centro de ensino superior do cearÁ cesce faculdade
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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ – CESCE
FACULDADE CEARENSE – FAC
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
FDI – FUNDO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
(INCENTIVO FISCAL DO GOVERNO DO CEARÁ)
LOURISMAR ALVES DOS SANTOS
FORTALEZA – CE
DEZEMBRO/2013
LOURISMAR ALVES DOS SANTOS
FDI – FUNDO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
(INCENTIVO FISCAL DO GOVERNO DO CEARÁ)
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis da FAC – Faculdade Cearense, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Professor Orientador Esp. Mercídio Gonçalves Filho.
FORTALEZA – CE
DEZEMBRO/2013
LOURISMAR ALVES DOS SANTOS
FDI – FUNDO DEDESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
(INCENTIVO FISCAL DO GOVERNO DO CEARÁ)
Esta monografia foi submetida à coordenação do curso de
Ciências Contábeis, como parte dos requisitos necessários à obtenção do
titulo de Bacharel em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade
Cearense - FAC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da
referida instituição.
A citação de quaisquer trechos desta monografia é permitida, desde
que feita de acordo com as normas de ética científica.
Data da Aprovação:
_______________________________________
Profº. Esp. Mercídio Gonçalves Filho
Profº. Orientador
__________________________________________________ Profº. Esp. José Leopoldino Gomes de Matos Aguiar
Membro 1
__________________________________________________ Profº Esp. Humberto Correia Lima Filho
Membro 2
AGRADECIMENTOS
Tudo começa com um sonho Agradeço a Deus por não ter deixado
eu desistir nas maiores dificuldades que eu tive que enfrentar durante o curso
sempre pedia força e coragem ao grande criador
Dedico esta conquista especialmente a meus pais, ao meu marido
Kleber, meu filho Vinicius e as minhas irmãs, a minha grande amiga
Elizabeth, minha diretora Mariana a todos a quem sempre confiei e recorri e
pude contar em quaisquer circunstâncias.
Aos meus colegas de classe que nesse período tornaram-se
verdadeiros irmãos e que em momentos tão difíceis de verdadeiras
provações as quais tive que enfrentar, sempre estiveram junto e colaborando
nas atividades, me acolhendo, incentivando-me e não me deixando desistir
nunca, mostrando-me que o amor e a amizade nos ajudam a vencer
quaisquer obstáculos e nos fortalecem para alcançar nossos objetivos.
Finalmente aos meus queridos professores, ao meu mestre e
orientador Mercídio pela paciência e dedicação, estando sempre disposto a
ajudar, por sempre estar presente na busca de solução dos problemas de
seus alunos.
A todos que participaram direta ou indiretamente nesta longa
caminhada, muito obrigada.
A minha querida família.
Meus amigos...
“O valor das coisas não está no
tempo que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis
e pessoas incomparáveis. ”
(Fernando Pessoa)
RESUMO
A discussão considerada como ponto elevado deste estudo foi à constitucionalidade dos incentivos fiscais que o estado do Ceará oferece para que novos investimentos sejam realizados com a finalidade de fomentar a economia. Dentre as políticas utilizadas pelo Governo do Ceará nos últimos anos para promover o desenvolvimento econômico do Estado, destacam-se as de incentivo a industrialização, via Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (FDI). Dentro das pesquisas no inicio, os estudos mostravam a opinião favorável aos incentivos que pareciam ser uma abordagem parcial. O governo federal, na tentativa de corrigir essas desigualdades e promover um desenvolvimento econômico equilibrado entre as regiões, utiliza-se de algumas políticas, entre elas conceder incentivos fiscais. No caso do Ceará, a política de incentivos consolidou-se com a criação do Fundo de Desenvolvimento Industrial – FDI. Esse trabalho tem como objetivo analisar o efeito dos incentivos fiscais no patrimônio das entidades beneficiárias, com foco nos programas subsidiados pelo FDI. No entanto, com o passar dos levantamentos e análises, observou-se que existem fatores que podem prejudicar a sociedade, quando o Poder Público intervém nos aspectos que determinam o fomento da economia. Vimos também, que o principal retorno dos referidos incentivos para o Estado é a geração de empregos diretos e indiretos, consequentemente a melhoria da qualidade de vida dos empregados e familiares, considerando o aumento de oportunidades de trabalho. Também foi observado que aqui no Ceará ganham em benefícios sociais e econômicos quando utilizam o incentivo fiscal para fomentar o crescimento da industrialização. Percebe-se, no entanto que o Poder Público, quando concede incentivos fiscais, substitui a arrecadação por empregos, sem contrariar os preceitos constitucionais.
Palavras-Chave: Incentivo Fiscal - Governo do Ceará.
ABSTRACT
The discussion considered the high point of this study was the constitutionality of tax incentives that the state of Ceará offers for new investments are made in order to promote the economy . Among the policies used by the Government of Ceará in recent years to promote economic development of the state , there are the incentive industrialization, through the Industrial Development Fund of Ceará ( FDI ) . Study In principle the favorable incentives seemed to be a unilateral approach . The federal government , in an attempt to correct these inequalities and promote balanced economic development between regions , we use a number of policies , including granting tax incentives . In the case of Ceará , the incentive policy was consolidated with the creation of the Industrial Development Fund - IDF. This paper aims to analyze the effect of tax incentives in equity of the beneficiaries , focusing on programs subsidized by the IDF. However , over the surveys and analyzes , it was observed that there are factors that can harm society , when the Government intervenes in the aspects that determine the development of the economy . We have also seen that the main return of these incentives for the state is to generate direct and indirect jobs , thus improving the quality of life of employees and their families , considering the increase of job opportunities . It was also observed that here in Ceará gain in social and economic benefits when using the tax incentive to encourage the growth of industrialization . It is clear, however, that the Government , when it grants tax incentives for jobs replaces the collection , without infringing the constitutional precepts . Keywords : Tax Incentives - Government of Ceará.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADECE AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO CEARÁ
BANDECE BANCO DO DESENVOLVIMENTO DO CEARÁ
BEC BANCO DO ESTADO DO CEARÁ
CAEN/UFC PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ
CONDEC CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL DO ESTADO
DO CEARÁ
CONFAZ CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA
CONFAZ CONSELHO DE POLÍTICA FISCAL
FDI FUNDO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
FINOR FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE
ICM IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA
ICMS IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS
IVC IMPOSTO DE VENDAS E CONSIGNAÇÕES
PCDM PROGRAMA DE INCÊNTIVOS À CENTRAIS DE DISTRIBUIÇÃO DE
MERCADORIAS DO CEARÁ
PIB PRODUTO INTERNO BRUTO
PLAGEC PLANO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ
PLAIG PLANO DE AÇÃO INTEGRADA DO GOVERNO
PLAMEG PLANO DE METAS GOVERNAMENTAIS
PLANDECE PLANO QUINQUENAL DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO CEARÁ
PROADE PROGRAMA DE ATRAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS
ESTRATÉGICOS
PROAPI PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS ATIVIDADES PORTUÁRIAS E INDUSTRIAIS
PROEÓLICA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA GERADORA
DE ENERGIA EÓLICAENERGIA EÓLICA
PROVIN PROGRAMA DE INCÊNTIVO AO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
SUDENE SUPERINTÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE
TJLT TAXA DE JUROS DE LONGO PRAZO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................13
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................... .14
1.2 PROBLEMA ..........................................................................................15
1.3 OBJETIVOS ...........................................................................................15
1.3.1 OBJETIVOS GERAIS ..........................................................................15
1.4 METODOLOGIA ....................................................................................16
1.5 DIVISÃO ................................................................................................16
2. REFERENCIAL HISTÓRICO .................................................................. 17
2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ...............................................................19
2.2 FORMAÇÃO GEREAL (ORIGEM) .........................................................22
2.3 APLICAÇÃO NAS EMPRESAS .............................................................28
2.4 INCENTIVOS –
FUNDO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL(FDI) ........................... ...30
3 INCENTIVOS FISCAIS..............................................................................32
3.1 FORMAS DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS.......................34
3.2 JUSTIFICATIVA PARA A CONCESSÃO DE INCENTIVOS
FISCAIS.........................................................................................................35
3.3 A INTERVENÇÃO DO ESTADO E O INSTRUMENTO
TRIBUTÁRIO NA BUSCA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO..........39
4 INCENTIVOS FISCAIS DO ICMS ............................................................ 42
4.1 INCENTIVO FISCAL NO ICMS – IMPOSTO DE CARÁTER
NACIONAL...................................................................................................44
4.2 INCENTIVOS FISCAIS CONCEDIDOS COMO FOMENTO A
ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ........................................................48
4.3 CONTROVÉRSIAS EMRELAÇÕA AO GANHOOU PERDA
DO ESTADO OU MUNÍCIPIO.......................................................................49
4.4 INCENTIVOS FISCAIS VERSUS GUERRA FISCAL..............................51
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................53
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................55
ANEXO........................................................................................................ .57
13
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo trata da abordagem que envolve as ações de
concessão de incentivos tributários por Estados para entidades
privadas, com o intuito de atrair investimentos, fomentar a economia e
melhorar a qualidade de vida das pessoas de um determinado
município ou regiões específicas, dando um enfoque para a
constitucionalidade desta ação.
Devido à globalização que vem provocando mudanças no ambiente
empresarial, algumas vezes influenciando, o aumento do consumo de bens e a
diminuição do emprego. No cenário atual, Muitas empresas migraram para
países e regiões onde o custo da mão-de obra era mais baixo, pois o preço
versus a qualidade ditam, também, as regras do jogo comercial.
Como se observa há um deslocamento do capital em direção a novos
ambientes isso ocorre quando existe regiões carentes de investimentos e com
mão-de-obra de baixo nível de escolaridade.
Há, empresas de tecnologia de ponta que são atraídas para estes
locais, como, por exemplo, a Vulcabrás e a Grendene, do setor calçadista.
Surgida no Rio Grande do Sul, esta concentra sua maior produção nos 166.128
m2 de área construída no município de Sobral e Horizonte.
Com a perda da capacidade de financiamento das demandas públicas
pelo poder Estatal, os Governos estaduais tentaram desenvolver estratégias
para poder atrair novos investimentos para dentro dos seus territórios.
Essa prática ficou muito conhecida como guerra fiscal e, por meio
desta prática os estados ofereceram renúncias de tributos, doaram terrenos,
tiveram muitos empréstimos a juros mínimos e vários outros benefícios com
vistas e atraíram muitos investimentos para dentro dos seus territórios.
14
No Brasil, o maior marco da política de incentivos fiscais aconteceu
por meio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE),
que era voltada à promoção do desenvolvimento do Nordeste. Carvalho,
Barreto e Oliveira (2007) descreveram a importância dessa política para o
estado e a criação do Fundo de Desenvolvimento da Indústria (FDI), no ano de
1979, no governo Virgílio Távora, como marco primeiro da trajetória dos
incentivos fiscais no Ceará. Assim, iniciou-se uma nova fase de crescimento
econômico do estado.
