concertos sinfônicos - junho-julho
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THEATROMUNICIPAL DESÃO PAULOTEMPORADA2014
CONCERTOSJUNHO
E
JULHO
Concertos
Junho e Julho
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 4
Strauss é o autor de um dos mais importantes tratados de or-
questração do século 19). Destes, nosso público poderá ou-
vir as Danças Sinfônicas, última composição orquestral de
Sergei Rachmaninov, que exige da orquestra uma técnica
virtuosística ímpar; Assim Falou Zaratustra, um dos poemas
sinfônicos centrais na obra do gênio alemão, cujo tema foi
usado no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley
Kubrick; e a Terceira Sinfonia de Gustav Mahler, talvez a mais
longa sinfonia do repertório romântico expressionista, obra
monumental da qual também participam uma contralto so-
lista, o coro feminino e um coro infantil.
Além dessas grandes criações sinfônicas, teremos
ainda a oportunidade de apreciar a Abertura 1812 de Tchai-
kovsky com a Orquestra Experimental de Repertório sob
a regência do maestro Carlos Moreno, seu regente titular,
em um concerto que tem ainda duas obras brasileiras dos
repertórios moderno e contemporâneo, além do Concerto
para Violino e Orquestra de Sibelius (outro orquestrador
de peso), tendo como solista o brilhante violinista Daniel
Guedes.
Dentre nossos regentes convidados estará Claudio
Cruz, que nos brindará com uma plêiade de obras de Antô-
nio Carlos Gomes, nosso maior compositor lírico, também
filho d'arte do século 19. Cantores brasileiros, todos parti-
cipantes de nossas temporadas líricas, abrilhantarão o es-
petáculo especialíssimo em que homenagearemos o gênio
campineiro de Il Guarany.
Alexander Sladkovskiy debutará em nosso país frente à
nossa orquestra; e o violoncelista italiano Mario Brunello e a
pianista Valentina Lisitsa nos oferecerão interpretações cer-
tamente notáveis dos concertos de Dvorák para violoncelo
e de Rachmaninov para piano.
Será um mês de grande gozo artístico para todos nós,
músicos e ouvintes.
Desejo a todos que se divirtam.
CinCo são os ConCertos durante junho e julho, meses em
que o Brasil estará hospedando a Copa do Mundo de Fute-
bol, com a presença de muitos turistas que, certamente, além
dos jogos poderão desfrutar de entretenimentos culturais de
grande qualidade.
Em cada um destes concertos apresentaremos no mí-
nimo uma grande obra sinfônica do século 19, período
do romantismo e do pós–romantismo expressionista. Foi
exatamente neste século que a escrita orquestral ganhou
contornos modernos, explorou uma extensa gama de possi-
bilidades sonoras até então desconhecidas e preparou o ca-
minho para as sonoridades dos séculos 20 e 21.
Alguns dos compositores que mais inovaram e revolu-
cionaram as técnicas de orquestração estão representados
nos programas que serão executados pela Orquestra Sinfô-
nica Municipal de São Paulo e pela Orquestra Experimental
de Repertório: Rachmaninov, Strauss e Mahler foram pilares
do desenvolvimento da instrumentação moderna (Richard
John Neschling
Diretor Artístico
Sergei Rachmaninov
(1873-1943)
Piotr Ilitch Tchaikovsky
(1840-1893)
Antônio Carlos Gomes
(1836-1896)
Richard Strauss
(1864-1949)
Antonín Dvorák
(1841-1904)
César Guerra-Peixe
(1914-1993)
Alexander Borodin
(1833-1887)
Jean Sibelius
(1865-1957)
Gustav Mahler
(1860-1911)
Silvia de Lucca
(1960-)
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Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Claudio Cruz Regente
Taís Bandeira Soprano
Marcello Vannucci Tenor
Saulo Javan Baixo
Quinta (26/06)
Sexta (27/06)
às 20h
Antônio Carlos Gomes
Il Guarany
Abertura
Duetto Finale Ato I: Sento una forza
indomita
Ária di Pery: Vanto io pur superba cuna
Duettino Cacico e Cecy: Giovinetta,
nello sguardo
Lo Schiavo
Alvorada. Prelúdio do IV Ato
Romanza di Ilara: Oh, come splendido e
bello
Romanza di Americo: Quando nascesti
tu
Fosca
Abertura
Ária de Delia: Ad ogni mover lontan di
fronda
Salvator Rosa
Abertura
Ária del Duca: Di sposo...di padre
Maria Tudor
Abertura
Programa sujeito a alterações.
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tes num universo que para os europeus da época seria quase
tão distante quanto os mundos extraterrestres para nós. A es-
treia deu–se com extraordinário sucesso no Teatro alla Scala em
1870, com repercussão por toda a Itália e no Brasil, demarcando
o início de uma trajetória europeia conturbada, eivada por êxi-
tos e dissabores. A Abertura de Il Guarany, também chamada
Protofonia, é seguramente uma das páginas mais conhecidas
de toda a música clássica brasileira. Curiosamente, só foi com-
posta depois da estreia da ópera, por ocasião de uma apresen-
tação para a abertura da Exposição Industrial de Milão, em 1871.
Ainda da ópera Il Guarany, no famoso dueto Sento una
forza indomita, instado por Cecília, Peri expõe seu amor di-
zendo que sente uma atração irresistível e indefinível por ela.
Já na ária Vanto io pur superba cuna, Peri conta sua nobre linha-
gem e seus feitos gloriosos, todos agora sem valor diante de
sua paixão por Ceci. O dueto Giovinetta, nello sguardo ocorre
no momento em que o Cacique dos Aimorés, fascinado pela
beleza de Cecília, declara o seu amor e lhe oferta o trono de
sua tribo.
Imbuído pela abolição dos escravos no Brasil em 1888, Go-
mes, ainda na Europa, encanta–se com um livro de Alfredo Tau-
nay e faz dele o tema para Lo Schiavo, convertido em libreto
por Rodolfo Paravicini. O enredo traz um triângulo amoroso
entre os índios Tamoios Ilara e Iberê e o filho do Conde Ro-
drigo, Américo, tendo como pano de fundo a cidade do Rio
de Janeiro de 1567. Ao final, num ato de suprema coragem e
extremo altruísmo, perseguido por sua própria gente, Iberê
se sacrifica para que Ilara e Américo possam viver juntos. Uma
das principais árias da ópera tem destaque neste programa.
Quando nascesti tu trata do momento em que Américo decide
pedir ao pai a mão de Ilara em casamento.
Após o sucesso inconteste de Il Guarany, Gomes dedicou–
se a Fosca (1873), sua quarta ópera. Àquela altura, o compositor
se sentia pronto para alçar voos maiores e, de fato, conseguiu
em Fosca sua melhor, mais ousada e mais bem acabada obra.
muito antes de antonio Carlos Gomes Começar a Compor, as
óperas já contavam histórias sobre amores atribulados e emol-
durados pelas ações de deuses e heróis, por lugares imaginá-
rios e longínquos e pela inexorabilidade do destino. Quando
Carlos Gomes surgiu no cenário italiano da segunda metade
do ottocento, o mundo real – ou o idealizado – não o seduziu
e, por isso, ele buscou como mote de suas óperas justamente
o inusitado e o exótico. Mas ele não estava só nessas escolhas,
evidentemente. Apenas deu vazão ao gosto da época e fez res-
soar a sua origem e trajeto pessoal nos enredos das obras, afi-
nal, era um homem a viver, compor e se fazer ouvir em meio à
chamada civilização, vindo do quase mítico Brasil, terra de flo-
restas, feras e índios.
Ao olharmos atentamente os títulos das óperas de Gomes
apresentadas hoje, desvela–se a questão: baseado no romance
homônimo de José de Alencar, o libreto de Il Guarany foi de-
senvolvido por Antonio Scalvini e Carlo D’Ormeville e trata do
amor entre a branca Cecília, a Ceci, e o indígena Peri, residen-
Antonio Ribeiro é compositor e
professor da Escola Municipal de
Música de São Paulo.
Notas de programaAntonio Ribeiro
Antônio Carlos Gomes
(1836-1896)
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Salvator Rosa é o protagonista do melodrama e a histó-
ria se inicia com a visita de Masaniello ao ateliê de seu amigo,
com o objetivo de lhe contar sobre os planos duma rebelião.
Ato contínuo, o povo napolitano, levado pelas palavras de Ma-
saniello, vence as forças do infame Duque D'Arcos e passa a
controlar a cidade. Em meio à situação, Salvator e Isabella, filha
do duque, vêem–se apaixonados e, após uma série de desven-
turas, a tragédia acaba por atingi-los. Masaniello, envenenado,
enlouquece e é assassinado; e Isabella, para provar seu amor
por Salvator e evitar que seu pai o mate, num ato derradeiro,
toma um punhal e se suicida na frente dos dois, atônitos. Ago-
nizante, Isabella exorta seu amado a seguir pintando rumo à
glória a que estava destinado.
A Abertura de Salvator é uma das mais executadas de Go-
mes e tem figurado com bastante frequência no repertório das
orquestras. Ademais, a ária Di sposo, di padre constitui um dos
trechos mais conhecidos da ópera e tem seu lugar no Ato II, cena
I, momento em que o pai de Isabella, o infame Duque de Arcos,
proclama que a ele competem os assuntos de estado e a ela fa-
zer–se bonita e arrumada para regozijo de seu futuro marido.
Maria Tudor (1879) viu–se desde o início em meio a atri-
bulações, a começar por seu libreto, cuja origem foi tão tor-
tuosa quanto a própria história por ele abordada. A já aflita e
infeliz vida da Rainha Maria, filha de Henrique VIII, havia sido
usada muito livremente por Victor Hugo para escrever um
drama que, por sua vez, serviu de argumento para um libreto
iniciado por Emilio Praga e, após sua morte, finalizado por Za-
nardini e Fontana. E foi justamente sobre este texto retalhado
e de confecção descontínua que Carlos Gomes compôs sua
ópera. Infelizmente, por ocasião da estreia, Maria Tudor foi um
fracasso, colaborando, inclusive, para o retorno de Gomes ao
Brasil. Não pôde mais suportar as dívidas e o ataque dos pro-
dutores e editores, além de ver o seu próprio casamento des-
moronar. Porém, apesar das qualidades da obra, esta ópera
é raramente visita os palcos atualmente, salvo a sua Abertura.
