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Objetivo da aula
Discorrer sobre os caminhos que levam ao
conhecimento.
Importância da discussão
Para que se compreenda a diferença entre o
conhecimento científico e os outros tipos de
conhecimento.
A ideologia pode ser identificada por um conjunto
de crenças de como os homens vivem e atuam no
mundo (MARTINS;THEÓPHILO, 2009).
“As visões de mundo e ideologia influenciam
bastante a ciência, porque impregnam o
pensamento e o sentimento de sociedades e
classes”(MARTINS;THEÓPHILO, 2009, p. 24)
A ciência não é o único acesso ao conhecimento e à
verdade.
O cientista e o homem comum podem observar o
mesmo objeto e fenômeno, o que muda é a forma
como esta observação é realizada.
O exemplo do agricultor que sabe o momento
exato de semear, a época de colher, quando a
terra necessita de adubo.
Saber que determinada planta precisa da
quantidade x de água e se não ocorrer de forma
natural, deve ser irrigada – conhecimento
verdadeiro e comprovável, mas não científico.
Para ser científico é necessário conhecer a natureza
dos vegetais, sua composição, ciclo de
desenvolvimento etc.
Definições de ciência
Em Lakatos e Marconi (1995) são apresentadas várias
definições, cada uma acentua determinados aspectos.
Contudo, nenhuma característica tomada separadamente
define adequadamente o conceito de ciência.
Conceitos mais comuns e incompletos de ciência
(LAKATOS;MARCONI, 1995, p. 18):
‘Acumulação de conhecimentos sistemáticos’.
‘Conhecimento certo do real pelas suas causas’.
‘Estudo de problemas solúveis, mediante método
científico’.
Conceito de Ander-Egg (1978) apud Lakatos e
Marconi (1991, p. 19):
‘A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais,
certos ou prováveis, obtidos metodicamente
sistematizados e verificáveis, que fazem referência a
objetos da mesma natureza’.
Conhecimento racional
Está constituído por elementos como sistema conceitual,
hipóteses, definições, tem exigência de método.
Certo ou provável
Não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível
de todo o saber que a compõe.
Obtidos metodicamente
São obtidos mediante regras lógicas e procedimentos
técnicos.
Sistematizadores
Trata-se de um saber ordenado logicamente.
Verificáveis
As afirmações devem ser comprovadas.
Relativos a objetos de uma mesma natureza
Objetos pertencentes a determinada realidade, que
guardam entre si caracteres de homogeneidade.
A ciência pode ser caracterizada como uma forma
de conhecimento objetivo, racional, sistemático,
geral, verificável e falível podendo ser definida
mediante a identificação de tais características.
Objetivo
Descreve a realidade independentemente da posição
do pesquisador.
Racional
Se vale da razão para chegar a seus resultados.
Sistemático
Se trata de um saber ordenado logicamente, formando
um sistema de ideias e não conhecimentos dispersos e
desconexos.
Geral
Se dirige à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam
os fenômenos de certo tipo
Verificável
Possibilita demonstrar a veracidade das informações
Falível
Reconhece a sua capacidade de errar
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
É real porque lida com ocorrências ou fatos.
Suas proposições ou hipóteses têm a sua
veracidade ou falsidade conhecida através da
experimentação.
É sistemático pois se trata de um saber ordenado
logicamente, formando um sistema de ideias(teoria) e
não conhecimentos dispersos e desconexos.
Possui características da verificabilidade, a tal ponto
que as afirmações (hipóteses) que não podem ser
comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
Classificação das Ciências
Bunge;
- Formais: estudam objetos abstratos cujos argumentos e teoremas dispensam testes
para experimentação.
Lógica e Matemática.
- Factuais: experimentais ou empíricas. Estudam objetos concretos.
- Naturais e Sociais.
- O QUE É EMPÍRICO?
- É relativo à observação de uma realidade externa ao indivíduo.
CONHECIMENTOS NÃO-CIENTÍFICOS
CONHECIMENTO VULGAR OU POPULAR
Transmitido por educação informal;
Baseado em imitação e experiência pessoal;
O que o diferencia do conhecimento científico é a
forma, o método e os instrumentos do conhecer;
Representa o saber cotidiano disponível, com o qual
o nosso dia-a-dia é organizado.
Martins e Theóphilo (2009)
É incoerente e impreciso – não há aplicação de
métodos e reflexões - Ainda é a base para o
conhecimento científico
Porque é considerado a base do conhecimento científico?
Ander – Egg (1978) afirma que este tipo de
conhecimento é:
Superficial – conforma-se com a aparência, com o que
se pode comprovar só pelo fato de estar junto das
coisas, frases que a expressam (porque o vi, porque
disseram, porque todo mundo diz).
