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Data de Criação: 11/02/2020
Criado por: Biblioteca
Clipping SCA
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Sumário das
Matérias:
Noxis Energy busca sócio para refinaria
Valor ––11 de fevereiro.............................................01
Mudança facilita entrada de estrangeiro em licitação
Valor ––11 de fevereiro.............................................03
Maia nega taxação de fortunas, mas quer tributo para dividendos
Valor ––11 de fevereiro.............................................05
Aliados alertam para vencimento de MPs
Valor ––11 de fevereiro.............................................07
Por que a concessão de patentes é tão demorada?
Valor ––11 de fevereiro.............................................09
Viracopos pode aprovar devolução nesta quinta
Valor ––11 de fevereiro.............................................12
Movimento Falimentar
Valor ––11 de fevereiro.............................................14
Arrecadação com internet das coisas pode atingir R$ 15 bi
Valor ––11 de fevereiro.............................................17
Ministério cria o ‘Núcleo China’
Valor ––11 de fevereiro.............................................19
Planejar sucessão evita disputa familiar e prejuízos
Valor ––11 de fevereiro.............................................21
Justiça autoriza cálculo de ITBI pelo valor pago em leilão de bem
Valor ––11 de fevereiro.............................................25
PL sobre falências deve ser votado até o Carnaval
Valor ––11 de fevereiro.............................................28
A reforma da falência e o ‘fresh start’
Valor ––11 de fevereiro.............................................30
EUA retiram Brasil da lista de nações em desenvolvimento e restringem benefícios comerciais ao país
Folha ––11 de fevereiro.............................................33
Estados defendem mudanças mais rígidas nas propostas de pacto federativo
Globo ––11 de fevereiro.............................................35
Dono de empresa poluente falida arca com obrigações de tratado com MP
Conjur ––11 de fevereiro.............................................37
Pais indenizarão ex-namorada do filho por divulgação de fotos íntimas
Conjur ––11 de fevereiro.............................................39
União aguarda acórdão de julgamento sobre suplementação do Fundef
Jota ––11 de fevereiro..................................................40
Valor Econômico
Caderno: Primeira Página, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Noxis Energy busca sócio para refinaria
Projeto de US$ 700 milhões mira
produção de bunker
Por Rodrigo Polito — Do Rio
11/02/2020 05h01 Atualizado há 4
horas
Orçada em US$ 700 milhões, o país
poderá ver em breve o início da
construção da primeira refinaria
privada em mais de 50 anos. A Noxis
Energy, criada por investidores e
técnicos oriundos do mercado de refino,
já tem a licença ambiental prévia e
busca fundos de investimento
interessados em participar do projeto
de uma refinaria em Sergipe, com foco
na produção de óleo combustível com
baixo teor de enxofre para navios.
01
Noxis planeja construir refinaria em Sergipe
Projeto de US$ 700 milhões mira
produção de bunker
Por Rodrigo Polito — Do Rio
Gabriel Debellian, sócio e presidente da recém-
criada Noxis Energy, tenta tirar do papel a
primeira refinaria privada do Brasil depois de
mais de 50 anos — Foto: Leo Pinheiro/Valor
A construção da primeira refinaria
privada do país depois de mais de 50
anos pode sair do papel ainda neste
ano. A recém-criada companhia
brasileira Noxis Energy, por
investidores e técnicos experientes do
mercado de refino, obteve no último
mês a licença ambiental prévia para a
implantação de uma refinaria de
pequeno porte em Sergipe. Com
investimentos estimados em US$ 700
milhões, a unidade terá capacidade
prevista para processar 35 mil
barris/dia de petróleo.
O plano estratégico da Noxis é produzir
e fornecer principalmente óleo
combustível utilizado por navios,
conhecido como bunker, com baixo teor
de enxofre. A exigência para o uso do
bunker menos poluente pelas
embarcações, estipulada pela
Organização Marítima Internacional
(IMO, na sigla em inglês), entrou em
vigor este ano. Além do bunker, a
refinaria também produzirá diesel
marítimo e nafta.
A Noxis busca agora fundos de
investimentos interessados em aportar
recursos no projeto em troca de uma
participação na sociedade. Além disso, a
companhia mantém conversas com três
grupos de engenharia brasileiros para
fechar o contrato de EPC (sigla em
inglês para o modelo que inclui a
construção, montagem e compra dos
equipamentos) da refinaria.
Em paralelo, segundo o presidente
executivo da Noxis, Gabriel Debellian, a
empresa está em negociação com a
multinacional de origem americana
Fluor para o desenvolvimento do
projeto e a construção dos módulos.
Também são mantidas negociações com
a Siemens para o fornecimento dos
equipamentos. A ideia, de acordo com o
executivo, é que a refinaria seja
integralmente informatizada.
O executivo conta que a companhia já
possui uma carta de intenções assinada
com a Petrochina para adquirir o
petróleo necessário para a refinaria, por
um período de dez anos. Na outra
ponta, a Noxis possui outra carta de
intenções com a trading multinacional
de origem dinamarquesa Bunker One
para fornecer o combustível marítimo,
pelo mesmo período. A demanda da
Bunker One responderia por cerca de
50% da capacidade de processamento
da refinaria.
Debellian explica que as cartas
assinadas com a Petrochina e a Bunker
One são “bankable”, ou seja, podem ser
consideradas para a contratação de uma
02
linha de financiamento para a
construção da refinaria.
Na etapa atual do empreendimento, a
companhia deve investir entre US$ 4
milhões e US$ 5 milhões no
detalhamento do projeto, enquanto
busca a licença ambiental de instalação.
Segundo Debellian, a licença pode ser
emitida em cerca de oito meses. Até o
momento, já foram investidos
aproximadamente US$ 3,5 milhões no
projeto.
A refinaria ocupará uma área de 500
mil metros quadrados (sendo 350 mil
metros quadrados de área útil)
contratada junto à Companhia de
Desenvolvimento Econômico de
Sergipe (Codise), em Barra dos
Coqueiros, na região metropolitana de
Aracaju (SE). Situada em uma região
portuária, a refinaria tem localização
estratégica tanto para receber o
petróleo quanto para fornecer o
combustível. Dessa forma, explica o
executivo, a companhia não fica
dependente da utilização de
infraestrutura logística de outras
empresas.
A expectativa é que o empreendimento
movimente 2,8 milhões de toneladas de
petróleo e combustível por ano.
Em mais longo prazo, a companhia tem
planos de adquirir e refinar petróleo de
pequenos produtores terrestres do país,
que, por falta de opção, hoje são
obrigados a vender a produção para a
Petrobras, que aplica um desconto
sobre o preço do produto. Nessa linha, a
Noxis tem em carteira projetos para
construir outras duas refinarias, no
Espírito Santo e no Maranhão.
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Valor Econômico
Caderno: Brasil, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Mudança facilita entrada de estrangeiro em licitação
Exigência de parceria nacional já
no momento do cadastro para
disputa deixa de existir
Por Mariana Ribeiro — De Brasília
Instrução normativa publicada hoje
pelo governo federal permitirá que
empresas estrangeiras participem de
licitações no país de forma direta, sem
uma representante nacional. Para o
Ministério da Economia, a mudança
trará mais competição ao mercado, ao
facilitar a entrada de fornecedores
internacionais em disputas envolvendo
bens, serviços e obras.
Hoje, empresas estrangeiras já podem
entrar em processos licitatórios, mas é
exigida uma parceria nacional (com
uma pessoa física ou jurídica) já no
momento do cadastro para disputa.
Com a mudança, que passa a valer em
maio, essa exigência será mantida
apenas no caso de a empresa de fora do
país vencer a licitação.
“Estamos mexendo em alguns
procedimentos no nível infralegal que
acabavam dificultando a participação
de empresas estrangeiras”, disse o
secretário de Gestão do Ministério da
Economia, Cristiano Heckert, ao Valor.
“Agora, somente na hora da assinatura
03
do contrato, será necessário indicar um
representante no Brasil.”
Uma mudança mais ampla, que
dispensasse o fornecedor internacional
de uma parceria local em todo o
processo, demandaria uma alteração
legal, como a aprovação da nova lei das
licitações, em tramitação no Congresso
Nacional.
Além das licitações de bens e serviços,
empresas internacionais poderão
participar de forma direta de disputas
envolvendo obras de infraestrutura
feitas pelo Regime Diferenciado de
Contratação (RDC). Criado para agilizar
as contratações, o sistema é usado por
grandes contratadores, como
Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit) e
Empresa de Planejamento e Logística
(EPL).
O secretário afirmou que a instrução
normativa se insere em um conjunto de
medidas pensadas para abrir o mercado
de licitações. No ano passado, por
exemplo, foi extinta a exigência de
tradução juramentada. “São barreiras
que dificultam a entrada de empresas
que estão só prospectando. Sem esses
entraves, elas podem participar da
licitação de qualquer lugar do mundo",
afirmou, completando que, como
próximo passo, o sistema de cadastro
de fornecedores será traduzido para o
inglês.
Heckert afirmou ainda que a mudança
está em consonância com as exigências
para adesão ao Acordo de Compras
Governamentais (GPA, na sigla em
inglês) da Organização Mundial do
Comércio (OMC), anunciada no mês
passado.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/02/11/m
udanca-facilita-entrada-de-estrangeiro-em-
licitacao.ghtml
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04
Valor Econômico
Caderno: Brasil, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Maia nega taxação de fortunas, mas quer tributo para dividendos
Presidente da Câmara acredita
que reforma tributária estará
aprovada pelo Congresso antes
das eleições municipais
Por Gabriel Vasconcelos — Do Rio
Maia: “Nunca tratei [de taxação de] grandes
fortunas e não vou tratar” — Foto: Leo
Pinheiro/Valor
O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM), foi
enfático, ontem, ao negar que trabalha
com a possibilidade de taxar grandes
05
fortunas no âmbito da reforma
tributária. “Nunca tratei [de taxação de]
grandes fortunas e não vou tratar”,
disse a jornalistas na saída de almoço
com empresários na Associação
Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
Em seguida, Maia deu outros contornos
à discussão: “Na minha agenda está a
possibilidade de tributar lucros e
dividendos, reduzindo, ao mesmo
tempo, a alíquota para pessoa jurídica.
Não tem aumento de carga tributária
nessa operação.” Segundo o deputado, a
medida estimularia que as empresas
reinvistam parte maior dos lucros, em
vez de optar pela distribuição de
dividendos.
Maia se disse “mais otimista do que
deveria” com a tramitação da reforma
tributária no Congresso, segundo ele, a
de maior importância para o país. “A
proposta do [deputado, MDB-SP]
Baleia Rossi pode ser aprovada em
quatro ou cinco meses. Estou confiante
que, apesar dos problemas, vamos
conseguir criar um IVA nacional com
transição de dez anos”, disse. Ele crê em
aprovação total da matéria do
Congresso antes mesmo das eleições
municipais de outubro.
A maior resistência à tramitação da
PEC 45/19 - proposta que unifica
impostos sobre consumo em um único
imposto federal - viria do setor de
serviços, cujos representantes temem
aumento de carga tributária. Maia
negou a tese à plateia de empresários,
muitos do setor terciário.