Para tanto, Gomes pôde contar com Antonio Ghislanzoni, cé-
lebre libretista que escrevia para Verdi e Ponchielli, e que asse-
gurou um enredo eficiente sobre o qual o brasileiro pudesse
trabalhar: um libreto baseado em Le Feste delle Marie: Storia
Veneta del Secolo X, do marquês Luigi Capranica, sobre um
ataque de corsários a Veneza no ano de 944, e o amor não cor-
respondido de uma mulher pirata – Fosca – pelo capitão vene-
ziano Paolo, feito refém por seus companheiros piratas a fim de
exigir um vultoso resgate. Após uma série de desventuras, e ao
perceber que Paolo não deixará sua amada Delia, Fosca cai em
desespero e tira a própria vida. A Abertura da ópera encerra
algumas das mais belas páginas de Gomes, seja pelo colorido
orquestral, seja pela capacidade de articular motivos díspares
num todo com sentido único e coerente. A bela ária Ad ogni
mover lontan di fronda é cantada no Ato III por Delia que, dei-
xada sozinha pelos piratas numa lúgubre caverna e assustada,
tenta imaginar o paradeiro de Paolo.
A respeito do sucesso de Salvator Rosa (1874), sua quinta
ópera, Carlos Gomes escreveu numa carta a seu amigo Alfredo
Taunay: ‘É sempre assim, o que nada me custou, causa todo
esse barulho ao passo que a Fosca, um trabalho sério, cons-
ciencioso e cheio de valor, foi recebida friamente’
O aparente pouco caso com que Gomes trata Salvator Rosa
deriva, em parte, do fato de tê–la composto praticamente de um
fôlego só. Levou pouco mais de seis meses. À época, disse que
tal rapidez se deveu à angústia gerada pelo relativo fracasso de
Fosca, estimulando–o a dar uma resposta aos críticos e ao pú-
blico que o haviam detratado. Mais uma vez seu amigo Ghislan-
zoni realizou o libreto, desta vez baseado em Masaniello (1851),
novela do escritor francês Charles Jean–Baptiste Jacquot (1812–
1880), e que, por sua vez, havia se pautado pelas vidas do pin-
tor e poeta italiano Salvator Rosa e de Masaniello, este último
um comerciante de peixes napolitano que virou líder de uma re-
volta popular em Nápoles, em julho de 1647, contra a opressão
do governo espanhol (que, naquele tempo, controlava a região).
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal
Coral da Gente
John Neschling Regente
Lidia Schäffer Mezzo–Soprano
Bruno Greco Facio Regente do Coro Lírico
Silmara Drezza Regente do Coral da Gente
Domingo (06/07)
às 17h
Segunda (07/07)
às 20h
Gustav Mahler
Sinfonia N. 3
Erste Abthelung
I. Kräftig. Entschieden
Zweite Abthelung
II. Tempo di Menuetto: Grazioso
III. Comodo. Scherzando. Ohne Hast
IV. Sehr langsam. Misterioso (attacca)
V. Lustig im Tempo und keck im
Ausdruck (attacca)VI. Langsam. Ruhevoll.
Empfunden
Programa sujeito a alterações.
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Quarto movimento
De Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche
Oh homem! Preste atenção!
O que diz a meia-noite profunda?
'Eu dormi, eu dormi —
acordei de um sonho profundo: —
O mundo é profundo,
e mais profundo do que o dia achava
Profunda é a dor —,
O prazer – mais profundo ainda que que a
mágoa,
A dor diz: vai-te!
Porém, todo prazer deseja a eternidade—,
—deseja a profunda, profunda eternidade'
Três anjos cantavam uma doce canção,
Com alegria, ela soava feliz no céu,
Eles também se regozijavam, contentes
Porque Pedro não tinha pecados!
E quando o Senhor Jesus se sentou à mesa,
ceando com seus doze jovens,
o Senhor Jesus disse: 'Por que você está
parado aí?
Quando olho para você, se põe a chorar!'
'Não deveria eu chorar, meu bom Deus?
Infingi os dez mandamentos!
Eu vago e choro com amargura!
Ah, venha e tenha piedade de mim!'
'Se você infringiu os dez mandamentos,
fique de joelhos e ore a Deus!
Ame apenas Deus em todos os tempos!
E assim você ganhará a alegria celestial'.
A alegria celestial é uma cidade feliz,
a alegria celestial, que não tem mais fim!
A alegria celestial foi concedida por Jesus
a Pedro e a todos, para nossa felicidade.
O Mensch! Gib Acht!
Was spricht die tiefe Mitternacht?
‘Ich schlief, ich schlief—,
aus tiefem Traum bin ich erwacht:—
Die Welt ist tief,
und tiefer als der Tag gedacht.
Tief ist ihr Weh—,
Lust—tiefer noch als Herzeleid.
Weh spricht: Vergeh!
Doch all' Lust will Ewigkeit—,
—will tiefe, tiefe Ewigkeit!’
Quinto movimento
Do Ciclo de Canções Des Knaben Wunderhorn
Es sungen drei Engel einen süßen Gesang,
mit Freuden es selig in dem Himmel klang.
Sie jauchzten fröhlich auch dabei:
daß Petrus sei von Sünden frei!
Und als der Herr Jesus zu Tische saß,
mit seinen zwölf Jüngern das Abendmahl aß,
da sprach der Herr Jesus: ‘Was stehst du denn
hier?
Wenn ich dich anseh', so weinest du mir!’
‘Und sollt' ich nicht weinen, du gütiger Gott?
Ich hab' übertreten die zehn Gebot!
Ich gehe und weine ja bitterlich!
Ach komm und erbarme dich über mich!’
‘Hast du denn übertreten die zehen Gebot,
so fall auf die Knie und bete zu Gott!
Liebe nur Gott in all Zeit!
So wirst du erlangen die himmlische Freud'.’
Die himmlische Freud' ist eine selige Stadt,
die himmlische Freud', die kein Ende mehr hat!
Die himmlische Freude war Petro bereit't,
durch Jesum und allen zur Seligkeit.
Gustav MahlerSinfonia N. 3
Tradução: Irineu Franco Perpetuo
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prática pouco dialogava com as origens formais da sinfonia.
Coube ao compositor Gustav Mahler retomar o processo de
transcendência e desenvolvimento da sinfonia iniciado por
Beethoven. Nascido na pequena cidade de Kaliste (hoje Re-
pública Tcheca, mas à época parte do Império Austro–Hún-
garo), Mahler consolidou sua atividade profissional como um
dos mais requisitados regentes de ópera de seu tempo. En-
tretanto, como compositor, centrou sua obra na composição
de canções com acompanhamento orquestral e, claro, num
monumental ciclo de nove sinfonias.
Sua Sinfonia N. 3 foi elaborada entre os anos 1893 e
1896, período no qual dirigiu a Ópera Real de Budapeste,
na Hungria, e a Ópera Estatal de Hamburgo, ao norte da Ale-
manha. Nesse mesmo período, valendo–se de seus contatos
no meio orquestral, Mahler conseguiu com que suas primei-
ras sinfonias fossem estreadas.
Naquele momento de vida, suas atividades como re-
gente não lhe davam tempo suficiente para dedicar–se à
composição durante as temporadas líricas que comandava
e, por isso, o músico passou a esperar as férias de verão para
se dedicar à suas atividades criativas.
Foi justamente com sua terceira sinfonia que Mahler deu
início à sua atividade como Sommerkomponist (ou compo-
sitor de veraneio). Em dias amenos à beira do lago Attersee,
na Áustria, o músico trancafiava–se por horas a fio numa pe-
quena cabana que ele havia mandado construir especial-
mente para este fim, reunindo esboços feitos durante o ano
e dando forma à partitura final da obra.
A obra encaixa–se no que se convencionou chamar de
Sinfonias Wunderhorn. Como dissemos, além de sinfonias,
Mahler foi um prolífico compositor de canções orquestrais,
trabalho este fruto de uma fascinação pessoal com o can-
cioneiro popular local, cujo conjunto é conhecido como Des
Knaben Wunderhorn (ou em tradução livre A trompa má-
gica do menino). Justamente, suas quatro primeiras sinfo-
Gênero estrutural de tudo aquilo que modernamente se
entende por universo musical clássico, a origem da sinfonia
remete à primeira metade do século 18, período no qual o
próprio agrupamento instrumental conhecido como orques-
tra passou gradualmente a ganhar a forma como o conhe-
cemos hoje em dia. Se por um lado coube a compositores
como Haydn e Mozart consolidarem a sinfonia enquanto um
modelo musical, pelo outro coube a Beethoven transcender
esse modelo, ainda que ele não tenha aberto mão de mui-
tos de seus elementos–chave, tal como a divisão da obra em
quatro partes (ou movimentos) contrastantes entre si.
Ao longo do século 19, no período normalmente de-
signado como Romantismo, vários compositores continua-
ram a se dedicar ao gênero (tais como Schubert, Schumann
e Brahms). Ao mesmo tempo, outros viam nele certo esgota-
mento de seu modelo, e por isso levaram ao palco da orques-
tra todo um novo mundo literário – tal como Berlioz em sua
Sinfonia Fantástica, ou Liszt em sua Sinfonia Fausto – que na
Notas de programaLeonardo Martinelli
Gustav Mahler
(1860–1911)
Leonardo Martinelli é
compositor, professor e diretor
de formação da Fundação
Theatro Municipal de São Paulo
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lindo solo de mezzo–soprano entoa versos de Nachtwand-
lerlied (ou Canção do viajante noturno), extraídos de Assim
falou Zaratustra, umas das mais importantes obras do filó-
sofo alemão Friedrich Nietzsche, e que no mesmo momento
inspirava Richard Strauss a compor seu famoso poema sinfô-
nico. Já no quinto movimento cabe a um coral infantil cantar,
Três anjos cantam uma doce canção (Es sungen drei Engel
einen süßen Gesang), versos do extraídos do Des Knaben
Wunderhorn.
Originalmente a sinfonia previa ainda um sétimo movi-
mento, no qual diversos elementos apresentados no quinto
movimento seriam retrabalhados. No entanto, ele foi rea-
locado para encerrar sua Sinfonia N. 4, o que reforça ainda
mais a organicidade que une as quatro primeiras sinfonias
de Mahler.
Podermos entender e ouvir essas quatro sinfonias como
um grande conjunto. No entanto, é clara a singularidade con-
ceitual e técnica que caracteriza a Sinfonia N. 3, na qual po-
demos vislumbrar muito do intenso universo dramático e
musical que Mahler viria a desenvolver ao longo de sua
carreira.
nias são caracterizadas pela presença marcante de temas e
melodias provenientes destas canções. Por exemplo, o tema
musical principal do terceiro movimento da Terceira Sinfonia
é o mesmo utilizado na canção Ablösung im Sommer, extra-
ída do Wunderhorn.