O fato é que as empresas necessitam de recursos de alto custo
para se instalarem, e levanta uma questão econômica, visto que o
investimento do Estado para a implantação da organização concedido
como incentivo fiscal poderá ter um retorno social a longo prazo,
todavia há que se analisar se ações inconstitucionais podem ser
legitimadas por benefícios econômicos ou sociais.
Por outro lado, esse retorno é refletido diretamente na qualidade
de vida dos trabalhadores diretos e indiretos, bem como da sociedade
inserida no contexto, no entanto, é preciso que esta ação seja
legitimada pela Constituição,
1.1 JUSTIFICATIVA
Este trabalho investiga alguns dos efeitos da política de atração de
empreendimentos privados via FDI sobre as finanças públicas do município de
Fortaleza, acrescentando subsídios aos gestores públicos para uma análise
econômica da política de desenvolvimento industrial do Ceará.
Este estudo também se justifica pela necessidade de se fazer
uma avaliação e considerar os reais benefícios advindos com os
incentivos de redução fiscal concedidos para as empresas privadas do
segmento industrial, no Estado do Ceará, com especial atenção para
fortaleza, considerando que este Município apresenta crescimento em
15
seu pólo industrial devido a tais incentivos, sem, contudo, se esquecer
das questões constitucionais que envolvem o tema.
1.2 PROBLEMA
Por que as Indústrias buscam os incentivos junto ao Governo do Estado para a
sua instalação no Ceará?
A atração de indústrias no Ceará consolidou-se a partir do final da década de
70, após a criação do Fundo de Desenvolvimento Industrial - FDI, programa
que desde sua implantação possibilitou a ampliação dos investimentos,
provocando a instalação de diversas indústrias em território cearense, e
também tem a redução de cargas tributárias juntamente com a politica que
gera o interesse de criar mais emprego e renda e no caso de empresas
socialmente responsáveis, o melhoramento dos indicadores qualitativos do
estado do Ceará.
1.3 - OBJETIVOS
Considera-se positivo para a economia de um Município a
implantação de novas empresas, especialmente, no segmento industrial
devido ao número de empregos diretos e indiretos oportunizados. No
entanto, a questão que envolve este estudo se relaciona ao fato de
que, para a instalação destas indústrias no Município de Fortaleza fez-
se necessário que o Governo Estadual oferecesse incentivos
relacionados à isenção de impostos, sendo que é preciso avaliar a
constitucionalidade dos incentivos fiscais.
1.3.1 – OBJETIVOS GERAIS
O objetivo deste estudo é identificar a constitucionalidade dos
incentivos fiscais para a instalação de novas empresas em Fortaleza, a
16
partir das informações dos gestores pesquisados, teóricos e
doutrinadores da matéria.
1.3.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conhecer quais incentivos fiscais são oferecidos pelo Estado
para as empresas se instalarem em Fortaleza; avaliar se o incentivo
fiscal aumenta a quantidade de empresas instaladas neste Município;
identificar se o incentivo fiscal oportunizou o aumento de vagas de
empregos e verificar se a economia do Município é influenciada direta e
indiretamente pela concessão de incentivos fiscais.
1.4 2 – METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos que serão utilizados neste trabalho
são de natureza bibliográfica, a partir da pesquisa histórica sobre a isenção e
sua aplicação na promulgação das leis, suas mudanças e aplicabilidades,
sendo da região onde está sendo implantada.
1.5– DIVISÃO
Este trabalho foi divido em quatro capítulos em que o primeiro é
composto pela Introdução, o segundo pelo Referencial Histórico, o terceiro
pelos Incentivos Fiscais, o quarto pelos Incentivos Fiscais do ICMS e logo em
seguida pelas considerações Finais, Bibliografia e o anexo.
17
2 - REFERENCAL HISTÓRICO.
Segundo as pesquisas de Antônio Armando da Ponte Guimarães que
em sua tese de mestrado em economia, realizada aqui em Fortaleza em 2010
escreveu:
O Ceará ocupa um território de aproximadamente 145.711,8 Km² com
localização privilegiada, próxima aos grandes mercados consumidores da
Europa e América do Norte, este fato, de acordo com Luca & Lima (2007) lhe
confere vantagens competitivas em termos de logística e contribui para a
atração de diversas indústrias que optaram por se instalar em seu território nos
últimos anos. (pág. 15- tese de mestrado em economia)
A formação do complexo de indústrias que hoje estão inseridas no
território cearense, de acordo com Aragão (2005) é fruto de um processo
histórico que foi desencadeado a partir da ocupação do interior do nordeste
brasileiro. Dessa forma as principais indústrias que se destacam,
principalmente em relação ao PIB local, são aquelas que tiveram papel na
ocupação e expansão da economia no interior do Estado, como os setores
têxtil e calçadista.
O inicio de tudo isso se deu em meados do inicio do século XVIII,
quando a monocultura canavieira limitava até 10 léguas a distância entre o
curral e a produção de cana-de-açúcar. Isso permitiu a ocupação do interior a
partir da expansão da pecuária, marcada por lutas e reação dos nativos. O
intenso comércio de gado permitiu a criação dos primeiros núcleos urbanos,
como Aracati, Russas e Sobral que mais tarde se destacariam pela importância
econômica junto à coroa. Os currais ocupavam o interior da capitania e
forneciam carne e matéria-prima, neste caso o couro, para as primeiras
atividades artesanais que começavam a surgir (ARAGÃO, 2005).
Surge então, segundo Aragão, a primeira atividade industrial no
Ceará, a indústria do charque, ou charqueadas, derivada do avanço da
18
pecuária. Essa efervescência econômica resistiu até o final do século XVIII,
quando a seca destruiu grande parte do rebanho cearense, pondo fim ao longo
período de prosperidade da capitania do Ceará.
Entre os séculos XVIII e XIX a maior dinâmica econômica cearense foi
o algodão. Resistente às altas temperaturas, essa planta nativa, tomou
dimensões importantes no final do século XVIII, com o advento da Revolução
Industrial. O algodão passou a ser cultivado em quase todo o Estado e em
meados do século XIX se destacou por ser o produto mais importante do
Ceará.
Conta o autor que a carnaúba também foi um produto importante que
impulsionou a indústria cearense na época. Essa atividade extrativa começou a
ser utilizada inicialmente na fabricação de velas. Já no início do século XX
passou a ser utilizada pela indústria de assoalhos, e na metade do século XX já
era grande aliada da indústria na fabricação de papel carbono, cera para carro
e graxa para sapatos.
Atualmente, porém, perdeu peso na economia cearense e foi
substituída por outros produtos químicos que apresentam um melhor retorno na
atividade industrial.
A formulação de políticas desenvolvimentistas teve inicio no Brasil por
volta dos anos 50, mas no Ceará só começou a ser posta em prática na
década seguinte, em 1963 com a instituição do Plano de Metas
Governamentais (PLAMEG).
Este foi o primeiro passo para uma série de outros planos como, por
exemplo, o Plano de Ação Integrada do Governo (PLAIG), o Plano de Governo
do Estado do Ceará (PLAGEC) e o I Plano Quinquenal de Desenvolvimento do
Estado do Ceará (I PLANDECE), que procuraram dar continuidade às metas
iniciadas pelo PLAMEG, promovendo estímulos às empresas industriais. O
Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI) só fora criado em 1979, através da
Lei 10.367/79.
19
Estas iniciativas contavam com o apoio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e do Fundo de Investimentos do Nordeste (FINOR) e permitiram ao Ceará ter uma participação maior nas atividades industriais, com um enfoque mais consistente na região metropolitana de Fortaleza. Até a década de 80, século XX, a industrialização cearense ainda tinha uma participação secundária na formação do PIB do Estado, com forte predominância do setor têxtil e de vestuário (ARAGÃO, 2005).
Porém, foi a partir de 1987, no governo Tasso Jereissati, que a
industrialização no Ceará deslanchou. O governo de Tasso ficou conhecido
como o governo de mudanças. Nos dois últimos anos do seu governo (1995 a
2002) a industrialização tomou dimensões mais acentuadas, principalmente,
por meio de incentivos fiscais, afirma Aragão (2005)
2.1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Segundo pesquisa feita no site e Paulo Francisco Barbosa Sousa
Mestre em Economia – CAEN/ UFC.
Economista da ACEP. Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto
Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, EPGE/FGV.
Professor do CAEN/UFC. Guilherme Irffi
Doutorando em Economia, CAEN/UFC. Professor da Universidade Federal do
Ceará, Depto. Economia, Campus Sobral.
Eles fizeram o seguinte comentário que de uma forma pouco
organizada as políticas governamentais de atração de investimentos tornaram-
se uma ferramenta importante no mundo, principalmente no período pós-
segunda guerra mundial, quando as nações iniciaram um verdadeiro duelo
pelos investimentos externos.
Este processo intensificou-se ao longo dos anos, inclusive passando a
ocorrer entre regiões ou estados subnacionais com o objetivo de atrair novos
investimentos e desenvolver a região.
20
Uma das principais motivações para a utilização de políticas de
incentivos industriais é a existência de vantagens competitivas de alguns
Estados ou regiões, em relação aos demais, o que torna este processo de
competição tributária regional bem próximo de um mundo de concorrência
imperfeita, na qual se pode reportar a relação “centro-periferia”, como afirmam
Silva (2001); Filho (2003 apud KRUGMAN, 1991), estes centros possuem
características próprias que funcionam como um imã, atraindo para si e regiões
circunvizinhas os investimentos indústrias.
Esta teoria alicerçou a criação de políticas públicas de incentivos
fiscais, que procuraram minimizar, as vantagens comparativas existentes entre
o centro em relação à periferia.
No Brasil esta relação pode-se facilmente ser visualizada através da
diferença existente entre o Sudeste e as demais regiões do país,
principalmente o Nordeste. A qual em nossa nação este instrumento se
estabeleceu como uma opção, que poderia ser utilizada pelos estados como
uma forma de dinamizar o processo de desenvolvimento industrial dessas
regiões, que possuem dotações de fatores desiguais, especialmente no que se
refere à carência em infraestrutura e de capital humano qualificado.
Devido às externalidades causadas por esse tipo de política, tornou-
se importante avaliá-las, autores como (Wildasin, 1988; Ken & Marchand,
1977), procuraram em seus trabalhos verificar os efeitos causados pela
competição tributária, estes autores demonstraram que a competição Inter
jurisdicional não leva apenas a um nível ineficiente de gastos, mas também à
ineficiência em sua composição.
Outros trabalhos como os de (Gordon, 1983 e Kanbur & Ken, 1993)
provaram que em um ambiente não cooperativo, a federação como um todo sai
perdendo, pois a arrecadação global diminui, apesar de poder haver ganhado
isolados para determinados estados.
