cgi prod.conjunta prod.defeituosa
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Docente : Álvaro Silva 1 Contabilidade de Gestão I
Instituto Politécnico de Viana do Castelo Escola superior de Ciências empresariais
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2 Contabilidade de Gestão I
Apuramento do custo industrial dos produtos conjuntos
Como já referido, no processo de produção conjunta pode-se distinguir duas
fases principais na fabricação dos produtos:
• Fase da produção conjunta, que é a que se verifica até ao ponto de
separação dos produtos, ocasionando gastos que se designam por custos
conjuntos;
• Fases seguintes (que eventualmente podem não existir), em que os semiprodutos
obtidos no ponto de separação são acabados, em regime de produção
disjunta, implicando os chamados custos específicos.
Semi-produto A Produto A
Produção conjunta Ponto de separação
Produto B Semi-produto B
Custos conjuntos custos específicos
.
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Docente: Álvaro Silva 3 Contabilidade de Gestão I
Os custos conjuntos são custos comuns aos produtos, não havendo qualquer
possibilidade de conhecer os custos reais de cada um deles. Assim, e tendo em
conta a necessidade de calcular os custos por produtos, adoptam-se critérios
para repartir os custos conjuntos pelos produtos:
o critério das quantidades produzidas
o critério do valor de venda da produção
o critério do valor de venda da produção reportado ao ponto de separação dos
produtos
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Exemplo de Aplicação
A sociedade Química Industrial, SA, dedica-se à fabricação de três produtos
químicos para uso industrial. O processo de fabrico é o seguinte:
No departamento X as matérias-primas M e N são misturadas trituradas e
prensadas.
O produto obtido no Departamento X – semiproduto a - é enviado, ato
contínuo, por meio de tapetes rolantes, para o Departamento Y, onde é sujeito a
um tratamento químico através da adição da matéria O, obtendo-se os produtos
A e B, o semiproduto c e o subproduto S. Os dois primeiros dão entrada no
respetivo armazém e o subproduto é vendido a um cliente.
O semiproduto c é sujeito a operações de transformações no Departamento Z,
obtendo-se, a partir dele, o produto acabado C que segue para armazém.
Em determinado mês apuraram-se os seguintes dados:
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Exemplo de Aplicação
Produção:
Semiproduto a
Semiproduto c
Produto A
Produto B
Produto C
Subproduto S
1 400 ton
800 ton
600 ton.
360 ton.
720 ton.
80 ton.
Não havia produção em curso de fabrico no início e no fim do mês
Consumos:
Matéria – M 400 ton. A 3 300 € cada
Matéria – N 1 000 ton. A 2 800 € cada
Matéria – O 480 ton. A 3 700 € cada.
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Docente: Álvaro Silva 6 Contabilidade de Gestão I
Exemplo de Aplicação
Mão-de-Obra direta:
Departamento X – 689 000 €
Departamento Y – 461 200 €
Departamento Z – 1 100 000 €
Gastos Gerais de Fabrico:
Departamento X – 1 073 000 €
Departamento Y – 624 800 €
Departamento Z – 1 208 000 €
Gastos Gerais de Fabrico
Produto A – 5 500 €
Produto B – 15 000 €
Produto C – 18 900 €
Subproduto S – 1 800 €
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Docente: Álvaro Silva 7 Contabilidade de Gestão I
Exemplo de Aplicação
Supõe-se que a empresa adopta o critério do valor de venda no ponto de
separação para efeitos de repartição dos custos conjuntos, e admite-se ainda,
que o subproduto é valorizado pelo critério do lucro nulo.
Resolução:
M
N
Dep
X Dep
Y
arma
zém
a A
B
o S c
(cliente)
Dep.