Por essa razão, ele acredita que a
reforma tributária sofrerá maior
resistência do que, por exemplo, o novo
modelo do serviço público. Essa
proposta, que Maia se nega a chamar de
“reforma”, estaria pacificada após a
opção do governo de só mudar as regras
para futuros entrantes na carreira
pública e manter as vantagens de
concursados antigos, como a
estabilidade e a progressão por tempo
de trabalho. O presidente da Câmara
disse esperar, ainda esta semana, uma
proposta definitiva do governo para o
funcionalismo e, embora trate a matéria
como encaminhada, disse que “termos
pejorativos” não ajudam no debate -
uma crítica implícita ao ministro da
Economia, Paulo Guedes, que chamou
servidores de “parasitas” na semana
passada.
O presidente da Câmara também
rechaçou a criação de tributo análogo à
CPMF, ideia que ronda a equipe
econômica com mais ou menos força
desde o início do governo. “Se alguém
acha que, ao criar uma CPMF, terá um
imposto único, não está trabalhando
com dados corretos. É óbvio que o IVA
vai continuar existindo”, disse.
Questionado por um empresário sobre
eventuais aspirações de compor uma
candidatura de centro ao lado de nomes
como Luciano Huck (sem partido), João
Doria (PSDB) ou mesmo Ciro Gomes
(PDT), Maia evitou nomes, mas não
refugou, dizendo que há sim espaço
para a construção de uma terceira via.
“Vejo que, depois da saída do
presidente Lula de Curitiba, deu uma
reduzida no espaço do PT na política.
Reduzindo o lado de lá [PT], reduz o
lado de cá [Bolsonaro], e aí abre espaço
para um terceiro campo”, analisou.
Maia aproveitou o ensejo para dizer que
tem sido muito atacado, nas redes
sociais, pelos apoiadores do presidente
Jair Bolsonaro, a quem chamou de
“bolsominions”. “Eu apanho forte dos
bolsominions nas redes sociais. Quando
06
eu 'elogio' o ministro da Educação, aí é
que apanho mesmo e falo mais”, disse,
arrancando risadas da plateia.
Rodrigo Maia informou, por fim, ter
fechado acordo com a Presidência para
ratificar o orçamento impositivo no
caso de emendas parlamentares
individuais, que somarão R$ 16,6
bilhões em 2020. Maia afirmou que
estão em negociação com o governo
federal o prazo de 90 dias para
execução dessas emendas e a punição
caso isso não seja observado. A
dinâmica impositiva dá ao Congresso o
direito de emendar o Orçamento,
obrigando o governo federal a executar
emendas. Bolsonaro fez uma série de
vetos ao projeto do orçamento
impositivo sob o argumento de risco de
rombo orçamentário e, agora, a equipe
e
https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/02/11/
maia-nega-taxacao-de-fortunas-mas-quer-tributo-
para-dividendos.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Politica, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Aliados alertam para vencimento de MPs
Prazo para votação das matérias
termina no dia 16; até agora, não
foram criadas comissões para
análise dos temas
Por Matheus Schuch e Raphael Di
Cunto — De Brasília
11/02/2020 05h00 Atualizado há 5
horas
O ministro da Secretaria de Governo,
Luiz Eduardo Ramos, já foi informado
por parlamentares aliados que o
governo amargará duas derrotas nesta
semana, com o vencimento das
Medidas Provisórias 895 e 896. A
primeira criou a Carteira de
Identificação Estudantil, a segunda
desobrigava a publicação de atos da
administração pública em jornais.
Emissários do Planalto tentaram
reverter a situação nos últimos dias,
mas não obtiveram sucesso. O prazo
para votação das matérias termina no
dia 16. Até agora, nem sequer houve
formação de comissões para análise dos
temas. Com a perda de validade, as
mudanças implementadas pelas MPs
perderão efeito.
07
Chamada de ID Estudantil, a carteira
criada pela MP 895 passou a ser
emitida pelo Ministério da Educação,
de forma gratuita. A proposta foi
considerada uma ofensiva do governo
contra a União Nacional dos Estudantes
(UNE) e outras entidades que obtinham
exclusividade para concessão do
documento.
Já a MP 896 dispensou os órgãos da
administração pública de publicarem
editais de licitação, tomadas de preços,
concursos e leilões em jornais de grande
circulação. O governo enviou a proposta
sob argumento de que se trata de um
gasto desnecessário e que as
publicações poderiam ser feitas em
sites. Uma parcela do Parlamento,
porém, enxergou a medida como
tentativa de intimidar e fragilizar
veículos de imprensa. Atendendo a um
pedido do Rede Sustentabilidade, o
ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), suspendeu a
validade do texto.
A percepção dos parlamentares, de
maneira geral, é de que houve um
boicote às MPs como forma de
retaliação a áreas em que há
descontentamento com a condução do
governo Jair Bolsonaro.
Em conversa com o Valor, um
parlamentar que tentou articular a
votação das MPs admitiu que a pressão
de parte do Congresso sobre o ministro
da Educação, Abraham Weintraub, foi
decisiva para a derrubada da MP 895.
As críticas partiram até mesmo do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia,
para quem o ministro “representa a
bandeira do ódio”.
“O clima está muito ruim, o pessoal
[parlamentares] pegou no pé do
Weintraub”, disse outro deputado
alinhado ao Planalto, que preferiu não
se identificar. “Eu não acho que foi
problema de articulação, quando a
Câmara não quer, não tem jeito”,
complementou.
Outra MP que poderá tomar o mesmo
caminho é a 904, que extingue a
cobrança do seguro obrigatório DPVAT,
cuja tramitação está se arrastando. A
medida chegou a ser suspensa pelo
presidente do STF, Dias Toffoli, no fim
do ano passado. Depois, ele
reconsiderou a decisão e determinou a
redução no valor do seguro. Assim, o
preço pago pelos motoristas caiu entre
68% e 86%, segundo dados da
Advocacia-Geral da União.
Procurada, a Secretaria de Governo
afirmou que “o Congresso é soberano
em suas decisões”.
https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/02/11/
aliados-alertam-para-vencimento-de-mps.ghtml
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08
Valor Econômico
Caderno: Opinião, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Por que a concessão de patentes é tão demorada?
Dada a velocidade de inovação,
muito antes de o Inpi conceder a
patente ela já terá sido superada
pela concorrência
Por Humberto Gomes Ferraz
Tomohiro Ohsumi/Bloomberg
Um termômetro para aferir o ambiente
de inovação de um país é verificar a sua
posição no Global Innovation Index
(GII) 2019, da World Intellectual
Property Organization (WIPO),
encabeçado pela Suíça, Suécia e Estados
Unidos.
Entre as 130 economias analisadas, o
Brasil está na 66ª colocação, embolado
com Qatar, Colômbia e Arábia Saudita.
Quanto aos nossos parceiros nos Brics,
a China vem em 14º, Rússia em 46º e
Índia em 52º. A nação latino-americana
09
melhor colocada é o Chile (51º), seguida
por Costa Rica (55º), México (56º) e
Uruguai (62º). Como melhorar a
performance brasileira?
Entre os quesitos que compõem o GII,
dois se destacam. Um deles é o total de
investimento em P&D feito por
governos, empresas e universidades.
Em tal quesito, pode-se apostar que a
colocação brasileira no índice deverá
despencar nos próximos anos, dada a
falta de interesse com que o atual
governo enxerga a ciência e a
tecnologia.
Outro parâmetro que pesa no GII é o
indicador de proteção intelectual de
cada país, ou seja, a quantidade dos
pedidos de patente e de registros de
marcas e de desenhos industriais que
são anualmente depositados nos
escritórios nacionais de registro de
patentes e marcas.
No Brasil, quem faz este trabalho é o
Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (Inpi). Em 2018, o Inpi
recebeu 27,5 mil pedidos de patente e
concedeu 11,1 mil pedidos, ao mesmo
tempo que mantinha um estoque de
208 mil pedidos pendentes, muitos
depositados há mais de uma década.
Como fica o desempenho brasileiro em
relação a outros países? De acordo com
o World Intellectual Property
Indicators, da WIPO, em 2018 foram
depositados 3,17 milhões de pedidos de
patentes em todo o mundo. A China
respondeu por 43%, com 1,38 milhão de
pedidos. Em segundo vieram os Estados
Unidos (606 mil), seguidos por Japão
(318 mil), Coreia do Sul (204 mil) e
União Europeia (166 mil).
Não chega a surpreender que entre as
economias mais avançadas, mais
inovadoras, nas quais governo e
sociedade reconhecem a importância do
investimento em educação, ciência,
pesquisa e desenvolvimento como pré-
condições para o desenvolvimento e
crescimento econômico e social, o
volume de patentes seja muito maior do
que no Brasil.
De nada adiantaria se os pedidos de
patente permanecessem pendentes.
Patentes precisam ser concedidas, e isto
leva tempo. Os pedidos devem ser
analisados por especialistas para
verificar a originalidade da inovação e o
direito de propriedade intelectual que
se busca resguardar.
O Escritório de Patentes e Marcas dos
EUA (USPTO), que havia registrado
606 mil pedidos de patente em 2017,
concedeu no mesmo ano 150 mil
patentes. O tempo de espera até a
outorga durou, em média, 23,8 meses.
No Inpi a situação é bem diferente. O
tempo médio para a concessão de uma
patente é 10 anos. Tal prazo varia de
acordo com o ramo de atividade no qual
a patente se insere. O pesquisador que
depositar um pedido na área de
metalurgia e materiais, por exemplo,
pode se preparar para esperar 7,85 anos
até a concessão da patente, informa o
Relatório de Atividades do Inpi. No
caso dos setores mais inovadores da
economia do século XXI, a coisa piora.
Se o pedido de patente for de
biotecnologia, aguarda-se 10,17 anos. Se
for de computação e eletrônica será
preciso esperar 11,4 anos. De
telecomunicações, 13 anos.
10
Dada a velocidade de inovação, muito
antes de o Inpi finalmente conceder a
patente de um produto, técnica,
invenção ou inovação, estes já terão
sido superados pela concorrência e pelo
avanço tecnológico.
Na divisão técnica do Inpi responsável
pela concessão de patentes de fármacos,
são necessários inacreditáveis 13,13
anos de espera, ou 158 meses. Este caso
específico me interessa pessoalmente,
pois 13,5 anos foi o tempo que levou
para ser deferida a patente que deu
origem ao medicamento Vonau Flash,
da Biolab Farmacêutica.
Em 2002, fui contactado pela Biolab
para fazer uma nova formulação para
administrar o fármaco contra náuseas
ondansetrona. No mesmo ano, aqui na
Universidade de São Paulo, desenvolvi
formulação na qual o comprimido
passou a dissolver instantaneamente na
boca.
O pedido de patente, do qual sou o
inventor, foi depositado no Inpi em 1º
de setembro de 2004. Com o depósito,
Biolab e USP passaram a dividir os
royalties do medicamento, lançado em
2006 com o nome Vonau Flash.
Nos anos seguintes, o medicamento foi
ganhando mercado, até se tornar um
sucesso de vendas. Segundo a Biolab,
em 2018 o faturamento com o Vonau
Flash foi de R$ 135 milhões, o que
rendeu à USP royalties de cerca de R$ 3
milhões. Das 1.300 patentes vigentes de
propriedade da USP, a patente do
Vonau Flash responde sozinha por
cerca de 90% de todos os royalties
auferidos pela universidade. Segundo a
Agência USP de Inovação, nos últimos
dez anos, os royalties do Vonau Flash
renderam à USP mais de R$ 10
milhões.
Esta trajetória de sucesso correu à
margem da análise do pedido de
patente pelo Inpi, concedida em 13 de
março de 2018, 13,5 anos após o
depósito do pedido. É tempo demais.