21
No Brasil este assunto vem provocando um intenso debate sobre os
ganhos e a possível perda com adoção da competição tributaria, na literatura
destacam-se os trabalhos de (Varsano, 1997; Prado & Cavalcanti, 2000;
Varsano, Ferreira & Afonso, 2002; Porsse, Haddad e Ribeiro, 2005 e Vol,
1999).
Estes estudos indicam para uma perda de eficiência à locativa, já que
o capital passará a se instalar em estados que não apresentam os melhores
índices de competitividade sob condições normais.
A competição tributária esta regulamentando Brasil através da
Constituição Federal de 1988. A alínea g do inciso XII do artigo 155 da
Constituição de 1988 que atribui à lei complementar competência para
Regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
A lei complementar nº. 24, de 1975, recepcionada pela atual
Constituição, veda a concessão de incentivos relacionados ao ICMS, salvo nos
casos previstos em convênios celebrados no âmbito do Conselho de Política
Fazendária - CONFAZ, que é composto por todos os Estados brasileiros
inclusive o Distrito Federal. A Lei determina que a aprovação do benefício
depende de decisão unânime dos estados representados e determina também
penalidades para o não cumprimento de seus dispositivos.
Entretanto, os governos estaduais vêm concedendo incentivos à
revelia dos dispositivos contidos na Lei 24/1975. O fato é que apesar da
existência desta Lei a mais de trinta anos, a guerra fiscal continua e
intensificou-se no Brasil, principalmente, a partir da década de noventa.
Esta competição entre os estados da federação ocorre mediante
manipulação de ICMS e mediante concessão de benefícios disfarçados na
forma de empréstimos subsidiados e até participações acionárias.
O principal efeito desta competição entre Estados pode ser a redução
da receita estadual efetivamente disponível, como um todo, e o aumento das
22
pressões fiscais dessas esferas de governo sobre a União. Além disto,
distorções imperceptíveis também afetam a alocação de recursos na economia.
Com este objetivo a partir de meados da década de setenta
estabeleceu-se no Estado do Ceará as políticas de incentivos fiscais, que
iniciaram legalmente em 1979 com a criação do Fundo de Desenvolvimento
Industrial, que passou a dar o suporte necessário ao processo de
industrialização através de incentivos fiscais.
Esta política pode estar causando ao longo do tempo um
desdobramento negativo sobre as finanças do Estado, ocasionando uma perda
em potencial de receita tributária no Estado do Ceará. Este fato pode concorrer
também para o surgimento de políticas tributárias compensatórias, onde alguns
setores específicos da economia são mais onerados para compensar esta
perda tributária.
Para tanto se faz necessário a evidencia empírica dessas hipóteses
para comprovar se este fato vem ocorrendo no Estado do Ceará. Dessa
maneira, esta pesquisa tem como objetivo avaliar os efeitos da política de
incentivos fiscais adotada pelo Estado do Ceará junto às receitas tributárias
estaduais.
Este trabalho conta ainda com mais quatro seções. A próxima versa
sobre o FDI e a arrecadação de ICMS no Ceará. A terceira seção se reserva
apresentação da metodologia, a qual é composta pela base de dados, modelo
econômico, e método econométrico para realizar o exercício empírico O quarto
segmento traz uma discussão sobre os resultados. E, por fim, são feitas as
considerações finais da pesquisa.
2.2 – FORMAÇÃO GERAL (ORIGEM)
De acordo com a Lei do Estado do Ceará nº 10.367 de 07.12.1979 foi
criada o Fundo de Desenvolvimento do Ceará – FDI e dá outras providências.
O Governador do Estado do Ceará fez saber que a assembleia legislativa
decretou e sancionou a seguinte lei.
23
ART.1º É instituído o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará-FDI e tem como objetivo promover o desenvolvimento das atividades industriais em todo o Território do Estado do Ceará
ART 2º-o Fundo de desenvolvimento Industrial do Ceará FDI, poderá assegurar as sociedades empresarias e cooperativas considerando de fundamental interesse para o desenvolvimento econômico do Estado, incentivos para a implantação, funcionamento, ampliação, modernização, diversificação ou recuperação, sob forma de incentivos fiscais e financeiros, subscrição de ações, participações societárias, empréstimos, inclusive com subsídios sobre o principal e encargos financeiros, prestações de garantias, aquisição de debêntures e subsídios de tarifas de água e esgoto.
Art.3º - O Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará - FDI – será operado pelo Banco de Desenvolvimento do Ceará S/A - BANDECE - segundo critérios propostos pela Secretaria de Indústria e Comércio e aprovados pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado - CONDEC.
Art.4º - São recursos do Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará
- FDI: I - os de origem orçamentaria, até o montante de dez pôr cento (10%) da
receita do ICM, segundo as possibilidades do Tesouro Estadual; II - empréstimos ou recursos a fundo perdido, oriundos da União, Estado
e outras entidades; III - contribuições, doações, legados e outras fontes de receitas que
lhe forem atribuídas; IV - juros dividendos e outras receitas recursos
Art.5º - São operações do FDI: I - aquisição e alienação de ações, de debêntures conversíveis ou não
em ações e de quotas de empresas industriais com sede, foro e com domicílio fiscal do Estado do Ceará;
II - concessão de empréstimos a médio e longo prazo às empresas industriais com sede, foro e domicílio no Estado do Ceará;
Parágrafo Único - Os empréstimos do FDI poderão ser convertidos, excepcionalmente, em subscrição de ações das empresas industriais beneficiadas, nas condições estabelecidas no Regulamento do Fundo.
Art. 6º - A Secretaria da Fazenda creditará em conta vinculada no
Banco do Estado do Ceará S/A - BEC, à ordem do BANDECE, as dotações previstas no item I do art. 4º desta lei.
Art. 7º - Consideram-se, para efeito desta Lei, como atividades indústrias
de fundamental interesse para o desenvolvimento econômico do Estado os empreendimentos definidos no Regulamento do FDI.
Art. 8º - As condições de prazos e encargos
financeiros das operações do FDI serão definidas, também no Regulamento desta Lei.
Parágrafo Único - O BANDECE poderá cobrar sobre o valor de cada operação, uma taxa de administração de até três pôr cento (3%), além do percentual de dois pôr cento (2%) para formação de reserva destinada à promoção industrial.
24
Art. 9º - Compete ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Ceará - CONDEC - aprovar o programa anual de aplicação e homologação as operações do FDI.
Art. 10º - Em nenhuma hipótese será permitida a liberação de recursos do
FDI em favor de empresas inadimplentes com o fisco estadual
Art. 11º - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a baixar, mediante Decreto, o Regulamento Geral do Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará - FDI.
Art.12º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, aos 07 de dezembro de 1979 VIRGÍLIO TÁVORA OZIAS MONTEIRO FIRMO DE CASTRO (DOE - 13.12.79)
Para as empresa o FDI é muito importante, pois este incentivo tem
como objetivo incentivar a implantação, diversificação, e, recuperação e
modernização de estabelecimento industrial. E com a disponibilidade da
infraestrutura será mais fácil a implantação e o desenvolvimento de atividades
produtiva e treinamento e capacitação da mão-de-obra.
Com a criação do FDI foi pressentido que houve um grande marco na
política de incentivos para a indústria no Ceará. No início de sua vigência, se
deu com a legislação do FDI e passou por diversas reformulações ao longo do
tempo. No começo da década de 90, tiveram m várias mudanças que foram
orientadas no sentido de dar maior ênfase à consolidação do Parque Industrial
do Estado.
Em 01 de dezembro de 1962 foi instituído O fundo de desenvolvimento
Industrial que é conhecido com FDI e foi promulgado com a lei 10.367. Foi
assim que se originou o incentivo Fiscal no governo Virgílio Távora.
Foi nesse momento, que o setor industrial era entendido como o
elemento chave para o desenvolvimento. Com a criação do FDI foi uma Grande
com o objetivo principal de dotar o Ceará de um subsídio legalizado que
viabilizasse o incentivo à industrialização. Em 1989 a regulamentação do FDI
25
foi alterada, e passou a permitir que o Estado desse apoio à implantação,
realocação, ampliação, modernização, recuperação e ao funcionamento de
empresas industriais consideradas de fundamental interesse para o
desenvolvimento socioeconômico do Ceará.
LEI Nº 13.377, DE 29/09/03. Altera os arts. 2.o e 5.o da Lei nº. 10.367, de 7 de dezembro de 1979, que instituiu o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará – FDI, na forma que indica, e dá outras providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. O caput do art. 2.o e o art. 5.o da Lei n.º 10.367, de 7 de dezembro de 1979, que instituiu o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará – FDI, alterado pelas Leis nºs. 10.380, de 27 de março de 1980, 11.073, de 15 de julho de 1985, 11.524, de 30 de dezembro de 1988, 12.478, de 21 de julho de 1995, 12.631, de 1.o de outubro de 1996, 12.798, de 13 de abril de 1998, 12.863, de 26 de novembro de 1998 e 13.061, de 14 de setembro de 2000, passam a vigorar com as seguintes redações:
“Art. 2º. O Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará – FDI, conforme disposto em regulamento, poderá assegurar às sociedades empresárias e cooperativas consideradas de fundamental interesse para o desenvolvimento econômico do Estado, incentivos para implantação, funcionamento, relocalização, ampliação, modernização, diversificação ou recuperação, sob as formas de incentivos fiscais e financeiros, subscrição de ações, participações societárias, empréstimos, inclusive com subsídios sobre o principal e encargos financeiros, prestações de garantias, aquisição de debêntures e subsídios de tarifas de água e esgoto.”