Subjetivo – é o próprio sujeito que organiza suas
experiências e conhecimento, tanto os adquiridos por
vivência própria como os por ouvir dizer.
Assistemático – a organização das experiências
adquiridas pelo indivíduo não visa a sistematização
das idéias.
CONHECIMENTOS NÃO-CIENTÍFICOS
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Parte de hipóteses não submetidas à observação;
É não verificável, pois as hipóteses filosóficas não
podem ser confirmadas nem refutadas, são
simplesmente aceitas;
É racional, pois consiste num conjunto de enunciados
logicamente correlacionados;
É infalível e exato, pois suas hipóteses não são
submetidas ao teste da observação (experimentação).
O conhecimento filosófico tem por origem a
capacidade de reflexão do homem e por instrumento
exclusivo o raciocínio.
Como a ciência não é suficiente para explicar o sentido
geral do universo, o homem tenta essa explicação pela
Filosofia.
CONHECIMENTOS NÃO-CIENTÍFICOS
CONHECIMENTO RELIGIOSO
Se apóia em doutrinas que contêm proposições
sagradas (valorativas);
suas evidências não são verificadas e parte do
princípio de que as verdades tratadas são indiscutíveis.
Ex.: Explicação dos teólogos e cientistas sobre a teoria
da evolução das espécies.
Os teólogos baseiam-se em textos sagrados.
Os cientistas em suas pesquisas.
A geração do conhecimento se processa em quatro
níveis ou polos:
a) epistemológico;
b) teórico;
c) metodológico;
d) técnico.
Polo epistemológico
São consideradas explicitação das problemáticas
de pesquisa e a produção do objeto científico;
A pesquisa se inicia pelo problema e é a busca de
solução para o problema que orienta toda a
lógica de investigação.
Polo teórico
Orienta a definição das hipóteses e construção dos
conceitos.
Compreende aspectos como teorias, modelos e
hipóteses.
Polo metodológico
São os diversos modos de tratar a realidade - inclui
dimensões amplas de abordagens metodológicas e
outras mais específicas.
Polo técnico
Guia os procedimentos de coleta de dados – escolhas
práticas realizadas pelo pesquisador para permitir o
encontro com os fatos empíricos.
Polo de formatação e edição
Polo de avaliação (instrumental para avaliações
quantitativas e qualitativas).
A Escolha de um Assunto-Tema – Problema para a
Construção de um Trabalho Científico
Não há uma regra básica para escolher um assunto-tema-problema que mereça ser pesquisado.
Critérios que podem orientar a escolha: deverá ser ao mesmo tempo, importante, original e viável.
Quando um tema é importante?
Quando for ligado a uma questão que polariza, ou
afeta um segmento da sociedade, ou
está direcionado a uma questão teórica que merece
atenção.
Quando um tema é original?
Quando há indicadores de que o resultado pode
surpreender.
Trazer novidades.
Possibilitar um novo entendimento do fenômeno a ser
investigado.
Temas cujos resultados são previsíveis, não
surpreendentes, não merecem investigação.
Deve ter viabilidade
Está ligada às evidências empíricas que permitam
observações, testes, coleta de dados e validações,
condições de prazo, custo e potencialidade do
pesquisador.
Como um objeto de pesquisa pode surgir?
De circunstâncias pessoais ou profissionais;
de experiência científica própria ou alheia;
da sugestão de uma personalidade superior;
do estudo, da leitura de grandes obras, da leitura de
revistas especializadas.
Primeiro:
Deve-se realizar a delimitação do campo da ciência
que tratará o trabalho científico.
Ex.: Economia
Segundo:
Deve-se delimitar o assunto.
Economia do Trabalho
Economia Brasileira
Economia Agrícola
Economia Industrial
História do Pensamento Econômico
Teoria Macroeconômica
Terceiro:
Definir o tema para o estudo, que significa delimitar o
assunto, evitando um foco genérico ou abrangente.
Ex.: Os efeitos da atividade empreendedora no
crescimento econômico e na taxa de desemprego em
853 municípios de Minas Gerais.
Quarto:
O pesquisador deverá problematizar o tema – o
que significa formular com clareza e precisão o
problema a ser estudado.
O que é um problema?
O problema é expresso de forma interrogativa e
poderá expressar a relação entre duas ou mais
variáveis.
É importante ter cautela na escolha de estudos
extremamente inovadores e aqueles que já
existem.
Os primeiros sugerem especulações e os últimos
repetições.
O que fazer? Por que fazer?
Ao responder as duas questões, o pesquisador
estará caracterizando o objeto de seu estudo e
formulando seu problema de pesquisa.
Será preciso relatar os antecedentes do problema,
a relevância de se estudar o tema proposto, bem
como argumentar sobre a importância
prática/teórica dos possíveis achados do estudo
que se pretende desenvolver.
