che guevara - cartas
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TRIUNFO COM CUBA OU MORRO L
Mxico, 6 de julho de 1956Crcere d Gobernacion*
Queridos velhos:Recebi sua carta, papai, aqui, na minha nova e delicada
manso de Miguel Schultz, junto com a visita d Petit**, queme fez saber dos temores de vocs. Para vocs fazerem idia,contarei o caso:
Fazia algum tempo, bastante tempo j, um jovem ldercubano me convidou para ingressar em seu movimento, queera de libertao armada da sua terra, e eu, lgico, aceitei.
Dedicado ocupao de preparar sicamente a rapazeadaque um dia dever pr os ps em Cuba, enganei vocs nosdois ltimos meses com a mentira de meu cargo de profes -sor. A 21 de junho (quando fazia um ms que estava fora decasa, pois quei num barraco no subrbio) caiu preso Fidelcom um grupo de companheiros, e na casa havia o endereoonde ns estvamos, de maneira que camos todos na rede.Eu tinha meus documentos, que me creditavam como estu -
CARTA AOS PAIS
(*) Crcere do Governo do Mxico: Miguel Schultz(**) Petit: Ulises Petit de Murat.
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dante de russo no Instituto do Intercmbio Cultural Mexi -cano, o que foi su ciente para que fosse considerado um eloimportante na organizao, e as agncias de notcias amigasdo papai*** comearam a gritar pelo mundo afora.
Isto uma sntese dos acontecimentos passados, os fu -turos dividem-se em dois, os mediatos e os imediatos. Dosimediatos, lhes direi que meu futuro est ligado libertaocubana, ou triunfo com ela ou morro l (essa a explicaode uma carta um tanto enigmtica que mandei velha fazalgum tempo). Do futuro mediato tenho pouco a dizer poisno sei o que vai ser de mim. Estou disposio do juiz e noser difcil que seja deportado para a Argentina, a no serque eu consiga asilo num pas intermedirio, coisa que achoseria conveniente para a minha sade poltica.
De qualquer maneira, tendo que sair para o novo des -terro ou cando preso neste crcere, Hilda retornar ao Peru,que j tem novo governo e concedeu anistia poltica.
Por motivos bvios, diminuirei muito a minha corres -pondncia; alis, a polcia mexicana tem o agradvel hbitode seqestrar as cartas, bom que voc escreva sobre ascoisas da casa e banalidades. Ningum acha graa no fato deum lho da puta inteirar-se dos problemas ntimos da gen -te, por insigni cantes que sejam. Um beijo para Beatriz****,expliquem por que no escrevo e digam-lhe que no se preo -cupe em mandar jornais por enquanto.
Estamos s vsperas de declarar uma greve de fomeinde nida, como protesto contra as detenes injusti cadase as torturas a que foram submetidos alguns dos meus com -panheiros. O moral de todo o grupo alto.
Por enquanto continuem escrevendo para a casa.Se por qualquer causa, que no acredito, no puder
escrever mais e chegar a minha vez de perder, consideremestas linhas como uma despedida, no muito grandiloqentemas sincera. Passei pela vida procurando a minha verdade
(***) Agncias noticiosas amigas do papai: refere-se United Press,Associated Press etc, em tom de blague, consideradas como amigas.
(****) Beatriz: tia de Che, que o amou como uma me.
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aos solavancos, e j no caminho e com uma lha que me tor -na perptuo, fechei o ciclo. A partir de agora no considerariaa minha morte uma frustrao, apenas como Hikmet:
s levarei ao tmulo
a tristeza do meu canto inacabado.Beijos para todos do
Ernesto
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15 de fevereiro de 1966
Hildita querida:Escrevo hoje, embora a carta deva chegar bem mais tar -
de; mas quero que voc saiba que eu lembro de voc e queespero que seu aniversrio seja um dia muito feliz. Voc j quase uma mulher, e eu no posso escrever como se escrevea uma criana, contando bobagens ou mentirinhas.
Voc deve saber que eu continuo longe e que careimuito tempo longe de voc, fazendo o que for possvel paralutar contra os nossos inimigos. No que seja grande coisa,mas o que posso eu fao, e creio que voc sempre sentir or -gulho por seu pai, como eu sinto por voc.
Lembre que temos pela frente muitos anos de luta, eque voc, mesmo sendo mulher, dever fazer parte dessaluta. Entretanto, preciso que voc se prepare, que voc sejamuito revolucionria, coisa que na tua idade signi ca apren -der muito, o mximo possvel, e que voc esteja sempre dis -ponvel para apoiar as causas justas. Alm disso, obedea sua me e no faa nada antes do tempo adequado. Essapoca chegar.
Voc deve lutar para ser uma das melhores alunas naescola. Melhor em todos os sentidos, e voc sabe o que istoquer dizer: estudo e atitude revolucionria, isto : boa con -
FILHA HILDA
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duta, seriedade, amor Revoluo, companheirismo, etc. Euno era assim na tua idade, mas estava numa sociedade dife -rente, quando o homem era o inimigo do homem. Agora voctem o privilgio de viver outra poca e preciso ser digna
dela. No esquea de dar ateno casa e olhar as crianas,aconselhar que estudem e se comportem bem. Especialmen -te Aleidita, que te ouve muito na tua condio de irm maisvelha.
Muito bem, lha, mais uma vez, que voc seja muito fe -liz no seu aniversrio. D um abrao na sua me e em Gina,e para voc vai um muito grande, muito forte, que possa va -ler para todo tempo em que no nos vejamos, de seu
Papai
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Queridos velhos:Mais uma vez sinto sob os calcanhares as costelas de
Rocinante, volto aos caminhos empunhando minha lana.Faz mais ou menos dez anos, eu lhes escrevia outra car -
ta de despedida. Segundo me parece lembrar, eu lamentavano ser melhor soldado e melhor mdico; a segunda coisa jno me interessa, e creio que no sou um soldado to ruim.
Nada mudou na essncia, a no ser que agora estoumuito mais consciente, meu marxismo est enraizado e apu -rado. Acredito na luta armada como a nica soluo para ospovos que lutam pela libertao e sou conseqente com asminhas convices. Muitos diro que sou um aventureiro, esou de fato, s que um tanto diferente, sou daqueles que ar -
riscam a vida para demonstrar suas verdades.Pode ser que desta vez seja a de nitiva. No procuroisso, mas est dentro do clculo lgico de probabilidades. Sefor assim, vai o meu ltimo abrao.
Amei-vos muito; apenas no soube expressar meu ca -rinho, sou muito rgido nas minhas atitudes e penso que svezes no fui bem entendido. No era fcil entender-me. Noentanto, peo-vos que acreditem no que digo hoje.
Agora, uma fora de vontade, que trabalhei com deleite
AOS PAIS*
(*) Esta carta foi escrita em meados de 1965.
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de artista, sustentar umas pernas fracas e um par de pul -mes cansados. Hei de conseguir.
Lembrem, uma vez ou outra, deste pequeno condottieredo sculo XX. Um beijo para Clia, Roberto, Juan Martin e
Patotin, Beatriz, todos. Um grande abrao do lho prdigo eteimoso para vocs.
Ernesto
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Sierra Maestra, 9 de dezembro de 1957.
Comandante:Vingamo-nos devidamente da derrota do Hombrito, ma -
tando, no Alto de Conrado, pelo menos trs soldados. A vit -ria no foi de graa, pois no conseguimos apreender nenhu -ma arma e perdemos um fuzil.
Alejandro Oate foi ferido no ombro e a mim me acer -taram uma bala de M-1 no peito do p, que ali cou alojadae me impede totaimente de andar, por enquanto. Ramiro as -sumiu a che a da coluna e vai com a maioria do pessoal ato lugar que te indicar o portador. Precisamos de um rpidosuprimento de 30.06 e 45 automticas. Eu estou em segu -
rana, com uma emboscada preparada. Sinto muito no terescutado os teus conselhos, mas o moral do pessoal estavamuito abalado pelo cansao intil a que foi submetido, e euachei necessria a minha presena na primeira linha de fogo.No entanto, tomei muitos cuidados e o ferimento foi casual.
A nossa recuperao foi notvel, pois podemos calculardoze baixas de nitivas no inimigo, entre mortos e prisionei -ros, sem contar os feridos. O resultado foi pobre quanto captura de armamentos.
A situao est calma e no h notcias de outras tropasna vizinhana, fora uma pequena guarnio em Mar Verde,
AO COMANDANTE FIDEL CASTRO
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que no ouso atacar pela escassez de munio. Junto as pro -clamas, produto do gnio de Capote, cuja farta distribuiodeterminei, dentro das nossas possibilidades.
