inventou o nome,
diseordando-se entre si, através de definições empíricas, que não
resistem á nenhuma analise séria. Para Braid, a sugestão é “o excesso da
atenção fixada num ponto qualquer”. Grasset vê-a vindo de fóra. Por isto
que diz: “o eu do indivíduo não intervem absolutamente”, é dominado
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
46
pelo sugestionador. É o mesmo que o hipnotismo. Bernheim define-a
como “o ato pelo qual uma idéia é introduzida no cérebro e aceita por
êle.” Assim, vêmo-la em Braid feita o produto da propria vontade; em
Grasset, a resultante da vontade alheia; para Bernheim, ela comparticipa
da vontade do sugestionador e do sugestionavel. E os três sábios
consumiram muitas atividades na aplicação e curas por sugestão! Isto só
bastaria, pois não ? Ha mais, porém. Pagniez e Camus querem a sugestão
como “o ato pelo qual uma; idéia bóa ou má é introduzida no cerebro da
pessôa sem o seu controle.” Outra variante. Para Babinski, agora muito
citado nos estudos da histeria, outra coisa; que a medicina desconhece;
“a sugestão váge; sempre; como coisa maléfica para os preparos dos
sintomas da histeria”. Aqui, é ela uma doença, ou elemento preparador
de doenças. Ochorowicz, um dos maiores apaixonados de seus estudos,
escreve um volume de 600 páginas, A SUGESTÃO MENTAL; para
confessar sua conversão a ela é; árrazar as teorias; espiritistas. Mas,
conclue, sem saber o que ela é; sem definí-la. Sabe apenas, o sábio de
Lembêrg que a sugestão existe sem que se saiba o que é ela. Assim como
a eletricidade. O sábio alemão compreendeu mais tarde o que era ela,
assim que se converteu á Ciência Espirita. A sugestão não existe para
Mabru, laureado da “Academia de Ciências de Paris”. “Não; só não
“existe, como não póde existir”, afirma o laureado doutor parisiense. E
aqui, o sábio francês inflinge esta assertiva de Flamarion: “Não pertence
a quem quer que seja, nem ao maior genio do mundo, traçar limites ao
possível, porque o possível é infinito como o espaço e o tempo.” Para o
dr. Austregesilo “não é fácil definir a sugestão; conhecemos, porém; os
seus efeitos.” E, depois de dizê-lo, entra a definí-la. assim: “A sugestão
é a crença sem analise, a submissão do consciente ao inconsciente,
(outros chavões irmãos Siameses da sugestão!) a fôrça desmembradora
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
47
do eu superior e do inconsciente por ação de uma idéia extranha ao
indivíduo ou originada dele..!” É assim o cientificismo anti-espiritual,
materialista: sabe que procura definí-lo... embora a definição fuja á
compreensão... até do próprio definidor...
Poderíamos ir mais longe. Basta, porém, para que se compreenda
mestres em psiquiatria, que andaram manobrando, á vontade, com a
sugestão, são discordes no seu conhecimento, não sabem o que seja ela!
Não ha de ser, portanto, quem confessa de público não ser psiquiatra,
que saiba o que ela é! E para esta, demonstração, agimos como o dr.
Fernandes: êle repetindo o velho chavão ouvido a outros contra o
Espiritismo; nós, copiando o que os mestres andaram a dizer da
sugestão...
E como a sugestão, a psiquiatria, que erra inicialmente em admitir
drogas de laboratórios e farmácias para os males da alma impossíveis de
curados a injeções e poções de farmácias. Drogas estas que, raramente,
curam males materiais, quanto mais doenças psíquicas. Por isso que o
grande Bichat disse da terapêutica: “é uma ciência que não convém a um
espírito metodico.” E mais incisivamente: “a materia médica é um
conglomerado de idéias errôneas.” E Mason Gnnri: “a medicina é
algaravia barbara, cujo efeito dos medicamentos é incerto no mais alto
grau. Medicamentos que destruiram mais vidas do que a fome, a peste,
e a guerra, combinados.” Destruição cômoda, aliás, porque á sombra da
lei, que assegura aos srs. médicos a irresponsabilidade. Essa mesma
irresponsabilidade que muitos censuram nos pobrezinhos dos
espiritistas, que só aplicam, sem remuneração nenhuma, passes, água
fluída, préces, homeopatia. Dizemos sem remuneração nenhuma, visto
como, em nome do Espiritismo de verdade, é dever de todos dar de graça
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
48
o que de graça receber. E foi de graça que o médium recebeu o fluído
curador, a facilidade de curâr. Do médium não se póde, pois, dizer o que
Tolstoi disse dos médicos: “que a troco de dois vinténs, receitam
remédios que o farmacêutico avia”. Tanto é verdadeira a assertiva do
grande escritor russo que duvidamos vá alguem a um médico, dos que
dão consultas em farmácias, que não volte com um vidro de xarope e
uma caixa de capsulas.
Os processos psieoterápicos são, porventura, os mesmos para os
srs. psiquiatras? A psicoterapía para Grasset consiste “no tratamento da
moléstia pelos meios psíquicos”, que são, para o sábio ateu, a emoção e
sugestão, a distração e educação, a fé e o conselho. Ainda bem que se
reserva, aqui, um lugarzinho para a fé! Kretschmer assenta-a “nos
métodos de sugestão que ajam dirétamente sôbre os mecanismos
psíquicos profundos e os da vida psíquica superior e consciente.” Para
Janet, a psicoterapía “é um conjunto de processos terapêuticos de toda
espécie, tanto físico como morais.” Logo, porque não admitir a préce e
os passes, como um desses processos de toda especie? Por que? S. s., o
sr. dr. Carlos Fernandes não quer. “A psicoterapía, - diz eminente
psiquiatra, - exige mais intuição do que erudição.” Logo, não é uma
questão de saber, mas de sentir, passivel, portanto, de quem tem coração
e moral, que não um simples diploma de médico. Pará o sr. Maurício de
Medeiros é a psicoterapía assente” dos métodos de curar em que se apela
para a ação mental. “Para o sr. Austregesilo, bem como para outros
grandes vultos da medicina, é a psicoanalise o melhor processo
psicoterapico! Mas, a psicoanalise é, para ilustre escritor francês, “a
escolastica da pornografia. E Geovani Papini, que privou com o Freud,
acha o ilustre creador da psicoanalise “um artista transviado da ciência”.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
49
Um excelente prestidigitador de imagens - dizemos nós - a enganar, com
uma panacéa científica, a muitos cientistas de aparência. Bernheim, com
maior senso psicológico do que médico, achava que na psicoterapía, “as
práticas nada são, que a fé é tudo; que a. imaginação humana faz
milagres.” Ainda aqui, perfeitamente aplicável dentro do Espiritismo...
Como se vê, nada de espírito como o entendemos. Nem que se
trate de assertivas como esta, do sr. Austregesilo! “O espírito infue sobre
o corpo e este sôbre aquele em verdadeiro círculo vicioso patológico.”
Espírito, moral, emoção, sugestão, tudo aqui se entende feito pura função
do sistema nervoso...
Ha, porém, uma corrente de médicos sensatíssimos, que aplicam,
embora contrariando o sr. Carlos Fernandes, mas beneficiando seus
doentes, processos terapêuticos mais eficazes. Chamam-se êles: Pinto de
Carvalho, que, sem ser espiritista, ainda não se arrependeu de enviar
doentes, cheios de fé, a médiuns curadores; Alèxis Carrel; que á pag. 175
de seu O Homem, esse Desconhecido, apresenta grande documentação
das curas que observou por meio somente de préces; é Souza Ribeiro, de
Campinas, com a concepção, de sua fluoterapia; é Ignácio Ferreira, do
“Sanatório Espirita de Uberaba”, em cujas funções médicas registrou a
dolorosa falência da psicoterapía materialista; é Bezerra de Menezes,
vendo “A Loucura por um Novo Prisma”, visto como não é verdadeiro
o prisma por que a vê a psicoterapía sem o espirito; é o dr. Oscar Parkes,
de Los Angeles, que se dispôs a tratar, com ótimos resultados, a loucura
como obsessão; são os drs. E. Webster, W. Jamoes, James Hyslop, F. E.
William e tantos outros, médicos norte-americanos.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
50
Sabemos que a tudo isto, s. s., o dr. Carlos Fernandes, responderá
com um inexpressivo e inoquo - nego-os! Sua negativa, porém, só nos
póde lembrar a história do matuto que, teimoso a mais não poder,
apontou ao filho, com quem viajava uma noite, sob o luar, uma grande
mancha branca, á distância, dizendo:
- Lá está um lago, rapaz!
- Aquilo, meu pai, é areia, conheço-o bem, porque há poucos dias
passei por lá.
- É agua, estou lhe dizendo, rapaz.
- É areia, meu pai.
- Não teime comigo, que sei o que estou dizendo. É agua. Para lá
vamos. Verás.
E para lá se foram. E lá chegaram. O moço, enchendo as mãos de
areia, mostrou ao pai:
- Eu não disse, meu pai, que era areia?
- É agua.
- É areia, veja.
E despejou, irreverentemente, a areia cabeça abaixo do velho, que,
irritado, e a limpar- se, protestava:
- Desaforado, que me estás a molhar com esta agua fria.
A teimosia desarticulada do dr. Carlos Fernandes nos lembrou a
teimosia do matuto...
A MOÇÃO AO PRESIDENTE
Uma falta de psicologia. - Â Ciência só é responsável pelo que
é científico. - Espiritismo não é profissão. - Os considerandos da
moção sob análises. - Curar pelo Espiritismo não é da atribuição de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
51
médicos. - Conceitos jurídicos sobre o Espiritismo. - Curandeirismo
e curas espiritas. - Estelionatos religiosos.
A moção contra o Espiritismo, enviada aos exmos srs. Presidente
da República e Ministro da Justiça, pela “Sociedade de Medicina e
Cirurgia”, avançou mais do que a enviada ao sr. Ministro da Educação.
Avançou mais por pedir, a par da interrupção da “Hora Espirita
Radiofônica”, o golpe de morte decisivo, contra a terapêutica espiritista
e, até, contra o Espiritismo.
Seu principal autor, o dr. Carlos Fernandes, não quis esperar a
resposta do ilustre Ministro da Educação á primeira moção, que seria, no
caso, o impedimento da inauguração da “Hora Espirita Radiofônica”.
Dirigiu-se, agora, ao Ministro da Justiça e ao Chefe Supremo do País.
Fôsse mais psicólogo, e veria que, se a primeira moção não conseguiu
vêr, facilmente, satisfeito o seu desejo para o menos, não será para o mais
que a segunda conseguirá.
Já não estamos, felizmente, na época do “ou a morte ou a missa”!
Sua excia., o ilustre Presidente da República, como espírito
altamente equilibrado que é, promete, em telegrama, irá estudar o
assunto. O gesto de s. excia., posto no telegrama sensatíssimo, deveria
ter sido o de quantos subscreveram a moção, antes de fazê-lo: estudar a
questão; que, no caso, seria estudar o Espiritismo e ouvir a “Hora Espirita
Radiofônica”. Condenar o que não se conhece, ou se conhece mal,
porque pelas aparências, não é, em bôa ética, de espíritos sensatos,
quanto mais de cientistas.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
52
Estamos certo que, estudando o assunto e ouvindo a irradiação,
para qual se péde, em nome da lei e a benefício da saúde do povo, a
proibição, s. excia., o dd. Presidente da República, acabará integrando-
se naquele asserto de Cromwell Varley, publicista inglês: “Não conheço
homem de senso que, tendo estudado o Espiritismo, não se tenha rendido
á sua: evidencia.”
Vamos, porém, ao conhecimento e á análise das razões postas na
segunda moção.
S. s., o dr. Carlos Fernandes, antes de fundamentá-la, começa
“declarando que, por um princípio de educação, jamais encaminharia a
questão de fórma a ferir qualquer de seus colégas, cuja fé ou crença
sincera deve ser respeitada, mas que, nem por isso, se furtaria de
defender a ciência!”
Bela ressalva; não ha dúvida! S. s., entretanto, através de suas
entrevistas aos jornais, não se tem adstrito àqueles princípios para com
seus colégas. Nem, tampouco, respeitado a crença espirita naqueles que
a nutrem. Muito menos agiu na defesa da ciência, mas daquilo que se lhe
afigura ciência, que não é a mesma coisa. Assim não fosse, s. s.
procuraria, antes, conhecer, experimentalmente, o que de ciência ha “no
Espiritismo, ou se o Espiritismo ensina o impossível; esse impossível
que, na expressão de um sábio de verdade, “é termo que deve ser riscado
dos dicionários.” E na desconfiança de que o Espiritismo contraria a
Ciência, s. s. deveria, por isso mesmo, estudá-lo, dentro daquele preceito
de Charles Richet, que nos aconselha o estudo daquilo que parece
contrariar o que sabemos em ciência, concluindo: “Sei demasiadamente
bem, por minha propria experiência, quanto é difícil crêr naquilo que se
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
53
viu, quando o que foi visto hão está de acôrdo com as idéias gerais,
vulgares, que formam o fundo de nossos conhecimentos.”
Este é o caso da Ciência Espirita para os médicos que a
desconhecem!
O primeiro considerando demonstra que a nossa legislação só
permite o exercício das profissões liberais aos legalmente diplomados.
Nada, aqui, que se relacione ao Espiritismo, que não é, nunca foi
e não será nunca profissão nem liberal, nem liberada. Nenhum espiritista
faz ou póde fazer profissão dos benefícios que transmite a seu irmão
sofredor. Seu dever é beneficiá-lo, sem indagar-lhe da raça, côr,
nacionalidade, religião; sem auferir lucros materiais de especie alguma.
Fá-los, apenas, dentro do sentimento cristão da caridade. E a nossa
legislação não faz, parece-nos, do dever da caridade (dizemos dever e
não virtude) uma exclusividade desta ou daquela profissão e classe;
dessa ou daquela religião e ideologia...
Falhissimo, portanto, para o caso, o primeiro considerando da
moção!
O segundo ressalta o louvabilissimo empenho do govêmo do dr.
Getulio Vargas, no sentido de elevar o renome das profissões liberais,
creando a ”Ordem dos Médicos” que melhor disciplinará o exercício da
medicina e expurgará a classe dos -seus elementos relapsos”.
Ainda aqui, nada que vêr com o Espiritismo, a menos que a moção
considere os médicos espiritistas como os relapsos. E porque relapsos,
de vez que estes médicos raramente curam pelo Espiritismo? Curar em
nome do Espiritismo é dom que não se obtem nas academias; é dom
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
54
confiado a criaturas simples e humildes. Sob o ponto de vista moral, os
médicos espiritistas são, ordinariamente, homens de coração que, mesmo
procurando curar com a sua alopatía, com a sua homeopatía, não fazem
de sua arte um motivo, apenas, de ganhos faceis e vultosos. E são, como
deve ser o ilustre autor da moção, ótimos cidadãos, bons chefes de
família, excelentes amigos. Pelo menos, quantos, até aqui, temos
conhecido! Onde, assim, a relapsía que servirá para seu expurgo da
profissão?
Este considerando deixa, ainda, vêr que nem tudo na classe médica
é disciplina; que a sua arte ou ciência (ciência e arte que, sem disciplina,
são inobjetivaveis!) está a exigir venha um poder de fóra crear-lhe um
poder disciplinador! E é o ilustre Inimigo n° Um do Espiritismo quem
no-lo diz!
O considerando imediato díz que “o Espiritismo, intitulando-se
doutrina religiosa para se acobertar sob a proteção constitucional, vem
exercendo publicamente a arte de curar. Cura mediúnica, a títulos do
astral, incidente contra os artigos 156, 157 e 158 da Consolidação das
Leis Penais, etc,”
O Espiritismo não se intitula doutrina religiosa; é, também,
doutrina religiosa. É religião: a religião dos Evangelhos, feita aquele
Espírito de Verdade que, a seu tempo, viria explicar toda a Verdade. O
Espiritismo é a chave para a compreensão dos Evangelhos não pela letra
que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Por faltar, até hoje, aos
Evangelhos, esta chave, é que as religiões ditas cristãs têm aberrado
dolorosamente do espirito e até da própria letra do Cristianismo puro!
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
55
Já que s. s. apela, contra o Espiritismo, para as forças jurídicas do
País, impõe-se aqui salientar que até para juizes e mestres do Direito
entre nós, o Espiritismo é religião digna como todas, de todo o respeito
e acatamento.
Viveiros de Castro reconhece que “o Espiritismo é, perante a lei,
uma religião tão respeitável como outra qualquer.” (Jurisprudência
Criminal, pag. 220). E acha o ilustre jurista que não é só o Espiritismo,
mas qualquer outra religião que póde servir de meios de exploração.
Assim, não é só o Espiritismo, mas todas as religiões que, Juridicamente,
podem incidir no mesmo crime. Se procedessemos, porém, a um estudo
comparado do Espiritismo com as outras religiões, seria fácil demonstrar
que, a despeito de jogar, com o supranormal, e o Espiritismo, das
religiões, a que menos oferece, ou a que não oferece possibilidades para
a tapeação e o embuste. Macedo Soares, no seu comentário ao Código
Penal, á pag. 324, diz, claramente: “O Espiritismo é também uma
religião”. Bento de Faria preceitúa logicamente “que o Códico Penal não
se refere ao Espiritisrno como religião.” E Galdino Siqueira assegura
que “como doutrina ou como religião, o Espiritismo é tão respeitável
como qualquer outra.” (Direito Penal, parte especial, pag. 179).
Por aqui se vê que, até para as esferas jurídicas do País, o
Espiritismo não se intitula religião, é religião.
Nenhum espiritista curador exibirá título do Álém, porque esta
coisa de títulos é creação dos homens, própria das academias humanas.
É assim que, sem título nenhum do Além, mas exibindo a graça que,
como os cristãos primitivos, os médiuns curadores possuem, vão êles
curando a passes e a préces por aí afora.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
56
Os artigos que s. s. expõe contra o Espiritismo, de nossa
“Consolidacao da Leis Penais!, tratam do exercício da medicina e
curandeirismo. No art. 158 diz-se que praticar o curandeirismo é
ministrar ou prescrever substancias dos reinos da natureza como meio
curativo os espiritistas curam a préces, a passes, a fluídos, a doutrinação
de obsessores. A qual dos três reinos pertencem estas coisas?
Quanto á fórma de estelionatos, de que tratam aqueles artigos,
estamos em que, antes dos espiritistas serem apontados como
criminosos, muitos médicos e religiosos de outras religiões é que seriam.
Considerar-se-ia, naturalmente, insolente estelionatário, o religioso que,
assalariado pelos fieis, e a troco de alguns sacramentos pagos, garantisse
o Céu ao crente; o médico, que garantisse ao doente, a trôco de dinheiro,
a cura de males que são, ainda, incuráveis. Aliás, é um mestre do Direito
quem, com mais autoridade do que nós, dr. Bento de Faria, o afirma deste
jeito, em referência ao malsinado art. 157 do Código Penal: “Dá- se o
caso aqui previsto, por exemplo, quando o Médico anuncia curar
enfermidades até então incuráveis, com auxílio de remédios que não têm
semelhantes propriedades, e aponta este anúncio com atestados
mentirosos e fraudulentos (tão comuns, aliás!) obtidos de pessoas
qualificadas.”
E prosseguiremos, no mesmo diapasão, estudando os demais
considerandos da sesquipedal moção.
A MOÇÃO DA SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA
As curas psíquicas em países civilizados. - A obsessão
reconhecida como cansa de loucuras. - Curas pela fé através da
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
57
História. - Curas pela fé na Igreja e na Bíblia. - A medicina é um
apostelado. - O Cristo autorizando curas.
