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CONTROLADOR INTERNO: UMA ANÁLISE DAS ATRIBUIÇÕES
DENTRO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A SOBRECARGA DE
TRABALHO.
Azevedo, Josiani Lança
Tessaro, Neliva Terezinha
RESUMO
Este artigo tem por objetivo, demostrar através de pesquisa feitas em artigos
cientifico, periódicos, e bibliográfica, que as atividades de essencialidades
pertinentes ao cargo de controlador interno, disposta na Constituição Federal em
seu artigo 74 e também posteriormente na Lei de Responsabilidade Fiscal que
reiterou a necessidade de um eficaz sistema de controle efetivo de diminuição do
déficit público, é muito abrangente, e que nem sempre o servidor ocupante deste
cargo tem formação, respaldo, tempo, e condições para desempenhar seu papel em
decorrência dos fatores que afetam diretamente como a falta de segregação de
função e também o acúmulo de funções. Abordam-se a forma de organização, papel
e importância do controle interno, assim como as dificuldades para o
estabelecimento de controles eficazes no setor público, em função de suas
peculiaridades
1 INTRODUÇÃO
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A integração econômica, veio trazendo uma série de mudanças
comportamentais e também físicas. As empresas privadas por medo de serem
fadadas a extinção, foram buscar alternativas para aumentar sua margem na
competividade, melhorando seus produtos e diminuindo seus custos. O acesso a
todo tipo informações pertinentes quanto mais rápido e preciso.
Com administração pública, e no que se refere as atividades pertinentes ao
estado, e que tem seu serviço de natureza gratuita e universal, o mercado não
prevalece, o desequilíbrio fiscal e a necessidade de diminuição de custos, os
municípios vem enfrentando dificuldades genuínas para tornar possíveis seus
orçamentos, tendo uma disputa cotidiana com a captação recursos
Essa necessidade agregada com a Lei de Responsabilidade fiscal, tem feio
com que os municípios busquem alternativas para tornar mais profissional suas
funcionalidades. A controladoria vem ao encontro desta necessidade, pois
estabelece medidas de ações, e de gestão de eficiência e eficácia, que auxilia os
gestores de maneira mais rápida e simples nas tomadas de decisões.
Com o Sistema de Controle Interno a administração passará não só a
analisar as conformidades legais dos atos praticados, como também, a avaliar os
resultados alcançados. Espera-se ainda, que a rapidez na tomada de decisão seja
um aspecto diferenciador entre municípios onde, em um curto espaço de tempo,
práticas tradicionais e burocráticas terão que dar lugar a organizações públicas
modernizadas e eficientes, o que certamente será um fator crucial para a atração de
investimentos e a consequente expansão econômica.
O primeiro desafio para os Municípios, é a quebra de paradigmas, para a
introdução de um sistema eficiente, onde os governantes veem o controle interno
como “atravancador” das funções administrativas, não como um instrumento para
guiar os propósitos.
Com uma série de normas legais que vão desde a criação propriamente dito
até chegar aos normativos e manuais de controle interno, porém mesmo com tudo o
que se tem a disposição do controle interno seja em termos de legislação ou mesmo
de tecnologia, ainda se encontra dificuldades de execução desta tarefa, em especial
em prefeitura de município pequeno onde se tem escassez de mão de obra
qualificada e quando há esta encontra se assoberbada pelo excesso de atividades
acumuladas pela pessoa que exerce tal função que é de extrema importância.
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2 ADMINISTAÇÃO PÚBLICA
O conceito de administração pública pode ser abrangido em dois sentidos
distinto o primeiro o subjetivo quanto a se trata do estrutural que trata como um
conjunto de órgãos, voltados para o atendimento e prestação serviço para a
coletividade, conforme com Lacombe (2004, p. 141), a estrutura de uma organização
pode ser compreendida como “[...] a definição dos órgãos, dos seus nomes, dos
seus níveis, das suas chefias e das suas atribuições, das relações formais entre
eles, das autoridades e responsabilidades de cada um e da forma como se
coordenam e se comunicam as pessoas na organização”.
Já o outro sentido, o objetivo, a administração pública é o conjunto das
normas e leis, que organizam as funções que deverão ser desempenhas, seguindo
os preceitos da constituição federal de 1988, princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
3 CONTROLE INTERNO
“O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os métodos
e medidas adotadas numa empresa para proteger seu ativo, verificar a exatidão e a
fidedignidade de seus dados contábeis, incrementar a eficiência operacional e
promover a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas”. (AICPA –
American Institute of Certified Public Accoutant).