Z
C
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Exemplo de Aplicação
Determinação da percentagem de repartição dos custos conjuntos
Produtos Preç.Venda Quantidade Val. Venda P.S. %
A 5.500 600 3.300.000 16,5%
B 15.000 360 5.400.000 27,0%
C 18.900 720 13.608.000
custos Específicos de C:
- MOD Dep. Z 1.100.000
- GGF Dep. Z 1.208.000
2.308.000 2.308.000
Val. De venda no ponto de sep. do
prod C 11.300.000 56,5%
Total 20.000.000 100,0%
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Exemplo de Aplicação
Os custos conjuntos no ponto de separação foram:
Fatores Quantidade Preço Unit. Val. Total
Custos à saída do Dep. X (semiproduto a)
Matéria M 400 3.300 1.320.000
Matéria N 1.000 2.800 2.800.000
Total de Matérias 4.120.000
MOD 689.000
GGF 1.073.000
Custo semiproduto a 1.400 4.201,4 5.882.000
Custos do Departamento Y
Custos do semiproduto a 1.400 4.201,4 5.882.000
Matéria O 480 3.700 1.776.000
MOD 461.200
GGF 624.800
Total de Custos à saída do Dep. Y 8.744.000
Valor de Venda de S 80 1.800 -144.000
Total de Custos a Repartir 8.600.000
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Docente: Álvaro Silva 10 Contabilidade de Gestão I
Exemplo de Aplicação
Repartição dos custos conjuntos::
Produtos % de Repartição Repartição quant Prod. Cust.Unit.
A 16,5% 1.419.000 600 2.365,0
B 27,0% 2.322.000 360 6.450,0
C 56,5% 720
- Custo do semiproduto c 4.859.000
- Custo de transf. Dep. Z
MOD (Dep. Z) 1.100.000
GGF (Dep. Z) 1.208.000
Total de Custo do Prod. C 7.167.000 9.954,2
Custo Industrial unitário do produto A 2.365,0 € Custo Industrial unitário do produto B 6.450,0 € Custo Industrial unitário do produto C 9.954,2 €
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Docente: Álvaro Silva 11 Contabilidade de Gestão I
Produção Defeituosa
Nas empresas industriais é bastante usual o aparecimento de defeitos de fabrico,
os quais podem ser detetados ao longo do processo de fabrico ou à saída da
fábrica, normalmente por exames feitos pelo Serviço de Controlo de Qualidade.
Em termos de Contabilidade Analítica, o tratamento dos defeitos de fabrico
envolve duas hipóteses:
• O defeito é considerado dentro dos padrões normais de fabricação e o seu
custo é suportado pela produção boa (sem defeito)
• O defeito é considerado anormal (acidental) e o seu custo é deduzido ao custo
de produção, para ser imputado a uma conta de resultados.
Relativamente ao tipo de defeituosos pode falar-se de três situações distintas:
1) Os defeituosos detetados impedem os produtos de satisfazer necessidades
económicas tratando-se, por isso, de inutilizáveis;
2) Os defeituosos apenas limitam a utilidade (o valor económico) dos
produtos, mas não anulam a sua individualidade, podendo ser vendidos a um
preço mais baixo com a designação de refugos:
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Docente: Álvaro Silva 12 Contabilidade de Gestão I
3) Os defeitos podem ser corrigidos total ou parcialmente, podendo os produtos
ser submetidos, ou não a reelaboração.
Conceitos e classificações de produção
A produção útil (Pu) é a produção que satisfaz as condições que determinaram o
seu lançamento em produção. Assim, num processo de fabrico com ocorrência
de produção defeituosa denomina-se produção útil a que no fim de um
segmento (j) se encontra em condições de ser transferida para o segmento (j+1),
para continuar o processo de fabrico, ou para o armazém de produtos
fabricados para ser vendida
Quanto ao conceito de produção defeituosa de um dado segmento do processo
produtivo, é aquela que no termo do mesmo segmento não satisfaz os
requisitos especificados para ser qualificada de útil.
