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Carla Thaís da Costa Roberta Pereira Navi
Clareamento Dental Interno e Suas Perspectivas Para O Clínico Geral
Universidade São Francisco Bragança Paulista, 2008
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Carla Thaís da Costa Roberta Pereira Navi
Clareamento Dental Interno e Suas Perspectivas Para O Clínico Geral
Trabalho apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de Odontologia, sob orientação temática do Professor Maurício Conti e sob orientação metodológica da professora Ms. Renata Bernardo como requisito de avaliação.
Universidade São Francisco Bragança Paulista, 2008
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DEDICATÓRIA
Dedicamos esse trabalho aos nossos pais, pelo apoio e confiança que sempre depositaram em nós ao longo de nossas vidas e de nossa formação profissional. Que nossas ações como profissionais e como pessoas possam servir de orgulho a eles.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, que sempre nos iluminou, guiou nossos caminhos e nos deu força, coragem e determinação para lutar pelos nossos sonhos. A nosso orientador, Prof. Maurício Conti, pela grande amizade e por ter nos acompanhado nessa caminhada. Nossos sinceros agradecimentos. A professora Ms. Renata Bernardo, pela orientação metodológica, pela amizade e pela ajuda nos momentos de dúvidas durante a fase experimental deste trabalho. Ao nosso eterno mestre, Prof. Renato Antoniazzi, com participação integral em nosso trabalho, possuidor de grande carinho, atenção e prontidão em guiar-nos, com quem aprendemos sorrindo a superar obstáculos. Mesmo nas situações mais diversas e inesperadas, sempre esteve pronto, com sugestões oportunas e preciosas. Nunca esqueceremos os estímulos que tanto contribuíram para não hesitar diante das dificuldades e pela sua colaboração decisiva na elaboração deste trabalho. Sua amizade, confiança, orientação profissional e pessoal nos torna pessoas honradas em tê-lo como um grande amigo. Muito obrigada! A todos os demais amigos, professores, funcionários e colegas, cujo convívio, apoio e amizade foram indispensáveis durante todo o caminho, rumo à concretização deste trabalho. Todo trabalho científico é resultado de um equilíbrio, no relacionamento e na ação dos profissionais envolvidos. Demanda tempo e dedicação para sua execução. Para este trabalho não foi diferente. Por isso, queremos agradecer a participação de todos os profissionais que contribuíram direta e/ou indiretamente para o êxito alcançado. Muito obrigada a todos.
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“Quando escolhi a selva para aprender a ser, folha por folha,
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estendi as minhas lições e aprendi a ser raiz, barro profundo, terra calada, noite cristalina, e pouco a pouco mais, toda a
selva.” Pablo Neruda
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COSTA, C. T. da; NAVI, R. P. Clareamento dental interno e suas perspectivas para o
clínico geral. 2008.
RESUMO
Atualmente, um dos aspectos mais estimados no conjunto estético da face é o sorriso. Este fato estimulou o desenvolvimento de técnicas e materiais que proporcionem um resultado mais harmonioso, que satisfaça os anseios do paciente. Antigamente, dentes que apresentavam anomalias de cor recebiam desgastes para, em seguida, serem reconstruídos através de procedimentos diretos ou indiretos. Hoje, o profissional pode contar com técnicas altamente eficazes e seguras que possibilitam a reversão destes quadros de alteração de cor. O clareamento é a alternativa de primeira escolha quando há alteração de cor, permitindo a ocorrência de bons resultados, de forma menos invasiva e menos dispendiosa que a execução de coroas e facetas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é elucidar, através de uma revisão de literatura, as principais técnicas e procedimentos necessários para o clareamento de dentes não vitais.
Palavras chave: clareamento; dentes não vitais; técnicas.
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COSTA, C. T. da; NAVI, R. P. Dental internal bleaching and its perspectives to the general doctor. 2008.
ABSTRACT
Nowadays, one of the aspects most appreciated in the aesthetic set of the face is the smile. This fact has stimulated the development of techniques and materials that provide a more harmonious result, that satisfies the longings of the patient. Previously, teeth that were presenting anomalies of color were being worn away, next, to be rebuilt by straight or indirect proceedings. At present, the professional can count with highly efficient and safe techniques that make possible the reversion of these cases of color alteration. The dental bleaching is the first choice when there is a color disturb, presenting good results, with a less invasive and expensive technique than coronas and facets. Being so, the objective of this work is to elucidate, through a revision of literature, the principal techniques, and necessary proceedings for the bleaching of teeth not vital.
Key-words: dental bleaching; techniques; teeth not vital.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1 – Clareamento dental: arte da odontologia estética ......................... 12
1.1 Histórico ............................................................................................................. 14
1.2 Etiologia das alterações de cor dos elementos dentais ..................................... 15
1.3 Prevenção do escurecimento dental .................................................................. 20
1.4 Pré- requisitos para a execução do clareamento dental .................................... 22
1.5 Indicações e contra-indicações para execução do clareamento dental
de dentes não-vitais ................................................................................................. 23
CAPÍTULO 2- A arte de clarear .............................................................................. 26
2.1 Agentes clareadores......................................................................................... 26
2.2 Técnicas de clareamento para dentes não-vitais .............................................. 29
2.2.1 Técnica mediata......................................................................................... 29
2.2.2 Técnica imediata........................................................................................ 29
2.2.3 Técnica mista............................................................................................. 30
2.3 Seqüências clínicas das técnicas de clareamento interno ............................... 32
2.3.1 Técnica de clareamento mediata ............................. ................................. 33
2.3.2 Técnica de clareamento imediata .............................................................. 33
2.3.3 Técnica de clareamento mista ................................................................... 34
2.4 Comprometimentos clínicos do clareamento de dentes não-vitais ................... 35
2.5 Cuidados pós-operatórios para o clareamento dental interno .......................... 42
2.6 Casos clínicos ................................................................................................... 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 47
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 48
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INTRODUÇÃO
Nos tempos de hoje, cada vez mais a estética corporal vem ganhando destaque. O
conceito de estética é abstrato e individual, embora possa ser influenciado pela
sociedade ou meios de comunicação. Na odontologia, essa imposição não deixa de
ser percebida. Nota-se que, cada vez mais, as pessoas se sentem desconfortáveis
em apresentar um sorriso com dentes alterados em sua forma, cor ou alinhamento, o
que pode causar desde certa retração em suas relações sociais e até sérios
problemas emocionais. Dentre os vários avanços odontológicos na área da estética,
o clareamento dental apresenta-se como um importante tratamento por ser fácil,
seguro e conservador. Apesar de estar em alta atualmente, o clareamento dental não
é uma descoberta da atualidade, pois vem sendo relatado na literatura específica
mundial desde o século XIX, propondo-se uma variada gama de substâncias que
provocariam o efeito desejado. Em termos de estética dental, a desarmonia na cor
dos dentes é a mais percebida, muito mais do que outras anomalias.
Com a crescente preocupação e busca pela estética, mais do que nunca o
cirurgião dentista é procurado em seu consultório para, de alguma forma, tornar o
sorriso mais belo.
Uma das procuras mais acentuadas na corrida pela estética e beleza corporal é o
clareamento dental, por isso o cirurgião dentista deve ter conhecimento adequado
sobre os diversos produtos e técnicas disponíveis, para que assim possa promover o
clareamento, seja ele em dentes vitalizados ou desvitalizados, com maior segurança
e com bons resultados.
Os dentes naturais são policromáticos, resultado de uma somatória de cores dos
tecidos que os compõem, levando em conta as suas diferentes espessuras. Os
dentes podem apresentar defeitos de calcificação e desenvolvimento, que alteram
sua coloração natural, tais como: hipoplasia de esmalte, amelogênese imperfeita,
hipocalcificação do esmalte, dentinogênse imperfeita, entre outros.Também podem
apresentar-se escurecidos por pigmentos exógenos, como: nicotina e alimentos que
possuem corantes, refrigerantes a base de cola, chás, sucos, entre tantos outros
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como a ação das bactérias, traumatismos, necrose pulpar, etc. Os dentes vitalizados
também podem sofrer alteração de cor pelo uso ou ingestão inadequada de flúor, a
fluorose dental (PÉCORA et al, 1996, p.5).
Nossos dentes também acompanham o processo natural de envelhecimento do
corpo. Os tipos e intensidades das descolorações dependerão da mistura de fatores
genéticos, ambientais, do uso e abuso de determinadas substâncias e dos hábitos.
As manchas intrínsecas também ocorrem pelo uso de tetraciclina durante o
desenvolvimento do dente, promovendo alterações na estrutura da dentina.
(PÉCORA et al, 1996, p.6).
Certamente, a pessoa portadora de dentes escurecidos, ao procurar um cirurgião-
dentista para resolver o seu problema estético, deve estar insatisfeita com a sua
aparência e espera que o profissional saiba resolvê-lo.
Para isso devemos estar preparados para dar um correto diagnóstico e o bom
tratamento para cada caso. O clareamento dental consiste basicamente em devolver
ou aproximar a cor original e translucidez normal do dente. O resultado é a
harmonia, que também é influenciada pelo contorno, forma e simetria dos dentes.
Considerando as várias técnicas de clareamento dental, pode-se agrupá-las em
clareamento externo e interno
Dois produtos são muito utilizados para o clareamento dental: o peróxido de
hidrogênio em concentrações entre 5 e 35% e o peróxido de carbamida em
concentrações entre 10 e 37,5 %. Produtos com concentrações mais elevadas são
prioritariamente utilizados nas técnicas de consultório. Os dois produtos, quando em
contato com a saliva e a estrutura dental, se dissociam formando oxigênio livre, o
qual é o responsável pelo efeito de clareamento do dente (CONCEIÇÃO et al, 2005,
p.61).