Controlar envolve uma extensa gama de procedimentos estabelecidos pela
administração para ajudar a alcançar objetivos e metas propostas. Refere-se aos
procedimentos que cada setor deve utilizar para proteger seus ativos e realizar suas
atividades operacionais. Ele deve existir em todos os atos e processos
administrativos de uma organização, de forma que não pode e nem deve funcionar
separadamente, uma vez que a sua integração é fator decisivo para o perfeito
desempenho das atividades a serem realizadas nas diversas unidades
administrativas da organização.
A Controladoria em qualquer entidade pode ser concedida como ramo do
conhecimento que modela o sistemas de informação para ser capaz de suprir os
gestores de informações essenciais para tomada de decisões, com relação a isso
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SILVA nos diz que: Ramo do conhecimento - é responsável pelo estabelecimento
das bases teóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e
manutenção de sistemas de informações e modelo de gestão econômica, suprindo
os gestores de informações para que eles tomem decisões durante o processo de
gestão, quando necessário; Ramo administrativo – é responsável pela coordenação
e disseminação de conhecimento, modelagem e implantação de sistemas de
informação, responde, ainda, como órgão aglutinador e direcionador de esforços dos
sistemas dos demais gestores que conduzem a otimização do resultado global da
organização.(SILVA, 2001).
4 CONTROLE INTERNO NA ADMINISTAÇÃO PÚBLICA
A fundamentação do controle interno na Administração Pública Brasileira
está inserida no artigo 76 da Lei 4.320/64, que fica estabelecido que o Poder
Executivo, deverá fazer os três tipos de controle de execução orçamentária, sem
prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, pelo poder que
o exerça.
Para Maria Zanella Di Pietro (2002, p. 435) o controle na Administração
Pública é marcado como o “poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem
os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir
a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo
ordenamento jurídico”.
Assim, todos os departamentos, setores ou áreas de uma entidade, devem
realizar seus próprios controles internos, em observâncias às normas e legislações
respectivas. O sistema de controle interno refere-se ao funcionamento conjunto e
coordenado dos controles internos de cada setor, que através de normas e sob a
orientação de um núcleo central ou comissão cumprem a função de assegurar a
salvaguarda dos ativos, a eficiência e eficácia operacional, as normas legais,
regulamentos e outros similares. Nas instituições públicas, o Controle Interno é um
órgão que trabalha para que as ações tomadas pela entidade aumentem a
probabilidade de que seus objetivos e metas sejam atingidos, conferindo a precisão
e a confiabilidade dos dados (MENEZES et al., 2005).
No Brasil, o Controle na Administração Pública teve como marco inicial a
criação do Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP, em 1936, com
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atribuições de racionalizar a administração mediante simplificações, padronizações e
aquisição racional de materiais, revisão de estruturas e aplicações de métodos na
definição de procedimentos. Nesse período foi instituído o concurso para ingresso
nos quadros de carreira da Administração Pública. O fundamento do controle interno
na Administração Pública Brasileira está no artigo 76 da Lei 4.320/64, o qual
estabelece que o Poder Executivo exercerá os três tipos de controle SILVA, P. G. K.
