cha gas · 2020. 2. 11. · jv anno hk domingo, 2 2 de maio de 1904: n:' 149 sem an ar io n o...
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J V A N N O
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DOMINGO, 2 2 DE MAIO DE 1904: N :' 149
SEM A N AR IO N O T I C I O S O , L IT T E R A R IO E A G R IC O L A
Issi^uatsiraAnno, iSooo reis; semestre. 5oo réis. Pagamento adeantado. Para o Brazil, anno. 2$5oo réis (moeda forte,.A v u ls o , n o d ia da p u b lic a ç ã o . 20 ré is .
-Jo sé Augusto Saloio ic), i.° — RUA DIREITA —' A J L , 1> K C iiA I , I . K G .-V
I t ) , I .°
ií Publicaçõesí i Annuncios— 1.3 publicação, 40 réis a linha.‘ nas seguintes,rt 20 réis. Annuncios na 4.» pag-na. contracto especial. Os auto- ; ; graphos náo se restituem quer sejam 011 náo publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
EX PE D IE N T E
Rogamos aos nossos estim áveis assigna»<es a fineza de nos p a rt ic ip a rem qtialtguer faláa na re messa do jo rna l, pa ra «le prom pto p i*«vi<!e»<*i ;t r - mos.
ieeeitam -se eom g ra t i dão «|Ba;«es<píer noticias
sej;sn» de issíeresse pairEico.
Chagas
A Mala da Europa, o bello semanario lisbonense que tão larga acceitação tem no Brazil e em Portugal, teve a brilhante idéa de abrir uma subscripção para se erigir um monumento á memória do grande escriptor Manuel Pinheiro Chagas.
Esse monumento será levantado n’um dos talhões da Avenida da Liberdade, em Lisboa.
E' deveras sympathica essa idéa, porque o nome de Pinheiro Chagas é ainda hoje um dos mais queridos e prestigiosos da litteratura ponugueza.
O auetor da Historia Je Portugal, da Morgadinha dc I 'a ljh r. essa obra prima que em todos os tempos e em todas as edades ha de ser lida com o mesmo entranhado amor, e de tantos outros livros de reconhecido merecimento, tem jus a que o seu paiz lhe perpetue no bronze a memória querida.
A obra de Pinheiro Chagas é vasta; e se, por cir- cumstaneiasparticularesda sua vida, foi obrigado a escrever sempre precipitadamente, sem descanço, essa obra revela comtudo um alto valor intellectual, um assombroso, um prodigioso esforço de vontade.
Historiador, poeta, dramaturgo, comediographo, orador politico, em todos estes ramos, da actividade
humana Pinheiro Chagas se distinguiu, se salientou entre os primeiros.
Bem anda a Mala da E u ropa em emprehender esta cruzada generosa e merece todos os louvores dos que ainda teem amor ás letras em Portugal.
JOAQUIM DOS AN.lOS.
C'orrespo]í«leaí»lís da C ovilhã..
O nosso collega A C orrespondência da Covilhã, entrou no 6.° anno de publicação. Felicitamol-o e desejamos-lhe muitas prosperidade s.
-— - »— - v » —
M U IT A A T T E N Ç Ã O !Os proprietários da mer
cearia Relogio participam aos seus estimáveis freguezes que acaba de chegar ao seu estabelecimento um bonito e variado sortido de calçado de luxo, para homem e para senhora, que vendem por preços modi-GOS.
Franco & Figueira.
A G R I C U L T U R AC olheita e c o a sc rv aç ão
das s e m e n te s , rh izò - Btias e IíòSIío s .
Embora a multiplicação de grande numero de plantas se possa fazer por outros meios além da sementeira, é este o processo de reproducção que se refere aos outros, especialmente quando se trata de plantas annuaes e bisanuaes.
Esta preferencia não data de hoje, mas sim da> mais remotas épocas; já de ha séculos se dizia que a sementeira era o melhor e mais seguro meio de se ter a abundancia, a variedade e a novidade.
Os hollandezes. foram os primeiros que das sementeiras tiraram origem de um largo commercio de flores raras, que obtinham nos seus maravilhosos hortos. O commercio tornou- se-lhes tão lucrativo que comecaran a ter imitado
res em larga escala, primeiro em França, e depois na Inglatérra e na Bélgica, e, émbora em pequena escala, por todo o mundo ci- viiisado.