O quarto considerando da moção da ilustre Sociedade de Medicina
ao ilustríssimo Presidente da República, é o seguinte: “Considerando que
em nenhum país civilizado se reconhece essa auto-investidura
profissional, médica ou espirita, títulos do astral como outorga legal das
prerrogativas inherentes aos diplomas das Faculdades”.
Repetimos aqui, mais uma vez, que as curas processadas pelo
Espiritismo não o são em carater profissional. Nem, tampouco, os
instrumentos delas, que são os médiuns, exibem “títulos ao astral”, de
vez que essa coisa de títulos são mesmo das Faculdades.
O fato de nenhum país civilizado reconhecer, legalmente, as curas
do Espiritismo, ou de outras quaisquer terapêuticas extra-medicina-
oficial, nada prova contra o Espiritismo e os -outros processos de cura,
desde que, realmente, curem. Prova, apenas, o atrazo em que ainda estão,
cientificamente, com relação á Ciência. Espirita e aos outros processos
de cura, esses países civilizados. Tambem ha um século, nenhuma
faculdade civilizada de país nenhum civilizado aceitava o magnetismo,
a sugestão, o hipnotismo, a telepatia como realidades dignas de serem,
cientificamente, estudadas. Hoje, o magnetismo é, até, uma: das partes
da Física moderna e, com o. nome: alterado para hipnotismo, eí-lo
estudado e praticado em países civilizados. Muita coisa, do que ha de
mais moderno na medicina hodierna, ou quasi tudo quando surgiu, não
gosaram, para logo desse reconhecimento, nos países civilizados, da
parte da medicina e dos seus còrifeus. Nada sofreu, talvez, maior
oposição da parte dessas fôrças cientificas, do que a vacina, do que as
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
58
descobertas de Pasteur. Desse Pasteur que é, hoje, um semideus para a
mesmissima ciência que tanto o hostilizou!
Não é bem, como diz o considerando, em analise, o que se verifica
em muitos países civilizados, a respeito de curas extra-medicina oficial.
Muitos desses países, ultra civilizados, se não reconhecem de direito
essas curas, reconhecem-nas de fato, por que as toleram, pondo o coração
e o bom senso acima das leis humanas e de seus interesses particulares.
Ainda agora, vimos no trabalho oportunissimo do dr. Pinto de Carvalho,
o relato do que se dá na França com as tais curas de Lourdes. É do grande
médico e neurólogo baiano: “E o que vi lá, nas faldas inferiores” dos
“Pireneus, de que estou dando testemunho nestas linhas, é justamente o
oposto de tal proibição - porque ninguém haverá que se lembre de pôr
impecilhos á formação de grandes peregrinações á Lourdes, que se
fazem á face dos poderes públicos, quando não sob a égide dos mesmos.
Entretanto, das quatro ou cinco vezes em que o ilustre, professor de
psiquiatria esteve em Lourdes, não verificou uma só cura. Será que a
super-civilisada França tolera Lourdes pelo só fato de tratar-se de uma
fonte de cura do catolicismo? Seria, nesse caso, um odioso privilégio,
que já não se enquadra bem no espírito-liberal do século.
Na Inglaterra e nos Estados Unidos, as curas espiritas são mais do
“que toleradas; toleradissimas. Naquela grande nação europeia, que é
bem a pátria do Direito moderno, funcionam, neste momento,
verdadeiros centros de saúde a que acorrem doentes de toda sorte, em
busca das curas espiritas. Dentre os mais importantes e procurados,
podemos salientar: The Hause of Red Claud, no qual atua a grande
médium, Stela Roberts, que tem realizado curas de pasmar aos próprios
espiritistas. The Health Centre, eis outro grande centro, de Brighton,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
59
orientado pela Sra. Carnnack e mantido por um grupo enorme de
espirististas. The Sanctuary at Parch Crescent, construído á sugestão de
um espirito que fora chinês - Tse-Ling - tendo no frontespício a legenda
- Unidade e Trabalho - em que pontificam duas grandes médiuns, Orton
e Callen Smith, eis o maior deles todos.
E nã é só fóra da ciência médica oficial que, na Inglaterra, já se
vai conhecendo eficiente a terapêutica espirita. Dr. Oscar Parkes, ilustre
psiquiatra londrino, aplica-a já, para curas de obsessões, chegando até,
como proferiu em conferência para médicos, a isto: “temos que
reconhecer a obsessão como uma das causas da loucura, etc.”
Tambem nos Estados Unidos, ilustres psiquiatras de renome
estudam e praticam a terapêutica espiritista. Em Los Angeles, é o dr. Carl
Wickland que chegou á mesma compreensão: de que é a obsessão a
causa da loucura procura, até, por um processo de sua autoria, expulsar
obsessores a correntes elétricas. O prof. James Hyslop, que conhece,
como os drs. E. N. Webster e William James, a terapêutica espiritista e
a prática na sua clínica psiquiátrica, assegura: “Toma-se cada vez mais
evidente que a obsessão é a causa determinante de muitos casos de
loucura, e que estes se podem curar. A atenção médica terá que se voltar
para tais problemas, ou a matéria médica perderá o domínio do assunto.”
Como se vê, o elaborador da moção não foi mais feliz neste
considerando. Revelou, através dele, lastimavel desconhecimento da
maneira por que nos países mais civilizados e liberais do Globo, já se vai
considerando a terapêutica espiritista.
Se perlustrarmos a História, através de todas as épocas e dos povos
mais civilizados, fácil é de vêr que sempre existiram, á margem da
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
60
medicina oficial, outros processos de cura procurados, acatados e
tolerados de toda gente. Até reis e sacerdotes curaram sem diploma de
médico! Adriano, o terceiro dos antoninos, curava a aposição de mãos,
como os espiritistas. Curou-se até a si mesmo, de febres. E, como êle,
Vespasiano e Pyrrho, rei do Epiro. O príncipe Hohenlohs, da Baviera,
curava, no século passado, a passes, a préces, a invocações. Charcot tem
um artigo - The faith Healing - numa revista inglesa, provando a
veracidade da cura pela fé. Cura muito praticada no velho Egito, entre
os povos todos do Oriente e até na Roma de Plinio. Este grande
naturalista reconhecia que ha “homens cujos corpos possuem
propriedades medicinais.” E dá o testemunho de dois de seu
conhecimento, Marsas e Psylo, que curavam, ao contacto dás mãos, até
mordedura de serpente. Era este, entre os Romanos, um processo tão
vulgar de cura, que constituía, até, uma arte á parte da medicina, - a
Chiróíhesia.
Nos faustos da Igreja, muitos foram os monges que curaram,
servindo até suas curas para emprestar-lhes santidades, afim de serem
canonizados. Estas mesmas curas, que, processadas por espiritistas, são,
para a Igreja, artes diabólicas.; são mistificações e exercício ilegal da
medicina, para certos médicos que entendem ciência-e arte de curar
devem ser, sem consultar os maiores! interessados no caso, que são os
doentes, de sua exclusividade!
A Biblia nos relata as curas que, sem o canudo médico,
realizaram-Elias, Eliseu, Ananias e outros. Os; Evangelhos as de Jesus e
dos apostolos, Paulo inclusive, que tanto perseguira, antes, o
Cristianismo. A história da Igreja: as de S. Patrick, S. Bernandino, S.
Lourenço, Cosme e Damião, que curaram o imperador Justiniano; S.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
61
Bernardo, Sta Catarina, Sta. Margarida, S. Hidelgard e Sta. Odilia, o
Cura d’Ars e tantos outros...
Iriámos longe, na demonstração de que, com ou sem a outorga
legal; com ou sem prerrogativas de curar, em países civilizados, como o
nosso, em todos os tempos e entre todos os povos, foram registradas
curas contra as quais se está alevantando a grita de alguns médicos entre
nós.
O considerando a seguir revela dolorosamente, a pouca ou
nenhuma analise do seu elaborador. Sinão, vejámo-lo: “Considerando
que, se tolerar: na medicina tal abuso, como se vem dando em plena
capital do país; outros, amanhã, se arrogariam direitos analogos, qual a
chefia dos Estados-Maiores militares ou o exercício da engenharia, da
magistratura, “ex-vi” do precedente fato;”
São a engenharia, o. militarismo, a magístratura, funções de que
resulte, porventura. A cessação de dôres alheias, o lenitivo ou o
extermínio de lágrimas e sofrimentos do próximo? A função da
medicina; é bem mais delicada, por destinar-se, a um só tempo, a cura
de males físicos e psíquicos. Por isso que todo médico deve ser tambem
um apostolo. Por isso que um dos grandes médicos brasileiros, Bezerra.
e Menezes, escreveu: “todo médico que se recusa a atender o doente que
o procura, mormente se fôr doente pobre, recusa-se a receber o anjo da
caridade que o visita” O maior argumento, porém, contra a puerilidade
deste considerando, é o seguinte. O Espiritismo é o mesmo Cristianismo
na sua fórma primitiva, que é, tambem, a sua fórma definitiva. Por isso
que os espiritistas de verdade seguem o Cristo como o seguiram os
cristãos primitivos, sem aparatos, encenações, ritualismos e pompas de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
62
religiões materializadas. Eis por que muitos dêles, os que mereceram o
dom de curar, vão curando exatamente como o Cristo autorizou se
curasse e como deviam curar. (Mar. VXVI-17 e 18; Mat. X-8; Luc. X-
17; Atos. Vin-18).
Se o autor da moção conhecesse bem os Evangelhos, não
concluiria tão absurdamente assim, por não vêr, nos Evangelhos, o Cristo
a mandar seus apostolos-se armarem militarmente, exercerem, a
magistratura, realizarem obras de engenharia. Não concluiria tão
absurdamente assim, por vêr o Cristo a dizer em mais de uma passagem
de seus Evangelhos: “Estes sinais seguirão os que crerem em meu nome,
expulsarão os demonios (Mar. XVI-17). Os demonios que são as causas
das loucuras que a psiquiatria não tem poder de curar! “E porão as mãos
sôbre enfermes e os curarão”, (Item, 13). Exatamente como fazem os
espiritas. E, se o Cristo autorizou, é porque viu que a medicina era
alguma coisa bem mais delicada do que uma simples fonte de ganhar
dinheiro, a que foi reduzida por grande maioria dos srs. médicos.
E os considerandos da moção ainda continuam...
A MOÇÂO DOS MEDICOS
Mais psiquiatras contra e a favor do Espiritismo. - Espiritismo
e falsa espiritismo. - Processos falhos de curar. - A lição do primeiro
psiquiatra. - É Deus Quem cura.
Seguem-se mais considerações, na moção da “Sociedade de
Medicina e Cirurgia” enviada ao dd. Presidente da República contra o
Espiritismo.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
63
Vamos assim ao redigido: “Considerando que, no concurso
unanime dos mestres de psiquiatria brasileira e estrangeira, a prática das
sessões de sugestão, hipnotismo, magia, espiritismo, nigromancia, etc.,
são de regra profundamente prejudiciais á sanidade mental dos
participantes”.
Já invalidámos o valor da psiquiatria e dos psiquiatras daqui e de
fóra, no julgamento do Espiritismo. Aqui só queremos ajustar o seguinte:
mais do que o testemunho de cem; psiquiatras á Xavier de Oliveira que,
sem conhecer o Espiritismo e jogando contra êle, capciosaraente,
atestados dessa mesma ignorância, vale uma só documentação de
psiquiatra que sé-lhe tenha aproximado. Mas, nós não apresentámos um
contra cem, apresentaremos número bem maior, sinão igual, de
psiquiatras e mestres de verdade que desmentem o que se contêm no
considerando em analise, o qual erra até na sua exposição, por nivelar o
Espiritismo á sugestão, ao hipnotismo, à magia, á nigromancia. Mestres
de psiquiatria e sabios de verdade, que se tenha interessado pelos estudos
científicos; do Espiritismo, coisa bem diferente do que copiar o que
disseram V outros “mestres”, e, “psiquiatras” sem estudo nenhum do
assunto, força é que concluam como o dr. Oxon, da Universidade de
Oxford, o qual, depois de cinco anos de pesquisas, conheceu a verdade
dos fatos que por cá são negados e condenados, publicando uma obra -
Spirit Idenfidy sobre êles forca é que copiem o dr. Identidy sôbre êles;
força é que copiem o dr. Thury, prof, da Academia de Genebra e membro
da Sociedade de Física c II. Natural da Suissa; que vai mais longe, a
dizer: “Sua realidade está estabelecida. Não podendo demonstrar sua
impossibilidade a priori, ninguém tem o direito de chamá-los de
absurdos, nem repudiar os testemunhos sérios que os afirmam”; é força
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
64
convir com o Dr. Notzig, sábio alemão da Universidade de Munich, que
profliga deste jeito a negativa, que por cá se vai, sistematicamente, em
nome da ciência, que não é responsável pela ignorancia dos que se dizem
cientistas, alevantando contra os fatos espiritas : “Poder-se-ia duvidar da
verdade desses fatos, se não fossem êles verificados centenas de vezes
no curso de experiências laboriosissimas, sob os mais diversos e as mais
rigorosas condições”
Citamos apenas três mestres dos mais modernos de três países
diferentes, como poderíamos citar sabios e mestres de cada povo culto,
contra a inverdade que se contem no considerando, na parte que se refere
ao Espiritismo.
Não podemos negar que ha perigo na prática do Espiritismo.
Perigo igual ao por que passa o cliente que vê o bisturi de operação na
mão do operador incapaz que lhe vai rasgar as carnes; igual ao por que
passa o doente que entregou sua saúde ao médico incompetente; igual ao
que incide o ignorante que entra a manipular gases sem conhecer
química. Por isso que o Espiritismo é, tambem, ciência, e, como tal, deve
ser, primeiro, estudado para ser, depois, praticado. Estamos, por isso, em
que, se a moção pedisse aos poderes que nos governam meios para
estudos e sindicância em torno do Espiritismo, no sentido de separa p
que é Espiritismo, no sentido de separar o que é Espiritismo de verdade
do falso espiritismo, os espiritistas seriam os primeiros a emprestar apoio
á moção, a se porem a serviço do governo para tanto. Querer englobar
tudo que vai por aí com o nome de espiritismo como o Espiritismo, é
ignorancia, é má fé, é luta de interesses inconfessáveis.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
65
O considerando a seguir diz que “as práticas espiritas ou similares
numa aparência falaz de curas em que atuaram apenas a sugestão ou a
evolução natural da enfermidade, desviam prejudicialmente grande
número de enfermos do tratamento adequado e oportuno.”
Porque sabe o elaborador da moção que são falazes e aparentes as
curas processadas pela terapêutica espirita? Teria êle feito um inquérito
criterioso entre a multidão de pessôas que procuram os centros espiritas
e se dizem curadas? Não precisa! Basta sua afirmativa de médio! E de
médico que se sente naturalmente prejudicado por não ser procurado em
seu consuitorio médico por grande percentagem dos doentes curados
pelo Espiritismo, afim de aplicar-lhes “tratamento adequado e
oportuno”, depois de impôr-lhe, primeiro, um cartão de consulta de 30 a
50$000, e mais exames de laboratórios:- de sangue, de fezes, de escarro,
de urina, custando cada um dêles boa soma de mil réis, sem contar, os
remédios de nomes complicados e de preços exorbitantes que entopem
as pratileiras das farmácias e drogarias, sem falar nos modernissimos
exames radiograficos para tudo. Não são médicos, como aí o vemos,
materialistas e gananciosos, que podem ajustar, através de auscultações
e apalpadelas, o tratamento mais adequado e oportuno a enfêrmos.
Médicos que, sem conhecerem tais ou quais assuntos, subscrevem em
cruz moções exatamente contra esses assuntos! Médicos que mal
conhecem as doenças do corpo, por isso que estão errando, a despeito de
todos os exames de laboratório, auscultações e apalpadelas, quanto mais
as do Espirito! E assim não fosse, compreenderiam e praticariam aquele
asserto de Camilo Flamarion: “Mais do que da medicina do corpo, era
da medicina da alma que se devia cuidar.” É que o grande astrônomo de
Juvisy chegou á integral compreensão daquela assertiva do Cristo ao
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
66
entrevado do poço de Bethzatha: “Vai, e não peques mais, para que não
te aconteça coisa pior.” E, assim compreendendo, não se presumiriam de
tanto, com tamanho orgulho, de que tem decorrido, através dos séculos,
contra a classe medica, toda sorte de ironias e descrenças. E teriam a
compreensão de que é Deus quem cura, e que, para curax aos que
merecem, não vai consultar os homens e sua arte ou ciência de curar.
Moisés Maimónides, que o dr. Artur Castiglioni apresenta, na
Resenha Clínico Cientifica, de outubro de 1935, como uma das maiores
glorias médicas de todos os tempos, e a maior de sua época; que foi o
primeiro a ditar normas de higiene psíquica, consequentemente, o
precursor da verdadeira psiquiatria; Maimónides aconselha aos médicos
este apelo: “Deus misericordioso! Vós me escolhestes na vossa graça
para velar pela vida e pela morte das vossas criaturas! Agora eu me
preparo para a minha profissão. Ajudai-me, Senhor, nesta grande
empresa, para que eu seja útil, pois que sem vosso auxilio, nada póde ser
proveitoso ao homem”.
A medicina materialista, que nega Deus, não lhe; solicita, por isso
mesmo, nenhum auxílio!...
O que; aí pusemos é, apenas, o final de uma longa suplica dos
lábios do primeiro psiquiatra que, talvez, conhecesse a medicina.
E o que êle aconselha é, exatamente, o que fazem os espiritistas,
médicos ou sem diploma nenhum, que receberam de Deus o dom de
curar para ser uteis a seus semelhantes.
Ainda falta considerandos da moção.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
67
AINDA A MOÇÃO CONTRA O ESPIRITISMO
- O programa da HER caluniador - Juiz e cientista sem justiça
e sem ciência. - Ametistas por trás de esmeraldas. - A principal
característica do Espiritismo, - Obras de assistência social mantidas
pelo governo, por classes médicas e pelos espiritistas. -
Responsabilidade criminal dos médicos. - Psicoterapía sem
oficialidade.
O ultimo considerando da moção, que a “Sociedade de Medicina
e Cirurgia” enviou ao primeiro; magistrado da República, atinge ao
sumo gráu da má fé e da falta de senso. É assim expresso: “Considerando
que a chamada “Hora Espírita Radiofônica” se destina apenas a uma
propaganda disfarçada do exercício ilegal da medicina, característico
dessa seita em nosso país”;
Ora, qualquer indivíduo, medianamente equilibrado e sensato, não
será capaz de lançar, de público, muito menos enviar aos poderes que lhe
governam, tamanha demonstração de falta de critério na acusação, de
falta de princípios rudimentares de justiça contra o que condena.
Procuraria, antes, munir-se de elementos positivissimos, que lhe
autorizassem a condenação e a acusação. O autor da moção, entretanto,
deixou-se levar apenas por seu ódio ao Espiritismo. Assim não fosse,
entraria, ao menos, no conhecimento do programa com que, um mês
antes, a “Hora Espirita Radiofônica” se anunciou pela imprensa. Nem é
possível que a imparcialidade admiravel de Pinto de Carvalho tomasse,
na cidade do Salvador, conhecimento desse programa, por isso que, no
seu lapidar depoimento, julga-o “um programa, a mais não querer
inocente e que não compreendo em que poderá interessar aos colégas do
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
68
Rio, a não ser que se queiram tomar, voluntariamente, instrumentos de
paixões religiosas”, e aqui, no Rio, onde a “Hora Radiofônica” seria
irradiada, o seu acusador não encontrasse oportunidade para conhecê-lo!
