categorias e modos de expressão da narrativa

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TEXTO NARRATIVO

O texto Narrativo

O texto narrativo conta acontecimentos ou experiências

conhecidas ou imaginadas. Contar uma história, ou seja, construir uma

narrativa, implica uma ação, desenvolvida num determinado espaço e

num determinado tempo, praticada por personagens, que nos é

transmitida por um narrador.

Normalmente, o texto narrativo é constituído por narração (a ação

evolui), descrição (das personagens e do espaço), diálogo (as

personagens falam entre si) e monólogo (uma personagem fala consigo

mesma).

Etimologicamente, o vocábulo narrar tem origem latina:

“narrāre significa contar, dizer, (...) falar de,...”. Este tipo de texto surge em verso ou em prosa.

Categorias da Narrativa1. Ação

2. Tempo

3. Espaço

4. Personagens

5. Narrador

AÇÃO

AçãoA ação é o desenrolar de acontecimentos que se

relacionam entre si e se encaminham ou não para um desenlace.

→ Relevo

→ Estrutura

→ Organização

→ Delimitação

Relevo (importância)

1. Ação Principal - resulta de todos os

acontecimentos/episódios principais que vão dando

a conhecer a vida da personagem principal.

2. Ação Secundária - Os acontecimentos/factos que

não contribuem decisivamente para o desenlace.

Estrutura/divisão

Momentos determinantes no desenrolar da ação:

1- situação inicial (introdução);

2- acontecimentos (desenvolvimento);

3- desenlace (desfecho ou conclusão).

Organização das sequências narrativas

1. Encadeamento: um acontecimento é contado a

seguir ao outro sucessivamente. As sequências

narrativas sucedem-se numa relação de causa e

efeito, isto é, o final de uma dá origem à seguinte.

S1 S2 S3 S4

2. Alternância: conta-se mais do que uma história,

alternando-as. Várias sequências correspondentes a

diferentes histórias vão sendo narradas

alternadamente.

S1 S2 S3 S1 S2

3. Encaixe: dentro de uma história conta-se outra

que enriquece a primeira; uma nova sequência é

introduzida numa outra que estava a ser narrada.

S1S1 S2

Delimitação 1.1 Ação Fechada - Quando existe desenlace, isto

é, a resolução de todas as dúvidas, expectativas, conflitos ou anseios acumulados, diz-se que se trata de uma ação fechada. (solucionada até ao pormenor)

1.2 Ação Aberta- Quando não existe desenlace, ou

seja, se a narrativa deixar ao leitor a possibilidade de imaginar a continuação da história, diz-se que se trata de uma ação aberta. (não solucionada)

TEMPO

TempoO tempo é o momento em que se desenrola a ação

→ Cronológico/da história

→ Do Discurso

→ Histórico

→ Psicológico

Cronológico (da história)

Traduz-se nas marcas da passagem do tempo (dia,

mês, ano, etc). É o tempo em que decorre a ação.

Ex: “Nos primeiros 40 dias um rapaz foi com ele”

Do Discurso

Trata-se da forma como o narrador relata os

acontecimentos — pode voltar atrás no tempo (analepses),

adiantar determinado episódio (prolepse), omitir o que se

passou em determinado período temporal (elipse), contar

sumariamente o que aconteceu num certo período de

tempo (resumo). O narrador pode respeitar a ordem

cronológica ou alterá-la.

Momento atual

Momento anterior

Momento posterior

Analepse ProlepseAno seguinteMeses

Elipse

ResumidosSumário

Isocronia≠

Anacronia

técnica narrativa que consiste em apresentar o discurso narrativo com uma duração idêntica à do tempo real da história narrada

Histórico

Refere-se à época em que os acontecimentos têm lugar;

enquadramento histórico das ações.

Ex: “Eram então, em todo o reino das Astúrias, os

fidalgos mais famintos.”

Psicológico

É o tempo vivido pelas personagens de forma subjetiva,

ou seja, relaciona-se com o modo como as personagens

sentem a passagem do tempo.

Ex: “Como o tempo corria devagar.”

ESPAÇO

EspaçoO espaço é o local onde decorre a ação; onde se

movimentam as personagens.

→ Físico

→ Social

→Psicológico

Físico

Trata-se do espaço onde as personagens se movimentam e onde ocorrem os acontecimentos:

Ex: “Era um velho que pescava sozinho num esquife na corrente do Golfo.”

