carlos nobre - as mudanças climáticas e o brasil
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Foto: David McGrath
AS MUDANAS MUDANÇÇAS CLIMAS CLIMÁÁTICAS E O BRASILTICAS E O BRASIL
Carlos A Nobre, Centro de Ciência do Sistema Terrestre
INPE
Vitória, ES, 19 de Maio de 2008
Ciclo de Debates Estado e Sociedade: Mudanças Climáticas
Grandes Desafios do Século XXI para a Humanidade
MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
ÁGUA
FOME
ENERGIA
DOENÇAS
EXTINÇÃO DEESPÉCIES
INSEGURANÇA
GUERRAS
DEMOCRACIA
EDUCAÇÃO
POBREZA
ÉTICA E JUSTIÇA
Pontos Importantes
1. Mudanças Climática Globais são reais, inequívocas, estão se acelerando e há riscos sistêmicos graves
2. O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas, mas pouco conhecemos de seus impactos potenciais; desenvolvimento sustentável da Amazônia é saída para reduzir emissões
3. O desafio das Mudanças Climáticas Globais afeta a possibilidade de o Brasil atingir plenamente o desenvolvimento sustentável
1 Mudanças Ambientais Globais
são reais, inequívocas e estão se acelerando
O Planeta vivo se encontra em um estado sem análogos no passado e há
graves riscos sistêmicos
O Aquecimento é inequívoco!Aumento
das
temperaturas atmosféricas
Aumento
do nível
do mar
Reduções
da neve
no HN
e os
oceanos…
e a alta atmosfera…. 1896: Arrhenius liga causa a efeito!
Observações: Todas as concentrações atmosféricas dos GEE
vêm aumentando, tornando o aquecimento futuro inequívoco
CO2 aumentou de 280 ppm em 1750 para 379 ppm em 2005
CH4 aumentou de 715 ppb em 1750 para 1774 ppb em 2005
10 mil anos
10 mil anosN2 0 aumentou de 270 ppb em1750 para 319 ppb em 2005
IPCC 2007 WGI
35% desde 1750 148% desde 1750
18% desde 1750
Podemos provar que são mesmo as emissões antropogênicas dos gases
de efeito estufa que causam o aquecimento global?
Atribuição de Causa
A maior parte do aumento observado nas temperaturas médias globais desde meados do Século XX é
muito
provavelmente (>90%) devido aos aumentos observados nos GEE antropogênicos
TS-23
Anthro+ Nat forcing
Podemos interromper o aquecimento global?
Concentrações
de CO2 desde
o IGY (1957-58)
Kyoto
IPCC éformado
Convenção Clim
ática
Trajetória das Emissões Globais de Combustíveis Fósseis
Raupach et al. 2007, PNAS; Canadell et al. 2007, PNAS
1990 1995 2000 2005 2010
CO
2 Em
issi
ons
(GtC
y-1)
5
6
7
8
9
10Actual emissions: CDIACActual emissions: EIA450ppm stabilisation650ppm stabilisationA1FI A1B A1T A2 B1 B2
Taxa constantes de crescimento por 50 anos até 2050
B1 1,1%,A1B 1,7%,A2 1,8% A1FI 2,4%
2006
Observações2000-2006 3,3%
Emissões estão seguindo o cenário de mais altas emissões!
Atualmente, Forçamento Radiativo médio de GEE (aquecimento) e aerossois (resfriamento) é de 1,6 W/m2
100 a >1000 anos
11, 80, >1000 anos
2 semanas
2 semanas
Forçamento Radiativo (W/ m2)
IPCC 2007 WGI
O que nos aguarda no futuro?
O que nos aguarda no futuro e o que já
foi comprometidoO Aquecimento vai aumentar se of GEEs aumentarem. Se os GEEs fossem mantidos constantes nos níveis atuais, um comprometimento de 0,6°C de aquecimento adicional aconteria até 2100.