Despede-se, fraternalmente,
Che
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S(ierra) M(aestra), 5 de janeiro de 1958.8h 45m
Fidel:Recebi o texto da carta enviada a Pro, que j est sendo
impressa. Quanto ao contedo, parece-me ser um documen -to da mesma categoria, no mnimo, daquele de Montecristi,e com certeza se tornar um prottipo histrico. Hoje, talvez,provocar algumas retraes, sobretudo em algumas altasesferas industriais, porm, como dizia Lnin, a poltica deprincpios a melhor poltica. O resultado nal ser magn -co.
simplesmente fantstico que j possamos ir at Man -
zanillo. Eu, de fato, tenho uma pequena coluna a mando doIsrael, operando no lugar que voc indicou. No tenho not -cias diretas, porm, pelo que tenho ouvido, parece que tomou(ilegvel) com sete soldados, que soltou mais tarde. Segundoalguns, ele conta j com oitenta homens. Tenho a inteno denome-lo capito, chamar um professor para alfabetiz-lo eincumbi-lo de alguma misso. Quanto minha tropa Ramiro
j deve ter falado a voc. Camilo est em plena forma e contacom toda a minha con ana. Para terminar, quero reiterar avoc minhas congratulaes pelo documento. Eu j lhe disseque ser sempre seu o mrito de haver demonstrado a pos -
AO COMANDANTE FIDEL CASTRO
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sibilidade de luta armada apoiada pelo povo, na Amrica.Agora voc vai pelo caminho maior de ser um dos dois ou trshomens na Amrica que chegaram ao poder atravs de umaluta armada multitudinria.
Saudaes do Che
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1 de Abril de 1965*Ano da Agricultura
Havana
Fidel:Lembro-me nesta hora de muitas coisas, de quando te
conheci na casa de Maria Antnia, de quando voc me pro -ps ir junto, de toda a tenso dos preparativos.
Um dia algum passou perguntando quem deveria seravisado em caso de morte, e a possibilidade real do fato gol -peou-nos a todos. Depois soubemos que era verdade, quenuma Revoluo ou se vence ou se morre (se ela for verda -deira). Muitos companheiros caram ao longo do caminho
para a vitria.Hoje tudo tem um tom menos dramtico porque j ama -durecemos, mas o fato o mesmo. Sinto que cumpri a partede meu dever que me ligava Revoluo Cubana em seuterritrio e me despeo de ti, dos companheiros, de teu povoque j meu.
Demito-me formalmente de meus postos na Direo doPartido, do meu cargo de Ministro, de minha patente de Co -
AO COMANDANTE FIDEL CASTRO
(*) Lida por Fidel Castro a 3 de outubro de 1965, em praa pbli -ca, por ocasio da apresentao do Comit Central do Partido ComunistaCubano.
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mandante, de minha condio de cubano. Nada legal me ligaa Cuba, apenas laos de outro tipo, que no se podem rom -per como as atribuices.
Fazendo um rpido balano de minha vida passada,
creio haver trabalhado com su ciente honestidade e dedi -cao, para consolidar a vitria revolucionria. Minha nicafalta, de certa gravidade, foi no haver con ado mais em tidesde os primeiros momentos de Sierra Maestra e no haverentendido com rapidez su ciente tuas qualidades de lder erevolucionrio. Vivi dias maravilhosos e senti ao teu lado oorgulho de pertencer ao nosso povo nos dias luminosos etristes da Crise do Caribe.
Poucas vezes brilhou mais alto um estadista quantonaqueles dias, orgulho-me tambm de haver seguido teuspassos sem vacilaes, identi cado com a tua maneira depensar e de ver e de apreciar os perigos e os princpios.
Outras terras do mundo reclamam o concurso de meusmodestos esforos. Eu posso fazer aquilo que te negadopela tua responsabilidade frente de Cuba e chegou a horade separar-nos.
Saiba-se que fao isso com um misto de alegria e dedor; deixo aqui o mais puro das minhas esperanas de cons -trutor e os mais amados dentre meus entes queridos . . . edeixo um povo que me admitiu como um lho; isso dilacerauma parte de meu esprito. Nos novos campos de batalhacarregarei a f que me inculcaste, o esprito revolucionriode meu povo, a sensao de cumprir com o mais sagrado dosdeveres: lutar contra o imperialismo onde quer que ele esteja;isto reconforta e cura sobejamente qualquer ferida.
Digo mais uma vez que libero Cuba de qualquer respon -sabilidade, salvo a que emanar de seu exemplo. Se me chegara hora de nitiva sob outros cus, meu ltimo pensamentoser para este povo e especialmente para ti. Agradeo aquiloque me ensinaste e teu exemplo, ao qual tentarei ser el ats ltimas conseqncias dos meus atos. Digo que sempreme identi quei com a poltica externa da Revoluo e queassim permaneo. Que no lugar onde eu estiver sentirei a
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responsabilidade de ser revolucionrio cubano e agirei comotal. Que no deixo aos meus lhos e minha mulher nada dematerial e isto no me a ige: alegra-me que assim seja. Queno peo nada para eles, pois o Estado lhes dar o su ciente
para viver e educar-se. Teria muitas coisas a dizer, a ti e ao nosso povo, massinto que so desnecessrias, as palavras no podem expri -mir o que eu sinto, e no vale a pena sujar mais papel.
At a vitria sempre. Ptria ou Morte!Abraa-te com todo o fervor revolucionrio
Che
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Mensagem para o 26 de julho (1967)
Companheiro Fidel Castro:Do oriente boliviano, onde lutamos para repetir velhas
gestas nacionais, inspiradas no exemplo moderno da Revolu -o Cubana, porta-estandarte dos povos oprimidos do mun-do, vai nossa saudao fraternal e calorosa unir-se s demilhes de pessoas que consideram esta data como o incioda ltima etapa da libertao americana. Receba o senhor,os companheiros e o povo todo, o testemunho de nossa de -voo sem reservas causa comum e nossas felicitaes porocasio de mais um aniversrio da luta intransigente contrao imperialismo norte-americano.
Che
AO COMANDANTE FIDEL CASTRO
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2 de abril de 19589h:55m
Camilo:No desperdice balas em combates sem importncia.
Aqui a coisa esteve boa, pois Vilo e o pessoal se atracaramdurante umas cinco horas. No aconteceu nada, alm dascoisas que queimaram; possvel que tenhamos matado umdeles.
Organiza todo o pessoal e tenta saber quantos hectarese quantas cabeas de gado possui a Candelria; tenta enviaro Vitorino para bater um papo comigo. Mantenha-me infor -mado de tudo.
Comunique-se com (ilegvel).D instrues ao Chivo para que opere na regio Baya -mo-Veguitas. (Por esse lado e no por outro). Diga a ele queenviarei o pessoal assim que chegarem.
Che
Mando umas cartas. O pacote do Chivo.
AO COMANDANTE CAMILO CIENFUEGOS
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AO COMANDANTE CAMILO CIENFUEGOS
3 de abril de 195819 horas
Camilo: Te mando por volta de 800 balas. Mendoza levar mais.
Mando como reforo, pois chegou um caminho carregado dearmas (avio, no caminho). Chegou uma grande quantida -de de balas, mas no sobraram muitas para mim. O avio foiincendiado para evitar sua identi cao, pois no conseguiudecolar. Chegaram 50 projteis de morteiro.
Me faz saber de todas as tuas atividades e do resultadode tua entrevista com Hernn, ainda, como vo as coisas pora, pois aqui no sabemos nada sobre vocs. Lembra o quan -
to fundamental impedir o trnsito pela estrada central.Che
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AO COMANDANTE CAMILO CIENFUEGOS
5 de abril de 1958
Camilo: muito importante que me mandes notcias de tudo
quanto souberes ou tiveres feito, no apenas do ponto de vis -ta militar, mas tambm quanto paralisao do transporte ea greve geral, pois no tenho notcias de nada.
Te mando o Mendoza e os carabineiros do Oscar. Peditambm que contatasses o Victorino Prez, que formou suaguerrilha por essas bandas, para falar com ele. Informa-mequanto atitude de Hernn e a cooperao mtua que podeser estabelecida entre eles.
Boa sorte. J solucionei o problema de Mendoza, que
pode car por a mesmo. Vo mais 800 balas. Se achares queAlcibades pode ser til em El Dorado, devolve a ele o Garandque eu lhe dei.
Che
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AO COMANDANTE CAMILO CIENFUEGOS
7 de setembro de 19582h:45m
Camilo:Estou em casa do teu xar Camilo Lpez, perto dali, e
parto hoje tarde rumo ao arrozal, que a essas alturas jdeve ter sido ocupado, pois eu pensava em con scar ali al -guns caminhes, embora agora me informem que no arrozalno h nem jipes e que em Jobabo esto mais de 400 solda -dos. Boatos, provavelmente, mas preciso organizar aes.Manda informaes sobre o teu roteiro e previne o pessoalpara um possvel enfrentamento, que dizem ir ocorrer.
Ches 4 horas sai o primeiro para arrozal.
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AO COMANDANTE CAMILO CIENFUEGOS
19 de outubro de 1958
Camilo:Quanto ao bilhete anterior, preciso apenas mudar as
aes sobre Morn, que parece estar muito longe para asnossas possibilidades.
Vai junto o bilhete d Fidel, que eu j li, e 2.000,00,ch, caf 1.000,00. No adiro s congratulaes, pois umapequena parte dela minha.
Faa o que puderes at que eu bata um papo com estepessoal e tem mande uma impresso geral da situao e ca.
Novo abrao
CheAdendoAt o estabelecimento de um comando nico que resol -
ver na zona, vai formando uma comisso encarregada doabastecimento e distribuio eqitativa dos alimentos.
Manda logo o cmara.Abraos.Ramiro.