As técnicas de clareamento interno estão indicadas para dentes submetidos a
tratamento endodôntico que por algum motivo ficaram com aspecto escurecido. As
técnicas utilizadas para os dentes vitais, também são utilizadas nos dentes não-
vitais. Existe também a possibilidade de se fazer a abertura do acesso endodôntico e
utilizar a câmara pulpar para colocar o peróxido de hidrogênio (35 a 38%)
diretamente em contato com a dentina escurecida. A chamada técnica mediata
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(walking bleach) faz uso de uma mistura de perborato de sódio e solução de
peróxido de hidrogênio 35% ou de peróxido de hidrogênio em pó, colocada na
câmara pulpar, que é selada e , assim, mantida por um intervalo de tempo de 2 a 7
dias. Nessas situações é indispensável realizar o selamento biológico do canal
radicular com cimento de hidróxido de cálcio e cimento de ionômero de vidro ou
fosfato de zinco para evitar difusão do agente clareador e minimizar o risco de
reabsorção radicular externa. Se houver necessidade, duas ou três trocas do agente
clareador subseqüentes podem ser executadas. (CONCEIÇÃO et al, 2005, p.65).
A escolha dos materiais clareadores varia de acordo com a técnica que se irá
empregar. O clareamento não é uma técnica que visa a branquear os dentes, mas
sim clareá-los, deixando-os esteticamente muito mais bonitos e com aspecto
saudável.
Esse trabalho tem como objetivo observar os diversos tipos de agentes
clareadores e técnicas disponíveis no mercado, avaliando seus mecanismos de
ação, indicações, limitações, vantagens e desvantagens para estabelecer e indicar o
tratamento mais adequado para cada caso, quando se tratar de dentes despolpados.
Mediante os procedimentos de clareamento dental, a pesquisa pretende abordar as
técnicas de clareamento interno para dentes desvitalizados, entre quais as técnicas
mediata, imediata e mista, levantando na literatura específica, as diversas técnicas
de clareamento dental intrínseco, efetuando uma revisão da literatura para poder
avaliar o "estado da arte" deste procedimento tão procurado pelos pacientes
atualmente.
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CAPÍTULO 1. CLAREAMENTO DENTAL: ARTE DA
ODONTOLOGIA ESTÉTICA
Na odontologia, a estética é um fator que representa uma grande preocupação,
tanto por parte dos profissionais, como pelos pacientes. O conceito de estética é
muito subjetivo e, portanto, variável de pessoa para pessoa. Quando o assunto
estética é abordado, uma das maiores dificuldades encontradas é exatamente na
definição da palavra “estética”.
Pode-se encontrar definições clássicas, como: “Estética é a ciência da beleza
presente na natureza e nas artes”, entretanto a subjetividade é um fator
determinante na definição da beleza. O que desperta a atenção de alguns pode não
causar a mesma reação em outros. Cada indivíduo tem suas preferências próprias e
o conceito de estética pode variar com a época, a idade e o tipo de cultura de uma
comunidade. (MANDARINO, 2003, p.1).
Fatores externos como a família, grupo social, atividade profissional, religião,
localização geográfica e origem podem interferir no padrão estético.
Na cultura moderna a aparência é de suma importância e exige um novo padrão
de beleza do sorriso. O atual padrão de beleza traduz-se por dentes claros, bem
contornados e corretamente alinhados. A beleza é um fator determinante na auto-
estima, e essa é crucial nos relacionamentos interpessoais. De acordo com Badra
(1984), a boca é a morada do sorriso e carrega consigo grande responsabilidade.
Desde o início da nossa vida a boca é o órgão de ligação do bebê com o mundo
externo, na vida adulta ela é o órgão da expressão e comunicação social. Desta
forma, pessoas procuram dentes brancos por diversas razões que podem ser:
sociais, profissionais e psicológicas.
Portanto, os profissionais de odontologia devem estar atentos à queixa principal
do paciente, não o despertando para problemas estéticos se estes não forem da sua
vontade.
A estética dos dentes, não é privilégio dos dias atuais, pois desde o século XIX
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preocupações desse tipo têm sido relatadas na literatura odontológica, com a
utilização das mais variadas substâncias.
A alteração de cor de um ou mais dentes, compromete o fator estético. Existem
várias maneiras de recuperar a estética, desde procedimentos menos
conservadores, como a utilização de recursos protéticos, até a mais conservadora,
que é o clareamento dentário.
As técnicas de clareamento podem ser empregadas tanto em dentes vitais quanto
em não vitais e baseiam-se na aplicação de agentes químicos que, por uma reação
de oxidação, removem pigmentos orgânicos dos dentes.
A polpa cumpre um papel importante na manutenção da estética do dente,
conservando o tom, matiz e translucidez dos dentes. Quando essa deixa de existir,
ocorre uma alteração brusca na cor e no brilho do dente, ficando geralmente com
um tom mais escuro, e matizes que podem variar entre o cinza, verde, pardo ou
azulado.
É de fundamental importância que o cirurgião dentista antes de iniciar um
clareamento dental, saiba diagnosticar as possíveis causas das alterações de cor
dos dentes, sejam eles vitais ou não-vitais.
Os fatores que levam a modificação da cor dos dentes são os mais variados,
podendo ser de origem endógena (sistêmica), determinadas no período de formação
do germe dental, e de origem exógena, após a erupção dos dentes.
As técnicas de clareamento dental apresentam uma série de vantagens como
alternativa de tratamento estético, embora também possuam limitações e riscos,
muitas vezes inviabilizando o tratamento clareador.
Apesar de ser um tratamento conservador, mantendo as estruturas dentárias
sadias, não é um procedimento previsível, mas de acordo com os estudos de
Haywood (1996), o índice de sucesso inicial é de 92%. Desse modo, o tratamento
por si só pode mudar significativamente a aparência dos dentes.
Para isso é essencial que o profissional tenha um conhecimento com relação ao
mecanismo de ação e à segurança biológica dos agentes clareadores para ter
condições de indicá-los corretamente e informar seus pacientes sobre esses
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aspectos, além de um adequado exame anamnético, clínico e radiográfico, que são
essenciais para se obter o melhor prognóstico.
1.1 Histórico
As preocupações referentes à estética são de longa data, desde 1860 existem
técnicas que propõem o clareamento de dentes escurecidos. O uso das mais
variadas substâncias foi proposto como: cloreto de cálcio, cloro, cloreto de alumínio,
ácido oxálico, dióxido de enxofre, hipoclorito de sódio, entre outros.
As últimas décadas do século XIX foram muito produtivas no campo do
clareamento dental e diversos pesquisadores colaboraram ativamente. Dentre eles o
autor destacou: Bogue (1872) e Charple(1877), que preconizavam o uso de ácido
oxálico; Truman (1881) relatou que já utilizava o hipoclorito de cálcio como clareador
dental desde 1864; Kirk (1893), estudioso do processo de oxidorredução,
recomendava o uso do dióxido de sódio e Westakle, em 1895, difundia o uso da
solução conhecida como pyrozone, uma mistura de 5 partes de peróxido de
hidrogênio a 25% com uma parte de éter. (PÉCORA, et al., 1996, p. 2).
Assim, no alvorecer do século XX, os agentes clareadores de dentes despolpados
já eram bastante conhecidos e difundidos. As técnicas, de modo geral, eram
similares, diferenciando o agente clareador empregado. (PÉCORA, et al., 1996, p.
2).
Prinz (1994) preconizou uma técnica de clareamento dental na qual utilizava o
perborato de sódio associado ao peróxido de hidrogênio a 30% e, ainda, ao agente
calor. Essa técnica foi denominada como termocatalítica.
Em 1938, Salvas recomendava clarear dentes escurecidos após o tratamento
endodôntico com a mistura de perborato de sódio com água destilada. A pasta
formada com esta mistura era colocada na câmara pulpar, previamente limpa, e aí
mantida por vários dias. O uso do perborato de sódio com água foi ressaltado por
Spasser, em 1962. Grosmann em 1946, e Maistoy, em 1967, citaram técnicas de
clareamento de dentes despolpados com o uso de peróxido de hidrogênio a 30%
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mais a ação do calor. (PÉCORA, et al., 1996, p.3).
Na busca de agentes oxidantes mais potentes e suas associações, Nutting e
Poe, propuseram uma modificação da técnica de Prinz (1924), aconselhando o uso
do peróxido de hidrogênio a 30% misturado com o perborato de sódio. (PÉCORA, et
al, 1996, p.3).
Assim, por muitos anos, o agente clareador mais utilizado era, sem dúvida, o
perborato de sódio, misturado com água ou com peróxido de hidrogênio a 30%, com
ou sem aplicação de calor.
A partir do trabalho pioneiro de Bleckman e Cohen (1951), passou-se a estudar a
ação do peróxido de uréia – peróxido de carbamida, na limpeza e desinfecção dos
canais radiculares. Pesquisas posteriores levadas a efeito por Cobe (1960) e
Steward et al. (1961) difundiram o uso do peróxido de uréia misturado com glicerina
anidra (gly-oxide) para a limpeza e desinfecção dos canais radiculares. Esses
produtos não só desinfetavam como clareavam os dentes. Porém, o peróxido de
uréia – peróxido de carbamida a 10%, ficou com seu uso limitado como auxiliar da
instrumentação de canais radiculares e teve seu uso mais difundido após trabalhos
de Steward et al. (1969) e Paiva e Antoniazzi (1973). (PÉCORA, et al, 1996, p.3).