Na Sinfonia, Mahler manteve a tendência de amplia-
ção formal que já ele mesmo havia delineado em suas duas
obras anteriores, algo que também constatamos nas sinfo-
nias de Beethoven. Entretanto, ao final do processo, acabou
por compor uma das maiores sinfonias da história. Aqui o
compositor transcende o modelo padrão da sinfonia ao es-
crever seis movimentos, e não quatro como o normalmente
feito. O primeiro deles, Kräftig. Entschieden (ou ’Forte. De-
cidido‘) é concebido quase como sinfonia à parte, e fre-
quentemente sua interpretação ultrapassa os 30 minutos
de duração.
Ao longo do processo de criação da sinfonia, Mahler
fez saber a amigos e pessoas próximas que tinha uma es-
pécie de roteiro poético para esta obra, e que isso o havia
orientado em sua composição. Esse roteiro jamais veio ofi-
cialmente a público, mas por meio das cartas que trocou no
período é possível sabermos hoje o significado oculto de
cada um de seus movimentos:
1 – Pan (ou fauno, divindade da natureza)
acorda, o verão chega
2 – O que me dizem as flores do campo
3 – O que me dizem os animais da floresta
4 – O que me dizem os homens
5 – O que me dizem os anjos
6 – O que me diz o amor
Tal como realizado na sinfonia anterior, (conhecida como
’Ressurreição‘), nesta obra Mahler também lança mão da voz
humana ao efetivo orquestral. No quarto movimento, um
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Alexander Sladkovskiy Regente
Mario Brunello Violoncelo
Sábado (19/07)
às 20h
Domingo (20/07)
às 11h
Alexander Borodin
Abertura Príncipe Igor
Antonín Dvorák
Concerto para Violoncelo em Si Menor,
Op. 104, B.191
Allegro
Adagio ma non troppo
Finale: Allegro moderato
Sergei Rachmaninov
Danças Sinfônicas, Op. 45
Non allegro
Andante con moto (Tempo di valse)
Lento assai – Allegro vivace
Programa sujeito a alterações.
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registrado no nome de um dos servos de seu pai, mas aca-
bou tendo uma criação esmerada. Música e ciência foram
suas paixões mais ardentes de adolescência. Na química or-
gânica, costuma–se atribuir a ele (em conjunto com Charles
Adolphe–Wurz) a descoberta da reação aldólica – uma das
ferramentas mais poderosas da síntese orgânica para a cons-
trução de ligações carbono–carbono.
Pode–se dizer, sem exagero, que Borodin era um cien-
tista que compunha nas horas vagas. Contudo, mesmo divi-
dindo o tempo entre tubos de ensaio e partituras, esse autor
bissexto legou à posteridade obras que até hoje estão no
repertório, mesmo fora da Rússia, como o poema sinfônico
Nas Estepes da Ásia Central, a Sinfonia N. 2 e a monumental
ópera Príncipe Igor (cujas Danças Polovetsianas ganharam
vida autônoma nas salas de concertos).
Com libreto do próprio compositor, a partir de um argu-
mento de Stássov baseado no poema épico anônimo Conto
da Campanha de Igor, do século XII, a ópera narra uma fra-
cassada incursão militar do Príncipe Igor, de Nóvgorod–Sé-
versk, contra os polovetsianos, povo nômade turcomano.
Deixada inacabada por Borodin, a partitura foi finalizada por
Rimsky-Korsakov e Glazunov, cuja fenomenal memória musi-
cal revelou–se crucial na tarefa de colocar de pé trechos fun-
damentais da obra, como a abertura, estruturada a partir de
temas que se fazem ouvir ao longo de toda a ópera.
Em 1891, aos 50 anos de idade, o compositor tcheco Antonín
Dvorák podia–se considerar satisfeito: vinha recebendo re-
conhecimento internacional, com seguidas turnês na Ingla-
terra, viagens à Rússia e a condecoração com a Cruz de Ferro,
em Viena. Além disso, em janeiro daquele ano, acabara de
ser contratado como professor de composição e orquestra-
ção do Conservatório de Praga.
O melhor ainda estava por vir: em junho do mesmo ano,
na rússia de meados do séCulo XiX, um CírCulo de CinCo
compositores decidiu seguir os passos de Mikhail Glinka
(1804–1857) – que eles reverenciavam como um ‘pai funda-
dor’, equivalente musical do que Púchkin representava para
a literatura – e criar uma escola de música russa com cará-
ter distintamente nacional. O crítico Vladímir Stássov (1824–
1906) batizou–os de Mogútchaia Kutchka (Grupo Poderoso),
denominação que, no Ocidente, costuma ser traduzida como
Os Cinco, ou Grupo dos Cinco.
Como esses músicos se reuniram antes da criação do
Conservatório de São Petersburgo, em 1862, sua formação
trazia as marcas do autodidatismo. Se o grupo tinha um líder,
ele era o matemático Mili Balákirev (1837–1910); seus outros
membros eram o oficial do exército César Cui (1835–1918), o
funcionário público Modest Mussorgsky (1839–1881), o ma-
rujo Nikolai Rimsky-Korsakov (1844–1908) e o químico Ale-
xander Borodin (1833–1887).
Filho ilegítimo de um príncipe e uma criada, Borodin foi
Notas de programaIrineu Franco Perpetuo
Alexander Borodin
(1833–1887)
Irineu Franco Perpetuo é
jornalista e tradutor, ministra
cursos na Casa do Saber e
colabora com a Revista Concerto.
Antonín Dvorák
(1841–1904)
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Duplo para Violino e Violoncelo, teria afirmado, ao conhecer
a obra: ‘como é que eu não sabia que era possível escrever
um concerto desses para violoncelo? Se eu soubesse, teria
escrito um há muito tempo’.
A reputação do russo Sergei Rachmaninov como compositor
repousa sobre um número relativamente pequeno de obras.
A que ouviremos hoje é apenas o Opus 45, e constitui sua
derradeira composição.
A razão principal para tal escassez foi o degredo auto–
imposto do músico, que deixou sua terra natal logo após a
Revolução de 1917 para nunca mais voltar, radicando–se nos
EUA. ‘Ao sair da Rússia, deixei para trás a vontade de com-
por’, afirmou, em entrevista ao Monthly Musical Record, em
1934. ‘Ao perder meu país, também me perdi de mim mesmo.
Nesse exílio, longe de minhas raízes e minhas tradições, não
encontro mais o desejo de me exprimir’.
Rachmaninov se exprimia, sim, ao instrumento: nessa
época, priorizou as atividades de pianista, consolidando–se
como um dos maiores artistas do teclado do século 20, dei-
xando gravações que até hoje são vistas como paradigma
de excelência.
Concebidas originalmente como Danças Fantásticas
(cujos movimentos dever–se–iam chamar Meio–Dia, Cre-
púsculo e Meia–Noite), as Danças Sinfônicas foram escritas
em 1940, em Orchard Point, a bucólica propriedade rural do
compositor em Long Island, perto de Nova York, e estreadas
pela Orquestra de Filadélfia, regida por Eugene Ormandy,
no ano seguinte.
Trazendo o lirismo, nostalgia, expressividade e apelo
sentimental que marcam o estilo pessoal do autor, as Danças
Sinfônicas são não apenas a última partitura de Rachmani-
nov, como uma suma poética, uma síntese de sua produção
e procedimentos criativos.
a norte–americana Jeanette Thurber, rica patrona das ar-
tes, convidou–o para assumir o posto de diretor artístico
e professor de composição do Conservatório Nacional
de Música da América, em Nova York.
O salário, de US$ 15 mil, era irrecusável: equivalia a 25
vezes a remuneração que Dvorák recebia em Praga. Assim,
o músico aceitou e, nos três anos de permanência nos EUA
(1892–5), criou alguma de suas obras mais célebres, como
a Sinfonia N. 9 – Do Novo Mundo, o Quarteto de Cordas
N. 12 – Americano e o Concerto para violoncelo.
Derradeiro e mais célebre dentre os concertos de
Dvorák, ele mantém o melodismo inato e a sentimenta-
lidade romântica do compositor – sem conter, contudo,
os ’americanismos‘ de suas outras obras escritas nos EUA.
Enquanto estava redigindo o segundo movimento da
obra, ele recebeu a notícia de que sua cunhada, Josefina
Kaunitzová, estava doente. Como tributo a ela – um amor
platônico da juventude –, Dvorák incluiu na peça uma das
melodias favoritas de Josefina, Kez duch muj sám (Le-
ave me alone), a primeira de suas Quatro Canções, Op.
82. Depois do falecimento da cunhada, em maio de 1895,
o compositor inseriu a citação também no final da obra –
conferindo ao concerto um caráter confessional.
A literatura concertante para violoncelo não era
muito vasta até então; o próprio compositor fizera, em
1865, um concerto para o instrumento que ficou esque-
cido, sendo resgatado apenas no século XX. Para a nova
obra, mais ambiciosa, Dvorák consultou–se com o solista
Hanus Wihan várias vezes a respeito da escrita para o ins-
trumento e, ao final, acabou produzindo uma obra funda-
mental do repertório, não apenas devido às demandas
para o violoncelo, mas também às suas qualidades mu-
sicais intrínsecas. Diz–se que o alemão Johannes Brahms
(1833–1897), com o qual Dvorák nutria uma relação de
amizade e mútua admiração, e que compôs um Concerto
Sergei Rachmaninov
(1873–1943)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 30
Uma orquestração luxuriante e refinada, incluindo o
protagonismo do saxofone solo na primeira dança, é utili-
zada para urdir uma sofisticada teia de citações, incluindo,
no primeiro movimento, a ópera O Galo de Ouro, de Rimsky-
-Korsakov (sua maior influência como instrumentador) e sua
Sinfonia N. 1 (cuja estreia, na juventude, foi um fracasso trau-
mático), para concluir com um embate entre vida e morte:
na terceira dança, Rachmaninov coloca uma de suas obses-
sões musicais, o Dies Irae (canto gregoriano evocador do Ju-
ízo Final que aparece em várias de suas outras obras, como
A Ilha dos Mortos, Sinfonia N. 2 e Rapsódia sobre um tema
de Paganini), em contraste com o cântico Bendito seja o Se-
nhor, das Vésperas, de sua autoria. O final, triunfante, deixa
claro quem venceu: para dirimir eventuais dúvidas, na última
página do manuscrito, Rachmaninov ainda escreveu ‘Gra-
ças a Deus’.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 32
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
John Neschling Regente
Valentina Lisitsa Piano
Sábado (26/07)
às 20h
Sergei Rachmaninov
Concerto N. 3 em Ré Menor, Op. 30
Allegro ma non tanto
Intermezzo: Adagio
Finale: Alla breve
Richard Strauss
Assim Falou Zaratustra, Op. 30
Einleitung (Introdução)
Von den Hinterweltlern
(Dos Antigos Homens)
Von der großen Sehnsucht
(Da Grande Espera)
Von den Freuden und Leidenschaften
(Das Alegrias e Paixões)
Das Grablied (A Canção Túmulo)
Von der Wissenschaft (Da Ciência)
Der Genesende (A Convalescença)
Das Tanzlied (A Dança–Canção)
Nachtwandlerlied (Canção do Sonâmbulo)
Programa sujeito a alterações.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 34
longo dos primeiros meses de 1909 e o trabalho é iniciado
no dia 20 de maio daquele ano. Após pequenos contratem-
pos quanto à confirmação da agenda da turnê americana – o
empresário do compositor vem a morrer em finais do mês –,
Rachmaninov termina o Concerto e começa a estudá–lo crite-
riosa (ou obsessivamente) já durante a viagem, de transatlân-
tico, em um teclado mudo.