Hoje qualquer profissional, ou mesmo qualquer particular, póde obter bôas e numerosas sementes dos vegetaes acclimados na região que habitar, desde que dedique a esse serviço uma cuidadosa attenção.
Para se fazer a apanha das sementes é indispensável esperar que ellas estejam completamente maduras, sem o que não se conservam nem germinam.
Escolhe-se para esta operação um dia encoberto, mas secco. A época da colheita varia com o genero da planta, exposição, clima, etc. Em geral reconhece-se que as sementes estão eín estado de ser colhidas quando as hastes amarel- lecem, seecam e as capsulas entreabrem para deixar .cair as sementes á terra.
Cortam-se então as extremidades das hastes, d e - xam-se as sementes nas capsulas que as contém, expoem-se um pouco de tempo ao so! para lhes dar consistência aos tecidos e assegurar aos germens uma conservação mais demorada.
Feito isto guardam-se em pequenas caixas dispostas em logar sêcco até ao momento de ser semeadas.
Quando uma mesma especie de planta vegeta um longo espaço de tempo em um mesmo terreno, acaba por o exg oVtar, absorvendo todòs os suecos ou elementos nutritivos que contém, d’onde resulta uma degenerescencia da planta, degenerescencia que se ae- centua pe.loamarellecime.n- to das folhas, pelo pouco vigor de toda a planta, pela falta de brilho no colorido da flor, que, pela sua parte, cada vez se mostra mais singela.
As plantas, n estas condições, não podem dar boas sementes sendo indispensável que sejam transplantadas periodicamente, es
pecialmente os vegetaes bolbosos e os vegetaes de raizes, ou garras, como as anémonas e os ranuncios, a fim de não degenerarem de prompto.
O arranque ou conservação dos bolbos e das garras não se faz ao acaso, quando muito bem se quer. como bastantes pessoas julgam.
A época mais própria para a extracção do solo dos bòlbos dos narcisos e das tulipas, é a que está comprehendida entre o principio de junho e o meio de agosto. Deve-se proceder a esta operação todos os tres annos, e fazel-o com grandes cuidados, a Hm de não ferir nem molestar o bòlbo com o ferro, colher, ou instrumento utiiisado. Se, apesar de todos os cuidados,'o bòibo for ferido, deve logo cobrir-se o golpe com terra muito sêcca, a fim de tereeptar a passagem do ar e evitar assim o desenvolvimento de bolores.
Arrancados os bolbos passa-se a terra por um crivo, não muito grosso, a fim de separar todos os pequenos bolbos que ella pudesse ainda conter.
Não se desligam os bôl-obos pequenos que estiverem -adherentes aos grandes. DispÕem-se todos os bòlbos cm um taboleiro, que se guarda em sitio sèc- co e bem arejado durante meia duzia de dias. depois do que se separam as variedades e se recolhem em pequenos cestos de vime suspensos do tecto de.uma sala sêcca e bem ventilada ou cie u na estuca fria.
Os bòlbos pequenos, quer sejam por ser esse o seu tamanho natural como os das fritillárias e os de grande numero de gladíojos, quer por ainda não terem attingido o seu completo desenvolvimento, depois de terem andado a seccar em sitio sêcco e bem ventilado, cuidadosamente dispostos em um taboleiro, embrulham-se em papel de seda e guardam-se em caixas de lata, a fim de se lhes evitar o contacto do ar.
Muitos bòlbos carecem de ser transplantados todos os dois annos. Faz-se então esta transplantação no ou- tomno, limpando-os dos pequenos bolbinhos inúteis, que se dispõem em viveiro, e mettendo os bòlbos logo em terra convenientemente adubada.
As garras devem ser arrancadas com o maximo cuidado, todos os annos ou, o maximo, de dois em dois annos, durante o repouso vegetativo. Seccam-se da mesma fórma- que os bòlbos, e guardam-se em caixas entre ,areia fina e bem sêcca de agua dôce. As garras dos ranunculos devem ser arrancadas logoque as folhas seccarem.
Da Ga~eta das Aldeias).
S^esáejos do iíspiritfo % :-a 3t to
A commissão promotora dos grandiosos festejos do Espirito Santo, nesta villa, que terão logar nos dias 16, 17, 18 e 19 do proximo mez.de julho, com o fim de tornar bem conhecidos estes festejos em todo o paiz, já está tratando do pro- gramma que será feito em forma de livro, impresso em magnifico papel e a tres côres. Terá approximada- mente 5o paginas e a tiragem será cie 10:000 exemplares.