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AO COMANDANTE FAURE CHAUMON*
25 de outubro de 195819h:20m
A Faure Chaumon*,Secretrio-Geral do Diretrio Revolucionrio
Faure (ou qualquer outro responsvel):Estou esperando notcias. Espero que no tenha acon -
tecido nada a vocs durante o bombardeamento de hoje. Al -gum veio aqui dizendo que Juanito estava cercado: me in -formem se isto verdade e se ele precisa de ajuda. Precisoinformaes quanto situao no ponto que nos interessa e,no caso de que vocs no possam fazer o trabalho, vejam se
podem me arranjar dois guias.Saudaes
Che
(*) Fundador do Diretrio Revolucionrio, com Jos Antnio Eche -varra, um dos chefes do ataque ao Palcio Presidencial, combatente deEscambray, Comandante Rebelde, ex-Minstro dos Transportes. Estudan -te, nascido em Camagey.
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AO COMANDANTE FAURE CHAUMON
Serra do Escambray,7 de novembro de 1958
Sr. Secretrio-Geraldo Diretrio Revolucionrio.Companheiro Faure Chaumon.
Prezado Companheiro:O objetivo desta carta o de inform-lo quanto aos l -
timos acontecimentos ocorridos no seio desta serra do Es -cambray.
As di culdades surgidas entre ns e a organizao de -nominada Segunda Frente do Scambray foram entrando em
crise aps o apelo do nosso chefe mximo dr. Fidel Castroat culminar numa aberta agresso cometida contra um dosmeus capites localizado na zona de San Blas. Essa delicadasituao torna impossvel chegar-se a um acordo com a men -cionada organizao.
Durante nossa ltima entrevista no consegui apresen -tar propostas concretas devido expressa negativa de partede Vs. Ss. de conversar sequer com membros da SegundaFrente, o que estava em contradio com as instrues unio -nistas que eu trazia de Sierra Maestra. Considero que, nomomento atual, o Movimento 26 de Julho sequer pode falar
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num plano fraternal com essa instituio, fato que abre ocaminho para que realizemos conversaes concretas sobretodos os pontos de interesse de nossas respectivas organiza -es.
Em conversaes o ciais havidas com membros doPartido Socialista Popular, eles demonstraram uma posturafrancamente unionista e colocaram disposio dessa uni -dade sua organizao na plancie e suas guerrilhas da frentede Yaguajay.
Posso manter um encontro com o sr. no lugar que acharmais conveniente, mas, se por motivos de aes militares nome for possvel fazer este contato, est autorizado para repre -sentar-me neste encontro o comandante Ramiro Valds, se -gundo Chefe Militar desta zona, pelo Movimento 26 de julho.
Aproveito a oportunidade para informar que o compa -nheiro Pompillo Viciedo reiterou sua disposio de ser sub -metido a julgamento antes de abandonar nossas leiras,razo pela qual car detido neste acampamento at o escla -recimento total dos fatos, agradecendo qualquer declaraoque pudessem fazer testemunhas oculares ou conhecedorasocasionais do fato e o comparecimento de todos eles ao jul -gamento, que ser realizado quando estejam reunidos os ele -mentos de prova dispersos.
Receba a saudao revolucionria.
Che
Comandante-Chefe da regio de Las Villaspelo Movimento 26 de Julho
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AO COMANDANTE FAURE CHAUMON
Dezembro de 1958
A Faure Chaumon,Secretrio-Geral do Diretrio Revolucionrio
Faure:Fomos cercando o povoado durante a noite. Agora j
dominamos uma posio na qual se renderam nove solda -dos. Existem mais duas posies, que esto cercadas, bemcomo o quartel. O caminho de Nazareno est bem custodia -do. Se vocs os detm em Bez, devero se render.
Saudaes
Che
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dade de comando ao Movimento e para fazer as coisas damelhor maneira possvel. Por causa dos medrosos, no foipossvel realizar o ataque a Fomento, como planejramos.Na hora do tiroteio, havia um nmero ridculo de coquetis,
no existia um nico miliciano para realizar as tarefas en -comendadas e eles acharam que ainda no era o momentoindicado. Com renncia ou sem renncia, eu hei de acabarcom a autoridade que fui investido, com todas as pessoasfracas das populaes dos arredores da Sierra. No penseique viesse a ser boicotado por meus prprios companheiros.Percebo agora que o velho antagonismo, que acreditvamossuperado, renasce agora com a palavra plancie, e os chefesdivorciados da massa do povo emitem opinio sobre as rea -es desse povo. Eu poderia te perguntar: por que no foramos guajiros. que acharam ruim a tese de que a terra paraquem a trabalha, e sim os latifundirios? E se esse fato notem relao com o fato de que a massa combatente esteja deacordo com o assalto aos bancos, quando nenhum deles temum tosto l dentro. Nunca pensaste nas razes econmi -cas diante da mais arbitrria entre as instituies nancei -ras? Aqueles que fazem seu dinheiro emprestando o dinheiroalheio e especulando com ele no tm direito a consideraesespeciais. A quantia miservel que oferecem o que ganhamnum dia de explorao, enquanto este sofrido povo perde osangue na Sierra e na Plancie, e sofre diariamente a traiode seus falsos guias.
Me ameaas com a responsabilidade total pela des -truio da organizao. Aceito essa responsabilidade revo -lucionariamente e estou disposto a prestar contas da minhaconduta na frente de qualquer tribunal revolucionrio, nomomento em que isso disponha a Direo Nacional do Mo -vimento. Prestarei conta do ltimo tosto que seja con adoaos combatentes da Sierra, ou que eles obterem por qualquermeio. Mas pedirei contas de cada um dos 50.000 pesos queanuncias, pois comunico-te que, por resoluo de Fidel, emcarta que te mostrarei quando subires, a tesouraria da Fren -de do Escambray deve car aqui.
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Me pedes um recibo com minha assinatura, coisa queno costumamos fazer entre companheiros. Sou absoluta -mente responsvel pelos meus atos e a minha palavra valemais do que todas as assinaturas do mundo. Se eu exigir
a assinatura de algum, porque no estou convencido dasua honestidade. No me passaria pela cabea pedir a tuaassinatura para coisa nenhuma, embora eu exigiria cem aGutirrez Menoyo.
Acabo com uma saudao revolucionria te espero junto com o Diego,
Che
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A JOS E. MARTI LEYVA
Havana, 5 de Fevereiro de 1959
Sr. Jos E. Marti LeyvaMrtires N9 180Holgun, Oriente
Caro Amigo:Foi com muito prazer que tomei conhecimento da sua
generosa oferta para lutar pela liberdade dos nossos vizi-nhos, o povo de So Domingos.
Tendo tomado em considerao todo o valor desta ofer -ta desinteressada e nobre, peo-lhe que mantenha vivo o seuentusiasmo para o futuro, quando surgir uma oportunidade.
Entretanto, aproveite para estudar a m de se tornar umhomem til, que algo de que muito necessitamos em Cuba.Estou certo que se tornar um deles. Dedique-se ao desenho,prometa-me.
Saudaes CordiaisDr. Ernesto Che Guevara
Comandante-ChefeDepartamento Militar de La Cabaa
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A JUAN HEHONG QUINTANA
Havana, 5 de fevereiro de 1959
Sr. Juan Hehong QuintanaA-6, Primeira, 371Oeste, Crdenas.
Prezado amigo:Agradeo seu gesto. sempre bom que a juventude es -
teja disposta a sacri car-se por causas to nobres como alibertao de So Domingos, mas acredito que neste momen -to nosso lugar de combate aqui, em Cuba, onde existemenormes di culdades a vencer.
Dedique-se, por enquanto, a trabalhar com entusiasmo
pela nossa Revoluo. Essa ser a melhor ajuda que podere -mos oferecer ao povo dominicano, isto , o exemplo de nossavitria total.
Receba as saudaes de,Dr. Ernesto (Che) Guevara
Comandante-Chefe Depto. MilitarLa Cabaa
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A CARLOS FRANQUI
Tarar, 10 de maro de 1959
Companheiro Carlos FranquiDiretor do Jornal RevolucinHavana
Companheiro Franqui:Vi na revista CarteLes, na seo Detrs da Notcia,
escrita por Antnio Llano Montes, uma nota que me inte -ressou, e que faz insinuaes quanto minha posio revo -lucionria, na seguinte frase, aparentemente inofensiva: OComandante Che Guevara xou sua residncia em Tarar.
No irei analisar aqui quem o referido jornalista, nem
darei notcias sobre o que dele consta nos arquivos cuja cus -tdia me foi encomendada. No minha inteno fazer acu -saes ou contra-acusaes. O meu dever apenas com aopinio pblica e queles que con aram em mim enquantorevolucionrio.
Esclareo aos leitores de Revolucin que estou doente,que a minha doena no foi contrada em casas de jogo oupassando noitadas nas boates, mas trabalhando mais do queo meu organismo podia suportar, em benefcio da Revoluo,
Os mdicos me recomendaram uma casa num lugarafastado da visitao diria e a Recuperao de Bens Im -
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veis me emprestou a casa em que vou morar na mencionadapraia, at que os colegas que me tratam me concedam alta.Fui obrigado a ocupar uma casa de personagens do antigoregime, pois meu soldo de $ 125,00 de o cial do Exrcito
Rebelde no me permite pagar um local su cientemente es -paoso para acomodar o pessoal que me acompanha.O fato de tratar-se da casa de um antigo funcionrio
de Batista indica que se trata de uma residncia luxuosa.Escolhi a mais simples, mesmo assim, constitui um insulto sensibilidade popular. Prometo ao senhor Llano Montes eespecialmente ao povo de Cuba que a abandonarei assim queminha sade melhorar.