Pode ser:-geográfico-interior-exterior

Social

É um espaço construído através de ambientes

vividos pelas personagens; liga-se às características

da sociedade em que as personagens se inserem.

Ex: “Era uma vila psicologicamente degradada.”

Psicológico

Este espaço é construído pelo conjunto de

elementos que traduzem a interioridade das

personagens (como, por exemplo, o sonho, a

memória, as emoções, as reflexões...).

Ex: “Ela recordou com amargura a sua casa de infância.”

PERSONAGENS

PersonagensAs personagens são elementos indispensáveis da ação;

conduzem a intriga e levam-na ao clímax.

→ Relevo

→ Conceção

→Caracterização

→Processos de caracterização

→Funções actanciais

Relevo (importância)

1. Principal/Protagonista/Central – é aquela que

desempenha o papel central, sendo fundamental

para o desenvolvimento da história. É em torno dela

que se desenrola toda a narrativa.

Ex: O gato Zorbas de “A História da Gaivota…”

2. Secundária – é aquela que assume um papel de

menor importância, mas não deixa de ser

importante para o desenrolar da trama, já que dá

suporte à história tecendo pequenas ações em

torno da(s) personagem(ns) principal(is).

Ex: O poeta de “A História da Gaivota…”

3. Figurante – é aquela que ajuda a construir um

ambiente, não tendo nenhuma intervenção na ação.

tem como único objetivo ilustrar um ambiente ou o

espaço social do qual é representante.

Ex: As outras gaivotas de “A História da Gaivota…”

Conceção (construção)

1. Personagem Modelada (ou redonda) – possui

interioridade psicológica; modifica o seu

comportamento ao longo da história e mostra-se

cada vez mais complexa.

2. Personagem Plana – sem interioridade

psicológica; nunca evolui nem altera o seu

comportamento.

3. Personagem Tipo – representativa de um

determinado grupo.

4. Personagem Individual – age em nome próprio.

5. Personagem Coletiva – age em nome de um

grupo.

Caracterização

1. Física – características físicas atribuídas a uma determinada personagem.

Ex: “O velho era magro e seco, com profundas rugas na parte de trás do pescoço.”

2. Psicológica – traços de caráter, qualidades de uma personagem.

Ex: “As maneira frias davam-lhe uma graça um tanto hostil.”

3. Social – características do grupo social a que pertence

Ex: “Trazia os sapatos rotos e a camisa remendada.” = pobre

Processos de caracterização

1. Direta – As características são diretamente

apontadas pela própria personagem

(autocaracterização), por outra personagem ou pelo

narrador (heterocaracterização)

Ex: “De cara balofa e gordalhufa, luneta preta com

grossa fita passada atrás da orelha”

2. Indireta – As características são deduzidas através de comportamentos, atitudes ou ações da personagem.

Ex: “Não dava nada a ninguém.”

3. Direta e Indireta – O texto apresenta as duas

formas de caracterização das personagens (é o

processo mais comum).

Subentende-se que é egoísta

Funções actanciais

As personagens desempenham, muitas vezes

(mas nem sempre), certas funções narrativas ou

actantes da narração:

Sujeito – Personagem empenhada na procura ou

consecução de um objetivo. Aquele que quer obter

alguma coisa (um objeto).

Objeto – Personagem, entidade, ou aquilo que o

sujeito procura obter ou atingir. Aquele ou aquilo que

é desejado e procurado.

Adjuvante – Personagem, entidade, ou o que quer

que facilite a obtenção do objeto por parte do sujeito.

Aquele (ou aquilo) que favorece a busca do sujeito.

Oponente – Personagem, entidade, ou o que quer que

dificulte a obtenção do objeto por parte do sujeito.

Aquele (ou aquilo) que dificulta a busca do sujeito.

Destinador – Personagem, entidade, ou força superior

que decide a favor ou contra a obtenção do objeto pelo

sujeito. Aquele que permite ao sujeito obter o objeto.

Destinatário – Personagem ou entidade sobre quem

recai a decisão (favorável ou desfavorável) do

destinador.

NARRADOR

NarradorO narrador é um ser ficcional, não devendo ser

confundido com o autor real que o cria.

O narrador tem a função de enunciar e organizar o

discurso; é ele que nos transmite o mundo inventado ou

recriado numa narrativa.