“Art. 5º.”. São operações do FDI, regulamentadas por Decreto do Chefe do Poder Executivo: I – a aquisição e alienação de ações, debêntures conversíveis ou não em ações e de cotas de capital de sociedades empresárias com estabelecimento situado no Estado do Ceará; II – a concessão de empréstimos, a médio e longo prazos, inclusive com subsídios sobre o principal e encargos financeiros, e a prestação de garantias às sociedades empresárias com estabelecimento situado no Estado do Ceará; III - a concessão de subsídios de tarifas de água e de esgoto às sociedades empresárias com estabelecimento situado no Estado do Ceará; IV – a concessão de incentivos fiscais relativos ao ICMS, através: a) da dilação do prazo de pagamento de parcela do saldo devedor mensal do imposto, com dedução de percentual dessa parcela, no caso de liquidação do débito até a data do vencimento da dilação; b) do diferimento do momento de pagamento total ou parcial do imposto, com dedução de percentual total ou parcial do montante diferido, no caso de liquidação do débito até a data do vencimento do diferimento;
26
c) da concessão de crédito fiscal presumido e de redução da base de cálculo do imposto. V – a concessão de incentivos financeiros relacionados ao ICMS, com a concessão de empréstimos, a médio e longo prazos, inclusive com subsídios sobre o principal e encargos financeiros. § 1º. Nas operações do FDI de que tratam os incisos IV e V do caput deste artigo o percentual do empréstimo ou do incentivo não poderá ultrapassar a 75%(setenta e cinco por cento) do ICMS próprio gerado pela sociedade empresária beneficiária. § 2º. Nas operações do FDI de que tratam os incisos II, IV, letra “a”, e V do caput deste artigo será observado o seguinte: I – o valor de cada parcela do empréstimo ou incentivo relativo às operações com (D.O. DE 29/09/03) sociedades empresárias beneficiárias do Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Industrial – PROVIN, será corrigido, desde o desembolso ou da fruição do incentivo até a liquidação, com base na taxa de juros de longo prazo – TJLP ou em outra taxa ou índice que venha a substituí-la por decisão da autoridade monetária; II – qualquer atraso, superior a 30 (trinta) dias, no pagamento do empréstimo ou incentivo implicará na suspensão imediata do contrato ou incentivo; III - qualquer parcela do empréstimo ou incentivo liquidada após a data do vencimento e até 60 (sessenta) dias será acrescida, desde a data do vencimento até a data da efetiva liquidação, da variação integral, acumulada no período, da taxa de juros de longo prazo – TJLP, ou outra taxa ou índice que venha a substituí-la por decisão da autoridade monetária, além do acréscimo moratório de 0,3% (três décimos por cento) por dia de atraso, até o limite máximo de 21% (vinte e um por cento);
IV - qualquer parcela do empréstimo ou incentivo liquidada após 60 (sessenta) dias de seu vencimento será acrescida, desde a data do desembolso inicial ou da fruição do incentivo até a data da efetiva liquidação, da variação integral, acumulada no período, da taxa de juros de longo prazo – TJLP, ou outra taxa que venha a substituí-la por decisão da autoridade monetária, além de juros moratórios de 12% (doze por cento) ao ano, aplicados pro rata die sobre o saldo devedor atualizado.
§ 3º. Nas operações do FDI de que trata o inciso IV do caput deste artigo o contribuinte do ICMS beneficiário do PROVIN deverá, por ocasião da apuração mensal do imposto, deduzir do saldo devedor apurado o valor correspondente ao incentivo, conforme disposto em regulamento. § 4º. “Na hipótese do parágrafo anterior as disponibilidades geradas pelo retorno do principal e encargos constituem receita tributária do Estado.” Art. 2º. O contribuinte do ICMS beneficiário do PROVIN, através das operações do FDI de que trata o inciso V do caput do art. 5.o da Lei nº. 10.367, de 7 de dezembro de 1979, com a redação dada por esta Lei, por ocasião da apuração mensal do imposto, passará a deduzir do saldo devedor apurado o valor correspondente ao que seria o da parcela líquida do empréstimo, valor esse que fica diferido na conformidade da alínea “b” do inciso IV do caput do art. 5.o da Lei nº. 10.367, de 7 de dezembro de 1979, com a redação dada por esta Lei, no caso da liquidação dessa parcela do imposto ocorrer até a data que seria a do vencimento do empréstimo, observado sempre o disposto no § 2.o do mesmo art. 5.o indicado. § 1º. Na hipótese do caput deste artigo as disponibilidades geradas pelo retorno do principal e encargos constituem receita tributária do Estado. § 2º. Decreto do Chefe do Poder Executivo poderá estabelecer tratamento Alternativo ao disposto neste artigo. Art. 3º. Excetuam-se do disposto no § 1.o do art. 5.o da Lei nº. 10.367, de 7 de dezembro de 1979, com a redação dada por esta Lei, os limites
27
superiores previstos em protocolos de intenções firmados até 8 de abril de 2002, observado, quanto ao mais, o disposto nesta Lei e na Lei nº. 10.367, de 7 de dezembro de 1979, que instituiu o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará – FDI, alterada pelas Leis nºs. 10.380, de 27 de março de 1980, 11.073, de 15 de julho de 1985, 11.524, de 30 de dezembro de 1988, 12.478, de 21 de julho de 1995, 12.631, de 1.o de outubro de 1996, 12.798, de 13 de abril de 1998, 12.863, de 26 de novembro de 1998 e 13.061, de 14 de setembro de 2000. Art. 4º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos a 11 de setembro de 2003, revogados as disposições em contrário, em especial a Lei nº. 13.357, de 10 de setembro de 2003.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 29 de setembro de 2003. Lúcio Gonçalo de Alcântara GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
De acordo com lei Estadual nº 13.377/2003 houve alteração nos arts.
2º e 5º a Lei nº 10.367/1979, que instituiu o Fundo de Desenvolvimento
Industrial (FDI) do Ceará, que seu objetivo é atrair empresas para o Estado. A
nova redação trouxe alterações na operacionalização dos incentivos fiscais: os
concedidos anteriormente eram realizados sob a forma de empréstimos
auxiliados pelo Estado. .Esta Lei e o Decreto 27.206/ 2003 modificaram e
passou a consistir na discordância de parte do saldo devedor do ICMS, com
dedução de parcela do montante diferido, em caso de pagamento em dia.
LEI N.º 12.478, DE 21 DE JULHO DE 1995. Dispõe sobre a utilização dos recursos decorrentes das operações de retorno do FDI para financiamento de capital de giro de empresas industriais exportadoras que desejarem instalar-se no Estado. O GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Enquanto não creditadas à Conta do Tesouro Estadual os Recursos decorrentes dos retornos das operações do Fundo de Desenvolvimento Industrial - FDI -, instituído pela Lei n.º 10.367, de 07 de dezembro de 1979, alteradas pelas Leis nºs. 10.380, de 27 de março de 1980, 11.073, de 15 de julho de 1985 e 11.524, de 30 de dezembro de 1988, poderão ser utilizados para financiamento de capital de giro às empresas industriais predominantemente exportadoras que pretenderem instalar-se no Estado, observando-se as disposições que regem o citado Fundo.
28
Art. 2º - Para fins desta Lei, entende-se como empresas industriais predominantemente exportadoras aquelas que comercializem para fora do país pelo menos 90%(noventa por cento) de sua produção. Art.3º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, aos 21 de julho de 1995. TASSO RIBEIRO JEREISSATI EDNILTON GOMES DE SOÁREZ RAIMUNDO JOSÉ MARQUES VIANA
(DOE - 28.07.95)
Esta Lei foi alterada no Governo Tasso Jereissati e fala que as
empresas exportadoras, e se forem comercializadoras e o percentual for menor
que 90% ainda podem se instalar no Estado e não perde o incentivo fiscal.
2.3- APLICAÇÕES NAS EMPRESAS
A Política Industrial tem como objetivo incentivar a implantação,
ampliação, diversificação, recuperação e modernização de estabelecimentos
industriais, compreendendo as ações voltadas para atração seletiva de
investimentos industriais, visando a formação e o adensamento das
cadeias produtivas selecionadas e a formação de aglomerações espaciais;
disponibilidade de infraestrutura necessária para a implantação e pleno
desenvolvimento da atividade produtiva; treinamento e capacitação de mão-de-
obra e; apoio e indução ao desenvolvimento industrial objetivando:
a) Estímulo a interiorização da implantação de atividades produtivas;
b) O fortalecimento da rede de instituições voltadas para o desenvolvimento
sócio - econômico e a absorção e disseminação de novas tecnologias;
c) A atração e o fortalecimento de empresas locais de base tecnológica e;
d) A geração e o incremento de cadeias produtivas.
O acompanhamento das empresas será feito por meio do
monitoramento dos benefícios concedidos e pelo acompanhamento das metas
29
apresentadas, sendo de responsabilidade da Agência de Desenvolvimento do
Estado do Ceará – ADECE, tomando por parâmetros:
Volume de investimentos;
• Inovações tecnológicas;
• Realização de infraestrutura;
• Responsabilidade social, cultural e ambiental;
• Mão-de-obra;
• Produção;
• Mercados;
• Operações interestaduais tributadas (ICMS) e;
• Geração de empregos.
Condições para concessão do benefício. Encontrar-se rigorosamente em dia
com:
a) O Órgão Gestor do FDI e;
b) Os Fiscos: Federal, Estadual e Municipal.
Benefícios
1 - Máximo de 75% do ICMS devido;
2 - Diferimento de ICMS na importação de máquinas, equipamentos, partes e,
peças destinadas a projetos industriais;
3 - Diferimento do ICMS relativo ao diferencial de alíquota nas aquisições
interestaduais de máquinas, equipamentos, partes e, peças destinadas a
projetos industriais e;
4 - O prazo máximo será definido pela Metodologia para cálculo do benefício.
30
2.4 -INCENTIVOS – FUNDO DE DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL (FDI)
O Ceará abriu as portas para o crescimento. E está recebendo quem
quer crescer com ele. Para tanto, a Política de Atração de Investimentos do
Estado oferece a concessão de incentivos fiscais; dentre eles, o diferimento do
ICMS gerado pela atividade industrial.
O Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), Lei nº 10.367 de
07/12/1979 e alterações, visa fomentar a política industrial do Estado. O
percentual desse incentivo, o índice de retorno e o prazo de fruição dos
benefícios são variáveis:
Benefícios Federal: financiamento Estadual: apoio institucional Municipal: infraestrutura
Entidades estaduais
Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede)
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece)
Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial (Cedin)
- Presidente:
Governador do Estado
- Membros
Cede – secretário
Adece – presidente
Seplag – secretário
Sefaz – secretário
SDA – secretário
Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI)
Provin: até 75% do ICMS; retorno de 1% a 25%
Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Industrial (Provin)
31
Proade/Proeólica: até 99% do ICMS; 75% do ICMS; retorno de 1%
Programa de Atração de Empreendimentos Estratégicos (Proade) / Programa
de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Geradora De Energia Eólica
(Proeólica)
PCDM: 60% do ICMS interestaduais
(Programa de Incentivos à Centrais de Distribuição de Mercadorias do Ceará –
PCDM)
Diferimentos: ativo fixo 100%; matéria-prima até 100%.
32
3-INCENTIVOS FISCAIS
A realidade do mercado atual faz com que as empresas
industriais tenham prerrogativas legais de pleitear incentivos fiscais em
nível Estadual, por ocasião de sua instalação em uma determinada
região, considerando estratégias adequadas tanto para o Estado e
Município, quanto para a empresa. Tais estratégias estão relacionadas
com os aspectos de fomento econômico, geração de renda, bem como,
a localização e logística para a empresa.
O fato de que a industrialização em uma região permite o
crescimento e desenvolvimento econômico, é imprescindível para que o
poder público, obedecendo a limites legais, desenvolva políticas
incentivadoras, no caso em tela, redução da carga tributária,
objetivando o crescimento e desenvolvimento industrial de Municípios
menos privilegiados. Essas políticas incentivadoras são conhecidas
como incentivos fiscais.