Como já foi referido, a produção defeituosa é retirada do processo de fabrico
porque não cumpre, em termos de qualidade, o objetivo para que foi lançada
em fabricação. Estas unidades são rejeitadas porque apresentam um grau de
defeito que não permite a sua passagem para outro segmento de produção nem
a sua normal comercialização.
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Docente: Álvaro Silva 13 Contabilidade de Gestão I
Assim, pode acontecer que devido às características do processo produtivo ou a
qualquer das outras causas referidas, as unidades apresentem defeitos de tal
modo graves que lhes retira totalmente a sua utilidade para satisfazer
necessidades e consequentemente qualquer valor económico.
A produção defeituosa compreende, pois, os produtos inutilizáveis, os produtos
de refugo e os produtos sujeitos a reelaboração
Partindo desta classificação, os produtos inutilizáveis são produção com
inaptidão absoluta. As razões podem ser de ordem técnica (anomalias no
processo produtivo) ou de outro tipo, como por exemplo, deficiente qualidade
das matérias primas. O seu valor económico é considerado nulo, pois o produto
é inútil e não serve para venda e muitas as vezes, a empresa ainda suporta
custos para remover e eliminar estes produtos.
Os produtos de refugo não reúnem as condições de qualidade exigidas pelos
padrões definidos na empresa, mas embora não seja técnica ou
economicamente possível a sua reelaboração, com vista à obtenção do produto
com qualidade exigida, são objeto de venda. Portanto, trata-se de produtos
imperfeitos para os quais não existe possibilidade de reconversão em produtos
de primeira qualidade porém podem ser comercializados no seu estado atual
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Docente: Álvaro Silva 14 Contabilidade de Gestão I
Como produtos de 2ª escolha, 2ª categoria ou 2ª qualidade, enquanto as
unidades perfeitas, não defeituosas, são denominadas de 1ª escolha, ou de 1ª
classe.
Os produtos sujeitos a reelaboração, numa primeira fase da produção podem
detetar-se unidades inaceitáveis do ponto de vista da sua utilidade, isto é, os
produtos defeituosos apresentam uma qualidade inferior à exigida. Todavia, os
defeitos têm possibilidade de ser recuperados através dum processamento
adicional permitindo obter produtos de primeira qualidade, ou pelo menos,
produtos com condições de venda mais favoráveis do que as iniciais, porque a
sua qualidade foi melhorada.
A decisão de reelaborar tem subjacente as seguintes etapas:
1) a reelaboração deve ser tecnicamente possível; e
2) _tendo em conta o grau de utilização da capacidade instalada deve
proceder-se a uma comparação gastos/rendimentos adicionais, ou seja,
efetuar uma análise custo benefício.
Sempre que se trate de um processo produtivo com inerência de produção
defeituosa, a produção efetiva total é representada, analiticamente, do
seguinte modo:
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Docente: Álvaro Silva 15 Contabilidade de Gestão I
DePuPe Pe – Produção efetiva total; Onde: Pu – produção efetiva útil; De – produção efetiva defeituosa.
A produção defeituosa efetiva é a produção defeituosa que em cada período
ocorreu efetivamente e corresponde à adição da produção defeituosa normal com
a produção defeituosa anormal. Analiticamente apresenta-se:
DaDnDe Dn – produção defeituosa normal Onde: Da – produção defeituosa anormal
A taxa de defeituosos efetivos (δe) é dada pela relação entre a produção
defeituosa efetiva e a produção útil e representa-se por
(δe) =
A produção defeituosa normal (Dn) é a esperada, ou seja, mesmo que o processo
produtivo decorra de forma eficiente do ponto de vista operacional, pode haver
lugar à ocorrência de produção defeituosa que se designa produção defeituosa
normal.
Pu
De
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δn =
Pu
Dn
A taxa esperada de produção defeituosa normal, (δn) relaciona a produção
defeituosa normal e a produção útil, ou seja:
A produção defeituosa anormal (Dn) é a que resulta durante o processo produtivo
decorra de forma acidental, anormal ou extraordinária. Trata-se de produção
defeituosa que ultrapassa os limites estabelecidos, pelos responsáveis, quanto à
ocorrência de defeitos. Analiticamente, a produção defeituosa anormal é representada pela diferença:
DnDeDa
A fundição X no fabrico das peças modelo 123 é normal obter-se uma quebra de
5% do número de peças boas.