Isso já virou rotina no Brasil,
infelizmente.
Tal realidade não pode nos impedir de
avançar e não impede a interação entre
universidades e empresas. No período
em que a patente do Vonau Flash esteve
sob análise, o Biolab recolheu,
religiosamente, os royalties à USP.
Afinal, por que a concessão de patentes
aqui é tão demorada? Como todo órgão
público, o Inpi está sujeito a uma série
de regras que dificultam sua atuação. O
principal argumento levantado pelo
Inpi é a falta crônica de pessoal.
Para contornar este gargalo, o
Ministério da Economia anunciou em
2019 medidas para reduzir o total de
pedidos de patentes para análise em
80% até 2021. O governo almeja baixar
de dez para dois anos o prazo de
concessão de patentes no INPI. A
principal medida diz respeito à análise
dos pedidos de patente de invenção,
nacionais ou estrangeiros, que já foram
avaliados em outro país (e que
totalizam 80% do estoque de pedidos
de patente para análise).
Assim, desde julho passado, o Inpi vem
incorporando ao exame desses pedidos
as análises de patentes realizadas nos
escritórios de patentes do exterior. Faz
sentido. No caso das patentes
estrangeiras, todas já aprovadas nos
seus países de origem, por que fazer
repetir a pesquisa? Não se trata de uma
autorização de patente automática, mas
do aproveitamento das análises já feitas
em outros países.
11
Ao acelerar a análise e aprovação das
patentes estrangeiras, o Inpi desafogará
o trabalho de seus técnicos, liberando-
os para focar na análise dos pedidos de
patentes brasileiros e que ainda não
foram avaliados no exterior. Tal medida
merece aplausos, pois aponta na
direção certa, que é acelerar a
concessão de patentes no Brasil.
Humberto Gomes Ferraz é
docente na Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo, onde coordena o
Laboratório de Desenvolvimento
e Inovação Farmacotécnica
(Deinfar)
https://valor.globo.com/opiniao/coluna/por-que-a-
concessao-de-patentes-e-tao-demorada.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Empresas, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Viracopos pode aprovar devolução nesta quinta
Embora a concessionária tenha
aceitado devolver seu contrato, a
votação de plano de recuperação
segue cercada de incertezas e
conflitos
Por Taís Hirata — De São Paulo
Às vésperas da assembleia de credores
do aeroporto de Viracopos, a
concessionária ainda tenta fechar um
acordo para aprovar a devolução do
contrato e evitar sua falência. A
reunião, que já foi adiada diversas
vezes, está marcada para esta quinta-
feira, em Campinas (SP).
Representantes da companhia têm
travado conversas com os principais
credores de Viracopos: a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e o
BNDES.
No entanto, a votação segue cercada de
incertezas, e a relação entre
concessionária e os credores continua
conflituosa.
Em janeiro, a Anac esteve perto de
votar a caducidade da concessão de
Viracopos - na prática, a anulação do
contrato. O processo só foi
interrompido porque a companhia
conseguiu, na última hora, uma liminar
do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
que bloqueou a discussão.
12
A concessionária Aeroportos Brasil
Viracopos (ABV) é controlada pela
Triunfo e pela UTC, duas empresas
envolvidas na Lava-Jato que também se
encontram em grave situação
financeira.
O grupo entrou em recuperação judicial
em maio de 2018. Desde então, tenta
renegociar suas dívidas bilionárias ou
vender o negócio. Diversas ofertas
chegaram a ser feitas, porém nenhuma
se concretizou.
Sem alternativa e pressionados pelo
governo federal, os acionistas da ABV
acabaram por aceitar a devolução do
contrato, para que o aeroporto possa
ser relicitado. Um novo plano de
recuperação judicial, prevendo essa
solução, foi protocolado em dezembro.
A ideia é que as dívidas com os credores
do aeroporto sejam quitadas com os
recursos da indenização (que será paga
em troca da devolução). A proposta
ainda terá que ser aprovada na
assembleia de credores.
Essa tem sido a saída defendida pelo
governo e pela própria Anac. O plano de
recuperação, porém, também inclui
uma série de cláusulas que deverão ser
alvo de negociações. Há, por exemplo, a
exigência de que todas as pendências
entre a concessionária e Anac sejam
levadas a um tribunal arbitral. Além
disso, a ABV pede que o fluxo de caixa
da operação possa ser usado para pagar
parte dos credores menores.
Além das negociações em torno do
plano em si, há uma incerteza em
relação a qual o peso a Anac terá na
votação da assembleia de credores - o
que poderá ser determinante no
resultado final, considerando a forte
resistência da agência. A dúvida é em
relação ao tamanho da dívida da
agência no âmbito da recuperação - o
peso do voto é definido pelo valor a
receber.
Há dois cenários possíveis: no primeiro,
os créditos da Anac seriam de cerca de
R$ 2 bilhões, e a decisão final ficaria
com os bancos, principalmente BNDES;
no segundo, a agência teria cerca de R$
5 bilhões a receber, e passaria a ser o
principal credor na assembleia.
Hoje, a determinação judicial é que a
votação de quinta seja feita duas vezes,
com ambos cenários - o que, segundo
pessoas que acompanham o processo,
pode gerar insegurança jurídica. No
entanto, como a decisão é liminar,
ainda há chances de uma revisão do
formato.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/02/1
1/viracopos-pode-aprovar-devolucao-nesta-
quinta.ghtml
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13
Valor Econômico
Caderno: Empresas, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Movimento Falimentar
Falências Requeridas
Requerido: Construtora Presidente S/A
- CNPJ: 33.265.695/0001-92 -
Endereço: Rua Real Grandeza, 86,
Lojas a e B, Bairro Botafogo -
Requerente: Elias Aparecido da Cruz -
Vara/Comarca: 2a Vara Empresarial do
Rio de Janeiro/RJ
Requerido: Empreendimentos Mm
Ltda. - CNPJ: 18.734.954/0001-93 -
Endereço: Rua Professor Arduino
Bolivar, 79, Bairro Santo Antonio -
Requerente: Belo Bombas Eireli Epp -
Vara/Comarca: 2a Vara de Belo
Horizonte/MG
Requerido: Mercosul Foods Ltda. -
CNPJ: 27.604.062/0002-40 -
Endereço: Rua Marechal Bitencourt,
414, Sala 702, 7º Andar, Centro -
Requerente: Fundo de Investimento em
Direitos Creditórios Não Padronizado
Multissetorial Prévia - Vara/Comarca:
2a Vara de Santa Cruz do Rio Pardo/SP
Requerido: Super Grill X Indústria e
Comércio de Alimentos Ltda. - CNPJ:
13.758.096/0001-01 - Endereço: Av.
José Biscio, 53, Distrito Empresarial -
Requerente: Graphic Packaging
International do Brasil Embalagens
Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de
Guariba/SP
14
Requerido: União de Lojas Leader S/A -
CNPJ: 30.094.114/0001-09 - Endereço:
Av. Visconde do Rio Branco, 511,
Centro, Niterói/rj - Requerente:
Grendene S/A - Vara/Comarca: 5a Vara
Empresarial do Rio de Janeiro/RJ
Falências Decretadas
Empresa: Bloco Renger Indústria,
Comércio e Serviço de Engenharia
Eireli - CNPJ: 69.162.089/0001-99 -
Endereço: Rua Neuraci da Silva
Rodrigues, 310, Bairro Recanto Fortuna
- Administrador Judicial: O Próprio
Administrador Judicial da Recuperação
Judicial Rescindida, Dr. Josué Mastrodi
Neto - Vara/Comarca: 5a Vara de
Campinas/SP - Observação:
Recuperação Judicial convolada em
Falência.
Processos de Falência Extintos
Requerido: João de Mello Neto &
Companhia Ltda. Me, Nome Fantasia
Porto de Areia Anhembi - CNPJ:
60.085.081/0001-00 - Endereço:
Rodovia Sp 247, S/nº, Bairro Fazenda
São Luiz, Anhembi/sp - Requerente:
Disbra Diesel Comércio de Derivados
de Petróleo Ltda. - Vara/Comarca: 1a
Vara de Conchas/SP - Observação: Face
ao acordo extrajudicial entabulado
entre as partes.
Requerido: Rocha Amorim Engenharia
Ltda. - CNPJ: 01.578.396/0001-11 -
Requerente: Robson Barbosa Moreira -
Vara/Comarca: 1a Vara Empresarial do
Rio de Janeiro/RJ - Observação:
Petição inicial indeferida.
Recuperação Judicial Deferida
Empresa: Bar Luiz Ltda. - CNPJ:
33.100.405/0001-50 - Endereço: Rua
Nestor Pinto Alves, 100, Loja 13, Bairro
Alcântara, São Golçalo/rj -
Administrador Judicial: Nascimento &
Rezende Advogados - Vara/Comarca: 1a
Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ
Empresa: Charque 500 Indústria e
Comércio Ltda. - CNPJ:
36.492.502/0001-24 - Endereço: Rua
Joaquim Eugênio Santos, 500, Centro -
Administrador Judicial: Matuch de
Carvalho Advogados Associados,
Representada Pelo Dr. Júlio Matuch de
Carvalho - Vara/Comarca: 2a Vara de
Maricá/RJ
Empresa: Culinária Alemã Bar e
Restaurante Eireli - CNPJ:
11.404.699/0001-71 - Endereço: Rua da
Carioca, 39, Centro - Administrador
Judicial: Nascimento & Rezende
Advogados - Vara/Comarca: 1a Vara
Empresarial do Rio de Janeiro/RJ
Empresa: Distrilimp Indústria e
Comércio de Produtos de Limpeza e
Derivados Ltda. - CNPJ:
11.573.253/0001-70 - Endereço: Rua
Lúcia Mormito Biason, 223, Bairro
Sertãozinho, Mauá/sp - Administrador
Judicial: Onbehalf Auditores e
Consultores Ltda. - Vara/Comarca: 2a
Vara Regional de Competência
Empresarial e de Conflitos
Relacionados À Arbitragem da 1ª Raj,
Foro Especializado da 1ª Raj/SP
Empresa: Dona Clara Comércio de
Produtos de Limpeza Ltda. - CNPJ:
23.803.196/0001-58 - Endereço: Rua
Lúcia Mormito Biason, 245, Bairro
Sertãozinho, Mauá/sp - Administrador
Judicial: Onbehalf Auditores e
Consultores Ltda. - Vara/Comarca: 2a
15
Vara Regional de Competência
Empresarial e de Conflitos
Relacionados À Arbitragem da 1ª Raj,
Foro Especializado da 1ª Raj/SP
Empresa: Jc Construções e
Empreendimentos Imobiliários Ltda. -
Endereço: Não Consta - Administrador
Judicial: Sr. Eustáquio Tenório Toledo -
Vara/Comarca: 7a Vara de Maceió/AL
Empresa: Mobiliadora Arasul Ltda. ME
- CNPJ: 07.843.335/0001-10 -
Endereço: Rua Jurutau, 2786, Parque
Industrial Ii - Administrador Judicial:
Valor Consultores - Vara/Comarca: 1a
Vara de Arapongas/PR
Empresa: Mobisul Indústria Moveleira
do Paraná Ltda. - CNPJ:
05.156.911/0001-26 - Endereço: Av.