Alicerçado nesse contexto, Vasconcelos faz as seguintes
ponderações:
Crescimento e desenvolvimento econômico são dois conceitos diferentes. Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. O desenvolvimento econômico é um conceito mais qualitativo, incluindo as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, nutrição, educação e moradia) (VASCONCELLOS, 2002, p.401).
O crescimento da renda per capita é muito interessante, pois se
tem uma visão de como vamos ver uma forma de melhor indicar uma
medida que que nos mostre uma tendência do que está acontecendo .
Neste sentido, compreende-se que as indústrias trazem
desenvolvimento econômico para o Município e o Estado, a partir do
momento em que se instala uma indústria em um Município é preciso
33
que haja contratação de mão-de-obra para o trabalho fabril, permitindo
que reduza o desemprego e aumente o equilíbrio econômico da
localidade.
Assim é notório que os incentivos fiscais constituem um
instrumento de apoio para as empresas se instalarem em um respectivo
local, privilegiando uma cidade ou região.
Sintetizando o conceito de incentivos fiscais pode ser
considerado de acordo com o relato de Marcos André Vinhas Catão
apud Pires in Martins, Elali e Peixoto:
Em uma primeira abordagem, ao menos para saciar o desejo de uma definição, vemos que os “incentivos fisca is” são instrumentos de desoneração tributária, aprovados pelo próprio ente político autorizado à instituição do tributo, através de veículo legislativo específico, com o propósito de estimular o surgimento de relações jurídicas de cunho econômico (CATÃO apud PIRES in MARTINS, ELALI;
PEIXOTO, 2007, p.19).
Os incentivos fiscais estaduais de titularidade da empresa. São o
ICMS A companhia goza de incentivos fiscais através de dois programas do
FDI: o PROVIN e o PROAPI.
A renúncia tributária de acordo com Barbosa (2008) é um
instrumento que os Estados brasileiros utilizam para fomentar a
economia de um Município ou região, sendo esta uma ação possível,
no entanto, traz vantagens e desvantagens sob a ótica da Economia e
do Direito.
As questões que envolvem os objetivos da empresa no sentido
de lhe ser concedidos os incentivos fiscais pelo Estado podem ser
alcançadas total ou parcialmente, dependendo do tipo de incentivo
oferecido e dos fatores que apontam a eficiência do planejamento
tributário envolvendo as empresas, os Municípios e Estado, devendo
ser observado o princípio da razoabilidade, tanto para a empresa,
quanto para o Estado, obedecendo os limites legais.
34
3.1-FORMAS DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS
O contexto empresarial atual exige que as empresas cresçam
de forma competitiva e lucrativa para manter sua sustentabilidade no
mercado. Para que haja esse crescimento empresarial é necessário
que elas passem por processos de industrialização, consequentemente
ampliando todos os segmentos formadores da economia.
Para tornar mais fácil sua expansão sustentável, Municípios e
Estados chamam a atenção do segmento empresarial e de pessoas
interessadas em investimentos, através de várias formas de
concessões de incentivos fiscais.
Dentre as formas de concessão de incentivos fiscais existem a
doação de terrenos ou auxílio direto para a construção de prédios e
instalações, a isenção parcial ou total fiscal de tributos municipais e
estaduais e o oferecimento de infraestrutura para as empresas se
instalarem em um determinado local.
As empresas que disponibilizam recursos para investimentos
optam por se instalar no Município que melhor lhe aprouver os
incentivos, sendo que para algumas é oferecido somente um dos
incentivos, no entanto, para outras são diversas as vantagens, como a
isenção tributária e a infraestrutura ou a doação de terrenos, sendo as
três práticas comuns em sobral e Horizonte.
Com o intuito de incentivar novos investimentos uma das formas
mais utilizadas pelos estados brasileiros é a isenção de impostos,
principalmente o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços de Transportes Interestaduais), considerando que é o imposto
mais relevante de competência estadual. Nesse sentido, salienta Rosa
(2009).
35
Tem sido prática rotineira a concessão, por parte dos Estados, de
benefícios, incentivos ou favores fiscais relativos ao ICMS. Todavia, apesar de
algumas inconstitucionalidades, visto que há benefícios concedidos por determinado
Estado de forma unilateral, a grande maioria dos benefí cios fiscais relativos ao
ICMS é advindo do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), em
atendimento ao ditame constitucional que determina que a concessão de benefícios
fiscais, relativos ao ICMS, seja feita por meio de Convênio celebrado pelos Estados
(ROSA, 2009, p.1).
Esse ato ou efeito de dar permissão a alguém, quando determinado
benefício fiscal do ICMS é concedido não uniformemente entre operações
internas e interestaduais vai ao contrario da constituição, não a sua concessão,
mas a restrição de que não seja aplicável a determinadas operações, sejam
estas internas ou interestaduais, e proíbe qualquer tratamento desigual em
razão da origem de onde vem as mercadorias ou serviços.
Considera ainda Rosa (2009) que a isenção do ICMS é uma das
principais formas de concessão utilizada pelos Estados com o objetivo
de incentivar a economia de um Município ou região, especialmente, no
caso das indústrias, com a finalidade de melhorar os indicadores de
qualidade de vida humana, erradicar a pobreza e promover o bem estar
social.
Importa salientar que a concessão de incentivos fiscais também
constitui uma forma de privilégio fiscal que deve ser realizada a partir
de um estudo em relação aos benefícios desta para a arrecadação do
município.
3.2 JUSTIFICATIVAS PARA A CONCESSÃO DE
INCENTIVOS FISCAIS
Os incentivos fiscais de certa forma implicam na redução da
arrecadação de impostos no Município ou no Estado. Alguns
consideram desfavorável esse tipo de intervenção do poder público,
36
pois resulta na diminuição da arrecadação. Outra vertente justifica essa
intervenção na possibilidade de trazer novas oportunidades de trabalho
e crescimento econômico.
O tributarista Alexandre Barbosa (2008) justifica a concessão
dos incentivos fiscais pelos motivos seguintes:
1) estabelecer um modelo de desenvolvimento nacional visando ao fortalecimento da economia;
2) estabelecer um modelo de desenvolvimento regional com os propósitos de integração nacional e recuperação econômica regional;
3) estabelecer uma política de desenvolvimento setorial, em
face de algumas peculiaridades que justificam tratamentos
especiais para alguns setores básicos da economia
(BARBOSA, 2008, p.2).
Os incentivos deixam de ser critério que pesa na decisão de
localização e a guerra fiscal acaba por punir os estados mais pobres, que se
utilizam desse privilegio para tornar sua oferta de serviços mais atraente.
Do ponto de vista social, os cidadãos também são afetados. A
Permissão desses incentivos implica em não querer a receita que poderia ser
utilizada pelo poder estadual para oferecer aos seus residentes, melhores
condições de vida.
No entendimento de Hickmann et al. (2009) as isenções e
concessões de incentivos fiscais e tributários constituem formas de
trabalhar o incentivo econômico e financeiro dos municípios e estados,
oportunizando o desenvolvimento socioeconômico da região.
Comenta ainda que as isenções e os incentivos fiscais devem
ser executados com transparência, evitando transtornos com a lei de
responsabilidade fiscal. Neste sentido, considera-se que:
As isenções, as reduções de base de cálculo e alíquotas, bem como a concessão de benefícios fiscais em geral somente podem ser instituídas e concedidas objetivamente, para os fins a que se destinam, mediante lei específica e
37
quando, efetivamente, demonstrado o correspondente ganho social, sendo obrigatórios o acompanhamento e a avaliação periódica. O orçamento público deve ser transparente, de forma a identificar e quantificar as renúncias e os incentivos fiscais, as isenções e as reduções tributárias (HICKMANN et al., 2009, p.3).
Toda empresa que goza do incentivo Fiscal à medida que se
prevalece e que largou mão do fiscal concedida pelo estado, o qual não
querer uma parte do empréstimo (que será determinada conforme pontuação
que o projeto obteve, sendo que o retorno aos cofres públicos deverá ser de no
mínimo 10% do valor financiado). Só serão objeto de dedução, somente as
vendas de produção própria do estabelecimento.
Justifica-se a concessão de incentivos fiscais quando existem
benefícios econômicos, financeiros e sociais para o Município ou
Estado, isto ocorre, por exemplo, se a geração de postos de trabalho e
os benefícios sociais têm como principal objeto a redução do
desemprego, provendo a igualdade social.
De certa forma a concessão de isenções tributárias, pelo
Estado, vem sendo realizada como forma de compensar os
investimentos para instalação e infraestrutura de unidades fabris em
um determinado local.
Neste sentido, Varsano (1997) evidencia que podem ser
oferecidas isenções em impostos como o ICMS, no entanto, é preciso
que se tenha o cuidado de não permitir que o Estado seja prejudicado
com os referidos incentivos excedendo as benesses em nome do
desenvolvimento industrial da região.
Considerando o entendimento de Varsano (1997, p.7) de que “o
produto da arrecadação de um tributo nada mais é que uma
transferência monetária do setor privado para o setor público. [...]”,
entende-se que para incentivar o crescimento de uma região ou Estado
38
há que se realizar concessões de incentivos fiscais, como a isenção.
Todavia, é preciso ponderar sobre legitimidade desses incentivos
tributários, considerando o custo social desta ação.
Entende-se que o mercado é extremamente ativo, dessa forma,
fazer a economia crescer somente embasado em isenções fiscais pode
ser um modo arriscado de desenvolvimento, visto que:
Na prática, não é possível criar ou eliminar tributos a cada momento, em função de mudanças que ocorrem nas condições econômicas. Embora a tributação sofra alterações praticamente todos os dias, o elenco de tributos bem como suas características básicas são bastante estáveis. Assim sendo, o sistema tributário jamais é perfeitamente adequado ao ambiente econômico ao qual se aplica. [...], o incentivo fiscal pode ser concedido como uma eliminação marginal de tributo em virtude do surgimento de uma nova oportunidade de uso privado de recursos da sociedade cujos benefícios sejam superiores aos do uso público a que se destinavam. (VARSANO, 1997, p.7).
Vemos uma melhor forma de se conceder benefícios Fiscal para atrair
empreendimentos é a redução do imposto a recolher, cujo valor agora depende
do volume de vendas da empresa para dentro do estado.
As empresas que dirigem a sua produção poderão ser atraídas e as
outras tiram se a hipótese porque uma de um estado concede incentivo e a
outra pode ser a pagadora da conta
Entende-se assim, que as concessões de incentivos fiscais
devem beneficiar primeiramente a própria sociedade, considerando que
esta pode ter prejuízos quando os incentivos oferecidos pela empresa
beneficiada com a concessão de isenção não são maiores do que
aqueles que seriam alcançados com o uso público do dinheiro.