Se não tomou conhecimento de seu programa antes de acusar, como o
fez, a “Hora Espirita Radiofônica”, eis uma revelação de paixão e
leviandade. E ninguém de senso levará em conta a levianos e
apaixonados. Se, conhecendo seu programa “inocente a mais não querer”
e a acusou, maldosamente, como fez, peor a situação, porque agiu sem a
serenidade necessária em quem acusa e condena, como juiz e cientista,
a “benefício” de outrem, porque da saúde do povo “esbandalhada”,
dolorosamente, a seu juízo, pelo Espiritismo!... Assim, de uma ou de
outra forma, o autor da moção passará, nesse considerando, como, de
resto, em todos os outros, como uma criatura de mentalidade a que tudo
está faltando para ser juiz e cientista. Cientista por pedir, em nome da
Ciência, como o fez, se condenasse o Espiritismo! Juiz por condená-lo,
sem ao menos conhecer o que a tanto o levou: o programa da “Hora
Espirita Radiofônica”!
“A não ser que se queiram tornar, voluntariamente, instrumentos
de paixões religiosas”, termina Pinto de Carvalho a frase acima citada.
Viu o ilustre médico baiano, nas entrelinhas da campanha, o mesmo que
nós viramos... mormente, depois que lêmos o artigo - Bravos, Srs.
Espiritas! - do dr. Carlos Fernandes, publicado, ha doze anos, em
Uberaba. Tivemos a impressão de que havia muitas ametistas por traz
das esmeraldas, que se alevantaram, assanhadas, contra o Espiritismo. A
carta de Pio XII, inserta em “Correio da Manhã”, enviada ao concilio de
bispos1 que aí está em atividades, trouxe-nos a certeza do que se conteve
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
69
no a não ser que... do ilustre e grande psiquiatra baiano e em a nossa
impressão...
Não é a cura de doentes a característica com que o Espiritismo -
que não é seita como já o provámos, más o Cristianismo puro do Cristo,
se apresenta entre nós. Sua principal característica é o seu aspecto
religioso, cristão, evangélico. É assim que os espiritistas brasileiros
gostam de compreender e sentir o Espiritismo, sendo, portanto, a cura de
doentes um de seus aspectos simplissimos e dos mais comuns...
Remata os “considerandos” da sesquipedal moção: A “Sociedade
de Medicina e Cirugia”, do Rio de Janeiro vem solicitar a v. ex: 1º maior
amplitude ás obras de assistência médica creadas por v. ex. ou
anteriormente existentes, afim de que dê ao povo de minguados ou
nenhum recursos, tratamento eficaz e oportuno; 2º as medidas legais e
de polícia - necessárias ao empreendimento das disposições pénais
vigentes, relativas ao; exercício da medicina”, etc.
Não ha dúvida nenhuma que a pobreza e a indigência andam a
carecer de maior amplitude nas obras de assistência social: O govêmo
não póde, entretanto, fazer tudo. Não póde, e não deve, para que fique
uma grande parcela á atividade humanitaria cristã do povo, afim de que
o povo, colaborando com o govêmo, possa dar expansão aos sentimentos
bons de seu coração generoso. Por bem assim compreender, é que as
correntes espiritistas do País inteiro vão espalhando, aqui e alhures,
postos de saúde e ambulatórios médicos, hospitais e asilos, albergues e
ancianatos, escolas e orfanatos, assistências a necessitados e creches,
ocorrências estas, só ignoradas por quem nãotem olhos de vêr, ou por
quem só abre olhos ás realizações que lhe possam, - e não ao povo de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
70
minguados recursos! - beneficiar particularmente. E por bem
compreender também que não devem ficar, exclusivamente, na alçada
do govêrno todas as obras de assistência social, é que a exma. espôsa do
Presidente da República, que encarna, no momento, as vibrações todas
do coração da mulher brasileira, se põe á frente, abnegada e
altruisticamente, de uma série de realizações dessas, bem digna da
cooperação de todos.
De que realizações dessa ordem a “Sociedade de Medicina e
Cirurgia”, autora da moção, já tomou a iniciativa, se tão grande é, seu
interesse pela saúde do povo?
Embora em pecado contra o “não julgueis”, dos Evangelhos,
somos levados a admitir haja um interesse maior na “maior amplitude de
obras de assistência médica”, creadas pelo governo, mas, implicando
construção de hospitais e asilos oficiais, nos quais, haja colocação
redondíssima para muitos médicos interessados nelas...
Também nós, espiritistas, aplaudiremos, as medidas legais e de
polícia que punam todos os abusos cometidos á margem da lei e contra
a saúde e os interesses legítimos do povo. Medidas que deveriam
começar por dar responsabilidade aos médicos, afim de que sejam
chamados á justiça em todos os casos de seus dolorosos êrros clínicos;
sempre que se anunciam detentores de clínicas escabrosas, como a de
provocar abortos, de evitar natalidades e quejandos. Mais contra abusos
clínicos desta ordem, do que contra a aplicação de passes e de agua
fluída, de preces e doutrinação de obsessores, no sentido de, sem paga
nenhuma, restituir a saúde do corpo e do espirito no doente, é de que se
deveria cogitar por amor do povo... E mais do que por amor do povo, por
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
71
amor dos que, entre o povo, não dispõem de recursos para os cartões de
consulta aos médicos; para os remédios caros e de nome complicados
que entopem drogarias e farmácias! Mormente em se tratando de males
psíquicos, contra os quais nada, ou quasi nada póde a psiquiatria
materialista e a psicoanalise juntas aí em curso. Para males tais, repita-
se, ainda uma vez, a voz da experiencia do grande psiquiatra, Pinto de
Carvalho: “é verdade que a psicoterapía está frequentemente entre as
mãos dos não-médicos, do que dos profissionais da medicina”. Entre as
mãos dos que sabem que a alma existe e. sabendo-o, aplica a verdadeira
terapêutica, que é a terapêutica do Espiritismo.
Analisaremos, no próximo artigo, o desafio lançado aos médicos
espiritas pelo ilustre dr. Carlos Fernandes.
O REPTO
Insensatez de um repto. “- O direito á escolha das armas. - A
rara da lepra e do cancer. - Desafio exclusivista. - Médicos e médiuns
curadores. - Ainda os dons de curar. - Médicos a prol das curas
psíquicas. - Espiritismo e Cristianismo. - Os maiores adversários do
Cristo. - Sinais e provas pedidas. - Nem todas as moléstias são
curáveis. - Falta de senso em tudo.
O ilustre médico, dr. Carlos Fernandes, levantou, dentro da;
“Sociedade de Medicina e Cirurgia”, um repto aos médicos espiritistas,
desafiando-os a curarem cinco loucos, cinco cégos e seis cancerosos.
Que o repto fôra intempestivo e desassisado, dí-lo a atitude de seus
ilustres pares, resolvendo corresse êle, o repto, por conta do reptante, que
não em nome, da ilustre Sociedade.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
72
Sôbre ser desaprovado por seus dignos consocios, o repto do
médico incide contra tudo que possa haver de sensato e de lógico,
servindo, ademais, por mais um, atestado de sua absoluta ignorancia da
Ciência Espirita.
Sinão, vejamos.
Implica, primeiro, uma comezinhá falta de ética duelistica, visto
como é êle o desafiante e, ainda, se reserva o direito de escolher as armas
para o duelo, com escolher os cancerosos, os cégos, os loucos. Este
direito devia caber, dado fosse possível a aceitação de tamanho
mistiforio, aos desafiados. Por um duplo motivo: por serem os
desafiados, e por serem os espiritistas, visto como só a estes, que não a
materialistas, ê dado conhecer quais os males provocados por atuação de
espíritos atrazados e, consequentemente, passíveis de curados.
Segue-se aquela introdução dos cancerosos, como se a medicina
oficial já conhecesse a cura do cancer, da lepra; cura que, se praticada
pelo Cristo, a fluídos, a medicina oficial, a despeito de seu orgulho
desafiador, ainda ignora. A menos que o ilustre medico não quisesse
vislumbrar uma descobertazinha da cura do câncer, da lepra...
Segue-se, agora, o orgulho cientifico com que é o repto feito: só a
médicos espiritas. “Esse velho pecado (o orgulho da ciência) do mundo,
que foi a causa da quéda do homem no passado, que será tambem, a
causa de sua quéda no futuro’’, como bem, o afirma Eugenio Huzart!
Porque só feito a médicos, o desafio, como se só a médicos fosse dado o
poder de curar? Dizemos o poder e não o direito, visto como sabemos
que o direito, conferido convencionalmente pelas academias, só eles, os
médicos, o têm! Pura capciosidade de hermeneutica, visto como toda
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
73
gente sabe que em espiritismo, são exatamente os que não dispõem de
diploma de médico, os mais agraciados com o dom de curar. Os médicos
espiritistas aplicam, de um modo geral e com um pouco mais de
humanidade e de abnegação, a mesma terapêutica alopata e homeopata
da ciência oficial. Assim, não devia ser lançado a êles, mas aos médiuns
curadores, o desafio. Compreende-se, porém, facilmente, que, a par do
orgulho de que falamos, uma derrota advinda de um diplomado qualquer
seria, ao de certo, menos pesada do que de uma criatura sem nenhum
doutorismo, simples e ignorante das sabenças acadêmicas. Tanto isto é
verdade que, por duas vezes, vimos já nos jornais o desafio de um
magnetizador aos médicos, oferecendo-se a curar pelo magnetismo até
dentro da Academia de Medicina e da Sociedade de Medicina e Cirurgia,
sem que seu desafio fosse atendido...
Incoerência maior no repto é a seguinte, reveladora, de absoluta
incompreensão da natureza das curas espiritistas. Pelo Espiritismo não
cura quem se diz espiritista, embora médico; quem estuda, apenas, o
Espiritismo; quem quer, mas os que possuem o dom de curar. (E a outro,
pelo mesmo Espirito, é dada a fé, e a outro, pelo mesmo Espirito, os dons
de curar”; (1 Aos Corintos, XII-9). E o que mais interessante é: este dom
é conferido, sabem-no todos que estudam a sério o Espiritismo, a
criaturas simples, humildes, mas cheias de bôa vontade, moralizadas, de
ótimo coração. Até médicos de maior observação e de mais senso e
critério, sabem disso. É Pinto de Carvalho a afirmar que a psicoterapía
está mais em mãos dos não-médicos do que com os médicos! é Alexis
Carrel, atestando as curas pela préce que observou, a dizer: “Em geral,
não é aquele que pede por si proprio que recebe a graça (da cura), mas
aquele que péde pelos outros”, tal como fazem os espiritas, que se
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
74
esquecem de si mesmos a favor do semilhante. E, mais incisivamente:
“Esse estado psicológico não é intelectual, e os filosofos e os homens de
ciência não o podem compreender, nem atingir. Mas, dir-se-ia que os
simples podem sentir Deus tão facilmente como o calor do sol ou a
bondade dum amigo”! é o psiquiatra inglês, dr. Maxwell Telling, a
afirmar as curas que observou e, diante delas, a dizer: “quem diz que o
Espiritismo faz loucos, não sabe o que diz”! é o dr. Ignacio Ferreira,
registrando a humilhação de sua medicina oficial diante dos loucos que
os médiuns analfabetos curavam, sem êle fazer o mesmo, no “Sanatório
Espirita de Uberaba”; nesse mesmo Sanatório para cuja construção, o
ilustre dr. Carlos Fernandes contribuiu com o seu belo, forte, oportuno e
verdadeiro, BRAVOS, SENHORES ESPIRITAS! é o dr. Belchèrew, a
sustentar que a fé têm poder terapêutico sobre muitas doenças! é o dr.
Souza Ribeiro, a registrar curas que obteve d como, espiritista, por não
poder obtê-las com a sua medicina...
A maior, porém, de todas as incoerências no repto decorre disto:
O Espiritismo é o mesmissimo Cristianismo sem as inovações, os
dogmatismos, as encenações e praticas formalísticas que o catolicismo
lhe empresta. Como tal, seu único modêlo é o Cristo; seu código único
são os Evangelhos. Não conhece êle assim, outra autoridade, outra
orientação afora a orientação dos Evangelhos, afora a autoridade do
Cristo. Por isso que toda a obra de seus corifeus se baseiam nas
Escrituras, nos Evangelhos. Daí, afirmar um pastor protestante, J. Stuart,
que, se, a principio, não pôde compreender o Espiritismo pelas
Escrituras, só bem compreendeu, depois, as Escrituras, pelo Espiritismo.
Assim, o Espiritismo só tem que se orientar, pelas lições do Cristo, pelos
exemplos dos Evangelhos.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
75
Ao Cristo e lançou, tambem, desafio: foi-lhe pedido, tambem, um
sinal. Pediram-lhe sinais e o desafiaram sacerdotes e doutores da lei, que
foram, segundo a letra dos Evangelhos, os maiores adversários do
Divino Mestre. Os Fariseus, que os houve em todos os tempos, e os ha
por aí, a crusarem-se conosco a cada passo, pedem um sinal ao Cristo,
exatamente como o que se pede, agora, ao Espiritismo! Que lhes
respondeu o Cristo? Diz-nos Marcos deste jeito: “Suspirando
profundamente em seu espirito, disse: Porque pede esta geração um
sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se dará sinal algum”
(VIII, 11 e 12). A geração é a mesma: incrédula, materialista, orgulhosa!
O evangelista João é mais incisivo, parecendo, na sua exposição,
antecipar de 20 séculos o desafio do ilustre dr. Carlos Femandes. Conta-
nos êle assim: “Disseram-lhe, pois: Que sinal fazes tu, para que o
vejamos e creiamos em ti? Que opéras tu?” (VI. 32) . Assim, o que se
teria a fazer, evangelicamente, era deixar sem resposta o desafio, que
vale bem por um pedido de sinal. Ademais, viesse o sinal, e arranjar-se-
ia, em nome da ciência, uma tapeação qualquer, de nome empolado e de
compreensão difícil ou sem compreensão nenhuma, para explica-lo.
Mas, fenômeno espiritista é que não era! Nem os Espíritos, pois são êles
que curam por intermedio dos médiuns, estariam á disposição desses,
para a satisfação de seus caprichos, de suas respostas e desafios
insensatos! Nem são todos os doentes que merecem a cura. Assim não
fosse, a medicina curaria todo mundo, sem deixar nenhum para as outras
terapêuticas, de vez que as outras terapêuticas são procuradas somente
por desesperados e desesperançados da medicina. Aqueles que têm de
passar por suas provas e expiações, curá-los, fôra uma derrogação das
leis divinas. O que a medicina cura, o Espiritismo também cura. Nem
todos curáveis pelo Espiritismo, o são, tambem, pela medicina. A cura
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
76
é, também, uma graça para os que a merecem. Por isso que nenhum
médium sensato, que bem conheça a Doutrina, como nenhum médico de
senso, poderá aceitar um desafio destes... Preceitua, de resto, o bom
senso de Alan Kardec que nenhum médium póde garantir tais ou quais
fenômenos, tais ou quais curas, coisas que não dependem
exclusivamente dêles, embora sejam os instrumentos, porque dependem
mais dos Espiritos que os mediunizam, e da vontade de Deus. Ha mais,
ainda: basta, ás vezes, numa reunião espiritista, um elemento
discondante e antipático, para que se lhe não registre sucesso. “A
presença de certas pessoas antipáticas ao Espirito que opéra, impede
radicalmente a sua operação”, demonstra Kardec. Ora, no caso do
desafio, bastariam os fluídos pesados, cheios de orgulho e má fé dos
reptantes, para impedir ou impossibilitar o fenômeno da cura. O que, em
bôa logica, s. s. teria a fazer, para a certeza ou não das curas espiritistas,
seria ouvir a todos que, desiludidos de sua medicina, procuraram o
Espiritismo e andam a dizer que se curaram, por seu intermédio, afim de
tirar a prova do fato. Mas, a estas demonstrações, s. s., responderia com
um - Nego-as! - forte, doutoral, enfático!...
E fica, assim, provado que o repto do ilustre médico exorbita dos
Evangelhos e da Doutrina Espirita, do bom senso e da lógica.
A CELEBÉRRIMA SESSÃO
Um rebelado entre luminares. - Incoerências da Moção. -
Superstições e Loucura. - O direito ao livre-exame. - Medicina e
Teologia. – “Cientistas” contra eventos da Ciência. - Caluniados de
hoje, glorificados de amanhã. - Um exemplo de que “nem só de
pão...”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
77
Quando lêmos o que fôra a celebérrima sessão da “Sociedade de
Medicina e Cirurgia”, de que partira a moção contra a “Hora Espirita
Radiofônica” e o Espiritismo; em que se nos deparou a atitude, do
presado amigo e distintíssimo confrade, A. Wantuil de Freitas, duas
passagens evangélicas nos vieram, para logo, á mente. A primeira, a que
nos diz o Cristo negará perante o Pai àquele que o negar perante os
homens. (Mat.X-33). E a segunda, a que nos aconselha não nos
preocupemos com o que dizer perante os inimigos da Verdade, porque,
naquele momento, nos será ministrado o que havemos de dizer (Mat. X-
19).
Os luminares, que sé reuniram, na celebre sessão, afim de votarem
a não menos celebre moção, não podiam supôr havia entre êles um
díscolo capaz de pensar e sentir conforme as passagens, evangeliças em
cita. Mormente não vendo, á voz pilherica de - Espiritas, á direita! -
ninguém - se - locomover. Era, assim, certo não havia ali nenhum
renegado!
A moção a ser enviada ao governo foi lida e aclamada por entre
entrepitosas palmas, numa revelação de que estava unanimente
aprovada. Uma voz ergue-se, agora, estranhando não tenha o senhor
presidente aberto, como é da ética, discussão sôbre ela, de vez que
desejava comentá-la.
Quem era a voz desconhecida, que tanto ousára; naquele ambiente
de “sabedoria” e exaltação?
Era a voz de um dos mais antigos socios da casa, e socio remido,
que, altíssima voce, proclama êles estão errados, sôbre comprometerem
o nome da instituição e da medicina, colocando ambas contra o
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
78
Espiritismo. É a única voz espiritista que se faz áli ouvir, na integração
das duas sentenças acima expostas. É a voz de Antonio Wantuil de
Freitas, o propugnador do excelente jornal incolor, A Verdade, que
espalha por esses Brasis afóra, de uma fórma inteligente e sugestiva, as
verdades da Terceira Revelação; é a voz do Minimus, de “Ciência,
Religião e Fanatismo”, esse Minimus, a quem confrades houve que não
quiseram ver no seu pseudonimo, uma revelação de modéstia, para
verem certa fraqueza de atitudes. Que todos os fracos dentro do
Espiritismo sejam medidos por sua craveira!
E com a palavra, aparteado por todos e de todos os lados, o orador
demonstra as incoerências de toda sorte, em que incide a moção:
“censura ao atual governo da Republica, que tão grande e eficiente
atenção tem dispensado ao problema da assistência social”, falsidade dos
argumentos do livreco, “Espiritismo e Loucura”, do sr. Xavier de
Oliveira: má fé do autor da moção em citar o Richet do “Tratado de
Metapsiquica”, sem falar no Richet de “La Grande Esperance”;
estranheza de que “a moção pretenda que o ilustre Chefe da Nação se
constitúa violador da lei”, e maior estranheza por vêr querem os autores
da moção conhecer e interpretar melhor o Codigo Penal do que os nossos
magistrados e tribunais que nunca poderam, legalmente, ver crime nos
espiritistas que praticam a caridade de curar enfermos.
E podia o ilustre confrade ir mais longe, estranhando que, em
nome da Ciência, aqueles luminares se reunissem para combater uma
“superstição” que, por isso mesmo, deveria estar, naturalmente,
combatida sob a influência dos médicos e da medicina, visto como onde
ha verdade e ciência de fato, lugar não póde haver para superstições.