1.2 Etiologia das alterações de cor dos elementos dentais
Os dentes podem apresentar alterações de cor por uma série de fatores, e esses,
por sua vez, podem estar associados determinando o fator etiológico do
escurecimento. Devido à variedade de técnicas disponíveis para o clareamento de
dentes vitalizados e desvitalizados é de suma importância que o cirurgião dentista
saiba diagnosticar adequadamente essas alterações de cor, para indicar o melhor
procedimento, utilizando apenas uma técnica ou associações de duas ou mais. O
resultado de um adequado diagnóstico resultará em um melhor prognóstico, com
economia da estrutura dental e estética mais satisfatória.
As alterações de cor podem ser divididas em extrínsecas e intrínsecas, e as
intrínsecas por sua vez podem ser subdivididas em pré-eruptiva e pós-eruptiva.
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As alterações de cor extrínsecas estão localizadas sobre os dentes e geralmente
são adquiridas do meio, após a erupção dental e estão associadas à alimentos e
produtos com potencial corante, como o café, chá, vinhos, cigarros, entre outros,
associados ao acúmulo de placa e presença de rugosidades, fendas e trincas nos
dentes. Muitas vezes o seu tratamento consiste na simples remoção mecânica das
manchas, por meio da profilaxia dental com taça de borracha com uma pasta
abrasiva ou com uma profilaxia com jato de bicarbonato.
As alterações de cor intrínsecas pré-eruptivas estão associadas à alterações
estruturais no momento de formação dos dentes, o que ocorre no caso de
dentinogênese imperfeita, amelogênese imperfeita, hipoplasia de esmalte, fluorose,
manchamento por tetraciclina, entre outros.
Segundo Ruschel et al (2000), a dentinogênese imperfeita é uma anomalia do
tecido dentinário de caráter hereditário que afeta ambas as dentições. A
dentinogênese imperfeita é transmitida por herança genética e difere da amelogênse
imperfeita por atingir somente a dentina. A cor dos dentes pode variar do cinza ao
violeta ou castanho-amarelado, mas em todos os casos apresentam uma tonalidade
opalescente ou translúcida.
Para Santos (2005), a amelogênese imperfeita é um grupo de doenças
hereditárias que causa defeito na formação do esmalte dental e mostra
heterogeneidade clínica e genética. As coroas podem ou não apresentar alterações
de cor e quando existente essa pode variar do amarelo ao castanho. Em alguns
casos o esmalte pode estar ausente ou apresentar sulcos e depressões.
A hipoplasia do esmalte pode ser definida como uma formação incompleta ou
defeituosa da matriz orgânica do esmalte. A hipoplasia pode ser do tipo hereditário
ou devido a fatores ambientais. Dentre os fatores que podem provocar a ocorrência
de hipoplasia de esmalte pode-se destacar: deficiências nutricionais, doenças
exantemáticas (sarampo, varicela, escarlatina), sífilis congênita, hipocalcemia,
traumatismo durante o nascimento, eritroblastose fetal, infeção ou traumatismo local,
ingestão de fluoretos ou causas idiopáticas. O esmalte pode apresentar fossetas ou
fissuras dispostas em fileiras horizontais, nos casos mais graves pode haver
ausência de esmalte (MANDARINO, 2003).
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A fluorose, nome que se dá as alterações de coloração dental proveniente da
ingestão ou uso inadequado e excessivo do flúor, ocorre quando crianças ingerem
doses excessivas de flúor durante a formação e calcificação do esmalte.
A maioria de casos de fluorose é observada em regiões que apresentam água
potável com concentração de flúor excedendo 1 ppm. Quando essa concentração
excede 4 ppm, é de se esperar que a maioria da população infantil e adolescentes
apresentem dentes manchados. (PÉCORA, et al, 1996, p.6).
O autor ainda descreveu as manchas causadas por excesso de flúor como
manchas simples, opacas e porosas. As manchas simples apresenvam uma
coloração marrom em uma superfície lisa do esmalte, as manchas opacas
apresentavam-se como uma mancha branca na superfície do esmalte e as manchas
porosas são manchas escuras com defeitos na superfície do esmalte. Esta última
corresponde bem ao tratamento clareador, porém o defeito de esmalte deve ser
corrigido com tratamento restaurador com resina fotopolimerizável. (PÉCORA, et al,
1996, p.7).
A alteração de cor causada pela utilização do medicamento à base de tetraciclina,
pode causar danos estéticos terríveis. Este medicamento apresenta efeito adverso
para o feto, quando utilizado por gestantes, através de sua transmissão via corrente
sangüínea, e também para crianças pequenas, através da amamentação ou
ingestão do mesmo. O período mais susceptível aos efeitos desta vai do sexto ao
décimo mês de gestação, para os dentes decíduos, e do sétimo mês de vida intra-
uterina até aproximadamente os oito anos de idade, para os dentes permanentes. A
tetraciclina liga-se ao cálcio e é incorporada aos cristais de hidroxiapatita até a sua
mineralização, fazendo com que, desta forma, os dentes tomem a cor destes tecidos
mineralizados. A incorporação de tetraciclina envolve predominantemente a dentina
cuja matriz está em formação durante o período de consumo do medicamento. De
acordo com Wong e Schimidt, (1991), e Belkhirir e Douki (1991), a alteração de cor
vai depender do tempo de duração do consumo, do tipo de tetraciclina ingerido e da
dose utilizada. Existem cerca de 2000 variantes deste medicamento, porém as mais
comuns são: a clortetraciclina (Aureomicina) que causa uma alteração de cor
marrom acinzentada; a Dimetilclortetraciclina (Dedermicina) e a Oxitetraciclina
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(Terramicina) que provocam um manchamento amarelo, e a Doxiciclina (Vibramicina)
que não causa alteração de cor. O manchamento vai variar em extensão, coloração,
profundidade e localização e esta variação vai influenciar o tipo de tratamento. Em
1987, Feinman estabeleceu um sistema de classificação para os manchamentos por
tetraciclina, composto em 4 graus:
- Grau I: manchamento mínimo, amarelo-claro, marrom claro ou cinza-claro,
uniformemente confinado aos ¾ incisais dos dentes; possui um prognóstico
favorável com até três sessões de clareamento em consultório ou uma semana de
clareamento caseiro.
- Grau II: possui uma variação de amarelo-profundo, marrom ou cinza, com
prognóstico favorável consistindo em até seis sessões de clareamento no
consultório ou até 15 dias de clareamento caseiro.
- Grau III: composto por manchas azuladas ou cinzas escuras, com presença
de faixas ou bandas. Este caso responde bem ao tratamento clareador porém as
bandas permanecem após tratamentos extensos, devendo-se associar ao
facetamento;
- Grau IV: apresenta manchas severas principalmente no terço cervical, com
bandas marcadas e prognóstico desfavorável para o tratamento clareador.
As alterações de cor intrínsecas relacionadas às causas pós-eruptivas, nos dentes
com vitalidade pulpar, podem ocorrer de forma natural com o passar dos anos, pois
os corantes e pigmentos da dieta, apesar de terem contato apenas com a superfície
dos dentes, podem, quando em grande incidência e com o passar do tempo, sofrer
um processo de impregnação no dente, uma vez que a estrutura dental apresenta
um grau relativo de permeabilidade a substâncias com baixo peso molecular.
(BARATIERI et al, 2001, p. 676).
Temos também a situação de traumatismo, no qual o dente pode sofrer uma
discreta ou significativa alteração de cor, devido a hemorragia no interior da câmara
pulpar e, ainda assim, manter sua vitalidade. Essa alteração de cor pode regredir
espontaneamente após 2 ou 3 meses após o traumatismo. Porém o dente pode
manter-se escuro, sendo necessária uma avaliação clínica e radiográfica para
verificar sua vitalidade, e assim analisar a viabilidade e necessidade de um
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clareamento, seja intra ou extra-coronário.
Em dentes não vitais o manchamento da coroa dental pode ocorrer em razão da
incorreta realização da cirurgia de acesso à câmara pulpar com a remoção
incompleta do teto da câmara, permitindo a retenção de sangue e restos pulpares.
Pode também advir de hemorragias tanto durante a pulpectomia quanto após ao
traumatismo, além da decomposição da matéria orgânica como conseqüência de
necrose pulpar. Substâncias medicamentosas e materiais obturadores, deixados na
câmara pulpar iatrogenicamente causam também um escurecimento dental por
transparência.
Segundo Antoniazzi (1996) uma das etiologias do escurecimento dental é a
necrose pulpar. A hemorragia pulpar é a mais freqüente causa da descoloração
profunda, e grande percentual dessa descoloração está ligado ao trauma. Outras
causas do escurecimento estão na terapia endodôntica incorreta, na não remoção
dos materiais obturadores e na presença de medicamentos na câmara pulpar.
Para Baratieri et al. (1993) as causas iatrogênicas da alteração de cor dos dentes
pode ser relacionada com o acesso inadequado à câmara pulpar e a utilização de
fármacos de maneira incorreta.
Paiva & Antoniazzi (1993) relataram que a alteração de cor de dentes
despolpados pode advir do conteúdo da cavidade pulpar, na qual incluem-se as
causas de origem hemorrágica e a decomposição tecidual e dos procedimentos
operatórios no qual podemos citar o acesso inadequado da câmara pulpar, a
remoção incompleta conteúdo da cavidade e a utilização de medicamentos e
materiais para obturação.
Falleiros Jr & Aun (1990) relataram que geralmente a pigmentação por prata
promove um escurecimento com tons acinzentados, enquanto que a coloração
acastanhada encontra-se relacionada com o tecido hemorrágico em decomposição.