Agradeo-lhe a publicao destas linhas, para melhoresclarecimento de nosso povo, perante o qual temos umaresponsabilidade.
Cordialmente
Che
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A CARLOS FRANQUI
29 de dezembro de 1962
Companheiro Carlos FranquiDiretor do Jornal RevolucinCidade
Companheiro Franqui:No gostei da rotogravura publicada h poucos dias;
permite que eu te diga isso com toda a minha sinceridade eque te aponte as razes, desejando que estas linhas sejampublicadas como um desabafo meu.
Deixando de lado fatos pequenos que no falam bem daseriedade do jornal, como essas fotos com grupos de solda -
dos apontando para um suposto inimigo e com o olho viradopara a cmara, h outros erros fundamentais:1) Esse extrato do dirio no inteiramente autntico.
A coisa foi assim: me perguntaram (ainda durante a guer -ra) se eu tinha escrito um dirio da invaso. Eu tinha, real -mente, mas sob a forma de anotaes sucintas, para o meuuso pessoal, e no tinha tempo, naqueles momentos, paradesenvolv-lo. Disso cou encarregado (no lembro agora emquais circunstncias) um senhor de Santa Clara, que resul -tou ser bastante inventivo e resolveu acrescentar faanhaspor meio de adjetivos.
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0 escasso valor que poderiam ter essas quatro anota -es, acaba quando perdem a autenticidade.
2) falso que a guerra constitusse para mim uma coi -sa secundria, por atender ao campesinato. Naquele mo -
mento ganhar a guerra era o que importava, e acredito queme dediquei a essa tarefa com todo o empenho de que eracapaz. Aps entrar no Escambray, dei dois dias de descansoa uma tropa que suportara quarenta e cinco dias de marchaem condies terrivelmente difceis e reiniciei as operaestomando Gina de Miranda. Se pecamos por alguma coisa,foi ao contrrio; pouca ateno para a difcil tarefa de brigarcom os inmeros bandoleiros que infestavam aqueles mor -ros; Gutirrez Mnoyo e sua quadrilha me obrigaram a en -golir muitos sapos para poder dedicar-me tarefa essencial:A Guerra.
3) falso que Ramiro Valds fosse ntimo colaboradorde Che, em assuntos de organizao. Eu no entendo como,na tua qualidade de diretor, deixaste passar uma coisa des -sas, conhecendo o Ramiro to bem.
Ramirito esteve em Moncada, preso em Ilha de Pinos,veio no Granma como tenente, foi promovido a capito quan -do eu fui nomeado comandante, dirigiu uma coluna na qua -lidade de comandante, foi segundo-chefe na invaso e depoisdirigiu as operaes do setor Leste, enquanto eu marchavaem direo a Santa Clara.
Considero que a verdade histrica deve ser respeitada:fabric-la ao belprazer no leva a nenhum resultado positivo.Por isso - e por ser ator dessa parte do drama - adquiri cora -gem para fazer estas notas crticas que pretendem ser cons -trutivas. Parece-me que se o texto tivesse sido submetido auma boa reviso, muitos erros poderiam ter sido evitados.
Feliz Natal e um ano novo sem muitas manchetes deimpacto (pelo que elas acarretam) te deseja.
CheDepartamento Militar de La Cabana
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A VALENTINA GONZLEZ BRAVO
Havana, 25 de maio de 1959
Srta. Valentina Gonzlez BravoNarciso Lpez, 35 Morn, Camagey
Prezada senhorita:Li a carta em que me pede indicaes para a doutri -
nao regulamentaria do 26 de Julho o cial. Admiro seuinteresse em cultivar-se; cumprimento-a pelo esforo que faze pelos propsitos que a animam.
No acredito que seja possvel escrever sob uma dou -trinao regulamentada, alm do fato de que no existe o 26de Julho o cial. Eu penso que escrever uma maneira de
enfrentar problemas concretos e uma posio assumida porsensibilidade diante da vida.Continue a trabalhar, pois a vitria haver de coroar
seus esforos. Vencer a adversidade , na pro sso que asrta. escolheu, um dos melhores meios para o prprio aper -feioamento.
Saudaes cordiais
Dr. Ernesto Che GuevaraComandante-Chefe do Departamento Militar de La Ca -
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A JOSE RICARDO GOMES
Havana, 7 de Junho de 1959
Sr. Jos Ricardo GmezLas Heras 126 Ezeiza, Argentina
Amigo:Respondo sua carta com um certo atraso. Compre -
ender que tenho muito trabalho e que escrever para mimum esforo. Respondendo diretamente s perguntas da suacarta informo que os primeiros oitenta rebeldes adquiriramas armas na cidade do Mxico. Estas consistiam essencial -mente de metralhadoras, metralhadoras ligeiras e as grana -das eram fabricadas nos Estados Unidos. Foram poucos os
sobreviventes do desembarque; na realidade, nessa altura,no nos organizamos; era mais uma questo de escaparmose salvarmos a vida. Refugiamo-nos em bohos (como aquichamam s cabanas dos camponeses) e fazamos longas ca -minhadas de noite. No atacamos em massa, mas em peque -nos pelotes de guerrilleros colocados em posies estrat -gicas - era assim que atacvamos.
Com os meus desejos de boas melhoras e cordiais sau -daes.
Dr. Ernesto Che Guevara Comandante-Chefe Departa -mento Militar de La Cabaa
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Havana, 12 de abril de 1960Ano da Reforma Agrria
Sr. Ernesto SbatoSantos LugaresArgentina
Prezado patrcio:Faz j uns quinze anos, quando conheci um lho seu,
que j deve estar prximo dos vinte, e sua mulher, naquelelugar que acredito se chamava Cabalando, em Carlos Paze, depois, quando li seu livro Uno y el Universo, que me fas -cinou, no pensava que viria a ser o sr. - possuidor daquilo
que era para mim o mais sagrado do mundo, o ttulo de es -critor - quem viesse me pedir, com o passar do tempo, umade nio, uma tarefa de reencontro, como o sr. diz, baseadonuma autoridade avaliada por alguns fatos e muitos fenme -nos subjetivos.
Fiz estes comentrios preliminares apenas para lem -brar-lhe que perteno, apesar de tudo, terra onde nasci, eque sou ainda capaz de sentir profundamente todas as suasalegrias, todas as suas esperanas e tambm suas decep -es. Seria difcil explicar-lhe por que isto no uma Revo -luo Libertadora; talvez tivesse que dizer-lhe que vi as aspas
A ERNESTO SBATO
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nas palavras que o sr. denuncia, j nos primeiros dias, e euidenti quei aquela palavra com a mesma coisa que acontece -ra numa Guatemala que eu acabara de abandonar, vencidoe quase decepcionado. E como eu, ramos todos aqueles que
participamos desde o incio nesta aventura estranha, e quefomos aprofundando nosso senso revolucionrio no contatocom as massas camponesas, em profundo inter-relaciona -mento, durante dois anos de lutas cruis e de tarefas real -mente vultosas.
No poderamos ser libertadora porque no ramosparte de um exrcito plutocrtico, ramos apenas um novoexrcito popular, que se levantou em armas para destruir ovelho; e no poderamos ser libertadora porque nossa ban -deira de combate no era uma vaca, mas, em todo caso, umarame de divisa latifundiria destroado por um trator, o que hoje o smbolo do nosso INRA (Instituto Nacional de Refor -ma Agrria). No podamos ser libertadora porque nossasempregadinhas choraram de alegria no dia em que Batistafoi embora e entramos em Havana e hoje continuam dandoinformaes sobre todas as manifestaes e todas as ingnu -as conspiraes do pessoal Country Club, que o mesmopessoal Country Club que o sr. conheceu l e que foram svezes seus companheiros de dio contra o peronismo.
Aqui, a forma de submisso da intelectualidade tomouum aspecto muito menos sutil que na Argentina. Aqui, a in -telectualidade era escrava no duro, no fantasiada de indife -rente, como l, e muito menos fantasiada de inteligente; erauma escravido simples, colocada a servio de uma causade oprbrio, sem complicaes; esbravejavam, apenas. Mastudo isto apenas literatura. Encaminhar ao sr., como o sr.fez comigo, um livro sobre a ideologia cubana, seria encami -nh-lo a um prazo de um ano frente; hoje s posso mostrar,como uma tentativa de teorizao desta Revoluo, primeiratentativa a srio, talvez, mas muito prtico, como o so todasas nossas coisas de empricos inveterados, este livro sobre aGuerra de Guerrilhas. Ele quase que um expoente pueril deque sei colocar uma palavra aps a outra; no tem a preten -
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so de explicar as grandes coisas que inquietam o sr. e talveztampouco pudesse explic-las o segundo livro que tencionopublicar, se as circunstncias nacionais e internacionais nome obrigarem novamente a empunhar um fuzil (tarefa que
desprezo como governante mas que me entusiasma como ho -mem que preza a aventura). Antecipando aquilo que pode virou no (o livro), posso lhe dizer, tentando sintetizar, que estaRevoluo a mais genuna criao da improvisao.