Tampouco a “superstição” será procurada por quem já conseguiu coisa
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
79
melhor. Tanto é isto verdade que a macumbas e sortilégios póde ir todo
mundo, médicos inclusive, menos espiritistas, que já conhecem e sentem
uma doutrina que prescinde dessas coisas... E podia estranhar ainda que
os luminares da “Sociedade de Medicina e Cirurgia”, bem como a sua
ciência, dessem mostras, com similhante atitude, de grande impotência
e doloroso desprestigio científico, em receiar que a loucura tome de
assalto, desta vez, os espíritos pelos ouvidos, uma vez por semana e
durante uma horazinha atôa, por muito imprópria para o grande povo,
porque das 18 ás 19 horas! Onde o valor e prestigio de sua ciência, para
evitar o contagio de tamanha loucura? Não seria mais lógico ela, a
ciência médica dos luminares da moção, creasse uma vacina contra a
“loucura espirita”, que ela classifica, pela voz do sr. Carlos Fernandes,
de epidemia, visto como existe por aí vacina para todos os males? Claro
que, se a medicina fosse a ciência que por aí se diz, ac em vez de
combater a terapêutica espirita e a inocentíssima irradiação da “Hora
Espirita Radiofônica”, deixaria - como o papai que sabe o filho
pequenino vai chamuscar o dedinho na chama da vela, para que resulte
disto uma experiência que o presserve de acidentes maiores - deixaria e
aconselharia até a quantos o quisessem, que aquela fosse procurada e
esta ouvida, afim de que os interessados podessem demascarar uma e
outra, voltando, assim, experimentados e desiludidos, para sua medicina!
Ao em vez disso, agem como os padres: querem vencer pela intolerância,
por que procurando vedar, ensimesmados, o direito que nos confere o
livre-arbitrio, e nos aconselha o Evangelho.: o livre exame de tudo, para
a escolha do que fôr bom, que se nos afigura a mais bela prerrogativa do
espirito humano. Por isso que o Espiritismo a todos aconselha: este
direito; para a aceitação da doutrina que, préga, na conciencia de que é
morta a fé religiosa ou cientifica a que falte o apoio da razão, a liberdade
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
80
de exame A Mas a medicina da sociedade em questão ombreia-se, com
a medida que toma contra o Espiritismo, á Teologia, enquadrando-se
ambas, magnificamente, no conceito de Goethe, a respeito das duas,
posto no seu admiravel Fausto: “A medicina é uma ciência tão obscura
e tão venenosa como a teologia”.
O ilustre confrade, Wantuil de Freitas podia, ainda, na memorável
reunião, provar, a: seus pares que aquela sociedade estava, com a sua
atitude, repetindo a História, a citar-lhes que, tambem, em nome da
Ciência - a qual não póde ser responsável por absurdos e irracionalidades
que pseudo-cientistas cometem acobertados, por. seu nome - outros
maiores atentados anti-cientificos de “sábios” e de outras “sociedades
cientistas” mais importantes, porque das Europas, e em sessões mais
solenes, já se levantaram em massa contra aquisições cientificas de
máximo relevo. Podería-mos até dizer: contra todas as aquisições
cientificas! E o ilustre confrade lembraria a seus pares que, dentro da
“Academia de Ciências”, de Paris, o dr. Brouillaud quis esganar Du
Moncel, que exibiu, ali, o fonógrafo, invento de Edison, a dizer-lhe:
“Miserável, não nos deixamos ludibriar por um ventríloquo!” Quem liga
mais, hoje, o fonógrafo? Que a; mesma Academia, em reunião igual, no
ano de 1769, negou, terminantemente, diante do bólido caído em Lucé,
“fosse possível cair pedras do Céu”, repetindo o “asserto científico” do
grande Lavoisier. Até as crianças, hoje, já não ignoram a existência de;
bólidos, aerólitos, uranólitos! Que ainda a mesma academia repelira o
para-raios de Franklin, desse Benjamin Franklin que, com Bailly,
Guilhotin, Bertholet, negaram “cientificamente”, a existência do
magnetismo. O magnetismo é, hoje, uma das partes da Física! Que James
Braid foi impedido lêr, na British Association, de Londres o resultado de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
81
suas experiências sôbre o hipnotismo, - uma utopia para aquela
instituição científica - afim de que o tempo que poderia gastar o médico
inglês, fosse gasto por ura “sábio” para - não pasme o leitor com a coisa!
- demonstrar era fácil, pelos palpos, distinguir uma aranha macho da
femea! Médicos materialistas, hoje, anunciam, até, curas pelo
hipnotismo! Que as academias negaram, durante mais de 20 anos, as
descobertas de Pasteur, de quem Paul Gibier conheceu muitos
discípulos, médicos, que nunca as levaram a sério, Ninguém, hoje, em
medicina, maior do que Pasteur, embora não fosse médico, mas
farmacêutico! Que Arago foi ridicularizado na Academia de Paris,
quando quis demonstrar a possibilidade da telegrafia com fio. Témo-la
hoje sem fios, e coisa trivialissima para nós! Que o físiologista
Magendre, negou, a pé firme, a anestesia, indo o sábio Velpeau mais
longe, a afirmar: “Evitar a dôr nas operações cirúrgicas é uma grande
quiméra em que ninguém de bom senso devia insistir. “E o bom-senso
entra aqui, como a ciência médica, responsável pela grande leviandade
do sábio, de vez que, sete anos depois, em 1847, era o cloroformio
aplicado com resultados satisfatórios... Que Galvani foi crismado, pelos
sábios, seus contemporâneos, de “o homem que faz as rãs dansarem”. E
a eletricidade é, hoje, coisa mais que conhecida, por seus efeitos
maravilhosíssimos!
Iriamos ao infinito, na demonstração do misoneismo da ciência
humana contra tudo que veiu enriquecê-la mais, que mais a enriquecerá.
Ninguém ainda tentou ser- útil á Ciência e á humanidade, que não fosse
- deveria dizer, ainda, o ilustre confrade aos pares da memorável sessão
- injuriado, apedrejado, condenado. É Socrates a beber a morte: é Jesus
crucificado; é Giordano Bruno e Jeane d'Arc queimados; é Galileu,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
82
Copemico, Watt, Papin, Harwey, Fulton, Bartolomeu de Gusmão,
injuriados, alguns presos, execrados outros. Mas, todos, num futuro
próximo, glorificados com a laurea de sábios e prós-homens, tal como
acontecerá com Allan Kardee, Delane, Bezerra de Menezes e outros
pioneiros do Espiritismo!
Vale salientar sôbre tudo que Wántuil de Freitas, opondo-se ali, a
seus pares da “Sociedade de Medicina e Cirurgia”, punha-se contra seus
próprios interesses materiais, de vez que é proprietário de um laboratório
halopata, e o que defendia ali o confrade ilustre era, exatamente, a
terapêutica espiritista, que prescinde de seus produtos farmacêuticos!
Um gesto, não ha negar, de desinteresse cristão; de quem já sabe que
“nem só de pão vive o homem”; de quem procura “o reino de Deus e a
Sua justiça”, na conciencia de que tudo o mais' receberá de acréscimo.
Estámos em que, por sua atitude, dentro dâquele ambiente, de
franca hostilidade contra a Doutrina/ que é a portadora do bem-estar da
humanidade - bem-estar colimavel, quando formos concientes e
praticantes das leis divinas, como êle, o Espiritismo, no-las ensina - o
presado confrade e amigo: galgou, sem o querer e o sentir, um altíssimo
lugar de destaque nos fastos do Espiritismo, no Brasil! Quando se fizer,
de futuro, a história do Espiritismo entre nós, uma página luminosa ser-
lhe-á consagrada com justiça, de vez que a consagração de seus maiores
da Espiritualidade, teve-a já êle, com a inspiração e assistência para se
conduzir, como se conduziu, ali, na defesa da Verdade.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
83
A ENTREVISTA DO DR. XAVIER
Crítica e criticos honestos. - O “Espiritismo e Loucura”. -
Estatísticas originais. - Porque os doentes procuram o Espiritismo. -
O Espiritismo e outros males... - A grita contra o Espiritismo.
Quando vimos a entrevista do ilustre psiquiatra católico, dr.
Xavier de Oliveira, corremos a ela, na suposição de que iriamos
encontrar o cientista e seus argumentos científicos contra o Espiritismo
diferentes, para melhor, dos que se contêm no livro “Espiritismo e
Loucura.”
Aquela sua obra fôra uma tamanha chinfrineira de lógica, de
verdade, de ciência e dados , contra a Doutrina, que o “sábio” autor ataca,
e da qual nem o o, a, ba sabe, que estavamos a pensar o homem houvesse
mudado de tática; houvesse evoluído, sinão para a compreensão da
Ciência Espirita, para uma crítica justa, elevada,, .consciente: Para a
crítica honesta e digna, posta nos moldes sensatissimos em que a põe a
observação do Allan Kardec: “O Espiritismo não póde considerar crítico
sério, sinão aquele que tudo tenha visto, estudado e aprofundado, com a
paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que do
assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por
conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances
da ciência; aquele a quem não se possa opôr fato algum que lhe seja
desconhecido, nenhum argumento de que já não tenha cogitado e cuja
refutação faça, não por méra negação, mas por meio de outros,
argumentos mais peremptórios; aquele, finalmmte, que possa indicar,
para os fatos averguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o
Espiritismo. Tal crítico ainda, está por aparecer.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
84
Vimos, porém, que se trata do mesmo sábio sem sabedoria a
respeito do Espiritismo, autor do livro menos substanciam que já se
publicou, em nome da Ciência, contra o Espiritismo. Livro tão chinfrim
que o grande Ernesto Bozano, ocupado, quando lho mandaram, a refutar
as razões mais sensatas de René Sudre, escreveu para Reformador era o
“Espiritismo e Loucura” um livro tão vasio, uma coisa tão atôa, que não
estava disposto a perder com êle seu tempo. Mas, se ninguém, no Brasil,
quisesse analisá-lo... Houve, todavia, quem, no Brasil, fizesse mais.
Carlos Imbassahy e Souza do Prado, principalmente, reduziram-no a seu
justo valor, que é não ter valor nenhum. E Medeiros e Albuquerque, ateu
e irreverante, criticando-o, fixou, com justiça, isto: “Ha uma contradição
na obra do dr. Xavier de Oliveira: querendo fazer a apologia do
catolicismo e a negação formal do espiritismo, a maior parte do seu
volume é, entretanto, consagrada ao estudo de místico patas católicos,
que agitaram os nossos sertões e de que o Antonio Conselheiro figura,
talvez, como o tipo mais acabado.”
Pois o psiquiatra da conferência é o mesmo homem do Espiritismo
e Loucura. O mesmo, não: porque involuído quanto ao conhecimento do
Espiritismo e pela fórma de argumentar. Argumentação absolutamente a
mesma do livro, que passa para tanta gente de beca e de batina, feito a
última palavra contra o Espiritismo...
Sua entrevista apresenta-se com este espalhafatoso título:
“Espantosas acusações da Medicina contra os Espiritas”. Entretanto, as
acusações não são da medicina de verdade, mas de um médico sem
verdade. E não parece justo que a medicina e a ciência possam arrostar
com a responsabilidade de todas as tolices que se dizem por aí em nome
de uma e de outra...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
85
Os argumentos que o sr. dr. Xavier de Oliveira apresenta contra o
Espiritismo são, apenas, os dados estatísticos por, êle mesmo apanhados.
E apanhados de que modo, santo Deus? Perguntando-se aos doentes, ou
a seus responsáveis, se procuraram centros espiritistas. Em caso
afirmativo, pronto: louco feito pelo Espiritismo. Um caso assim,
concreto, sabemo-lo nós. A um moço de 19 anos, ao ser internado no
Hospício, fez-se a clássicos, pergunta: - Que tinha ido a centros não por
ser espirita, mas á cata da cura, que, nas suas promessas aos “santos” da
Igreja, e nas suas visitas aos consultórios médicos, não conseguira obter
- respondeu o moço. Nem por isso deixou o paciente de ser registrado
como espiritista. E é assim que o “sábio” psiquiatra católico engendra
suas sesquipedais estatísticas contra o Espiritismo, quando as devia
engendrar contra sua própria religião e contra sua medicina, de vez que
os espiritopatas de suas estatísticas não passam de catolicopatas,
medicopatas, psiquiatricopatas, porque vítimas, não raro, do misticismo
beato da Igreja, dos êrros de certa medicina e de certa psiquiatria. No
Brasil; “país católico por excelência”, o indivíduo só procura o
Espiritismo em casos tais, á busca do “milagre”, que não recebeu dos
“santos” de sua devoção e dá cura que a medicina oficial hão lhe pôde
conferir. Em última instância, portanto. Acontece, porém, que não lia
“milagres” no Espiritismo. Nem o Espiritismo diz que cura males
incuráveis... Figuremos seja o ilustre psiquiatra procurado por um doente
com os nervos desarticulados em conseqüência da toxicomania, na
esperança de cura. Como estatísticá-lo-á o grande psiquiatra? Vítima da
toxicomania ou de seu consultório-médico? Para sua lógica, o toxicóma
no deveria ser registrado como vítima de seu consultório médico...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
86
S. s. iguala o Espiritismo á sífilis e ao alcoól, como elemento
primordial da loucura. Seria para dizer-lhe, repetindo o Cristo com uma
pequena variante: “Perdôa-lhe, Pai, que o “sábio” psiquiatra não sabe o
que escreve!” Queremos, porém, perguntar-lhe o seguinte: Que já fez no
Brasil, de eficientissimó, a medicina e os psiquiatras marca Xavier de
Oliveira, para debelar a sífilis e o alcóol? Que providências de ordem
higiênica já desenvolveram para acabar com os alambiques e a
prostituição? Nenhuma. Nem lhe póde interessar isto, de vez que do bas-
fonds e das tavemas sái muita gente para os consultórios médicos, para
as casas de saúde, ao passo que de casas de espiritismo de verdade,
nenhum sairá. Dizemos espiritismo, de verdade, que nada tem a ver com
macumbas, com. as práticas grosseiras que s. s. apresenta na sua obra. E
“julgar o Espiritismo pelos fatos que êle não admite - afirma o Kardec -
é dar prova de ignorancia e tirar) todo o valor á opinião emitida.” Foi
isto que fez o grande psiquiatra no seu livreco, que repetiu na sua
entrevista a “Diário da Noite”.
Espalham-se já por ai, inumeros sanatórios espiritas, para cura de
obsidiados. Em S. Paulo, em Franca, em Uberaba, em Porto Alegre, em
Itapemirim... E o que se verifica ai, são loucos vindo de outras religiões,
maximé do catolicismo, para serem curadas pelo Espiritismo. O “Asilo
Deus, Cristo e Caridade”, de Itapemirim, de que fomos hospede durante
uma quinzena, para o qual recorre o Estado, que ainda não dispõe de
manicomio, abrigou, o ano passado, 366 alienados. Só dois se diziam
espiritistas, por crerem, apenas, no Espiritismo. Gente que entendia tanto
de Espiritismo - que não é doutrina de crença, mas de estudos e de
conhecimentos - quanto o sr. Xavier de Oliveira...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
87
Melhor, porém, do que nós, que não somos médico e que somos
espiritista, disse o dr. Pinto de Carvalho, que já era professor de
psiquiatria, quando o sr. Xavier iniciou o seu curso médico, na Baía, do
valor das estatísticas e do processo por que são elas elevantadas por aí,
por psiquiatras da marca do autor de “Espiritismo e Loucura”,
Só uma verdade existe na entrevista do ilustre psiquiatra, embora
mal compreendida por quem a diz, que é esta: “A época parece ser do
espiritismo. Estamos sob um verdadeiro avassalamento de espiritismo.”
É fato. E desse fato, ao em vez de “resultar grandes danos morais e
materiais para a nossa sociedade”, como diz o doutor, deriva melhor
compreensão para o homem, de seus deveres espirituais, de que póde
resultar sua felicidade terrena. Danos, só para os consultórios médicos,
onde se arranca ao cliente couro e cabelo, e para as igrejas dogmáticas e
sectaristas, concordámos! Daí, a grita em unísono, que médicos e padres
levantam contra o Espiritismo. Grita, porém, que se perde no torvelinho
humano, visto como o Espiritismo não é doutrina dos homens, mas dos
Espíritos; que “nada se póde contra a Verdade” - como diz o apostolo
Paulo - sinão com a verdade.” E a grita de médicos e padres contra a
Verdade da 3. Revelação, é a mentira, é o despeito, é a ausência de
sabedoria em tudo, absolutamente em tudo, referente á Doutrina que
atacam.
O DOUTOR AUSTREGESILO FALOU
O Espiritismo não cara e faz loucos. - O “crê ou morre” dos
“cientistas”; O “magister dixit” fora da moda. Espiritismo Religião.
- Penalidades para fanatizantes. - Condenação, para as fontes de
“milagres”. - Contradição entre “êles”. - Museu originalíssimo.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
88
Na sua entrevista contra: o Espiritismo, disse o eminente dr.
Austregesilo, prof. catedratico de Neurologia da Faculdade de Medicina,
que “o Espiritismo causa enfermidades e não cura ninguém.” E dí-lo,
dividindo a questão em dois aspectos: o social e o médico. O aspecto
social do Espiritismo é, para s. s., um caso de polícia. Para a neuro-
psiquiatría, - que se ocupa com o seu aspecto médico, - o Espiritismo é
um mal que, ao em vez de curar? faz enfermos. Se nem sempre é êle á
causa de insanidade mental, “é, pelo menos, a causa ocasional,
incontestável,” diz s. s.
Até aqui, o ilustre psiquiatra assegura que o Espiritismo não cura,
faz enfermos; se não é causa direta da loucura é sua causa ocasional,
incontestável... Mas, pergunte-se-lhe: porque o afirma com tanta
segurança? Só porque é psiquiatra? A credencial é, para quem dispõe de
um pouquinho de senso, pouca, quasi nenhuma. Pomos, aqui, este quasi,
generosamente. O que se diria dos conceitos de um grande, matemático
sôbre questões de zoologia, que nunca houvesse estudado? Que o
matemático fosse, primeiro, estudar zoologia para, então, manifestar-se
S. s. é, manifestando-se contra o Espiritismo, o “grande matemático”,
em questão. Na própria medicina vêmos, de resto, médicos ilustres
enviarem doentes ás especialidades de colégas, idas quais pouco
entendem. Nesta discussão mesma, aquele que encaminhou o assunto
para a psiquiatria, confessou fazê-lo por não ser a psiquiatria a sua
especialidade. Ora, se dentro da própria medicina, ha inteligências que,
nem por terem estudado toadas as matérias do curso, fizeram cabedal de
conhecimentos de tudo que se ensina era medicina, como admitir que
uma “celebridade” como é o doutor Austregesilo, possa conhecer, sem
estudos sérios, aquilo que não estudou, não perquiriu não experimentou?
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
89
Provas de sua ignorancia do Espiritismo? Que apresente as razões por
que o Espiritismo não cura; por que faz éle enfermos; por que, se não é
êle a causa real da loucura, é a ocasiona incontestável. Se o mostrar com
ciência, a cousa, então, muda de figura. Afirmar só por afirmar, valendo-
se das gloriolas cientificas que lhe enfeitam o nome, é pouco! É nada,
para os que dispõem de uma dóse mínima de senso crítico, de bom senso.
