caso concreto - pratica trabalhista

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caso concreto

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DE UMA DAS

VARAS DA CIDADE DE ___/UF, A QUEM COUBER POR DISTRIBUIÇÃO

LEGAL

JOÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº xxx, CPF: xxx,

CPTS nº xxx e série: xxx, residente e domiciliado na Rua xx, bairro: xxx, nº xx,

Cidade/UF, CEP: xxxx, vem por meio de seu advogado, infra-assinado, com

endereço profissinal na Rua xxx, nº xx, bairro: xxx, Cidade/UF, CEP: xxx, vem

muito respeitosamente perante Vossa Excelência propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C TUTELA ANTECIPADA

pelo rito sumaríssimo em face de SUPERMERCADO TUDO

CERTO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº xxx, com sede

na Rua xxx, nº xx, bairro: xx, Cidade/UF, CEP: xxx, conforme fatos e

fundamentos a seguir expostos:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

O Reclamante pleiteia justiça gratuita nos termos da Lei nº 1.060

de 05 de nº 7.115 de 29 de agosto de 1983, assim como determina a

Constituição Federal, fazendo jus a tal beneficio, uma vez, que não pode arcar

com os custos da presente demanda judicial sem o prejuízo do seu sustento.

II – DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

A Reclamante não utilizou da comissão de conciliação prévia, pois o

Supremo Tribunal Federal tem entendimento pacificado, que tal condição, se

imposta, fere o princípio constitucional do acesso à justiça.

III – DOS FATOS

O Reclamante ingressou no quadro de funcionários do Reclamado em

04/03/2012, recebendo salário mensal no valor de R$ 900,00 (novecentos

reais).

Sua CTPS jamais foi assinada, mesmo estando presentes todos os

elementos que constituem a relação de emprego, além disso, o FGTS nunca foi

recolhido.

Em 12/02/2015 o Reclamante cumpriu o último dia de aviso prévio

trabalhado, mas mesmo assim foi dispensado sem justa causa e sem receber

suas verbas rescisórias.

Diante de toda omissão do Reclamado em assinar a CTPS do

Reclamante, bem como recolher os encargos e pagar as verbas trabalhistas,

nada mais resta ao Reclamante do que buscar seus direitos perante a justiça.

IV – DO DIREITO

1.) DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO

O Reclamante trabalhou por quase dois anos, sem ter seu vínculo

reconhecido, mesmo preenchendo todos os requisitos, além disso, o art 3º da

CLT define claramente o conceito de empregado:

“Art. 3º - Considera-se empregado toda

pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a

empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

Importante destacar que o Reclamante prestou serviço para o

Reclamado durante todo este período, contemplando desta forma o requisito

da pessoalidade. Por ter salário mensal cumpria também o requisito da

onerosidade.

Ressalta-se que tinha exclusividade, pois jamais foi substituído, bem

como havia relação direta de subordinação, desta forma por apresentar todos

os requisitos necessários faz jus ao reconhecimento do vinculo trabalhista e

sua respectiva anotação na CTPS.

2.) DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3

O reclamante tem direito a receber o período proporcional de férias,

conforme destaca o art. 146, parágrafo único da CLT:

Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a

sua causa, será devida ao empregado a remuneração simples ou em

dobro, conforme o caso, correspondente a período de férias cujo

direito tenha adquirido.

§ único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 meses de

serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa

causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de

férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 avos por mês

de serviço ou fração superior a 14 dias.

Além do proporcional de férias, também é devido ao Reclamante o valor

correspondente a 1/3 a mais do que o salário normal, previsto no art. 7º, XVII

da CF/88:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de

outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço

a mais do que o salário normal;

3.) DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

O reclamante também tem direito a receber o 13º salário proporcional,

conforme previsto na lei 4.090/62 em seu parágrafo único:

Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado

será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independente

da remuneração a que fizer jus.

(...)

Parágrafo único - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da

remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano

correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 dias de

trabalho será havida como mês integral. "

4.) DO FGTS + MULTA DE 40%

Durante todo o período trabalhado, nunca houve deposito do FGTS do

Reclamante, sendo que tal conduta fere o art. 15 da lei 8036/90:

Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam

obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta

bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento

da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador,

incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e

458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090,

de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12

de agosto de 1965.

Portanto Excelência deve ser condenado o Reclamado para depositar o

FGTS correspondente a todo o período de 04/03/2012 a 12/02/2014.

Inclusive, por tratar-se de rescisão indireta, deverá ser paga uma multa

de 40% sobre o valor total depositado do FGTS, conforme descreve o

parágrafo primeiro do art.18 da lei 8036/90:

Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte

do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada

do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes

ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não

houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Redação

dada pela Lei nº 9.491, de 1997)

5.) DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

Por nada ter sido pago ao Reclamante no prazo estabelecido pelo art.