Segundo Erhardt et al., (2003), atualmente, um dos aspectos mais estimados no
conjunto estético da face é o sorriso. Este fato estimulou o desenvolvimento de
técnicas e materiais que proporcionem um resultado mais harmonioso, que satisfaça
os anseios do paciente. Antigamente, dentes que apresentavam anomalias de cor
recebiam desgastes para, em seguida, serem reconstruídos por meio de
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procedimentos diretos ou indiretos. Hoje, o profissional pode contar com técnicas
altamente eficazes e seguras que possibilitam a reversão destes quadros de
alteração de cor. O clareamento é a tentativa mais conservadora de restabelecer a
cor normal dos dentes, pela descoloração das manchas dentais por processos de
oxidação ou redução.
1.3 Prevenção do escurecimento dental
O escurecimento dental de dentes desvitalizados causa grandes problemas
estéticos, e por esse motivo desde há muito tempo vêm preocupando os cirurgiões
dentistas. Esse profissional é geralmente procurado por pacientes que desejam
recuperar a cor de seus dentes escurecidos, principalmente os anteriores. Assim, é
necessário um tratamento que objetive a recuperação da descoloração do dente e
conservação da estrutura dentária. Porém o clareamento dental possui efeitos
adversos.
Mandarino (2003) citou os efeitos indesejáveis do clareamento dental, que pode
ocorrer reabsorção cervical externa, enfraquecimento dos elementos dentários e
reescurecimento do dente.
A descoloração de dentes despolpados pode ter sua etiologia das decorrências de
hemorragia pulpar, degradação pulpar e de células sanguíneas, limpeza deficiente
dos detritos da câmara pulpar e má escolha de cimentos e materiais obturadores.
Segundo Pécora et al (1996, p.11) as principais causas de alteração de cor dos
dentes tratados endodonticamente são:
-Cirurgia de acesso realizada de modo incorreto;
- Hemorragias;
- Substâncias medicamentosas deixadas na câmara pulpar;
- Materiais obturadores deixados na câmara pulpar
- Traumatismos;
- Necrose pulpar.
22
O autor ainda relatou que dentre essas causas, com exceções das causas
traumáticas e de necrose pulpar, poderiam ser evitadas desde que o profissional
esteja atento e seja cuidadoso. Os seguintes cuidados devem ser tomados ao
executar o tratamento endodôntico para se evitar a alteração de coloração dental:
- Cirurgia de acesso correta, com remoção do teto da cavidade pulpar, divergência
e alisamento das suas paredes;
- Uso de irrigações com soluções com hipoclorito de sódio durante todo o preparo
dos canais, principalmente durante a fase de hemorragia;
- Remover todo e qualquer medicamento e material obturador de dentro da câmara
pulpar, realizando uma perfeita limpeza da região, de modo que fique livre de
agentes que possam alterar a cor do dente.
Leonardo e Leal (1991) também relataram alguns cuidados que o profissional
deve tomar para se prevenir o escurecimento dental. Os autores dividiram esses
cuidados em duas etapas, sendo a primeira antes da obturação e segunda após a
obturação dos canais radiculares.
Os cuidados antes da obturação do canal são:
- Abertura coronária que envolva cornos pulpares e reentrâncias da câmara pulpar;
- Irrigações sucessivas com soluções cloradas a fim de neutralizar e remover
restos de sangue que penetram nos canalículos dentinários.
Os cuidados que devem ser tomados após a obturação do canal radicular são:
- Limpeza da câmara pulpar com álcool- éter a fim de remover todos os resíduos
de material obturador;
- Promover uma sessão imediata de clareamento, a fim de prevenir o
escurecimento;
- Pincelamento da câmara com monômero de resina acrílica para devolver a dente
sua translucidez e vedar os canalículos dentinários;
- Aplicação de adesivo dentinário na câmara pulpar para vedar os canalículos
dentinários;
- Preenchimento da câmara pulpar com cimento de fosfato de zinco branco;
23
Nunca preencher a câmara pulpar de dentes anteriores com óxido de zinco e
eugenol como material selador definitivo.
De Deus (1991) relatou que o tratamento endodôntico quando realizado de modo
correto e adequado não constitui causa de alteração de coloração dental, sendo que
podemos notar essa alteração em apenas 10% dos dentes tratados
endodonticamente, e cerca de 7% desses dentes responderão satisfatoriamente ao
clareamento.
Para Baratieri et al (1993), todos os dentes anteriores tratados endodonticamente
irão apresentar alteração de cor que, com o tempo, irá prejudicar a estética. Por
esse, entre outros motivos óbvios, devemos prevenir a necessidade de tratamento
endodôntico, e este sendo necessário, devemos tomar as medidas e ações cabíveis
para se prevenir o escurecimento dental.
1.4 Pré- requisitos para a execução do clareamento dental
De Deus (1992) citou alguns pré-requisitos indispensáveis para se executar o
clareamento dental. Descatacam-se:
- O canal radicular deve estar devido e hermeticamente obturado, a fim de
bloquear a penetração do agente clareador no interior do canal;
- A coroa deve estar razoavelmente intacta;
- Remover todo e qualquer tecido cariado, quando existente;
- Substituir restaurações, principalmente quando são responsáveis pelo
escurecimento do dente.
Ainda devemos sempre lembrar que, antes de iniciar qualquer processo de
tratamento clareador devemos informar e esclarecer ao paciente que nem todos os
dentes respondem satisfatoriamente ao clareamento e outros dentes podem ter
recidiva com o decorrer do tempo e voltarem à escurecer.
24
1.5 Indicações e contra-indicações para execução do clareamento dental de
dentes não-vitais
Para que o cirurgião dentista possa indicar ou contra-indicar o tratamento de
clareamento dental é de suma importância que ele tenha conhecimento da etiologia
do escurecimento coronário e propor a melhor técnica para cada caso em particular.
Antes de tentar o tratamento intracoronal deve-se esgotar todas as possibilidades
por meio do uso extracoronal dos agentes clareadores. Todavia, o clareamento
intracoronal ainda é alternativa para o tratamento estético conservador dos dentes
desvitalizados escurecidos. (BARATIERI, et al., 2001, p.694).
Essa técnica pode ser empregada nos casos de dentes que possuem tratamento
endodôntico já concluído e a contento, uma vez que o agente clareador poderá ser
aplicado não só na superfície vestibular e lingual dos dentes, mas também no
acesso endodôntico, na câmara pulpar e nos 2 a 3 mm iniciais do conduto radicular.
Nos casos de dentes escurecidos com tratamento endodôntico satisfatório, mas que
possuem o acesso endodôncico e/ou o conduto radicular bloqueados (por haleta
lingual de prótese adesiva ou pino intra-radicular), pode ser empregada a mesma
técnica vital de consultório ou a técnica caseira da moldeira. Quando se optar pela
técnica caseira, deve-se orientar o paciente a aplicar o agente clareador somente no
dente escurecido e salientar que o tempo de tratamento será longo (alguns casos
podem chegar a seis meses). (CONCEIÇÃO, et al, 2005, p.75).
Entretanto, saber quais dentes podem e devem ser clareados e quais não podem
ou não devem é o aspecto mais importante do atendimento ao paciente. A seleção
do caso é muito importante para a condução segura e previsível do tratamento.
(BARATIERI, et al., 2001, p.694).
Dentes amplamente restaurados e/ou cariados não devem ser clareados. Nestes
casos, uma cobertura total é a melhor alternativa. Deve-se observar, também, a
presença de trincas e/ou restaurações deficientes no dente, que possibilitem a
comunicação da câmara pulpar com o meio bucal, situações estas que devem ser
25
resolvidas, quando possível, antes do clareamento (por meio do selamento destes
defeitos) para evitar que o agente clareador escape e, além de não clarear o dente
provoque danos nos tecidos moles. (BARATIERI, et al., 2001, p. 694).
Segundo Baratieri (2001), outros pré-requisitos importantes para se executar o
clareamento intracoronal de forma segura são:
- O canal radicular deve estar devida e hermeticamente obturado para evitar a
infiltração de agentes clareadores nos tecidos periapicais.
- Deve haver normalidade periapical e periodontal no dente em questão.
- Deve-se remover toda e qualquer dentina cariada, quando existente, bem como
todo resíduo de materiais obturador e restaurador da câmara pulpar; se necessário,
a abertura coronal deve ser corrigida, uma vez que, quando o abertura é
inadequada, cria-se uma área retentiva que dificulta ou impossibilita a limpeza dos
detritos na região dos cornos pulpares e na área lingual da câmara pulpar.
O clareamento intracoronal também tem sido indicado com sucesso em dentes
vitais manchados por tetraciclinas, que não respondem favoravelmente às técnicas
de clareamento extracoronal. Nestes casos, o paciente deve submeter-se à
endodontia intencional prévia, cuja finalidade é possibilitar, mecanicamente,
aplicação do agente clareador na câmara pulpar.
Dentes vitais com calcificação total da câmara pulpar e do canal radicular
(situações constatadas no exame radiográfico) também podem ser clareados pela
técnica intracoronal, desde que não existam sinais de patologia periapical. Nestes
dentes,o espaço correspondente à câmara pulpar deve ser preparado pelo
profissional com instrumentos rotatórios. Se, durante o preparo o paciente acusar
dor, deve-se interromper a operação e reavaliar o quadro, considerando a
possibilidade de endodontia. Após a conclusão do preparo, o clareamento é
realizado seguindo a técnica convencional intracoronal.