1.8oC = 3.2oF
2.8oC = 5.0oF
3.4oC = 6.1oF
CO2
Eq
850
600
4000.6oC = 1.0oF
IPCC 2007 WGI
AUMENTO DE TEMPERATURA NO TEMPO PRESENTE E CENÁRIOS FUTUROS
(IPCC 2007)
É possível escolher entre migitação e adaptação?
Aquecimento Global Futuro
IPCC 2007 WGI
Aumento das chuvas naBacia do Prata no verão
Diminuição das chuvas no Brasil no inverno
Fonte: IPCC 2007 WGI
Mudanças na Precipitação para 2090-2099 (% relativa a 1980-1999) para Cenário A1B
Há riscos sistêmicos importantes para o planeta?
Limites Climáticos “Perigosos”• 0,6 C Branqueamento de corais• 0,6 C Perda de gelo da Antártica Ocidental• 0,7 C Desaparecimento da geleira do
Kilimanjaro• 1,0 C Desaparecimento das geleiras dos
Andes tropicais• > 1,0 C Extinção de espécies da fauna e da flora• 1,6 C Início do derretimento da geleira da
Groelândia• 3-4 C Colapso da floresta Amazônica• 4 C Colapso da corrente termohalina
– Source: Exeter Conference, 2005
Extinção de espécies é inevitável
Slide
courtesy:
Martin
Parry
,
based
on
IPCC
WGII
2007
Blaustein, A. R. and
A. Dobson
–
Nature, vol.439, pp. 143-144, January, 2006
A extinção de sapos das montanhas da América Central!
Pounds, J. A. et al. Nature. Vol. 439, pp.161-167. 2006
Chytridthermal-
optimum
hypothesis
forBatrachochytrium
Declínio catastrófico de grandes primatas da África equatorial ocidental!
Walsh et al, 2003
Mudanças
Ambientais
Globais
são
desiguais
e injustasnão
somente
para
humanos
Um Um olharolhar nasnas ááreasreas geladas do geladas do PlanetaPlaneta ……
Devemos esperar mudanças graduais ou abruptas do clima?
Fonte: Roger Braithwaite, University of Manchester (UK)
DegeloDegelo superficial superficial nana GroelândiaGroelândia acontecendoacontecendo
muitomuito maismais rráápidopido do do queque o o esperadoesperado
Redução da espessura em 70 mem 5 anos
O recorde de degelo de verão da era de cobertura por satélites de
2002 foi excedido em 2005Fonte: Waleed
Abdalati, Goddard Space Flight Center
Poder de destruição dos furacões vem crescendo nos últimos 30 anos
(Emanuel, 2005)
Crescente poder dos furacões está correlacionado com o aquecimento dos oceanos !
Estamos assistindo a mais extremos hidrológicos?“A Seca da Amazônia em 2005 considerada uma das mais severas em
100 anos”
El Niños mais intensos?foto: Juca
Martins
fonte: NOAA
Fenômenos atípicos: Quando acontecerá um novo furacão no Brasil?
Furacão
Catarina
(março/2004) Imagem
NASA
2005:Temporada recorde
defuracões
Venezuela 1999-2005
Pampas Argentijnos2000-2002
Inundações
Seca naAmazoôia
em 2005
FuracãoCatarinaAtlântico
SulGranizoLa Paz
GranizoBuenos Aires
Alguns
eventos
extremos
inusuais
durante
2004-2006: Cortesia: G. Magrin, INTA, Argentina
2 O Brasil deve se preocupar com
o desafio das Mudanças Climáticas Globais
A Amazônia responde pela maior parte das emissões brasileiras: como
converter a ciência das Mudanças Climáticas Globais em políticas
públicas para adaptação e mitigação?
O que o pode o Brasil fazer no tocante O que o pode o Brasil fazer no tocante ààs s mudanmudançças climas climááticas globais?ticas globais?
Mitigação E adaptação?
• A busca de um balanço apropriado entre mitigação das emissões e aumento da capacidade de adaptação deve ser iniciado prontamente.