O papel do controle interno na administração pública. ConTexto, Porto Alegre, v. 2,
n. 2, 1º semestre 2002. ISSN (Impresso): 1676-6016 ISSN (Online): 2175-8751 7 da
execução orçamentária: 1) legalidade dos atos que resultem arrecadação da receita
ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações; 2)
a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores
públicos; e 3) o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos
monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços. A Lei
4.320/64 mostrou-se inovadora ao consagrar os princípios do planejamento, do
orçamento e do controle. Instituiu o Orçamento Plurianual de Investimentos, o
Orçamento Programa Anual e estabeleceu como objetivo das novas técnicas
orçamentárias a eficácia dos gastos públicos. O Decreto-Lei 200/67 estabeleceu que
as atividades da Administração obedeceriam aos princípios fundamentais do
planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle
(art 6º). Quanto ao controle, seria exercido em todos níveis e em todos os órgãos,
compreendendo o controle pela chefia competente, pelos órgãos próprios de cada
sistema e pelos órgãos do sistema de contabilidade e auditoria (art 13). Cada
Ministério passou a ter sua inspetoria de finanças, como órgão setorial do sistema
de administração financeira, contabilidade e auditoria, cujo órgão central era a
Inspetoria-Geral de Finanças do Ministério da Fazenda (art. 23). Com relação aos
custos dos bens e serviços, tanto a Lei 4.320/64 (art 85), quanto o Decreto-Lei
200/67 (art 25, IX, e art 79) estabeleceram que a contabilidade deveria apurá-los, a
fim de buscar uma prestação de serviços econômica e evidenciar os resultados da
gestão. Passados mais de 30 anos sem aplicação, a Lei Complementar 101/2000,
Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, volta a exigir a apuração de custos, como se
fosse novidade. Como preceito constitucional, o controle interno aparece pela
primeira vez na Constituição Federal de 1967: Art. 71 - A fiscalização financeira e
orçamentária da União será exercida pelo Congresso Nacional através de controle
externo, e dos sistemas de controle interno do Poder Executivo, instituídos por lei. A
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Constituição Federal de 1988 estabelece com mais clareza o escopo do controle
interno ao mesmo tempo em que consagra no texto constitucional os Princípios
Básicos da Administração Pública: Art. 70 A fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será SILVA, P. G. K. O papel do controle interno
na administração pública. ConTexto, Porto Alegre, v. 2, n. 2, 1º semestre 2002. ISSN
(Impresso): 1676-6016 ISSN (Online): 2175-8751 8 exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno de cada
Poder. Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento
das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e
dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto
à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais
e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle
externo no exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo
controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.” Comparando-se o texto constitucional vigente com o
dispositivo da Constituição anterior sobre a abrangência do controle, verifica-se que
o atual não se restringe a aspectos financeiros e orçamentários apenas, mas
explicita que o controle, ou a fiscalização, atuará sobre os aspectos contábeis,
financeiros, orçamentários, operacionais e patrimoniais. A fiscalização contábil diz
respeito aos procedimentos necessários para a avaliação e certificação de que a
contabilidade do órgão/entidade registra adequada e fidedignamente os atos e fatos
que envolvem os sistemas orçamentário, financeiro e patrimonial, assim como a
validação das transações registradas, os registros completos, autorizados por quem
de direito e os valores exatos. Sendo a contabilidade a espinha dorsal do sistema de
informações econômico-financeiras, constitui instrumento indispensável em todos os
enfoques do controle. A fiscalização financeira ocupa-se em verificar se a
administração dos recursos financeiros está sendo realizada de acordo com as
normas e princípios da administração pública, não só com relação a arrecadação,
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gerenciamento e aplicação dos recursos, como em relação a regularidade das
renúncias de receitas e concessões de auxílios e subvenções. A Lei de
Responsabilidade Fiscal veio conferir grande relevância ao acompanhamento e à
fiscalização financeira, impondo severas penas aos administradores descuidados.
Quanto à fiscalização orçamentária, segundo FERRAZ (1999), não deve se esgotar
na verificação se as despesas estão previstas no orçamento anual e se foram
fielmente executadas. Deve confrontar estas com a Lei de Diretrizes Orçamentárias
e o Plano Plurianual a fim de assegurar o cumprimento dos programas traçados
pelos representantes do povo. A fiscalização operacional diz respeito ao
acompanhamento e avaliação das ações empreendidas pelo órgão/entidade para
alcançar seus objetivos institucionais, em especial quanto aos aspectos de
economia, eficiência e eficácia. É muito deficiente na Administração Pública essa
fiscalização, em função de que não se tem um sistema de apuração de custos,
SILVA, P. G. K. O papel do controle interno na administração pública. ConTexto,
Porto Alegre, v. 2, n. 2, 1º semestre 2002. ISSN (Impresso): 1676-6016 ISSN
(Online): 2175-8751 9 como já foi mencionado anteriormente, assim como
indicadores para avaliação de resultados. O Estado do Rio Grande do Sul
desenvolve projetos visando a preencher tais lacunas. Finalmente, a fiscalização
patrimonial diz respeito não só ao controle de bens móveis ou imóveis, mas também
de créditos, títulos de renda, participações e almoxarifados, além das dívidas e de
fatos que, direta ou indiretamente possam afetar o patrimônio.
4.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
A estrutura organizacional de uma entidade serve como molde orientando a
direção e o controle de suas atividades. Uma boa estrutura permite haver
comunicação e delegação de autoridade, bem como definição da extensão das
responsabilidades entre os diversos departamentos, chefes e servidores.