Quando a endodontia precisa ser refeita antes do clareamento, julgamos
necessário aguardar apenas o tempo de presa final do cimento utilizado na
endodontia para iniciar o clareamento (em geral 48 hs, dependendo do material
obturador). Neste sentido, há controvérsia na literatura; alguns autores relatam que o
26
clareamento pode ser iniciado imediatamente após a endodontia, e outros afirmam
serem necessários 30 dias após a endodontia para início do clareamento.
Leonardo e Leal (1991) citaram as principais indicações e contra-indicações
clareamento para dentes despolpados.
As principais indicações são:
- Escurecimento recente, pois quanto mais recente maior é a chance de obter um
bom prognóstico;
- Escurecimento após necrose pulpar;
- Escurecimentos em dentes jovens devido aos maiores diâmetros dos canalículos
dentinários;
- Dentes com manchamento por tetraciclina.
As principais indicações, porém com prognóstico incerto são:
-Pigmentações de origem metálica;
- Escurecimentos antigos;
- Escurecimentos decorrentes de traumatismo, pois há possibilidade de ocorrer
reabsorção.
As contra-indicações são:
- Falta de estrutura dental remanescente;
- Calcificação distrófica.
Mandarino (2003, p.14) relatou que mesmo o dente apresentando alterações de
cor por pigmentações metálicas, o clareamento dental pode ser tentado, mesmo que
o resultado não for o desejado. Nessas situações qualquer nível de clareamento
conseguido proporcionará um remanescente dental mais claro, e,
conseqüentemente maior facilidade de se obter um resultado estético final mais
satisfatório com procedimento restaurador.
Quando for se tratar da indicação do tratamento clareador, o profissional deve
procurar saber a causa do tratamento endodôntico (trauma, cárie, etc), após quanto
tempo o dente começou a escurecer, há quanto tempo o dente está escurecido e se
27
a alteração de cor está estabilizada ou vêm aumentando. Quanto maior o tempo e
grau de escurecimento, pior é o prognóstico (HARRINTON e NATKIN, 1979).
28
CAPÍTULO 2: A ARTE DE CLAREAR
2.1 Agentes clareadores
Desde o século passado, muitos agentes clareadores foram propostos.
Atualmente, os agentes clareadores mais comumente empregados
intracoroniariamente são:
- peróxido de hidrogênio a 30%
- perborato de sódio e
- peróxido de carbamida
Estes produtos químicos podem ser utilizados de modo separado ou em
combinações. (PÉCORA, et al., 1996, p.15).
O mecanismo de ação do clareamento é atribuído à uma reação de oxidação entre
o agente clareador e o substrato escurecido. Essa reação modifica a molécula
escurecida e assim altera suas características, entre elas a cor (KIRK, 1889). Os
materiais orgânicos são eventualmente convertidos em dióxido de carbono e água
(PÉCORA et. al., 1996). Isso ocorre quando o agente clareador oxidante reage com
o material orgânico no interior da dentina (SMIGEL, 1996).
Portanto, o sucesso do tratamento está diretamente relacionado com a habilidade
da substância clareadora em penetrar no interior dos túbulos dentinários e reagir
com as moléculas escurecidas (SAQUY et al., 1992; KIRK, 1889).
Por outro lado, o aumento da permeabilidade do agente clareador através dos
túbulos dentinários aumenta o risco de ocorrência de reabsorção externa
(ROTSTEIN et al., 1991; PÉCORA et al., 1991 DAHLSTRON, 1993).
Para Mondelli (2001), os agentes clareadores são veículos de radicais de
oxigênio que, tendo grande instabilidade, quando em contato com os tecidos,
promovem ora oxidação ora redução dos pigmentos incorporados a eles. Estes
pigmentos, macromoléculas que vão sendo “fracionadas” em cadeias moleculares
29
cada vez menores, acabam, no final do processo, sendo total ou parcialmente
eliminados da estrutura dental por difusão.
O clareamento dental, seja ele realizado intra ou extracoronalmente, só é possível
graças à permeabilidade da estrutura dental aos agentes clareadores, capazes de se
difundir livremente pelo esmalte e dentina e atuar na parte orgânica destas
estruturas, promovendo o clareamento.
Dependendo da técnica a ser empregada, o veículo do oxigênio, em geral um
peróxido, é utilizado na forma de solução ou gel, em concentrações que variam de
acordo com as necessidades do caso clínico. A associação de técnicas e materiais
clareadores também é uma prática corrente. (BARATIERI, et al., 2001, p.678).
Segundo Baratieri (2001, p.678) o peróxido de hidrogênio (H2 O2) tem sido
utilizado para clarear dentes há mais de 75 anos, e ainda é o agente clareador de
escolha na maioria dos casos utilizado tanto em dentes vitais quanto naqueles não-
vitais (técnicas imediata e mediata). Quando em contato com os tecidos, o peróxido
de hidrogênio se degrada em oxigênio e água, sendo o oxigênio responsável pelo
clareamento.
Um outro peróxido, conhecido como peróxido de carbamida (CH4 N2 O-H2 O2)
(peróxido de uréia, peróxido de hidrogênio-uréia ou peridrol-uréia), quando em
contato com tecidos ou saliva, dissocia-se imediatamente em peróxido de hidrogênio
e uréia; subseqüentemente, o peróxido de hidrogênio degrada-se em oxigênio e
água, enquanto a uréia decompõem-se em amônia e dióxido de carbono.
(BARATIERI, et al., 2001, p.678).
A associação do peróxido de hidrogênio a 35% ao perborato de sódio
(2NaBO2[OH]2[nH2O]) tem sido utilizada na técnica mediata de clareamento de
dentes não vitais (walking-bleach technique). Por outro lado, alguns autores também
preconizam o uso isolado do perborato de sódio como agente clareador, uma vez
que em contato com a umidade, esta substância se decompõe em peróxido de
hidrogênio menos concentrado, e em uma segunda etapa, pode liberar oxigênio
ativo e iniciar o processo clareador. (BARATIERI, et al., 2001, p.678).
Ainda no que se refere ao mecanismo de ação dos agentes clareadores, deve-se
destacar que o aumento de 10°C na temperatura do meio duplica a velocidade de
30
reação e o processo clareador que envolve os peróxidos. Os efeitos do calor são: (1)
age como catalisador na degradação do agente clareador em subprodutos oxidantes
e (2) fornece energia à solução clareadora, que facilita sua expansão e difusão na
estrutura dental. (BARATIERI, et al., 2001, p.679).
Vários métodos têm sido estudados para aumentar a permeabilidade, a eficiência
e eficácia do tratamento clareador. Entre eles estão o condicionamento com ácido
fosfórico da estrutura dentinária antes da inserção do agente clareador (TITTLEY et
al., 1988), remoção da smear layer (PASHLEY et al., 1983), aplicação de ultra-som
(CARRASCO et al., 2004) e aplicação de calor (PASHLEY et al., 1981; ROTSTEIN
et al., 1991; SAQUY et al., 1992).
Entretanto a potencialização do gel clareador pela técnica termocatalítica tem sido
questionada quanto à seus efeitos deletérios sobre a estrutura dental (MADISON
&WALTON, 1990; TROPE, 1997). Goldstein (1976) e Mondelli et al. (1984)
observaram que a utilização de espátula aquecida e luzes que geram calor para
ativar os agentes clareadores pode causar injúrias aos tecidos dentinários.
Para Carrasco (2004), atualmente as técnicas e materiais utilizados para o
clareamento dental estão voltados para propor métodos que não causem danos às
estruturas dentais, à mucosa bucal e à saúde do paciente e, além disso, tenham
rapidez e eficácia em restabelecer a cor natural dos dentes.
Segundo Mondelli (2001), devido a natureza quimicamente instável dos agentes
clareadores, a durabilidade dos mesmos é crítica. Seja qual for o tipo, a
concentração e a forma de apresentação do clareador, mas especialmente as
soluções, todas estas substâncias são muito sensíveis às condições de manipulação
e armazenamento, perdendo significativamente seu poder de ação com o passar do
tempo e quando expostas à luz, ao calor e ar ambiente. Produtos frescos devem ser
utilizados para obter o máximo de ação. Tem sido demonstrado que uma solução de
peróxido de hidrogênio, por exemplo, pode perder mais de 50% de seu poder
oxidante em 6 meses. Quanto à sua conservação, estes agentes devem ser
armazenados a baixa temperatura e, de preferência, em frascos que evitem a
passagem da luz.
Goldstein (2004) comentou que os primeiros esforços para clarear os dentes
31
datam mais de um século atrás e concentram-se na procura por um agente de
clareamento eficaz.
Para Andrade et. al (2005), os mecanismos exatos do clareamento dental ainda
não estão bem esclarecidos. Mas a complexidade do processo de clareamento
dental justifica-se porque nem todos os agentes clareadores agem da mesma
maneira.
2.2 Técnicas de clareamento para dentes não-vitais
Em relação ás técnicas de clareamento para dentes não vitais podemos citar a
Técnica Mediata, Imediata e Mista.
2.2.1 Técnica Mediata
Essa técnica foi descrita pela primeira vez em 1963, por Nutting & Poe.
A técnica mediata consiste na aplicação do agente clareador no interior da câmara
pulpar. Pode-se utilizar o perborato de sódio misturado ao peróxido de hidrogênio ou
o perborato de sódio associado com água destilada, porém nesta forma há uma
menor liberação de oxigênio. No comércio ainda existem pastilhas de peróxido de
hidrogênio e peróxido de uréia, que reduzidas a pó, também podem ser utilizadas
como curativos intracâmara pulpar. Segundo Pécora et. al. (1996), ainda encontra-se
gel ou creme que contém peróxido de uréia (peróxido de carbamida) que também
podem ser utilizados.