Itamaraty, 1990, Parque Industrial,
Rolândia/pr - Administrador Judicial:
Valor Consultores - Vara/Comarca: 1a
Vara de Arapongas/PR
Empresa: Smp Indústria e Comércio de
Móveis Ltda. - CNPJ:
06.276.902/0002-12 - Endereço: Rua
Arapacu Listrado, 115, Bairro Parque
Industrial Ii - Administrador Judicial:
Valor Consultores - Vara/Comarca: 1a
Vara de Arapongas/PR
Empresa: Transportadora Jer Ltda. -
CNPJ: 11.977.201/0001-60 - Endereço:
Rua Juriti, 126, Portão 20, Vila
Industrial - Administrador Judicial:
Valor Consultores - Vara/Comarca: 1a
Vara de Arapongas/PR
Cumprimento de Recuperação
Judicial
Empresa: Supermercado São Lucas
Matão Ltda. - CNPJ: 69.296.838/0001-
70 - Endereço: Rua Durval de Souza,
663, Bairro Jardim Santa Rosa -
Vara/Comarca: 2a Vara de Matão/SP -
Observação: Face ao cumprimento do
plano aprovado pela assembleia geral
de credores.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/02/1
1/movimento-falimentar.ghtml
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16
Valor Econômico
Caderno: Empresas, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Arrecadação com internet das coisas pode atingir R$ 15 bi
Estudo indica potencial de
negócios se projeto de
desoneração do segmento for
aprovado
Por Ivone Santana — De São Paulo
Marcos Ferrari: o projeto se alinha ao
que já vem ocorrendo pelo mundo —
Foto: Leo Pinheiro/Valor
16
Se nos últimos 20 anos as pessoas
reinaram na comunicação por meio de
telefone celular, o caminho já está
praticamente pavimentado para que os
objetos subam ao trono. A era da
internet das coisas e da comunicação
entre máquinas começou a ser
descortinada aos poucos nos últimos
anos.
Agora, estão sendo dados os últimos
retoques para que as siglas conhecidas
em inglês como IoT e M2M comecem a
imperar no Brasil. Essas tecnologias já
estão presentes no dia a dia das áreas
de saúde, em aplicativos de trânsito, na
automação de máquinas agrícolas, no
monitoramento das redes de água e de
energia. Mas ainda há desafios para
crescer.
O projeto de lei 7.656/17, do deputado
Vitor Lippi (PSDB/SP), aprovado em
dezembro pela Câmara Federal e
enviado ao Senado, aguarda designação
de relator. O PL, com nº 6.549 no
Senado, isenta os dispositivos M2M da
cobrança de quatro taxas. Se for
aprovado, a expectativa das empresas é
que caiam os custos dos serviços e
aumente a demanda.
O objetivo do projeto é eliminar a Taxa
de Fiscalização de Instalação, a Taxa de
Fiscalização de Funcionamento, a
Contribuição para o Fomento da
Radiodifusão Pública e a Contribuição
para o Desenvolvimento da Indústria
Cinematográfica Nacional (Condecine).
Marcos Ferrari, presidente-executivo do
SindiTelebrasil, disse que entregou o
estudo ao Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações,
e também tem conversado com
senadores. “O projeto se alinha ao que
já vem ocorrendo pelo mundo. Os
resultados do estudo trazem conforto
para aprovação do projeto e sanção pelo
Executivo, pois temos um impacto
positivo sobre a arrecadação do governo
federal”, disse Ferrari. Sua expectativa é
que o projeto seja aprovado ainda neste
ano.
As projeções indicam que a arrecadação
acumulada em três anos no Brasil
atinge R$ 1,8 bilhão, se mantidas as
tarifas. Mas, num cenário de
desoneração pelo efeito fiscal do projeto
de lei, a arrecadação total no período
cresce para R$ 15,3 bilhões.
Arrecadação com internet das coisas
pode atingir R$ 15 bi — Foto: Valor
Os dispositivos M2M fazem parte do
ecossistema de IoT e compõem o
mercado das tecnologias da informação
e comunicação (TIC). Esse segmento
movimentou R$ 241,2 bilhões em 2018,
de acordo com relatório da Brasscom, a
17
associação que representa as empresas
dessa área. M2M representou 9,5% do
montante, ou R$ 22,8 bilhões. Ao
somar o segmento de telecomunicações,
a receita alcançou R$ 479,1 bilhões,
equivalente a 7% do Produto Interno
Bruto.
Para a empresa de pesquisa IDC Brasil,
IoT será o elemento central da
automação nas empresas em 2020.
Estudo da IDC indica que esse mercado
deverá crescer 20% neste ano, para US$
9,9 bilhões, considerando
equipamentos, software, conectividade
e serviços. “Em 2020, IoT se torna a
ferramenta capaz de permitir que a
automação seja efetivamente realizada
na escala que as empresas precisam”,
afirma no relatório Luciano Saboia,
gerente de pesquisa e consultoria de
TIC da IDC Brasil.
Em dezembro de 2019, o Brasil contava
com 24,7 milhões de dispositivos M2M
em operação, segundo o último
relatório da Agência Nacional de
Telecomunicações. A Anatel divide os
dispositivos em M2M Padrão, cujo
acesso é com intervenção humana,
como as máquinas de cartão de crédito
e de ponto de venda; e M2M Especial,
que são todos os demais dispositivos
automatizados, que usam redes de
telecomunicações para transmitir
dados, fazem monitoramento, medição
e controle.
Só em relação ao M2M Especial, a LCA
estima que se forem mantidas as tarifas,
o Brasil terá 17,1 milhões desse tipo de
conexão no acumulado de três anos -
hoje são 9,66 milhões. Mas com a
desoneração, serão alcançadas 26,4
milhões de conexões especiais. O total,
incluindo os modelos padrão, seria de
47,9 milhões no cenário sem
desoneração e 57,2 milhões com
desoneração.
As projeções não consideram a adoção
desses dispositivos para uso em redes
de quinta geração de telefonia móvel.
Com 5G, a demanda será maior ainda,
bem como o impacto na arrecadação,
dependendo de como será a
implantação da tecnologia ao longo dos
próximos anos, disse Ferrari.
Uma das facetas de 5G está relacionada
à internet das coisas, “tanto de IoT
massivo quanto de IoT para aplicações
que requerem menor latência (sensíveis
ao atraso), diz Leonardo Euler de
Morais, presidente da Anatel. É o caso,
por exemplo, dos carros autônomos,
que precisam de comunicação em
tempo real.
Embora o Plano Nacional de IoT,
estabelecido por decreto em junho de
2019, tenha excluído as máquinas de
cartão dessa categoria, a Anatel ainda
não alterou essa classificação.
De acordo com a LCA, a conectividade
dos dispositivos M2M pode representar
até 60% do valor de uma solução -
equipamento, software e serviço -
vendida. O custo médio de uma
conexão Especial é de R$ 43,4 por ano,
enquanto para o M2M Padrão é de R$
51. Cada empresa pode ter centenas ou
milhares desses dispositivos, o que
multiplica os valores, inviabilizando
certos projetos. A proposta do PL é
reduzir os custos.
“A tecnologia IoT é um dos casos mais
complexos [na abordagem de TIC], pois
afeta muitos aspectos que impactam
diretamente a vida das pessoas,
incluindo dispositivos em residências,
locais de trabalho, escolas, hospitais e
espaços públicos”, diz Paulo Spacca,
18
presidente da Associação Brasileira de
Internet das Coisas, numa análise sobre
o tema para 2020. “As políticas
existentes de privacidade, segurança de
dados, assistência médica, transporte e
tecnologia serão afetadas pelos avanços
da IoT.”
Para Spacca, governos, líderes de ramos
de atividades e organizações
internacionais devem trabalhar juntos
para fortalecer e padronizar a
infraestrutura de internet e proteger os
dados e a privacidade, “de forma a
permitir o desenvolvimento da IoT e
não colocar as pessoas em risco”.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/02/1
1/arrecadacao-com-internet-das-coisas-pode-atingir-r-
15-bi.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Agornegócios, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Ministério cria o ‘Núcleo China’
Com a nova assessoria, governo
quer diversificar exportações e
atrair investimentos
Por Rafael Walendorff e Daniel
Rittner — De Brasília
Larissa Wachholz, que comandará o novo
núcleo: sustentabilidade no foco — Foto:
Divulgação
A ministra da Agricultura, Tereza
Cristina, buscou na iniciativa privada a
comandante da nova unidade especial
que cuidará das relações com a China,
principal destino das exportações
brasileiras do agronegócio. Ex-diretora
19
da consultoria de investimentos Vallya
e com mestrado em Estudos
Contemporâneos da China pela
Universidade de Renmin, Larissa
Wachholz morou em Pequim por cinco
anos e fala mandarim. Em dezembro,
ela aceitou o convite de Tereza Cristina
para assumir o “Núcleo China”, ligado
diretamente a seu gabinete.
A criação da unidade estratégica foi
uma surpresa até para quem trabalha
na área internacional do ministério. A
ideia partiu da ministra, que não contou
a novidade para ninguém antes de
anunciá-la em encontro com ministros
chineses em outubro de 2019, durante
visita ao país.
Para o longo prazo, Larissa Wachholz
estabeleceu quatro áreas prioritárias de
atuação: abertura comercial, atração de
investimentos, central de informações e
ações de inovação e sustentabilidade.
Mas a agenda emergencial não escapa
do radar. Um dos desafios imediatos
tem sido monitorar os efeitos do
coronavírus e da trégua comercial
Estados Unidos-China sobre as
exportações agrícolas brasileiras. No
caso do cessar-fogo entre Washington e
Pequim, ela conta ter recebido uma
mensagem tranquilizadora das
autoridades chinesas. “Elas têm nos
dito que vão operar de acordo com
regras de mercado.”
Em bom português: mesmo diante dos
compromissos assumidos de aumentar
as compras de produtos agrícolas
americanos, a China prometeu ao Brasil
manter suas escolhas de fornecedores
com base em preço, não em questões
políticas. “Mas temos avaliado o
assunto com lupa”, diz Larissa. Apesar
disso, ela constata que haverá redução
nos embarques brasileiros de soja à
China, que terão de ser redirecionados a
outros mercados.
Destino de mais de um terço das
exportações agrícolas brasileiras - US$
31 bilhões em compras em 2019 -, a
China é o principal parceiro comercial
do Brasil, mas a pauta setorial de
exportações é baseada em soja e carnes.
Uma das metas do novo núcleo é
promover a diversificação do comércio
com a abertura para novos produtos,
como frutas. O movimento pode
estabilizar os fluxos comerciais e
diminuir “solavancos” do mercado
mundial.
O desafio também é entender melhor as
complexidades do maior comprador dos
produtos agrícolas nacionais e
identificar oportunidades. Larissa
avalia, por exemplo, que os chineses
confiam na qualidade do alimento
brasileiro, mas estão cada vez mais
atentos aos debates sobre
sustentabilidade. “É uma preocupação
que tende a crescer e a gente quer
mostrar a sustentabilidade do agro
brasileiro e dar ao consumidor chinês
esse conforto”.
O núcleo também quer atrair
investimentos de empresas chinesas
para o Brasil, tanto na área de logística
como na de construção de ferrovias e
rodovias para ajudar no escoamento
das exportações. Atrair aportes em
indústrias de processamento de
alimentos também está nos planos.
Seria uma forma de elevar o valor
agregado das exportações - vender
farelo em vez de soja em grão, café
torrado e moído no lugar de café verde,
cortes de carne no lugar do produto in
natura.