A com missão recebe desde já annuncios para o pro- gramma dos festejos.
Tm sríídaAfinal, depois de venci
das as enormes clifricuIdades que acarretam estes divertimentos, a commissão promotora dos festejos do Espirito Santo, conseguiu organisar a corrida que terá logar hoje, pelas 4,3o horas oa tarde, na praça dê^ta villa, sendo o seu produeto em favor dos referidos festejos.
Oxaláoprogram m a.que é de primeira ordem, seja feliz na sua completa execução para que a inauguração. da época tauroma-
i cinca d'esta praça corres-
ponda ádistincção dós seus amadores.
O distincto bandarilhei- ro José Martins (o A^eitei- roj, vem desinteressadamente coadjuvar os amadores.
O curro, que é de 10 garraios e pertence ao opu lento lavrador, ex.mosr. José Maria dos Santos, é dos melhores que se tem visto, e se a sua bravura corresponder â sua belleza, a offerta do caprichoso lavrador e de um grande vplor. Todos que viram os garraios ficaram encantados com o conjuncto de estampas com que o importante creador brinda a rapaziada.
A im ircrsa r io s
Completou mais um an- niversano natalicio no dia 19 do corrente, a ex.ma sr.a D. Helena Quaresma Ventura Móra, esposa do nosso amigo, sr. dr. Luciano Tavares Móra. As nossas sinceras felicitações.
— Tambem no dia 20 completou mais um anniversario natalicio, a intelli- gente menina Lucilia Tavares Móra, filha do extincto medico, sr. dr. Munuel Jus- tiniano Móra. Sinceros parabéns.
M issaPor completar na próxi
ma quarta feira, 25 do corrente, o i.° anniversario do fallecimento do sr. Joaquim Freire Caria, um seu intimo amigo manda rezar uma missa ás 6 horas da manhã, na egreja matriz, em suf- fragio da sua alma, convidando, por este meio, todas as pessoas a assistirem a este acto religioso.
As searas
E’ uma verdadeira desgraça o anno agricola que atravessamos, e que redundará em completa fome se a sécca continuar por mais alguns dias.
Os milhos, os trigos e os
feijões estão, em alguns : i- tios, irremediavelmente perdidos. Os lavradores queixam-se tambem da falta de pastagens.
Oxalá que a tão almejada chuva, que tantos.bene- ficios viria agora prestar á agricultura, venha o mais depressa possivel salvar algumas searas e melhorar a existencia dos gados.o
*Devido á falta da chuva
teem-se feito préces, todas as noites, na egreja matriz.
Vae proceder-se ámanhã, segunda feira, ao corpo de delicto indirecto no tribunal judicial desta comarca, sobre scenas pouco edificantes, praticadas por difíe rente vezes no largo da Palma, d’esta villa. por Julia da Conceição, Elisa da Conceição e seu irmão Jayme (os Enguiços).
— Tambem se vae proceder no juizo de paz d’es- te districto, ao corpo de delicto directo e indirecto sobre os distúrbios praticados da meia noite para a uma hora de 2 do corrente, por Rodrigo Cordeiro o (Fadinho , João Coelho o (Seis dedos'/ e Christiano Lucas, todos d’esta villa, constando estes distúrbios de terem andado na referida noite pelas ruas desta villa partindo os vidros das janellas, arrancando os postigos das rótulas e entrando depois no estabelecimento do nosso amigo. sr. Jeronymo Lourenço Braz, partindo-lhe uma garrafa vazia e estra- gando-lhe kilo e meio de farinha.
OS NOIVOSO horisonte da vida Vendo feli^ e risonho,Í ríie, hoje um dourado sonho Tornar em realidade;Da existencia no trilho Tens companheira louçã Que te será como irmã Na dor e na felicidade.
Se choras, chorará ella,Se ris, será venturosa;0 grato aroma-da rosa A o ninho que vaes crear Dissipará os miasmas Da maldita desventura Que em noite medonha, escura,. í ’s ve^es passam no ai\
Quando, passados os annos Em que os ardentes amantes Fabern protestos constantes De mutua fidelidade,Se revejam um no outro,Sem magnas na consciência,Hão de encontrar na existencia Am or, ventura, amizade.
JOAQ UIM DOS ANJOS.