E pergunte-se, agora: de que autoridade cientifica dispõe a psiquiatria
para julgar do Espiritismo? Daquela que já deixámos exarada em nosso
artigo anterior: Psiquiatria e Espiritismo. Figuremos uma hipótese: um
médium entra em transe e fala idiomas que desconhece, e descreve
ambientas que nunca viu, e lê páginas de livro que so encontra ha
quilômetros, metido com outros, na biblioteca, e empresta fluídos
ectoplasmâticos para fenômenos de materialização, e, materializados, os
espíritos se mostram aos que se reúnem em sessão, osculando este,
apertando a mão àquele, conversando com aquele outro; a tudo isto,
responde a psiquiatria, pela autoridade dos drs. Austregesilos, que são
manifestações de conscientes e subconscientes, através de uma larga
citação apanhada aos romances científicos de Freud. Nem se pense, de
leve seja tudo aquilo obra dos Espíritos! A psiquiatria não consente. E
para demonstrá-lo, entra numa série de experiências as mais triviais,
como as que foram praticadas em Recife com os presidentes de centros,
espiritas, para licenciá-los. E tome, por cima, de eontra-pêso, uma série
de observações feitas por grandes nomes, que é um gozo ouvi-los.
Depois, o cientifico é ficarmos com o conciente e subconciente; com o
Freud e o Bernheim; com o Grasset e o Charcot; com o Quemby e o
Babinski; com o Janet e o Paignez; com o Baumgten e outros, que,
escravos tambem da lógica dos cinco sentidos materiais, não poderam,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
90
como o sr. dr. Austregesilo, conceber e compreender possa haver ciência
fóra da matéria...
As definições cientificas dessa gente graúda na ciência, não se
entendem, como initeligiveis são os tais conscientes e subconscientes!
Mas, deve estar certo, porque é da ciência materialista, oficial, embora
valham por verdadeiros fantasmas de imaginação, que põem, por vezes,
em dificuldades seus autores, que não acreditam em fantasmas de
gente...
O respeito á autoridade é, para Goethe, o maior entrave ao
progresso. E Paul Gibier, com mais autoridade do que o dr. Austregesilo,
porque perquiriu e experimentou antes de manifestar-se contra o
Espiritismo, escreveu isto que vem a propósito: “Pessôas muito
esclarecidas em um pontinho especial dos conhecimentos humanos,
julgam poder decidir arbitrariamente toda novidade que lhe chegue ás
idéias, quasi sempre por este único motivo - que, em geral, não
confessam - que se “aquilo fosse verdade, êles não podiam ignorar”. Êles
ou sua cidadezinha!
Aplicam-se ao dr. Austregesilo e aos negadores de igual coturno,
os dois assertos acima. S. s., cotejando a autoridade de outros mestres
em psiquiatria, procura, em vão, negar o Espiritismo. Dizemos em vão,
visto como andou a pensar, naturalmente, quantos lêram sua entrevista,
levaram-no a sério, cheios, apenas, de respeito por sua autoridade
psiquiátrica! A época, porém, é do livre exame de tudo para a escolha do
que convém. Por isso, é debalde que “sábios” de pontinhos especiais dos
conhecimentos humanos procuram entravar a marcha das idéias e
doutrinas novas.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
91
Prosseguindo na sua entrevista, o. ilustre médico expõe conceitos
que: aplaudimos, porque justíssimos. Aquele em que diz que o
Espiritismo como religião está bem, visto como “o fóro íntimo de cada
um é o único responsável pelas suas crenças. Até aí muito bem.” Mas,
se se verificar que, por causa de influências religiosas, “a'saúde de
muitos começa a ser abalada, não ha mais direito para a seita religiosa.
Se prevalecesse o conceito do ilustre médico, nenhuma doutrina,
religiosa mais do que o Espiritismo teria direito a existir, porque êle, ao
em vez de abalar, de-sa-ba-la a saúde dos que o procuram, de volta,
desiludidos, de consultórios médicos e de templos católicos! Seria isto
que o ilustre neurógo veria, se procurasse estudar bem o assunto in loco,
experimentando-o, como já têm, feito muitos sábios de verdade.
Revelando-se logicamente imparcial, prossegue s. s., pedindo
penalidades “não só para o Espiritismo, mas tambem para qualquer outra
(religião ou seita) que provoque casos de fanatismo em larga escala, e se
arvore a milagres que só podem dar causa a distúrbios sociais e
individuais.”
Por este; conceito, só o Espiritismo, estaria cento por cento (para
empregarmos uma expressão do momento) livre de qualquer proibição e
penalidade, visto como o fanatismo não se; lhe enquadra. Não são
espiritistas que crédula e fanaticamente, - atravancam, o pescoço de
baragandans sagrados, como rosários, bentinhos, orações, cruses,
“breves”, veronicas, crucifixos e quejandos! Não são espiritistas “que
vão se arrastando, até de joelhos, a templos, em pagamento de promessas
feitas a “santos”, para a conquista de “milagres!” Nem há, no
Espiritismo, templos privilegiados para tanto, como a nossa Penha, o
Bomfim, da Baia; a Congonhas, em Minas; a Boa Viagem do Pará...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
92
Uma doutrina que, de resto, impõe o livre exame de tudo para a aceitação
do que fôr bom; que só justifica a fé se fôr acreditada pela razão; que
ensina é preferível recusar 99 manifestações de espíritos, verdadeiras, a
aceitar uma só, falsa; uma doutrina assim, não póde, é lógico, sancionar
o fanatismo. Nem tampouco milagres, que só existem pela nossa grande
ignorancia de certas leis. A Ciência Espirita arraza a concepção do
milagre. Dí-lo Kardec assim, invalidando-a: “O milagre não se explica;
os fenômenos espiritas, ao contrário, se explicam racionalissimamente”.
Termina sua entrevista o ilustre psiquiatra louvando o jornal que
está agitando a campanha e incitando as autoridades a serera vigilantes
no sentido de saber quais as crenças que prejudicam o bem social.
Estamos em que, para uma campanha destas, todos os espiritas seriam
ótimos auxiliar es das autoridades, no sentido de que muita coisa com o
nome de espiritismo, que vai por aí, deixasse de servir-se, abusivamente,
deste nome! Faria o mesmo a classe médica, a respeito de muita coisa
ruim que, com o nome de medicina, vai por aí, tambexn, abusando da
medicina?
“O Espiritismo como religião é uma coisa, mas como fonte de
milagres” não deve existir, diz, ainda, s. s.. E não existe, mesmo, esse
espiritismo! Se o Espiritismo invalida o milagre, como póde êle ser
“fonte de milagres?” Onde, entretanto, da parte do ilustre psiquiatra e de
seus colégas, que se põem contra as “fontes de milagres”, qualquer
atitude de protesto contra a maior dessas fontes, que é a Igreja de Roma?
Não será para o espirito equilibrado de s. s. uma justiça tipo “dois pêsos
e duas medidas”, apontar como faitosa a entidade que não admite a falta,
sem vêr a falta centuplicada noutra entidade muito mais perto de nós?
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
93
Agora, uma dolorosa contradição inherente ás três entrevistas até
agora analisadas. Para o dr. Austregesilo, o Espiritismo se não é a causa
primordial da loucura, é a sua causa ocasional. Para o dr. Xavier, é êle a
causa real, realissima. Ambos falam, entretanto, em nome da psiquiatria,
psiquiatricamente. Quem, dos dois, com a razão? Tem ainda, o dr. Xavier
a apoiá-lo, o dr. Carlos Fernandes, para quem o Espiritismo não é
religião. O dr. Austregesilo acha que, como religião, o Espiritismo tem
direito a um lugarinho ao sol. Diante deste descosimento bem próprio de
médicos mais ou menos em “juntas médicas” para firmarem
diagnósticos, quem tomará pé ?
Numa coisa, porém, estão os três firmes e coêsos: o Espiritismo
faz loucos. Ocasional e realmente, mas fá-los! Enquanto, porém, os três
vão afirmando a injuria, aplaudida por outras mentalidades cientificas de
cá, da mesma altura cientifica, meu presado amigo e confrade, dr.
Ignácio Ferreira, diretor do Sanatório Espirita de Uberaba, vai, por meio.
do Espiritismo, curando os loucos que aportam ao Sanatório e
organizando um museu originalissimo, porque aos objetos religiosos que
os loucos internados para ali levaram, reveladores da religião que
professavam-: rosários, bentinhos, veronicas, “santas terezirihas”,
orações e “breves”, cruzes, “crucifixos” e “terços”!
AGORA, O PSIQUIATRA NOBRE DE MELO!
Charlatanismo espirita, - verdadeiro charlatanismo. - Coisas
perigosas. - Superstição mais poderosa do que a ciência. - Direitos
iguais para classificar, - Pobres classes incultas! - Fontes; de taras, -
O art. 157 de nosso Código Penal.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
94
O ilustre doutor, A. L. Nobre de Melo, diretor do “Serviço de
Assistência a Psicopatas e da higiene e profilaxia Mentais do estado do
Rio” tambem falou sobre o Espiritismo! E falou para “arrazá-lo!”
Começou dizendo acreditava “ser unanime a opinião da classe em
ressaltar os perigos que acarretam as práticas espíritas! Começou,
portanto, revelando um duplo apedeutismo: a respeito da classe a que
pertence e do Espiritismo! A menos que s. s. considere somente digno
do diploma de médico, aquele que pense com as suas idéias, tem-se visto
já muitos médicos ilustres contra o pensar de s. s.. Mais ilustres, por bem
conhecer, as duas ciências: a em nome da qual se manifesta o ilustre
diretor daquelas coisas todas do Estado em que residimos, e a Ciência
Espirita, em virtude de terem-na estudado e experimentado. Quais
mesmo, os médicos que permanecem em campo, na campanha ingloria?
De real valor, nenhum!
Vê s. s., na campanha que se está movendo contra o Espiritismo,
“saneamento social”, pois vai lavrando, por toda parte, no Brasil, o
“charlatanismo e exercício ilegal da medicina pelos espiritas”.
“Saneamento social” de molde a aproveitar somente aos médicos,
concordámos. Não ha dúvida que, se a ciência médica fosse acessível a
todas as bolsas e eficientissima nos seus diagnósticos, prognosticos e
curas, ninguém se lembraria de procurar outra terapêutica. Quem já
conhece à Verdade não será capaz de resvalar para o êrro e a superstição,
é lógico! Assim, os que procuram “o charlatanismo e a superstição”
espiritistas são, exatamente, aqueles que, de todas as classes - a partir da
própria classe médica - não encontraram o consolo e a cura na “verdade”
da medicina oficial:
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
95
Sabemos o que se compreende, em nome da lei humana, por
charlatanismo e exercício ilegal da medicina. Se, porém, aprofundarmos,
sensatamente, o assunto, vamos vêr que todo mundo pratica a charlata e
a medicina ilegal, de vez que todo mundo - porque de médico e louco -
diz o velho rifão - todos têm ura pouco sabe formular diagnósticos a
quem lhe diz: “dói-me aqui, dói-me cá”, dizendo-lhe; “você deve tomar
isto, porqué está sofrendo, disto”. Se entendermos por chalata a aplica-
ção de remédios sem prévio e suficiente conhecimento do mal a curar, é
fôrça convir que a classe médica é a mais farta em charlatães. Cada
médico que aplica um medicamento sem conhecer suficientemente a sua
eficiência, muito menos a moléstia., o que é tão comum, por simples
palpite, pratica, incontestaveimente, embora legalizado para praticá-lo,
o charlatanismo!...
Diz s. s. que “em nosso meio o espiritismo não tem sido uma seita
religiosa inofensiva!” Forque o diz s. s.? Em que dados científicos,
experimentais se baseia para tanto? Afirmar, somente, com pose de
grande sábio, ilustrando a afirmação com a fotografia de grande senhor,
guapo e senhoríl, é pouco. Já não estamos na época do magister dixit, de
vez que vêmos, por aí, mestres que pouco sabem de sua própria ciência,
quanto mais... Podemos afirmar ao ilustre diretor daquelas coisas todas
do nosso Estado que, por mais perigosa que seja a “seita espirita” - dado
mesmo que o Espiritismo seja uma seita cheia de perigos! - a medicina
e, principalmente, a psiquiatria nas mãos de certos médicos cheios de
importância è figurações, são bem mais perigosas...
Permitir a irradiação do Espiritismo “é cultivar uma superstição a
que se escravisam, lamentavelmente, milhões de homens civilizados”,
escreve, cheio de sapientices psiquiátricas, o “grande psiquiatra” de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
96
Niterói. Quanta incoerência nesta assertiva, de mistura a uma implícita
confissão de fraqueza da ciência em nome da qual se manifesta, o sábio
doutor. Uma superstição, que consegue, através da irradiação
hebdomadaria durante uma horinha só, e hora talvez mais imprópria do
dia; uma superstição que pregada e acionada por gentinha sem ciência e
sem projeção, social - como é o Espiritismo para os ilustres “sábios”
indígenas que o atacam - e, contudo, consegue escravizar milhões de
civilizados, é fôrça confessar que uma superstição assim, vale mais do
que a ciência de s. s. que não tem fôrça de reter, os civilizados aos
milhões nas teias de seus cientificismos, pois não? Nem podemos
compreender como possam milhões de civilizados se escravizaria
superstições! Ou não eram civilizados, de vez que civilização implica o
conhecimento; integral de tudo que nos permita, facilmente, evitar o erro
a bem da verdade, ou, então, aquilo que os escravisou não era
superstição. Como o afirmou s. s., trata-se de um verdadeiro paradoxo.
Bacon já lamentava, ha setecentos anos, o hábito de muita gente crismar
de superstições as outras doutrinas contrárias a sua, sem vêr que assiste
aos outros o direito de fazer o mesmo com a sua. Muitos, até, dentro de
uma grosseira superstição, entendem que os de fóra é que o estão!...
Num futuro próximo, quando a psiquiatria fôr, de fato, uma
ciência com P. maiusculo, ha de envergonhar-se-de muita gente que,
arvorada, em 1939, a psiquiatra, se valeu de seu título de doutor e de sua
posição social transitória, para, era nome dela, dizer tantas pueridades, -
ilustrando-as, ainda, com sua fotografia em poses estudadas!
Róla, depois, s. s. de um abismo noutro abismò, a dizer que a
superstição escravisante de milhões de civilizados, “fazendo-a, penetrar,
em todas ás camadas sociais, principalmente no seio das classes incultas,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
97
etc.” Quem, fazendo-a penetrar nesse meio? Os milhões de civilizados?
A permissão para o Espiritismo ser irradiado? Impossível atinar. A
construção do período é ambigua. Vêmos, porém, de qualquer modo, que
a superstição, depois de escravisar, lamentavelmente, milhões de
civilizados, consegue, tambem, dominar as classes incultas! Já é,
confessemos, ser lima superstição, a que só póde escapar uma
insignificante meia dúzia de doutores Nobre dé Melo! Isto, porque esta
meia duzia não se despiu, ainda, da roupagem do orgulho muito terra-
terra, de certa vaidade acadêmica, de preconceitos para se aproximar,
tambem, da “superstição”, examinando-a, estudando-a,
experimentando-a, de vez que a “superstição” em analise não péde outra
coisa a ninguém, achando mesmo todos têm o direito de combatê-la,
contando que o façam com o seu conhecimento. Os que, porém, como o
psiquiatra fluminense, atacam a “superstição” em causa, e do modo por
que o atacam, não calculam a extensão das provas de ignorancia que
estão revelando, para os que já fizeram aquilo que êles não querem fazer:
experimentá-la, estudá-la, examiná-la...
Injusto com as classes incultas, afirma s. s. é aí “onde abundam
indivíduos tarados e predispostos, sôbre quem incidem, de preferência,
os malefícios observados!”
Pobres classes incultas? Além de sua incultura, que já é uma
infelicidade decorrente, não raro, de outra infelicidade, que é a pobreza;
além dessas duas infelicidades, tome lá mais uma, de contra-pêso, que
lhes ajusta, psiquiatricamente, o dr. Nobre de Melo: a da tara e
predisposição aos males observados! É verdade que não se sabe de que
males se trata, onde e por quem foram observados, de vez que o ilustre
psiquiatra não pôs na sua entrevista. E a par da infelicidade da tara e
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
98
predisposições em cita, mais uma outra grande infelidade ainda: não
dispôrem de muito dinheiro para “comprar” a saúde nos gabinetes
médicos das “celebridades” que as classificam deste jeito! Nós temos,
entretanto, verificado, através da História e dos fatos diários que a vida
registra, que os maiores tarados e grandes predispostos a males e taras
terríveis vêm, exatamente, de certas classes cultas, eivadas de muito
orgulho, cheias de grosseiro materialismo, entregues á vida desregrada
dos vícios elegantes, das mesas fartas, dos casinos, das orgias...
Entra, agora, s. s. na seára criminal, a demonstrar que o Código
Penal pune, criminalmente, o Espiritismo! E lá se vem, para não fugir á
rotina dos apedeutas guerrilheiros contra o Espiritismo, o malsinado art.
157, citado inteirinho. Não ha maior prova de ignorancia revel ada contra
o Espiritismo, para os que bem o conhecem, do que citar o 157 contra
êle! O legislador do referido artigo, se ali ajustou espiritismo a magia,
sortilégios, talismans, cartomancia, no sentido de despertar ódio ou
amor, é que entendia, tambem, de Espiritismo como os Nobre de Melo,
os Xavier de Oliveira, os Carlos Fernandes de hojé!... Assim não fosse,
saberia que o Espiritismo não póde se ajustar aquilo que êle condena
peremptoriamente, que é o caso de tudo que se lhe ajunta no artigo em
questão. E veria, então, que o artigo teria mais aplicação a outras
doutrinas religiosas, que sancionam o uso de talismans - que outra coisa
não são as veronicas, bentinhos, “breves”, orações, patuás, rosários, no
desejo, sinão de despertar ódio ou amor, de fascinar, fanaticamente - e a
doutrinas cientificas que anunciam curas de moléstias incuráveis,
pregões tão comuns da parte de certos médicos: Nada tem a ver, portanto,
o Espiritismo com isso. Não o dizemos nós, mas quem entende de
interpretações jurídicas melhor ido que nós e o dr. Nobre de Mello, que
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
99
são os grandes juristas, como já deixámos provado em artigo anterior a
este, á altura de um Bento de Faria, Macedo Soares, Galdino Siqueira,
Viveiros de Castro...
Além do “cientista” refutado ser entidade de alto coturno
psiquiátrico, nós gostámos de argumentar, analisando ponto por ponto,
toda a falta de lógica e, mesmo, de ciência dos adversarios.
Por isso, o “grande psiquiatra” de Niterói bem merece
prossigamos em nossas razões, analisando as razões de sua entrevista
contra o Espiritismo.
E nós, gostosamente, prosseguimos.
O PSIQUIATRA PERSEGUE...
Médiuns? cadeia! - Leis selvagens. - À arte de curar e os
médicos. - O Espiritismo culpado... - Otimo campo para a
psiquiatria. – Anormais e normais. - Atestados de imbecis a sábios
de verdade. - Contradições psiquiátricas. - “Superstição sombria”
O ilustre dr. Nobre de Melo, na ansia de vêr médiuns curadores na
cadeia, argumenta que se tem procurado isentar de culpas os aludidos
médiuns, por não se lhes descobrir idéia de ganho na sua ação curativa.
E conclue que, para fixar a existência do crime, basta exista “a presença
do doente, o charlatão, que o recebe e o tratamento aconselhado”. Só pôr
isto, haja ou não o charlatão curado, tenha ou não o doente recebido do
charlatão aquilo que os médicos não lhe poderam dar, cadeia com os
médiuns? E cadeia em nome da lei! Seria, então, o caso de perguntar á
justiça o que mais criminoso, passível de punição: tal lei, que permite
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
100
evitar se minore, sem ganhos materiais, o sofrimento do próximo, ou o
instrumento desta minoração? E teríamos, ainda, uma lei selvagem que,
a um só tempo, permitisse duas desgraças: punir praticantes da mais bela
virtude que se conhece, que é a Caridade, e invalidar, o que seria
doloroso para uma civilização que se diz cristã: - leis do Cristo, desse
Cristo que autorizou aos homens de coração e de fé, sem indagar de sua
religião, que curassem os enfermos!