20
O setor produtivo fez o caminho inverso
para se aproximar mais da China. Em
janeiro, a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA) abriu um
escritório de negócios em Xangai. A
entidade contratou uma consultora
chinesa, fluente em português e que já
morou no Brasil, para representar os
produtores brasileiros, mapear
oportunidades comerciais e prospectar
mais abertura de mercados.
“Comércio é olho no olho, precisa ter
confiança”, diz Lígia Dutra,
superintendente de Relações
Internacionais da CNA. A entidade quer
impulsionar cinco segmentos: lácteos,
mel, fresh (hortaliças, frutas e flores),
cafés especiais e aquicultura. Outra
unidade deve ser aberta na Ásia, em um
país a definir, em 2021. “Precisamos da
China para fazer negócio hoje”, disse.
https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2020/0
2/11/ministerio-cria-o-nucleo-china.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Finanças, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Planejar sucessão evita disputa familiar e prejuízos
Processos judiciais levam até dez
anos e ameaçam patrimônio
Por Rafael Gregorio — De São Paulo
Ana Claudia Utumi: sucessão abortada e custos
maiores com impostos — Foto: Silvia
Costanti/Valor
Poucas coisas preocupam tanto um
chefe de família quanto a necessidade
de conversar com seus entes queridos
sobre a divisão e a administração do
patrimônio. Além do temor de deixar os
filhos desamparados, não são raras
restrições e preferências sobre como
21
deve ser a sucessão e quem deve - ou
não - administrar imóveis, aplicações
financeiras e empresas.
Nesses casos, é essencial dialogar,
dizem especialistas. Afinal, estão em
jogo não só bens materiais, mas
relações afetivas e expectativas que,
uma vez frustradas, desencadeiam
decepções e afastamentos.
“O que não funciona é não conversar. E
esse costuma ser o caminho escolhido,
porque é uma discussão difícil, na qual
patriarca ou matriarca precisam abrir
que a divisão não vai ser igual, ou que
um filho vai ter mais poder que outro”,
afirma Mariana Oiticica, sócia do BTG
Pactual e chefe da área de planejamento
patrimonial. Em caso de disputa, os
processos judiciais levam até uma
década e, ainda que terminem em
acordo, todo mundo perde. “São anos
de briga. Enquanto isso, empresas e
investimentos ficam sem liderança, e há
prejuízos”, explica.
Entre as preocupações mais frequentes
costuma estar uma bastante comum:
“Há uma resistência das pessoas em
tratar da sucessão delas mesmas;
ninguém gosta de pensar na própria
morte”, diz Ricardo Zamariola Junior,
sócio da área de contencioso e
arbitragem do escritório LUC
Advogados. Depois, ele afirma, costuma
vir a pretensão de deixar o patrimônio
dentro da família imediata - pai, mãe,
filhos - e “evitar que esposas e
namorados tenham direitos autônomos
ou possam interferir na gestão”.
Daí que nos relatos dos gestores se
repitam alguns temores, como o
namorado da filha. “Esse é um
clássico”, diz Oiticica. “Geralmente a
preocupação do cliente nunca é consigo
mesmo; ainda que seja casado pela
quinta vez [risos], ele costuma achar
que está seguro e que o problema é o
genro.”
Receios em relação a cônjuge dos
filhos e divisão não igualitária de
bens geram preocupação de
patriarcas
Os especialistas também veem um
aumento da complexidade com as
mudanças no conceito de família. Essa
evolução começou com a legalização do
divórcio, que, no Brasil, se deu há
quatro décadas; depois, com a
normalização dos novos casamentos; e
com as uniões homoafetivas,
reconhecidas pelo Judiciário nos
mesmos efeitos que as uniões estáveis.
Como resultado, há mais hipóteses a
contemplar. Quem entre os filhos de
diversos casamentos deverá
administrar o negócio versus quem só
receberá dividendos? Com que idade
cada herdeiro vai acessar um fundo de
previdência?
“Também é frequente o receio com
alguém que ainda não se estabilizou na
profissão; a gente pode traçar arranjos
para que, na sucessão, essa pessoa não
tenha acesso imediato aos recursos”,
comenta Oiticica. Exemplos desse tipo
de solução são fundos fechados que
permitam saques apenas uma vez ao
ano e mediante consenso dos outros
cotistas, ou planos de previdência com
retiradas só a cada dez anos.
Em jogo não está só um cuidado com as
relações, como evidenciam casos tal
qual o recente imbróglio envolvendo o
espólio do apresentador Antônio
Augusto Moraes Liberato, o Gugu
(1959-2019). Evitar conversas em vida,
22
reiteram os especialistas, é o caminho
para dilapidar empresas e
investimentos e pôr em risco o bem-
estar futuro dos familiares.
“Quando chefes de família morrem, há
uma descentralização do poder. Sem
preparação, o patrimônio acaba
dividido em direitos e deveres iguais. E,
se não há alinhamento entre essas
partes, se prejudica a gestão - às vezes,
a ponto de paralisá-la”, diz Zamariola.
É quando sobrevêm as perdas, ele
detalha: “A empresa familiar passa a
operar pior, os imóveis se deterioram,
toda sorte de problemas acontece; não
são raros os casos em que o patrimônio
construído a duras penas é destruído
por herdeiros que não conseguiram se
entender”.
Um exemplo é o espólio de Henry
Maksoud (1929-2014). Empresário de
sucesso, construiu patrimônio a partir
de uma empresa de engenharia que, nos
anos 1970, fez obras como a da usina de
Itaipu. Depois, investiu em outros
setores, mas teve no hotel Maksoud
Plaza, inaugurado em 1979, seu bem
mais marcante. Após a morte dele,
porém, sobreveio uma disputa entre os
herdeiros: de um lado, os dois filhos,
Claudio e Roberto, e, de outro, um neto
- Henry Maksoud Neto, o Henrynho - e
a segunda esposa do patriarca,
Georgina Célia, além de uma filha dele
fora do casamento.
A disputa se tornou belicosa, com
direito a inquéritos policiais para
averiguar suspeitas como a de que a
assinatura no testamento deixando
parcela relevante para o neto teria sido
falsificada. Em jogo, estava um
patrimônio à época avaliado em R$ 500
milhões.
“Para você ter uma ideia, hoje há o
inventário, uma ação anulatória de
testamento, outra ação anulatória de
uma cessão de quinhão hereditário,
reclamações trabalhistas e um processo
tentando bloquear a venda da mansão
onde ele morava. E, em cada um deles,
os advogados de todas as partes...”, ele
comenta.
As consequências foram severas: graças
à dívida trabalhista, o hotel, símbolo
paulistano, foi arrematado pelo preço
mínimo de R$ 70 milhões. Há um
processo pedindo a anulação desse
leilão.
Zamariola, que representa o filho
Claudio Maksoud, diz que a situação
causou tantas perdas que Claudio hoje
procura um investidor disposto a
financiar os litígios para, ao menos,
poder manter as ações na Justiça.
Em outro inventário, cujo nome o
advogado prefere não divulgar,
impostos não foram pagos enquanto se
arrastavam processos entre os
herdeiros. Resultado: uma família que
capitaneou a instalação da indústria
petroquímica no país corre o risco de
perder tudo em tributos, multas e juros,
porque faltou conversar.
E os riscos que a falta de diálogo sobre
sucessão causa nos negócios são ainda
maiores quando há uma recessão, diz
Oiticica. “Nesses momentos, é preciso
tomar decisões rápidas, senão a
companhia segue em direção errada. O
mesmo vale para finais de crises: a
empresa deve decidir entre se recolher
ou crescer, e, se faltar consenso, acaba
perdendo espaço para a concorrência e
valendo menos.”
Mas há casos de parentes que
enfrentaram o assunto e, ainda que
23
tenham passado por dificuldades, viram
a situação se acomodar. E há outros em
que a conversa foi além e serviu
também para resolver divergências
vocacionais; afinal, cuidar do negócio
da família nem sempre é o que o
herdeiro deseja. Foi assim, por
exemplo, com Alexandre Birman, que
preferiu primeiro abrir seu negócio de
design de sapatos de luxo para, depois,
assumir a Arezzo, a rede de lojas de
vestuário criada pelo pai.
“Como nem sempre a família entende a
necessidade de um consultor para a
mediação, a gente acaba sendo um
pouco psicólogo”, diz Zamariola. “Mas
nosso papel é expor opções do ponto de
vista técnico, sem emoção.”
O advogado também ressalta o aspecto
tributário. A sucessão, afinal, é fato
gerador de imposto: “Claro que [a
família] vai pagar tributo, mas é
possível reduzir esse custo dos
herdeiros-contribuintes”, ele diz.
A advogada Ana Cláudia Utumi, sócia
fundadora da Utumi Advogados,
especialista em direito tributário com
foco em gestão de patrimônios e
mercado financeiro, dá um exemplo.
Um caso em que ela atuou dizia respeito
ao imposto estadual sobre sucessões e
doações, que, em São Paulo, se chama
ITCMD e tem alíquota de 4% sobre o
patrimônio transmitido. Em 2015,
quando vários Estados discutiram
aumentos nas alíquotas desses
impostos, Utumi conduziu um projeto
de sucessão que acabou abortado pelo
próprio patriarca. Ela remonta o
episódio.
“Assessorei uma família controladora
de uma companhia aberta que tinha
tudo pronto para a sucessão em vida
por meio de doações e usufrutos. Mas,
na última hora, o patriarca ficou
reticente sobre perder o controle dos
bens e resolveu não prosseguir. Ele
morreu no ano seguinte, quando a
alíquota no Estado onde morava tinha
acabado de ser duplicada.”
O resultado? R$ 50 milhões de imposto
a mais. “Mesmo que aquele empresário
entendesse a questão tributária, e por
mais que a conversa tivesse sido boa e
ele confiasse nos filhos, para ele era
mais importante manter sua liberdade.
Fazer o quê?”
https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/02/11
/planejar-sucessao-evita-disputa-familiar-e-
prejuizos.ghtml
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24
Valor Econômico
Caderno: Legislação e Tributos, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Justiça autoriza cálculo de ITBI pelo valor pago em leilão de bem
Pelo menos dez tribunais de
Justiça possuem jurisprudência
favorável ao comprador
Por Adriana Aguiar — De São Paulo
Bruno Sigaud: grande parcela das
aquisições imobiliárias passou a ser
realizada por meio de leilões judiciais —
Foto: Silvia Zamboni
Quem adquiriu imóveis por meio de
leilão judicial tem conseguido na
Justiça decisões para recolher o
Imposto sobre a Transmissão de Bens
Imóveis (ITBI) de acordo com o
montante pago na hasta pública e não
sobre o valor venal do bem, como
cobrado por algumas prefeituras.
25
A medida pode representar grande
economia para o contribuinte, pois
imóveis leiloados são normalmente
adquiridos por valores mais baixos. Em
caso analisado recentemente pelo
Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-
SP) um imóvel com valor venal de R$
30 milhões foi arrematado por R$ 5,9
milhões. As alíquotas cobradas de ITBI
variam entre os municípios, em São
Paulo e Brasília é de 3%, por exemplo.
No Rio de Janeiro corresponde a 2%.
O tema tem decisões favoráveis aos
contribuintes em pelo menos dez
tribunais de Justiça (São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Distrito federal,
Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe,
Alagoas, Ceará e Mato Grosso), segundo
pesquisa do escritório de advocacia
Sigaud Advogados. O Superior Tribunal
de Justiça (STJ) também tem
julgamentos recentes no mesmo
sentido.