Nos EUA, começa sua turnê com um recital onde apre-
senta sua Sonata Op.28 e alguns prelúdios. Na sequência,
apresenta–se com a Sinfônica de Boston e o Segundo Con-
certo em Baltimore, Nova Iorque, Hartford, Boston e Toronto.
No final de novembro, faz mais um recital em Nova Iorque, e
rege na Filadélfia, sua Segunda Sinfonia.
Finalmente, será no dia 28 de novembro, em Nova Ior-
que, sob a direção de Walter Damrosch, que Rachmaninov
trará a público seu Terceiro Concerto. A crítica não seria
muito favorável e reverberaria o primeiro temor do artista:
ao comentar que o som de Rachmaninov não primava pela
beleza e variedade, o crítico conclui, a despeito das palavras
favoráveis à peça, com a sugestão de outros profissionais
que poderiam defender a obra melhor que o compositor.
No dia 16 de janeiro de 1910, Rachmaninov executa no-
vamente o Concerto com a Filarmônica de Nova Iorque sob
a regência de Gustav Mahler. Embora guarde em suas me-
mórias um relato emocionante dos ensaios – ‘continuamos a
trabalhar o concerto para muito além do tempo de ensaios…
sem notar (da parte dos músicos) o menor sinal de cansaço’
– a verdade é que poucas seriam as execuções que o satisfa-
zem. Duas delas ocorreriam somente em 1928, com Furtwän-
gler e a Filarmônica de Berlim.
Hoje o Concerto em Ré Menor, Op. 30, de Sergei Rach-
maninov é uma das obras mais queridas do público. Sua di-
ficuldade técnica é lendária e cada apresentação uma prova
de fogo ao pianista, que precisa lidar com as desafiadoras
características da escrita madura do concerto para piano de
serGei raChmaninov Começa a pensar seu terCeiro ConCerto
quando, em 1909, às vésperas de uma turnê como pianista e
regente de orquestra pelos EUA, percebe que apresentar–se
mais uma vez com seu segundo concerto seria, se não anti-
climático, certamente a oportunidade para comparações não
necessariamente favoráveis. O sucesso do seu Concerto N. 2,
Op. 18, pode ser avaliado pela recorrência de apresentações
públicas desde sua estreia. Já no inverno de 1902, ano se-
guinte à primeira apresentação pública, o concerto foi exe-
cutado pelo pianista russo Vasily Sapelnikov em Londres, e
em abril por Alexander Siloti em São Petersburgo – ali, sob a
regência do maestro Arthur Nikisch; foi reapresentado pela
dupla Sapelnikov/Nikisch em Leipzig naquele mesmo ano.
Ainda longe de ser o grande intérprete reconhecido do
entre guerras, Rachmaninov planejava para si, em 1909, uma
carreira de pianista–compositor. A notoriedade do Segundo
Concerto, portanto, faz o compositor considerar também a
apresentação de uma obra inédita. A ideia é amadurecida ao
Notas de programaLeandro Oliveira
Sergei Rachmaninov
(1873–1943)
Leandro Oliveira é
compositor e musicólogo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36
perdido’. O truque alquímico que ele descobriu é a simbo-
logia dos ritos dionisíacos gregos… Assim, à medida que se
percorre o livro fica claro que ideias como a Vontade de Po-
tência, o Eterno Retorno, o Além–Homem, são todas roupas
novas para uma variação religiosa tão velha quanto a huma-
nidade: o culto à Natureza com sua força cega, às potências
profundas, à embriaguez do êxtase com sua dissolução no
cosmos, à Mãe Terra, ora fecunda ora devoradora.’ Trazendo
todo esse rico manancial metafísico em linguagem acessível –
embora obscuro em seu sentido, a retórica de Nietzsche é evi-
dentemente inspirada – o texto será quase que imediatamente
devorado por artistas e intelectuais. Neste contexto é que Ri-
chard Strauss, extremamente perspicaz e incrivelmente inte-
ligente, propõe, já em 1896, um poema sinfônico ‘livremente
inspirado em Friedrich Nietzsche'.
Naquele ano, Strauss se tornara o regente principal da
Orquestra Estatal da Ópera de Munique, o ponto inicial de
sua carreira como regente de orquestra. Ao que parece, no
entanto, o público de Munique, respeitando o intérprete, de-
testava o compositor, e os empresários aconselharam prudên-
cia ao jovem músico (Strauss tinha aquela altura 32 anos) que
decidiu realizar a estreia da obra em Frankfurt. No texto do
programa da estreia, o compositor sugere não pretender criar
música filosófica ou fazer a descrição da obra de Nietzsche.
Seu objetivo, não menos pretensioso, é sugerir a evolução
da raça humana a partir de suas origens e através de suas
distintas fases de desenvolvimento – religiosa e científica –
até o projeto do super–homem. Sobretudo, diz Strauss, o po-
ema sinfônico é ‘uma homenagem ao gênio de Nietzsche'.
A homenagem assume grandes dimensões já evidenciadas
na introdução – o nascer do sol, que é um pequeno golpe de
gênio popularizado pelo filme ‘2001 – Uma Odisseia no Es-
paço’, de Stanley Kubrick. A esta pequena, porém impressio-
nante seção seguem oito partes cujos títulos são retirados do
livro do filósofo.
finais do século 19: dimensões monumentais em cerca de
quarenta minutos, um grande volume de som por parte do
solista que deve fazer frente a uma orquestra robusta e sem-
pre ativa, além, claro, do protagonismo inequívoco alcan-
çado com passagens de dificuldades transcendentais.
Será apenas no final da década de trinta que o Concerto
N.3 começará a tornar–se popular. O feito se dá, a esta al-
tura resta evidente, não pelas mãos do compositor, mas de
dois grandes contemporâneos, o russo Vladimir Horowitz e
o alemão Walter Gieseking, Em 1939, Rachmaninov decide
de uma vez por todas não executar mais a peça em público
(ao que parece, após ouvir Gieseking em uma apresentação
pública). Com trinta anos de atraso, o compositor concorda-
ria com o crítico nova–iorquino: não estava a altura da peça.
Publicado em sua versão completa em 1886, Assim falou
Zaratustra marcou toda uma época. Friedrich Nietzsche faz
com o livro um misto de exploração filosófica, poesia e refle-
xão moral. O livro causou impacto em toda Europa, em parte
por expressar, através de uma aguda intuição do autor, algu-
mas perplexidades dos tempos modernos. O filósofo Mar-
celo Consentino comenta que:
‘Assim falou Zaratustra definitivamente não é uma espe-
culação filosófica, mas uma mitologia privada feita à imagem
e semelhança da alma atormentada de Nietzsche. O livro foi
idealizado enquanto ainda se recuperava do choque causado
pela rejeição da insinuante Lou Salomé, a primeira e única
mulher à qual jamais se declarou, experiência que o mergu-
lharia em um período de extrema angústia e conflito interior.
‘Sofri com as lembranças humilhantes e atormentadas deste
verão como de um delírio’, diz em carta ao amigo Franz Over-
beck, ‘ele implica uma tensão entre paixões contrárias que
ultrapassa minhas forças... A não ser que eu descubra o tru-
que alquímico de transformar essa imundície em ouro, estou
Richard Strauss
(1864–1949)
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Orquestra Experimental de Repertório
Carlos Moreno Regente
Daniel Guedes Violino
Domingo (27/07)
às 11h
Silvia De Lucca
Gaudeamus
Jean Sibelius
Concerto para Violino e Orquestra
em Ré Menor, Op. 47
Allegro moderato
Adagio di molto
Allegro ma non tanto
César Guerra–Peixe
Dança dos Cabocolinhos, segundo
movimento da Suíte Sinfônica N. 2
– Pernambucana
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Abertura 1812, Op. 49
Programa sujeito a alterações.
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um parêntese para os sopros; e o final é um apoteótico samba.
Silvia de Lucca tocou durante cinco anos em orquestra
jovem, familiarizando–se, desta forma, com as especificida-
des técnicas e de repertório desse tipo de formação: ‘Dife-
rentemente do que vem ocorrendo nos processos de minhas
criações na última década, optei em não fazer para esta obra
qualquer elaboração racional prévia, possibilitando assim a
livre expressão de minha intuição e emoção, o que, a meu
ver, também faz referência ao viver juvenil’, conta. ‘Bastou de-
cidir que a música começaria norteada pelo modo jônico e
finalizaria pelo modo lídio – o que significa o interesse pelo
caráter aberto, luminoso, tendente à ascensão; e que algo
dançante deveria constantemente pulsar’.
Se, no repertório pianístico, os concertos de Rachmaninov re-
presentam a continuidade, no século XX, da estética român-
tica, no violino esse papel é desempenhado pelo concerto
de Sibelius. Trata–se não apenas de uma das mais célebres
criações de seu autor, mas o mais popular concerto para o
instrumento do século passado.
Sibelius só foi ter aulas formais de violino aos 15 anos.
Tendo começado tarde, adquiriu um bom domínio do instru-
mento, embora não à altura de suas ambições. Aos 26, foi re-
provado em audição de emprego na Filarmônica de Viena e,
aos 50, chegou a escrever em seu diário: ‘Sonhei que tinha
12 anos e era um virtuose’.