Nós sabemos que a lei só permite a arte de curar a detentores do
diploma de medico! Será justíssima a lei com isto? Nem sempre o mais
capaz para curar é o que fez o curso médico. Ha médicos que seriam
ótimos alfaiaes, excelentes sapateiros, zelosos funcionários públicos,
para que nasceram. Menos médicos, para que estudaram. Entregar-se um
doente a tais esculapios, não seria pior do que receber de um charlatão
cheio de vocação, de prática e de coração para o sacerdocio de curar, o
remédio em que confia? Assim, estamos com um luminar de nossa
medicina, que nos disse, achar que “o diploma de médico, embora
permita o direito de curar, não deve ser a única razão deste direito. A
medicina devia ser praticada por quem estivesse - pela vocação, pela
prática e pelo coração - á altura de exercê-la com capacidade e
responsabilidade.”
O psiquiatra de Nitéroi prossegue a dizer que “delitos mais ou
menos graves têm sido perpetrado em nosso meio por indivíduos que se
entregam á pratica do espiritismo.” Mas não enunciou a natureza e o
numero desses delitos. Uma afirmação, portanto, psiquiatricamente,
gratuita. Dado, porém, que não o fosse, nós poderíamos logicar que o
Espiritismo é tão responsável por delitos de certos indivíduos a êle
entregues, sem bem o conhecerem e o sentirem, como a medicina pelos
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
101
médicos que, em seu nome, vão aumentando - e são tantos! - o
“povoamento dos cemitérios!”
S. s. aponta os delituosos do Espiritismo através de dois grupos:
os psicopatas inimputáveis ou semi-imputáveis, cuja causa mórbida é
facilmente reconhecível por uma perícia psiquiátrica; e os “indivíduos
normais que se prevalecem conscientemente de situações humanas
aflitivas para praticar toda sorte de explorações ignóbeis.”
Com o primeiro grupo, só a psiquiatria teria a lucrar, por oferecer-
lhe, em levas consideráveis, enfêrmos a sua perícia. Nada póde resistir a
Verdade, e o anseio do doente é a conquista da cura. Pois o ilustre diretor
dos serviços psiquiátricos do Estado do Rio, e seus colégas do Brasil, se
botem a essa legião de enfermos vitimas do Espiritismo, a começar por
quem isto escreve, “enfermo” do espiritismo ha 25 anos, e demonstre-
lhes com a verdade de sua medicina que eles estão em êrro, oferecendo-
lhes, ainda, a cura! A finalidade da medicina não é o sacerdocio da cura?
Pois aí está uma belissima oportunidade para a psiquiatria demonstrar
realmente que é ciência, que é a verdade, confundindo e curando os
psicopátas imputáveis e semi-imputáveis feitos pelo Espiritismo!
Assinalando o segundo grupo, não foi s.s. mais feliz. Seu
diagnostico psiquiátrico marcou outro desastre. Não sabemos com que
lógica pôde s. s. encontrar normalidade no indivíduo que se compraz,
concientemente, na exploração de aflições humanas para daí retirar
provenctos ignóbeis! Parece-nos que só esta prática seria de molde a
registrar a anormalidade de tal indivíduo. Como, porém, psiquiatria de
certos psiquiatras vê tudo diferente... é possível que o errado sejamos
nós! Não sabemos tambem como possam médiuns, que não recebem um
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
102
real pela cura de que são instrumentos, que são aqueles nos quais, linhas
atrás, s. s. não encontra criminalidade passivel de cadeia; não sábemos
como êles possam explorar situações aflitivas! Conhecemos, entretanto,
casos dolorosos de gente com diploma de curar, que se faz, em tais
circunstancias, verdadeiros corvos humanos. Meia duzia desses casos,
escabrosissimos, teima, agora mesmo, em querer espirrar-nos da ponta
do lapis.
Passa s. s., sem mais aquela, o atestado disfarçado de imbecis, “por
deficiência temporária da crítica, por exaltação afectiva e
circunstancial”, a Zoellner, e Fechner, a Richet e Russel Wallace, a
Crookes, por terem acreditado no Espiritismo. Foram, para o psiquiatra,
influenciados “por certos dogmas religiosos, tiranicamente, impostos
por educação convencional, desde a primeira mocidade”. Aí está!
Palavra quo não encontramos o adjetivo necessário para tal
afirmação tola, presunçosa, sem nenhuma sombra de senso, quanto mais
de ciência! E começamos a demonstrá-lo assim: s. s., que não é homem
de ciência - e está a afirmá-lo a leviandade, com que escreve sobre o que
desconhece” - que é frupt, como todo brasileiro, de uma educação
católica, a mais imposta a dogmas, convencionalmente; s.s. não se
acredita escravizado a ela; quanto mais aqueles grandes nomes de
cientistas de real valor, frutos de outra educação bem mais sensata! E
eles mesmos, possuidores do senso crítico que a ciência impõe aos
cientistas de verdade, como deixarem facilmente empolgar por uma
“deficiência temporária de criticar por exaltação afectiva e
circunstancial?” E á ciência se empresta as responsabilidades de tais
julgamentos! Leia-se a “Física Transcendental”, de Fred, Zoellner e os
depoimentos de Fechner sôbre as experiências espiritas a que se
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
103
entregou; leia-se o “La Grande Esperance”, de Richet, seu último livro
sôbre o assunto, filho de meio século de observações e experimentações
espiritisticas; considere-se o tempo de experiências porfiadas de William
Crookes e as conclusões a que chegou aquele físico inglês a respeito do
Espiritismo, levando- o a afirmar: “O Espiritismo está cientificamente
demonstrado”; entre-se no conhecimento do “Miracles and Modem
Spiritualisme”, de Wallace, em que o grande sábio inglês mostra que o
Espiritismo é ciência, a dizer: “os fatos tornam-se cada vez mais certos,
cada vez mais variados, cada vez mais afastados de tudo quanto a ciência
moderna ensina e de todas as especulações da filosofia dos nossos dias,
e afinal venceram-me.” (Nosso, o grifo). E, depois, estude-se, analisando
e experimentando a Doutrina Espirita, e ter-se-á, então, a idéia claríssima
da inanidade do julgamento psiquiátrico do psiquiatra de Nitéroi que,
sem nada vêr, nada estudar e nada saber do Espiritismo escreveu as
puerilidades pretenciosas em analise. Parece-nos, até que foi para s.s.
que Richet pôs á pag. 114 do seu “La Grande Esperance”: Il est nié
obstinement, carrien nest plus facile qu’une negation.” E, á pag. 287:
“donc, malgré la progression effarant de nossciences, nous ne savons
rien, ou presque rien, de L’univers.”
Aqui, enganou-se o grande sâbio, porque os psiquiatras de cá, com
o dr. Melo á frente, mesmo sem estudar, sabem tudo! Sabem até que o
sr. dr. Richet, apesar de seus estudos de meio século em tômo do
Espiritismo, foi debilmentalmente enganado ou tiranicamente vítima de
êrros dogmáticos. E sabem isto, dr. Charles Richet, sem nada pegarem
do assunto, com o direito apenas que lhes dá seu canudo de médico!
O dr. Nobre de Melo conclue que “o espiritismo por si só não é
capaz de condicionar uma doença mental individualizada! “Ora, graças
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
104
que nem tudo está perdido! E aqui vai mais uma rasteira passada,
psiquiatrieamente, no dr. Xavier de Oliveira, que dá, psiquiatricamente,
o Espiritismo feito a maior fabrica de loucos existente e por existir!
Se o Espiritismo condiciona, isoladamente, doenças mentais,
como póde ser, lógicamente, responsável por graves delitos? Se êle só
póde prejudicar indivíduos “já constitucionalmente predispostos” como
o afirma s.s., é êle tão responsável pelos possíveis delitos que se lhe
ajustam, como a própria medicina, e as outras doutrinas cientificas ou
religiosas! Neste caso, pedir para êle as penas da lei, será pedi-las
tambem para todas as doutrinas, é clarp. Mormente, para aquelas que,
mais do que o Espiritismo, podem prejudicar predispostos. Assim
dizemo-lo, porque os hospícios estão cheios de loucos, vítimas de
impressionismos de outras doutrinas e não do Espiritismo que é, até, para
os que bem o conhecem, um meio de retirar loucos dali.
E termina o ilustre psiquiatra de Niterói, classificando, apesar de
tudo, o Espiritismo de “sombria superstição”. Além de superstição,
sombria, contra a qual, por higiene mental, deve-se levantar forte
campanha! Se superstição é “falsa doutrina, do latim superstitio”, verá,
um dia, o ilustre psiquiatra, quando o estudar, que uma doutrina; assente
em bases rigorosamente científicas, experimentais, logicissimas, não
póde ser superstição. Muito menos sombria. E concluirá, decepcionado,
que superstição é, exatamente, a; sua psiquiatria sem Deus, que nega o
Espirito; que assenta, quasi que exclusivamente, no empirismo de teorias
que se contradizem a cada passo, porque variam quase de psiquiatra para
psiquiatra. E superstição mais do que sombría, a despeito do cunho
oficial que se lhe empresta!
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
105
A ENTREVISTA DO DR. MAURICIO
Razões étnicas. - Remedio contra abusões e crenças. - Causa
de nosso atraso. - Instrução sólida. - Mediunismo e Espiritismo. -
Mirabele e o Espiritismo. - Espiritismo Prático. - Espiritismo e
orgulho dos grandes homens. - Distúrbios mentais espiritisticos. - A
crença espírita. - A moral espirita e a moral do século.
O professor mauricio de Medeiros, tambem se manifestou, em
entrevista a “Diario da Noite”, contra o Espiritismo, emprestando
irrestrita solidariedade á “Sociedade de Medicina e Cirurgia”. E fê-lo,
através das razoes abaixo, extraídas de sua entrevista.
A primeira razão que s.s. encontra para os perigos da propaganda
do Espiritismo pelo rádio, decorre de estarmos, ainda, muito próximos
das raízes étnicas, que contribuem para a formação do brasileiro. E,
daqui: “nossas tendências para as formas mais rudimentares de
misticismos nas múltiplas manifestações das crendices, superstições e
abusões.”
Conhecesse bem s. s. o Espiritismo, e seria força aplaudir até a
propaganda do espiritismo cultural pelo rádio, exatamente para combater
as abusões, superstições, crendices e misticismos beatos, coisas que não
se enquadram absolutamente no Espiritismo. Nem póde haver melhor
combate contra essas inferioridades do espirito humano, do que a
Doutrina que preceitúa o livre exame de tudo, afirmando que “para crer,
não basta ver, senão principalmente compreender.”
Sente-se que s. s., lança á conta das raças inferiores de que se
originou o tipo brasileiro, o nosso atrazo espiritual. Não concordamos
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
106
com s. s. Achamos, em primeiro lugar, todo o atraso que, por nosso
pesar, se verifica entre nós, deriva da educação católica, assente em
dogmas e místicas absurdas, de que resulta uma obediência perinde ac
cadaver, a padres e a ordenações da Igreja! Nem, tampouco,
superstições, crendices e mistificações são defeitos somente de povos
atrazados e ignorantes. A imbecilidade humana se encontra por toda
parte, em que pése a assertiva de Fenelon, para quem “nada destróe mais
completamente as superstições do que uma instrução sólida.” Essa
instrução sólida ainda não se verifica na Terra, porque se a instrução em
geral escapa do cunho que lhe emprestam religiões dogmáticas, incide
no dogmatismo das ciências materialistas. Daí, notícias dolorosas de
superstições não menos dolorosas, que nos vêm da França, dos Estados
Unidos, da Alemanha. Daí, muitos grandes homens terem, tambem, a
sua superstiçãozinha. Daí, não haver grande homem - é, até, axiomatico
sem a sua mania, a sua superstição. Não fosse ter mais o que invalidar, e
aqui ajustaríamos um milheiro de provas de superstições de povos cultos
e grandes homens!
Procura s. s. justificar a medida pedida pela sociedade médica
contra o Espiritismo, a dizer que “pululam nos centros mais civilizados
do país, os feiticeiros, os macumbeiros, os cartomantes, os profetas.” E
nós perguntamos a s.s.: que tem o Espiritismo com isso, de vez que é êle
o maior inimigo dessas coisas todas, por isso que todas elas podem ser
procuradas - e são-no, infelizmente, por toda gente; gente de automoveis
chiques e cheia de joias caras, médicos inclusive! - menos por
espiritistas?
Tanto é verdade que o Espiritismo é o maior inimigo de tais
mistificações e crendices, que os espiritistas seriam, e serão os maiores
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
107
interessados no expurgo... Quanto mais não seja, para que homens cultos
e grandes, como s.s., não venham de público lançar á conta do
Espiritismo tais dislates!
E cita, em desabono do Espiritismo, o médium Mirabeli.
Perguntamos, ainda, a s.s. em que póde o Espiritismo ficar abalado pelas
fraudes do sr. Mirabeli? Menos do que a medicina - respondemos nós -
pelas charlatanices de falsos médicos, ou de médicos incapazes. O fato
de ser médium não implica ser espirita. Nem, tampouco, o mediúnismo
é patrimônio do Espiritismo. Estamos até em que 80% de espiritistas
vieram para o Espiritismo pelo mediúnismo, que supunham doenças, por
isso que procuraram as rezas do sr. vigário, as promessas aos “santos”
de sua devoção, as penitências beatas, os consultórios dos médicos
curadores de obsessões, sem lograrem nenhum resultado! O sr Mirabeli,
ao que dêle sabemos, era um grande médium sem ser, entretanto, nem
pequeno espiritista. Realizou fenomenos espiritistas lindos. Nós mesmo
conhecemos, a par da obra, “Prodígios da Biopsiquica”, do sr. Eurico de
Góes, muitas pessôas; idôneas que os testemunharam. Quando,
entretanto, o sr. Maurieio o conheceu, era já o Mirabeli como o grande
artista ou o grande médico que, por cansaço, houvera perdido o dom de
sua arte e a perícia de sua ciência. Tanto mais não tendo o médium feito
o uso que lhe competia fazer de sua mediumdade, que, sendo recebida
de graça, deve ser de graça aplicada ao bem geral dos sofredores, ao
desenvolvimento progressivo dos conhecimentos humanos das coisas
divinas.
Assim, o Mirabeli como argumento no caso, procede tanto quanto
os dois anteriores.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
108
Assinalando os truques que observou realisara o Mirabeli numa
sessão, em S. Paulo, a que fôra a convite do dr. Eurico de Góes para que
se convertesse, tem s. s. o bom senso de registrar (e nisto foi mais
honesto do que muitos colégas seus!) “não quer dizer com isso que todas
as chamadas, sessões sejam feitas desonestamente”
Nem sempre as sessões de espiritismo prático são os melhores
argumentos para convencer. Estamos em que em muitos casos, servem
para fazerem maiores descrentes. Conosco, por: exemplo, assim foi. “De
algumas delas, não podemos deixar de convir que os incrédulos saem
menos convencidos do que o eram quando entraram’’, diz o bom; senso
de Kardec. É, ainda, do codificador: “o espiritismo sério não póde
responder por aqueles que o compreendem mal, ou que o praticam de
modo contrário aos seus preceitos.” É, pois, este espiritismo, que é o
verdadeiro Espiritismo, que é o Espiritismo enquadrado na excepção
aberta por s.s. o Espiritismo que a Hora Espirita Radiofônica está
irradiando!
Não queremos deixar de frisar aqui que muitos grandes homens
pensam tenha o Espiritismo a lucrar muito com a sua adesão a êle. Obra
dos Espíritos que é, o Espiritismo viverá, impôr-se-á com ou sem a
adesão dos prós-homens. Estes, sim, é que carecem do Espiritismo, para
se tomarem maiores. Para, ao menos, saberem o que dizem, quando
falarem de público sôbre Espiritismo!
Incide o dr. Mauricio de Medeiros no mesmo êrro de seus colégas
apedeutas no assunto, a afirmar que diariamente registra distúrbios
mentais na sua clínica, provocados pelo Espiritismo. Por isso que “uma
propaganda pública será perigosissima, etc.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
109
É mesmo o que diz Carlos Imbassahy, a respeito de nossos sábios,
quando se dispõem a falar do Espiritismo: é preparar-se o público para
ouvir incongruências, dislates, incoerências e absurdos de todo jaez!
Aprofunde s. s. as causas dos distúrbios mentais de seus doentes,
e verificará o que verificou seu coléga de Uberaba, dr. Ignacio Ferreira:
que seus doentes podem vir de toda parte, de outras religiões, até de
impericias médicas, menos do Espiritismo.
Crêmos seja perigosissima a propaganda do Espiritismo, não
somente pelo rádio, como por qualquer outro processo. Menos, porém,
para o público em geral, do que para muitos médicos e todos os padres,
visto como esta propaganda implica, é claro, para o mercantilismo dos
altares e de certos consultórios médicos, flagrante diminuição de
clientela.
O final da argumentação do ilustre médico é deste jeito: “Admito
que se estudem os fenômenos sôbre os quais os espiritas baseiam suas
crenças.” Admite já, valha a verdade, alguma coisa. E portanto, menos
radical do que o Xavier de Oliveira, e o Carlos Fernandes que não
admitem nada! S. s. engana-se, porém, no afirmar que nós, espiritistas,
temos crenças. Não é bem assim. A crença do espiritista substitúe o ‘‘eu
creio” pelo “eu sei”, para cujo “eu sei”, estudou, perquiriu, raciocinou.
Não é, pois, bem uma crença. Estamos em que é menos crença do que a
medicina era nome da qual fala s.s.... Prossegue o médico ilustre: “Aceito
que as sociedades privadas se entreguem a tais estudos, desde que não
descambem para o baixo espiritismo de exploração.”
Já é aceitar alguma coisa. E, aceitando a existência de um “baixo
espiritismo de exploração”, é força subtender que s. s. aceita a hipótese
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
110
da existência de um alto espiritismo cultural, como o que está sendo
irradiado pela “Hora Espirita Radiofônica” S. s. admite porém, isso tudo
dentro de uma “órbita de atividade privada”. Desde que aqueles
fenômenos sejam estudados criteriosamente de público e publicamente
se propague um espiritismo cultural, já não admite mais, achando até que
admití-lo sena dar “um triste atestado do nossa inferioridade como nivel
de cultura, já não direi mental, mas moral.” Onde, como, porque essa
falta de moral no estudo c na propaganda do Espiritismo? Conhece,
porventura, s. s. o nivel moral da Doutrina Espirita? Se o conhece, não
diria tamanha barbaridade! Peca, assim, por insciência e leviandade. Se
o conhece e, apesar de tudo, afirma-o, falta-lhe, aqui, a sinceridade, a
mais leve sombra de justiça. Maior pecado portanto... Será imoral uma
doutrina que, pela autoridade de seu codificador, se apresenta assim: “o
Espiritísmo como doutrina moral, só impõe uma coisa: a necessidade de
fazer o bem e evitar o mal.”
Bom seria, portanto, que s. s. dissesse onde está o desnivelamento
da moral e, mesmo, da cultura espiritistas em comparação com a cultura
e a moral da civilização em curso, visto como á nós se nos afigura
justamente o contrário: que a moral e a cultura do século é que estão
milhares de vezes abaixo do mérito da Doutrina Espírita.