Emissões Brasileiras de CO2eq (1994)1%
55%25%
2%
17%
EnergiaProcessos IndustriaisUso de Solventes e Outros ProdutosAgropecuáriaMudança no Uso da Terra e FlorestasTratamento de Resíduos
20%
Considerando GWP do CH4
= 21
EMISSÕES BRASILEIRAS POR SETOR
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Emissão brasileira de CO2 em 1994 por setor
23%
3%
0%
74%
0%
Energia Processos IndustriaisAgropecuária Desmatamento e queimadasTratamento de resíduos
v
¾ das Emissões Brasileiras de CO2 advindas dos Desmatamentos!
Emissões brasileiras de CO2 (per capita):
• 0,5 ton C/ano de origem fóssil• 1,5 ton C/ano com desmatamentos médio• 1,0 ton C/ano com desmatamento de 2007
Mitigar emissões no Brasil é principalmente reduzir desmatamentos!
Mitigação
Primeiro passo: reduza o dano!•
2004: 27.361
km²
desmatado na Amazônia Brasileira•
2005 –
2007:
~60% de redução no desmatamento
≈17.000 km²
de desmatamento evitado em 3 anos (linha de base de 20.000 km2/ano)
~ 220 milhões de ton
C
~US$ 2,2 bilhões de valor de carbono
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
km2 /y
ear
INPE/Prodes
& Deter
Carbonona Biomassa
O que o pode o Brasil fazer no tocante O que o pode o Brasil fazer no tocante ààs s mudanmudançças climas climááticas globais?ticas globais?
• Como anda o conhecimento que temos sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil?
Mudanças nos sistemas físicos e biológicos e temperatura da superfície 1970-2004
Nenhum local do Brasil naavaliação de impactos do
IPCC 2007!
Nos faltam estudos sobre os impactos das mudanças climáticas e um mapa de vulnerabilidade em escala nacional.
Futuro dos Biomas Amazônicos: “Savanização”?
fontes: Oyama
and
Nobre, 2003 e Salazar, Oyama
and
Nobre, 2007
“Savanização”
da Amazônia: um estado de equilíbrio na relação bioma-clima?
floresta savana caatinga campos deserto
2000 2100
Redução da área potencial em função do aumento da temperatura entre 1 ºC e 5,8 ºC
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Atual T + 1ºC T + 3 ºC T + 5,8 ºCAumento na temperatura média
Áre
a Po
ntec
ial (
1000
km
2)
Milho
Feijão
Arroz
Soja
CaféArábica
Variação da área potencial de menor risco climático para cultivo de milho, arroz, feijão, arroz, soja e café
arábica
no Brasil. O maior impacto relativo ao aumento de temperatura poderá
ser para a soja, com redução de até
60% na área potencial de plantio. Fonte: Comunicação Pessoal de Eduardo Assad, Embrapa
Clima e Endemias
Esquistossomose
LeptospiroseDengueIsoterma de 22oC
Chuvas no verãoBaixas temperaturasArroz
Baixa amplitude de temperaturaChuvas constantes
Cortesia: Christovam Barcellos, FIOCRUZ, 2008
Sudeste da América do Sul: Aumento na intensidade e freqüência de dias com chuva intensa (1951-2000)
Índice R10 -
Número de dias com chuva acima de 10 mm/dia
Vazio de dados na Amazônia, Nordeste e partes do Centro-
Oeste.
?
Perigo/Risco ExposiçãoCapacidadeAdaptativa
Impacto
Vulnerabilidade
Adaptação em Sistemas Humanos é algo muito complexo!
3 O desafio das Mudanças Climática
Globais e o desenvolvimento sustentável do Brasil
Como conciliar nossas necessidades de desenvolvimento com a
sustentabilidade da vida no planeta Terra?
Poderá o Brasil tornar-se uma “potência ambiental” ou o
primeiro país tropical desenvolvido?
1,8 hectares globais
per capita
“Footprint” Global e Desenvolvimento Sustentável
Salto para o Desenvolvimento
Desenvolvendo Resiliência
Cortesia: Mathis Wackernagel, Global Footprint Network
OBRIGADO!
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