P E N S A M E M T O S
Foi nomeado fiscal de 2.a classe dos impostos o sr Jayme Augusto Pessanha de Mendonça, filho do nosso amigo, sr. Francisco Pessanha de Mendonça Furtado, digno solicitador forense nesta comarca, Os nossos parabéns.
0 avarento onde tem 0 thesouro tem 0 entendimento; não é elle que possue o thesouro, é u thesouro que o pos- sue a elle.
— Aos olhos da inveja todo o successo é crime.— 0 homem não póde ser Je h \ senão no sólo da liber
dade.C - A riqueza encobre os vicios; a pobreza encobre a virtude.
A N \l C D O T A S
— A sua espada é enorme, nobre cavaileiro!. . . di~ia um portuguez a um andalus em i 63q.
— Adm ira-se?!. . . Pois falta-lhe um palmo, que tem sido devorado pelos peitos dos homens p o r num mortos em duellos.
— Oh! E sem constar!. . .— Pois se eu matei-os a todos! Elles não podiam f a
lar, e não havia testemunhas.iw íW r t v íiv *
— -Q ue tal escreve Fulano?— Mal, muito mal; apenas f a \ S S depois de ter ja n
tado .' W í r t V í O W
Certo commerciante tinha no seu estabelecimento uni livro, em cuja capa se ha:
«Este livro de assentamentos serve para se assentar as dividas dos que devem, dos que ficam a dever, dos que deviam papar e dos que estão cm divida. »
LITTE M T U RÁK splrlio e m atéria
Discutíamos uma noite no pequeno salão verde do Gremio de pensadores 'tran- scendentaes (sociedade que morreu nos inicios por falta de pagamento das quotas), o socialismo e o com- munismo, e o excellente Zénon Veleta, sempre amigo de contradizer, teimava que ninguém, nem mesmo os que lançam bombas de dynamite, cravam punhaes e sobem stoicamente ao
l patíbulo, é communista verdadeiro, da cabeça aos pés.
— E não me digam que não, argumentava Zénon. O communismo não existe; é uma força, moralmente falando; palavras leva- as o vento; factos, precisam-se factos. . .
■— O ’ meu amigo! exclamou o excellentissimo Tris- tão Molinillo, socio correspondente da Academia d e . Sciencias Históricas de Sto- ckolmo; pois não classifica de extraordinario 0 facto de um indivíduo se deixar enforcar pela idéa? Eu sempre o queria vê. . .
— Antes cegue que tal veja! bradou furioso Zénon.
— Entendâmo-nos: sustento que todos os dias surge cie cada canto um ratão que joga a vida por dez réis de mel coado. Uma novilhada, em qualquer aldeia, custa duas ou tres mortes, além dc dez a doze ferimentos graves. Rebente hoje uma guerra civil ao grito de... seja o que fôr, e os voluntários serão como os mosquitos no vinagre. Arme o meu amigo . uma bernarda, a proposito disto ou d aquillo, e verá sahirem á rua, como bestas féras, cidadãos ainda hontem muito boas pessoas e tementes a Deus. Por um copo de vinho, cinco réis de nada, um dito mais agudo, emfim, por uma futilidade, estripam-se vadios aos centos por esses bailes e tabernas. Creia
80 FO LHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS
D E P O I S 0(5 P E C C A D OL iv ro Segtrado
11
A Magdalena, ouvindo estas pala vras, baixou a cabeça para occultar o rubor que lhe córava a í foces, muito envergonhada da mentira a que levá- ra o ardente de.sejo de conquistar a estima e o afecto do Pedro Guillemale,
Depois, dominando as suas com ríoçóes |Sòr um daqueiles esforços de vontade a que a sua.vida de cortczS
a tinha costumado, mudou de conversa, comprehendendo que já tinha dito bastan;e naquelle dia.
—'Fale-me agora em si. disse ella.— Quer que lhe fale sinceramente?— Como a uma amiga a quem não
se occulta nada.— Saiba então que a amava, e que
foi para me pôr em circumstancias de ser seu marido qu-j foi para Aubenas aprender um officio lucrativo. N'essa occasião náo sabia eu nada da vida e náo tiíiha dado conta de que não tinha nenhuma aptidão para o que escolhia. Comprehendi, logo aos primeiros dias. que podia ser outra coisa sem ser serrdheiro. Pensava em participar as minhas duvidas ao meu protector o padre Rouvíère e p.-dir- conselho, quando soube da sua partida. A Magdalena náo me-tinha.pro- mettido nada, tinha até recusado t ò- ,
mar um compromisso cómmigD, mas eu concebera a esperança de que venceria uma resistencia cujas causas náo sabia, e a noticip da sua fuga encheu- me de desespero.