LIBELO DO DR. ADAUTO
Três graves êrros de início. - Revogar o Evangelho. - O homem
que a Ciência conhece. - As curas espiritas afirmadas por médicos.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
111
Foi no próprio Hospício-Nacional - que o dr. Adauto Botelho,
ilustre diretor da “Assistência a Psicopatas”, alevantou seu terrível,
libelo contra o Espiritismo...
S.s. começa dizendo “não-acreditar nas propaladas curas dos
médiuns espiritas e acertua que somente a ignorância extrema de certas
camadas de nossa população tem favorecido o surto de certas místicas.”
Só aqui s.s. labora em três grandes êrros.
As curas espiritas não são objetes de crença. Estas existem
realmente, para quanto, com ou sem diploma de doutor, as desejem
conhecer. Estamos em que s.s. não pensará que esteja exclusivamente na
posse de equilíbrio mental, do bom senso e da experiência, para
acreditar-se capaz somente de conhecer a verdade, no mesmo passo em
que todos os demais sejam desequilibrados, uns desmentalizados,
simples insensatos! Pois, para cada um que, como s.s.; nega estas curas,
surgem dez, cem, mil que atestam sua existência. E, até, mentalidades de
escól, como s.s.! E, mais do que s. s. experimentados pelas observação
próprias e por serem êles mesmos curados.
Os médiuns espiritas curam por meio de préces e de passes. Negar
tais curas, será querer revogar os Evangelhos e desmentir o proprio Jesus
e seus apostolos, que assim curavam. Demos, porém, de barato que s.s.
não aceite o Cristo e os seus Evangelhos, espirito forte no materialismo
cientifico que deve ser. Tem, neste caso, gente da própria ciência
materialista, de sua mesma projeção cientifica, até de mais projeção, que
pensa exatamente o contrário.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
112
Alexis Carrel consagra páginas inteiras de seu grande livro ás
curas que s. s. impugna. Dí-lo á pag. 177 de seu grande livro, O Homem,
esse Desconhecido, traduzido em vernáculo. E dí-lo depois de
demonstrar o homem, que a ciência do ilustre diretor da “Assistência a
Psicopatas” pensa conhecer, continúa, ainda, cientificamente,
desconhecido. É do grande sábio franco-americano: “O homem que os
especialistas conhecem (e o dr. Adauto Botelho é especialista em
psiquiatria!) não é, pois, o homem concreto, o homem real, mas somente
um esquema, por sua vez composto de outros esquemas, construídos
pelas técnicas de cada ciência.” Pelo mesmo jornal contraria,
psiquicamente, s.s. seu coléga, dr. Jefferson de Lemos, que não é espirita,
que fóra o substituto do dr. Juliano Moreira, no mesmo Hospício onde
s.s. levantou seu terrível, mas inoquo libelo contra o Espiritismo!
Medico-psiquiatra mais ilustre do que o dr. Adauto, é o dr. Pinto de
Carvalho, que, citando Bleuler, justifica o curandeirismo, achando que a
psicoterapia está mais com os não-médicos do que com os médicos.
Entregámos a “Diario da Noite” a colaboração do dr. Ignacio Ferreira,
diretor do “Sanatório Espirita de Uberaba” em que, com cifras e
fotografias, demonstra, psiquiatricamente, a falência da psiquiatria
oficial para as curas que o Espiritismo ali realizou, em que pese a
descrença do dr. Botelho!
E poderíamos sem sair da discussão aí acesa, citar mais
depoimentos capazes, em contrário ao gracioso libelo do ilustre médico.
Duplamente gracioso: por hão dizer os motivos de sua descrença e por
ser uma afirmativa de quem desconhece o assunto em fóco...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
113
O PROFESSOR ADAUTO CONCLUE...
Curandeirismo sem espiritismo. - Os dons de curar. -
Autoridade para condenar. - Para vocês (médicos), colegas! -
Decálogo Médico. - Antídoto Loucura. - As “loucas” do
Espiritismo.”
O dr. Adauto Botelho, ilustre professor de psiquiatria e diretor da
Assistência a Psicopatas do Rio, conclue deste jeito seu ataque ao
Espiritismo: “Pretendem esses defensores da “medicina’’ espiritual (o
grifo é de s. s.) que; os curandeiros nada cobram. Nunca passei por uma
“sessão” para saber da verdade sobre isso.” É termina o período,
assegurando, que “a maioria dos médicos atendem doentes
gratuitamente, sejam eles quais forem.”
Sabemos, de nossa parte, que ha muitos curandeiros acobertados
com o nome do Espiritismo, que vivém das tisanas impingidas a
crédulos. Outros, que alugam sua mediúnidade a farmácias, receitando
somente produtos nas cujas... Existem, até, muitas farmácias que vivem
dessa exploração, a que associam, despudorosamente, o nome da
Caridade! Quasi diariamente vêm-se por aí anúncios nos jornais, de
Invisíveis, que diagnosticam e receitam somente as drogas de tais e quais
farmacias. O que, porém, podemos assegurar é que médium de verdade,
não recebe, pelos benefícios de sua mediunidade curativa, que é um dom
de Deus (“E a outros, pelo Espirito; são dados os dons de curar”, I Tim.
XI, 9) um real, a menor recompensa, nem tampouco se aluga a farmácia
alguma, nem se vale de anúncios espalhafatosos de jornais para apregoar
seus dotes mediúnicos.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
114
Procurando reforçar o que disse, com aquele expressivo “nunca
passei por uma sessão” espirita, demonstrou s.s. absoluta falta de
autoridade para se manifestar, como o fez, contra o Espiritismo. Sem
conhecer a Doutrina e sem nunca haver passado, ao menos, por uma
sessão, onde, assim, o que possa acreditá-lo sensatamente para adversar
a Doutrina Espírita?
Tambem nós não negámos haja médicos que atendem
gratuitamente a doentes. Conhecemos alguns até que, sem serem
espiritas, dão consultas gratuitamente em corporações, espiritisticas.
Cremos s.s. seja, neste passo, humanitário e generoso. Que se trate,
porém de tuna- imensa maioria, como diz s. s... pomos nossas dúvidas!
Nem poderiam fazê-lo, é claro, de vez que a medicina é o seu ganha pão.
Assim, a imensa maioria não vê, na medicina, sinão um meio rendoso de
ganhar dinheiro. Apenas isso! Pois já não se cogita de fixar-se até o
“salário mínimo” para consultas médicas, a 30$000, brado de sugestão e
alerta que nos vem dos médicos de Belo Horizonte?
Temos, agora mesmo, sob os olhos, á pag. 2646 do “Boletim do
Sindicato Médico Brasileiro”, de Março de 1939, o artigo “Para vocês,
Colégas!... “saído já em Diário Carioca e em Imprensa Medica, em que
se vêm coisas dolorosas contra os que não pagam o médico, terminando
deste jeito: “Ajudemo-nos, ensinando a todos os conhecidos e parentes
que é preciso pagar, por menor que seja, a quantia. Demonstrando que
todo trabalho deve ser remunerado. Quem trabalha de graça é relogio!”
Nem relogio, - dizemos nós ao articulista, “encorajando-o” no seu
ardor ganhativo - nem relógio que, sôbre custar dinheiro, precisa que se
lhe dê corda...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
115
E no mesmo Boletim de junho de 1939, pag. 2825, lê-se o
Decalogo Médico, da autora do dr. A Vilelaux. De tão interessante e
oportuno, até como resposta ao ilustre dr. Adauto, vamos transcrevê-lo
por inteiro.
1º - Lembra-te, coléga, que a humanidade transformou o
sacerdócio médico em uma profissão como outra qualquer: cobiça,
sempre, coléga!...
2º — Recorda-te, coléga, que todo cliente póde e deve pagai ao
médico; se a ti ele não paga, porque se diz teu amigo, envia-o ao coléga
da esquina...
3º — O cliente que te procura no consultório ou em casa - não te
esqueças, coléga! - póde e deve pagar sempre ao médico.
4º — A consulta ou a visita do médico é tão sagrada quanto a
duplicata do rádio: não perdôo, coléga!
5º - Evita, coléga, intimidade com o cliente: toda intimidade do
cliente contigo redunda no clássico presente de aniversário, que é sempre
I decimo do valor de teu serviço profissional.
6º - A apresentação do cliente pelo coléga - arrancada quasi
sempre pelo cliente velhaco - serve simplesmente para que te interesses
por mais um “caso interessante”: cobra mais caro, coléga, o tratamento
do “caso interessante...”
7° - Tua assistência profissional, coléga, começa com o simples e
salutar aperto de mão:
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
116
“Devo ou não continuar com as injeções, doutor?” - indaga-te o
cliente á porta do teu consultório.
“Só o examinando. - responde-lhe, coléga. E cobra o exame.
8º - O telefone, - colega,e teu inimigo:
- Doutor, lembrei-me de: telefonar, porque as injeções que o
senhor me receitou têm-me feito muito bem; devo continuar? - pergunta-
te, telefonicamente, o teu cliente.
- Impossível responder telefonicamente; é preciso tirar de cada
medicamento tudo quanto êle póde dar - só examinando o senhor
pessoalmente! - responde-lhe, coléga.
9º - Toda a vez, coléga, que o teu cliente gargantear parentescos
ministeriais, influências na classe médica ou intimidade com o coléga da
esquina; - toma cuidado! O mínimo que te póde acontecer é o calote...
10º - Não, dês, coléga, “amostras gratuitas a teu cliente particular,
a amostra dada desvaloriza o serviço profissional e é um estímulo á
congênita vocação de acertos clientes para além de não pagar o remédio,
não pagar tambem o médico...”
Para a sociedade de medicina que insere em páginas destacada o
que aí fica, seria um atrazadão, o dr. Bezzera de Menezes, que acahava
o médico que manda o cliente sem posses ao coléga, é a criatura que
repela o anjo da caridade por quem foi procurado...
Acha o prof. Adauto Botelho que “o espiritismo exerce ação
maléfica apenas sobre indivíduos que já tenham propensão á loucura.”
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
117
Até aqui morreria o Neves, se o Neves de tanto chamado a analises
idênticas, ainda vivesse!...
Nesse caso, como o Espiritismo, e mais. talves, do que o
Espiritismo: a psiquiatria, a medicina em geral, as religiões, tudo!
Podemos, porém, asseverar que desse tudo aqui ajustado é, ainda, o
Espirtismo que menos arrasta á loucura, exatamente por ser um ótimo
antídoto a ela... É o que menos arrasta á loucura, quando devia ser
exatamente, o contrário, por jogar com as forças supra-normais.
O que se vê, agora, na ultra-civilizada Europa, com tendencias a
irradiar-se por todo o mundo? Loucura coletiva, da peor espécie, porque
a loucura da guerra. Provocada pelos espiritas? Provocada pelo
materialismo aí dominante em tudo! Por esse materialismo que se
contém na medicina de s. s., orgulhosa e exclusivista, sem modéstia e
sem Deus.
Em que pese a afirmativa de s. s., que diz são as mulheres as
maiores vítimas da ação nefasta dos Espíritos, o que vemos
caracterizando as ‘‘loucas’’, do Espiritismo são “alucinações” deste jaez,
que se vão tornando raras na civilização dos tempos em curso: excelência
no trato que dão ao lar, aos maridos, aos filhos; irrepreensível
honestidade conjuga! renuncia a vicio elegantes e modernos, como
controles de natalidade e fumar por moda; grande dedicação a obras de
assistência social e de caridade!... Basta uma visita generalizada por
todos os ambientes de espiritismo, observando aí as mulheres espiritas e
comparando-se depois, criteriosamente, sua “loucura” com a “lucidez”
de muitas damas, que abarrotara as praias elegantes e os casinos, os
cinemas em horas que deviam estar no lar, e as avenidas, e ver-se-á, para
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
118
logo, que a sociedade, o Brasil, a civilização e o Planeta, só teriam a
lucrar, fossem todas as mulheres contagiadas pela mesma “influências
dos Espíritos” que, na assertiva do dr. Adauto Botelho, dá preferência as
mulheres...
O DR. ADAUTO BOTELHO PERGUNTA
Espiritos, comunicações, médiuns, - Porque são as curas sua
maior preocupação, - Dão, sim, outras comunicações! - Doutrina de
ignorantes, o Espiritismo?
O diretor da “Assistência a Psicopatas” do Rio de Janeiro, no seu
ataque ao Espiritismo, formula esta pergunta, s que empresta,
naturalmente, carater de irretorquibilidade: “Porque, por exemplo êles
(os médiuns) não preferem se transformar em engenheiros, receber
mensagens do Além contendo cálculos e projetos para construção de
prédios, pontes, navios? E porque também não dão pareceres jurídicos,
não apresentam arrazoados para salvar os criminosos inocentes, por
acaso condenados?”
A mesma inépcia, quadruplicada, a que o sr. dr. Carlos Fernandes
emprestou, também, igual importância! Inépcia reveladora, a um só
tempo, de absoluta falta de juízo crítico e de falta do mais rudimentar
conhecimento do Espiritismo...
Vejamos, agora, porque o afirmamos.
A primeira inépcia: os médiuns não se arvoram a coisa alguma,
instrumentos que são dos Espíritos. E aqueles que, fugindo aos
imperativos de sua missão na Terra e ás influências superiores dos seus
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
119
guias, se arvorarem á coisas que objetivem lucros materiais, certas
gloriolas terrenas, acabam, como o Mirabeli, perdendo a mediunidade,
que foi graça recebida de Deus para aplica-la a benefício do próximo,
sofredor...
Só por aqui é fácil de verificar a inocuidade da pergunta.
A segunda inépcia: os Espíritos de luz só têm em mira beneficiar
necessitados, aliviando dôres, enxugando lágrimas, lenindo males
organicos e psíquicos. Quando a medicina não é apenas, como a vemos:
por aí, um simples meio de ganhar dinheiro, não ha negar é a medicina a
única arte ou ciência através da qual mais se póde sopitar males da alma
e do corpo, estancar prantos e depurar dôres. Sendo, ademais, o
Espiritismo a própria Doutrina do Espiritismo nem da Doutrina do
Cristo, tem êle, é óbvio, de seguir os exemplos de sei Mestre, e não e
nunca as sugestões de doutores da Terra, que nada pegam nem do
Espiritismo nem da Doutrina do Cristo. E assim não fosse, saberia s. s.
que o Cristo, e seus apostolos não andaram a alevantar pontes, a construir
edifícios, a dar pareceres jurídicos. A curar, porém, andaram todos êles.
É, até, preceito e ordem do Mestre: “Curai os enfermos, ressuscitai os
mortos, limpai os leprosos, expeli os demonios; de graça recebestes, de
graça dai.” (Mat. X-8) É o que os médiuns procuram fazer; e vão
fazendo, mercê de Deus, sinão por conta própria, de vez que somos,
ainda, imperfeitos, porque pecadores, influenciados por Espíritos
perfeitos e sem pecados...
Como se vê, a segunda inépcia é bem mais dolorosa do que a
primeira.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
120
E porque não recebem ou, não podem os médiuns receber
mensagens do Além, com calculos e projetos para construção de prédios
e pontes? - perguntamos, de nossa parte, respondendo a s.s. – Por que
não podem êles dar pareceres jurídicos?
Se “o Espirito esquadrinha tudo, até as coisas profundas de Deus.”
(I Cor. II-10), não vêmos porque não possa dar projetos e cálculos para
a construção de pontes e prédios, e pareceres jurídicos! Pois têm
realizado eles, no setor das descobertas e inventos, prodigios bem
maiores, ignorados por s.s. porque tudo s.s. ignora do Espiritismo! Se a
intervenção dos Espíritos não se manifesta nessas atividades humanas,
com a mesma frequência com que vemos no plano das curas, é tão
somente porque os elaboradores de planos e cálculos para construção de
pontes e prédios, bem como de pareceres jurídicos, só o fazem
visionando ganhar dinheiro, sem nenhuma idéia altruística ou
filantrópica, o que não sucede com a legião de médiuns que sacrificam
seu repouso e bem estar, suas ocupações e até as próprias energias e
saúde organica, para levarem a seus semelhantes a energia organica e a
saúde que lhes faltam...
Inventos e descobertas extraordinários têm-se verificado por
influência de Espiritos. Não fosse alongar estas razões, e aqui
ajuntariamos uma vintena deles, para o conhecimento de s. s. Apesar de
tudo, queremos ajustar um par dêles. Um espirito de nome Bichat
revelou a Ramsey a existência do argónio na atmosfera. A descoberta do
rádio foi procedida de comunicação de um Espirito chamado Vignol,
recebida em 1860... Reformador de 1º de agosto de 1883 insere a
comunicação do espirito de Estevão de Montgolfier, prenunciando o
invento do avião; que seu inventor já estava na Terra, nascido no Brasil.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
121
Santos Dumont nascera em 1870. Temos sob os olhos a “Revista
Internacional do Espiritismo” com fatos da intervenção, dos Espíritos em
coisas de policia, nos Estados Unidos, inocentando pseudo-criminosos e
apresentando pistas para o encontro dos criminosos verdadeiros, que só
não transcrevemos aqui por sua extensão.
Como se vê, a terceira inépcia de s. s. não é menor.
É, ainda, com uma pergunta que demonstraremos sua quarta falta
de senso:
Dado mesmo que os Espíritos apresentassem ás nossas esferas
culturais, projetos e cálculos para construção de predios e pontes,
pareceres jurídicos e provas de inocentar criminosos, quem os levaria a
sério? No meio cultural cético e materializado, que empresta qualidades
de cientistas e sabios a psiquiatras e psicanalistas; que dá a médicos
qualidades de super-homens em outros ramos de conhecimentos em que
os tais médicos nada pegam; o médium que apresentasse tais provas, é
possível que fosse até enviado para o proprio Hospício Nacional, como
louco, sinão entregue ao ilustre psiquiatra, dr. Adauto Botelho, para
exames psiquiátricos e diagnósticos iguais ao da menina Maria de
Lourdes, em que nada se encontra de lógico, de sensato, de cientifico...
Não vale, assim, um caracol, no domínio da lógica e do bom senso,
o argumento que s. s. levantou contra os médiuns e as comunicações dos
Espíritos. Nem s. s. podia levantar - valha a verdade! - argumentos de
outro quilate, de vez que para tanto lhe falta engenho e arte, que seria,
no caso, conhecimento da materia e justeza de analise e raciocínio...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
122
O direito que assiste a s. s. para dizer, sem conhecer o Espiritismo,
que; “somente a ignorancia extrema de certas camadas” o podem levar a
serio, assiste-nos em dobro, acreditado por uma vintena de anos de
estudes espiritisticos, para afirmar que extrema ignorancia revelou s. s.,
com fazer as declarações que fez. E o homem de ciência1: nunca deve
abusar da Ciência para afirmativas, em nome dela, gratuitas, incolores.
O Espiritismo não vé fonte de ignorância, nem paraíso de ignorantes! É
ciência mais positiva do que a psiquiatria, do que a psicanálise, do que a
própria medicina. Uma doutrina que exige estudos porfiados para ser
bem conhecida (“nunca se disse que o Espiritismo fosse uma ciência
fácil! Kardec); que estabelece o livre exame de tudo para aceitar somente
o que fôr verdadeiro; que preceitúa a fé deve ser justificada pela razão,
não póde ser, é; claro, doutrina de ignorância e ignorantes extremos. Por
isso mesmo que, enquanto o espiritista de fato examina de tudo antes de
aceitar o que se lhe ensina, para muita gente, que rende lôas á ciência de
s. s., basta que s. s. ou qualquer outro psiquiatra haja dito qualquer coisa
á conta da palavra da Ciência... como se a Ciência fosse responsável por
tudo que, em seu nome, se afirma por aí afóra.