Em Sierra Maestra, um dirigente comunista que nosvisitara, admirado com tanto improviso e com a maneiracom que funcionavam todas as molas, que funcionavam porconta prpria, a uma organizao central, dizia que se tra -tava do caos mais perfeitamente organizado do universo. Eesta Revoluo assim, por que se movimentou frente daprpria ideologia. Devemos lembrar que Fidel Castro era umcandidato a deputado por um partido burgus, to burguse respeitvel quanto o Partido Radical na Argentina; que se -guia a linha de um lder desaparecido, Eduardo Chibs, comcaractersticas que poderiam ser semelhantes s do mesmoIrigoyen; e ns, que acompanhvamos Fidel, ramos um gru -po de homens com pouco preparo poltico, contando somentecom a boa vontade e nossa honestidade inata. Foi assim quegritamos: no ano de1956 seremos heris ou mrtires. Umpouco antes, gritvamos, ou melhor, Fidel gritava: vergonhacontra dinheiro. Sintetizvamos em frases singelas nossatambm singela atitude.
A guerra nos revolucionou. No existe experincia maisprofunda para o revolucionrio do que o ato da guerra; noo fato isolado de matar, nem o de carregar um fuzil ou es -tabelecer uma luta deste ou daquele tipo. a totalidade dofato guerreiro, quando se sabe que um homem armado valeenquanto unidade combatente, e tem o mesmo valor de qual -quer homem armado, e pode no mais ter medo de outroshomens armados. Explicar, ns mesmos, os dirigentes, aoscamponeses indefesos, como eles poderiam empunhar umfuzil e demonstrar a esses soldados que um campons ar -mado valia tanto quanto o melhor deles; aprender, tambm,
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que a fora de um no vale nada se no est apoiada nafora de todos; aprender, ao mesmo tempo, que as palavrasde ordem revolucionrias devem responder a palpitantes an -seios do povo; e aprender a conhecer as vontades profundas
do povo e transform-las em bandeiras de agitao poltica.Foi isto que todos ns zemos e compreendemos que o dese - jo do campons pela terra era o mais forte estmulo de lutaque era possvel encontrar em Cuba. Fidel entendeu muitascoisas mais; desenvolveu-se nele o extraordinrio lder quehoje , com a gigantesca capacidade de aglutinar o povo. PoisFidel, acima de tudo, o aglutinador por excelncia, o guiaindiscutido que acaba com todas as divergncias e cuja desa -provao destri. Muitas vezes usado, desa ado outras, pordinheiro ou por ambio, sempre temido por seus advers -rios. Assim nasceu esta Revoluo, assim foram sendo cria -das as suas palavras de ordem e assim foi-se, aos poucos,teorizando sobre fatos para criar uma ideologia que vinhano encalo dos acontecimentos. Quando ns lanamos nos -sa Lei de Reforma Agrria* na Sierra Maestra, comprovamosque j tinham sido realizadas diversas partilhas de terras nolocal. Aps entender na prtica uma srie de fatores, apre -sentamos nossa primeira tmida lei, que no ousava tocar noponto mais importante: o extermnio do latifndio.
Ns no fomos muito mal vistos pela imprensa conti -nental por dois motivos: primeiro, porque Fidel um extraor -dinrio poltico, que nunca mostrou suas intenes alm decertos limites e soube conquistar a admirao de jornalistasde grandes empresas que simpatizavam com ele e usaram ofcil caminho da crnica sensacionalista; o outro, simples -mente porque os norte-americanos, que so os grandes fa -bricantes de testes e tabelas para tudo, aplicaram esses tes -tes e tabelaram Fidel. Segundo os cdigos deles, onde estavaescrito vamos nacionalizar os servios pblicos, devia ler-se: evitaremos que isso acontea se recebermos um razovelapoio; onde estava escrito vamos acabar com o latifndio,
* Folha de So Paulo, 25/07/80. Vide pg. 48
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devia ler-se utilizaremos o latifndio como uma boa basepara arrancar dinheiro para a nossa campanha poltica oupara o nosso prprio bolso, e assim por diante. Nunca pas -sou pela cabea deles que aquilo que Fidel Castro e o nosso
movimento disseram de maneira to ingnua e drstica fosseexatamente o que pensvamos fazer; fomos para eles o gran -de logro deste meio sculo, dissemos a verdade aparentandodistorc-la. Eisenhower disse que tramos os nossos princ -pios, o que parte da verdade dele; tramos a imagem queeles tinham feito de ns, como na histria do pastor menti -roso, mas, contrariamente, no acreditaram em ns. Por issoestamos agora falando uma linguagem que tambm nova,porque continuamos andando muito na frente daquilo quepode pensar e estruturar o nosso pensamento, estamos nummovimento constante e a teoria anda muito lentamente, tolentamente que, aps escrever nos pouqussimos momentosque me restam este manual que agora lhe envio, acho que elequase no serve para Cuba. Para o nosso pas, no entanto,pode ser til, s que preciso us-lo com inteligncia, sempressa nem futilidades. Por isso eu tenho medo de tentardescrever a ideologia do movimento; quando eu a publicas -se, todos iriam pensar que se trata de uma obra escrita hmuitos anos.
Enquanto se torna aguda a situao no exterior e a ten -so internacional aumenta, nossa Revoluo, por necessida -de de sobrevivncia, deve tornar-se aguda e, cada vez que aRevoluo se torna aguda, aumenta a tenso e a Revoluose torna mais uma vez aguda. Trata-se de um crculo viciosoque parece tender a car cada vez mais estreito at rasgar,no momento indicado acharemos uma maneira de sair daenrascada. Posso, no entanto, lhe dar a certeza de que estepovo forte, porque lutou e venceu e sabe o valor da vitria;conhece o sabor das balas e das bombas e tambm o saborda opresso. Saber lutar com exemplar inteireza. Ao mes -mo tempo asseguro-lhe que, quando esse momento chegar,apesar de eu estar fazendo agora algumas tmidas tentativasa respeito, teremos teorizado muito pouco e deveremos resol -
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ver os problemas com a agilidade que a vida guerrilheira nosdeu. Eu sei que nesse dia, a sua arma de intelectual honestoatirar em direo ao inimigo, e que poderemos contar como sr. l, presente e lutando junto conosco. Esta carta foi um
pouco longa e no est isenta dessa certa pose que s pessoassimples, como ns, impe, porm, a tentativa de demonstrardiante de um pensador, que somos tambm aquilo que nosomos: pensadores. Seja como for, estou sua disposio.
Cordialmente,
Ernesto Che Guevara
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A JOSE TIQUET
Havana, 17 de Maio de 1960
Sr. Jos TiquetPublicaciones Continente, S.A.Paseo de La Reforma 995Mxico, D.F.
Caro Amigo:Peo-lhe muita desculpa pela minha demora em res -
ponder sua carta. No foi devida negligncia da minhaparte mas falta de tempo. Teria o maior prazer em pagar asua viagem a Cuba mas no disponho de meios para o fazer.
Tenho como nico rendimento o ordenado de major do Exr -
cito Rebelde, o qual, de acordo com a poltica de austeridadedo nosso Governo Revolucionrio, consiste apenas na quan -tia necessria para manter um nvel de vida decente.
A sua carta no me incomodou nada, pelo contrrio,tive muito prazer em receb-la.
Afetuosamente
Major Ernesto Che Guevara
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A FERNANDO BARRAL
Havana, 15 de Fevereiro de 1961Ano da Educao
Dr. Fernando BarralPapp Y.18Ujpest, Hungria
Caro Fernando:Foi uma pena que no tivssemos podido ver-nos nem
mesmo por poucos minutos. Escrevo com a pressa e a brevi -dade que as minhas muitas atividades impem. Espero quecompreendas. Indo diretamente ao assunto, embora no ti -vesses falado nisso nesta ltima carta mas sim na anterior,
presumo que queres vir trabalhar aqui. Desde j te possodizer que h trabalho para ti e tua mulher, que o ordenadoser su ciente mas no dar para luxos e que a experinciada Revoluo Cubana algo que considero do maior interes -se para pessoas como tu, que um dia tero de voltar para tra -balhar de novo na tua terra natal. Claro que podes trazer atua me; todas as facilidades pessoais necessrias para o teutrabalho sero postas ao teu dispor. A Universidade est sen -do reestruturada e h lugar para ti caso estejas interessado.
Como natural, encontrars aqui mais coisas ilgicasdo que a, pois uma Revoluo altera e desorganiza tudo;
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pouco a pouco cada um ser colocado no lugar para o qualestiver melhor preparado. A nica coisa importante nodi cultar o trabalho de ningum.
Resumindo, aqui est tu casa* se quiseres vir infor -
ma-me da maneira que te parecer conveniente e explica-mequais as providncias a tomar para trazeres a tua mulher.Como seguimos caminhos to diferentes durante mui -
tos anos, devo dizer-te a ttulo de informao pessoal que soucasado e tenho duas lhas. Tive notcias de velhos amigosatravs de Mame, que me visitou h alguns meses.