A ideia de escrever um concerto para violino vinha, pelo
menos, desde 1899, tomando corpo por volta de 1903. Sua mu-
lher, Aino, descreve o processo de composição a Axel Carpelan:
‘Ele tem uma multidão tão grande de temas na cabeça que fica
literalmente zonzo. Mantém–se acordado a noite toda, toca de
maneira incrivelmente bela, não consegue se separar das de-
liciosas melodias – tem tantas ideias que é difícil de acreditar’.
A estreia, em 8 de fevereiro de 1904, foi um desastre. Apa-
a Compositora paulistana silvia de luCCa esCreveu Gaudeamus
sob encomenda para o Festival de Orquestras Jovens de Sankt
Gallen de 2003, realizado na Suíça para celebrar o aniversário
de 200 anos do cantão.
‘Com o objetivo de atender a proposta festiva e juvenil
da solicitação, tive desde o princípio a convicção de que de-
veria escrever uma obra viva, dinâmica, alegre, calorosa, bem
humorada, porém, com eventuais e curtas referências à refle-
xão e à emoção interior, já que não raramente estas solitárias
e profundas experiências também acompanham a passagem
das datas e acontecimentos especiais’, explica a compositora.
Ao fazer a encomenda, o regente Hermann Ostendarp, co-
nhecido por seu trabalho à frente da orquestra Il Mosaico, pediu
uma obra de caráter festivo, eloquente e grandioso – de onde
o título latino Gaudeamus (Alegremo–nos). Ostendarp também
queria uma obra que fosse mais exigente para sopros e percus-
são do que para as cordas. Assim, a compositora inicia Gaude-
amus com um solo de conga; no meio da obra, há como que
Notas de programaIrineu Franco Perpetuo
Silvia De Lucca
(1960–)
Irineu Franco Perpetuo é
jornalista e tradutor, ministra
cursos na Casa do Saber e
colabora com a Revista Concerto.
Jean Sibelius
(1865–1957)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42
Tchaikovsky não botava muita fé naquela que se tornaria uma
de suas obras mais populares. ‘A abertura vai ser bastante ba-
rulhenta – mas eu a escrevi sem sentimentos cálidos e amoro-
sos e, consequentemente, ela provavelmente não vai ter mérito
artístico’, afirmou, em carta à sua mecenas, Nadiejda von Meck
(1831–1894). Com a obra concluída, escreveu ainda a seu editor,
Iurguenson: ‘não sei ainda se a minha abertura (1812) é boa ou
má, mas é possivelmente (sem falsa modéstia) a última opção’.
Estreada na Exposição de Artes e Indústria de Moscou,
em 1882, a obra evoca os eventos do conflito que os russos
chamam de Guerra Patriótica de 1812, quando os 690 mil sol-
dados a serviço de Napoleão Bonaparte (1769–1821) –o maior
exército reunido na Europa até então– fracassaram na tenta-
tiva de derrotar a Rússia.
Para tanto, Tchaikovsky lança mão de uma instrumentação
generosa, incluindo, além dos efetivos orquestrais regulares,
uma banda de metais, sinos (substituídos por vezes pelos car-
rilhões das orquestras) e tiros de canhão (que podem ser troca-
dos por instrumentos de percussão que reproduzam seu ruído).
A abertura é uma batalha musical, na qual o compositor
faz entrar em cena vários temas conhecidos dos ouvintes de
seu tempo: Guarda, Senhor, o Teu Povo (Spassí, Góspodi, Li-
údi Tvoiá) é a oração pela vitória na batalha, entoada no iní-
cio pelos violoncelos e violas. Posteriormente, entre temas
folclóricos e até uma citação de sua ópera O Voievoda, Tchai-
kovsky faz da peça um conflito entre o hino imperial russo
Deus Salve o Tsar (Bóje, Tsariá Khraní) e A Marselhesa.
Curiosamente, embora fossem os hinos nacionais de
seus países na época da composição da abertura, nenhuma
dessas melodias desfrutava desse status em 1812 Com mú-
sica do príncipe Alekséi Lvov (1799–1870), Deus Salve o Tsar
foi escrito em 1833, enquanto A Marselhesa, composta em
1792 por Claude Joseph Rouget de Lisle (1760–1836), e ofi-
cializada em 1795, foi banida por Napoleão em 1805, para só
recuperar a condição de hino nacional em 1879.
rentemente, a culpa residiu na insuficiência técnica do solista Vi-
ktor Novácek, incapaz de domar as extremas demandas da obra.
O compositor sentiu o golpe, e tirou a obra de circu-
lação, submetendo–a a uma revisão que a tornou mais
compacta, e algo menos difícil, reestreando, na versão re-
elaborada, em Berlim, no ano seguinte. Para o Dicionário
Grove, nessa partitura Sibelius simultaneamente afirma e
transcende a tradição do concerto virtuosístico por meio de
uma ‘seriedade completa de propósito e uma densidade 'ex-
tra' de pensamento composicional’.
Em 2014, celebra–se o centenário de nascimento de um dos
líderes do nacionalismo musical no Brasil: César Guerra–Peixe.
Natural de Petrópolis–RJ, Guerra–Peixe foi regente, violinista
e professor, formando uma plêiade de alunos que vai desde
os ‘eruditos’ Guilherme Bauer e Ernani Aguiar aos ‘populares’
Clóvis Pereira, Paulo Moura, Sivuca, Capiba e Baden Powell,
dentre muitos outros. Foi ainda um rigoroso pesquisador do
folclore brasileiro e reconhecido arranjador de música popu-
lar – em ano de Copa, não custa lembrar seu arranjo do jingle
Pra Frente, Brasil, de Miguel Gustavo, que embalou o tricam-
peonato mundial do escrete canarinho, em 1970.
Aluno do grande difusor do dodecafonismo no Brasil,
Hans Joachim Koellreuter, começou compondo no estilo do
mestre, com sucesso: sua Sinfonia n. 1 foi executada pela
BBC de Londres, no Reino Unido, em 1946, e o regente ger-
mânico Hermann Scherchen, um dos maiores expoentes das
vanguardas europeias, convidou–o para ir à Suíça, em 1949.
Guerra–Peixe, contudo, preferiu permanecer no Brasil,
onde, orientado pelos princípios estéticos de Mário de An-
drade, deu à sua música o rumo nacionalista que o orientaria
até o final da vida. Depois de recusar o convite de Scherchen,
assinou contrato com uma rádio do Recife, onde permane-
ceu três anos, embebendo–se do folclore local.
César Guerra–Peixe
(1914–1993)
Piotr Ilitch Tchaikovsky
(1840–1893)
Alexander Sladkovskiy
MarioBrunello
LidiaSchäffer
ValentinaLisitsa
JohnNeschling
DanielGuedes
MarcelloVannucci
Silmara Drezza
ClaudioCruz
CarlosMoreno
SauloJavan
Bruno GrecoFacio
TaísBandeira
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 46
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-
nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra to-
cou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich,
Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur,
Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guar-
nieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Mag-
nani, além de vários compositores regendo suas obras,
como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solis-
tas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda
Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo,
Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como dire-
tor artístico o maestro John Neschling.
O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por
iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do
Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro
Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de es-
treia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi.
Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro ti-
tular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve
sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fa-
britis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mig-
none, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello
Mechetti e Fábio Mechetti.
Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando
de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de
Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Car-
los Gomes, na categoria ópera, em 1997.
Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno
Greco Facio.
Orquestra
Sinfônica
Municipal
de São Paulo
Coro Lírico
Municipal
de São Paulo
O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Bacca-
relli para crianças e adolescente, de 4 a 14 anos, da comu-
nidade Heliópolis e região. O programa oferece aulas de
técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percep-
ção e teoria musical, compondo uma sólida base para a for-
mação de músicos.
Ministradas por professores altamente qualificados,
as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, vi-
sando aprendizado e formação que contemplem o desen-
volvimento de valores para a vida em sociedade.
Com um repertório diversificado, os corais do Instituto
Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espa-
ços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala
São Paulo, Teatro Alfa, Teatro Municipal de São Paulo, Obe-
lisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São
Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.
Com mais de duas décadas de história, a Orquestra Experi-
mental de Repertório (OER) é a orquestra-escola da Funda-
ção Theatro Municipal de São Paulo. Com sede na Praça das
Artes, a OER se apresenta no Theatro Municipal e em outros
espaços da Cidade de São Paulo, dentro da política de des-
centralização da Secretaria Municipal de Cultura.
Criada em 1990 pelo maestro Jamil Maluf, a partir da
Orquestra Jovem Municipal de São Paulo, a orquestra ocu-
pou lugar de destaque nas temporadas sinfônicas e líricas
do Theatro Municipal, com programações regulares e inin-
terruptas ao longo dos anos.
Sob direção de Carlos Moreno desde fevereiro de 2014,
o grupo apresenta da integral das Sinfonias de Beethoven
na Sala do Conservatório, das Sinfonias de Brahms no The-
atro Municipal, além de uma série no Auditório Ibirapuera e
apresentações no Teatro Paulo Eiró e nos CEUs, com o obje-
tivo de enriquecer ainda mais a formação dos bolsistas e le-
Orquestra
Experimental
de Repertório
Coral da Gente do
Instituto Baccarelli
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
John Neschling
Regente
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-
culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-
tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi
Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium
Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando
continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha.
Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho res-
ponsável pela formação musical de jovens cantores e regen-
tes. Durante 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira
de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que
percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Bar-
beiro de Sevilha, de Gioachino Rossini.
A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titu-
lar do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro
do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro
Municipal de São Paulo.
Silmara Drezza iniciou os estudos de música aos cinco anos
na Associação de Música Pio X, onde também atuou como
regente de 1996 a 2010. Estudou Pedagogia Musical Infantil
na École de Musique Martenot, em Paris, e cursou regência
coral na Butler University (EUA), com o maestro Henry Leck.
Foi aluna de regência do Professor Doutor Jocelei Bo-
hrer (Faculdade de Música Carlos Gomes) e Eduardo Oster-
green (Unicamp). Formou-se em Licenciatura Plena em Música
pela Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo, e em
piano pelo Instituto Gomes Cardim em Campinas. No exterior,
participou do Creating Artistry na Butler University, sob orien-
tação do maestro Henry Leck (EUA), do Curso de inverno para
regentes de coral infantil, com o maestro Jean Jacques Mar-
gueritat (França) e do II Taller Internacional de Regência Coral
com Maria Guinand e Alberto Grau (Venezuela).