Assim, não ha lugar para ignorantes no Espiritismo! Nem
tampouco é êle mística passível de surto fácil, mercê da ignorancia de
seus adeptos. Se aprofundássemos bem o assunto, chegaríamos á
conclusão de que a classificação de místicas cientificas estão a merecer
a psicanálise, a psiquiatria e outras doutrinas logicamente insustentáveis,
que por; aí vemos levadas a sério, como ciência de verdade...
O libelo de s. s. tem coisas talvez mais interessantes...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
123
O DR. ADAUTO PROSSEGUE
Gente que acredita em tudo... - Não ha “santos” no
Espiritismo, - Cada um só deve dizer o que sabe.
Prossegue o ilustre diretor da Assistência a Psicopatas, falando
sobre o Espiritismo e os espiritistas: “Essa gente crê em tudo. Numerosos
têm sido os “santos” e “santas” que apareceram no país, realizando
“milagres?”
E lá nos vem o “profeta da Gavea”, que está, hoje, no Hospício,
onde numerosos crentes seus o procuram para obter curas.
Houvesse o ilustre psiquiatra brasileiro estudado bem o
Espiritismo, e não levaria, é óbvio, a conta da Doutrina Espirita, quanto
aí se contem, transmitido por s. s. ao reporter do “Diario da Noite”!
Se ha gente que acredita em tudo, não é gente que milite no
Espiritismo, a menos que se trate de quem se diga espiritista sem estudos,
por haver procurado o Espiritismo á cata de milagres”, - curas,
ordinariamente - que não encontrou no catolicismo e na medicina de
onde veiu. E tambem na propria ciência de s. s., de vez que outra coisa
não se vê nos livros dos senhores psiquiatras, sinão a crença pueril em
observações ainda mais pueris, que tais ou quais medalhões da ciência
médica realizaram psiquiatracamente, em tais ou quais doentes. Por
exemplo: a de s. s. mesmo, realizada na menina Maria de Lourdes, a
garota que vê de olhos fechados, em que não se encontra patavina de
ciência e de lógica!
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
124
Uma doutrina que, embora derive diretamente dos Espíritos, não
sanciona a fé passiva em tudo que nos dizem os Espíritos; uma doutrina
que preceitua o livre exame de tudo para o robustecimento da fé, que só
terá mérito se fôr justificada pela razão e o bom senso; que adverte para
crer firmemente não basta vêr, é preciso tambem compreender, não póde
ser doutrina para gente e de gente que acredita facilmente em tudo S. s.
confundiu, aqui, Espiritismo com catolicismo. Aqui, sim, que há
“mistérios” e “milagres”, justificando a fé perinde ac cadáver, a fé credo
quia absurdo, a fé sem mérito, se fôr justificada pela razão.
Essa história de “santos” e “santas”que repontam por aí, em todo
o país, nada tem a ver com o Espiritismo. É coisa, ainda, do catolicismo.
Não ha “santos” nem “santas” em Espiritismo: quer se trate de santos de
pedra, madeira, metal ou cimento armado; quer se trate de “santos” em
carne e osso como nós. O Profeta da Gavea, a Manoelina, a Santa Dica,
é possível fossem médiuns sem serem, entretanto, espiritistas. Nem
foram os espiritistas que os aureolaram com a “santidade”. Em nenhum
periodico espiritista s. s., nem ninguem leu louvores entusiásticos a tais
“santidades”. Foi a imprensa, profana, dirigida por diretores católicos ou
de formação católica que, á caça dos niqueis de seus leitores,
emprestaram e emprestam “santidades” a tais místicos, tambem católicos
ou de formação católica. Nem espiritista nenhum de verdade procurou
tais “santos” e fórça a entrada, aí, no Hospício, para consultar o Laureano
Ogeda, á busca de curas, como afirmou s. s. seus “crentes” andam
fazendo... Trata-se, ainda aqui, de gente que - entende tanto de
Espiritismo como s. s., sobre revelar, ainda, um profundo descaso pela
medicina e por seus cientistas, visto como, ao em vez de procurar, no
Hospício, aos luminares da medicina que aí militam, na esperança de
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
125
receber da ciência médica a cura para seus padecimentos, procura
exatamente a criatura que aí está como louca segregada pela psiquiatria!
Assim, o argumento de que se serve s. s. contra o Espiritismo, no sentido
de lançá-lo, psiquiatricamente, ao ridículo, incide contra sua propria
psiquiatria, contra outras doutrinas religiosas, que não contra o
Espiritismo!
O mal que s. s. comete, como outros sábios de outros ramos
isolados da sabedoria humana, é acreditar-se uma autoridade, por ser
psiquiatra, para falar sobre o Espiritismo. Cada um de nós, sabio ou sem
sabedoria alguma, só devia falar do que sabe e até onde sabe. “É
soberanamente ilogico - escreve Allan Kardec - imaginar que um homem
deve ser um grande psicoiogista, porque é um eminente matemático, ou
um notável anatomista.” O anatomista e o matemático devem ser
autoridade no ramo de sua sabedoria, no mesmo passo em que não
passam do a. b. c. em espiritismo ou sobre aquilo de que nada pegam. Só
por serem matematico e anatomista, eis aqui matéria de fácil credulidade
para os que, sem melhor raciocínio, os vêm á distancia, como sabios,
cientistas e mestres. Mas esses que os vêem assim, podemos afirmar não
são os espiritistas, que estudam e raciocinam, mas os que crêm, pensam
e discutem com o cérebro alheio... E esses pululam á farta entre os que
só sabem dizer amen aos senhores vigários e emprestar rotulos de
cientistas e sabios a quaisquer médicos e psiquiatras que atirem, sem
saberem o que estão fazendo, pedras ao Espiritismo.
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
126
ESPIRITOPATAS NO HOSPICIO
Espíritopatas e outros... patas. - Provas “esmagadoras” contra
o Espiritismo. - Fantasmas contra “fantasmas”. - Á Ignorancia, a
culpada de tudo!
Espiritopatas são os doentes ou melhor, os loucos “feitos pelo
Espiritismo”. O termo é profundamente psiquiátrico. Parece-nos que da
creação do “sabio alienista” sr. dr. Xavier de Oliveira.
Considerando-se uma psicose a mania ou a pretensão de saber a
que se ignora, de julgar á distancia, pelas aparências, sem fundamentos,
o que mal se vê e se pensa ver; considerando-se, psiquiatricamente, esses
sintomas, aliás muito comuns em adversários do Espiritismo, de
preferência medicos materialistas, o direito nos cabe, talvez em dobro,
de contrapor psiquiatricopatas, ou medicopatas a espiritopatas...
Vemos, no proprio “Hospício Nacional de Alienados”, criaturas
atacadas de psiquiatricopatia. Não nas suas casas fortes ou camisas de
fôrça. Cá fóra e, até com fumaças de grandes sabios, ou entendidos em
coisas de que nada entendem, nem sabem...
Depois do libelo do sr. Adauto Botelho contra o Espiritismo, que
foi o assunto de três artigos nossos de refutação, o reporter do Diário da
Noite foi levado a vêr espiritopatas: Conduziu-o a tanto o dr. e prof.
Cunha Lopes. E o ilustre professor Lopes, depois de citar vários casos
de psicose-maniaco-depressiva feitos pelo Espiritismo, apresenta ao
reporter as “provas eloqüentíssimas” do mal que causa o Espiritismo.
Dois casos! O primeiro caso, certa dama de Irajá de 46 anos. O jornal
não nos diz, porém, como e porque á doente é espiritista e veio do
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
127
Espiritismo. Vale-se da afirmativa do médico apenas, que nenhum valor,
quer científico, quer moral, deve ter no caso, de vez que não teve o ilustre
professor e médico o zelo e a conciencia científica de provar porque o
Espiritismo levara a infeliz a tal psicose. O segundo caso foi mais
“concreto”. Dí-lo assim o reporter: “Pouco depois, o professor Cunha
Lopes fazia vir a nossa presença outra “médium” que dizia tem “atuado
num centro da tua da Alfandega! Tambem caso de psicose-maniaco-
depressiva” etc. Os grifos em médium e atuação correm por conta do
jornal.
Eis os casos que o reporter observa no Hospício Nacional de
Alienados! Manicomio que, a julgar dos depoimentos dos drs. Xavier de
Oliveira, Carlos Fernandes, Austregésilo, Maurício de Medeiros, Neves
Monta e outros mais, não poderia nem devia ter loucos de outra especie!
Se na casa de loucos maior do Brasil, com séde na cidade onde é maior
a loucura espirita, de cujo livro da porta, o “cientista” Xavier de Oliveira
retirou “elementos científicos” para provar, sob os aplausos da
padralhada e de médicos tão capazes como o psiquiatra escritor, que o
Espiritismo faz loucura; se aí só foram mostrados ao reporter, no fragor
mesmo da campanha contra o Espiritismo, os dois casos que aí estão,
faltando, ainda, ao mais “concreto”, completar-lhe a ficha necessária e
imprescindível: o nome da .médium e do centro da rua da Alfandega, a
formação de sua psicose, etc., que esperar, então, das outras provas
contra nós? Não te parece, leitor amigo, muito singular esta prova, no
momento mesmo em que o Brasil inteiro, que é um “país genuinamente
católico”, gostaria de ver o Espiritismo desmascarado com a cifra cento
por cento de loucos feitos por êle, no Maniconio Nacional, para a
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
128
confirmação dos depoimentos dos “sábios” médicos, inimigos do
Espiritismo?
Valha-nos aqui, como em tudo que nós; vem da ‘‘sabedoria” de
nossos doutos, este conceito de Paulo, de que Deus apanha o “sábio” na
sua propria astúcia!”
Depois dessas duas “provas esmagadoras” contra o Espiritismo,
põe-se o ilustre doutor e professor Cunha Lopes a deitar” conceitos
científicos” deste jeito: “A incultura e a ignorância são os grandes fatores
que propiciam a disseminação dessas crendices.” De acôrdo, doutor! De
plenissimo acôrdo! Se essa ignorância e incultura são encontradas em
quem devia ser sabio e culto, a coisa, então, toma-se ainda mais dolorosa.
Até escandalosa! É o que vemos, por exemplo, da parte de muita gente,
que nega a existência dos fantasmas humanos: agarra-se a certas
crendices em fantasmas bem menos demonstraveis, como são todos os
fundamentos científicos da psicanálise, e quasi todos da psiquiatria
materialista que aí vemos! E a falsa ciência, de que está impregnada a
medicina materilista, é grandemente responsável dessa incultura e
ignorância salientes em tantos nomes até então respeitáveis na província
do saber médico entre nós! Somente esse atestado doloroso da
ignoraneia, incultura e intolerância da parte de muitos doutores, contra
“uma ciência á qual se disse a primeira, palavra e nunca se dirá a última”,
e seu agarramento por cálculo, tradição, crença beata e formalidade
social á Igreja de Roma, é documento mais do que suficiente de que
somos, ainda, aquele povo atrazado, da assertiva com que o dr, Cunha
Lopes fecha seu depoimento contra o Espiritismo...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
129
O TERRÍVEL NUMERO UM...
Trapacear não é polemizar. - Um fato anedótico ilustrativo. -
Armas visíveis de combate. - Espiritismo e seus aspectos. - Receituário
espirita para defuntos. - Fenômenos no estrangeiro e no Brasil. - A errata
não melhora... - Preces.
Anda coberto de “glorias” o dr. Oscar Pimentel, a ostentar, - no
campo que a sua medicina abriu á discussão com o Espiritismo, para
fechá-lo quasi que imediatamente, - a “laurea” de INIMIGO NUMERO
UM DO ESPIRITISMO.
E nós, que, no início da campanha, andamos a pensar era o Dr.
Carlos Fernandes o detentor desta laurea!
A Gloria e laurea bem tristes ná verdade, julgará quem, de bom
senso, medite nas razões do médico desassisado e violentou A dar por
paus e por pedras, entende que trapacear, trapacear, mistificar, tapear e
insultar é discutir princípios, é argumentar doutrinas, é invalidar
fundamentos...
Quando lêmos os destemperos do dr. O TERRÍVEL, á mente nos
veio um fato que presenceáramos vai já para cinco lustros. Era um
médico a defender tése. Belo moço; tipo helenico, voz quente e
apressada. Recostado, de braços cruzados, ao espaldar de uma cadeira,
respondia cheio de si, ás razões que os lentes apresentavam contra sua
tése. Deixaram-no falar sozinho. E o moço falou, falou e falou,
emprestando á falação tonalidades de discurso. Terminou exausto,
dizendo-lhe, então, um dos lentes:
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
130
— V. s., sr. doutor, póde se orgulhar de haver excedido á minha
espectativa de muito! Sou um velho professor, afeito a pugnas como esta,
sem nunca ter visto tamanho portento como o é v. s. Nunca vi, na minha
vida, ninguém dizer tantas besteiras com tamanha pose!
Pois é uma impressão igual, que nos têm causado, á distancia, os
artigos do dr. Oscar Pimentel contra o. Espiritismo!
Impressão que deriva das armas de que se serve o adversário
contra o Espiritismo, que são: afirmativas soezas e insultuosás contra a
Doutrina, que o médico julga por. sua medicina a por si mesmo;
conceitos e expressões mutiladas dos mestres que estudaram e
experimentaram para corporificarem o Espiritismo; visitas suas a
ambientes pseudo-espiritístas, por isso que estão para o verdadeiro
espiritismo como o consultorio médico onde se provoca abortos, e se
pratica o anticoncepcionismo está para a verdadeira medicina;
receituarios tomados a médiuns sem a necessária assistência de seus
guias; fatos espiritas que se. desenrolaram lá fóra, que o doutor os quer
repetidos á sua vista e ao seu desafio...
E sái-se o médico Pimentel desse aranzel a que empresta poder
invencível contra o Espiritismo, com a convicção de que o Espiritismo
não é sinão tapeação, exploração, trapaceação, mistificação! Quem julga
pelas aparências - já o disse alguem - julga pelo seu sentir e agir. Por isso
que para o mistificador e trapaeeador, para o explorador e tapeador, tudo
que lhe caí ao julgamento, é trapaça, é exploração, é mistificação, é
tapeação...
As afirmações gratuitas de s. s. contra o Espiritismo, o que mal vê
á distancia, ficam, assim, explicadas...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
131
Não é honesto, nem justificável, ponha-se alguem a mutilar
conceitos e a inverter sentidos de frases e expressões para, de público,
atacar o que é, em bôa lógica e em sã razão, inataeavel, que é o caso do
sr. dr, Pimentel e do Espiritismo. Pois o grande senhor, tapeando e
trapaceando, chega á conclusão de que Allan Kardec escrevera Deus não
existe, por que é imaterial e o que é imaterial não existe.
Leia-se a respeito a argumentação do codificador, com as suas
primissas e seus corolários, e confronte-se, depois, com os recursos
polemisticos do sr. dr. O TERRIVEL, e veja-se que conceito podemos
fazer de tal adversário!
Andou visitando toda sorte de. Antros crismados com o nome de
espiritismo, mas que o Espiritismo condena, e outras entidades sociais
que nada têm a ver com o Espiritismo, a tudo arrolando o TERRÍVEL
como espiritismo! Quem resiste a tamanha lógica de argumentação? E
dado, mesmo, que se tratasse de ambientes de espiritismo, ainda aqui o
Espiritismo não seria, facilmente, condenado como pensa o médico. Para
tanto, fôra preciso fosse o Espiritismo sessões mediúnicas somente,
receituários e fenômenos metapsiqúicos, O Espiritismo é, na verdade,
tudo isto, e alguma coisa mais, que foge, ainda, á compreensão e ao
sentimento de muitos doutores, como s. s. Alguma coisa apreensivel por
quem disponha de muita pureza de sentimentos e muita agudeza de
inteligência...
Ostentando receitas tomadas a médiuns para criaturas já falecidas,
de que maiores provas carece s. s. contra o Espiritsmo? De todas
afirmamos nós. Se a medicina, que “é apenas a intenção de curar”, não
se desmoraliza com a faleência moral e científica de um esculápio
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
132
qualquer, muito menos o Espiritismo, para o qual o receituário é, apenas,
um de seus aspectos quasi que de somenos.
Ha anos, quando A Noite apareceu, fez este jornal uma reportagem
no cemitério, enterrando pedra como defunto, metida em esquite, com o
atestado de óbito apanhado a médicos, que deviam examinar o morto
para atestar. Serviu esta reportagem para desacreditar a medicina? Não.
Desacreditados ficaram os médicos atestantes.
O caso de médiuns que receitam para defuntos, só prova, para nós,
que tais médiuns não estão suficientemente, assistidos por seus guias
espirituais, tal corno o médico a que falte o conhecimento da moléstia
para diagnosticar; que receita sem ver e examinar o doente a tomar
pedras por cadaveres.
O médium, que não o Espiritismo, é, pois, o responsável por tais
deslises.
E os casos, ás centenas e aos milhares de curas realizadas e
diagmosticos perfeitos, atestados por ai, altíssima, você, nada valem para
documentarem a veracidade e eficiência da terapêutica espiritista?
Pará o dr. Pimentel; por certo, não! Más, para quem; disponha de
bom senso e equilíbrio mental...
O argumento, porém, a que s. s. empresta mais forca, são os
fenômenos que, verificados no estrangeiro, ainda não se realizam no
Brasil. Não falem ao médico nos tais! Nenhum valor lhe merecem,
exatamente por virem de fóra. Para êle, só fatos daqui, que êle possa vê-
los, examiná-los, estudá-los, para depois... arranjar-lhes qualquer
explicação tôla, a nomes complicados, fórá do Espiritismo...
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
133
Por esse critério seu, não deve existir, tambem, medicina no
Brasil, visto como ha casos delicados, mormente no campo da cirurgia,
que só em países da velha Europa, para onde - si não s. s., que deve ser
um “cientista” com capacidade para todos os casos! - outros médicos
enviam clientes...
Não teve s. s. a inteligência de compreender para tudo é preciso
clima adequado. Por isso que, enquanto o europeu carece, de um modo
geral, da eloqüência do fenômeno para aceitar a Doutrina, no Brasil,
quasi todos os espiritistas vão para o Espiritismo pelo coração,
praticando-o religiosamente, na ansia de alguma coisa melhor, que a
medicina, o materialismo, as religiões dogmaticas não lhes poderam
dar...
Além do que aí fica, procedesse o médico ao “procurai” dos
Evangelhos - caso êle entendesse essa coisa de Evangelho! - que
encontraria o que pensa não existir no Brasil. Que médium, na hora que
passa, maior do que este modesto Chico Xavier, para manifestações
inteligentes? Já teria o “sabio” e doutor Oscar Pimentel demorado sua
atenção no psícógrafo de Pedro Leopoldo?
Rimo-nos para dentro, com a errata que s. s. ajustou a esta frase,
que se lhe atribue: “o espiritismo, que tudo merece dos homens dignos.
S. s. corrigiu espiritismo para “espiritualismo”. E, depois da correção, lá
ver toda a pimenta de seu nome, a salpicar de máus ardores a Doutrina
Espirita!
Sempre gostaríamos de saber a que espiritualismo se refere o
ilustre médico, de vez que s. s., em artigo anterior, negou, peremptório,
Leopoldo Machado Pigmeus contra Gigantes
134
a existência do Espirito! Será que póde haver espiritualismo, no sentido
em apreço, sem espirito?
Não estará s. s., a estas horas, dolorosamente assistido por falanges
de padres e materialistas que, por encontrarem um porta-voz tão
maleavel, estão, na sua perturbação espiritual, insistindo no mesmo êrro
e ódio, que nutriam, quando na carne?
Préces, muitas préces, para o obsidiado e os obsessores!
top related