- Pobre Pedro! murmurou a Magdalena, enternecida.
— Esmagado por esse golpe, continuou o Pedi o, cahi doente; julgaram todos que não escapava, mas não ti
nha de morrer; veiu a cura. depois o socego, se náo o esquecimento, e quando o senhor cura me falou nos meus deveres e me poz em condições
de escolher uma carreira, escolhi esta onde estou hoje e que, depois de tres annos de estudos em Ninies. me trou\e paru aqui como professor. Ahi tem a minha historia.
— O sr. Riballier tinha-m’a contado, disse a Mag.i: iena. E o ;eu amor so -!
breviveu á minha partida ou desvaneceu-se?
— O meu ; mor? Para que é bom falar n isso? Ha muito tempo que estou costumad * a náo lhe pedir outra coisa senão as alegrias e as maguas que uma inolvida\el recordação deixa na alma. Não-seria um doido se quizesse agora ateiar a c hamma?...
— Ura doido, porque?— Náo me confiou que existe um
homem cuja imagem preenche a sua alma e que quer unir ao seu destino?
— E* verda.ie! esse homem exi.te.— Só tenho pois de me resignar ao
papei que accetei ha cinco annos.— E pode supj ortal-o. : gora que
me vê todos os dias?Esta pergunta fez acreditar ao Pe
dro que a Magdalena insinuava que sr suas visitas deviam ser raras.
— Peri .a entftò em me banir da suai
presença? perguntou elle anciosamen- te.
— Banil-o! Ah! juro-lhe que não penso n'isso. Quer deite os olhos para o passado, quer me esforce por interrogar o futuro e arrancar-lhe o seu segredo,é sempre o Pedro quem me apparece como o meu amigo mais seguro, mais fiel e mais querido.
— Então é pena que tenha dado o seu am ora outro, suspirou elle, provando assim que não adivinhava a verdade.
— O meu amor! suspirou a Magda- Icna.
Depoi, deste grito, calou-se.— la acci esccntar;— Pertence-lhe, abra o seu entendi
mento, compr-.-nc-nda que é a si que eu bmo.
fContinuak
>jsto: o homem pouca importancia liga â vida. Ati- |.a.a pela janelia na primei
ra occasião sem mesmo dizer— agua vae. O morrer nas aras dum a dou- u-jna nem sequer indica q U e o m artyr a professe sinceramente. O principal não é m orrer pela idéa, mas viver por ella e para ella. Aqui está porque eu juro e jurarei sempre que não existem communistas nem anarchistas; que são um mytho engendrado pelo medo burguez. E se não, exemplifiquemos; Onde encontram v. ex.asumcom- munista que, possuindo bens proprios, os ponha em commum, sem reservar para si, em especial, nada de que os outros disfru- ctenr? Onde está o anar- chista que, se lhe derem o poder do mando, o não exerça? que podendo subir, prefira descer? Porque será que não existem mil- lionarios communistas, nem ministros ou generaes a quem o anarchismo se- duza e perca? Quem possuindo dois capotes novos, dará um ao proximo"?Quando se me apresentarem melhores razões, confessarei que o communis- mo é uma idéa e não um estado de desespero causado pe!a necessidade.
— Mas, meu amigo, interrompi; eu conheço não só um, mas innumeros communistas e anarchistas como os que o senhor acaba de indicar, e diz não vêr em parte alguma. São communistas dos pés á cabeça, porque sem desprezarem o momento de arriscar as vidas, e perden do-as muitas vezes pelas convicções que professam, a todo o momento se regulam por ellas, e nellas moldam os seus actos mais insignificantes, os seus mais reconditos pensamentos. Nada querem possuir individualmente ; repugna-lhes o exercido do poder; en- fada-os a propriedade, e são tão partidarios da egualdade, que em tudo buscam mantel-a. São por tal fórma exaltados nas suas crenças, que para melhor servil-as, renunciam ao amor e á mulher, e andam descalços.. .