Silmara é regente fundadora do Coral Infanto-juvenil
ThyssenKrupp e regente do Instituto Baccarelli desde 2002,
var a OER para além do centro da Cidade.
Ligada à diretoria de Formação da Fundação Theatro
Municipal, a OER tem papel fundamental no projeto de inte-
gração que parte da Escola Municipal de Música, passando
pelas orquestras Infanto-Juvenil e Jovem Municipal de São
Paulo, e que tem como objetivo preparar músicos de exce-
lência para as grandes orquestras profissionais, como a Sin-
fônica Municipal de São Paulo.
Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John
Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-
dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos
reestruturado a Osesp, transformando-a num ícone da mú-
sica sinfônica na América Latina.
Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling diri-
giu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa),
St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de Palermo (Itá-
lia), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou
em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos EUA,
em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos
de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Como regente sinfônico, tem uma longa experiência
frente a grandes orquestras dos continentes americano, eu-
ropeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente
premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de Be-
ethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como
um dos melhores da história. No momento, se prepara para
gravar o terceiro volume das obras de Respighi pela grava-
dora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de Liège, Bélgica.
Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua for-
mação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram
Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Bra-
sil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos EUA.
É membro da Academia Brasileira de Música.
Bruno Greco Facio
Regente do Coro Lírico
Municipal de São Paulo
Silmara Drezza
Regente do Coral
da Gente
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
Claudio Cruz teve seu pai, o luthier João Cruz, como seu
primeiro professor e posteriormente recebeu orientações
de Erich Lenninger, Maria Vischnia e George Olivier Toni.
Foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes
– APCA e recebeu o Prêmio Carlos Gomes, o Prêmio Bravo e
o Grammy Awards, entre outros. Nos últimos anos regeu a
Orquestra de Câmara de Osaka, Orquestra de Câmara de
Toulouse, Orquestra Sinfônica de Avignon, Northern Sinfonia,
Sinfonia Varsovia, New Japan Philharmonic, Hyogo Academy
Orchestra, Hiroshima Symphony, Svogtland Philharmonie, Je-
rusalem Symphony Orchestra entre outras. Atuou como Dire-
tor Artístico e Regente nas montagens das óperas Lo Schiavo
e Don Giovanni em Campinas, Rigoletto e La Boheme em
Ribeirão Preto. Na temporada 2014 regerá no Brasil: a Or-
questra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo, Osesp,
Orquestra Sinfônica de Curitiba, Ópera, Balet e Concertos
Sinfônicos em Ribeirão Preto, no Festival Berlioz, na França,
além de concertos em Amsterdam e em Israel. De 1990 a
2012 ocupou o cargo de Spalla da Osesp. Atualmente é o
Regente Principal e Diretor Musical da Orquestra Sinfônica
Jovem do Estado de São Paulo.
Soprano vencedora do Concurso de Canto Maria Callas, do
Festival Aldo Baldin e do Concurso Carlos Gomes, se apre-
sentou, em 2013, como Rosália, da opera Jupyra de Francisco
Braga no Theatro Municipal de São Paulo, com regência de
Victor-Hugo Toro.
Nos últimos anos excursionou por São Paulo com a
Ópera Curta, projeto da Casa da Ópera e do Governo do
Estado de São Paulo interpretando Mimì e Musetta em La
Bohème de Puccini, Micaëla em Carmen de Bizet e Violetta
em La Traviata de Verdi. Foi protagonista do Brazil Inside Out,
da BBC de Londres e cantou em diversas províncias do Ja-
pão e nos EUA, neste sob a regência de Plácido Domingo.
onde também ocupa o cargo de coordenadora pedagógica
da área coral desde 2009.
Regente titular da Orquestra Experimental de Repertório,
Carlos Moreno foi regente titular da Orquestra Sinfônica da
USP entre 2002 e 2008 e da Orquestra Sinfônica de Santo
André de 2009 a 2013.
Começou a estudar piano aos seis anos, passou poste-
riormente ao violino e, em 1978, ingressou no Instituto dos
Meninos Cantores de Petrópolis, atuando como solista - me-
nino cantor soprano. Foi spalla da Orquestra Jovem Came-
rata Abrarte, atuou como violinista na Orquestra Sinfônica
Nacional da Universidade Federal Fluminense por dez anos
e regeu pela primeira vez uma orquestra aos 15 anos, diri-
gindo uma composição própria para cordas.
Estudou com maestros como Gustav Mayer, Kirk Trevor,
David Zinman e Bernard Haitink.
Venceu em 1998 o 5ª Concurso Latino-Americano para
Regentes promovido pela Osusp, foi laureado em 2003 com
o Prêmio Carlos Gomes e, em 2006, com a Osusp, recebeu
o XI Prêmio Carlos Gomes na categoria Melhor Orquestra
Sinfônica.
A trajetória de Carlos Moreno está marcada pela inter-
pretação de importantes ciclos sinfônicos, como os Choros
de Camargo Guarnieri, as sinfonias de Beethoven, as sin-
fonias de Tchaikovsky, além das sinfonias e concertos de
Brahms, as Bachianas de Villa-Lobos, as sinfonias de Schu-
mann, Poemas Sinfônicos de Rimsky-Korsakov e, recente-
mente, as sinfonias de Anton Bruckner.
Em 2012, gravou a Sinfonia N. 8 de Anton Bruckner, o
primeiro registro da obra na América do Sul, com a Orques-
tra Sinfônica de Santo André em parceria com a Osesp.
Claudio Cruz
Regente
Taís Bandeira
Soprano
Carlos Eduardo Moreno
Regente
Marcello Vannucci
Tenor
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Reconhecido pela crítica como um dos grandes artistas de
ópera do Brasil, tem se apresentado nas principais casas de
concerto e ópera do país, como a Sala São Paulo, o Theatro
Municipal de São Paulo, Theatro São Pedro, Teatro Tobias
Barreto, Teatro Santa Isabel, entre outros.
Gravou com a Osesp a Sinfonia Ameríndia de Heitor
Villa–Lobos, interpretou Padre José em Magdalena também
de Villa–Lobos, Bonzo em O Rouxinol de Stravinsky, Ramphis
em Aida de Verdi, Dulcamara em O Elixir do Amor e Don Pas-
quale, de Donizetti, e Simone em Gianni Schicchi de Puccini.
Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou o
papel de Bozo na estreia da ópera Dulcinéia e Trancoso de
Eli–Eri Moura. Outras performances incluem Salieri, em Mo-
zart & Salieri de Rimsky–Korsakov, O Homem dos Crocodilos
de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador de Weber, Don Gio-
vanni e As Bodas de Fígaro de Mozart, Alcina de Händel, Es-
camillo em Carmen de Bizet e Treemonisha de Scott Joplin.
Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa–Lobos, em
Araçatuba.
Bacharel em Canto pela UNESP, Lidia Schäffer vem se des-
tacando no repertório de mezzo–soprano dramático e con-
tralto. Foi premiada no 8º Concurso Carlos Gomes, em 1998,
e no Concurso Nacional de Canto Edmar Ferretti, em 2005.
Já atuou frente a grandes orquestras, como a Sinfonia Cultura,
Osesp, Orquestra Sinfônica de Campinas, Filarmônica de Ri-
beirão Preto, Sinfônica Municipal de São Paulo, Experimental
de Repertório e OSB, entre outras.
Foi solista com maestros como John Neschling, Claudio
Cruz, Roberto Tibiriçá, Aylton Escobar, Mário Zaccaro, Jamil
Maluf e Luiz Fernando Malheiro. No Theatro São Pedro, já
atuou como Fidalma em Il Matrimonio Segreto, Ulrica em Un
Ballo in Maschera e Mercedes em Carmen.
No Theatro Municipal de São Paulo foi a Terceira Dama
Em Coimbra, além de cantar com a Orquestra Clássica
do Centro, fez um recital de música brasileira, acompanhada
pelo maestro Luís Gustavo Petri, na Biblioteca Joanina, apre-
sentando canção composta por eles especialmente para o
evento.
É Mestra em Música pela UNESP com pesquisa inédita
sobre o cancioneiro de Arnaldo Rebello e teve sua educação
vocal conduzida por Benito Maresca, Martha Herr e Laura
de Souza.
Em 2014, cantou com a Orquestra Sinfônica Municipal
de Campinas canções de Carlos Gomes e está em turnê pelo
estado de São Paulo como Ciò Ciò San da Madame Butter-
fly da Casa da Ópera.
Desde sua estreia em 1995 na ópera Nabucco, Marcello
Vannucci alcançou um enorme sucesso, sendo reconhecido
pelo público e crítica. Foi aluno do tenor Benito Maresca e
atuou como protagonista nas óperas Turandot, Andrea Ché-
nier, Ariadne auf Naxos, La Giocconda, Sansão e Dalila, Aida,
Tosca, Rigoletto, La Traviata, Il Trovatore, La Bohème, Caval-
leria Rusticana, Madama Butterfly, Carmen, Il Guarany, Con-
dor, Colombo, Simon Boccanegra, Norma, Macbeth, Lucia
de Lammermoor e La Fanciulla del West.
Entre os prêmios que recebeu ao longo da carreira, es-
tão o do College d'Advocats de Barcelona, Concurso Fran-
cisco Viñas, em 1998, Concurso Internacional Maria Callas
e o Prêmio Carlos Gomes como melhor cantor lírico, em
2010. Fora do Brasil, cantou na Colômbia, Espanha e Itália.
Em 2003, dividiu o palco com a soprano Kiri Te Kanawa na
turnê pelo Brasil. Recentemente cantou a Nona Sinfonia de
Beethoven com o maestro Lorin Maazel. Foi aluno do tenor
Benito Maresca. Apresenta-se regularmente nos principais
teatros de ópera brasileiros.
Saulo Javan
Baixo
Lidia Schäffer
Mezzo–soprano
Marcello Vannucci
Tenor
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Em 1986, Mario Brunello foi o primeiro italiano a vencer a
Competição Tchaikovsky em Moscou, vitória que lançou sua
carreira internacional.
Apresentou-se com orquestras como London Philharmonic,
Royal Philharmonic, Filarmônica de Munique, Philadelphia
Orchestra, Mahler Chamber Orchestra, London Symphony,
Orchestre Philharmonique de Radio–France, Filarmonica della
Scala, Accademia di Santa Cecilia, DSO Berlin, dentre outras; e
colaborou com regentes como Valery Gergiev, Yuri Temirkanov,
Antonio Pappano, Manfred Honeck, Riccardo Chailly, Riccardo
Muti, Vladimir Jurowski, Ton Koopman, Daniele Gatti, John
Axelrod, Myung–Whun Chung, Seiji Ozawa e Claudio Abbado.