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Cada função deverá ser desempenhada por uma única pessoa, evitando
assim que um servidor seja responsável por várias funções, centralizando as
decisões. Da mesma forma, não devem exercer atividades no sistema de controle
interno, os contadores, tesoureiros e os servidores que exercem cargo de chefia na
última escala hierárquica. Pois assim, estariam fiscalizando suas próprias atividades
e provavelmente não teriam a mesma visão crítica (positiva ou negativa) de quem
está de fora do processo.
É o entendimento de segregação de função, dado pelo tribunal de contas:
“[...] segregação de funções é princípio básico do sistema de controle interno
que consiste na separação de funções, nomeadamente de autorização, aprovação,
execução, controle e contabilização das operações”
Diante do exposto, tem-se o seguinte dilema: como não sobrecarregar o
controlador interno que desempenha outras funções e que limitações esse problema
traz ao controle interno.
Justifica-se a atenção especial da pesquisa dado o dilema que os municípios
se encontram, que é a crescente pressão por controlar os entes públicos e ao
mesmo tempo a falta de recursos para contratação de mão de obra qualificada,
através de abertura de concursos, que é notadamente mais cara. Daí a motivação
de aproveitar servidores do quadro existente sem retirar deles as funções que já
exercem.
Após análise da situação em um município pequeno na região do Alto Paranaíba-
MG, notou se algumas limitações que podem comprometer a eficiência e eficácia do
controle interno, quais sejam:
falta de tempo para realizar inspeções;
acúmulo de controles a serem analisados;
baixa produtividade de procedimentos auditados.
Por se tratar de estudo de caso e tendo como objeto os controles internos na
gestão de um município pequeno na região do Alto Paranaíba, o uso da pesquisa
descritiva foi a maneira encontrada para realização do presente trabalho.
Os responsáveis pelo controle do município são os gestores e membros do
controle interno no órgão, seja ele informal (representando apenas controles
setoriais) ou legalmente constituído. Porém, as atividades inerentes ao controle
interno serão exercidas em todos os níveis hierárquicos dos Poderes Executivo e
Legislativo, bem como das entidades da administração indireta, por servidores,
9
ocupantes de cargos do quadro permanente do órgão ou entidade, não sendo
passíveis de delegação por se tratar de atividades próprias destes. Por ser tarefa
técnica e complexa, a administração deve estruturar um departamento que,
formalmente, seja responsável pela instituição, manutenção e melhorias nos
controles internos. A falta de condições de trabalho, de treinamento e de orientação
podem esvaziar os propósitos da unidade de controle e, neste caso, a
responsabilidade é da administração (CAVALHEIRO; FLORES, 2009)
Na situação encontrada ficou evidente que tantas atividades executadas por
apenas um servidor, sem a estruturação de um departamento, acabou por
comprometer o bom desempenho do sistema de controle interno.
Segregação de funções é o princípio básico do sistema de controle interno
que consiste na separação de funções, nomeadamente de autorização, aprovação,
execução, controle e contabilização das operações. O princípio fundamental é que
ninguém deverá controlar todas as etapas de uma transação sem a intervenção de
outra ou outras, capazes de efetuar uma verificação cruzada.
A segregação de funções é o principal requisito para implantação do controle
interno, pois na grande maioria dos municípios, os controladores internos exercem
outras funções que não aquelas de orientação, assessoramento, acompanhamento
e controle, o que se configurou em um pequeno município na região do Alto
Paranaíba, no qual o controlador interno é também cumpridor de outras obrigações
operacionais. Não por opção, mas pela escassez de mão de obra qualificada.