O advogado Bruno Sigaud, do escritório
que leva seu sobrenome, afirma que a
discussão é relevante porque, em razão
da crise econômica dos últimos anos,
diversas empresas e pessoas físicas
tiveram bens penhorados judicialmente
para quitar dívidas. Nesse sentido,
grande parcela das aquisições
imobiliárias passou a ser realizada por
meio de leilões judiciais, segundo ele.
Nos últimos três anos, por exemplo, 184
imóveis foram leiloados pelo TJ-SP
O mercado de leilões de imóveis tem
sido usado cada vez mais como forma
de investimento, segundo o advogado
da área imobiliária Luis Rodrigo
Almeida, do Viseu Advogados. “A
procura de clientes que me consultam
sobre o tema está impressionante”,
afirma.
No leilão, um leiloeiro anuncia o bem
imóvel e o arrematante que der o maior
lance, faz a aquisição. Ao registrar o
imóvel, o cartório exige o ITBI sobre a
base de cálculo do valor venal do imóvel
ou do valor de avaliação para o leilão,
conforme estabelecer a lei do
município. Neste momento, os
contribuintes têm entrado com pedidos
de liminares para pagar o ITBI com
base no valor arrematado do imóvel e
somente no seu registro.
Segundo Sigaud, como o valor de
aquisição representa o efetivo valor de
mercado do imóvel, o ITBI deveria ser
obrigatoriamente recolhido sobre o
valor de arrematação. Diversos
municípios, porém, exigem o ITBI
sobre bases distintas do valor de
arremate ainda no momento do registro
de arrematação. “Neste momento, os
contribuintes devem entrar na Justiça
para recolher o ITBI sobre o valor do
arremate e somente na hora do registro
do imóvel, sem pagamento de multas e
juros, apenas de atualização”, diz.
De acordo com o advogado, o mesmo
raciocínio tem sido usado para leilões
extrajudiciais, nos casos em que os
bancos leiloam imóvel que foi
financiado e não quitado. “Nesses casos
a jurisprudência é um pouco menos
pacífica, mas temos alguns julgados
favoráveis, até mesmo no STJ”, diz.
Entre eles, está o Recurso Especial nº
1.803.169.
As diferenças de valores pagas de ITBI
podem ser significativas. Em um caso
julgado em janeiro pela 18ª Câmara de
Direito Público do TJ-SP, o município
de Caieiras (SP) cobra o ITBI pelo valor
venal de imóvel de R$ 30, 9 milhões.
Contudo, o bem foi arrematado por R$
5,7 milhões por um empreendimento
imobiliário. Os desembargadores
26
mantiveram sentença que determinou o
valor de arrematação como fato gerador
de ITBI, que deve ser recolhido
somente no registro do imóvel.
O município de Caieiras alegou no
recurso ao tribunal que a base de
cálculo do ITBI é o valor venal, com
fundamentação da Lei Complementar
nº 5.118, de 2018. Segundo a defesa, “a
utilização do preço pago em
arrematação em leilão extrajudicial
como base de cálculo do ITBI,
considerando que a absoluta
necessidade de venda pública do bem
provoca sensível queda no seu valor,
que então não representa, de forma
alguma, o verdadeiro valor venal do
imóvel”.
Ao analisar o caso (apelação/remessa
necessária nº 1001783-
22.2019.8.26.0106), o relator,
desembargador Ricardo Chimenti,
entendeu que apesar do artigo 38 do
Código Tributário Nacional (CTN)
estabelecer que a base de cálculo do
ITBI é o valor venal dos bens, ao tratar
da aquisição de bens levados em hasta
pública, o STJ diz que incide sobre o
valor de arrematação.
As três câmaras que julgam o assunto
no TJ-SP (14ª, 15ª e 18ª) possuem
entendimento consolidado a favor dos
contribuintes, segundo Bruno Sigaud.
Recentemente, a 2ª Turma do STJ
confirmou decisão do TJ-SP contra o
município de São Paulo. Segundo o
relator, ministro Herman Benjamin, o
entendimento do tribunal está de
acordo com o do STJ de que, no caso de
hasta pública, o valor venal corresponde
ao valor arrematado, para fins de
cálculo do ITBI (processo 1.542.296).
Já no Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-
CE), o desembargador Luiz Evaldo
Gonçalves Leite, confirmou o direito de
um empreendimento imobiliário de
recolher o ITBI com base no valor de
um imóvel arrematado em Fortaleza
por R$ 3,6 milhões - sobre o valor deve
incidir a alíquota de 2%, que
corresponderá a R$ 72,8 mil. Segundo a
decisão do desembargador (processo
0187419-70.2013.8.06.0001),
“tratando-se de imóvel arrematado
judicialmente, é pacífico o
entendimento de que deve ser
considerado como valor venal do
imóvel, para fins de definição da base
de cálculo, o valor alcançado em hasta
pública (de arrematação)”
O advogado tributarista Carlos Navarro,
do Viseu Advogados, afirma que esse
tema é uma nova vertente de uma
antiga disputa que tratou do valor de
mercado (VVR) ou valor da transação.
Isso porque as vezes os imóveis são
vendidos bem abaixo do mercado, o que
vem gerando precedentes favoráveis aos
contribuintes. Para Navarro, essas
decisões são acertadas, e caso o VVR
supere o valor de transação, este último
é que deve ser usado como base de
cálculo.
A única ressalva que o advogado faz
está nas situações em que existem
eventuais dívidas que seriam quitadas
pelo arrematante. “Em casos como
esses, entendo que o valor de mercado
do bem seria equivalente ao valor de
arrematação mais o valor das dívidas”,
afirma.
27
Procuradas pelo Valor, os municípios
de São Paulo, Caieiras e Fortaleza não
retornaram até o fechamento da
reportagem.
https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/02/1
1/justica-autoriza-calculo-de-itbi-pelo-valor-pago-em-
leilao-de-bem.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Legislação e Tributos, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
PL sobre falências deve ser votado até o Carnaval
Mudanças no projeto tratam do
prazo para empreender após
falência e extensão da
recuperação judicial a empresas
do mesmo grupo
Por Beatriz Olivon e Raphael Di
Cunto — De Brasília
Deputado Hugo Leal deve apresentar projeto na
Câmara com modificações — Foto: Divulgação
O projeto de reforma da Lei de
Recuperação Judicial e Falência (PL nº
10.220, de 2018) passou por novas
modificações, que devem ser
formalmente apresentadas na Câmara
dos Deputados nos próximos dias pelo
28
relator, o deputado Hugo Leal (PSD-
RJ). As principais mudanças referem-se
ao prazo para empreender depois da
falência e a extensão da recuperação
judicial a outras empresas do mesmo
grupo.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), afirmou ontem que
pretende aprovar o PL até o Carnaval. O
texto, então, seguirá para debate no
Senado.
As alterações são um meio termo entre
o parecer apresentado em novembro
pelo relator e a Lei de Recuperação
Judicial que está em vigor hoje,
segundo o advogado Pedro Teixeira,
especialista em insolvência empresarial
que auxilia o deputado Hugo Leal no
desenvolvimento do texto. O
complemento, ao qual o Valor teve
acesso, ainda será lido na sessão.
Ao contrário do substitutivo anterior,
que vedava a extensão da falência ou de
seus efeitos, o novo texto passa a
admitir que os efeitos da falência
alcancem eventuais sociedades não
sócias ou administradoras da empresa
falida. A extensão deverá observar os
requisitos do Código Civil para abuso de
personalidade jurídica, como confusão
patrimonial e desvio de finalidade.
Outra mudança, que desagradou
advogados da área, afeta o chamado
fresh start, o prazo para extinção de
obrigações do falido, que, na prática, só
poderá voltar a empreender depois
disso. Hoje esse prazo é de cinco anos a
partir do encerramento da falência.
O substitutivo previa três anos a partir
da decretação da falência. Agora,
considerando que alguns
procedimentos podem demorar mais de
três anos, contados da decretação da
falência, o marco temporal do fresh
start passou a ser a sentença de
encerramento da falência. Isso é um
problema, na opinião de advogados,
pois muitas vezes não ocorre o trânsito
em julgado da falência, o que faria com
que o prazo nunca começasse a ser
contado.
As mudanças atingem dois pontos
essenciais do projeto, afirma Renato
Scardoa, sócio do Franco Advogados.
“O problema no Brasil é a falência.
Porque em qualquer economia mais
madura é natural um empreendimento
dar errado”, afirma. Segundo o
advogado, o trânsito em julgado pode
demorar de dez anos “até o infinito”, o
que impede o empreendedor de voltar
ao mercado. “Há falências que não
acabam”, diz. O segundo ponto também
incomoda, defende Scardoa, pois deixa
mais fácil estender a falência a outras
empresas do grupo mesmo que não
ocorra fraude.
O PL nº 10.220, de 2018, entrou e saiu
da pauta do plenário da Câmara
algumas vezes no fim de 2019. A
votação esbarrou em divergências
políticas e na extensão da proposta, que
tem duas centenas de páginas.
Na última sessão do ano, o texto quase
foi votado por acordo, mas o líder do
PDT na Câmara, deputado André
Figueiredo (CE), disse que o PL
contrariava interesses do setor
produtivo e favorecia os bancos. Sem
consenso, a votação foi adiada para
fevereiro, mas ainda persistem
divergências com a oposição. “Estão
debatendo, mas não há acordo para
29
votar”, disse o líder do PT, deputado
Ênio Verri (PR).
A versão que será votada na Câmara
começou a ser costurada em março do
ano passado, quando Maia designou
Hugo Leal - que é advogado - para a
relatoria. Para facilitar o consenso e a
tramitação, pontos polêmicos, como
alienação fiduciária (garantia aos
bancos em empréstimos e
financiamentos) e a recuperação
judicial do produtor rural, ficaram de
fora do relatório.
https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/02/1
1/pl-sobre-falencias-deve-ser-votado-ate-o-
carnaval.ghtml
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Valor Econômico
Caderno: Legislação e Tributos, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
A reforma da falência e o ‘fresh start’
O empresário falido não pode
carregar a pecha de
imoral,arruinado ou qualquer
outro adjetivo de cunho
depreciativo
Por Bruno Pereira Portugal
Após aprovação do regime de urgência,
o Projeto de Lei n° 6.229/2005, que
visa a reforma da Lei de Recuperação
de Empresas e Falência, ingressou na
pauta do Plenário da Câmara dos
Deputados. A expectativa é de que sua
deliberação aconteça em breve.
Em meio a vários aprimoramentos nos
sistemas legais existentes, chama
atenção no projeto a intenção de se
permitir o célere retorno do empresário
falido ao mercado. Não por outro
motivo, um dos princípios que
expressamente nortearam as alterações
propostas é o incentivo à aplicação
produtiva dos recursos econômicos, ao
empreendedorismo e ao rápido
recomeço (fresh start).
O empresário falido não pode
carregar a pecha de imoral,
arruinado ou qualquer outro
adjetivo de cunho depreciativo
30
A mencionada intenção representa uma
mudança de concepção sobre a falência.
É que, culturalmente, esta é encarada
em tom pejorativo, como espécie de
punição ao empresário, que acaba
carregando verdadeiro fardo durante a
morosa tramitação do processo,
impedido que fica de exercer nova
atividade empresarial, e, com isso, girar
a roda da economia. Por óbvio, essa
forma de pensar é inapropriada.