Um abrao fraterno do teu amigo
Major Ernesto Che Guevara
* Aqui est a tua casa frase de boas-vindas usada nos pases delngua espanhola
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A LOUISA STRONG
Havana, 19 de Novembro de 1962Ano do planejamento
Ana Louisa Strong9 Tai Chi ChangPequim, China
Cara Companheira:Recebi a sua carta de 10 de Setembro.Compreendo os seus problemas. Convidamo-la a vir a
Cuba em primeiro lugar pelo prazer de a termos entre ns etambm para que entre em contato com a nossa Revoluo.No de modo algum obrigada a escrever acerca dela, em -
bora eu pense que est sendo muito modesta em relao ssuas aptides. Quanto sua viagem, o meu convite mantm-se em aberto, pode car o tempo que quiser e fazendo o quequiser (um livro de mil pginas ou nada, o que tambm temo seu encanto).
Junto envio vrios exemplares do seu livro sobre as co -munas que teve muito xito em Cuba.
Lamento dizer-lhe que o seu livro sobre o Laos se per -deu nos meandros da nossa mquina burocrtica.
Aqui em Cuba estamos preparados para o combate. Opovo est pronto a defender-se da agresso. Ningum pensa
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em ceder. Todos esto prontos a cumprir o seu dever. Sevissemos a perecer (o que s aconteceria depois de termosvendido bem caro as nossas vidas) poderiam ler uma mensa -gem semelhante de Termpilas*.
De qualquer modo no estamos ensaiando os ltimosgestos; queremos a vida e a defenderemos.Ptria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
*Vai, estrangeiro, dizer a Lacednia que aqui, em obedincia suaordem, ns camos. Palavras escritas pelo poeta grego Simnides, comoepit o para as tropas de Esparta, que defenderam at o ltimo homem apassagem de Termpilas contra os invasores.
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haver uma opinio diferente?
RevolucionariamentePtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A PETER MARUCCI
Havana, 4 de Maio de 1963Ano da Organizao
Mr. Peter MarucciRedator
The Daily MercuryGuelph, Canad
Companheiro:Em primeiro lugar deixe-me confessar-lhe que em nos -
so pas a burocracia uma mquina poderosa e fortementeestabelecida; absorve papis, incuba-os no seu seio imensoe faz com que eles cheguem eventualmente ao seu destino.
por isso que s hoje respondo sua amvel carta.Cuba um pas socialista: tropical, rude, ingnuo e ale -gre. socialista sem renunciar a uma nica das suas carac -tersticas, desenvolvendo ao mesmo tempo a maturidade doseu povo. Vale a pena conhec-lo. Esperamos que aqui venhaquando quiser.
AtentamentePtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A ALEITA COTO MARTNEZ
Havana, 23 de Maio de 1963Ano da Organizao
Dra. Aleita Coto MartnezDiretora-adjunta da Comisso Primria Regional Puer-
to Regia - GuanabacoaMinistrio da Educao Cidade
Cara Companheira:Muito obrigado pela sua carta.Por vezes ns, os revolucionrios, sentimo-nos ss; at
os nossos lhos nos vem como estranhos.Vem-nos menos do que ao soldado a quem chamam
tio. As redaes que me enviou transportaram-me por uminstante redao que escrevemos quando da visita do pre -sidente nossa terra, quando eu estava na segunda ou ter -ceira srie. A diferena entre o que aquelas crianas diziame o que dizem as crianas da Revoluo de hoje d-nos con -ana no futuro.
Revolucionariamente Ptria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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AOS COMPANHEIROS DAFBRICA DE MONTAGEM DE BICICLETAS
Aos companheiros daFBRICA DE MONTAGEM DE BICICLETASLorraine n9 62Santiago de Cuba
Companheiros:H um erro na vossa maneira de abordar o problema.
Os trabalhadores responsveis pela produo dum determi -nado artigo no tm direito a ele. Os padeiros no tm direitoa mais po, nem os pedreiros a mais sacos de cimento: nemvocs a motocicletas.
No dia da minha visita notei que um dos veculos de trsrodas (motociclo com side-car) estava sendo utilizado como
uma espcie de mini-automvel, fato que critiquei imediata -mente. Um membro da Juventude Comunista saiu de motopara fazer trabalhos relacionados com a sua organizao, oque critiquei por duas razes: o uso indevido do veculo ea atitude incorreta de utilizar o tempo pago pela sociedadeem trabalho que, em princpio, representa uma contribuiosuplementar e totalmente voluntria de tempo para a socie -dade.
Durante a nossa conversa disse que me informaria so -bre as condies de pagamento e a possibilidade de obtercarros para determinados trabalhadores e tcnicos. Como
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A ARTURO DON VARONA
Havana, 28 de Outubro de 1963Ano da Organizao
Dr. Arturo Don VaronaSubdiviso de Vista HermosaCamagey
Doutor:
Recebi o seu relatrio, mas parece-me que o nmero decaballeras (medida agrria de Cuba, eqivale a 33 acres) demasiado elevado para permitir recorrer a qualquer artigoda lei.
De qualquer modo, no lhe oculto a minha preocupaopor o Estado ter sido muitas vezes um administrador menose ciente do que o produtor privado.
Pela sua direo, deduzo que no dos produtores quevivem em contato com a agricultura, mas talvez a sua expe -rincia administrativa lhe permita gerir a nca da maneiracomo mostram os nmeros que apresenta. Peo-lhe que noconsidere isto uma piada de mau gosto, mas talvez a sua en -trada para o INRA (Instituto Nacional de Reforma Agrria) be -ne ciasse essa instituio. Tudo depende da sua capacidadede aprender o signi cado e a justia dos dias que vivemos e
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assim avaliar com sentido crtico os muitos erros que umaverdadeira Revoluo Popular comete.
Atentamente Ptria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A PABLO DIAZ GONZALEZ
Havana, 28 de outubro de 1963Ano da Organizao
Companheiro Pablo Diaz GonzlezAdministrador, Campo de SondagensCuenca Central Oil FieldCaixa Postal 9, Majagua Camagey
Pablo:Li o teu artigo e agradeo-te que nele tenhas falado to
bem de mim; a meu ver bem de mais, at.Alm disso parece-me que falas tambm bem de mais
de ti prprio.
A primeira coisa que um revolucionrio deve fazer aoescrever histria agarrar-se verdade como uma mo euma luva. Fizeste-o, mas era uma luva de boxe e isso nobasta.
Queres um conselho? Volta a ler o artigo, corta tudo oque sabes no ser verdade e s prudente em relao a tudoaquilo de que no estejas seguro.
Saudaes RevolucionriasPtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A CARLOS RAFAEL RODRIGUEZ
Havana, 28 de Outubro de 1963Ano da Organizao
Companheiro Carlos Rafael RodrguezPresidente do Instituto Nacional da Reforma Agrria Ci -
dade
Companheiro: Junto envio os papis de Arglio Rosabal*, o adventista
(do Stimo Dia) de que lhe falei e cuja recompensa terrestrese transformou em castigo.
Como jovem comunista brilhante que , saber comocontornar a lei ou como distrair a minha ateno.
(Quanto ao assunto dos gatos e dos ces foi tudo emcorreio separado).Saudaes RevolucionriasPtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
*Ver o captulo intitulado A Deriva, do livro Dirio de Sierra Ma -estra.
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A LYDIA ARES RODRGUEZ
Havana, 30 de Outubro de 1963Ano da organizao
Senhora Lydia Ares RodrfguezCalle Crdenas. 69Havana
Companheira:A sua carta foi enviada ao Ministrio do Interior, uma
vez que o organismo responsvel pela resoluo desses pro -blemas.
De qualquer modo, aprecio a sua atitude em relao aotrabalho e Revoluo; devo porm dizer-lhe que na minha
opinio o seu lho deve cumprir a pena que lhe foi impos -ta, porque, independentemente de quaisquer circunstnciasatenuantes, cometeu um crime contra a propriedade socia -lista e esse um dos crimes mais graves.
Tenho pena de o dizer e lamento a mgoa que isto lhecausar, mas no estaria cumprindo com o meu dever derevolucionrio se usasse de menos franqueza.
Revolucionariamente Ptria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A JOO ANGEL CARDI
Havana, 11 de Novembro de 1963Ano da Organizao
Companheiro Joo Angel CardiCalle 17, n
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A MARIA ROSARIO GUEVARA
Havana, 20 de fevereiro de 1964Ano da Economia
Sra. Maria Rosrio Guevara36, rue dAnnam(Maarif) Casablanca,Marrocos
Companheira:Realmente eu no sei com certeza de que regio da Es -
panha a minha famlia. Naturalmente faz muitos anos quemeus antepassados saram de l, com uma mo na frente eoutra atrs. E se eu no as conservo assim pelo incmodo
da posio.No acredito que sejamos parentes muito prximos,mas se voc capaz de tremer de indignao a cada vez quese comete uma injustia no mundo, ento somos camaradas,o que mais importante.
Saudaes revolucionrias.Ptria ou morte. Venceremos!
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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A ROBERTO LAS CASAS
Havana, 21 de Fevereiro de 1964Ano da Economia
Sr. Roberto Las CasasRua Trs de Maio1494 Belm - ParBrasil
Companheiro:Aproveito esta oportunidade de contato entre a Revo -
luo e V. para lhe expressar, a si e sua mulher, a minhagratido por todas as atenes recebidas.
Queria enviar-lhes uma pequena recordao de Cuba,
mas a falta dum passado prprio e a extino das tradiesnativas obrigam-me a recorrer a esta expresso, por certomuito modesta, de arte moderna.