Brunello foi convidado diversas vezes por Abbado a se
apresentar, tanto como solista como regente, com a orques-
tra do Festival Lucerne e com a Mozart Orchestra. Habitu-
ado a cumprir as duas funções, criou em 1994 a Orchestra
d’Archi Italiana, com a qual faz turnês regulares tanto pela
Itália quanto em outros países.
A música de câmara também tem um papel importante
na vida artística de Brunello, que já colaborou com Gidon
Kremer, Martha Argerich, Frank Peter Zimmermann, Isabelle
Faust, Yuri Bashmet, Maurizio Pollini, Valery Afanassiev e An-
drea Lucchesini e com o Hugo Wolf Quartett.
Nascida na Ucrânia, Valentina Lisitsa estudou na Escola de
Música Lysenko e no Conservatório de Kiev. Em 1992, emi-
grou para os EUA e desde sua estreia no Avery Fischer Hall
no Mostly Mozart Festival recebe ótimas críticas.Valentina
se mostra confortável num repertório que vai de Bach e Mo-
zart a Shostakovich e Bernstein, porém admite ter uma espe-
cial afinidade com a música de Rachmaninov e Beethoven.
Tendo já gravado todos os concertos de Rachmaninov com
a London Symphony Orchestra, incluindo o N. 5 (um arranjo
da Sinfonia N. 2) que tocou em 2010, em sua estréia holan-
em A Flauta Mágica, a Condessa de Coigny em Andrea
Chénier, Segunda Criada em Amelia al Ballo, Siegrune em
A Valquíria e Primeira Norna em O Crepúsculo dos Deuses
de Wagner. Participou da estreia brasileira de Midsummer
Night´s Dream de Britten com a OSB como Hipolyta. De seu
repertório sinfônico, destacam-se obras Gloria de Vivaldi,
Fantasia Coral e Sinfonia N. 9 de Beethoven, Réquiem de
Mozart e a Missa de Réquiem de Verdi, dentre outras.
Integra o Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo
desde 2002 e atualmente recebe orientação de Isabel
Maresca.
Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica Nacional do Tartaris-
tão, na Rússia, Sladkovskiy venceu diversos prêmios como a
Terceira Competição Internacional Prokofiev de Regência de
São Petersburgo, a Medalha de Honra do 300° aniversário
de São Petersburgo e foi eleito o Regente do Ano na Rússia
em 2011 pela revista Musical Review.
Alexander Sladkovskiy se apresentou com renomados
artistas como Denis Matsuev, Yuri Bashmet, Boris Berezovsky,
Barry Douglas, Nikolai Lugansky, Ekaterina Mechetina, Kse-
nia Bashmet, Viktor Tretyakov, Vadim Repin, Sergei Krylov,
Alyona Baeva, Dmitri Sitkovetsky, David Geringas, Alexan-
der Knyazev, Alexander Rudin, Antonio Meneses, Montserrat
Caballe, Olga Borodina, Hibla Gerzmava, Lyubov Kazarno-
vskaya, Albina Shagimuratova, Sumi Jo, Dinara Alieva, Dmi-
tri Hvorostovsky, Vasili Gerello, Placido Domingo, Roberto
Alagna, Ildar Abdrazakov, Sergei Nakaryakov, dentre outros.
Alexander Sladkovskiy foi regente convidado de várias
orquestras, como a Orchestra dell'Accademia Nazionale di
Santa Cecilia, Orquestra Sinfônica do Teatro Bolshoi, Sinfô-
nica Svetlanov, Nacional Russa, Filarmônica de São Peters-
burgo, Sinfônica Tchaikovsky, Filarmônica Nacional da Rússia,
Sinfônica Siciliana, Filarmônica de Dresden, dentre outras.
Valentina Lisitsa
Piano
Alexander Sladkovskiy
Regente
Mario Brunello
Violoncelo
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Além de solista, é regente e professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro e é frequentemente convidado a
lecionar em festivais de música, como o de Campos de Jor-
dão e Juiz de Fora.
desa com a Filarmônica de Roterdã. Em Agosto de 2011 fez
sua estreia com esta obra no Brasil com a Orquestra Sinfô-
nica Brasileira, sob a regência de Lorin Maazel. Já se apresen-
tou com importantes orquestras como Colorado Symphony,
Chicago Symphony, Seattle Symphony, San Francisco Sym-
phony, Pittsburgh Symphony, WDR Colônia, Filarmônica de
Helsinki, Filarmônica de Seul; em grandes teatros, como Te-
atro Colón de Buenos Aires, o Royal Albert Hall de Londres,
e colaborou com regentes como Manfred Honeck, Yannick
Nézet-Séguin, e Jukka-Pekka Saraste, dentre outros.
Seu canal no YouTube, criado em 2007, é um grande su-
cesso, com mais de cem mil assinantes e 62 milhões de visu-
alizações. Além disso, Valentina completou recentemente a
gravação completa dos concertos de Rachmaninov e Rhap-
sody on a Theme of Paganini com a London Symphony Or-
chestra, sob condução de Michael Francis.
O carioca Daniel estudou no Conservatório Brasileiro de Mú-
sica do Rio de Janeiro. Em 1991, ganhou bolsa de estudos
da Capes para estudar em Londres, onde foi aluno de De-
tlef Hahn na Guildhall School of Music durante um ano. Em
seguida, concluiu a graduação e o mestrado na Manhattan
School of Music de Nova York, na classe de Pinchas Zuker-
man e Patinka Kopec no Pinchas Zukerman Performance Pro-
gram, com bolsas da Vitae e da Capes.
Estudou música de câmera com Sylvia Rosenberg, Isi-
dore Cohen e Arnold Steinhardt. Foi vencedor dos concursos
Jovens Concertistas Brasileiros em 1991, Bergen Philharmo-
nic Competition em 1998 e Waldo Mayo Memorial Award em
2000, que lhe valeu um concerto no Carnegie Hall de Nova
York tocando o Concerto N. 1 de Max Bruch.
Atua como recitalista e solista desde os 10 anos de
idade com orquestras brasileiras e de outros países, como
EUA, Canadá, Inglaterra, Noruega, Itália e América do Sul.
Daniel Guedes
Violino
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Orquestra Sinfônica
Municipal de São Paulo
Diretor Artístico
John Neschling
Primeiros-violinos
Pablo De León (spalla)
Martin Tuksa (spalla)
Fabian Figueiredo
Maria Fernanda Krug
Adriano Mello
Fábio Brucoli
Fábio Chamma
Fernando Travassos
Francisco Ayres Krug
Heitor Fujinami
John Spindler
José Fernandes Neto
Liliana Chiriac
Mizael da Silva Júnior
Paulo Calligopoulos
Rafael Bion Loro
Sílvio Balaz
Victor Bigai
Segundos-violinos
Andréa Campos*
Laércio Diniz*
Nadilson Gama
Otávio Nicolai
André Luccas
Djavan Caetano
Edgar Montes Leite
Evelyn Carmo
Helena Piccazio Ornellas
Oxana Dragos
Ricardo Bem-Haja
Sara Szilagyi
Ugo Kageyama
Wellington R. Guimarães
Flautas
Cássia Carrascoza*
Marcelo Barboza*
Andréa Vilella
Cristina Poles
Renan Dias Mendes
Oboés
Alexandre Ficarelli*
Rodrigo Nagamori*
Marcos Mincov
Victor Astorga**
Clarinetes
Luís Afonso Montanha*
Otinilo Pacheco*
Diogo Maia Santos
Domingos Elias
Marta Vidigal
Thiago Naguel**
Fagotes
Fábio Cury*
Matthew Taylor*
Marcelo Toni
Marcos Fokim
Osvanilson Castro
Trompas
André Ficarelli*
Luiz Garcia*
Eric Gomes da Silva
Rogério Martinez
Vagner Rebouças
Douglas Costa**
Rafael Fróes**
Thiago Ariel**
Trompetes
Fernando Guimarães*
Marcos Motta*
Breno Fleury
Eduardo Madeira
Albert Santos**
Trombones
Diego Vieira****
Matheus M. Baião****
Rodolfo G. da Silva****
Wallace B. do Santos****
Violas
Alexandre De León*
Silvio Catto*
Abrahão Saraiva
Tânia de Araújo Campos
Adriana Schincariol
Bruno de Luna
Cindy Folly Farias
Eduardo Cordeiro
Eric Schafer Licciardi
Jessica Wyatt
Pedro Visockas
Roberta Marcinkowski
Tiago Vieira
Violoncelos
Mauro Brucoli*
Raïff Dantas Barreto*
Mariana Amaral
Alberto Kanji
Charles Brooks
Cristina Manescu
Joel de Souza
Maria Eduarda Canabarro
Moisés F. dos Santos
Sandro Francischetti
Teresa Catto
Contrabaixos
Sanderson Cortez Paz***
Taís Gomes***
Adriano Costa Chaves
Miguel Dombrowski
Ricardo Busatto
Vinicius Frate
Walter Müller
Gustavo Quintino****
Julio Cesar M. N. Silva****
Roney Stella*
Hugo Ksenhuk
Luiz Cruz
Marim Meira
Eduardo Machado**
Tuba
Gian Marco de Aquino*
Harpa
Jennifer Campbell*
Paola Baron*
Piano
Cecília Moita*
Percussão
Marcelo Camargo*
César Simão
Magno Bissoli
Sérgio Coutinho
Thiago Lamattina
Rosângela R. Silva****
Tímpanos
Danilo Valle*
Márcia Fernandes*
Gerente da Orquestra
Paschoal Roma
Assistente
Manuela Cirigliano
Inspetor
Carlos Nunes
Montadores
Alexandre Greganyck
Paulo Broda
Rafael de Sá
* Chefe de naipe
** Músico convidado
***Chefe de naipe interino
****Bolsista da OER
Orquestra
Experimental
de Repertório
Regente Titular
Carlos Moreno
Regente Assistente
Raphael Brasilio
Primeiros Violinos
Cláudio Micheletti (Spalla)
Ana Rebouças Guimarães
Caik Rodrigues
Diego Adinolfi Vieira
Gabriela Fogo
Jessé Xavier Reis
Jonas Alves de Souza
Lucas Oliveira da Silva
Matheus Baião
Ramon R. de Andrade
Renan Gonçalves
Rodolfo Guilherme da Silva
Thais Morais
Wallace Bispo
Willian Gizzi
Segundos Violinos
Paulo Galvão (Monitor)
Alexandre Britto
Ananda Fukuda
Caio Paiva dos Santos