2.2.2 Técnica Imediata
A técnica imediata consiste na aplicação isolada do peróxido de hidrogênio a 35%
na câmara pulpar e na face vestibular. Outra opção de agente clareador nessa etapa
32
é o uso de peróxido de hidrogênio 35% em gel. Torna-se necessário a utilização de
uma fonte de calor, que pode ser uma fonte de luz ou um instrumento aquecido. O
aumento de temperatura faz com que ocorra uma liberação maior de oxigênio e
aumenta a permeabilidade dental, diminuindo o tempo de clareamento.
2.2.3 Técnica Mista
Essa técnica baseia-se na associação das técnicas mediata e imediata.
Utilizamos essa associação quando o dente não respondeu satisfatoriamente ou
suficientemente ao resultado esperado.
Para dar inicio ao tratamento clareador interno, primeiramente devemos fazer um
diagnóstico e planejamento. Para Mandarino (2003), há necessidade de realizar uma
análise da estrutura dental remanescente, restaurações existentes e exame
radiográfico do tratamento endodôntico, verificando se o limite apical está correto e
se a condensação está adequada, pois na falta de condensação pode ocorrer
extravasamento do agente clareador para a raiz e causar uma sensibilidade apical e
posterior reabsorção radicular externa.
O segundo passo é a realização de uma prévia profilaxia e o registro da cor do
dente, que pode ser por meio de fotografias e de uma escala de cor pré-fabricada.
Pode-se também utilizar os dentes com coloração normal do paciente como
parâmetro para verificar o grau de clareamento conseguido.
No clareamento de dentes não-vitais, é fundamental que se proceda à proteção
dos tecidos moles e ao isolamento absoluto do campo operatório para evitar contato
do agente clareador com as estruturas bucais e mesmo com a face (BARATIERI,
2002, p. 144).
Para dar seqüência deve ser realizada a abertura coronária e limpeza de todo o
remanescente do teto da câmara pulpar, material obturador ou dentina cariada,
quando existente. Essa limpeza, muitas vezes ocasiona algum clareamento para a
estrutura dental.
33
O próximo passo é promover a desobturação do canal em aproximadamente 3mm.
A remoção do material obturador do canal radicular pode ser realizada com broca ou
instrumento aquecido. Baratieri et al (2002) relata que esse procedimento tem duas
finalidades: gerar espaço para a aplicação do selo cervical e expor os túbulos
dentinários que se dirigem a região do colo dental.
Para evitar a ocorrência de reabsorção cervical associada à queda do ph
decorrente da degradação do peróxido de hidrogênio à nível cervical, deve ser
realizado um tampão ou selo biológico com hidróxido de cálcio p.a. com
aproximadamente 0,5-1,0 mm de espessura em contato direto com o material
obturador. Sobre o hidróxido de cálcio, deve ser feito um “plug” de ionômero de vidro
fotopolimerizável de aproximadamente 1 mm de espessura, que promoverá um
selamento mecânico, isolando o agente clareador da câmara pulpar (MANDARINO,
2003).
Após a presa do material, deve ser realizado condicionamento com ácido fosfórico
a 37% durante 30 segundos por toda a câmara pulpar. Deve-se lavar bem e secar.
Prossegue-se então com a aplicação do clareador mediato (perborato de sódio
com peróxido de hidrogênio). Deve-se promover uma restauração provisória com
resina composta fotoativada, uma vez que a pressão no interior da câmara pulpar é
grande. Outros materiais restauradores temporários menos resistentes podem ser
expulsos em função dessa pressão. Remove-se o isolamento absoluto e se
necessário, promove-se o ajuste oclusal.
Por cerca de 3 dias à 1 semana após a primeira sessão, uma avaliação do
resultado obtido torna-se necessária. Segundo Baratieri et al (2002), podem ocorrer
3 situações:
1- Resultado Ok (+) = Não requer mais clareamento
2- Resultado ok (-) = Requer mais clareamento.
3- 3 Resultado negativo: Requer associação de técnicas.
Se o resultando de clareamento for alcançado (opção 1) deve-se remover a
restauração provisória, lavar a câmara pulpar abundantemente e durante sete dias
deixá-la com uma pasta de hidróxido de cálcio pa e água. Baratieri (2002, p. 145),
34
comenta que esse procedimento visa neutralizar e alcalinizar o ph da região cervical
do dente, favorecendo um meio adequado para o reparo de qualquer possível dano
ao ligamento periodontal cervical, inibindo o desencadeamento de processos de
reabsorção nesta área. Após esses setes dias promove-se a restauração do dente.
Caso o quadro de clareamento encontrado seja positivo, porém possa ainda
melhorar (opção 2), as etapas anteriores devem ser repetidas.
Caso a opção 3 seja encontrada, isto é, o dente exposto ao tratamento clareador
não respondeu de maneira satisfatória, deverá então haver a associação da técnica
mediata com a imediata (técnica termocatalítica).
Promove-se a proteção dos tecidos, isolamento absoluto e profilaxia dental.
Remove-se a restauração provisória e lava-se abundantemente á fim de remover
todo agente clareador mediato e seca-se bem. Promove-se condicionamento ácido
por 30 segundos, lavando e secando bem a câmara pulpar.
O agente clareador deve ser aplicado com algodão a gaze, cobrindo toda a face
vestibular do dente a ser clareado. Aplica-se a fonte de calor durante 10 a 15
minutos. Durante todo o procedimento a solução deve ser renovada.
Como curativo de demora, deve-se promover uma nova aplicação do agente
clareador mediato.
Segundo Baratieri (2002),se após três sessões de clareamento termocatalítico e
quatro aplicações de clareador mediata o dente não apresentar melhoras
significativas, o tratamento deve ser interrompido.
2.3 Sequências Clínicas das Técnicas de Clareamento Interno
Mandarino (2003, pág 18) propõe as seguintes seqüências:
35
2.3.1 Técnica de Clareamento Mediata
1º ato: Exame radiográfico da excelência do tratamento endodôntico;.
2º ato: Registro da cor do dente a ser clareado;
3º ato: Abertura coronária, remoção do remanescente do teto da câmara pulpar e
remoção da dentina cariada, quando houver;.
4º ato: Isolamento absoluto do campo operatório;.
5º ato: Confecção do “plug”de cimento de ionômero de vidro;
6º ato: Condicionamento ácido fosfórico à 37% por 15 segundos e lavagem por 30
segundos, somente na primeira sessão;.
7º ato: Curativo intracâmara pulpar (3 a 5 dias) com pasta de perborato de sódio +
peróxido de hidrogênio à 30%;.
8º ato: Troca de curativo por 1 ou mais sessões (dependendo do caso);.
9º ato: Repetição do tratamento semanalmente;.
10º ato: Lavagem da câmara pulpar para limpeza do agente clareador;.
11º ato: Curativo intracâmara pulpar com pasta do pó de hidróxido de cálcio mais
água destilada ou soro fisiológico, por 7 dias, e fechamento provisório da câmara
pulpar;.
12º ato: Remoção e limpeza da pasta de hidróxido de cálcio;
13º ato: Restauração final: forramento com ionômero de vidro e restauração em
resina composta.
2.3.2 Técnica de Clareamento Imediata
1º ato: Exame radiográfico da excelência do tratamento endodôntico;.
2º ato: Registro da cor do dente a ser clareado;
36
3º ato: Abertura coronária, remoção do remanescente do teto da câmara pulpar e
remoção de dentina cariada, quando houver;.
4º ato: Isolamento absoluto do campo operatório;.
5º ato: Confecção e ajuste do “plug’de cimento de ionômero de vidro;
6º ato: Condicionamento ácido fosfórico à 37% por 15 segundos e lavagem por 30
segundos de toda a câmara pulpar e face vestibular do dente a ser clareado,
somente na primeira sessão;.
7º ato: Aplicação, na câmara pulpar e face vestibular, do peróxido de hidrogênio à
30% + fonte de calor, temperatura de 50ºC a 60ºC por 10 a 15 minutos, intracâmara
pulpar e na face vestibular;.
8º ato: Restauração provisória com resina composta;
9º ato: Repetição do tratamento semanalmente, quando necessário;.
10º ato: Lavagem da câmara pulpar para limpeza do agente clareador;.
11º ato: Curativo intracâmara pulpar com pasta de hidróxido de cálcio, por 7 dias, e
fechamento provisório da câmara pulpar;
12º ato: Remoção e limpeza da pasta de hidróxido de cálcio e restauração final:
forramento com ionômero de vidro e restauração em resina composta.
2.3.3 Técncia de Clareamento Mista
1º ato: Exame radiográfico da excelência do tratamento endodôntico;
2º ato: Escolha da cor do dente a ser clareado e da cor original dos dentes do
paciente;
3º ato: Abertura coronária, remoção remanescente do teto da câmara pulpar e
remoção remoção de dentina cariada, quando houver;
4º ato: Isolamento absoluto do campo operatório;
5º ato: Confecção do “plug”de cimento;
37
6º ato: Condicionamento com ácido fosfórico 37% por 15 segundos e lavagem por
30 segundos de toda a câmara pulpar e face vestibular do dente a ser clareado,
somente na primeira sessão;
7º ato: Aplicação, na câmara pulpar e face vestibular, do peróxido de hidrogênio a
30% + fonte de calor, temperatura de 50º C a 60º C por 10 a 15 minutos, intracâmara
pulpar e na face vestibular;
8º ato: Curativo intracâmara pulpar ( 3 a 5 dias) com pasta de perborato de sódio +
peróxido de hidrogênio à 30%;
9º ato: Troca de curativo por 1 ou mais sessões (dependendo do caso);
10º ato: Repetição do tratamento semanalmente podendo ou não aquecer o dente
novamente;
11º ato: Lavagem da câmara pulpar para limpeza do agente clareador;
12º ato: Curativo intracâmara pulpar com pasta do pó de hidróxido de cálcio mais
água destilada ou soro fisiológico, por 7 dias, e fechamento provisório da câmara
pulpar.