Espero que a sua mulher a apreciar mais pelo que ten -ta dizer do que propriamente pelo que diz.
Saudaes RevolucionriasPtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A LUIS AMADO-BLANCO
Havana, 25 de Fevereiro de 1964Ano da Economia
Sr. Lus Amado-BlancoEmbaixada de Cuba Junto da Santa SVaticanoRuggero Fauro, n9 25Roma
Companheiro:
Recebi a Revista de Ocidente*. O tom da sua carta dei -xa transparecer uma censura pelo meu silncio, depois de
ter recebido as suas cartas anteriores. Tem toda a razo. Naverdade a culpa minha. No encontro o seu livro em ladonenhum e cada vez que penso que tenho de enfrentar a suacrtica silenciosa procuro desesperadamente uma maneirade adiar esse momento.
Aprecio o seu interesse pelos vrios problemas relativos indstria. Uma comisso o cial est estudando atualmenteo caso Bacardi, mas, como se trata duma comisso e ainda
*Revista literria publicada em Madrid.
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por cima o cial, levar decerto o seu tempo, no chegando aquaisquer resultados concretos.
Saudaes RevolucionriasPtria ou Morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A JOSE MEDERO MESTRE
Havana, 26 de fevereiro de 1964Ano da Economia
Sr. Jos Medero Mestre Juan Bruno Zayas, 560Av. de Acosta y OFarrillVbora, Havana
Companheiro:Agradeo seu interesse e os comentrios. Para conven -
cer-me, tocou-me a ferida; citou os meus adversrios. La -mentavelmente no posso desenvolver uma polmica episto -lar pelas minhas escassas disponibilidades de tempo.
Em nmeros sucessivos de Nuestra Industria Econmi -ca iro aparecendo artigos que demonstram a preocupaode um seleto nmero de tcnicos soviticos no que diz respei -to a problemas semelhantes.
Apenas uma observao para o sr. re etir: Contrapor aine cincia capitalista e cincia socialista no manejo dasfbricas confundir o desejo com a realidade. na distri -buio que o socialismo alcana vantagens incontestveis,e foi no planejamento centralizado que ele conseguiu elimi -nar as desvantagens tecnolgicas e organizacionais que odiferenciam do capitalismo. Aps a ruptura com a socieda -
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de anterior, pretendeu-se estabelecer a nova sociedade pormeio de um hbrido. O homem lobo, a sociedade de lobos, foisubstitudo por outra espcie, que no padece da impulsodesesperada de roubar seu semelhante, posto que a explora -
o do homem pelo homem desapareceu, mas sofre impulsosda mesma qualidade (embora quantitativamente inferiores),sendo que a alavanca do interesse material o rbitro dobem-estar individual e da pequena coletividade (fbricas, porexemplo), e nesta relao que vejo a origem do mal. Vencero capitalismo com seus prprios feitios, aos quais se tiroua qualidade mgica mais e caz, o lucro, parece-me uma em -preitada difcil.
Se este raciocnio obscuro (j mais de meia-noite nomeu relgio), talvez minha idia que mais clara deste modo:A alavanca do interesse material no socialismo como loteriade cidade do interior; no chega a iluminar os olhos dos maisambiciosos nem a mobilizar a indiferena da maioria.
No pretendo haver esgotado o tema e, menos ainda,haver obtido a bno papal quanto a esta e outras contra -dies. Desgraadamente, aos olhos da maioria do nossopovo, e aos meus prprios, aparece com maior evidncia aface apologtica de um sistema, do que a anlise cient cadele. Isto no ajuda nosso trabalho de esclarecimento, e todoo nosso esforo concentra-se em convidar a pensar, a enca -rar o marxismo com a seriedade que a gigantesca doutrinamerece.
Por isto, pelo que pensas, agradeo a sua carta; o fatode no estarmos de acordo no possui a menor importncia.
Se algum dia tiver mais alguma coisa a me dizer, lem -bra que eu no sou um mestre, sou apenas um dentre tantoshomens que hoje lutam para construir uma nova Cuba, masque teve, porm, a sorte de conviver ao lado de Fidel nos mo -mentos mais difceis da Revoluo Cubana e em alguns dosmomentos mais trgicos e gloriosos da histria do mundoque luta por sua liberdade. Por isso o sr. me conhece e euno lembro seu nome; poderia ter sido o contrrio, e nestecaso seria eu quem teria que escrever de algum afastado re -
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canto do mundo, onde meus ossos andarilhos me tivessemlevado, posto que no nasci aqui.
o que tinha a dizer.Revolucionariamente,
Ptria ou morte. Venceremos!
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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A EDUARDO B. ORDAZ DUCUNG
26 de Maio de 1964Ano da Economia
Dr. Eduardo B. Ordaz DucungDiretor do Hospital Psiquitrico Havana
Prezado Ordaz:Recebi a revista. Embora tenha muito pouco tempo, os
temas me pareceram interessantes e tentarei dar uma lida. Tenho outra curiosidade: Como possvel que sejam
impressos 6.300 exemplares de uma revista especializada,quando no existe essa quantidade de mdicos em Cuba?
Assalta-me uma dvida que leva meu nimo beira de
uma psicose neuro-econmica: Estaro as ratazanas usandoa revista para aprofundar seus conhecimentos psiquitricosou para encher o bucho; ou talvez cada doente tenha na ca -beceira da cama um exemplar da publicao?
De qualquer forma, existem 3.000 exemplares a maisno nmero da tiragem; peo-te que penses nisso.
A srio, a revista est boa, mas a tiragem intolervel.Acredita em mim, pois os loucos dizem sempre a verdade.
Revolucionariamente,Ptria ou morte. Venceremos!
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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12 de junho de 1964Ano da Economia
C. Hayde Santamara*Diretora da Casa de Las AmricasCalle G e 3Vedado, Havana
Querida Hayde:Dei instrues Unio de Escritores para que colocas -
sem esse dinheiro disposio de vocs, como medida detransao, para no entrar numa luta de princpios que tmconseqncias mais amplas, por uma bobagem.
A nica coisa importante que no posso aceitar umtosto por um livro que se limita a contar episdios da guer -ra. Disponham do dinheiro como bem entenderem.
Saudaes revolucionrias,Ptria ou morte. Venceremos!
Cmdte. Ernesto Che Guevara
A HAYDE SANTAMARA
*Uma das mulheres que lutou em Moncada, a outra foi Melba Her -
nndez. Feita prisioneira, foi torturada e lhe mostraram os olhos de seu ir -mo Abel, segundo chefe do ataque a Moncada, e os testculos de seu noivoBoris Santa Coloma. Foi combatente na Sierra Maestra e nas organizaesurbanas, organizadora de expedies e dirigente do Partido da Revoluo.
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A REGINO G. BOTI
12 de Junho de 1964Ano da Economia
Dr. Regino G. BotiMinistro e Secretrio Tcnico
Junta de Planejamento Central Cidade
Assunto: Pedido para aumentar o nmero de exempla -res da revista Confederacin Mdica Panamericana
Caro MinistroExecutaremos na ntegra as ordens da Junta. Basea -
do na minha limitada e pouco edi cante experincia mdica,
devo dizer-lhe que a revista uma porcaria e, na minha opi -nio, no cumpre as funes polticas que provavelmente V.pretende que desempenhe.
Mas que isso que para a outra Histria - a de grandeescala.
AtenciosamentePtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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AO MINISTRIO DO COMRCIO EXTERIOR
25 de junho de 1964Ano da Economia
Ministrio do Comrcio ExteriorCidade
Companheiros:
Recebi os vossos discos. Embora no sejam perfeitos,antes pelo contrrio - re ro-me apresentao -, melhora -ram grandemente.
Talvez esteja a interferir num assunto que no me dizrespeito, na medida em que se encontram alguns homens de
letras entre os que assinaram a carta, mas deixem-me suge -rir que revejam os textos; na minha opinio so . . .*Se alguns de vocs participaram na sua elaborao no
se preocupem. No sou a pessoa mais indicada para se pro -nunciar sobre o assunto. Quanto ao contedo no digo nada.No me permito sequer uma opinio tmida sobre msicaporque nesse campo a minha ignorncia total.
Agradeo a ateno que tiveram em mostrar-me estasiniciativas.
*Segue-se uma frase depreciativa que no est clara no original.
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RevolucionariamentePtria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A LEN FELIPE
21 de agosto de 1964Ano da Economia
Snr. Len Felipe*Editorial Grijalbo S. A.Avenida Granjas, 82Mxico 16, D.F.
Mestre:Faz j alguns anos, ao tomar o poder a Revoluo, rece -
bi seu ltimo livro, com sua dedicatria.Nunca agradeci, mas o livro me marcou. Talvez lhe in -
teresse saber que um dos dois ou trs livros que esto na
minha cabeceira El Ciervo; poucas vezes posso l-lo, poisainda em Cuba o fato de dormir, de deixar o tempo sem pre -encher com alguma coisa ou repousar, simplesmente, umpecado de lesa-dirigncia.
Poucos dias atrs assisti a um acontecimento de grandesigni cado para mim. A sala estava lotada de operrios entu -siastas e havia um clima de homem novo no ambiente. Des -pontou uma gota do poeta fracassado que me habita e recorriao sr., para polemizar distncia. a minha homenagem;
* Um dos maiores poetas exilados da Espanha.