Danilo Alves
Douglas Araújo
Evaldo Alves
Fernanda Garcia
Gabriel Redivo Chiari
Gabriel S. de Oliveira
Henry Setton
Karin Higa
Natália Brito
Ramon Silva
Ricardo Galdino
Wagner Filho
Violas
Estela Ortiz (Monitora)
Bruno Rocha
Gabriel Iscuissati
Guilherme C. Bonfim
Joel Alves
Johnny Roger Lo
Mauro Koiti Shimada
Rodrigo Ramos
Thiago Neres
Vúpulos Antônio Vaplam
Violoncelos
Júlio Cerezo Ortiz
(Monitor)
Agton dos Santos
Douglas Pereira
Elton Araújo
Jonatas Pereira
Luiz Sena
Patrícia Rezende Vanuci
Rafael de Caboclo
Rodrigo Prado
Ygor Ghensev
Contrabaixos
Alexandr Iurcik (Monitor)
Daniel Camargo
Gustavo Quintino
Haran Magalhães
Júlio Nogueira
Leopoldo Carvalho
Marcos Magni
Flautas
Marcos Kiehl (Monitor)
Aline Viana
Danilo Crispim
Felipe Mancz
Oboés
Rodolfo Hatakeyama
(Monitor)
Gabriel P. Marcaccini
Gutierre Machado
Rafael Felipe
Clarinetes
Alexandre F. Travassos
(Monitor)
Danilo Oliveira
Evandro Alves
Felipe Reis
Fagotes
José Eduardo Flores
(Monitor)
Bruno Gualberto
Matheus Parizon Amaral
Sandra Ribeiro
Nara Flores
Trompas
Weslei Lima (Monitor)
Álvaro Braga
Edson R. Nascimento
Gerson Pierotti
Rubens do N. Silva
Wesley Medeiros
Trompetes
Luciano Melo (Monitor)
Dan Yuri Huamán Diaz
Mauro Stahl Júnior
Roger Brito
Trombones
João Paulo Moreira
(Monitor)
Arthur Da Silva Rita
Igor Bueno Da Silva
Lucas Henrique De Faria
Maurício Lundgren
Tuba
Sérgio Teixeira (Monitor)
Percussão
Richard Fraser (Monitor)
Bruno Rogério Oliveira
Mónica Navas
Rosângela Rhafaelle
Zacarias Maia
Coordenadora Artística
Angela De Santi
Assistente Artístico
Daniel Martins
Inspetores
Raquel Rosa
Renato Lotierzo
Arquivistas
Bruno Lacerda
Maria Cláudia Ribeiro
Montadores
Márcio Cavalcante Bessa
Wellington Nunes Pinheiro
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Diretoria de Produção
Produção Executiva
Anna Patrícia Araújo
Nathália Costa
Rosa Casalli
Produtores
Aelson Lima
Pedro Guida
Miguel Teles
Assistente de Produção
Arthur Costa
Palco
Chefe da Cenotécnica
Aníbal Marques (Pelé)
Técnicos de Palco
Rodrigo Nascimento
Thiago Panfieti
Antonio Carlos da Silva
Antonio Oliveira Almeida
Alex Sandro N. Pinheiro
Aristide da Costa Neto
Cláudio Nunes Pinheiro
Cristiano T. dos Santos
Edival Dias
Ermelindo T. Sobrinho
Julio de Oliveira
Lourival F. Conceição
Manuel Lucas Souza
Marcelo Luiz Frosino
Paulo Miguel Filho
Assistentes
Elisabeth de Pieri
Ivone Ducci
Contrarregragem
Cênica Residente
Julianna Santos
Segunda Assistente
de Direção Cênica
Ana Vanessa
Assistente de Direção
Cênica e Casting
Sérgio Spina
Figurinista Residente
Veridiana Piovezan
Produção de Figurinos
Fernanda Câmara
Arquivo Artístico
Coordenadora
Maria Elisa P. Pasqualini
Assistente
Ana Raquel Alonso
Arquivistas
Ariel Oliveira
Guilherme Prioli
Karen Feldman
Leandro José Silva
Leandro Ligocki
Copista
Ana Cláudia Oliveira
Ação Educativa
Aureli Alves de Alcântara
Centro de Documentação
Chefe de seção
Mauricio Stocco
Equipe
Lumena A. de M. Day
Diretoria Geral
Assessora
Maria Carolina G. de Freitas
Secretárias
Ana Paula S. Monteiro
Marcia de Medeiros Silva
Monica Propato
Cerimonial
Egberto Cunha
Bilheteria
Nelson F. de Oliveira
Diretoria Artística
Assessoria de
Direção Artística
Stefania Gamba
Luís Gustavo Petri
Clarisse De Conti
Secretária
Eni Tenório dos Santos
Coordenação de
Programação Artística
João Malatian
Diretor Técnico
Juan Guillermo Nova
Assistente de
Direção Técnica
Giuseppe Cangemi
Diretor de Palco Cênico
Ronaldo Zero
Assistente de Direção
de Palco Cênico
Sabrina Mirabelli
Caroline Vieira
Assistente de Direção
Coral da Gente do
Instituto Baccarelli
Regente
Silmara Drezza
Preparadora Vocal
Claudia Cruz
Cantores
Beatriz de Souza Sobrinho
Bethânia Silva Gomes
Camilla Dual Portela
Daniel Alves da Rocha
Edwiges R. A. da Silva
Ellen G. Rodrigues Sousa
Gabriela C. Nogueira Lira
Giselle C. de Sousa Brito
Henzo Limeira Cavalcante
Juliana A. P. do Nascimento
Kaique Almeida Santos
Laís Simões da Silva
Letícia Alves Neres
Luciana Beatriz N. Lira
Luiza Fernanda Rodrigues
Maria A.de Oliveira Alves
Maria E. P. Dual de Souza
Mariana Eliz S. Merzbahcer
Rafaela Batista dos Santos
Raissa Neves de Sousa
Ricardo dos Santos Albano
Robert Correia Borges
Samuel G. de Oliveira e Silva
Sophia G.de Oliveira e Silva
Coro Lírico do
Theatro Municipal
Regente Titular
Bruno Greco Facio
Regente Assistente
Sérgio Wernec
Pianistas
Marcos Aragoni
Marizilda Hein Ribeiro
Sopranos
Adriana Magalhães
Berenice Barreira
Claudia Neves
Elaine Moraes
Elayne Caser
Elisabeth Ratzersdorf
Graziela Sanchez
Huang Shu Chen
Ivete Montoro
Jacy Guarany
Juliana Starling
Marcia Costa
Angélica Feital
Maria Antonieta Soares
Milena Tarasiuk
Monique Corado
Marivone P. Caetano
Marta Mauler
Nadja Sousa
Rita de Cassia Polistchuk
Rosana Barakat
Sandra Félix
Mezzo-Sopranos
Elisa Nemeth
Erika Mendes Belmonte
Heloísa Junqueira
Keila de Moraes
Juliana Valadares
Maria Luisa Figueiredo
Mônica Martins
Contraltos
Celeste do Carmo
Claudia Arcos
Clarice Rodrigues
Elaine Martorano
Lidia Schäffer
Magda Painno
Mara Dalva de Alvarenga
Margarete Loureiro
Maria José da Silveira
Vera Ritter
Tenores
Alex Flores de Souza
Antonio Carlos Britto
Dimas do Carmo
Eduardo Pinho
Eduardo de Góes
Eduardo Trindade
Fernando de Castro
Gilmar Ayres
Joaquim Rollemberg
José Silveira
Luciano Goés
Luiz Antonio Doné
Marcello Vannucci
Márcio Lucas Valle
Miguel Geraldi
Paulo Chamié Queiroz
Renato Tenreiro
Rúben de Oliveira
Rubens Medina
Sérgio Sagica
Valter Felipe
Valter Estefano Mesquita
Barítonos
Alessandro Gismano
Ary Lima Jr.
Daniel Lee
Davi Marcondes
Diógenes Gomes
Eduardo Paniza
Jang Ho Joo
Luis Orefice
Marcio Martins
Miguel Csuzlinovics
Roberto Fabel
Sandro Bodilon
Baixos
Claudio Guimarães
Fernando Gazoni
Jessé Vieira
José Nissan
Josué Silva
Leonardo Amadeo Pace
Marcos Carvalho
Orlando Marcos
Rafael Thomas
Sérgio Righini
Assistente
Cristina Cavalcante
Inspetora
Eugenia Sansone
Montador
Alfredo Barreto de Souza
Prefeitura do Município
de São Paulo
Prefeito
Fernando Haddad
Secretário Municipal
de Cultura
Juca Ferreira
Fundação Theatro
Municipal de São Paulo
Direção Geral
José Luiz Herencia
Diretora de Gestão
Ana Flávia Cabral S. Leite
Diretor de Formação
Leonardo Martinelli
Instituto Brasileiro
de Gestão Cultural
Presidente do Conselho
Cláudio Jorge Willer
Diretor Executivo
William Nacked
Diretora Técnica
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Diretor Financeiro
Neil Amereno
Diretor Artístico
John Neschling
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Olivieri Advogados
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theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
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Antonio Teixera Lima
Cleide da Silva
Eva Ribeiro
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Luiz Antonio de Mattos
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e Aderecista
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Expediente
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José Lourenço
Paulo Henrique Souza
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Paula Melissa Nhan
Vera Lucia Manso
Assistência Administrativa
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Seção de Pessoal
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José Luiz P. Nocito
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Tarcísio Bueno Costa
Parcerias
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Carlos Bessa
Contrarregras
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Peter Silva
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Operadores de Som
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Daniel Botelho
Kelly Cristina da Silva
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Valéria Lovato
Iluminadores
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Igor Augusto F. de Oliveira
Luciano Paes
Fernando Azambuja
Ubiratan Nunes
Camareiras
Alzira Campiolo
Isabel Rodrigues Martins
Lindinalva M. Celestino
Maria Auxiliadora
Maria Gabriel Martins
Marlene Collé
Nina de Mello
Regiane Bierrenbach
Tonia Grecco
Central de Produção
"Chico Giacchieri"
Coordenação de Costura
Agradecimentos
Escarlate
Hotel Marabá
realização
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
Municipal. O palcO de sãO paulO
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