39
3.3- A INTERVENÇÃO DO ESTADO E O INSTRUMENTO
TRIBUTÁRIO NA BUSCA DO DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO
O Estado tem papel importante não apenas nas questões
sociais, como também no desenvolvimento econômico dos municípios,
assim, deve ter responsabilidade com relação às ações que executa,
especialmente, no âmbito fiscal, com a concessão de isenções fiscais.
Sobre a intervenção estatal contexto da sociedade se analisa
que:
A Constituição Federal, para que o Estado brasileiro atinja um de seus objetivos primordiais, o desenvolvimento econômico, valoriza o exercício legítimo do poder econômico. Ressalta-se, portanto, a função social das atividades econômicas para que se alcance a ordem econômica prevista no plano constitucional. Neste contexto, a tributação surge como alternativa do Estado para fomentar o desenvolvimento nacional, cujo conceito deve abarcar de forma especial a redução das desigualdades regionais e sociais. Através de normas tributárias, pode e deve o Estado induzir os agentes econômicos à prática daqueles comportamentos desejáveis na busca da ordem econômica proposta no plano da Constituição (ELALI, 2009, p.4).
De acordo com Márcia Martins Mendes De Luca e Virgínia Felício
Lopes Lima, elas comentaram que Muitos estados possuem como instrumento
de política desenvolvimentista a formação de Fundos de Investimentos, cujos
recursos, operados pelos bancos estaduais, são destinados a financiar
programas e projetos com a finalidade de:
a) Aquisição de ativos fixos;
b) Formação ou recomposição de capital de giro;
c) Pagamento do ICMS; e d) Composição acionária e debêntures
conversíveis.
Cabe ressaltar que a concessão de isenção fiscal ou tributária
para uma empresa, pode ser uma ação do Estado em benefício do
40
crescimento de uma determinada região, todavia, esta forma de
incentivo não deve ser utilizada quando os benefícios à sociedade não
são reais.
Simplesmente industrializar uma região a partir de incentivos de
redução ou isenção de impostos não constitui uma forma legítima do
Estado, sendo importante que este tenha conhecimento amplo, do
verdadeiro retorno para a sociedade com as suas concessões.
Não cabem isenções fiscais como mera forma de modernização
da economia, mas sim, como fomento do desenvolvimento econômico,
sendo que para isso, como saliente Elali (2009, p.7): “[...] O
desenvolvimento, portanto, deve ser entendido como um estado de
equilíbrio na produção, distribuição e consumo de riquezas. [...]”.
Para termos estas isenções teremos que estimular um
desenvolvimento, isso na produção podemos dar bônus para incentiva -
los a produzir mais e automaticamente, podermos faturar melhor
A partir desta contextualização de isenção fiscal com
consciência de desenvolvimento econômico e social não acata que os
incentivos fiscais concedidos sejam em prol somente da própria
empresa ou do Estado, sendo extremamente importante que a
sociedade tenha condições de se beneficiar, participar de tais ações
entre o Estado e a empresa.
De acordo com Silva apud Almeida (1997) o Estado pode
intervir indiretamente como promotor da atividade econômica, a título
de incentivo, e ainda comenta:
Incentivo, como função normativa e reguladora da atividade econômica pelo Estado, traz a ideia do Estado promotor da cidadania. É o velho fomento, conhecido dos nossos ancestrais, que consiste em proteger, estimular, promover, apoiar, favorecer e auxiliar, sem empregar meios coativos, as atividades particulares que satisfaçam necessidades ou conveniências de caráter geral. A própria Constituição já determinou apoio, estímulo e favorecimento a atividades
41
específicas: microempresas, nos termos dos arts. 174, §§ 3º e 4º, e 179 (SILVA apud ALMEIDA, 1997, p.80).
Desenvolveremos programas de incentivos dentro da empresa
para termos bons lucro tudo isso dentro da lei.
Para Teixeira (2008) o Estado Democrático de Direito não
permite a intervenção do Estado no que concerne a constitucionalidade
dos incentivos fiscais, porque embora possa oferecer privilégios para o
social, em verdade ao oferecer incentivos o Estado está ferindo os
direitos individuais.
Como se pode observar existem entendimentos favoráveis e
contrários a intervenção do Poder Público na economia, seja o próprio
Estado como agente econômico ou enquanto incentivador a partir da
isenção fiscal.
42
4- INCENTIVOS FISCAIS DO ICMS
É relevante considerar que os incentivos fiscais concedidos
pelos Estados a partir do ICMS, acarretam bom nível de
industrialização destes, sendo que no decorrer do presente estudo o
objetivo é analisar especificamente o Estado do Ceará e seu processo
de industrialização tendo como base o município de Fortaleza.
A análise em relação aos incentivos fiscais se apresenta sob
duas óticas: aquela que envolve a intervenção do Estado na economia
sob um enfoque constitucional e a outra sob um entendimento
econômico e social.
As questões que envolvem os incentivos fiscais vêm sendo
discutidas tanto no âmbito político, quanto jurídico como se observa:
Hodiernamente, temos constatado nos meios políticos e jurídicas discussões concernentes ao verdadeiro papel que o Estado deve exercer na economia, principalmente após as recentes privatizações levadas a efeito pelo Executivo brasileiro (ALMEIDA, 1997, p.77).
Atualmente Nessas discursões Que possui algum tipo de relação: o
argumento apresentado não é adequado ao estudo proposto. Que diz respeito
principalmente as privatizações que existe questionamento tanto favorável
quanto contrário qualquer das partes.
Importante apontar que as questões sob o enfoque econômico
também se demonstram relevantes, para explicar os benefícios fiscais
do ICMS, visto que a influência do Estado na economia fica evidente
quando se apresenta sua intervenção sob qualquer forma de ação
capaz de modificar um quadro socioeconômico.
Observa-se durante este estudo uma realidade apresentada por
Varsano (1997, p.3) de que existe uma disputa acirrada entre os
estados brasileiros para recepcionar novos investimentos. Esta disputa
tornou-se uma forma de “guerra fiscal” travada com ações de
43
concessões, muitas destas à revelia da lei, “[...] de incentivos
financeiros fiscais relacionados ao ICMS, o que vem prejudicando suas
já deterioradas condições financeiras. [...]”.
A guerra Fiscal ela é muito boa para quem paga os impostos é
uma guerra fiscal disputada pelos Estados e provoca muita distorção
na arrecadação dos impostos pois os estados que exportam, não
diretamente repassam parte desse incentivo para os estados que que
importam produtos e serviços tributados
Concebe-se o entendimento de que o ICMS é o imposto de
sustentação de recursos da grande maioria dos estados, neste sentido,
tais incentivos podem causar problemas de ordem estrutural (máquina
administrativa estatal), sendo que os maiores retornos não são sociais,
mas sim empresariais, ou seja, nesta guerra fiscal para Varsano (1997)
perdem estados e sociedade e ganham somente alguns empresários.
Em uma visão favorável a estes incentivos fiscais observa-se este enfoque:
Diversos Estados da Federação vêm oferecendo incentivos para atrair investimentos privados em seus territórios. Tal fenômeno, apesar de conhecido por “guerra fiscal”, consiste na concessão de incentivos fiscais e de incentivos financeiros, além de outros incentivos de natureza variada. [...]
Tanto os mecanismos clássicos tributários como os mecanismos financeiros de concessão de incentivos fiscais relacionados ao ICMS têm efeitos semelhantes em termos de benefícios para as empresas e de impacto sobre a concorrência e sobre o mercado (LOSS, 2000, p.1).
Vendo a questão de outro modo, percebe-se que a empresa
beneficiada com um incentivo fiscal de um determinado Estado possuiria
muitas vantagens sobre suas demais concorrentes, uma vez que a curva de
oferta seria deslocada para baixo em relação às demais. A permissão de
conceder incentivos fiscais, que se segue, influi na formação de preços no
mercado, matéria própria à defesa da concorrência.
44
Se faz relevante considerar a visão de Loss, quanto ao fato de
que os beneficiados com os incentivos fiscais em sua maioria não são
dos próprios estados ou da população, mas das empresas, sendo que
tais incentivos necessitam de critérios mais rigorosos, visto que as
desvantagens podem superar as vantagens quando existe o abuso
deste mecanismo para o processo de industrialização de um Estado ou
região.
4.1-INCENTIVO FISCAL NO ICMS
IMPOSTO ESTADUAL DE CARÁTER NACIONAL
Antes de adentrar na questão que envolve os incentivos fiscais
em relação ao ICMS é preciso considerar que, este no entendimento de
Sabbag (2009, p.939), constitui um “imposto sobre operações relativas
à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação”. Ressalta
ainda o autor que o ICMS constitui um imposto estadual, sucessor do
antigo Imposto de Vendas e Consignações (IVC).
Em relação ao entendimento de Carrazza sobre o ICMS se avalia:
A sigla “ICMS” alberga pelo menos cinco impostos diferentes, a saber: a) o imposto sobre operações mercantis (operações relativas à circulação de mercadorias), que, de algum modo, compreende o que nasce da entrada de mercadorias importadas do exterior; b) o imposto sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal; c) o imposto sobre serviços de comunicação; d) o imposto sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasoso e de energia elétrica; e ) o imposto sobre a extração, circulação; distribuição ou consumo de minerais. Dizemos diferentes, porque estes tributos têm hipóteses de incidências e bases de cálculo diferentes. Há, pois, pelo menos cinco núcleos distintos de incidência do ICMS (CARRAZZA, 2009, p.36-37).de incidência do ICMS (CARRAZZA, 2009, p.36-37).
Como vimos o ICMS é um imposto que incide sobre cinco tipos
diferentes operações, mas o que nos interessa é a operação de
45
Circulação de mercadorias e para chegarmos a ao grau de comparação
é fundamental entender o que a Constituição quer dizer com circulação
de mercadoria, e qual o conteúdo econômico deste imposto.
Considerando o entendimento de Carrazza em relação a
abrangência do ICMS há que se considerar que a isenção deste
imposto pode afetar diversos agentes da economia brasileira e, por
isso, esta forma de incentivo necessita ser amplamente avaliada para
não consentir uma ação unicamente com visão política, deixando de
lado a questão Constitucional ou os quesitos jurídicos que envolvem
estes incentivos.
A Lei Complementar 87/96 chamada de Lei “Kandir” de acordo
com Azevedo et al. (2009) traçou normas gerais e específicas em
relação ao ICMS, alterando sensivelmente o cenário jurídico da
tributação e receitas de cada Estado brasileiro, com reflexos também
na arrecadação dos municípios.
O Estado que recebeu bastante investimentos privados foi o Ceará porque teve a mão-de-obra apesar de não ser qualificada pelos benefícios do fundo de desenvolvimento do Ceará - FDI Em relação à Lei Kandir, o Ceará, apesar da discreta participação no montante exportado pelo Brasil, também amargou perdas na arrecadação do ICMS. 6 Valores corrigidos pelo INPC, IBGE, com base em janeiro de 2007. 7 Preços de janeiro de 2007, calculado pelo índice médio anual, INPC – IBGE. 13
De acordo com alei de Kandir o estado do Ceará apesar da pequena
participação relativa na exportação total brasileira, teve perdas de arrecadação
em consequência da isenção tributárias obre as vendas para o mercado
externo. Os valores estimados revelam a incapacidade dos repasses federais
na igualdade das perdas de arrecadação de CMS para o Ceará.