Todo o processo de organização do Controle Interno contempla uma estrutura
organizacional, política de recursos humanos, segregação de funções e ética que
têm por objetivo proteger a organização de riscos que possam impossibilitar ou
dificultar a sua gestão (THOMÉ; TINOCO, 2005; LÉLIS; MARIO, 2009; TRISCIUZZI;
CARDOZO, 2009). Um Controle Interno bem estruturado não deve ser considerado
punitivo, mas, sim, como um sistema que desempenha um papel auxiliador,
educativo e pró-ativo para auxiliar nas suas funções. Basicamente o Controle Interno
trabalha para suprir as necessidades fundamentais de CONTROLE INTERNO E AS
FUNDAÇÕES DE APOIO À PESQUISA UNIVERSITÁRIA 37 Enf.: Ref. Cont. UEM –
Paraná v. 29 n. 3 p. 34-45 setembro / dezembro 2010 usuários internos, seus
gestores, diretores de departamentos, técnicos e demais servidores que se baseiam
nos dados coletados e informados pelo controle para melhorar a execução dos seus
trabalhos, e usuários externos, como Tribunal de Contas, Poder Legislativo,
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Ministério Público, sociedade entre outros que necessitam das informações para
efetuar o controle das contas públicas (THOMÉ; TINOCO, 2005; DAVIS;
BLASCHEK, 2006; QUEIROZ et al., 2008). Para a existência de um sistema de
Controle Interno são necessários preceitos básicos que determinam diretamente a
solidez da estrutura do controle, ou se este possui falhas que conduzem ao erro ou
fraudes (NASCIMENTO; SILVA; OTT, 2007). Essas ferramentas utilizadas para
auxiliar o cumprimento dos objetivos do controle são chamadas de Princípios
Básicos do Controle Interno. Dentre os vários princípios, os destacados pelos
autores (QUEIROZ et al., 2008 apud VALE, 2004, p. 19) são:
5 DIFICULDADES DE UM CONTROLE INTERNO
O estabelecimento, funcionamento e manutenção dos controles internos são
competência e responsabilidade do administrador. Ao órgão central do sistema,
como já mencionado, cabe avaliar, diagnosticar, propor melhorias e orientar os
responsáveis pelos controles de cada órgão. Em função das peculiaridades do setor
público, analisadas a seguir, não é dada a devida relevância aos controles, isto é, o
administrador público, contrariando uma das principais funções da ciência da
administração, não controla adequadamente. O sucesso na implantação de planos
que tendem a modificar rotinas e comportamento depende, inquestionavelmente, da
forma como são conduzidos. Não se pode negligenciar o fato de que são pessoas
que agirão na execução dos controles, e que o serviço público tem certas
peculiaridades não encontradas na iniciativa privada. Naturalmente, ninguém aprecia
ser controlado, mas na área pública há especial dificuldade nesse campo. A seguir,
relacionam-se algumas características da Administração Pública que dificultam a
implantação de dispositivos de controles e mudanças comportamentais: • dificuldade
para medir resultados, pela falta de parâmetros externos; • não há risco de
descontinuidade, porque a organização pública é essencial e não está sujeita a
falências; • relativa estabilidade funcional dos agentes, que só perdem o emprego
em situações especialíssimas; • grande rotatividade das funções da alta
administração (agentes políticos) devido à vinculação político-partidária, que pode
mudar a cada quatro anos; e • não há risco financeiro ou patrimonial para os
administradores, porque o investimento vem do povo. Cabe ainda considerar a
perspectiva psicossocial do controle, sobre a qual Gomes (1999, p. 34) relaciona as
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seguintes observações: 1) os sistemas de controle influem e sofrem influência das
pessoas, de forma que o comportamento individual não somente depende do
desenho formal e técnico do sistema mas também das características pessoais e
organizacionais; 2) a pessoa é limitadamente racional e não intenta maximizar
totalmente seus objetivos, satisfazendo-se com um nível inferior; os objetivos globais
da organização podem apresentar conflitos com os objetivos individuais; 3) o
controle do comportamento individual pode ser alcançado não só por técnicas
quantitativas, mas pela SILVA, P. G. K. O papel do controle interno na administração
pública. ConTexto, Porto Alegre, v. 2, n. 2, 1º semestre 2002. ISSN (Impresso):
1676-6016 ISSN (Online): 2175-8751 13 motivação, participação e formulação de
objetivos; e 4) a motivação independe da influência dos incentivos extrínsecos, está
condicionada por fatores intrínsecos. Assim, para que se torne efetivo o modelo de
controle interno integrado na Administração Pública, há que se tomar medidas
corretivas ou complementares, a fim de adequar e integrar toda a estrutura
administrativa ao sistema. Do contrário, se perpetuará a falta de sintonia entre o
órgão central de controle e a administração, mantendo-se a rotina de relacionar
impropriedades, apontar falhas, emitir recomendações, e se produzirem novas
impropriedades.