— Bah! exclamou Vele- ta, interrompendo-me. Adivinho os communistas a quem v. ex.a allude. Trata- se dos frad es .. . E sabe o senhor porque os frades fazem excepção á regra geral que ha pouco formulei? Pela simples razão que apparentam ser communistas em vida, com o fim de se tornarem os mais refinados individualistas... depois da morte, sob o re
gimen do supposto colle- ctivismo, cada qual busca o seu proprio bem, a salvação da alma, inconfundível com as outras, e a alegria do corpo bemaventu- rado; um rancho de gloria, comprado pelo preço da egualdade, da renuncia á propriedade e a todo o interesse mundano. Chamem-lhes to lo s .. . De resto, temos conversado. Ninguém se sacrifica diaria- mente pelo bem alheio. Individualistas práticos aqui ou no Paraizo. . . mas individualistas, em summa. Ha communistas mas só por fóra, porque não existe theoria económica nem social capaz de supprimir o eu. Querem os senhores que eu lhes cite um facto que prova esta verdade terrivel em toda a sua nudez e espantosa crueza? São duas palavras. Conheci intimamente um socialista- communista, mas dos assanhados, homem de boa fé e propagandista incansavel. Mil vezes tinha arriscado a vida, e por fim,— conse- quencia de theorias tolas— deitaram-lhe um dia a mão e mandaram-n’o de presente á ilha de Fernando Pó Por casualidade eu era seu companheiro... de viagem. Sobreveiu um temporal desfeito; o vapor, descon- junctado pelos vagalhões furiosos, ameaçava a todo o instante submergir-se. Os botes desceram dos turcos. . . Um d’elles, o mais pequeno, encheu-se num momento de mulheres e creanças, e com a excessiva carga ia a pique. Lembrámo-nos sustel-o com alguns cabos, dando assim tempo a que, parte dos nau- fragos, passasse a outro bote maior. Naquelle momento de vertigem e de confusão indescriptivel, o communista foi o escolhido para sustentar nas mãos robustas o cabo lançado ao fragil esquife Agarrou com ancia, e a principio só notou um ligeiro ardor; pouco depois a palma da mão ardia-lhe, como se nella apertasse um ferro em bra- za. Se largasse o cabo, os do bote estavam irremedia velmente perdidos... Cum pria-lhe, portanto, soffrer, deixar que a pelle e a carne das mãos lhe fugisse aos pedaços. Mas a dor crescia, a sensação era do- lorosissima, e o communista, após um grito medo nho. abriu a m ão . . . o cabo afrouxou e o bote desceu ao abysmo! Sentiu remorsos, teve um pesai- intraduzível,— pVa que ne gal-o ?— mas confessou-me que, se mil vezes a mão lhe tornasse a arder, por eirual fórma outras mil dei
K e r a s t e s s e
E' hoje, á noite, qu2 se inaugura a kermesse em Deneficio da ciasse piscatória, desta villa. A barraca destinada á rifa das prendas é muito elegante, estando estas muito bem dispostos e sendo algumas de subido valor.
Será esta festa de caridade abrilhantada pela dis- tincta phylarmonica i.° de Dezembro, que generosamente se oíTereceu.
★As récitas promovidas
3ela mesma commissão da cermesse terão logar nas noites de 28 do corrente e4 de junho proximo.
xaria afundar o bote. E é este o pão nosso de cada dia. Vinte existencias pe- zam menos que um verdadeiro tormento propino.
Veleta calou-se, e todos o imitámos. E eu, ao con- templar-lhe o rosto repentinamente pallido e contra- hido, pensei sem querer que fosse elle o communista degredado. Então os meus olhos voaram-lhe do rosto para a mão procurando n’ella o signal da chaga.
O DOMINGO
----co;—
A G R A D E C IM E N T OJoaquim Nicolau e sua
mulher agradecem reconhecidamente a todas as pessoas que se dignaram auxilial-os com os seus donativos para acudirem ás despezas que tiveram de fazer com a praça que foi substituir seu filho Augusto Nicolau, soldado do regimento de artilharia n.° 1, na expedição que vae para a Afriea 110 dia 27 do corrente.
rá inaugurado no dia 19 de junho proximo, no largo do Pòço da freguezia de Sarilhos Grandes, deste Concelho.
A mesma Camara Municipal convida os negociantes e creadores de gados de quaesquer especies, a concorrerem ao referido mercado.
Paços do Concelho de Aldegallega do Ribatejo, 15 de maio de 1004.
E eu, Antonio Tavares da Silva, Secretario da Camara, o subscrevi.
0 PRESIDENTE,
Domingos Tavares.