Com vista a satisfazer a encomenda nº 453, da empresa Montagens de Máquinas,
SA, lançaram em fabrico 1 050 peças que originou os seguintes custos:
Tomemos o seguinte exemplo de aplicação:
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Docente: Álvaro Silva 17 Contabilidade de Gestão I
• Matérias incorporadas
• Custos de transformação
235 581 €
147 860 €
383 441 €
À saída da fundição foram contadas 1 026 peças boas (24 tinham defeito, cujo
valor para sucata é de 470 €
No caso da referida peça constituir um produto de gama normal de fabrico, o custo
unitário é de:
Custo das matérias primas
Custos de transformação
total
Sucatas
Custo Industrial
Custo unitário ( 382 971 € / 1 026)
235 581 €
147 860 €
383 441 €
- 470 €
382 971 €
373,2 €
Supondo agora que em vez das 1 026 peças boas, apenas se contaram 995 peças
boas (55 foram rejeitadas pelo controlo de qualidade). O valor para sucata das
peças com defeito é de 1 078 €
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Docente: Álvaro Silva 18 Contabilidade de Gestão I
Custo das matérias primas
Custos de transformação
total………………………..
Sucatas (50 x 19,6 €)
Custo Industrial
Custo unitário ( 382 461 € / 1 000)
235 581 €
147 860 €
383 441 €
- 980 €
382 461 €
382,46 €
Nesta hipótese, o custo apurado será:
O custo das 5 peças defeituosas anormais é de:
Custo Industrial (5 x 382,46 €)
Sucatas (5 x 19,6 €)
Total ……………………….
1 912,3 €
- 98 €
1 814, 3 €
O valor de 1 814,3 € será levado diretamente a uma conta de resultados.
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Docente: Álvaro Silva 19 Contabilidade de Gestão I
O problema dos produtos defeituosos pode ainda apresentar outras variantes. Na
verdade, o defeito pode ser recuperável mediante determinadas operações
adicionais, as quais podem melhorar o respetivo valor de venda.
Interessa, pois, comparar o valor de venda com o custo de recuperação e, se for
vantajoso, há conveniência em proceder deste modo.
Vamos admitir que à saída da secção “Máquinas de Talhar Engrenagens” o Serviço
de Qualidade detetou 40 peças com defeito, o qual é possível de recuperação
numa secção da Oficina de Mecânica. A alternativa é voltar a fundir as peças da
fundição, sendo as peças defeituosas valorizadas como sucata por 96,0 €. O custo
unitário à saída da secção “Máquinas de Talhar Engrenagens” era de 27,5 €.
A recuperação vai levar 10 horas na secção “Tornos”, valorizadas ao custo de 16,2
€ cada, possibilitando a venda das peças, no mercado a 30 € cada
Em termos de gestão interessa recuperar as peças, uma vez que:
.
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Docente: Álvaro Silva 20 Contabilidade de Gestão I
1. Proveitos 40 peças
2. Custos Acumulados
3. Custos de Recuperação
4. Diferença (.1- (2+3))
96 €
1 100 €
0 €
(1 004 €)
1 200 €
1 100 €
162 €
(62 €)
Sucata Recuperação
Embora a recuperação se apresente vantajosa, pode acontecer que a
mesma acarrete problemas na programação de fabrico, uma vez que pode
impedir a execução de novas ordens de fabrico ou pode atrasar o
cumprimento dos prazos de entrega de encomendas em carteira. A análise
destes aspetos terá que ser devidamente ponderado pela gestão da fábrica.
(pode por exemplo, interessar mandar recuperar as peças defeituosas no
exterior)
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