Afinal, a prática da empresa cumpre
inquestionável função social, pois,
através dela, se produz riqueza para o
Estado (tributos) e para o particular
(empreendedores, trabalhadores,
fornecedores e consumidores). Não se
pode desconsiderar que, pela nossa
Constituição, a livre iniciativa
fundamenta não apenas a ordem
econômica (art. 170), mas também a
própria República Federativa do Brasil
(art. 1°, IV), revelando evidente opção
por uma economia de mercado (modelo
capitalista), em que a produção da
riqueza nacional é primordialmente
atribuída aos agentes privados.
Nada obstante, o exercício da empresa
envolve risco, muitas vezes por
circunstâncias externas, sem nenhum
controle por parte do gestor. Por sua
vez, a falência é simplesmente uma
forma regular de encerramento da
atividade do empresário, a possibilitar a
realocação produtiva e eficaz dos
respectivos bens. Nesse sentido, a ideia
do “fresh start” é permitir o quanto
antes o recomeço do empresário,
deixando-o livre para explorar outra
atividade, sem qualquer entrave em sua
nova chance. A rigor, é preciso que o
empreendedorismo seja objeto de
estímulo; nunca de desincentivo.
O fresh start é largamente difundido no
direito falimentar americano, sendo o
seu maior expoente a figura do
“discharge”, fixada na Seção 727 do
Capítulo 7 (Liquidation) do Bankruptcy
Code, pela qual, sob certas condições, o
falido fica exonerado de suas obrigações
anteriores, para que retorne novamente
à economia ativa. Na verdade, a
legislação de recuperação de empresas e
falência brasileira já era inspirada no
direito americano, porém, quando da
edição daquela, não se adotaram
medidas que assegurassem de modo
efetivo o fresh start.
Nesse contexto, o projeto modifica o
artigo 75 da lei atual, cujo inciso III
passa a dispor que a falência, ao
promover o afastamento do devedor de
suas atividades, visa a fomentar o
empreendedorismo, inclusive por meio
da viabilização do retorno célere do
empreendedor falido à atividade
econômica. Imbuído desse espírito,
propõe alterações que buscam conferir
maior velocidade ao processo
falimentar e encurtar os prazos de
extinção das obrigações do falido.
Fato é que, originalmente, constava no
texto do projeto a previsão de que tal
extinção de obrigações aconteceria com
o decurso do prazo de três anos da
decretação da falência, ressalvada a
utilização dos bens arrecadados
anteriormente e que serão destinados à
liquidação para a satisfação dos
credores habilitados ou com pedido de
reserva realizados.
Isso permitiria que o falido retornasse
de modo mais rápido ao mercado, sem
ter que esperar o término do penoso
processo de falência. Porém, antes
ainda de ser votado no Plenário, houve
substancial modificação, passando a
dispor que a extinção das obrigações se
31
dará com o decurso do prazo de três
anos da sentença de encerramento da
falência, e não mais da sua decretação.
De fato, comparado à lei atualmente
vigente, foi reduzido o prazo, que é de
cinco anos do encerramento da falência
(dez anos em caso de condenação por
crime falimentar) - a hipótese de
extinção das obrigações já no
encerramento, por depender do
pagamento de mais de 50% dos créditos
quirografários, na prática, nunca
ocorre. Contudo, não é suficiente para
garantir efetivamente o “fresh start”.
Ora, a extinção das obrigações do falido
permanece atrelada a prazo cujo termo
inicial é a sentença de encerramento da
falência. Daí que, para que aquela
aconteça e o empresário possa retornar
ao mercado, continuaria sendo preciso
aguardar por anos e anos o desfecho do
processo, que por sua vez demanda
diversas formalidades - tais como
realização do ativo, acertamento do
passivo e o pagamento dos credores -
que o tornam excessivamente lento.
Trata-se, portanto, de caso em que a
norma proposta não alcança a
finalidade declarada de permitir a
célere reabilitação do empresário.
Melhor seria a manutenção do texto em
que a decretação da falência é o marco
inicial do prazo para a extinção das
obrigações. Poder-se-ia, sim, discutir
lapso maior do que três anos, e até
criação de mecanismos que mitigassem
sua fluência caso o falido não
contribuísse com a regular tramitação
do processo. Não dá é condicionar ao
encerramento da falência. Pois de que
adianta declarar a intenção de efetivar o
fresh start e propor lei que impeça que
esse objetivo seja atingido?
O empresário falido não pode carregar a
pecha de imoral, arruinado ou qualquer
outro adjetivo de cunho depreciativo.
Ao revés, deve ser sempre estimulado a
celeremente voltar a empreender e
gerar nova riqueza. A combalida
economia brasileira agradece.
Bruno Pereira Portugal é
advogado em Vitória/ES; sócio
fundador de Da Luz Advogados;
especialista em Direito Tributário
e Direito Societário pela FGV
Direito Rio; especialista em
Recuperação Judicial e Falência
pelo Instituto Brasileiro de
Direito da Empresa.
Este artigo reflete as opiniões do
autor, e não do jornal Valor
Econômico. O jornal não se
responsabiliza e nem pode ser
responsabilizado pelas
informações acima ou por
prejuízos de qualquer natureza
em decorrência do uso dessas
informações.
https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/02/1
1/a-reforma-da-falencia-e-o-fresh-start.ghtml
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32
Caderno: Mercado, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
EUA retiram Brasil da lista de nações em desenvolvimento e restringem benefícios comerciais ao país
Principal objetivo americano é atingir
China, que também se apresenta na
OMC como país em desenvolvimento
Marina Dias
WASHINGTON
O governo de Donald Trump publicou
nesta segunda-feira (10) uma norma
que retira o Brasil da lista de nações
consideradas em desenvolvimento e
que dava ao país determinados
privilégios comerciais.
Além do Brasil, foram afetados outros
18 países, como Argentina, Índia e
Colômbia, que agora podem ser alvo
dos EUA caso seja comprovado que eles
subsidiam produtos acima de um
determinado teto, por exemplo.
Durante visita a Washington, Jair Bolsonaro
aceitou abrir mão de seu status de país em
desenvolvimento na OMC em troca do apoio dos
EUA à entrada do Brasil na OCDE - Alan
Santos/PR
33
O principal objetivo do governo Trump,
segundo nota, é reduzir o número dos
países em desenvolvimento que
poderiam receber tratamento especial
sem serem afetados por barreiras
contra seus produtos.
O americano quer atingir
principalmente a China, potência
asiática com quem trava uma guerra
comercial há anos e que também se
apresenta na OMC (Organização
Mundial do Comércio) como país em
desenvolvimento.
Diplomatas brasileiros dizem que a lista
restringe apenas o cálculo de medida
compensatória para a investigação de
subsídios, mudança considerada
pequena e que não vai afetar temas
importantes relacionados ao comércio
internacional. Ainda segundo eles, a
mudança de teto de subsídios baixou
pouco, com variações de 1% a 2%.
Durante a visita de Jair Bolsonaro a
Washington, em março do ano passado,
o presidente brasileiro aceitou abrir
mão de seu status de país em
desenvolvimento na OMC em troca do
apoio dos EUA à entrada do Brasil na
OCDE (Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), o clube
dos países ricos.
Na OMC, não há definições de países
desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Os integrantes anunciam por si mesmos
qual status em que se colocam, mas
outros membros podem contestar a
auto-nomeação.
Entre os benefícios dados aos países
emergentes estão prazos mais longos
para implementação de acordos e
compromissos, medidas para aumentar
oportunidades comerciais, entre outros.
Com a decisão publicada nesta segunda
pelo USTr, o representante comercial
americano, os EUA abrem margem para
impor barreiras a produtos brasileiros
que antes poderiam estar protegidos
pelo status de "em desenvolvimento" do
país e confronta no mínimo
simbolicamente a relação que o governo
brasileiro diz ter com Trump.
Num primeiro momento, porém,
especialistas fazem coro aos integrantes
do Itamaraty e afirmam que a medida
não deve afetar tão significativamente o
Brasil.
Mesmo na OMC o país já vem usando
pouco esse instrumento e, na última
grande negociação, de facilitação de
comércio, em 2013, renunciou à
flexibilidade em quase todos os
compromissos, utilizando apenas da
extensão de alguns prazos.
Para os EUA, o Brasil está no G20, por
exemplo, grupo de economias
desenvolvidas e, portanto, não poderia
seguir com status de emergente.
Entre as consequências práticas de
deixar o status na OMC –mas não na
mudança da lista dos EUA– poderia
estar o fim da isenção unilateral de
tarifas em exportações, pelo SGP
(Sistema Geral de Preferências), do
direito a acordos parciais de comércio
com outros países em desenvolvimento
e de parte dos empréstimos do Banco
Mundial.
Um dos principais objetivos dos EUA é
acabar com a possibilidade de países se
autodefinirem como "em
desenvolvimento", para tentar atingir a
34
China, com quem os americanos travam
uma guerra comercial há anos.
Os chineses se declaram emergentes na
OMC e os EUA propõem que países que
são membros ou estão em processo de
acesso à OCDE, além de membros do
G20, por exemplo, como é o caso de
Pequim, não possam se autodeclarar
nesse status.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/02/eu
a-retiram-brasil-da-lista-de-nacoes-em-
desenvolvimento-e-restringe-beneficios-comerciais-
ao-pais.shtml
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Caderno: Mercado, terça-feira 11 de fevereiro de 2020.
Estados defendem mudanças mais rígidas nas propostas de pacto federativo
Secretários de Fazenda estaduais
propuseram a criação de um novo
gatilho para reduzir gastos em situações
emergenciais
Gabriel Shinohara
10/02/2020 - 18:21 / Atualizado em
10/02/2020 - 18:55
Cédulas de real, a moeda oficial
do Brasil Foto: Pixabay
BRASÍLIA - O Comitê Nacional de
Secretários Estaduais de Fazenda
(Comsefaz) decidiu nesta segunda-feira
apresentar uma emenda à Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) do Pacto
Federativo que cria um novo gatilho
para reduzir os gastos dos estados em
situações emergenciais.
Os secretários defendem a criação de
um gatilho quando a proporção entre
despesa corrente e receita corrente
atingir 90%. Originalmente, a proposta
previa apenas um gatilho quando essa
35
mesma proporção atingisse 95%. No
caso do primeiro gatilho, as vedações de
gastos seriam mais brandas, como
criações de novos cargos. No segundo
gatilho, de 95%, as vedações ficariam
mais rígidas, como não dar reajuste aos
funcionários.
O endurecimento da proposta começou
a ser construído na primeira reunião
que tratou do tema, no fim de janeiro.
Naquela reunião, os secretários já
haviam decidido que as medidas
previstas no gatilho seriam acionadas
obrigatoriamente e automaticamente,
diferente do que prevê originalmente a
PEC.
- Os dois gatilhos, um mais brando e
outro mais rigoroso, de 90% e 95%
seriam vedações obrigatórias e
automáticas pela nossa proposta, pelo
que está na PEC seria apenas uma
possibilidade - disse o presidente do
Comsefaz e secretário de Fazenda do
Piauí, Rafael Fonteles.
Rafael Fonteles disse que o nível dos
gatilhos ainda pode mudar durante a
tramitação dos projetos no Congresso
Nacional. Ele defende que eles sejam
calibrados para que possam ter efeito
preventivo, antes que o estado entre em
um “colapso” fiscal.