AINTISTIJISTCXO
C O M C i III M f l M G . i
( l . 1 PíabSicai-iáo)
No dia 2.) do corrente mez de maio, pelo meio dia, á porta do tribunal judicial cie esta villa de A ldegallega, nos autos d :
execução hypothecaria que Luiz Custodio, casado, move contra Nicandro José e mulher Maria de Jesus, moradores no Samouco, sé ha de vender e arrematar em hasta publica a quem maior lanço offerecer sobre o valor da sua avaliação, um terreno no sitio das Abegóas ou Alagòa da Viceira, no logar do Samouco, Composto d u mas cazas abarracadas e ■outras em construcção, com quintal, avaliadas em 13o$o00 réis.
Pelo presente são citados os crédores incertos para assistirem á dita arrematação e ahi usarem dos seus direitos, sob pena de revelia.
Aldegallega do Ribatejo,5 de maio de iqoq.
O E S C R IV Á O
Anlonio Augtislo da SilvaCoelho.
Verifique! a exactidSo.
(.) JU IZ DE D IR E IT O
1." Substituto em exercició,
Anlonio Tavares da Silva.
C O N S D i . í f l l l l O DE* 1)K *-
A N N U N C IO S
EDITALA Camara Mu
nicipal do Concelho de Alde- gallega do RibatejoFAZ saber que, u-ando
da faculdade que lhe con- fere 0 disposto pelo artigo 5o n.° 17 do Codigo Administrativo, deliberou cre- ar um mercado mensal de gados, no terceiro domingo de cada mez. o qual se
A1U0IM0 D U / m £ M í l U MiMiarniaceutit*» <* ciraia*gÍào-<lcjEi!$í»
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RUA D IREITA , 65, 1.° ,6t
A R M A Z É M DE M O V E I STf
— O E —
.j0S£ HAM0S ÉARBEÍfiAiSsuii do €'oia<ie. 4 8 -b. (predio de azulejo)
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Completo sortimento de mobilias para sala, casa de jantar, quartos e cosinha. Camas de fino gosto, tanto em madeira como em ferro, lavatorios, baldes, regadores, bidets, bacias para pés, tinas para banho e retretes.
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C O F R E S A P R O V A D E F O G O resistentes a qualquer instrumento perfurante ou cortante com segredos e fechaduras inglezas, recebidos directamente de uma das melhores fabricas do paiz.
Os attestados que os fabricantes possuem e cujas copias se encontram nesta casa, são garantia mais do que sufficiente para o comprador.
Tapetes, capachos de côco e arame, de duração infinita. Completo sortido de colchoaria e muitos outros artigos. Emfim, uma visita a esta casa impõe-se como um dever a todas as boas donas de casa.
Nesta casa se pule e concerta mobilia com perfeição.PR IM O S SÍAS IM BRICAS
A entrada nesta casa é franca e péde-se a todos que visitem ião util estabelecimento. l j9
O DOMINGO
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. ALDEGALLEGA
J O S É D Â R O C H A B A R B O S ACotia ofíielna de C orree iro e SelSeiro
1 8 , R U A D O F O R N O , 18
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6 U M 0 í i 31Nacionaes e exoticos
A X .tL Y ttK W A B W I H ’T . t M K S T K U A IS I I T I I I A S
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iilJi)ílllíi’ii 1)0 Dl A IMO m NOTIC.,..A GUERRA ANGLO-BOER
Impressões do Transvaal
Interessf.ntissima narração das luc ras entre inglc/es e boers, «ilinstrada» com numerosas zinto-gfavur:.s de «homens celebres» do I ran;vaal e 'do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruenta•• da
G U E R R A A S G L O -B O E R Por um funccionario da Cruz Verm elha ao serviço
do Fransvaai.Fasciculos semanaes de 16 paginas........................Vo réis1 omo de 5 fasciculos........................................ 15 o »
A G U ER R A AN G LO B Ó E R 6 a obra de mais palpitante rctualida.de.N'elia sáo descriptas, «poi- unia testemunha presen iria. as differentes
phases.e acontecimentos, emocionantes da teriivel uuerra que tem espanta.io o mundo inteiro.
A G U ER R A ANGLO -i OER faz passar ante os olhos do leitor todas a? « grandes bat; lhas, combates» e «es; aramuças» d'esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de heroismo e tenacidade, em que são egurlmente a .miráveis a coragem e dedicação p triotica de vene dos e vencedores.