Distinguem-se diferentes tipos de narrador, tendo em conta

a sua presença ou ausência no universo da narrativa, a adoção

de determinado ponto de vista e o grau de conhecimento que

demonstra ter da história que conta.

→ Presença

→ Ponto de Vista/Focalização/

Ciência

→Posição

Pode caracterizar-se quanto:

Presença1. Narrador Autodiegético – narrador participante

de 1ª pessoa que narra uma ação que gira à roda de

si próprio. Neste caso, o narrador acumula a

categoria de personagem principal (ou

protagonista), pois é «aquele que narra as suas

próprias experiências como personagem central

dessa história»

2. Narrador Homodiegético – narrador

participante de 1ª ou de 3.ª pessoa «que, não

sendo personagem principal da história, é ele que

narra os acontecimentos a ela inerentes» (idem).

Estando presente na ação, pode ser uma

personagem secundária ou até um figurante.

3. Narrador Heterodiegético – narrador não

participante: é uma entidade exterior à história;

tem uma função meramente narrativa; relata os

acontecimentos (observador).

Nota:

O vocábulo diegese que se encontra presente nas palavras:

homodiegético(a), heterodiegético(a) e autodiegético(a)

tem origem grega e significa

HISTÓRIA.

Focalização/Ponto de Vista

1. Ominisciente – aquele que conhece tudo sobre

as personagens e sobre o desenrolar da ação,

evidenciando o domínio total do que se passou, do

que se passa e do que se vai passar.

2. Focalização Interna –surge quando é instaurado

o ponto de vista de uma das personagens que vive

a história. É o narrador que conhece o íntimo dessa

personagem. O exemplo mais típico da “focalização

interna” é o do monólogo interior, pelo qual

acompanhamos a vida íntima da personagem em

causa. Claro que a focalização interna de uma

personagem poderá implicar, nessa mesma altura, a

externa relativamente às outras.

2. Focalização Externa (observador) – aquele que

narra simplesmente aquilo que é observável, o que

é visível, o exterior. Acontece quando o narrador

revela as características exteriores das personagens

ou apresenta um espaço físico onde decorre a ação.

Posição

1. Objetivo – Se o narrador revela imparcialidade, ou

seja, se não assume posição face aos

acontecimentos, se não dá e não sabemos a sua

opinião sobre alguma coisa, é objetivo.

2. Subjetivo– Se o narrador é parcial, ou seja, se

afirma ou sugere o seu ponto de vista, se dá e

sabemos a sua opinião, então é subjetivo.

O texto narrativo pode apresentar várias modalidades de discurso.

Modos de Representação/Expressão/Reflexão

da Narrativa

1. Narração

2. Descrição

3. Diálogo

4. Monólogo

5. Digressão

Modos de RepresentaçãoO discurso do narrador, mais próximo da ficção narrada,

apresenta-se sob as formas de:

Narração - relato de acontecimentos e de conflitos, situados no

tempo e encadeados de forma dinâmica, originando a ação

(verbos de movimento e formas verbais do pretérito perfeito,

imperfeito e mais-que-perfeito); MOMENTO DE AVANÇO

Descrição - informações sobre as personagens, os objetos, o

tempo e os lugares, que interrompem a dinâmica da ação e vão

desenhando os cenários (verbos copulativos ou de ligação e

formas verbais do pretérito imperfeito). MOMENTO DE PAUSA

Modos de ExpressãoO discurso das personagens, mais distante do narrador,

apresenta-se sob as formas de:

Diálogo - interação verbal ou conversa entre duas ou mais

personagens (discurso direto com registos de língua variados).

Dentro do diálogo devemos considerar 3 formas diferentes:

- discurso direto: a fala das personagens é representada

diretamente, reproduzindo-se as suas conversas;

- discurso indireto: a fala das personagens não é repetida, mas

narrada de forma abreviada ou interpretada;

- discurso indireto livre: é uma mistura entre a 1ª e a 3ª pessoas

narrativas; as palavras da personagem são inseridas no d. indireto.

Monólogo - conversa da personagem consigo mesma;

discurso mental não pronunciado ou pronunciado, mas sem

ouvinte (discurso direto com frases simples e reduzidas,

muitas vezes com suspensões). O monólogo é apenas uma

variante do diálogo: é um diálogo interior onde o “eu” se

desdobra em dois (o que fala e o que escuta).

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