Exemplo
A decisão de estudar o trabalho infantil não se
restringe apenas à oportunidade de discutir um
tema polêmico por natureza, mas de se acreditar
que o estudo da utilização da força de trabalho
infanto – juvenil alcança relevância do ponto de
vista da compreensão de aspectos essenciais da
realidade brasileira tais como: a pobreza, a
desigualdade e a exclusão social.
Exemplo
O trabalho infantil, via de regra, é utilizado como
estratégia de reprodução da classe trabalhadora, o
que implica dizer que o salário, preço da força de
trabalho, não supre as necessidades básicas do
trabalhador adulto e de sua família.
Essa estratégia, se de um lado supre as
necessidades mínimas de sobrevivência da família, por
outro tira da criança a oportunidade de se desenvolver
de forma integral, de ter acesso à escola e de exercer
plenamente sua cidadania.
Exemplo
No Estado de Sergipe 57.538 crianças encontram-se envolvidas no trabalho infantil. Sendo que destas, 23.739 estariam exercendo suas atividades em zonas urbanas e as demais em áreas rurais (CORREIO DE SERGIPE, p. 5).
As atividades econômicas em que as mesmas encontram-se inseridas, são bastante variadas, indo desde a agricultura (cultura da mandioca, do arroz, da banana entre outras) à indústria (beneficiamento da laranja, casas de farinha, piscicultura etc.) como também na atividade de serviços.
Exemplo
No Estado, o arroz é apontado como um dos principais produtos das lavouras temporárias, tendo ocupado em 1997 a quinta colocação em área colhida (ha) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apud Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia (1999, p. 12). No caso dessa cultura, as crianças são recrutadas para executar atividades de combate a praga de ratos que vêem prejudicando a produção. Para tanto, acabam manuseando substâncias tóxicas sem a devida proteção e segurança o que pode vir a acarretar prejuízos ao seu desenvolvimento integral.
Exemplo
Assim sendo, o presente estudo se propõe a
analisar a problemática do trabalho infanto –
juvenil na rizicultura sergipana, atividade
econômica tradicionalmente desenvolvida na região
ribeirinha do Vale do São Francisco.
Exemplo
Espera-se que os resultados da pesquisa possam contribuir com a ação do provimento sindical, Delegacia Regional do Trabalho e da Vigilância Sanitária, das Secretarias Municipais de Educação e da Saúde e do Governo do Estado, no sentido de colocar em suas mãos um trabalho capaz de colaborar seja com sua ação fiscalizadora, seja na elaboração de políticas e programas que pretendam erradicar o trabalho infanto - juvenil no nosso Estado.
Exemplo
O Estudo do trabalho infanto – juvenil na
rizicultura do Estado de Sergipe constitui, portanto,
uma contribuição não só para os movimentos
populares, como para os órgãos públicos e para a
sociedade civil em geral, uma vez que ele pode se
constituir num documento denúncia e num grito para
as autoridades competentes no sentido de levá–los
a tomar posição frente a realidade constatada.
O que o pesquisador deve levar em conta para
formular um problema de pesquisa?
Depende das habilidades/capacidades intelectuais do
pesquisador, perseverança, conhecimento do assunto-
tema a ser pesquisado, criatividade, imaginação
disciplinada e determinação (MARTINS; THEÓPHILO,
2009).
Pavlov citado por Martins e Theóphilo afirma que
“[...] os aprendizes da ciência devem ter: constância,
constância e constância! Modéstia, ou seja, nunca
admitir que se sabe tudo, e [...] paixão: a ciência
demanda dos indivíduos grande tensão e forte
paixão”(2009, p. 5).
Fontes para Escolha de um Assunto-Tema-Problema
O que pode auxiliar na escolha de um tema?
A leitura de livros, periódicos, revistas técnicas.
A busca pela Internet (pela pesquisa em bibliotecas
especializadas)
Conversa com professores
Observação direta do comportamento dos fenômenos
e dos fatos (a reflexão é uma fonte de idéias).
O senso comum pode trazer ideias para serem
pesquisadas cientificamente.
“[...] temas fecundos nascem do campo das
controvérsias”(MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p. 7).
“Uma escolha para safar-se da dificuldade
converte-se logo em carga pesada!”(2009, p. 7).
Assim como, uma escolha infeliz pode tornar a
pesquisa inviável e pode provocar atitudes
desfavoráveis em relação aos trabalhos científicos
de um modo geral.
“Cuidados devem ser tomados com o excesso de
ambição. [...] é preciso buscar, obter, armazenar e
ter acesso ao máximo de informações possíveis
sobre o tema, com um nível aceitável de esforço e
dispêndio de tempo e recursos”(MARTINS;
THEÓPHILO, 2009, p. 7).
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