Os intidentes variadíssimos d'esta contenda e r e a poderosa Inglater ra e as duas pequenas republicas sul-africrnas, decorrem atravez de verdadeiras peripecias. por ta! manera . ram; t ras e pittorescas, que dão A G U E R RA A N G LO BO ER. conjunetamente com o irresistível attrartivo dum a riarr r: fira h stórica dos nossos d as. o en> anto da leitura rorar ntisada.
A Biblioth eca 00 D IA R IO DE N O T IC IA Sapresen h i k í o ao publico esta obra em «esmerada edição,» e por urp p-eço diminuto. julga prestar um serviço ros numerosos leitores que ao mesm > tempo deséjam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos succes o que mai interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos d Empre-a do D I. [R IO D F N O 7 IC IA S Rua do Diario de Noticias, i io — LISBOA
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MERCEARIA RELOGIOíSU CCESSO RES.
Franco & FigueiraOs proprietários d’este novo estabelecimento parti
cipam aos seus amigos e ao publico em geral, que teem á venda um bom e variado sortido de artigos de mercearia, especialidade em chá e café, confeitaria, papelaria, louças pó de pedra. Encarregam-se de mandar vir serviços completos de louça das principaes fabricas do paiz, para o que teem á disposição do publico um bom mostruário. Petroleo, sabão e perfumarias.
Unicos depositários dos afamados Licores da F a b rica Seculo X X , variado sortido em vinhos do Porto das melhores marcas, conservas de peixe e de fruetas, massas, bacalhau de differentes qualidades, arroz nacional e extrangeiro, bolachas, chocolates, etc., etc.
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COMMERCIO DO POVOTendo continuado a augmentar o movimento desta
já bem conhecida casa commercial pela seriedade de transacções e já tambem pela modicidade de preços por que sao vendidos todos os artigos, vera de novo recommendar ao publico em geral que n’esta casa se encontra um esplendido sortido de fazendas tanto em fanqueiro como em modas, retrozeiro, mercador, chapelaria, sapataria, rouparia, etc., etc., prompto a satisfazer os mais exigentes e
AO ALCANCE DE TODAS AS BOLSASDevido á sabida do antigo socin desta casa, o ill.mo
sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das lides commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plear mais o actual commercio da casa, dotando-a com uns melhoramentos que -se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem
Tomam,pois, a liberdade de convidar os seus estimáveis freguezes e amigos, a que, quando qualquer com pra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualidades, sortido e preços porque são vendidos os artigos porque decerto acharão vantagosos.
..-1 divisa d'esta casa é sempre ganhar pouco para vender muito e vender a todos pelos mesmos preços, pois que todos os preços são fixos.
V is it e m . p o is . o C o m m e rc io do P o v o
mm DE (! Alt VALHO & SILVARua Direita , 88 e go — - — Rua do Conde, 2 a 6
A ld e g s íí le g a d o H i M t e j o
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G R A N D E A R M A Z É M---* DK ♦
1 Aft ÍAOJUÒ JUUL
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Farinha, semea, arroz nacional, alimpadura, fava milho, cevada, aveia, sulphato e. enxofre.
Fodos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o consumidor como para o revendedor. 132
!& bbí! d o C a e s — ALDEGALLEGA
OS Ui . TI MOS E M B A L O S MP A R I S
Romance de acontecimentos sensacionaes e verídicos occorridos na actualidade e mais interessante que os Mysterios de Paris e Rocambole por Dubut de Laforest.
Pedidos á «Editora», largo do Conde Bai ão, 5o — Lisboa.
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OS D R A IA S DA ÇOKTB
[Chronica do reinado de Luiz XV)
Romance historico ro r E. LA D O U C ETTE
Os amores trágicos de Manon Les- raut com o celebre cavalleiro de Grieux. formam o entrecho d’este romance, rigorosamente historico, a que Ladoucette imprimiu um cunho de originalidade deveras encantador.
A corte de Luiz xv, com todos os seus esplendores e misérias, á escri- pta magistralmente pelo auetor d'0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual aquelle com que foi receb.do em Paris, onde se contaram por milhares os exemplares vendidos.
A ediçáo portugueza do popular e commovente romance, ser.i feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, de grande formato, illustrados cora soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.SO ré is o fascículo
líMft ré is o Í08&302 valiosos brindes a todos
os assignantesPedidos- á Bibliotheca Popular, Fún-
presa Editora, 162, Rua dá Rosa, x6i— Lisboa.
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