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peo-lhe que assim a interprete.Se o sr. sentir-se tentado pelo desa o, vale o convite.Com sincera admirao e apreo.
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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A ELIAS ENTRALGO
31 de Agosto de 1964Ano da Economia
Elias Entralgo, PresidenteAnexo da UniversidadeUniversidade de HavanaCidade
Caro Companheiro:
Recebi o seu amvel convite que - ainda que, estou cer -to, no seja essa a sua inteno - me veio provar as diferen-as radicais de opinio que nos separam sobre a questo do
que um lder.No posso aceitar dar a conferncia que me prope; se ozesse seria apenas por dedicar Revoluo todo o tempo deque disponho. Parece-me inconcebvel oferecer uma remu -nerao a um membro do governo e dirigente do Partido porqualquer tipo de trabalho que possa fazer.
Entre as muitas recompensas que tenho recebido amais importante a de ser considerado membro do povocubano, coisa que no saberia avaliar em pesos e centavos.
Peo desculpa pela maneira como lhe falo e peo-lhetambm que veja nisto apenas a expresso da mgoa causa -
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da pelo que considero ser uma afronta gratuita, que no foidolorosa por ter sido involuntria.
Ptria ou morte. Venceremos!
Major Ernesto Che Guevara
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A MANUEL MORENO FRAGINALS
6 de outubro de 1964Ano da Economia
Comandante Manuel Moreno FraginalsAvenida 9, 6403 (altos)Marianao
Prezado companheiro:Acuso agora o recebimento do livro que teve a gentileza
de enviar-me dedicado.Faz pouco tempo terminei a leitura e gostaria de dei -
xar constncia de que no lembro haver lido nenhum livrolatino-americano em que se conjugasse o rigoroso mtodo
marxista de anlise, o escrpulo histrico e a paixo, o queo torna apaixonante.Se os outros volumes mantm a mesma qualidade, no
tenho dvidas ao profetizar que O Engenho ser um clssicocubano.
Revolucionariamente,Ptria ou Morte. Venceremos
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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A CHARLES BETTELHEIM
24 de outubro de 1964Ano da Economia
Comandante Charles BettelheimDiretorcole des Hautes tudesSorbonne et 54Rue de Varennes, Paris 79
Prezado Companheiro:Recebi a sua carta e lhe envio pelo correio, em separa -
do, as revistas que me solicitou.Gostaria muito de discutir consigo mais uma vez quan -
to s nossas divergncias.Um pouco alm do caos, talvez no primeiro ou segundodia da criao, tenho um mundo de idias que se chocam, seentrecruzam e, s vezes, se organizam. Gostaria de acrescen -tar essas idias ao nosso mtuo material polmico.
espera da sua chegada, despede-se revolucionaria -mente,
Ptria ou Morte. Venceremos!
Cmdte. Ernesto Che Guevara
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AT SEMPRE
Carlos Puebla
Aprendemos a te amarnaquela histrica alturaem que o sol da tua bravuralevantou seu cerco morte.
(Por aqui cou a clara,a entranhvel transparnciade tua querida presena.Comandante Che Guevara).
A tua mo gloriosa e fortesobre a Histria dispara,quando toda Santa Claraacorda para te olhar.
(Por aqui cou a clara,a entranhvel transparncia,de tua querida presena.Comandante Che Guevara).
Chegas, a queimar a brisa,com sons de primaverapara ncar a bandeiracom a luz do teu sorriso.
Teu amor revolucionrio Te conduz a nova empresa,onde esperada a rmezade teu brao libertrio.
Seguiremos sempre em frentecomo contigo seguimose com Fidel repetimosat sempre, Comandante.
(Por aqui cou a clara,a entranhvel transparncia,de tua querida presena.
Comandante Che Guevara).
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NO ESTS MORTO, COMANDANTE
Los Guerrilleros
Sempre frente. Comandante,mostrando o peito s balas.Ptria ou Morte e sempre em frenteseja por bem ou por mal.
E a glria, Comandante,e a fama desprezada.
Teu nome um estandarte.Comandante Che Guevara.
Voc vai e voltarde p, na frente, presente voc estar,quando na Amrica inteirateu nome seja a bandeira.
No v embora, Comandante.A traio est esperandopara regar com teu sanguea terra que amaste tanto.
E se morreres. Comandante, frente da guerrilha, melhor morrer na frentedo que viver de joelhos.
Voc vai e voltarde p, na frente, presente voc estar,quando na Amrica inteirateu nome seja a bandeira.
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FUZIL CONTRA FUZIL
Slvio Rodrguez
O silncio do monte vaipreparando um adeus,a palavra a ser ditain memoriam ser.
A exploso. Se perdeuo homem deste sculo aliseu nome e sobrenome sofuzil contra fuzil.
Quebrou-sea casca do vento ao sule sobre a primeira cruzdesperta a verdade.
Todo o terceiro mundo vaienterrar a sua dorcom limalha de chumbo h de fazerseu buraco de honra.Sua cano deixariembranas da vida eseu nome e sobrenome sofuzil contra fuzil.
Cantaroseu luto de homem e animale em vez de lgrimas derramarcom chumbo choraro.
Levantaroo homem do tmulo ao sole o nome compartilharofuzil contra fuzil.
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SE O POETA VOC
Pablo Milans
Se o poeta voc,como disse o poeta,se que tombou estrelas em mil noitesde chuvas coloridas vocque poderia eu falarmeu Comandante.
Se quem assomou ao futuro seu per le o estreou com gozos de fuzilfoi vocguerreiro para sempretempo eternoque poderia eu cantarmeu Comandante.
Em vo procura meu violo a tua dor. Todo o jardim j belo,no h temorque poderia eu deixarmeu Comandantea no ser trocar o meu violo pela tua morteou legar uma cano ao solou morrer sem amor.
Que teria eu a falarmeu Comandantese o poeta voccomo disse o poeta
se quem tombou estrelas em mil noitesde chuvas coloridas voceque tenho eu a falarmeu Comandante.
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J DISSEMOS CHEGA
Maurcio Vigil
gente demais que est passando mal,ns dissemos chega e comeamos a andar,nem os prprios ianques podem nos pararou ento na selva venham nos buscare uma bela surra iro receber.
Ns dissemos chega e comeamos a andar.
Ernesto Guevara soube me ensinarqual o caminho que devo seguirfazendo na Amrica muitos Vietnspois dessa maneira no vo escapare eles sozinhos iro se enterrar.
Ns dissemos chega e comeamos a andar.
Se algum no gostar do que eu canto aquiaos americanos vamos ensinarcom as nossas mos toda a verdadeque junto dos ricos tenham lugarque junto dos pobres venham brigar.
Ns dissemos chega e comeamos a andar.
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A CUBA
Vctor Jara
Se para Cuba eu cantassese cantasse uma canoteria que ser um sonum son revolucionrio.
P com p e mo com mocorao a coraocorao a coraop com p e mo com mo,como se fala a um irmose me queres aqui estouque mais posso oferecer-tea no ser continuar teu exemplocomandante, companheiro,viva a tua revoluo.
Se queres conhecer Marti e Fidela Cuba, a Cuba, a Cuba irei.Se queres conhecer os caminhos de Chea Cuba, a Cuba, a Cuba irei.Se queres beber rum mas sem Coca-Colaa Cuba, a Cuba, a Cuba irei.Se queres trabalhar na cana-de-acara Cuba, a Cuba, a Cuba irei.Num pequeno barco vai o vaivma Cuba, a Cuba, a Cuba irei.Se queres conhecer Marti e Fidela Cuba, a Cuba, a Cuba irei.
Se para Cuba eu cantassese eu cantasse uma canoteria que ser um son
um son revolucionrio.
P com p e mo com mocorao e corao.
Como eu no toco o son
mas toco meu violoque est mesmo na batalhade nossa revoluoser como aquele son
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que fez os gringos danaremmas ns no somos guajirosnossa serra a eleio.
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CANO FNEBRE PARA CHE GUEVARA
Juan Capra
J atiram nele a tempestadea terra rme e a escurido.
Quatro guerrilheiros descem para o suloutros vinte cam, para o norte vo.
Festa de abutres, a tempestademassacra a carne a liberdade.
Quatro guerrilheiros descem para o sul,outros vinte cam, para o norte vo.
Fala a tremer o bravo militar,espanta os abutres o amanhecer.
Quatro guerrilheiros descem para o sul,outros vinte cam, para o norte vo.
Ai, meu companheiro, me deixe chorarpois o esto matando por tua liberdade.
Quatro guerrilheiros descem para o sul,outros vinte cam, para o norte vo.
J esto atirando no seu corao,sangue que brota luz do sol.
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CAMILO TORRES
Vctor Jara
Onde caiu Camilonasceu uma cruzno de madeiraporm de luz.
Foi morto quando procuravaseu fuzilCamilo Torres morrepara viver.
Contam que aps a balaouviu-se uma voz:era Deus que gritava:Revoluo!Revistem a batinameu generalpois na guerrilha cabeum sacnsto.
Foi pregado com balasem uma cruzfoi chamado de bandido,como Jesus.
E quando eles desceramprocurando seu fuzileles viram que o povopossui cem milcem mil camilos prontos
para lutar.
Camilo Torres morrepara viver.
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