- A ideia é ainda calibrar esses
parâmetros, no decorrer da discussão
legistlativa, calibrar esses parâmetros
para que eles fiquem mais próximos da
realidade fiscal dos estados e que
realmente sirvam para evitar o colapso
e não gerar medidas que só surtem
efeito quando o colapso já está
instalado, nossa ideia é atuar
preventivamente - disse o secretário.
No entanto, os secretários decidiram
deixar com que outra proposta, a de
redução da carga horária e do salário de
funcionários públicos em situações
emergenciais continuasse como uma
possibilidade.
A medida é uma das principais
propostas do chamado “Plano Mais
Brasil”, apresentado pelo governo
federal como um junção das PECs dos
Fundos, emergencial e do pacto
federativo.
Segundo o presidente do Comsefaz, a
maioria dos estados se colocou contra a
proposta porque não teria utilidade.
Fonteles argumentou que os estados
são prestadores de serviço, como
educação e saúde, e não poderiam
deixar de fornecer esses serviços porque
a demanda não diminui.
- Os estados consideram que são hoje
grandes prestadores de serviço, então
você tem carências muito grandes na
saúde, educação e segurança. Então
como reduzir se a demanda da
sociedade é cada vez mais crescente por
esses serviços? Não teria grande
utilidade pelos estados haja vista que
ele teria que manter esses serviços
funcionando perfeitamente, foram
eleitos para isso - afirmou.
As propostas apresentadas pelos
secretários ainda precisam passar pelo
aval dos governadores. Eles vão se
reunir na terça-feira em Brasília no
Fórum Nacional de Governadores e
devem deliberar sobre as propostas
apresentadas nesta segunda.
36
Além desse encontro, os secretários têm
reunião marcada com o ministro da
Economia, Paulo Guedes, na quarta-
feira desta semana e devem discutir o
assunto.
https://oglobo.globo.com/economia/estados-
defendem-mudancas-mais-rigidas-nas-propostas-de-
pacto-federativo-24241097
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Terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Dono de empresa poluente falida arca com obrigações de tratado com MP
11 de fevereiro de 2020, 8h16
Por Jomar Martins
A falência de uma empresa não impede
que os sócios respondam, pessoal e
solidariamente, pela reparação dos
prejuízos causados ao meio ambiente e
pelo adimplemento das obrigações
pactuadas no termo de ajuste de
conduta (TAC) assinado com o
Ministério Público.
Agência Câmara de Notícias
Falência não impede que sócios respondam
pela reparação dos prejuízos causados ao
meio ambiente
A conclusão é da 22ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul ao confirmar sentença que
desacolheu exceção de pré-
executividade oposta pelo sócio
majoritário de uma indústria contra
execução de TAC, em face do
descumprimento das obrigações nele
assumidas.
37
Para o colegiado, a responsabilização da
empresa não exclui a dos demais
partícipes, sendo evidente que a
constituição de pessoa jurídica não se
presta a imunizar aqueles que, sob seu
manto, causam danos ao meio
ambiente.
‘‘Aplica-se à espécie, pois, a teoria
menor da desconsideração da
personalidade jurídica, a permitir a
responsabilização pessoal dos sócios da
empresa ajustante independentemente
da existência de desvio de finalidade ou
de confusão patrimonial (CC,
artIGO 50, caput), bastando a
demonstração da impossibilidade dessa
de, face à sua insolvência, cumprir com
as obrigações assumidas no TAC’’,
agregou o relator do agravo de
instrumento, desembargador Miguel
Ângelo da Silva.
Execução de TAC
A Polyu Poliuretanos Ltda, que
fabricava solas de sapato na cidade de
Novo Hamburgo, e seus dois
sócios assinaram termo de ajustamento
de conduta (TAC) com o Ministério
Público gaúcho para cessar danos ao
meio ambiente constatados na
localidade de Lomba Grande. O
inquérito civil, para apurar as causas da
poluição ambiental, foi instaurado em
julho de 2009.
Como a obrigação de bancar os custos
de recuperação da área degradada não
foi cumprida, o MP promoveu a
execução do título extrajudicial. E,
nesta, incluiu, como coexecutados, os
dois sócios da Polyu. O argumento: os
sócios são responsáveis solidários em
caso de danos causados ao meio
ambiente.
Exceção de pré-executividade
O sócio com 99% das ações e único
administrador da companhia,
empresário Moacir Bilhar Costa,
contestou a legalidade da cobrança dos
‘‘valores confessados’’ no TAC. Por meio
de exceção de pré-executividade
proposta em desfavor do MP, informou
que a empresa foi à falência em
dezembro de 2014.
Assim, ele, pessoa física, não seria parte
legítima arcar com obrigação de pessoa
jurídica já extinta. Afinal, a falência é
forma regular de extinção da empresa,
motivo por que não autoriza o
redirecionamento de débitos para o
administrador e/ou sócios.
Sentença improcedente
A 1ª Vara Cível da Comarca de Novo
Hamburgo desacolheu a exceção de
pré-executividade por entender que a
responsabilidade civil ambiental, além
de objetiva, calcada na teoria do risco
integral, é também solidária. É que o
artigo 3º, inciso IV, da Lei 6.938/81,
reconhece esta responsabilidade ao
tomar por poluidor “a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente,
por atividade causadora da degradação
ambiental”. E o artigo 14, parágrafo 1º,
da mesma lei, sujeita o poluidor à
reparação do dano causado.
‘‘Outrossim, em sendo solidária a
responsabilidade dos sócios, ainda que
não tenham aderido em nome próprio
ao pacto assumido, a quebra da
empresa poluidora não afasta a
responsabilidade do excipiente [sócio
majoritário, autor da exceção de pré-
executividade] ou dos demais sócios,
especialmente quando não
condicionado o cumprimento do ajuste
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à saúde financeira da empresa aderente.
Logo, o excipiente detém
responsabilidade integral pelos estritos
termos do cumprimento do ajuste
firmado nos autos do inquérito civil’’,
cravou na sentença a juíza Mirna
Benedetti Rodrigues.
Clique aqui para ler o acórdão
Processo 019/1.18.0015828-6
(Comarca de Novo Hamburgo)
Jomar Martins é correspondente da
revista Consultor Jurídico no Rio
Grande do Sul.
Revista Consultor Jurídico, 11 de
fevereiro de 2020, 8h16
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Terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
DANOS MORAIS
Pais indenizarão ex-namorada do filho por divulgação de fotos íntimas
10 de fevereiro de 2020, 18h58
Com base nos artigos 932, 933 e 935,
todos do Código Civil, a 9ª Câmara de
Direito Privado do Tribunal de Justiça
de São Paulo condenou os pais de
rapaz, menor de idade, que
compartilhou pelo Whatsapp fotos
íntimas da ex-namorada. Os pais
deverão indenizar a menina por danos
morais. O valor foi fixado em R$ 15 mil.
ReproduçãoPais de menor de idade que
divulgou fotos íntimas da ex deverão
indenizar a vítima
A decisão negou recurso do casal e
também manteve a determinação de
que o aplicativo impeça o
compartilhamento das imagens. Consta
nos autos que, após o fim do
relacionamento, o jovem compartilhou
pelo Whatsapp as fotos íntimas da ex-
namorada. A exposição
indevida causou transtornos
psicológicos na vítima.
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A Justiça foi acionada e, em outro
processo, o jovem foi condenado
por ato infracional tipificado no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Em seu voto, o relator, desembargador
Galdino Toledo Júnior, julgou
improcedente a apelação dos pais do
rapaz, que terão de arcar com a
indenização por danos morais.
“Como bem anotado pelo julgador
monocrático, aplicável também no caso
específico, a exegese dos artigos 932,
933 e 935, todos do Código Civil, sendo
corretamente imputada a
responsabilidade dos réus pelo ilícito
cometido por seu filho, menor de idade
na época dos fatos”, afirmou.
O magistrado negou pedido para que o
aplicativo indenize a jovem, com o
fundamento de que a empresa não foi
responsável pelos danos, bem como não
é possível exigir a exclusão do
conteúdo, já que as mensagens são
criptografadas e não permanecem na
rede. O caso está em segredo de
Justiça. Com informações da
assessoria de imprensa do TJ-SP.
Revista Consultor Jurídico, 10 de
fevereiro de 2020, 18h58
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Terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
União aguarda acórdão de julgamento sobre suplementação do Fundef
Em 2017, o STF determinou que a
União deve pagar a suplementação
das verbas do Fundef, que vigorou
entre 1997 e 2007
• HYNDARA FREITAS
BRASÍLIA
Vola às aulas na Escola Estadual Tiradentes.
Curitiba / Crédito: Pedro Ribas/ANPr
Em 2017, o Supremo Tribunal Federal
(STF) determinou que a União deve
pagar a suplementação das verbas do
Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e Valorização do
Magistério (Fundef) aos estados,
referentes ao período de 1998 a 2007.
A União tentava amenizar a derrota
por meio de embargos de declaração,
que foram negados pelo STF em
dezembro do ano passado. Agora, a
União aguarda a publicação do
acórdão. A depender do teor do
documento, a AGU não deverá mais
recorrer da decisão.
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A suplementação das verbas do
Fundef é discutida no âmbito das
ações cíveis originárias (ACOs) 648,
660, 669 e 700, ajuizadas pelos
estados da Bahia, do Amazonas, de
Sergipe e do Rio Grande do Norte,
respectivamente. As ações estão entre
os 25 processos que o Ministério da
Economia acompanha com mais
atenção na Corte, conforme lista
obtida com exclusividade pelo JOTA.
De acordo com a decisão do STF ao
julgar o mérito das ações, o valor
mínimo repassado por aluno em cada
unidade da federação não pode ser
inferior à média nacional apurada, e a
complementação ao fundo, fixada em
desacordo com a média nacional,
impõe à União o dever de
suplementação desses recursos. O
Fundef foi extinto em 2007, e
substituído pelo Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb).
Também ficou estabelecido que os
recursos recebidos retroativamente
deverão ser destinados
exclusivamente à educação. Na
ocasião, a Advocacia-Geral da União
(AGU) informou que os repasses
causariam impacto de mais de R$ 50
bilhões.
A decisão do STF teve como base a
interpretação do parágrafo 3º do
artigo 60 das Disposições Transitórias
da Constituição (ADCT), anterior à
emenda que permitiu a criação do
Fundeb. O voto vencedor foi do
ministro relator Edson Fachin, que
disse que, em face da prevalência do
princípio federativo, “merece guarida
a demanda do recálculo do Valor
Mínimo Nacional por Aluno e
consequente indenização aos autores,
decorrente do montante pago a menor
a título de complementação pela ré (a
União) no período de vigência do
Fundef, isto é, os exercícios
financeiros de 1998 a 2007”.
Na ocasião, foi fixada a seguinte tese:
“O valor da complementação da
União ao Fundef deve ser calculado
com base no valor mínimo por aluno,
respeitada a média nacional”.
Em dezembro de 2019, o STF
concluiu o julgamento de embargos
de declaração nas ações. Nos
embargos, a União alegava que o
acórdão foi omisso ao não limitar o
pagamento das diferenças ao valor
comprovadamente investido por
aluno pelos estados, e que não
explicitou o índice de correção
monetária que deveria ser utilizado.
Por unanimidade, os embargos foram
rejeitados pelo plenário do STF e a
decisão de 2017 foi confirmada. Até o
momento, porém, o acórdão deste
julgamento não foi publicado. Após a
publicação, a União pode, se assim
desejar, entrar com segundos
embargos.
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