13º ato: Remoção e limpeza da pasta de hidróxido de cálcio e restauração final:
forramento com ionômero de vidro e restauração em resina composta.
2.4 Comprometimentos clínicos do clareamento de dentes não vitais
De acordo com Franciscone (1986), os agentes químicos e térmicos usados para
o clareamento de dentes tratados endodonticamente diminuem significantemente a
resistência à fratura destes dentes.
No estudo sobre a influência das cristas marginais na resistência à fratura de
dentes desvitalizados submetidos ao tratamento clareador, Bezerra (1993),
demonstrou que a remoção das cristas marginais diminui a resistência à fratura,
sendo diretamente proporcional ao número de cristas removidas.
Os dentes desvitalizados, já apresentam-se enfraquecidos em decorrência da
abertura coronária, remoção do teto da câmara pulpar e friabilidade pela remoção do
38
órgão pulpar, sendo uma somatória de efeitos comprometendo sua resistência.
(LANDIM, 2000, p.30).
Lewistein relatou os efeitos do peróxido de hidrogênio a 30% e da pasta de
perborato de sódio e peróxido de hidrogênio na microdureza do esmalte e dentina
humanos em diferentes intervalos de tempo (5, 10 e 15 min). Os resultados mostram
que o peróxido de hidrogênio a 30% reduziu a microdureza do esmalte e dentina
após 5 min de tratamento para a dentina, e 15 min para o esmalte. Isto significa que
o peróxido de hidrogênio afeta não apenas os componentes inorgânicos dos tecidos
duros dentais, por meio da desmineralização, mas também ataca a substância
orgânica da dentina. O interessante foi a constatação de que a adição de perborato
de sódio ao peróxido de hidrogênio não causou qualquer redução na microdureza do
esmalte ou da dentina. (BARATIERI, et al, 2005, p.104).
Para aumentar a resistência da coroa dental frente aos esforços oclusais e
mastigatórios, diminuindo o estresse térmico do dente, alguns autores indicam a
cimentação do pino intracanal com cimento de ionômero de vidro quimicamente
ativado, preenchimento da câmara pulpar também com cimento de ionômero de
vidro convencional e restauração da abertura endodôntica com resina composta.
Em um estudo realizado para investigar a resistência à fratura sob compressão e
padrão de falha de pré-molares tratados endodonticamente e clareados
internamente com peróxido de carbamida a 37% os resultados mostraram que o
clareamento interno não causa enfraquecimento importante nos dentes. Entre os
dentes clareados, aqueles com restaurações temporárias de IRM ou com pinos
metálicos mostraram o padrão mais desfavorável de fratura, enquanto o padrão de
fratura mais favorável ocorreu em dentes restaurados com resina composta e pinos
de fibra de vidro. (BONFANTE, et al., 2006, p.252).
Tem-se sugerido que a qualidade da adesão resina composta-dentina pode ser
prejudicada quando restaurações são confeccionadas imediatamente após o
tratamento clareador. Segundo alguns estudos realizados, independentemente do
tempo decorrido após o clareamento, os valores de resistência adesiva entre resina
e dentina foram reduzidos quando se utilizou perborato de sódio associado ao
peróxido de hidrogênio ou à água. (HARA, et al., 2004, p.79).
Segundo Baratieri (2005, p.101), a irritação da gengiva ocorre quando a proteção
39
do tecido gengival não é bem executada por meio do isolamento absoluto. Pelo fato
dos agentes clareadores serem substâncias cáusticas aos tecidos moles, todos os
cuidados são necessários no momento do isolamento absoluto, a fim de evitar o
escoamento do produto sobre a gengiva e tecidos adjacentes. O contato do agente
clareador com os tecidos moles pode produzir ardência e inflamação, porém esse
tipo de irritação desaparece após algumas horas.
Mondelli (1998) citou que Harrington e Nathing (1979), foram os primeiros autores a
sugerirem que dentes clareados poderiam apresentar reabsorção externa após
alguns anos do tratamento clareador associada à utilização de uma fonte de calor
(espátula aquecida) ou a trauma dental prévio ao tratamento.
Segundo Imura et al (2004), reabsorção radicular externa cervical é um tipo de
reabsorção progressiva inflamatória, com localização na superfície lateral da raiz,
tendo seu início no periodonto devido a continua ação de um estímulo
(movimentação ortodôntica; cirurgia ortognática; dento - alveolar e periodontal;
clareamento dental interno e traumatismo) desencadeante de um processo
inflamatório. A condição pode ser transitória (2-3 semanas) ou não, e o paciente não
experimenta desconforto, a não ser que o canal seja atingido ou haja infecção
periodontal.
Para Baratieri a reabsorção é um processo fisiológico ou patológico que resulta na
perda de substância de um tecido mineralizado, como a dentina, cemento ou osso
alveolar. Embora o peróxido de hidrogênio venha sendo utilizado no clareamento
dental desde o final do século XIX, somente a partir de 1979, alguns trabalhos
relataram a ocorrência de reabsorção cervical externa. Apesar de muitas hipóteses
sobre sua etiologia tem sido sugeridas, como por exemplo a ação cáustica dos
agentes clareadores ou o histórico de traumatismo, o agente causador ainda não foi
convincentemente estabelecido. (BARATIERI, et al, 2005, p.104).
Achados clínicos relacionados ao clareamento intracoronário permitem inferir que
o risco de reabsorção cervical externa é muito variável, justificando um
acompanhamento prolongado do caso a fim de se obter um diagnóstico precoce.
Apesar da suposta ocorrência de reabsorção cervical externa com um efeito
resultante do clareamento dental interno, o autor observou que, a partir da década
de 1990, esses relatos ficaram mais escassos. Este fato pode estar relacionado à
40
inclusão, na técnica operatória, da etapa de execução do selamento cervical e à
diminuição da utilização do calor como fonte de ativação do agente clareador.
Analisando a literatura sobre reabsorção externa associada ao clareamento em
dentes não-vitais, o autor observou que:
- o selamento cervical biomecânico não foi realizado em nenhum dos casos
relatados;
- na maioria dos casos, existiu uma história de trauma previamente ao tratamento
clareador; e
- o calor (técnica termocatalítica) foi empregado em vários casos. (BARATIERI, et al,
2005, p.105).
A penetração do peróxido de hidrogênio no periodonto, por meio dos túbulos
dentinários e das falhas na junção amelocementária pode ser a causa da reabsorção
externa após o clareamento. (LANDIM, 2000, p.30).
Todos os tipos de relação entre o cemento e o esmalte podem ocorrer em um
mesmo dente ou em uma mesma face, ou seja, qualquer dente pode apresentar
janelas de dentina na região cervical do dente. Baratieri (2005) citou que Consolaro;
Neuvald; Ribeiro explicaram que a dentina exposta nessas regiões é recoberta por
uma matriz extracelular, impedindo que a mesma fique exposta aos tecidos
gengivais. Essa proteção é imprescindível, visto que a dentina possui moléculas
protéicas que, quando em contato com o tecido conjuntivo, são vistas como
substâncias estranhas ao organismo, desencadeando um processo inflamatório no
local e, conseqüentemente, a reabsorção cervical externa. Os agentes clareadores
internos seriam capazes de dissolver a matriz extracelular. (BARATIERI, et al, 2005,
p.105).
É importante enfatizar que o processo inflamatório que desencadeia a reabsorção
só ocorre se a dentina for exposta ao tecido conjuntivo. Em adultos, a partir dos 30
anos de idade, a coroa clínica já foi submetida a desgastes incisais ou oclusais, os
quais foram compensados em sua altura incisoapical ou oclusoapical e a erupção
passiva foi lentamente fazendo com que a JAC ficasse exposta ao sulco gengival ou,
até mesmo, diretamente ao meio bucal. Dessa forma, o autor citou que segundo
Consolaro; Neuvald, Ribeiro (2002), pode-se inferir que o risco de ocorrer uma
reabsorção cervical externa em pacientes adultos é muito menor do que em crianças
41
e jovens, visto que nestes a junção amelocementária relaciona-se diretamente com o
tecido conjuntivo. (BARATIERI, et al, 2005, p.105).
Baratieri et al.; (2005) citaram que, Cvek e Lindvall, sugeriram que, associado ao
fato de o peróxido de hidrogênio produzir uma irritação na região periodontal, as
bactérias poderiam colonizar os túbulos dentinários causando inflamação nos
tecidos vizinhos e reabsorção. Tais bactérias poderiam ser advindas da câmara
pulpar e do sulco gengival. Outro fator que poderia contribuir para a ocorrência de
reabsorção dental seria a presença de um pH ácido. Como a solução de peróxido de
hidrogênio é extremamente ácida (pH 2), a adição de perborato de sódio é uma
opção interessante, na medida em que o pH da mistura torna-se alcalino.
Riehl e Freitas (2001) por meio dos resultados obtidos por seus estudos contestam
que todos os materiais contendo peróxido de hidrogênio têm caráter ácido,
invalidando assim, a hipótese se que eles seriam rotineiramente responsáveis pela
ocorrência da reabsorção.