477, § 6º, da CLT, impõe-se ao Reclamado o pagamento de uma multa

equivalente a um mês de salário R$ 900,00 (novecentos reais) que deve ser

revertida ao Reclamante, conforme o artigo a seguir:

Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo

estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não

haja êle dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto

de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior

remuneração que tenha percebido na mesma emprêsa. (Redação

dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)

(...)

§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o

infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao

pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao

seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,

salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.

(Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

6.) DA MULTA DO ART. 467 DA CLT

O Reclamado também deverá pagar ao Reclamante no ato da audiência,

todas as verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme art.

467 da CLT, transcrito a seguir:

“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo

controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador

é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento a

Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena

de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento. ”

7.) DA TUTELA ANTECIPADA

O Reclamante por jamais ter tido seu vínculo reconhecido, não pode dá

entrada no seguro desemprego, muito menos sacar o FGTS e a respectiva

multa dos 40%, desta forma deve este juízo conceder a tutela antecipada,

conforme o art. 273 do CPC, transcrito abaixo:

“Art. 273 – O Juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde

que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da

alegação e:

 I – Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

ou

II – Fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório do Réu...”

A verossimilhança das alegações está presente nos autos e suas

respectivas provas em anexo, além disso, o fundado receio de dano

irreparável é facilmente identificado, pois sem suas verbas rescisórias o

Reclamante não só passará necessidade, bem como será incapaz de

prover o básico a sua família.

Diante dos requesitos necessários a concessão da medida de urgência,

deve este juízo deferir o pedido de liberação das guias para saque do FGTS

e Seguro-Desemprego, bem como determinar o deposito da multa de 40%

do fundo de garantia.

8.) DO PEDIDO

Diante dos fatos e fundamentos acima, requer:

A) Que seja deferido o pedido de justiça gratuita;

B) A notificação do Reclamado para comparecer a audiência a ser

designada e querendo apresentar defesa a presente reclamação e

acompanha-la em todos os seus termos, sob pena de sofrer os

efeitos da revelia.

C) Deferir a tutela antecipada no sentido de:

c.1) Liberar as guias do Seguro-desemprego ou indenização

correspondente;

c.2) Depositar e liberar o extrato e autorização para saque do

FGTS + multa de 40%

O consignatário foi admitido no quadro de funcionários da consignante em

11/05/2008, no cargo de recepcionista, com salário de R$ 465,00 (quatrocentos

e sessenta e cinco reais). Porém em 19/06/2009 teve seu contrato de trabalho

suspenso, em virtude do recebimento de auxilio doença, não acidentário, sendo

que tal benefício foi cessado em 20/07/2009.

O consignatário, após ter a cessação do seu benefício não compareceu

ao trabalho por 10 dias, sendo assim em seu exercício regular de direito a

consignante promoveu convocação por meio de AR (Aviso de recebimento) e

edital publicado em jornal de grande circulação, contudo diante de todas as

tentativas por parte da consignante, veio o consignatário a ficar inerte por mais

de 30 dias.

Sabe-se que o afastamento por mais de 30 dias implica em abandono de

trabalho, sendo desta forma rompido o contrato de trabalho por iniciativa única

e exclusiva do consignatário, conforme previsão legal contida no artigo 402, i,

da CLT que segue:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de

trabalho pelo empregador: (...)

i) abandono de emprego; (grifo próprio)

Destaca-se que não enquadra-se o consignatário de nenhuma das

estabilidades previstas em lei, pois inclusive não gozou de auxílio-doença de

natureza acidentária. Desta forma, somente resta ao consignatário as férias

correspondentes ao período aquisitivo completo, acrescidas de 1/3, e 18 dias

do saldo salarial de junho de 2009.

De acordo com o disposto no art. 890 do CPC, diante da recusa do

credor em receber seu crédito, é cabível a presente ação de consignação em

pagamento.

II – DOS PEDIDOS:

Ante o exposto requer:

a) O reconhecimento do abandono de emprego, bem como motivo de justa

causa por iniciativa do consignante;

b) O reconhecimento da ausência de mora;

c) O reconhecimento da mora do credor, com a expedição de guia para

depósito de R$ 620,00 (seiscentos e vinte reais) a título de férias

integrais + 1/3 e R$279,00 (duzentos e setenta e nove reais) a título de

saldo de 18 dias trabalhados;

d) A citação do consignatário para receber o valor consignado, conforme

TRCT, bem como para exibição, em juízo, de sua CTPS, para que o

consignante possa proceder a devida baixa no contrato de trabalho; ou,

querendo, possa o consignatário apresentar sua contestação na

audiência que será designada.

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito

admitidos, requerendo, ao fim, seja julgado procedente o pleito

consignatório, sendo desonerado o consignante de todas as obrigações

decorrentes da extinção do contrato de trabalho.

Dá-se a causa o valor de R$ 899,00 (oitocentos e noventa e nove reais)

Nestes termos pede deferimento.

Data

Advogado:

OAB/UF

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