Na seqüência, traçam-se algumas considerações visando à efetiva
integração e melhoria nos níveis de eficiência, eficácia e efetividade do sistema de
controle interno no setor público, tomando como modelo a estrutura atual do controle
no Estado do Rio Grande do Sul. Considerando-se que cada órgão (administração
direta) e entidade (administração indireta) tem seu orçamento, metas, meios
materiais, bens patrimoniais e recursos humanos, cada qual requer seus controles
internos. Assim como o administrador principal de cada órgão ou entidade dispõe de
unidades ou assessorias responsáveis pelas funções, por exemplo, de
planejamento, administração, finanças, orçamento, execução de projetos, recursos
humanos, suprimentos, entre outras, reputa-se como indispensável a designação
formal de um agente como responsável pelos controles internos. A complexidade
dessa função dependerá do porte do órgão, orçamento, quantidade de projetos e
atividades, entre outros fatores. Quando se tratar de órgão muito complexo (ex.:
Secretaria da Educação, que no Estado emprega 35% do orçamento), sugere-se a
criação de uma unidade de controle. Por outro lado, há órgãos cuja responsabilidade
pelos controles pode ser atribuída em nível de assessoria. O agente designado
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como responsável pelos controles em cada órgão/entidade, que deverá ter
habilitação profissional e capacitação técnica adequada à área de auditoria, será o
elo de ligação na interface com o órgão central do sistema. SILVA, P. G. K. O papel
do controle interno na administração pública. ConTexto, Porto Alegre, v. 2, n. 2, 1º
semestre 2002. ISSN (Impresso): 1676-6016 ISSN (Online): 2175-8751 14 Caberá
ao órgão central ajudar a estruturar, orientar o funcionamento e fiscalizar,
periodicamente, a adequação e o funcionamento desses controles. Definidas as
unidades ou funções de controle nos órgão e entidades, começa a delinear-se o que
se pode chamar de “sistema integrado”, com o órgão central atuando como
orientador e normatizador. Sugere-se, ainda, a instituição de um órgão
representativo, incumbido do estudo, pesquisa e intercâmbio técnico na área de
controle interno, que poderá ser denominado “Comitê de Controle Interno”,
coordenado pelo órgão central e constituído pelos responsáveis pelo controle interno
em cada órgão/entidade. Vencidas essas dificuldades e desafios de ordem estrutural
e comportamental e implantado de fato o sistema nos órgãos e entidades, caberá ao
órgão central, mediante acompanhamento ordinário, avaliar periodicamente os
controles, no exercício de suas atribuições constitucionais. A criação do Comitê de
Controle Interno, já mencionado, como órgão técnico de desenvolvimento e
cooperação, terá seu ponto forte na exploração do potencial de benchmarking entre
os membros do sistema. O órgão central terá a responsabilidade de promover o
desenvolvimento técnico do sistema por meio de estudos e pesquisas, mantendo-se
na vanguarda em termos de controle interno no setor público
3 CONCLUSÕES
O progresso em direção à modernidade administrativa, em que a sociedade
não abre mão da transparência na gestão pública, preconizada pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, leva-nos a uma nova realidade: a importância do sistema
de controle interno, atuando de forma prévia, concomitante e subsequente.
A importância do perfil dos responsáveis que atuam no sistema de controle
interno, exigindo destes: conhecimento técnico, conduta pessoal, qualificação,
capacitação, responsabilidade solidária, dedicação exclusiva entre outros. Não basta
só investimento tecnológico nos órgãos públicos, mas é necessário investimento na
13
qualidade e formação dos servidores, através de treinamentos, o que contribui para
o aumento dos padrões de eficiência e eficácia dos funcionários.
A falta de conscientização dos gestores públicos é a principal dificuldade que
o controle interno encontra, consideram a implantação do sistema como um
investimento que ameaça o seu poder de governabilidade. Neste sentido foi
notoriamente percebido no caso, objeto de estudo, a não priorização da estruturação
de um órgão de controle interno eficiente o que seria possibilitado com a nomeação
de pelo menos mais um funcionário para esta importante área e ainda seria
relevante no caso analisado, a confecção de procedimentos para o setor de controle
interno, isso possibilitaria a otimização no uso do tempo, bem como a padronização
das inspeções por departamentos com objetivos claros do que se quer controlar
visando assim uma melhoria de produtividade no sistema de controle interno.
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAATTIE, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 1992.
ATTIE, William. Auditoria conceitos e aplicações. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1998.
FLORENTINO, A. M. Auditoria contábil. 5. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1988
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