Sobre a incidência do ICMS, se analisa a Lei Complementar 87
de 1996 (Lei “Kandir”) em seu artigo 2°:
46
I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive
o fornecimento de alimentação e bebidas em bares,
restaurantes e estabelecimentos similares;
II – prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens,
mercadorias ou valores;
III – prestações onerosas de serviços de comunicação, por
qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a
transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de
comunicação de qualquer natureza;
IV – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços
não compreendidos na competência tributária dos Municípios;
V – fornecimento de mercadorias com prestação de serviços
sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos
Municípios, quando a lei complementar aplicável
expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.
VI – a entrada de mercadoria importada do exterior, por
pessoa física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem
destinado a consumo ou ativo permanente do
estabelecimento;
VII – o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se
tenha iniciado no exterior;
VIII – a entrada, no território do Estado destinatário, de
petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não
destinados à comercialização ou à industrialização,
decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto
ao Estado onde estiver localizado o adquirente .
Importante considerar que o ICMS pode ter alíquotas diferenciadas
pela essencialidade dos produtos, como se apresenta no IPI – Imposto sobre
Produtos Industrializados. Consubstancia-se que o ICMS é um imposto que
se propõe a regular o consumo de produtos e serviços no país, sendo que
este imposto não possui uniformidade de alíquotas.
O ICMS é um tributo de competência estadual, sendo que no critério
de repartição das receitas, uma parcela da arrecadação pertence ao
município. Dessa forma, quando existe a concessão de redução ou isenção
da alíquota, os municípios também passam a ter sua arrecadação reduzida, o
47
que deve ser estudado com abrangência para não causar problemas de falta
de recursos para a aplicação social.
Importante ressaltar que a simples isenção do ICMS pode causar
problemas com relação ao tratamento diferenciado, sendo que um dos
principais princípios que norteia o direito tributário é o da isonomia, ou seja:
A regra da igualdade (ou da isonomia) consiste senão em aquinhoar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Tal afirmação originou-se do sábio ensinamento de Duguit, que, reproduzindo o pensamento de Aristóteles, permitiu que a clássica ideia da igualdade relativa fosse divulgada a nós por
Rui Barbosa (SABBAG, 2009, p.91).
Vale ressaltar que o uso de incentivos fiscais a partir do
desconto da alíquota do ICMS ou de sua renúncia, mesmo que por um
período determinado de tempo, poderá ferir o princípio da isonomia,
dando tratamento desigual a contribuintes que são iguais.
A legislação é clara em relação ao art. 150, II, nos seguintes
termos:
É vedado [...] instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função por ele exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (SABBAG, 2009, p.94).
Concebe-se assim, que muitos estados na “guerra fiscal”
acabam oferecendo para algumas empresas incentivas que ferem o
princípio da isonomia e da igualdade, prejudicando assim, as demais
empresas que desempenham a mesma função, porém, não possuem o
mesmo tratamento em relação a isenção fiscal.
Diante das considerações feitas no aspecto do que norteia o
princípio da isonomia, faz-se necessário a profunda análise pelo poder
público no que diz respeito ao custo benefício trazido pelos incentivos
fiscais concedidos. Entende-se que para incentivar o crescimento de
48
uma região ou Estado há que se realizar concessões como a isenção
fiscal, porém, é preciso que o retorno à sociedade seja relevantemente
maior do que a desobediência ao princípio da isonomia.
4.2 INCENTIVOS FISCAIS CONCEDIDOS COMO FOMENTO
À ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ.
Os incentivos fiscais não podem ser concedidos com o único
objetivo de beneficiar a empresa na redução de sua carga tributária,
consequentemente aumentando seu lucro e a pseudo modernização do
Estado. Neste sentido, entende-se que o desenvolvimento econômico e
social precisa ser uma consequência real de tais incentivos.
No entendimento de Varsano (1997) existe uma disputa entre os
estados brasileiros para receber novos incentivos, sendo que os
governos lutam com a concessão de isenção, muitas vezes, à revelia
da lei, oferecendo especialmente incentivos fiscais a partir do ICMS,
seja na isenção parcial ou total de sua alíquota, todavia, há que se
considerar os reais benefícios que tais ações resultam.
É preciso salientar que nesta guerra por incentivos e
investimentos, os estados brasileiros com melhor potencial econômico
e financeiro, acabam tendo maior poder de barganha com os
investidores, sendo que outros, para vencer esta “guerra fiscal” acabam
indo além dos limites e oferecendo incentivos que evidentemente não
beneficiam aqueles que realmente devem ser atingidos, causando
problemas de ordem econômica, social e fiscal, para os concessores e
os tomadores de incentivos de isenção fiscal.
Os incentivos fiscais concedidos como forma de fomento da
economia devem ser realizados somente em alguns casos, como, por
exemplo, o entendimento de Varsano (1997) de que deve ser um
49
investimento novo, não constituindo uma adição ao investimento já
existente.
No caso específico do Ceará, o incentivo fiscal vem sendo um
recurso utilizado pelo governo estadual, especialmente no Governo
atual o qual tem dado mais ênfase ao desenvolvimento econômico do
Estado, observando como essencial seu crescimento a partir do
fomento da economia e de novos investimentos, principalmente no
setor industrial.
4.3 CONTROVÉRSIAS EM RELAÇÃO AO GANHO OU
PERDA DO ESTADO OU MUNICÍPIO
Existem controvérsias em relação à perda ou ganho dos
municípios no que se relaciona aos incentivos fiscais, como, por
exemplo, a isenção ou redução das alíquotas de ICMS.
Considerando ser o ICMS um imposto estadual, mas também
com um percentual repassado para os municípios, entende-se que a
isenção fiscal atinge não somente os cofres públicos do Estado, mas
também os dos municípios que tem direito a participação da receita
deste imposto.
O repasse do ICMS para os municípios foi uma decisão
regulamentada a partir da Lei Complementar Nº 63/90, a qual
considerou alguns critérios, que se apresentam:
- transferência automática e semanal;
- repasse é feito pelo sistema financeiro estadual, sem a necessidade dos recursos transitarem pelo Tesouro do Estado;
- os recursos arrecadados em uma semana deverão ser transferidos à conta de cada Município até o segundo dia útil da semana seguinte;
50
- há possibilidade de fiscalização permanente pelo Município
ou sua entidade de representação (FAMUP, 2009, p.1).
O ICMS é um imposto de competência do Estado e Distrito Federal
cabendo a cada um instituí-lo, como determina a Constituição Federal de 1988
(art. 155, II). O fato gerador as operações relativas à circulação de mercadorias
e as prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.
Conforme a Lei 63/90 todos os critérios criados tem que ser mantido de acordo
com o repasse concedidos
A arrecadação do ICMS é essencial para grande parte dos
municípios que tem na repartição deste imposto uma de suas principais
rendas. No entanto, há que se considerar que a isenção ou redução
desta alíquota para incentivar as empresas poderá ser um risco,
quando o incentivo fiscal não é refletido no aspecto positivo para a
população.
Por outro lado, o incentivo fiscal concedido às empresas, poderá
beneficiar relevantemente a sociedade por intermédio da geração de
renda e oportunidades. No caso deste estudo, objetivou-se identificar
se a população mato-grossense foi beneficiada com as concessões de
incentivos fiscais às empresas que no Estado se instalaram.
É relevante considerar que vem ocorrendo no Estado do Ceará
um fenômeno diferente em relação a alguns estados do país, sendo
que o processo de interiorização vem fazendo com que o ICMS seja
arrecadado e repassado também para o interior do Estado, isto posto ,
considera-se que:
A interiorização da economia do estado do Ceará e a criação de municípios foram os principais indutores da redistribuição natural entre as cidades dos 25% do ICMS arrecadados pelo Estado. (SEFAZ, 2009, p.1).
51
Os incentivos fiscais para o Estado do Ceará vieram trazer
novas empresas e gerar empregos diretos, e reduzir a carga tributária.
Importante ressaltar que o uso dos incentivos fiscais com a
redução do ICMS atinge diretamente os municípios do interior, sendo
que para beneficiar as empresas é preciso que sejam observados os
critérios legais, porém é necessário realizar uma avaliação para não
onerar os cofres públicos Estaduais e municipais em nome do fomento
econômico, visto que pode ocorrer a inversão de valores destas ações
e o incentivo concedido tornar-se essencialmente oneroso para os
municípios.
Esse aspecto confirma uma das controvérsias desse tema,
exigindo análise profunda antes de ser dada como correta ou errada a
tese da perda de recursos dos municípios mato-grossenses,
decorrentes das concessões de incentivos fiscais, como defendem
alguns estudiosos.
Há de se considerar o ganho de recursos e oportunidade para
um determinado município quando uma indústria se instala no Estado.
Todavia, como já foi mencionado anteriormente, para a concessão dos
referidos incentivos fiscais às empresas com pretensão de instalação
no território mato-grossense, será necessário avaliação e estudo
aprofundado.
4.4 - INCENTIVOS FISCAIS VERSUS GUERRA FISCAL
É importante considerar que os estados brasileiros devem ter
consciência que o uso indiscriminado de concessão de isenções fiscais
em nome de novos investimentos, pode transformar-se em uma guerra
fiscal entre os Estados, em que o ganhador desta “batalha” tenha mais
ônus do que benefícios.
52
Esta guerra fiscal pode ter consequências ruins tanto para os
estados que “ganham” os investimentos a partir da isenção de impostos
como o ICMS, como aos municípios “contemplados” com o
investimento.
Infere-se que esta guerra fiscal ocorre devido a diversidade na
arrecadação do ICMS, posto que cada Estado tem o poder de legislar
sobre as alíquotas deste imposto. Dessa forma, é relevante que o
Poder Público Federal possa legislar sobre esta questão, assim, de
acordo com Tatim:
Encontra-se em fase de tramitação no Congresso Nacional a
Proposta de Emenda Constitucional n° 285/2004, a qual
tratará, basicamente, da unificação das 27 legislações do
ICMS e tem como ponto importante o fim das concessões
isoladas de benefícios fiscais por estados que pretendem
atrair seus territórios as operações realizadas por empresas
sediadas em outros estados. É a já conhecida e tão
combatida guerra fiscal (TATIM, 2009, p.1).
Mais uma vez o ICMS revela-se como um objeto de maior
preocupação ressalta-se que ainda não foi aperfeiçoado a tal ponto que
nem chegou a ser apresentado ao congresso nacional tendo em vista
apenas uma proposta parcial ao senado e não a câmara dos
Deputados.