A ocorrência de trauma prévio ao tratamento clareador é um outro fator relacionado
ao desenvolvimento da reabsorção cervical externa. Portanto, se a descoloração
dental for resultante de um traumatismo, é prudente evitar o clareamento, ou, caso
venha a ser realizado, não utilizar o calor (espátula aquecida) como fonte de
potencialização do agente clareador, já que alguns estudos também o associam com
o surgimento de reabsorção cervical externa. (BARATIERI, et al, 2005, p.106).
Bevilacqua e Pozzobon (1998) obtiveram um ótimo resultado clínico com a
associação da técnica mista (peróxido de hidrogênio a 35%) e caseira
supervisionada (peróxido de carbamida a 10%). Concluíram que essa associação de
técnicas resultaram num quadro clínico mais rápido, duradouro e mais seguro
minimizando o risco de causar reabsorção cervical externa.
Segundo Baratieri et al, (2005) diante da possibilidade de reabsorção como um
efeito adverso do clareamento intracoronário, algumas medidas devem ser
realizadas com o objetivo de prevenir esse processo:
- Realização de um selamento cervical abaixo da junção amelocementária
A aplicação de hidróxido de cálcio, substância alcalina, parece ser importante para
neutralizar uma possível ação do agente clareador. A colocação de uma base
42
(ionômero de vidro ou fosfato de zinco) sobre o hidróxido de cálcio tem a função de
protegê-lo e, principalmente, selar adequadamente os túbulos dentinários abaixo da
junção amelocementária. A aplicação dessa base seladora deve ser feita em forma
de rampa nas regiões proximais, acompanhando a linha do contorno da junção
amelocementária. (BARATIERI, et al, 2005, p.106).
Robazza et al., (2001) avaliaram a capacidade seladora do adesivo dentinário One
Step e do Histoacryl (n-butil cianoacrilato) utilizado como tampão cervical para
posterior execução da técnica de clareamento dental interno. Os resultados
demonstratam não haver diferenças quanto à capacidade de selamento dos
adesivos, sendo que o uso desses novos materiais pode ser uma alternativa frente
os materiais seladores tradicionais (cimento de ionômero de vidro, fosfato de zinco).
Loguercio et. al. (2002), avaliaram 43 pacientes (54 dentes) que tinham sido
submetidos ao clareamento interno pela técnica mista de Busato no período de 1986
a 1996 e não encontrando nenhum indício de reabsorção cervical externa. Concluiu
portanto, ser muito importante a confecção do selamento cervical ( cimento de
ionômero de vidro), como foi feito na técnica de Busato, para evitar tal reabsorção.
- Realização do curativo de demora
O preenchimento da câmara pulpar com hidróxido de cálcio (PA), por sete dias, tem
a finalidade de neutralizar e alcalinizar o pH da câmara pulpar e região cervical do
dente, evitando o desenvolvimento de reabsorção cervical. Um estudo in vitro
mostrou que a queda do pH na periferia da dentina, causada pelo clareamento
intracoronário, pode ser revertida pelo uso de hidróxido de cálcio na câmara pulpar
por uma semana. Entretanto, outros estudos, discordam desse princípio, apontando
que o hidróxido de cálcio se difunde pobremente pela dentina.
Dessa forma, o clareamento intracoronário deve ser realizado tomando-se todos os
cuidados já mencionados. Além disso, devem ser feitos acompanhamentos clínicos e
radiográficos periodicamente por pelo menos sete anos e, na presença de um
processo inflamatório cervical, uma terapia com hidróxido de cálcio deve ser
imediatamente iniciada. (BARATIERI, et al, 2005, p.106).
Segundo Baratieri et al. (2005) pelo fato de o peróxido de hidrogênio se decompor
em radicais livres, discussões tem surgido sobre os efeitos patológicos e fisiológicos,
43
incluindo a carcinogenicidade e a genotoxidade dos agentes clareadores. Como a
mutação de genes pode resultar em doenças sérias e câncer, que podem ameaçar a
vida, é necessário avaliar cuidadosamente os riscos potenciais associados aos
agentes clareadores.
Curiosamente, o peróxido de hidrogênio está presente em várias reações do
organismo humano: o sistema de defesa do organismo produz peróxido de
hidrogênio, o córtex cerebral produz peróxido de hidrogênio durante a transmissão
de impulsos nervosos e o peróxido de hidrogênio participa da degradação das
catecolaminas. O corpo produz, controla, utiliza o peróxido de hidrogênio e também
o destrói durante seu funcionamento. (BARATIERI, et al, 2005, p.107).
Alguns estudos laboratoriais demonstraram, conforme seu contexto, um potencial
carcinogênico do peróxido de hidrogênio. Um dos estudos avaliou os efeitos
produzidos pela ingestão de águas com soluções de peróxido de hidrogênio a 0,1%
e 0,4% em três cepas de camundongos por até 740 dias. Ao final do experimento,
constatou-se que os camundongos de uma determinada espécie desenvolveram
câncer duodenal, cuja incidência foi de 5% para a menor concentração empregada.
Apesar de serem muito conhecidos, a credibilidade desses estudos foi duramente
criticada, haja visto que não existia um grupo de controle ou eram inadequados; não
informaram sobre a alimentação dos animais, não foi avaliada a concentração de
peróxido de hidrogênio na água e não foi medida a quantidade ingerida de peróxido
de hidrogênio; utilizaram cepas de camundongos com elevada incidência
espontânea de lesões duodenais pré-malignas. (BARATIERI, et al, 2005, p.108).
De acordo com a pesquisa de Camargo (1999), o peróxido de hidrogênio atua
como agente promotor da carcinogênese, potencializando o efeito de agentes
iniciadores na carcinogênese bucal química. O autor citou o trabalho de Pierolli
(1997), onde verificou que agentes clareadores isolados não são carcinogênicos,
mas quando associados a outros produtos carcinogênicos, exercem um efeito
potencializador da carcinogênse, que pode acontecer nos casos do uso de tabaco,
álcool e raios solares, além de outros produtos químicos integrantes de remédios e
alimentos. (BARATIERI et al., 2005, p.108).
Por conseguinte, também foram documentados trabalhos nos quais não foi
constatado potencial carcinogênico do peróxido de hidrogênio. Marshall et al.
44
avaliaram o efeito de dentifrícios contendo peróxido de hidrogênio. Constatou-se que
os dentifrícios não eram carcinogênicos e que não aumentavam a carcinogenicidade
do DMBA. Diante dos resultados, os autores concluíram que o peróxido de
hidrogênio, em concentrações de até 3%, não é carcinogênico ou co-carcinogênico.
Nenhum estudo in vivo indicou que o peróxido de hidrogênio a 35% usado como
agente clareador no consultório tenha algum efeito adverso em longo prazo.
Segundo a FDA, o peróxido de carbamida a 10% é considerado seguro e eficaz. Em
uma extensa revisão sobre a segurança do uso do peróxido de hidrogênio para
clareamento dental, estudos afirmam que o clareamento dental monitorado pelo
dentista em que se utiliza o peróxido de carbamida a 10% não oferece risco de
carcinogenicidade e não causa alterações irreversíveis no esmalte. (BARATIERI, et
al., 2005, p.108).
2.5 Cuidados pós-operatórios para o clareamento dental interno
Uma vez realizado o tratamento clareador, é importante saber que com o passar do
tempo, a exposição gradual a alimentos, bebidas (especialmente café, chá,
refrigerante e vinho tinto) e fumo poderá escurecer os dentes recentemente
clareados. Para que isso seja evitado, existem medidas que podem ser tomadas:
- Evitar a ingestão de alimentos e bebidas que contenham corantes, e, quando
forem ingeridos, escovar os dentes imediatamente após seu consumo.
- Usar um canudo para consumir bebidas que possam manchar os dentes, como
por exemplo: café, chá, refrigerantes e vinho tinto.
- Evitar fumar.
45
2.6 Casos clínicos Caso 1 (BARATIERI, et al., 2005, p.85).
Fig. 1 Dente 11 tratado endodonticamente e escurecido.
Fig. 2 Aspecto palatal após esvaziamento da câmara pulpar.
Fig. 3
46
Fig. 4 Esquema do selamento biológico.
Fig. 5 Gel de ácido fosfórico a 37% preenchendo a câmara pulpar e cobrindo porção do
esmalte superficial. (15 segundos de condicionamento).
Fig. 6 Aspecto após condicionamento ácido.
47
Fig. 7 Câmara pulpar preenchida com com pasta de perborato de sódio + peróxido de
hidrogênio à 30%.
Fig. 8 Selamento com resina composta.
Fig. 9 Pós-operatório, mostrando satisfatório grau de clareamento.
48
CASO 2 (BARATIERI, et al, 2005, p.90).
Fig.10 Antes Fig.11 Depois
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O clareamento dental é uma técnica com eficácia comprovada, de simples
execução, e que proporciona um alto grau de satisfação ao paciente, apresentando
um resultado final com aparência natural e agradável.
Esta técnica encontra-se cada vez mais difundida, tornando-se importante para os
profissionais da área de odontologia estarem sempre atualizados, visando oferecer
um tratamento eficaz a seus pacientes.
Torna-se necessário que o odontólogo conheça as técnicas, avaliando o produto e
seu método de liberação e tempo de tratamento, sabendo analisar os riscos e
benefícios, para que possa escolher aquele que seja mais compatível com sua
situação clínica.
Finalmente, para a realização com total segurança do clareamento dental, o
primeiro passo é o profissional estar bem informado, baseando-se em literatura
científica e em constante atualização sobre as técnicas e produtos novos, para que
deste modo, possa ter uma visão crítica e consciente no momento de selecionar a
melhor opção para seu paciente.
50
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