Em verdade o que busca esta lei é unificar o posicionamento
tributário entre os estados, reduzindo de acordo com Tatim (2009, p.3)
“[...] a sangria tributária imposta pela guerra fiscal, os governos
estaduais optaram pela celebração de um convênio que proíba a
concessão de novos incentivos até a promulgação da reforma
tributária. [...]”.
Quanto aos incentivos fiscais, estes se diferenciam da guerra
fiscal, se concedidos com a finalidade de desenvolvimento econômico
para o Município e o Estado, erradicação da pobreza e equilíbrio das
53
desigualdades sociais e regionais, considerando que as empresas
beneficiárias contribuam diretamente para a geração de renda, redução
do desemprego e possa permitir o equilíbrio econômico da região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A principal questão discutida durante este trabalho se relacionou
a legalidade dos incentivos fiscais oferecidos para que novas empresas
venham se instalar em fortaleza considerando que para isso, o Poder
Público do Município e do Estado influenciaram nas questões
econômicas.
De acordo com a pesquisa bibliográfica e as informações
coletadas junto aos pesquisados os incentivos fiscais oferecidos pelo
Poder Público são constitucionais, bem como, constituíram o principal
motivo para a instalação das empresas em Fortaleza, com destaque a
redução do ICMS.
Com relação à concessão dos incentivos fiscais, muitos
doutrinadores consideram que pode gerar uma “guerra fiscal” capaz de
prejudicar a sociedade e os próprios incentivadores.
Assim, constatou-se que a geração de empregos é um dos
principais benefícios gerados com os incentivos fiscais, tendo a
redução na arrecadação de impostos e tributos como uma das
principais desvantagens geradas pelo incentivo fiscal concedido para
novos investimentos. Verifica-se, portanto, o custo/benefício da ação
do governo quando substitui a arrecadação por emprego.
Concluiu-se assim, que os incentivos ficais são realmente
capazes de aumentar o fluxo de empresas instaladas em Fortaleza, a
pesquisa mostrou um elevado percentual de empresas que se
instalaram devido aos incentivos fiscais estaduais concedidos, bem
54
como, outros incentivos como é o caso da doação de terreno e da
construção de infraestrutura.
Por fim, conclui-se que o Poder Público está apto a desenvolver
programas de industrialização dos municípios e estados a partir do uso
dos incentivos fiscais, desde que as concessões não causem condições
de benefícios para algumas empresas em detrimento a outras. Neste
sentido, os incentivos devem ser concedidos sob o enfoque de
proteção legal, principalmente constitucional, para que não seja criado
um ambiente de concorrência desleal e favorecimento ilícito.
Assim, a sugestão deste trabalho é que novas ações sejam
executadas, em prol do desenvolvimento econômico não perdendo
sempre o foco de novas empresas se instalarem cada vez mais aqui no
nosso Estado para uma geração de renda cada vez maior. Que os
órgãos estatais competentes juntamente como Governo do Estado,
ponham em prática avaliações e proibições para que as ações de
incentivos fiscais sejam realizadas sem que uma pessoa ou grupo
possa ser beneficiado sem danos ou prejuízo aos direitos de toda a
sociedade.
55
BIBLIOGRAFIA.
ALMEIDA, Roberto Moreira de. A Constituição de 1988 e a intervenção
estatal no domínio econômico. In: Revista de Informação Legislativa.
Brasília. Jul./set. 1997
ARAGÃO, F. J. P. O Impacto Social da Política de Incentivos Fiscais no Estado
do Ceará - O Caso de Maranguape. (Dissertação de Mestrado). Universidade
Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, 2005.
AVELAR, A. P. M & ALVES, P. F. Avaliação de Impactos de Programas de
Incentivos Fiscais à Inovação – Um Estudo sobre os Efeitos do PDTI no Brasil.
Revista Economia, Janeiro – Abril 2008.
AVELAR, A. P. M & KUPFER, D. Avaliação de Impacto de Programas de
Incentivos Fiscais e Incentivos Financeiros à Inovação no Brasil em 2003.
Disponível em:
http://www.anpec.org.br/encontro2008/artigos/200807211230280-.pdf.
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 13. ed. rev. e ampl. até a Emenda
Constitucional 56/2007, e de acordo com a Lei Complementar 87/1996,
com suas ulteriores modificações. São Paulo: Malheiros, 2009.
EFEITO DOS INCENTIVOS FISCAIS NO PATRIMÔNIO
DAS ENTIDADES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA FDI, DO GOVERNO DO
ESTADO DO CEARÁ.
Márcia Martins Mendes De Luca
Doutora em Contabilidade e Controladoria,
Docente do Departamento de Contabilidade da
56
FEAAC – Universidade Federal do Ceará
marcia_deluca@hotmail.com
Virgínia Felício Lopes Lima
Bacharel em Ciências Contábeis,
Coordenadora Administrativa Financeira
da Secretaria de Finanças de Fortaleza
virginia_felll@hotmail.com
LEI 10.367 DE 07.12.1979 – Criado o Fundo de Desenvolvimento do Ceará.
(FDI)
LOSS, Giovani. Aspectos anticoncorrenciais dos incentivos fiscais
estaduais: a análise do CADE. 2000. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id=1307>
VARSANO, Ricardo. A guerra fiscal do ICMS: quem ganha e quem
perde. 1997. Disponível em:
<http://www.portalfederativo.gov.br/pub/Inicio/Estudos
Federativos/td_0500.pdf> Acesso em: 10 Maio 2009.
Segundo pesquisa feita no site e Paulo Francisco Barbosa Sousa Mestre em
Economia – CAEN/ UFC.
Economista da ACEP. Flávio Ataliba Flexa Daltro Barreto
Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, EPGE/FGV.
Professor do CAEN/UFC. Guilherme Irffi
Doutorando em Economia, CAEN/UFC. Professor da Universidade Federal do
Ceará, Depto. Economia, Campus Sobral.
57
ANEXO
58
ICMS
FDI - ALTERAÇÃO
RESUMO: Promove alterações no Decreto n º 27.040/2003 (Bol. INFORMARE n º
23/2003) o qual consolida e regulamenta a legislação do Fundo de
Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará - FDI.
DECRETO Nº 469 de 13.11.2006
(DOE DE 20.11.2006)
Altera dispositivo do Decreto nº 27.040, de 9 de maio de 2003, que consolida e
regulamenta a legislação do fundo de desenvolvimento industrial do Ceará - FDI.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, no uso das atribuições que lhe
confere os incisos IV e VI, do art.88, da Constituição Estadual, tendo em vista o
dispositivo do art.8º, da Lei nº10. 367, de 7 de dezembro de 1979, que cria o
Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará - FDI;
CONSIDERANDO a necessidade de adequar a política de desenvolvimento do
Estado, proporcionando a implantação e ampliação de empresas, com o
consequente incremento de emprego e renda,
DECRETA:
Art. 1º O §1º, do art.8º, do Decreto nº27.040, de 9 de maio de 2003, que
consolida e regulamenta a legislação do Fundo de Desenvolvimento Industrial do
Ceará - FDI, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Artigo 8º (...)
§1º. Excluem-se do conceito de atividade de fundamental interesse para o
desenvolvimento econômico do Estado, as indústrias assim discriminadas:
I - extração, industrialização e comercialização de águas envasadas em
garrafões, garrafas e copos;
59
II- construção civil;
III - fumageiras;
IV - fabricação de açúcar e álcool anidro, neutro e hidratado.
Art. 2º Fica revogado o inciso III do §2º, do artigo 8º, do Decreto nº27.040, de 9
de maio de 2003.
Art. 3º Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO IRACEMA, DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em
Fortaleza, aos 13 de novembro de 2006.
Lúcio Gonçalo de Alcântara
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
Francisco Régis Cavalcante Dias
SECRETÁRIO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
José Maria Martins Mendes
SECRETÁRIO DA FAZENDA.
Decreto Nº 31265 DE 01/08/2013
Publicado no DOE em 2 agosto 2013
Altera o Decreto nº 24.569, de 31 de julho de 1997, que regulamenta a Lei nº
12.670, de 27 de dezembro de 1996, que dispõe acerca do Imposto sobre
Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de
Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação
(ICMS), e o Decreto nº 29.183, de 8 de fevereiro de 2008, que consolida e
regulamenta o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (FDI).
60
O Governador do Estado do Ceará, no uso das atribuições que lhe conferem os
incisos IV e VI do art. 88 da Constituição Estadual, Considerando a
necessidade de atualização permanente das políticas de atração de
investimentos para a economia cearense,
Decreta:
Art. 1º O Decreto nº 24.569, de 31 de julho de 1997, passa a vigorar com nova
redação do § 12 do art. 13, nos seguintes termos:
§ 12. Encerra-se a fase de diferimento do pagamento do ICMS, de que tratam
os incisos II, III, V e VI do § 1º deste artigo, no momento em que o importador
destinar a mercadoria ou bem importado:
I - para outro contribuinte deste Estado, exceto na situação de que trata o
inciso XV do caput deste artigo;
II - para outra unidade da Federação, a qualquer título.
Art. 2º O Decreto nº 29.183, de 8 de fevereiro de 2008, que consolida e
regulamenta a legislação do Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará
(FDI), instituído pela Lei nº 10.367, de 7 de dezembro de 1979, passa a vigorar
com as seguintes alterações:
I - nova redação do inciso I do caput do art. 40 e acréscimo do parágrafo único:
“Art. 40. (.....)
I - garantia, pelo prazo de até 120 (cento e vinte) meses consecutivos, dos
incentivos do PCDM, com as seguintes reduções do ICMS gerado:
a) saídas interestaduais de mercadorias, em até 75% (setenta e cinco por
cento);
61
b) saídas internas de mercadorias sem similar produzido neste Estado, em até
50% (cinquenta por cento);
Parágrafo único. Para usufruir do tratamento previsto na alínea “b” do inciso I
do caput deste artigo, deverá o contribuinte comprovar a inexistência de similar
produzido neste Estado, mediante atestado específico expedido pela
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC)." (NR)
II - acréscimo da alínea “d” ao inciso I do caput do art. 42:
“Art. 42. (.....)
I - (.....)
d) de aquisição interna de mercadoria realizada na forma do inciso XV do caput
do art. 13 do Decreto nº 24.569, de 31 de julho de 1997;
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza,
ao 01 de agosto de 2013.
Cid Ferreira Gomes
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
João Marcos Maia
SECRETÁRIO ADJUNTO DA FAZENDA
A responsável pelo o acompanhamento e monitoramento dos
benefícios concedidos e acompanhamento das metas apresentadas é a
agência de desenvolvimento do estado do Ceará – ADECE. Vemos também
que com todas essas leis e decreto que foi mencionado cabe ao governador
62
do estado em exercício alterar algum item o qual consolida e regulamenta a
legislação do Fundo de Desenvolvimento Industrial do Estado do Ceará .
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